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UNIFATECIE

DISC. 1124 - GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO E DEMOGRAFIA

ALUNA: ALESSANDRA VAZ DE MESQUITA

ATIVIDADE PRÁTICA DE APRENDIZAGEM

Migração e refúgio

A Xenofobia, tipo de preconceito caracterizado pela aversão, hostilidade,


repúdio ou ódio aos estrangeiros, fundamenta-se em diversos fatores
históricos, culturais, religiosos, dentre outros. Ela corresponde, portanto, a um
problema social baseado na intolerância e / ou discriminação social, frente a
determinadas nacionalidades ou culturas, gerando violência entre as nações
do mundo, desde humilhação, constrangimento, e agressão física, moral e
psicológica. Tudo isto promovido principalmente pela não aceitação das
diferentes identidades culturais. Diante do exposto, compartilhe casos que
envolvam esse tipo de preconceito ao estrangeiro que já tenham ocorrido na
sua cidade ou em sua região, em seguida, destaque a importância do
acolhimento humanitário e discorra sobre a importância de assegurar direitos
aos refugiados.

Macaé e a região Norte Fluminense e dos Lagos apresentam uma colcha de retalhos
migratória. Aqui, vemos, tanto pelo fator de emprego e econômico, como pelo fator
turístico, uma composição social de muitas regiões do nosso país, como também, devido
às multinacionais, relacionadas ao Petróleo aqui implantadas, muitas e diferentes
nacionalidades. E, apesar de nossa aparente grande hospitalidade brasileira e sermos
conhecidos, pelo mundo, como povo cordial, somos xenófobos para com determinadas
nacionalidades e culturas, preconceituosos com a migração interna (muito comum em
Macaé e Região dos Lagos). E, por outro lado, além de praticarmos, é possível haver
casos nos quais sofremos xenofobia em nosso próprio país, como ocorre em regiões,
como a de Macaé, nas grandes empresas multinacionais.
Para exemplificar, de forma reduzida a situação, é possível ilustrar algumas situações:
uma ocorrida, em janeiro desse ano, em uma praia de Búzios, na região dos Lagos no
Rio de Janeiro, onde trabalhadores argentinos de uma barraca da praia, são xingados por
uma mulher, que os mandava, aos gritos, “voltar para seu país” 1. Toda a situação foi
filmada por outros banhistas e noticiada em algumas páginas de notícias na internet.
Esse fato, aparentemente isolado, nos faz pensar, que uma região, tão famosa e que atrai

1
Disponível em: < https://revistaforum.com.br/brasil/2024/1/30/video-mulher-comete-ato-xenofobico-
contra-argentina-que-trabalha-no-brasil-153153.html>. Acesso em: 25.02.2024.
turistas de todo o mundo, sendo esses sua fonte financeira, ser palco de xenofobia, nos
demonstra que a situação é muito maior que isso, muito mais que um caso isolado. Que
nosso “horror ao estrangeiro” tem certas nuances ligadas, em muito, também aos nossos
preconceitos, medos e com os parâmetros que criamos para nós mesmos, através de
nossa história, de origem e superioridade.
Hoje trabalho em uma escola do estado do Rio de Janeiro, voltada especificamente para
os Jovens e adultos, em um sistema semipresencial, com EAD (Educação à Distância).
E, ao acolher uma aluna, presencialmente, ela me relatou que usava máscara, pois
sofreu preconceito durante toda a pandemia e ainda sofria, por ter traços orientais e a
identificavam, portanto, como chinesa. E o uso da máscara era para esconder seus
traços. Xenofobia?
Em uma cidade com muitas multinacionais é possível todo tipo de preconceito. Aqui em
Macaé, considerada a cidade do petróleo, chegam, todos os dias, pessoas de todo o país
em busca de emprego. Há muita favelização, pobreza e contrastes sociais, em
decorrência. E, atrelado a isso, preconceitos de múltiplas formas. O preconceito de cor,
origem é flagrante no comércio e serviços. E, ao mesmo tempo, dentro das empresas é
possível ver o escalonamento de posições que restringem, em algumas empresas os
cargos superiores apenas aos estrangeiros de origem daquela empresa. Um caso de uma
empresa de energia, que se tornou público apenas por ter sido levado à justiça 2, ocorreu
por um campista (morador de Campos de Goytacazes, cidade vizinha) processar essa
empresa por xenofobia. Ele descreve o preconceito declarado sofrido por brasileiros e a
impossibilidade de crescimento, na mesma, para brasileiros. A empresa, que é norte
americana, continua instalada aqui e, provavelmente, mantém seu status xenofóbico.
Hoje, com os múltiplos conflitos mundiais, não podemos nos isentar de pensarmos a
xenofobia, nossa xenofobia. E, ao mesmo tempo, nosso papel diante desse mundo que
se mescla. Somos recebedores de refugiados de todo mundo, como de afegãos, sírios,
dentre outros, e de nossos vizinhos, como os venezuelanos. O acolhimento
humanitário3, do ponto de vista legal que se constitui, com a Nova Lei de Migração
(13.445/2017), é fundamental para garantir, junto com todos os pontos definidos na lei,
a equidade de direitos ao estrangeiro e refugiado que chega ao nosso país. Ela
representa um avanço e uma necessidade. Mas, pensando para além do ideal que a lei
contempla e nos vendo nos particularismos que a vida concreta nos propõe, temos que
repensar nossa ação e nossa parcela quanto ao status quo da nossa xenofobia. Do quanto
recebemos, acolhemos, o estrangeiro, não aqueles que consideramos “melhores” que
nós, devido ao nosso ranço histórico eurocêntrico, mas, sim, a todo aquele que chega ao
nosso país e necessita dessa acolhida humanitária, não apenas pela lei, mas nossa,
2
Disponível em: < https://capitalfmradio.com.br/2023/12/15/empresa-multinacional-e-condenada-por-
xenofobia-e-racismo-contra-um-campista-e-vai-pagar-r-370-mil-de-danos-morais/24839/>. Acesso:
25.02.2024.
3
“Acolhida humanitária: país de origem em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de
conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de
direitos humanos ou de direito internacional humanitário”. Disponível em:
<https://escola.mpu.mp.br/h/rede-de-capacitacao-a-refugiados-e-migrantes/atividade-em-belo-horizonte/
dpu-nova-lei-e-acesso-a-direitos-edilson-santana.pdf>. Acesso em: 25.02.2024.
enquanto povo, com oportunidades de emprego sendo ofertadas, com respeito às
diferenças culturais e religiosas, com cidadania. Com humanidade. Mas, analisando
todas essas nossas formas de “xenofobias” e preconceitos esse, talvez seja um
aprendizado que devamos nos dedicar para conosco, internamente, acabando com o
racismo, o preconceito ao nordestino, à diversidade sexual, às diferenças religiosas, ao
diferente, criando empatia, tolerância e, acima de tudo, respeito ao pensar e ser do outro.
E, assim, maduros, crescidos como cidadãos, ou seja, como ser social que divide
direitos e deveres, seja natural entender, acolher e respeitar o “outro”, brasileiro ou de
qualquer lugar desse mundo que nos serve de casa.

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