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Estive Em Lisboa e me esqueci de mim:

Uma análise sobre identidade e migração


No livro e no filme “Estive em Lisboa e lembrei de
você”

Pesquisador: Lucas Furtado (UFRGS)


Introdução
• Livro escrito por Luiz
Ruffato (2009)

• Filme dirigido por José


Barahona (2015)

• A história de um homem do
interior de Minas que
decide tentar a vida em
Lisboa

• Comparar as formas
narrativas utilizadas no
livro e no filme para
demonstrar as visões do
persongem
O livro
• Escrito em primeira pessoa
• Dividido em duas partes
• Busca retratar o sotaque
característico da região em que o
personagem nasceu
•4 artifícios utilizados na
linguagem do narrador (gírias,
itálico, negrito e diálogos)
Gírias e oralidade
• Me arrependi daquela decisão – já sentindo falta do
cigarro, me perguntava se valia a pena tanto
sacrifício – quando lembrei que Chacon (zagueiro do
Primeiro de Abril, apelido derivado de mania de
entrar nas jogadas gritando 'xa comigo') gabava de
possuir um pequeno estabelecimento por aquelas
bandas e, especulando de um e outro, descobri o
negócio, reduzido mas porém decente, limpo, duas
mesas de plástico vermelhas enxeridas na calçada
estreita, outras duas, de metal, no canto direito do
cômodo sem janelas, chão de cimento grosso, balcão
expositivo de porcarias para engabelar criança,
prateleiras de bebida coloridas, estufa de
salgadinho, geladeira, frízer. (RUFFATO, 2009, p.
18)
Itálico
• Orientado pelo médico da fábrica,
busquei ajuda profissional: conversei
com o doutor Fernando que, apesar de
ser ginecologista e obstetra, jogávamos
no mesmo time nas peladas de final de
semana” (RUFFATO, 2009, p. 16).

• “Só não desisti daquela empreitada


para não desapontar o doutor
Fernando, que adotou uma felicidade
irradiante, me expondo para deus e o
mundo. Como prova inconteste do seu
método revolucionário” (RUFFATO,
2009, p. 21).
• Surge apenas quando o personagem chega em
Lisboa
Palavras como: telemóvel, autocarro e parvo
Negrito •

• o contato com outras pessoas é dificultado pela


barreira da língua
Diálogos
• Acompanhei a gravidez, fiz o parto,
não notei absolutamente qualquer
perturbação, seja física, seja
psicológica, mas ao fim da minha
explanação, três cafezinhos depois,
suspirou “Um quadro típico de
pemedê”, recomendando que levasse
ela “o mais breve possível” a um
especialista, e rabiscou o nome de um
psiquiatra de confiança dele.
(RUFFATO, 2009, p. 23-24)
O filme
• Literalidade das narrações do livro

• Tornar a narração visível e não apenas audível

• O que se segue é o depoimento, minimamente


editado, de Sérgio Souza Sampaio, nascido em
Cataguases (MG) em 7 de agosto de 1969, gravados
em quatro sessões, nas tardes de sábado dos dias 9,
16, 23 e 30 de julho de 2005, nas dependências do
Solar dos Galegos, localizado no alto das escadinhas
da Calçada da Duque, zona histórica de Lisboa.
(RUFFATO, 2009, s/n)
O filme
• Diferenças sonoras e visuais
entre Brasil e Portugal
• Paleta de cores quente em
Cataguases e fria em Lisboa
• Ruídosem Portugal e sonoridades
mais calmas no Brasil
Migração
• “A recordação não
pressupõe nem
presença e nem
ausência permanente,
mas uma alternância
de presenças e
ausências”. (ASSMAN,
2011, p. 166)
Identidade
• A situação ou o reconhecimento das
identidades repousa de fato sobre a
identificação de um tempo, de um
lugar e de uma instância pessoal, que
permite dizer que alguém é porque
ocupa tal espaço em tal momento ou,
em termos mais narratológicos, que
um personagem existe na medida em
que se inscreve em tal cronotopo ou tal
espaço-tempo. (OUELLET, 2013, p.
155 - 156)
• Ambas as obras buscam retratar a condição interna do
personagem através da forma

Considerações finais • Evolução do personagem que, aos poucos, perde sua identidade

• Obras que se inserem na tradição recente de obras que


tematizam a vivência em outros países
OBRIGADO!

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