Cartilha

Década dos Oceanos

Por que devemos proteger
nossas praias e sua
biodiversidade?
Esta cartilha foi desenvolvida pelo projeto de extensão
intitulado "DÉCADA DOS OCEANOS: PORQUE
DEVEMOS PROTEGER NOSSAS PRAIAS E SUA
BIODIVERSIDADE", presente no Edital Nº01/2023 -
PROEX, com o intuito de promover a década dos oceanos
e informar a sociedade civil e acadêmica da importância de
cuidar e preservar as praias e a sua biodiversidade.

COORDENADOR:
Prof. Dr. Marcelo Petracco

EXTENSÃO:
Luis Carlos do Rosario do Espirito Santo
Cayron Silveira Garcia
 O que é a Década do Oceano?
A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, aprovada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015, estabeleceu
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo
o Objetivo 14, que se concentra na conservação e no uso
sustentável dos oceanos e dos recursos marinhos. Em 2016, a
primeira Avaliação Mundial dos Oceanos destacou a
necessidade urgente de uma gestão sustentável das atividades
oceânicas.

Em resposta, a Década da Ciência Oceânica para o

Desenvolvimento Sustentável (Década do Oceano) foi
proclamada em 2017, com implementação de 2021 a 2030,
visando cumprir os compromissos da Agenda 2030. Essa
iniciativa busca unir esforços de diversos setores ligados ao
mar para reverter o declínio na saúde dos oceanos e
promover o desenvolvimento sustentável.
 O que são praias arenosas?
O ecossistema de praias arenosas pode ser definido, de uma
maneira simples, como a região costeira onde as ondas
depositam ativamente o sedimento, o qual inclui uma
variedade de tipos e tamanhos de partículas, como areias
grosseiras e areias finas.

As praias arenosas são feitas de todo material sólido e solto

que esteja disponível: areia, cascalho, seixos, conchas, grãos
de rocha vulcânica, entre outros. A maioria do material
sedimentar depositado nas praias é proveniente de rios que
correm pelo continente e se depositam na foz¹.
¹. ponto de desaguamento de um rio, que pode ser feito no mar, numa lagoa ou em outro rio.

Praias arenosas estão presentes na maior parte do litoral de

regiões tropicais e temperadas, compreendendo cerca de 75%
da costa mundial.
Exemplo de praia arenosa:

Praia do Maçarico - Salinópolis/PA

(Foto: Jair Prandi/Viagensecaminhos.com)
 A importância da limpeza das praias
As praias são ambientes muito
frequentados no Brasil, sobretudo em
épocas de férias, por exemplo.
Infelizmente, com a chegada de um grande
número de pessoas, um problema cada vez
mais comum vem à tona: o lixo nas praias.

O lixo despejado nas praias causa estragos

significativos nos oceanos, uma vez que o
destino dos resíduos acaba nas águas. Praia do Atalaia - Salinópolis/PA
(Foto Igor Mota/O Liberal)

Por que fazer a limpeza das praias? O que fazer para ajudar?
O plástico é o principal tipo de lixo jogado A primeira coisa é NÃO jogar lixo nas
nas praias, desde embalagens até praias, independentemente da sua
descartáveis. Com isso, para entender a composição, seja plástico, papel, vidro ou
importância da limpeza das praias, é orgânico.
preciso antes compreender os impactos
que esse tipo de resíduo causa. Além disso, é importante também recolher
lixo da praia sempre que possível, como
Primeiro, saiba que o plástico demora uma simples embalagem de salgadinho ou
aproximadamente 450 anos para ser tampinha de garrafa, ainda que não tenha
decomposto na natureza. Além disso, ao sido você que os deixou no local.
longo desse período, ele pode ser ingerido
por animais e acumular em corais, por Conscientizar também é uma ferramenta
exemplo. importantíssima. Portanto, fale com seus
amigos, parentes e até mesmo
Apenas esses dois problemas citados são desconhecidos a respeito de jogar o lixo no
capazes de dizimar a biodiversidade dos local adequado. Um simples alerta e uma
oceanos, como peixes, tartarugas e outros. conversa pode ser muito útil.
Além disso, os efeitos do lixo no mar
podem tornar a praia imprópria para Você também
banho. pode participar
de mutirões de
limpezas de
praias.
 Praias são desertos de biodiversidade?
As praias são uma interface entre o ambiente Espécies comuns da macrofauna de praias
marinho e o terrestre, onde os fatores arenosas do Brasil:
climáticos e oceanográficos agem
constantemente.

Nelas vivem diversos invertebrados com

incríveis adaptações morfológicas,
fisiológicas e comportamentais para
resistirem à hostilidade contínua das ondas,
dos predadores e da dinâmica das marés.
Quase não os vemos, porque eles respondem
muito rápido aos estímulos ambientais e são
hábeis em cavar tocas para se esconder.
Alguns desses organismos que vivem entre os
grãos de areia são chamados de infauna ("a
fauna de dentro"). Além destes, há vários
outros que fazem visitas ocasionais, como é
o caso das tartarugas marinhas, que desovam
nas praias. Outros vertebrados que compõe
a fauna de praias são as aves que utilizam
esses ambientes como berçários e fontes de
alimento. E claro, também há uma ictiofauna
muito diversa nas praias, tais como o I J
"Roncador" (𝘊𝘰𝘯𝘰𝘥𝘰𝘯 𝘯𝘰𝘣𝘪𝘭𝘪𝘴) e Coró-branco
(𝘏𝘢𝘦𝘮𝘶𝘭𝘰𝘱𝘴𝘪𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘷𝘪𝘯𝘢𝘦𝘧𝘰𝘳𝘮𝘪𝘴).

Já a meiofauna (ou meiobentos) de praias é A. Crustáceo 𝘔𝘰𝘯𝘰𝘬𝘢𝘭𝘭𝘪𝘢𝘱𝘴𝘦𝘶𝘥𝘦𝘴 𝘴𝘤𝘩𝘶𝘣𝘢𝘳𝘵𝘪;

composta por diminutos organismos de B. Caranguejo ermitão em concha do gastrópode 𝘖𝘭𝘪𝘷𝘦𝘭𝘭𝘢
𝘮𝘪𝘯𝘶𝘵𝘢;
diferentes grupos, como Nematoda, C. Siri 𝘈𝘳𝘦𝘯𝘢𝘦𝘶𝘴 𝘤𝘳𝘪𝘣𝘢𝘳𝘪𝘶𝘴;
Copepoda, Kynorhyncha, Gastrotricha, D. caranguejo 𝘖𝘤𝘺𝘱𝘰𝘥𝘦 𝘲𝘶𝘢𝘥𝘳𝘢𝘵𝘢 ("maria-farinha" ou
"caranguejo fantasma");
Gnathostomulida, Rotifera, Tardigrada e E. gastrópode 𝘕𝘦𝘳𝘪𝘵𝘪𝘯𝘢 𝘷𝘪𝘳𝘨𝘪𝘯𝘦𝘢;
entre outros. F. bivalve 𝘛𝘪𝘷𝘦𝘭𝘢 𝘮𝘢𝘤𝘵𝘳𝘰𝘪𝘥𝘦𝘴;
G. poliqueta 𝘚𝘤𝘰𝘭𝘦𝘭𝘦𝘱𝘪𝘴 𝘴𝘲𝘶𝘢𝘮𝘢𝘵𝘢;
H. Bolacha-do-mar 𝘔𝘦𝘭𝘭𝘪𝘵𝘢 𝘲𝘶𝘪𝘯𝘲𝘶𝘦𝘴𝘱𝘦𝘳𝘧𝘰𝘳𝘢𝘵𝘢;
I. "Roncador" 𝘊𝘰𝘯𝘰𝘥𝘰𝘯 𝘯𝘰𝘣𝘪𝘭𝘪𝘴
J. Coró-branco 𝘏𝘢𝘦𝘮𝘶𝘭𝘰𝘱𝘴𝘪𝘴 𝘤𝘰𝘳𝘷𝘪𝘯𝘢𝘦𝘧𝘰𝘳𝘮𝘪𝘴
Rotifera, Copepoda e Tardigrada Fotos: A e G: Gabriel Monteiro; B,E, F e H: Alvaro E. Migotto; C: Giulia
Fotos: Shutterstock Giusti; D: Fernanda; I: SEFSC Pascagoula Laboratory; J: Frederico Acaz
Sonntag.
 Por que a água do mar é salgada?
O sal no oceano vem de duas fontes: rochas
terrestres e aberturas no fundo do mar.
As rochas terrestres são a principal fonte de
sais dissolvidos na água do mar. A água da
chuva que cai na terra é ligeiramente ácida,
por isso causa erosão nas rochas e, com
isso, libera íons que são levados para
córregos e rios que eventualmente acabam
no oceano. Muitos dos íons dissolvidos são
usados ​por organismos no oceano e são
removidos da água. Outros não são
removidos, portanto suas concentrações
aumentam com o tempo, acumulando-se.
Quando os rios desaguam no mar, eles depositam partículas
de rochas e muitos sais
Foto: UOL
Outra fonte de sais no oceano são os fluidos
hidrotermais, que vêm de aberturas no
fundo do mar. A água do oceano penetra
nas fendas do fundo do mar e é aquecida
pelo magma do núcleo da Terra. O calor
provoca uma série de reações químicas,
fazendo a água perder oxigênio, magnésio e
sulfatos e a captar metais, como ferro, zinco
e cobre das rochas circundantes. A água
aquecida é liberada através de aberturas no
fundo do mar, carregando consigo os
metais.
Alguns sais oceânicos vêm de erupções
vulcânicas subaquáticas, que liberam minerais
diretamente no oceano.
As cúpulas de sal também contribuem para a
salinidade do oceano. Estas cúpulas, que são
vastos depósitos de sal que se formam ao
longo de escalas de tempo geológicas, são
encontradas no subsolo e no fundo do mar
em todo o mundo. Elas são comuns em toda
a plataforma continental do noroeste do
Golfo do México.
Dois dos íons mais prevalentes na água do
mar são cloreto e sódio. Juntos (cloreto de
sódio), eles representam cerca de 85% de
todos os íons dissolvidos no oceano.
Magnésio e sulfato representam outros 10%
do total. A concentração de sal na água do
mar (salinidade) varia com a temperatura,
evaporação e precipitação . A salinidade é
geralmente baixa no equador e nos pólos, e
alta nas latitudes médias. A salinidade média
I
é de cerca de 35 partes por mil ou cerca de
3,5% do peso da água do mar vem dos sais
dissolvidos.
Segundo a Administração Nacional Oceânica
e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) dos
Estados Unidos, os rios são responsáveis
por transportar, anualmente, cerca de 4
bilhões de toneladas de sais dissolvidos para
os oceanos.
 Concha: o que é e qual sua importância?
Como não pensar em conchas quando se
fala de praia? Como não se encantar com as
diversas formas e cores que possuem?
Querer levar um pedacinho de um lugar para
casa pode parecer uma boa lembrança,
porém traz consequências a longo prazo
para o ecossistema!
Qual a importância e do que são feitas?
As conchas estão presentes na maioria dos
moluscos marinhos externamente, como nas
ostras, ou internamente, como nas lulas; e
possuem a função de sustentar e proteger
esses animais, que possuem o corpo mole.
Tomaremos como exemplo o mexilhão
𝘔𝘺𝘵𝘪𝘭𝘶𝘴 𝘦𝘥𝘶𝘭𝘪𝘴. Desde a fase larval até a fase
adulta, a alimentação permite ao organismo
retirar do mar substâncias essenciais para
sua formação e desenvolvimento. Uma
dessas importantes substâncias é o
carbonato de cálcio que, ao ser
gradativamente secretado e liberado pelo
manto (tecido epidérmico), forma a concha
do mexilhão.
𝘔𝘺𝘵𝘪𝘭𝘶𝘴 𝘦𝘥𝘶𝘭𝘪𝘴
Fotos: Lamiot e AM Arias.
Com a morte dos animais, suas conchas se
depositam no fundo do mar, sendo
decompostas por alguns microrganismos e,
por fim, degradadas, disponibilizando
novamente o cálcio no ambiente para ser
utilizado por outros animais ou formações
calcárias, e até mesmo compor parte do
sedimento das praias.
Consequências da retirada de conchas
Mesmo após a morte do animal, as conchas
ainda podem ser facilmente encontradas na
praia de forma integra, devido a rigidez e
resistência do carbonato de cálcio.
E quando encontradas por visitantes, eles
optam por levar as conchas como forma de
lembrança. No entanto, a retirada em grande
escala pode gerar grandes impactos ao
ambiente marinho, como a queda da
disponibilidade de cálcio. Essa alteração
impacta até mesmo os moluscos que não
fabricam as próprias conchas. Outro
exemplo
I são os caranguejos ermitões, que
utilizam as conchas vazias de gastrópodes
como proteção. Sem a presença dessas
conchas eles acabam ficando vulneráveis, o
que os leva a utilizarem outros materiais,
como o próprio lixo (exemplo abaixo).
Caranguejo ermitão utilizando uma lata como concha.
Foto: Naturalselections/Wikimedia Commons.
 Como preservar as praias?
Quem não ama ir à praia? Ou relaxar e
mergulhar? Mas, com o aumento da
presença e das ações humanas, muitas praias
estão sofrendo com a poluição, o lixo, os
riscos para a vida marinha e, claro, para nós
também. Cuidar das praias é apenas uma
parte do processo para ajudarmos a salvar
nossos oceanos.
Vamos fazer a nossa parte? Veja algumas
dicas abaixo.
1# Coletar conchas é prejudicial ao meio
ambiente:
As conchas são bonitas, por isso, muitas
pessoas resolvem levá-las para a casa ou
fazer artesanato. No entanto, essa ação é
prejudicial para o meio ambiente: as conchas
servem de "casa" para animais e outros
organismos. Sem conchas para se
protegerem, os animais ficam mais
vulneráveis;
2# Levar seu cachorro
Sabemos que a maioria dos cachorros
precisa se divertir e gastar energia. Só que é
necessário fazer algumas considerações:
segundo um artigo publicado na revista
científica Clínica Veterinária, na edição 137,
médicos-veterinários afirmaram que os
animais podem representar uma ameaça
para a fauna nativa ou propagar doenças.
Aqui podemos dar exemplo do caranguejo
maria-farinha, que pode acabar sendo morto
quando o cachorro escava a areia;
3# Alimentar os peixes causa desequilíbrio
ambiental:
Não é recomendado alimentar os peixes,
porque alimentos como pães, entre outros,
não são encontrados em seu habitat natural,
podendo torná-los mais frágeis para
doenças. Além disso, esse ato pode
ocasionar um desequilíbrio ambiental, pois
após se acostumarem com a oferta de
alimentos, os animais podem parar de buscar
a alimentação encontrada na natureza e
morrerem;
4# É necessário ter atenção na fórmula do
protetor solar
Substâncias como: octinoxato, oxibenzona,
triclosano, etilparabeno, entre outras, são
consideradas prejudiciais ao meio ambiente,
pois esses químicos podem ser liberados no
mar e serem absorvidos pelos corais,
causando a respectiva morte do organismo,
por exemplo. Por isso, o recomendado é
utilizar protetores solares com fórmulas
I
sustentáveis;
5# Não suba na área esverdeada de rochas
no mar:
Sabe aquelas rochas que costumam
"aparecer e desaparecer" da praia de
acordo com a variação da maré? Elas
também exigem sua atenção, pois é comum
haver vida ali, como a de moluscos,
crustáceos (como caranguejos e cracas) e
algas. É recomendado não pisar nesta área,
para não matar esses organismos marinhos;
 Como preservar as praias?
E principalmente:

6# Não jogue qualquer tipo de lixo na praia:

Faça uma lista de tudo que você está levando, leve sacos de
lixo e certifique-se de trazer tudo de volta para casa,
inclusive embalagens, sacos e garrafas plásticas. Tudo que é
jogado na areia termina, invariavelmente, no mar, e pode
causar a morte de animais e sérios danos ao ecossistema
marinho. Nem um canudo pode ficar de fora, portanto,
recolha tudo que foi consumido e também o lixo de outras
pessoas que você encontrar;

7# Não utilize veículos em praias:

Além de emitirem CO2 na atmosfera, aumentando as
mudanças climáticas, os veículos nas praias também causam
danos a biodiversidade marinha que ali vive. Isso porque,
diversos animais vivem nas areias de praias e os veículos
acabam compactando esses sedimentos e,
consequentemente, prejudicando esses animais ou, até
mesmo, atropelando eles.

PRESERVAR E CUIDAR DE NOSSAS PRAIAS E SUA

BIODIVERSIDADE É UM DEVER DE TODOS PARA
SALVARMOS OS NOSSOS OCEANOS E TODA A VIDA NELE.
 Bibliografia
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