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A associação desses fatores constituiu a semen- Na instalação de novas indústrias predominava,

te do processo de industrialização, que passou a ger- com raras exceções, o capital de origem nacional,
minar notadamente na cidade de São Paulo, onde acumulado nas atividades agroexportadoras. A políti-
havia maior disponibilidade de capitais, trabalhado- ca industrial comandada pelo governo federal era a de
res quali cados e a infraestrutura básica a que nos substituir as importações, visando à obtenção de um
referimos. Regiões dos estados do Rio de Janeiro, Rio superavit cada vez maior na balança comercial* e no
Grande do Sul e Minas Gerais também intensi caram balanço de pagamentos, para permitir um aumento nos
seus processos de industrialização. investimentos nos setores de energia e transportes.
*As expressões impressas na

O GOVERNO VARGAS E A POLÍTICA DE


cor azul são explicadas no
Glossário, no final deste volume.

“SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES”
Getúlio Vargas, que governou o país pela primei- de produção e de infraestrutura: siderurgia (Compa-
ra vez de 1930 a 1945, foi o presidente empossado pela nhia Siderúrgica Nacional – CSN), extração de petró-
Revolução de 1930, de cunho modernizador. Até en- leo e petroquímica (Petrobras) e bens de capital (Fá-
tão, o mundo capitalista acreditava no liberalismo brica Nacional de Motores – FNM, que, além de cami-
econômico, ou seja, que as forças do mercado deve- nhões e automóveis, fabricava máquinas e motores), e
riam agir livremente para promover maior desenvol- também da extração mineral (Companhia Vale do Rio
vimento e crescimento econômico. Com a crise, ini- Doce – CVRD) e da produção de energia hidrelétrica
ciou-se um período em que o Estado passou a intervir (Companhia Hidrelétrica do São Francisco – Chesf).
diretamente na economia para evitar novos sobres- A implantação desses setores industriais e de infraes-
saltos do mercado. Essa prática de intervencionismo trutura estratégica necessitava de investimento ini-
estatal na economia seguiu o modelo proposto pelo cial muito elevado. Como essas atividades na época
keynesianismo. eram pouco atraentes ao capital privado, fosse ele
De 1930 a 1956, a industrialização no país carac- nacional ou estrangeiro, porque o retorno do capital
terizou-se por uma estratégia governamental de im- investido era muito lento, o Estado se incumbiu de
plantação de indústrias estatais nos setores de bens realizar esses investimentos.

Pablo Jacob/Agência O Globo

p Entrada da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda (RJ), em 2012. Fundada em 1941, sua construção foi financiada
pelos Estados Unidos, após Getúlio Vargas ter ameaçado aproximar-se dos países do Eixo nazifascista, durante a Segunda Guer-
ra Mundial. Em 1993, a CSN foi privatizada.

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA 15
Desenvolvendo habilidades

Cedida por Tarsila do Amaral Empreendimentos.


1. Como estudamos, a industrialização promove uma série
de transformações na economia e na sociedade das re-
giões onde as fábricas são implantadas. Observe a pintura
de Tarsila do Amaral e escreva um pequeno texto desta-
cando as mudanças que a industrialização provoca na or-
ganização do espaço urbano.

2. Observe a imagem abaixo. Ela retrata as condições de mo-


radia de parcela da população urbana no início do século
XX. Com base nela, elabore um texto relatando as condi-
ções de vida do trabalhador urbano no início do século XX:
• Utilize elementos da fotografia para exemplificar essas
condições.
• Considere a situação de subemprego a que muitas pessoas
estavam submetidas e o papel do poder público na realiza-
ção de investimentos em moradia popular.
• Conclua, respondendo: a realidade mostrada na foto per-
manece até os dias de hoje ou foi solucionada?

p A Gare, de Tarsila do Amaral, de 1925.

Augusto Malta/Arquivo da editora

p Cortiço no Rio de Janeiro, no começo do século XX.

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA 27
p

Flechas contra o muro


Cassiano Ricardo
Pra se poder viver secreto, mas visível.
compra-se o mundo em que se vive Compram-se os seus problemas
Como quem compra um objeto sem solução

1. Com base na observação da pintura de Tarsila do Amaral e considerando a sociedade brasileira da década de
1920, faça o que se pede.
a) Descreva as expressões dos operários representados na pintura.
b) O que essa pintura revela sobre a situação da sociedade da época?
c) Como são as relações de empregados e patrões nas indústrias atualmente? Faça um desenho ou escreva um
texto retratando essas relações.

2. Com base na leitura dos trechos dos poemas de Mário de Andrade e Cassiano Ricardo, responda:
a) Quais são as críticas feitas nesses poemas?
b) Na sua opinião, quais foram as vantagens e desvantagens da industrialização? Relacione-as em uma tabela.

Pesquisa na internet
P FGV/CPDOC
No portal da Fundação Getúlio Vargas/Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (FGV/CPDOC)
você encontra vários textos sobre economia, política, cultura, diversas biografias e outros assuntos relacionados à história
brasileira contemporânea. Disponível em: <www.cpdoc.fgv.br>. Acesso em: 24 nov. 2012.
P Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traz em seu site vários textos e análises de conjuntura sobre a economia
brasileira. Disponível em: <www.ipea.gov.br>. Acesso em: 24 nov. 2012.

Sessão de vídeo
Coronel Delmiro Gouveia. Direção: Geraldo Sarno. Brasil, 1978.
Divulgação/Arquivo da editora

No início do século, no Nordeste brasileiro, empresário pioneiro da indústria nacional é perseguido


por se recusar a vender sua fábrica para industriais britânicos. Esse filme retrata as dificuldades e
pressões sofridas pelos que tentavam enfrentar o domínio estrangeiro em vários setores da economia
nacional.

P Eles não usam black-tie. Direção: Leon Hirszman. Brasil, 1981.


Narra o cotidiano de uma família de operários e os conflitos entre pai e filho durante uma greve no
período da ditadura militar. Destacando a contradição inerente à relação capital-trabalho, o filme
descreve as agruras e sonhos da classe operária brasileira num período de forte exploração e arrocho
salarial.

P Jânio a 24 Quadros. Direção: Luiz Alberto Pereira. Brasil, 1984.


Divulgação/Arquivo da editora

Apresenta um panorama político do Brasil de 1950 a 1980, analisando os motivos da renúncia de


Jânio Quadros e a influência da atitude do ex-presidente na instalação do regime militar. Durante o
documentário, são analisados o desenvolvimentismo de JK, a ditadura militar, a censura, o movimento
dos estudantes e dos trabalhadores, e a luta pela anistia.

P Mauá, o imperador e o rei. Direção: Sérgio Resende. Brasil, 1999.


O filme mostra o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), empreendedor
gaúcho mais conhecido como barão de Mauá. Foi considerado o primeiro grande empresário brasileiro,
responsável por uma série de iniciativas modernizadoras da economia nacional. Arrojado em sua luta
pela industrialização do Brasil, Mauá foi um vanguardista no século XIX.

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