Um dos grandes desafios da gestão pública é a utilização e o gerenciamento de dados
que forneçam informações de forma rápida e eficiente para a gestão pública, pois é cada dia maior a cobrança da sociedade por eficiência dos processos, ampliação da transparência e efetividade das políticas públicas. Na busca por uma maior qualidade na prestação do serviço ao cidadão, é importante a ampliação dos serviços ofertados eletronicamente e a simplificação dos processos. Em pesquisa realizada pelo Datafolha no ano de 2017, ao menos 50 milhões de brasileiros perderam alguém próximo assassinado1. Embora esteja presente diariamente no cotidiano popular, esse medo e insegurança devem ser entendidos como anormalidade. Diante desse quadro, os órgãos de segurança pública devem adotar estratégias para uma reviravolta nesse panorama, e as tecnologias inovadoras de gestão podem ser decisivas para a obtenção de bons resultados. E conclui afirmando que “neste século, os avanços tecnológicos evoluíram sem precedentes na área de comunicação e informação. Empregar estes recursos na Polícia Militar significa agregar valor à sua eficiência.” (KASSAI, 2018, p. 122, grifo nosso). Uma Evolução tecnológica tão impactante e historicamente importante, que é comparada à uma nova revolução industrial, “algo diferente de tudo que a humanidade já experimentou.” (SCHWAB, 2016, p. 16). Ciente das várias definições e argumentos acadêmicos utilizados para descrever as três primeiras revoluções industriais, acredito que hoje estamos no início de uma quarta revolução industrial. Ela teve início na virada no século e baseia-se na revolução digital. É caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos que se tornam mais baratos e pela inteligência artificial e aprendizagem automática (ou aprendizado de máquina). As tecnologias digitais, fundamentadas no computador, software e redes, não são novas, mas estão causando rupturas à terceira revolução industrial; estão se tornando mais sofisticadas e integradas e, consequentemente, transformando a sociedade e a economia global. Por esse motivo, os professores Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee do Massachusetts Institute of Technonlogy (MIT) disseram que este período é “a segunda era da máquina”, no título do livro publicado por eles em 2014; estes dois professores afirmam que o mundo está em um ponto de inflexão em que o efeito dessas tecnologias digitais irá se manifestar com “força total” por meio da automação e de “coisas sem precedentes.” (SCHWAB, 2016, p. 16). Explorar os recursos tecnológicos inovadores, fazer mais e melhor, atingir positivamente a opinião pública, direcionando a PMPI para os caminhos de uma organização exponencial2 (ExO), preparada para o século XXI, é uma questão de ordem. 2 O RADAR TECNOLÓGICO DA SEGURANÇA PÚBLICA O olhar atento e uma calibrada visão de futuro para todas essas mudanças, transformações – revoluções, que impactam em profundidade as relações sociais, serão decisivos para as estratégias de políticas públicas. Em seu livro The Prime Movers, o psicólogo Edwin Locke identifica os traços mentais básicos dos grandes líderes: Steve Jobs, Sam Walton, Jack Welch, Bill Gates, Walt Disney e J. P. Morgan, para citar apenas alguns. Embora uma série de variáveis contribuísse para o sucesso, Locke descobriu uma característica-chave comum: VISÃO. É a capacidade de ver à frente que realmente distingue cada um desses homens, diz ele. (DIAMANDIS; KOTLER, 2018, p. 31, grifo nosso). Dentro da importante estratégia de se antever, e naturalmente preparar-se pelo que está por vir, nas próximas seções, abordaremos as principais tecnologias com potencial disruptivo, já em estágio de exploração, com possibilidades de grandes transformações sociais e consequente reflexo nas políticas públicas, em especial, as de segurança, as quais operam em contato direto e aproximado com a sociedade e suas crises. 2.1 REDE, SENSORES E COMPUTAÇÃO EM NUVEM Há um novo “sistema operacional” agindo no mundo, diferente de todos os outros já lançados, sem manual de instrução; ao ser concebido, suas eventuais versões já nascem desatualizadas. Esse sistema está fundamentado “em dois fatores irredutíveis, que se constituem no núcleo – o código no coração da máquina – da era da rede.” (ITO; HOWE, 2018). O primeiro é a Lei de Moore3. Tudo o que é digital avança mais rápido, fica mais barato e diminui de tamanho a taxas exponenciais. O segundo é a internet. Quando essas duas revoluções – uma na tecnologia, a outra nas comunicações – se juntaram, foi desencadeado uma força explosiva que mudou a própria natureza da inovação, recolocando-a do centro (governos e grandes corporações) para a periferia. (ITO; HOWE, 2018, p. 11, grifos do autor). A internet, como qualquer rede, é uma interconexão de sinais e informações. Já os sensores são dispositivos que capturam informações, que, interligados a essa rede, conseguem comunicar dados. Na Lei de Moore, constatou-se que a cada 18 meses a capacidade de processamento dos computadores aumenta 100%, ou seja, dobra; enquanto os custos permanecem os mesmos. Isto é, daqui a um ano e meio você vai poder comprar um chip com o dobro da capacidade de processamento, pelo mesmo preço que você paga hoje. 3 TECNOLOGIAS DAS COMUNICAÇÕES 3.1 CONCEITO Telecomunicação é a transmissão de palavras, sons, imagens ou dados por meio de fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético. 3.2 FATORES QUE CONTRIBUÍRAM A EVOLUÇÃO DAS COMUNICAÇÕES NO MUNDO Os satélites de telecomunicações- São os maiores frutos dessa conquista espacial. Além de permitirem a retransmissão de programas da televisão educativa e comercial, eles abriram novas perspectivas para a comunicação telefônica, a transmissão de dados, fax, Internet e muitos outros serviços especializados. A fibra óptica- É outra inovação revolucionária. Surgida no final do século XX, essa tecnologia da informação permite a transmissão rápida e simultânea de milhares de chamadas telefônicas e dezenas de imagem por um filamento de vidro, sílica, náilon ou silicone de altíssima transparência O chip e o microchip- Criados pela microeletrônica com dezenas de milhões de transistores permitiu a digitalização, dando as telecomunicações a mesma linguagem dos computadores, que culminou no surgimento das redes de computadores e, entre elas, a de maior impacto na vida das pessoas, a Internet. 4 – RÁDIOCOMUNICAÇÃO 4.1 CONCEITO A radiocomunicação é um meio de comunicação sonoro transmitido por ondas eletromagnéticas que se propagam através do espaço. 4.2 ONDA DE RÁDIO É um tipo de luz invisível aos olhos humanos. A onda de rádio é produzida a partir da eletricidade, através dessas ondas podemos transportar dados, sons e imagem pelo ar. Essa onda propaga-se a uma velocidade aproximada de 300.000 km/s. 4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RÁDIOS QUANTO À FREQUÊNCIA DE OPERAÇÃO 4.3.1 (HF) → é a sigla para o termo inglês High Frequency, que significa freqüência alta, Designa a faixa de radiofreqüências de 3 MHz até 30 MHz. É uma freqüência usada na comunicação de rádio em aviões e embarcações e por radioamadores. Principais características (HF): - Comunicação a distâncias longas; - Sinaldebaixaqualidade; 19 - Sofredeflexãodaionosfera; 4.3.2 (VHF) → é a sigla para o termo inglês Very High Frequency, que significa freqüência muito alta. Designa a faixa de radiofreqüências de 30 MHz até 300 MHz. É uma freqüência comum para propagações de sinais de televisão (canais 2 ao 13), rádio FM e rádio transceptores. Principais características (VHF): - Comunicação a distâncias curtas (depende da potência do transceptor e da antena do rádio) - Sinaldeboaqualidade; - Sofre interferência de obstáculos terrestres(prédios,morros,etc...). 4.3.3 (UHF) → é a sigla para o termo inglês Ultra High Frequency, que significa freqüência ultra alta. Designa a faixa de radiofreqüências de 300 MHz até 3000 MHz. É uma freqüência comum para propagações de sinais de televisão digital e rádio transceptores. Principais características (UHF): Comunicação a distâncias longas; Sinal de péssimaqualidade nos sistemas analógicos; Sinal de boa qualidade nos sistemasDigitais; Sofre interferência da ionosfera; 5.3 REGRAS PARA USO DO MICROFONE DO RÁDIO a) Aperte a tecla PTT para falar e solte-a para receber. b) Fale claramente com o nível normal de sua voz, evite falar muito perto ou muito longe do microfone (a distância ideal é de 15 cm aproximadamente); c) A tecla do microfone não deve permanecer apertada por mais de 30 segundo, pois isto poderá causar defeito no equipamento de rádio; d) Nunca alongar demais o cabo do microfone, para não o partir ou danificá-lo; e) O Motorista jamais deve operar o rádio com a viatura em movimento, evitando assim que o cabo do microfone enrosque no volante, e para que não tire sua atenção no trânsito 5.4 O CÓDIGO “Q” INTERNACIONAL A função do código Q, é simplificar, dar maior fluidez, e principalmente o entendimento entre operadores de radiocomunicação, pela substituição de informações por um conjunto de três letras, sempre iniciadas pela letra Q.
6 – TECNOLOGIAS UTILIZADAS NA PMPI
6.1 O CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE 6.1.1 PONTOS CHAVES DE ATUAÇÃO DO CICC a) Interoperabilidade entre Agências, sistemas e banco de dados. Objetivando: I – Otimização de Recursos Humanos e Logísticos; II – Padronização de Ações; III – Diminuição do Tempo Resposta. b) Informação: O “BIG DATA da Segurança Pública”: BI da PMPI, estatísticas SSP, Bases Criminais, tornozelados, Base Civil, Câmeras, Sensores, Detran, Zona azul.... Etc Objetivando: I – Assertividade de emprego através de tipologias para a produção de Indicativos Assertivos de Abordagem em Tempo Real (“Estreitamento da malha”) c) Tecnologia: Todos os hardwares disponíveis como: câmeras com analíticos de inteligência, sensores de detecção de disparo, drones dentre outros. 6.2 PABX DÍGITRO 190 O Interact é uma solução de “contact center” completa que oferece uma série de ferramentas para garantir e proporcionar melhores resultados em sua central de atendimento ao usuário, inclusive a distância. O Interact da Dígitro permite dimensionar e gerenciar com facilidade a seus pontos de atendimento, além disso, permite gestão de fila de espera, gravação, discador e muitas outras ferramentas que irão facilitar o atendimento e a gestão da sua equipe. O Interact é poderoso flexível e pode ser personalizado ao tamanho das necessidades da respectiva demanda. Suas principais funcionalidades são: - Direcionamento Inteligente; - Dashboard parametrizável; - Discador automático; - Callback; - Pesquisa de satisfação. 6.3 O PROJETO PMPI MOBILE O Projeto PMPI Mobile, assim denominado, representa uma suíte de softwares voltados para o gerenciamento de ocorrências de emergência e análise estatística, sendo composto por 4 (quatro) soluções: a) SYSPM – Plataforma Web de gestão do atendimento 190, despacho de viaturas e análise estatística; b) App PMPI Cidadão – aplicativo destinado à população, o qual permite ao usuário acionar os serviços de emergência da PMPI; c) App PMPI Gestão – que permite aos comandantes de policiamento acompanhar, em tempo real, os principais indicadores atinentes à sua área de circunscrição e d) App PMPI Mobile – proposto ao incremento da produtividade e eficácia operacional em campo. 6.3.1.1 SYSPM Trata-se um sistema web de registro de ocorrências, despacho de viaturas e análise de estatísticas. Todas as ocorrências recebidas pela PMPI são registradas nesse sistema. Os atendentes do COPOM inserem as diversas informações da ocorrência em seus campos específicos, georreferenciando, em seguida, o endereço do chamado. 6.3.2.2 APP PMPI CIDADÃO Lançado em 17 de fevereiro de 2020, inicialmente para uso na região metropolitana de Teresina, trata-se de um aplicativo que visa aproximar a polícia 32 militar do cidadão. O referido sistema disponibilizou, como principal recurso, um novo canal de acesso aos serviços de emergência da PMPI, que ocorre de forma célere e segura, através de recursos tecnológicos que propiciam rapidez e controle no atendimento das ocorrências geradas. 6.3.3.3 APP PMPI GESTÃO Apresenta-se como um painel gerencial, interativo e de fácil acesso, para uso dos comandantes de policiamento em suas respectivas áreas de atuação. Instalado nos smartphones de seus usuários, o aplicativo permite a análise, em tempo real, das principais informações atinentes ao serviço operacional da PMPI. É possível acompanhar todas as ocorrências em andamento e seus detalhes, tais como: tipo penal, registro do solicitante, localização, guarnições empenhadas, tempo de resposta em cada fase do atendimento e o relato policial do ocorrido. O aplicativo permite também, pela função Sala de Situação, analisar estes mesmos parâmetros relativos às últimas 24 horas do serviço. - A NOVA ROTINA OPERACIONAL Diversas atividades operacionais foram incorporadas ao PMPI Mobile, otimizando as ações dos policiais em campo, trazendo celeridade e melhorias na qualidade da prestação do serviço ao cidadão. a) Composição virtual das guarnições: os policiais militares, ao assumirem seus turnos de serviço, passam a compor sua guarnição de forma online. Não há mais a necessidade de utilizar a rede rádio para transmitir as diversas informações referentes àquela equipe, e seus respectivos recursos empregados. b) Checklist informatizado para assunção e passagem do serviço: as variadas informações atinentes à troca do turno de serviço, que antes eram reportadas pela cadeia de comando, e registradas em livros de controle, passam a ser disponibilizadas no próprio tablet da guarnição, as quais são salvas automaticamente nos servidores, podendo ser acessadas posteriormente, para o devido controle e fiscalização. c) Recebimento On-line de Ocorrências: as ocorrências, antes do APP PMPI Mobile, eram despachadas pelo COPOM, através da rede rádio. Com o PMPI Mobile o operador do COPOM seleciona a viatura disponível mais próxima do chamado, e pelo próprio SYSPM, emprega essa guarnição para o atendimento do fato, que receberá todas as informações pertinentes, on-line, em seu tablet de serviço. d) Emprego da melhor rota georreferenciada: com o aplicativo PMPI Mobile é possível que a equipe de serviço, ao receber a ocorrência georreferenciada em seu tablet, opte por utilizar a rota sugerida pelo sistema, o qual funciona integrado ao API do google maps. O tempo de reposta das guarnições PM passa a ser diretamente impactado por essa funcionalidade, trazendo uma precisão para a localização do endereço do chamado, e possibilitando ao policial se valer da rota mais rápida para o eficaz atendimento. e) Consulta Integrada a banco de dados: o PMPI Mobile permite uma integração por API ou webservices a uma quantidade diversa de bases de dados, propiciando ao policial, na atividade operacional, o acesso a informações de forma rápida, diretamente pelo sistema, num processo mais simplificado, sem a necessidade de realizar essas consultas através de solicitações ao COPOM pela rede rádio. f) Informatização do cartão programa: a funcionalidade Programação Operacional é destinada a substituir o então “cartão programa”. Todas as informações, de onde e quando uma determinada viatura deve cumprir a referida programação operacional, são adicionadas ao sistema; passando os policiais de serviço a receberem diretamente no seu tablet, em horário especificado, devendo se deslocar ao local predeterminado para realizar o “check in” pela geolocalização do seu dispositivo. g) Coleta qualificada dos dados: o sistema possui uma abrangente aba com campos para a qualificação detalhada da ocorrência e dos envolvidos. Dados sobre vítima, autor, armas, veículos, drogas etc., são coletados por todos os policiais que operam com o kit de tecnologia embarcada, no próprio local do fato, em substituição aos formulários de papel, ficando disponíveis, em tempo real, para uma melhor gestão informacional do teatro de operações. h) Disponibilização dos formulários para registro e lavratura de ocorrências no local do fato: com o kit de tecnologia embarcada é possível a impressão de diversos formulários decorrentes do encerramento dos atendimentos policiais militares. É possível a impressão do comprovante de BO de um fato atípico, de uma comunicação de crime, e até mesmo dos documentos necessários à persecução penal para a lavratura de um TCO, como a requisição de lesão corporal, requisição de exame toxicológico e termo de compromisso de comparecimento dos envolvidos ao juizado especial criminal, com a inclusão de data e horário da pauta prevista os quais serão impressas e assinadas no local do fato, dispensando, inclusive, a necessidade futura de intimação das partes pelo poder judiciário.
As análises preditivas8, com alto percentual de acurácia, fazem parte desse
cenário. A interoperabilidade, ou seja, a capacidade de um sistema se comunicar com outro, será imprescindível. A base de dados gerados nessas cidades inteligentes9, integrada pelos operadores da segurança pública, tanto anteciparão as ações de combate ao crime como sinalizarão novas oportunidades.