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DIRECTOR: Serôdio Towo

Sexta - Feira, 01 de Março de 2024 | Edição nº:104 | Ano: 04 | Semanário

MANHIQUE VOLTA A APONTAR CANOS À CORRUPÇÃO

Tachos
ameaçados
na capital
- Discurso forte contra o fenómeno
é o segundo em um mês

Pág 02 e 03
ALERTA CPO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Dívida pública
pressiona contas
Pág 08 do Estado
PARQUEAMENTO NO SILO-AUTO DE MAPUTO LUCRO DA AB INBEV CAI 10,5% EM 2023
Empresas sufocadas e Cervejeira lucrou
singulares tranquilos 4.925 milhões de euros
Pág 24
Pág 24
 2 Março de 2024

DESTAQUE
AMEAÇA AO “TACHO” DA GRANDE CORRUPÇÃO

Rasaque Manhique
declara guerra à sobrefacturação
- Coragem de Manhique pode ser alento para a Federação dos Empreiteiros
e Ordem dos Engenheiros

“
O novo edil da cidade de Maputo acaba de lançar um
alerta à navegação, visando os empreiteiros e gestores
municipais envolvidos em esquemas de sobrefacturação
dos custos de obras púbicas, que tem vindo a lesar “Uma das coisas que está a
estragar um pouco a qualidade
o Estado de modo geral, e em particular o município.
Rasaque Manhique, sem meias palavras, avisou que quer
acabar com o que considerou “ridículo e roubo”, frisando
que “não me restará outra saída senão cancelar todas [das obras] é a corrupção. Podemos
obras nestas situações”, num claro aviso de que tempos
difíceis chegaram para os funcionários da edilidade e os
produzir conhecimento e tudo, mas
empreiteiros que vinham delapidando os cofres públicos. se as pessoas forem corruptas vão
Texto: Benety Matongue
térios, empresas e outras entidades do Es-
tado, assim como dos municípios, não são comprar as obras, os negócios
e outros e isso reduz a nossa
de hoje. Actualmente, se não são feitas via
órgãos de informação, são veiculadas atra-
Denúncias sobre situações recorrentes vés das redes sociais. Em muitos casos,
de clientelismo e facilitação na adjudicação estas denúncias colocaram o Governo em
de obras públicas, seja ao nível dos minis- situação complicada, forçando ao cancela- qualidade”
mento de alguns concursos já adjudicados
devido aos custos exorbitantes que ultra-
passam de longe os valores que o Estado
devia gastar pelas obras.
O Tribunal Administrativo (TA), assim
como o Gabinete Central de Combate à
Corrupção (GCCC), têm em mãos vários
processos relacionados a estes crimes
que prejudicam o desenvolvimento do
País.
São estas práticas aparentemente ins-
titucionalizadas que o recém-empossado
presidente do Conselho Autárquico da Ci-
dade de Maputo, Rasaque Manhique, pre-
tende extinguir, missão que de certeza não
será fácil, porque irá abalar o crime orga-
nizado enraizado neste tipo de negócios.

Tacho dos corruptos ameaçado

Manhique lançou o aviso à navegação
na última terça-feira, 27 de Fevereiro, du-
rante o empossamento do novo vereador
de Infra-estruturas e Salubridade, cerimó-
nia na qual tomaram igualmente posse o
secretário municipal, assim como o direc-
tor Jurídico e de Comunicação do Conse-
lho Autárquico da capital do País.
Na ocasião, Manhique disse, sem ro-
deios, que empolar os custos das obras
públicas não tem outro nome, vincando
que é “roubar ao Estado e roubar ao mu-
nicípio”. Na mesma linha de abordagem, o
edil da cidade de Maputo observou que é
Nyusi também mostra-se avesso à corrupção ridículo fazer adjudicação de obras públi-
Foto: cas com preços especulados.
 Março de 2024 3
DESTAQUE
esquemas de corrupção na adjudicação
das obras públicas, afirmando que o seu
Governo irá lutar de forma implacável con-
tra este mal.
Quatro anos depois, ou seja, em 2022,
o estadista manteve um encontro com re-
presentantes da Ordem dos Engenheiros,
em Maputo, tendo reconhecido durante a
interacção que a corrupção “reduz a quali-
dade” das obras em Moçambique.
“Uma das coisas que está a estragar
um pouco a qualidade [das obras] é a cor-
rupção. Podemos produzir conhecimento
e tudo, mas se as pessoas forem corrup-
tas vão comprar as obras, os negócios e
outros e isso reduz a nossa qualidade”,
disse Nyusi, na altura.

Corrupção favorece impacto dos de-

sastres naturais
Durante o encontro, que teve lugar na
Ponta Vermelha, Gabinete de trabalho do
Chefe de Estado, a Ordem afirmou exis-
tirem escolas e hospitais “extremamente
perigosos” devido à “irregularidades de
construção”, referindo que a situação leva
a que “muitas coberturas” não resistam às
intempéries no País. A entidade foi ainda
mais longe, ao afirmar que algumas orga-
nizações não-governamentais (ONG) que
apoiam a construção de infra-estruturas
em Moçambique não seguem os projectos
Rasaque Manhique, edil da Cidade de Maputo de educação e de saúde e “impõem solu-
ções que, muitas vezes, não são adequa-
Foto: O País das” para o contexto.
“Muitas vezes são partilhadas nas re- da República, Filipe Nyusi, sobre a aposta Foi durante a sexta Gala Anual da Na ocasião, a Ordem dos Engenheiros
des sociais placas de empreitadas como do Executivo em lutar contra a corrupção Construção, organizada pela Federação de Moçambique denunciou igualmente a
de uma dependência de dois comparti- que se verifica na adjudicação das obras Moçambicana de Empreiteiros, que o Che- “proliferação de venda de diplomas de en-
mentos para uma repartição de cobrança públicas no País. fe de Estado reconheceu a existência de genharia” no País.
de impostos a valores que rondam a 13
ou 18 milhões de maticais. Nem vocês
gastam esses valores para as vossas de-
pendências, mas o Estado é obrigado a
desembolsar estes valores”, disse em jeito
de reprovação, acrescentando que “depois
passamos por situações ridículas porque
isto é partilhado através das redes sociais”.
Prosseguindo, Manhique avisou que
não será tolerante, assegurando que irá
cancelar todas as adjudicações com indí-
cios de viciação do orçamento.
O combate à corrupção é, ao que tudo
indica, uma das prioridades de Rasaque
Manhique. É que não é a primeira vez que
o novo mayor de Maputo adopta discurso
duro contra este mal em eventos públicos.
A primeira foi mesmo na sua própria inves-
tidura, a 07 de Fevereiro, quando decla-
rou que seria implacável na luta contra a
corrupção. O edil afirmou, na ocasião, que
uma cidade que se pretende próspera não
se desenvolve com a corrupção e muito
menos com elementos corruptos.
“Um funcionário corrupto destrói a eco-
nomia da nossa sociedade”, constatou, an-
tes de prometer contacto permanente com
os munícipes, garantindo que “teremos ca-
pacidade de explicar o que fazemos, como
e porquê”.

Manhique toca numa ferida já reconhe-

cida pelo Chefe de Estado
O desafio que o edil de Maputo preten-
de abraçar vem reforçar a materialização Edifício do Conselho Municipal da Cidade de Maputo
do repto lançado em 2018 pelo Presidente Foto: Wikimedia
 4 Março de 2024

DESTAQUE
PARQUEAMENTO NO SILO-AUTO DE MAPUTO

Empresas sufocadas e condutores

nocturno é de 5 mil meticais. Já a reserva
24h/24h durante um mês custa 8 mil meti-
cais.

singulares tranquilos Empresas mais sufocadas

Estas tarifas tornam-se uma “asfixia” para
as empresas que contam com mais de 10

No sentido de contribuir para a melhoria da mobilidade

urbana na cidade de Maputo, foi inaugurado recentemente
um parque de estacionamento com capacidade de albergar
pouco mais de 400 viaturas, facto que tem aliviado
os passeios da urbe. Com vista a colher o parecer dos
utentes da infra-estrutura, Dossier Económico conversou
com vários automobilistas. A percepção geral é de que
as empresas estão a ser sufocadas. Já os singulares têm
mais motivos para sorrir.
zona da Baixa, ao lado do Mercado Central.
Texto: Milton Zunguze Com três pisos e capacidade para pelo
menos quatro centenas de viaturas, o silo-
-auto tem atraído o interesse dos automobi-
Numa altura em que na urbe vigorava listas. Entretanto, o custo do estacionamento
apenas o estacionamento rotativo, com um agravou-se em 100% face aos preços que
custo mínimo de 10 meticais por hora, foi vigoram, por exemplo, no estacionamento
inaugurado o silo-auto ou parque de estacio- rotativo, onde os preços variam de 10 a 20
namento com vista a estancar os problemas meticais por hora.
de estacionamento automóvel, na capital. A taxa mensal do parqueamento no pe-
A infra-estrutura, que de resto é a primeira ríodo diurno, a título de de reserva de espa- Preços são acessíveis para utentes singulares
do género nesta cidade, está localizada na ço, é de 6 mil meticais, enquanto no período Foto:
• Publicidade
viaturas a parquear era 40 mil em parques abertos”, disse a fon-
em regime de reserva te, reconhecendo, todavia, que, dada a ga-
no espaço durante 24 rantia da segurança, é justo pagar um preço
horas. Em conversa mais alto.
com Samuel Zucule,
gestor de transportes Utentes singulares dizem que custos são
numa empresa que acessíveis
decidiu parquear via- Entretanto, para quem já viu sua viatura
turas no silo, ficamos vandalizada por falta de segurança no esta-
a saber que a taxa cionamento rotativo, ou era obrigado a pagar
subiu exponencial- os jovens com vista a garantirem a seguran-
mente, pelo que, na ça do carro, os preços praticados no silo au-
sua opinião, há ne- tomóvel ainda são “acessíveis”.
cessidade de se rever “É muito bom. Deixo o meu carro aqui e
os contractos com as ando tranquilo, sabendo que está seguro e
firmas, alertando para os preços também são acessíveis”, disse Ar-
o facto de as contas mando Mabjaia, que deixou a viatura no silo-
estarem a sufocar. -auto pela primeira vez.
Zucule fez saber
que a empresa na “Há necessidade de se replicar a inicia-
qual trabalha conta tiva”
actualmente com 12 A segurança e boas condições são alguns
viaturas, facto que le- aspectos positivos sublinhados pelos uten-
vava a firma a pagar tes. “Antigamente, pagávamos 10 meticais
40 mil meticais por por estacionamento, deixávamos o carro ao
mês, anteriormente sol e ainda tínhamos que orientar aqueles
em parques abertos. jovens que garantiam a segurança”, expli-
No silo, este valor cou Osvaldo Nuvunga, apelando à réplica
mais do que duplicou. da iniciativa em vários pontos da cidade de
“São altos, nós Maputo.
temos 12 carros por “Como estou a começar hoje, ainda não
enquanto. Para par- vi quase nada, para mim os preços estão
quear aqui 24h/24h razoáveis. Porque quando deixo o carro por
isso está acima de 90 uns 30 minutos lá fora pago 10 meticais, mas
mil por mês, e antes aqui, com uma hora de tempo, e pagando
nós pagávamos muito apenas 20 meticais, dá para resolver muitas
menos que isso, que coisas e ir-me embora”, anotou.

FICHA TÉCNICA
Serôdio Towo (Director-Geral)
REDACÇÃO, MAQUETIZAÇÃO
E ADMINISTRAÇÃO:
Tchumene 1 | Rua Carlos
tembe, Parcela Nº 696,
Matola | Telf: 869744238 |
Celular: 82 4753360 | Email:
dossiereletronico@gmail.
com
DIRECTOR: Serôdio Towo,
serodiotouo@gmail.com,
Cell: 82 4753360
COORDENADOR
EDITORIAL: Amad Canda,
candaamad@gmail.com,
846526459
REDACÇÃO: Serôdio Towo,
Amad Canda, Anastácio
Chirrute, Hélio de Carlos,
Milton Zunguze
ADMINISTRAÇÃO:José
Ossmane e Rofino Fiel, Jose.
ossmane21@gmail.com - 82
260 3444, Rofinnifiel@gmail.
com - 84 623 6870
GRAFISMO: Herbigno
Lote, herbyylote@gmail.com
CORRESPONDENTES:
Eng. Aspirina (Xai-Xai) -
84 5140506) | Henriques
Jimisse (Pretória)
PUBLICIDADE e
MARKETING : Herbigno
Lote, herbylote2@gmail.
com, 84 6584761
PROPRIEDADE DA
S.T. PROJECTOS E
COMUNICAÇÃO, LDA
ADMINISTRAÇÃO :
José Ossmane e Rofino Fiel
Registo N° 19/GABINFO-DEC/2012
EDITORIAL
Justiça fiscal já
Tanto se fala de igualdade no mundo
e no nosso País de modo particular.
A verdade, porém, é que tal conceito
não passa de uma utopia. A igualdade
é verdadeiramente imaterializável
num contexto em que todos somos
diferentes uns dos outros. Isto posto,
a conversa que se impõe no lugar da
igualdade é sobre a equidade.
Seria tão bonito, por exemplo, se, em
vez da igualdade, as mulheres ou os
feministas no geral se batessem pela
equidade de género. E este intróito vem
a propósito das políticas tributárias,
essenciais para a sobrevivência de
qualquer estado.
Continuamos a assistir a situações
em que os agentes económicos,
especialmente, pagam menos do
que deviam ao fisco. A par de termos
uma base tributária bastante limitada,
este é o maior problema com que
nos debatemos a nível da colecta de
receitas. Infelizmente, não nos parece
haver grande preocupação com isto
ao nível dos centros de decisão, pelo
menos a avaliar pelos discursos,
que estão virados apenas para o
alargamento da base.
Não há dúvidas de que o alargamento
é essencial. Aliás, quanto a isso muito já
foi dito, com ênfase para a necessidade
de formalizar a economia informal no
País e dotá-la de profissionalismo,
o que seria importante até para a
protecção da classe laboral que labuta
neste sector. Neste sentido, é preciso
reconhecer que o Município da Cidade
de Maputo tem apresentado algumas
ideias interessantes.
O licenciamento dos famosos txovas
é disso exemplo, pecando apenas nas
exorbitantes taxas que haviam sido
definidas. Foi por aqui, aliás, que o
Março de 2024 5
plano de Eneas Comiche acabou por
sucumbir.
Dito isto, é preciso reconhecer que
os ganhos que se perspectivam com o
alargamento da base tributária poderão
até não ser capazes de superar os que
resultariam da cobrança equitativa dos
impostos – ou seja, quem ganha menos
paga menos e quem ganha mais paga
mais. Isto parece ser claro, basta olhar
para os vários estudos de analistas que
apontam frontalmente para o facto de
as grandes multinacionais, sobretudo no
sector mineiro, pagarem bem menos do
que deviam ao Estado.
Na mesma senda, as isenções
aduaneiras concedidas aos partidos
políticos e às igrejas constituem um claro
empecilho ao crescimento do País e, ao
mesmo tempo, fonte de enriquecimento
ilícito de quem as detém, na medida em
que são vendidas ao desbarato a quem
não tem interesse de contribuir para o
País.
Não bastasse isso, ainda vemos um
fisco bastante complacente com quem
importa bens de luxo, quando suga até
ao tutano queles que importam bens
essenciais para a sua sobrevivência,
geração de receitas e postos de trabalho.
Todos estamos lembrados da viatura
top de gama de Salimo Abdula e dos
milhões de dólares que alguém decidiu
deixar escapar, sabe-se lá a troco de
quê.
É neste pântano de desequilíbrios que
vivemos. Desequilíbrios que resultam
claramente no aumento da pobreza
para a maioria dos moçambicanos e
na multiplicação da riqueza dos poucos
“escolhidos”. Não é assim que o País
poderá crescer, por isso conclamamos
a quem de direito a repor a justiça fiscal.
serodiotouo@gmail.com
 6 Março de 2024

DESTAQUE
CIMEIRA DOS PAÍSES EXPORTADORES DE GÁS

Nyusi na Argélia para participar no conclave

O Presidente da República, Filipe Nyusi, participa este
sábado, 02 de Março, na sétima Cimeira de Chefes de
Estado e de Governo do Fórum dos Países Exportadores
do Gás (FPEG/GECF), na Argélia. Num contexto em
que Moçambique está na lista dos países com maiores
reservas de gás natural do mundo, o Chefe de Estado tem
uma palavra a dizer aos seus homólogos.
ca na Argélia, entre outros membros do Go-

Texto: Dossier Económico verno, os ministros dos Recursos Minerais

e Energia, Carlos Zacarias, e do Interior,
Pascoal Ronda, bem como os vice-minis-
A participação do Chefe de Estado na tros dos Negócios Estrangeiros e Coopera-
Cimeira de Gás da Argélia acontece no ção, Manuel Gonçalves, e da Agricultura e
quadro da visita de trabalho de quatro dias Desenvolvimento Rural, Olegário Banze.
àquele País que, durante a luta de liberta- Refira-se que o País está a tornar-se
ção, acolheu e formou guerrilheiros mo- um importante actor no sector energético. A
çambicanos. consultora Deloitte concluiu recentemente
A sétima cimeira FPEG/GECF, que irá que as reservas de gás natural de Moçam-
decorrer sob o lema "Fazer do Gás Natural bique representam receitas potenciais de
o Recurso Central de um Desenvolvimento 100 mil milhões de dólares, destacando a
Inclusivo e Sustentável", vai debruçar-se importância internacional do País na transi-
sobre matérias que impulsionem aos paí- ção energética.
ses e governos a abraçarem as novas ten- "As vastas reservas de gás do país po-
dências e dinâmicas do sector, para "per- derão fazer de Moçambique um dos 10
mitir um ambiente global sustentável", bem maiores produtores mundiais, responsável
como "reforçar o papel dos países exporta- por 20% da produção de África até 2040",
Nyusi chegou a Argélia na última quinta-feira
dores de gás na preservação dos seus in- refere o relatório de 2024 da consultora in- Foto: GIPR
teresses, quer nacionais quer da organiza- ternacional sobre as perspectivas energé- O País poderá "contribuir significativa- ção energética como estabelecendo capaci-
ção", explica a Presidência moçambicana. ticas de África, dedicado a Moçambique, mente para as necessidades energéticas dades fortes em toda a cadeia de valor das
Acompanham o Presidente da Repúbli- citado este mês pela Lusa. mundiais, tanto durante o período de transi- energias renováveis", lê-se no relatório, que
aponta que o gás natural "traga cerca de
100 mil milhões de dólares de receitas para
Moçambique ao longo do seu ciclo de vida".
Moçambique tem três projectos de de-
senvolvimento aprovados para exploração
das reservas de gás natural da bacia do
Rovuma, classificadas entre as maiores do
mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimen-
são e prevêem canalizar o gás do fundo do
mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica
para o exportar por via marítima em estado
líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (con-
sórcio da Área 1) e as obras avançaram
até à suspensão por tempo indeterminado,
após um ataque armado a Palma, em Março
de 2021, altura em que a energética france-
sa declarou que só retomaria os trabalhos
quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento, ainda sem
anúncio à vista, liderado pela ExxonMobil e
Eni (consórcio da Área 4).
Um terceiro projecto concluído e de me-
nor dimensão pertence também ao consór-
cio da Área 4 e consiste numa plataforma
flutuante de captação e processamento de
gás para exportação, directamente do mar,
que arrancou em Novembro de 2022.
A plataforma flutuante deverá produzir
3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de
Gás pode render USD 100 mil milhões em receitas ao País gás natural liquefeito, a Área 1 aponta para
Foto: Diário Económico 13,12 mtpa e o plano em terra da Área 4 pre-
vê 15 mtpa.

DESTAQUE
INCLUSÃO FINANCEIRA NO PAÍS
Ainda há 25 distritos sem agência bancária
A inclusão financeira no País ainda continua um desafio,
numa situação em que dados oficiais disponíveis até
finais do ano passado, 2023, indicavam que 25 dos 154
distritos ainda não tinham qualquer agência bancária.
Texto: Benety Matongue
A expansão dos serviços financei-
ros, e principalmente da banca, está
na lista das prioridades do Governo
como pressuposto para alavancar o
desenvolvimento económico.
Nos últimos anos, o Executivo, em
coordenação com o sector financeiro
privado, tem apostado em levar os
serviços bancários a todo o País, com
vista a assegurar que a moeda circu-
le pelos canais formais. A empreitada
regista progressos, tanto que, actual-
mente, pelo menos 129 distritos dos
154 existentes no País já contam com
agências bancárias.
Na mesma senda, o Banco Cen-
tral tem desenvolvido actividades de
promoção da literacia financeira junto
às comunidades, sensibilizando-as a
confiarem o seu dinheiro às institui-
ções financeiras,
Há distritos que só tem serviços de carteira móvel das companhias telefónicas
Foto: Profile
Todavia, prevalece o desafio de in-
cluir mais 25 distritos neste processo
de bancarização, o que vale afirmar
que milhares de agentes económicos,
funcionários públicos e privados con-
tinuam a enfrentar constrangimentos
para aceder aos serviços bancários.
De acordo com um relatório do
Banco de Moçambique sobre inclu-
são financeira, divulgado na última
quarta-feira, 28 de Fevereiro, e com
dados relativos ao quarto trimestre de
2023, a cobertura do País em termos
de agências bancárias passou de 123
distritos no final de 2022 para 129 no
final do ano passado, atingindo 83,2%
do território.
Isso significa que o rácio banco/ter-
ritório está a melhorar, tendo passado
de 9,3 agências bancárias por cada
10 mil km2, no final de 2022, para 9,1
no final do ano passado. Na área ru-
ral, porém, esse rácio é apenas de 3,2
agências bancárias.
Quase 31 adultos moçambicanos
Março de 2024 7
Edifício do Banco de Moçambique
Foto: O País
(30,9%) em cada 100 têm
conta bancária, um ligeiro
aumento face aos (30,6%)
registados no final de 2022,
indica o mesmo relatório.
Ainda segundo o Banco
Central, os cartões bancá-
rios emitidos em Moçambi-
que ascenderam, no final
de Dezembro, a 19,1% por
cada 100 adultos, número
que contrasta com os 21,1
no terceiro trimestre, mas
uma subida homóloga face
aos 17,5 no último trimestre
de 2022.
Já as caixas automáticas
(CA/ATM) cresceram ligei-
ramente para um rácio de
12,9 disponíveis por cada
100 mil adultos, contra os
9,0 no final de 2022, en-
quanto os terminais de pa-
gamento automático (TPA/
POS) seguem em queda,
passando de 224,4 para
190,8 por cada 100 mil
adultos.
Segundo dados do Ban-
co Central, funcionam em
Moçambique 15 bancos co-
merciais e 12 microbancos,
além de cooperativas de
crédito e organizações de
poupança e crédito, entre
outras.
 8 Março de 2024

DESTAQUE
ALERTA CPO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Dívida pública pressiona recursos do Estado

A Comissão do Plano e Orçamento da Assembleia da
República (CPO) alertou que o peso da dividas pública
está a pressionar os recursos públicos. O alerta foi
lançado pelo Presidente daquele órgão, António Niquice,
no âmbito do seminário sobre o Orçamento do Estado,
havido há dias.

cou Niquice.

Texto: Dossier Económico A dívida pública situa-se em 13 por

A dívida pública está actualmente ava-
liada em 115.098,5 mil milhões de meti-
cais, cifra que, segundo o presidente da
CPO, a designada segunda Comissão da
Assembleia da República (AR), coloca
uma pressão adicional sobre os recursos
do Estado e dificulta ainda mais a imple-
mentação de diversos projectos de de-
senvolvimento. Segundo Niquice, a ges-
tão pública dos recursos financeiros deve
obedecer o princípio de equilíbrio.
“O País tem que continuar a construir
escolas, tem de privilegiar a componente
de infraestruturas, hospitais, e no nosso
rácio, sob ponto de vista de orçamenta-
ção, depende significativamente do ônus
que resulta do défice orçamental”, expli-
cento do Produto Interno Bruto (PIB), con-
tudo, Niquice referiu que os indicadores
apontam que o País está em condições
de trilhar uma trajectória de sucesso.
O seminário, que decorreu sob o lema
“Perspectivas Macroeconómicas, Desa-
fios e Oportunidades”, juntou parlamen-
tares, gestores de empresas públicas e
representantes do Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI).
Na ocasião, o representante do FMI
em Moçambique reconheceu que a imple-
mentação da Tabela Salarial Única (TSU) António Niquice, presidente da CPO
complicou as contas do Estado, acres- Foto: AIM
centando que, para sair deste problema, tes nos ordenados aprovados no quadro cá-la em marcha.
o Governo deve levar a cabo várias me- da TSU, por serem insuportáveis para o A implementação da TSU custou cerca
didas. Orçamento do Estado. de 28,5 mil milhões de meticais, "mais do
Recorde-se que o FMI já tinha reco- O Governo, por sua vez, aceitou esta que os 19,2 mil milhões de meticais espe-
mendado ao Governo para efectuar cor- recomendação e assegurou que irá colo- rados.

TSU tramou a tesouraria nacional

Foto: RM

DESTAQUE
MUDANÇAS NA LAM
Theunis De Klerk subsitui Pó Jorge
O gestor da sul-africana Fly Modern Ark é, desde ontem,
o novo director-geral interino das Linhas Aéreas de
Moçambique e tem, até agora, dois meses à frente da
companhia. Theunis Christian De Klerk avançou ao “O
País Económico” que está aqui “para mudar a LAM”.
Texto: Benety Matongue
Chama-se Theunis Christian De Klerk
Crous (nome completo), o novo homem forte
à frente das Linhas Aéreas de Moçambique
(LAM). Seu mandato como director-geral in-
terino iniciou-se ontem (29 de Março) e vai
estender-se até 30 de Abril, altura a partir da
qual o Executivo deverá tomar uma decisão
sobre o futuro gestor da companhia.
Theunis Crous é o Executivo da Fly Mo-
dern Ark (FMA), consultora contratada pelo
Governo para ajudar a salvar a LAM e que
está envolvida na gestão da chamada com-
panhia de bandeira há cerca de oito meses.
Vai substituir João Carlos Pó Jorge, que es-
tava na gestão máxima da LAM desde 2018,
e que cessa funções no contexto da imple-
mentação de medidas de reestruturação, de
acordo com uma nova de imprensa emitida
• Publicidade
Março de 2024 9
pela empresa.
Numa breve entrevista ao O País Econó-
mico, Theunis Crous, reiterou que a sua mis-
são é tornar a LAM numa empresa diferente
da actual. “Estamos aqui para mudar a LAM,
e é isso que temos feito nos últimos meses.
Estamos para construir uma LAM melhor e
mais forte”, afirmou, salientando que preten-
de “trabalhar em colectivo “com todo o pes-
soal da LAM e entregar (ao Governo) uma
LAM de que o país se possa orgulhar. Esse
é o objectivo”.
Que resultados esperar em dois meses?
A Fly Modern Ark, de que o novo director-
-geral interino da LAM é dono, assinou con-
trato com o Governo de Moçambique em Companhia de bandeira enfrenta problemas de vária ordem
Abril do ano passado e está a dois meses Foto: RFI
do fim do seu mandato. São esses dois me-
ses que Theunis Crous tem para apresentar que foi sendo implementado ao longo dos Fly Modern Ark e as Linhas Aéreas de Mo-
resultados. Sobre isso, pediu que não fosse últimos oito meses. Não me pergunte sobre çambique. Magala reafirmou que o objectivo
questionado, porque “temos um programa Abril, porque não estou a olhar para datas. O de estabilizar a empresa continua e se a
meu objectivo não é Abril. FMA estiver a fazer bem o seu trabalho não
O meu objectivo é agora, há razões para não continuar a intervencio-
no trabalho de hoje. nar a companhia aérea.
Abril está longe, ainda “O que nós fizemos no início foi trazer
é um longo caminho pessoas que podiam nos ajudar como con-
a percorrer”, conside- sultores, como conselheiros das decisões
rou o, agora, número prudentes que devem ser tomadas na ges-
1 das Linhas Aéreas tão, operação das Linhas Aéreas de Mo-
de Moçambique, çambique. Essa é a Fly Modern Ark”, disse o
questionando a razão governante, referindo sobre a continuidade,
pela qual as pessoas o seguinte: “a não ser que me dêem razões
lhe têm pergunta- para não continuarem, enquanto não me
do se conseguirá ou derem razões para eles não continuarem,
não apresentar uma eles continuam. Esperamos um a três anos
companhia aérea di- para a estabilização da LAM. Se for antes,
ferente até o fim do melhor”.
contrato da sua em- Para Magala, a mudança do gestor da
presa com o Governo. companhia aérea nacional é o caminho
“Eles perguntam-me necessário para imprimir um novo dinamis-
o que ‘você pode fa- mo. “É um processo normal. Às vezes, é
zer ou mudar?’ Mas preciso ajustar a máquina. Por vezes, você
nós estamos a fazer pode estar a ir a velocidade acima do reco-
isso, não sei porque é mendado para ajustar-se de modo a que o
que as pessoas estão sistema funcione”, considerou, acrescentan-
a criar um grande pro- do que “é melhor darmos outra missão e por-
blema sobre isso”. mos as pessoas que vão trabalhar como um
sistema e gerir bem naqueles parâmetros
Governo não clarifi- que nós queremos”.
ca sobre renovação Mateus Magala pede paciência e apoio
de contrato com a dos moçambicanos no processo de estabili-
FMA zação da LAM e assegura que, nos próximos
O Ministro dos três anos, a empresa poderá dar orgulho aos
Transportes e Comu- moçambicanos.
nicações, Mateus Ma- Por enquanto, segundo o Relatório dos
gala, foi confrontado Riscos Fiscais do Ministério da Economia
ontem por jornalistas e Finanças de 2023, a LAM faz parte das
sobre o futuro da rela- empresas do Sector Empresarial do Estado
ção contratual entre a (SEE) com elevado risco fiscal. O País
10 Março de 2024

DESTAQUE
PELA SEGUNDA VEZ EM TRÊS MESES

Juro de referência para crédito regista descida

A Associação Moçambicana de Bancos (AMB) anunciou
que a taxa de juro de referência para as operações de
crédito no País vai descer para 23,10% em Março, naquela
que será a segunda queda registada em três meses.

cer a taxa de juro de política monetá-

Texto: Dossier Económico
Desde 2018 que esta taxa, co-
nhecida também como ‘prime rate’,
estava em queda, até ao mínimo de
15,5% em Fevereiro de 2021. No
entanto, a tendência inverteu-se e
começou a subir até atingir 23,50%
em Abril do ano passado, e depois
24,10% em Julho.
Em Janeiro de 2024, a ‘prime rate’
regressou aos 23,50%, mantendo-se
inalterada em Fevereiro, sendo que,
para Março, a AMB decidiu descer a
mesma para 23,10%.
Os aumentos desta taxa têm es-
tado associados à subida da taxa
de juro de política monetária (taxa
MIMO, que influencia a fórmula de
cálculo da ‘prime rate’), com o propó-
sito de controlar a inflação.
Há precisamente um mês, o Comi-
Dinheiro mais barato no País té de Política Monetária (CPMO) do
Foto: DW Banco de Moçambique decidiu des-
ria, de 17,25%, valor em vigor desde
Setembro de 2022, para 16,50%.
“Esta decisão é sustentada pela
consolidação das perspectivas de
manutenção da inflação em um dígi-
to, no médio prazo, num contexto em
que a avaliação dos riscos e incerte-
zas associados às projecções da in-
flação é mais favorável”, justificou o
Banco de Moçambique, após a reu-
nião do CPMO, em 31 de Janeiro.
A criação da ‘prime rate’ foi acor-
dada em 2017 entre o banco central
e a AMB para eliminar a proliferação
de taxas de referência no custo do di-
nheiro. Na altura, foi lançada com um
valor de 27,75%.
O objectivo é que todas as ope-
rações de crédito sejam baseadas
numa taxa única, “acrescida de uma
margem (‘spread’), que será adicio-
nada ou subtraída à ‘prime rate’ me-
diante a análise de risco” de cada
contrato. DE

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Março de 2024 11
12 Março de 2024
PLANO DE FUNDO
NAS ESTÂNCIAS TURÍSTICAS DO PAÍS
Passa a ser obrigatório uso de
moeda nacional
Estâncias turísticas nacionais passam a ter obrigatoriedade
de usar o metical em detrimento de moeda estrangeira,
especialmente o dólar norte-americano. A medida surge
ao abrigo do decreto 74/2022, que regula o funcionamento
dos empreendimentos turísticos, e visa prevenir a fuga de
capitais.
Texto: Milton Zunguze
De acordo com a directora nacional-
-adjunta de Turismo, Gisela Malauene,
essas novas medidas visam eliminar as
barreiras existentes na prática desta ac-
tividade no País.
“Com a revisão deste instrumento,
tentamos remover algumas questões
que constituíam barreira ao desenvol-
vimento do sector. Por exemplo, há ta-
xas que vimos que podiam dificultar o
investidor e também alguns requisitos
de licenciamento que, na prática, faziam
diferença”.
Transacções devem ser feitas atra-
vés dos bancos domiciliados no País
Das novas medidas, em especial as
que visam os empreendimentos turísti-
cos, para além da proibição da rejeição
Gisela Malauene garante que revisão visa promover o turismo no País
“
“Existem estabelecimentos
há bastante tempo, mas
ainda não estão qualificados,
do uso da moeda nacional, o destaque
vai para a realização de transacções
a partir dos bancos nacionais. Consta
ainda não sabem se são
ainda a descentralização, no âmbito de
registo ou instalação de estabelecimen-
tos, que compete ao Ministério de Tu-
dentes dos municípios, dependendo da
categoria ou nível do estabelecimento.
do primeiro, segundo ou
rismo, ao governador e ainda aos presi-
“Existem alguns empreendimentos
que não aceitam o metical, mas acei- terceiro grau, ou se é um
hotel de uma ou cinco
tam somente a moeda estrangeira.
Não é que não possam usar a moeda
estrangeira, mas nenhum empreendi-
estrelas”
mento deve negar o uso do metical”,
esclareceu a directora nacional-adjunta
de Turismo, acrescentando que há ain-
da a obrigatoriedade de fazer as tran- fora do País”. necessidade de licenciamento de aloja-
sacções através dos bancos nacionais, mentos locais, por julgar injusto para os
“isso para podermos dar vasão à fuga Arrendar moradias para fim-de-se- que têm estabelecimentos típicos para
de capitais, porque nós não temos con- mana passa pelo licenciamento o efeito.
trolo sobre as receitas que são pagas A responsável avançou ainda que há “Quem tem uma moradia e quer alu-
gar para um fim-de-semana pode-se
licenciar, e trazemos para tal o modelo
simplificado”, afirmou, acrescentando
que a componente da fiscalização está
nas mãos da Inspecção Nacional das
Actividades Económicas, sendo que “a
nós cabe-nos regular”.
“Temos muita mão-de-obra com ex-
periência, mas não qualificada”
Por sua vez, Alberto Soares, repre-
sentante da Associação da Indústria,
Hotelaria e Turismo na província do
Niassa, vê no novo instrumento a exi-
gência de qualificação dos gestores dos
estabelecimentos como um empecilho,
até porque “a maior parte dos estabele-
cimentos de turismo a nível das provín-
cias não tem gestores como tal, o gestor
é o proprietário”.
A fonte arrisca em dizer que o País
ainda não possui pessoal qualificado,
tendo apenas experientes.
“Não temos mão-de-obra qualificada
para tal, mas sim temos muita mão-de-
-obra com experiência. Então, o Gover-
no tem que saber aprimorar estas pes-
soas com experiência”.
Por sua vez, Luís Teves, proprietário
 Março de 2024 13
PLANO DE FUNDO
de uma estância turística na Ponta do
Ouro, província de Maputo, confessou
que não se vê a colocar um qualifica-
do no lugar de um experiente, frisando
que “uma pessoa com muita experiência
tem valor do que uma pessoa que foi só
estudar”.
Adiante, Teves apelou à divulgação
do decreto, assim como do sistema
(RNET) que será usado para permitir
avaliar o sector.
“Relativamente aos gestores que
existem há anos e que que ainda não
foram capacitados, deve haver capaci-
tação local, porque não faz sentido sair
alguém da Ponta de Ouro para vir à ci-
dade para ser capacitado. A divulgação
da RNET tem que ser avaliada de forma
a trabalhar com as associações locais
para fazer a divulgação do instrumento”,
defendeu Teves.

Há estabelecimentos sem qualifica-

ção no país
Na mesma linha de abordagem, a
fonte destacou a necessidade de requa-
lificação e qualificação dos estabeleci-
mentos, com vista a reconhecer as suas
categorias.
“Existem estabelecimentos há bas-
tante tempo, mas ainda não estão qua-
lificados, ainda não sabem se são do
Presidente do pelouro de hotelaria da CTA assegura penas em casos de incumprimento
Foto:
primeiro, segundo ou terceiro grau, ou las”, salientou o responsável, reconhe- se fazer.
se é um hotel de uma ou cinco estre- cendo que ainda há muito trabalho por
CTA assegura que haverá san-
ções
Entretanto, no caso de incumpri-
mento das medidas dos decretos, o
Presidente do pelouro de turismo da
CTA, Orélio Mausse, sem avançar
com mais detalhes, garantiu san-
ções de acordo com o tipo de infrac-
ção que a pessoa terá cometido.
“Por exemplo, se alguém não fi-
zer o registo do gestor poderá ser
sancionado com uma multa. Todo o
operador deve registar os seus cola-
boradores de acordo com o qualifi-
cador profissional e de acordo com
a categoria”, frisou.

Empresários não vêem “vanta-

gem” no associativismo
Por seu turno, a representante da
Associação Económica da vila da
Ponta de Ouro, Salma Camal, expôs
uma observação no sentido con-
trário, afirmando que “a maior par-
te dos empresários dizem que não
vêem resultados”.
O workshop, que foi organizado
pela Confederação das Associa-
ções Económicas de Moçambique
(CTA), em parceria com a Direcção
Nacional de Turismo (DINATUR) e o
Serviço Nacional de Migração (SE-
NAMI), reuniu vários operadores do
sector de turismo no País, com vis-
ta a familiarizar os três decretos do
Encontro juntou vários players da área sector de turismo para impulsionar o
Foto: sector no País.
14 Março de 2024
NACIONAL
MODERNIZAÇÃO DA REDE MÓVEL
Niassa na vanguarda da
operacionalização de sites
“O volume de prestação de serviços em Comunicações
terá um desempenho positivo, decorrente do crescimento
do uso da telefonia móvel, ligado ao nível de cobertura
da rede telefónica nos distritos, postos administrativos e
localidades e serviços de carteira móvel (M-pesa, Mkesh e
E-mola)”. A informação, que coloca Niassa em destaque,
consta do Plano Económico Social e Orçamento do Estado
Estado 2024.
TEXTO: Hélio de Carlos
Entretanto, cerca de 80 por cento de
um total de 1.086 “sites”, estruturas que
abrigam equipamentos e antenas de tele-
comunicações, já se encontram operacio-
nalizados, no âmbito da implementação da
segunda fase do projecto de modernização
e expansão da rede da Tmcel – Moçambi-
que Telecom, em curso, no País.
A operacionalização compreende substi-
tuições, coberturas internas e implantação
de novos “sites”.
Importa referir que, entre os meses de
Dezembro do ano passado e Janeiro últi-
mo, a província de Niassa foi a que mais
se destacou, com mais de 50 novos “sites”
Lichinga, capital de Niassa
Foto: O País
implantados, dos quais 15 já dispõem da
tecnologia LTE (Long-Term Evolution).
Trata-se de uma tecnologia de comuni-
cação sem fio, desenvolvida para oferecer
altas taxas de transferência de dados, bai-
xa latência e capacidade de suportar uma
ampla gama de serviços multimídia.
Está igualmente prevista a actualização
da rede em coberturas internas (como as
existentes nos grandes centros comer-
ciais). O processo, em curso, encontra-se
em pleno funcionamento, em alguns cen-
tros comerciais da cidade e província de
Maputo.
De informar que todas as províncias do
País já foram abrangidas por este projecto,
estando ainda em curso a operacionaliza-
ção de mais “sites”.
No âmbito do projecto de expansão e
“
Importa referir que, entre os meses
de Dezembro do ano passado e
Janeiro último, a província de
Niassa foi a que mais se destacou,
com mais de 50 novos “sites”
implantados, dos quais 15 já
dispõem da tecnologia LTE (Long-
Term Evolution).
modernização da rede, iniciado em Janeiro
de 2022, a Moçambique Telecom já imple-
mentou mais de 770 novas antenas, o que
representa 57% da sua execução, segun-
do foi revelado no decurso de um encontro
entre os gestores de topo da empresa e
editores dos media, em Maputo.
Todas as províncias do país já contam
com a cobertura parcial da nova rede, isto
é, com as tecnologias 4 e 4.5G, onde no
geral a disponibilidade da rede cresceu de
86%, na altura no início do projecto, para
97%, em Agosto do ano corrente.
Ainda em Agosto, os recarregamentos
no segmento do pré-pago cresceram em
7% quando comparados com Agosto de
2022. Este marco representa a primeira su-
bida no indicador, em relação ao período
homólogo do ano anterior.
No mesmo âmbito, as activações dos
pacotes no pré-pago (Netgiro, Malta M,
Mini, Plus e Max) também apresentam uma
tendência crescente, algo que já se vem re-
gistando desde Maio de 2023.
Na modernização e expansão da rede,
a Tmcel tem estado a melhorar o seu ba-
ckbone (espinha dorsal em fibra óptica)
e a colocar um novo equipamento para a
activação de clientes e monitoria da rede,
significando um aumento de largura de
banda de 10 para 400 gigabits por segundo
(Gbps).
A operadora implementou igualmente
pontos de presença para a disponibilização
de Internet (PoPs – Points of Presence) em
95% no País, o que significará um aumento
de capacidade de Internet para os clientes
nas províncias, bem como melhorar a ex-
periência através da redução da latência.
Está igualmente em curso a actualiza-
ção dos sistemas de suporte ao negócio
(BSS – Business Support Systems), que
visa melhorar os serviços, a nível do pré-
-pago, pós-pago e carteira móvel – Mkesh,
sua plataforma de pagamentos, desenvol-
vimento de negócio e inclusão financei-
ra. Fim de Semana
Março de 2024 15
16 Março de 2024
NACIONAL
DIVERSIFICAÇÃO DA ECONOMIA
Moçambique mantém
forte aposta da agricultura
Na campanha Agrícola 2023/24, o Executivo planifica
produzir cerca de 3.050.668 toneladas de cereais,
612.216 toneladas de leguminosas, 291.609 toneladas de
oleaginosas, 3.986.936 toneladas de hortícolas, 7.709.762
toneladas de raízes e tubérculos.
Texto: Dossier Económico
Nas culturas de rendimento, para a
campanha 2023/24 projecta-se produ-
zir 291.609 toneladas de Oleaginosas,
3.986.936 toneladas de Hortícolas e
166.000 toneladas de amêndoas.
O aumento na produção das amêndoas,
é suportado pelo tratamento de 9.734.000
cajueiros de 188.983 produtores, preven-
do-se que o incremento do volume de
produção da castanha de caju passe de
cerca de 157.496 toneladas para cerca de
160.000 toneladas em 2024. Em relação a
produção da macadâmia espera-se o incre-
• Publicidade
mento do volume de produção de cerca de
4.491 toneladas para cerca de 6.000 tone-
ladas em 2024.
O Ministro da Indústria e Comércio, Sil-
vino Moreno está em Abu Dahabi, onde
participa na 13ª Conferência Ministerial –
MC13 da Organização Mundial do Comér-
cio – OMC.
Falando segunda-feira última durante
as sessões ministeriais, Moreno defendeu
uma diversificação económica no continen-
te através da agricultura, por ser fundamen-
tal no crescimento sustentado em África,
dada a sua contribuição para o Produto In-
terno Bruto – PIB e a criação de emprego.
Mais de 60 por cento da população do Ricardina Chiconela procede a entrega dos kits
continente está exposta à insegurança ali- Foto: kweli
mentar, duas vezes “Moçambique apoia a solução perma-
mais do que noutros nente sobre PSH e tratamento especial di-
países em via de ferenciado. Acreditamos que a integração
desenvolvimento e económica poderia ajudar neste aspecto e
seis vezes mais do contribuir para o aumento do investimento
que nos desenvol- e para a diversificação”, disse.
vidos. Recordar que uma delegação moçambi-
Segundo Silvino cana chefiada por Silvino Moreno participa
Moreno, com uma desde segunda-feira até à próxima quinta-
produção alimen- -feira, em Abu Dhabi, na 13ª Conferência
tar per capita in- Ministerial (MC13) da Organização Mun-
ferior à de outros dial do Comércio – OMC.
países, devido à O evento, de quatro dias, reúne minis-
falta e às restrições tros e autoridades seniores de todo o mun-
ao investimento, as do para discutir regras e regulamentos de
nações africanas comércio internacional. Além da defesa
dependem em gran- dos interesses do país, o evento servirá
de parte de importa- ainda para realizar encontros bilaterais
ções. com ministros homólogos.
De acordo com o A reunião, que junta 175 Estados-mem-
governante, as ini- bros, líderes do sector privado, organi-
ciativas de integra- zações não-governamentais e represen-
ção regional, como tantes da sociedade civil, permitirá que a
a Zona de Comércio comunidade global trabalhe em conjunto
Livre Continental para promover um sistema comercial mais
Africana – AfCFTA, eficiente, sustentável e inclusivo.
proporcionam uma Com base nos avanços da MC12, rea-
oportunidade para lizada em Genebra em Junho de 2022,
melhorar o acesso onde foram feitos avanços significativos
aos mercados ali- em áreas como subsídios à pesca, segu-
mentares e explorar rança alimentar e comércio electrónico,
fontes alternativas o evento deste ano vai-se concentrar em
de abastecimento, melhorar o acesso dos países em desen-
mercados alimenta- volvimento e dos menos desenvolvidos ao
res e explorar fon- sistema de comércio global, propriedade
tes alternativas de intelectual e mecanismos de resolução de
abastecimento. disputas da OMC. O Económico

INSS
PRÉMIO SEGURANÇA SOCIAL 2024
Jornalistas de Inhambane
preparam-se para participar
Jornalistas de diferentes órgãos de informação na província
de Inhambane estiveram reunidos na última semana com
a delegação do Instituto Nacional de Segurança Social
(INSS) naquela parcela do sul do país para se inteirarem
do Prémio Nacional de Jornalismo em Segurança Social
Obrigatória (PNJSSO), que este ano já vai na sua IV Edição.
Texto: Dossier Económico
Trata-se de uma prática da insti-
tuição, no âmbito deste concurso, vi-
sando explicar e esclarecer aos po-
tenciais participantes sobre todos os
contornos que norteiam o concurso,
cuja iniciativa tem como objectivo re-
conhecer e encorajar os órgãos de
informação e os seus profissionais a
pautarem pela prática de jornalismo
sobre matérias da área da seguran-
Escribas mostraram-se interessados em participar do concurso
Foto: INSS
ça social.
No encontro, em que foi abor-
dado o concurso organizado pelo
INSS, em parceria com o Sindica-
to Nacional de Jornalistas (SNJ) e
com o apoio da Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT), foi feita,
igualmente, a divulgação do Regu-
lamento da Segurança Social Obri-
gatória, aprovado pelo Decreto Nº
51/2017, de 9 de Outubro.
O INSS em Inhambane, através
da sua delegada provincial, Rabia
Waide Necuto Abacar, que encora-
Março de 2024 17
“
Os participantes no encontro mostraram-
se dispostos a concorrer aos prémios, nas
três categorias previstas, nomeadamente
a Imprensa, Rádio e Televisão, cujos
trabalhos concorrentes deverão ser os
publicados no período compreendido
entre 2 de Janeiro e 19 de Julho, podendo
a submissão dos mesmos decorrer de
26 de Junho a 26 de Julho de 2024.
jou os presentes a con-
correrem, espera que o
referido encontro tenha
consciencializado os
profissionais da comu-
nicação, sobre a sua in-
questionável importân-
cia na disseminação de
matérias relacionadas
com a segurança social
obrigatória, por serem
um dos principais elos
de ligação com o públi-
co utente do sistema,
para o caso vertente
através da difusão das
matérias visadas para o
prémio.
Os participantes no
encontro mostraram-se
dispostos a concorrer
aos prémios, nas três
categorias previstas,
nomeadamente a Im-
prensa, Rádio e Tele-
visão, cujos trabalhos
concorrentes deverão
ser os publicados no
período compreendido
entre 2 de Janeiro e
19 de Julho, podendo
a submissão dos mes-
mos decorrer de 26 de
Junho a 26 de Julho de
2024.
18 Março de 2024

DOSSIER DE MARCAS
NO CENTRO DE ACOLHIMENTO “A RAPARIGA NECESSITADA”

SAM apoia raparigas com material escolar

A Água da Namaacha, marca premium da Sociedade de
Águas de Moçambique (SAM), levou a cabo, recentemente,
mais uma acção de responsabilidade social, concretamente
no Centro de Acolhimento A Rapariga Necessitada,
onde ofereceu kits escolares compostos por cadernos e
canetas, para além de Água da Namaacha da linha Júnior,
caracterizada pelos seus rótulos coloridos e didácticos,
como a tabuada e o abecedário.
cutiva do Conselho Cristão de Moçam-
Texto: Dossier Económico bique, manifestou o seu agrado pela
acção da Água da Namaacha, que con-
siderou muito importante para que as
A acção da Água da Namaacha inse- crianças e jovens do centro tenham um
re-se na campanha anual de apoio às início de ano lectivo mais tranquilo e se
instituições de solidariedade social que possam focar naquilo que é importante
trabalham com crianças e jovens e que, – o estudo.
por estas alturas, enfrentam dificuldades Por sua vez, Bárbara Matsinha, em
no processo de aquisição de material es- representação da Água da Namaacha,
colar. agradeceu ao Conselho Cristão de Mo-
O Centro de Acolhimento A Rapari- çambique pelo trabalho excepcional que
ga Necessitada é gerido pelo Conselho está a desenvolver com as meninas e
Cristão de Moçambique e pelo Fórum colocou sua instituição à disposição
Mulher, sendo que abriga meninas com para dar continuidade aos apoios desta
idades compreendidas entre os 06 aos natureza a este e outros projectos que
17 anos. trabalham com as “flores que nunca mur- Ricardina Chiconela procede a entrega dos kits
Ricardina Chiconela, secretária exe- cham”. Foto: SAM

“
• Publicidade

A acção da Água da
Namaacha insere-se
na campanha anual de
apoio às instituições
de solidariedade social
que trabalham com
crianças e jovens e
que, por estas alturas,
enfrentam dificuldades
no processo de
aquisição de material
escolar.
19 Abril de 2023
20 Abril de 2023

ECONOMIA AFRICANA
PARA O FINANCIAMENTO DO COMÉRCIO

BAD rubrica acordo de

USD 150 milhões com TDB

“
O Conselho de Administração do Grupo Banco Africano
de Desenvolvimento (BAD) aprovou um acordo não
financiado de participação de risco para financiamento
do comércio no valor de 150 milhões de dólares com "O apoio ao comércio em África é
o Trade & Development Bank (TDB). Espera-se que o uma prioridade fundamental para o
acordo impulsione o comércio intra-africano, promova a
integração regional e contribua para a redução do défice BAD. O financiamento do comércio é
de financiamento do comércio em África, em conformidade
com as aspirações da Zona de Comércio Livre Continental
um importante motor do crescimento
Africana (AfCFTA). económico e é fundamental para o
de 50% e até 75% para transacções em comércio transfronteiriço, particularmente
Texto: Dossier Económico países de baixo rendimento e em esta-
dos em transição, numa base de partilha
nos mercados emergentes"
de riscos com o TDB, a um conjunto de
bancos locais e regionais qualificados
O Banco Africano de Desenvolvimen- na região do Mercado Comum da Áfri- desenvolvem actividades no sector do que o mecanismo apoie cerca de 1,8 mil
to fornecerá uma cobertura de garantia ca Oriental e Austral (COMESA), que financiamento do comércio. Prevê-se milhões de dólares de comércio nos pró-
ximos três anos.
"O apoio ao comércio em
África é uma prioridade funda-
mental para o BAD. O financia-
mento do comércio é um im-
portante motor do crescimento
económico e é fundamental
para o comércio transfronteiri-
ço, particularmente nos merca-
dos emergentes", afirmou Nwa-
bufo Nnenna, director-geral do
grupo para a região da África
Oriental. "Estamos muito satis-
feitos por trabalhar com o TDB,
um parceiro forte com vastos
conhecimentos e uma rede em
África, numa ambição comum
de apoiar o comércio da região”.
Admassu Tadesse, presi-
dente e director-geral do Grupo
TDB, sublinhou: "o grupo TDB
está muito satisfeito por conti-
nuar a desenvolver a sua parce-
ria estratégica e os mecanismos
de partilha de riscos adequados
à finalidade com o grupo BAD
para aumentar o financiamento
do comércio e outras ofertas
numa região onde continuam
a existir grandes lacunas no
acesso ao financiamento do co-
mércio, entre outros, e onde os
principais bancos internacionais
têm vindo a retirar-se e a redu-
zir a sua apetência pelo risco".
O BAD também oferece aos
bancos locais um Mecanismo
de Garantia de Transacção (TG)
de 3 anos para apoiar a confir-
mação das suas transacções
Sede do BAD de financiamento do comércio.
Foto: BAD APO
21 Abril de 2023

ECONOMIA AFRICANA
NA NIGÉRIA

Aumento de inflação
leva a manifestações
Desde que assumiu o cargo no ano passado, o Presidente
Bola Tinubu promulgou uma série de políticas controversas,
incluindo a eliminação dos subsídios aos combustíveis e
a unificação da taxa de câmbio múltipla do país, levando a
uma desvalorização da naira face ao dólar.
uma grande greve em Novembro, para pro-

Texto: Dossier Económico testar contra o espancamento de um líder

Os preços da gasolina mais do que du-
plicaram e, como resultado, a inflação dis-
parou, atingindo perto de 30% no mês pas-
sado, o valor mais elevado em quase três
décadas, de acordo com o Gabinete Nacio-
nal de Estatísticas.
Os protestos duram meses e os sindica-
tos governamentais respondem com amea-
ças de abandono.
Em Outubro, os sindicatos chegaram a
um acordo com o governo de Tinubu para
pôr fim às greves em troca de estipêndios
mensais e subsídios para amortecer o golpe
das suas políticas.
Mas continuaram um mês depois com
sindical, que levou o país a uma paralisação
virtual.
Os sindicatos afirmam que o governo
não cumpriu as promessas, que incluíam
um aumento salarial mensal de aproxima-
damente 20 dólares para todos os trabalha-
dores durante seis meses e pagamentos de
aproximadamente 15 dólares durante três Naira, moeda nigeriana, está a despencar
meses a milhões de famílias vulneráveis. A Foto: Daily Post Nigeria
promessa de lançar autocarros movidos a
gás para transportes públicos no ano pas- dizer ao Sr. é que os nigerianos estão com A manifestação incluiu dois grandes sin-
sado também não se concretizou. fome. Há fome na terra”, disse Sessi. dicatos governamentais, o Congresso Tra-
Agnes Sessi, presidente do Congresso Embora a maioria dos protestos anterio- balhista da Nigéria (NLC) e o Congresso
Trabalhista da Nigéria no Estado de Lagos, res tenha impactado a prestação de serviços Sindical (TUC).
disse que os nigerianos devem agir. em portos, escolas e hospitais, na terça-feira, “A Nigéria precisa mudar e provavelmente
“Hoje, nigerianos, levantemo-nos e diga- a maioria dos serviços parecia continuar com este é o começo disso, esperemos que tudo
mos ao Sr. Presidente (Bola Ahmed Tinubu) uma força de trabalho reduzida, apesar de corra bem”, disse o médico Dokun Adedeji.
o que ele deve ouvir e o que precisamos de muitos trabalhadores terem ficado em casa. Africanews

COM ITÁLIA COMO DESTINO

Congo envia seu primeiro carregamento de gás

A nação africana do Congo tornou-se o mais recente
exportador de gás natural liquefeito na terça-feira, 27 de
Fevereiro, ao iniciar a produção da primeira carga, um ano
depois de a empresa energética italiana ENI ter lançado o
projecto Congo LNG com parceiros locais.

e contribuindo ao mesmo tempo para a

Texto: Dossier Económico segurança energética da Europa”, disse o

O primeiro navio cargueiro carregado
com Gás Natural Liquefeito (GNL) irá para
a planta italiana de regaseificação na cidade
toscana de Piombino nos próximos dias,
disse a ENI em comunicado.
“Com o primeiro carregamento, a
República do Congo entra no grupo dos
países exportadores de GNL, abrindo
oportunidades de crescimento económico
e ao mesmo tempo contribuindo para o
equilíbrio energético global”, afirmou a ENI.
A ENI e os seus parceiros partilharam
Legenda: É a primeira exportação do gás congolês mão-de-obra, conhecimento e tecnologia,
Foto: “garantindo receitas adicionais para o país
CEO Claudio Descalzi num comunicado.
O projecto terá capacidade anual de
4,5 bilhões de metros cúbicos de gás
natural, que é utilizado para aquecimento
de residências e empresas. É formado
quando o gás é resfriado a cerca de - 162
C para ser armazenado e transportado com
segurança a bordo de navios, especialmente
projectados.
A Europa tem procurado novas fontes
de energia desde que decidiu cortar o
fornecimento da Rússia após a invasão
massiva da Ucrânia, há dois anos. As
vendas de gás russo no exterior caíram 40%
desde a invasão, segundo o think tank ISPI.
Africanews
22 Abril de 2023
INTERNACIONAL
EM HUÍLA, ANGOLA
Construção de represas
fomenta produção agrícola
Mais de 300 hectares de terras aráveis começam, a partir
do corrente ano, a ser irrigados por seis represas erguidas
nas localidades da Humpata, Chibia, Gambos, Caluquembe
e Caconda, no âmbito do Programa de Fortalecimento da
Resiliência, Segurança Alimentar e Nutricional (FRESAN).
Texto: Dossier Económico
Com o valor global de 387.641.228
kwanzas, o programa é implementado em
três etapas, sendo a primeira nas zonas
do Caculuvar, arredores do município dos
Gambos, e na comuna do Jau, situada na
Chibia, assim como uma outra represa na
zona do Caholo (Humpata).
Os produtores, situados na povoação
do Giraul, no município de Caluquembe,
Chandamba, em Chicomba, assim como
da Waba, uma das zonas potenciais de
lavoura de cereais de Caconda, vão ver,
igualmente, solucionado o problema de
perspectiva-se 300 represas
Foto: Gobernacion de Huila
água para rega das culturas, principal-
mente nas épocas de seca cíclica.
Para o efeito, a instituição em refe-
rência já promoveu um concurso público
para seleccionar as instituições habilita-
das para a empreitada, uma acção que
se estende também para alguns pontos
da província do Cunene, onde se progra-
mou a construção de dez pequenas re-
presas em seis municípios.
Fomentar a produção
O coordenador-adjunto do FRESAN
na província da Huíla, Adalberto Chique-
te, sublinhou que o propósito da materia-
lização do projecto é criar as condições
necessárias para haver capacidade de ir-
rigar 300 hectares de terras e fomentar a
“
"Estamos empenhados em colaborar
com as autoridades para minimizar
o impacto da seca nas zonas mais
longínquas da Região Sul, assim
como para criar condições para o
aumento da auto-sustentabilidade
das famílias beneficiárias”
produção no seio das famílias das zonas
mais recônditas.
"Estamos empenhados em colaborar
com as autoridades para minimizar o im-
pacto da seca nas zonas mais longínquas
da Região Sul, assim como para criar con-
dições para o aumento da auto-sustenta-
bilidade das famílias beneficiárias”, disse.
Adalberto Chiquete realçou o facto
de se estar a consolidar os projectos em
curso com o apoio de vários parceiros do
FRESAN, à medida que as acções defini-
das para os dez municípios da província
da Huíla estarem já concluídas e, conse-
quentemente, entregues às famílias ca-
renciadas.
O Programa de Fortalecimento da Se-
gurança Alimentar e Nutricional foi ma-
terializado em dez municípios da Huíla,
prevendo contemplar cerca de 900 mil
pessoas.
"O programa está a contribuir para a
redução da fome, pobreza e vulnerabilida-
de da insegurança alimentar e nutricional
no Sul do país”, disse.
O projecto conta com o financiamento
da União europeia (UE) e é gerido par-
cialmente pelo Camões, I.P., Organiza-
ção das Nações Unidas para a Alimenta-
ção e a Agricultura (FAO), Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) e pelo Vall d’Hebron.
Reconhecimento
O agricultor Manuel Armando, 29 anos,
reconheceu que a vida da família e de
outros melhorou consideravelmente por
saberem agora como plantar,usar as se-
mentes e técnicas necessárias para a
preparação dos solos e da necessidade
de se manter as terras húmidas para a
produção.
"Agora sabemos que se pode plantar
mesmo em época de seca”, disse, para
acrescentar que as crianças também
aprendem, de modo a terem já noções
das técnicas de trabalhar a terra e de co-
lecta de produtos com qualidade para o
sustento familiar e comercialização. JA
23 Abril de 2023

INTERNACIONAL
AFECTADA PELA REDUÇÃO DE VENDAS

Sony diminui 900

empregos da PlayStation

“
A Sony está a cortar cerca de 900 empregos em sua unidade
PlayStation e a fechar um estúdio em Londres, informou a
companhia, enquanto a indústria de videogames tenta se
recuperar de uma crise pós-pandemia. As demissões em massa
As demissões em massa afectarão
cerca de 8% do pessoal da divisão em
O mercado global de videogames cresceu
apenas 0,6% no ano passado, para US$ também afectarão outros
estúdios da Sony, incluindo
regiões que vão das Américas à Ásia e 184 bilhões de dólares, de acordo com o
ocorrem dias após a Sony ter reduzido rastreador do sector Newzoo, embora isso
a expectativa anual de vendas de seu tenha sido melhor do que um declínio de
console, o PlayStation 5.
“Concluímos que decisões difíceis têm-se
tornado inevitáveis”, disse o chefe de jogos
mais de 5% em 2022.
As demissões em massa também
afectarão outros estúdios da Sony, incluindo
a norte-americana Insomniac
da Sony, Jim Ryan, culpando as mudanças
na forma como a indústria de videogames
a norte-americana Insomniac Games, que
trabalhou em jogos como “Marvel’s Spider- Games, que trabalhou em jogos
como “Marvel’s Spider-Man 2”
desenvolve, distribui e lança produtos. Ryan Man 2” e Naughty Dog, o estúdio por trás
deve-se aposentar em Março. de “The Last of Us”.
O movimento alinha a Sony a empresas A Sony havia dito mais cedo este

e Naughty Dog, o estúdio por

como a Microsoft e a Riot Games, de
propriedade da Tencent, que também têm
demitido milhares de funcionários nos
últimos meses devido à lenta recuperação
do mercado de jogos.
mês que espera um declínio gradual nas
vendas unitárias do PlayStation 5 a partir
do próximo ano fiscal e que não planeia
lançar nenhum título de franquia grande
no próximo ano fiscal. CNN Brasil trás de “The Last of Us”.

Playstation a vender menos do que o desejável

Foto: CNN
 24
INTERNACIONAL
Brasil defende
mais impostos para super-ricos
"Tenho a certeza de que há muito que os países podem será possível diminuir as opor- O repre-
tunidades que um pequeno nú- sentante do
fazer por si mesmos, no entanto, soluções efectivas para mero de bilionários "continue tirando Governo brasileiro
que os super-ricos paguem a sua justa contribuição em proveito de buracos nos sistemas tributá- anunciou que pretende apre-
rios para não pagar a sua devida contribui- sentar uma declaração conjunta sobre tri-
impostos dependem de cooperação internacional", disse ção". butação internacional até julho.
Haddad na abertura do segundo dia da reunião de ministros
das Finanças e governadores de Bancos Centrais do G20.
O ministro brasileiro participou presen- temas tributários por meio de várias es-
cialmente da abertura dos trabalhos do tratégias. O mais recente relatório do EU
segundo dia da cimeira, que reúne em Tax Observatory sobre evasão fiscal de-
São Paulo, capital financeira do Brasil, re- monstrou que pagam uma alíquota efectiva
presentantes do grupo das vinte maiores equivalente a entre zero e meio por cento
economias do mundo e países convidados, da sua riqueza", apontou.
incluindo Portugal, representado pelo mi- O ministro brasileiro das Finanças exor-
nistro da Finanças, Fernando Medina. tou por isso os países membros do G20 a
Haddad mencionou que o avanço da agirem juntos para taxar os bilionários le-
cooperação internacional nos últimos dez vando-os a darem a sua contribuição para
anos no que se refere a troca de informa- as "sociedades e para o desenvolvimento
ções, transparência e níveis mínimos de sustentável do planeta".
tributação, citando acções da Organização Haddad também defendeu que a tributa-
para a Cooperação e Desenvolvimento ção da riqueza se torne um terceiro pilar na
Económico (OCDE), a Organização das agenda e cooperação da agenda tributária
Nações Unidas e o próprio G20. internacional, e pediu que as Nações Uni-
"Apesar dos avanços recentes, é um das e a OCDE juntem esforços para avan-
facto inquestionável que os bilionários do çar na agenda de cooperação tributária. Governo Lula tem pisado constantemente nesta tecla
mundo continuam a evadir os nossos sis- Assim, segundo o ministro brasileiro, Foto: RTP
"Quero anunciar que esta Presidência
LUCROA DA AB INBEV CAI 10,5% EM 2023 procurará construir uma Declaração do G20

Cervejeira lucrou apenas

O resultado líquido atribuível aos
accionistas da cervejeira foi prejudi-
cado pelo lucro do quarto trimestre
sobre tributação internacional até a nossa
reunião ministerial em julho. Consultare-
mos todos os membros e trabalharemos
em conjunto para termos um documento

4.925 milhões de euros

de 2023, o qual caiu 4,5% em termos
homólogos, para 1.661 milhões de
dólares (1,533 mil milhões de euros),
justifica a empresa em comunicado.
O grupo cervejeiro belga AB InBev, que tem as marcas O lucro operacional bruto em
Budweiser, Stella Artois e Corona, anunciou que 2023 registou um aumento ligeiro,
passando de 19.843 milhões de dó-
contabilizou um lucro de 5.341 milhões de dólares (4.925 lares em 2022 (18.314 milhões de
milhões de euros) em 2023, menos 10,5% em termos euros) para 19.976 milhões de dó-
homólogos. lares (18.442 milhões de euros) no
ano passado.
Por outro lado, o lucro operacional
líquido (EBIT) caiu 1,2% para 14.590
milhões de dólares (13.460 milhões
de euros) em comparação com os
14.760 milhões de dólares (13.625
milhões de euros) em 2022.
A receita da cervejeira em 2023
ascendeu a 59.380 milhões de dó-
lares (54.779 milhões de euros) gra-
ças a um crescimento de 2,7% face
ao ano anterior.
Este aumento reflecte a subida
dos preços, uma vez que os volu-
mes (quantidades) vendidos caíram
1,7%, passando de 595 milhões de
hectolitros em 2022 para 584,7 mi-
lhões de hectolitros em 2023.
Depois da Heineken, AB inBev também com queda nos lucros
equilibrado, porém ambicioso, que reflita as
nossas legítimas aspirações", concluiu.
O Brasil, que detém a presidência do fó-
rum que reúne as maiores economias do
mundo, é o anfitrião desta primeira reunião
ministerial no domínio das finanças do G20.
Os encontros acontecem em São Pau-
lo, onde 450 delegados em representação
dos membros do G20 e dos nove países e
17 organizações internacionais convidadas
estão presentes.
Portugal estará presente em mais de 100
reuniões dos grupos de trabalho do G20, a
nível técnico e ministerial, em cinco regiões
brasileiras, culminando a presidência brasi-
leira com a Cimeira de chefes de Estado e
de Governo, que será realizada no Rio de
Janeiro, em 18 e 19 de Novembro.
Angola foi também convidada pela pre-
sidência brasileira e marca presença em
São Paulo com uma delegação chefiada
pela ministra das Finanças, Vera Daves de
Sousa.
A reunião, que conta também com a pre-
sença dos governadores dos Bancos Cen-
trais (sem a presença de Mário Centeno,
de Portugal) decorre num contexto global
volátil, marcado por novas tensões geopo-
líticas e em pleno debate sobre o ritmo da
flexibilização monetária, na sequência da
escalada inflacionista pós-pandemia. Minu-
to ao Minuto