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Victor Augusto Lage Pena

Mestre em História pela UFOP


Professor da UFSB (Teixeira de Freitas)
▪ A repercussão do filme Mariguella, de Wagner Moura.
▪ Conflitos de memória.
▪ Comparações possíveis aos conflitos de memória sobre o Movimento Udelinista.
▪ Discussões que estão em alta:
1. Herói ou bandido (terrorista);
2. O papel da grande mídia na construção dessas memórias;
3. Embranquecimento de um personagem negro;
4. A importâncias dos romances históricos.

▪ Não quero comparar os personagens, mas comparar como são construídas essas
memórias e o papel da imprensa.
Jornal Correio da Manhã
03 e março 1953

INVADEM PROPRIEDADES E MATAM SEUS DONOS

“Um grupo armado agindo impunemente em São Mateus do Norte

Recebemos de Minas Gerais o seguinte telegrama: - “Damos ciência a


este órgão de publicidade que mais de 200 homens armados, chefiados
por Udelino Alves de Matos, com grande quantidade de armas de
guerra, invadiram propriedades e mataram o sr. Isaias Conceição, e
estão saqueando proprietários indefesos da região de Pedra de Viúva,
zona litigiosa no São Mateus do Norte. Os Fazendeiros estão
abandonando suas propriedades, a fim de assegurarem suas vidas.

[...]

A) Francisco Modesto Meneses, Arlindo Almeida Nosta, Augusto Reis,


dr. Leonelo Andrade, Gustavo Oliveira, Romeu Tinoco e Ubaldo
Cordeiro.”
Folha do povo
Vitória, sábado, 7 de março de 1953
GRAVES ACONTECIMENTOS EM SÃO
FRANCISCO

O agitador Udelino Alves de Mattos em ação –


Estado de cousas estranhamente “protegido”

Colatina – (Do nosso enviado) – Há,


precisamente, dez dias, o indivíduo UDELINO
ALVES DE MATTOS [sic], cuja periculosidade já
foi demonstrada na Assembleia Legislativa,
pelo deputado Floriano Rubim, na última
sessão extraordinária, determinou a 4
trabalhadores rurais – catequisados e iludidos
pelo perigoso indivíduo no lugar denominado
“Pedra da Viúva”, Município de Barra de São
Francisco, que tomassem de assalto a fazenda
do Sr. Gustavo de tal, administrada por Izaias.
Diário da Noite
Rio de Janeiro, sexta-feira, 14 de
Novembro de 1952
A zona contestada Espírito Santo-Minas

SOB AMEAÇA DE UM BANHO DE SANGUE

A polícia militar, a serviço de grileiros, espanca os pequenos moradores e põe


fogo nas propriedades – Regime de terror e o silêncio do governo estadual

As graves violências serão denunciadas ao presidente da República

Udelino Alves de Matos é um lavrador da zona litigiosa Minas-espírito Santo,


que teve os seus bens espoliados.

- Aquela zona transformou-se num verdadeiro inferno, meu amigo – disse o


lavrador ao repórter. E continuou:

- Vim ao Rio para falar com o doutor Getúlio. Os grileiros ricos, com a ajuda da
Polícia Militar do Espírito Santo, tomaram as terras de mais de 800 lavradores.
Forçaram, a peso de pau e de arma de fogo, os pobres agricultores a assinarem
documentos que eles não entendiam, e assim arrebataram as propriedades,
com benfeitorias, da gente laboriosa do campo.
ESTADO DE MINAS
Belo Horizonte, sexta-feira, 20 de Março de 1953

SOLDADOS DO ESPÍRITO SANTO ESTÃO


SENDO INSTRUMENTO DOS “GRILEIROS”

Emissário de 900 posseiros na zona contestada


vem a Belo Horizonte solicitar garantias – Desejam
também escola e posto médico na vila da Canela
Dema.

Novos elementos chegam a capital a fim de


reclamarem contra latifundiários da região do Vale
Rio Doce, principalmente na zona contestada por
Minas e Espírito Santo. Ainda há dias, estiveram
em nossa redação os srs. Joaquim Durante Dias e
José Cabral. Ontem aqui esteve o sr. Udelino Alves
de Matos, que credenciado por certa de 900
famílias posseiras na região contestada, foi à
capital da República, para solicitar ao presidente
Getúlio Vargas providências em defesa dos
prejudicados vindo depois a Belo Horizonte para
pleitear idênticas medidas ao governador do
Estado.
O efêmero Estado União de Jeovah Os incontestáveis
Documentário de Joel Zito Araújo e Filme de ficção de Alexandre Serafini
Adilson Vilaça, 1999 e Saulo Ribeiro, 2016 Diário da noite
13 de julho de 1956
▪ Romance histórico é diferente da história.
▪ O romance histórico busca construir uma narrativa
interessante ao leitor. É entretenimento. Se preocupa
com a emoção, com o sentimento.
▪ A história, busca em fontes comprovações para o que
se diz.
▪ Ambas são importantes para a manutenção da
memória. Só precisamos ter cautela para interpretar.
▪ Obras de ficção tem mais alcance do que a produção
científica. Então, alcança públicos que os
historiadores não alcançam.

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