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1. Pelo fato de ter nascido, você já faz parte da vida. É um ser vivente com pleno direito a
participar do “todo vital”. Poderá sentir a vida através de você, porque você é vida; poderá
colaborar com a vida, porque a vida se manifesta em você.
Essa primeira cláusula leva implícito que, pelo simples fato de estar vivo, você é valioso e
não necessita demonstrar seu valor de nenhuma forma. Simplesmente é, existe: é você.
Não tem sentido, portanto, empenhar-se em procurar uma definição para rotular a própria
identidade recorrendo ao trabalho ou à função que desempenha no seio da sociedade. O fato de
dizer “eu sou professor” ou “eu sou mão de família” não acrescentará nada de novo à forma
própria de ser, uma vez que, simplesmente, somos, sem necessidade de predicados.
Tampouco será muito coerente determinar um valor à nossa pessoa de acordo com a
quantidade ou qualidade daquilo que produzimos ou realizamos, nem, muito menos, por
comparação com os produtos das outras pessoas com quem nos relacionamos. A
autovalorização, a auto-estima depende, em última instância, de nós mesmos, independentemente
de critérios arbitrários de categorização social.
2. Sua vida transcorrerá durante um tempo concreto e em uma época histórica determinada.
Isso quer dizer que somos únicos e exclusivos. Qualquer outra interpretação aberta à
possibilidade de existências anteriores ou futuras reencarnações estará negando o fato de que,
pelo menos em cada uma delas, você foi ou será instigado a tornar-se presente no mundo de uma
forma radicalmente única; vale dizer, qualquer visão sobre a realidade da passagem da vida
humana pela terra não poderá negar o fato da singularidade do ser pessoal. Ademais, se você
tivesse existido anteriormente sob a forma de uma identidade corporal diferente, isso significaria,
na verdade, que esse ser tinha que ser forçosamente alguém diferente de você, com outra
realidade histórica; ou seja, não era você, e sim outro.
Como dizia o poeta: “Você pode contribuir com um verso ao grandioso poema da vida”. Sua
contribuição apóia-se em existir, em ser você mesmo, único, autêntico e inimitável, de maneira
que apenas você pode realizar sua pessoal contribuição ao emaranhado da existência em seu
próprio tempo em suas concretíssimas circunstâncias.
É bom saber de antemão que uma das condições do contrato nos adverte das dificuldades
que nos esperam ao longo de nossa trajetória vital. Sobretudo se isso nos serve para
compreender que as dificuldades não são catástrofes horrorosas, mas apenas condições
inevitáveis no transcurso de nossa existência, que sempre poderemos aproveitar para colocar em
nossa capacidade de iniciativa na resolução daqueles problemas que somos capazes de resolver
ou para temperar nosso ânimo encontrando maior fortaleza na serena aceitação daquilo que é
inevitável.
Porém, o fato de nos depararmos com dificuldades em nossa vida, passando até por
calamidades, não quer dizer que nossa existência toda seja uma calamidade. O desafio apóia-se
precisamente em reservar forças para sobrepor-se aos obstáculos e para, apesar deles,
empenhar-se em encontrar o sentido da própria existência.
4. Como ser humano, você é, por definição, imperfeito e contraditório; sujeito a limitações e
erros.
5. Não poderá jamais contar com o apoio unânime nem com a compreensão e o apreço de
todas as pessoas importantes para você.
Essa é afetivamente uma das cláusulas mais esquecidas em nossas ações cotidianas.
Gostaríamos de poder contar em todos os momentos com o aplauso de todos os que nos rodeiam;
mas essa é uma pretensão vã, já que a realidade das relações sociais implica que, enquanto
alguns não chegarão a compreender as motivações pessoais que estão na base desse ou daquele
comportamento, outros manterão interesse opostos aos nossos, com o que se declararão implícita
ou explicitamente contra nossa maneira de proceder; e, finalmente, a esmagadora maioria estará
tão absorta em seus próprios assuntos e problemas que dificilmente disporá de tempo para se
ocupar com os nossos.
A leitura positiva que convém fazer dessa cláusula é, em linhas gerais, a seguinte: “Aprenda
a apreciar e valorizar-se, tome suas próprias decisões, decida seus caminhos e tenha a coragem e
a sabedoria de prescindir do critério dos outros”. Se você tiver bem claro que é único e exclusivo e
que possui somente esta vida que lhe coube viver, faça a si mesmo o favor de vivê-la de acordo
com seus próprios critérios; não permita que sejam os outros que lhe ditem as diretrizes que deve
seguir.
6. A morte é o único acontecimento futuro certo. Por isso, para enfrentar a angústia do não-
ser, deve-se buscar um sentido particular para a vida; esse caminho somente você poderá
encontrar; ninguém mais pode mostrar-lhe seu próprio caminho.