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Pode haver uma linha tênue entre amor e ódio...

...Mas ultrapassar essa linha pode ser muito divertido.


Capítulo 1
Bennett
—O que diabos ela está fazendo?

Quando a luz ficou verde, eu continuei correndo em vez de


cruzar. A cena que se desenrolava do outro lado da rua era divertida
demais para ser interrompida. Meu carro estava estacionado em frente
ao escritó rio, e uma loira de cabelo encaracolado com pernas
assassinas estava inclinada sobre o para-brisa - seu cabelo
aparentemente de alguma forma preso na minha palheta do limpador.
Por quê ? Eu nã o tinha a mı́nima ideia. Mas ela parecia muito
chateada, e a visã o era cô mica para assistir, entã o eu mantive minha
distâ ncia, curioso para ver como isso iria se desenrolar.
Era um dia tı́pico com vento na á rea da baı́a, e uma rajada fez
com que seus longos cabelos voassem por todo o lugar enquanto ela
lutava com meu carro. Isso pareceu incomodá -la ainda mais.
Frustrada, ela puxou o cabelo, mas a mecha enrolada em torno do
limpador era grande demais, e nã o se soltou. Em vez de tentar
desenrolá -lo gentilmente, ela puxou com mais força, desta vez
levantando-se enquanto puxava o cabelo com as duas mã os.

Isso fez o truque. Seu cabelo se soltou. Infelizmente, minha


palheta de limpador ainda estava preso a ela, balançando. Ela
resmungou o que eu suspeitava ser uma sé rie de maldiçõ es e, em
seguida, fez uma ú ltima tentativa fú til de remover a bagunça
emaranhada. As pessoas que tinham atravessado a rua, quando eu
deveria, agora começaram a se aproximar de onde ela estava, e a
pequena loira de repente pareceu perceber que algué m poderia tomar
conhecimento dela.
Em vez de ficar com raiva por essa mulher maluca ter danificado meu
Audi de uma semana, nã o pude deixar de rir quando ela olhou ao
redor, depois abriu a capa de chuva e enfiou o limpador pendurado no
interior. Ela alisou o cabelo, apertou o cinto e se virou para ir embora
como se nada tivesse acontecido.
Eu pensei que era o final do show, mas aparentemente ela pensou
melhor sobre o que ela fez. Ou entã o parecia. Voltando, ela foi para o
meu carro, entã o começou a mexer em seu bolso para pegar algo e
colocá -lo sob o limpador de para-brisa restante antes de sair correndo.

Quando a luz ficou verde novamente, eu atravessei e corri para o meu


carro, curioso para saber o que o bilhete dela dizia. Ela deve ter ficado
presa lá por um tempo e escrito antes de eu a ver, porque ela nã o
pegou uma caneta enquanto eu assistia.
Levantando o limpador restante, tirei a nota e a virei, só para
descobrir que o que ela deixou para trá s nã o era uma nota de
desculpas. A loira me deixou uma maldita multa de estacionamento.

***

Que manhã . Meu carro vandalizado, sem á gua quente no giná sio
ao lado do escritó rio, e agora um dos elevadores estava fora de serviço
novamente. As pessoas correndo para o trabalho se amontoaram no
ú nico elevador que funcionava como sardinhas em lata. Eu olhei para o
meu reló gio. Merda. Meu encontro com Jonas deveria ter começado
cinco minutos atrá s.

E nó s está vamos parando em cada maldito andar.

As portas se abriram no sé timo andar, um andar abaixo do meu.

—Com licença, — disse uma mulher atrá s de mim.

Eu pisei para o lado para deixar as pessoas saı́rem, e a mulher


chamou minha atençã o quando ela passou. Ela cheirava bem, como
loçã o bronzeadora e praia. Eu a observei sair. Assim que as portas do
elevador começaram a se fechar, ela se virou e nossos olhares se
encontraram por um breve segundo.

Lindos olhos azuis sorriam para mim.

Comecei a sorrir de volta... depois parei, piscando e absorvendo


todo o seu rosto - e seu cabelo - assim que as portas se fecharam.
Puta merda. A mulher desta manhã .

Eu tentei colocar a pessoa em pé em frente ao painel do elevador


no outro lado para apertar o botã o de abertura, mas nó s começamos a
nos mover antes que ela percebesse que eu estava falando com ela.

Perfeito. Simplesmente perfeito. Assim como o resto do maldito


dia.
Cheguei no escritó rio do Jonas quase dez minutos atrasado.

—Desculpe estou atrasado. Manhã complicada.

—Sem problemas. As coisas estã o um pouco agitadas aqui hoje


com a mudança.

Sentei em uma das cadeiras de visitante em frente ao chefe e


soltei um suspiro profundo.

—Como está sua equipe com tudo o que está acontecendo hoje?
— Ele perguntou.

—Assim como se espera. Ficaria muito melhor se eu pudesse


dizer a todos que seus empregos estã o seguros.

—Ningué m está perdendo nenhum emprego no momento.


—Se você pudesse parar a frase depois da palavra emprego, isso
seria ó timo.

Jonas se recostou na cadeira e suspirou.


—Eu sei que nã o é fá cil. Mas essa fusã o será boa para a empresa
no final. Wren pode ser o menor jogador, mas eles tê m um bom
portfó lio de clientes.
Há duas semanas, a empresa em que eu trabalhava desde que saı́
da faculdade havia se fundido a outra grande agê ncia de publicidade.
Todos estavam nervosos desde entã o, nervosos com o que a aquisiçã o
da Wren Media significava para sua posiçã o na Foster Burnett. Nas
ú ltimas duas semanas, passei metade de minhas manhã s
tranquilizando meu time, mesmo que eu nã o tivesse a mı́nima ideia de
como seria o futuro de duas importantes empresas publicitá rias.
Nó s é ramos a maior empresa, entã o é isso que eu tenho
lembrado as pessoas. Hoje foi a consolidaçã o fı́sica no escritó rio de
Sã o Francisco, onde trabalhei. Pessoas carregando caixas haviam se
infiltrado em nosso espaço, e deverı́amos sorrir e cumprimentá -las.
Nã o foi fá cil, especialmente quando meu trabalho poderia estar em
jogo. Essa empresa nã o precisava de dois diretores de criaçã o, e Wren
tinha sua pró pria equipe de marketing, que estava entrando no nosso
espaço neste exato momento.
Enquanto Jonas me garantia que meu trabalho na empresa era
seguro, ele ainda nã o havia dito que nenhum de nó s seria transferido.
O escritó rio de Dallas era maior, e havia rumores recentes de que
havia mais transferê ncias.

Eu nã o tinha planos de me mudar para lugar algum.


—Entã o, me fale sobre a mulher que eu vou esmagar. Eu
perguntei por aı́. Jim Falcon trabalhou na Wren por alguns anos e disse
que ela estava muito perto de se aposentar. Espero nã o fazer uma
mulher de cabelos brancos chorar.
As sobrancelhas de Jonas se abaixaram. —Aposentadoria?
Annalice?

—Jim me disse que ela usa um andador à s vezes - problemas com


os joelhos ou alguma merda. Eu tive que fazer manutençã o para
alargar o corredor entre os cubı́culos onde a equipe se senta para que
ela possa passar. Mas eu me recuso a me sentir culpado por chicotear a
bunda dessa mulher só porque ela é mais velha e tem alguns
problemas de saú de. Vou mandá -la para o Texas, se chegar a hora.

—Bennett… acho que talvez Jim esteja confuso. Annalise nã o tem
um andador.
Eu balancei a cabeça. —Você está de brincadeira? Nã o me diga
isso. Custou-me uma garrafa de Johnny Walker Blue Label para que
meu pedido de trabalho subisse para o topo da lista com o
departamento de manutençã o.
Jonas sacudiu a cabeça. —Annalise nã o é -— Ele parou no meio da
frase e olhou por cima da minha cabeça em direçã o à porta. —Bom
timing. Aqui está ela agora. Entre, Annalise. Eu quero que você
conheça Bennett Fox.

Eu me virei na cadeira para ver minha nova competiçã o – a


senhora que eu estava prestes a aniquilar - e quase caı́. Minha cabeça
voltou para Jonas.
—Quem é ?

—Esta é Annalize O'Neil, sua contraparte na Wren. Eu acho que


Jim Falcon a confundiu com outra pessoa.

Voltei-me para a mulher caminhando em minha direçã o. Annalise


O'Neil certamente nã o era a velha que eu imaginei na minha cabeça.
Nã o mesmo. Ela tinha vinte e tantos anos, na melhor das hipó teses. E
linda - linda de morrer. Pernas longas e bronzeadas, curvas que
poderiam fazer um homem cair de um penhasco, e uma cabeleira
selvagem de cabelo loiro ondulado que emoldurava um rosto
seriamente digno de modelo. Sem aviso, meu corpo reagiu - meu pau,
que estava se debatendo desinteressado pelo ú ltimo mê s desde que as
notı́cias da fusã o começaram, de repente se animou. A testosterona
endireitou meus ombros e levantou meu queixo. Se eu fosse um pavã o,
minhas penas coloridas teriam se espalhado.
Minha competiçã o era uma porra de nocaute.

Eu balancei a cabeça e ri. Jim Falcon nã o cometeu nenhum erro. O


filho da puta fez isso para ferrar comigo. Ele era um cara esperto. Eu
deveria saber. Ele deve ter ficado rindo quando eu fiz os caras da
manutençã o desmontarem e remontarem os cubı́culos para dar
espaço para o andador dela.
Que idiota. Embora tenha sido muito engraçado. Ele me pegou,
com certeza.
Mas isso nã o foi o que me fez sorrir de orelha a orelha.
Nã o. De modo nenhum.

Merda estava prestes a ficar interessante, e nã o tinha nada a ver


com a mulher com o chute na bunda dá mulher que vinha caminhando.
Minha concorrê ncia - Annalize O'Neil, a linda mulher que estava
bem na minha frente, no escritó rio do meu chefe, a mulher com que eu
estava prestes a enfrentar...
… També m era a mulher desta manhã , aquela que tinha
arrancado meu limpador e me deixou uma maldita multa de
estacionamento em seu lugar, a mulher sorridente do elevador.
—Annalise, nã o é ? — Eu me levantei, endireitando minha gravata
com um aceno de cabeça. —Bennett Fox.
—Prazer em conhecê -lo, Bennett.
—Oh, confie em mim, o prazer é todo meu.
Capítulo 2
Annalice

Que coisa.
Era o cara lindo que tinha visto no elevador. E aqui eu pensei que
tı́nhamos uma pequena faı́sca.

Bennett Fox sorriu como se já tivesse sido nomeado meu chefe e
estendeu a mã o. —Bem vinda a Fostjer Burnett. —
Ugh. Ele nã o era apenas bonito; ele també m sabia disso.

—Isso seria Foster, Burnett and Wren, desde algumas semanas


atrá s, certo? — O respondi com minha lembrança sutil de que agora
era o nosso local de trabalho com um sorriso, subitamente grata por
meus pais terem me feito usar aparelho até os dezesseis anos.

—Claro. — Meu novo inimigo sorriu brilhantemente.


Aparentemente, seus pais també m se dedicaram a cuidados
ortodô nticos.

Bennett Fox també m era alto. Uma vez eu li um artigo que dizia
que a altura mé dia de um homem nos EUA era de um metro e noventa
e cinco de altura; menos de quinze por cento dos homens eram mais
altos que um metro e oitenta. No entanto, a altura mé dia de mais de
sessenta e oito por cento dos CEOs da Fortune 500 era de mais de um
metro e oitenta.
Subconscientemente, nó s relacionamos o tamanho ao poder em
mais maneiras do que apenas a força.

Andrew tinha 1.88 cm. Eu acho que esse cara tinha o mesmo.
Bennett puxou a cadeira de visitas ao lado dele. —Por favor sente-se.

Alto e com maneiras cavalheirescas. Eu nã o gostei dele.


Durante a conversa de vinte minutos com Jonas Stern - na qual ele
tentou nos convencer de que nã o está vamos disputando a mesma
posiçã o, mas sim forjando o caminho como lı́deres da agora maior
agê ncia de publicidade dos Estados Unidos - eu roubei olhares para
Bennett Fox.

Sapatos: definitivamente caros. Conservador, oxford em estilo,


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mas com um toque moderno de topstitching . Ferragamo seria meu
palpite. Pé s grandes també m.
Terno: marinho, adaptado para caber seu alto e largo peito. O
tipo de luxo discreto que dizia que ele tinha dinheiro, mas nã o
precisava exibi-lo para impressionar você .

Ele tinha uma longa perna cruzada casualmente sobre o outro


joelho, como se estivé ssemos discutindo o clima, em vez de sermos
informados de que tudo o que trabalhá vamos em doze horas por dia,
seis dias por semana, corria subitamente risco de ser em vã o.

A certa altura, Jonas disse algo com o qual ambos concordamos, e


nos entreolhamos, acenando com a cabeça. Dada a oportunidade de
uma inspeçã o mais pró xima, meus olhos percorreram seu belo rosto.
Mandı́bula forte, ousadamente reta, nariz perfeito - o tipo de estrutura
ó ssea passada de geraçã o em geraçã o que era melhor e mais ú til do
que qualquer herança monetá ria. Mas os olhos dele eram o sinal da
chuva: um verde profundo e penetrante que se destacava de sua pele
lisa e bronzeada. Olhos que estavam atualmente olhando diretamente
para mim.

Eu desviei o olhar, voltando minha atençã o para Jonas.

—Entã o, o que acontece no final do perı́odo de integraçã o de


noventa dias? Haverá dois diretores de criaçã o da West Coast
Marketing?

Jonas olhou para trá s e para frente entre nó s e suspirou.


—Nã o. Mas ningué m vai perder o emprego. Eu estava prestes a contar
as novidades a Bennett. Rob Gatts anunciou que vai se aposentar em
alguns meses. Entã o, haverá uma posiçã o abrindo para um diretor
criativo substituı́-lo.

Eu nã o tinha ideia do que isso significava. Mas aparentemente


Bennett sim.

—Entã o um de nó s será enviado para Dallas para substituir Rob


na regiã o sudoeste? — Ele perguntou.

O rosto de Jonas me disse que Bennett nã o ficaria feliz com a


perspectiva de ir para o Texas.

—Sim.

Todos nó s deixamos isso ser absorvido por um momento. A


possibilidade de ter que se mudar para o Texas mudou minha mente
de volta, no entanto.

—Quem vai tomar a decisã o?, — Perguntei. —Porque


obviamente você tem trabalhado com Bennett...
Jonas balançou a cabeça e acenou o que eu estava começando a
questionar.

—Decisõ es como essa - em que dois cargos de gerê ncia sê nior
estã o sendo fundidos em um ú nico escritó rio - o conselho
supervisionará e fará a determinaçã o final de quem será o primeiro a
escolher.
Bennett estava tã o confuso quanto eu.

—Os membros do conselho nã o trabalham conosco diariamente.


—Nã o, eles nã o fazem. Entã o eles inventaram um mé todo para
tomar sua decisã o.

—Qual é ?
—Será baseado em trê s grandes clientes. Você s farã o campanhas
por conta pró pria e as apresentarã o. Os clientes escolherã o o que mais
gostam.
Bennett pareceu abalado pela primeira vez. Sua perfeita
compostura e autoconfiança levou um golpe quando ele se inclinou
para frente e passou longos dedos pelos cabelos.

—Você só pode estar de brincadeira comigo. Mais de dez anos, e


meu trabalho aqui se resume a alguns passos? Eu consegui meio
bilhã o de dó lares em contas de anú ncios para esta empresa.

—Eu sinto muito, Bennett. Eu realmente sinto. Mas uma das


condiçõ es da fusã o com a Wren era que a devida consideraçã o fosse
dada aos funcioná rios da Wren em posiçõ es que poderiam ser
eliminadas por causa da duplicidade. O acordo quase nã o foi aprovado
porque a Sra. Wren insistiu tanto para que ela nã o vendesse a empresa
do marido, apenas para que a nova organizaçã o tirasse todos os
funcioná rios que trabalhavam duro em Wren.

Isso me fez sorrir. O Sr. Wren estava cuidando de seus


funcioná rios mesmo depois que ele se foi.
—Estou pronta para o desafio. — Eu olhei para Bennett, que
estava claramente chateado. —Que a melhor mulher vença.
Ele franziu o cenho.
—Você quer dizer homem.

Nó s nos sentamos por mais uma hora, passando por todas as
nossas contas correntes e discutindo quais seriam realocadas para que
pudé ssemos nos concentrar em integrar nossas equipes e os campos
que decidiriam nosso destino.
Quando chegamos à conta Bianchi Winery, Bennett disse:

—Isso é daqui a dois dias. Estou pronto para esse lance. —


Eu sabia que havia dois concorrentes alé m de me apresentar na conta.
Inferno, eu fui a ú nica a sugerir que o trabalho fosse divulgado para ter
certeza de que eles estavam recebendo a melhor publicidade lá fora.
Mas eu nã o sabia que Foster Burnett era uma das outras empresas
envolvidas. E, claro, a fusã o mudou tudo. Eu nã o podia permitir que a
nova gerê ncia pensasse que eu poderia perder uma conta existente.

—Eu nã o acho que seja necessá rio para nó s dois lançarmos.
Bianchi tem sido minha conta há anos. Na verdade, por causa do meu
relacionamento com eles, fui eu quem sugeriu...
O idiota me interrompeu.

—Sra. Bianchi estava muito interessada em minhas primeiras


ideias. Nã o tenho dú vidas de que ela vai com um dos meus conceitos.
Deus, esse cara é arrogante.

—Tenho certeza de que suas ideias sã o ó timas. Mas o que eu ia


dizer é que eu tenho um relacionamento com a vinı́cola, e tenho
certeza de que eles trabalharã o comigo exclusivamente se eu sugerir
isso porque...
Ele me interrompeu novamente.

—Se você está tã o certa, por que nã o deixar o cliente decidir?
Parece-me que você tem mais medo de um pouco de competiçã o do
que do seu relacionamento. — Bennett olhou para Jonas.
—O cliente deve ver os dois.

—Tudo bem. Tudo bem. — disse Jonas.


—Somos uma empresa agora. Prefiro dizer um lance para um
cliente existente, mas como você s já estã o prontos, nã o vejo mal algum
em mostrar os dois. Enquanto você s dois forem capazes de colocar
uma frente unida para Foster, Burnett e Wren, devemos deixar o
cliente ser o juiz.

Um sorriso detestá vel deslizou pelo rosto de Bennett.


—Tudo bem por mim. Eu nã o tenho medo de um pouco de
competiçã o... ao contrá rio de algumas pessoas.

—Nó s nã o somos mais concorrentes. Talvez isso nã o tenha afundado
na sua cabeça ainda. —Suspirei e murmurei baixinho:
— Parece que a informaçã o teria que penetrar em um monte de gel
para chegar lá .

Bennett passou os dedos pela cabeleira exuberante.

—Você notou meu grande cabelo, hein?


Eu revirei meus olhos.
Jonas sacudiu a cabeça.

—Ok, você s dois. Eu posso ver que isso nã o vai ser fá cil. E lamento
fazer isso com você s dois. — Ele se virou para Bennett. —Trabalhamos
juntos há muito tempo. Eu sei que isso deve doer. Mas você é um
profissional, e eu sei que você fará o seu melhor para passar por isso.
— Entã o ele se virou para mim.
—E nó s podemos ter acabado de nos conhecer, Annalice, mas eu
també m nã o ouvi nada alé m de coisas maravilhosas sobre você .

Depois disso, Jonas pediu a Bennett para ver se ele poderia


encontrar um escritó rio de reposiçã o para me instalar por agora.
Aparentemente, as pessoas ainda estavam sendo movimentadas, e
meu escritó rio permanente ainda nã o estava pronto - bem, por mais
permanente que fosse, dadas as circunstâ ncias. Eu fiquei para trá s
para discutir algumas das minhas contas com Jonas até o inı́cio da
tarde.
Quando terminamos, ele me acompanhou até o escritó rio de
Bennett. O espaço de Foster Burnett era definitivamente melhor do
que eu estava acostumada em Wren. O escritó rio de Bennett era
elegante e moderno, sem mencionar o dobro do tamanho do meu
antigo. Ele estava no telefone, mas fez um sinal para nó s entrarmos.

—Sim, eu posso fazer isso. Que tal sexta-feira por volta das trê s?
— Bennett olhou para mim, mas falou ao telefone.

Enquanto esperá vamos que ele terminasse sua ligaçã o, o telefone


de Jonas tocou. Ele se desculpou e saiu do escritó rio para falar. Jonas
retornou assim que Bennett desligou.

—Eu preciso subir as escadas para uma reuniã o, — disse Jonas.


—Você conseguiu encontrar um lugar para Annalice?

—Eu encontrei o local perfeito para ela.


Algo sobre a maneira como Bennett respondeu parecia
sarcá stico, mas eu nã o conhecia bem o homem, e isso nã o parecia
incomodar Jonas.
—Otimo. Tem sido um dia longo com muitas coisas para você s
dois aceitarem. Nã o fiquem até muito tarde hoje à noite.

—Obrigada, Jonas, — eu disse. —Tenha um boa noite.

Observei-o partir e depois voltei minha atençã o para Bennett. Nó s dois
deverı́amos esperar que o outro falasse primeiro.
Eu finalmente quebrei o silê ncio.

—Entã o... toda essa situaçã o é estranha.

Bennett saiu de trá s da mesa.

—Jonas está certo. Tem sido um longo dia. Por que eu nã o te
mostro onde você irá ficar? Acho que vou ligar cedo para a mudança.

—Isso seria bom. Obrigada.

Segui-o pelo longo corredor até chegarmos a uma porta fechada.


Havia um desses porta-placas na porta, mas o nome havia sido
retirado.

Bennett acenou com a cabeça na direçã o dela.


—Vou ligar para pedir que eles peçam uma nova placa para o seu
escritó rio antes de eu ir hoje à noite.

Bem, isso era legal da parte dele. Talvez nã o seja tã o estranho
entre nó s, afinal.

—Obrigada.

Ele sorriu e abriu a porta, afastando-se para eu entrar primeiro.


—Sem problemas. Aqui está . Lar Doce Lar.

Eu dei um passo, assim que Bennett ligou as luzes.


Que diabos?

A sala tinha uma mesa dobrá vel e uma cadeira montada, mas
definitivamente nã o era um escritó rio. Era um armá rio pequeno, na
melhor das hipó teses - e nem mesmo do tipo bom, com prateleiras
cromadas organizadas onde os suprimentos de escritó rio eram
armazenados. Este era um armá rio de zelador, um que cheirava como
limpador de banheiro e á gua mofada de um dia, provavelmente por
causa do balde amarelo e esfregã o molhado ao lado da minha nova
mesa improvisada.

Eu me virei para Bennett.

—Você espera que eu trabalhe aqui? Com isso?


Um lampejo de diversã o dançou em seus olhos.

—Bem, você també m precisará de papel, é claro.

Minha testa franziu. Ele está brincando?

Enfiando a mã o no bolso, ele foi até a mesa dobrá vel e deu um
tapa em um pedaço solitá rio de papel no centro dela. Virando-se para
sair, ele parou diretamente na minha frente e piscou.

—Tenha uma boa noite. Eu vou consertar meu carro agora. —


Atordoada, eu ainda estava de pé dentro do armá rio quando a porta
bateu atrá s dele. O barulho do ar com seu fechamento fez com que o
papel que ele deixou voasse no ar. Ele flutuou por alguns segundos,
depois se acomodou aos meus pé s.

Eu olhei para ele sem entender a princı́pio.


Apertando os olhos quando entrou em foco, percebi que algo
estava escrito nele.

Ele me deixou uma nota? Eu me curvei e peguei para ver mais de


perto.

Que diabos?

O papel que Bennett havia deixado nã o era uma nota - era uma
multa de estacionamento.

E nã o qualquer multa de estacionamento.

Minha multa de estacionamento.


O mesmo maldito papel que eu deixei no para-brisa de algué m
esta manhã .
Capítulo 3
Annalice
—Eu preciso de uma bebida tanto que você nã o acreditaria. —
Puxei uma cadeira e olhei para um garçom antes mesmo de me sentar.
—E aqui estava eu pensando que você queria sair comigo por
causa da minha personalidade vencedora, nã o a refeiçã o grá tis que
você recebe toda semana.
Minha melhor amiga, Madison, tinha o melhor emprego do
mundo - uma crı́tica de alimentos do San Francisco Observer.
Quatro noites por semana, ela ia a um restaurante diferente para
uma refeiçã o que acabaria se transformando em uma crı́tica. As
quintas-feiras me juntava a ela. Basicamente ela era meu ingresso de
refeiçã o grá tis. Na maioria das vezes, era o ú nico dia em que saia do
escritó rio antes das nove e a ú nica refeiçã o decente que comia durante
toda a semana por causa das sessenta horas semanais que eu
costumava fazer.
Me fazia muito bem.
O garçom se aproximou e estendeu a carta de vinhos. Madison
acenou para ele. —Teremos dois merlots... o que você recomendar está
bem. — O pedido era sua resposta padrã o, e eu sabia que era o
primeiro passo para revisar o serviço do restaurante. Ela gostava de
avaliar o que o garçom trazia. Ele faria perguntas sobre o gosto dela
para que ele pudesse fazer uma boa escolha? Ou ir para o copo mais
caro no menu com o ú nico propó sito de maximizar sua gorjeta?
—Sem problemas. Eu vou pegar alguma coisa.
— Na verdade. —Eu levantei um dedo. —Posso mudar esse
pedido, por favor? Traga um merlot e um de Tito e misture com limã o.
— Claro.
Madison mal esperou até que o garçom estivesse fora do alcance
da voz. —Uh-oh. Vodka Seltzer. O que aconteceu? Andrew está vendo
algué m? — Eu balancei minha cabeça.
—Nã o. Pior. —Seus olhos se arregalaram.
—Pior do que Andrew vendo algué m? Você teve um acidente de
carro de novo?
Bem, talvez eu tenha exagerado um pouco. Descobrir que meu
namorado de oito anos estava namorando outra mulher
definitivamente me devastaria. Trê s meses atrá s, ele me disse que
precisava de uma pausa. Nã o exatamente as trê s pequenas palavras
que eu esperava que ele dissesse no final da nossa noite do jantar do
Dia dos Namorados. Mas eu tentei ser compreensiva. Ele teve muitas
mudanças no ú ltimo ano - seu segundo romance se esgotou, seu pai de
sessenta anos foi diagnosticado com câ ncer de fı́gado e morreu trê s
semanas apó s o diagnó stico, e sua mã e decidiu se casar apenas nove
meses depois de se tornar viú va.
Entã o eu concordei com a separaçã o temporá ria, mesmo que sua
ideia de um intervalo fosse mais Ross do que Rachel - nó s dois é ramos
livres para ver outras pessoas, se quisé ssemos. Ele jurou que nã o havia
mais ningué m, e nã o era sua intençã o sair e dormir por aı́. Mas ele
també m sentiu que um acordo para nã o ver outras pessoas nos
manteriam amarrados e nã o permitiria a liberdade que ele sentiu que
precisava.
E em relaçã o a dirigir... Eu odiei isso desde o primeiro mê s que
recebi minha licença por causa de um acidente muito ruim que me
transformou em uma motorista nervosa. Eu nunca superei isso. No
ano passado eu bati em um para-lama em um estacionamento, e
qualquer um dos meus temores que foram reprimidos pioraram. Outro
acidente tã o cedo poderia me empurrar para o limite.
—Talvez nã o tã o ruim assim, — eu disse. —Mas está lá em cima.
—O que aconteceu? Primeiro dia ruim no novo escritó rio? E aqui
estava eu pensando em ouvir sobre todos os caras gostosos no novo
local de trabalho.
Madison nã o entendeu a necessidade de Andrew para uma
pausa, e ela estava me encorajando a voltar para o mundo do namoro e
seguir em frente.
O garçom chegou com nossas bebidas, e Madison disse a ele que
nã o está vamos prontas para pedir. Ela pediu que ele nos desse dez
minutos para decidir.
Eu bebi minha vodka. Queimou em sua descida. —Na verdade, há
um cara quente.
Ela colocou os cotovelos sobre a mesa e descansou a cabeça
sobre as mã os. —Detalhes. Me dê detalhes sobre ele. A histó ria sobre o
seu dia ruim pode esperar.
—Bem... ele é alto, tem estrutura ó ssea que um escultor invejaria,
e exala confiança.
—Como ele cheira?
—Eu nã o sei. Eu nã o cheguei perto o suficiente para cheirá -lo. —
Peguei o limã o da borda do meu copo e espremi o suco na minha
bebida.
—Bem, isso nã o é verdade. Eu fiz. Mas quando ele estava
pró ximo, nó s está vamos em um armá rio de suprimentos, e tudo que
eu podia sentir era o material de limpeza e a á gua com mofo. — Eu
tomei um gole.
Os olhos de Madison se iluminaram. —Você nã o fez! Você s dois...
no armá rio de suprimentos no seu primeiro dia no novo escritó rio?
Eu sorri.
—Tudo bem.
Ela definitivamente achou que essa histó ria teria um final
diferente.
—Eu tinha um baú cheio de caixas de ú ltima hora com arquivos e
lixo do meu antigo escritó rio que precisavam ser transferidos para o
novo espaço. Eu tentei achar um lugar de estacionamento, mas nã o
havia nada... assim eu estacionei ilegalmente e fiz algumas viagens até
o escritó rio com meu material. Na minha penú ltima viagem, havia uma
multa no meu para-brisa.
—Isso é uma merda.
—Me fale sobre isso. Quase duzentos dó lares para eles hoje em
dia.
—Pé ssima forma de começar o dia, — disse ela. —Mas poderia
ter sido pior, suponho, com você e carros.
Eu tive que rir.
—Oh, ficou pior. Essa foi a melhor parte do meu dia.
—O que mais aconteceu?
—A agente de trâ nsito estava a alguns carros de distâ ncia na
minha frente, ainda dando multas. Eu percebi que eu já tinha
conseguido a multa, entã o eu poderia terminar meu descarregamento.
Eu carreguei a ú ltima das minhas caixas para o meu novo escritó rio, e
quando voltei lá embaixo, todos os carros tinham um bilhete para
combinar com o meu. Exceto um. O carro estacionou bem na minha
frente.
—Entã o o carro chegou depois que a policial saiu, fugindo da
multa?
—Nã o. Eu tenho certeza que estava lá antes de mim. Ela
simplesmente pulou esse. A razã o pela qual eu tenho certeza é que foi
a mesma marca e modelo que eu tenho, apenas um ano mais novo. A
primeira vez que eu passei, eu espiei para dentro para ver se eles
tinham mudado alguma coisa no interior da nova ediçã o. Notei que
havia um par de luvas de direçã o com o logo da Porsche no banco da
frente. Entã o eu sei que foi o mesmo carro que ficou estacionado lá por
mais de uma hora porque as luvas ainda estavam lá .
Madison tomou um gole de vinho e franziu o rosto.
—O vinho nã o é bom?
—Nã o, está bem. Mas luvas de conduçã o? Apenas pilotos de
carros de corrida e idiotas pomposos usam luvas de direçã o. —
Eu acenei com minha bebida para ela antes de trazê -la aos meus
lá bios.
—Exatamente! Isso é exatamente o que eu pensei quando os vi.
Entã o eu passei minha multa de estacionamento para o idiota
pomposo. Meu carro era da mesma marca, modelo e cor. Por que eu
deveria perder duzentos dó lares quando as luvas do Sr. Porsche nã o
tinham conseguido uma multa? A multa nã o tinha nome, apenas a
marca, o modelo e o nú mero VIN do carro, e a placa da minha có pia de
carbono nã o era legı́vel. Eu imaginei que ele nã o saberia o seu VIN e
provavelmente pagaria - ele estava estacionado ilegalmente, afinal de
contas.
Minha melhor amiga sorriu de orelha a orelha.
—Você é minha heroı́na.
—Você pode querer me deixar terminar a histó ria antes de
declarar isso.
Seu sorriso murchou.
—Você foi pega?
—Eu nã o penso assim. Mas eu tive um pequeno contratempo.
Quando me inclinei e levantei o limpador para enfiar a multa por
baixo, de alguma forma um pedaço do meu cabelo ficou preso nele.
Madison franziu a testa.
—Na palheta do limpador?
—Eu sei. Estranho. Mas foi forte o vento hoje, e quando fui
desenrolar, tornei tudo pior. Você conhece meu cabelo grosso e
maluco. Eu poderia perder uma escova de cabelo por alguns dias e
ningué m notaria. Essas ondas tê m uma mente pró pria.
—Como você conseguiu resolver isso? —
—Eu puxei até que ficou livre. Apenas quando finalmente se soltou do
carro, o limpador de para-brisa estava preso ao meu cabelo, em vez do
novı́ssimo Audi ao qual ele pertencia.
A mã o de Madison voou para sua boca quando ela riu.
—Oh meu Deus.
—Sim.
—Você deixou um bilhete para o proprietá rio?
Tomei um gole saudá vel da minha bebida, que provou um pouco
melhor quanto mais eu bebia.
—A multa conta como uma nota?
—Bem... pelo menos há um lado positivo?
—Há sim? Diga-me, porque agora, depois do dia que passei, nã o
vejo nada de positivo.
—Há um deus grego no escritó rio. Isso é bom. Quanto tempo
passou desde que você esteve em um encontro - oito anos?
—Confie em mim. O deus grego nã o vai me convidar para sair.
—Casado?
—Pior.
—Gay?
Eu ri.
—Nã o. Ele é o dono do Audi que vandalizei e depois ofereci
minha multa por estacionamento, e aparentemente ele me viu fazer
isso.
—Porcaria.
—Sim. Porcaria. Ah, e tenho que trabalhar com ele diariamente.
—Ah Merda. O que ele faz?
—Ele é o diretor de criaçã o regional da empresa com a qual nos
fundimos.
—Espere um minuto. Nã o é esse o seu tı́tulo?
—Sim. E só há espaço para um de nó s.
Um garçom que nem sequer era nosso passou. Madison estendeu
a mã o o agarrou.
—Precisamos de outra vodka e um copo de merlot.
Imediatamente. —

***
Na manhã seguinte, fiz uma parada no caminho para o escritó rio.
Por mais que eu odiasse o que estava acontecendo com meu trabalho,
aparentemente, eu teria que trabalhar com Bennett pelos pró ximos
meses. E... vamos encarar isso, eu estava errada.
Eu danifiquei o carro dele e deixei uma multa de estacionamento
em vez de uma nota. Se algué m tivesse feito isso comigo... Bem, eu
duvidava que eu fosse tã o educada quanto ele ao longo do dia. Ele
esperou até estarmos sozinhos para me chamar, quando ele poderia
me fazer ficar mal na frente do meu novo chefe.
Seu carro estava estacionado ilegalmente no mesmo local de
ontem quando cheguei. Ontem à noite, quando repassava o dia na
minha cabeça, achei que talvez o carro dele tivesse sido pulado por
acidente porque a agente perdeu o controle e achou que já tinha pago
o cartã o, já que ele era idê ntico ao meu por fora. Mas se esse fosse o
caso, e ele já tivesse se safado uma vez, por que ele iria estacionar lá
hoje de novo e arriscaria tomar outra multa?
Havia apenas algumas respostas ló gicas. Um, ele era rico e
arrogante. Dois, ele era um idiota. Ou trê s, ele sabia que nã o receberia
uma multa de estacionamento.
A porta do escritó rio de Bennett estava fechada, mas notei que a
luz dele estava acesa. Eu levantei minha mã o para bater, mas hesitei.
Seria mais fá cil se ele nã o fosse tã o bonito.
Cresça, Annalice.
Endireitei minha coluna e fiquei de pé antes de bater
ruidosamente na porta. Depois de um minuto, o alı́vio começou a
tomar conta de mim quando decidi que Bennett nã o estava lá . Ele deve
ter deixado sua luz acesa. Eu estava prestes a me afastar quando, sem
aviso, a porta se abriu.
Eu pulei de surpresa e agarrei meu peito.
—Você assustou a merda fora de mim.
Bennett tirou um fone do ouvido. —Você acabou de dizer que eu
te assustei?
—Sim. Eu nã o estava esperando que você abrisse a porta.
Ele puxou o outro fone de ouvido e os deixou pendurados no
pescoço. Sua testa franziu. —Você bateu na porta do meu escritó rio,
mas nã o estava esperando que eu abrisse?
—Sua porta estava fechada e tudo estava quieto. Eu nã o achei
que você estivesse ai.
Bennett levantou o seu iPhone.
—Acabei de voltar da minha corrida. Eu estava com meus fones
de ouvido.
A mú sica soou atravé s deles e eu reconheci a mú sica.
—Enter Sandman? Sé rio? — Minha voz sugeriu a minha diversã o.
—O que há de errado com o Metallica?
—Nada. Nada mesmo. Você simplesmente nã o se parece com
algué m que ouve o Metallica.
Ele apertou os olhos.
—E exatamente o que eu pareço ouvir?
Eu dei uma olhada nele. Ele nã o estava vestido com o terno caro e
sapato de couro que ele tinha ontem. Mesmo usando roupas casuais -
uma camiseta preta da Under Armour e shorts baixos - havia algo nele
que cheirava a refinamento.
Embora o modo como a veia saltava do bı́ceps fosse mais fino que
o refinamento no momento. Bennett era mais velho do que eu, eu acho
- trinta e poucos anos, talvez -, mas seu corpo era firme e musculoso, e
eu imaginei que ele parecia ainda mais incrı́vel sem essa camisa.
Piscando de volta do meu torpor, lembrei-me que ele me fez uma
pergunta.
—Clá ssica. Eu achei que você era mais uma pessoa de mú sica
clá ssica do que o Metallica.
—Isso é sobre estereó tipos, nã o é ? Nesse caso, o que devo
assumir sobre você ? Você é loira e bonita.
—Eu nã o sou idiota.
Ele cruzou os braços sobre o peito e levantou uma sobrancelha.
—Você ficou com a cabeça presa no para-brisa do meu carro.
Ele tinha um ponto. E eu definitivamente nã o estava começando
com o pé direito, discutindo com ele novamente esta manhã . Me
colocando de volta nos trilhos, eu levantei o pacote comprido e fino
que peguei no caminho para o escritó rio.
—Isso me lembra, eu queria me desculpar por ontem. —
Bennett pareceu me avaliar por um minuto. Entã o ele pegou o pacote
da minha mã o.
—Como diabos você colocou seu cabelo no meu carro, afinal?
Eu senti meu rosto aquecer. —Deixe-me começar dizendo que
carros nã o sã o minha coisa. Nã o gosto de dirigi-los e tenho uma
pé ssima sorte com eles funcionando corretamente. No antigo
escritó rio, eu podia andar para o trabalho. Agora eu tenho que dirigir
todos os dias. De qualquer forma, recebi uma multa de estacionamento
ontem de manhã , enquanto tirava as caixas do meu carro. Nó s temos a
mesma marca, modelo e cor de Audi. O seu també m estava
estacionado ilegalmente, mas você nã o conseguiu uma multa. Entã o
tentei colocar a minha debaixo do limpador de para-brisa, esperando
que você pagasse. Só que uma rajada de vento veio, e meu cabelo de
alguma forma se emaranhou quando eu levantei o limpador. Quando
tentei tira-lo, ficou pior. Eu realmente nã o quis vandalizar seu carro.
Seu rosto nã o estava demonstrando nada. —Você só queria me
fazer pagar sua multa de estacionamento, nã o quebrar meu limpador.
— —Isso está certo.
Ele sorriu.
—Agora tudo faz sentido. — Bennett tinha uma garrafa de á gua
na mã o. Ele trouxe para os lá bios e tomou um longo gole, seus olhos
nunca me deixaram. Quando ele terminou, ele assentiu. — Desculpas
aceita.
— Realmente?
—Temos que trabalhar juntos. Podemos muito bem mantê -lo
profissional.
Fiquei aliviada.
—Obrigada.
—Eu tomo banho no giná sio no andar de baixo depois da minha
corrida matinal. Dê -me cerca de vinte minutos e podemos começar a
repassar nossas contas.
—OK. Otimo. Te vejo daqui a pouco.
Talvez eu tenha subestimado Bennett. Só porque ele era bonito,
eu tinha assumido que ele seria um egocê ntrico, e eu nunca viveria
meu momento de insanidade. Quando cheguei ao escritó rio/depó sito,
enfiei a chave na fechadura. Estava presa, mas acabou rodando e a
porta se abriu. O cheiro de material de limpeza imediatamente
permeou meu nariz. Pelo menos entendia porque ele me colocou aqui
agora. Suspirando, acendi a luz e fiquei surpresa ao descobrir que
algué m havia deixado uma sacola na minha mesa.
Supondo que fosse provavelmente o zelador, eu peguei para
movê -la para onde os outros produtos quı́micos foram empilhados e vi
uma nota manuscrita no topo.
Você vai precisar disso. Bennett
Um presente para mim? Colocando meu laptop e bolsa para
baixo, eu cavei dentro da sacola. Era leve - definitivamente nã o era
produtos quı́micos de limpeza e o conteú do estava embrulhado em
papel absorvente.
Curiosa, eu desembrulhei.
Um chapéu de cowboy?
O que?
Você vai precisar disso.
Hmm…
Você vai precisar disso.
Como no meu trabalho.
No Texas.
Talvez Bennett nã o fosse maduro, afinal.
Capítulo 4
Bennett
Amanhã talvez eu deva deixar alguma lingerie.
Na hora certa, Annalice entrou no meu escritó rio carregando uma
grande caixa de papelã o. Ela tinha o chapé u de cowboy que eu deixei
por ela ser uma idiota. Só que agora ela estava usando, e eu estava
pensando com o meu pau.

Ela parecia sexy como o inferno com seu cabelo loiro selvagem
esticado por todo lado. Aposto que ela icaria quente como merda em um
espartilho de renda preta e alguns saltos com o chapéu de cowboy. Eu
balancei a cabeça para tirar esse visual da minha imaginaçã o. Mas
minha mente nã o estava ajudando. Estava ocupada pensando em um
milhã o de maneiras que eu gostaria de vê -la usá -lo.
Me montando.
Vaqueira reversa.

Sim, isso nã o é inteligente, Fox.


Eu desviei o olhar por um minuto antes de limpar a garganta e
caminhar até pegar a caixa de suas mã os.
—Parece bom em você . Você vai se encaixar no novo escritó rio
daqui a alguns meses.

—Pelo menos talvez eu tenha um lugar para trabalhar lá embaixo,


que nã o me deixe alta ao cheirar produtos quı́micos o dia todo.

—Eu estava apenas sacaneando com você . Seu escritó rio real está
sendo preparado para você enquanto conversamos.
—Oh. Uau. Obrigada.
—Sem problemas. Tenho certeza de que os desinfetantes nos
mictó rios fazem o novo escritó rio ter um cheiro muito melhor.
—Eu nã o vou...

Eu levantei a mã o e a interrompi. —Brincadeira. O escritó rio é o


mesmo layout que o meu, duas portas abertas. Eu sei que você gostaria
de estar mais perto de mim, mas é o melhor que consegui.

—Você é sempre tã o detestá vel tã o cedo pela manhã ? — Ela
ergueu uma caneca de café rosa brilhante. —Porque eu estou apenas
começando minha segunda xı́cara, e se for esse o caso, eu vou precisar
de mais cafeı́na antes de eu chegar aqui.
Eu ri.

—Sim, acostume-se a isso. Já me disseram que as manhã s sã o meu


tempo menos desagradá vel, entã o você pode querer encher aquela
caneca grande com algo mais forte depois do almoço.

Ela revirou os olhos.


Marina, minha assistente - nossa assistente - entrou e deixou cair
um envelope na minha mesa. Ela ofereceu um sorriso a Annalice e disse
bom dia, enquanto ingia que eu nã o estava na sala.

Eu balancei a cabeça quando ela saiu.

—A propó sito, sinto-me obrigado a avisá -la: nã o coma


acidentalmente o almoço do seu novo assistente.

Annalice parecia pensar que eu estava brincando.

—OK.

—Nã o diga que eu nã o te avisei. — Eu caminhei até a mesa


redonda no canto onde eu normalmente realizava pequenas reuniõ es e
coloquei sua caixa no chã o. Percebendo o ró tulo, eu disse:
—Bianchi Winery? Eu pensei que nó s iriamos falar sobre todas as
nossas contas para equilibrar a carga de trabalho e transferir clientes
entre nossas equipes?

— Nó s estamos. Mas eu achei que nã o poderia machucar mostrar


um ao outro nossas apresentaçõ es para amanhã . Talvez possamos
concordar sobre qual é a melhor, e nã o teremos que ir contra um ao
outro? —

Eu sorri. —Achando que você vai perder, hein? —


Ela suspirou. —Esqueça. Vamos apenas analisar as contas, como
Jonas pediu. — Deus, ela é delicada.

—Tudo bem. Por que nã o trabalhamos aqui? Há mais espaço para
se espalhar. — Ela assentiu e tirou uma pasta de arquivo de acordeã o
da caixa. Quando ela soltou o elá stico que o mantinha perfeitamente
comprimido, o arquivo se expandiu, exibindo algumas dú zias de slots
individuais compartimentados. Cada slot tinha um ró tulo codi icado
por cores com algo digitado nele.

—O que é isso?

—E o meu kit rá pido.

—Seu o quê ?

—Kit rá pido. — Ela puxou um monte de papé is de um dos slots e


os espalhou sobre a mesa. —Há uma folha de contato do cliente com os
nomes e nú meros de todos os principais participantes, um informativo
que fornece um resumo das linhas de produtos que comercializamos,
uma lista dos membros da minha equipe que trabalham na conta,
informaçõ es resumidas de orçamento, grá icos dos logotipos do cliente,
uma lista de fontes preferidas e có digos de cores PMS e um resumo do
projeto atual.

Eu olhei para ela.

—O que?
—O que é tudo isso?
—Bem, mantenho o Kit Rá pido no armá rio de arquivos na á rea de
marketing, para que, sempre que um cliente ligar, qualquer um possa
pegar as informaçõ es e discutir a conta depois de alguns minutos
examinando esses documentos. També m o uso quando sou chamada
para reuniõ es para fornecer atualizaçõ es da conta para a equipe
executiva. Mas achei que poderı́amos usá -lo hoje quando falarmos
sobre cada conta.

Merda. Ela é uma dessas - todas super organizadas e neuró ticas.


Eu apontei meus olhos para sua pasta.
—E o que há com todas as cores diferentes?

—Cada conta tem sua pró pria cor, e todos os materiais e colaterais
sã o codi icados por cores, por isso é fá cil arquivar e reunir informaçõ es.

Eu cocei meu queixo. —Você sabe, eu tenho uma teoria sobre


pessoas que usam sistemas de có digo de cores.
—Isso pode ser verdade. Na verdade, tenho certeza que você vai
me ouvir gritando algumas vezes por semana quando nã o consigo
encontrar algo que estou procurando.
—Viu? — Eu levantei um dedo. —Mas nã o é o có digo de cores em
si que causa estresse; é a necessidade incessante de organizaçã o que
leva ao estresse. Algué m que colore có digos acha que tudo tem seu
lugar, e o mundo nã o funciona dessa maneira. Nem todo mundo quer
ser organizado e, quando nã o segue seus sistemas, isso o deixa
inerentemente estressado.

—Eu acho que você está exagerando. Só porque eu gosto de


codi icaçã o por cores nã o signi ica que sou uma organizadora neuró tica
esquisita que ica chateada quando as coisas estã o fora do lugar.

—Oh sim? Me passa seu telefone.


—O que?

—Me passa seu telefone. Nã o se preocupe. Eu nã o vou ver todas as
sel ies fazendo biquinho que você guardou lá . Eu só quero checar uma
coisa.

Relutantemente, Annalice estendeu o celular para mim. As coisas


eram exatamente como eu suspeitava. Cada aplicativo foi arquivado e
organizado. Havia seis pastas diferentes, e aquelas eram rotuladas:
Mı́dia Social, Entretenimento, Compras, Viagem, Aplicativos de
Trabalho e Utilitá rios. Nem um ú nico aplicativo estava fora das
pequenas bolhas organizadas. Eu cliquei na bolha da mı́dia social, tirei
o aplicativo do Facebook e o soltei. Entã o entrei na pasta Shopping,
peguei o ı́cone da Amazon e o arrastei para a bolha da mı́dia social.
Puxei o aplicativo e-Art da bolha de trabalho e deixei-o solto no fundo
dela.
Depois que eu entreguei de volta para ela, ela franziu o rosto.

—O que é que isso deveria provar?


—Seus aplicativos estã o bagunçados agora. Você vai começar a
enlouquecer. Sempre que abrir o telefone para fazer algo, você terá um
forte desejo de arquivar os ı́cones de volta onde eles pertencem. No
inal da semana, você terá muito estresse, você cederá e consertará
tudo para manter a pressã o arterial baixa.

—Isso é ridı́culo.
Dei de ombros.
—OK. Veremos.

Annalice se endireitou em seu assento. —E qual é exatamente o


seu sistema para gerenciar contas? O que você vai usar para revisar as
contas hoje em dia? Uma lista escrita no verso de um envelope em giz
de cera?
—Nã o. Nã o preciso de uma lista. — Sentei-me na minha cadeira e
bati com o dedo na minha testa. —Memó ria fotográ ica. Está tudo aqui.
—Deus nos ajude se é onde todas as informaçõ es estã o, — ela
murmurou.

Annalice passou as duas horas seguintes examinando todas as


suas contas. Eu nunca admitiria isso em voz alta, mas seu arquivo hiper
organizado deu a ela acesso a um monte de dados na ponta dos dedos
dela. Ela estava claramente no topo de seu jogo.
Deixamos de lado algumas de suas folhas de resumo para anotar
as contas que ela achava que poderia reatribuir.

Quando chegou a hora de falar sobre minhas contas, nã o


surpreendentemente, Annalice planejou tomar notas em vez de apenas
ouvir como eu iz.

—Eu esqueci de trazer um bloco de notas, — ela disse. —Posso


pegar um emprestado?
—Claro. — Por causa do trabalho em equipe, peguei dois blocos e
uma caneta da gaveta da minha mesa. Nã o pensando em nada, joguei
um na mesa na frente dela e o outra na frente de onde eu estava
sentado. Annalice notou a tinta na frente antes de eu ver. Ela virou o
bloco para encará -lo.

Merda.
Eu tentei agarrá -lo da sua mã o, mas ela puxou para fora do meu
alcance.

—O que temos aqui? Você desenhou tudo isso?


Eu estendi minha mã o.

—Me dê isso.


Ela me ignorou e voltou a estudar meus rabiscos mais um pouco.
—Nã o.

Eu arqueei uma sobrancelha. —Nã o? Você nã o vai me devolver


meu bloco de notas? Quantos anos você tem?

—Umm... aparentemente... — Ela acenou com o caderno no ar,


exibindo minha arte. —… A mesma idade do menino de doze anos que
desenhou essas coisas. Se é isso que você faz o dia todo no trabalho, nã o
tenho certeza sobre o que me preocupar. Eu estava pensando que teria
que competir pelo trabalho contra um pro issional experiente.
Eu tinha o mau há bito de rabiscar enquanto ouvia mú sica. Eu fazia
isso sempre que eu estava preso criativamente ou precisava de um
limpador de paladar entre os projetos. Eu nã o tinha ideia do porquê ,
mas o esboço sem sentido ajudava a limpar minha cabeça ocupada, o
que por sua vez permitia que a criatividade entrasse. O há bito nã o seria
tã o ruim - talvez um pouco embaraçoso que um homem de trinta e um
anos ainda tenha desenhos de super-heró is em sua mesa - mas nada
para me causar problemas... isto é , se os super-heró is que eu rabisquei
diariamente eram masculinos. Mas eles nã o eram. Meus super-heró is
eram todas mulheres... com partes do corpo pronunciadas, mais ou
menos como as caricaturas que você pode fazer com um artista de rua,
onde sua cabeça tem cinco vezes o tamanho do seu corpo e você está
patinando ou surfando. Você os conhece, certo?
Provavelmente, um de você montando um monociclo escondido
na parte de trá s do seu armá rio em algum lugar. Está rasgado e
enrugado, mas você ainda nã o jogou a maldita coisa fora. Bem, os meus
sã o semelhantes. Só nã o sã o as cabeças das minhas criaçõ es que sã o
exageradas. Sã o os seios. Ou a bunda. Ocasionalmente os lá bios, se o
humor me bateu. Você entendeu a ideia.

Jonas me alertou recentemente sobre nã o deixar essa merda ao


redor do escritó rio depois de um pequeno incidente com uma mulher
de recursos humanos que parou inesperadamente e teve um vislumbre.

Peguei o bloco da mã o de Annalice, arranquei a pá gina e amassei


em uma bola. —Eu rabisco para relaxar. Eu nã o percebi que peguei esse
bloco. Eu costumo arrancar a pá gina e jogá -la fora quando eu termino.
Peço desculpas.

Ela inclinou a cabeça, como se estivesse me examinando. —Você


se desculpa, né ? Por que exatamente você está arrependido? Eu vendo-
os ou você desenhando personagens que objetivam as mulheres no
horá rio da empresa?

Eu estou supondo que esta é uma pergunta complicada. Claro que


eu só lamento que ela os tenha visto.

—Ambos.
Ela apertou os olhos e olhou para mim. —Você está cheio de
merda.

Voltei para a minha mesa, abri a gaveta e coloquei a pá gina do


desenho amassado. Fechando, eu disse:

—Eu nã o acho que você esteja quali icada para saber quando
estou cheio de merda ainda. Nó s passamos, o que, uma hora um com o
outro no total?

—Deixe-me perguntar algo. Se eu fosse um cara - um de seus


amigos aqui que você provavelmente sai para um happy hour de vez em
quando - você teria se desculpado com ele?

Claro que não. Outra pergunta capciosa. Eu tive que pensar a


forma certa para responder a isto. Por sorte, eu tinha passado por
treinamento de sensibilidade de RH e assé dio sexual, entã o eu estava
armado com a resposta certa.
—Se eu pensasse que fosse ofendê -lo, sim. — Eu deixei de fora
que nã o ofenderia nenhum dos caras com quem eu socializava fora do
escritó rio... principalmente porque eu nã o saio com bocetas. Imaginei
que Jonas icaria feliz com minha contençã o, se ele soubesse.

—Entã o você se desculpou comigo porque achou que poderia me


ofender?
Fá cil.

—Sim.
Eu esperava que fosse o im da discussã o, entã o me sentei.
Annalice seguiu o exemplo. Mas ela nã o estava deixando passar tã o
rá pido.

—Entã o, achar mulheres um objeto é bom, apenas nã o é quando


você pensa que pode ofender algué m com isso?

—Eu nã o disse isso. Você está assumindo que eu trato as mulheres
como objeto. Eu nã o acho que eu faça.

Ela me lançou um olhar que achava besteira.

—Eu acho que você é quem trata as como objeto.


—Eu? — Suas sobrancelhas saltaram. —Eu trato as mulheres
como objeto? Como assim?

—Bem, esse desenho era um super-heró i - a mulher tinha o poder


de voar. Todos os dias, ela salta de pré dios altos e luta contra o crime
como uma fodona. E você aqui está assumindo que, porque ela é
mulher, ela é uma espé cie de fantasia demente. Você nem levou em
consideraçã o que Savannah Storm tem um QI de 160 e, ontem, salvou
uma velha senhora de ser engolida por um ô nibus.
Annalice levantou uma sobrancelha. —Savannah Storm?

Dei de ombros. —Até o nome dela é foda, nã o é ?

Ela balançou a cabeça e tive uma breve visã o de um sorriso


querendo sair. —E como exatamente eu saberia o quã o fodona
Savannah era simplesmente pelo seu rabisco?

De alguma forma eu consegui manter uma cara sé ria —Ela estava
vestindo uma capa, nã o é ?
Annalice riu. —Eu sinto muito. Eu devo ter perdido essa grande
pista devido ao fato de que cada um dos seios dela era maior do que a
minha cabeça. Quero dizer, o QI dela deveria ter sido ó bvio pela capa.
Dei de ombros.

—Acontece. Mas você deve realmente se atentar antes de saltar


para esses julgamentos precipitados. Algumas pessoas podem se
ofender e pensar que você está objeti icando as mulheres.

—Eu vou manter isso em mente.

—Bom. Entã o talvez possamos chegar à s contas importantes,


agora sã o as minhas.
Capítulo 5
Annalice
Eu tentei avisá -lo.

Mesmo ontem à noite, quando terminamos de analisar nossas


contas, mais uma vez tentei falar sobre o lançamento de hoje para a
Vinı́cola Bianchi. Mas o idiota presunçoso me parou antes que eu
pudesse explicar por que eu sabia que ele nã o tinha um tiro no inferno
ao conseguir a conta.
Entã o estrague tudo, espero que ele tenha perdido a manhã
inteira em um show de cachorros e pô neis que era totalmente
desnecessá rio.
Murmurei para mim mesma enquanto dirigia pela estrada de
terra de meia milha e estacionava perto do salgueiro-chorã o gigante.
Vir aqui sempre trazia uma onda de calma sobre mim. Ser saudada por
filas e filas de videiras bem plantadas, salgueiros balançando e barris
empilhados deixa a serenidade penetrar atravé s dos meus poros.
Saindo do meu carro, fechei os olhos, respirei profundamente, e exalei
um pouco do estresse da semana.

Paz.

Ou entã o eu pensei.
Até que abri os olhos e vi um carro estacionado à direita, ao lado
do grande e velho trator verde. E esse carro era quase idê ntico ao meu.

Ele ainda está aqui.

A nomeaçã o de Bennett tinha sido à s dez horas desta manhã .


Olhei para a hora no meu reló gio, confirmando que nã o cheguei cedo.
Mas eu nã o estava. Eram quase trê s horas da tarde. Eu percebi que ele
teria ido muito longe quando eu cheguei. De que diabos eles poderiam
estar falando por cinco horas?
Knox, o gerente da vinı́cola, saiu da pequena loja de varejo
carregando uma caixa de vinho no momento em que eu terminava de
tirar meus arquivos do carro. Ele trabalhava na vinı́cola desde antes
das primeiras sementes de uva serem semeadas.

—Hey, Annie. — Ele acenou.

Fechei o porta-malas e joguei meu adido de arte de couro por


cima do meu ombro.
—Ei, Knox. Você precisa que eu abra meu porta malas novamente
para que você possa esconder minhas garrafas de fim de semana? —
Eu provoquei.

—Tenho certeza que eu poderia esconder cada ú ltima garrafa no


seu porta-malas e o Sr. Bianchi nã o se importaria.

Eu sorri. Ele estava certo sobre isso.


—Matteo está no escritó rio ou em casa? Eu tenho uma reuniã o de
negó cios com ele.

—A ú ltima vez que vi, ele estava andando pelos campos com um
visitante. Mas eles podem estar no porã o agora. Acho que ele estava
dando a ele a turnê completa.
—Obrigado, Knox. Nã o deixe que eles trabalhem demais com
você !

A porta do escritó rio nã o estava trancada, mas ningué m estava


dentro. Entã o eu coloquei minhas coisas de apresentaçã o na recepçã o
e fui procurar onde todos estavam se escondendo. A porta da loja
estava aberta, mas ningué m atendeu quando chamei. Eu estava prestes
a virar e dirigir-me para a casa principal quando ouvi o eco das vozes
quando passei pela porta que levava da loja para a adega e sala de
degustaçã o.
—Olá ? — Eu cuidadosamente percorri a escadaria de pedra nos
meus saltos altos.

A voz de Matteo, falando em italiano, explodiu à distâ ncia. Mas


quando cheguei ao fundo, a ú nica pessoa que encontrei foi Bennett.
Ele estava sentado em uma das mesas de degustaçã o, com as mangas
da camisa enroladas, a gravata afrouxada e um copo de vinho na mesa
à sua frente. Trê s dos quatro copos estavam vazios.

—Bebendo no trabalho? — Eu arqueei uma sobrancelha.


Ele cruzou os dedos atrá s da cabeça e se inclinou para trá s para
deleitar-se com sua presunçã o.

—O que posso dizer? Os donos me amam.

Eu segurei meu riso.


—Oh, eles fazem? Entã o você nã o deixou que eles vissem o
verdadeiro você ?

Bennett deu um sorriso. Um maravilho.

—Você perdeu uma viagem aqui, Texas. Tentei te dizer, mas você
nã o quis ouvir.

Suspirei.

—Onde está Matteo?

—Ele acabou de receber um telefonema e entrou na sala de


fermentaçã o.

—Você viu Margo?

—Ela correu para o supermercado.

—O que você ainda está fazendo aqui, afinal? Você estava


atrasado para a sua apresentaçã o?
—Claro que nã o. Matteo se ofereceu para me dar uma excursã o
para que eu pudesse ver as novas videiras que eles plantaram este
ano, e entã o Margo insistiu que eu fizesse uma degustaçã o completa.
Eu sou como algué m da famı́lia agora. — Ele se inclinou para mim e
baixou a voz. —Embora eu tenha certeza que a Sra. Bianchi gosta
muito de mim. Como eu disse, você nã o tem chance de ganhar este
aqui.
Eu de alguma forma consegui manter uma cara sé ria.

—Margo… Sra. Bianchi... gosta de você ? Você conhece o marido, o


Matteo, certo?
—Nã o disse que ia tentar qualquer coisa. Apenas chamando
como eu vejo.
Eu balancei a cabeça.
—Você é inacreditá vel.

O som de uma porta abrindo e fechando virou nossas cabeças em


direçã o à parte de trá s da sala de degustaçã o. Cada som reverberava
duas vezes mais alto aqui, incluindo os passos de Matteo enquanto ele
caminhava em nossa direçã o. Ele abriu os braços e falou com seu forte
sotaque italiano quando olhou para cima e me viu. —Minha Annie.
Você está aqui. Eu nã o ouvi você entrar.

Matteo me deu um abraço caloroso, entã o segurou meu rosto e


beijou minhas duas bochechas.
—Eu estava no telefone com meu irmã o. O homem, ele ainda é
um idiota, mesmo depois de todos esses anos. Ele comprou cabras. —
Ele juntou os cinco dedos no gesto italiano universal de capeesh! —
Cabras! O idiota, ele comprou cabras para viver em suas terras nas
colinas. E ele fica surpreso quando elas comem metade de suas
colheitas. Que idiota. — Matteo sacudiu a cabeça.
—Mas nã o importa isso. Eu te apresento. — Ele se virou para Bennett.
—Este senhor é o Sr. Fox. Ele é de uma das grandes empresas de
publicidade que você nos fez ligar.
—Umm... sim. Nó s já nos conhecemos. Eu nã o tive a chance de
falar com você s, porque as coisas ficaram loucas no escritó rio. Mas,
Bennett e eu... trabalhamos para a mesma empresa agora. Foster
Burnett, a empresa para a qual ele trabalhou quando você marcou
uma reuniã o com ele há alguns meses, fundiu-se com a empresa em
que trabalho, a Wren Media. Agora é uma grande agê ncia de
publicidade: Foster, Burnett e Wren. Entã o, sim, Bennett e eu nos
conhecemos. Nó s trabalhamos juntos.
—Oh bom. — Ele bateu palmas. —Porque o seu amigo está se
juntando a nó s para o jantar hoje à noite.

Meus olhos saltaram para encontrar os olhos de Bennett.


—Você vai ficar para o jantar?

Ele sorriu como um gato Cheshire e piscou. —Sra. Bianchi me


convidou.
Matteo nã o fazia ideia de que o sorriso grande e idiota de
Bennett era que ele tentava se vangloriar, já que o bastardo total
achava que ele foi convidado porque a Sra. Bianchi estava na dele.
A noçã o era hilá ria, na verdade. Porque eu conhecia Margo
Bianchi, e acredite em mim, ela nã o convidou Bennett Fox para jantar
porque ela gostava dele.
E eu sabia disso nã o porque ela adorava o marido - o que por
acaso era verdade -, mas porque Margo Bianchi era uma casamenteira
perpé tua. Havia apenas uma razã o para convidar um rapaz para jantar.
Porque ela queria colocá -lo junto com sua filha.
—Oh? A Sra. Bianchi convidou você , nã o é ? — Eu mal podia
esperar para limpar aquele sorriso de seu rosto.
Bennett pegou seu vinho e o girou no copo algumas vezes antes
de trazê -lo para seus lá bios sorridentes.
—Ela fez.

Eu dei um sorriso exagerado.


—Isso é ó timo. Eu acho que você realmente vai gostar da comida
da minha mã e.

Bennett estava a meio gole de seu vinho. Eu observei suas


sobrancelhas se abaixarem em confusã o e depois se levantarem em
choque - logo antes dele começar a engasgar com seu vinho.

***

—Eu nã o posso acreditar que você convidou o inimigo para


jantar.
Minha mã e levantou a tampa de uma panela e mexeu o molho. —
Ele é um homem muito bonito. E ele tem um bom trabalho.

—Sim. Eu sei. Ele tem meu trabalho, mã e.


—Ele tem trinta e um anos, uma boa idade para um homem
começar a se estabelecer. Se você começar a fazer bebê s na faixa dos
40 anos, como muitos jovens hoje, você tem um adolescente na faixa
dos cinquenta anos quando nã o tem mais energia para acompanhar.
Eu enchi meu copo de vinho. Quando se tratava de mã es, eu
sempre pensava em mim mesma como sortuda. Depois que ela e meu
pai se separaram, ela praticamente me criou sozinha. Ela trabalhou em
tempo integral e nunca perdeu um jogo de futebol ou uma
apresentaçã o escolar. Enquanto a maioria dos meus amigos reclamava
de sua intromissã o, mã e casada ou mã e divorciada e ausente, que
estava à espreita de um novo marido, nunca reclamei - até atingir a
madura idade de vinte e cinco anos. Aparentemente, foi quando a
sombra de uma velha criada começou a seguir as mulheres ao redor,
de acordo com a maneira como minha mã e agia.
—Bennett nã o é seu futuro genro, mã e. Confie em mim sobre
isso. Ele é uma pessoa arrogante, condescendente, que fica
desenhando caricaturas e roubando empregos.
Minha mã e colocou a concha na pia e franziu os lá bios para mim.

—Eu acho que você está exagerando, querida.


Eu a respondi com um olhar fixo. —Ele pensou que você o
convidou para ficar para o jantar porque você estava na dele.
Sua testa se enrugou. —Na dele?
—Sim. Como se... você estivesse interessada nele. E ele sabe que
você é casada.

Ela riu. —Oh querida. Ele é um homem bonito. Eu acho que a


maioria das mulheres gosta dele, entã o ele se acostumou a confundir
uma mulher interessada, com uma mulher sendo amigá vel por uma
razã o.

Começou a parecer que eu poderia dizer qualquer coisa sobre


Bennett, e mamã e teria uma desculpa para isso. —Ele está tentando
roubar meu trabalho.

—Suas empresas se fundiram. Essa é uma situaçã o infeliz, mas


nã o é algo que ele tenha alguma coisa a ver.
—Ele abusa de gatinhos, — eu brinquei.

Minha mã e balançou a cabeça. —Você está tentando encontrar


qualquer desculpa para nã o poder gostar do homem.
—Eu nã o tenho que encontrar nenhuma desculpa; Ele me
entrega as razõ es em uma bandeja de prata sempre que estou em sua
presença.
Mamã e abaixou o fogo e pegou outra garrafa na geladeira de
vinho. —Você acha que Bennett vai gostar do '02 Cab?
Eu desisto.

—Certo. Eu acho que ele vai adorar.

***

—Entã o você cresceu aqui? Vivendo em uma adega?

Eu evitei Bennett antes do jantar, saindo na varanda para brincar


com Sherlock – o labrador chocolate da minha mã e e Matteo.

Infelizmente, ele me encontrou.

—Nã o. Eu gostaria. — Joguei uma bola de tê nis sobre a grade da


varanda e caiu na fileira de trepadeiras. Sherlock saiu correndo. —
Minha mã e e eu moramos na á rea de Palisades durante a maior parte
da minha vida. Ela nã o conheceu Matteo até que eu estava na
faculdade. Ele comprou isso aqui para ela pelo seu quinquagé simo
aniversá rio.

Bennett encostou-se na pilastra, com uma mã o casualmente


enfiada no bolso da calça. —Nã o deixe minha mã e saber disso. Tudo o
2
que eu consegui foi uma Keurig que ela escondeu no fundo do
armá rio para pegar poeira.

Eu sorri.
—Crescendo, ela sempre disse que queria ir para a Itá lia. Eu
tinha acabado de conseguir meu primeiro emprego quando ela estava
prestes a completar cinquenta anos, entã o eu economizei para uma
excursã o de dez dias por Roma e Toscana. Matteo possuı́a um dos
vinhedos em que nosso tour parou. Eles se deram bem, e dois meses
depois que ela voltou, ele tinha sua vinha à venda e decidiu se mudar
para os EUA para estar mais perto dela. —Eu apontei para a fazenda
de uva. —Ele comprou este lugar, e eles se casaram bem ali no
aniversá rio de um ano do dia em que se conheceram.

—Uau. Isso é bem legal.


—Sim. Ele é um ó timo cara. Minha mã e mereceu conhecê -lo.

Sherlock voltou correndo com a bola na boca, mas, em vez de


deixá -la cair aos meus pé s, o traidor a levou para Bennett. Ele se
abaixou e coçou sua cabeça.
—Qual é o seu nome, garoto?

—O nome dele é Sherlock.

Bennett jogou a bola de volta para a fazenda e o melhor amigo do


homem saiu em disparada. —Entã o você poderia ter mencionado que
Bianchi Winery era sua famı́lia.

Meu queixo caiu.

—Você está brincando? Eu tentei. Vá rias vezes. Mas toda vez que
tentei te contar, você me interrompeu para falar sobre como você ia
ganhar a conta e o quanto os donos amam você . Você estava bem
convencido sobre isso. Especialmente esta tarde, dizendo que minha
mã e estava afim de você .

—Sim. Desculpe por dizer isso. Eu só queria ferrar com você .
Chocar sua confiança antes de sua apresentaçã o.

—Agradá vel. Muito agradá vel.

Ele soltou seu sorriso encantador. —O que posso dizer? Tudo é


justo no amor e na guerra.

—Entã o estamos em guerra, nã o estamos? E aqui estava eu


pensando que o melhor candidato conseguiria o emprego baseado no
mé rito, nã o porque o outro o sabotou.

Bennett se levantou e piscou. —Eu nã o estava falando sobre


guerra. Você já me ama.
Eu ri.

—Deus, você é um idiota tã o pomposo. —


***

Fiquei na varanda para terminar de jogar com Sherlock enquanto


Bennett estava dentro da casa. Fiquei surpresa quando ele voltou com
o paletó dele, um copo de vinho em uma mã o e seu estojo de couro na
outra. —Onde você está indo? —

Ele estendeu o copo de vinho para mim, mas quando eu estendi a


mã o para pegá -lo, ele puxou de volta e tomou um gole.
—Sua mã e me pediu para trazê -lo ao sair. —

—Onde você está indo? —

—Pensei em ir para casa. —


—Meus pais tendem a derramar vinho como se fosse á gua.

—Nã o, eu estou bem. Eu fiz apenas um conjunto de degustaçõ es e


bebi durante algumas horas.

—Oh. OK. Mas ainda nã o jantamos.


—Eu sei. E pedi desculpas a seus pais. Eu disse a eles que algo
surgiu e tive que fugir.

—Alguma coisa surgiu?


—Eu nã o quero me intrometer em seu tempo de famı́lia. Sua mã e
mencionou que você s nã o se viam há alguns meses.

—O trabalho tem sido louco desde que o Sr. Wren morreu.


Bennett levantou as mã os. —Entendi. Confie em mim, minha mã e
diria a você que eu nã o a chamo ou a vejo o suficiente.

—Você nã o precisa sair.


—Está tudo bem. Eu posso admitir a derrota nas raras ocasiõ es
em que isso acontece. Você venceu essa batalha, mas nã o venceu a
guerra, Texas. Deixarei que você apresente suas ideias para eles, sem
me distrair.
Eu fiquei de pé .

—Minha mã e vai ficar tã o desapontada. Ela provavelmente


estava planejando discutir que tipo de roupa de baixo você usaria
durante o jantar para ter certeza de que você nã o está matando
esperma com bolas apertadas para a proteçã o de seus futuros netos.

Bennett tomou outro gole de vinho e ofereceu-me o copo agora


meio vazio. Mas quando fui pegá -lo, ele nã o soltou. Em vez disso, ele se
inclinou para perto enquanto nossas pontas dos dedos se tocavam.
—Diga à mamã e para nã o se preocupar. Meus meninos sã o
saudá veis. — Ele piscou para mim e soltou o vinho. —Eu prefiro
3
commando .

Eu ri e assisti ele caminhar até seu carro. Ele carregou seu


material de apresentaçã o no porta-malas e fechou-o.
—Ei! — Eu gritei. Ele olhou para cima. —Você já se esboçou?
Commando poderia ser um bom nome de super-heró i.

Bennett caminhou até a porta do carro. Ele abriu e a segurou


aberta enquanto gritava de volta. —Você vai estar sonhando com isso
hoje à noite, Texas. E eu nã o preciso adivinhar qual parte você
exagerará .
Capítulo 6
Bennett
—Você está atrasada. —
Eu olhei para o meu reló gio. —Sã o trê s minutos depois das doze.
O 405 tinha um backup.

Fanny balançou o dedo torto para mim. —Nã o venha com


desculpas só porque você nã o pode chegar aqui a tempo.
Mordi minha lı́ngua, segurando o que eu realmente queria dizer
em favor em vez de, —Sim, senhora.
Ela me olhou, parecendo nã o saber se minha resposta era
condescendente ou se eu estava realmente sendo respeitoso. O ú ltimo
era impossı́vel, já que você precisa ter respeito por uma pessoa para
mostrar a ela alguma coisa.

Nó s ficamos na varanda de sua pequena casa, olhando um para o


outro. Olhei em volta dela para a janela, mas as persianas estavam
fechadas.
—Ele está pronto?
Ela estendeu a mã o, sua palma para cima. Eu deveria ter
percebido que o problema do atraso. Cavando no bolso do meu jeans,
peguei o cheque, o mesmo pagamento que tinha dado a ela todo
primeiro sá bado do mê s por oito anos, entã o ela me deixava passar um
tempo com meu afilhado.

Ela examinou como se fosse tentar arrancá -lo, entã o enfiou no


sutiã . Meus olhos queimaram acidentalmente vendo algum decote
enrugado enquanto eu assistia.

Ela deu um passo para o lado.


—Ele está em seu quarto, punido a manhã toda por ter uma boca
suja. Melhor nã o estar recebendo essa linguagem de você .
Sim. Provavelmente é onde ele consegue. Sã o cinco horas a cada
duas semanas que eu gasto com ele que estragam tudo. Nã o seu quarto
ou quinto - eu perdi a conta - marido caipira que grita cale a porra da
sua boca pelo menos duas vezes durante a minha saı́da de cinco
minutos e caia fora.

Os olhos de Lucas se iluminaram quando abri a porta do quarto


dele. Ele pulou da cama. —Bennett! Você veio!

—Claro que eu vim. Eu sentiria falta da nossa visita. Você sabe


disso.
—Vovó disse que você pode nã o querer passar um tempo comigo
porque eu estou podre.

Isso fez meu sangue ferver. Ela nã o tinha o direito de usar minhas
visitas como uma tá tica de medo.

Sentei na cama dele e ficamos cara a cara.

—Primeiro, você nã o está podre. Em segundo lugar, nunca vou


deixar de visitá -lo. Por nenhum motivo.

Ele olhou para baixo.

—Lucas?

Esperei até que os olhos dele voltassem para os meus.

—Nunca. Ok, amigo?


Ele balançou a cabeça, mas eu nã o tinha certeza se ele acreditava
em mim.

—Vamos. Por que nã o saı́mos daqui? Temos um grande dia


planejado.
Isso iluminou os olhos de Lucas.

—Espere. Eu preciso fazer uma coisa. — Ele enfiou a mã o


debaixo do travesseiro, pegou alguns livros e foi até a mochila. Achei
que ele estava guardando as coisas da escola até eu dar uma boa
olhada na capa do livro em suas mã os.

Minhas sobrancelhas se uniram.


—O que é esse livro?

Lucas levantou a mã o.

—Eles sã o os diá rios da minha mã e. Vovó os encontrou no só tã o
e os deu para mim depois de lê -los.
Uma lembrança de Sophie sentada na calçada escrevendo
naquela coisa passou pela minha cabeça. Eu esqueci tudo sobre esses
diá rios.

—Deixe-me ver isso.

O primeiro livro era um diá rio encadernado em couro com uma


flor dourada em relevo na frente, que na maior parte se desvaneceu.
Eu sorri enquanto folheava as pá ginas e balancei a cabeça.

—Sua mã e escreveu isso no primeiro dia de cada mê s - nunca no


segundo, e sempre em caneta vermelha.
—Ela começa a pá gina com Caro eu, como se ela nã o soubesse
que estava escrevendo as cartas para si mesma. E ela termina com
esses poemas estranhos.

—Eles sã o chamados haiku.

—Eles nem sequer rimam.

Eu ri, pensando na primeira vez que Soph me mostrou um. Eu


disse a ela que eu era melhor com poemas. Qual foi o que eu recitei?
Oh, espere... Era uma vez um homem chamado Lass. Ele tinha duas
bolas gigantes de latão. E na tempestade tempestuosa, eles se
agarravam e o raio saía de sua bunda. Sim, foi isso.

Ela me disse para manter o desenho.

Certa vez, no ensino mé dio, ela adormeceu quando saı́mos, e eu


coloquei minhas mã os neste e li. Ela ficou chateada quando ela
acordou e me pegou quase terminando com isso.
Eu olhei para Lucas. —Sua avó sabe que você está lendo isso?

Ele franziu a testa.


—Ela disse para aprender tudo sobre minha mã e e depois fazer o
oposto. Disse que isso me ajudaria a saber quem você é melhor
també m.
Fodida Fanny. O que ela estava fazendo? —Nã o tenho certeza se é
uma boa ideia você ler esses diá rios agora. Talvez quando você for um
pouco mais velho.
Ele encolheu os ombros. —Eu apenas comecei. Ela fala muito
sobre você . Você ensinou a ela como parar de jogar como uma garota.

Eu sorri.
—Sim. Nó s é ramos pró ximos

Eu nã o conseguia lembrar os detalhes das partes que lia há muito
tempo, mas eu estava razoavelmente certo de que nã o era algo que
uma criança de onze anos deveria estar lendo sobre sua mã e morta.
—O que você acha de eu ficar com eles por um tempo e talvez
escolher algumas partes para você ler? Eu nã o acho que você vai
querer ler sobre sua mã e falando sobre garotos e coisas assim, e é isso
que as garotas geralmente escrevem em diá rios.

Lucas franziu o rosto.


—Fique com eles. Era meio chato de qualquer maneira.
—Obrigado parceiro.

—Vamos pescar hoje?, — Ele perguntou.


—Você nos fez novas iscas?

Ele correu para a cama e se arrastou para baixo até que só seus
pé s estavam saindo. Seu sorriso era de orelha a orelha quando ele
voltou com a caixa de madeira que eu tinha dado a ele e a abriu.
4 5
—Eu fiz um wooly bugger , uma bunny leech e uma a gold-
6
ribbed .
Eu nã o tinha ideia de como diabos eles pareciam, mas eu sabia
que se eu os pesquisasse no Google, suas iscas seriam feitas com
perfeiçã o. Lucas estava obcecado com tudo de pescaria com esse tipo
de isca. Cerca de um ano atrá s, ele começou a assistir algum reality
show sobre isso, e seu entusiasmo nã o diminuiu. O que significava que
eu tinha que descobrir como pescar peixe.
Uma vez eu estava assistindo a um vı́deo no YouTube sobre lagos
no norte da Califó rnia para pescar, e quando mencionei que estava
pensando em levá -lo um dia, ele começou a recitar todos os melhores
lugares para pescar coisas diferentes ao redor do lago.
Aparentemente, ele assistiu ao mesmo vı́deo em que eu encontrei
- apenas uma centena de vezes.

Peguei as iscas da caixa e verifiquei a obra dele. Elas nã o


pareciam diferentes das que você compraria na loja.

—Uau. Bom trabalho. — Eu levantei uma. —Eu acho que


primeiro temos que usar a woolly bugger.
Lucas riu.

—OK. Mas essa é a bunny leech.


—Eu sabia.
—Claro que você sabia.

***

—Entã o, como vai a escola, amigo? Estamos chegando perto das


fé rias de verã o.
—A escola está bem—, ele franziu a testa. —Mas eu nã o quero ir
a Minnetonka.
Meu corpo ficou rı́gido. Eu sabia que o pai de Lucas morava lá .
Mas eu nã o achei que mais algué m soubesse disso. —Por que você iria
para Minnetonka?
—Vovó está me fazendo ir para a irmã dela. Ela mora no meio do
nada. Eu vi fotos. E quando ela vem nos ver, tudo o que ela faz é sentar
no sofá e assistir a novelas idiotas e me pedir para esfregar seus pé s.
— Ele fez uma pausa. —Ela tem cebolas.
—Cebolas?

—Sim. Nos pé s dela. Eles sã o como solavancos estranhos que sã o
todos ossudos e outras coisas, e ela quer que eu os esfregue. E nojento.
Eu ri. —Oh. Joanetes Sim, eles podem ser bem feios. Quanto
tempo você s estã o ficando?
—Vovó disse um mê s inteiro. A irmã dela está fazendo uma... -
Lucas ergueu os dedos para fazer aspas no ar -... cirurgia de partes de
mulher.

Sua resposta teria me feito rir se estivé ssemos discutindo outra


coisa alé m de ele sair por um mê s e ir para um lugar onde sua mã e
nunca teve intençã o de levá -lo. —Ela disse que eu vou conhecer um
monte de pessoas da famı́lia. Mas eu prefiro ficar em casa e ir para o
acampamento de futebol.
O que diabos está fazendo Fanny agora? Nó s dois definitivamente
precisá vamos ter uma conversa quando eu deixar o Lucas esta tarde.
Ela nã o mencionou nada para mim sobre a falta de visitas, e eu já
paguei pelo acampamento de verã o que parecia que ele iria perder.
Mas eu aprendi melhor do que prometer a Lucas que eu poderia fazer
a avó dele ver o que era melhor para ele, entã o tentei colocar o assunto
em segundo plano para depois e nã o o deixar estragar nosso sá bado.
—Como vã o as coisas com Lulu? — As meninas eram um novo
tó pico de discussã o ultimamente.

Lucas lançou sua linha para o lago, e vimos a isca cair na á gua a
pelo menos vinte metros de distâ ncia. Eu teria sorte de chegar a
metade disso. Ele travou a linha e olhou em minha direçã o. —Ela gosta
de Billy Anderson. Ele está no time de futebol.

Ah, agora faz sentido. Duas semanas atrá s, quando eu fui buscá -
lo, ele me perguntou se eu poderia falar com sua avó sobre ele tentar o
time de futebol americano. Ela disse a ele que era um esporte muito
perigoso. Ele nunca expressou interesse em nada alé m de futebol
antes, e Deus sabe que eu tentei fazer com que ele jogasse uma bola de
beisebol e futebol. Mas ele tinha quase 12 anos agora - com a idade
que eu tinha quando descobri que a menina de doze anos de idade,
Cheri Patton, pulava para cima e para baixo e torcia por mim se eu
marcasse um touchdown. Porra, aquela garota tinha grandes
pompons.
—Oh sim? Bem, nã o se preocupe. Há muitos peixes no mar.

—Sim. — Ele se mexeu. —Eu acho que vou gostar de uma feia da
pró xima vez.
Eu segurei meu riso. —Uma feia?

—Todas as lindas sã o tã o mandonas e malvadas. Mas as feias


geralmente sã o bem legais.
Talvez ele devesse me aconselhar sobre garotas, em vez do
contrá rio.

—Isso soa como um bom plano. Mas deixe-me dar um conselho.


—O que?

—Nã o diga à garota que você decidiu gostar dela porque ela nã o
era uma das bonitinhas.
—Sim. Eu nã o vou. — Ele olhou para sua linha com um sorriso no
rosto. —Aposto que a garota que usava sua camisa quando você trocou
o pneu algumas semanas atrá s era realmente, muito má .
Eu ri. O garoto nã o perdia nada. Normalmente, eu nã o trazia
mulheres ao redor do Lucas. Nã o que eu nã o achasse que ele nã o
estaria legal com isso, mas porque os relacionamentos que eu tive nã o
duraram muito tempo. Exceto algumas semanas atrá s, quando ele
conheceu Elena - a pequena e quente empregada que cuidou de mais
de uma fantasia que eu tive sobre uma garota de uniforme. Nó s
passamos a noite antes da minha visita regular aos sá bados com Lucas
na minha casa. Dez minutos depois que eu o peguei, ela ligou para o
meu celular para dizer que o carro dela precisava de um novo pneu, do
lado de fora do meu pré dio - onde eu a deixei ainda na minha cama. Eu
nã o poderia nã o voltar e cuidar de seu carro quando ela cuidou tã o
bem de mim. Entã o Lucas conheceu Elena. Eu disse que ela era uma
amiga, mas aparentemente ele colocou dois e dois juntos. Merda

—Elena era muito legal. — Até que eu nã o liguei na semana


seguinte. Entã o ela me disse para ir me foder. E de repente, ontem,
comecei a receber multas de estacionamento quando estacionei no
meu lugar de sempre do lado de fora do escritó rio.

—Meu amigo Jack diz que você deveria fazer a uma menina trê s
perguntas, e se ela responder nã o a qualquer uma delas, você nã o
deveria gostar dela.

—Oh sim? Que perguntas sã o essas?

Lucas contou com os dedos, segurando o polegar para uma delas.


—Primeiro, você pergunta se ela já deixou algué m copiar o dever de
casa. — Ele levantou o dedo indicador. —Em segundo lugar, você
pergunta se ela pode comer mais de uma fatia de pizza. E terceiro... —
Ele acrescentou o dedo do meio. —Você precisa saber se ela já saiu de
pijama.

—Interessante. — Eu cocei meu queixo. Eu poderia ter que testar


essa teoria eu mesmo. —Lulu come mais de uma fatia de pizza?
—Ela come salada.

Ele disse isso como se a palavra fosse uma maldiçã o. Mas havia
algo para isso. Quando levo uma mulher para um bom restaurante ou
churrascaria italiana e ela pede uma salada - metade do tempo nã o
termina porque está cheia demais - isso nunca é um bom sinal.

—Deixe me perguntar algo. Como seu amigo Jack fez esse teste?
—Ele tem um irmã o mais velho que tem dezoito anos. Ele
també m disse a ele que se você disser a uma garota que você tem trê s
testı́culos, ela sempre vai lhe deixar mostrar sua salsicha.
Essa eu definitivamente estaria experimentando. Eu me
perguntei se funcionaria com a Pequena Senhorita que os pais são
donos de uma adega.
—Uh, eu nã o acho que você deveria experimentar o ú ltimo
conselho. Poderiam te prender por exposiçã o indecente.

Lucas e eu passamos o nosso dia inteiro pescando com as iscas


mosca. Ele pegou um balde cheio de truta. Eu peguei um dourado.
Quando o levava de volta para a casa de Fanny, ela costumava ser
simpática. Eu tive que colocar meu pé na porta para impedi-la de bater
na minha cara depois que Lucas e eu dissemos adeus.

—Eu preciso falar com você um minuto.

Ambas suas mã os voaram para seus quadris. —Seu cheque nã o
vai funcionar?

Deus nã o permita que isso aconteça.


—Meu cheque está bem. Como o que dei a Kick Start, o dia em
que paguei a Lucas para ir para este verã o.

Fanny era uma dor na bunda, mas ela era afiada. Ela nã o
precisava de nada explicado para ela.

—Tenho que ajudar minha irmã . Ele vai pegar metade disso.

—E as minhas visitas aos sá bados?


Ela ignorou a minha pergunta. —Você sabe, ele tem feito muitas
perguntas sobre sua mã e esta semana. Eu encontrei alguns diá rios
antigos de Sophia. Eles sã o uma leitura muito interessante.
—Ele é jovem demais para ler os diá rios de sua mã e.

—Esse é o problema com os jovens hoje. Os pais os protegem


demais. A realidade nem sempre é perfeita. Quanto mais cedo eles
aprenderem, melhor.

—Há uma diferença entre dar a uma criança uma dose de


realidade e feri-lo por toda a vida.
—Eu acho que nó s temos sorte, cabe a mim determinar o que vai
assustá -lo e o que nã o vai, entã o.

Okay, certo. —E os meus fins de semana?


—Você pode ficar com ele até as seis em vez de cinco quando
voltarmos. Isso vai compensar as horas perdidas.

Inacreditá vel. —Eu prometi a ele que o veria todos os outros


sá bados. Eu nã o quero decepcioná -lo.

Ela deu um sorriso malicioso. —Acho que esse navio já está
navegando.
Meu queixo flexionou. —Nó s temos um acordo.
—Talvez seja hora de renegociar esse acordo. Minha eletricidade
subiu por causa do novo telefone e computador que você comprou
para ele.

—Você recebe seu cheque na hora todos os meses, e eu pago por


muitos extras, como acampamento, material escolar e tudo o que ele
precisa.

—Você quer que ele vá para o acampamento tã o mal. Você o
manté m pelo mê s que eu vou cuidar da minha irmã .

—Eu trabalho até tarde e viajo o tempo todo. — Sem mencionar


que meu trabalho estava em jogo, e eu estaria trabalhando ainda mais
nos pró ximos meses.

Fanny recuou da entrada para a casa. —Parece que você vai


quebrar sua promessa no mê s que vem, entã o, nã o vai? Assim como
você fez com a mã e dele. Algumas coisas nunca mudam.

Ela bateu a porta na minha cara.

Capítulo 7
1 de Agosto
Caro eu,

Hoje fizemos um amigo! Não começou como se fôssemos amigos,


no entanto. Eu estava praticando softball no relvado que os velhos
proprietários deixavam em frente à nossa nova casa, e um menino parou
em sua bicicleta para me ver. Ele disse que eu jogava como uma garota.
Eu disse obrigado, mesmo sabendo que ele não disse isso de uma forma
legal. Bennett desceu da bicicleta e deixou-a cair no chão, sem se
incomodar em usar o suporte. Parecia que ele fazia muito isso porque a
bicicleta estava muito desgastada.
De qualquer forma, ele se aproximou e pegou a bola da minha mão
e me mostrou como segurá-la para que eu não jogasse mais como uma
garota. Passamos o resto da tarde jogando juntos. E adivinha? Bennett e
eu teremos o mesmo professor quando a escola começar na próxima
semana. Ah, e ele não gosta de ser chamado de Ben.

Depois que terminamos de jogar bola, eu ia mostrar a ele a casa


nova. Mas o novo namorado da mamãe, Arnie, estava em casa. Ele
trabalha à noite, então eu não deveria fazer barulho durante o dia
porque ele dorme. Então fomos à casa de Bennett e a mãe dele nos fez
biscoitos. Bennett me mostrou um caderno de anotações que ele fazia.
Ele desenha imagens realmente boas de super-heróis! Adivinha o que
mais? Eu contei a ele sobre a poesia que eu escrevo e ele não riu. Então
hoje meu poema é dedicado a ele.

O verão é chuva.
Uma menina canta lá fora.
Ela se afoga na música.

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.

Anonimamente,
Sophie
Capítulo 8
Annalice

Alguma coisa estava errada.

Nenhum insulto ou comentá rio espertinho desde que entrei em


seu escritó rio vinte minutos atrá s. Eu digitei nossa lista de contas que
cada um concordou em manter e que está vamos enviando para a
equipe. Mas percebi que alguns que está vamos retribuindo já tinham
reuniõ es programadas, e provavelmente deverı́amos comparecer
à quelas para suavizar a transiçã o. Eu reavaliei os clientes e os
encontros enquanto Bennett sentava atrá s de sua mesa, jogando
continuamente uma bola de tê nis no ar e pegando-a.
—Sim. Tudo bem, — ele disse.

—E a campanha Morgan Food? Nó s nã o falamos sobre isso


porque o pedido de proposta ainda nã o havia chegado. Chegou esta
manhã .
—Você pode pega-lo.

Minhas sobrancelhas subiram. Hmmm. Nã o vou questionar isso


em voz alta.
Eu cruzei isso da minha lista e continuei. —Acho que devemos
ter uma reuniã o de equipe - uma reuniã o conjunta. Mostrar a ambas as
equipes que podemos agir como uma só , mesmo que seja apenas um
ato em benefı́cio delas. Isso impulsionará a moral.

—OK.
Eu cruzei outro item, em seguida, coloquei meu bloco e caneta
para baixo e observei-o mais de perto.
—E a campanha Arlo Dairy. Eu pensei que talvez você pudesse
fazer alguns desses esboços de super-heró is com partes do corpo
exagerado para incluir em nossa apresentaçã o.
Bennett jogou aquela maldita bola no ar e depois a pegou.
Novamente. —Isso é bom.
Eu sabia que ele nã o estava prestando atençã o.

—Talvez você possa esboçar a vice-presidente de operaçõ es.


Aposto que ela ficaria ó tima com seios maiores.
Bennett jogou a bola para cima e sua cabeça balançou em minha
direçã o. Seus olhos vidrados pareciam voltar ao foco, como se ele
tivesse acabado de acordar de uma soneca e pela primeira vez me viu
sentada lá .

A bola caiu no chã o.


—O que você acabou de dizer?
—Onde estava você ? Estou sentada aqui há vinte minutos e você
foi tã o agradá vel que achei que poderia estar com gripe ou algo assim.

Ele balançou a cabeça e piscou algumas vezes.


—Desculpe. Eu só tenho muita coisa em mente. —Virando a
cadeira para me encarar, ele pegou um café em sua mesa.
—O que você estava dizendo?
—Só agora ou o tempo todo?

Ele olhou para mim sem expressã o.


Eu bufei, mas comecei de novo. Na segunda vez, quando ele
realmente prestou atençã o, meu adversá rio nã o foi tã o agradá vel. No
entanto, ele ainda parecia desligado. Quando terminamos de ler minha
lista, achei que ele poderia precisar de um pouco de animaçã o.
—Meus pais realmente gostaram de você ...
—Especialmente sua mã e. — Ele piscou.
Agora esse comentá rio parecia mais com o Bennett que eu vim a
conhecer na semana passada.
—Deve ser senilidade de inı́cio precoce. De qualquer forma, eles
me mostraram sua proposta para a campanha publicitá ria deles. Foi
muito boa.
—Claro que foi.

Por um segundo, eu reconsiderei o que passei dias remoendo.


Seu ego ardente nã o precisava de mais fogo. Mas meus pais mereciam
a melhor campanha publicitá ria possı́vel. E essa nã o era a minha,
infelizmente.

—Por mais que me doa dizer isso, suas ideias eram melhores.
Gostarı́amos de avançar na có pia da rá dio e nos esboços das revistas
que você propô s. Eu tenho alguns ajustes e, obviamente, gostaria de
continuar na campanha como a pessoa indicada, mas podemos
gerenciar essa campanha juntos. E deixarei que Jonas saiba que é
minha famı́lia e lhe dou cré dito por trazer o melhor.
Bennett me encarou por um longo momento, sem dizer nada.
Entã o ele se recostou na cadeira, juntou os dedos e olhou para mim
como se eu fosse suspeita.
—Por que você faria isso? Qual é o problema?
—Fazer o que? Dizer a Jonas?

Ele balançou sua cabeça.


—Tudo isso. Estamos no meio de lutar por nossos empregos e
você vai me entregar um que é um ponto fá cil para você .
—Porque é a coisa certa a fazer. Sua publicidade é melhor para o
cliente.
—Porque é a sua famı́lia?
Eu nã o tinha muita certeza sobre a resposta para isso. O fato de
que a vinı́cola de meus pais era um acé falo. Mas o que eu faria se este
fosse um cliente regular que ambos tivé ssemos? Eu sinceramente nã o
sabia se ia entregar-lhe alguma coisa. Eu gostaria de pensar que minha
moral me faria colocar o cliente em primeiro lugar, nã o importa o quê .
No entanto, este era o meu trabalho na linha…

—Bem, sim. O fato de que meus pais tomaram uma decisã o fá cil
de colocar o cliente em primeiro lugar.

Bennett coçou o queixo.


—Tudo bem. Obrigado.
—Você é bem-vindo. — Abri o caderno de tarefas novamente.
—Agora, pró xima ordem de negó cios. Jonas nos enviou um e-mail esta
manhã da campanha Vodka de Vê nus. Ele quer ideias até esta sexta-
feira e nã o quer que digamos a ele quem fez o que. Acho que ele quer
ter certeza de que teremos uma orientaçã o antecipada, porque ele nã o
acredita que poderemos trabalhar juntos o suficiente.
—Você faria isso para qualquer cliente?
—Estar pronta cedo quando o chefe perguntar? Claro.

Ele balançou sua cabeça. —Nã o. Usar minha campanha se você


achar que era melhor que a sua.

Aparentemente eu era a ú nica que tinha mudado de assunto. Eu


fechei meu livro e me recostei no meu lugar.
—Eu sinceramente nã o tenho certeza. Eu gosto de pensar que
colocaria qualquer cliente em primeiro lugar, que eu agiria eticamente
em seu melhor interesse, mas eu amo meu trabalho e investi sete anos
trabalhando na Wren. Entã o, eu tenho vergonha de dizer que nã o
posso responder com certeza.
O rosto de Bennett tinha estado estoico, mas um sorriso lento se
espalhou por ele agora. —Podemos nos dar bem depois de tudo.
—O que você faria nessa situaçã o? Fazer o que é melhor para o
cliente ou para você mesmo?
—Fá cil. Eu chutaria sua bunda e o cliente ficaria em segundo
lugar. Embora, na chance que meu trabalho fosse na verdade o
segundo melhor, seria por um fio de cabelo, entã o o cliente nã o estaria
sofrendo muito.
Eu ri. Um bastardo convencido, mas pelo menos ele era honesto.

—E bom saber o que estou enfrentando.


Nó s passamos a pró xima meia hora passando por questõ es
abertas e entã o decidimos que começarı́amos a campanha de Vê nus no
final do dia porque nó s dois tı́nhamos tardes cheias de reuniõ es.
—Eu tenho um compromisso com um cliente à s duas. Eu
provavelmente posso estar de volta ao escritó rio por volta das cinco,
— eu disse.

—Vou pedir algum jantar. O que você é ? Uma vegetariana,


vegana, taco, beegan?
Eu fiquei de pé .
—Por que eu tenho que ser algum desses?

Bennett deu de ombros.


—Você apenas parece o tipo.
Uma pena rolar de olhos nã o ser uma forma de exercı́cio. Deus
sabe, eu estaria em boa forma depois de estar perto desse homem.

—Eu como qualquer coisa. Eu nã o sou exigente.


Eu cheguei à porta quando Bennett me parou.
—Ei, Texas?

—O que? — Eu precisava parar de responder a esse nome.


—Você já deixou algué m copiar sua liçã o de casa?
Meu nariz enrugou.

—Dever de casa?
—Sim. Na escola. Antigamente. Pode ter sido na escola primá ria,
no ensino mé dio ou até na faculdade.
Madison pode nã o ter feito uma ú nica tarefa de matemá tica por
conta pró pria pela maior parte da á lgebra.
—Claro que sim. Por que você pergunta?

—Nenhuma razã o. —
***
Meu compromisso foi mais longo do que eu esperava, e o
escritó rio estava quase vazio quando voltei. Marina, a assistente de
Bennett - ou melhor, nossa assistente - estava arrumando sua mesa.
—Ei, desculpe, estou atrasada. Você deixou Bennett saber que me
atrasei?

Ela assentiu enquanto puxava sua bolsa da gaveta.


—Você está pedindo o jantar? Porque meu Lean Cuisines está
claramente marcado com o meu nome no freezer na cozinha dos
funcioná rios.
—Umm. Sim. Bennett disse que iria pedir o jantar para nó s.
Ela franziu a testa. —Eu també m tenho duas latas de ginger ale,
quatro palitos de queijo cheddar e uma geleia de uva Smucker
espremida pela metade lá .
—OK. Bem, eu nã o estava planejando jantar com a comida de
algué m na geladeira. Mas é bom saber disso.

—Há menus na gaveta superior direita.


—OK. Obrigado. Bennett está em seu escritó rio?
—Ele foi para uma corrida. Normalmente ele corre de manhã ,
mas ele saiu há cerca de quarenta e cinco minutos, desde que eu lhe
disse que você ia se atrasar. — Marina olhou ao redor da sala, depois
se inclinou para mais perto e baixou a voz. —Entre nó s, meninas, você
pode querer proteger seus suprimentos em torno dele.
—Suprimentos?
—Clipes de papel, blocos de notas, grampeadores - algumas
pessoas por aqui tê m dedos leves, se você sabe o que quero dizer.

—Vou me lembrar disso. Obrigado pela atençã o, Marina.


Vinte minutos depois, Bennett enfiou a cabeça no meu escritó rio.
Seu cabelo estava molhado e penteado para trá s, e ele vestia uma
camiseta e jeans. Ele segurava uma caixa de pizza em uma mã o.
—Está pronta?
—Você pagou por essa pizza ou roubou da Marina?

Ele abaixou a cabeça. —Ela já chegou a você .


Eu sorri abertamente.
—Ela fez. Mas estou curiosa para ouvir a histó ria de você s.

—Bem, a menos que você goste de pizza fria, terá que esperar.
Porque explicar o quanto essa mulher é louca pode demorar um
pouco.

Eu ri.
—OK. Onde você quer trabalhar? —Eu balancei a cabeça para a
caixa na cadeira de hó spedes do outro lado da minha mesa. —Eu
arrumei algumas coisas apenas no caso de você querer ir para outro
lugar.

Ele caminhou em direçã o a minha mesa. —Claro que você fez.


Quer saber o que eu fiz para isso?

—O que?
—Eu peguei dois copos de shot na pequena loja turı́stica do
quarteirã o, para o caso de sentirmos a necessidade de testar o
produto. — Bennett colocou a caixa de pizza em cima da minha caixa e
segurou por baixo. Ele inclinou a cabeça em direçã o à porta.
—Vamos. Vamos nos espalhar na sala de reuniã o. Eu acho que
todo mundo já encerrou o dia. —
***
O mercado de marketing da Foster Burnett era muito diferente
do que tı́nhamos na Wren. Alé m de ser o dobro do tamanho - o que
fazia sentido, já que Foster Burnett tinha o dobro de funcioná rios da
Wren -, foi criado como um salã o de dormitó rios de faculdade. Ambas
salas tinham dois sofá s e uma mesa de café , mas é aı́ que as
semelhanças terminam. Wren tinha moldado citaçõ es inspiradoras,
cavaletes segurando quadros brancos, uma grande mesa de desenho
para esboçar ideias e uma pequena geladeira com refrigerantes. Foster
Burnett tinha uma longa parede pintada de preto que era um enorme
quadro-negro, uma mesa de pebolim, um jogo de arcade de Pac-Man
em tamanho real, pufes coloridos, dezenas de animais de origami
pendurados no teto e duas má quinas de venda de refrigerantes bem
abastecidas da dé cada de 1950 para refrigerantes e salgadinhos, em
que tudo custava apenas vinte e cinco centavos.
—Está sala nã o é nada parecida com o que tı́nhamos no antigo
escritó rio.
Bennett inclinou-se para a frente e arrancou uma segunda fatia
de pizza da caixa, deslizando-a sobre o prato de papel. Ele segurou a
caixa aberta.
—Você está pronta para outra?
—Nã o, obrigado. Ainda nã o.

Ele assentiu e dobrou a pizza ao meio. —Como era as salas da


Wren?
—Menos decoraçã o de dormitó rio e mais construçã o de equipe
corporativa.
—Imagem emoldurada de um bando de lobos com algum slogan
idiota de trabalho em equipe?
Nó s nã o tı́nhamos aquele em particular, mas eu conhecia a
impressã o que ele estava se referindo.
—Exatamente.

—Eu montei está sala quando nos mudamos para este andar.
Tentei fazer com que pusessem alguns chuveiros, mas o RH nã o queria
fazer isso.

—Chuveiros?
—Eu tenho o melhor pensamento no chuveiro.

—Hã . Eu sinto que minhas melhores epifanias vê m no chuveiro


també m. Eu sempre me perguntei por que isso acontece.

—Ele tira todos os estı́mulos externos e permite que nossa mente


mude para o modo de sonhar acordado, relaxando o có rtex pré -frontal
do cé rebro. E conhecido como DMN, rede de modo padrã o. Quando o
cé rebro está em DMN, usamos diferentes regiõ es dele - literalmente
abrindo nossas mentes.
Ele empurrou um quarto de sua fatia em sua boca, parecendo nã o
notar a surpresa no meu rosto.

—Uau. Eu nã o sabia disso. Quer dizer, eu sabia por que à s vezes
precisamos sair do escritó rio ou jogar um videogame para liberar
espaço mental. Mas eu nunca ouvi a explicaçã o cientı́fica por trá s
disso.
Abri a caixa de pizza e tirei outra fatia. Levando em minha boca,
olhei para cima e encontrei Bennett me observando atentamente.

—O quê ? — Eu limpei minha bochecha com o guardanapo na


minha outra mã o. —Eu tenho molho no meu rosto ou algo assim?

—Apenas me surpreendeu você comer mais de uma fatia de


pizza.

Eu estreitei meus olhos.


—Você está dizendo que eu nã o deveria comer mais de um?

Ele ergueu as mã os. —De modo nenhum. Isso nã o foi um
comentá rio de peso.

—Entã o o que isso significa?


Bennett sacudiu a cabeça.
—Nada. Apenas algo que um amigo meu disse sobre garotas que
realmente comem.

—Eu cresci comendo uma tigela de macarrã o como


acompanhamento. Eu posso comer.

Eu peguei os olhos de Bennett fazendo uma rá pida varredura


sobre o meu corpo, como se um comentá rio estivesse prestes a vir,
mas entã o ele empurrou mais pizza em sua boca.

—Entã o, qual é o negó cio com Marina?, — Perguntei.


—Ela fez um inventá rio detalhado da comida que ela tem na
geladeira para que eu soubesse que ela saberá muito bem se algo
estiver faltando.

Bennett caiu no sofá .


—Eu acidentalmente comi seu almoço há dois anos.
—Você pensou que o almoço dela era seu e comeu por engano?

—Nã o. Eu sabia que nã o era meu. Eu nã o trago o almoço. Mas eu
estava trabalhando muito tarde uma noite e pensei que era do Fred da
contabilidade, entã o eu comi. Era um maldito sanduı́che de manteiga
de amendoim e geleia, e agora eu sou acusado de roubar seus lanches
ou algo assim a cada duas semanas.
—Bem, eu soube que a taxa de reincidê ncia para ladrõ es de
almoço pela primeira vez é muito alta.
—Eu cometi o erro de contar a Jim Falcon. Agora de vez em
quando, ele rouba algo da mesa dela e coloca na minha. Ele acha
engraçado, mas eu tenho certeza que ela está a trê s passos de
envenenar meu café .
—Algo me diz que ela nã o é a ú nica mulher a se sentir assim em
relaçã o a você . —

***

Assim que colocamos a pizza de lado, nó s dois nã o concordamos


em nada.

Primeiro, nos revezamos em compartilhar nossas ideias para a


campanha Vodka de Vê nus. A empresa havia solicitado um campo de
marca completo para seu mais recente produto de vodka com sabor.
Precisá vamos criar um pacote coeso: nomes de produtos propostos,
ideias de logotipo, slogans e uma estraté gia geral de marketing. Nã o é
de surpreender que minhas ideias e as de Bennett estivessem a uma
milha de distâ ncia. Todas as minhas sugestõ es tinham um toque
feminino. Todos as de Bennett eram masculinas.
—Homens de dezoito a quarenta anos bebem mais á lcool, —
disse ele.
—Sim. Mas isso é vodka com sabor. Mel com sabor. Os principais
bebedores de bebidas alcoó licas com sabor sã o mulheres.
—Isso nã o significa que temos que pintar a garrafa de rosa e
vendê -la com um canudo dentro.

—Eu nã o estava sugerindo isso. Mas Buzz nã o é um nome


feminino.

—E quando você adiciona uma abelha no ró tulo. Se a marca for


muito feminina, os homens nã o vã o pegar a garrafa para levar para o
caixa.

—Você está falando sé rio? Você está realmente sugerindo que, se
algo é muito feminino, os homens nã o vã o querer?
—Eu nã o estou sugerindo isso. E um fato.
Nó s está vamos discutindo pela ú ltima meia hora. Se ı́amos
chegar a algum lugar trabalhando juntos, precisá vamos gastar menos
tempo tentando gritando com o outro e mais tempo inventando ideias.
Suspirei.
Que pena.
Eu realmente amei a vodka Buzz com uma abelha no ró tulo.

—Eu acho que precisamos de um sistema.


— Claro que sim— resmungou Bennett.
Eu fiz uma careta.
—Cada um de nó s recebe trê s vetos. Se um de nó s invoca poder
de veto, isso significa que achamos que o conceito é totalmente
impraticá vel, e nã o faz sentido tentar moldá -lo em uma campanha. Se
um de nó s vetar, temos que seguir em frente e nã o tentar debater por
que é uma boa ideia. — Olhei para o reló gio. —Já sã o quinze para as
oito. Poderı́amos passar a noite toda discutindo.

—Bem. Se você desistir de sua campanha de abelhas, vamos fazê -


lo. — Bennett olhou para o reló gio. —E sã o sete e cinquenta e um, nã o
quinze para as oito.

Sim. Outro revirar dos olhos.


Bennett decidiu jogar Sra. Pac-Man para tentar limpar a cabeça.
Eu precisava relaxar um pouco para entrar no modo de debate
també m. Entã o eu tirei meus saltos e me levantei. O ritmo me ajudou a
pensar. Eu sacudi minhas mã os enquanto caminhava.

—Vodka mel… sabor de mel. Doce. Açú car. Doces. — Comecei a


percorrer as associaçõ es de palavras em voz alta. —Xarope. Colmeia
Bzz. Bzz. Difusa. Amarelo.

—Que diabos você está fazendo? — O som de seu Pac-Man sendo


devorado pontuou sua frase.
Eu parei.
—Tentando limpar minha mente e começar a ter um pensamento
fresco.
Bennett sacudiu a cabeça.

—Suas divagaçõ es estã o fazendo o oposto de limpar a minha. Eu


tenho uma ideia melhor para você .
—O que? Correr para casa e tomar banho?
Ele enfiou a mã o na caixa que trouxe para mim e pegou a garrafa
selada e sem ró tulo que Vê nus mandou com a RFP. Entã o ele tirou dois
pequenos copos do bolso.

Eu pensei que ele estava brincando mais cedo quando ele disse
que os comprou em preparaçã o para a nossa sessã o de debate.
—Precisamos provar o produto. Nada como um pouco de á lcool
para limpar sua mente.
Capítulo 9
Bennett
Annalice O’Neil era um peso leve.
Nó s só tomamos dois copos - para fins de pesquisa, é claro - e seu
comportamento já havia mudado.

Ela acenou com o dedo indicador no ar. A ú nica coisa que faltava
era uma lâ mpada em uma bolha acima de sua cabeça. —Deixa comigo.
Eu sou tão querida.
Ela pronunciou o querida, como se estivesse com tesã o. Entã o
começou a rir.
Eu gostava da Annalice bê bada.

—Essa é realmente uma boa ideia.


—Nã o é ?
—Exceto que já está tomada.

—Nã oooo.

—Sim. Há uma cerveja pá lida chamada Eu sou tão querida. E
realmente muito bom.
—Você provou?

—Claro. Como eu poderia ver uma cerveja com esse nome e nã o a
comprar para o meu amigo? Quem nã o comprou uma garrafa de vinho
Mé nage à Trois para uma festa pelo mesmo motivo Annalice balançou
os pé s descalços sobre a mesa de café . —Eu! Eu nunca comprei.

—Bem, isso é porque você é tensa


Seus olhos se arregalaram.
—Eu nã o sou tensa.

—Entã o você teve um mé nage à trois? — Era divertido foder com
ela.

—Nã o. Mas isso nã o me deixa tensa.


Inclinei-me para a frente e despejei mais duas doses de vodka.
Annalice hesitou, mas eu incentivei. —Mais um. Isso ajudará a limpar
sua mente.

Ela fez uma careta depois dos dois primeiros tiros. Mas este
desceu suave. Sim. Annalice era definitivamente uma maldita peso
leve.

Ela bateu o copo vazio na mesa um pouco demais. —Mé nage à


blah. Eu fui afastada uma vez por nã o querer participar.
Minhas sobrancelhas saltaram. Isso nã o era o que eu esperava
ouvir de sua boca. —Seu namorado queria que você dormisse com
outro cara?

—Sim. No meu primeiro ano de faculdade. E, claro, ele iria


dormir com outra mulher.
Eu tomei minha dose.

—Isso nunca me atraiu. Eu nã o sou grande fã em compartilhar


uma mulher.

Annalice bufou ao rir.


—Talvez você devesse namorar comigo. Isso vai fazer você
querer dormir com outras mulheres.

Deixei esse comentá rio afundar em um minuto antes de


responder. Ela acabou de me dizer que ela é ruim na cama? —Ummm...
volte novamente?
Ela gargalhou com tanta força que ela se inclinou no sofá . Eu nã o
tinha ideia do que diabos ela estava rindo, mas eu comecei a rir
també m. Observá -la se soltar e se divertir com seus pró prios
comentá rios era muito engraçado.

Quando sua risada embriagada parou, ela soltou um suspiro


melancó lico.

—Os homens sã o uma merda. Sem ofensa.

Dei de ombros. Os homens sã o assim, especialmente eu. —


Nenhuma tomada.

—Desculpa. Eu acho que as doses subiram para a minha cabeça.


— Ela se endireitou e alisou o cabelo. —Vamos voltar ao debate. Meu
cé rebro fez um desvio, aparentemente.

—Oh nã o, você nã o vai. Você nã o pode simplesmente deixar sair
isso de namorar, fazer os homens dormirem com outras mulheres e
seguir em frente. Eu sou um homem, lembra? Eu sou pé ssimo. Eu nã o
posso seguir em frente sem uma explicaçã o. Você é mal na cama ou
algo assim?

Annalice forçou um sorriso, mas era muito triste. —Nã o. Pelo


menos eu nã o penso assim. Eu tenho ouvido que sou boa em... —Ela
olhou para baixo e depois voltou para mim sob os cı́lios grossos. —…
certas coisas. Eu só quis dizer porque fui descartada por recusar
trocar uma vez e agora… meu namorado… ex-namorado… Andrew e
eu… estamos dando um tempo.
Essa resposta continha muitas informaçõ es, mas eu nã o consegui
passar por certas coisas.

Ela era flexı́vel?

Sabia chupar bem?


Uma vez conheci uma mulher que fez essa coisa incrı́vel com
minhas bolas...
Eu engoli. Porra.
—Ummm... você está certa. Devemos voltar ao trabalho.
Desculpe-me por um minuto. — Eu me levantei abruptamente e fui ao
banheiro para jogar á gua no meu rosto. Poucos minutos depois,
consegui afastar meus pensamentos dos talentos que Annalice poderia
ter.
Voltando a sala, sentei-me em frente a ela. —E sobre o mel
selvagem? Homens e mulheres respondem bem à palavra selvagem.
Podemos comercializar por alguma associaçã o com o nome - festas
selvagens, aventuras selvagens, animais selvagens.
Annalice pareceu ponderar minha sugestã o por um tempo. Pelo
menos é o que eu supus que ela estava fazendo até que ela falasse.
—Você é o cara. O que realmente significa um tempo para você ?
Merda. Eu respondo honestamente ou digo a ela o que ela quer
ouvir?
—Veto.
Sua testa se enrugou.

—O que?
—Você disse que cada um de nó s tem trê s vetos, e quando um de
nó s odeia algo que o outro fala, tudo o que temos a fazer é dizer veto e
seguimos em frente - sem debater a ideia. Eu estou invocando meu
primeiro poder de veto. Eu nã o estou tocando essa pergunta.

—Vamos. Eu realmente quero saber. Eu só tenho a perspectiva de


uma mulher. E você nã o me parece o tipo de cara para me chatear.
Eu a estudei com cuidado. Ela estava rindo há alguns minutos,
mas ela també m parecia sincera em querer uma resposta. Entã o eu
respirei fundo.
—OK. Para mim, estar pedir um tempo significa que eu quero ter
meu bolo e comê -lo també m. Nã o quero me comprometer com apenas
uma mulher, mas també m nã o quero que ela se comprometa com mais
ningué m, caso chegue o dia em que eu decidir que estou pronto para
me estabelecer. Entã o eu a mantenho no gancho, enquanto eu vou
pescar em outro lugar por um tempo.
Ela franziu a testa.
—Andrew disse que precisava descobrir quem ele é . No dia dos
namorados. Eu fui chutada no dia dos namorados.
Que idiota.

—Quanto tempo você s estavam juntos?


—Oito anos. Desde o primeiro ano da faculdade.
Ela provavelmente me odiaria por isso, mas algué m tinha que
dizer a verdade. —Entã o ele tem o que... vinte e oito... trinta?
—Vinte e nove. Ele tem um ano a mais do que eu.
—Ele está traindo você por aı́.

Seu queixo caiu.


—Você nem conhece ele.

—Nã o precisa. Nenhum homem de vinte e nove anos de idade


que adora uma mulher vai a afastar porque precisa se encontrar.
Especialmente na porra do Dia dos Namorados.

Ela endireitou sua espinha. —E você sabe disso porque você é um


cara pé no chã o?
—Nã o disse isso. Na verdade, sou o oposto de um cara pé no
chã o. Nunca tive uma namorada no Dia dos Namorados. Eu me
certifico de me livrar delas antes, entã o nã o há expectativa de luz de
velas e romance. E por isso que posso dizer com certeza que seu ex
nã o precisa realmente de uma pausa para se encontrar. Porque é
preciso um idiota para reconhecer outro.
Os olhos azuis de Annalice brilharam. Seus lá bios franziram e
suas bochechas ficaram vermelhas de raiva. Se eu estivesse errado, eu
era o idiota que eu tinha acabado de admitir antes, o fato de que vê -la
ficando chateada fez meu pau contorcer teria provado isso.
Ela me encarou por dois minutos e depois se levantou para ficar
na mesa de pebolim. —Vamos, — ela disse. —Eu sinto a necessidade
de chutar o seu traseiro. —
***

Foi horas mais tarde antes de termos feito algum progresso real.
Mas uma vez que começamos, seguimos rapidamente, e nó s dois
realmente começamos a nos entender. Eu diria uma coisa, ela pegaria
e fugiria por um tempo, isso geraria uma ideia em mim, e na ú ltima
meia hora, nó s tı́nhamos um nome, esboçamos uma ideia difı́cil para
um logotipo e anotamos uma dú zia de conceitos de anú ncios
complementares.

Annalice bocejou.
Eu dei uma olhada no meu reló gio.
—E quase meia-noite. O que você acha de encerrarmos a noite?
Nó s temos um bom começo. Eu posso trabalhar no logotipo amanhã de
manhã e pegar algo desenhado no Mac. Talvez possamos lançar mais
algumas ideias na quarta-feira para que possamos descobrir quais
delas queremos apresentar a Jonas.

Ela se inclinou e se apoiou seus calcanhares. —Isso soa bem.


Estou exausta. E acho que posso estar começando a estragar essas
fotos, se é que isso é possı́vel.

Com ela se inclinando assim, a blusa estava aberta e eu tinha uma


visã o clara de sua camisa. A coisa cavalheiresca a fazer teria sido
afastar os olhos. Mas você já sabe que eu sou um idiota. Alé m disso...
ela usava um sutiã de renda preta. Renda preta contra a pele pá lida é a
minha criptonita - algo sobre o contraste deixou minha imaginaçã o
correr solta como um cozinheiro na cozinha, prostituta na fantasia do
quarto.

O que me fez pensar...


Aposto que ela ficaria ó tima em um chapé u de chef e saltos.
Eu definitivamente precisava transar. Nã o é uma boa ideia estar
fantasiando sobre algué m no trabalho, nã o com uma mulher que
planejei aniquilar. A notı́cia da fusã o poderia ter esvaziado minha
perpé tua ereçã o, mas aparentemente a senhorita O’Neil havia me
puxado para aquele perı́odo de seca. Nã o era a primeira vez que meu
pau se animou ao redor dela.

Eu desviei meus olhos bem na hora, meio segundo antes que ela
olhasse para mim.

Seu sorriso era genuı́no.

—Nó s fizemos bem esta noite. Eu admito, eu nã o tinha certeza se


poderı́amos trabalhar juntos.

—Eu sou fá cil de trabalhar.

Ela revirou os olhos - uma resposta comum aos meus


comentá rios, eu notei. Mas desta vez, foi mais brincalhã o do que real.

Nó s empacotamos o que tı́nhamos trazido para o escritó rio, e


Annalice embrulhou a pizza que sobrou em um papel alumı́nio que
encontrou em uma gaveta.

—Posso pegar emprestado o caderno que você estava usando


para esboçar antes? Eu quero rotular isso.
Eu enfiei a mã o no bolso e entreguei a ela. Em letras grandes e
ousadas, ela escreveu na frente da folha de prata: MARINA NAO.

—Ela vai pensar que eu fiz isso.


Ela sorriu.

—Eu sei. Eu concordei que você era fá cil de trabalhar. Eu nã o
disse que você nã o era um idiota. Eu vi você olhando para baixo da
minha camisa antes.

Eu parei, sem saber como reagir ao comentá rio dela, e fechei os


olhos. O som de seus saltos estalando no chã o me disse quando era
seguro abri-los. A poucos passos da porta, ela falou sem parar ou se
virar. Mas eu poderia dizer pela voz dela que ela estava se divertindo.

—Boa noite, Bennett. E pare de olhar minha bunda.


Capítulo 10
Annalice

Eu nã o ia a academia a mais de trê s meses.

Andrew era uma criatura de há bitos e ia diariamente à s seis da


manhã em ponto. Eu tentei me juntar a ele pelo menos trê s dias por
semana quando está vamos juntos, mesmo que eu preferisse me
exercitar à noite. Mas depois que nosso intervalo começou, ficou
estranho vê -lo lá . Nó s acenarı́amos e dirı́amos olá . Uma ou duas vezes
nó s conversamos. Mas o adeus no final da nossa conversa fez meu
coraçã o doer novamente. Eu parei de ir para a minha sanidade.

Até hoje.

Eu nã o tinha ideia do que me possuiu para escolher hoje de todos


os dias para voltar para a academia, especialmente porque já era
quase uma da manhã quando cheguei do trabalho ontem à noite. Mas
cheguei à s cinco e cinquenta, querendo já estar na esteira quando
Andrew entrar... se ele entrasse. Nã o nos vı́amos há mais de dois
meses, desde o casamento de um amigo em comum da faculdade, e
fazia quase trê s semanas desde que trocamos mensagens.

Escolhendo uma escada rolante no canto - uma com uma visã o


direta da saı́da do vestiá rio, bem como da porta da frente -, coloquei
meus fones de ouvido e escolhi Pandora no meu iPhone.

Os primeiros cinco minutos foram difı́ceis. Talvez evitar todos os


exercı́cios juntos nã o tenha sido uma boa ideia, afinal. Eu bufei e
ofeguei como um fumante de dois maços por dia até que finalmente
minha adrenalina entrasse, e eu encontrei meu ritmo.

Embora encontrar meu ritmo nã o me impediu de olhar para as


portas como se eu estivesse esperando por Ryan Reynolds entrar a
qualquer segundo.
As seis e dez, senti meus ombros começarem a relaxar. Andrew
nunca se atrasou. Ao contrá rio de mim, ele era um defensor do tempo.
Ele nã o deve estar vindo hoje. Por tudo que eu sabia, ele podia estar
longe ou até mesmo mudado de academia. Embora o ú ltimo nã o fosse
muito prová vel. Andrew nã o mudava-ele comia a mesma torrada de
trigo integral com duas colheres de manteiga de amendoim orgâ nica
à s cinco e quinze, todas as manhã s, e entrava na porta da academia à s
seis horas. As sete horas, ele se sentava em frente ao computador em
sua mesa para começar sua escrita diá ria.

Com a ansiedade de antecipar sua chegada se dissipando,


aumentei a velocidade para 10 quilô metros por hora e tomei a decisã o
mental de nã o parar até correr um quilô metro e meio. Provavelmente
era melhor que ele nã o aparecesse e me encontrasse desde que eu
estava me sentindo tã o mal ultimamente, de qualquer maneira.

Depois que eu alcancei o marcador de trê s milhas, fiz uma


caminhada de dez minutos e entã o limpei a má quina. Eu nã o tinha
trazido roupas para tomar banho, mas eu precisava pegar minha bolsa
no armá rio e parar no banheiro feminino antes de ir para casa para me
preparar para o trabalho. Eu fiz a metade do caminho para o vestiá rio
quando a porta da frente se abriu e duas pessoas entraram, sendo
Andrew a segunda pessoa. Meu coraçã o disparou mais rá pido do que
na esteira. E isso foi antes da mulher que entrou antes dele se virar
para rir do que ele acabou de dizer.

Eles vieram juntos.

Eu parei no lugar cerca de dois segundos antes que Andrew


olhasse para cima e me visse. Eu devo ter parecido com um cervo nos
faró is prestes a ser atropelado por um caminhã o Mack. Ele disse algo
que eu nã o consegui ouvir para a mulher com quem ele entrou, e ela
olhou para mim, franziu a testa e se dirigiu para as má quinas elı́pticas.

Andrew deu alguns passos hesitantes em minha direçã o.

—Ei. Como você está ? Eu nã o esperava ver você aqui.


Obviamente.
Eu balancei a cabeça e engoli o gosto amargo na minha garganta.

—Você está atrasado.

—Eu mudei minha rotina. Escrevendo no final do dia. Mesmo à


noite, à s vezes.
Eu forcei um sorriso falso.

—Isso é ó timo.
—Eu ouvi sobre Wren. Como vã o as coisas com a fusã o?
—Está difı́cil.

Essa conversa fiada estava me matando. Eu olhei por cima do


meu ombro e encontrei a mulher com quem ele estava, nos
observando. Ela virou a cabeça imediatamente. Meu orgulho queria
que eu nã o a mencionasse e escapasse com a cabeça erguida.
Mas eu nã o consegui evitar.
—Nova parceira de treino?

—Nó s nã o chegamos juntos, se é isso que você está pensando.


Eu nã o conseguia mais segurar minhas emoçõ es. Meu lá bio
começou a tremer, entã o eu o mordi. O gosto do metal inundou minha
boca enquanto eu sugava o sangue.
—Eu preciso começar a trabalhar. Foi bom ver você . —Eu fui
embora antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Mas ele nunca fez
uma tentativa de me impedir.

***

Dizer que me distraı́ esta manhã era um eufemismo. Eu passei


trê s horas respondendo a meia dú zia de e-mails e olhando para uma
có pia que precisava de aprovaçã o ao meio-dia, mas ainda nã o consegui
passar das duas primeiras frases. Eu també m nã o devo ter ouvido
Bennett entrar no meu escritó rio ou até começar a falar.
—Terra para o Texas.

Eu olhei para cima.


Ele acenou com as mã os na minha linha de visã o.

—Você está aı́?


Eu pisquei algumas vezes e balancei a cabeça.
—Desculpa. Eu estava sonhando acordada com uma campanha.

Bennett apertou os olhos como se soubesse que eu estava cheia


de merda, mas surpreendentemente, ele deixou passar. —Venha
comigo. — Ele acenou com a cabeça em direçã o à porta do meu
escritó rio.
—Onde?
—Apenas venha. Eu quero te mostrar algo.

A luta foi sugada de mim hoje. Entã o eu suspirei e me levantei.


Segui-o até uma sala no fim do corredor que continha um arquivo com
contas fechadas. Ele abriu e tirou um arquivo aleató rio.

—Confira a Marina.
Eu olhei para o arquivo. Qualquer pá gina que estivesse no topo
estava de cabeça para baixo.

—Hã ?
Ele discretamente apontou os olhos na direçã o de nossa
assistente, cuja mesa estava em nossa linha de visã o no final do
corredor.
Seguindo seus olhos, os meus se arregalaram —Isso é ...
Ele virou uma pá gina no arquivo de cabeça para baixo e sorriu de
orelha a orelha.
—Sim. Acho que sim. Fiz uma caminhada por aı́ e verifiquei o lixo
dela: duas bolas de papel amassadas. E as nossas sobras estã o
faltando. Eu fui procurá -las para almoçar e, quando ela me viu passar,
ela sorriu como se estivesse no ô nibus da cidade com Jack Nicholson
dirigindo para ir pescar.

Eu ri - algo que eu nã o acho que faria por um tempo depois desta
manhã .
—Você sabe o que eu penso?

—O que?
Eu fechei a pasta que ele estava fingindo olhar e larguei no
arquivo.

—Eu acho que você s dois sã o loucos. — Eu bati a gaveta.


Ele me seguiu de volta ao meu escritó rio.
—Pelo menos quando eu comi o dela, foi um acidente legı́timo.

—Certo. Você quis roubar de outra pessoa.


—Exatamente.

Eu sentei atrá s da minha mesa. Bennett se sentou na cadeira de


visitante. Aparentemente, ele nã o estava saindo.
—Você trouxe o almoço?

—Nã o. Esqueci na geladeira em casa, na verdade.


Ele pegou uma pequena moldura na minha mesa e examinou-a.
Ele segurou uma foto de mamã e e eu no dia do seu casamento com
Matteo. Andrew havia aceitado. Bennett sorriu e colocou de volta.
—Minha garota estava linda.
Eu balancei a cabeça. Idiota.

—Eu tive uma reuniã o de almoço cancelada. Quer encomendar e


posso mostrar-lhe os novos conceitos de logotipo que fiz esta manhã ?
Estou com vontade de grego.

Deus, ele já desenhou novos logotipos. Eu nã o podia me dar ao


luxo de me distrair.
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—Certo. Vou pegar um gyro com o molho ao lado.
—Otimo. — Ele se levantou.

—E eu vou querer um falafel com um pedido lateral de batatas


gigantes - essas coisas de batata frita.

—O que você está me dizendo?

Ele enfiou as mã os nos bolsos.


—Entã o você pode pedir. O nome do lugar é o Palá cio de
Santorini. Está na rua principal.

—Eu? Por que estou pedindo? Você me pediu para pedir com
você .

Ele puxou uma carteira do bolso e tirou duas notas de vinte.

—Eu vou pagar. Mas você tem que pedir.

—Está mandando ou algo assim?


Ele caminhou até a minha porta.

—Saı́ com a mulher que aceita os pedidos há alguns meses. Sua
famı́lia é dona do lugar.
—E mesmo?

—Eu nã o quero que ela cuspa na minha comida.


Eu balancei a cabeça.

—Você é inacreditá vel. —

***
—O amarelo e o preto parecem realmente bons.

Acabamos de terminar o almoço, e Bennett me mostrou quatro


versõ es diferentes do logotipo que ele havia desenvolvido esta manhã
com base nos esboços que criamos na noite passada. Ele realmente era
um artista talentoso. Eu apontei para o ú ltimo.

—Eu gosto deste, é o melhor. A fonte é mais nı́tida.


—Vendido. Nó s vamos seguir em frente com isso para o nosso
encontro com o Jonas na sexta-feira. Você fez algum progresso no
slogan e nas ideias de anú ncios?
—Eu... meio que tive uma manhã ruim.

—Colocou a cabeça presa no limpador de para-brisa de outro


cara bonito?
Eu sorri sem entusiasmo.

—Eu gostaria. Eu só … eu tive um começo difı́cil para o dia.

Como se na sugestã o, meu telefone começou a zumbir. Andrew


piscou na tela. Eu olhei para ele.

Depois do segundo toque, Bennett olhou para mim.


—Você nã o vai responder isso? Andy está ligando.

—Nã o.
Pensei que tinha escondido minha tristeza, mas depois que o
telefone parou de tocar, Bennett disse.

—Você quer falar sobre isso?


Meus olhos saltaram para os dele. Sua preocupaçã o parecia
genuı́na.

—Nã o. Mas obrigada.

Ele assentiu e me deu um minuto sozinha, enquanto limpava


nossos pratos de comida vazios. Quando ele sentou novamente, ele
virou o papel que tinha trazido com os logotipos e começou a
desenhar algo.
—Eu tenho uma ideia para um anú ncio.

Fiquei olhando para o papel o tempo todo que ele esboçou,


perdida em pensamentos.
—O que você acha?

Suspirei.

—Eu encontrei Andrew na academia esta manhã com outra


mulher.
Bennett pegou o papel que acabou de esboçar e amassou em uma
bola. Ele recostou-se na cadeira, esticou as longas pernas na frente
dele e cruzou os braços sobre o peito.
—Você acabou de se deparar com ele?

Eu pensei em dizer sim, mas decidi admitir que eu era uma


perdedora. Abaixei minha cabeça e balancei.
—Quem era a mulher?

—Eu nã o sei. Ele nã o disse.

—O que ele disse?


—Nã o muito. Ele ficou definitivamente surpreso em me ver. Eu
nã o ia ao giná sio há algum tempo desde que ficou estranho vê -lo lá .

—E você tem certeza que eles sã o um casal?


Dei de ombros. —Ele disse que eles nã o foram juntos. Eu acho
que ele viu na minha cara o que parecia para mim da mesma forma
que nó s dois costumá vamos entrar na academia juntos depois de
passar a noite na minha casa.

—Você mesma disse que podiam ver outras pessoas.

—Dizer e ver sã o duas coisas diferentes.


Meu telefone começou a zumbir novamente. Nó s dois olhamos
para ver o nome de Andrew piscando no telefone. Antes que eu
pudesse detê -lo, Bennett pegou meu telefone e deu um toque para
responder.

—Olá ?

Meus olhos saltaram da minha cabeça enquanto eu olhava com


um aviso de morte para ele.

—Ela está ... — Ele parou por alguns segundos. Pelo menos eu
acho que é quanto tempo foi; meu coraçã o parou de bater. —…
ocupada nesse momento.

Ele ouviu e depois balançou a cabeça.

—Sou Bennett, um bom amigo de Annalice. E quem é você ? —


Silê ncio.

—Arthur. Sim. Eu vou deixá -la saber que você ligou. —Pausa. —
Oh. Andrew. Tudo bem, Andy. Se cuide.
Bennett desligou a chamada e jogou o telefone de volta na mesa.

—O que diabos você acabou de fazer?

—Dei ao idiota algo em que pensar.


—Você tem muita coragem pegando meu telefone e
respondendo.
Ele inclinou a cabeça, entã o está vamos de olhos erguidos e nos
encarando. —Algué m tem que ter bolas com aquele idiota. —
Entã o ele se levantou e saiu do meu escritó rio.
Capítulo 11
Bennett
As mulheres sã o sentimentais demais.

Eu reli o e-mail de Recursos Humanos pela terceira vez.


Bennett,
Como você sabe, a recente fusão deixou muitos funcionários
ansiosos com o status de longo prazo de suas posições aqui na
Foster, Burnett e Wren. Por causa disso, as declarações da
administração podem ser escrutinadas pelos funcionários de uma
maneira que não haviam sido antes.

Como tal, pedimos que você, assim como todos os gerentes


seniores, esteja ciente da sensibilidade de suas respostas aos
funcionários. Por favor, abstenha-se de críticas como dizer a um
funcionário que ele faz “coisas muito grandes” e “engula isso”.
Embora nenhuma queixa formal tenha sido apresentada, esses
tipos de comentários podem ser considerados assédio e torna a um
funcionário o ambiente de trabalho difícil.

Obrigada,
Mary Harmon

Sabia exatamente quem havia reclamado. Finley Harper. O nome


nã o grita, eu tenho um pau na minha bunda? Isso era tudo culpa de
Annalice. Finley foi um transferido da Wren, claro.

Ningué m da minha equipe havia ido para o RH. Inferno, na


semana passada eu disse a Jim Falcon que eu nã o me importava se ele
tivesse que explodir o cliente, eu estava atirando na bunda dele se o
CEO da Monroe Paint nã o saı́sse da sala de conferê ncia sorrindo como
o fodido idiota que ele era depois que nossa reuniã o acabou.
Eu balancei a cabeça. Annalice e seu maldito có digo de cores e
espı́rito de equipe. Ela provavelmente chora junto com as pessoas que
ela tem que brigar. E, pensando nisso, onde diabos ela estava? Eu nã o a
via desde ontem na hora do almoço quando atendi a ligaçã o do idiota
do seu ex.

Talvez eu devesse começar a dizer e fazer o oposto de tudo que


pensei a partir de agora em torno dessas pessoas de Wren. Da pró xima
vez que Finley gastar meia hora reclamando que um cliente nã o gosta
de desenhos feitos de acordo com suas especificaçõ es exatas, em vez
de dizer a ela para engolir tudo e voltar ao trabalho, vou me sentar e
perguntar como é que ela se sente em ter um cliente insatisfeito com o
trabalho dela. Talvez com um pouco de chá .

E Annalice - quando ela me perguntar o que eu penso sobre o seu


chamado intervalo, em vez de ser honesto e dizer a ela que seu pau de
ex namorado quer que seu pau seja chupado por algué m que nã o seja
ela, eu explicarei que é normal para os homens querer um perı́odo de
separaçã o de vez em quando, e que eu apostaria dó lares em donuts,
que ele voltará um homem mais feliz e mais bem ajustado por causa
de sua compreensã o.

Acordem fodidas pessoas.

Eu apertei para responder e comecei a digitar uma resposta para


Mary do RH, entã o pensei melhor. Em vez disso, procurei a senhorita
luz do sol, que nunca entregou a có pia para nosso encontro com Jonas
amanhã .
A porta de Annalice estava aberta, mas a cabeça dela estava
enterrada na tela do computador. Eu bati duas vezes para chamar sua
atençã o e entã o entrei.

—Antes de eu dizer alguma coisa, você está gravando essa


conversa para trazer para o departamento de Recursos Humanos? Se
assim for, deixe-me voltar para o meu escritó rio e trocar para as
minhas calças cor-de-rosa.

Ela olhou para cima e parecia que eu tinha sido atingido por uma
marreta no peito.

Chorando.

Annalice estava chorando. Pelo menos ela tinha feito


recentemente. Inconscientemente, esfreguei uma dor surda no lado
esquerdo das minhas costelas.

Seu rosto estava vermelho e inchado, e uma linha de rı́mel


percorria sua bochecha.

Dei alguns passos de volta para a porta e, por uma fraçã o de


segundo, debati nã o parar. Quero dizer, porque ela poderia estar
chorando? As chances sã o, ou era trabalho ou seu ex. Eu era a pessoa
menos competente para dar conselhos de relacionamento a algué m. E
trabalho? Esta mulher era minha adversá ria, pelo amor de Deus.
Ajudá -la estava me ajudando a perder um maldito trabalho.

No entanto, em vez de caminhar de volta para o limiar, encontrei-


me puxando a porta fechada comigo ainda dentro.

—Você está bem? — Minha voz estava hesitante.

As mulheres eram sempre imprevisı́veis, mas uma mulher


chorando precisava ser tratada como um puma ferido deitado na
planı́cie que você está tentando atravessar. Ela podia continuar a
sentir dor, lambendo os ferimentos infligidos por outra pessoa em
silê ncio, ou ela poderia decidir a qualquer momento rasgar um
espectador inocente e se deleitar com ele para o almoço.

Basicamente, eu estava com medo de uma mulher em lá grimas.

Annalice endireitou-se na cadeira e começou a folhear papé is em


volta da mesa.
—Bem. Estou terminando a có pia da reuniã o da Vê nus com Jonas
amanhã . Desculpe, eu nã o fui até você mais cedo. Eu acabei ficando...
ocupada.
Ela abriu uma brecha, dando-me a chance de parar de discutir
qualquer coisa pessoal, e novamente eu nã o consegui fazer essa saı́da.
O que diabos estava errado comigo? Ela estava acenando o cartã o
Avance Por Aqui (Colete $ 200) na minha cara; no entanto, estendi a
mã o e peguei o cartã o Vá Diretamente para a Prisão do jogo.

Sentei em uma cadeira de visita na minha frente.


—Você quer falar sobre isso?
Que porra é essa?

Isso acabou de sair da minha boca?


Novamente?

Eu sabia que nã o deveria ter assistido ao The Notebook algumas


semanas atrá s, mas eu estava de ressaca demais para me levantar e
encontrar o controle remoto para mudar de canal.

Annalice olhou para cima mais uma vez. Desta vez nossos olhos
se encontraram. Eu assisti enquanto ela tentava fingir que nada estava
errado e entã o... seu lá bio inferior começou a tremer.

—Eu... eu falei com Andrew há pouco tempo.


O babaca. Otimo. Ele a machucou pelo telefone enquanto ela está
no trabalho. Qualquer cara que profere as palavras —Devemos fazer
uma pausa— nã o tem bolas para começar.
Eu nã o tinha ideia do que dizer, entã o eu fui com o mı́nimo
possı́vel - menos prová vel que eu colocasse meu pé na minha boca. —
Desculpe.

Ela fungou.
—Eu tentei nã o ligar para ele. Eu realmente fiz. Ele me enviou
alguns textos depois que você atendeu meu telefone ontem, dizendo
que precisá vamos conversar. Mas estava me deixando louca ver seus
textos e nã o responder. — Ela riu entre as lá grimas.

—Mais louca do que ter meus ı́cones em todas as pastas erradas


me deixou na ú ltima semana.
Eu sorri abertamente.

—Você bem-vinda. Eu provavelmente acrescentei trê s anos à sua


vida ajudando a superar os demô nios do controle organizacional.
Annalice abriu a gaveta e tirou um lenço de papel. Enxugando os
olhos, ela disse: —Quantos anos eu recebo de volta se os consertei
depois de quatro dias?
Eu balancei a cabeça.

—Vamos trabalhar nisso. Na semana que vem, você me dará sua


lista de tarefas completas e tentaremos fazer isso cinco dias sem que
você verifique essa merda.

—Como você sabe que eu tenho uma lista de tarefas completa?


Eu dei a ela um olhar que dizia Você está brincando comigo,
Capitão Óbvio?

Ela suspirou.
—Eu aposto que Andrew sabia que eu iria chamá -lo de volta
també m.

Eu també m nã o tinha dú vidas sobre isso. O cara era um idiota
porque sabia o que podia fazer e a mantinha pendurada no final desse
ponto.

—Eu posso ser a ú ltima pessoa a dar conselhos sobre


relacionamentos, mas conheço homens. E qualquer cara que termina
as coisas pelo telefone é um idiota e nã o vale suas lá grimas.
—Oh. Andrew nã o acabou com as coisas.

—Ele nã o fez isso? Entã o por que você está chorando?
—Porque ele me pediu para encontrá -lo amanhã depois do
trabalho para o jantar.
Eu franzi minhas sobrancelhas.
—Estou perdido. Por que isso é ruim?

—Porque Andrew é um bom homem. Ele nã o iria me dizer que


está completamente fora por telefone. — Seus olhos começaram a se
encher de lá grimas novamente.

—Ele me pediu para encontrá -lo depois do trabalho no Royal


Excelsior. Tenho certeza que é porque ele vai me comprar um jantar
caro antes de terminar as coisas pessoalmente.

—O Royal Excelsior? Nã o é esse o lugar no Royal Hotel no centro


da cidade? Eu tenho um cliente a poucos quarteirõ es de distâ ncia.
Ela assentiu e enxugou o nariz.

OK. Entã o eu sou um homem grande o suficiente para admitir


quando estou errado. E, obviamente, eu estava errado pensando que
seu ex era idiota o suficiente para acabar com pelo telefone. Eu nã o
tinha percebido que o cara era um idiota gigante e ia fodê -la primeiro
antes de acabar com ela.
—Você nã o deveria ir encontrá -lo.

Annalice ofereceu um sorriso triste. —Obrigada. Mas eu preciso.


Eu lutei com meus pensamentos. Será que eu digo para ela que o
cara nã o queria terminar as coisas, ele queria transar? Inferno, se ele
fosse esperto eu estava razoavelmente certo de que ele era, olhando
para a linda mulher sentada na minha frente que ele conseguiu manter
no gelo por meses - ele provavelmente conseguiria deixá -la pensar no
rolo do feno que era sua maldita ideia.
Ou eu mantenho meu nariz fora disso? Afinal, ela era uma mulher
adulta, capaz de tomar suas pró prias decisõ es. E ela també m era
minha inimiga.
Mas ela parece tã o vulnerá vel.

—Ouça. Eu já coloquei meus pensamentos sobre esse cara


dizendo que ele precisava de uma pausa. Entã o, tenho certeza que
você nã o quer ouvir o que tenho a dizer... mas tenha cuidado.

—Tenha cuidado com o quê ?


—Homens. Em geral. Nó s podemos sair como caras legais
quando somos realmente idiotas.
Ela parecia confusa.

—Por que você nã o cita o que você está tentando dizer, Bennett?

—Você nã o vai me culpar por ser honesto?

Ela olhou para mim. Sim. Ela vai me culpar por ser honesto. Mas
agora eu abri minha maldita boca e estava descontrolado, entã o
estraguei tudo.

—Eu só estou dizendo... nã o deixe ele se aproveitar de você . Ele
pediu para você encontrá -lo para jantar em um hotel por um motivo. A
menos que ele esteja lhe dizendo que cometeu um grande erro e quer
você de volta, nã o pule na cama com ele. Ouça atentamente as palavras
que ele escolhe. Dizer que ele sente falta de você e nã o está se
comprometendo e essas merda, pode ser apenas para diminuir suas
defesas e levantar sua saia.

Annalice olhou para mim. Seu rosto estava manchado de chorar,


mas o vermelho começou a preencher as manchas brancas. Ela está
chateada.

—Você nã o sabe do que diabos você está falando.


Eu levantei minhas mã os em rendiçã o. —Apenas olhando por
você .

—Faça-me um favor e nã o. — Ela se levantou. —Eu terei a có pia


para você em uma ou duas horas. Há mais alguma coisa que você
precisa?

Eu poderia entender uma dica. De pé , abotoei meu casaco.


—Na verdade, sim. Talvez você possa falar com Finley sobre
remover o pau da bunda dela e vir até mim se ela tiver um problema,
em vez de marchar para os Recursos Humanos. Somos uma equipe
agora, todos do mesmo lado.

Ela franziu os lá bios. —Tudo bem.

Fui até a porta e coloquei a mã o na maçaneta antes de voltar a


olhar para ela. Eu nunca poderia foder o suficiente sozinho. —Alé m
disso, prefiro essa có pia em uma hora, em vez de duas.
Capítulo 12
Bennett
Eu precisava ver o cliente.
Isso é o que eu ficava me dizendo de qualquer maneira. Fazia seis
meses desde que eu me encontrei com Green Homes, e eles eram
só lidos. Entã o uma rá pida visita de surpresa no meu caminho para
casa esta noite nã o era fora do comum. O fato de estar no centro da
cidade, a duas quadras do Royal Hotel, era coincidê ncia.

E as garagens de estacionamento estavam sempre cheias nessa


á rea. Entã o nã o era incomum que eu estacionasse em umas trê s
quadras de distâ ncia e tivesse que passar direto pelo Royal depois que
minha reuniã o terminasse.

As seis horas da noite.

Meu horá rio estava cheio durante a primeira parte do dia,


principalmente.

Eu nã o acreditava muito em coincidê ncia. Eu era mais do tipo de


cara de fazer-as-coisas-acontecerem. Mas o fato de estar em frente ao
Royal Hotel – era puro acaso.

Um acaso.

Coincidê ncia.

Tanto faz.
Abrindo a porta que leva ao lobby? Agora, isso nã o era
coincidê ncia. Essa merda era curiosidade mó rbida.

Eu olhei ao redor do á trio, intencionalmente posicionado atrá s de


uma larga coluna de má rmore para que eu pudesse olhar as coisas
sem que muitas pessoas me vissem. Estava muito tranquilo para o
inı́cio da noite. A esquerda estava a á rea de check-in. Um cliente estava
sendo ajudado enquanto alguns funcioná rios circulavam atrá s do
longo balcã o. A direita, havia um banco vazio de elevadores. Em frente,
do outro lado de uma grande fonte circular, estava o bar do saguã o.
Uma dú zia de pessoas estavam sentadas ao redor. Eu olhei a procura
por seu rosto.

Nada.

Ela deixou o escritó rio à s quatro e meia, entã o ela deve estar aqui
agora. Espero que ela esteja dentro do restaurante pedindo uma
merda cara do cardá pio, recebendo elogios do idiota, e nã o o
chupando em um quarto no andar de cima.

O relacionamento complicado de Annalice nã o era da minha


conta. Eu deveria ter me virado e saı́do. Eu realmente nã o me importo
se ela estava fodida.

Coincidê ncia.

Curiosidade mó rbida.


Essas foram as razõ es pelas quais eu pisei no lobby. E a razã o
pela qual caminhei em direçã o ao bar, ao invé s de levar minha bunda
pela porta da frente?
Estou com sede. Por que nã o posso tomar uma bebida?

O bar era em forma de L. Sentei no canto mais distante,


encostado na parede, de modo que as garrafas de bebidas alcoó licas e
a velha e sofisticada caixa registradora antiga me bloqueava da
maioria das pessoas que por acaso entraram no saguã o. Eu tinha uma
visã o clara das portas do restaurante, no entanto. O barman colocou
um guardanapo na minha frente.

—O que pegar para você ?


—Vou tomar uma cerveja. Tudo o que você tem na torneira está
bom.
—Pode deixar.

Quando ele voltou, ele perguntou se eu queria ver um menu. Eu


neguei, entã o ele assentiu e começou a se afastar até que eu o parasse.
—Alguma chance de você ter visto uma loira? — Fiz um sinal
com as duas mã os para a minha cabeça.

—Muito cabelo loiro ondulado. Pele de marfim. Grandes olhos


azuis. Se ela estivesse com um homem, estou supondo que ele parecia
estar fora de sua liga.

O garçom assentiu.
—Ele tinha um sué ter Mister Rogers. Ela era mais alta naqueles
saltos.

—Por acaso você viu onde eles foram?


Ele hesitou.

—Você é seu marido ou algo assim?

—Nã o. Só um amigo.


—Você nã o vai causar nenhum problema, vai?

Eu balancei a cabeça.

—Nenhum.

Ele ergueu o queixo.


—Eles foram ao restaurante. Fechei sua conta há cerca de vinte
minutos atrá s.

Soltei uma respiraçã o profunda. Claro, senti alı́vio. Mas nã o era
porque dava uma merda se Annalice dormiu com o idiota ou nã o. Foi
porque eu nã o precisava a ver chorar no escritó rio. Eu tinha que
trabalhar com ela agora - nas proximidades.

Sentei no bar e tomei minha cerveja durante quase meia hora. A


porta do restaurante se abriu e fechou, e a excitaçã o inicial que eu
estava sentindo começou a perder seu brilho. Eu considerei ir embora.

Até a porta se abrir e eu vislumbrar a mulher saindo.


—Merda. — Eu olhei para o prato vazio de amendoim que eu
tinha acabado, tentando evitar o contato visual. Depois de trinta
segundos, eu arrisquei uma olhada. Ela nã o estava mais na frente da
porta do restaurante. Eu soltei um suspiro de alı́vio ansioso. Mas
durou apenas uma respiraçã o. Porque na minha pró xima inspiraçã o,
desviei os olhos da porta e encontrei Annalice na minha visã o
perifé rica, caminhando diretamente em minha direçã o.

E ela nã o parecia muito feliz.

Suas mã os agarraram seus quadris.


—O que você pensa que está fazendo?

Eu tentei jogar casualmente, pegando minha cerveja vazia e


trazendo-a aos meus lá bios.
—Ei, Texas. O que você está fazendo aqui?

Ela franziu o cenho.

—Nem tente, Fox.


—O que?

—Por que você está me seguindo?

Eu fingi estar ofendido, levantando minha mã o para o meu peito.

—Seguindo você ? Eu estou encontrando um amigo. Eu tive uma


reuniã o com o cliente alguns quarteirõ es daqui.
—Sim? Onde está seu amigo?

Eu olhei para o meu reló gio.


—Ele está atrasado.

—Que horas você deveria encontra-lo?

—Umm. Seis horas.

—Quem você está encontrando?


—O que?

—Você me ouviu. Qual é o nome do seu amigo?

Droga. Esta era uma inquisiçã o. Suas perguntas rá pidas me


ferraram. Eu disse o primeiro nome que veio à minha cabeça. —Jim.
Jim Falcon. Sim. Hummm... Acabei de me encontrar com um cliente, e
nó s vamos tomar uma bebida depois de passar pela minha reuniã o.
Ela parecia com um pouco mais de fú ria apertando os olhos para
mim. —Você está tã o cheio de merda. Você está me seguindo.

—Eu saı́ do escritó rio à s trê s hoje para ir ver um cliente, — eu


menti, sabendo que minha porta tinha sido fechada para que ela nã o
soubesse se eu ainda estava quando ela saiu. —Que horas você saiu?

—Quatro e meia.
—Entã o, como exatamente eu poderia ter te seguido? Eu acho
que você está me seguindo.
—Você é louco? Sé rio, acho que você precisa de um psiquiatra,
Bennett. Eu tenho observado você pela porta do restaurante por meia
hora. Você está olhando para a porta toda vez que se abre.
Eu joguei minhas mã os no ar como se estivesse exasperado.

—A porta está na minha linha de visã o.


—Vá para casa, Bennett.

—Estou esperando meu amigo.


—Eu nã o sei o que você pensa que está fazendo, mas eu sou uma
menina grande e posso cuidar de mim mesma. Eu nã o preciso da sua
proteçã o. Se eu quiser foder Andrew, se ele quer voltar comigo ou nã o,
essa é a minha decisã o. Nã o é sua. Talvez você deva gastar algum
tempo pensando sobre por que você nã o tem um relacionamento
pró prio, em vez de ficar tã o preocupado com o meu.
Antes que eu pudesse falar mais uma vez, Annalice se virou e
voltou para o restaurante. Fiquei ali por alguns minutos juntando
meus pensamentos.
Que diabos estou fazendo aqui? Eu perdi minha maldita mente.

O garçom se aproximou e apoiou um cotovelo no bar.


—Ela vai continuar pró xima. Elas só ficam chateadas quando há
algo lá .
Ele viu o olhar confuso no meu rosto e riu. —Posso servi-lo em
algo mais?
—Você tem algum traseiro lá atrá s? Porque o meu acabou de ser
mastigado.

Ele sorriu.
—Cerveja eu posso ter. Espero que sua noite melhore.
—Sim. Eu també m. Obrigado.

Levei meu tempo caminhando pelos trê s quarteirõ es até a


garagem e depois sentei no carro e digitei uma mensagem para Jim
Falcon antes de me esquecer.
Bennett: Se Annalice perguntar, você deveria me encontrar
para tomar uma bebida no bar do Royal Hotel hoje às seis.

Ele digitou de volta alguns minutos depois.


Jim: Eu sou muito barato para pagar onze dólares por uma
cerveja doméstica.
Bennett: Ela não sabe disso, idiota. Apenas me cubra se ela
perguntar.
Jim: Não, eu quis dizer que queria conferir esse lugar, e é
muito caro para o meu orçamento. Então isso vai te custar. Três
bebidas lá da próxima vez que sairmos. Você está pagando.
Eu balancei a cabeça.

Bennett: Tudo bem. Bom amigo você, está me fazendo pagar


para cobrir minha bunda.
Jim: Você tem sorte de não termos fingido nos encontrar para
um jantar. Frutos do mar com carne vão para setenta e cinco
dólares.
Joguei meu celular no painel e liguei meu carro. Eu estacionei no
segundo andar da garagem, e havia uma longa fila para pagar e sair.
Um desejo repentino de chegar em casa me atingiu enquanto eu
esperava. Entã o, é claro, cada pessoa na minha frente pagou com um
cartã o de cré dito, entã o eu acendi a luz no canto da garagem antes de
ter que parar para pedestres em cada turno. A rua para voltar para a
rodovia era de mã o ú nica, o que significava que eu tinha que passar
pelo hotel novamente.
Eu cometi o erro de olhar para a porta quando passei, e um flash
de loira me cumprimentou. Só que desta vez, Annalice nã o me notou.
Sua cabeça estava baixa e ela andava rapidamente, praticamente
correndo para fora do hotel. Preso em uma fila de trá fego, eu observei
no meu espelho retrovisor enquanto ela acelerava ainda mais,
passando por alguns carros estacionados antes de se inclinar para
colocar a chave em uma porta. Ela abriu e pulou para dentro. Entã o
sua cabeça caiu em suas mã os.
Porra.
Ela estava chorando.

Uma buzina de carro atrá s de mim soou, chamando minha


atençã o para o retrovisor, vendo os braços do motorista balançando no
ar. A luz ficou verde e todos à minha frente foram embora. Eu dei a o
imbecil um dedo, mesmo que eu estivesse errado e, em seguida,
acertei acelerei.
Dê o fora daqui, Bennett.

Você nã o precisa dessa merda.


Ela lhe disse diretamente para cuidar do seu pró prio negó cio.
E ainda…

Eu me encontrei puxando para a merda do meio-fio.


Irritado comigo mesmo, eu joguei o carro no estacionamento e
bati minhas palmas contra o volante algumas vezes.
—Seu idiota. Apenas vá para casa!

Naturalmente, eu nã o segui meu pró prio conselho. Porque


aparentemente eu era um glutã o de puniçã o quando se tratava dessa
mulher. Em vez disso, saı́, fechei a porta do carro e comecei a andar
pelo quarteirã o, de volta para o carro dela.
Talvez ela tivesse ido embora.

Talvez eu tenha imaginado que ela estava chorando e em vez


disso ela estava rindo em suas mã os.
Claro que nã o tive essa sorte.
Annalice nem me notou quando me aproximei. O carro dela ainda
nã o tinha ligado e ela estava ocupada enxugando as lá grimas com um
lenço de papel. Eu andei até o lado do passageiro, me inclinei e bati
suavemente na janela.

Ela pulou.
Entã o olhou para cima, viu meu rosto e começou a chorar mais
forte.
Porra.

Sim, eu tenho esse efeito nas mulheres à s vezes.


Eu deixei cair a cabeça para trá s e olhei para o cé u,
silenciosamente me repreendendo por alguns segundos, depois
respirei fundo, abri a porta do carro e entrei.
—Vindo para se vangloriar sobre estar certo? — Ela fungou.
—Nã o desta vez. — Inclinei-me e divertidamente dei uma
cotovelada nela. —Muito tempo para isso no escritó rio.

Ela riu atravé s das lá grimas.


—Deus, você é um idiota.
Eu nã o podia argumentar com a verdade. —Você está bem?

Ela respirou fundo e soltou.


—Sim. Eu ficarei bem.
—Você quer falar sobre isso? — Por favor, diga nã o.

—Nã o realmente. — Sim!


—Ele me disse que sentia minha falta e esfregou meu braço.
OK. Entã o ela nã o segue a definiçã o de não realmente.
Eu suspirei interiormente, mas externamente acenei para que ela
pudesse continuar se quisesse.
—Eu perguntei se isso significava que ele estava pronto para
voltar a ficarmos juntos. Ele disse que nã o estava pronto. Entã o suas
palavras ontem me atingiram. ‘Dizer que ele sente falta de você e não
quer se comprometer e merdas assim, pode ser apenas para diminuir
suas defesas e levantar sua saia.’
Eu sou poé tico, nã o sou?
—Eu sinto muito.

Ela olhou para baixo por alguns minutos. Eu mantive minha boca
fechada, tentando dar-lhe algum espaço na cabeça. Alé m disso, eu nã o
tinha ideia do que dizer alé m de me desculpe e eu avisei, e algo me
disse que o ú ltimo nã o era uma boa ideia.

Eventualmente, ela olhou para mim.


—Por que você veio?
—Eu estacionei em uma garagem a algumas quadras. Você
passou andando quando eu passei pela entrada e vi que você estava
chateada.
Annalice balançou a cabeça.

—Nã o. Eu quis dizer por que você veio hoje à noite - para o hotel?
Eu abri minha boca para falar e ela me parou, balançando o dedo
enquanto falava. —E nem tente me dizer que você estava encontrando
um amigo. Dê -me mais cré dito do que isso.
Eu brinquei com a ideia de me manter firme na mentira, mas
decidi me limpar. O problema era que a verdade nã o fazia sentido -
nem para mim.
—Eu nã o tenho nenhuma ideia.
Seus olhos percorreram meu rosto, e entã o ela assentiu como se
entendesse.

Isso faz um de nó s, pelo menos.


—Você está com fome?, — Ela perguntou. —Eu nã o cheguei à
entrada. Apenas tive uma salada como um aperitivo antes de eu sair. E
eu realmente nã o sinto vontade de ir para casa ainda.
—Estou sempre com fome.
Ela olhou para o hotel e de volta para mim. —Eu nã o quero
comer aqui.

—O que você gosta de comer?


—Italiano. Chinê s. Sushi. Hambú rgueres. Comida de bar. —Ela
encolheu os ombros. —Eu nã o sou exigente.
—OK. Eu conheço o lugar perfeito. E cerca de uma milha daqui.
Por que você nã o dirige e pode me deixar no meu carro quando
terminarmos?
Ela respondeu rapidamente.
—Nã o.

—Por que nã o?


—Nã o gosto de dirigir com pessoas no carro.

—O que você quer dizer com nã o gostar de dirigir com as


pessoas no carro?

—Apenas o que eu disse. Eu gosto de dirigir sozinha.


—Por quê ?
—Você sabe o que… apenas esqueça. Eu nã o estou mais com
fome.
Que diabos? Eu passei meus dedos pelo meu cabelo.
—Bem. Eu vou dirigir eu mesmo. Você sabe onde fica a Meade
Street?
—Sim.

—E chamado de jantar e uma piscadela.


—Jantar e uma piscadela? Esse é um nome estranho.
Eu sorri abertamente.

—E um lugar estranho. Você vai se encaixar.


Capítulo 13
Annalice
—Isso é tã o bom.

Eu estava preparada para o pior quando entramos. O lugar


parecia ser horrı́vel do lado de fora. A decoraçã o interna nã o era muito
melhor - iluminaçã o ruim, mó veis velhos, e o leve cheiro de cerveja
velha flutuava pelo lugar, elogios de um fã mantido atrá s do bar -
embora todas as mesas de bistrô e banquetas do bar parecessem estar
cheias de casais... E as pessoas estavam todas muito felizes e
amigá veis. Olhei em volta e uma mulher sentada com um homem
sorriu e piscou para mim. Era a segunda vez que aconteceu na meia
hora em que estivemos aqui.
—Como você encontrou esse lugar? Está fora do caminho e
parece terrı́vel do lado de fora.
—Ah. — Ele levou a cerveja à boca. —Fico feliz que você tenha
perguntado. Eu encontrei este lugar por acidente uma vez. Eu namorei
uma menina que morava a alguns quarteirõ es de distâ ncia e parou
para tomar uma bebida muito necessá ria depois que eu terminei com
ela. Ela nã o levou muito bem. E um lugar especial.

Olhei de novo, e mais algumas pessoas sorriram para mim.

—A comida é muito boa, e todo mundo é muito amigá vel.


O sorriso de Bennett se alargou.

—Isso é porque é um lugar de troca de casais.

Tossi enquanto comia, quase engasgando com a comida.


—O que você disse?
—Lugar de troca de casais. — Ele encolheu os ombros. —Eu nã o
sabia da primeira vez que vim aqui també m. Pensei que todo mundo
estava feliz em me ver. Nã o se preocupe, eles nã o se aproximarã o de
você . Se um casal está interessado, eles piscam. Se você piscar de volta,
eles virã o e conversarã o.
Meus olhos se arregalaram. Ela já tinha piscado duas vezes e eu
poderia ter piscado de volta.

—Por que você me trouxe aqui? — Eu arrisquei outra olhada nas


pessoas comendo. Mas sorrindo e, desta vez, um cara piscou para mim.
Eu virei minha cabeça rapidamente. —Essas pessoas acham que
somos um casal e saı́mos para trocar.

Ele riu.
—Eu sei. Achei que você acharia engraçado, vendo como você me
disse que foi abandonada na faculdade porque seu namorado queria
uma aventura.

—Há algo de errado com você . — Depois que eu disse, olhei em


volta novamente. De repente senti como se estivé ssemos sentados no
centro do palco. E aparentemente nó s é ramos populares, porque eu
recebi mais duas piscadelas.

—A comida é incrı́vel, e ningué m vai até você a menos que você


pisque de volta. E o lugar perfeito para vir quando você quer ficar
sozinho e comer alguma coisa.

Ele tinha um ponto... eu acho. Embora ele tenha pensado em me


trazer aqui para zombar da histó ria que eu contei a ele.

—Entã o me diga por que você nã o dirige com as pessoas no


carro, — disse Bennett. —Você é uma motorista nervosa ou algo
assim?

Eu tomei uma bebida antes do jantar, entã o minha guarda estava


um pouco baixa. —Eu faço algo que a maioria das pessoas pode achar
estranho quando eu dirijo, entã o tento evitar os passageiros.
Bennett largou a batata frita de volta no prato e recostou-se na
cadeira. —Eu mal posso esperar para ouvir isso.

—Eu nem deveria te dizer. Eu te falei sobre a coisa da troca de


casais, e você me trouxe para este lugar. Seu senso de humor é um
pouco demente. Deus sabe o que você vai usar contra mim se souber.

Ele levantou os braços para topo da mesa e abriu-os amplamente.


—Se você nã o me disser, eu vou começar a piscar para as pessoas
para que elas venham até aqui. — Ele olhou para a direita e empunhou
um sorriso brilhante. Segui sua linha de visã o e encontrei um casal que
parecia ansioso por sua piscada.

—Oh meu Deus. Nã o faça isso.

Ele levou a cerveja aos lá bios.


—Comece a falar.

Suspirei.

—Bem. Eu narro enquanto eu dirijo. Você está feliz agora?

Ele franziu o nariz.

—Narrar. O que isso significa?

—Apenas o que eu disse. Eu narro. Se estou prestes a chegar a


um sinal de pare, digo em voz alta, puxando para um sinal de pare.
Quando vejo uma luz ficar amarela, posso dizer: desacelere. A luz ficou
amarela.

Ele olhou para mim como se eu fosse louca. —Porque diabos você
faz isso?
—Eu sofri um acidente de carro quando comecei a dirigir e fiquei
nervosa em voltar para o volante. Eu achei que narrar meus
movimentos ajudou a me acalmar enquanto dirigia. E meio que apenas
medo. Entã o eu nã o deixo ningué m andar comigo, exceto minha mã e e
melhor amiga, Madison. Elas estã o tã o acostumadas a isso que nem
percebem que estou fazendo isso e continuam falando.

—Você está definitivamente me levando para casa. Vou voltar


para pegar meu carro amanhã de manhã antes do trabalho.

—O que? Nã o!
Ele virou a cabeça para a direita, mas manteve os olhos fixos em
mim.

—Eu vou piscar.


—Pare com isso. Nã o. —Eu nem fingia estar seriamente louca,
porque toda a situaçã o era absurda.

Bennett baixou a cerveja e levantou uma batata frita.


—Pegando uma batata frita.

Ele levantou a boca.


—Levando aos meus lá bios.
Eu ri.

—Deus, você é um idiota.


Ele mexeu a batata para mim.

—Você está sorrindo, nã o está ?


Suspirei.

—Sim. Suponho que estou. Obrigada.


—A qualquer hora, Texas. Estou aqui para sua diversã o pelos
pró ximos meses. — Ele piscou. —Antes de mandarem sua bunda para
Dallas.
Um minuto depois, um casal apareceu na nossa mesa. Levamos
um minuto para perceber o que havia acontecido. Bennett tinha
piscado para mim e alguns casais aceitaram isso como convite.

***

—Você já roubou alguma coisa?

Bennett me fez a pergunta quando a garçonete se aproximou


para nos verificar. Ele pediu outra cerveja e eu pedi uma á gua gelada.
Era seu quarto ou quinto - eu perdi a conta. Desde que ele decidiu que
seu carro estava ficando do lado de fora durante a noite, e eu o estava
levando para casa, ela fez bom uso de estar livre para beber um pouco.
A garçonete estava ao lado da nossa mesa, olhando para mim, em
vez de pegar nosso pedido. Eu pensei que talvez ela estivesse
esperando pelo resto do meu pedido, entã o eu sorri educadamente.

—Eu estou bem. Apenas a á gua para mim.


Ela sorriu de volta.

—Oh, eu vou pegar a cerveja e á gua em um instante. Estou


apenas esperando para ouvir sua resposta à pergunta dele.
Bennett riu.

—Ela parece que poderia ter sido uma ladra, certo? Rosto
bastante inocente, mas há uma pequena faı́sca em seus olhos. Sem
mencionar o cabelo selvagem.

—Eu roubei uma caixa de preservativos uma vez, — a garçonete


ofereceu. —Nã o foi há muito tempo també m. Eu estava na drogaria e
minha mã e subiu na fila atrá s de mim. Eu tinha xampu e trojans. Eu
coloquei os preservativos no meu bolso para escondê -los e deixá -la ir
primeiro, esperando que eu pudesse tirá -los depois que ela tivesse ido
embora. Mas ela esperou por mim. Tenho vinte e dois anos, mas somos
cató licas e ela é muito religiosa. A escolha foi quebrar seu coraçã o ou
ir para a cadeia por pequenos furtos. Eu arrisquei.
Bennett sorriu. Deus, ele tinha um maldito sorriso sexy.

—Eu roubei uma caixa de preservativos uma vez també m. Eu


tinha quatorze anos e uma menina quente de dezessete anos me
convidou. Nã o fui pego, mas perdi minha virgindade. Totalmente vale
o risco. — Ele levantou o queixo para mim e balançou as sobrancelhas.
—Você roubou camisinha, ou apenas lubrificante?
—Eu nunca roubei nada. — Eu senti meu rosto aquecer e Bennett
apontou para mim. —Puta merda. Você está ficando vermelha, você
está mentindo. Você é uma cleptomanı́aca, nã o é ?
Infelizmente para mim, ao longo da noite, Bennett descobriu
minha fraqueza. Eu coro mentindo. Toda vez que eu dizia uma mentira,
meu rosto corava, ou eu desviar meus olhos ou me remexia. A medida
que o nú mero de cervejas que ele bebia aumentava, ele criou um
joguinho - A verdade de Texas. Ele me faria uma pergunta, e eu tentaria
mentir sobre algumas respostas - daı́ a pergunta dele sobre roubar. Até
agora, ele me pegou em todas as mentiras.
Eu olhei para a garçonete divertida. —Eu tinha nove anos e
realmente queria o novo CD 'N Sync'. Entã o eu meio que coloquei em
minhas calças quando minha mã e nã o estava olhando.
—Boooom, — disse Bennett.

A garçonete riu.
—Eu volto com sua cerveja.
Quando ela se foi, ele, claro, queria mais detalhes.

—Você foi pega?


—Nã o. Mas quando cheguei ao carro, comecei a chorar porque
me sentia culpada. Eu admiti o que tinha feito para minha mã e e ela
me fez voltar para a loja e dar o CD para o gerente. Ele chamou os
policiais, que me deram uma palestra de uma hora, só para me
assustar um pouco mais.
—Você sabe que eu tenho um forte desejo de mudar o seu
apelido de Texas depois de ouvir essa histó ria, certo?

—Para quê ?
—Arrebatar. Mas eu já tenho problemas com o RH, entã o eu nã o
acho que gritar Hey, arrebatadora no corredor iria muito bem.
Eu enruguei meu nariz.
—Você é um porco.

A garçonete trouxe nossas bebidas, e ele tomou um longo gole de


sua cerveja. —Quando foi a ú ltima vez que você contou uma mentira?
Eu sabia a resposta para essa pergunta sem ter que pensar sobre
isso. Mas nã o havia como compartilhar essa histó ria com Bennett.

—Já faz muito tempo.


Eu senti meu rosto aquecer.

Droga.

Ele viu e riu.


—Derrame suas entranhas, Texas.

—Se eu te disser, você tem que prometer que nunca vai tirar
sarro de mim por isso, ou até mesmo trazê -lo de novo.
—Quem eu? Nunca.

—Dê -me sua palavra.

Ele levantou trê s dedos como um escoteiro. —Você tem minha


palavra.
Eu sabia antes de começar a falar que era uma má ideia
compartilhar minha histó ria com ele, mas eu estava me divertindo e
nã o estava pronta para encerrar a noite.
—Bem. Mas quando terminar, quero uma histó ria sobre a qual
posso torturá -lo. Algo embaraçoso.

—Combinado. Vá em frente, mentirosa.


Eu sorri e balancei a cabeça.

—OK. Bem, eu moro em um condomı́nio. Meu pré dio tem vinte e


quatro apartamentos. Um senhor mais velho, o Sr. Thorpe, mora do
outro lado do corredor e tem duas gatas. Ele as mostra em
competiçõ es.

Os olhos de Bennett tinham desviado para minha boca e agora


pulavam para encontrar os meus. Ele limpou a garganta. —Mostrar
gatos? Eu nem sabia que isso era uma coisa. Mas é estranho, se for.

Eu meio que concordei. Embora esse nã o fosse o ponto da minha


histó ria.

—De qualquer forma. Eu tenho um gato macho. Ele nã o é um


gato de raça pura ou um gato de show, apenas um malhado normal que
eu fui forçada adotar. Essa é uma histó ria para outro dia. As vezes o Sr.
Thorpe vai até Seattle para visitar seu irmã o por um dia ou dois, e ele
me pede para cuidar de Frick e Frack. Se ele for por mais tempo, ele as
deixa na casa desta mulher, que permite que todos os gatos ande
livremente por seu apartamento. Eu també m a usei. As vezes ela tem
trinta gatos, mas nã o tem cheiro. Nã o tenho ideia de como.

—OK. Estamos chegando à mentira em breve? Eu nã o sou uma


pessoa de gato e esta histó ria está ficando chata. Apenas chegue à sua
grande e gorda mentira.

—Pare de ser tã o impaciente. De qualquer forma... Os gatos do Sr.


Thorpe sã o, é claro, gatos de interior, entã o eu praticamente preciso
levanta-los e alimentá -los duas vezes ao dia. Seis meses atrá s, eu
estava observando seus gatos e acidentalmente deixei a porta do meu
apartamento aberta quando atravessei o corredor para alimentá -los.
Quando percebi, meu gato havia fugido, e encontrei Tom lambendo
uma das persas do sr. Thorpe em seu banheiro.
—Quem é Tom?

—Meu gato.

—Nomeado para Tom e Jerry?

—Nã o. Forte. Eu amo-o. De qualquer forma, eu nã o mencionei o


que tinha acontecido para o Sr. Thorpe, assumindo que seus gatos
foram castrados, mesmo que o meu nã o fosse. Alguns meses depois,
uma de seus gatos deu à luz oito gatinhos.

Bennett levantou as sobrancelhas.

—E você mentiu sobre isso?

—Eu descobri durante a reuniã o trimestral da cooperativa. Todos


os vizinhos estavam lá , e o Sr. Thorpe os irritou com o quã o
irresponsá vel alguns donos de animais de estimaçã o sã o. Ele assumiu
que a gata engravidou quando ela saiu ou no parque de animais de
estimaçã o que ele leva para a socializaçã o.

Eu vi que Bennett estava prestes a abrir a boca para zombar,


entã o eu parei ele.

—Sim, ele leva seus gatos premiados para um parque para que
eles possam se socializar. Em uma trela. Mas eu sou a pessoa horrı́vel
nessa histó ria, e ainda me sinto culpada, entã o nã o faça piadas sobre o
Sr. Thorpe ou seus gatos estú pidos.

—Ok. Nã o tirar sarro do Sr. Thorpe. Apenas o seu gato chorã o e
sua mã e mentirosa.

Bennett mostrou aquele sorriso de menino de novo e minha


barriga deu um salto inesperado. Eu tentei ignorar isso.
—De qualquer forma, eu nã o confessei o crime do meu gato, mas
estou pagando pensã o alimentı́cia. Eu nã o quero que você pense que
eu sou uma total imbecil.
Ele levantou uma sobrancelha.

—Apoio à criança?

—O que? Estou apenas envergonhada. Eu nã o posso encolher a


responsabilidade financeira.

—Quem ele acha que está deixando a comida?

—Eu nã o sei. Eu o evito porque, se ele me perguntar, meu rosto


vai ficar vermelho quando ele fizer.

—Isso é uma merda. Eu ficaria fodido se nã o tivesse uma cara de


pô quer.
Eu bebi um pouco da minha á gua gelada. —Sua vez. Me dê uma
histó ria embaraçosa.

Ele coçou a sombra das cinco horas em seu queixo, que eu decidi
que ele usava muito bem.

—Deixe-me pensar. Eu nã o fico envergonhado com muita


facilidade. —Um minuto depois, seu rosto se iluminou e ele estalou os
dedos.

—Tenho um. Meus pais acharam que eu era gay.

Eu ri.

—Bom começo. Continue…


—Eu tinha provavelmente dez ou onze anos quando descobri a
masturbaçã o. A Internet ainda nã o era grande e os materiais eram
escassos. Entã o eu costumava roubar as revistas da minha mã e. Cosmo
era a minha favorita, mas ela nã o a comprava com frequê ncia, entã o a
maior parte da minha coleçã o era bem desesperada - Good
Housekeeping, Woman's Day, Better Homes & Gardens. Em uma boa
semana, um deles teria um biquı́ni para um artigo sobre evitar a
orelha de nadador ou alguma merda. Mas à s vezes tudo que eu
conseguia era uma olhada de um sutiã confortá vel para um artigo
sobre como evitar dores nas costas. De qualquer forma, eu as escondi
debaixo do meu colchã o quando elas nã o estavam em uso. Um dia
minha mã e as encontrou quando ela estava trocando meus lençó is e
me perguntou por que eu as tinha. Eu disse que gostava de ler os
artigos. Ela parecia suspeitar daquela resposta e perguntou qual era o
ú ltimo artigo que eu li. A ú nica coisa em que consegui pensar rá pido
foi a que estava ao lado das fotos que eu tinha gostado da foto: Como
fazer os homens te notarem.
Eu cobri minha boca enquanto eu ria. —Oh meu Deus.

—Sim. Meu pai foi enviado naquela noite para me dar uma
conversa de pá ssaros e abelhas. No final, ele me disse que me amaria,
nã o importa quem eu fosse.

—Aww... isso é tã o doce.

—Sim. Mas nos anos seguintes, minha mã e seguiu meus amigos e
minhas amigas pela casa toda vez que eu recebia amigos. Eu tive que
manter a porta do quarto aberta quando os meninos vinham para sair,
e festas do pijama foram praticamente proibidos. Mas em torno de
treze anos percebi que també m tinha um lado positivo.

—O que era?

—Quando trouxe Kendall Meyer para casa, pude ficar com ela em
casa sem me preocupar com algué m que estivesse entrando. Minha
mã e tratou as garotas que eu trouxe para casa como amigos homens
heterossexuais. Eu poderia fechar a porta e trancá -la, e ela nã o achava
nada estranho.

Nó s dois passamos horas compartilhando mais histó rias


embaraçosas. Acabamos ficando no bar dos swingers até depois da
meia-noite. Na volta para casa, como eu suspeitava que fosse, Bennett
zombou da minha narraçã o. Fiquei surpresa ao descobrir que
morá vamos a menos de um quilô metro de distâ ncia.

—Verificando o espelho retrovisor. Puxando para o meio-fio, —


eu sussurrei quando cheguei em frente ao seu pré dio. Alguns
segundos depois. —Colocar o carro no estacionamento.

Quando olhei para Bennett, vi que ele tinha um sorriso


engraçado.

—O que?

—Só quero saber se há mais alguma coisa que você narra?
—Nã o. Apenas dirigindo.

Ele exibiu um meio sorriso travesso.

—Eu estava imaginando você narrando sexo durante toda a


viagem para casa. Tirando a calcinha. Abrindo as minhas pernas
largamente. Puxando para baixo as calças. Tentando envolver meus
dedos...
Eu o interrompi.

—Eu entendi a ideia. Acho que você vai ganhar algumas có pias
novas do Better Homes & Gardens com essa imaginaçã o.

Bennett pegou a maçaneta da porta.


—Você nã o tem ideia, Texas.

Fiquei feliz por estar escuro, porque dessa vez meu rosto ficou
vermelho por um motivo diferente do que mentir.
Ele abriu a porta.

—Boa noite. Obrigado pela divertida viagem para casa.

Eu comecei a noite tã o infeliz e estava terminando com um


sorriso. Percebi que Bennett tinha me dado isso e eu nã o tinha
agradecido a ele. Rolando minha janela, eu chamei atrá s dele enquanto
ele contornava o carro e chegava na calçada. —Bennett?
Ele se virou.

—Texas?

—Obrigado por hoje à noite. Talvez você nã o seja tã o idiota
depois de tudo.

A iluminaçã o da rua iluminou seu rosto o suficiente para que eu


pegasse sua piscada.
—Nã o tenha muita certeza disso.

Ele se virou para caminhar em direçã o à sua porta, mas


continuou a falar alto o suficiente para que eu pudesse ouvir. —Incline-
a sobre a cama. Enrolando o cabelo loiro louco em volta do meu punho.
Puxando com força enquanto abro suas pernas. —Ele abriu a porta da
frente e parou por um breve segundo antes de entrar. —Muito melhor
do que o Dia de Mulheres hoje à noite.
Capítulo 14
Bennett
Trê s noites seguidas.

E agora isso.
Que porra é essa? Eu pisquei algumas vezes, tentando me livrar
de outra nova fantasia. Quase funcionou, mas Jonas empurrou um
monte de pastas de arquivo em sua mesa, procurando por algo, o que
fez um grampeador cair do lado onde está vamos sentados. Annalice se
inclinou para frente para pegá -lo. Seu fodido cabelo caiu para um lado,
me dando uma visã o clara da pele cremosa de seu pescoço. Parecia tã o
suave e macia, meu cé rebro pulou para perguntar se ela estava toda
lisa.
Alguns dias atrá s, na noite em que Annalice me deixou em casa,
eu comecei a pensar nela antes de ir para a cama. Era normal, eu disse
a mim mesmo. Eu tinha acabado de jantar e beber com uma mulher
bonita - qualquer cara que nã o voltasse para casa imaginando o cabelo
loiro enrolado em seu punho enquanto sua bunda sexy estava
empoleirada realmente estava comprando o Dia da Mulher para ler os
artigos.
Cem por cento normal. Nã o significou nada. Entã o, por que nã o
se entregar? Uma noite de fantasia nã o poderia doer. Vamos encarar,
nã o seria a primeira vez que eu fantasiava sobre uma colega. Ningué m
saberia. Nenhum dano, nenhuma falta. Mas uma noite se transformou
em duas, e duas se transformaram em trê s, e entã o ontem, quando eu
entrei na sala de descanso e encontrei Annallice curvada para pegar
algo fora da geladeira, eu realmente comecei a ficar duro. No trabalho.
No meio do maldito dia. Para visõ es do bumbum bem formado de uma
mulher que eu precisava obliterar, nã o fantasiar até arruinar um terno
de dois mil dó lares com um momento embaraçoso de adolescente.
Entã o eu recuei nas ú ltimas quarenta e oito horas, dando a ela
um afastamento ontem e novamente esta manhã . Eu tomei uma
decisã o mental de nã o me permitir pensar nela, exceto nas maneiras
de sair vencedor em cada jogada. Infelizmente, meus olhos nã o
receberam a mensagem. E isso só me irritou. Cada vez que eu pegava
meu olhar vagando em seu caminho, eu me controlava de volta,
aproveitando a raiva sobre o meu lapso momentâ neo de julgamento. O
que significava que tinha sido muito idiota na reuniã o de hoje. Mas
com certeza a merda nã o foi minha culpa que sua saia vermelha
mostrou muita perna e continuou chamando minha atençã o. Ou que
ela usava saltos finos de quatro polegadas que envolviam seu delicado
tornozelo e implorava para perfurar a pele nas minhas costas.
Essa merda era tudo culpa dela.

Annalice se mexeu na cadeira e cruzou e descruzou as pernas.


Como branco no arroz, meus olhos estavam bem ali.
Porra. Ela tinha ó timas pernas.
Eu fechei meus olhos. Nã o, nã o pode olhar, Fox.

Contei até cinco na minha cabeça e os abri, apenas para notar um


grupo de minú sculas sardas no joelho esquerdo. Eu tive o insano
desejo de me estender e esfregar meu polegar sobre elas.

Porcaria.
Puxe suas coisas juntos.
Annalice se moveu de novo, e sua saia subiu outra meia polegada.

Sua saia vermelha.


Apropriado, porque essa mulher era o maldito diabo.
Nó s nos sentamos a dois metros um do outro, do outro lado da
mesa do Jonas por 15 minutos, ouvindo-o nos atualizar sobre o status
de vá rias coisas relacionadas à fusã o. Ocasionalmente, Annalice
entrava e dizia alguma coisa e olhava na minha direçã o, mas eu ficava
quieto com a cabeça para frente, focado no chefe, em vez de deixar
meus olhos desviarem mais.
—Isso nos leva à avaliaçã o do conselho de você s dois. Um dos
membros do conselho, que també m é um dos principais acionistas,
trouxe uma oportunidade com uma possı́vel nova conta para
concorrer.
Eu me inclinei para a frente na minha cadeira.
—Otimo. Eu posso lidar com isso.

Eu senti os olhos de Annalice queimarem no lado da minha


cabeça.
—Eu també m posso, — ela retrucou.
—Nã o há necessidade de discutir. Você s dois vã o lidar com isso. A
diretoria decidiu que esse argumento será uma das contas nas quais
você s serã o analisados. Cada um de você s conseguirá criar sua pró pria
campanha. Mas você s devem saber, nossa empresa está chegando ao
jogo um pouco tarde aqui. Duas outras agê ncias já estã o envolvidas e
teremos que trabalhar em um cronograma apertado. O atraso deve
voltar em menos de trê s semanas.
—Nã o é um problema, — eu disse. —Eu faço o meu melhor
trabalhando sob pressã o.

Da minha visã o perifé rica, peguei Annalice revirando os olhos.


—Qual é a conta?
—Estú dios da estrela. E uma nova divisã o da Foxton
Entertainment - o estú dio de cinema. Esta divisã o vai se concentrar em
filmagens estrangeiras e refazê -los aqui.
Eu nunca havia comercializado um estú dio ou um filme, mas
sabia, pela revisã o da lista de contas de Annalice, que ela havia
conseguido mais do que alguns. Os estú dios eram alguns dos seus
maiores clientes. Ela definitivamente sabia seu caminho em torno
desse mercado - uma vantagem injusta para algo que poderia
finalmente decidir em qual estado maldito eu viveria.
—Eu nunca trabalhei com um estú dio de cinema. Mas esse era o
nicho de Wren. — Levantei meu queixo em direçã o a Annalice. —
Cinquenta por cento de suas contas sã o relacionadas a filmes. Eu nã o
acho que é muito justo para o conselho usar um campo como esse para
avaliar nossos pontos fortes. Eu nã o tenho experiê ncia de mercado
neste campo.

Jonas franziu a testa. Ele sabia que eu tinha um ponto vá lido.
—Infelizmente, nã o podemos nos dar ao luxo de escolher muitas
propostas grandes. Alé m disso, a maioria das contas de filmes de
Annalice sã o para filmes individuais, e isso é marketing para uma nova
empresa de produçã o - eles querem marca e estraté gia de mercado.
Essas sã o suas forças, Bennett.

Olhei para Annalice e ela me respondeu com um sorriso


exagerado de que eu vou ganhar um presente porque nã o sabe de
nada. Isso me irritou, mas nã o porque ela tinha uma vantagem injusta.
Isso me irritou porque meu primeiro pensamento foi Hey, olhe para
isso. Ela mudou o batom hoje, quando deveria estar pensando, vou
limpar o chão com você.
Mais irritado comigo do que nunca, eu ataquei ela.
—Você conhece algué m no estú dio? E uma pequena indú stria. Eu
só quero ter certeza de que você nã o tenha dormido com algué m ali
tomando decisõ es.
Os olhos de Annalice se arregalaram e depois se estreitaram para
fendas furiosas. —Eu nunca dormi com um cliente. E seu comentá rio é
ofensivo. Nã o é de admirar que o RH tenha usado uma trilha no
carpete do escritó rio para o seu.
Jonas suspirou.
—Isso foi desnecessá rio, Bennett.
Talvez, mas isso foi uma besteira total.
—Eu quero usar meus pró prios membros da equipe, nã o quero
compartilhar algum funcioná rio de Wren agindo como uma toupeira
possa vazar minhas ideias para ela.
—Ningué m é um funcioná rio da Foster Burnett ou da Wren.
Somos uma equipe. Já é muito ruim que você s dois estejam
basicamente um contra o outro. Suas equipes estã o apenas começando
a trabalhar juntos. Isso causará uma divisã o se os separarmos para
este projeto. Você s vã o precisar usar os recursos completos da equipe.
Eu bufei. Annalice, por outro lado, acenou.
—Eu concordo, — disse ela.

—Precisamos manter a equipe unida, nã o os separar.


Jonas abriu um arquivo e levantou os ó culos para ler o papel de
cima.
—Há uma reuniã o em Los Angeles depois de amanhã . O estú dio
nos convidou para uma turnê e uma visã o dos bastidores. Você s se
encontram com o vice-presidente de produçã o e alguns talentos
criativos. Gilbert Atwood, o membro do conselho que nos deu o
campo, está planejando voar para se juntar a você s e algumas pessoas
para jantar. Entã o provavelmente será tarde da noite e você s devem
planejar ficar por aqui. Mandarei Jeanie mandar ao dois o endereço e
informaçõ es de contato para que você possa fazer os arranjos.
Eu consegui resmungar um obrigado insincero na conclusã o da
pequena reuniã o do Jonas. Nã o com vontade de falar com ningué m,
voltei para o meu escritó rio e fechei a porta atrá s de mim. A porta
abruptamente se abriu e fechou dois minutos depois.
—Que diabos é a o seu problema?
Eu estava aborrecido por ela ter entrado, mas senti meu pulso
acelerar. Isso só acontecia em duas ocasiõ es - quando eu estava
prestes a entrar em uma briga fı́sica, o que eu consegui evitar por pelo
menos dez anos, ou quando eu estava prestes a afundar dentro de uma
mulher.
—Certo. Entre. Nã o bata nem nada.

—Bater seria educado e, obviamente, nã o estamos mais sendo


educados.
Eu pressionei meus dedos na minha mesa e me inclinei para
frente.
—Qual é o problema, Annalice? Os concorrentes nã o devem ser
educados. Os jogadores de futebol nã o tiram os picos dos sapatos
antes de pisar no homem para chegar à zona final. E a natureza do
jogo.
Ela deu alguns passos em minha direçã o e colocou as mã os nos
quadris.
—O que aconteceu entre o bar na outra noite e hoje? Eu perdi
alguma coisa? — Embora sua postura fosse firme, sua voz se inclinou
para vulnerá vel. —Eu fiz alguma coisa para te chatear?
Sentindo-me como o pau que eu era, abaixei os olhos. Quando
eles se levantaram antes de falar novamente, eles nã o puderam deixar
de viajar sobre a mulher que estava prestes a abordar. Só que ao longo
do caminho, eles se agarraram em alguma coisa. Os mamilos de
Annalice estavam duros e tentavam atravessar sua camisa preta e
sedosa. Eles pareciam dois grandes diamantes redondos chamando
um homem pobre - venha e me pegue, eu sou sua riqueza para ser
tomada.
Engoli. Que diabos ela acabou de me perguntar? Levantei meus
olhos para encontrar os dela e percebi que ela tinha acabado de
assistir a coisa toda - o que roubou minha atençã o e fez minha boca
salivar. Com razã o, ela parecia ainda mais confusa. Num minuto eu a
estava acusando de dormir com clientes, e no seguinte a cobiçava
como se quisesse dormir com ela.
Nã o era só ela que estava confusa. Eu nã o tinha ideia do que
diabos eu estava fazendo.
Nó s nos encaramos por um momento. Eventualmente, eu juntei
minhas coisas, lembrei do que ela havia me perguntado, e limpei
minha garganta.
—Nã o é pessoal, Texas. Eu só acho que é melhor se nó s nã o... se
nã o formos amigá veis. Nã o há como eu me mudar, e a ú ltima coisa que
preciso é me distrair porque me sinto mal por estar chutando sua
bunda.
O queixo de Annalice se levantou.
—Isso é bom. Mas você precisa ser cortê s, pelo menos. Eu nã o
merecia esse comentá rio sobre dormir com clientes, especialmente
nã o na frente de Jonas.
Eu balancei a cabeça.

—Entendido. Eu sinto muito.


—E se você nã o quer ser amigo, vai ter que parar de me seguir
para os hoté is.
Eu gostei dela atrevida muito melhor do que vulnerá vel.
Demorou muito para manter meu sorriso em segredo.
—Anotado.

Ela assentiu e se virou para sair. Meus olhos imediatamente


caı́ram para sua bunda. Uma vez um idiota, sempre um idiota. Antes
que eu pudesse levantá -los novamente, Annalice se virou para dizer
outra coisa e me pegou. Desta vez, era ela tentando esconder um
sorriso.
—Os não amigos també m nã o olham para os nã o-amigos.

Ela se virou, depois jogou as palavras por cima do ombro


enquanto atravessava a porta.
8
—Nã o importa o quã o grande seja o seu T & A .

Capítulo 15
Annalice

—Como está o cara gostoso no trabalho? — Madison perguntou


antes de morder um pedaço do bife Wellington que havia pedido. Seu
nariz se encolheu enquanto mastigava. Ela nã o gostou. Eu me senti mal
pelo dono do restaurante. Foi a terceira falta e está vamos apenas
começando o nosso prato principal. Primeiro, o garçom trouxe os
aperitivos errados. Entã o, quando Madison pediu recomendaçõ es
sobre vinho e jantar, ele recomendou os itens mais caros. A crı́tica
seria dolorosa.
—Cara quente? Bem, ele é um idiota. Entã o ele é muito fofo, mas
tenta fingir que nã o é . Entã o ele é praticamente um idiota de novo. Eu
nã o quero falar sobre ele.
Madison encolheu os ombros.
—OK. Como está tudo mais no trabalho? Você gosta das pessoas
no novo escritó rio?

Eu abaixei meu garfo.


—Eu simplesmente nã o entendo isso. Um dia ele sai do seu
caminho para me ajudar, e no outro ele é rude e me ignora.
Ela pegou seu vinho.

—Estamos falando sobre o cara gostoso?


—Bennett, sim.
Ela sorriu e levou o copo aos lá bios.

—Pensei que você nã o queria falar sobre ele.


—Eu nã o. E só ... Ele é tã o enfurecedor.
—Entã o ele está quente e frio para você .
—Escaldar e gelar seria mais parecido com isso. Na semana
passada, fui ao encontro de Andrew para jantar. Bennett me seguiu até
o hotel porquê de alguma forma ele sabia que as coisas nã o
terminariam bem. E nã o foram. Bennett e eu acabamos pegando algo
para comer juntos e conversando até a meia-noite. Na manhã seguinte,
eu o vi na sala de descanso e ele me deu uma recepçã o fria - como se a
noite anterior nunca tivesse acontecido.

Madison pousou o copo de vinho.


—Có pia de segurança. Você encontrou Andrew para o jantar? Eu
nã o recebi uma ligaçã o à meia-noite ou uma visita matinal no dia
seguinte. E agora nó s passamos por bebidas e aperitivos e isso nunca
foi mencionado?

Suspirei.
—Sim. E uma longa histó ria.
Ela empurrou o lado do purê de batatas ao redor com o garfo.

—Minha comida foi entregue fria de qualquer maneira. Comece


do inı́cio.
Passei atravé s de Andrew pedindo-me para encontrá -lo,
esfregando meu braço no restaurante do hotel enquanto me dizia o
quanto ele sentia minha falta, mas ele també m recuou o mais rá pido
que pô de quando eu perguntei se ele estava dizendo que queria estar
junto novamente. Eu també m a enchi com os pensamentos de Bennett
sobre o que Andrew queria antes de eu ir e como ele apareceu para
pegar as peças.
Madison bateu uma unha em seus lá bios. —Entã o, basicamente,
você está dizendo que Bennett é um idiota para as mulheres, entã o ele
é capaz de prever o que os outros idiotas sã o depois?
—Eu acho. Mas o que nã o consigo conciliar é , se ele é tã o idiota
com as mulheres, por que ele tentaria me alertar sobre Andrew e
depois estar lá por mim quando tudo o que ele me alertou se tornou
realidade? Um babaca nã o se importaria com o que aconteceu comigo
antes ou depois. Ele deveria ter dito eu te disse no dia seguinte no
trabalho, em vez de me deixar falar sobre as coisas naquela noite.

O garçom veio e perguntou como estava as nossas refeiçõ es.


Madison normalmente respondia que a comida estava abaixo do
normal para ver como o restaurante lidava com ela, e entã o lhes daria
outra chance se agissem profissionalmente. Mas em vez disso, fingiu
sorrir para o garçom, dizendo que o jantar estava bom e pediu outra
garrafa de vinho. Eu tinha a sensaçã o de que nossa discussã o estava
desviando sua avaliaçã o no momento.

—Parece que Bennett pode ter sı́ndrome da besta, — disse ela.


—Sı́ndrome da besta?

—Todos os homens se encaixam em um personagem da Disney


ou outro. Aquele cara com quem saı́ há alguns meses atrá s, que tinha
trê s consoles de videogame e saı́a com seus amigos cinco noites por
semana? Sı́ndrome de Peter Pan. Lembra-se no ano passado eu
namorei um cara que me disse que ele era o vice-presidente de
finanças de uma empresa de tecnologia, apenas para descobrir que ele
trabalhava em atendimento ao cliente recebendo ordens? Sı́ndrome de
Pinó quio. Aquele cara francê s lindo que eu saı́ com quem queria fazer
aquilo em seu banheiro em frente ao espelho para que ele pudesse
olhar para si mesmo? Gaston.
Eu ri.

—Você está louca. Mas eu vou morder. Qual é a sı́ndrome da


besta? Porque Bennett é lindo, nã o bestial.

—A sı́ndrome da besta é quando um homem constantemente


grita com você para assustá -la. Talvez ele fosse menos que magnâ nimo
em seus primeiros dias, o que ele acha que define quem é banido para
sempre. Entã o ele tenta evitar que as pessoas cheguem perto demais.
Mas ele nã o é realmente o vilã o que pensa que é , e de vez em quando,
uma espiada do prı́ncipe por baixo brilha. Isso normalmente só faz ele
rugir mais alto.
—Entã o... tipo, ele era um jogador, e agora ele acha que sempre
precisa ser aquele cara em vez de um cara legal?
Madison encolheu os ombros.

—Talvez. Ou talvez ele fosse malvado com uma velha mendiga. Eu


nã o sei o motivo, mas parece que ele tem medo de que mostrar muito
do seu prı́ncipe subjacente fará com que ele se machuque.
—Eu nã o tenho tanta certeza sobre isso. Mas sei que é hora de
acabar com Andrew.
—Eu nã o poderia concordar mais. Ele vem te acompanhando há
anos - alegando que você s nã o podiam morar juntos porque ele nã o
podia ter distraçõ es enquanto escrevia seu livro idiota por trê s anos.
Entã o, quando o livro terminou, ele nã o estava pronto para seguir em
frente, porque ele tinha caı́do em depressã o porque o livro nã o
funcionou tã o bem quanto ele esperava. Adivinha? A vida é uma droga.
Todos nó s temos decepçõ es. Você sabe o que fazemos? Ficamos
bê bados por uma semana, depois nos limpamos, voltamos ao trabalho
e nos esforçamos mais, nã o abandonamos a pessoa que amamos.
—Você está certa. Eu sempre amarei o Andrew. Mas as coisas
mudaram desde que estivemos na faculdade e depois da formatura.
Ele nã o é a mesma pessoa feliz e espontâ nea que ele costumava ser, e
ele nã o é há muito tempo. Eu acho que eu estava esperando que ele
magicamente voltaria a ser o cara que costumava aparecer na minha
casa com uma garrafa de vinho e me surpreender com um final de
semana na cama e café da manhã .
Madison estendeu a mã o e cobriu minha mã o com a dela.
—Eu sinto muito, querida. Mas pelo lado positivo, talvez o
pró ximo seja mais oral.
Suspirei. Na noite seguinte, Andrew me disse que precisava de
um descanso, eu tinha me embebedado demais e derramado minhas
entranhas em algumas coisas privadas - ou seja, que Andrew só desceu
em mim no meu aniversá rio. Quando eu tentei falar sobre isso com ele,
ele disse que só precisava estar de bom humor. Aparentemente, esse
clima nunca aconteceu.
—Acho que vou colocar isso no meu perfil do match.com. A
procura de um homem bem educado, bonito e financeiramente seguro,
que nã o tenha medo de compromisso ou de se aproximar da minha
vagina.
O garçom veio e abriu nossa segunda garrafa de vinho. Ele serviu
dois copos, e Madison nã o se incomodou em esperar até que ele
estivesse fora do alcance da voz antes de levantar o copo na alto.
—Para o sexo oral.
Eu bati meu copo no dela. Talvez fossem os tó picos que havı́amos
passado, mas me vi pensando... Aposto que Bennett teria orgulho em
agradar uma mulher, nã o limitar a uma vez por ano.

***

Eu reservei intencionalmente um voo diferente do meu


homó logo. Nossa assistente perguntou se eu queria viajar com ele, e
mesmo que eu preferisse pegar o voo das sete da manhã que ele já
tinha reservado, eu escolhi pegar um traslado de oito e meia para LA.
Nosso encontro nã o era até uma, e era apenas um voo de uma hora e
meia, mas eu gostava de chegar cedo. Agora eu olhava para o grande
conselho e me arrependia de ter tomado uma decisã o de negó cios
baseada em outra coisa que nã o negó cios. Meu ovo foi empurrado para
onze, e eu estaria correndo para chegar à reuniã o a tempo. Enquanto
isso, Bennett provavelmente estava no taxi agora mesmo. Droga.
Eu levei meu tempo no Hudson News, lendo os ú ltimos best-
sellers, já que eu teria algumas horas extras de atraso. Concentrando-
me em um livro popular de mulheres sobre aprender a aceitar quem
você é , eu fui até o portã o para ler. Só que quando cheguei quase todos
os assentos da á rea de embarque estavam ocupados. Eu percebi que o
voo antes de mim ainda nã o tinha começado o embarque. Quando eu
olhei para a placa do balcã o de check-in, percebi que era exatamente o
que era, só que o voo anterior era o que estava programado para
decolar à s sete para Los Angeles. - O vô o de Bennett.
Eu olhei ao redor da á rea de espera, mas nã o o vi.

—Procurando por algué m? — Uma voz baixa retumbou atrá s de


mim, e sua respiraçã o quente fez có cegas no meu pescoço.
Eu pulei para frente, larguei a bolsa com meu livro e quase
tropecei na minha pró pria bagagem de mã o. Mas uma grande mã o
segurou meu quadril e me firmou.
—Calma. Eu nã o queria te assustar.
Minha mã o voou para cobrir meu coraçã o acelerado.
—Bennett. Que diabos? Nã o se aproxime de uma pessoa assim.
—Desculpa. Eu nã o pude resistir.
Eu alisei minha blusa e me inclinei para pegar o meu livro, que
tinha saı́do da bolsa. —Você nã o deveria estar do outro lado do
terminal se me visse parada aqui?
Bennett passou os dedos pelos cabelos. —Provavelmente. — Ele
arrancou o livro de capa dura das minhas mã os enquanto eu tentava
guardá -lo de volta na sacola plá stica.
—Mas aparentemente é uma coisa boa que estou aqui. — Ele leu
a capa da minha compra.
—Você faz você. O que é isso? Um livro de auto ajuda sobre
masturbaçã o?
Eu o peguei de volta e enfiei na bolsa.
—Nã o. O que é isso nã o é da sua conta.
—Rapaz, você é mal-humorada. Eu acho que você realmente
precisa desse livro.
—E um livro sobre aceitar quem você é e nã o se preocupar com o
que todo mundo pensa sobre você , se você realmente precisa saber.
Ele sorriu.
—Isso é uma vergonha. O que eu pensava sobre isso seria muito
mais interessante.
—O que está acontecendo com o seu voo? Você sabe do que se
trata o atraso?

—Atraso do tempo em Los Angeles, algo sobre ventos fortes.


Todos os voos estã o atrasados. Originalmente eles disseram um atraso
de quarenta minutos; agora sã o até duas horas.

—Eu estava reservada à s oito e meia. O meu mudou para as duas


e meia. E melhor eu ver se eles podem me levar no seu voo.

Depois de uma espera de vinte minutos na fila, o melhor que eles


podiam me dar era ficar na espera. Bennett estava encostado em um
pilar, percorrendo o telefone quando voltei.

—Estou na lista de espera. Nã o tenho certeza se vou continuar.


Ele piscou.
—Nã o se preocupe. Eu vou lidar com isso se você nã o puder
chegar lá . Eu retransmitirei o que o cliente está procurando quando eu
voltar.
—Sim. Essa é uma ó tima ideia. Vou contar com você para
preparar para mim uma proposta para um cliente que você nã o quer
que eu ganhe.
—Parece que você pode nã o ter escolha.
Olhei a hora no meu celular - alguns minutos depois das sete. Era
uma viagem de cinco horas e meia até L.A. Se eu saı́sse agora, teria seis
horas para voltar para casa e chegar lá .
—Eu vou dirigir.

—O que? Sã o mais de trezentas milhas.


Eu peguei minhas malas.
—Eu posso fazer isso. E melhor do que ficar sentada aqui por
mais duas horas para descobrir que nã o posso entrar no voo mais
cedo e perder a reuniã o.
Bennett olhou para mim como se eu tivesse duas cabeças.
—Você levará uma hora para voltar para casa com o trá fego da
hora do rush agora.
Ele estava certo. Eu nã o podia voltar para o meu carro.
—Isso é verdade. Eu alugo um aqui. Isso vai economizar algum
tempo. Eu vou embora, boa sorte com o seu voo.
Eu me virei e comecei a tecer meu caminho de volta pelo
terminal em direçã o à saı́da. Eu temia dirigir meio dia na estrada, mas
temia a ideia de morar no Texas ainda mais.
Por sorte, peguei o Air Tran para o centro de aluguel de carros
assim que as portas estavam começando a se fechar. No centro, escolhi
a agê ncia sem linha.
—Eu preciso alugar um carro para uma viagem só de ida para
Los Angeles.
A mulher digitou em seu teclado.
—Qual tamanho de carro você está procurando?
—Seja qual for, o menos caro.
—Eu tenho uma economia disponı́vel. E uma Chevy Spark.

—Isso está bom.


—Na verdade, — uma voz profunda e familiar disse ao meu lado,
—podemos ficar com um tamanho maior, por favor?
Minha cabeça girou para encontrar Bennett de pé ao meu lado.
Ele estendeu a carteira de motorista para a mulher atrá s do
balcã o e a agraciou com seu sorriso caracterı́stico e encantador.
—E coloque em meu nome. Eu vou estar dirigindo. Eu nã o posso
levar cinco horas e meia ouvindo a direçã o dela.
A mulher olhou entre nó s dois e depois se dirigiu a mim.
—Você gostaria que eu mudasse para um tamanho maior,
senhora?
Eu me dirigi a Bennett.

—Eles cancelaram seu voo ou algo assim?


—Sim.
Pensei em dividir um carro com Bennett. Seis horas dele sendo
malvado para mim ou me dando um olhar frio era pior do que dirigir
sozinha.
Eu olhei de volta para a agente de aluguel. —Vou pegar uma
econô mica. O senhor Fox pode alugar um tamanho inteiro, se quiser.
—Sé rio? Eu pagarei pela metade. Isso custará menos do que um
carro econô mico sozinho.
—Nã o é uma questã o de dinheiro. A empresa pagará por isso de
qualquer maneira. Eu só acho que seria melhor se nó s dirigı́ssemos
separadamente.

Ele parecia perplexo.


—Por quê ?
Eu olhei para a agente, que levantou as sobrancelhas e deu de
ombros, como se dissesse que gostaria de saber o porquê també m.
—Porque você tem sido um idiota para mim. Eu nã o quero lidar
com isso pelo longo caminho. Eu prefiro ficar sozinha.
O rosto de Bennett caiu. Se eu nã o soubesse melhor, pensaria que
o que eu disse o fez se sentir mal. Nó s nos encaramos. Eu podia ver as
rodas em sua cabeça girando enquanto ele refletia sobre sua resposta.
O mú sculo em sua mandı́bula se apertou e seus olhos dispararam
para frente e para trá s entre os meus.
—Bem. Peço desculpas.
Este homem corria tã o quente e frio.
—E você vai ser legal por toda a viagem?

Ele suspirou.
—Sim, Annalice. Eu vou estar no meu melhor comportamento.
Eu olhei de volta para a agente.
—Vamos pegar um carro de tamanho mé dio.
Eu peguei a boca de Bennett se abrindo para dizer algo na minha
visã o perifé rica, entã o eu cortei logo.
—E um acordo.

Ele balançou sua cabeça.


—Ok.
E assim, eu estava prestes a fazer uma viagem com a Besta.
Capítulo 16
Annalice

Eu nã o discuti sobre quem tomaria o primeiro turno dirigindo -


só porque eu realmente odeio dirigir de qualquer maneira. Mas eu
usei Bennett querendo estar atrá s do volante para negociar que o
passageiro tivesse controle do rá dio.

Nó s está vamos na estrada há cerca de duas horas, e nossa


conversa tinha sido limitada, principalmente uma pequena conversa
educada sobre o trabalho. Ele parecia estar em outro lugar, embora eu
nã o tivesse certeza se ele estava perdido em pensamentos ou talvez
gostasse de se concentrar quando dirigia. Imaginei que seguiria o
exemplo da conversa limitada, caso fosse o ú ltimo.

—Há uma parada para descanso em cerca de uma milha, — disse


Bennett. —Vou parar para usar o banheiro. Mas eles també m tê m um
Starbucks se você quiser café ou qualquer coisa.

—Oh isso é ó timo. Eu nã o tenho que ir ao banheiro, mas eu


definitivamente vou tomar um café . Eu preciso de mais cafeı́na. Quer
que eu te pegue alguma coisa?

—Sim, isso seria ó timo. Seja qual for o café que eles tenham com
creme, sem açú car.
—OK.

No ponto de parada, Bennett foi até o banheiro enquanto eu


esperava em uma longa fila de café e folheava meus e-mails no meu
telefone. Anteriormente, enviei um e-mail à Marina para informá -la
sobre a nossa mudança nos planos. Eu sabia que algumas companhias
aé reas cancelaram seu voo de retorno se você nã o aparecesse na
primeira parte da viagem, entã o eu pedi a ela que contatasse a Delta e
garantisse que ficá ssemos reservadas em nossos voos de retorno. Sua
resposta foi interessante.
Oi, Annalice. Como o seu voo ainda não decolou, eles me
permitem convertê-lo em um bilhete só de ida sem taxa de
alteração devido ao atraso. Seu número de itinerário é o mesmo.
Mas desde que o voo de Bennett já havia decolado, seu retorno foi
cancelado automaticamente, e eu tive que marcá-lo de novo e pedir
um reembolso em sua saída. Ele tem um novo número de
itinerário: QJ5GRL

Espero que sua viagem fique melhor.


Marina

Bennett havia dito que seu voo foi cancelado. Talvez Marina
estivesse enganada? Comecei a escrever de volta, e entã o algo me fez
parar. Ao acessar o site de status de voo da Delta, digitei as cidades de
partida e chegada e defini a hora aproximada de partida como 7:00.
Com certeza, confirmou que o voo de Bennett havia decolado quinze
minutos atrá s e que deveria pousar pouco depois das onze. A pá gina
també m listou os voos subsequentes, entã o eu rolei para baixo para
encontrar o meu. O tempo de pouso estimado agora era depois do
horá rio que nossa reuniã o estava marcada.
Eu fiz a escolha certa em dirigir. Mas por que Bennett se juntou a
mim?

***

Nã o saber a resposta me corroeu enquanto dirigı́amos. Eu debati


internamente as razõ es pelas quais Bennett poderia ter mentido sobre
o cancelamento de seu voo. Havia apenas duas que eu poderia pensar.
Ele temia que seu voo fosse cancelado e eu aparecesse sozinha na
reuniã o... ou... ele nã o queria que eu dirigisse sozinha porque sabia
como eu me sentia dirigindo. A explicaçã o ló gica era que ele nã o me
queria sozinha com o cliente. Deve ter sido uma resposta cortada e
seca que nã o requer debate. No entanto, continuei voltando ao que
Madison havia dito na outra noite no jantar.
Besta. Ele era um bom sujeito debaixo do idiota e tentava
escondê -lo?

Seja qual for o motivo, eu poderia simplesmente deixar isso. Mas


esse nã o era o meu ponto forte. Nã o, eu tinha que entender o homem
ao meu lado, se ele queria ou nã o.
Virei meu corpo para o lado do motorista para poder observar o
rosto de Bennett enquanto falava.
—Entã o, Marina mandou um e-mail para mim sobre a
confirmaçã o de nossos voos de retorno.

—Bom. Algum problema?


—Nã o. Estamos no mesmo retorno. —Fiz uma pausa. —Exceto
que ela mencionou alguma coisa.

—Deixe-me adivinhar, o almoço dela desapareceu e ela chamou


os policiais, mesmo que eu nã o esteja lá hoje?
Eu ri.

—Nã o. Ela mencionou que tinha que remarcar o seu. Parece que
cancelaram seu retorno porque seu assento nã o foi usado no voo
atrasado que já havia decolado.

Bennett olhou da estrada para mim e nossos olhos se


encontraram. Ele voltou a olhar para frente e nã o disse nada por um
minuto só lido. Eu vi as rodas em sua cabeça girando.

Eventualmente ele disse:


—Precisava jogar pelo seguro. Nã o poderia ter você aparecendo
no cliente sem mim.

Eu provavelmente estava louca, e nã o pude entender por quê ,


mas nã o acreditei nele. Por alguma razã o, de repente eu estava certa
de que Bennett estava mentindo. Ele viajou comigo porque nã o queria
que eu tivesse que dirigir sozinha. Aqueceu meu coraçã o um pouco,
embora ele claramente nã o pretendesse que isso acontecesse. E isso
me fez querer ser legal de volta.

Eu respirei fundo e virei meu pescoço... novamente.


—A outra noite realmente me ajudou muito.
Ele me olhou pela segunda vez. Seu rosto estava pensativo, como
se ele estivesse curioso para ouvir o que eu tinha a dizer, mas també m
nã o achava que seria sensato ter essa conversa.
—Oh sim?

Eu balancei a cabeça.
—Eu estive pensando sobre isso. Eu realmente te devo. Se você
nã o tivesse me dito diretamente sobre o que você achava que as
intençõ es de Andrew eram antes de eu ir, eu teria acordado na manhã
seguinte em um quarto naquele hotel. Nã o só isso, mas quando
finalmente descobri que ele nã o estava planejando ficar comigo por
mais de uma noite de cada vez, teria sido como abrir uma ferida que já
tinha começado a cicatrizar.
—Só te disse o que vi acontecer. Poderia ter sido totalmente fora
da base.

—Mas você nã o foi. E você estava lá por mim, para ajudar a pegar
as peças quando eu poderia ter desmoronado, mesmo que tenha
contado para você .

Sentada no banco do passageiro enquanto Bennett dirigia


realmente tinha uma grande vantagem: eu podia estudar seu rosto. Ser
capaz de se concentrar e observar o modo como sua mandı́bula
endurecia, sua boca se movia e sua testa franziu-se em confusã o
quando ele nã o tinha certeza de como responder muito. Ele lutou por
um momento sobre como responder ao meu ú ltimo comentá rio antes
de decidir por um simples aceno de cabeça.

—Entã o, agora que você conhece o meu triste histó rico de


relacionamento, qual é a sua histó ria? A ú nica coisa que você me deu é
que nunca teve uma namorada no Dia dos Namorados. E justo que eu
saiba algo sobre sua vida amorosa. Alé m disso, estamos presos nesse
carro por mais horas, entã o você pode me contar e acabar logo com
isso, porque eu vou tirar isso de você antes de chegarmos a L.A. E nã o
se preocupe podemos voltar para não sendo amigos quando abrimos
as portas do carro.
Bennett ficou concentrado na estrada, mas conseguiu um sorriso
forçado.

—Nada a dizer.
—Oh, vamos lá , deve haver alguma coisa. Quando foi a ú ltima vez
que você teve um encontro?
Ele balançou sua cabeça.
Ele nã o queria ter essa conversa. Mas minha necessidade de tê -la
era mais forte que sua resistê ncia. O homem me deixou curiosa.

—Foi uma semana atrá s? Um mê s atrá s? Sete anos?


Ele suspirou.

—Eu nã o sei. Algumas semanas atrá s. Bem antes de você


vandalizar o meu carro.
—Qual era o nome dela?

—Jessica.

—Jessica o quê ?
—Eu nã o sei. Algo com um S, eu acho.

—Entã o eu acho que você só saiu com ela uma vez desde que
você nem sabe o sobrenome dela?
Um sorriso culpado cobriu seu rosto bonito. —Na verdade, saı́
com ela algumas vezes. Eu sou ruim com nomes.

—Mesmo? Qual é o meu sobrenome?


Ele respondeu sem perder uma batida.
—Dor na bunda.

Eu ignorei isso.

—Entã o você saiu com Jessica S. algumas vezes. Por que isso
acabou?

Ele encolheu os ombros.

—Realmente nunca começou. Nó s apenas nos damos bem e…


é ramos compatı́veis.

—Entã o você era compatı́vel, mas durou apenas alguns dias. Por
que isso?
—Eu nã o quis dizer que é ramos compatı́veis para nada a longo
prazo.

Demorei um minuto para entender.


—Você quer dizer compatı́vel como em você era compatı́vel no
quarto?

—E o que é .

—Entã o você está dizendo que era uma coisa sexual só .
—Nó s saı́mos para jantar algumas vezes. Apreciamos a
companhia um do outro. Eu apenas gosto de manter as coisas simples.

—Mesmo? Por que é assim?


—Eu gosto da minha vida sem complicaçõ es desnecessá rias.

—Entã o você vê as mulheres como complicaçõ es, entã o?

—A maioria das mulheres é complicada, sim.


Eu ponderei isso por um momento.
—Entã o, como isso funciona? Você conhece uma mulher e
pergunta se ela está interessada em uma noite de sexo apenas?

Bennett riu.

—Nã o é tã o simples assim.

Eu provoquei.
—Mas se nã o é assim tã o simples, seria complicado. E você nã o
faz complicado.

Ele murmurou algo em voz baixa sobre eu ser uma dor na bunda
e balançou a cabeça - algo que ele fazia frequentemente quando eu
falava.

—Nã o, sé rio, — eu disse. —Estou interessada. Como funciona?


Você usa um serviço de encontros ou algo assim?

Bennett olhou para mim e de volta para a estrada algumas vezes.


Parecendo perceber que eu nã o tinha intençã o de deixar o assunto ir
embora, ele suspirou.

—E menos esté ril do que isso. Se eu estiver com uma mulher, em


algum momento a conversa inevitavelmente se volta para o que ambos
estamos procurando em um relacionamento. Eu sou honesto e digo
que quero manter as coisas casuais. Mas nã o é difı́cil dizer o que uma
mulher está procurando antes de chegar a esse ponto. Entã o evito as
que sã o... complicadas.

—Você está dizendo que você pode dizer se uma mulher pode
estar interessada em um relacionamento só de sexo por apenas, o que,
falando com ela por alguns minutos?

—Usualmente.
—Isso é ridı́culo.

Ele encolheu os ombros.


—Parece ter funcionado para mim até agora.

Eu olhei pela janela, perdida em pensamentos por um minuto,


entã o fiz a minha pró xima pergunta enquanto o observava no reflexo.
—E quanto eu?

Os olhos de Bennett saı́ram completamente da estrada e sua


cabeça virou para mim depois disso.
—E você ?

—Você passou algum tempo comigo agora. Diga-me, eu estaria


interessada em um relacionamento sexual apenas, ou eu sou muito
complicada?

Voltei-me para olhá -lo e observei quando ele levou a mã o ao


queixo e esfregou. Um largo sorriso apareceu em seu rosto quando ele
parou de fingir deliberar sobre sua resposta.

—Você é tã o complicada como elas vê m, querida.

Abri a boca para discutir, depois fechei e abri.


—Eu nã o sou.

Ele me lançou um olhar que dizia besteira.

—Eu nã o sou!

—Você já teve um tempo com aquele idiota por trê s, quatro,
cinco meses agora? Com quantos homens você saiu durante esse
tempo?

Meus lá bios se franziram.


—Entã o eu tomo isso como nenhum, entã o?

—Eu precisava de uma pausa.

—De sexo?
—De homens. — Eu fiz uma careta. —Andrew realmente me
machucou.
—Sinto muito. Mas isso só prova o meu ponto. Você poderia ter
saı́do e feito sexo se quisesse - uma liberaçã o fı́sica. Mas você associa
isso a um relacionamento.

Acho que ele estava certo. Eu tive uma noite no meu primeiro ano
na faculdade e odiava o jeito que me sentia no dia seguinte. Eu
suponho que eu seja complicada.

Agora eu era a ú nica que queria mudar de assunto.

—Você já teve uma namorada?, — Perguntei.

—Defina namorada?
—Uma pessoa que você namorou exclusivamente.

—Certo. Eu te disse, eu nã o sou grande em compartilhar quando


estou vendo algué m.
—Quanto tempo durou o seu mais longo relacionamento?

—Eu nã o sei, alguns meses. Talvez seis.

—Já esteve apaixonado alguma vez?


A mandı́bula de Bennett se apertou. Claramente essa pergunta
causou alguma má goa.

Ele limpou a garganta.

—Você disse que me deve uma, certo?


Eu balancei a cabeça.

—Vamos mudar de assunto e falar de negó cios, e nó s vamos


deixar assim.
Capítulo 17
Bennett
—Annalice? E tã o bom ver você .

O cara que acabou de entrar na sala para participar da reuniã o


aproximou-se e abraçou Annalice. Eu observei a mã o dele viajar até
bem acima da fenda da bunda dela enquanto ele passava os braços em
volta dela - discutı́vel se isso seria considerado apropriado para um
colega.
—Tobias? — Ela se afastou do abraço. —O que você está fazendo
aqui?

—Sou o novo vice-presidente de criatividade para a Star Studios.


Eu deixei a Century Films e comecei aqui há uma semana. Eu nã o vi
seu nome na agenda de hoje até esta manhã ou eu teria entrado em
contato antes.
—Uau, — disse ela. —Bem, é ó timo ver um rosto familiar. Como
você tem estado?

—Bem. Mantendo-me ocupado no trabalho. Ainda me


aperfeiçoando em fazer vinho. A primeira colheita completa veio na
semana passada na pequena fazenda que eu peguei no ano passado.
Eu posso ter que ligar para seus pais para algumas dicas.

—Isso é ó timo. Eles ficariam felizes em ajudar. Você terá que


compartilhar uma prova quando suas primeiras garrafas estiverem
prontas.

Eu fiquei ao lado de Annalice, observando toda a troca. Enquanto


o sommelier, ou qualquer que seja a porra que você chame um cara
que faz vinho, nã o desviou os olhos da mulher na frente dele para me
notar, Annalice de repente lembrou que eu estava aqui.
—Oh. Tobias, este é Bennett Fox. Bennett e eu trabalhamos
juntos em Foster, Burnett e Wren.
Eu apertei a mã o dele e o avaliei. Alto, nada mal, sapatos
brilhantes, um bom e firme aperto.
—Prazer em conhecê -lo, Ben.

Normalmente eu corrigia pessoas se elas encurtassem meu nome


para Ben, embora nunca um cliente. Os clientes podiam me chamar de
idiota por tudo que me importava, contanto que eles me dessem seus
negó cios. Mas algo sobre um encurtar de nome imediato sempre me
incomodava. Você não é meu amigo. Eu não vou te chamar de Toby e
pedir que você vá tomar uma cerveja. Acabamos de nos conhecer. É
Bennett... a sílaba extra não custa mais.
—Por que nã o nos sentamos? Eu acho que todo mundo está aqui,
— disse ele.
Esperei que todas as senhoras da sala se sentassem, mas
aparentemente isso foi um pouco longo demais. Porque antes que eu
pudesse sentar na cadeira ao lado de Annalice - você sabe, para
mostrar uma frente corporativa unida - Tobias colocou a mã o no
encosto da cadeira na minha frente e puxou para si mesmo.

Nã o querendo causar uma cena, me mudei para o pró ximo


assento disponı́vel, que estava do outro lado da mesa.
O vice-presidente de produçã o iniciou a reuniã o, apresentando
uma visã o geral completa dos objetivos de negó cios e do pú blico-alvo
da empresa. Tomei notas enquanto ele falava e, na maior parte, tentei
prestar atençã o. Mas de vez em quando, eu olhava para Annalice. Por
duas vezes Tobias estava sussurrando para ela enquanto ela tomava
notas. A mesa de conferê ncia tinha provavelmente cerca de um metro
e meio de largura. Isso me fez querer descobrir se eu poderia alcançá -
lo com o pé debaixo dela.
Depois que a apresentaçã o formal terminou, cada um dos
funcioná rios da Star acrescentou algo. Quando a pauta foi para Tobias,
ele deveria ter ficado quieto porque ele nã o tinha nada de substancial
para adicionar. Aparentemente, o cara gostava do som de sua pró pria
voz dizendo palavras sem sentido. E ter uma desculpa para tocar em
Annalice.

—Entã o eu sou o cara novo aqui na Star, obviamente. E a equipe


fez um excelente trabalho hoje em apresentar nã o apenas quem
somos, mas a marca que nos antecipamos para nos tornarmos no
futuro. Uma coisa que posso acrescentar é que a sinergia é importante.
Nosso logotipo, nossa mensagem de marketing, nossa equipe, nossos
alinhamentos estraté gicos - eles sã o apenas os ingredientes para fazer
um grande lote de cookies. Deixar de fora a pitada de sal ou as gotas de
chocolate e o que você ganha? Provavelmente ainda é um cookie - mas
nã o será tã o delicioso quanto poderia ter sido. Coesã o é o nome do
jogo, e a campanha que conquistar nossos coraçõ es será aquela que
combina bem com tudo o mais para fazer o melhor biscoito.
Womp womp womp. Biscoitos. Womp womp womp. Mais cookies.
Isso é o que eu ouvi.
Ele falou sem parar, sem dizer nada, até que finalmente concluiu
com um aceno de cabeça para Annalice.

—Eu já trabalhei com a Wren antes, e estou confiante de que eles
tê m a capacidade de pensar grande e pensar fora da caixa para chegar
a algo grande. — Ele tocou o braço dela. —Só precisamos dar a
Annalice e sua equipe a lista certa de assados, e ela voltará com o lote
mais saboroso de biscoitos com gotas de chocolate que já comemos.
Annalice e sua equipe. Otimo. Que idiota.
Apó s o té rmino da reuniã o, Tobias se ofereceu para nos fazer um
tour pelos lotes de produçã o. Ele ofereceu a mã o para Annalice entrar
no banco da frente do carrinho de golfe antes de caminhar até o lado
do motorista. Eu estava relegado para o banco de trá s e tive que me
esforçar para ouvi-lo falar enquanto caminhá vamos.
Depois de quatro horas de reuniõ es e de ser mostrado pelo
presidente do fã -clube de Annalice, nó s trê s voltamos ao seu escritó rio
para conversar. Até entã o, seus toques familiares aumentaram com
frequê ncia, e senti meu rosto queimando.
—Entã o, o que mais posso fazer para ajudá -la a acertar isso no
parque? — Tobias olhou apenas para Annalice quando ele falou,
embora nó s trê s estivé ssemos sentados em uma pequena mesa
redonda.

—Eu adoraria que esboçá ssemos alguns designs de logo á speros


e os executá ssemos informalmente antes de irmos longe demais no
nosso caminho completo de marca para o grupo, — disse ela.

Tobias assentiu.
—Feito. Envie tudo o que você quiser que eu dê uma olhada.
Melhor ainda, volte para cá e eu organizarei um almoço com alguns
dos principais jogadores e verei se eles poderiam te dar uma opniã o
inicial.
—Uau. Isso seria bom.
Eu senti a necessidade de contribuir com algo. Ou talvez lembrá -
lo de que eu estava na sala.
—Obrigado, Tobias. Isso seria bom.

Ele me reconheceu com um sorriso educado e voltou sua atençã o


para a mulher ao lado dele. Mais uma vez, ele tocou o braço dela. —
Qualquer coisa para Anna.

Annalice me pegou olhando onde a mã o dele descansava e


rapidamente moveu o braço dela.
Puta merda. Isso é uma cara de culpa. Ela transou com ele? Aqui
eu estava pensando que o cara era apenas um idiota comum que tira
proveito de sua posiçã o. Mas havia algo mais acontecendo aqui.
Os dois passaram um tempo falando sobre a porcaria que fizeram
juntos em seu ú ltimo estú dio. Claro, eu nã o pude contribuir para essa
conversa també m, o que pode ter sido o ponto. Por sorte, o assistente
de Tobias eventualmente bateu para interromper e lembrar que ele
tinha uma teleconferê ncia em breve.
—Veja se você pode remarcar, por favor, Susan?
Eu queria dar o fora deste escritó rio. Eu fiquei de pé .

—Tudo bem. Você foi tã o generoso com seu tempo. Nó s nã o
queremos ultrapassar nossas boas-vindas. Certo, Annalice?
Suas sobrancelhas se abaixaram.
—Umm… claro. Você vai estar no jantar hoje à noite?

—Eu nã o estava planejando, mas vou ver se posso mudar


algumas coisas para conseguir.

Eu forcei um sorriso falso. Foda-se. —Otimo.


Depois que o menino Toby conseguiu outro abraço, Annalice e eu
caminhamos para o estacionamento em silê ncio. Parecia que um nó
gigante tinha criado raı́zes na parte de trá s do meu pescoço. Abri a
porta do carro e nossos olhos se encontraram por um breve segundo.
Meu rosto permaneceu severo.

Se eu falasse agora, eu definitivamente explodiria. Tı́nhamos


algumas horas até nosso jantar hoje à noite, entã o eu precisava ir ao
giná sio por uma hora ou mais para ajudar a gastar um pouco desse
vapor - talvez duas horas.

Depois que ela entrou, eu fechei a porta do carro com um sucesso


moderado em nã o bater com força suficiente para sair das dobradiças.

No minuto em que sentei, eu liguei o carro e comecei a me mover


pela rua sem programar nenhuma direçã o.
—Você sabe como chegar ao hotel? — Perguntou Annalice.
—Nã o. Por que você nã o descobre isso e me direciona,
considerando que você é a chefe?
Annalice franziu o cenho.

—O que você quer que eu faça? Corrigir o cliente no meio de sua


apresentaçã o? Você sabe que isso seria pouco profissional.
—Nã o é tã o pouco profissional quanto incentivar o cliente a lhe
dar uma palmada.
—Você está brincando comigo?

Annalice nã o era muito de jogar, entã o eu sabia antes de dar uma
olhada em seu rosto vermelho que ela estava chateada. Isso estava
bem. Essa porra fez dois de nó s.

—Ele é amigá vel porque trabalhamos juntos antes. Ele també m


está felizmente casado, nã o que eu precise explicar alguma coisa para
você .
—Você nã o pode ser tã o ingê nua assim, nã o é ? Pensar que uma
coisinha como ser casado faz diferença para alguns homens? —Fiz
uma pausa, embora devesse ter acabado de terminar meu discurso lá .
—Oh espere. Você pode ser tã o ingê nua. Você é a mesma mulher que
achava que encontrar um ex em um hotel nã o era para uma foda.
Se eu pensasse que o rosto dela estava quente de raiva antes, eu
estava errado. A sombra vermelha se aprofundou em um quase roxo.
Ela parecia quase como se estivesse segurando a respiraçã o. Por meio
segundo, considerei sair do carro para minha pró pria segurança.
—Pare o carro, — ela exigiu. —Pare o maldito carro!
Eu parei abruptamente.

Annalice desafivelou o cinto de segurança e abriu a porta do


carro. Nó s ainda está vamos no estacionamento, e pelo menos nã o
havia outros carros ou pessoas ao redor para assistir quando ela saiu,
começou a andar enquanto balançava as mã os no ar, e gritava sobre o
quã o idiota eu era.

Talvez eu fosse um idiota. Na verdade, eu sabia que estava sendo.


Mas nã o fez o que aconteceu entre os dois a tarde toda menos
aceitá vel. Entã o eu a deixei lá fora para se acalmar enquanto eu fazia
meu pró prio resmungo dentro. Apó s cerca de quinze minutos, ela
voltou para o carro, entrou e afivelou o cinto de segurança.
—Dirija até o hotel. Temos que fingir que somos amigá veis na
frente do cliente no jantar hoje à noite. Mas nã o há motivo para ser
legal agora.
Eu liguei o carro.

—Por mim tudo bem.

***

Uma hora nã o ajudou. Duas nã o fizeram nada alé m de fazer meus
braços e panturrilhas doerem.
Nem mesmo uma soneca de meia hora e um banho de chuveiro
com á gua quente e uma configuraçã o de massageador me ajudaram a
relaxar. Todos os mú sculos do meu corpo ainda estavam tensos.
Por mais fodido que fosse, eu nã o estava com medo do jantar. Na
verdade, eu estava ansioso por isso. Eu mal podia esperar para ver
como Annalice agia depois que eu a chamei sobre o que estava
acontecendo com aquele idiota.
As quinze para as oito, desci ao bar onde está vamos nos
encontrando com a equipe da Star Studios em quinze minutos. Eu
estava feliz que nossos planos para o jantar estavam no restaurante do
nosso hotel, entã o eu nã o precisei dirigir e tomar uma ou duas
bebidas. Deus sabe que eu precisava disso.

O vice-presidente de produçã o e o roteirista-chefe já estavam


sentados no bar. Eles estenderam uma recepçã o amigá vel.
—O que você está bebendo, Bennett?
Eu olhei para os copos deles, ambos cheios de lı́quido â mbar.

—Eu vou tomar um scotch.


O VP deu um tapinha nas minhas costas. —Boa escolha. — Ele se
virou e ordenou outro ano e marca que os dois estavam bebendo e
girou de volta para mim.
—Nó s fizemos toda a conversa hoje. Diga-me um pouco sobre
você .
—Tudo bem. Estive com Foster Burnett em dez anos, comecei
como artista grá fico e trabalhei meu caminho até o diretor de criaçã o.
Passo muito tempo no escritó rio, jogo um pouco de golfe nos fins de
semana, e minha assistente me odeia porque uma vez eu comi seu
sanduı́che de manteiga de amendoim e geleia da geladeira quando
estava no fim do prazo e trabalhando à meia-noite.
A ú ltima parte me deu uma risada. Era engraçado dizer, e eu
assumi que eles achavam que eu estava exagerando. Nã o era
engraçado que ela realmente me odiasse.
—Artista grá fico, né ? Você ainda desenha?

—Fazer rabiscos enquanto estou no telefone com minha mã e


conta?
O riso dos homens foi interrompido pela voz de uma mulher.
—Bennett aqui está apenas sendo modesto. Ele é um bom artista.
Você deveria ver alguns de seus trabalhos - especialmente os desenhos
animados que ele cria. Ele tem uma imaginaçã o muito viva.
Eu me virei para encontrar Annalice - usando um vestido azul
que combinava com seu corpo e fazia seus peitos parecerem
fantá sticos, mas de alguma forma ainda era um traje de negó cios
apropriado. Ela estava linda. Isso quase me fez esquecer a pequena
guerra que nó s está vamos tendo, e que ela tinha acabado de tentar
uma escavaçã o para mim por meus desenhos animados sexy.
Eu tomei minha bebida.

—Falando de modesto... quando é a vez de Annalice contar um


pouco sobre si mesma, nã o deixe que ela esqueça de mencionar o
hobby de seu carro. Ela pode desmontar um carro como ningué m.
Inferno, em seu segundo dia no novo escritó rio, ela cuidou de um
problema de limpador de para-brisa que eu nem percebi que tinha até
o dia anterior.
Annalice manteve o sorriso largo em seu rosto, mas eu peguei os
pequenos punhais que ela atirou do pequeno olhar de seus olhos. Eu
irradiei meus brancos perolados de volta, só que minha diversã o nã o
era falsa. Eu gostava de foder com ela. Eu poderia ter passado a noite
toda assim, trocando farpas como elogios. Ele fez mais em dois
minutos para aliviar a tensã o que eu senti do que horas na academia e
um chuveiro tinha feito.
Depois de mais algumas trocas, onde ela disfarçou uma batida
sobre minha vida amorosa como sendo dedicada ao meu trabalho, e eu
bati nela com uma batida sobre ela ser ingê nua disfarçada como ela
ter a mente aberta, meu pescoço aiviou pela primeira vez no dia todo.
Embora a dor tenha voltado menos de cinco minutos depois,
quando seu amigo apareceu.
—Você conseguiu, — eu disse.

Eu observei seus olhos passarem rapidamente por Annalice antes


de responder.

—Era importante demais para nã o acontecer.


Sim. Certo.
Em poucos minutos, o resto do nosso grupo se juntou a nó s,
incluindo o membro do conselho que foi amigá vel com o vice-
presidente da Star e que aceitou o convite para vir hoje e fazer o seu
negó cio. Nó s mudamos nossas discussõ es para uma mesa durante o
jantar, e eu nã o fiquei surpreso ao ver que de alguma forma Annalice e
Tobias conseguiram se sentar ao lado do outro novamente.
Embora eu tivesse a sorte de estar sentado ao lado do membro
do conselho, que logo decidiria onde diabos eu morava, eu nã o
conseguia me concentrar o suficiente para aproveitar a oportunidade
de falar sobre ele. Em vez disso, encontrei-me examinando cada gesto
entre o casal de aparê ncia feliz sentado à minha frente.

O jeito que ela jogou a cabeça para trá s para rir quando ele disse
algo que deveria ser engraçado.
A maneira como sua boca se movia quando ela falava e sua lı́ngua
limpava os restos de vinho do topo do copo toda vez que ela tomava
um gole.
O jeito feminino que ela limpou os cantos da boca com o
guardanapo de pano.
A maneira como o imbecil continuava tocando seu braço e
batendo nos ombros com ela.
No momento em que chegamos à sobremesa, eu comecei a ter
problemas para inventar algo para dizer e fiquei quieto. A diversã o
que eu senti no começo da noite tinha acabado, e estava ansioso para a
noite acabar.
Quando finalmente chegou, todos nos reunimos no saguã o do
hotel dizendo adeus. Annalice acenou uma ú ltima vez enquanto toda a
equipe da Star saı́a do hotel, e entã o é ramos apenas nó s dois. O sorriso
que ela estava ostentando imediatamente se transformou em um rosto
irritado.

—Você é a pessoa mais anti profissional que eu já conheci!


—Eu? O que diabos eu fiz?
—Você passou a noite toda me dando o olhar do mal e olhando
para Tobias.

—Besteira! Eu nã o fiz isso.


Ela parou por um momento e estudou meu rosto.

—Você está falando sé rio, nã o está ? Você nem percebe o que
estava fazendo.

—Eu nã o estava fazendo isso.


Essa mulher era louca. Talvez eu estivesse quieto, menos social
do que eu normalmente seria, mas ela també m estava sentada do
outro lado da mesa.
—Você estava sentado na minha linha de visã o. Onde diabos você
esperava que eu olhasse?
—Você estava fazendo beicinho e emburrado como... como... você
agiu como um maldito namorado ciumento.
—Você está louca.

—Você é impossı́vel de trabalhar. — Ela saiu antes que eu


pudesse dizer mais alguma coisa, indo para o elevador.
Eu fiquei lá por um momento, tentando descobrir onde diabos
ela tinha me feito agir como um namorado ciumento. Minha
adrenalina aumentou, e eu sabia que nã o havia maneira alguma em
que eu fosse capaz de dormir. Entã o eu decidi voltar para o bar do
lobby e ter uma pequena assistê ncia de sono lı́quido.

***

Você agiu como um maldito namorado ciumento. Suas palavras


continuaram girando em minha mente, junto com grandes
quantidades de scotch de dez anos de idade.
Depois de dois drinques, eu estava definitivamente mais calmo.
Mas eu nã o consegui afastar tudo o que aconteceu hoje à noite. As
coisas tinham começado bem o suficiente - o vestido azul, seus seios
grandes. Eu fui bem composto quando ela chegou, mesmo depois da
nossa explosã o no carro esta tarde. Observando-a falar, observando-a
rir, vendo o homem sentado ao lado dela se esticar e descansar o braço
ao redor das costas da cadeira durante os aperitivos. Eu nã o conseguia
ver a mã o dele, mas imaginei-o arrastando um dedo pelas costas dela,
achando que ningué m saberia.

Exceto eu. Eu sabia.


Eu sacudi o gelo ao redor do meu copo e depois engoli o resto da
minha bebida.
Aquele dedo do caralho.

Eu queria quebrar isso.


Como se atreve aquele bastardo a tocá -la?
A coisa que cruzou a minha mente qause bê bada pareceu surgir
do nada.

Mantenha suas mãos longe da minha garota.


Que porra é essa?
Volte novamente?

Eu ri para mim mesmo, tentando me livrar do pensamento


ridı́culo. E o á lcool falando.

Teve que ser.


Certo?
Ou…

Porraaaa.
Minha cabeça caiu contra o topo do banco do bar, e eu olhei para
o teto por um minuto, perdido em pensamentos. Tudo começou a se
encaixar em velocidade rá pida.
Eu fechei meus olhos.

Merda.
Eu estava agindo como um namorado ciumento esta noite.
Mas por que?

A resposta deveria ser ó bvia, mesmo para algué m tã o tenso


quanto eu. Mas levou mais duas bebidas e até o bar começar a fechar
para ponderar mais alguns.

Depois que eu descobri, decidi fazer algo estú pido...


Capítulo 18
Annalice

Thump thump.

Eu rolei e cobri minha cabeça com o cobertor.

Alguns minutos depois, houve o som novamente.


Thump thump.

Eu afastei o cobertor e suspirei. Que horas eram? E quem diabos


estava batendo? Nã o soou como algué m batendo.

Pegando no meu celular na mesa de cabeceira, eu peguei e


apertei o botã o. A luz brilhante iluminava o quarto de hotel escuro e
agredia meus olhos sonolentos. Eu dei uma olhada na hora. 2:11

Suspirei. Deve ser gente vindo pelo corredor depois que o bar
fechou. Eu tentei rolar e voltar a dormir, mas agora minha bexiga tinha
acordado també m. No caminho para o banheiro, espiei pelo olho
má gico e olhei o corredor o má ximo que pude. Parecia estar vazio
agora.

Mas no momento em que voltei para a cama, tudo começou de


novo.
Thump thump.

Que diabos? Tirei as cobertas e saı́ da cama para verificar o olho


má gico novamente. Nada. Mas desta vez, enquanto eu estava em pé ,
com os dedos dos pé s esbugalhados olhando para dentro, o barulho
veio novamente - e a porta vibrou. Eu pulei para trá s.

—Olá ?
Uma voz baixa disse algo do outro lado da porta, mas eu nã o
consegui entender as palavras. Eu verifiquei o olho má gico novamente,
apenas olhando para baixo atravé s do espectador desta vez. Cabelo.
Algué m estava sentado na frente da porta. Meu coraçã o começou a
acelerar.

—Quem está aı́?

Mais resmungos.

Eu caı́ ao nı́vel deles e coloquei meu ouvido na porta.

—Quem está aı́?

Eu ouvi o som distinto de riso.


O que era isso?

Eu subi para o olho má gico e olhei para baixo, tanto quanto pude
mais uma vez. O cabelo també m parecia o dele. Mas eu nã o podia ter
certeza. Entã o eu verifiquei novamente a trava da corrente de
segurança antes de abrir a porta devagar.

—Bennett? E você ?

—Que porra é essa? — Sua voz resmungou mais clara atravé s do


espaço aberto. Olhando para baixo, encontrei-o caı́do contra a porta.
Ele a estava usando para se manter em pé e caiu quando ela abriu.
Empurrei a porta para frente para destravar a corrente de
segurança, depois abri a porta.

Bennett seguiu em frente, seu peso empurrando a porta até que


ele estava esparramado, deitado no chã o - a metade superior dele no
meu quarto, as pernas do lado de fora no corredor. Ele ficou histé rico
rindo.

—Que diabos você está fazendo?, — Perguntei. Entã o me dei


conta de que ele poderia estar doente e precisando de atençã o mé dica.
—Merda. — Eu me inclinei em pâ nico. —Você está bem? Alguma
coisa está doendo?

O cheiro de á lcool respondeu na ausê ncia de palavras reais.

Eu acenei uma mã o na frente do meu nariz. —Você está bê bado.

Ele mostrou o sorriso torto mais sexy dele.


—E você é linda pra caralho.

Nã o era exatamente o que eu esperava.


Eu pisei em torno de seu corpo no meu tapete e olhei para cima e
para baixo no corredor. Ningué m mais estava lá fora.

Bennett apontou para mim com todo seu rosto se juntando para
um sorriso sujo.
—Eu posso por baixo de seu vestido.

Eu tinha uma longa camiseta que mal chegava à s minhas coxas. E


ele estava olhando para minha calcinha. Eu puxei o material apertado
na bainha e pressionei minhas pernas fechadas.

—O que está acontecendo? Você achou que este era seu quarto
ou algo assim? Você está duas portas abaixo, o quarto ao lado do
elevador, lembra?

Ele estendeu a mã o e seus dedos deslizaram pela minha coxa.


—Vamos. Deixe-me ver de novo. Elas eram pretas e rendadas.
Meu tipo favorito.

Calor espalhou minhas pernas pela sensaçã o dos dedos dele na


minha pele. Mas meu coraçã o era esperto o suficiente para lembrar o
que ele havia feito antes. Eu empurrei a mã o dele. O que ele achou
divertido.
—Você nã o gosta de mim, nã o é ?
—No momento, nã o.

—Tudo bem. Eu gosto de você .


—Bennett, você quer alguma coisa, ou precisa de ajuda para
voltar ao seu quarto?

—Eu vim pedir desculpas.


Isso derreteu meu gelo um pouco. Mas ele estava bê bado, entã o
eu nã o podia ter certeza de que ele sabia o que diabos ele estava
arrependido.
—Pedir desculpas por quê ?, — Perguntei.

—Por ser um idiota. Por agir como um namorado ciumento.


Suspirei.
—Qual foi o seu problema esta noite?

Um sorriso bobo se espalhou pelo rosto dele. —Toby boy nã o


deveria estar tocando em você . Eu estava com raiva. Eu nã o deveria ter
jogado isso em você .

Mais da minha guarda desceu.


—Está tudo bem. Eu acho que em algum nı́vel eu posso apreciar
seu cavalheirismo, querendo me defender.

Ele achou esse comentá rio divertido també m.


—Cavalheirismo. Isso é algo que eu nunca fui acusado.

Bennett estendeu a mã o e colocou a mã o no meu pé descalço. Ele


traçou um infinito com o dedo. Deus, seu toque era bom, mesmo ali.
Ele olhou para baixo, observando a mã o dele desenhar, enquanto
continuava a falar. —Sinto muito, Texas.
Por alguma razã o estú pida, o uso do meu apelido me amoleceu.
—Tudo bem, Bennett. Nã o se preocupe com isso. Apenas nã o
deixe acontecer de novo. OK?
Ele parou de desenhar e cobriu a parte superior do meu pé com a
palma da mã o. Seu polegar subiu e acariciou meu tornozelo. Eu senti
isso entre as minhas pernas.
—Vai, no entanto, — ele sussurrou. —Isso vai acontecer
novamente.

Meu cé rebro se distraiu com a maneira como seu toque simples
irradiava por todo o meu corpo, entã o eu nã o entendi o que ele estava
dizendo.

—O que vai acontecer?


—Vou agir assim de novo. Eu nã o posso evitar. Você sabe porquê ?
Eu nã o tinha certeza se me importava, contanto que o polegar
continuasse acariciando meu tornozelo.
—Hmmm?

—Porque eu estava com ciú mes.


Meu queixo caiu. Eu tinha que estar interpretando mal o que ele
estava dizendo. —Você estava com ciú mes sobre o quê ?

Ele olhou para cima do chã o e nossos olhos se encontraram.


—Sobre ele tocar em você .
—Mas por que?

—Porque eu quero ser o ú nico a tocar você .


De repente, fiquei ciente de que estava de pé apenas com uma
camisola.
—Eu preciso colocar algumas calças. — A porta do meu quarto
ainda estava aberta, com metade de seu corpo no corredor.
—Você pode puxar suas pernas para que eu possa fechar a porta
e pegar algo para vestir?
Ele conseguiu dobrar os joelhos e levantá -los o suficiente para
que a porta se fechasse, mas ele nã o se levantou do chã o. Ele també m
nã o soltou meu pé . O som da fechadura clicando fechada soou extra
alto, seguido de silê ncio. Fiquei dolorosamente ciente de que estava
seminua, que Bennett estava tocando minha perna e que está vamos
muito sozinhos no meu quarto de hotel.

Puxei meu pé da mã o dele e corri para a minha mala para
encontrar a calça que eu deveria ter colocado antes de abrir a porta
em primeiro lugar. A encontrando, corri para o banheiro.

Jesus. Eu me assustei, pegando meu reflexo no espelho. Cabeça


bagunçada do travesseiro, maquiagem borrada, olhos cansados e com
olheiras - eu parecia uma pessoa sem lar. Rı́mel escorreu por uma das
minhas bochechas e - eu me inclinei para frente para olhar mais de
perto - aquela baba secou ao lado do meu rosto?

Passei Deus sabe quanto tempo me consertando. Amarrei meu


cabelo em um rabo de cavalo, lavei meu rosto, escovei os dentes,
coloquei desodorante e coloquei a calça de moletom. Entã o eu tive
uma longa conversa... comigo mesma.

—Você está bem. Ele está bê bado. Ele nã o tem ideia do que está
dizendo. — Respirei fundo. —Nada vai acontecer lá fora. Você só vai
ajudá -lo e levá -lo até seu quarto.

Mas… se ele começar a esfregar meu pé novamente.


—Nã o. Definitivamente nã o. Isso é estupido. Apenas vá lá agora.
Há quanto tempo você está se escondendo aqui?

A melhor pergunta é : quanto tempo passou desde que você


estava com um homem?

—Pare com isso. Você está sendo ridı́cula. Este é seu inimigo, um
homem que você nem gosta metade do tempo.
Esta noite nã o tem que ser metade do tempo...

Eu apontei um dedo severo para o espelho. —Nã o mais. — Entã o


dei uma ú ltima olhada em mim e endireitei minha postura antes de
colocar a mã o na maçaneta. Nã o vai acontecer nada.

Literalmente.

Porque eu abri a porta do banheiro para encontrar...


Bennett roncando no meu chã o.

***

Eu nã o consegui voltar a dormir.


E como eu tinha um ovo no inı́cio da manhã , eu só tinha algumas
horas para matar até ter que ir para o aeroporto. No entanto, algumas
horas nã o pareciam tempo suficiente para reproduzir tudo o que
Bennett havia feito e dito na noite anterior.

Eu tentei acordá -lo depois que eu saı́ do banheiro, mas nã o


adiantou. Ele caiu em um profundo sono bê bado. Entã o eu o cobri com
um cobertor extra do armá rio, coloquei um travesseiro sob sua cabeça
e o deixei dormindo bem ali no meu quarto.
Mesmo quando eu estava pronta esta manhã - fechando minha
mala, o som do chuveiro, deixando o desodorante cair no chã o do
banheiro - nada fez Bennett acordar. Tive a sensaçã o de que ele
provavelmente poderia ficar assim até esta tarde, e ele provavelmente
precisava, mas entã o ele perderia voo. Felizmente, o seu nã o era até
trê s horas apó s o meu, entã o ele nã o precisava se levantar por um
tempo.

Telefonei para a recepçã o e pedi a eles que me dessem um


telefonema à s nove, mas eu nã o tinha certeza se o som do telefone
tocando do outro lado da sala o acordaria. Entã o decidi ligar o alarme
no celular dele també m. Só que eu tive que tirar do seu bolso primeiro.
Agachando-me, examinei seu rosto, certificando-se de que ele
ainda estava em um sono profundo. Bennett realmente era um maldito
homem considerá vel sua pele tinha uma cor natural, beijada pelo sol,
mesmo em sua embriaguez, e eu sabia que, se seus olhos estavam para
abrir, eles seriam surpreendentemente verde contra sua pele. E que
homem tinha os lá bios tã o cheios e rosados? Claro, ao contrá rio de
mim, ele dormiu graciosamente. Seus lá bios estavam ligeiramente
abertos, mostrando uma sugestã o de seus perfeitos dentes brancos,
enquanto o meu estaria vazando baba em uma poça no chã o. Quase
nã o era justo o quã o bonito ele era.

Mas eu tinha um voo para pegar, e ele també m. Entã o nã o podia
perder mais tempo admirando-o. Eu precisava tentar tirar o celular do
bolso para acionar um alarme.

Exceto que…

Quando fui enfiar a mã o no bolso da calça, meus olhos se


prenderam a uma protuberâ ncia significativa um pouco à esquerda.
Oh meu Deus. Bennett fica de pau duro em seu sono.

Uau. Isso é ... um bom tamanho.

Eu poderia ter olhado por um minuto ou dois.


Eu poderia ter levado mais um minuto para fechar os olhos e
imaginar como seria se estivesse em minhas mã os se eu abrisse o
zı́per da calça dele e desliza-se dentro dela.

Eu poderia imaginar se ele saberia se eu abrisse o zı́per.

Ou se ele acordasse enquanto minhas mã os estavam enroladas


em torno daquela protuberâ ncia, o que ele faria.
Este homem está realmente me fazendo perder a cabeça.

Eu balancei a cabeça e me tirei da minha insanidade. Eu


precisava pegar a estrada e definir esse maldito alarme de telefone.
Minha mã o tremia quando enfiei a mã o no bolso. Com cada
movimento que eu fiz, eu continuei verificando o rosto dele para ter
certeza que ele nã o estava acordando. Sempre tã o devagar, eu abri o
celular dele.

Quando saiu, eu exalei, percebendo que estava prendendo a


respiraçã o. Minhas mã os ainda estavam trê mulas quando liguei seu
telefone. Eu nã o pensei sobre a possibilidade de uma senha - a maioria
das pessoas tinha uma. Mas quando eu pressionei o botã o, nenhum
teclado apareceu. Em vez disso, inicializou diretamente em sua tela
inicial e uma imagem inesperada de um menino adorá vel. Ele
provavelmente nã o tinha mais de dez ou onze anos, com cabelo
castanho-claro desgrenhado e o maior sorriso dentuço. Ele usava
shorts e botas de chuva de plá stico amarelo, e ele estava em uma
pedra no meio de um riacho, segurando um peixe gigante.
Olhei para a foto e depois para o homem adormecido ao meu
lado. Poderia Bennett ter um filho? Ele nunca mencionou um, e ele
disse que seu relacionamento mais longo era de menos de seis meses -
nã o que você precisasse estar em um relacionamento. Mas parecia
algo que teria surgido em nossas conversas agora. Eu olhei entre
Bennett e a foto mais algumas vezes. Nã o houve qualquer semelhança
que eu vi.

Eu poderia ter adivinhado que ele teria algumas fotos sujas de


mulheres em seu telefone, mas nã o um menino doce como esse. O
homem era verdadeiramente um enigma completo.

Por sorte, enquanto olhava para o garoto, vi a hora no telefone de


Bennett.

Porcaria.

Eu precisava sair daqui. Eu rapidamente defini um alarme por


duas horas a partir de agora e entrei em suas configuraçõ es para
aumentar o volume e garantir que seu telefone vibrasse ao mesmo
tempo. Entã o eu coloquei no chã o, ao lado de sua orelha. Se isso nã o o
acordasse, nada acordaria.
Levantei-me e peguei minha bagagem, dando à sala um ú ltimo
olhar para qualquer coisa que eu possa ter esquecido. Entã o eu
caminhei ao redor do homem adormecido e gentilmente abri a porta
do quarto do hotel. Ele ainda nã o se mexeu.
Eu roubei uma olhada final na protuberâ ncia em suas calças.

Bem, Bennett Fox, isso foi interessante, para dizer o mı́nimo. Eu


mal posso esperar para ver o quanto você se lembrá -ra no escritó rio
amanhã .

Capítulo 19
Annalice

As oito da manhã , eu já estava no escritó rio há horas.

Em meu voo para casa ontem, eu havia digitado um resumo das


informaçõ es que tirei das reuniõ es da Star e enviei um e-mail para trê s
membros da equipe - dois da Wren e um de Foster Burnett - pedindo-
lhes que lessem minhas anotaçõ es e se reunissem para uma sessã o de
debate primeira coisa esta manhã .

Quando cheguei ao escritó rio à s cinco da manhã , a porta de


Bennett estava fechada, embora a luz estivesse acesa. Depois de
recuperar os e-mails durante uma hora, fui tomar café e notei que a
porta estava aberta e que a luz estava apagada. Eu percebi que ele
tinha feito o que costumava fazer - chegou ao escritó rio cedo, fez
algum trabalho e depois foi para sua corrida matinal depois de
algumas horas. Nó s nã o tivemos nenhum contato desde que eu o
deixei desmaiado no meu quarto de hotel ontem de manhã , e mesmo
que a minha curiosidade sobre como ele lidaria com o que tinha
acontecido estivesse me consumindo, eu nã o tinha tempo a perder
hoje.

Assim que minha reuniã o começou, Bennett passou pelo


escritó rio. Ele deu um passo para trá s, nos vendo lá dentro. Seu cabelo
estava molhado e ele segurava um grande café Starbucks na mã o.

—O que está acontecendo aqui?

—Estamos apenas começando sobre a Star Studios, — eu disse.

Seus olhos investigaram as pessoas na sala, e eu pensei que ele


poderia estar prestes a questionar por que eu escolhi pessoas para
trabalhar na campanha comigo sem discutir com ele em primeiro
lugar. Mas em vez disso, quando nossos olhos se encontraram, ele
apenas ofereceu um breve aceno de cabeça antes de se afastar.
Eu e minha equipe escolhida a dedo trabalhamos o resto da
manhã juntos. Eu tinha uma dú zia de conceitos soltos para a Star em
mente antes de começarmos, e nó s reduzimos a lista a duas ideias e as
expandimos, alé m de acrescentar mais duas que a sessã o trouxe.
Nosso plano era passar um pouco de tempo por conta pró pria, cada
um correndo com todos os quatro conceitos, e ver o que acontecia
quando nos encontrá vamos de novo em poucos dias.
No caminho de volta ao meu escritó rio, parei no de Bennett. Ele
estava com a cabeça baixa, esboçando alguma coisa.

—Você fez o seu voo? — Eu perguntei.


Ele recostou-se na cadeira e jogou o lá pis sobre a mesa.

—Eu fiz. Por sorte, eu tinha lembrado de acionar um alarme, eu


acho.

Ummm... Nã o, você nã o fez.


Ele continuou.

—Eu realmente nã o me lembro muito da noite depois que


terminamos o jantar. Eu desmaiei no seu andar depois de levá -la para
o seu quarto ou algo assim?

—Você nã o se lembra de bater na minha porta?


—Aparentemente nã o. — Suas sobrancelhas estavam franzidas.
—Por que eu bati?
—Para se desculpar pela maneira como você agiu no jantar. — E
me dizer por que você agiu do jeito que você fez.

—Eu geralmente nã o tenho mais do que uma ou duas bebidas


fortes. Eu sou mais uma pessoa de cerveja. —Ele sorriu. —Espero que
você nã o tenha tentado se aproveitar de mim.

Desapontamento me atingiu. Ele não se lembra. Eu sabia que


havia uma boa chance de que a noite toda fosse um apagã o para ele,
mas eu nã o esperava me machucar por ele nã o se lembrar das coisas
que ele disse.
Mas é claro que era melhor assim.

—Você ficou confuso sobre qual quarto era o seu e desmaiou


quando fui colocar um sué ter e o levar ao seu quarto.
Eu senti meu rosto começar a esquentar da minha mentira.
Merda.
—Tenho que correr. Falo com você mais tarde. — Eu
abruptamente me afastei e fui me esconder no meu escritó rio com a
porta trancada antes que ele pudesse notar.
No final da tarde, passei algum tempo aprimorando a campanha
Bennett Bianchi Winery. A có pia que ele escreveu precisava de um
trabalho para refletir que a vinı́cola era de propriedade familiar e nã o
fazia parte de um grande conglomerado corporativo - algo em que
Matteo se orgulhava. Alé m disso, mudei algumas cores nos ró tulos da
nova linha de rose que mamã e queria que fosse iluminada e
substituı́sse a proposta de rá dio noturno com horá rios diurnos.
Eu tinha planos de ir à academia a caminho de casa hoje à noite -
para nã o encontrar Andrew de manhã - entã o limpei minha mesa em
uma hora razoá vel e fiz as malas para trabalhar na campanha da Star
Studios depois. Peguei a arte e a có pia revisadas de Bianchi para deixá -
lo no escritó rio de Bennett enquanto passava. Só que minhas mã os
estavam cheias e, logo antes de chegar à sua porta, alguns dos papé is
do alto da pilha caı́ram. Eu me abaixei para pegá -los e ouvi Bennett
falando.
—Eu nã o estou bravo. Este é apenas o meu rosto desde que
Annalice chegou.

Nó s tivemos nossa parte de discussõ es e xingamentos, mas isso


foi entre nó s, e parecia mais um jogo de gato e rato - nã o
verdadeiramente insultuoso, mesmo quando está vamos jogando
insultos um com o outro. Mas ele falando merda sobre mim para outra
pessoa me senti pior do que se ele tivesse dito a mesma coisa na
minha cara, por algum motivo.
—Ela parece boa o suficiente para mim, — disse uma voz de
homem. Eu pensei que poderia ter sido Jim Falcon. —Inteligente
també m.
Isso fez eu me sentir um pouco melhor.

—E uma vergonha que você tenha que enfrentar o jeito que você
faz, na competiçã o pelo mesmo trabalho e tudo. Se você s tivessem se
conhecido em um bar, acho que você s dois teriam se dado bem.

—Ela nã o é meu tipo, — retrucou Bennett.


Ontem eu era linda. Hoje, eu nã o era o tipo dele. Eu queria estar
aborrecida, mas ao invé s disso, tudo que senti foi ferida.
—Sim. Acho que você está certo. Inteligente, legal e linda... que
homem gostaria dessa merda?

Obrigado, Jim!
—Foda-se, Falcon. — A voz de Bennett se tornou concisa.
—Se eu a tivesse conhecido em um bar, teria mantido distâ ncia
depois de passar trê s minutos com ela. Confie em mim.
Eu nunca estive em uma briga, mas de repente eu sabia o que um
soco no estô mago parecia. Minhas entranhas sentiram uma dor oca. O
que eu estava pensando? Permitir-me acreditar que suas palavras
bê badas eram uma confissã o de sentimentos de algum tipo e mais do
que bobagens incoerentes? Pior, eu me permiti começar a pensar que
por baixo da Besta arrogante havia uma espé cie de incompreendido
Prı́ncipe Encantado.

As vezes uma fera é apenas uma fera, nã o importa quantas


camadas você descasque.
O som de passos me tirou da minha festa de pena momentâ nea.
Eu me virei e comecei a andar na outra direçã o. Jim se aproximou da
porta, entã o eu ainda podia ouvi-lo enquanto colocava distâ ncia entre
nó s.

—Faz algum tempo. Vamos fazer o happy hour na sexta à noite.


Nó s vamos achar algué m malvada e estú pida para te tirar desse estado
de espı́rito.

***

O relacionamento quente e frio que eu tive com Bennett deu uma


volta na tundra no meio da semana. Só que desta vez fui eu quem
instigou.

Jonas tinha atribuı́do a segunda conta que a diretoria planejava


nos julgar, a Billings Media, e nó s dois está vamos no meio de trabalhar
nos rascunhos iniciais de nossas campanhas Star separadas. Perto do
final de nossa reuniã o semanal, mencionei a Jonas que tinha um
compromisso marcado para a pró xima semana com um dos vice-
presidentes da Star. Eu sabia que isso iria irritar Bennett. Ele olhou
para mim, mas nã o disse nada, e eu o ignorei e continuei conversando
com o chefe.

Quando Tobias originalmente se ofereceu para ver os projetos


iniciais, eu supus que tanto Bennett quanto eu iriamos. Mas isso foi
quando eu era uma idiota que achava que o campo de jogo deveria ser
justo para que a pessoa realmente melhor pudesse vencer.

Depois da porcaria de Bennett em L.A., e ao ouvir como ele


realmente se sentia em relaçã o a mim, eu nã o tinha mais nenhuma
dú vida de que a pessoa melhor ia ganhar - eu.

Eu acabei de voltar para o meu escritó rio e peguei o telefone para


retornar algumas ligaçõ es, quando Bennett entrou sem bater.

—A porta estava fechada porque estou ocupada.


Ele deu uma olhada exagerada ao redor do meu escritó rio.
—Nã o parece ocupada para mim.

Suspirei.
—Eu preciso fazer algumas ligaçõ es. O que você quer, Bennett?
—Voando para L.A. para um almoço? Deixe-me adivinhar, você
está se encontrando em um hotel?

—Foda-se.
Ele olhou para mim.
—Nã o, obrigado. Eu te disse, eu nã o gosto de compartilhar.
Certamente nã o com o menino Toby.

Eu fiquei de pé .
—Você veio ao meu escritó rio por qualquer motivo que nã o seja
para brigar?
—Seu amigo Tobias nã o está recebendo minhas ligaçõ es. E isso
que você está fazendo?
Tobias nem sequer mencionou que Bennett tinha ligado.

—Absolutamente nã o.
—Eu estava passando enquanto Marina estava fazendo suas
reservas de voo no outro dia. Essa é a ú nica razã o pela qual eu sabia
que você decidira ir ver seu amigo. Belo trabalho de equipe, a
propó sito. Eu quase me apaixonei por você ser uma besteira de
equipe. Quando o convite foi feito para que pudessem dar uma espiada
no nosso trabalho, presumi que fosse um convite da empresa... nã o um
convite pessoal da Annalice.
Eu me inclinei e apoiei minhas palmas na minha mesa e coloquei
um sorriso doce.
—Eu també m. Acho que nó s dois aprendemos muito sobre o
outro desde L.A.
Capítulo 20
Bennett
Bem, bem, bem. A noite ficou muito mais interessante.

Eu tomei o resto da cerveja que eu estava bebendo por quase


uma hora e gesticulei para o barman.
—Já ouviu falar de uma bebida chamada um perdedor dolorido?

—Acho que sim. Vodka, mistura agridoce, grenadine, suco de


laranja e açú car ao redor da borda, certo?

—E uma cereja marasquino ou duas.


O barman fez uma careta.

—Soa mais como uma receita para uma ressaca, se você me


perguntar.

—Sim. E por isso que é perfeito. —Fiz um gesto para a outra


extremidade do bar, onde Annalice acabara de entrar com Marina, de
todas as pessoas. —Ve a loira sexy falando com a ruiva de aparê ncia
louca?

Ele olhou para o bar.

—Certo.
—Você pode preparar uma daquelas bebidas e enviar para ela?
Certifique-se de que ela saiba o nome da bebida e quem a enviou.

—Se você diz.

—E eu vou tomar outra cerveja quando você tiver uma chance.


Nosso happy hour da empresa nã o-oficial teve uma afluê ncia
hoje à noite. Era a primeira vez que a equipe de Wren e Foster Burnett
socializava fora do escritó rio. Eu acho que pelo menos trinta pessoas
apareceram, metade delas do departamento de marketing, já que Jim
Falcon sempre organizou isso.

Fiquei de olho em Annalice enquanto o barman misturava a


bebida e caminhou até a outra extremidade do bar para entregá -la. Ela
sorriu e olhou para o copo cheio de lı́quido rosa e depois seguiu para
onde o barman apontava. Vendo-me, seus lá bios imediatamente
azedaram a uma carranca. Marina, claro, juntou-se a ela atirando
adagas em minha direçã o. Pena que eu nã o tinha pensado nisso antes;
teria sido mais engraçado se eu tivesse um PB & J entregue para
Marina junto com o perdedor dolorido de Annalice - engraçado para
mim, pelo menos.

Do outro lado do bar, Annalice levantou a bebida com um sorriso


gelado e inclinou a cabeça para mim em agradecimento.

Durante a pró xima hora e meia, tentei me misturar. Mas quanto


mais eu me pegava olhando de relance para Annalice, mais ficava
aborrecido. Ela, por outro lado, nã o parecia nem um pouco distraı́da
ou até mesmo perceber que eu tinha ficado obcecado em seguir cada
movimento dela.

Em um ponto, um cara que nã o trabalhava em Foster, Burnett e


Wren se aproximou dela e começou a ficar em sua orelha. O imbecil
tinha uma jaqueta de tweed marrom com cotoveleiras de couro e
mocassins gastos - provavelmente um escritor como seu ú ltimo
namorado babaca ou professor de algum assunto inú til como filosofia.

Olha, se você está pensando que eu estou com ciú mes, eu nã o
estou. Tire essa merda da sua cabeça. Inveja é quando você quer algo
que outra pessoa conseguiu - e Annalice nã o conseguiu e nã o vai
conseguir nada em cima de mim - ou quando algué m tem algo que é
seu, e todos nó s sabemos que nunca, nem nunca vou reivindicar
qualquer mulher como minha.

Eu sou apenas protetor por natureza, isso é tudo. E enquanto a


mulher poderia ter subido nas fileiras da empresa para uma posiçã o
igual à minha, ela claramente nã o sabia nada sobre os homens.
Em algum ponto, entre jogar a cabeça para trá s e rir e mexer em
seus cabelos, ela se desculpou com a conversa de meia hora que estava
tendo com o Sr. Brown Tweed. Meus olhos a seguiram pelo corredor
que eu sabia que levava aos banheiros. Eu disse a mim mesmo para
ficar parado, nã o ir lá e foder com ela... mas...

Eu nã o era um ó timo ouvinte.


Eu levantei minha mã o para o barman, pedi outro perdedor
dolorido e, em seguida, caminhei até o banheiro feminino. Eu parei do
lado de fora e esperei até que ela saı́sse. Ela deu dois passos pelo
corredor e quase caiu direto em mim.
Seus olhos apertaram com força, era uma maravilha que ela
pudesse ver.
—O que você está fazendo, Bennett?
Eu estendi a bebida.

—Pensei que você gostaria de outra bebida.


—Nã o, obrigada. — Ela desviou ao meu redor, mas eu me
esquivei na frente dela.

—Saia do meu caminho.


—Nã o.

Seus olhos se arregalaram.


—Nã o?

Eu sorri abertamente. Em retrospecto, isso provavelmente foi


uma coisa difı́cil de fazer, mesmo para mim.
—Está certo. Nã o.

—Veja. Seja qual for o jogo que você está jogando, eu nã o quero
jogar.
—Nenhum jogo. Eu estou apenas cuidando de você , certificando-
se de que você nã o bebeu tanto que você está se apaixonando pelas
falas que algum cara aleató rio te alimenta. Claramente, sua capacidade
de julgar o cará ter de um homem, mesmo quando você está só bria, é
ruim.

Seu rosto ficou vermelho. Um fogo dançou em seus olhos azuis, e


parecia que a fumaça poderia começar a sair pelo nariz. Eu a vi
chateada. Inferno, isso se tornou um dos meus passatempos favoritos
nas ú ltimas semanas para irritá -la... mas ela nunca pareceu tã o brava.
Eu realmente dei um passo para trá s.
E você sabe o que ela fez?

Você adivinhou.
Ela deu um para frente.
Eu vou admitir, eu fiquei um pouco assustado entã o.

Enfiando o dedo no meu peito, ela começou em uma tirada


batida.

—Você — batida
—Pensa— batida
—Que sou— batida

—Uma— batida
—Má — batida

—Juı́za— batida
—De— batida

—Cará ter? — batida


Ela realmente esperou que eu respondesse. Eu dei de ombros
como um covarde.
—Bem, sabe de uma coisa? Você está absolutamente correto.
Deixei Andrew me amarrar por muito tempo. No entanto, de alguma
forma, quando eu descobri quem ele era, nã o era metade do que
percebi como eu estava errada a seu respeito. Eu tinha tanta certeza
de que você era apenas um idiota do lado de fora e uma boa pessoa do
lado de dentro. Eu pensei que se eu cavasse um pouco mais, eu cavaria
a sujeira e encontraria o ouro escondido. Mas eu estava errada. Eu
cavei a sujeira e você sabe o que eu encontrei? Mais sujeira.

Lá grimas brotaram nos olhos dela. Eu fui dizer alguma coisa,
dizer a ela que estava apenas dando voltas e ela me interrompeu com
mais palavras.

—E você nã o precisa se preocupar comigo acreditando nas


mentiras de um cara bê bado. Eu já cometi esse erro uma vez. Você
sabe, você foi realmente convincente també m. Dizendo-me como você
acha que eu sou bonita e que você estava com ciú mes de outro homem
me tocando. Na verdade, você foi tã o bom, que eu estupidamente
acreditei que o bê bado que você me alimentou mesmo depois que
você nã o se lembrou de dizê -los. Isto é , até que eu escutei você
conversando com Jim outro dia e percebi que idiota completa eu era...
de novo. Que vergonha. Mas acredite em mim, aprendi minha liçã o.
Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Annalice
contornou-me e voltou ao bar. Eu abaixei minha cabeça, sentindo
como se um elefante tivesse acabado de se sentar no meu peito.

—Porra.
O que eu fiz?

***

Na manhã seguinte, choveu. Nã o é o tı́pico tipo de chuva de de


abril, mas do tipo que vem com cé us cinzentos e trovã o mais alto do
que uma pista de boliche na noite da liga. Junte isso com a batida que
eu estava sentindo na minha cabeça, e a ú ltima coisa que eu queria
fazer era ir a um show de caminhã o monstro esta tarde.
Eu nã o tinha bebido tanto ontem à noite. Inferno, eu tive minha
terceira cerveja ainda na minha mã o quando eu finalmente cresci
algumas bolas e fui perseguir Annalice depois que ela terminou de me
chutar. Eu corri contra o tijolo do lado de fora do pré dio quando a
encontrei - assim que ela se afastou do bar dentro de um Uber. Nã o
surpreendentemente, ela nã o fez o motorista parar, embora eu gritei
atrá s dela.
Quando parei na casa de Lucas, nã o me preocupei em pegar o
guarda-chuva que guardei no meu carro no porta-luvas, entã o minhas
roupas ficaram encharcadas depois de fazer a curta caminhada do
carro até a porta da frente. Eu bati e esperei por algum milagre que ele
respondesse hoje, em vez de Fanny. A ú ltima coisa que precisava junto
com uma dor de cabeça e um dia chuvoso para um show de caminhã o
monstro era um encontro com aquela mulher.

A porta se abriu. Nenhuma sorte.


—Espero que você planeje usar um guarda-chuva quando estiver
andando com Lucas. Eu nã o posso ficar doente quando ele pegar um
resfriado.
Que choque, ela nã o deu a mı́nima para Lucas ficar com o
resfriado, só que ele poderia passar para ela. Eu nã o estava de bom
humor.
—Vou me certificar de que ele corra entre os pingos de chuva.

Ela franziu os lá bios finos.

—Ele també m pode usar alguns tê nis novos.


Eu a ignorei. Eu aprendi há muito tempo a nã o esperar que o
cheque mensal que eu entregava a ela fosse para qualquer coisa que
Lucas realmente precisasse.
—Ele está pronto? Precisamos estar em um lugar.

Ela bateu a porta na minha cara e gritou dentro da casa: —Lucas!


Eu preferia ficar na chuva do que falar com ela de qualquer
maneira.

O sorriso no rosto de Lucas quando ele abriu a porta me fez


sorrir pela primeira vez desde a noite passada. Cerca de um ano atrá s,
ele parou de correr em meus braços. Entã o eu encontrei um aperto de
mã o secreto só para nó s. Passamos pela rotina de sacudir a mã o e
bater palmas de quinze segundos.

—Você comprou tampõ es de ouvido?, — Ele perguntou.

Eu parei na loja no caminho. Estendendo a mã o no meu bolso,


tirei dois conjuntos.

Lucas franziu a testa.

—Quando vou ter idade suficiente para parar de usar isso?


—Velho o bastante? Eu ainda estou usando, nã o estou?

—Sim. Mas isso é porque você é um idiota, nã o porque você é


velho.
Eu sorri. Esse garoto poderia me fazer esquecer um dia ruim.

—E assim?

Ele sorriu e acenou com a cabeça.


—Bem, apenas por esse comentá rio, eu nã o vou te dar minha
jaqueta para colocar sobre sua cabeça enquanto fazemos uma corrida
para o carro, como eu ia fazer.
Lucas sacudiu a cabeça novamente e zombou:

—Jaqueta por cima da minha cabeça. Você realmente é um idiota.


—Entã o ele saiu correndo para o carro.

***
Merda. Eu tinha cerca de meia milha para ir para a arena quando
percebi que tinha esquecido os ingressos. Eles estavam na gaveta de
cima da minha escrivaninha no escritó rio, junto com os primeiros
passes de entrada que eu comprei, entã o Lucas e eu podı́amos
verificar os caminhõ es antes do show começar.

Felizmente, o escritó rio nã o estava muito longe, e está vamos um


pouco adiantados, pois nunca importava a que horas nossos planos
eram para Fanny - só que eu o enviava exatamente à s doze horas em
todos os sá bados.

Eu parei em um local ilegal em frente ao pré dio e olhei ao redor.


Nã o havia uma agente à vista e eu demoraria apenas alguns minutos.
Meu passe livre nos bilhetes de estacionamento tinha expirado quando
parei de ligar para a adorá vel empregada que tinha saı́do algumas
vezes.

—Só tenho que correr para cima para pegar os ingressos da


gaveta no meu escritó rio.

—Legal! Nó s nunca viemos aqui. Você ainda tem a Sra. Pac-Man
naquela sala grande?

—Nó s temos. Mas nã o temos tempo para um jogo hoje.


Lucas fez beicinho.

—Apenas um. Por favor?

Eu era tã o idiota.


—Ok. Um jogo.

Havia algumas pessoas circulando pelo escritó rio, embora fosse


sá bado. Fiquei aliviado ao descobrir que Annalice nã o era uma delas -
sua porta estava fechada e nenhuma luz vinha de debaixo da porta. Eu
nã o queria outro confronto com ela na frente de Lucas. Deus sabe que
eu trabalhei duro ao longo dos anos para impedi-lo de ver o idiota que
muitas vezes eu era para os outros seis dias da semana.
Abri meu escritó rio e fui para a gaveta da minha escrivaninha,
apenas para descobrir que os ingressos nã o estavam onde eu pensava
tê -los escondido. Eu me lembro de trazê -los aqui com um monte de
contas que eu precisava pagar... Eu poderia jurar que eu tinha colocado
na gaveta do canto direito. Depois de alguns minutos pesquisando na
minha mesa, ficou claro que eles nã o estavam aqui. Merda. Eu
esperava que eles estivessem em algum lugar no meu apartamento, e
eu nã o os havia jogado inadvertidamente com o meu lixo eletrô nico.
Eu olhei a hora no meu celular. Se saı́ssemos agora, estarı́amos
chegando perto. Mas a arena estava na direçã o oposta do meu
apartamento; nã o havia como fazer isso se eu dirigisse até a minha
casa primeiro. Pior, eu nã o tinha ideia de onde eu coloquei os
ingressos, se eles estivessem lá .

Suspirei.
—Eu nã o sei o que fiz com os ingressos. Vou ter que ligar para a
Ticketmaster e descobrir se eles podem me enviar uma versã o
eletrô nica ou algo assim.
—Posso ir jogar Ms. Pac-Man enquanto você faz isso?

—Sim claro. Essa é uma boa ideia. Pode demorar um pouco se eu


ficar preso, e eu preciso procurar o nú mero primeiro. Venha, vou levar
você ao escritó rio.

Enquanto caminhá vamos, continuei pensando o que tinha feito


com os ingressos depois de abrir o envelope em meu escritó rio.
Lembrei-me de olhar para os inı́cios da entrada com colhedores com
logotipos e pensando que Lucas seria bombeado para usar um
distintivo no pescoço. Mas eu nã o pude pela minha vida relembrar o
que tinha feito uma vez que tinha colocado tudo de volta no envelope -
que era exatamente o que eu estava focado quando entrava no
escritó rio.

E descobriu que algué m já estava lá .


Annalice olhou para cima. Ela começou a sorrir, mas entã o ela viu
meu rosto e seus lá bios curvados em uma carranca. Inesperadamente,
a visã o dela me pegou desprevenido també m, e foi por isso que parei
trê s passos antes da sala - e fiz com que Lucas batesse direto em mim.
—Que diabos? — Ele choramingou.

—Foi mal cara. Uhhh... Parece que algué m está trabalhando aqui,
entã o é melhor que você nã o brinque e faça barulho.

Lucas andou em volta de mim e olhou para Annalice. Ela olhou


para ele, depois para mim, depois de volta para ele.

Oferecendo um sorriso, ela falou com o meu amiguinho.

—Está tudo bem. Você está convidado a jogar enquanto estou


aqui.

Lucas nã o me deu a chance de discutir. Ele saiu correndo para a


má quina da Sra. Pac-Man.
—Otimo!

Annalice riu enquanto o observava.

Quando ela olhou de volta para mim, nossos olhos se


encontraram, mas o que quer que estivesse em sua mente era ilegı́vel.

—Tem certeza de que nã o se importa? Eu preciso fazer uma


ligaçã o. Parece que perdi alguns ingressos que precisamos.
—Está tudo bem.

Eu balancei a cabeça, embora ela nã o tenha notado porque ela já
estava de cabeça para baixo, enterrando o rosto em seu trabalho.
—Obrigado, — eu disse. —Vais ser apenas alguns minutos.

De volta ao meu escritó rio, procurei o nú mero de telefone e liguei


para Ticketmaster no viva-voz. Enquanto o milhã o de tentativas de
apertar botõ es, eu procurei na minha mesa novamente. Ainda sem
ingressos. E, claro, nã o tinha uma solicitaçã o para quem perdesse seus
ingressos, o que me fez ter que esperar o ú ltimo aviso para empurrar o
temido —Qualquer outro problema, por favor, pressione sete. — Isso
inevitavelmente levou a mais alguns incô modos para tentar identificar
o problema em particular.
Perdendo a paciê ncia, pressionei zero meia dú zia de vezes numa
tentativa de mudar para uma pessoa de atendimento ao cliente ao vivo
- mas isso nã o fez nada alé m de me reiniciar no começo do carrossel
do telemarketing.

Depois de pelo menos vinte minutos, finalmente falei com


algué m que disse que reimprimiria meus passes e, contanto que eu
tivesse o cartã o de cré dito com o qual paguei e a identificaçã o com
foto, eu poderia pegá -los no guichê de entrada da arena.
Eu desliguei e imediatamente comecei a pensar em como
Annalice provavelmente ficaria chateada com o tempo que deixei
Lucas jogando a Sra. Pac-Man e acho que fiz isso apenas para distraı́-la
ou algo assim.

Para minha surpresa, ela nã o estava nem um pouco chateada. Na


verdade, ela tinha um sorriso no rosto e ria quando entrei no
escritó rio. Ela e Lucas estavam sentados em frente um do outro em
puffs e estavam gritando coisas aleató rias um para o outro. Nã o foi até
eu entrar na sala que percebi que Annalice tinha um telefone preso na
testa dela. Ele conseguiu que ela jogasse o jogo de charadas digitais
que eu nunca deixei ele me bater.
—E grande, — disse Lucas.

—O sol! — Annalice gritou.

Lucas riu e sacudiu a cabeça.

—Marmelada.
—Fruta. Uma fruta grande. Cantalupo. Melancia.
Lucas fez uma careta como se ela fosse louca.

—Scooby-Doo.
Annalice parecia totalmente confusa, entã o Lucas ofereceu outra
sugestã o.

Ele apontou para mim.


—Bennett queria ser um quando crescesse.

Levou alguns segundos para perceber a palavra que ele estava


tentando fazer com que ela adivinhasse. Ela nunca iria conseguir - nã o
com essas pistas.

O telefone tocou, indicando que a hora da vez dela estava


chegando, e ela abaixou o telefone e o virou para ler a palavra que
Lucas estava dando suas dicas.

Seu rosto inteiro se enrugou.

—Um ó timo dinamarquê s? O que a marmelada tem a ver com um


cachorro?

Eu ri e respondi por ele.


—Nada. Ele quis dizer Marmaduke.

—A velha tira de desenho animado?


—Sim.
—Mas ele disse que você queria ser um quando crescesse?

Dei de ombros.
—Eu fiz.

Annalice riu.
—Você queria ser um grande dinamarquê s?
—Nã o bata nele. Ele é o rei da famı́lia canina.

Deus, quando ela sorriu, fez meu peito doer. Mas quando ela
sorriu e riu com Lucas - mesmo à s minhas custas - isso realmente fez
alguma coisa para mim. Eu assisti enquanto a risada dela diminuı́a e
seu rosto voltava a tristeza, quase como se ela tivesse esquecido como
eu era um idiota por um minuto.
—Eu també m a bati na Sr. Pac-Man e pebolim.

—Ela nã o tem praticado tanto quanto eu. Annalice acabou de


começar neste escritó rio.

Lucas ficou de pé .


—Você conseguiu ingressos novos?
—Sim. Podemos pegá -los na portaria.

—Você quer vir, Anna?, — Ele disse. —Eu vou te dar meus
tampõ es de ouvido.
Ela ofereceu um sorriso sincero.
—Obrigada pela oferta, Lucas. Mas tenho muito trabalho a fazer
hoje.
Ele enfiou as mã os nos bolsos.

—OK.
Annalice evitou meu olhar, olhando para o telefone.

—Você está pronto, amigo? — Eu perguntei.


—Sim! — Ele correu para a porta, ao invé s de andar.
O garoto tinha um monte de energia.

Esperei que Annalice olhasse para cima, mas ela nã o olhou.
Eventualmente, eu falei com o topo de sua cabeça.
—Obrigado por ficar com ele.
Eu queria dizer que lamento pela noite passada també m. Mas o
momento nã o era certo. Alé m disso, eu me desculpei por meia dú zia
de outras vezes em que eu agi como um idiota. Eu nã o tinha certeza se
ela aceitaria dessa vez... ou que eu até a merecia.
Capítulo 21
1 de Novembro
Cara eu,

Até agora o oitavo ano é uma droga. Eu sou mais alta que quase
todos os garotos. Ninguém me pediu para ir ao baile de Halloween,
então eu fui com Bennett. Ele não queria se vestir, mas eu o fiz ser Clark
Kent. Ele usava óculos nerds e uma camisa social com uma camisa do
Superman por baixo. Eu fui como Mulher Maravilha. Meus amigos todos
acham que Bennett é quente e estavam com ciúmes. Então isso foi
divertido.
No meu aniversário, Bennett e sua mãe me levaram para o show de
caminhões-monstro. O novo namorado da mamãe, Kenny, vende coisas
na banca de concessão, então pegamos cachorros-quentes e
refrigerantes grátis.
O proprietário está tentando nos expulsar de nossa casa
novamente. Mamãe perdeu o emprego na lanchonete e diz que
provavelmente teremos que nos mudar. Espero que não seja longe
demais.

Eu amo minha professora de inglês, Sra. Hoyt. Ela disse que meus
poemas têm muito potencial e que eu deveria entrar em um concurso.
Mas a taxa de inscrição era vinte e cinco dólares e minha mãe disse que
temos melhores usos para o nosso dinheiro. A Sra. Hoyt me surpreendeu
e me colocou de qualquer maneira. Ela disse que a escola tinha um
fundo para ajudar em coisas desse tipo. Mas tenho a sensação de que foi
realmente o dinheiro da Sra. Hoyt que pagou. Então eu dedico este
poema para você, Sra. Hoyt.
Flores murcharão
amor floresce no sol quente

frio vem muito cedo

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.

Atenciosamente,
Sophie

Capítulo 22
Bennett
Eu nã o conseguia parar de pensar em Annalice o dia todo.

Felizmente, Lucas nã o pareceu notar desde que ele estava


ocupado comendo uma vasilha gigante de pipoca, dois cachorros-
quentes e um refrigerante grande o suficiente para encher uma pia.
Tı́nhamos assentos na terceira fileira, entã o o rugido dos caminhõ es e
nossos tampõ es també m nos impedia de falar muito. Sem nada para
fazer alé m de sentar no meu lugar, eu nã o conseguia parar de ficar
obcecado com o rosto de Annalice quando saı́ do escritó rio mais cedo.
Ela se moveu com raiva e agora se acomodou na dor.

Deus, eu sou tã o idiota.

Depois que o show acabou, Lucas e eu está vamos andando para o


carro no estacionamento quando meu telefone tocou com um texto.
Cindy

Agora, isso é um nome que eu nã o pensava há algum tempo. Já
faz alguns meses desde que tivemos algum contato. Cindy era uma
comissá ria de bordo que conheci em uma viagem de negó cios no ano
passado. Ela morava na costa leste, e nó s ficamos juntos algumas vezes
- duas enquanto eu estava em Nova York e uma vez enquanto ela
estava aqui. Aparentemente ela estava na cidade hoje à noite em uma
parada inesperada e queria saber se eu poderia sair. Sair significava
um jantar rá pido e depois ficar em seu quarto de hotel a noite toda.

Provavelmente era exatamente o que eu precisava.

Um bom momento com certeza.


Simples. Sem complicaçõ es.

Alı́vio de algumas frustraçõ es reprimidas.

No entanto, coloquei meu celular no bolso e nã o enviei o texto


imediatamente.
Eu ligaria para ela depois que eu levasse Lucas para casa.

Mas depois que eu o deixei, eu sabia que precisava resolver algo


antes de fazer planos com Cindy esta noite. Devia desculpas a
Annalice, e isso deveria vir antes do meu bom momento. Entã o eu
dirigi para o escritó rio. Eram quase cinco horas, entã o eu nã o tinha
ideia se ela ainda estaria lá . Ela provavelmente viria de madrugada
para dar um salto no dia. Era sá bado, afinal de contas. No entanto,
tomei o caminho de qualquer maneira.

A á rea ao redor do escritó rio era comercial e se tornou uma


cidade fantasma nos fins de semana, ainda mais à noite. Entã o quanto
mais perto eu chegava, e quanto mais vagas de estacionamento vazias
eu passava, menos eu pensava que ela ainda estaria no escritó rio. Até
que eu cheguei a nossa rua e vi um ú nico carro no estacionamento -
um que parecia exatamente com o meu.

***

As luzes estavam apagadas na á rea de recepçã o até que o sistema


ativado por movimento as acendesse. Algumas pessoas tinham
trabalhado mais cedo hoje em vá rios departamentos, mas quando eu
passei pelos corredores agora, todo o andar parecia ter esvaziado.
Todo escritó rio estava escuro ou a porta estava fechada.
Exceto por um.
A luz cobria o tapete do corredor de uma porta aberta no final.
Mas foi só quando cheguei a duas portas que ouvi algum som.
Eu parei no lugar, ouvindo uma voz. Demorei alguns segundos
para perceber que era Annalice. Ela estava... cantando. Era uma mú sica
country vagamente familiar que eu ouvi algumas vezes - alguma coisa
sobre perder seu cachorro e sua melhor amiga - mas, caramba, sua voz
era boa, como um anjo doce, com uma pequena alma de diabo vibrato
sofrendo para sair. Isso me fez sorrir.

Eu queria ouvir mais, mas estava ainda mais curioso para ver
como ela era enquanto cantava. Entã o eu andei os poucos passos até a
porta dela.

A cabeça dela estava abaixada, o nariz enterrado em um arquivo,


e os fones de ouvido pendiam de suas orelhas. Ela nã o me notou
imediatamente. Eu só podia ver o perfil dela, mas isso me deu uma
breve chance de observá -la. E fiquei impressionado com o quã o bonita
ela parecia.
Ela usava jeans e uma camisa branca de botõ es, e seu cabelo
estava preso em um rabo de cavalo. No entanto, ela nunca pareceu
mais linda. A falta de um terno de negó cio extravagante e cabelo
perfeitos permitiu que o foco fosse apenas ela. Algumas pessoas
precisavam de toda essa fachada. Mas nã o Annalice. Sua beleza vinha
da impecabilidade de sua pele de porcelana, das curvas suaves de seu
corpo e dos olhos que eu conhecia, iluminados pelo fogo. E aquela
voz... eu estava completamente paralisado.
Enquanto eu olhava, ela esticou o pescoço um pouco mais para
folhear alguns arquivos, e o movimento deve ter causado uma sombra
em sua visã o perifé rica.
Sua cabeça girou, os olhos se arregalaram e seu canto cortou no
meio da palavra.

—Oh meu Deus! — Ela se levantou e arrancou um fone de


ouvido. —Você assustou a merda fora de mim.
Eu segurei minhas palmas para cima. —Desculpa. Eu nã o queria
te assustar.
Ela colocou a mã o sobre o peito e respirou fundo algumas vezes.

—Há quanto tempo você está aı́ parado?


—Nã o muito.
—Eu acho que eu tinha a mú sica muito alta, entã o eu nã o ouvi
você .
Ou eu não disse nada para continuar olhando para você.

—O que você está fazendo aqui?


—Eu parei para falar com você .
Ela fechou a gaveta do arquivo. O choque inicial havia se
dissipado e sua voz ficou vazia.
—Eu nã o estou conversando. Apenas vá embora, Bennett.

Enfiei minhas mã os nos bolsos e dei um passo para o escritó rio
dela.
—Você nã o tem que falar entã o. Apenas ouça. Eu vou sair do seu
caminho quando terminar.

Ela usava uma má scara de indiferença, mas nã o disse nada -
aparentemente essa era a minha oportunidade.

Eu limpei minha garganta.


—Eu nã o errei meu quarto de hotel. Eu acho que você é linda e eu
estava com ciú mes das mã os daquele cara em você .

Seu queixo caiu.


—Eu pensei que você nã o lembrava de nada que você disse
naquela noite.

Eu sorri timidamente.
—OK. Entã o isso foi uma mentira. Mas o que eu disse naquela
noite - nã o foi.

—Eu nã o entendo.


Eu dei outro passo em direçã o a ela.

—Era mais fá cil dizer que eu nã o me lembrava de dizer essas
coisas e deixar que você esquecesse o que eu tinha admitido em
divagaçõ es bê badas.

Ela olhou para baixo por um minuto, e quando olhou de volta,


pareceu hesitante em aceitar o que eu estava dizendo.
—Por que você nã o quer que eu me lembre do que você disse?
E havia a pergunta de um milhã o de dó lares. Eu poderia ter dado
a ela uma resposta perfeitamente aceitá vel que fizesse sentido e fosse
provavelmente a que deveria ter sido verdade - porque estamos
competindo pelo mesmo trabalho, e isso teria sido inadequado - mas
essa resposta teria sido besteira.
Eu lhe devia alguma honestidade, entã o engoli meu orgulho.
—Porque cada palavra que eu disse naquela noite é a verdade, e
isso assusta a merda fora de mim.
Seus lá bios se separaram e seu rosto ficou vermelho. Eu amei
como ela nã o podia mentir ou ficar envergonhada sem mostrá -lo. Isso
me fez pensar se isso també m acontecia quando ela estivesse ligada.
Eu aposto que sim.

—Por que isso te assusta? — Ela perguntou baixinho.


As perguntas continuaram ficando mais difı́ceis. Eu corri meus
dedos pelo meu cabelo e tentei encontrar as palavras certas.

—Porque eu nunca fui uma pessoa ciumenta. Posso nã o ter tido
um relacionamento de longo prazo como você , mas eu já namorei o
suficiente. As vezes via a mesma pessoa todo fim de semana durante
meses. No entanto, nunca perguntei o que ela fazia durante a semana.
Porque eu nã o me importava. Sempre foi sobre o dia, o tempo que
passamos juntos. O ciú me é sobre o amanhã .
Ela refletiu sobre isso por um tempo, depois assentiu e fez uma
pergunta que eu nã o esperava.

—O que você é de Lucas?

—Ele nã o é meu filho, se é isso que você está perguntando.


—No salã o de jogos esta tarde ele mencionou que vive com sua
avó e você s dois passam todos os outros sá bados juntos.

Eu balancei a cabeça.
—Sua mã e morreu e seu pai é um caloteiro que nã o se importa se
ele existe. Ele é meu afilhado.

Ela se virou e olhou pela janela do escritó rio. Quando ela se


virou, ela disse: —Mais alguma coisa que você precisa dizer?

Merda. Eu tinha esquecido alguma coisa? Parecia que ela estava


me pedindo mais. Eu rapidamente corri de volta atravé s de tudo o que
eu disse... eu admiti que menti, admiti que a achava linda e que tinha
ficado com ciú mes. O que mais estava lá ?

Vendo o olhar perdido no meu rosto, ela me jogou um colete


salva vida.

—Você tem sido um idiota para mim toda a semana.


Especialmente ontem à noite no bar.
Oh. Sim. Isso. Eu sorri.

—Eu mencionei que sentia muito por agir como um idiota?


Porque eu poderia jurar que disse isso.
Ela sorriu de volta. —Você nã o mencionou isso, nã o.

Eu dei alguns passos para mais perto.

—Sinto muito por agir como um idiota.


—Mais uma vez, você quer dizer.

Eu balancei a cabeça.

—Sim novamente. Sinto muito por agir como um idiota


novamente.

Ela procurou meu rosto.

—OK. Desculpas aceitas. Novamente.

—Obrigado. — Eu empurrei minha sorte o suficiente com ela


para o dia, entã o eu percebi que deveria sair.
—Eu vou deixar você voltar ao trabalho.

—Ok, obrigada.
Eu realmente nã o queria sair, entã o eu levei meu tempo me
virando. Ela me parou logo antes de eu chegar à sua porta.

—Bennett?
Eu voltei.

—Para o registro, eu acho você atraente també m.

Eu sorri abertamente.
—Eu sei.

Ela riu.

—Deus, você é tã o idiota. Eu acho que é mais o motivo pelo qual
você nunca teve um namoro do que você nã o querendo velas e
romance.

—Você quer que eu seja seu namorado, nã o é ? Provavelmente


porque você acha que eu sou muito quente.

—Boa noite, Bennett.

—Noite linda.
Capítulo 23
Annalice

O garçom terminou de reabastecer nossas taças de vinho.

—Vou verificar seus jantares. Há mais alguma coisa que eu possa
lhe trazer enquanto isso?

Olhei para Madison e depois para o garçom. —Eu acho que


estamos bem. Obrigada.

Ele se afastou e os olhos de Madison o seguiram.


Ela levantou o copo para os lá bios.

—Você deveria dormir com ele.

—O garçom? Ele tem vinte anos.


—Nã o. Eu deveria dormir com o garçom. Você deveria dormir
com a Besta.

Eu acabei de falar sobre a ú ltima semana de drama de escritó rio -


da nossa visita à Star Studios e à atitude subsequente de Bennett, ao
inesperado final de semana, ao seu gesto de aparecer de surpresa no
escritó rio e aos gracejos da semana. Meu relacionamento com Bennett
mudava com tanta frequê ncia quanto as pessoas trocavam de roupas
ı́ntimas.

Eu assenti com isso.

—Sim, essa é uma ó tima ideia. Dormir com o cara que está
tentando roubar meu trabalho.
—Por que nã o? Você sabe que dizendo isso... Mantenha seus
amigos perto e foda a merda de seus inimigos. —Eu ri.
—Esse nã o é exatamente o ditado. — Ela encolheu os ombros. —
Vamos ser pragmá ticas sobre isso. Você já admitiu que você s se atraem
um pelo o outro. Nã o é como se isso fosse acabar. E você precisa voltar
para lá . Ele está se mudando em alguns meses de qualquer maneira,
entã o ele é o cara perfeito. — —Eu amo que você já decidiu que ele é o
ú nico que está se mudando e nã o eu.

—Claro. O fato de que você vai ganhar é um dado. Você nã o pode
me deixar.

Suspirei.

—Bennett nã o é o tipo de cara que eu namoraria.

—Eu disse alguma coisa sobre namoro? Eu disse que você


deveria dormir com ele, nã o o cortejar como material para futuro
marido. Foda-se, nã o vá à s compras para escolher pratos de porcelana
juntos.

—Isso é ... — Eu parei. Minha reaçã o instintiva era dizer louco.


Mas eu tinha que admitir... o pensamento era muito atraente.

Madison sorriu como um gato Cheshire. Ela me conhecia bem.


—Você está pensando em foder com ele, nã o é ?

—Nã o. — Eu senti minha pele começar a esquentar. —E antes de


dizer qualquer coisa... está quente aqui.

—Uh-huh. — Ela sorriu. —Claro que está .

***

No dia seguinte, eu estava trabalhando na impressã o de um


logotipo usando a impressora 3D quando a maldita coisa ficou
emperrada. Eu nã o conseguia desentupir o bocal. Bennett se
aproximou quando me viu desmontando.
—Precisa de alguma ajuda?
—Estava no meio da impressã o de algo, e entã o começou a fazer
um som de clique. Eu acho que o bocal está cheio de filamentos.

—Esta é a primeira coisa que você imprimiu?

—Nã o. Eu fiz dois outros projetos antes disso, e eles imprimiram


bem.
Bennett enrolou as mangas da camisa.
—As vezes acontece de ficar quente. A extremidade quente
precisa esfriar antes de aquecer a cada vez, ou o filamento esquenta
demais e causa um entupimento.
Eu encarei seus antebraços. Eles eram fortes e bronzeados, mas
nã o foi isso que chamou minha atençã o - era a tatuagem aparecendo
onde ele tinha dobrado a camisa.
Bennett percebeu onde eu estava focada. —Você tem alguma
tatuagem?
—Nã o. E sua ú nica?
Ele mexeu as sobrancelhas.

—Você teria que fazer uma verificaçã o de corpo inteiro para


descobrir isso.

Eu revirei meus olhos.


Ele virou alguns nú meros na impressora, depois pegou uma
bandeja de prata e colocou um braço dentro da má quina. Quando o
braço dele voltou, pude ver um pouco mais de sua tatuagem. Parecia
algarismos romanos com algo enrolado em volta deles.
—Isso é uma videira?

Ele assentiu.
—E de um poema que é especial para mim.
Hã . Nã o o que eu esperava.

Bennett abriu e fechou algumas bandejas e depois inseriu a de


prata que ele havia removido de volta na impressora.
—E o que eu pensei. Está muito quente. O final provavelmente
nã o teve tempo para esfriar. Eu usei por algumas horas esta manhã
també m. Cancele o trabalho e dê uma hora. Quando o filamento esfriar,
ele irá desobstruir por conta pró pria.

—Oh. Certo, ó timo. Obrigada.


—Nã o tem problema. — Ele começou a desdobrar a manga da
camisa. —Se você precisar mais rá pido, eu tenho um pequeno
ventilador na gaveta de baixo da minha mesa. Se você o configurar na
parte superior da impressora e inclinar o ar, isso acelerará o
esfriamento.
—Está tudo bem. Eu posso esperar.

Eu me senti um pouco culpada por estar imprimindo coisas para


levar comigo para a Star Studios em alguns dias, e aqui ele estava me
ajudando.

— Tobias já ligou de volta? — perguntei.


O mú sculo da mandı́bula de Bennett se flexionou.

—Nã o. Deixou trê s mensagens. — Nossos olhos se encontraram


brevemente antes de eu desviar o olhar. —Deixe-me saber se você tem
algum outro problema.

Eu balancei a cabeça, me sentindo culpada. Ele deu trê s passos


antes de eu soltar. —Bennett?
Ele se virou de volta.

—O almoço é quinta-feira à uma. Marina fez a minha reserva.


Venha comigo. Somos uma empresa. Devemos ir juntos.
Era a coisa certa a fazer, mesmo que nã o fosse a coisa mais
inteligente.
Bennett apertou os olhos.

—Por que você faria isso?


—Porque eu planejo chutar a sua bunda com base no meu
trabalho, nã o porque algum cliente possa ser atraı́do por mim, entã o
ele nã o está te ligando de volta.

—Entã o você está finalmente admitindo que o idiota é atraı́do


por você ?

Eu peguei uma peça do livro de Bennett.


—Nã o está todo mundo?

***

Coloquei a mala de mã o no chã o.

—Eu vou te mostrar a minha, se você me mostrar a sua?


Eu olhei para cima e encontrei Bennett com um sorriso sujo.

—Eu quis dizer a apresentaçã o que você tem naquela bolsa. Tire
sua mente da sarjeta, Texas.
Eu sorri.

—Eu estava começando a pensar que você nã o viria. O voo


acabou de começar a embarcar.
Bennett colocou uma caixa no banco ao meu lado na sala de
espera e ergueu as mã os. Eles estavam cobertos de sujeira e graxa.
—Tenho um apartamento. Eu tive que trocar um pneu no
caminho para o aeroporto.
—Um pneu? Você dirigiu e estacionou? Por que você nã o pegou
um Uber?
—Eu fiz. Mas nó s tivemos um pneu furado no meio do caminho. E
o motorista tinha uns setenta anos com problemas nas costas. Ele
ligou para o AAA para trocar o pneu por ele e disseram que seria uma
espera de quarenta e cinco minutos. Com o trá fego da hora do rush, eu
nã o tinha tempo para isso. Entã o eu troquei eu mesmo.

—Oh, nossa. Isso é dedicaçã o.


—Eu teria chego no horá rio se nã o fosse os contratempos. — Ele
olhou para a linha de embarque. —Parece que temos alguns minutos.
Eu vou encontrar um banheiro e tentar limpar minhas mã os. Posso
deixar minha apresentaçã o com você ?

—Certo. Claro.
—Tem certeza de que posso confiar em você para nã o espreitar e
roubar minhas ideias?

Eu sorri abertamente.
—Provavelmente nã o. Mas vá de qualquer maneira.

Quando ele voltou, a fila estava prestes a desaparecer. Eu fiquei


de pé .
—Nó s devemos ir.

Bennett levantou sua pró pria caixa de transporte e depois pegou


a minha.
—Eu posso carregar isso.

—Está tudo bem. Eu tenho um motivo oculto, no entanto. Eu vou


acidentalmente soltá -lo e chutá -lo algumas vezes - ver o quã o bom seu
modelo 3D aguenta.

Uma coisa tã o esperta.


Quando chegamos ao final do corredor para entrar no aviã o,
perguntei: —Em que fileira você está ?

—A mesmo que você . Estamos nos dois assentos no corredor, um


em frente do outro. Eu disse a Marina para nos colocar juntos para que
pudé ssemos trabalhar, se quisé ssemos.

—Oh. Tudo bem. — Eu estava com medo disso.


Bennett guardou nossas apresentaçõ es na parte de cima e nos
sentamos na fila onze. Depois que eu me prendi, decidi sair e contar a
ele meu pequeno problema.
—Umm... Só para você saber, eu fico um pouco nervosa.

As sobrancelhas dele mergulharam.

—O que isso significa? Você vai narrar o voo inteiro? Taxiando


pela pista. Atingir uma velocidade de decolagem de cento e cinquenta
milhas por hora. Colocando minha cabeça pelas minhas pernas para
beijar meu belo traseiro...
Eu soltei uma risada nervosa.

—Nã o. Eu só fico em pâ nico em voos, entã o eu uso um aplicativo


que me ajuda a me acalmar. E uma combinaçã o de meditaçã o, mú sica e
té cnicas de respiraçã o guiadas. Se tivermos uma turbulê ncia, posso
apertar um botã o e um terapeuta me conduz por exercı́cios calmantes.

—Você está me zoando.


—Eu nã o tenho certeza de quanto trabalho vamos realmente
fazer no voo.

Ele sorriu.
—Trabalho de parafuso. Assim é bem melhor. Eu nã o posso
esperar para ver você enlouquecer.

Otimo. Otimo.
Cinco minutos depois da decolagem, abri os olhos e encontrei
Bennett me observando com um sorriso.

Eu balancei a cabeça.

—Estou te divertindo?

—Sim, está . E a maneira como você agarrou o braço da cadeira


durante a decolagem, fico feliz de estar sentado à sua frente para que
você nã o pegue outra coisa se tivermos uma turbulê ncia. Você tinha
essa coisa em um aperto de morte.

Eu ri.

—A decolagem é a pior parte para mim. Quando estamos no ar,


geralmente nã o sou tã o ruim, a menos que seja difı́cil.

—Entã o, sã o todos os modos de transporte que você nã o gosta,


ou apenas carros e aviõ es?

—Muito engraçado.
—Você disse que sofreu um acidente que fez de você uma
motorista nervosa. Aconteceu alguma coisa que te deixou nervosa para
voar? Como um voo ruim ou algo assim?
Eu coloquei meu melhor rosto solene.

—Meu pai era piloto e morreu em um acidente de aviã o.

Bennett pareceu assustado.


—Merda. Eu sinto muito. Eu nã o fazia ideia.

Eu tentei manter uma cara sé ria, mas o olhar dele era engraçado
demais. Meu sorriso escapou.
—Eu estou apenas fodendo com você . Meu pai vende seguros e
mora em Temecula.

Ele riu.
—Agradá vel. Você me pegou.

Depois que nos estabilizamos, foi um vô o curto para L.A., e assim
que Bennett e eu começamos a brincar, o tempo voou. Todos os vô os
devem ser assim tã o fá ceis nos meus nervos.

Assim que aterrissamos, o capitã o veio na parte superior e disse


que está vamos alguns minutos adiantados, entã o precisá vamos
esperar para chegar ao nosso portã o. Eu desliguei meu aplicativo de
meditaçã o e tirei meu telefone do modo aviã o. Os e-mails começaram a
preencher minha caixa de entrada. Notando um de Tobias, abri-o.
Porcaria. Eu me virei para Bennett.

—Acabei de receber um e-mail de Tobias. Ele disse que teve uma


situaçã o urgente que precisava ser resolvida, e ele teve que remarcar a
nossa reuniã o de almoço.

—Até quando?

Eu fiz uma careta, sabendo o que ele pensaria.


—Ele disse que tem uma reuniã o que foi remarcada, e ele pode
encaixar você à s cinco da noite.

—Apenas eu?
Eu balancei a cabeça. Nó s marcamos por duas horas, planejando
cada uma levar uma hora.

—Ele gostaria que eu o encontrasse para o jantar hoje à s oito.


O mú sculo da mandı́bula de Bennett se flexionou.

—Eu sei o que você está pensando. Mas mesmo que fosse
verdade, eu sou uma menina grande e posso cuidar de mim mesma. E
o fato de você estar aqui comigo agora deve dizer a você que quero
ganhar essa conta justa e horizontal, com base no meu trabalho.
Ele assentiu. Nó s dois está vamos quietos quando
desembarcamos do aviã o. Depois que alugamos um carro, percebi que
precisava mudar meus planos de devoluçã o. Se o jantar fosse à s oito,
nã o havia como eu pegar o ú ltimo vô o do dia. Eu precisava de Marina
para me reservar um hotel e remarcar meu vô o de volta para amanhã
de manhã .

Bennett estava ocupado navegando pelo estacionamento da


Hertz, entã o eu quebrei o gelo.

—Eu vou pedir a Marina para mudar meus planos de viagem.


Você quer que eu mude a seu?
—Nã o. Está tudo bem. Eu vou lidar com isso.

Ele nã o falou de novo até que nos chegamos na estrada e


começamos a nos dirigir para a Star Studios.
—Temos um dia inteiro para matar agora. Você quer ir a um café
e se preparar para trabalhar?

Nenhum de nó s tinha trazido nossos laptops, já que tı́nhamos


materiais de apresentaçã o para usar. Embora tivé ssemos nossos
telefones para pelo menos responder e-mails e outras coisas. Mas isso
nã o duraria um dia inteiro. O e-mail de Tobias deixou alguma tensã o
entre nó s dois, entã o achei que talvez um pouco de relaxamento
pudesse estar em ordem.

—Tenho uma ideia melhor.


—O que seria?

Eu sorri abertamente.

— Massagens nos pé s.


Capítulo 24
Bennett
Ela tinha que estar fodendo comigo.

—O que você está fazendo?

Os olhos de Annalice se abriram. Está vamos sentados lado a lado


em cadeiras enormes enquanto duas mulheres esfregavam nossos pé s.

—O que?

—Parece que você está prestes a começar a gemer.

Seus olhos estavam realmente vidrados e encapuzados. Ela se


inclinou para sussurrar para mim.

—Honestamente, eu provavelmente poderia… você sabe… de


uma massagem nos pé s. E a minha coisa favorita para relaxar de
sempre.

Jesus Cristo. Eu olhei para os pé s dela. Eu nunca chupei os dedos


de uma mulher antes, embora eu nã o tivesse oposto a isso. A
oportunidade certa simplesmente nunca se apresentou. Mas agora, eu
estava absolutamente certo de que eu estava perdendo totalmente. Se
uma pequena fricçã o nos pé s fosse tã o boa para uma mulher, eu
poderia até ter sido negligente. Eu precisava remediar essa merda
imediatamente, e eu sabia exatamente onde eu queria começar.
Imagino o que as duas massagistas teriam feito se eu tivesse me
levantado e batido uma fora do caminho, substituindo as mã os dela
com a minha boca.
Annalice fechou os olhos e voltou para o seu lugar feliz. Eu a
observei por um longo momento e depois me inclinei para sussurrar
em seu ouvido.
—Se essa é a sua coisa favorita para relaxar, entã o o idiota fez um
favor ao terminar as coisas. Eu posso pensar em algumas coisas que
deixariam você se sentindo sem fô lego.

Ela riu. Só que eu nã o estava brincando. E eu tinha o impulso


forte de ser o ú nico a provar isso a ela. Tentei relaxar e aproveitar o
resto da minha massagem, mas já era tarde demais. Os pró ximos trinta
minutos consistiram basicamente em eu fantasiar sobre todas as
coisas que eu poderia fazer para a mulher sentada ao meu lado que a
faria pensar que uma massagem nos pé s era uma brincadeira de
criança. Bem, isso e pensar em todos os pé s repugnantes com fungos
que a mulher esfregando meus pé s tinha esfregado bem antes dos
meus. Eu precisava de alguma maneira de manter a ereçã o
constantemente ameaçadora à distâ ncia.
Depois que nossas massagens acabaram, nó s caminhamos até ao
lado para uma casa de massas asiá tica para almoçarmos. O telefone de
Annalice começou a zumbir enquanto olhá vamos o menu.
—E minha mã e. Me dê licença por um momento.

Ela nã o se levantou da mesa, entã o eu escutei um lado da


conversa.

—Oi mã e.
Pausa.
—Sim, isso parece ó timo. Eu vou levar a sobremesa.

Pausa.
—Jantamos na outra noite. Ela disse algo sobre ir para a irmã no
fim de semana. Mas eu vou perguntar de qualquer maneira.
Outra pausa. Desta vez, seus olhos saltaram para encontrar os
meus.

—Umm. Eu duvido. Mas eu posso perguntar a ele, eu acho.


Ela falou por mais alguns minutos e depois desligou.
—Tudo bem? — Eu perguntei.
Annalice suspirou.
—Sim. Minha mã e simplesmente nã o pode se ajudar. Ela está
tendo uma festa privada de degustaçã o de vinhos com as primeiras
garrafas da temporada no pró ximo final de semana. Ela me disse para
convidar minha melhor amiga, Madison, e entã o ela me disse para
convidá -lo. Uma vez que ela se apega ao cheiro de um solteiro elegı́vel
para sua filha, ela é como um pit bull. Eu vou dizer a ela que você está
ocupado.
—Por quê ? Eu nã o tenho planos, exceto o trabalho neste fim de
semana.

—Seria... eu nã o sei... estranho para você vir.


—Nã o mais estranho do que sentar ao seu lado assistindo uma
mulher asiá tica de um metro e meio de altura quase lhe dar um
orgasmo.
Ela riu.
—Eu acho que você tem um ponto.

—Alé m disso, nó s dois sabemos a verdade. — Eu pisquei. —Sua


mã e me convidando nã o é realmente para sua filha.

—Eu disse a ela que está vamos competindo por uma promoçã o,
nã o para manter nossos empregos aqui na Califó rnia. Eu nã o
mencionei a possı́vel mudança para o Texas porque achei que nã o
havia sentido em fazê -la se preocupar. Mas se eu dissesse a ela que o
ú nico interesse que você tem em sua filha é que eu seja despachada a
mil e novecentos quilô metros de distâ ncia, acho que você ficaria
surpreso com o quanto sua amizade mudaria. Ela é super protetora
comigo.
Definitivamente nã o era o ú nico interesse que eu tinha em
Annalice. Mas ela tinha razã o, e se sua mã e soubesse sobre o Texas ou
qualquer outra coisa que eu fantasiava sobre fazer com sua filha, eu
tinha certeza de que ela estaria me perseguindo com um saca-rolhas
na mã o.

—Você é filha ú nica?


—Agora sou. Minha irmã morreu quando ela tinha oito anos.
—Merda. Eu sinto muito.

—Obrigado. Ela era cinco anos mais velha, entã o eu tinha apenas
trê s anos quando aconteceu. Ela tinha neuroblastoma - um câ ncer
infantil que é muito agressivo. Eu gostaria de me lembrar dela mais.
Embora, pelo menos, eu nã o me lembre muito de sua morte. Mas, para
responder à sua pergunta, nã o tenho outros irmã os. Meus pais
começaram a ter problemas com o casamento depois disso. E você ?
Qualquer outra Raposa cheia de si correndo por aı́ que eu deveria
procurar?
Eu balancei a cabeça. —Apenas eu. Meu pai morreu quando eu
tinha trê s anos - ataque cardı́aco aos trinta e nove. Mamã e nunca
superou isso ou se casou novamente. Embora, ela tenha se mudado
para a Fló rida para estar perto de sua irmã há dois anos, e
ultimamente ela tem mencionado que vai passear com um cara
chamado Arthur. Imaginei que provavelmente farei uma viagem até lá
logo, para ver se preciso chutar a bunda de Arthur.
—Isso é estranhamente doce.
—Sim esse sou eu. Estranhamente doce.

A garçonete veio e levou a nosso pedido de almoço. Annalice


pediu uma sopa, aperitivo e almoço.
—Você tem certeza que pode comer tudo isso sozinha?
—Eu nã o comi nada esta manhã por causa dos meus nervos
sobre voar. E eu nã o vou comer até as oito da noite, entã o achei melhor
armazenar.
A lembrança de seu jantar com Tobias esta noite arruinou meu
apetite.
—Entã o, onde é este encontro hoje à noite?

Ela franziu a testa.


—Nã o é um encontro.
—Oh, isso mesmo. Deixe-me reformular. Onde será a reuniã o de
negó cios com o cara que quer entrar nas suas calças?
Ela cruzou os braços sobre o peito.

—Eu nã o quero te dizer.


—Um româ ntico pequeno bistrô italiano com velas? Talvez uma
cabine de canto perto da lareira.
—Idiota.

—Francê s? Talvez o Chez Affaire.


—E no mesmo lugar que comemos da ú ltima vez. O mesmo
restaurante exato onde ambos compartilhamos uma refeiçã o e
discutimos negó cios com toda a equipe da Star. O mesmo lugar que
parecia uma escolha ló gica e conveniente para uma reuniã o apenas
duas semanas atrá s. No entanto, tenho certeza de que você estará
convencido de que agora ele tem uma motivaçã o oculta escolhendo
isso.
Eu estava brincando com ela, mas porra, o pensamento de os dois
jantando no hotel em que ela iria ficar realmente me arrancou. E eu
nem tentaria me convencer de que tinha algo a ver com negó cios. Eu já
admiti uma vez que estava com ciú mes. Nã o havia sentido em expor
minha fraqueza à competiçã o uma segunda vez. Entã o eu calei tudo.
Pelo menos eu tentei.

—E uma escolha conveniente. Muito conveniente.


***

Talvez eu nã o tivesse dado uma chance ao cara.


Tobias me deu um tapinha nas costas quando saı́mos do
escritó rio do Diretor de Aquisiçõ es de Filmes. Ele adorou o plano de
marketing que eu tinha feito, incluindo o novo logotipo e taglines. E
agora era o terceiro escritó rio para o qual ele enviou até mim que
parecia amar minhas ideias.
—Estou aqui há trê s semanas e foi a primeira vez que vi Bob
Nixon sorrir. Ou você bateu fora do está dio, ou aquele cara começou
em novos remé dios recentemente.

— Muito obrigado por deixar um tempo para fazer isso. Eu sei


que você teve algo vindo hoje cedo, entã o eu agradeço que você ainda
nos encaixe. — Nó s voltamos para o escritó rio dele.

—A qualquer momento. Ainda bem que posso ajudar. Agora que


vi algumas de suas ó timas ideias, estou ansioso para ver seus
conceitos finais quando chegarmos em sua agê ncia em algumas
semanas. Eu ouvi grandes coisas sobre o seu trabalho de Annalice, e
agora eu sei o porquê .
Eu estava começando a me sentir um completo idiota. Eu deixei
meus sentimentos pessoais atrapalharem os negó cios - deixei nublar
meu julgamento em relaçã o a Tobias - e Deus sabe que eu passei por
Annalice sobre esse cara. E aqui ela estava me construindo para o cara
que iria escolher a campanha que iria longe para manter meu maldito
trabalho.

—Tenho certeza de que a apresentaçã o dela será exatamente


como no ponto, se nã o mais. Ela é incrivelmente talentosa, — eu disse.
O telefone do escritó rio de Tobias tocou. Ele pegou e disse a quem
estava na linha que ele precisava de um minuto e, em seguida, segurou
o receptor no peito. —Por que você nã o serve duas bebidas
comemorativas? — Ele ergueu o queixo, apontando para um longo
aparador posicionado sob as janelas. —Gabinete do meio tem um bom
conhaque e alguns copos.

Enquanto ele falava ao telefone, tirei dois copos de cristal e uma


garrafa cheia de á lcool de cor â mbar. O topo do armá rio tinha um
monte de fotografias emolduradas, entã o eu olhei enquanto esperava.
Um deles tinha um menino loiro e uma menina mais velha sentada em
uma pedra em algum lugar nas montanhas. Alguns eram de vá rias
celebridades e Tobias em diferentes estreias de filmes. A ú ltima era
uma foto de uma mulher com os mesmos dois garotinhos da primeira
foto emoldurada, só que eles eram mais velhos nessa foto, e todos os
trê s levantaram as mã os no ar enquanto caı́am em uma queda na
montanha-russa. Seus sorrisos eram enormes.
Eu balancei a cabeça. Eu fiquei muito cego pela inveja. Esse cara
era obviamente casado e tinha uma boa e pequena famı́lia. Eu
interpretei mal a situaçã o da ú ltima vez.
Ou talvez não.

Tobias virou enquanto eu colocava a ú ltima foto emoldurada.


—Você tem uma famı́lia linda, — eu disse.
Ele deu a volta na mesa dele e pegou um dos copos de conhaque
que eu tinha servido, depois levantou a foto que eu tinha acabado de
colocar. Agitando o lı́quido em torno de seu copo, ele olhou para ele.
—Candice é linda sim. Pena que ela é uma puta de merda. Nó s
nos separamos há nove meses. Com toda a porcaria acontecendo,
imaginei que seria melhor manter minha fachada como um homem
felizmente casado em pú blico.
Ele ergueu o copo e tilintou com o meu. —Falando de mulheres
bonitas, estou ansioso para ver o que sua colega criou mais tarde.
Capítulo 25
Annalice

Ele é um idiota.

Continuei a usar meu grande e falso rosto feliz enquanto me


despedia de Tobias. Mas no momento em que ele empurrou a porta
girató ria, eu girei no meu calcanhar, fiz uma careta e fui para o bar
para procurar meu perseguidor. Uma sensaçã o de dé jà vu veio sobre
mim.

—Com licença? — Eu chamei o barman. —Estou procurando o


cara que estava sentado no final do bar há alguns minutos atrá s?

Ele assentiu.
—Bebendo Corona e parece que algué m atropelou seu cachorro?

—Isso seria ele.

—Pagou sua conta e saiu um minuto ou dois atrá s. Nã o tenho


certeza se ele é um convidado aqui desde que ele pagou em dinheiro.
Nã o peguei o caminho que ele foi quando saiu.

—Oh, ele é um convidado aqui sim, — eu murmurei e comecei a


ir em direçã o à recepçã o. —Que eu apostaria minha vida.
A recepçã o tinha dois funcioná rios, e ambos estavam ajudando as
pessoas já , entã o eu entrei na fila. Mas, enquanto esperava, me dei
conta de que talvez nã o dessem o nú mero do quarto de outro
convidado tã o facilmente. Entã o, em vez disso, voltei para o saguã o,
peguei meu celular e procurei o nú mero do telefone do hotel.

—Oi. Estou tentando encontrar um convidado aı́. Ele é meu chefe,


na verdade. Ele me deu o nú mero de telefone direto para o seu quarto
para uma teleconferê ncia que estamos prestes a ter, mas parece que o
perdi.
—Eu posso conectar você . Qual é o nome do hó spede?

—Ummm… Você poderia me dar o nú mero direto de novo? Ele


me deu isso porque ligarei para outras pessoas em uma linha de
conferê ncia e, por motivos de privacidade, ele nã o gostaria de
informar o nome do hotel onde ficará hospedado. O operador disse o
nome do hotel quando ela responde no nú mero principal. Ele vai me
matar por perder isso.

—Certo. Sem problemas. Qual é o nome do hó spede?


—E Bennett Fox.

Quando eu dei meu nú mero de telefone de discagem direta para


Marina hoje cedo, percebi que o nú mero do meu quarto era os quatro
ú ltimos do nú mero de telefone. Ou isso era uma coincidê ncia ou todos
eles funcionariam dessa maneira.

Eu a ouvi clicando em algumas teclas antes de voltar para a fila.

—Esse nú mero direto seria 213-555-7003.


—Muito obrigado.

—Sem problemas. Tenha uma boa noite.

Eu corri para terminar a ligaçã o. Oh, eu vou ter uma boa noite -
mastigando o babaca do quarto 7003.

***

Seria possı́vel que o sangue pudesse realmente ferver? Comecei a


suar no elevador até o sé timo andar. Parecia que o calor estava saindo
dos meus poros - eu estava muito chateada.

Nã o só eu tinha me assegurado de que o idiota tivesse a chance


de apresentar suas ideias para Tobias, mas eu nunca disse uma palavra
ruim sobre ele, nunca tentei manipular minha amizade com Tobias
para obter uma vantagem. E o que o idiota faz? Ele inventa mentiras
sobre mim, entã o pareço uma idiota falando com o cliente.

As portas do elevador se abriram e eu marchei para o quarto


7003. Sem tirar um minuto para me acalmar, bati na porta. Quando
nã o abriu em trê s segundos, eu bati um pouco mais - desta vez mais
alto. A porta se abriu no meio da batida.
—Que porra é essa? — Bennett rugiu.

Se eu nã o estivesse tã o chateada, poderia ter me distraı́do com a


visã o de um Bennett Fox sem camisa do outro lado. Mas eu estava
furiosa, entã o ver que ele tinha um abs esculpido só me deixou mais
irritada.

Claro que ele també m tem um corpo perfeito. Que idiota.


Eu marchei passando por ele, em seu quarto de hotel.

Ele ficou parado piscando por um momento, parecendo confuso


sobre o que diabos estava acontecendo. Eventualmente, ele balançou a
cabeça e soltou a maçaneta da porta ainda em sua mã o.
—Entre. Eu nã o estava no meio de tirar a roupa ou qualquer
coisa.
—Você tem algum nervo.

—Eu tenho muita coragem. Você precisa ser mais especı́fica


sobre o que rastejou na sua bunda.
Sua jogada inocente me fez perder a calma. Nã o que eu tivesse
estado muito no controle antes, mas eu quebrei.
Eu fiquei bem pró xima de seu rosto e enfiei meu dedo em seu
peito.

—Eu estou em um relacionamento, comprometida com a Marina?


Que diabos está errado com você !
—Oh. Isso.

—Eu nã o fiz nada alé m de ajudar você , e como você me paga?
Você vai e diz ao cliente que estou tendo um caso com uma mulher no
escritó rio, entã o eu pareço completamente nã o profissional!

Ele levantou as mã os como se estivesse se rendendo.


—Nã o. Nã o. Isso nã o é o que eu pretendia fazer.

—Sé rio? Entã o você acidentalmente disse ao nosso cliente que eu


estava dormindo com a nossa assistente e quis dizer o que? Me fazer
parecer profissional?
Bennett passou a mã o pelos cabelos.

—Eu nã o estava pensando.


—Besteira. Você sabia exatamente o que estava fazendo!

—O cara é um idiota sujo. Eu estava tentando manter as coisas


profissionais. Eu disse isso para ele nã o ir em você .
—Você é tã o cheio de merda que eu acho que você realmente
começa a acreditar em suas pró prias mentiras, e é isso que faz com
que suas ridı́culas desculpas sejam tã o crı́veis. Você é um mestre em
manipular as coisas para ferrar as pessoas quando elas se sentem
vulnerá veis.

Eu fiz beicinho e imitei suas desculpas pesarosas.


—Sinto muito, Annalice. Eu estava com ciú mes. Ah, nã o, eu estava
tentando protegê -la do cliente grande e ruim.

A mandı́bula de Bennett se apertou quando ele olhou para mim.


—Eu nã o estava manipulando você .

Frustrada, me virei para sair. Mas entã o pensei melhor e voltei


para uma ú ltima pergunta.
—Por que você ainda está aqui, Bennett?

Isso me irritou, que ele estava jogando jogos. Suas narinas


alargaram como se ele tivesse motivo para ficar puto.

—Me responda!
Em um piscar de olhos, minhas costas estavam contra a porta e
Bennett estava ao meu redor. Seu rosto se inclinou para se alinhar com
o meu, e seus antebraços pressionaram firmemente contra a porta em
ambos os lados do meu rosto. Seu peito nu subia e descia tã o perto do
meu, que eu podia sentir o calor que irradiava dele. O fogo
transformou o verde suave de seus olhos em um quase cinza.

—Estou aqui porque nã o consigo ficar longe.


Meu queixo caiu.
—Eu nã o entendo.

—Bem, isso faz dois de nó s.


Nada fazia sentido. Um minuto nos demos muito bem, e eu vi
pedaços de uma pessoa que eu realmente gostei. Mas entã o…
—Por que você continua me machucando?
Bennett abaixou a cabeça por um momento enquanto eu tentava
entender o que estava acontecendo.
Quando ele olhou para cima, seus olhos estavam cheios de
remorso.

—Eu nã o quero te machucar. Eu só ... você me deixa louco. Em


trinta e um anos, eu nunca quis uma mulher como eu quero você e,
claro, você é a ú nica mulher que eu nã o posso ter.

Engoli. Meu coraçã o parecia ricochetear contra o meu peito.


—Eu nã o acredito em você , — eu sussurrei.
Seus olhos caı́ram para a minha boca e ele gemeu. O som
disparou direto entre as minhas pernas, e meus lá bios se separaram
com um pequeno suspiro que eu esperava que ele nã o tivesse ouvido.
Mas o sorriso malicioso se espalhando pelo rosto dele me disse
que ele definitivamente tinha ouvido.
—Você nã o acredita em mim? O que devemos fazer sobre isso?

—Bennett, eu...
Ele estendeu a mã o, enrolou os dedos firmemente no meu cabelo
e me puxou contra ele. Seus lá bios se chocaram com os meus,
engolindo o resto das minhas palavras. Fiquei chocada com a forma
como senti tudo isso, e meu corpo se iluminou como uma á rvore de
Natal a partir de uma ú nica conexã o simples. Suas mã os deslizaram
até o meu rosto, e ele inclinou a cabeça, mergulhando a lı́ngua dentro
da minha boca. Minha bolsa caiu no chã o. Tudo mais em torno de nó s
deixou de existir.

Eu passei meus braços em volta de seu pescoço e enfiei minhas


unhas em seu cabelo. Ele gemeu novamente e alcançou a minha bunda,
apertando enquanto me levantava dos meus pé s. Minhas pernas
envolveram sua cintura. Deus, eu amo saias.

Com elas aberta para ele, Bennett pressionou seu corpo contra o
meu. Eu senti o comprimento duro dele encontrar meu calor, e ele
rosnou.

—Porra. Você se sente tã o bem.

Eu choraminguei quando ele aprofundou o beijo, cavando minhas


unhas em suas costas e me agarrando a ele. Nosso beijo era
desesperado e carente, baixo e sujo, e eu podia sentir um coraçã o
batendo a milhõ es de quilô metros por hora, embora eu nã o tivesse
certeza se era dele ou meu. Quando finalmente paramos para respirar,
está vamos ofegantes e me sentia tonta.
Bennett se aninhou no meu pescoço enquanto eu tentava
recuperar o fô lego. Ele beijou o caminho da minha clavı́cula até o meu
ouvido.
—Há tantas coisas que eu quero fazer com você .

Eu amei o som grave de sua voz.

—Como o quê ? — Eu sussurrei.


Eu senti seus lá bios se curvarem em um sorriso contra o meu
pescoço.

—Eu quero provar você em todo lugar. — Ele deu um puxã o leve
e inesperado no meu cabelo e expô s mais do meu pescoço enquanto
ele beijava o caminho de volta para baixo.

—Sim.
—Eu quero enterrar meu rosto entre suas pernas até você gritar
meu nome.

—Sim.
—Eu quero você de quatro para que eu possa estar em todos os
lugares, entã o você nã o pode pensar ou sentir nada alé m de mim. Uma
mã o brincando com seus seios, a outra tocando sua bunda. Meu pau
enterrado profundamente dentro de você . — Ele pressionou sua
ereçã o contra o meu centro exposto, e meus olhos rolaram na parte de
trá s da minha cabeça.
Oh Deus. Era tã o bom. Meu corpo começou a vibrar. Comecei a
pensar que poderia vir apenas da sensaçã o dele contra mim e do som
de sua voz sexy me dizendo o que ele queria fazer.
As coisas entre Andrew e eu nunca foram assim, nem mesmo no
começo.

Bennett levantou e me levou para fora da porta do seu quarto. Eu


esperava que minhas costas batessem na cama, mas em vez disso ele
me colocou de pé ao lado dele e deu um pequeno passo para trá s. Seus
olhos vidrados subiram e desceram pelo meu corpo, e por alguns
segundos, achei que ele poderia estar repensando o que estava
acontecendo, o que estava prestes a acontecer.
—Fique nua para mim.

O tom assertivo e o som tenso de sua voz espalharam arrepios


por todo o meu corpo. As vezes a confiança dele me dava vontade de
bater nele. Aparentemente outras vezes isso me fazia querer me
despir.

Eu desabotoei minha blusa e olhei para ele. Houve tantas vezes


quando eu nã o tinha certeza se confiava nele ou nã o, mas o tipo de
desejo que eu vi em seus olhos encapuzados agora nã o podia ser
falsificado.
—Nã o consegui me concentrar em nada desde o dia em que você
entrou no escritó rio, — disse ele. —Você estrelou todas as minhas
fantasias, mesmo quando eu tentei te odiar.
Eu tirei minha camisa dos meus ombros e deixei cair no chã o.

—Tire a saia.

Era fá cil me sentir corajosa do jeito que ele estava olhando para
mim. Eu alcancei e abri o zı́per da minha saia lá pis e deslizei para o
chã o. Eu estava grata por ter usado um lindo sutiã e calcinha que
ajudou minha confiança. Eu fiquei de pé , vestindo apenas minha
lingerie e salto alto.

Bennett abriu o botã o da calça. Seu olhar me deixou muito feliz.


Ele tirou as calças e meus olhos se arregalaram com a protuberâ ncia
em sua boxer apertada.

Droga. Agora eu sei de onde vem a confiança arrogante.

Ele ergueu o queixo.


—Sutiã .

Eu abri o fecho e joguei de lado. Meus mamilos já estavam duros,


mas eles ficaram dolorosamente inchados enquanto eu o observava
lambendo seus lá bios.

—Você é incrı́vel.

Eu amava o jeito que ele exigia as coisas, mas eu queria mostrar a


ele que eu estava lá com ele. Entã o eu respirei fundo, coloquei meus
polegares nos lados da minha calcinha, e tirei meu ú ltimo fragmento
de roupa sem que ele mandasse.
Bennett sorriu como se soubesse exatamente o que eu tinha
pensado. Seus olhos fizeram uma varredura lenta sobre mim e
escureceram, mas eles brilhavam com um brilho travesso.
Ele gesticulou para os meus pé s. —Esses ficam.

Ele me guiou para sentar na beira da cama e caiu de joelhos. A


visã o era bem espetacular. Bennett Fox sempre foi bonito, mas seminu,
com todos os mú sculos rasgados em plena exibiçã o, enquanto se
ajoelhava diante de mim era um novo nı́vel de sensualidade. Ele olhou
nos meus olhos enquanto suas mã os empurravam meus joelhos
abertos até onde eles podiam ir.

Eu ofeguei quando Bennett se inclinou e lambeu em um longo


golpe. Ao contrá rio de quando tiramos nossas roupas, nã o havia nada
lento ou provocante quando ele enterrou o rosto inteiro entre as
minhas pernas. Nã o foi suave e gentil. Foi duro e desesperado. Ele
alternou entre chupar meu clitó ris, empurrando sua lı́ngua dentro de
mim, e me lambendo com longos golpes que me fizeram querer
segurá -lo lá e nunca o deixar subir para respirar.
Minha cabeça caiu para trá s e ficou difı́cil ficar ereta.

—Oh Deus.
Meu grito fez ele rosnar e empurrar muito mais. Comecei a me
contorcer enquanto meu corpo tremia de dentro para fora e
ondulaçõ es de prazer pulsavam entre as minhas pernas. Eu puxei o
cabelo sedoso de Bennett e gemi quando ondas intensas de ê xtase me
atingiram com força. Lá grimas brotaram nos meus olhos, minhas
emoçõ es precisando escapar de alguma forma, e eu caı́ de volta na
cama, incapaz de suportar o peso do meu pró prio corpo por mais
tempo.

Atravé s da né voa do meu cé rebro saciado, ouvi o som fraco da
embalagem se abrindo. A pró xima coisa que eu sabia era que estava
sendo levantada do fundo da cama para a cabeceira da cama, e Bennett
subiu em cima de mim.

Eu esperava que o ritmo frené tico continuasse, mas esse era um


homem que me surpreendeu a cada turno desde o dia em que o
conheci. Ele tirou o cabelo do meu rosto e gentilmente se inclinou e
beijou meus lá bios.

—Você está bem?

Nã o tenho certeza se eu poderia falar ainda - ou talvez de novo -


respondi com um grande sorriso e assenti. Ele sorriu para mim
quando ele empurrou para dentro. Nossos olhares ficaram trancados,
nossos sorrisos compartilhados se transformando em algo mais sé rio,
pois ambos sentimos a conexã o intensa. Ele trabalhou devagar -
impulsos curtos e moderados enquanto entrava e saı́a de mim. Uma
vez que meu corpo aceitou sua circunferê ncia, ele foi um pouco mais
fundo, empurrou um pouco mais, até que finalmente ele caiu, me
preenchendo completamente.

Juntos, encontramos nosso ritmo - ele bombeando e eu


encontrando cada impulso até que nossos corpos estivessem cobertos
de suor, e o som e o cheiro de sexo encheram o ar ao nosso redor.
Bennett segurou atrá s de um dos meus joelhos e levantou minha
perna, mudando o â ngulo de seus golpes um pouco, mas ele encontrou
meu ponto sensı́vel.
—Bennett...

Sua mandı́bula flexionou, da mesma maneira que costumava


fazer quando eu o irritava. Só agora eu percebi que sua tensã o
muscular nã o era tanto uma expressã o de raiva, mas sim ele tentando
segurar alguma coisa de volta. E desta vez ele estava tentando segurar
o prazer para mim.
Eu gemi quando meu orgasmo começou a se firmar, e meus olhos
se fecharam.

—De jeito nenhum, querida. Abra e dê para mim.


Bennett acelerou seus impulsos e eu segurei seu olhar. Meu corpo
tremeu quando eu apertei ao redor dele. A necessidade de me
esconder da intensidade de sua observaçã o era forte, mas eu empurrei
de lado e dei a ele o que ele queria.

Ele sorriu para mim quando meu orgasmo começou a diminuir, e


entã o todos os mú sculos de seu corpo endureceram, e ele começou
realmente a me foder - duro e selvagem com golpes de puniçã o que
terminaram em um rugido que sacudiu a sala.

Depois, ele enterrou o rosto no meu cabelo e beijou meu pescoço


enquanto ele continuava a deslizar lentamente para dentro e para fora
em um ritmo sem pressa. Nenhum de nó s parecia querer que o
momento terminasse, entã o ficamos o tempo que pudemos, mantendo
a conexã o. Mas eventualmente ele teve que se levantar para lidar com
o preservativo.
Bennett saiu da cama e entrou no banheiro, deixando o ar frio
bater na minha pele ensopada de suor e causando um calafrio. A
sacudida de frio fez minha mente vibrar com o que acabou de
acontecer.

Nunca na minha vida eu tinha sido fodida assim. E eu tinha a


sensaçã o de que o que quer que fosse isso entre nó s, eu seria fodida de
uma maneira que nã o seria tã o divertida em breve.
Capítulo 26
Annalice

Nó s dois está vamos quietos, deitados lado a lado no quarto


escuro.

Eu me perguntava se ele já se arrependeu.

—O que você está pensando agora? — Eu perguntei.


Ele soltou um suspiro profundo.

—A verdade?

—Claro.

—Eu estava pensando em como eu poderia usar o gravador de


á udio no meu telefone sem você perceber antes de eu descer em você
novamente. Eu preciso capturar esse som que você faz enquanto você
goza para usar para tirar o material depois de jogar minha bunda no
meio-fio em meia hora.
Eu ri e virei de lado para ele.

—Que som?

—E uma espé cie de cruzamento entre um gemido e um grito,


mas é realmente gutural e gostoso.

—Eu nã o grito.

—Oh, você faz, querida.

Eu honestamente nã o tinha ideia do que tinha saı́do da minha


boca hoje à noite. Foi uma experiê ncia fora do corpo que eu nã o tinha
controle.
—E o que faz você pensar que eu vou jogar sua bunda no meio-
fio em meia hora?

Bennett se virou para mim. Ele tirou um fio de cabelo da minha


bochecha.

—Porque você é inteligente.

Eu nã o tinha ideia de como o que aconteceu, aconteceu. Ao


contrá rio do meu eu habitual, nã o pensei nas consequê ncias das
minhas açõ es. Em vez disso, eu fui com o que parecia certo no
momento. E Deus sabe o que parecia certo no momento acabou por se
sentir muito incrivelmente surpreendente. Entã o eu continuei com
essa mentalidade, nã o me permitindo analisar algo completamente
ainda.

—Andrew nã o... Ele nã o estava realmente fazendo sexo oral.
Entã o eu acho que o som que você ouviu pode ter sido a rolha saindo
de um champanhe bem engarrafado.

Bennett apoiou a cabeça no cotovelo.

—Que diabos isso significa? Ele nã o estava realmente em sexo


oral? Você está dizendo que ele nã o queria descer em você ?

— Nã o, eu estou dizendo que isso nã o acontecia com frequê ncia.
Como...praticamente nunca.

—Mas você gosta disso?

Dei de ombros.

—Ele nã o fazia.

—E aı́ reside o problema em seu relacionamento em poucas


palavras. Eu nã o estou falando apenas sobre sexo. Qualquer cara que
nã o se supera para fazer algo que ele pode nã o amar para agradar a
sua mulher tem um problema que vai muito alé m do sexo.
Infelizmente, Bennett estava cem por cento certo. As coisas com
Andrew sempre foram sobre o que Andrew queria e precisava. Ele
precisava de silê ncio para escrever seu romance, entã o nó s adiamos
morar juntos. Eu gostei de um restaurante novo e ele nã o, entã o nó s
nã o voltamos. Ele precisava de espaço e eu dei a ele. No entanto,
quando ele queria ir esquiar nas fé rias e eu queria a praia, eu tirei
minhas roupas de inverno para fazê -lo feliz. E o pior, Deus, eu
realmente senti falta, Bennett estava certo. Eu gosto de sexo oral.
Suspirei.

—Você está certo.


O quarto estava escuro, mas pude vê -lo sorrir.

—Eu estou sempre certo.


Bennett passou dois dedos ao longo do comprimento do meu
braço, ombro a ombro. Eu senti seriamente até os dedos dos pé s, e isso
me fez tremer com um arrepio.
—Seu corpo é tã o responsivo.
Eu estendi a mã o e abaixei minhas mã os para o seu abdô men,
deixando-as sentirem o seu caminho ao redor das planı́cies duras. —E
o seu é tã o... duro.
Ele riu e capturou meu pulso em sua mã o, arrastando um pouco
para o sul.
—Oh. Uau. Você está ….

—Duro em todos os lugares.


—De fato. Isso nã o é muito tempo de inatividade, você sabe.
Bennett fez um movimento furtivo, pegando-me e rolando de
costas para me deitar em cima dele.
—Tenho que fazer bom uso do tempo antes que o sangue volte
para o seu cé rebro e você fique mais esperta. — Ele ergueu seus
quadris e cutucou minha abertura. —Parece que o sangue nã o correu
de volta para o seu cé rebro ainda.

—Que tal fazer um pacto? — Ele traçou o dedo ao longo da minha


espinha, diminuindo, mas nã o parando quando ele veio para a fenda
da minha bunda. —Nenhum de nó s pensa em nada até o sol nascer
amanhã .

Eu escovei meus lá bios com os dele. —Finalmente, algo em que


podemos concordar.

***

Eu escorreguei da cama e fui até o banheiro na ponta dos pé s. No


meu caminho, peguei minha bolsa de onde tinha caı́do perto da porta
na noite passada e peguei meu telefone. Seis e Meia. Meu voo era à s
nove. Examinei meus e-mails para ver se Marina havia me enviado o
itinerá rio de Bennett assim como o meu. Com certeza, ela me enviou o
dele enquanto eu estava no jantar na noite passada. Entã o eu abri para
ver se está vamos no mesmo vô o. Nó s nã o está vamos. Ele iria à s onze
horas, por algum motivo. O pensamento de nã o ter que viajar com ele,
nã o ter que encará -lo à luz do dia, me fez sentir uma estranha
combinaçã o de desamparo e alı́vio.
Eu amarrei meu cabelo e tomei um banho rá pido. Quando me
lavei entre as minhas pernas, senti uma dor que me fez sorrir. Quantas
vezes tivemos sexo ontem à noite? Quatro? Cinco? Isso era possı́vel?
Fosse o que fosse, eu sabia com certeza que era meu recorde pessoal.
Andrew e eu nunca havı́amos ficado assim. No começo, pode ter
havido uma noite ou duas que fizemos duas vezes, mas uma vez por
semana era mais nossa mé dia nos ú ltimos anos.

Minhas roupas ainda estavam no chã o onde eu tinha me despido


na noite passada. Embora quando eu as coloquei de volta, parecia mais
que eu tinha dormido nelas. Mas eu nã o consegui encontrar minha
calcinha. Entã o eu peguei o resto das minhas coisas, chamei um Uber, e
sacudi as roupas de Bennett, pensando que talvez minha calcinha
tivesse se misturado com elas durante nosso frenesi.
Eu pulei ao som de sua voz grogue. —Procurando por algo?

—Merda. — Eu deixei minha bolsa cair no chã o. —Você me


assustou. Eu pensei que você estivesse dormindo.
—Eu estava. Mas acordei quando você começou a vasculhar
minhas roupas.
—Eu nã o estava vasculhando suas roupas. Estou procurando pela
minha calcinha.

Ele levantou um braço das cobertas e levantou minha calcinha,


pendurada em um dedo.
—Oh. Você quer dizer isso?

Eu ri.
—Como diabos você terminou com ela?

—Eu me levantei para ir ao banheiro uma hora atrá s, logo depois


que você caiu no sono, e eu a peguei no meu caminho.
—Ela é da sua cor, mas nã o tenho certeza se vai se caber em você .

Fui tirá -las da mã o dele, mas ele se afastou e apertou em seu
punho.
—O que você está fazendo?

Ele juntou as mã os e as levou ao nariz, dando uma profunda


cheirada na minha calcinha.

—Ah. Eu amo o cheiro da sua boceta.


Meus olhos se arregalaram.
—Isso é um pouco distorcido, mesmo para você , Fox. Agora me
devolva minha calcinha. Eu tenho um vô o para pegar.
—Nã o posso.

—Você espera que eu voe para casa vestindo uma saia sem
calcinha?
Ele estendeu a mã o e enfiou a mã o debaixo da minha saia,
agarrando um punhado de bunda.
—Você deveria vir trabalhar assim todos os dias.
Eu ri.

—Sé rio, eu vou me atrasar para o meu vô o.

—Você poderia mudar o seu voo e pegar mais tarde comigo.


Eu pensei nisso, mas eu precisava de um tempo longe desse
homem para limpar minha cabeça. Antes que eu pudesse pensar em
uma desculpa, Bennett usou a mã o na minha bunda para agarrar
minha cintura e me puxar para ele.

—Eu sei que você precisa de algum espaço, — disse ele. —A


calcinha é minha apó lice de seguro. Eu vou mantê -la até que você
esteja pronta para falar comigo. Entã o você vai pegá -la de volta.

—E se eu decidir que nã o quero falar sobre a noite passada?

Ele beijou meus lá bios.


—Entã o Jonas fica com sua roupa de baixo.

—Você está fora de si.

—Talvez. Mas aposto que o pensamento dele a cheirando


enquanto ele se masturba pensando em você é um pouco mais
estranho do que eu fazendo isso.

Eu balancei a cabeça.
—Eu nã o tenho tempo para discutir com você . No entanto... —
Fui até sua pilha de roupas e tirei sua carteira do bolso. Eu peguei um
Visa e deixei a carteira de couro cair sem a menor cerimô nia no chã o.
.. —. há uma Victoria's Secret no LAX. Eu vou pegar algumas
novas… e algumas outras coisas enquanto estou lá .

Bennett sorriu amplamente.


—Tente...Talvez algo com ligas e calcinhas com aberturas para
que você nã o tenha que tirá -la enquanto eu te fodo na sua mesa na
pró xima semana.

Capítulo 27
Bennett
Não era ela.

Coloquei meu celular de volta no bolso e tentei fingir que nã o


estava decepcionado por um dos meus amigos ter mandado uma
mensagem de texto para ver se eu iria tomar drinques hoje à noite.

Mas você nã o pode se chatear agora, pode?

Na tarde em que voltamos de L.A, Annalice já tinha ido embora


quando cheguei ao escritó rio. Na quinta-feira, tive uma reuniã o
matinal no escritó rio e, quando cheguei, ela se foi novamente. Marina
disse que ela tinha marcado uma consulta de ú ltima hora.

Entã o, na sexta-feira, vi o mesmo Audi que eu dirijo saindo da


frente do pré dio à s dez para as sete da manhã , entã o mandei uma
mensagem para ela. Algumas horas depois, ela enviou uma resposta
curta dizendo que chegou cedo para pegar alguns arquivos e estava
trabalhando em casa.
Nã o era incomum os funcioná rios trabalharem em casa um ou
dois dias por semana - tı́nhamos horá rios flexı́veis e podı́amos
trabalhar em qualquer local. Mas Annalice nã o tinha aproveitado
antes, e eu estava começando a sentir que ela poderia estar me
evitando.

Na sexta-feira à tarde, isso estava me consumindo, entã o mandei


outra mensagem perguntando se ela queria tomar uma bebida. Ela
nunca respondeu.

Agora era sá bado à tarde, e eu estava checando meu telefone


como uma garota do ensino mé dio cada vez que ele zumbia.

Eu assisti Lucas verificar o preço no fundo do tê nis que ele estava
de olho e colocá -lo de volta na prateleira.
—Você gosta daqueles? — Eu perguntei.

—Sim. — Ele encolheu os ombros. —Eles sã o legais.

—Entã o, por que você nã o experimenta? Você precisa de tê nis
novos antes da viagem da Disney em algumas semanas.

—Eles custam muito dinheiro.

—Você está pagando por eles?

—Nã o?
—Entã o, porque diabos você está verificando os preços? — Eu
peguei o tê nis e fiz sinal para o garoto em um uniforme listrado da
Foot Locker que nã o parecia muito mais velho do que o Lucas.

—Podemos ver isso em outro tamanho?

—Sim senhor.

—Espere, — eu disse ao garoto. —Mais alguma coisa que você


gosta?

Lucas nã o respondeu.

—Lucas?
Ainda nada, entã o segui sua linha de visã o para o que tinha
capturado sua atençã o. Eu ri e falei com o garoto nos esperando.

—Só esse por agora, por favor.


A pequena e fofa loira que Lucas nã o conseguia tirar os olhos
olhou para cima e o pegou observando-a. Ela ficou nervosa e deu um
aceno desajeitado antes de virar na outra direçã o para olhar a parede
de sapatos do outro lado da loja.

Eu me inclinei para Lucas e sussurrei:

—Ela é fofa.
—Ela é Amelia Archer.

—Você gosta dela?


—Todo mundo na sexta sé rie gosta dela.

—Pensei que você estava mudando sua estraté gia e só iria gostar
das feias?
—Ela é bonita e legal. Mas ela nã o quer nada com nenhum dos
garotos.

—Bem, você está apenas com doze. As crianças começam a


perceber umas à s outras em momentos diferentes. Ela pode nã o estar
lá ainda.

—Nã o, nã o é isso. Um mê s atrá s, ela disse a Anthony Arknow que
gostava de Matt Sanders, e Anthony espalhou todos esses rumores
sobre ela. Ele fez isso porque gostava dela també m. Agora ela nã o fala
mais com nenhum dos garotos.
As alegrias do ensino mé dio.

—Ela virá ao redor. Por que você nã o diz oi? Mostre a ela o tê nis
que você está olhando e pergunte se ela gosta.
—Você acha que eu deveria? — Eu peguei o tê nis de volta na
prateleira e segurei para ele.

—Definitivamente. Você tem que fazer o movimento. Os bons nã o


ficam sozinhos por muito tempo. Apenas seja seu amigo. Ela
provavelmente precisa ver que nem todos os garotos sã o idiotas. — Eu
sorri.
—Quero dizer, nó s somos, mas faça o seu melhor, de qualquer
maneira. — Lucas pegou o tê nis da minha mã o e debateu. Eu tive um
momento do tipo tio-orgulhoso quando ele caminhou até lá . Eu assisti
quando o constrangimento inicial de sua abordagem se desgastou, e
seus ombros relaxaram um pouco. Dentro de um minuto ou dois, ele a
fez rir. Ele voltou sorrindo de orelha a orelha.

—Ela é muito legal.


—Parecia que ela gostou de você ir falar com ela. — Ele deu de
ombros.

—Talvez. Garotas sã o confusas. —Esse garoto era muito mais


esperto do que eu nessa idade. Eu pensei que eu tinha todos eles
descobertos até que tinha dezoito anos e percebi que nã o sabia de
nada. Eu balancei a cabeça.
—Em linha reta elas sã o.

Lucas acabou recebendo os Nikes de cem dó lares. E nó s també m


pegamos algumas camisetas e alguns materiais de arte que ele disse
que sua avó se recusou a comprar porque ela disse que a escola
deveria providenciar essas coisas, e entã o ele pediu um pouco de gel
de cabelo e desodorante Axe.
Gel de cabelo e Axe - ele definitivamente encontrara garotas.

—Você está esperando por uma ligaçã o? — Lucas perguntou


enquanto caminhá vamos pelo estacionamento do shopping no
caminho para o carro.

Eu olhei para o telefone na minha mã o. —Nã o. Por quê ?

—Porque você continua verificando isso.


Eu empurrei o telefone de volta no meu bolso.

—Nã o percebi que estava.

O pequena idiota sorriu.

—Você está esperando por uma garota ligar para você .


Foi difı́cil conter meu sorriso. Eu cliquei no botã o de destravar o
carro e ele apitou. —Entre no carro, Casanova.
—Quem?

—Apenas entre.

Meu telefone tocou assim que chegamos à casa de Lucas. Sem


pensar, tirei do bolso e verifiquei o nome. Lucas deve ter lido meu
rosto.

—Você está totalmente esperando por uma garota enviar uma


mensagem de texto para você . — Ele sorriu.

Nã o havia sentido em mentir.

—Sim. Desculpe se eu me distraı́.


Ele encolheu os ombros.

—Por que você nã o liga para ela?

—E complicado, amigo.

Lucas pegou as sacolas de compras no banco de trá s e abriu a


porta do carro. Ele me disse para parar de levá -lo até a porta no ano
passado, entã o agora eu apenas sentava no carro e me certificava de
que ele entrasse bem.

Ele saiu do carro e recostou a cabeça para trá s, uma mã o no alto
da porta.

—Você tem que fazer o movimento, cara. Os bons nã o ficam


sozinhos por muito tempo.
O pequeno idiota jogou minhas pró prias palavras de volta para
mim.
Capítulo 28
1 de Maio
Caro eu,
Nós fizemos isso! Meu primeiro namorado. Levou apenas dezesseis
anos. Mas Nick Adler é totalmente lindo. Ele sempre usa um boné de
beisebol para trás, e seu cabelo bagunçado sobressai por baixo dele.
Estamos juntos há duas semanas. E… nós fizemos o primeiro movimento!
Bem, tecnicamente, Bennett deu o primeiro passo por nós. Tanto faz.

Costumamos almoçar com Bennett e um monte de outras crianças.


Nick se senta à mesa em frente a nós. Bennett continuou nos dizendo
para irmos sentar com ele - para dar o primeiro passo, mas éramos
muito frangos. Um dia, quando estávamos olhando para Nick, Bennett
gritou: — Ei, Adler. Soph vai se sentar com vocês hoje, tudo bem? — Nick
encolheu os ombros e disse certo. Nós queríamos matar Bennett.
Ficamos tão nervosas quando tivemos que caminhar até lá. Mas as
coisas funcionaram. Nick e nós até saímos com Bennett e Skylar - sua
mais nova namorada - no último final de semana. A namorada de
Bennett já está na faculdade e é muito bonita. Ela era legal, eu acho.
Ah... e nós tivemos que nos mudar novamente. Mamãe e Lorenzo se
separaram. Nosso novo apartamento é bem pequeno. Mas pelo menos
não é muito longe do último. Hoje meu poema é dedicado a Nick.

Meu coração tem quatro paredes.


Ele tentou subir, mas caiu.

Para você, elas desmoronam.

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.


Anonimamente,
Sophie

Capítulo 29
Bennett
Foda-se.

Eu pulei da estrada na pró xima saı́da.

Eu juro, eu tomei banho e me vesti com todas as intençõ es de


encontrar meus amigos para bebidas no centro da cidade. Mas no
meio do caminho para o O'Malley, decidi por uma mudança de planos.

E agora que cheguei mais perto, comecei a me questionar


novamente. Bianchi Winery nã o era apenas o lugar de seus pais - eles
també m eram clientes.

Entã o, novamente, isso pareceu bom para o curso. Annalice era a


ú ltima pessoa que eu deveria estar perseguindo. Entã o, por que nã o a
rastrear na casa de um cliente? O que poderia dar errado?
Tudo.

Qualquer coisa.

Mas… foda-se.

Eu fui convidado. Annalice havia me dito que Margo havia feito


um convite para mim. Pelo menos eu nã o estava invadindo a festa.

Eu segui a longa estrada de terra assim que o sol começou a se


pô r. Cerca de uma dú zia de carros estavam estacionados ao longo da
frente da vinı́cola, incluindo o gê meo do meu carro. Eu estacionei e
verifiquei meu telefone uma ú ltima vez. Eu morreria se ela estivesse
aqui com um encontro. Mas eu nã o podia imaginar que ela era o tipo
de mulher que sairia em um encontro algumas noites depois de
dormir com outro cara.

Inferno, eu era esse tipo de cara, e eu nã o poderia ter feito isso
depois da noite que tivemos.

Entrei na loja assim que Margo Bianchi saiu da adega.


—Bennett! Estou muito feliz por você estar se sentindo melhor e
decidiu se juntar a nó s depois de tudo.

Se sentindo melhor? Eu fui com isso. —Acabou sendo apenas


uma coisa de vinte e quatro horas.

—Annalice e Madison estã o lá embaixo. Eu só vou pegar outra


bandeja de queijo. Vá em frente. Todo mundo está amando a nova
colheita.

—Deixe-me dar uma mã o com a bandeja primeiro.

—Absurdo. Você vai se divertir. Tenho certeza de que minha filha


ficará encantada em vê -lo.

Eu nã o estaria tã o certo disso.

—OK. Obrigado.
A adega tinha quatro mesas de um lado e um longo bar de pedra
do outro. Eu examinei as mesas e vi rostos que nã o reconheci. Mas eu
definitivamente reconheci a parte de trá s exposta de uma mulher
sentada no penú ltimo banquinho do bar. De costas para mim, ela nã o
tinha nenhuma ideia de que eu estava aqui.

Soltei um suspiro profundo e comecei a andar em direçã o a ela. A


mulher sentada ao lado dela me chamou a atençã o e me viu se
aproximar. Eu segurei um dedo até meus lá bios enquanto minha outra
mã o tocou as costas de Annalice.

Eu me inclinei para sussurrar perto de sua orelha.


—Eu estava me sentindo melhor, entã o pensei em me juntar a
você depois de tudo.
Ela se virou tã o rá pido que ela cambaleou e quase caiu da
cadeira.

—Bennett?
A mulher ao lado dela levantou uma sobrancelha.
—Bennett? Como o cara quente do escritó rio?

Eu estendi minha mã o.


—Esse mesmo. Bennett Fox. Prazer em conhecê -la. Eu estou
supondo que você é Madison?
—Eu sou. — Madison olhou para trá s e para frente entre nó s
dois. —Bem, esta é uma boa surpresa. Eu nã o sabia que Bennett estava
se juntando a nó s hoje à noite.
Annalice parecia esgotada.
—Eu també m nã o.

Madison sorriu e olhou para mim por uma resposta. Eu fui com a
verdade.
—Ela está me evitando há dois dias. Eu també m tenho uma
calcinha dela no bolso que eu pensei que ela gostaria de pegar de
volta.
Sua amiga riu e se inclinou para beijar Annalice na bochecha.

—Eu gosto dele. Eu vou encontrar meu encontro. Você s dois


sejam legais.
Eu deslizei para o lugar de Madison ao lado de Annalice,
mantendo minha mã o nas costas dela.
—Entã o você fala sobre o quã o quente eu sou com sua amiga?
—Nã o deixe sua cabeça inchar ainda mais. Foi o ú nico elogio que
te dei.
Eu me inclinei. —Mesmo depois da outra noite?

Suas bochechas ficaram rosadas. Deus, por que eu amo tanto isso
nela?
—Gostei do seu vestido.

—Você nem sabe o que parece. Estou sentada.


Passei meus dedos ao longo da pele exposta de suas costas.
—Isso me permite tocar sua pele sem ter que deslizar minha mã o
até sua saia. Entã o, é um dos meus favoritos. Ver a frente será apenas
cereja no topo do bolo.
Suas bochechas escureceram. Deus, eu queria transar com ela em
plena luz do dia para que eu pudesse observar todas as cores que sua
pele se transformava. Aposto que era melhor que a folhagem de
outono.

—O que você está fazendo aqui, Bennett?


Peguei o copo de vinho na frente dela e bebi dele.
—Margo me convidou. Você mesma me disse isso no outro dia,
lembra?
—Sim. Mas você nã o mencionou que estava vindo.

Eu segurei seus olhos.


—Eu teria, se você tivesse retornado minha ligaçã o.
Ela desviou o olhar.

Matteo me notou pela primeira vez e fez muito barulho pela


minha chegada. Ele me recepcionou com diferentes vinhos da safra
deste ano e ficou conversando por um tempo, até que Margo o afastou
com um grande sorriso - alegando precisar de sua ajuda com a
má quina de fazer gelo no andar de cima.
Annalice traçou a borda do copo com o dedo.

—Nó s nem sequer temos uma má quina de gelo.


Eu ri.
—Parece que eu nã o sou o ú nico que acha que precisamos de
alguns minutos para conversar. Sua amiga desapareceu no minuto em
que cheguei aqui, e sua mã e está tentando nos dar um pouco de
privacidade.

Ela levantou o copo para os lá bios.


—Talvez sua presença apenas repele as pessoas.
Eu sorri.

—Talvez. Mas o que a minha presença faz com você ?


Annalice girou a cadeira para me encarar. Ela olhou em volta -
presumi ver o quã o privado seria nossa conversa - entã o se
aproximou.
—Eu me diverti muito na outra noite.
Eu usei essa linha de abertura vá rias vezes para saber para onde
essa conversa estava indo.
—Mas... — eu disse para ela.

—Mas… nó s trabalhamos juntos. Ou, na verdade, somos


praticamente concorrentes trabalhando na mesma empresa.
Eu me inclinei para sussurrar em seu ouvido, mesmo sabendo
que ningué m podia nos ouvir. Eu só queria uma oportunidade para me
aproximar.
—Você tem medo que eu vou foder seus segredos comerciais fora
de você ?
Ela imitou meu movimento e se inclinou para sussurrar na
minha.

—Nã o. Você está ?


Eu ri. Eu provavelmente deveria estar com medo. Porque eu tinha
certeza que mostraria o que ela quisesse para que ela voltasse para
casa comigo esta noite.
—Olha, vou colocar todas as minhas cartas na mesa. Eu nã o
consegui parar de pensar em estar dentro de você por dois dias. Você
ainda está superando o idiota. Nã o estou procurando nada sé rio.
Temos uma data de validade no futuro, gostemos ou nã o - um de nó s
será enviado para o Texas. Podemos passar o pró ximo mê s ficando
frustrados e chateados um com o outro no escritó rio, ou podemos
passar esse tempo chateados com Foster, Burnett e Wren por nos
colocar nessa situaçã o, enquanto tiramos nossas frustraçõ es uns com
os outros. Uma maneira produtiva à noite. Eu voto para o ú ltimo.

Ela chupou o lá bio inferior enquanto pensava por um minuto.

—Entã o, durante o dia, se um cliente que estamos representando


me fornecer informaçõ es privilegiadas sobre a direçã o que ele deseja
seguir, e você descobre que eu nã o compartilhei isso com você ... você
nã o ficaria chateado?

—Claro que sim, eu ficaria chateado. Mas essa é a beleza da nossa


situaçã o. Eu ficaria chateado que você tem uma vantagem sobre mim.
Entã o, na manhã seguinte, você pode ter um pouco de dificuldade em
sair de mim, tirando essa frustraçã o de você . Vamos encarar, isso me
daria uma desculpa para remar com aquela bunda que eu tenho
sonhado em remar desde o primeiro dia que te vi. Mas sou
competitivo, nã o um idiota. Entã o você pode apostar que eu faria
funcionar para você també m.

Annalice engoliu em seco.


—E se a situaçã o fosse invertida? Se eu descobrir algo que você
fez e isso me incomoda?

—Entã o eu vou te chupar até que você nã o esteja mais chateada.
E provavelmente tentar te irritar no dia seguinte.

Ela riu.

—Você está fazendo isso soar tã o simples. Mas é muito mais
complicado que isso.

Eu peguei suas mã os nas minhas.

—Bem, há uma coisa.

—O que é isso?
—Vai ser difı́cil para você nã o se apaixonar por mim.

—Deus, você é um idiota.

Eu me inclinei.
—Um idiota que você tem quı́mica, goste ou nã o. Entã o o que
você diz? De dia nó s lutamos como inimigos, de noite nó s fodemos
como guerreiros?
Ela me olhou nos olhos.

—Eu realmente espero que eu nã o me arrependa disso.


Meus olhos se arregalaram. Eu nã o esperava que ela dissesse sim,
apesar de estar preparado para a convencer.

—No final do dia, só lamentamos as coisas que deixamos de fazer.


Entã o, vou me certificar de fazer tudo.

A amiga de Annalice voltou.

—Você s dois parecem aconchegantes.


—Agora você vem interromper? Onde você estava cinco minutos
atrá s, quando eu tive um lapso temporá rio de sanidade mental e
concordei com o negó cio louco que esse luná tico acabou de propor?
Madison sorriu para ela.

—Você precisa de uma boa dose de insanidade. Alé m disso,


estamos ficando sem material para falar depois de vinte e cinco anos
de amizade. Isso nos dará todo o material novo para nossos jantares
semanais.

Annalice se inclinou e beijou a bochecha de Madison.


—Certamente vai.

***

Eu queria Annalice para mim mesmo desde o momento em que


eu entrei. Nã o que eu nã o tenha me divertido - porque
surpreendentemente, eu fiz. Sua amiga Madison era uma faladora
direta, e seu namorado era um cara decente també m.

Mas agora eles acabaram de dizer adeus, e Annalice e eu ficamos


do lado de fora da vinı́cola, só nó s dois, enquanto eles se afastavam. A
sujeira que subiu no ar dos pneus ainda nã o tinha se estabelecido
quando eu tinha o rosto dela em minhas mã os. Eu a beijei suavemente
no começo, mas eu nã o consegui me conter, e nã o demorou muito para
que ela se tornasse de dura a aquecida.

Ela gemeu em minha boca, e eu tive que me forçar a puxar para


trá s antes que fosse tarde demais e acabasse transando com ela contra
uma á rvore para seus pais saı́rem e verem.

Eu escovei meu polegar sobre seus lá bios inchados.


—Venha para casa comigo.

—Eu nã o posso. — Ela franziu a testa. —Eu disse a minha mã e
que ficaria aqui hoje à noite. Amanhã de manhã eu a levo de carona
para entregar as garrafas grá tis do vinho da nova temporada para
alguns de seus maiores clientes. Matteo prepara um enorme brunch, e
todos os catadores e trabalhadores vê m para comer. Começamos a
fazer isso no primeiro ano em que compraram o local, e ficou como
uma tradiçã o.

Isso soou legal, mas eu era egoı́sta, entã o eu nã o conseguia nem
esconder meu beicinho.

—Awww... — Ela acariciou minha bochecha. —Você parece eu no


Natal quando abria todos os meus novos brinquedos e, em seguida,
minha mã e me fazia colocá -los de volta porque os convidados estavam
chegando.
Eu deslizei minhas mã os atrá s das costas dela.

—Eu definitivamente quero brincar com meu novo brinquedo.

—Acho que devemos estabelecer algumas regras bá sicas de


qualquer maneira, — disse ela.
—Uh-oh. As regras sempre me colocam em problemas.

Ela sorriu.

—Eu aposto que elas fazem. Mas acho que precisamos de


algumas.
—Como o quê ?

—Bem, eu acho que nã o devemos tornar pú blico no trabalho que
algo está acontecendo entre nó s. Nem para nossos amigos.

Eu balancei a cabeça.

—Faz sentido.
—E quando estamos juntos fora do escritó rio, nã o falamos de
projetos de trabalho onde somos concorrentes.

—Certo.
—OK. Bem, isso foi fá cil. Você geralmente nã o é tã o agradá vel.

—Eu també m tenho algumas das minhas pró prias regras bá sicas
que gostaria de estabelecer.
Annalice levantou uma sobrancelha.

—Você faz, nã o é ?

—Sim.

—OK…
—A menos que um de nó s termine as coisas antes da data de
expiraçã o, somos monogâ micos.

—Eu acho que isso foi um dado para mim. Mas bom, eu estou
feliz que você coloque isso de qualquer maneira. Algo mais?

—Você está tomando pı́lula?

—Eu estou sim.


—Entã o vamos nos livrar dos preservativos. Eu tive meu exame
anual algumas semanas atrá s. Limpo como um apito. Se parece tã o
bom dentro de você usando eu preciso descobrir como diabos é sem
isso.
Ela se inclinou e apertou os seios contra mim, olhando para cima.

—Nu... tudo bem.

—A que horas é o brunch de amanhã ?

—Provavelmente as trê s.
—Venha direto para minha casa depois. Eu vou fazer o jantar e
comer você como sobremesa.

Ela olhou por baixo daqueles longos cı́lios e passou a lı́ngua no


lá bio superior.

—E a minha sobremesa?

Eu gemi.
—Você está me matando, Texas.
Capítulo 30
Annalice

Eu fiquei com a boca aberta, olhando para a vista.

Como Bennett e eu nã o morá vamos longe um do outro, supus que


ele també m morasse em um apartamento de cento e cinquenta metros
quadrados e sacrificasse espaço para a vizinhança agradá vel. Mas as
West Hill Towers - pelo menos o apartamento em que eu estava
atualmente - nã o sacrificaram nada. Sua cozinha aberta e sala de estar
era provavelmente duas vezes o tamanho do meu apartamento inteiro.
E quando olhei para fora da minha janela, vi o pré dio ao meu lado.
Bennett tinha uma visã o milioná ria da baı́a e da ponte Golden Gate,
com as montanhas como pano de fundo.

Ele me trouxe uma taça de vinho e ficou ao meu lado enquanto eu


olhava embasbacada ao olhar a paisagem.

—Umm... Você rouba os bancos do lado?

O canto do lá bio dele se contraiu. Ele ergueu a taça de vinho para
a boca.

—Eu sou bonito demais para ir para a prisã o.

—Filhinho da mamã e?

Ele balançou sua cabeça.


—Ganhou a loteria?

Minha cabeça seguiu pensando. Ele poderia ter acabado de me


dizer qual era o negó cio. Ele me conhecia bem o suficiente para saber
que nã o era prová vel que eu deixasse o assunto sem uma resposta.

—Pais ricos? Você usa alguns ternos e sapatos caros.


—Meu pai era carteiro. Minha mã e era secretá ria de um
escritó rio de advocacia.

—Eu sei que, em mé dia, os homens tendem a fazer mais do que
as mulheres nos mesmos trabalhos, mas isso... — Eu levantei minhas
mã os em direçã o a sua visã o.

... — isso é um pouco insano.


Bennett colocou seu vinho em uma estante pró xima, depois tirou
o meu da minha mã o e colocou-a ao lado da dele.

Ele colocou os dois braços em volta da minha cintura.

—Você nã o me deu um beijo de olá .


—Eu acho que me distrai com a visã o.

Seus olhos subiram e desceram pelo meu corpo.

—Estou muito distraı́do com a visã o no momento.

Meu estô mago tem aquele sentimento estranho.

Ele se inclinou.

—Beije-me.

Revirei os olhos como se fosse um fardo plantar meus lá bios


nesse homem bonito, e depois me inclinei para dar um rá pido beijo. Só
que quando fui recuar, Bennett enrolou a mã o no meu cabelo e nã o me
deixou. Meu beijo apressado se transformou em mais do que um olá . A
outra mã o de Bennett deslizou para a minha bunda e ele me puxou
contra ele. Eu senti o cutucã o de sua ereçã o contra a minha barriga.

Olá.

Ele quebrou o beijo com um puxã o no meu lá bio inferior entre os
dentes. Eu estava sem fô lego.

—Oi, — eu disse.
Sua boca se curvou em um sorriso. Ele empurrou meu cabelo
rebelde atrá s da minha orelha.

—Ei, linda.

Nó s nos encaramos, sorrindo como dois adolescentes tolos que


acabaram de sair pela primeira vez. Bennett usou o polegar para
limpar o batom borrado do meu lá bio inferior.
—Eu sofri um acidente há muito tempo atrá s. Teve um grande
acordo. Investi parte do dinheiro para comprar este lugar.
Levei um segundo para perceber o que ele estava falando. Seu
beijo me deixou atordoada.

—Oh. Sinto muito por ouvir isso. Espero que ningué m tenha se
machucado tanto.
Bennett me devolveu meu vinho.

—E melhor eu verificar o macarrã o.


Enquanto ele voltava para a cozinha, eu bisbilhotei ao redor. As
janelas do chã o ao teto na sala de estar eram a decoraçã o em seu
apartamento, entã o ele nã o precisava de muito mais. Seus mó veis
eram bonitos, escuros e masculinos, e ele tinha uma gigantesca TV de
tela curva na sala de estar.

O ú nico sentido real de quem Bennett Fox teve de sair de suas


estantes de livros. Examinei os tı́tulos - uma estranha mistura de nã o-
ficçã o polı́tica, livros de capa dura e algumas histó rias em quadrinhos
bem usadas. Havia quatro pequenas fotos emolduradas, duas das quais
eram Lucas - uma em uniforme de futebol com metade dos dentes da
frente faltando em seu sorriso e uma que parecia mais recente dele e
de Bennett em um barco. Eles pareciam ter um vı́nculo muito forte.

Havia outro de Bennett e uma mulher mais velha no que parecia


ser seu dia de formatura na faculdade. Eu me virei e encontrei Bennett
me observando da cozinha aberta.
—Sua mã e?

Ele assentiu.
—Graduaçã o na escola.

Olhei mais de perto para a foto e pude ver a semelhança.


—Você se parece com ela. Ela parece muito orgulhosa aqui.
—Ela era. Saı́ dos trilhos por um ano no mê s em que comecei a
pó s-graduaçã o. Desisti. Tenho certeza que ela nunca esperou que eu
voltasse aos trilhos e terminasse.
—Oh, agora estou curiosa. Espero ouvir mais sobre esse ano
louco em algum momento.
O rosto de Bennett ficou solene.
—Nã o é um ano que eu tenho orgulho.

Sentindo a necessidade de mudar de assunto, coloquei a foto de


sua mã e para trá s e peguei o ú ltimo quadro. Era uma garota,
provavelmente com dezessete ou dezoito anos, encostada em um carro
e sorrindo. Ela era bonita.
—Sua irmã ? — Eu perguntei, embora eu me lembrei que ele
mencionou uma vez que ele era filho ú nico. Bennett sacudiu a cabeça.

—Amiga. A mã e de Lucas. —Ele disse que a mã e de Lucas morreu


há muito tempo, entã o eu nã o empurrei. Em vez disso, olhei para baixo
e estudei a foto. Seu filho parecia exatamente com ela.

—Uau, ele é como seu pequeno mini-eu. — Bennett jogou á gua


na pia de uma panela fumegante.
—Ele está se tornando um pouco mais esperto assim como ela
també m. — Coloquei a foto de volta e caminhei até os bancos do bar
sob o lado da sala do balcã o da cozinha para vê -lo cozinhar.
—Você está bem? —

Ele arqueou uma sobrancelha.


—Você me diz.

—Tire sua mente da sarjeta, Fox. Eu estava me referindo à sua


comida.
—Minha mã e é italiana, entã o eu posso fazer algumas coisas.
Enquanto eu estava crescendo, ela trabalhou em tempo integral.
Quando eu era pequeno, ela pré -preparava cinco refeiçõ es diferentes
aos domingos para ficar no forno durante a semana, já que ela
trabalhava muito tempo extra. Eu fiquei por perto e a ajudei.
Eventualmente, ela parou de ter que passar um dia inteiro na cozinha
todo fim de semana, porque aprendi a fazer algumas coisas e comecei
a cozinhar para nó s depois da escola.

—Isso é doce.
—Mas meu forte é sobremesa. Eu mal posso esperar para te
alimentar com o que planejei para mais tarde.

E... esse doce nã o vai durar muito tempo. Embora eu amasse sua
combinaçã o ú nica de doce e sujo.
Quando nos sentamos para jantar, cheirava bem. Minha boca na
verdade encheu d’á gua, embora eu nã o tivesse comido um brunch
completo há muito tempo. Eu imaginei que seria bom. Bennett nã o era
o tipo de homem que fazia qualquer coisa ruim. Mas eu nã o esperava
que ele fosse modesto. Seu espaguete carbonara estava fora deste
mundo.
—Isso é ... orgá smico. — Eu apontei meu garfo para meu prato
depois de engolir minha segunda garfada. —Madison daria cinco
estrelas se ela comesse aqui.

Ele sorriu, em vez de se gabar como normalmente fazia em todas


as oportunidades.
—Obrigado.

Tive a sensaçã o de descobrir que Bennett fora do escritó rio era


muito diferente do homem que eu conhecia no trabalho - diferente no
bom sentido. E por alguma razã o, isso me deixou nervosa. Era mais
fá cil imaginar ter um caso com o idiota que eu trabalhava. Eu nã o
precisava encontrar coisas para gostar dele, alé m do corpo dele.
—Entã o, como foram suas entregas esta manhã e o brunch?

—Bom. Exceto que fiquei presa em um carro por horas com


minha mã e, e a ú nica coisa que ela queria falar era que você apareceu
na degustaçã o na noite passada.
Ele sorriu.

—Ela tem bom gosto.

Suspirei.
—Pelo menos ela parou de perguntar se ouvi de Andrew.

O garfo de Bennett estava a caminho de sua boca e ele congelou.

—Você já ouviu?

—Ele me enviou uma mensagem na noite depois que nos


encontramos para jantar no hotel, mas eu nã o respondi, e ele nã o me
incomodou de novo.

Bennett enfiou uma garfada de macarrã o na boca.


—Foda-se ele. Idiota.

Eu nã o pude deixar de sorrir. Eu adorava o quã o defensivo ele era


sobre Andrew desde o começo.
—De qualquer forma. Como foi o seu dia?

—Tive dificuldade em adormecer ontem à noite, entã o acordei


tarde. Apenas fui ao giná sio e depois trabalhei até bem antes de você
chegar aqui.

—Você geralmente tem dificuldade em adormecer?

Ele olhou para cima parando de girar o macarrã o. —Só quando


tenho bolas azuis.

Isso foi um beijo na noite passada.

—Você nã o poderia simplesmente...


—Bater uma?

—Sim, isso.

—Nã o ajudou.

O pensamento dele dando prazer a si mesmo por causa do efeito


que eu tinha nele me deu uma explosã o de confiança feminina.

—Me fale sobre isso. Eu dormi na casa da minha mã e. Minha mã o
nã o funciona tã o bem quanto o meu vibrador.
Bennett largou o garfo com um barulho alto. —Você está dizendo
que você se masturbou enquanto pensava em mim na noite passada?

Eu dei-lhe um sorriso provocante e assenti.


Cinco segundos depois, eu estava de pé e fora do meu lugar.
Bennett me jogou por cima do ombro, estilo bombeiro.

—E hora da sobremesa.
Eu ri.

—Mas nó s nã o terminamos o jantar ainda.

—Foda-se o jantar. Eu vou encher sua boca.

***
—Isso mesmo frio é delicioso, — eu disse com a boca cheia de
macarrã o.

Eu nã o tinha ideia de que horas eram, mas o sol tinha


desaparecido há muito tempo. Nó s passamos a noite toda na cama, e
agora está vamos passando uma tigela de macarrã o frio para trá s e
para a frente enquanto está vamos nus em seu quarto.

—Você é fá cil de agradar. — Ele balançou as sobrancelhas. —E eu


quero dizer isso de algumas maneiras diferentes.

Parecia que Bennett nã o tinha problema em me agradar. Meu


corpo nunca foi tã o responsivo. Nã o me entenda mal, eu nã o estive
com tantos homens para experimentar. Na verdade, eu poderia contar
todos eles em uma mã o - incluindo o homem sentado ao meu lado -
mas você pensaria que depois de todos os anos com Andrew ele teria
sido melhor em apertar meus botõ es do que um cara que eu passei
duas noites.

—Você ... o sexo é sempre bom para as mulheres com quem você
está ?

Ele parou com o garfo a meio caminho da boca.

—Você está me perguntando se eu sou bom na cama? Porque


vamos encarar, nenhum cara vai dizer nã o a essa pergunta, mesmo que
ele precise de um roteiro para encontrar um clitó ris.

Eu ri.
—Eu só quis dizer, o sexo é sempre assim para você ?

Ele colocou a tigela de macarrã o na mesa e terminou de mastigar.

—Você quer saber se o sexo é sempre bom para mim porque você
nã o tem certeza se sou eu, nó s ou se aquele idiota com quem você
perdeu oito anos é apenas um inú til na cama?

—Mais ou menos... eu acho.


—E tudo o que precede. Eu nã o tenho reclamaçõ es. Mas eu gosto
de uma mulher sentindo-se satisfeita tanto quanto, se nã o mais, do
que me satisfazer. Entã o, me esforço e observo-a, descubro o que a faz
vibrar.

—Oh. Ok. — Eu me senti meio desanimada por algum motivo.

Bennett colocou dois dedos debaixo do meu queixo e levantou


para que nossos olhos se encontrassem.

—Você nã o me deixou terminar. Mas há uma diferença entre sexo
bom e o que diabos acontece quando estou dentro de você . Nó s temos
quı́mica, Texas. E nenhuma quantidade de atençã o ou trabalho duro
pode tomar o lugar disso. Entã o, minha resposta é , sim... Eu gosto de
pensar que o sexo foi satisfató rio para mim e para as mulheres com
quem estive. Mas o que temos acontecendo? Nã o, nem sempre é assim.

Meu coraçã o se agitou um pouco.

—OK.
Ele se inclinou e beijou minha bochecha.

—E para responder a ú ltima parte da sua pergunta, você era


privada, querida. Eu nã o sei muito sobre o menino idiota, exceto que
ele estava planejando usar você e nã o gosta de se deparar com uma
mulher que claramente gosta disso. E essas duas coisas sã o suficientes
para me dizer que o idiota é egoı́sta, e sim... ele nã o era bom na cama.
Entã o você foi privada. Fá cil de agradar depois daquele idiota.

Bennett se levantou da cama e, pela primeira vez, dei uma boa


olhada em seu corpo nu da cabeça aos pé s. Seus ombros eram largos e
grossos, seus braços musculosos e esculpidos, mesmo sem flexã o, e ele
tinha mais de oito pacotes de abs. E finalmente consegui dar uma boa
olhada na tatuagem que eu tinha visto naquele dia no escritó rio - IV x
MMXI com uma trepadeira escura serpenteando ao redor das letras.
Eu sabia que o numeral romano I traduzia para um e V era cinco, entã o
cinco menos um seria o quarto mê s - 2 de abril, oito anos atrá s.
Obviamente, a data era importante se ele tivesse permanentemente
coberta em seu corpo.
Bennett se virou e pegou a tigela de macarrã o que
compartilhamos, e vi uma longa cicatriz escorrendo pelo lado
esquerdo de seu abdô men. Ela corria de baixo da caixa torá cica para
logo abaixo do umbigo. Sua pele estava naturalmente bronzeada, entã o
eu quase nã o percebi isso.
—Eu preciso de uma bebida, — disse ele, completamente alheio a
minha curiosidade sobre o que parecia ser um rastro de pistas por
todo o corpo. —Você quer uma á gua ou refrigerante ou algo assim?
Vinho, talvez?

—Eu adoraria uma á gua. Obrigada.

Eu engoli metade da garrafa quando ele voltou. Toda essa


respiraçã o pesada deve ter secado minha garganta. Nó s nã o tı́nhamos
falado sobre arranjos para dormir, entã o eu nã o trouxe nenhuma
roupa. E fiquei acordada até tarde ontem à noite ajudando minha mã e
a limpar depois da festa, e depois acordando cedo esta manhã para
pegar a estrada para suas entregas. Aparentemente, minha mente e
meu corpo estavam em sincronia, porque eu bocejei.

—Eu provavelmente deveria ir em breve.

Bennett tinha uma mã o atrá s da cabeça, casualmente deitado na


cama, como se estivesse completamente vestido, em vez de
completamente nu, com tudo à mostra. Ele estendeu a mã o livre e me
puxou para ele, posicionando minha cabeça em seu peito. —Fique
mais. Eu sei que você provavelmente está cansada. Eu prometo deixar
você dormir. Mas podemos tomar banho juntos de manhã .

Eu sorri com a minha bochecha contra seu peito.


—Eu nã o tenho roupas.

—Você nunca vai precisar de nenhuma aqui. — Ele acariciou meu


cabelo. —Na verdade, eu diria que é uma aposta bastante segura que
você estará principalmente nua quando estiver na minha casa.

—Eu quis dizer para o trabalho amanhã .

—Eu posso te levar para casa agora para pegar alguma coisa, se
você quiser. Ou se nã o, vá para casa cedo amanhã de manhã para se
vestir para o escritó rio. Eu vou correr enquanto você faz isso para que
você nã o sinta que eu tenho uma vantagem injusta de chegar ao
escritó rio antes de você .

Minha cabeça queria discutir. Provavelmente seria melhor se nó s


apenas nos afastá ssemos e nã o começá ssemos festas de pijama. Mas
meu corpo estava em total desacordo.

—Eu acho que eu poderia fazer isso - parar na minha casa pela
manhã , quero dizer.
—Bom. Entã o está resolvido. Vou definir o alarme mais cedo para
um bom e longo banho.

Meu corpo começou a relaxar, e o dele també m pareceu. Eu


estava deslizando meus dedos ao longo do punhado de cabelo em seu
peito, e comecei a traçar a cicatriz em seu abdô men. Os mú sculos de
Bennett ficaram tensos quando ele percebeu o que eu estava fazendo.
Inclinei a cabeça para olhar para ele.

—Isso é do seu acidente?

Ele assentiu.
—Meu baço foi removido. Rompido no impacto.

—Uau. Isso deve ter sido um acidente e tanto.

O mú sculo em sua mandı́bula flexionou. —Sim.

—Quantos anos você tinha?


—Vinte e dois.
Eu inclinei minha cabeça para baixo e beijei a cicatriz, com a
intençã o de rastrear uma linha de beijos de cima para baixo. Mas a voz
curta de Bennett me parou.

—Nã o.

Eu congelei.
—OK.

Colocando minha cabeça de volta em seu peito, de repente me


senti realmente estranha.
—Desculpa. Eu nã o queria chatear você . Eu estava pensando em
algo que minha avó costumava dizer. As cicatrizes são os mapas da
história de onde estivemos.
Ele ficou quieto por um longo tempo. Quando ele finalmente
falou, sua voz estava baixa. —Nem toda cicatriz leva a uma histó ria
com um final feliz, Annalice.
—Ok, — eu disse suavemente. —Eu sinto muito.

Durante a pró xima hora, nenhum de nó s disse uma palavra. Eu


me perguntei se ele se arrependia de me pedir para ficar. Mesmo que
eu estivesse exausta, nã o consegui dormir. Eu pensei que poderia ser
melhor se eu fosse para casa. Mas se ele tivesse adormecido, eu nã o
queria acordá -lo.
—Bennett? — Eu sussurrei.
Ele nã o respondeu, entã o eu cuidadosamente puxei as cobertas e
tentei o meu melhor para nã o fazer a cama balançar para que ele nã o
acordasse. Eu cheguei a sentar quando sua voz me assustou.
—Onde você vai?

—Merda. Você me assustou. Eu pensei que você estava dormindo.


—Você ia tentar fugir?
—Nã o. Ummm... sim. Eu pensei que talvez fosse melhor se eu
fosse para casa.
Ele me puxou de volta para o seu peito, abraçando meu ombro
apertado para ele. —Nã o seria.

—Você tem certeza?


—Você é uma garota legal. Uma boa mulher. Eu gosto de você
aqui. Mas se eu disser que algumas das minhas cicatrizes nã o podem
ser curadas por dentro, você vai tentar me curar.
—E algo está errado com isso?
—Algumas cicatrizes nã o merecem ser curadas. Mas isso nã o
significa que eu quero que você vá para casa. Durma um pouco,
querida.
Capítulo 31
Bennett
—O conselho selecionou a ú ltima das contas em que você s dois
serã o avaliados, — disse Jonas. —E uma nova conta para você s dois,
entã o eu acho que você s serã o tã o felizes quanto você s poderiam ser
sob as circunstâ ncias.

—Isso é ó timo. Que tipo de conta é essa? —Perguntou Annalice.


Ao mesmo tempo, ela també m descruzou e cruzou as pernas,
entã o eu perdi o controle da conversa. Nã o ajudou que eu soubesse
que ela nã o tinha calcinha debaixo daquela saia. Depois de uma hora
de foda no chuveiro esta manhã , eu saı́ correndo enquanto ela foi para
casa se vestir. Acontece que chegamos ao trabalho exatamente ao
mesmo tempo, e nó s dois tivemos que estacionar no estacionamento
na rua, em vez dos locais habituais que nos esbarramos perto do
pré dio quando está vamos adiantados.

Ela me mandou uma mensagem de seu carro, me pedindo para


andar em frente para que as pessoas nã o suspeitassem de nada se
entrá ssemos ao mesmo tempo. Eu pensei que era um exagero, mas
logo percebi que ela estava cheia de merda e porque ela realmente
precisava do minuto sozinha.
As portas do elevador em que eu havia entrado começaram a se
fechar quando Annalice entrou no saguã o do pré dio. Em vez de deixá -
lo ir e pegar o pró ximo, ela acenou e gritou da porta.

—Segure o elevador, por favor!

Havia algumas outras pessoas no elevador e uma mulher da


contabilidade apertou o botã o aberto.
—Obrigada. — Annalice entrou correndo e parou ao meu lado.
Tentando seguir o seu pedido de que ningué m no trabalho descubra
sobre nó s, eu a reconheci com um simples aceno e olhei para frente.
Ela, por outro lado, saiu do seu caminho falar comigo na frente das
pessoas.

—Bennett. — Ela estendeu uma sacola de papel marrom. —Eu


acho que você pode ter deixado algo cair do seu carro no
estacionamento. — Seu rosto nã o demonstrava nada, mas eu peguei o
brilho em seus olhos.

O que diabos ela estava fazendo? Eu peguei a bolsa, apesar de


nã o ter largado.
—Sim eu fiz. Obrigado.

No nosso andar, ela saiu do elevador primeiro, me dando uma


boa visã o de seu traseiro enquanto eu a seguia pelo corredor. Curioso,
entrei no meu escritó rio e abri o saco de papel pardo. Uma nota estava
em cima de um tecido vermelho rendado. A tanga ainda estava quente.

Não deixe que isso te distraia hoje. Ou o fato de que eu a tirei


no carro.

Eu ri, pensando que ela estava sendo fofa. Mas agora eu percebi
que estava realmente distraı́do. Era eu, ou ela parecia ainda mais foda
hoje do que o habitual? A que distâ ncia ficava o motel mais pró ximo do
escritó rio? Eu me perguntei se ela estaria pronta para uma rapidinha
no almoço.

Esse pensamento ainda estava rolando na minha cabeça quando


Jonas deu o nome da nova conta - Pet alguma coisa ou outra. Mas a
mudança no tom de Annalice me trouxe de volta da terra da fantasia.
Ela parecia apreensiva.

—Suprimentos para animais? A empresa on-line sediada em San


Jose?
—Esse é a ú nica, — disse Jonas. —Você está familiarizada com
eles?

Ela olhou para mim e depois de volta para Jonas.

—Sim eu estou.

Eu apertei os olhos.
—Você já conheceu eles antes?

Annalice balançou a cabeça e falou com Jonas.


—Trent e Lauren Becker, certo?
Jonas assentiu.

—Sim, sã o eles. Você já trabalhou com eles antes?


Algo sobre a reaçã o de Annalice estava errado. Ela nã o parecia
animada que ela os conhecesse, quando isso poderia ser uma
vantagem clara.
—Nã o, eu nã o fiz. Como a RFP entrou?

—Nosso CEO recebeu uma ligaçã o de seu CEO.


—Oh. OK. Lauren pode nem saber que eu trabalho aqui com a
fusã o e tudo mais. Mas eu posso ligar para ela.

—Por que você ? — Que tipo de jogo ela está jogando?


—Porque eu a conheço.

Eu endireitei minha gravata.


—Obviamente nã o tã o bem se ela nã o ligou para a RFP e nem
sabe que você trabalha aqui.

—Eu vou fazer a ligaçã o, Bennett. Nã o preocupe sua linda


cabecinha. Nã o tentarei excluir você da obtençã o de informaçõ es. Mas
ambos sabemos que é melhor para algué m com um relacionamento
assumir a liderança do que algué m sem um.
—Eu acho que isso depende de quem é mais competente.
Annalice me deu um olhar maligno e falou com Jonas.

—Eu fui a alguns trabalhos com Lauren e Trent.


—Se você os conhece tã o bem, por que você nã o os lançou antes?

—Porque foi uma daquelas coisas que, na é poca, achei melhor


nã o misturar negó cios com eles.
Por que diabos ela estava sendo tã o sombria?

—No momento? E agora tudo bem para misturar negó cios com
eles? Qual é o negó cio, Annalice?
Ela suspirou e chamou minha atençã o antes de se virar para
Jonas.
—Lauren é a irmã do meu ex. A empresa foi iniciada pelos avó s
de Lauren há sessenta anos. Mas ela e seu marido, na maioria das
vezes, administram isso agora. Eu os conheço muito bem. Andrew e eu
estivemos juntos por oito anos.
—Otimo. Entã o, estamos sendo julgados em trê s contas. Um, o
novo diretor de criaçã o quer entrar nas suas calças e outro, o irmã o do
dono já esteve lá .
—Bennett! — Jonas repreendeu. —Você está andando em uma
linha fina. Sei que esse trabalho é importante para você e, em um
mundo perfeito, a ú nica vantagem de conseguir uma conta seria o fato
de que o argumento de algué m é melhor. Entã o vou te dar uma folga
por estar chateado. Mas eu nã o vou sentar aqui e ouvir você falar
sobre Annalice dessa maneira.
Eu me levantei abruptamente.
—Bem. Entã o eu vou sair. Parece que Annallice vai liderar esse
campo com os Beckers de qualquer maneira.

***

—Você deve estar brincando comigo! — A porta tremeu quando


ela se fechou atrá s de Annalice.

Eu esfreguei minhas mã os no meu rosto e rosnei.


—Volte para o seu escritó rio. Eu nã o estou com vontade de
discutir e tenho trabalho a fazer.

Ela marchou em direçã o a minha mesa. —Você está agindo como


uma criança. Eu claramente nã o fazia ideia de que o argumento da
conta estava chegando. Nã o sei com o que você está tã o bravo. Eu
provei que sou justa quando se trata de clientes com quem tenho um
relacionamento.
—Um relacionamento, hein? — Eu zombei. —Pensei que você
nã o tinha mais esse relacionamento.

As sobrancelhas de Annalice subiram e entã o um olhar de


compreensã o cruzou seu rosto. Ela se aproximou de mim.

—E disso que se trata? Andrew? Eu pensei que você estava com


raiva que eu tinha uma vantagem no trabalho.
Sentimentos desconhecidos sacudiram minha jaula, fazendo-me
sentir como um leã o trancado. Meu primeiro instinto foi sair do porã o.

—Quem você fode nã o é da minha conta, a menos que você esteja
me fodendo ao mesmo tempo.

Ela parecia magoada.


—Quem eu fodo nã o é da sua conta? Eu pensei que nó s
decidimos que nenhum de nó s estaria transando com mais ningué m.
Eu nã o queria me sentir mal. Eu estava chateado. Fodido Andrew.
Se ele nã o estivesse nisso, aquele idiota estava jogando algum tipo de
jogo. Isto nã o era uma coincidê ncia.
—Ele pode nã o ser bom em atacar você , mas eu descobri que
você é um pouco profissional em dar atençã o. Tenho certeza de que
você pode levar uma para o time e ajoelhar-se para ajudar a
conquistar a conta.

Ela recuou e foi dar um tapa no meu rosto. Só que peguei o seu
pulso antes que ela acertasse.

—Foda-se, — ela fervia.


Eu exibi um sorriso presunçoso.

—Estive lá , fiz isso.

Sua outra mã o surgiu, e ela tentou dar um tapa do outro lado.
Esse foi ainda mais fá cil de pegar.

—Você é um idiota. — Ela olhou para mim, seu peito estava


arfando.
Olhando para baixo, notei seus mamilos apontando atravé s de
sua camisa. Eu deixei meus olhos demorarem para que ela notasse o
que tinha prendido minha atençã o, e entã o os levantei para encontrar
os dela.

—Você deve gostar de idiotas, entã o.

—Vá para o inferno, — ela sussurrou.


—Eu já estou lá , querida.

Ela olhou para trá s e para frente entre os meus olhos, e um


sorriso perverso puxou o canto de seus lá bios.
—Pelo menos, Andrew pode me levar a algo produtivo. Eu nã o
sei o que eu estava pensando em perder meu tempo com você .
Eu respirei fundo e senti como se fosse um touro soltando vapor
de seu nariz. Annalice estava agitando uma capa vermelha no maldito
ar, desafiando-me. Esse pensamento, o de uma capa vermelha me
lembrou o que ela me deu esta manhã . Alé m disso, o que ela nã o
estava vestindo.
Eu me inclinei para ela, nariz com nariz. —Você gosta de transar
comigo? Você está molhada para mim agora?

Sim. Eu perdi isso. Meu pau endureceu, e eu precisava tocá -la, nã o
importa o quanto isso parecesse insano.

Seus olhos se arregalaram. Ainda segurando seus pulsos, eu os


puxei e levantei seus braços no ar. Entã o eu transferi os dois pulsos
para uma mã o e coloquei a outra sob a saia dela. Sua boceta estava
quente e macia. Se discutir com ela era o inferno, isso era o paraı́so.

Eu nã o podia dar a ela uma chance de estragar o momento e me


impedir. Entã o, sem qualquer aviso, eu fui em frente. Eu deslizei dois
dedos dentro dela, e ela engasgou. Minha boca desceu sobre a dela, e
eu engoli seu gemido quando eu bombeei minha mã o trê s vezes
rá pidas.

Quando ela arqueou as costas e empurrou para mim, presumi


que era seguro soltar seus pulsos. Eu a guiei para se inclinar contra a
borda da minha mesa e caı́ de joelhos. Eu precisava prová -la muito
mal. Nã o estava perdido em mim que nó s está vamos brigando sobre o
ex dela, e eu escolhi ir atrá s dela.

Eu simplesmente nã o dava a mı́nima para o que, no mı́nimo,


significava no momento. A ú nica coisa importante para mim agora era
que eu precisava que ela viesse.

Em. Minha. Boca.

Eu fui como uma tempestade, lambendo e chupando, enterrando


meu nariz profundamente dentro dela, ela começou a rebolar na
minha cara. Alguns homens dizem que a coisa mais sexy que uma
mulher pode fazer é falar sujo ou se submeter a eles, mas eles
obviamente nã o tiveram seus cabelos puxados e arrancados por uma
mulher que atualmente odeia suas entranhas.

Nada. Mais. Sexy. No. Mundo.


Quando eu deslizei dois dedos de volta para dentro dela e chupei
forte seu clitó ris, ela começou a ficar alta. Felizmente, um de nó s se
lembrou de onde está vamos - obviamente eu nã o dava a mı́nima desde
que eu estava descendo em uma mulher na minha mesa com uma
porta destrancada - mas eu estava lú cido o suficiente para pelo menos
usar minha outra mã o para cobrir sua boca.
Depois que ela ficou mole, diminuı́ meu ritmo, mas permaneci de
joelhos para desfrutar de algumas voltas mais agradá veis de sua
doçura. Entã o eu abruptamente me levantei e limpei meu rosto com as
costas da minha mã o.

Annalice piscou algumas vezes como se estivesse voltando de


outro lugar, mas nã o tentou se mexer. Claramente ela nã o ouviu o
barulho da primeira vez.

Eu a levantei e abaixei a saia em um movimento rá pido. Ela


parecia confusa... até que ouviu a segunda batida na porta do
escritó rio.
Capítulo 32
Annalice

Merda!

Bennett abaixou minha saia, endireitou minha blusa e alisou meu


cabelo antes que eu percebesse o que diabos estava acontecendo. Mas
ele estava tã o ocupado me consertando, que ele nã o percebeu como
ele estava.

Em pâ nico quando a porta começou a se abrir, peguei a coisa


mais pró xima que consegui encontrar e joguei na situaçã o ofensiva.

Apenas… aconteceu de ser um café grande.


Quando se conectou com o meu alvo, a tampa saiu e todo o
conteú do espalhou-se por toda a calça de Bennett no momento em que
Jonas entrava.

—Que porra é essa? — Bennett gritou.

—Eu sinto muito. Foi... foi um acidente.

Jonas franziu a testa e fechou a porta atrá s dele.


—Você s dois, vã o embora. Todo o escritó rio pode ouvir você s
discutindo. Você s parecem dois gatos brigando.

Bennett abriu a gaveta de cima, pegou um punhado de


guardanapos e enxugou as calças.

—Nã o é o que você pensa, — eu disse. —Nó s está vamos


discutindo inicialmente, sim. Mas entã o nó s... encontramos uma
maneira mutuamente bené fica de trabalhar com isso. Está vamos
prestes a ligar para o cliente quando eu derrubei o café de Bennett
pegando seu telefone da mesa.
Jonas apertou os olhos. Ele parecia nã o acreditar em nenhuma
palavra que eu disse. Mas entã o Bennett me cobriu, ainda enxugando a
virilha encharcada.

—Nó s temos isso, Jonas. Eu me desculpei pelas coisas que eu


disse em seu escritó rio, e nó s… nos beijamos e fizemos as pazes. O café
foi um acidente.

Ele olhou para trá s e para frente entre nó s dois, ainda nã o
parecendo totalmente convencido.
—Talvez você s dois devessem tirar isso do escritó rio. Vã o tomar
uma bebida ou comer alguma coisa. Fazer amigos. Está bem.

—Comer alguma coisa. — Bennett assentiu. Eu peguei a


contraçã o no canto do seu lá bio, mas felizmente Jonas nã o parecia
perceber.

—Boa ideia. Obrigado, Jonas.

Nosso chefe resmungou algo sobre ser velho demais para essa
merda e nos deixou sozinhos no escritó rio de Bennett novamente. Ele
até fechou a porta atrá s dele.
—Que porra é essa? — Bennett apontou para suas calças
encharcadas.

—Você tinha uma mancha molhada.

—O que?
—Um ponto molhado gigante. Você sabe, a garoa antes do
aguaceiro. E uma ereçã o.

—Entã o sua resposta foi jogar um café cheio no meu pau ao invé s
de...., eu nã o sei, me entregar um arquivo para me cobrir?

Eu comecei a rir.

—Eu entrei em pâ nico. Eu sinto muito.


—Acho que eu deveria estar feliz por nã o estar mais quente.
Eu cobri minha boca, mas nã o consegui conter meu sorriso.

—Isso foi... absolutamente insano.

O sorriso de Bennett estava convencido. —Isso foi muito gostoso.


—Isso nunca pode acontecer novamente.
—Isso definitivamente está acontecendo de novo.

—Você agiu como um idiota.


—Da pró xima vez que brigarmos, vou empurrá -la para o chã o e
te alimentar com meu pau. Bem aqui neste escritó rio. Porta
destrancada.
Meu estô mago se agitou nervosamente. Eu nã o tinha dú vidas de
que ele faria isso. E por mais insano que fosse, o pensamento me
excitou. Mas eu nã o podia deixar que ele soubesse disso.
Eu alisei minha saia e dei um passo para trá s.
—Você me deve um pedido de desculpas pelas coisas que você
disse esta manhã .
Ele sorriu.

—Eu pensei em te dar uma desculpa. Mas eu sou o jogo para dar-
lhe outro.
—Eu quero dizer isso, Bennett. Você nã o pode agir como um
namorado ciumento no escritó rio.
—Eu nã o estava com ciú mes.
Ele parecia genuinamente confuso com o meu comentá rio. Será
que ele realmente achava que o que acabara de acontecer era outra
coisa senã o o bom e velho comportamento de macho alfa, ciumento?
—Você nã o estava com ciú mes? Entã o, com o que você estava
todo chateado?
Ele jogou os guardanapos que usara para limpar as calças no
cesto de lixo.

—Foi sobre o trabalho. O campo de jogo deve ser nivelado para


nó s.
Eu estudei seu rosto. Deus, ele realmente nã o tinha ideia.

—Uh-huh.
A gaveta de sua escrivaninha ainda estava aberta desde quando
ele tirou os guardanapos. Eu alcancei e bisbilhotei.

—Novo super-heró i? — Eu arqueei uma sobrancelha.


—Dê -me isso. — Bennett tentou roubar o bloco de anotaçõ es
cheio de rabiscos da minha mã o, mas eu puxei de seu alcance.
—Parece um pouco familiar. — Sua ú ltima obra de arte
apresentava uma caricatura com cabelos grandes e seios gigantes. Ela
parecia exatamente comigo - com uma capa, claro.

Ele se aproximou e removeu o bloco da minha mã o.


—Você sabe o superpoder que tem?

—O que?
—O poder de levar as pessoas a loucura.

Eu exibi um sorriso bobo.


—Você acha que eu sou uma Super-heroı́na?
—Nã o deixe isso subir à sua cabeça, Texas. Eu desenho muitos
desenhos animados.
Apontei para o rabisco com o super-heró i encostado a uma mesa,
com as pernas bem abertas em uma posiçã o de poder. A ú nica coisa
que faltava era a cabeça de Bennett entre elas.
—Sim. Mas nem todas as suas fantasias se tornam realidade.

***

Eu tinha debatido se convidaria Bennett para se juntar a mim o


dia todo.
E se minha competiçã o fosse com um homem de sessenta anos,
felizmente casado, em vez de um solteiro de trinta e um anos,
incrivelmente sexy que acabou de me dar trê s orgasmos hoje de
manhã - dois em seu chuveiro e outro em sua mesa?
Eu jogaria limpo? Ou eu estava dando mais do que deveria
porque eu tinha um fraco por Bennett Fox? (E talvez tenha gostado do
seu ponto duro també m?) Eu me importava como venceria a batalha,
desde que ganhasse?

Infelizmente, eu me importei. E eu sabia que era a minoria. Em


uma competiçã o acirrada como essa, a maioria das pessoas usaria
todas as vantagens para vencer a guerra. Mas era importante para
mim ganhar justamente. E só quem eu sou.

Entã o, à s cinco para as quatro, fui até o escritó rio de Bennett. Ele
estava no fundo da arte, que ele espalhou por toda a mesa no canto do
seu escritó rio.

Eu bati na porta aberta.


—Você tem um minuto?

Ele mexeu as sobrancelhas.


—Isso depende do que você tem em mente.
—Basta vir ao meu escritó rio em cinco minutos.
Eu me virei e caminhei de volta pelo corredor, mas ele apareceu
na porta do meu escritó rio na hora certa.
Eu fiz sinal para a porta.

—Feche a porta. Eu preciso fazer uma ligaçã o no viva-voz


Bennett sorriu.
—Com certeza.

O idiota pensou que eu iria convidá -lo para outra coisa. Em vez
de explicar, apertei o botã o do viva-voz e disquei.
O assistente atendeu no primeiro toque. —Escritó rio de Lauren
Becker.

Eu olhei para Bennett. Suas sobrancelhas se levantaram.


—Oi. Sou Annalice O'Neil chamando por Lauren. Nó s
conversamos hoje cedo e eu agendei uma ligaçã o para as quatro.

—Sim. Ela está esperando por sua ligaçã o, Annalice. Eu vou te


transferir ok.

—Obrigada.

Ela colocou a chamada em espera e meu olhar se fixou no de


Bennett.

—Eu vou bater em você porque eu sou boa no meu trabalho. Nã o
por causa de qualquer outra coisa.
Bennett olhou para mim, seu rosto ilegı́vel.

Lauren veio ao telefone dois segundos depois.

—Anna?
Eu peguei o receptor.

—Sim. Oi Lauren.
—Como você está ? Deus, já faz muito tempo.

—Sim. Eu nã o sei se você está ciente ou nã o, mas eu trabalho na


Foster, Burnett e Wren agora. As duas empresas se fundiram.
Eu olhei para Bennett enquanto ouvia sua resposta.

—Oh, — ela disse.

—OK. Sim. Eu nã o tinha certeza se Andrew tinha contado a você .


Obrigada. Agradeço a sua inclusã o na RFP.

A mandı́bula de Bennett flexionou e eu suspirei. Eu nã o tinha


controle sobre como o negó cio tinha vindo em nossa direçã o, mas eu
tinha controle sobre como conseguia isso. Lauren e eu nos
encontramos por um minuto, e entã o eu limpei minha garganta.

—Espero que você nã o se importe, mas convidei um colega para


se juntar a mim nesta ligaçã o. Ele acabou de entrar. Seu nome é
Bennett Fox.

Depois que ela disse que nã o se opunha, eu coloquei o telefone de


volta no viva-voz. Nó s trê s conversamos por meia hora sobre a RFP e o
que ela estava procurando. No final do nosso chamado, sugeri que nos
reunı́ssemos para o jantar para discutir as coisas na pró xima semana.
—Isso seria bom. Eu sei que Trent adoraria ver você també m. —
Ela fez uma pausa. —E quanto a Andrew? Devo ver se ele gostaria de
se juntar a nó s? Ele mencionou que as coisas estavam difı́ceis desde a
fusã o e achou que seria um bom momento para finalmente
trabalharmos juntas.
Bennett parecia tã o desconfortá vel quanto eu me sentia.

—Se você nã o se importa, eu prefiro que você nã o o convide. Nã o
estamos… Eu nem sabia que ele tinha falado com você sobre minha
mudança no trabalho ou pedir para você incluir na RFP.

Lauren suspirou.
—Sim eu entendo.

Eu nã o tinha ideia do que esperar de Bennett quando desliguei,


mas o que consegui, soube que era sincero.

—Obrigado por me incluir.

Eu balancei a cabeça.
—Você é bem-vindo.

Ele deu alguns passos em direçã o à porta do meu escritó rio e


depois voltou.
—Por quê ?

Eu nã o tinha certeza se entendi a pergunta. —Porque o que?

—Por que você quer ganhar sendo justa? E por causa do que está
acontecendo entre nó s?

—Eu realmente pensei sobre isso antes. — Eu sorri. —Nã o se


iluda. Eu estaria fazendo as coisas da mesma maneira, mesmo se você
fosse um homem de sessenta anos de idade, felizmente casado.

—Uau. — Ele balançou a cabeça. —E aqui estava eu pensando


que você era apenas uma boa pessoa. Mas você deixaria um cara de
sessenta anos casado descer em você em seu escritó rio?

—Isso nã o foi o que eu quis dizer!

Bennett piscou.
—Eu sei. Mas vamos fingir, entã o eu nã o tenho que admitir que
você é uma pessoa muito melhor que eu.
Capítulo 33
Bennett
—Você gosta de Star Wars?

Apertei o mudo no Sports Center e olhei para Annalice. Ela tinha


trê s jornais diferentes espalhados por toda a minha cama. Eu preferia
minhas notı́cias na forma de CNN ou ESPN, mas nas ú ltimas semanas,
nó s nos acomodamos em uma rotina de sá bado de manhã que eu
gostava.
Nó s farı́amos sexo de manhã cedo, e entã o eu iria para uma
corrida enquanto ela nos fazia o café da manhã . A caminho de casa,
pegava trê s jornais diferentes e, depois que comı́amos, eu assistia ao
Sports Center enquanto ela lia os jornais por horas.

Eu mencionei que ela cozinhou e leu enquanto usava uma das


minhas camisetas sem sutiã ou calcinha por baixo? Sim, essa é a minha
parte favorita.

Eu coloquei minha mã o sob a bainha da camiseta branca que ela


usava e esfreguei sua coxa.

—Eu gosto de Star Wars. Eu nã o sou uma dessas aberraçõ es que
andam por aı́ vestidas como Yoda ou Chewbacca em uma convençã o
anual de aberraçõ es, mas eu vou ver os filmes. Por quê ?

Annalice encolheu os ombros.

—Nenhuma razã o.

Mas algo sobre sua resposta talvez fosse muito rá pida ou muito
curta me disse que ela estava cheia de merda.

—Você nã o é uma dessas aberraçõ es, nã o é ?

Suas bochechas ficaram sombreadas de rosa.


—Nã o, eu nã o sou.
Eu apontei para o rosto dela.

—Nem tente, Texas. Você já está no meio do caminho para o


tomate.
Ela largou o papel.

—Bem. Eu costumava me vestir como a Princesa Lé a. —Sua voz


baixou. —E talvez à s vezes Aayla Secura e Shaak Ti.

Eu ri.
—Quem?

—Esqueça.

—Ah nã o. Você abriu esta lata de vermes. Agora que eu sei que
você é uma louca por Star Wars, quero saber com o que estou lidando.
Estamos falando apenas de trajes de Halloween, lancheiras, e você tem
toda a lı́ngua Klingon decorada, ou fã enlouquecida que se veste e vai a
convençõ es?

—Klingon é Star Trek, nã o Star Wars.

—O fato de você saber isso me diz muito.


Annalice revirou os olhos.

—Por que eu ainda compartilho alguma coisa com você ?

Eu ri.
—OK. Eu nã o vou provocar, minha idiota sexy. O que te fez
perguntar?

Ela apontou para um artigo no jornal. —Estou lendo sobre


merchandising de filmes que superou as vendas de bilheteria. Star
Wars teve quase trinta e cinco bilhõ es em merchandising.

—Acho que você tem um monte de amigos em potencial lá fora


em dorkland.
Ela bateu no meu estô mago com as costas da mã o.

—Cale-se.
—Você sabe que há uma nova terra chegando à Disneylâ ndia em
breve: Star Wars: Galaxy's Edge.

—Duh. Eu sei. Eu mal posso esperar.


Esta tarde foi a minha viagem anual à Disney com Lucas - seu fim
de semana de aniversá rio foi a ú nica noite que Fanny me permitiu.
Todos os anos, nó s dirigimos no sá bado à tarde e passamos a noite e
todo o dia seguinte indo em passeios. Lucas sempre escrevia uma lista
dos passeios que eram novos a cada ano, e desta vez um deles tinha o
tema de Guerra nas Estrelas.
—Você vai em passeios na Disney? — Eu perguntei.

—Eu costumava. Mas eu nã o vou em anos.

Eu nã o mencionei minha viagem com Lucas, mas eu estava


brincando com ela durante toda a semana.

—Estou indo até a Disney com o Lucas esta tarde. E seu


aniversá rio esta semana e fazemos uma viagem anual.

—Oh. Fantá stico. Você faz coisas divertidas com ele.


Eu nunca realmente trouxe mulheres ao redor de Lucas,
principalmente porque os relacionamentos que eu tinha nã o pareciam
se encaixar nas minhas visitas semanais com ele. Eu levava mulheres
para jantares onde elas usavam vestidos bonitos, e entã o eu as levava
para casa, nã o para pescar ou correr de kart. Mas Annalice e eu
é ramos diferentes. Nó s passá vamos horas trabalhando juntos todos os
dias, e quando nã o está vamos brigando ou transando, nó s realmente
nos divertı́amos muito sentados sem fazer nada em manhã s como
essa.
Mesmo que tenha sido apenas um mê s, eu a conheci muito
melhor do que qualquer pessoa que eu tinha namorado por seis
meses. Alé m disso, ela gostaria do novo passeio de Star Wars que eles
colocaram. Entã o, agora eu me sentia quase obrigado a convidá -la. Era
a coisa certa a se fazer.

Eu desliguei a TV sem som.


—Por que você nã o vem com a gente?

Ela parecia tã o surpresa quanto eu que a convidei.


—Para a Disney? Com você e Lucas?
—Sim. Por que nã o? Você pode conhecer o novo passeio de Star
Wars, e Lucas vai ter algué m para curtir essa merda.
—Você nã o vai em passeios com brinquedos?

—Nã o. Na oitava sé rie, eu estava morrendo de vontade de ficar


com Katie Lanzelli. Eu a levei para a feira da cidade e planejei beijar
ela na roda-gigante. Logo antes de continuarmos, fui ao Gravitron.
Coloquei minhas entranhas para fora depois que eu saı́. Nã o poderia
sujeitá -la a me beijar depois disso. Entã o parei de andar nesses
brinquedos naquele dia.
Annalice riu.

—Sua perversã o nã o conhece limites. Isso afeta até mesmo suas
viagens à Disney.

—O que você diz? Quer vir? —Eu deixei minha mã o em sua perna
viajar mais alto e acariciei a pele sensı́vel no interior de sua coxa, bem
ao lado de seus lá bios. —Eu tenho que te pegar um quarto separado
por causa de Lucas, mas talvez eu consiga um na porta ao lado para
que eu possa sair depois que ele adormecer e deslizar dentro de você .
—Veja? Pervertido. Todos os caminhos levam ao sexo. — Ela
sorriu. —Eu adoraria ir. Mas tem certeza? Eu nã o quero interromper
seu tempo com Lucas.
Quanto mais conversamos sobre isso, mas eu gostava da ideia de
ela vir.
—Positivo. Ele ficará feliz em ter algué m alé m de mim para
conversar. Confie em mim. — Eu olhei para ela. —Alé m disso, eu quero
que você venha.
Annalice se iluminou, praticamente brilhava, enquanto assentia
com a cabeça. Entã o ela subiu em cima de mim e eu me animei
també m.

***

—Que compositor marcou as mú sicas nos filmes?

—Fá cil. John Williams. —Annalice limpou o lá bio com um


guardanapo.

Lucas olhou para o telefone e bateu novamente. Ele estava


interrogando-a com todas as curiosidades on-line que ele poderia
encontrar desde que chegamos no carro hoje de manhã .

—Que cor foi o sabre de luz de Luke Skywalker nos dois


primeiros filmes?
—Azul.
—Que tal em Return of the Jedi?

—Verde.
Eu balancei a cabeça.
—Por que eles mudariam a cor do sabre de luz? E, uma pergunta
melhor, por que você sabe as respostas para toda essa porcaria?
Annalice lambeu um gotejamento de sua casquinha de sorvete e
meu pau se contorceu - no meio da porra da Disney.
—Ele perdeu o azul em um duelo com Darth Vader em Cloud City.
Houve um grande alvoroço pelo motivo de seu sabre de luz ser verde
em Return of the Jedi. Os cartazes do filme original tinham ele
segurando um sabre azul. Algumas pessoas dizem que mudaram de
cor porque o pano de fundo da cena de luta era um cé u azul, enquanto
outros acham que há um significado mais profundo - como os
cineastas tentando mostrar que Luke se tornou seu pró prio homem.
Eu ri.
—Ah, entendi. Entã o eles queriam convencer os pais a comprar
mais sabres de luz mudando a cor.

Lucas ficou fascinado com a capacidade de curiosidades de Star


Wars de Annalice. Eu, nã o me importava de ficar sentado apenas
observando os dois - contanto que ela continuasse lambendo aquela
casquinha de sorvete. Eu estava muito feliz por termos conseguido os
quartos lado a lado agora.
Depois que terminamos nossa sobremesa, fomos a mais alguns
passeios antes de encerrarmos a noite. Tinha sido um dia longo - sexo
duas vezes esta manhã , um longo prazo, dirigindo a Los Angeles,
depois indo a um monte de brinquedos quando chegamos aqui. Mas
enquanto eu estava derrubado, Lucas e Annalice pareciam ainda ter
muita energia.

—Podemos ir na piscina? — Lucas perguntou quando saı́mos do


bonde na nossa parada do hotel.

Eu olhei para o meu reló gio.


—Sã o quase 9:30.
—Entã o? — Ele franziu a testa.

—Annalice provavelmente nem trouxe um biquini.


Ela sorriu.
—Na verdade, eu trouxe.
—Por favor? — Lucas atirou os olhos de cachorrinho.

—Eu posso levá -lo se você estiver muito cansado.


—Nã o. Tudo bem. — Eu apontei para Lucas. —Meia-hora. E isso.
—OK!

Resmunguei para Annalice enquanto Lucas corria à frente da


porta do hotel.
—E melhor, pelo menos, te ver em um biquı́ni do que ir para um
balde de mijo da Disney.
Seu sorriso brilhou.

—Reclame tudo o que você quiser, mas vejo a verdade em seus


olhos. Você faria qualquer coisa que aquele garoto lhe pedisse e você
ama cada minuto assistindo-o se divertir.
Ela nã o estava exatamente errada. Sem pensar, deslizei minha
mã o na dela e terminei a caminhada até o saguã o do hotel de mã os
dadas. O problema foi que eu nã o tinha ideia do por que tinha feito
isso. Apenas parecia... certo. Annalice també m nã o pareceu notar, ou se
ela fez, ela nã o disse nada.
Da mesma forma, abri a porta e enfiei as mã os nos bolsos depois
disso.

***

—Ele é um ó timo garoto.

Annalice e eu sentamos em frente um do outro na banheira


quente e borbulhante, a seis metros da piscina. Um bando de garotos
estava organizando uma partida de vô lei aquá tico quando saı́mos, e
pediram a Lucas para participar. Entã o, conseguimos um alı́vio de
entrar no balde de mijo frio e passamos a mergulhar na á rea
designada para maiores de dezoito anos. Jacuzzi. Luzes iluminavam a
á rea da piscina, entã o ainda poderı́amos ficar de olho a distâ ncia, mas
está vamos longe o suficiente para nã o parecermos que está vamos
cuidando dele.
—Sim. Apesar da criaçã o maluca dele, ele se tornou um garoto
realmente bom. Ele tem uma cabeça bem legal.
—Ele realmente gosta de você .

A banheira estava ajudando a relaxar meus mú sculos, mas esse


comentá rio os fez ficar tensos novamente.

—Sim.
Annalice ficou quieta e eu tive uma ideia do que ela estava
pensando.
—Você se importa comigo perguntando quantos anos ele tinha
quando sua mã e morreu?
—Ele tinha trê s anos.

—Uau.
—Sim.

—Ela estava... doente?


Eu segurei seu olhar.
—Acidente de carro.

Seus olhos caı́ram para o meu torso. Ela foi inteligente o


suficiente para colocar dois e dois juntos. E eu sabia que ela estava
debatendo se perguntaria.

Era a ú ltima coisa que eu queria falar. Eu fiquei de pé . —Está


ficando tarde. Por que nã o pego algumas toalhas?
Lucas estava roncando quando saı́ do banho. O dia tinha sido
muito bom, mas a mençã o do acidente bagunçou minha cabeça. Sentei
na cama em frente a Lucas, observando-o dormir. Ele parecia com sua
mã e agora. Era difı́cil imaginar que, em apenas mais alguns anos, ele
teria a mesma idade em que ela dera à luz a ele. O que me fez pensar...
eu precisava ter uma conversa sobre preservativos e controle de
natalidade com ele. Fanny nã o ia fazer isso. Inferno, eu tinha
conversado com a filha dela també m.

Deu muito certo.


Meu celular vibrou na mesa, entã o eu passei para verificar
minhas mensagens.
Annalice: Desculpe se eu estava sendo intrometida. Você ficou
quieto depois que perguntei sobre a mãe dele. Eu não queria
chatear você.
Eu tentei colocar sua mente à vontade.
Bennett: Você não fez. Só cansado. O longo dia deve ter me
derrubado.

Eu duvidava que ela tivesse comprado, mas pelo menos ela nã o
iria empurrar.

Annalice: OK. Bem, obrigado por me deixar acompanhar hoje.


Eu tive um grande momento. Boa noite.
Bennett: boa noite.

Joguei meu celular de volta na mesa. Nos oito anos desde aquela
noite, nunca falei com ningué m sobre o acidente - exceto os policiais e
os advogados. Nem mesmo o psiquiatra que minha mã e me mandou
poderia abrir o cofre. Durante muito tempo, imaginei que quanto
menos pensasse nisso, mais fá cil seria seguir em frente. Até
recentemente.
Os diá rios de Sophie despertaram muitas coisas dentro de mim.
Eu estava começando a me perguntar se mantê -los me deixava seguir
em frente, ou se talvez deixá -los ir seria a ú nica coisa que me
libertaria.
Capítulo 34
1 de Janeiro
Caro eu,

Estamos tristes.
Bennett já foi há dois meses. Ele está apenas a algumas horas de
distância na UCLA, mas também pode estar no meio do mundo. Nós
sentimos a falta dele. Muito. Ele tem uma nova namorada. Novamente.
Ele disse que essa também é uma das maiores do marketing e eles saem
o tempo todo como costumávamos fazer.
Ainda estamos namorando Ryan Langley, mas às vezes quando
estamos nos beijando, penso em Bennett. É muito estranho. Quero dizer,
ele é o Bennett, certo? Nosso melhor amigo. Mas parece que não
conseguimos parar.

A faculdade não é tão boa. Eu pensei que seria diferente. Mas


parece apenas mais um ano do ensino médio quando você mora em casa
- só que sem Bennett aqui. Tem até um monte de crianças nas minhas
aulas que estavam nas minhas aulas na RFK High.

Tudo é o mesmo e tão diferente.


Conseguimos um emprego num cabeleireiro atendendo os
telefones. As pessoas lá são muito legais e pagam muito bem. Esperamos
economizar dinheiro e conseguir nosso próprio lugar. O novo namorado
da mamãe Aaron é um idiota e está sempre em casa.

O poema deste mês é dedicado a ninguém.

Ela olha para trás,


com medo de seguir em frente agora.
Por que você não está aqui?

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.

Anonimamente,

Sophie

Capítulo 35
Bennett
Quã o ruim eu queria o emprego?

Annalice saiu para o jantar semanal com Madison algumas horas


atrá s. Já que eu tinha um compromisso de manhã cedo fora do
escritó rio amanhã , e minha cama estaria vazia hoje à noite, eu fiquei
até mais tarde para terminar as coisas para o meu passo completo
para a Star Studios, que estava chegando em breve. Esta semana estava
ocupada como o inferno, embora fosse apenas quarta-feira. E ainda
jantamos com a irmã do babaca na sexta-feira.
Peguei a chave do escritó rio de Annalice na gaveta de cima da
Marina para deixar alguns esboços em sua mesa. No almoço de hoje,
ela mencionou que estava criando um logotipo para uma empresa de
marcadores má gicos infantis que estava se expandindo para uma linha
de marcadores de artistas profissionais. Uma ideia surgiu enquanto eu
trabalhava em sombreamento em um projeto diferente, e achei que
poderia funcionar para o cliente dela.

Annalice tinha trazido a conta com ela de Wren, entã o nã o


está vamos competindo - eu nã o tinha motivos para nã o ajudar.

Só que quando fui colocar meus desenhos em sua mesa,


encontrei todo o conceito para o seu tom de estrela: storyboards,
modelos de logotipo 3D e uma pasta de arquivos expandida e
vermelha chamada PESQUISA. Eu olhei para a pasta - tinha que haver
trê s polegadas de maldita pesquisa. Muito mais do que eu fiz. O que ela
poderia ter lá ? Merda que poderia lhe dar uma vantagem, é isso.

Eu coloquei meus desenhos em sua cadeira e peguei a pasta. A


coisa tinha peso.
Porra.

Eu nã o deveria.

Mas e se eu perdi alguma coisa?

Eu sabia duas coisas com absoluta certeza. Um, seria uma coisa
muito feia de se fazer. E dois, se o sapato estivesse no outro pé , e fosse
Annalice encontrando minha mesa com toda essa merda, ela se viraria
e sairia andando.

Mas nã o havia nenhuma maneira que eu pudesse me mudar para


o Texas.

Eu nã o estaria fazendo isso por mim mesmo. Eu faria isso por
Lucas.
Havia uma exceçã o para o comportamento de merda quando o
fim justificava os meios, certo?

Que diabos ela poderia ter aqui? Sé rio, essa coisa tinha que pesar
trê s quilos. Talvez houvesse um tijolo dentro? Ou um livro? Uma capa
dura de Marketing para Dummies? Eu poderia pelo menos checar isso,
nã o poderia? Isso poderia deixar minha mente à vontade para saber
que eu nã o estava perdendo a pesquisa.
Puxei o elá stico vermelho da pasta de arquivos.

Deus, eu sou um babaca.


Colocando-a na mesa novamente, eu olhei para ela mais um
pouco.

E se isso nã o fosse analisar?


Ela disse a si mesma que tentou tirar a pessoa da equaçã o ao
decidir como agir. Um homem casado de sessenta anos - eu tinha
certeza de que era quem ela fingia que competia.
O que eu faria se tivesse encontrado este arquivo de informaçõ es
potencialmente ú teis, mas apenas a competiçã o contra a qual eu me
deparei foi um cara de sessenta anos em vez de Annalice?
Eu gostaria de pensar que descobrir a resposta para essa
pergunta requeria algum debate.

Mas… todos nó s sabemos melhor, certo?


Eu já estava na copiadora copiando a porcaria desse arquivo.

Isso resumia a diferença entre eu e Annalice. Quando ela passava


por um cená rio como eu agiria em sua cabeça, ela sempre ficava do
lado certo do que era é tico. Eu, por outro lado, saı́ do lado direito do
que me aproximaria do que eu queria.

Entã o, o que diabos estava me impedindo?


Annalice e sua maldita besteira é tica fizeram eu me sentir
culpado.
Gemendo, eu peguei a pasta de arquivo, envolvi o elá stico de
volta, e coloquei onde eu encontrei. Eu tirei meus desenhos de sua
cadeira, fechei a porta atrá s de mim e, em seguida, agachei-me para
deslizar a obra de arte sob a porta do escritó rio fechada. Ela os
encontraria pela manhã sem nunca saber que eu estava lá dentro.
Eu resmunguei em meu caminho de volta para a mesa da Marina
para devolver a chave. Enquanto eu estava lá , achei que ia deixar uma
nota para ela que eu sairia amanhã de manhã desde que minha
reuniã o seria originalmente à tarde.

Eu encontrei uma caneta e procurei por algo para escrever. Ao


lado de seu telefone, havia um daqueles blocos de mensagens que
continham trê s pequenas mensagens de texto em cada folha. Entã o eu
peguei isso e comecei a escrever no fundo.

Mas o carbono que restava da mensagem acima me chamou a


atençã o porque continha o nome de Annalice.
Data: 06/01

Hora: 11:05
PARA: Annalice

Remetente: Andrew Marks


TELEFONE: 415-555-0028

MENSAGEM: Ele está retornando sua ligação. Ligue a qualquer


hora.

***

—Há algo de errado? — Annalice inclinou o quadril contra o


balcã o na sala de descanso.
—Nada, — eu disse, derramando minha segunda xı́cara de café .

Ela cruzou os braços sobre o peito.


—Entã o, apenas um humor geral pobre?

—Tem sido uma semana agitada.


—Eu sei. — Ela olhou para a porta e baixou a voz. —E por isso
que pensei que seria legal e te faria um jantar na minha casa ontem à
noite. Só que você nã o respondeu meu texto, e esta manhã , quando te
vi no corredor, parecia que você poderia me morder.
Eu peguei minha caneca.

—Você é quem queria ter certeza de que é ramos discretos no


escritó rio. Eu deveria ter parado para tocar você ?
Ela apertou os olhos.

—Tanto faz. Nã o esqueça que o jantar será à s seis da noite com
Lauren e Trent na La Maison.
Eu zombei.

—Mal posso esperar.


Annalice leu corretamente meu sarcasmo. Ela suspirou e se virou
para sair da sala de descanso.
Perto da porta, ela parou e se virou. —Obrigada pelos esboços, a
propó sito. Eles eram exatamente o que eu precisava e nã o conseguia
pensar.

Eu olhei para cima da minha caneca e nossos olhos ficaram


presos. Foda-se.

—Eu fui ao seu escritó rio para colocá -los em sua mesa na noite
passada. Eu vi que estava coberto com o seu trabalho na campanha
Star, entã o saı́ e coloquei debaixo da sua porta.
Ela inclinou a cabeça para o lado e procurou em meu rosto.

—Você nã o olhou nada?


Depois que eu encontrei a mensagem do ex dela, eu pensei em
voltar. Mas eu nã o poderia. Marica.
Eu balancei a cabeça.
Seus olhos perderam o foco por um minuto, e eu tive a sensaçã o
distinta de que merda aleató ria estava girando em sua cabeça
enquanto ela tentava clicar as peças de algum quebra-cabeça.
Ela zoneava em mim novamente.

—Você está aborrecido consigo mesmo por nã o ter vasculhado


minhas coisas?
Eu cruzei meus braços sobre o peito.

—Eu me perguntei se eu teria saı́do se fosse algué m diferente de


você .
—E…

—Eu nã o teria.

Os olhos de Annalice se suavizaram.


—Bem, obrigada. E por isso que você está todo mal-humorado?
Porque você nã o me tratou como o inimigo.

—Nã o era - até que eu fui colocar a chave na gaveta da Marina e


peguei uma mensagem que ela te deixou que algué m te ligou de volta.

Seu rosto caiu.

—Nã o é o que você pensa.


—Entã o você sabe o que estou pensando agora?
—Quando liguei para Lauren no outro dia para confirmar o
jantar esta noite, ela me disse que Andrew estava planejando se juntar
a nó s. Eu liguei para ele para perguntar porque ele fez. E por isso que
ele me ligou de volta.

Eu andei em direçã o a porta da sala de descanso.

—Tanto faz.
Annalice exalou alto.

—Da pró xima vez, venha para mim se algo te incomodar.

Eu parei na porta onde ela estava.


—Ou talvez da pró xima vez, eu vou crescer algumas bolas e
ganhar vantagem sobre a competiçã o.

***

—Me desculpe por isso. Achei que as duas precisavam de alguns


minutos sozinhas. Minha esposa gosta de se meter na merda onde o
nariz dela nã o pertence. Mas eu sou um homem, entã o eu nã o luto
contra isso. —Trent Becker levantou seu copo e sorriu. —Minha
resposta é sempre sim, querida. E um bom uı́sque.
Eu levantei meu copo.

—Parece bom para mim. Nã o importa qual seja a pergunta.

Annalice e eu chegamos ao restaurante do escritó rio ao mesmo


tempo. Lauren e seu marido chegaram alguns minutos depois. Como a
recepcionista disse que a nossa mesa ainda nã o estava pronta, Trent
me pediu para ir ao bar e pegar bebidas, enquanto as mulheres
imediatamente conversavam.

Lauren e Annalice tê m uma histó ria pessoal.

Bebi e olhei para a borda do meu copo em Trent.


—Andrew. Eu sei.

Trent ergueu as sobrancelhas.


—Entã o ela te disse.

—Ela disse.

Ele assentiu.
—Faz sentido. Especialmente desde que ele é quem facilitou essa
reuniã o.

Esta era uma reuniã o de negó cios. Eu tive que manter minhas
opiniõ es para mim mesmo, mas com a porta aberta para espiar dentro,
eu nã o pude resistir.

—Momento estranho. Annalice trabalha em marketing há anos.


No entanto, ela disse que você s nunca haviam discutido sua proposta
para o seu negó cio.

Trent olhou em volta, depois se inclinou. —Lauren acha que o sol


nasce e se põ e em seu irmã o. Mas entre nó s, eu acho que ele é um
pouco pomposo e egoı́sta.

Desta vez minhas sobrancelhas subiram. Talvez esse jantar nã o


seja tã o ruim assim.

—Parece que você está certo, pelo que Annalice compartilhou.


Mas, assim como você , vou guardar isso para mim. —Eu levantei meu
copo. —E engolir meus pensamentos com este uı́sque.

Trent riu.

—Annalice é ó tima. Fico feliz por podermos fazer alguns


negó cios da maneira dela. Só espero que nã o ajude o meu querido e
velho cunhado a voltar. Deixe-o ficar com a comissá ria de bordo sueca
que tem visto nas costas dela nos ú ltimos anos.

Merda.
Idiota.

Eu sabia que aquele cara era um idiota.

Oito anos e ainda sem compromisso me disseram que ele estava a


empurrando; Eu só nã o sabia o motivo. Que idiota.

O garçom trouxe duas taças de vinho, e Trent e eu discutimos


sobre quem pagaria a conta. Depois que eu ganhei, nó s levamos as
bebidas para as senhoras, que estavam amontoadas em um banco
perto da estaçã o da recepcionista.

—Obrigada. — Annalice se levantou para eu passar o copo para


ela. Ela se inclinou com um sorriso apreensivo. —Tudo bem?

O meu era genuı́no.

—Nunca estive melhor.


O jantar com Lauren e Trent acabou sendo surpreendentemente
agradá vel. Conversamos muito sobre seus negó cios, e eles estavam
abertos sobre seus altos e baixos e pareciam ter uma boa pegada no
mercado que queriam alcançar. Eles també m compartilharam o grande
orçamento que alocaram para a publicidade na web e na televisã o, o
que justificou a gratificaçã o do conselho pela campanha responsá vel
pelo recebimento da conta.

—Entã o, quem faz o quê ? — Lauren perguntou a nenhum de nó s


em particular. —Um de você s é da web e um de você s, TV ou algo
assim?

Eu deixei Annalice assumir a liderança naquilo. Como ela


escolheu girar foi o seu chamado.
—Na verdade nã o. Temos membros da equipe especializados em
coisas como arte, có pia e pesquisa de mercado. Vamos usá -los para
criar duas campanhas diferentes para apresentar a você .
—Oh, nossa. Ok. —Lauren sorriu. —Tenho certeza que vou amar
o que você quiser. Nó s sempre tivemos um gosto parecido.
Mais uma vez, Annalice poderia ter me ferrado. Tudo o que ela
precisava fazer era mencionar que farı́amos cada um dos lançamentos
individuais e eles escolheriam de quem gostassem melhor. Sem dú vida
isso daria a Lauren uma boa pré -venda em qual escolher. Mas Annalice
apresentando como se fosse um esforço de equipe realmente nivelou o
campo de jogo.

Eu olhei de relance, e ela deu um sorriso doce.

Tã o fodidamente linda. E essa merda era contagiante, porque eu


sorri de volta, e tenho certeza como merda que eu nã o sorria muito. Eu
sou mais um tipo de pessoa cara-fechada principalmente porque a
maioria das pessoas me irrita. Na verdade, eu diria que os cantos dos
meus lá bios estã o mais inclinados desde que conheci Annalice do que
nos primeiros trinta anos da minha vida.

Eu deixei meus olhos voltarem para ela para outro olhar. Ela era
tã o fodidamente moral e boa. Isso me fez querer fazer coisas imorais e
deixá -la mal depois.

Eu usei meu guardanapo para limpar minha boca e, em seguida,


acidentalmente deixei cair no chã o. Inclinando-me para fingir que o
peguei, deslizei minha mã o pelo vestido de Annalice sob a toalha da
mesa e a observei pular quando meu polegar acariciou o centro quente
entre suas pernas. Sua reaçã o foi imediatamente fechar as coxas, e
quase perdi o equilı́brio quando ela fechou meu braço entre as pernas
com um puxã o. Eu tossi e puxei minha mã o, tentando nã o rir.

Existe alguma maneira que eu poderia tocá -la agora e vê -la tentar
falar de negó cios com a irmã do babaca ao mesmo tempo?
Ela olhou para mim com um aviso em seus olhos.

—Você está bem, Bennett?


Eu me endireitei na minha cadeira e coloquei meu guardanapo
sobre a mesa na minha frente.

—Apenas um deslize da minha mã o.


Minha mã o discretamente escorregou mais algumas vezes antes
do final da noite - a ú ltima vez para apertar sua bunda enquanto
caminhá vamos para a porta do restaurante atrá s de nossos potenciais
novos clientes. O carro deles parou um pouco antes do meu, entã o
dissemos boa noite e os assistimos se afastar.

Se eles olhassem, Lauren e Trent provavelmente ainda poderiam


ter nos visto no espelho retrovisor quando eu puxei Annalice para os
meus braços.

—Você estava tã o mal hoje à noite. — Ela pressionou as palmas


das mã os contra o meu peito.

Eu escovei meus lá bios com os dela.

—Eu nã o posso me ajudar. Eu quero fazer coisas ruins com você .
Venha para casa comigo. Senti sua falta na minha cama ontem à noite.

Seus olhos se suavizaram.

—També m senti sua falta.


Eu nã o me lembro de ter perdido algué m, exceto Sophie. E isso
foi totalmente diferente, porque ela realmente se foi. No entanto, eu
nã o acabei de falar besteira com Annalice. Eu realmente sentia falta
dela. Depois de uma noite de intervalo. E tanto quanto o pensamento
me assustou, o pensamento de nã o a ter em minha cama esta noite
realmente me assustou um pouco mais. Entã o eu ignorei os sinos de
alerta dizendo que eu estava levando as coisas longe demais.

O manobrista parou no carro de Annalice.

—Eu vou seguir você , — eu disse.


—Na verdade, podemos ficar na minha casa hoje à noite? Pedi
uma cadeira nova para a minha sala há dois meses e ela está sendo
entregue amanhã de manhã .

—Sim. Claro. — Eu beijei sua testa. —Desde que eu durma e


acorde dentro de você , nã o importa onde estamos.

Capítulo 36
Annalice
9
—Shit-take . — Madison balançou a cabeça.

—Hummm, o quê ?

—Você nã o acabou de ouvir o garçom? Ele pronunciou o


cogumelo shiitake como merda e perguntou como eu queria que
minha lagosta cozida. Um... feita?

Eu ri.
—Desculpa. Acho que fiquei zoneada por alguns segundos.

Madison levou o vinho aos lá bios. —Provavelmente exaustã o de


transar toda noite com seu novo menino brinquedo.

Suspirei.
—Posso fazer uma pergunta hipoté tica?
—Claro. Se isso faz você se sentir melhor para fingir que nã o é
sobre você , vá em frente. Mande.
—Sim. — Fiz uma pausa e pensei em como pronunciá -la. —Se
uma mulher está envolvida com um homem - algué m que tem estado
muito aberto desde o inı́cio que nã o quer um compromisso de longo
prazo - seria insano para a dita mulher abandonar um bom emprego
com um monte de opçõ es de açõ es e dinheiro em jogo com a chance de
o cara aparecer e querer algo mais?

Madison franziu a testa e pousou o copo de vinho.


—Oh querida. Você só deveria usá -lo como um rebote.
Passei o dedo pela condensaçã o na base do meu copo de vinho.

—Eu sei. E deveria ter sido o arranjo perfeito. Quero dizer, ele é
um burro narcisista, fó bico de compromisso, chauvinista e arrogante.
Madison jogou as mã os no ar.
—Bem, é claro que você se apaixonou por ele!

Nó s rimos.
—Falando sé rio, um de nó s será transferido para o Texas em
algumas semanas. Eu seria louca se eu procurasse outro emprego para
que nó s dois pudé ssemos ter uma chance?
—Quanto dinheiro estamos falando aqui?
—Bem, eu tenho opçõ es de açõ es que valem nos pró ximos trê s
anos. Basicamente, eles me dã o a oportunidade de comprar 20.000
açõ es por um preço fixo de $ 9. Entã o, depende do que a açã o vale.
—O que vale a pena agora?

Eu estremeci.
—Uns $ 21 por açã o.
Os olhos de Madison se arregalaram.

—Isso é o que... quase duzentos e cinquenta em lucros?


Eu assenti e engoli em seco.
Ela engoliu o resto do vinho.
—Você gosta muito dele.

Eu balancei a cabeça um pouco mais.


—Nã o me entenda mal, ele é todas aquelas coisas que eu pensava
originalmente, mas há muito mais por baixo. Tipo, ele tem essa
qualidade infantil nele, mas, ao mesmo tempo, é tã o comprometido e
responsá vel com seu afilhado. Alé m disso, ele me faz rir, mesmo
quando estou chateada com ele. E ele tem um bom coraçã o, mas ele
nã o quer que ningué m saiba. Sem mencionar que ele tem os bens e
sabe como usá -los.
—Como Bennett se sente sobre tudo isso?

Eu balancei a cabeça.
—Nó s nã o falamos sobre isso.
—Bem, acho que é uma conversa que você precisa ter antes de
pensar em deixar sua carreira e muito dinheiro de lado.
—A coisa é ... eu nã o acho que ainda estamos lá . E eu nã o posso
imaginá -lo sendo bom comigo, dando qualquer coisa por uma chance
que ele virá ao redor. Na verdade, tenho certeza de que ele se dobraria
de volta na caixinha que fica trancado na maior parte do tempo se
soubesse o que eu estou pensando. Algo tem ele tı́mido sobre
relacionamentos. Mas eu nã o sei o que.

—Você nã o acha que é uma bandeira vermelha em si? Que você
nem sabe o que o tornou anti-relacionamento?
—Claro que eu faço! E sei que a coisa toda parece absurda até
considerar. Mas eu realmente gosto dele, Mad.
—Sabe, à s vezes é difı́cil ver as coisas claramente em um
relacionamento de rebote. As pessoas muitas vezes procuram a
segurança e o conforto daquilo que acabaram de perder e isso pode
causar apegos que sã o mais para o relacionamento do que a pessoa
real.

—Eu pensei sobre isso. Eu tenho. Mas eu nã o acho que estou
tentando substituir o Andrew ou o que tivemos.
Madison nã o parecia convencida. Eu esperava que ela me
dissesse que eu era louca, mesmo considerando desistir de um ó timo
trabalho e dinheiro por um homem - pelo menos, no começo. Mas
agora que ela nã o estava a bordo ou empolgada com a minha ideia,
isso estragou meu entusiasmo també m.

Eu mudei de assunto e tentei aproveitar o resto da minha noite.


Embora houvesse uma razã o pela qual a mulher tinha sido minha
melhor amiga por mais de vinte anos: ela via atravé s da minha
besteira.
Quando está vamos saindo do restaurante, ela me abraçou por
muito tempo.

—Se você ama um idiota narcisista, eu vou amá -lo també m. Se


você decidir deixar o emprego e se arriscar no amor, pode dormir no
meu sofá e ir a meus jantares de trabalho quatro noites por semana
comigo quando estiver falida. Estou aqui para você , nã o importa o quê .
Eu nã o quis ferir seus sentimentos. Eu estava apenas sendo protetora
com você , minha amiga. Eu confio no seu julgamento. Você pode
ganhar mais dinheiro e encontrar um novo emprego.

Ela recuou e segurou meu rosto em suas mã os.


—Você tem tempo. Você vai descobrir isso.
Senti meus olhos arderem e puxei-a para outro abraço.

—Obrigada.

***
Eu decidi nã o mandar uma mensagem para Bennett antes de
aparecer. Mas agora que eu estava na frente de seu pré dio, olhando
para sua janela escura, me perguntei se isso era uma má ideia. Parecia
um telefonema, algo que eu nunca fiz. Na verdade, nos oito anos em
que Andrew e eu estivemos juntos, nunca tinha sequer pensado em
aparecer sem avisar. Nó s simplesmente nã o tı́nhamos esse tipo de
relacionamento - o que nunca pareceu estranho para mim, até hoje à
noite.
Mas aqui estava eu de pé ; nã o estrague tudo. Nã o adiantou em
repensar no que me senti confortá vel fazendo antes de começar a
analisar as coisas e compará -las ao meu ú ltimo relacionamento.
Respirei fundo e abri a porta do pré dio dele. Pressionando a
campainha chamada Fox, esperei enquanto batia minhas unhas no
metal da caixa de correio embutida embaixo.

Eu pulei quando sua voz veio pelo interfone. —Sim?


Ele estava tã o mal-humorado; Eu nã o pude deixar de sorrir.
—Entrega para o Sr. Fox.

Eu ouvi o sorriso em suas palavras.


—Entrega, né ? O que você tem para mim?
—Tudo o que você está com vontade de fazer.

A campainha tocou, abrindo a porta antes que eu terminasse a


ú ltima palavra. Eu ri, sentindo-me tonta.

Mas quando o elevador subiu, outros sentimentos começaram a


tomar conta. Meu corpo começou a formigar e meu batimento cardı́aco
acelerou. Minha primeira vez chamando-o. Nã o é de admirar que as
pessoas tenham feito uma grande coisa sobre isso.

Quando saı́ do elevador, Bennett esperava no corredor, sem


camisa, encostado no batente do seu apartamento. Ele era a imagem
de confiante e casual, e seus olhos brilharam quando ele me viu
caminhar em direçã o a ele.
Ele pegou um pedaço do meu cabelo rebelde entre o polegar e o
indicador e brincou com ele.

—Tudo o que eu estou com vontade de fazer? Essa é uma


declaraçã o bem grande para uma garotinha. — Sua voz era tã o grossa
e rouca, eu adorei.

Eu me mexi inquieta, sentindo a eletricidade crepitar no ar ao


nosso redor. Tentando juntá -lo, endireitei minha coluna e olhei para
sua imponente ereçã o.

—Eu estou aqui, nã o estou?


A boca de Bennett se curvou em um sorriso lento e perverso.
—Você certamente está .

Eu gritei quando ele me levantou do chã o. No entanto, minhas


pernas pareciam saber o que fazer antes que meu cé rebro se
recuperasse. Elas envolveram sua cintura e cruzaram em suas costas
enquanto ele me levava para dentro de seu apartamento. Seus lá bios
selados sobre os meus enquanto uma mã o enrolou um punhado do
meu cabelo, e ele usou para inclinar minha cabeça onde ele queria.
Completamente perdida no beijo, eu nã o tinha ideia de que
está vamos nos movendo até minhas costas baterem no colchã o macio
atrá s de mim. De alguma forma, conseguimos tirar a maioria das
nossas roupas sem nunca quebrar o contato. Bennett arrastou minha
calcinha pelas minhas pernas e minha respiraçã o era selvagem e
irregular.

Ele tirou o cabelo do meu rosto.


—Uma ú ltima chance... o que eu estou com vontade de fazer?
Você tem certeza?
Eu balancei a cabeça, embora agora eu estivesse um pouco
nervosa.

Seu sorriso perverso retornou quando ele alcançou sua mesa


final e pegou algo da gaveta. Ele ergueu uma garrafa de lubrificante.
—Cheio. Novo em folha. Comprei no caminho para casa esta
noite, no caso de a oportunidade surgir. Devemos estar na mesma
pá gina, querida.
Sua cabeça abaixou para capturar um dos meus mamilos entre os
dentes. Ele puxou até minhas costas se arquearem para fora da cama, e
entã o fechou os lá bios sobre o bico inchado e chupou suavemente.
Quando ele levantou a cabeça para se alinhar com a minha novamente,
eu estava ofegante como um animal selvagem.

Ele mudou de cima para perto de mim, o calor do seu corpo


deixando uma brisa fresca de ar bater no meu corpo. Arrepios
eclodiram em lugares que eu nem sabia que poderia bater. O som da
tampa se abrindo na garrafa de lubrificante me fez pular.
—Eu estou supondo que você é uma virgem anal. Estou certo?

Meus olhos se arregalaram. Eu balancei a cabeça porque formar


palavras seria completamente impossı́vel.

Ele me beijou gentilmente mais uma vez, entã o envolveu um


braço em volta da minha cintura e me virou como se eu fosse uma
boneca de pano.

—De quatro, linda. — Seu braço se levantou e me guiou.


O som da minha respiraçã o irregular encheu o ar ao nosso redor.
Bennett se posicionou de joelhos atrá s do meu traseiro apoiado. Eu
senti como se pudesse explodir de nervos e antecipaçã o. Ele se
inclinou e arrastou uma sé rie de beijos do alto da minha bunda, por
cima da minha espinha, no meu pescoço, e depois mordiscou seu
caminho até o meu ouvido. Seu corpo envolveu o meu, e eu senti seu
pau cutucar meu traseiro.
—Nó s vamos devagar. Eu nã o vou te machucar. Confie em mim.
Eu estive inconscientemente tensa, e o calor e a preocupaçã o em
sua voz ajudaram meu corpo a relaxar um pouco.
Bennett se ajoelhou atrá s de mim e senti minú sculas gotas de um
lı́quido quente começarem a cair no topo da minha bunda. Cada gota
intensificou minha expectativa. Viajando meticulosamente devagar,
eles seguiram o caminho natural entre as bochechas da minha bunda.
Foi o sentimento mais eufó rico que eu já experimentei na minha vida.
Meus dedos começaram a formigar.

—Jesus Cristo, — ele gemeu. —Isso é muito gostoso.


Quando o lubrificante chegou aos meus lá bios, Bennett esfregou
em mim, massageando meu clitó ris e provocando na minha abertura.
Ele se debruçou sobre o meu corpo e usou a outra mã o para virar
minha cabeça para um beijo no exato momento em que seus dedos
empurraram dentro de mim. O calor se espalhou pelo meu corpo
quando ele murmurou: —Eu quero estar dentro de cada parte de você
de uma vez.
Ele mudou seus quadris e substituiu seus dedos com seu pê nis. O
lubrificante e minha excitaçã o o deslizaram para dentro com
facilidade. Ele balançou os quadris algumas vezes, afundando
profundamente, antes de se levantar de joelhos atrá s de mim.
Quando senti a ponta de um de seus dedos circulando sobre o
meu â nus, meu corpo imediatamente se apertou em reaçã o.
—Relaxe. Eu nã o vou te empurrar. Isso é tudo que vou tentar hoje
à noite. Eu prometo. Confie em mim.

Fechei meus olhos e tentei desdobrar o rolo de tensã o dentro de


mim com algumas respiraçõ es profundas. Bennett me deu um pouco
de espaço e lentamente deslizou para dentro e fora de mim algumas
vezes antes de tentar novamente. Na segunda vez, ainda parecia
estranho, mas aceitei e deixei acontecer. Ele massageou e empurrou a
ponta do dedo lentamente para dentro, em unı́ssono com seus quadris.
Eventualmente eu relaxei e comecei a me mover com ele, até mesmo
empurrando para trá s e encontrando seus impulsos. Fiquei chocada
com o quã o bem me senti.
Eu me perdi na sensaçã o de estar cheia e em dar algo tã o especial
a esse homem. Meus braços e pernas começaram a tremer, meu corpo
tremendo em antecipaçã o ao tsunami que começou a rolar atravé s de
mim.

—Bennett...
Ele bombeou com mais força e mais rá pido, ao mesmo tempo em
que retirou o dedo e depois o deslizou até o fim. Quando relaxei o
suficiente, ele acrescentou um segundo dedo. Isso foi o suficiente para
me quebrar. Eu gozei forte e alto - sons vindos de mim que eu nem
reconheci. Quando achei que poderia entrar em colapso, Bennett
passou um braço pela minha cintura para me manter firme e bombear
para dentro de mim com mais força. Com um rosnado voraz, ele se
inclinou, enterrou a cabeça no meu cabelo e derramou dentro de mim.
Nó s dois está vamos encharcados de suor quando caı́mos na
cama. Bennett, ciente de seu peso, rapidamente rolou de minhas
costas, e nó s dois lutamos para recuperar o fô lego.
Meu cabelo estava grudado ao lado do meu rosto. Empurrando
isso, eu rolei para as minhas costas.
—Uau.

Bennett se apoiou no cotovelo e olhou para mim. Ele se inclinou


para um beijo gentil, depois esfregou meu lá bio inferior com o polegar.

—Obrigado porque seu ex é um idiota e nã o tinha ideia do que


você gostava.
Eu dei um sorriso bobo.
—Eu nã o acho que sabia també m. — Ele me beijou novamente.
—E meu grande prazer ajudar você a descobrir isso. —

—Acabei de fazer meu primeiro contato. — Eu balancei minhas


sobrancelhas. Bennett riu.
—Nome muito apropriado, você nã o acha?

Capítulo 37
Bennett
Satisfação.
Na ú ltima meia hora, eu estava deitado aqui tentando descobrir a
ú ltima vez que senti esse sentimento. Se algué m me perguntasse há
alguns meses, eu teria dito que sentia isso toda vez que fazia sexo -
aquele relaxamento pó s-orgá stico que toma conta do seu corpo. Mas
eu estaria errado.

Isso era saciado. Eu nã o tinha percebido até agora que havia uma
diferença entre sentir-se satisfeito e saciado. Mas existe - um maldito
grande. Satisfeito é aquela sensaçã o de satisfaçã o que você sente
depois de uma boa refeiçã o quando estava morrendo de fome. Ou
quando você está com tesã o como merda e você recebe um
lançamento que drena a vida de você . Claro, eu estava esgotado agora;
nã o me entenda mal. E també m me senti satisfeito. Mas eu nã o estava
satisfeito. Satisfeito satisfaz uma fome que sempre volta. Saciado faz
com que você sinta que nã o precisa de mais nada. Nunca.
E isso é fodido.

No entanto, no momento, eu nã o dava a mı́nima como era que eu


me senti assim. Na verdade, pela ú ltima meia hora, eu tive que mijar.
Mas eu nã o, porque eu estava com medo quando meus pé s tocassem
no chã o, esse sentimento poderia ter sumido novamente.
A cabeça de Annalice descansou no meu peito, enquanto eu
acariciava seus cabelos. Seus dedos traçaram um pequeno cı́rculo ao
redor do meu abdô men.

—Posso te perguntar uma coisa? — Sua voz era baixa.


—Sim. Eu posso ir de novo. Apenas mova a mã o um pouco para o
sul por um minuto.
Ela deu uma risadinha e bateu no meu estô mago.

—Isso nã o é o que eu ia perguntar. — Ela fez uma pausa, e sua


voz ficou sé ria. —Mas você poderia realmente fazer isso de novo? Já
fizemos duas vezes desde que cheguei aqui.
Eu peguei a mã o dela e empurrei-a para o meu pau. Eu ainda
estava semi-ereto apó s o ú ltimo round.

—Ummm… eu acho que você pode ter um problema. E preciso


esvaziar de vez em quando, você sabe.

—Bem, agora que estamos falando do meu pau, ele sabe disso, e
ele está ainda mais acordado, por isso, se você tiver uma pergunta real,
é melhor perguntar rapidamente. Sua boca vai estar cheia demais para
falar em um minuto.

Annalice apoiou a cabeça em seu punho, que descansou no meu


peito.

—O que você acha que aconteceria se nã o tivé ssemos uma data
de validade?
Eu congelei.
—O que você quer dizer?

—E se nó s apenas trabalhá ssemos juntos e um de nó s nã o


estivesse se mudando logo? Você acha que farı́amos isso daqui a um
ano?
Eu nã o queria ferir seus sentimentos, mas precisava ser honesto.
As palavras normalmente vinham do meu cé rebro, mas parecia que
esta rasgou e subiu do meu coraçã o.
—Nã o.
Ela fechou os olhos e assentiu.

—OK.
Porra.
Ela virou a cabeça e descansou de volta no meu peito. Alguns
minutos depois, senti a umidade na minha pele.
Porra. Porra.

Ela estava chorando. Fechei meus olhos e respirei fundo algumas


vezes. Entã o eu rolei até que ela estava de costas e eu podia falar com
ela cara a cara. Eu limpei uma lá grima com o polegar. Ela olhou por
cima do meu ombro em vez de olhar para mim.

—Ei. Olhe para mim.


Eu odiava que seus olhos estivessem cheios de dor quando
encontraram os meus. Dor que eu causei.
—A resposta tem tudo a ver comigo e nada a ver com você . Você
é …
Eu raramente ficava sem palavras. Mas eu nã o tinha nenhuma
para descrever com precisã o o que pensava dela. No entanto, sabia que
era importante que minha mensagem passasse. Ela acabou de sair de
um relacionamento de longo prazo e precisava saber o que era.
—Você é tudo, Annalice. Eu conheci dois tipos de mulheres na
minha vida: todas as mulheres lá fora. E você .
—Entã o eu nã o entendo...
—Você me perguntou se as coisas eram diferentes, se nó s
estarı́amos fazendo isso daqui a um ano. Estou sendo honesto. Nó s nã o
estarı́amos. Mas eu nã o quero que você pense que é porque eu nã o
seria o filho da puta mais sortudo se eu tivesse que mantê -la na minha
cama por tanto tempo. Porque eu faria. Mas algumas pessoas
simplesmente nã o sã o cortadas a longo prazo.

—Por que nã o?


A verdade é que elas nã o merecem isso. Mas eu nã o podia dizer
isso a Annalice. Ela passava o ú ltimo minuto do tempo que nos
separá vamos tentando provar que eu estava errado.
Eu desviei o olhar, porque eu nã o conseguia olhar nos olhos dela
e mentir.
—Porque eu gosto de ser solteiro. Eu gosto da minha liberdade e
nã o ter que responder a ningué m ou ter qualquer responsabilidade.
Você quer velas e flores no Dia dos Namorados e merece o que deseja.
Ela engoliu em seco e acenou com a cabeça. Decidi que já era
hora de responder à ligaçã o da natureza.
—Eu vou ao banheiro e pegar algo para beber. Você quer algo?

—Nã o, obrigada, — ela sussurrou tristemente.


Infelizmente, eu nã o estava errado. Quando meus pé s caı́ram no
chã o, meu sentimento de satisfaçã o desapareceu há muito tempo.

***

Ela me evitou por dias depois disso.

E eu a deixei. Nó s nã o está vamos brigando ou chateados um com


o outro. Quando passamos pelo corredor, colocamos sorrisos falsos, e
ela inventou alguma desculpa sobre uma consulta que teve que correr,
que eu sabia por perseguir sua agenda que ela nã o tinha. No entanto,
eu nã o liguei para ela. Nã o havia sentido.
Começava a parecer que nosso relacionamento tinha seguido seu
curso natural, e a melhor noite de sexo da minha vida acabara sendo
nossa cançã o de cisne. Era provavelmente o melhor - colocar um
pouco de espaço entre nó s e facilitar as coisas. Nossas apresentaçõ es
para a Star eram na pró xima semana e o Pet Supplies foi marcada para
o começo da semana seguinte. Qual foi o ponto de manter as coisas?
No entanto, eu nã o consegui me conter.
Sua porta estava fechada, mas eu sabia que ela ainda estava lá .
Nó s é ramos os ú nicos dois no escritó rio à s nove horas da noite de
quinta-feira. Eu també m estava morrendo de fome.

Eu bati na porta do seu escritó rio depois de vasculhar a


geladeira.
—Entre.
Eu levantei um sanduı́che na minha mã o.
—Você está com fome? Eu vou dividir com você .
Ela suspirou.
—Faminta, na verdade.

Fui até a mesa dela e entreguei a ela metade de um PB & J.


Annalice lambeu os lá bios e pegou, embora parasse a meio
caminho da boca.
—Espere... isso é seu, certo?
Eu sorri abertamente.
—Apenas coma. Eu vou entrar de manhã cedo e substituı́-lo.
Ela olhou ansiosamente para o sanduı́che e de volta para mim.

—Isso é da Marina, nã o é ?


Eu mordi metade da minha metade em uma mordida gigantesca e
falei com a boca cheia.
—Mmmmm. E tã o bom pra caralho.

Os cantos de seus lá bios se contraı́ram, mas ela mordeu a metade


dela de qualquer maneira.
—Você está me corrompendo.
—Eu pensei que você estava se divertindo comigo corrompendo
você . — Eu inclinei minha cabeça. —Mas você parece ter estado muito
ocupada para isso nos ú ltimos dias.
O sorriso de Annalice caiu.
—Oh. Desculpa. Eu estive... ocupada.
Eu olhei para a mesa dela. Seu laptop estava fechado e uma pilha
de arquivos empilhados.
—Parece que você está acabando. — Eu peguei seu olhar. —
Entã o, isso significa que você está livre hoje à noite?
Ela olhou para mim por alguns segundos e, em seguida, levantou
uma mã o para cobrir sua boca enquanto a abria para um ó bvio bocejo
fingido.
—Eu estou realmente acabada. Talvez outra noite.

Eu sabia que ela mentiu mesmo antes de sua pele começar a


corar, mas eu a deixei sair do gancho de qualquer maneira.

Eu balancei a cabeça.
—Sim. Certo. Estou cansado també m.

**

Eu nã o estava mentindo. Eu estava cansado.


Ainda assim nã o fui para casa.
Em vez disso, fui até o bar mais pró ximo do escritó rio e pedi um
scotch duplo. E depois outro. E depois outro. Até que o garçom me
disse que só me daria um ú ltimo drinque se eu lhe entregasse meu
celular.
Eu joguei no bar e joguei minhas palavras. —Essa é uma bebida
cara. Mas vá em frente... guarde. Apenas me dê a maldita coisa.
O barman pegou meu celular em uma mã o e serviu-me uma
bebida com a outra. Ele levantou uma sobrancelha.
—Qual é o nome dela?
—Annalice. — Eu ri maniacamente. —Ou Sophia. Faça a sua
escolha. — Eu inclinei meu copo em direçã o a ele, e metade dele
derramou no bar. —E ela parece muito bem em um chapé u de cowboy.
—Sobre qual estamos falando? Annalice ou Sophia?

—Annalice. Mulher bonita. Apenas maravilhosa. — Eu engoli um


grande gole da minha bebida.

—Tenho certeza que ela é . Estou te chamando um Uber. Para


onde você vai depois daquela bebida?
—Ela acha que eu sou um idiota.
O barman estoico suspirou.
—Tenho certeza que ela pode estar certa sobre isso. A que
endereço você vai, amigo?
—Eu nã o a mereço.
—Tenho certeza que nã o. E aquele endereço?

Eu derrubei o conteú do do meu copo.


—Você é casado?
Ele levantou a mã o esquerda.
—Dezesseis anos.
—Como você sabia que a amava?
—Se você me der um endereço para ligar para este maldito Uber,
eu vou te contar como eu sabia.
Eu falei o endereço. Ele digitou no meu celular e depois deslizou
para o outro lado do bar para mim.
—Você sabe que, se você ama alguma coisa, liberte-a e ela voltará
para você ?
—Sim.

Ele balançou sua cabeça.


—Bem, isso é um monte de merda. Se você ama algué m e a
liberta, ela pode voltar com herpes. Entã o se supere e tranque essa
merda antes que você receba uma doença sexualmente transmissı́vel.
—Ele fez uma pausa. —Seu Uber estará aqui em quatro minutos, entã o
você deve começar a levar seu traseiro bê bado para o meio-fio agora.

***

—Estamos aqui.
A voz do motorista me acordou. Caindo no banco de trá s, devo ter
cochilado na curta viagem para casa.
Eu balancei a cabeça.

—Sim. Obrigado, cara.


Levei algumas tentativas, mas consegui encontrar a maçaneta da
porta e abrir a maldita coisa. Eu até tropecei sem cair no meu rosto. O
motorista do Uber nã o deve ter ficado tã o impressionado com o quã o
bem eu fiz, porque ele nã o ficou por perto para me ver chegar até a
porta. Ele teve seu pé pressionado no acelerador para dar o fora dali
antes que eu pudesse terminar de balançar o suficiente para andar os
trê s degraus até o meio-fio. Mas eu acenei adeus de qualquer maneira.
De alguma forma, fiz meu caminho até a porta da frente.
Felizmente, quando quase cem quilos se inclinam para a frente a ponto
de cair, isso també m aumenta muito o impulso. Passei cinco minutos
tentando colocar a chave na fechadura, mas a maldita coisa nã o abria.
Eu comecei a pensar que algué m tinha vindo para minha casa e
trocado a porra da fechadura.
Dei um passo para trá s e olhei para a porta, tentando dar uma
boa olhada na fechadura. Mas entã o a porta se abriu.
Que porra é essa?
Tropeçando de volta, pisquei algumas vezes.
—Que diabos você está fazendo? — Fanny puxou o roupã o
apertado.
Eu fui para a casa errada?

Porra.
Talvez eu nã o tenha.
—Eu nã o queria machucá -la. — Eu balancei para frente e para
trá s. —Eu nã o sabia como ela se sentia.
—E depois da meia-noite. Eu deveria ligar para a maldita polı́cia.
Eu olhei para baixo e engoli o nó na garganta.
—Eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo.

Eu disse as palavras tantas vezes oito anos atrá s. Eles nã o


fizeram nada por nenhum de nó s naquela é poca. Mas o que eu
esperava? Perdã o? O perdã o nã o muda o passado.
—Você quer que eu diga que está tudo bem? Nã o está . Lucas me
contou sobre a garota que você levou para a Disney. Você quer que eu
aceite seu pedido de desculpas para que você possa seguir em frente
sem uma consciê ncia culpada? E disso que se trata? Minha filha nã o
conseguiu seguir em frente, nã o é ?
Nã o, ela nã o fez. Eu balancei a cabeça.
—Eu sinto muito.
—Você sabe o que desculpa faz?
Eu olhei para cima e encontrei seus olhos irritados.
—O que?

—Nada.
A porta bateu na minha cara antes que eu pudesse dizer outra
palavra.
Capítulo 38

1º de dezembro

Caro eu,
Nós estamos grávidos.

Não é exatamente o que nós planejamos, né?


É uma longa história, mas aconteceu quando fomos a Minnetonka
com a mamãe há dois meses. Lembra do cara fofo que conhecemos no
bar quando escapamos depois que a mamãe foi dormir?
Sim. Esse é ele.

Ele parecia um cara tão legal.


Até que aparecemos em sua casa para dizer a ele que estávamos
grávidos há duas semanas e...
… Sua esposa atendeu a porta.

A esposa dele! O idiota disse que ele nem tinha namorada!


Nós ainda não contamos a mamãe. Ela não vai ficar feliz.

A única pessoa no mundo que sabe é Bennett. No dia seguinte que


contei a ele, ele foi para casa no final de semana para ter certeza de que
estávamos bem. Nós fingimos estar. Mas nós não estávamos, na verdade.
Eu secretamente gostaria que estivéssemos carregando o bebê de
Bennett. Ele seria tão bom para nós e um bom pai. Eu realmente amo ele
- diferente do jeito que os melhores amigos deveriam se amar.

Este poema é dedicado a Lucas ou Lilly.


Trovão quebra acima
nuvens negras se reúnem no céu

o sol brilhará um dia

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.

Anonimamente,
Sophie

Capítulo 39
Bennett
Parecia que uma banda marcial tinha se instalado dentro do meu
crâ nio.

A batida monó tona aumentou até a sessã o de jam de percussã o


toda vez que tentei levantar a cabeça do travesseiro.
O que diabos eu bebi ontem à noite?

E que horas sã o?


Eu senti em volta da minha mesa de cabeceira por meu telefone,
mas nã o estava lá . Rolando, eu abri um olho e encontrei um fluxo de
luz entrando pelas persianas.
Deus. Eu protegi meus olhos. Essa porra dó i.

Forcei-me a levantar da cama, fui ao banheiro e peguei trê s


Tylenol do armá rio de remé dios, engolindo-os. No caminho de volta,
encontrei meu celular no chã o do quarto, ao lado das roupas que usei
ontem.

8:45 Merda. Eu precisava arrastar minha bunda para o escritó rio.


No entanto, voltei para a cama. O Tylenol precisava funcionar antes
que eu pudesse fazer isso. Eu peguei meu telefone com a intençã o de
enviar um e-mail para Jonas para que ele soubesse que eu estaria
atrasado, mas ao invé s disso eu encontrei um monte de chamadas
perdidas.

Duas de Fanny esta manhã e trê s de Annalice ontem a noite.


Que diabos Fanny quer? Nunca era uma coisa boa quando ela
ligava.

Eu estava prestes a apertar ignorar quando pedaços da noite


passada começaram a rastejar de volta, pouco a pouco.
Muito scotch.
Uber
Aparecendo na casa de Lucas e rastejando para Fanny.
Chamando Annalice do meio-fio em frente a Fanny.

Eu fechei meus olhos. Jesus Cristo.


Eu a despertei para pedir desculpas.

E dizer a ela que eu achava que ela era linda.


E inteligente.

E engraçada.
E…
Que eu queria transar com ela usando um chapé u de cowboy e
saltos desde a primeira vez que ela bateu sua bunda sexy no meu
escritó rio e me respondeu de volta.
Porra.

Passei os minutos seguintes respirando de forma descontraı́da


que nã o funcionou e, em seguida, pressionei na chamada perdida de
Annalice. Eu precisava me desculpar antes de lidar com Fanny.

Ela respondeu no primeiro toque.


—Como você está se sentindo está linda manhã ?
Eu gemi.

—Como se eu tivesse sido atropelado por um rolo compressor e


o bastardo se recusou a voltar e terminar o trabalho.

Ela riu.
—Bem, eu estou feliz que você esteja bem. Eu estava começando
a ficar preocupada. Eu percebi que você nã o estaria com muito humor
para a sua corrida matinal, mas nove horas é como o meio dia para
você .
—Sim. — Eu esfreguei minha mã o livre sobre o meu rosto. —
Ouça. Me desculpe pela noite passada.

—Está tudo bem. Nã o é nada demais. Eu te chamei na semana


passada. Você tem direito a uma ou duas ligaçõ es gratuitos.

Eu meio que sorri.


—Obrigado. Você pode me fazer um favor e deixar que Jonas
saiba que eu vou chegar tarde? Digamos que estou trabalhando em
casa esta manhã para terminar a apresentaçã o da Star ou algo assim.
—Certo. Claro.

—Obrigado.

Depois que desliguei, ouvi a mensagem de voz de Fanny. Nã o


surpreendentemente, ela nã o era tã o compreensiva quanto parecia ser
Annalice. Mas eu precisava levantar minha bunda. Entã o eu cliquei em
ligar em seu nome, esperando que talvez ela nã o respondesse.
Nenhuma sorte.

Fanny me soltou durante cinco minutos sem respirar.

—Você quer se desculpar com algué m, peça desculpas a Lucas.

Eu fechei meus olhos.


—Eu acordei ele?

—Você com certeza fez. E aparentemente o pequeno fofoqueiro


estava ouvindo. Ele queria saber o que você fez de errado pelo qual
estava se desculpando.

Porra.

—O que você disse para ele?


—Eu disse a ele para voltar para a cama e faları́amos sobre isso
depois da escola hoje.

—Você nã o pode, Fanny. Isso nã o pode vir de você . Ele precisa
ouvir isso de mim.

—Entã o eu acho que você vai ter uma conversa com ele em breve.

Eu passei meus dedos pelo meu cabelo.


—Ele é jovem demais. Vai machucá -lo demais.

—Deveria ter pensado nisso oito anos atrá s, nã o deveria? Talvez
você tivesse prestado um pouco mais de atençã o.
—Fanny...

—Eu vou deixá -lo saber que você vai ter uma conversa com ele
quando você o ver no pró ximo fim de semana. — —Mas... — Ela
interrompeu novamente. —E se você nã o fizer, eu vou.

Clique.
Capítulo 40
Bennett
—Boa sorte.

Annalice tinha as mã os cheias, entã o eu abri a porta da sala de


conferê ncias.
—Obrigada. — Ela colocou seus materiais de apresentaçã o na
longa mesa. —Mesmo que eu tenha certeza que você realmente nã o
quis dizer isso.

Eu dei um sorriso genuı́no pela primeira vez em dias. Eu


realmente quis dizer isso, mesmo que eu desejasse que nã o. Merda,
seria muito mais fá cil se nã o quisesse vê -la bem-sucedida.

Eu acabei de terminar minha apresentaçã o final para Star, e a


equipe deles fez uma pausa enquanto eu limpava minhas coisas e
Annalice preparava sua vez.
—Como foi? — Ela perguntou.

Eu arrasei, mas eu nã o queria a machucar. Em vez de me


regozijar como o meu eu antipá tico normal, encolhi os ombros.

—Ok, eu acho.

Ela olhou para mim.

—Apenas bem?
Olhei para o reló gio.

—Eles nã o vã o voltar por mais vinte minutos. Você quer fazer
uma demonstraçã o para mim?

—Você quer dizer te mostrar meus conceitos?


—Claro. — Eu dei de ombros. —Meu turno acabou. Eu nã o posso
roubar nenhuma das suas ideias, mesmo que eu quisesse.
Annalice mastigou o lá bio inferior.

—Certo. Por que nã o? Normalmente nã o estou tã o nervosa, mas,
por algum motivo, está me assustando um pouco.

Ela montou suas pranchas e me acompanhou em sua


apresentaçã o. Eu olhei, hipnotizado por como ela começou com nervos
tã o visı́veis, mas ainda assim conseguiu fazer uma apresentaçã o
incrı́vel. Meu instinto me disse que seus conceitos nã o iriam ser tã o
bons quanto os meus, mas eu queria aumentar o ego dela, nã o
destruir, entã o eu a elogiei.

—Bom trabalho. Suas cores trouxeram uma familiaridade de sua


empresa mã e, mas você criou uma identidade inteiramente nova para
a Star.

Ela ficou um pouco mais alta. Entã o eu continuei.

—E eu gosto do slogan. A brincadeira com as palavras é


inteligente també m.

—Obrigada. — Annalice começou a parecer desconfiada, entã o


reduzi a lisonja para algo mais do meu estilo habitual.
—Sua bunda també m parece fenomenal nesta saia.

Ela revirou os olhos, mas eu peguei o pequeno sorriso que ela


tentou esconder. Eu fiz o meu trabalho aqui. Sua confiança instá vel
havia sido confirmada.

Jonas entrou na sala de conferê ncias. —Está tudo pronto,


Annalice?
Ela olhou para mim e depois para Jonas, com um sorriso.

—Claro que sim.

No caminho para fora da sala de conferê ncias, eu me inclinei para


sussurrar alguns pensamentos de despedida para o meu inimigo.
—Que tal uma pequena aposta? Eu ganho, você vai se debruçar
sobre a minha mesa mais tarde. Você vence, vai ficar de joelhos sob a
minha.
—Puxa, que prê mio para mim.

Eu sorri.
—Boa sorte, Texas.

***

No final do dia, Jonas bateu na porta do meu escritó rio.

—Tem um minuto?
Joguei meu lá pis sobre a mesa, feliz pela distraçã o. Minha
concentraçã o tinha sido uma merda toda a tarde.

—Entre.
Ele fechou a porta atrá s de si - nã o era algo que Jonas fazia com
frequê ncia. Tomando um assento na cadeira do outro lado da minha
mesa, ele soltou um grande suspiro.
—Há quanto tempo nos conhecemos agora? Dez anos?

Dei de ombros.
—Algo assim.
—Durante todo esse tempo, nunca vi você tã o estressado quanto
esteve na ú ltima semana ou duas.
Ele estava certo sobre isso. Meu maldito pescoço doı́a de tensã o,
mesmo quando eu acordei de manhã .

—Há muito em jogo. — Muito mais do que esta competiçã o


deveria ser.
Jonas assentiu.
—E por isso que estou lhe dizendo isso em confiança hoje. Eu
devo a você tirar você da sua misé ria o mais rá pido possı́vel, depois do
quanto você trabalhou comigo todos esses anos.
O que ele estava dizendo?

—OK…
Ele sorriu sem entusiasmo.

—Falei com a equipe da Star antes de eles saı́rem há pouco


tempo. Eles estã o indo com sua campanha. Foi a escolha unâ nime de
toda a equipe.
Eu deveria ter sentido aliviado e festejar, mas a vitó ria parecia
vazia. Forcei um sorriso feliz.
—Isso é ó timo.

—Essa nã o é a ú nica boa notı́cia. A Billings Media també m me


disse oficialmente que planeja concorrer com seu discurso. Eles
també m entraram em contato com nosso CEO e disseram que ficaram
impressionados com o seu trabalho ao longo dos anos. Eu nã o pedi a
eles para fazer isso també m. Eles fizeram isso sozinhos porque você
trabalha duro.
—Uau. OK.

—Eu nã o acho que preciso dizer a você o que isso significa. O
conselho vai votar formalmente em todas as reestruturaçõ es e
demissõ es de pessoal de gestã o sé nior, mas é apenas uma formalidade
neste momento. Você ganhou dois de trê s, entã o o terceiro nã o é
necessá rio. Você vai ficar parado, Bennett. — Jonas deu um tapa no
joelho e usou como equilı́brio para se levantar. —Annalice será
transferida para o escritó rio de Dallas. Mas vamos esperar até depois
das apresentaçõ es do Pet Supplies para dar a notı́cia.

Eu esfreguei o nó na parte de trá s do meu pescoço.


—Obrigado por me avisar, Jonas.

Ele deixou a porta aberta atrá s dele ao sair.


Eu ganhei.

Tudo o que eu queria há dois meses era meu para guardar. No
entanto, eu nã o poderia ter me sentido mais infeliz. Isso me fez
questionar se eu realmente sabia o que queria começar. Porque agora
nã o conseguia imaginar querer nada que levasse Annalice a mil milhas
de distâ ncia.
Uma hora depois, eu ainda estava olhando para o espaço quando
Annalice apareceu com o casaco.

—Obrigada pela demonstraçã o desta tarde. Isso fez com que


minha apresentaçã o fosse mais suave.
Eu balancei a cabeça.

—Sem problemas. Que bom que correu tudo bem.


Seus lá bios se curvaram em um sorriso duvidoso.

—Com certeza. Enfim, eu estou indo encontrar Madison em


algum restaurante nepalê s - o que quer que seja. Ainda vamos jantar
amanhã à noite?

Eu esqueci completamente que ela deveria me fazer o jantar em


sua casa.
—Certo. Soa bem. —Pode ser uma das ú ltimas noites que temos.

Annalice tirou as chaves da bolsa e inclinou a cabeça.


—Você está bem?

—Bem. Só cansado.


—Bem, descanse um pouco esta noite. — Ela sorriu. —Porque
você nã o vai conseguir nada em minha casa amanhã .
Capítulo 41
1 de abril
Caro eu,

Está na hora.
Nestes ú ltimos meses, desde que Lucas e eu nos mudamos com
Bennett, eu tenho sido mais feliz do que eu tenho em toda a minha
vida. Mas esta manhã , observando Bennett rir e brincar com Lucas,
finalmente decidi. Nó s já é ramos como uma famı́lia de muitas
maneiras. Talvez ele pudesse me amar de volta do jeito que eu o amo?
Ele acabou de receber uma promoçã o em seu novo emprego -
depois de apenas um ano de trabalho lá . Ele está mais resolvido agora.

Eu tenho que pelo menos tentar. Dizer-lhe como me senti por


tanto tempo agora.
Que mal poderia fazer?
Nã o me lembro da ú ltima vez que fiquei tã o animada. Espero que,
quando eu escrever no mê s que vem, algo mude na vida entre Bennett
e eu.

Este poema é dedicado a Bennett.

Duas videiras crescendo alto uma envolve a outra apertado


Entrelaçadas ou estranguladas

Esta carta irá se autodestruir em dez minutos.


Anonimamente, Sophie
Capítulo 42
Bennett
Eu nã o consegui dormir novamente.

Você se lembra de —The Tell-Tale Heart, — de Edgar Allan Poe?


Você provavelmente leu no ensino mé dio. Nã o? Bem, deixe-me dar-lhe
a versã o curta. Um cara mata outro cara e enfia seu corpo sob as
tá buas do assoalho. Ele fica ouvindo os batimentos cardı́acos do cara
morto por baixo do chã o por causa da culpa que sua consciê ncia
deposita nele. Ou isso, ou o cara é maluco - eu nunca tinha certeza.
De qualquer forma, sou eu - com uma pequena modificaçã o. Eu
estou vivendo —The Smell-Tail Heart, — de Bennett Fox. Eu joguei e
virei metade da maldita noite, o cheiro de Annalice tã o pesado no meu
travesseiro que depois de duas horas tentando dormir, levantei-me e
tirei da cama. Eu també m peguei um travesseiro de reserva que eu
tinha colocado na parte de trá s do meu armá rio - um dos quais
Annalice nunca tinha colocado um dedo - e joguei os lençó is ofendidos
no corredor.

Thump-thump
Deitado em um colchã o nu, usando um travesseiro sem fronha,
eu ainda sentia o cheiro dela. Nã o poderia nem ser fisicamente
possı́vel. Mas o cheiro dela nã o diminuiu nem um pouco. Eu bati no
travesseiro com o punho para afofar.

Thump-thump

Eventualmente, eu saı́ da cama e procurei na maldita sala. Ela


tinha que ter deixado um frasco de perfume em algum lugar. Puxei
tudo para fora das mesinhas de cabeceira, tomei um cheiro da garrafa
de lubrificante inodoro e verifiquei debaixo da cama.

Nenhum perfume maldito.

Thump-thump
***

Na manhã seguinte, minha bunda se arrastou. Pelo menos era


sá bado, entã o eu nã o precisava ir ao escritó rio. Embora eu preferisse
isso ao pensamento de conversar com Lucas hoje. Eu tinha que ser um
sá dico, ou era um masoquista? Eu sempre confundi esses dois.
Independentemente do que você chamasse, o momento parecia ser
uma coincidê ncia fodida. Eu estava prestes a ferir as duas pessoas na
minha vida que eu realmente dava a mı́nima.

Fanny me encontrou na porta com uma carranca. Eu nã o poderia


ter ficado mais emocionado quando ela nã o disse nada, bateu a porta
na minha cara, e gritou no andar de cima de sua maneira usual e
amigá vel.

Lucas era seu eu normal e despreocupado. Ele saiu e fizemos


nosso habitual aperto de mã o.

Entã o seu nariz se encolheu quando ele olhou para mim.


—Você está doente ou algo assim?

—Nã o. Por que você diz isso?

Ele desceu os dois degraus da varanda em um gigantesco salto.

—Você parece com uma crosta. E você apareceu na nossa casa no


meio da noite no outro dia, e você nã o parecia tã o bem.
—Sim. Me desculpe por isso. Eu nã o queria te acordar.

Ele encolheu os ombros.

—Vovó disse que você queria falar comigo sobre algo.

Eu respirei fundo e deixei sair.

—Sim. Temos que conversar um pouco hoje.


Depois que entramos no carro e colocamos o cinto de segurança,
Lucas se virou para verificar o banco de trá s. —Nenhuma vara de
pesca?
Eu balancei a cabeça.

—Nã o hoje, amigo. Eu quero te levar a algum lugar.


Ele franziu a testa.
—OK.

Durante a viagem até o porto de barcos, tentei fazer conversa


fiada, mas tudo pareceu forçado. Minhas mã os começaram a suar
enquanto eu estacionava. Talvez nã o tenha sido uma boa ideia falar
com ele sobre a mã e dele, afinal. Ele ainda era muito jovem. Fanny
provavelmente tinha um preço para manter a boca fechada. Pode levar
o conteú do da minha conta bancá ria, mas no momento, parecia um
bom investimento. Colocar isso seria melhor para Lucas - ele ainda é
muito jovem.
Assim que esse pensamento passou pela minha cabeça, Lucas
esticou os braços sobre a cabeça em um bocejo gigante. Suas axilas
estavam cobertas de pelos.
Sim. Boa tentativa. Esta era uma discussã o que ele provavelmente
merecia ter anos atrá s, mas eu fui muito egoı́sta.

Entramos no estacionamento e Lucas olhou pela janela para a


baı́a e o pı́er pró ximo. Algumas pessoas estavam pescando nas rochas.
—Onde estamos?, — Ele perguntou. —Por que nã o trouxemos
uma vara?
—Porque hoje é sobre escutar. Vamos, quero te mostrar um lugar.
Nó s descemos o cais. Quando nos aproximamos do nosso destino,
comecei a ouvir o som e sorri.
—Você ouviu aquele barulho?, — Perguntei.
—Sim. O que é isso?

—E chamado de ó rgã o das ondas. Este era o lugar favorito da sua


mã e quando é ramos adolescentes. Ela costumava me arrastar aqui o
tempo todo.

O Wave Organ era uma escultura acú stica ativada por ondas
localizada ao longo da baı́a. Feito principalmente a partir dos
escombros de um cemité rio demolido, parecia mais ruı́nas antigas do
que uma exposiçã o de arte e mú sica. Vinte e poucos tubos de PVC e
tubos de concreto estavam localizados em todo o granito esculpido e
peças de má rmore, criando som que vinha do movimento da á gua
abaixo.

Lucas e eu nos sentamos em pedras quebradas em frente uma da


outra e ouvimos os sons sutis.
—Nã o é realmente mú sica. — Seu rosto enrugou-se.

Eu sorri.
—Isso é o que eu costumava dizer a sua mã e. Mas ela me disse
que eu nã o escutava bem o suficiente.

Lucas se concentrou por um minuto, tentando ouvir algo


diferente do som que trazia uma concha até o ouvido. Ele encolheu os
ombros.

—Está bem. Seria melhor com uma vara de pescar.


Eu concordei com o sentimento dele.

Eu sempre estive cuspindo para fora, diga o que está pensando,


cara, mas eu nã o consegui descobrir como mergulhar na conversa que
eu o trouxe aqui para ter. Aparentemente, Lucas sabia que algo estava
em minha mente.

Ele pegou uma pequena pedra e a jogou na á gua.


—Vamos ter os pá ssaros e as abelhas conversando ou algo assim?
Eu ri.

—Eu nã o estava planejando isso hoje. Mas se você quiser, nó s
podemos.

—Tommy McKinley já me contou tudo sobre coisas assim.


—Tommy é o garoto cheio de espinhas que cheira a um hamster
que levamos ao cinema há alguns meses? Aquele que amarrou os
pró prios cadarços e caiu.

Lucas riu.
—Sim, isso é Tommy.

Oh, definitivamente precisá vamos ter essa conversa.


—Estou supondo que a experiê ncia de Tommy com as garotas é
praticamente zero. Entã o, por que nã o temos essa conversa na
pró xima semana? Eu queria falar com você sobre sua mã e hoje.
—Entã o o que tem ela?
De repente, senti tontura. Como eu disse a esse garoto que eu
adorava arruinar sua vida? Minha boca ficou seca.
—Você sabe que sua mã e e eu é ramos melhores amigos, certo?

—Sim. Mesmo que isso seja estranho. Quem quer ser o melhor
amigo de uma garota quando você é criança?
Eu murchei um sorriso. Nã o havia uma maneira fá cil de confessar
esse garoto. Eu prefiro ver uma onda gigante me lavar sobre a rocha
que eu estava sentado e me levar para o mar do que terminar esta
conversa. Mas olhei para Lucas esperando.
Como um covarde, olhei para baixo.

—Você sabe que sua mã e morreu em um acidente de carro.


—Sim. — Ele balançou a cabeça. —Eu nã o me lembro, no
entanto, realmente. Apenas muitas pessoas continuaram vindo para
nossa casa.
Eu balancei a cabeça.

—Sim. Muitas pessoas realmente amavam sua mã e.


Quando fiquei quieto de novo, ele perguntou:

—E isso que você queria me dizer?


Eu olhei para cima e encontrei os olhos de Lucas tã o cheios de
inocê ncia e confiança - confiança que ele tinha em mim por onze anos,
confiança em que eu estava prestes a quebrar.

—Nã o, amigo. Preciso te contar uma coisa sobre o acidente.


Ele esperou.

Nã o havia como colocar a rolha na garrafa depois disso. Tomei


uma ú ltima respiraçã o profunda.
—Eu deveria ter dito isso há muito tempo. Mas você era muito
jovem, ou eu estava com muito medo de dizer a você , ou talvez os dois.
—Eu desviei o olhar, depois voltei para Lucas para dar o golpe. —Era
eu quem dirigia o carro na noite do acidente. Sua mã e e eu, nó s
tivemos uma grande discussã o e... Chovia muito. Uma grande á rvore
precisava ser cortada e cobria parcialmente um sinal de parada. Eu
nã o vi até estarmos quase no topo. Eu pisei nos freios, mas o chã o
estava molhado...
A expressã o no rosto de Lucas mudou imediatamente. Pareceu
demorar uma eternidade para ele engolir o que eu disse, para permitir
que ele se registrasse completamente. Mas quando finalmente
aconteceu, ele se levantou.

—E por isso que você passa todo esse tempo comigo? — Sua voz
estava cheia de má goa, e quanto mais ele falava, mais alto ele ficava. —
Você se sente culpado por matar minha mã e? E por isso que você vem
me visitar a cada duas semanas e pagar minha avó ?

—Nã o. Nã o é nada disso.


—Você é um mentiroso!

—Lucas...

—Apenas me deixe em paz! — Ele saiu correndo pelo pı́er.


Eu o chamei algumas vezes, mas quando ele parou no caminho
para pegar pedras e arremessá -las na á gua, achei que seria melhor
dar-lhe algum espaço para pensar. Ele normalmente nã o ficava
chateado falando sobre sua mã e, mas o que eu disse a ele foi muito
para absorver e provavelmente abriu muitas feridas antigas, junto com
a criaçã o de novas.
Lucas nã o falou comigo pelo resto da tarde. Mas ele també m nã o
me pediu para levá -lo para casa mais cedo. Entã o eu nã o fiz. Em vez
disso, parei na loja e peguei uma vara barata e alguns equipamentos e
levei-o para um lago para pescar. Se eu pedisse algo, ele rosnava uma
resposta de uma palavra. Eu encontrei uma certa quantidade de
conforto em saber que, mesmo quando ele estava chateado e irritado,
ele ainda nã o me ignorava completamente.

Quando chegamos perto de sua casa, eu sabia que ele nã o me


deixaria qualquer momento para conversar com ele quando
chegá ssemos. Ele pularia no minuto em que eu parasse e bateria a
porta atrá s dele. Inferno, eu teria feito o mesmo na idade dele. E por
isso que eu aliviei o acelerador e disse minha peça durante os ú ltimos
cinco minutos da viagem.

—Eu entendo que você está chateado comigo. E eu nã o estou


procurando por você para falar comigo agora. Mas preciso que você
saiba que nenhuma das vezes que passei com você foi por culpa. Eu
me sinto culpado pelo que aconteceu e gostaria que tivesse sido
diferente? Todo maldito dia da minha vida. Mas nã o é por isso que eu
venho visitá -lo. Eu venho visitá -lo porque amei sua mã e como se ela
fosse minha irmã . — Comecei a ficar engasgado e minha voz falhou.

—E eu te amo com todo meu coraçã o. Você pode me odiar se


quiser pelo que aconteceu. Eu mereço isso. Mas nã o há nada mais
honesto na minha vida do que o que eu tenho com você , Lucas.

Nó s paramos na frente de sua casa, e eu virei minha cabeça para


tentar me esconder minhas lá grimas. Lucas olhou para mim, olhou nos
meus olhos por mais tempo, e entã o se virou e saiu do meu carro sem
dizer uma palavra.
Capítulo 43
Annalice

—Tem certeza de que está bem?

Peguei o prato de Bennett na frente dele. Ele mal comeu.

—Sim. Apenas cansado. —Ele esfregou a parte de trá s de seu


pescoço.
—Você nã o gostou do frango?

—Nã o, estava ó timo. Eu… hum… comi com o Lucas mais cedo. Eu
nã o estava pensando. Desculpe eu nã o comer tudo quando você teve
todo aquele trabalho.

Coloquei nossos pratos na pia e fiz Bennett puxar um pouco a


cadeira para trá s da mesa. Sentado em seu colo, acariciei seus cabelos.

—Está tudo bem. Eu nã o me importo. Você apenas parece... em


outro lugar esta noite.
—Desculpa.

—Pare de se desculpar. — Eu me levantei e ofereci minha mã o. —


Vamos. Você está cansado e está esfregando o pescoço desde que
chegou aqui. Deixe-me tirar os nó s.

Bennett pegou minha mã o e eu o levei para o meu quarto. Ele


tirou os sapatos e sentou-se na beira do colchã o.

Entrei no banheiro e peguei a garrafa meio vazia de ó leo de bebê


que mantinha debaixo da pia para a minha pele seca.
—Tire a sua camisa, para que nã o fique oleosa.

Ao me ver derramar ó leo sobre as minhas mã os nã o me convidou


nenhum comentá rio lascivo, eu sabia que o que estava incomodando
era mais do que dor no pescoço e estar cansado. Levantei-me de
joelhos atrá s dele e comecei a massagear o ó leo de bebê em sua pele.
Seu queixo caiu para o peito enquanto eu trabalhava meus dedos nos
mú sculos.

—Você nã o estava brincando. Você está tã o tenso. E como um nó
gigante aqui atrá s.

Bennett fez um som que era um cruzamento entre um gemido de


prazer e dor enquanto eu cavava meus dedos mais profundamente em
sua carne.

—Se sente bem?

Ele assentiu.

Depois que eu soltei os mú sculos do pescoço dele, imaginei que


soltaria outro mú sculo. Entã o eu alcancei seu peito e soltei seu cinto
enquanto beijava sua nuca. Entã o eu saı́ da cama e fiquei entre as
pernas dele antes de cair de joelhos.

O som do zı́per no jeans de Bennett ecoou pela sala. Alcançando


suas calças, eu segurei seu pê nis, e ele soltou um suspiro alto e
instá vel. Eu pensei que era o som de seu autocontrole escorregando,
mas quando olhei para cima, encontrei seus olhos fechados e seu rosto
torcido de dor.

—Bennett? — Eu recuei. —O que há de errado?

Seus olhos se abriram.

—Nada.
—Nã o me diga que nã o é nada. Você parece muito chateado.

Ele se levantou e deu alguns passos para longe de mim.

—Eu sinto muito.

—Pare de dizer isso. O que está acontecendo com você ?


Eu esperei em silê ncio para ele dizer alguma coisa, mas ele
continuou a respirar profundamente, para dentro e para fora. Parecia
que ele estava tentando se recompor, tomar seu controle.
Bennett passou a mã o pelos cabelos. —Pooorra! — Ele parecia
irritado, mas eu poderia dizer o que quer que fosse, ele estava com
raiva de si mesmo, nã o eu.
—Fale comigo.

Ele andou de um lado para o outro algumas vezes e entã o se


sentou na beira da cama, a cabeça entre as mã os e os dedos puxando o
cabelo dele.
Eu me ajoelhei na frente dele.

—Bennett?
Eu assisti o seu pomo de Adã o balançar para cima e para baixo
enquanto ele engolia. E entã o seus ombros começaram a tremer. No
começo, achei que ele estava rindo - algum tipo de risada manı́aca que
precisava sair porque era isso ou quebrar e chorar.
Mas entã o ele olhou para cima.

E eu vi seus olhos cheios de lá grimas nã o derramadas.


Meu coraçã o parou.

Ele nã o estava rindo; ele estava chorando em silê ncio, fazendo
tudo ao seu alcance para nã o deixar sair.
—Oh Deus, Bennett. O que há de errado? O que aconteceu?
Capítulo 44
Annalice

Eu segurei ele apertado.

Seus ombros tremeram por tanto tempo, eu sabia que precisava


me preparar para o som quando finalmente chegasse. Foi um ruı́do
ensurdecedor, de quebrar o coraçã o e esmagador de alma, quando o
fez. Eu nã o tinha ideia do que poderia causar tanta dor. Mas eu sabia
que queria tirar um pouco disso para ele.

Esfreguei suas costas, acariciei seus cabelos, assegurei-lhe com


palavras carinhosas que tudo ficaria bem. Fosse o que fosse, essa era
uma dor que havia sido construı́da por um longo tempo. Nã o era novo,
nã o é o tipo que acontece quando você perde algué m inesperadamente
ou de repente descobre que o homem que você achava que sabia nã o
era o homem pelo qual você se apaixonou. A dor que emanava de
Bennett era do tipo que passou anos engarrafada - como um vulcã o
que entra em erupçã o depois de cem anos de estar adormecido e, de
repente, seu fogo está disparando a cento e cinquenta metros de
altura.

Comecei a chorar com ele, apesar de nã o ter ideia do porque


está vamos chorando. Foi muito emocionante assistir e nã o ser levada
à s lá grimas. Nó s nos abraçamos por um longo tempo.

—Vai ficar tudo bem, — eu sussurrei. —Vai ficar tudo bem.


Eventualmente, os tremores de Bennett começaram a diminuir.
Eu nã o tinha certeza se era porque eu o trouxe conforto ou ele
simplesmente nã o tinha mais lá grimas para chorar. Ele tomou algumas
respiraçõ es longas, profundas e instá veis, e seu aperto em mim
afrouxou.

Seu rosto estava enterrado no meu pescoço. Eu queria olhar para


ele, para ver seu rosto, mas eu estava meio com medo de que uma vez
que eu recuasse e visse a dor em seus olhos, eu perderia tudo de novo,
mesmo se ele estivesse bem.

Quando a nossa respiraçã o voltou ao normal e nenhum de nó s


chorava mais, limpei minha garganta rouca.

—Você quer que eu pegue algo para você beber? Uma á gua ou
algo assim?
Bennett balançou a cabeça, mantendo-a abaixada, para que eu
nã o pudesse vê -lo, mas uma de suas mã os subiu para o meu rosto.

Ele pressionou a palma da mã o na minha bochecha e sussurrou:


—Obrigado.

—A qualquer momento. — Eu sorri tristemente, tirando a mã o


do meu rosto e trazendo-a aos meus lá bios. —A qualquer momento.
Ele levantou a cabeça e encostou a testa na minha. Seus olhos
estavam inchados e vermelhos, mas o meio sorriso que ele conseguiu
me dar era real.
—Obrigado pela oferta. Mas eu espero que seja a primeira e a
ú ltima vez que você verá isso.

Ele parecia mais com Bennett já .

—Você quer falar sobre isso?


Ele olhou para cima.

—Ainda nã o.

—OK. Bem, você sabe onde me encontrar se você fizer.

Ele sorriu tristemente.

—No Texas?

Eu comecei a rir.
—Rapaz, isso nã o demorou muito. E aqui eu estava pensando que
você seria legal comigo depois de como eu fui legal com você . Eu
deveria saber melhor.
Bennett pegou-me e surpreendeu-me, balançando-me até o topo
da cama perto da cabeceira da cama. Ele subiu em cima de mim.

—Você está dizendo que eu te devo uma?


Eu balancei a cabeça com um sorriso gigante de orelha a orelha.

—Talvez mais do que uma.


Ele riu.

—Bem, é melhor eu começar logo.


Seu rosto mudou para o meu pescoço mais uma vez, só que desta
vez ele definitivamente nã o estava chorando. Nó s nos envolvemos um
ao outro. Nã o dez minutos atrá s, nó s dois está vamos emocionalmente
aflitos, e agora esses sentimentos se transformaram em desejo e
necessidade.
Bennett me beijou apaixonadamente, com tanta ternura e
adoraçã o. Nosso desejo um pelo outro nunca foi um problema, mas
esse momento pareceu diferente por algum motivo. Quando ele
quebrou o beijo para tirar minhas roupas, ele olhou para mim como se
ningué m mais existisse no mundo. O sorriso que ele usava quando ele
empurrou dentro de mim me tocou profundamente era diferente. Eu
sabia no meu coraçã o que algo havia mudado. Entã o ele solidificou
esse sentimento fazendo amor comigo pela primeira vez.

***

—Eu disse a Lucas a verdade sobre mim hoje à noite.

O quarto estava escuro como breu. Eu comecei a cochilar e nã o


podia ter certeza se o tinha ouvido direito.
—A verdade?

Eu o senti acenar, mesmo que eu nã o pudesse ver. Minha cabeça


estava enfiada na curva do ombro dele, e ele continuou a acariciar meu
cabelo gentilmente enquanto falava.

—Sophie era minha melhor amiga. As pessoas achavam estranho


que passá ssemos muito tempo juntos, mas nã o é ramos desse jeito. Ela
era como a irmã zinha que eu nunca tive, apesar de termos a mesma
idade. Nó s tı́nhamos dezenove anos quando ela ficou grá vida de um
perdedor. Sua mã e a expulsou, e ela veio ficar comigo no meu
dormitó rio por um tempo e depois voltou para casa. Foi assim por
anos. Mas depois que me formei, ela nã o podia mais ficar em casa com
Fanny. Conseguimos um apartamento juntos para que pudé ssemos
dividir as despesas e eu poderia ajudar com Lucas enquanto ela ia à
escola de cosmetologia à noite.
Ele fez uma pausa e eu esperei em silê ncio até que ele estivesse
pronto para continuar.
—Uma noite ela saiu da aula cedo. Lucas já estava dormindo em
seu quarto. Eu conheci uma mulher em nosso pré dio e começamos a
sair de vez em quando. Sophie entrou e está vamos fazendo sexo no
meu quarto.
Ele soltou um suspiro profundo.

—Eu nem me lembro do nome da mulher. De qualquer forma,


Sophie surtou, dizendo que Lucas poderia ter entrado, e nó s tivemos
uma grande briga. Na noite seguinte, ela deixou Lucas na casa da mã e,
em vez de deixá -lo em casa comigo quando ela foi para a escola. Ou
pelo menos eu pensei que ela fosse para a escola. Um amigo meu ligou
mais tarde naquela noite e disse que estava em um bar, e Sophie estava
lá , e ela estava bem bê bada. Entã o eu dirigi para buscá -la. Foi uma
noite de merda, chovia muito, e eu a encontrei saindo com algum
motociclista maluco. Houve uma grande cena - o motoqueiro queria
chutar a minha bunda, mas eu a tirei de lá antes que ela fizesse algo
estú pido.
Ele respirou fundo novamente.

—Nossa luta continuou no carro e Sophie me beijou.


—Ela beijou você ?

—Eu pensei que ela estava bê bada no começo. Eu a empurrei de


cima de mim e disse a ela para cortar a merda. Mas ela começou a
chorar. Entã o tudo saiu. Ela me disse que estava apaixonada por mim
há anos. Aparentemente a noite anterior nã o tinha sido sobre me
encontrar com outra mulher enquanto Lucas estava dormindo; foi
porque ela tinha sentimentos por mim.
—Oh, nossa. E você nã o tinha ideia?

—Nenhuma. Como um fodido idiota, eu nã o vi nada disso. Até


muito tempo depois. E eu nã o lidei muito bem com isso. Eu disse a ela
que isso era ridı́culo e ela era como minha irmã zinha.

—Ouch.
—Sim. Isso nã o foi muito bom. Ela estava muito chateada, entã o
achei melhor levá -la para casa. —Ele fez uma pausa.

—Nó s nunca fizemos isso. Eu perdi um sinal de parada por causa


de algumas á rvores pesadas da chuva, e havia um caminhã o de dezoito
rodas se aproximando. Nó s derrapamos e o carro capotou algumas
vezes.
Eu me virei de barriga para baixo.
—Oh meu Deus, Bennett.

Ele balançou sua cabeça.


—Eu nã o deveria estar dirigindo enquanto estava chateado e
bravo, nã o à noite, com pouca visibilidade e estradas molhadas.

Eu agarrei meu peito. A histó ria em si era de partir o coraçã o,


mas depois me lembrei do que ele disse antes.
Eu disse a verdade a Lucas esta noite.

—Lucas nã o sabia nada disso?


Ele assentiu.

—Nã o até esta tarde. E uma longa histó ria, mas Sophie manteve
esses diá rios e sua mã e recentemente os leu. Lucas quase leu també m.
A ú ltima entrada em seu diá rio foi escrita no dia anterior à sua morte e
dizia que iria me contar sobre seus sentimentos. Sua mã e sabia que
nó s brigamos na noite em que Sophie morreu, mas quando ela leu os
diá rios, percebeu o porquê que está vamos brigando. Fanny nunca
gostou de mim para começar, e com razã o me culpa pelo acidente.
Ele suspirou.

—Ela só me deixa ficar na vida de Lucas porque eu a ajudo


financeiramente. Lucas e eu conseguimos um acordo porque a á rvore
deveria ter sido cortada e o caminhoneiro estava em alta velocidade,
mas o dele é uma pensã o, e Fanny só recebe uma quantia por suas
despesas diá rias a cada mê s. Eu sempre soube que precisava dizer a
ele que estava dirigindo. Eu só pensei que poderia esperar até que ele
ficasse um pouco mais velho. — Ele balançou a cabeça.

—Ler esses diá rios despertou muitos sentimentos. Para nó s dois.
Eu fechei meus olhos.

—Oh Deus, Bennett. Eu sinto muito. Você disse a ele tudo isso
hoje? Eu estou supondo que nã o foi bem?
—Ele poderia ter me dito para nunca mais entrar em contato
com ele. Entã o eu acho que poderia ter sido pior.

Nã o foi preciso um psiquiatra para descobrir por que Bennett


nã o tinha relacionamentos. Uma mulher com quem ele se importava
profundamente lhe dissera que estava apaixonada por ele na noite em
que ela morreu em um acidente de carro - um acidente que aconteceu
enquanto ele estava atrá s do volante, um acidente pelo qual
obviamente sentia muita culpa.

Em um instante, o resto das peças que faltavam de Bennett Fox se


encaixaram. Um homem tã o complexo, com cicatrizes no interior,
corria muito mais fundo do que o do lado de fora do acidente.

—Ele virá ao redor. Ele é um garoto inteligente e, no pouco tempo


que passei com você s dois, ficou claro o quanto você se importa com
ele. Tenho certeza de que ele ficou chateado com o choque. Deve ter
parecido um grande segredo escondido dele.

—Ele acha que passei todo esse tempo com ele por culpa pelo
que fiz. E honestamente, tenho muita culpa. Mas essa nunca foi a razã o
pela qual eu fiquei envolvido na vida de Lucas.

Ficamos calados por um bom tempo. Eu precisava envolver


minha cabeça em torno de tudo o que ele compartilhava, e Bennett
obviamente precisava de espaço. Mas primeiro... eu precisava fazer
mais uma pergunta.

—Bennett?
—Hmm?

—Você já conversou com algué m sobre isso? Quero dizer, toda a
histó ria. O que Sophie significou para você , o que ela compartilhou na
noite em que morreu e os relacionamentos que teve desde entã o - ou
falta de relacionamentos?

Ele balançou sua cabeça.


—Obrigado por me dizer. Eu sei que tem sido um longo dia, mas
eu quero que você saiba que eu adoraria ouvir tudo sobre Sophie.
Quando você estiver pronto.
Ele olhou nos meus olhos.

—Por quê ? Por que você quer ouvir sobre ela?


—Porque ela é obviamente muito especial para você , ela é a mã e
do garoto que você ama, e quer você perceba ou nã o, ela ajudou a
transformá -lo no homem que você é hoje.

Capítulo 45
Annalice

Reli a carta que eu havia digitado para Jonas pela segunda vez. Eu
nã o estava pronta para dar a ele ainda. Mas digitá -la me aproximou um
passo. Parecia certo - como experimentar um par de jeans que nã o
cabia há muito tempo e, de repente, o zı́per se fechou. Fazia muito
tempo desde que qualquer coisa na minha vida realmente se
encaixava.

Meu telefone de mesa tocou, entã o rapidamente fechei a carta em


um envelope e guardei na gaveta. Achei que era Bennett ligando do
escritó rio para gritar comigo para me apressar, já que eu disse que
estaria pronta em dez minutos, pelo menos meia hora atrá s.

—Annalice O'Neil. — Minha voz era quase cantada.


Mas quando olhei para cima, com o telefone entre o ombro e a
orelha, Bennett estava em pé na minha porta. Eu sorri.

Até que a voz do outro lado da linha veio atravé s do receptor.


—Anna? Ei. Achei que você ainda podia estar no escritó rio.

Andrew.

Eu nã o sei porque, mas eu entrei em pâ nico. —Ummm… sim.


Ainda estou aqui. Espere um minuto. —Eu segurei o telefone
pressionado contra o meu peito e falei com o homem que atualmente
está me encarando da porta. —E minha mã e. Eu vou demorar alguns
minutos.

Bennett assentiu.

—Nã o tenha pressa. Me dê suas chaves. Eu vou puxar o seu carro
pela frente para que possamos carregar suas apresentaçõ es quando
você terminar.
Eu pesquei dentro da minha bolsa, esperando que ele nã o
notasse o rubor subindo pelo meu rosto. Felizmente, ele nã o parecia
notar. Ele pegou as chaves e beijou minha testa antes de sair do meu
escritó rio. Esperei, ouvindo seus passos desaparecerem até que eles
estivessem ao longe, e pelo som da porta da frente dos nossos
escritó rios abrindo e fechando.

Eu levantei o telefone de volta ao meu ouvido.


—Oi. O que está acontecendo? Está tudo bem?

—Eu peguei você em um momento ruim?

Eu me sentei. Já houve um bom momento para um ex chamar do


nada?

—Estou me preparando para sair. Está tudo bem?

—Ainda trabalhando muito tarde, eu vejo. — Ele estava


brincando, mas eu nã o estava com vontade de conversa fiada.
—Estou saindo para jantar. Entã o eu preciso fazer isso rá pido,
Andrew. O que está acontecendo?

—Jantar como em um encontro?


Isso me irritou. Eu bufei.

—Eu realmente preciso ir.

—OK. OK. Eu só queria que você soubesse que eu vou me juntar a
Lauren e Trent para o seu jantar amanhã à noite.

—Por quê ?

—Porque eu quero te ver.


—Por que?

Andrew suspirou.
—Por favor, Annalice.

—Este é um jantar de negó cios. Da ú ltima vez que verifiquei,


você nã o tinha interesse nos negó cios de sua famı́lia.
—Eu ainda sou um acionista. E eu ajudei lá nos ú ltimos meses -
renovando a có pia para o catá logo e outras coisas.

Seus pais sempre quiseram que ele se envolvesse nos negó cios da
famı́lia, mas Andrew tinha enfiado o nariz no ar quando sugeriram que
ele assumisse um papel que envolvesse escrever em seu impé rio.
Qualquer coisa menos literatura estava abaixo dele.
—Bem. Tanto faz. Eu preciso correr.

—Estou ansioso para ver você .

O sentimento nã o era mú tuo.

—Adeus, Andrew.

***

—Você já ouviu falar de Lucas?


Bennett esfregou meu ombro. Nó s está vamos no que havia se
tornado nosso habitual modo de dormir pó s-sexo - o braço esquerdo
dele em volta de mim, minha cabeça descansando em seu peito, seus
dedos traçando meu ombro enquanto conversá vamos.

—Eu mandei uma mensagem para ele esta tarde para lembrá -lo
que eu iria aparecer na sexta-feira antes da escola para dizer adeus.
Ele está indo para Minnetonka com Fanny logo depois do té rmino das
aulas. Eu odeio que ele vá embora por trê s semanas e meia enquanto
estamos neste lugar fodido. Eu deveria ter forçado Fanny a me deixar
contar a ele depois que ele voltasse.

—Talvez o tempo seja bom para ele, faça-o perceber que sente a
sua falta.
—Eu nã o sei sobre isso.

—Ele mandou uma mensagem de volta?


—Uma palavra: ok.

Eu sorri.

—Isso é melhor que nada. Ele virá ao redor. Ele só precisa de um
pouco de espaço.

Bennett beijou o topo da minha cabeça. —Você está nervosa


sobre amanhã à noite?
Porque eu tinha uma consciê ncia culpada, eu imediatamente
pensei que ele sabia de Andrew, mesmo que eu nã o tenha mencionado
que ele estava vindo para a minha apresentaçã o com Lauren e Trent.
—Nã o, — eu retruquei. Ele riu.

—Você é realmente uma mentirosa de merda. Eu nem preciso ver


seu rosto vermelho para saber que você está cheia de merda. — Agora
seria a oportunidade perfeita para mencionar que Andrew estava se
juntando a nó s para o meu encontro. Mas eu nã o fiz. Eu sabia que isso
o aborreceria, e ele tinha passado bastante estresse ultimamente.
Quando Andrew ligou mais cedo, minha reaçã o imediata foi defensiva.
Eu ainda estava com raiva de como as coisas terminaram, e eu nã o
queria que ele tentasse voltar à s minhas boas graças - se era isso que
ele queria. A raiva era mais fá cil de lidar. Mas quanto mais eu pensava
nisso, mais eu pensava que talvez ver Andrew fosse exatamente o que
eu precisava. Embora eu tivesse desistido da idé ia de desistir há
algumas semanas, parecia meio ridı́culo arriscar tanto uma chance
absurda com um homem que nã o tinha interesse em um
relacionamento. Mas depois do fim de semana passado - depois que
Bennett me confidenciou sobre o que havia acontecido com a mã e de
Lucas - eu nã o tinha certeza se ele nã o tinha interesse em um
relacionamento. Ele simplesmente nã o sentiu que merecia a felicidade.
Ele nutria muita culpa equivocada.
Eu precisava de um sinal de que ir com meu coraçã o era a coisa
certa a fazer. Talvez ver Andrew me fizesse sentir que o que eu sentia
por Bennett nã o era uma espé cie de rebote. Eu precisava ter certeza
de que minhas emoçõ es eram reais e nã o uma fantasia.
Bennett bocejou.
—Você vai ser ó tima.

Eu quase esqueci que ainda está vamos falando sobre amanhã à


noite.
—Obrigada. Está tudo pronto para a sua apresentaçã o?
—Quase.

—Quanto tempo depois você acha que vamos ouvir sobre a


decisã o do conselho?

A mã o de Bennett no meu ombro parou. —Nã o tenho certeza.


Muito rá pido, eu acho.
O que significava que eu poderia ter menos de uma semana para
descobrir se Bennett e eu estarı́amos separados por mais de mil
milhas.

***

—Suas ideias foram ó timas.

Eu me virei de olhar pela grande janela de sacada na sala de estar


de Lauren e Trent para encontrar Andrew caminhando em minha
direçã o com um copo de vinho em cada mã o. Ele estendeu um para
mim.
—Nã o, obrigado. Estou dirigindo.

Ele sorriu.
—Mais para mim, entã o. Meu carro está na loja, Trent me pegou a
caminho de casa do escritó rio.

Eu balancei a cabeça.
Andrew tinha ficado bem quieto enquanto eu apresentava
minhas ideias antes do jantar, e entã o ele ficou no fundo da nossa
conversa enquanto nó s quatro compartilhamos uma refeiçã o.
Eu levei um minuto para olhar para ele. Ele usava uma camisa de
botã o, fora da calça, com um par de jeans escuros e mocassins. Ele
tinha uma barba clara, o que realmente me surpreendeu. Na verdade,
todo o seu olhar descontraı́do me surpreendeu.

—Você parece diferente, — eu disse.


Ele tomou um gole de vinho.

—Isso é uma coisa boa ou ruim?


Eu olhei para ele de novo.
—Boa. Você parece relaxado. Eu acho que nunca te vi de barba,
exceto quando você estava em uma farra de vá rios dias.
Ele assentiu.

—Você sempre disse que gostava de mim com pelos faciais.


Isso era verdade. Eu sempre gostei dele com um pouco de barba.
Mas ele nã o... entã o ele nunca teve nenhum.
Eu olhei por cima do meu ombro em direçã o à cozinha. Lauren e
Trent tinham insistido em limpar e nã o me permitiram ajudar. Mas
eles foram embora por um tempo.
Andrew bebeu mais do seu vinho, observando-me pela borda do
copo.
—Pedi a eles que nos dessem um pouco de tempo para conversar.
—Oh. — Eu balancei a cabeça. Sentindo-me de repente
desconfortá vel, voltei minha atençã o para a grande janela. Estava
chovendo a noite toda.

—Está realmente chovendo lá fora.


Andrew manteve os olhos fixos em mim.
—Eu nã o tinha notado.

Ele caminhou até uma mesa e pô s o vinho no chã o. Quando ele
voltou, ficou um pouco mais perto de mim.
—Você está bonita esta noite.
Eu olhei para ele e nossos olhares se encontraram. O calor do seu
sorriso me jogou de volta a muito tempo atrá s. Nó s costumá vamos ser
felizes. Aquele sorriso costumava fazer minhas entranhas se sentirem
quentes - como Bennett faz agora. Apenas o sorriso de Bennett faz
muito mais para mim. Isso me fez sentir calor e emoçã o, e mesmo que
ele nã o me desse nada para indicar que ele sentia mais do que uma
atraçã o mú tua e fı́sica por mim, isso me fez sentir amada e cuidada.

Andrew estendeu a mã o e empurrou o cabelo do meu rosto. Seus


dedos roçaram minha pele. Eu senti isso, quente e suave, mas apenas
uma sombra do que parecia quando eu estava perto de Bennett.
Bennett podia me passar um lá pis em uma reuniã o e o roçar acidental
de nossos dedos incendiava meu corpo. O toque de Andrew era o
conforto de um cobertor aconchegante - uma familiaridade. Eu nã o
conseguia lembrar a ú ltima vez que Andrew e eu está vamos em
chamas. Nó s já estivemos? Ou eu tinha me tornado confortá vel na
segurança do que eu sabia?
Ele se inclinou um pouco mais perto.

—Eu sinto sua falta, Anna.


Eu olhei para ele. Seus lá bios estavam tã o perto e seu cheiro
familiar ao meu redor. No entanto... eu nã o tinha vontade de beijá -lo.
Nenhuma.
Um sorriso brotou no canto dos meus lá bios. Eu estava animada
para nã o sentir nada, e naquele momento, eu me decidi. Eu ia arriscar
com Bennett.
Andrew interpretou mal o que estava passando pela minha
mente e se inclinou para um beijo.

Minhas mã os saltaram para o peito dele, parando-o logo antes de


nossos lá bios se encontrarem.

—Nã o. Eu nã o posso.


Lauren e Trent pegaram aquele momento para sair da cozinha.
Eu dei um passo para trá s, colocando distâ ncia entre Andrew e eu
antes que eles se juntassem a nó s na sala de estar.
—Tudo feito com a limpeza. — Lauren sorriu. —E Trent só
quebrou um prato hoje à noite.
Trent colocou a mã o nas costas da esposa. —Eu continuo
pensando que ela vai parar de me fazer lavar pratos se eu quebrar
outro. Mas ela continua comprando mais e me forçando a ajudar.
Eu estava grata pela interrupçã o. De repente eu també m queria
dar o fora daqui e surpreender Bennett a caminho de casa. Tivemos
algo para comemorar esta noite, mesmo que ele nã o tivesse ideia do
que estava prestes a acontecer.
—Muito obrigada pelo jantar. Estava uma delı́cia.
—Obrigada— disse Lauren. Ela olhou para o marido.

—Nó s amamos suas ideias. Eu nem acho que precisamos ouvir a


outra apresentaçã o, para ser honesta.
—Quanta gentileza. Mas eu definitivamente quero que você
tenha a campanha que você mais gosta, entã o talvez mantenha sua
mente aberta até depois de ver o que Bennett apresenta quando você
se encontrar com ele na segunda-feira.
Alé m disso, se você for com minhas ideias, eu posso estar
pedindo para você me seguir para uma nova empresa. Preciso de pelo
menos alguns dias para colocar meu currı́culo no ar.
Trent assentiu.

—Certo. Claro.
—Eu espero que você nã o se importe, mas eu vou sair. A chuva
está ficando pesada lá fora, e eu nã o quero dirigir com ruas inundadas.
—Oh. Claro, —Lauren disse. Seus olhos se voltaram para o irmã o
e depois de volta para mim.

—Você se importaria de me dar uma carona?, — Perguntou


Andrew. —Dessa forma, Lauren e Trent nã o tê m que sair neste tempo.

—Ummm... — Eu nã o poderia dizer nã o. A casa de Andrew estava


a caminho de casa, e era muito desagradá vel lá fora.

—Certo. Sem problemas.


Talvez isso tenha sido bom. Nó s mantivemos a porta aberta uma
polegada, e finalmente era hora de fechá -la e dizer adeus. Eu poderia
dizer a ele no caminho que eu conheci algué m. Era a coisa certa a fazer
depois de oito anos. E eu nã o precisava de nenhum ressentimento
entre Lauren e eu, se estivé ssemos trabalhando juntas.

Nó s quatro nos despedimos. Era estranho estar saindo de casa


com Andrew - jantamos tantas vezes como casais. Juntos, Andrew e eu
corremos para o carro. Mas a chuva caı́a de lado, e nó s dois está vamos
encharcados quando batemos as portas atrá s de nó s.

—Droga. — Andrew sacudiu os braços. —Está realmente


chovendo.

Eu tirei a á gua do meu rosto e liguei o carro. —Sim, horrı́vel.


—Você quer que eu dirija?
Dirigir era a ú ltima coisa que eu queria fazer. Mas isso nã o
importava.
—Nã o, eu estou bem. Obrigada. —Olhando no meu espelho
retrovisor, eu respirei fundo e sussurrei, — Checando por carros que
se aproximavam, —antes de colocar o carro pra fora.
—Se afastando do meio-fio.
—Esta é uma das coisas que mais senti falta.

Eu ouvi o sorriso na voz de Andrew, mas continuei me


concentrando na estrada. Estava chovendo como eu nunca tinha visto
antes, e as ruas já estavam começando a inundar.

—Nã o tenho certeza se isso é um elogio ou um insulto que isso é


o que você mais perdeu. — Eu arrumo o volante e faço meu caminho
para a estrada. As janelas estavam começando a embaçar, e quando
olhei no espelho retrovisor para entrar na estrada, só consegui ver um
borrã o de luzes atravé s da janela do lado do motorista. O retrovisor
nã o estava muito melhor por causa da janela traseira embaçada. Entã o
apertei o botã o para rolar pela minha janela e dar uma olhada melhor.
Mas assim como eu fiz, um carro passou, enviando um grande jato de
á gua atravé s da minha janela aberta e diretamente no meu rosto.
Minha reaçã o inata foi acionar os freios. Mas isso me fez aquaplanar na
fusã o. Agarrei o volante e meu carro começou a sair do controle. O
carro puxou para a direita, na direçã o do trá fego em movimento na
estrada, e eu puxei o volante para a esquerda.
Tudo aconteceu em câ mera lenta depois disso.
Nó s começamos a girar.

Eu perdi todo o sentido do que era para a frente e o que era para
trá s.

Luzes brilhavam nos meus olhos.


E percebi que era porque está vamos enfrentando o caminho
errado.
Na pista oposta da rodovia.
Uma buzina começou a soar.

O carro vindo em nossa direçã o desviou para a direita.


Mas nã o havia espaço suficiente para nó s dois.
Eu me preparei para o impacto.

Nó s fomos atingidos.


Foi alto e chocante.

Meu corpo sacudiu para a esquerda e depois para a direita.


Andrew gritou meu nome.
Entã o tudo ficou quieto novamente.

Comecei a pensar que podı́amos ficar bem.


E depois…
Nó s fomos atingidos pela segunda vez.
Capítulo 46
Bennett
Eu parei na frente da casa de Lucas e Fanny alguns minutos mais
cedo e chequei meu telefone pela dé cima vez desde a noite passada.

Nada ainda.
Eu mandei uma mensagem para Annalice para ver como sua
apresentaçã o foi e nunca recebi sua resposta. Mesmo que ela chegasse
em casa cedo e fosse para a cama, ela definitivamente estaria acordada
agora. Na maioria dos dias ela estava no escritó rio à s sete.

Eu tive uma sensaçã o de ansiedade ruim toda a noite depois que


eu nã o à ouvi de volta. Mas isso provavelmente se deve mais à merda
que estava acontecendo com Lucas e ter que dizer adeus por trê s
semanas depois do que aconteceu no ú ltimo fim de semana.

Enfiei meu celular de volta no bolso, olhei para a casa de Fanny e


Lucas e respirei fundo antes de sair do carro.
Fanny abriu a porta com sua habitual disposiçã o ensolarada.

—Ele poderia usar algum dinheiro para suas fé rias.

Eu balancei a cabeça. Sim? Então dê a ele um pouco.

—Bem. Ele está pronto?

Ela bateu a porta na minha cara e eu a ouvi gritar: —Lucas!


Coloque sua bunda em movimento!

Meu coraçã o começou a bater de forma irregular quando ouvi


seus pé s descendo as escadas. Eu nã o tinha ideia do que faria se esse
garoto nã o aparecesse. As palmas das minhas mã os começaram a suar.

A porta se abriu e Lucas saiu, colocando sua mochila.

Eu pisei levemente, mantendo minhas mã os nos bolsos.


—Ei.

Ele ergueu o queixo para mim.

—Ei.

E um começo.

—Está pronto?

Ele assentiu e entramos no meu carro. Liguei a igniçã o e tentei


fazer conversa fiada. —Você está animado para a sua viagem a
Minnetonka?
Lucas franziu o rosto como se tivesse cheirado algo azedo.

—Você estaria?

Ele tinha um ponto.

—Vá no porta-luvas. Retire o envelope dourado. Eu imprimi para


você algumas informaçõ es sobre os lagos locais na noite passada. Há
alguns a uma curta distâ ncia de onde você está indo que soam como se
tivessem uma boa pescaria. Há algum dinheiro lá també m, entã o você
pode obter varas e iscas e outras coisas.

Ele pegou o envelope e enfiou na mochila. —Obrigado.

Fizemos mais algumas pequenas conversas a curta distâ ncia de


sua escola, mas era uma conversa empolada e basicamente consistia
em eu falar e ele dizer sim, nã o, ou obrigado.

Poderia ter sido muito pior, eu supus.


Quando chegamos à frente de sua escola, ainda está vamos alguns
minutos adiantados, entã o parei no meio-fio e estacionei o carro.

—Ouça, amigo... — Eu limpei minha garganta... —. sobre o que eu


te disse na semana passada.

Ele olhou para baixo, mas nã o tentou sair do carro pelo menos.
Entã o eu continuei.
—Eu sinto muito. Sinto muito que o acidente tenha acontecido.
Me desculpe, eu nã o te contei até agora. Mas nunca foi por isso que
passei tempo com você . — Passei meus dedos pelo meu cabelo.

—Eu nã o estou indo a lugar nenhum. Tome algum tempo se você
precisar. Fique bravo comigo pelo acidente. Fique bravo comigo por
demorar muito para falar com você . Inferno, estou bravo comigo
mesmo por tudo. Mas eu estarei aqui a cada duas semanas depois que
você voltar, assim como sempre estive porque amo você - e enquanto
me sinto culpado por muitas coisas, essa culpa nã o tem nada a ver com
o tempo que passamos juntos.

Lucas olhou para mim e nossos olhos se encontraram por um


breve segundo. Entã o ele se abaixou e levantou sua mochila. Ele abriu
a porta do carro e começou a sair, mas fez uma pausa para resmungar:
—Mesmo.

Eu esperei até que ele entrasse na escola para se afastar. Eu


estava temendo contar a ele por tantos anos, mas nó s irı́amos passar
por isso. Seria lento reconquistar sua confiança, mas irı́amos fazer isso
juntos.

E foi a primeira vez que acreditei que talvez, apenas talvez, eu


també m pudesse passar por isso.

***

Onde diabos ela está ?

Fui direto ao escritó rio de Annalice para contar a ela sobre Lucas,
mas a porta estava fechada. Sua luz també m estava apagada. Eu
disquei seu nú mero novamente no meu caminho para perguntar a
Marina se ela tivesse ouvido falar dela hoje.
Ela nã o tinha, e minha ligaçã o foi para o correio de voz
novamente.
As onze horas, eu estava preocupado. Uma coisa era ela me
ignorar, mas nã o aparecer ou ligar para o escritó rio? Algo nã o estava
certo. Eu fui ao escritó rio do Jonas, mas ele estava em uma reuniã o,
entã o pedi ao seu assistente que me ligasse assim que ele saı́sse. Eu
devo ter ligado mais cinquenta vezes até que Jonas finalmente saiu da
sala de conferê ncias.
Ele entrou no meu escritó rio sem bater e jogou um envelope na
minha mesa.

—Você simplesmente nã o podia se ajudar, poderia? — Ele estava


chateado.
—Do que você está falando?

—Eu confiei em você que a diretoria iria mantê -lo aqui. E você
simplesmente nã o podia esperar para esfregar no rosto de Annalice,
nã o é ?

Eu levantei ambas as minhas mã os.


—Eu nã o tenho ideia do que você está falando. Eu nã o contei
nada a Annalice.

—Entã o, sobre o que é essa carta? — Seus olhos apontaram para


o envelope.
Eu abri e li.
Caro Jonas
Aceite isso como minha carta de demissão com duas semanas
de antecedência de que deixarei o cargo de Diretor Criativo para
Foster, Burnett e Wren. Embora tenha gostado do meu tempo
trabalhando para você e apreciado a oportunidade que me
proporcionou, decidi permanecer na área de São Francisco e
buscar outras oportunidades.

Obrigado.
Annalice O’Neil

Eu estendi o papel para ele.

—O que diabos é isso?


—Parece-me uma demissã o.

—Quando ela deu isso para você ? Por que ela renunciaria?
Jonas colocou as mã os nos quadris. —Suponho que ela tenha
renunciado porque quer permanecer na á rea de Sã o Francisco - como
ela escreveu em sua carta. Mas ningué m, exceto nó s dois, sabia que ela
era aquela que seria realocada. Ela tinha que ter descoberto essa
informaçã o de alguma forma.

—Bem, nã o foi de mim. Ela deu isso a você esta manhã ?
—Eu encontrei em sua gaveta quando fui procurar os arquivos
que eu precisava para cobrir a reuniã o que ela nã o apareceu hoje.

Algo nã o estava certo. Annalice nã o desistiu. Mesmo se ela


estivesse chateada, ela nã o iria perder uma reuniã o do cliente
agendada. Ela se orgulhava de como se comportava, sempre justa e
profissional. E por que ela nã o falaria comigo sobre algo assim?
Eu reli a carta mais uma vez e, em seguida, deixei cair na minha
mesa e peguei meu paletó na parte de trá s da minha cadeira. —Eu
tenho que ir.
Eu estava na porta do meu escritó rio antes que Jonas pudesse se
opor.
—Onde você está indo? — Ele gritou atrá s de mim.

— Descobrir o que diabos está acontecendo.

***

—Annalice? — Eu bati em sua porta novamente, mesmo que eu


tivesse certeza que ela nã o estava em casa. Eu tocava a campainha
como um louco até que algué m falou na porta da frente e depois
correu para o apartamento dela antes que eu fosse expulso. O carro
dela nã o estava estacionado no quarteirã o e nenhum som vinha de
dentro. No entanto, eu bati mais alto.

Por fim, o vizinho do outro lado do corredor abriu a porta. Ele


embalava um gato em seus braços como a maioria das pessoas
cuidaria de um bebê .

—Eu nã o acho que ela chegou em casa ontem à noite.


—Oh?

Ele coçou a barriga do gato e a coisa ronronou alto.

—Ela deveria alimentar Frick e Frack para mim na noite passada.


Deixei as latas sobre a mesa, mas elas ainda estã o lá . —Ele olhou para
o gato e falou com ele, em vez de mim. —Sr. Frick aqui me perdoou,
mas o Sr. Frack nem sai do quarto. Eu tenho sorte que meu voo esta
manhã nã o foi atrasado ou meus bebê s teriam morrido de fome.

Fome? Eu balancei a cabeça. Tanto faz. —Quando foi a ú ltima vez


que você falou com ela?
—Ontem de manhã , quando lhe dei a chave.

Eu me virei e comecei a voltar para as escadas sem dizer outra


palavra. A aberraçã o do gato gritou atrá s de mim.
—Quando você a vir, diga a ela que ela deve uma desculpa a Frick
e Frack.

Sim. Essa será a primeira coisa que discutiremos.


Sentei-me no meu carro do lado de fora do pré dio dela,
estacionado em fila dupla, tentando descobrir o que diabos havia
acontecido. Ela nã o chegou em casa ontem à noite e desistiu sem
sequer discutir comigo?

Na verdade, ela mencionou o trabalho na outra noite. Bem, mais


ou menos. Ela perguntou se eu achava que estarı́amos juntos no
pró ximo ano se um de nó s nã o fosse forçado a se mudar para o Texas.
E eu disse nã o. Eu sabia que tinha machucado ela, mas ela estava tã o
chateada comigo que ela desistiu e nem mesmo me deixou saber?

Eu nã o pensava assim.

Apesar…

Ela ficou quieta na outra noite. Eu até perguntei a ela algumas


vezes se estava tudo bem. Ela disse que estava apenas nervosa com a
apresentaçã o da campanha dos animais de estimaçã o. Meu instinto
achava que algo mais a estava incomodando. Agora que eu pensei
sobre isso, ela ficou quieta desde a ligaçã o de sua mã e. Eu nã o
empurrei.
Foi uma coincidê ncia que ela tenha jantado com a ex cunhada
dela na noite passada? Talvez lembrasse a ela que todos os homens
eram idiotas.
Mesmo assim, ela teria pelo menos voltado para casa ontem à
noite.
A nã o ser que…

Eu balancei a cabeça. Nã o, ele nã o iria lá . Ela sabe que idiota esse
cara é , agora.

Nã o é ?

Mas onde diabos ela dormiu na noite passada?


Eu liguei meu carro e tirei meu celular do meu bolso. Nenhuma
chamada perdida. Nã o há textos perdidos. Frustrado, eu bati na
rediscagem novamente antes de voltar para o escritó rio. Talvez ela
tenha aparecido no trabalho enquanto eu estava fora. Nó s
provavelmente passamos um pelo outro na estrada. Ela ficou na casa
de Lauren e Trent na noite passada e seu celular morreu. Estava
chovendo muito forte e ela nã o gostava de dirigir para começar. Isso
fazia sentido.
Sim, foi o que aconteceu.

Decidindo que tinha que ser, joguei meu celular no banco do


passageiro e coloquei meu carro em movimento, esquecendo que eu já
tinha ligado novamente. Foi por isso que fiquei confuso quando a voz
de um homem passou pelos alto-falantes do meu carro.

—Olá ?
Eu franzi a testa, esperando pelo resto do comercial no rá dio.

—Olá ? — A voz disse novamente.

O celular iluminado no banco ao meu lado me chamou a atençã o.


Merda. Meu celular tinha se conectado atravé s do meu Bluetooth e
estava vindo pelo meu carro. Mas quem diabos eu acidentalmente
liguei?
—Onde está Annalice?

—Ela está na cama. Adormecida. Eu posso te ajudar com alguma


coisa?
O sangue nas minhas veias começou a ferver. —Sim. Coloque
Annalice no maldito telefone!

—Desculpe?
—Você me ouviu. Coloque Annalice no telefone.

Clique.

—Olá ?

Silê ncio.
Eu gritei mais alto.

—Olá ?

O idiota tinha desligado na minha cara.


Porra.

Porra.

—Pooooorra.
Eu bati na rediscagem. O telefone nem ligou dessa vez, foi direto
para o correio de voz. Entã o eu bati na rediscagem novamente.

Entã o novamente.

Entã o novamente.
Eu chamei mais e mais. Mas continuou indo direto para o correio
de voz. O filho da puta ou estava rejeitando a chamada, ou ele desligou
o celular. De qualquer maneira, ele estava me impedindo de falar com
Annalice.
Capítulo 47
Bennett
Eu sentei na minha mesa por horas, passando por todas as
emoçõ es.

Chateado.

Como ela poderia fazer isso comigo... para nó s? Ela nã o sabia
como eu me sentia por ela?
Nã o. Ela nã o sabia.

Por quê ? Porque eu era muito boceta para contar a ela.

Negaçã o.
Provavelmente havia uma explicaçã o perfeitamente ló gica para
isso. Talvez ela tenha se encontrado com Andrew para uma reuniã o de
negó cios - algo relacionado a Pet Supplies & More. Talvez Lauren
tivesse puxado seu irmã o para o laço e queria que Annalice mostrasse
sua apresentaçã o para ele esta manhã .

Sim. Era provavelmente isso.


Exceto que ela estava na cama quando ele atendeu a porra do
telefone.

Na porra da cama dele.


Nã o minha, onde ela deveria estar.

Por quê ? Porque eu era muito careta para admitir que tinha
medo de dar uma chance real entre nó s. Ela foi corajosa o suficiente
para me fazer a maldita pergunta. No entanto, eu tomei a saı́da
covarde.

Eu continuei repetindo a conversa que tivemos na outra noite —


Se as coisas fossem diferentes entre nó s, estarı́amos aqui daqui a um
ano?

E minha resposta de merda. —Não. Porque eu gosto de ser


solteiro. Eu gosto da minha liberdade e não ter que responder a
ninguém ou ter qualquer responsabilidade.

Bem, você tem o que pediu, idiota.


De barganha.

Se eu pudesse falar com ela, poderia consertar. Eu sabia que ela


tinha sentimentos por mim; Eu podia ver nos olhos dela - o jeito que a
machucou quando eu disse a ela que nã o estarı́amos juntos daqui a um
ano, mesmo que as coisas fossem diferentes no trabalho.

Eu estava tentando me convencer de que gostava da minha


liberdade, quando o tempo todo eu nunca quis deixá -la ir.

Porque eu estava com medo.

Fodido boceta.
Eu precisava falar com ela - ir até o apartamento do idiota e
chutar a bunda dele, se é isso que é preciso para vê -la. Ela me daria
uma chance. O que nó s tivemos era real.

Nã o era?
Como diabos eu saberia? Eu nunca tive nada real na minha vida,
exceto o jeito que ela me fez sentir.
Poderı́amos nos separar por mil milhas - um de nó s no Texas e o
outro aqui - mas isso nã o importaria. Porque a distâ ncia fı́sica nã o
mudaria o que estava no meu coraçã o.
No meu coraçã o.

Porra.
Minha cabeça caiu para trá s contra a minha cadeira, e eu olhei
para o teto do meu escritó rio, respirando fundo.
Estou apaixonado por ela.

Fodido.
Amor.
Como diabos isso aconteceu?

Eu nã o amo uma mulher desde...


Sophie.

E olha o que aconteceu da ú ltima vez que cheguei perto de uma


mulher. Sophie nã o teve a chance de sentir como era ser amada de
volta. Por que eu deveria?

Eu nã o merecia ser amado por uma mulher como Annalice.


Eu nã o merecia o amor de Sophie.
Eu nã o merecia ter o amor de Lucas també m.

No entanto, de alguma forma ele deu para mim. E eu fui egoı́sta o


suficiente para aceitar isso.

Minha mente continuava pulando por todo o lugar.


Annalice tinha sentimentos por mim; Eu sabia em algum lugar no
fundo do meu coraçã o negro.
Mas eu nã o fiz nada para mostrar a ela como me sentia.

Eu precisava dizer a ela, mas mais do que isso, eu precisava


mostrar a ela.

Seu maldito ex disse uma coisa e fez outra por anos. Se eu tivesse
alguma chance de lutar por ela, ela precisava ver que eu tinha mais do
que palavras.
Eu só esperava que nã o fosse tarde demais.

***

Jonas estava se preparando para sair para a noite quando eu bati


na sua porta. Mas ele largou a pasta desde que eu plantei minha bunda
em uma cadeira em frente a ele de qualquer maneira.
Ele sentou-se, tirou os ó culos e esfregou os olhos.
—O que está acontecendo, Bennett?

Eu balancei a cabeça.
—Eu fodi com Annalice.
Jonas soltou um suspiro profundo.

—O que você fez?


—Nã o se preocupe. Nã o é nada que você possa estar pensando.
Eu nã o sabotei a apresentaçã o dela nem bati de qualquer maneira. E
eu nã o contei a ela sobre a decisã o com nossas posiçõ es.
Ele assentiu.

—OK. Entã o o que aconteceu?


—Você sabe a polı́tica de nã o confraternizaçã o que temos?
Jonas fechou os olhos e franziu a testa. Eu nã o precisava dizer
mais.
—Entã o você ganhou o trabalho, mas perdeu a menina.

—Eu peguei de volta.


—Como você vai consertar isso?
Eu pensei que ficaria nervoso, mas de repente me senti calmo.
Deslizando o envelope do lado de dentro do meu paletó , me inclinei
para frente e coloquei na mesa do Jonas. Ele olhou para baixo e depois
para mim, sorrindo tristemente.
—Eu estou supondo que esta é a sua demissã o?
Eu balancei a cabeça.

—Você falou com Annalice?


—Eu nã o consegui falar com ela.
—E ainda assim você está me entregando agora, afinal? E se você
perder o emprego, mas ainda nã o conseguir a garota de volta?

Eu fiquei de pé .
—Isso nã o é uma opçã o.
Jonas abriu a gaveta e tirou o envelope contendo a renú ncia de
Annalice. Ele estendeu para mim.
—Gaveta superior esquerda de sua mesa. Colocado bem no topo.
Eu nunca encontrei isso.

Troquei minha carta pela dela.


—Obrigado, Jonas.
—Espero que você pegue a garota.

—Você e eu, chefe. Você e eu.

***

Eu enchi o correio de voz dela. Agora, toda vez que eu ligava, ia


direto para uma mensagem dizendo que o nú mero de telefone que eu
tinha alcançado nã o podia mais aceitar mensagens. Eu soltei uma
respiraçã o entrecortada e encostei minha testa no volante. Eu estava
sentado na frente de sua casa desde as quatro e meia. Já eram quase
oito horas e ainda nã o havia sinal dela. Eu fiquei mais e mais ansioso a
cada minuto. Mas eventualmente ela teria que voltar para casa.
Eu esperei o que pareceu uma eternidade. Toda vez que um raio
de luz começava a descer pela estrada, eu ficava impaciente para ver
se era o carro dela. Mas cada um passou direto. Até que finalmente um
conjunto de faró is no espelho retrovisor diminuiu e puxou para o local
vazio atrá s de mim. Mas fiquei desapontado novamente, encontrando
um logotipo da Toyota em um SUV. Nã o ela.

Meus ombros caı́ram. Um minuto depois, os faró is desligaram e


ouvi o som de uma porta abrindo e fechando. Um homem saiu do carro
e estava indo em direçã o à porta do pré dio de Annalice. No começo,
nã o pensei nisso. Mas entã o um cachorro latiu, e o cara virou a cabeça,
me dando um vislumbre de seu perfil. Meu coraçã o começou a bater.
Ele parecia muito com o padrasto de Annalice, Matteo.
Abaixando a janela do passageiro, me inclinei e chamei seu nome.
—Matteo?

O homem se virou. Demorou alguns segundos para ele registrar


quem eu era, mas entã o ele começou a andar em minha direçã o
enquanto eu saı́a do carro.

—Bennett?
Eu balancei a cabeça.
—Você sabe onde está Annalice?

—No hospital. Sua mã e ficou com ela. Eu acabei de sair para
pegar algumas das coisas dela.
—Hospital? — Eu me senti mal.
—O que aconteceu?

Matteo franziu a testa.


—Você nã o sabe? Ela teve um acidente de carro muito ruim.
Capítulo 48
Annalice

Meus olhos se abriram com a comoçã o. Eles se sentiam tã o


pesados. Assim como meus braços e pernas.

Um alarme que eu estava ouvindo ao longe começou a soar mais


alto. Uma mulher de azul aproximou-se de mim e fez alguma coisa, e o
som irritante foi silenciado. Eu a ouvi falar, mas soava abafado, como
se eu estivesse debaixo d'á gua e ela nã o estivesse lá .

—Ela precisa descansar. Se você s dois a incomodarem, vou ter a


segurança mostrando a você s dois a porta.

Eu ouvi a voz de um homem murmurar alguma coisa, ou talvez


fosse a voz de mais de um homem, eu nã o podia ter certeza. Se eu
pudesse apenas chutar meus pé s um pouco, eu provavelmente poderia
chegar à superfı́cie e ouvir melhor. Eu tentei chutar, mas nã o consegui
o suficiente. A mulher de azul colocou as mã os nas minhas pernas,
parando o pequeno movimento que eu consegui reunir.
—Shhh. Você descanse, senhorita Annalice. Nã o deixe esses
garotos a aborrecerem. Deus deu a essa enfermeira uma boca para
expulsar os visitantes quando necessá rio.

Uma enfermeira. Ela era uma enfermeira.

Eu tentei falar, mas minha boca estava coberta. Eu levantei meu


braço para pegar o que estava bloqueando, mas nã o consegui levantar
mais do que uma polegada ou duas na cama. A enfermeira se inclinou
e aproximou seu rosto do meu.

—Você tem dois visitantes, senhorita Annalice. Seus pais e seus


amigos també m estã o aqui. Eles estã o na sala de espera. Você quer que
eu diga a esses meninos para deixá -la descansar?
Eu inclinei meus olhos para o outro lado da cama, e dois rostos
apareceram.

Bennett?

Andrew?
Eu olhei para a mulher e balancei a cabeça.

—Que tal recebermos um de cada vez?

Eu balancei a cabeça.

Ela falou com os homens e depois para mim novamente.

—Você quer que o Andrew a visite agora?

Mudei meus olhos para ver seu rosto, depois olhei para a
enfermeira e balancei a cabeça.

Ela sorriu.

—Bom. Porque o outro parecia que poderia arrancar minha


cabeça se eu o fizesse sair.

Um minuto depois, Bennett estava ao meu lado, com o rosto bem


onde a mulher estava. Ele pegou minha mã o na sua; estava tã o quente
e ele segurava meus dedos com tanta força.

—Hey. — Ele se inclinou e beijou minha testa. Meus olhos se


encontraram nos dele. —Minha linda garota. Você está com dor?
Dor? Eu nã o penso assim. Eu nã o conseguia nem sentir meus
dedos. Eu balancei a cabeça.

—Eu falei com sua mã e. Ela disse que você vai ficar bem. Você se
lembra do acidente?

Eu balancei a cabeça.
—Você teve um acidente de carro. Houve uma tempestade e
muita chuva, e a á gua da rodovia fez com que você fizesse uma
aquaplanagem.
Memó rias começaram a voltar em flashes. Chovendo muito.
Pisando nos freios. As luzes brilhantes. Faró is. O estrondo alto. Sendo
sacudido de um lado para o outro. Andrew.
Eu tentei levantar minha mã o para tirar a má scara do meu rosto.

Bennett percebeu o que eu estava tentando fazer.


—Você tem que deixar isso por agora.
Eu fiz uma careta.

Ele se inclinou para nossas mã os unidas e beijou o topo da


minha.
—Eu sei. Manter sua boca fechada é um desafio para você . —Ele
sorriu. —Mas eu tenho um monte de coisas para dizer, e nã o tenho
ideia de quanto tempo vou ficar sentado aqui sozinho com você , entã o
isso funciona para mim. — O rosto dele ficou sé rio, e ele desviou o
olhar por um minuto antes de respirar fundo.

—Eu menti.
Seu olhar voltou para o meu. Nenhuma palavra foi necessá ria
para ele saber minha pergunta.
Ele apertou minha mã o e se aproximou. —Quando você me
perguntou se nó s estarı́amos juntos daqui a um ano se um de nó s nã o
fosse realocado, eu disse que nã o. Eu disse que gostava de ser solteiro
e ter minha liberdade. Mas a verdade é que eu estava apavorado. Eu
estava com medo de estragar tudo se ficá ssemos juntos. Você nã o
merece se machucar novamente e...

Bennett fez uma pausa e eu observei enquanto ele tentava


engolir suas emoçõ es. Quando ele olhou para cima novamente, seus
olhos estavam cheios de lá grimas.

—Você nã o merece se machucar novamente, e eu nã o mereço te


amar.
Isso me esmagou, ao ouvi-lo dizer aquelas palavras. Ele merecia
muito amor em sua vida.
Bennett fechou os olhos e se firmou para continuar.

—Mas eu acabo me importando com o que eu mereço ou você


merece - porque eu sou egoı́sta o suficiente para nã o dar a mı́nima que
eu nã o te mereço, e eu vou trabalhar duro todos os dias para me
tornar o homem que você merece.

Ele sorriu e passou a mã o pela minha bochecha.


—Eu te amo. — Sua voz quebrou. —Eu loucamente te amo,
Annalice.

Fomos interrompidos pela enfermeira vestindo roupa azul. Ela se


inclinou sobre o meu rosto do outro lado da cama, em frente a
Bennett.

—Só vou adicionar alguns medicamentos em seu IV. Eles podem


te deixar um pouco grogue.
Oh bom. Algué m contou a ela sobre o batom em seus dentes. Eu a
vi empurrar um remé dio para minha linha intravenosa. Voltei-me para
Bennett, mas meus olhos ficaram ainda mais pesados. Entã o, tã o
apaguei.

***

Bennett estava caı́do na cadeira ao meu lado, dormindo.

Eu olhei em volta. Era um quarto diferente do que eu tinha


estado antes. Nã o era? Ou sonhei com a outra sala - a grande, sem
janelas, com uma dú zia de camas e apenas uma cortina me separando
dos pacientes de ambos os lados. Agora eu estava sozinha em uma
grande sala com uma porta, exceto pelo homem dormindo ao meu
lado. E uma janela atrá s dele me disse que era noite.
Meu pescoço estava duro, entã o tentei mover minha cabeça de
um lado para o outro. O ligeiro roçar dos lençó is acordou o gigante
adormecido.
Ele sorriu e se inclinou para frente.

—Ei. Você está acordada de novo.


Eu levantei meu braço para tocar minha má scara, mas Bennett
me parou.

—Nã o tire isso ainda. Deixe-me chamar a enfermeira. Eles


baixaram a dose de sedaçã o, mas eles queriam verificar sua respiraçã o
e os sinais vitais antes de tentar sem a má scara. OK?

Eu balancei a cabeça. Ele desapareceu e voltou um minuto depois


com uma enfermeira.
Eu nã o reconheci está . Ela ouviu meu peito, conferiu minha
pressã o e observou o monitor por um minuto.
—Você está indo bem. Como você está se sentindo?
Minhas costelas estavam me matando, mas acenei para dizer que
me sentia bem de qualquer maneira enquanto apontava para a
má scara.
—Você quer tirá -la?

Eu balancei a cabeça novamente.


—OK. Deixe-me pegar algumas lascas de gelo. Quando o tirarmos,
você ficará realmente com a garganta seca de todo o ar forçado por
trê s dias.
Trê s dias? Eu estive aqui por tanto tempo?
Quando a enfermeira retornou, ela colocou um copo de isopor
com uma colher na bandeja ao lado da minha cama e, em seguida,
estendeu a mã o em volta da minha cabeça e soltou a alça que segurava
minha má scara no lugar. Escorregando, ela esperou por perto, seus
olhos se movendo entre o monitor e eu.
—Faça algumas respiraçõ es profundas.
Primeiro eu abri a boca para esticar minha mandı́bula apertada,
e entã o fiz como ela instruiu. Meu rosto estava muito dolorido,
especialmente meu nariz.

Ela escutou meu peito de novo e colocou o estetoscó pio no


pescoço.

—Você parece bem. Como você está se sentindo?

Minha mã o levantou para segurar minha garganta. Minha voz


resmungou baixinho, —seca.

—OK. Bem, precisamos ir devagar. Mas vou ficar de olho nas


estatı́sticas do posto de enfermagem e dar um descanso a você um
pouco. — Ela se virou para Bennett. —Um ou dois pedaços de gelo de
cada vez. Isso deve ajudar a umedecer sua garganta.

A porta nem tinha fechado quando Bennett tinha as lascas de


gelo na mã o e a colher na minha boca. Eu teria rido de sua ansiedade
se meu lado nã o doesse tanto.

Ele colocou algumas lascas na minha boca e depois se inclinou e


roçou os lá bios nos meus. —Foi um longo cochilo que você tirou. Eu
finalmente comecei a conversar com você sobre meus sentimentos, e
sua resposta foi dormir doze horas.

Eu quase me esqueci de tudo o que ele disse antes. Mas uma vez
que ele me lembrou, todas as palavras voltaram, cristalinas. Embora
eu quisesse ouvi-lo dizer de novo. Entã o eu coloquei meu melhor rosto
confuso. —Sentimentos?
Os olhos de Bennett se arregalaram.

—Você nã o se lembra de mim derramando meu coraçã o para


você ontem?
Eu balancei a cabeça, mas nã o consegui parar meu sorriso. Ele
percebeu.

—Você está fodendo comigo, nã o está ?


Meu sorriso se alargou.

—Eu quero ouvir de novo.

Bennett se levantou e, com tanto cuidado, subiu na cama ao meu


lado.

—Oh sim? Que parte você quer ouvir?

—Tudo isso.

Um sorriso se espalhou por seu rosto bonito, suavizando algumas


das linhas de preocupaçã o. Ele aconchegou a boca no meu ouvido.

—Eu te amo.

Eu sorri abertamente.
—Novamente.

Ele riu.

—Eu te amo, Annalice O'Neil. Eu te amo, porra.


Depois que o fiz dizer uma dú zia ou mais vezes, Bennett me
contou sobre meus ferimentos. A dor no meu peito foi devido a uma
costela quebrada. Eu nem tinha notado o gesso no meu pulso esquerdo
de uma ulna fraturada, e aparentemente eu tinha inchaços e
hematomas por toda parte. O pior de tudo foi um colapso parcial de
um dos meus pulmõ es, que eles haviam tratado com uma agulha para
sugar o ar do lado de dentro do pulmã o, e ele havia se insuflado por
conta pró pria. Basicamente, eu tive muita sorte.

Mais coisas começaram a voltar para mim, quanto mais eu ficava


acordada. Lembrei que mamã e, Matteo e Madison estavam todos aqui.
E Andrew també m. Ele tinha dois olhos negros e uma bandagem no
nariz, mas ele disse que estava bem.

—Todos foram para casa?


Bennett assentiu.

—Eu prometi a sua mã e e Matteo que eu ligaria se alguma coisa


mudasse. Eles estarã o de volta logo de manhã . Madison ameaçou
minha vida se eu nã o mandasse mensagens de texto a cada poucas
horas. — Ele me deu mais lascas de gelo. Elas se sentiam tã o bem com
a minha dor de garganta.
—Ela é muito assustadora.

—E quanto a Andrew? Você estava discutindo com ele mais cedo


no meu quarto?
O sorriso no rosto de Bennett caiu.

—Eu estava ligando para o seu telefone a noite toda. Quando


finalmente consegui, ele respondeu. E o idiota me disse que você
estava na cama. Nã o mencionou o hospital nem nada. Entã o ele
desligou na minha cara.

Oh garoto.
—Você deve ter pensado...

O aperto de sua mandı́bula respondeu.

—Você pensou que eu voltei para ele?

—Eu nã o sabia o que pensar.


—Como você descobriu o que aconteceu?

—Eu acampei na frente do seu apartamento. Por fim, Matteo


apareceu.
—Espere... Entã o, quando você falou com o Andrew?

Bennett deu de ombros.

—Eu nã o sei. No inı́cio da tarde. Talvez cerca de uma hora?

—Mas você esperou na frente do meu pré dio mesmo pensando


que eu tinha voltado para o Andrew?

Ele segurou minha bochecha.

—Eu nã o estava perdendo você sem lutar.


Isso fez meu coraçã o inchar.

—Você teria me levado de volta, mesmo se eu...

Bennett colocou o dedo na minha boca e me impediu de


continuar.

—Nem diga isso. Eu nem quero saber por que você estava no
carro com ele. Apenas me diga que estamos bem e que isso nã o vai
acontecer novamente.

—Nada aconteceu com Andrew. Eu estava dando a ele uma


carona para casa porque ele disse que seu carro estava na loja. Ele
estava na casa de Lauren para o jantar.

A cabeça de Bennett caiu.

—Obrigado Jesus Cristo. Porque eu pedi demissã o do meu


trabalho. Você está presa comigo aqui em Sã o Francisco.

Meus olhos se arregalaram.

—O que? Por que você faria isso?


—Porque eu nã o vou deixar você se mudar para o Texas.

—Uh... eu acho que você está ficando um pouco à frente de si


mesmo. Você é quem iria se mudar para o Texas quando eu ganhasse.

Bennett revirou os olhos enquanto alisava o cabelo do meu rosto.

—Sim, você provavelmente está certa. Mas de qualquer forma,


nó s dois estamos ficando agora.
Capítulo 49
Bennett
—Você deveria estar descansando. — Eu joguei minhas chaves
no balcã o da cozinha e coloquei a sacola de compras. Eu tinha ido ao
escritó rio por algumas horas enquanto a mã e de Annalice a levava
para um check-up pó s-traumá tico.

—Estou bem. Eu tenho isso. O mé dico disse que estou indo muito
bem. — Annalice inclinou-se para tirar um pote do fundo do armá rio.
A visã o de sua bunda era espetacular, mas eu nã o queria que ela se
machucasse. Eu passei meus braços ao redor de sua cintura e a tirei do
meu caminho.
—Deixe-me.

Ela suspirou quando eu esvaziei o conteú do do armá rio no balcã o


para que ela pudesse escolher o que precisava.

—Você sabe, eu vou ter que trabalhar sozinha de qualquer


maneira. Você precisa começar a procurar um novo emprego, e eu
provavelmente deveria voltar para o meu apartamento. Eu estou aqui
há quase duas semanas e você vai ficar doente de mim em breve.

Eu empurrei um pedaço de seu cabelo do rosto dela.

—O mé dico disse que você precisa ir devagar porque seu pulmã o
ainda está se recuperando. Você nã o está pronta para trê s lances de
escada na sua caminhada. Você precisa de um elevador.
Eu fiz Annalice voltar para casa depois que ela foi liberada do
hospital. Ela concordou porque eu nã o tinha lhe dado muita escolha.
Mas ela estava ficando mais forte a cada dia, e em breve ela estaria
bem para ir para casa, mesmo que esse dia nã o fosse hoje. Eu só queria
ela aqui.

—Eu poderia ficar com minha mã e por um tempo. Ela tem um
quarto de hó spedes no primeiro andar.
Eu coloquei um dedo sob o queixo dela e levantei para que
nossos olhos se encontrassem.

—Você está cansada de mim?

Ela segurou minhas bochechas.


—Deus nã o. Como posso ficar doente de você quando você cuida
de mim e lava meu cabelo na banheira para que eu nã o molhe meu
gesso?

—Entã o por que você quer sair?

—Eu nã o quero. Mas eu també m nã o quero ultrapassar minhas


boas-vindas, Bennett. Consigo fazer as coisas agora, e com exceçã o das
escadas, nã o há motivo para eu precisar estar mais aqui.

Eu balancei a cabeça.

—Nenhuma razã o? Que tal você querer estar aqui?

Ela amoleceu.

—Claro que eu quero. Mas você sabe o que quero dizer.


Levantei-a e coloquei-a no balcã o da cozinha, por isso ficamos
cara a cara.

—Eu nã o faço, na verdade. Entã o vamos conversar. Você gosta do


meu lugar?

Ela se virou para a sala de estar e a vista para as janelas.

—Uh, isso faz meu lugar parecer um buraco de merda. E


deprimente entrar no meu apartamento depois de deixar o seu.

—Entã o você gosta do apartamento. Que tal o companheiro de


quarto?

Ela se inclinou para frente e pressionou seus lá bios nos meus.
—Ele está me mimando. Alé m disso, a visã o de quando ele sai do
chuveiro em apenas uma toalha sopra a vista da ponte Golden Gate da
sala de estar para fora da á gua.
Prendo seu rabo de cavalo em volta da minha mã o e mantive a
boca na minha quando ela tentou recuar. Ela abriu quando eu deslizei
minha lı́ngua entre aqueles lá bios deliciosos. Eu a beijei longamente e
forte, e meu coraçã o se encheu de novo.
Nas ú ltimas semanas, eu estava mais feliz do que toda a minha
vida. Eu sabia que nã o queria que isso acabasse. O beijo foi toda a
garantia que eu precisava.
—Bom. — Eu dei-lhe um leve puxã o no cabelo. —Entã o está
resolvido. Você vai morar aqui. Vou arranjar uma companhia de
mudança para ir ao seu lugar neste fim de semana e arrumar suas
coisas.
Os olhos de Annalice se arregalaram.

—O que?
—Você gosta do apartamento, ele é melhor que o seu. Você gosta
do seu companheiro de quarto. — Eu encolhi os ombros. —Por que
sair?
—Você está ... você está me pedindo para morar com você
permanentemente?
Eu olhei para frente e para trá s entre os olhos dela.
—Eu estou dizendo que eu quero você aqui quando eu acordar
de manhã , e eu quero você aqui quando eu for para a cama à noite. Eu
quero seus quatro jornais diferentes espalhados por toda a nossa
cama, e sua quantidade ridı́cula de sapatos enchendo nosso armá rio.
Eu quero que você use minhas camisetas para nos preparar o café da
manhã quando você estiver se sentindo bem de novo, e tenho certeza
que quero você debaixo de mim, em cima de mim, de joelhos no chã o
do meu quarto, e amarrada na cabeceira da cama enquanto eu como
você como sobremesa. —Eu parei. —Isso está mais claro?
Ela mordeu o lá bio inferior.
—Há algo que eu preciso te contar primeiro.

Eu endureci.
—O que?

Ela esfregou o nariz com o meu e colocou os braços em volta do


meu pescoço.
—Eu te amo, Bennett Fox.

Eu abaixei minha cabeça e soltei uma grande lufada de ar.


—Você está tentando me dar um ataque cardı́aco? Dizendo que
tem algo que você precisa me dizer? Eu pensei... Eu nem sei o que eu
pensei. Mas nã o parecia bom porra.
Annalice riu.

—Desculpa.
Eu apertei os olhos.
—Eu vou te desculpar. Porque que diabos você levou tanto tempo
para me dizer isso, afinal? Você me deixou esperando por semanas.
Ela pegou minha camiseta em dois punhados e me puxou para
ela.

—Eu queria estar fora dos analgé sicos e remé dios que me fez
grogue para que você nã o tivesse dú vidas que eu quis dizer isso.
Eu puxei meu pescoço para trá s.

—Você parou os remé dios? O mé dico disse que está tudo bem?
Ela olhou para baixo e deslizou a unha ao longo do meu braço.
Entã o ela olhou sob os cı́lios com os olhos foda-me mais sexy.
—Ele també m disse que tudo bem retomar todas as atividades.
Eu só preciso ir devagar.

Eu estava ostentando o inı́cio de uma ereçã o desde que eu entrei


na porta e a vi inclinada. Eu precisava de confirmaçã o antes de ter
minhas esperanças. Tinha sido longas trê s semanas desde o acidente.

—Todas as atividades?
Ela mexeu as sobrancelhas.

—Todas.
O balcã o da cozinha tinha a altura perfeita, e eu nã o a esmagaria
nessa posiçã o. Alé m disso, nã o perderia tempo andando para o quarto.
Alcançando a bunda dela, eu a puxei até a borda do balcã o e pressionei
minha crescente ereçã o entre suas pernas. Eu senti o calor de sua
boceta atravé s das minhas calças e gemi.
Eu mencionei que foram trê s semanas?

—A coisa certa a fazer provavelmente seria fazer amor com você


agora. Mas vou devagar e doce, porque preciso de você forte e rá pido
antes de ficar calmo o suficiente para ir devagar.

Ela passou a lı́ngua ao longo do meu lá bio inferior e depois


mordeu inesperadamente. —Duro funciona para mim.
Suas roupas estavam fora em dois segundos. Eu chupei seus
peitos lindos, mordendo até que ela soltou um som que era um
cruzamento entre um gemido e um grito. Deus, eu senti a falta dela.
Sentia falta de estar dentro dela. Senti falta de estar enterrando tã o
profundamente que meu esperma nã o conseguisse encontrar o
caminho de volta. Foi surreal o quanto eu queria essa mulher.
Precisava dessa mulher. Ansiava por essa mulher, mesmo quando eu
nã o queria.
Tomando sua boca, eu murmurei contra seus lá bios.

—Eu te amo, porra.


Eu senti seu sorriso mesmo se eu nã o pudesse ver em seu rosto.

—Eu també m te amo, porra.


Eu beijei ao longo de cada pedaço exposto de sua pele que eu
poderia alcançar enquanto desabotoava minhas calças. Quando
minhas boxers se juntaram a elas no chã o, minha ereçã o balançou
contra o meu abdô men.
Levou cada grama de força de vontade em mim para retardar as
coisas. Eu me levantei e olhei nos olhos dela.

—Você está bem? Sua respiraçã o está bem?


Ela respondeu olhando para baixo entre nó s, correndo o polegar
sobre a cabeça brilhante do meu pau e, em seguida, levando o dedo até
os lá bios para lamber. —Mmmm... Tudo bem. E quanto a você ?

Eu gemi e segurei meu pau, trazendo-o entre as pernas para


testar as á guas e encontrá -la gloriosamente molhada. Sentindo-me
pronto para explodir antes mesmo de começarmos, empurrei para
dentro em um golpe longo e duro e a beijei até que comecei a me
preocupar com sua respiraçã o pesada.
Ela sorriu para mim, ofegante, mas parecia perfeitamente bem.
Eu retornei o sentimento quando comecei a me mover - lento e firme -
nunca quebrando o nosso olhar enquanto eu bombeava dentro e fora
dela.

Deus, essa mulher. Eu passei metade da minha vida construindo


um milhã o de obstá culos para colocar no caminho do amor. No
entanto, quando conheci Annalice, todos os obstá culos foram para me
mostrar o quanto ela valia a pena saltar sobre cada um deles.
Eu tentei me segurar, apertando meus olhos com força para
evitar ver o quã o bonita ela parecia. Mas quando ela sussurrou meu
nome como uma oraçã o, como eu poderia nã o assistir?
—Bennett. Oh Deus. Por favor.

Nã o havia som mais doce do que a mulher que você amava
gemendo seu nome. També m era sexy pra caralho. Foi isso. Eu quebrei.
Minhas investidas aceleraram e eu comecei a foder com mais e
mais força. Cada mú sculo do meu corpo se apertou enquanto ela se
apertava ao meu redor, suas unhas se enterraram nas minhas costas
quando seu orgasmo a atingiu. Assistir meu pau entrar e sair dela era
a visã o mais impressionante possı́vel. Mas saber que ela me amava
tornava tudo muito mais doce. Deus sabe por que diabos ela me deu
seu coraçã o, mas eu nã o tinha intençã o de dar de volta.

Quando o corpo dela começou a ficar frouxo, bastaram apenas


algumas estocadas para eu encontrar minha pró pria libertaçã o. Eu
beijei seus lá bios e a envolvi em meus braços, tomando cuidado para
nã o colocar muita pressã o em seu peito.
Inclinando minha bochecha contra o topo de sua cabeça, me senti
quase contente. Quase. Apenas uma pequena coisa me incomodou.

—Entã o, eu nã o ouvi um sim definitivo como sua resposta.


—Qual foi a pergunta?

—More comigo?

Annalice puxou a cabeça para trá s.

—Mas o que eu faria com aquele chapé u de cowboy que você me


deu no segundo dia que nos encontramos se eu ficasse aqui na
Califó rnia?
—Eu venho fantasiando sobre você vestindo aquela coisa e me
montando por meses. Você vai usar muito.
Ela riu, mas logo descobriria que eu nã o estava brincando. Eu mal
podia esperar para vê -la brincar de vaqueira.

—Entã o isso e um sim?

—Sim. Eu vou morar com você . — Ela parou a propagaçã o do


meu sorriso quando ela levantou o dedo e apontou para mim. —Mas
sob uma condiçã o.

Eu levantei uma sobrancelha.

—Uma condiçã o?
Ela assentiu.

—Estou pagando metade dos custos. Considerando que eu sou a


ú nica que vai estar empregada em breve, quero pagar metade... ou
mais, se puder pagar, enquanto você procura um novo emprego.

De jeito nenhum eu estava deixando-a pagar nada - nã o no


sentido tradicional de qualquer maneira.
—Na verdade, nã o vou procurar emprego.

Ela franziu a testa.

—Por que nã o?


—Porque eu tenho algo melhor em mente.

—OK…

—E eu estava esperando que talvez você estivesse interessada


em um novo cargo també m.

Ela inclinou a cabeça.

—Uma nova posiçã o? Deixe-me adivinhar... de costas ou de


quatro?
Eu sorri e bati no seu nariz com o meu dedo. —Isso nã o era o que
eu estava pensando, mas eu gosto de onde está sua mente, minha
garota safada.
—Você está sendo muito superficial, Fox. Diga logo isso. O que
está acontecendo?

—Vou começar minha pró pria agê ncia. Eu quero que você venha
trabalhar comigo.
Epílogo
Annalice
Dois anos atrás, neste dia, eu fiquei devastada.

Acendi as duas ú ltimas velas e diminuı́ as luzes da sala de estar.


Perfeito.
A lareira estava ligada, a mesa estava posta com a porcelana que
minha mã e tinha me dado quando me mudei, duas dú zias de velas
definiram o clima de romance, e eu tinha a refeiçã o favorita de Bennett
no forno. Eu olhei em volta e sorri. Finalmente este homem teria um
encontro com uma namorada no Dia dos Namorados.

No ano passado, planejei um dia especial em 14 de fevereiro,


mas, como a maioria das coisas desde que conheci Bennett Fox, nossa
noite nã o foi como esperá vamos. Recebemos uma ligaçã o naquela
manhã do Lucas. Ele estava no hospital com a avó . Ele acordou para
encontrá -la sem respirar a e ligou para o 911. Acontece que ela teve
um derrame.

Uma semana depois, ela morreu dormindo enquanto ainda


estava na UTI. E nossas vidas tomaram um rumo inesperado mais uma
vez.

Dois anos atrá s, meu namorado de oito anos me deixou no Dia


dos Namorados. Hoje eu estou criando um adolescente com um
homem que me faz querer estrangular e escarranchar nele
simultaneamente. No entanto, nunca fui mais feliz.

No dia seguinte à morte de Fanny, Bennett fez uma petiçã o ao


tribunal pela custó dia temporá ria. Nó s pedimos a custó dia
permanente alguns meses depois. Eu levei Lucas para conversar com
um conselheiro, preocupada que ele poderia estar lutando com a
perda da segunda mulher em sua vida que o criou. Como seu guardiã o,
Bennett foi com ele por algumas sessõ es, e ele acabou vendo o
conselheiro por conta pró pria algumas vezes para lidar com sua
persistente culpa pela perda de Sophie. Isso os fez muito bem.

Peguei a foto emoldurada na estante da sala e passei o dedo no


rosto sorridente de Sophie.

—Nã o se preocupe. Eles estã o felizes. Eu estou cuidando bem dos


seus garotos.
No ú ltimo ano, encontrei algum consolo em conversar com ela
em momentos diferentes - quando Lucas estava agindo estranho, ou
quando Bennett me frustrava com sua incessante superproteçã o. Eu
me senti eternamente em dı́vida com ela pela linda vida que tinha
hoje, e eu disse a ela muitas vezes.

Ouvi a chave na porta e me inclinei sobre o balcã o da cozinha,


expondo um pouco de decote enquanto esperava meu homem louco
entrar. Ele abriu a porta, e seus olhos imediatamente se concentraram
no que mostrei. Jogando as chaves no balcã o, ele colocou duas malas
no chã o. Seus olhos focaram nos meus e voltaram ao meu decote duas
vezes antes mesmo que ele notasse que o apartamento estava cheio de
velas.

—Onde está Lucas?

—Dormindo no amigo dele, Adam, — eu disse com uma


inclinaçã o tı́mida da minha cabeça.
Um sorriso perverso cruzou o rosto de Bennett. Ele caminhou em
minha direçã o com um olhar tã o focado que arrepios estouraram nos
meus braços. Eu tive que trabalhar para ficar parada e nã o me
contorcer de antecipaçã o.

Ele deslizou um braço em volta da minha cintura e me puxou


contra ele, enquanto o outro agarrou a parte de trá s do meu pescoço.

—Eu vou fazer você gritar tã o alto que os vizinhos podem
chamar a polı́cia.
Seu beijo tirou meu fô lego. Eu nã o tinha dú vidas de que ele
pretendia cumprir sua ameaça.

Tı́nhamos que levar nossa vida sexual mais calma um pouco


desde que nos tornamos pais em tempo integral para um adolescente.
Enquanto antes tı́nhamos feito sexo em todo o apartamento - contra a
parede, no chã o da sala, balcõ es de cozinha, no chuveiro - apó s a
chegada de Lucas, nossa atividade precisava ser um pouco confinada,
assim como o volume.

Embora isso nã o tenha parado Bennett - ele acabou se tornando


mais criativo. Ele enviaria toda a equipe para casa mais cedo para que
pudé ssemos ter sexo desinibido no escritó rio. Isso tendeu a acontecer
depois que nó s dois discutimos sobre como uma certa conta deveria
ser tratada. Nó s podemos estar no mesmo time agora, mas um
desacordo acalorado ainda faz meu homem brincalhã o. As vezes eu o
perturbava de propó sito apenas por esse motivo.

—Como foi o encontro com Star hoje?, — Perguntei. —Você disse


a Tobias que eu disse olá ?
Os olhos de Bennett brilharam.

Veja? Bem desse jeito. Uma das maneiras mais fá ceis de irritá -lo
era ir no leã o ciumento. Sempre foi um ponto dolorido que Star havia
mudado de ideia no ú ltimo minuto e saı́do com a minha campanha.
Tobias convenceu os outros de que esse era o caminho a percorrer, e
isso só alimentou a chama de ciú mes que Bennett carregava. Ah, e a
propó sito, a Pet Supplies & More també m escolheu minha campanha.
O que significa que eu ganhei dois de trê s, e teria sido Bennett usando
as botas de cowboy. Mas tudo deu certo no final. Eu peguei minhas
duas novas contas e um monte de outras pessoas comigo quando saı́
de Foster, Burnett e Wren e fui trabalhar para a Fox Agency.
—Você está apenas pedindo para andar engraçado amanhã , nã o
é , Texas?
O apelido tinha ficado.
Eu sorri. —Feliz Dia dos Namorados, querido. Nó s fizemos isso.

As sobrancelhas de Bennett se juntaram.


—Você nunca teve um encontro com uma namorada no Dia dos
Namorados, lembra?

—Ah. E Dia dos Namorados. — Ele sorriu maliciosamente. —Eu


esqueci completamente disso. Odeio estragar seus planos.

Ele olhou ao redor da sala.


—Parece que você se deu muito trabalho. Que vergonha.
Eu fiz uma careta. Ele esqueceu o dia dos namorados? Outros
planos?
—Mesmo? Nó s temos a casa inteira para nó s mesmos por uma
noite e você fez planos no Dia dos Namorados?

—Desculpe, querida.
Fale sobre decepçã o. A tampa da panela cheia de á gua no fogã o
para cozinhar a massa começou a fazer barulho. Aparentemente, havia
duas coisas fervendo agora.
Eu contornei Bennett e fui para a cozinha. Pegando um pote da
gaveta, abaixei o fogo e levantei o topo para deixar sair o vapor. Mas, à
medida que os segundos se passaram, fiquei cada vez mais irritada por
Bennett ter estragado a noite que eu planejei. Eu até comprei alguns
presentes que eu nã o queria mais dar a ele.
Nã o dava para segurar quando se tratava de lutar com ele, eu bati
a tampa no balcã o e decidi compartilhar o quanto eu estava realmente
chateada.
Só que quando eu me virei, ele nã o estava mais lá .

Ele estava de joelhos.


Eu ofeguei em choque.

Bennett segurava uma caixa de veludo preto na mã o e sorriu


maliciosamente.

—Você ia me bater, nã o é ?


Meu coraçã o estava batendo no meu peito. Eu cobri com minhas
mã os.

—Claro que eu ia. Por que você brincou comigo desse jeito?
Ele estendeu a mã o e pegou a minha. —Você fez tudo isso porque
eu nunca tive um encontro com uma namorada no Dia dos Namorados.
Espero que continue, e que eu tenha um encontro com minha noiva.
Meus olhos começaram a lacrimejar.
Ele apertou minha mã o e notei a caixa em sua outra mã o
tremendo. Minha besta confiante que virou o amor da minha vida
estava nervosa em propor. Debaixo de todo o exterior duro estava um
homem com um coraçã o gigante e macio - é por isso que ele sofreu
tanto por tanto tempo e ergueu uma parede para protegê -lo de se ferir
novamente.
Bennett engoliu em seco e o humor em seu rosto foi substituı́do
por sinceridade. —Quando eu conheci você , eu estava quebrado e nã o
queria ser consertado. Você vandalizou meu carro, tentou pegar meu
emprego e me chamou de idiota, tudo em poucas horas depois de
entrar no escritó rio. Eu fiz tudo que podia para te odiar, porque em
algum lugar lá no fundo, eu sabia que você era uma ameaça à minha
necessidade de ser infeliz.
—Quando te insultei, você me convidou para uma reuniã o
mesmo sendo minha concorrente e você poderia ter ido sozinha.
Quando eu fiz merda de mim mesmo dizendo que sua mã e estava
dando em cima de mim, você me encorajou a ficar para o jantar.
Quando a avó de Lucas morreu, foi você quem disse imediatamente
que precisá vamos levá -lo ao conselheiro. Você deveria correr para o
outro lado, mas nã o é quem você é . Você é uma mulher linda, mas a
verdadeira beleza que brilha vem de dentro.
Ele balançou sua cabeça.

—Eu nã o mereço um amor tã o desinteressado. Eu nã o posso


imaginar como eu mereço você . Mas se você me deixar, eu quero
passar o resto da minha vida tentando ver pelo menos a metade do
que você de alguma forma vê em mim.

Lá grimas quentes começaram a escorrer pelo meu rosto.


—Annalice O'Neil, eu quero discutir com você todos os dias no
escritó rio e fazer as pazes com você todas as noites em nossa cama. Eu
quero encher sua barriga com bebê s de cabelos loiros que se parecem
com você e transbordar nossa casa com felicidade. Eu quero
envelhecer com você . Entã o, você nã o será minha namorada e me fará
a honra de ser minha noiva neste Dia dos Namorados?

Eu caı́ no chã o, quase derrubando-o quando passei meus braços


em volta do seu pescoço. —Sim. Sim. — Beijei seu rosto de novo e de
novo.

—Sim. Sim, vou me casar com você .

Bennett nos firmou e pressionou seus lá bios nos meus. Seus
polegares enxugaram as lá grimas dos meus olhos.

—Obrigado por me amar mesmo quando eu me odiava.

Meu coraçã o soltou um grande suspiro. Essa é a coisa sobre o


amor. Nó s nã o nos apaixonamos pela pessoa perfeita; nó s nos
apaixonamos apesar das imperfeiçõ es de uma pessoa.

—Eu te amo, — eu disse.


Ele levantou minha mã o e colocou um lindo diamante lapidado
de esmeralda no meu dedo.

—Eu nã o vi você chegando, Texas. Nã o vi mesmo você chegando.


—Tudo bem. — Eu sorri. —Porque você nunca me verá indo
embora també m.
Fim
Notes
[←1]
Tops tching é uma técnica de costura onde a linha de costura é projetada para ser vista de fora da peça, seja decora va
ou funcional.

[←2]
Keurig é um sistema de produção de bebidas para uso doméstico e comercial, é como uma cafeteira.

[←3]
Commando é não usar roupas ín mas. As origens para isso são "ao ar livre" ou "pronto para a ação".

[←4]

O Woolly Bugger é uma mosca ar ficial comumente categorizada como mosca úmida ou streamer e é pescada
sob a super cie da água.

[←5]

bunny leech

[←6]

gold-ribbed

[←7]
Gyros ou gyro, lido "guíros" é uma apresentação de carne assada num forno ver cal, servida num pão de pita ou
sanduíche.

[←8]
Expressão que significa “Seios & Bunda”

[←9]
Shit-take seria merda.

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