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1. Referência
ARRIGUCCI JR., Davi. Entrevista com Davi Arrigucci Jr (com Walter Carlos Costa e
Rafael Camorlinga). In: Fragmentos, Florianópolis, n.27, jul.-dez, 2004. Disponível em:
<Vista do Entrevista com Davi Arrigucci Jr. (ufsc.br)> Acesso em: 14 de setembro de 2022.
2. Assunto
O texto é uma entrevista com Davi Arrigucci Jr. (1943), escritor e crítico literário
brasileiro, professor aposentado de teoria da literatura da Universidade de São Paulo.
Apresenta a relação entre a escrita de Rulfo e Guimarães Rosa, descrevendo a importância de
ambos para a literatura tanto brasileira quanto latinoamericana. Ao dar voz ao mundo rústico,
em uma narração que mudou o eixo da visão do mundo. Onde ambos, Rulfo e Rosa, dão voz
ao outro; confundem-se com ele; fundem-se nele; partem dele.
Ao longo da entrevista percebemos que a escrita de Rulfo fora erroneamente
interpretada, de acordo com Arrigucci Jr por outros escritores, inclusive pelo próprio Borges.
Pontuando a relevância do escritor mexicana na América Latina com a sua obra Pedro
Páramo, que de acordo com o texto é um livro intacto; ou seja, continua sendo, como sempre,
segundo o depoimento inicial do texto, um dos maiores livros da América Latina. Sendo Juan
Rulfo, o escritor cuja obra é memorável por trazer uma escrita única.
Que conversa inclusive com o Brasil. Trata-se de uma obra atemporal, de um autor
que só foi unanimidade entre a crítica a partir de certo momento; encontrou muita resistência
e muitos equívocos de opinião, mas que perpassou o tempo e ainda dialoga com o tempo
presente. Seguindo, posteriormente, para um debate em que o centro da questão é a escrita de
Juan Rulfo e o seu legado na literatura.
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3. Esquema do texto
Davi Arrigucci Jr, Juan Rulfo, Guimarães Rosa, a obra e a relação com o mito, mito e
realismo mágico.
5. Notas de Leitura
“Rulfo foi dos escritores hispano-americanos um dos que mais sabia de literatura brasileira;
[...] o que de longe deu mais atenção ao Brasil, quase sempre ignorada na América Latina,
onde a maioria das pessoas alega não entender português e não faz o mínimo esforço para
isso”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 134).
“dando voz ao mundo rústico, sem pedir licença ou desculpas ao mundo letrado das cidades.
Ou seja, ocorre em Rulfo um modo de narração que muda o eixo da visão do mundo pela
primeira vez, como em Rosa – No Brasil; [...] um relato em primeira pessoa; [...] ali há uma
interiorização do ponto de vista narrativo do ângulo do pobre, de dentro; [...] isso não havia
antes”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 134).
“[...] ambos tornaram o ponto de vista narrativo imanente à matéria narrada; o modo de narrar
torna-se orgânico em relação ao que se narra”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA,
Rafael. 2004, p. 134).
“[...] a experiência histórica incorporada com visão da realidade. Ou seja, a história passa a
existir dentro, não como referência externa, não como uma descrição cronológica exterior de
fatos da revolução mexicana; são fragmentos da história da revolução tal como aparecem
dentro, na perspectiva dos personagens, incorporados como experiência por quem a viveu”
(COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 136).
“O escritor mexicano teve a intuição de uma coisa muitp profunda e difícil de dizer. Penso
que essa construção de Rulfo é de uma grande originalidade formal: foi um achado de sua
vida; ele intuiu a forma do que queria contar em Pedro Páramo, buscando na poda dos
excessos; foi modificando aqui, cortando lá, quase sempre podando para abreviar; ele teve
uma intuição fundamental como tratar o mundo, o mundo que ele sentiu, e fez seu livro, que é
de fato um mundo único, fantasmagórico e real em sua complexidade. Tudo o mais, seria
repetição inútil; só mereceu o seu silêncio”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA,
Rafael. 2004, p. 139).
“No caso do Rulfo, não se trata de educação sentimental, não é um romance de formação; é
um momento, transformado pela força da penetração moderna na matéria viva do seu tempo
[...]”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 140).
“Ainda há uma forma de realismo: um realismo mais profundo e reflexivo do que o realismo
tradicional; daí a trágica força de verdade humana que se desprende do livro, para além de
qualquer mito. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 142).
“[...] ele decerto percebeu que seria chover no molhado, e não era homem de chover no
molhado. Feito o essencial, não precisava fazer coisa alguma. Poda acabada; palavra a mais,
não. Nada de excesso”. (COSTA, Walter Carlos; CAMORLINGA, Rafael. 2004, p. 145-146).