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ESTRUTURAS METÁLICAS - JOÃO PAULO MENDES

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ESTRUTURAS
METÁLICAS
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PROFESSOR: JOÃO PAULO MENDES


ANO 2020

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ESTRUTURAS METÁLICAS - JOÃO PAULO MENDES

DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS METÁLICAS

1.1. Ações e Segurança

As estruturas de modo geral devem atender a requisitos mínimos de qualidade,


durante sua construção e ao longo de toda sua vida útil. Esses requisitos de qualidade
podem ser classificados em:
• Capacidade resistente, que consiste basicamente na segurança quanto à ruína,
que pode ser devida à ruptura de partes da estrutura ou à própria estabilidade da
estrutura como um todo. Para atendimento a essa condição, são definidos os
Estados Limites Últimos. Entende-se, portanto, que verificar os Estados Limites
Últimos de uma estrutura, ou de qualquer um de seus elementos componentes,
significa garantir a segurança quanto à ruína da mesma;
• Desempenho em serviço, que consiste na capacidade de a estrutura manter-se em
condições plenas de utilização, não devendo apresentar deformações ou
vibrações, que comprometam em parte ou totalmente o uso para que foram
projetadas ou deixem dúvidas com relação à sua segurança. Essa condição está
atendida quando se faz a verificação dos Estados Limites de Serviço;
• Durabilidade, que consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências
ambientais previstas. Nessa última condição estão contidos tantos procedimentos
de norma (espessuras e dimensões mínimas, por exemplo) como práticas de
projeto (drenagem adequada) que asseguram a durabilidade dos elementos
estruturais.

A qualidade da solução adotada deve ainda considerar as condições:

• Arquitetônicas;
• Funcionais;
• Construtivas;
• Estruturais;
• De integração com os demais projetos (elétrico, hidráulico, ar condicionado, etc.);
• Econômicas.

As exigências relativas à capacidade resistente e ao desempenho em serviço


deixam de ser satisfeitas quando são ultrapassados os chamados estados limites.

1.2. Estados Limites

São definidos como estados limites de uma estrutura, situações a partir das quais
a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da construção.
Conforme a NBR 8681/2003, os estados limites podem ser estados limites
últimos ou estados limites de serviço. A consideração em projeto de um ou outro estado
limite depende das características da estrutura e do tipo de material empregado na
construção, sendo estabelecida por normas específicas.

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1.2.1. Estados limites últimos

São definidos como estados limites últimos situações que, pela sua simples
ocorrência, determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da edificação.
Usualmente, são estados limites últimos:
• Perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como corpo rígido;
• Ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais;
• Transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático;
• Instabilidade por deformação;
• Instabilidade dinâmica.

1.2.2. Estados limites de serviço

São estados que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos
estruturais que não respeitam as condições especificadas para o uso normal da
construção, ou que são indícios de comprometimento da durabilidade da estrutura.
Usualmente, no período de vida útil da estrutura, são considerados estados
limites de utilização:
• Danos ligeiros ou localizados, que comprometam o aspecto estético da construção ou a
durabilidade da estrutura;
• Deformações excessivas que afetem a utilização normal de estrutura ou seu aspecto
estético;
• Vibração excessiva ou desconfortável.

1.3. Ações e Solicitações

Conforme a NBR 8681, ações são as causas que provocam esforços ou


deformações nas estruturas. Na análise das estruturas devem ser consideradas todas as
ações que nela possam produzir efeitos significativos, atuando de modo combinado e
nas posições que provoquem os máximos efeitos sobre a estrutura, conforme o caso.

1.3.1. Ações permanentes

Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes


durante a vida útil da construção. A NBR 6120 estabelece valores de referência para tais
ações.
As ações permanentes podem ser:
• Ações permanentes diretas: peso próprio da estrutura, pesos de elementos
construtivos fixos e instalações permanentes. Empuxos de terra ou outros
materiais granulosos, quando admitidos não removíveis, também podem ser
considerados como permanentes;
• Ações permanentes indiretas: deslocamento de apoios, deformações impostas
por fluência ou retração do concreto (estruturas mistas) e imperfeições
geométricas.

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1.3.2. Ações variáveis

Ações variáveis apresentam variações significativas durante a vida útil da


construção. As cargas de utilização, de ação do vento ou devidas à variação de
temperatura são ações variáveis. O anexo B da NBR 8800, a NBR 7188 e a NBR 6120
fornecem valores para as ações variáveis (ou cargas acidentais).

1.3.3. Ações excepcionais

Essas ações têm duração extremamente curta e probabilidade muito baixa de


ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas nos projetos
de determinadas estruturas. As explosões, choque de veículos, incêndios, enchentes e
sismos são exemplos de ações excepcionais.

1.4. Dimensionamento conforme o método dos estados limites últimos

A garantia de segurança no método dos estados limites é traduzida pela equação


de conformidade, para cada seção da estrutura:

𝑆𝑑 = 𝑆(Σ𝑦𝑓 . 𝐹𝑖 ) ≤ 𝑅𝑑 = 𝑅 (𝑓𝑘 /𝑦𝑚 ) (Equação 01)

Onde:
Sd = solicitação de projeto;
Rd = resistência de projeto;

A solicitação de projeto é obtida a partir de uma combinação de ações Fi, cada


uma majorada pelo coeficiente yf, enquanto a resistência de projeto é função da
resistência característica do material fk, minorada pelo coeficiente ym.

Combinação de ações
Um carregamento é definido pela combinação das ações que têm probabilidades
não desprezíveis de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período pré-
estabelecido.
A combinação das ações deve ser feita de forma que possam ser determinados os
efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.
Definem-se os seguintes tipos de combinações de ações para verificações nos
estados limites últimos:
• Combinação normal: combinação que inclui todas as ações decorrentes do uso
previsto da estrutura;
• Combinação de construção: combinação que considera ações que podem promover
algum estado limite último na fase de construção da estrutura;
• Combinação especial: combinação que inclui ações variáveis especiais, cujos efeitos
têm magnitude maior que os efeitos das ações de uma combinação normal;

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• Combinação excepcional: combinação que inclui ações excepcionais, as quais podem


produzir efeitos catastróficos, tais como explosões, choques de veículos, incêndios e
sismos.

Combinações normais: incluem todas as ações decorrentes do uso previsto da


estrutura. São escritas em função dos valores característicos das ações permanentes (G)
e variáveis (Q):

𝑆𝑑 = Σ𝑦𝑔𝑖 . 𝐺𝑖 + 𝑦𝑞1 . 𝑄1 + Σyqj . ψ0j . Q j (Equação 02)

Onde:
Q1 é a ação variável principal para a combinação estudada;
Qj representa as ações variáveis que atuam simultaneamente a Q1 e que têm
efeito desfavorável;
yg e yq são coeficientes de segurança parciais aplicados às cargas;
ψ0 é o fator de segurança que reduz as ações variáveis para considerar a baixa
probabilidade de ocorrência.

Combinações últimas de construção ou especiais: são também escritas conforme a


Equação 02. Nestes casos, o fator ψ0 pode ser substituído por ψ2 quando a ação
dominante tiver tempo de duração muito curto.

As ações excepcionais (E) são combinadas com outras ações de acordo com a equação:

𝑆𝑑 = Σ𝑦𝑔𝑖 . 𝐺𝑖 + 𝐸 + Σyq . ψ2 . Q j (Equação 03)

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