Você está na página 1de 61

INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA

IGOR LUCAS FONTES DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA O USO


SUSTENTÁVEL DE MACROALGAS ARRIBADAS NO LITORAL CAPIXABA

Piúma
2023
IGOR LUCAS FONTES DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA O USO


SUSTENTÁVEL DE MACROALGAS ARRIBADAS NO LITORAL CAPIXABA

Monografia apresentada à Coordenadoria


do Curso de Engenharia de Pesca do
Instituto Federal do Espírito Santo,
Campus Piúma, como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia de Pesca

Orientador: Prof. Dr. Thiago Holanda


Basilio

Coorientador: Prof. Dr. Levi Pompermayer


Machado

Piúma
2023
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Clarice Lispector – Ifes campus Piúma

Santos, Igor Lucas Fontes dos.


S237 Desenvolvimento de tecnologias sociais para uso sustentável de
macroalgas arribadas no litoral capixaba / Igor Lucas Fontes dos Santos.
– 2023.
60 f. il.

Orientador: Prof. Dr. Thiago Holanda Basílio.


Coorientador: Prof. Dr. Levi Pompermayer Machado.

Monografia (graduação) – Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia do Espírito Santo. Curso Bacharelado em Engenharia de
Pesca, 2023.

1. Alga marinha. 2. Biomassa. 3. Sustentabilidade. I. Basílio, Thiago


Holanda. II. Machado, Levi Pompermayer. III. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. IV. Título.

CDD 22: 579.8

elaborada por Aline Kuplich CRB6|ES 540


IGOR LUCAS FONTES DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA O USO


SUSTENTÁVEL DE MACROALGAS ARRIBADAS NO LITORAL
CAPIXABA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria de Engenharia de Pesca do
Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito
parcial para obtenção de título de Engenheiro de
Pesca

Aprovado em 05 de julho de 2023.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Thiago Holanda Basilio


Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia do Espírito Santo.
Orientador

Prof. Dr. Alexandre Augusto Oliveira Santos


Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia do Espírito Santo.

Prof. Dr. Carlos Eduardo de Araújo Barbosa


Instituto Federal de Educação, ciência e tecnologia do Espírito Santo.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que sempre esteve comigo em todos os momentos


desse curso, tive fé e consegui chegar até aqui. Agradeço meus quatro avós que me
viram entrar no Ifes, porém não me viram concluir, tenho certeza que onde estiverem
estarão felizes com essa conquista, sou muito grato a eles. Agradeço a minha mãe
(Claudia Lucas Gonçalves Fontes) e meu pai (Ilton dos Santos Jr) que me deram a
vida e o apoio necessário para ser quem eu sou e chegar onde estou. Sou
eternamente grato por tudo que me ajudaram, sempre estarei com vocês em todos os
momentos. Meu irmão Bruno e João por estarem comigo no meio acadêmico onde
sempre me espelhei muito e foram exemplos como estudantes. Agradeço as minhas
filhas Kiara Lua e Marisol por me darem esperança para continuar buscando melhores
caminhos.
Ao Ifes, por ter vindo para Piúma, ajudar a comunidade a se desenvolver, dando
oportunidade para a formação de pessoas como eu e minhas filhas. Agradeço aos
meus professores, coordenadores, técnicos de laboratórios, que buscaram sempre
passar o melhor conhecimento possível, sou eternamente grato a todos vocês que
contribuíram para minha formação, não esquecerei. Agradeço ao meu orientador
Thiago Holanda Basilio por ajudar a me desenvolver no meio acadêmico e a melhorar
como pessoa, sempre disposto e com bons pensamentos. Te agradeço muito, foi
muito aprendizado nesses anos de Ifes campus Piúma. A todos os estudantes dos
laboratórios Laboratório de Extensão Pesqueira e Aquícola (LEPA) e Núcleo de
Educação Ambiental (NEA) que me auxiliaram na formação, obrigado por tudo!
A todos os meus amigos do Ifes, todos aqueles que trocamos conhecimentos
e vivências. Foi muito bom estar com vocês durante esses anos, sem vocês, acho que
não teria conseguido. A turma de 20161 sempre estará em meu coração. Aos meus
amigos veteranos que me ajudaram sempre que podiam, o meu muito obrigado,
estamos todos juntos no mercado de trabalho. E a todos os servidores que ajudam o
Ifes a funcionar, todos da secretaria, limpeza, manutenção e segurança.
Quero agradecer também a Engenharia de Pesca por me formar um
profissional apaixonado pela área e entusiasta dessa maravilhosa profissão. Ao
oceano e as macroalgas que foram paixão à primeira vista, me encantei com tanto
potencial e fui seguindo esse caminho apaixonado, obrigado por tudo.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9

2 REFERÊNCIAL TEORICO 11

3 OBJETIVOS 14
3.1 OBJETIVO GERAL 14
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14

4 METODOLOGIA 15
4.1 ÁREA DE ESTUDO, COLETA E PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS 15

4.1.1 Área de estudo 15

4.1.2 Caracterização das praias monitoradas dos municípios de Piúma e


Itapemirim, região sul do estado do Espírito Santo 16

4.1.3 Coleta e processamento das macroalgas arribadas 18

4.1.4 Etapa de laboratório 20


4.2 PROCESSAMENTO DE MACROALGAS NA UNIDADE DEMONSTRATIVA DE
PROCESSAMENTO DE MACROALGAS 22

5 RESULTADOS 24
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PRAIAS MONITORADAS DOS MUNICÍPIOS DE
PIÚMA E ITAPEMIRIM, REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 24
5.2 MONITORAMENTO DA BIOMASSA DE MACROALGAS
5.3 CONSTRUÇÃO DE BASE PARA PROCESSAMENTO DAS ALGAS MARINHAS
DA REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 37
5.4 TECNOLOGIA SOCIAL PARA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DAS
MACROALGAS ARRIBADAS 39

6 DISCUSSÂO 42
6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PRAIAS MONITORADAS DOS MUNICÍPIOS DE
PIÚMA E ITAPEMIRIM, REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 42
6.2. MONITORAMENTO DA BIOMASSA DE MACROALGAS 43
6.3. TECNOLOGIA SOCIAL 45
7 CONCLUSÃO 47
8 REFERÊNCIAS 48
9 ANEXOS 53
9.1 ANEXO 1 - Autorização do sisbio 2022 53
9.2 ANEXO 2 - Autorização do sisbio 2023 57
RESUMO

As macroalgas são organismos de grande importância socioambiental, uma vez que,


são fonte de nutrientes, sais minerais, vitaminas e compostos biologicamente ativos.
Em alguns municípios do litoral capixaba é comum observar o fenômeno natural
chamado de “arribadas de algas”, onde a biomassa algal é destacada dos seus
substratos e trazidas até a praia. Entretanto, a composição desse material ainda não
é bem conhecida e a biomassa não tem sido devidamente explorada. Logo, o presente
estudo, teve como objetivo o monitoramento, coleta e exploração de macroalgas
arribadas nos municípios de Piúma e Itapemirim, no estado do Espírito Santo. As
atividades foram realizadas no período de fevereiro 2022 a dezembro de 2022, com a
realização de 20 campanhas de campo, 10 em cada município. Foram realizadas
coletas em dois transectos de 100 m cada um, paralelos a praia. Nesses transectos,
continham três quadrantes de 1x1m. Foram coletadas ainda macroalgas em
suspensão e aleatoriamente na praia. O processamento do material dentro do
laboratório consistiu na separação das macroalgas dos outros componentes amostrais
como matéria orgânica, resíduos sólidos, rodolitos, organismos ou partes de
organismos diversos. Ao total foram coletados cerca de 182,107 quilos de material
nos dois municípios estudados. Desses 120,126 kg foram obtidos em Itapemirim e
61,981 kg em Piúma. Nos quadrantes as macroalgas foram a maior quantidade,
representando 42,32% do peso total, rodolitos, com 16,19%, resíduos sólidos 1,94 %
e organismos 0,64% do peso. Após a triagem e secagem as macroalgas passaram de
77,075 kg para 8,771 (11,37%). Foi construída uma base de processamento de
macroalgas, com três mesas de madeira com tampo de aço inoxidável, uma para a
lavagem, outra para triagem, e uma mesa separada para secagem e organização da
biomassa em caixas perfuradas, protocolo sugerido para o processamento e o uso
sustentável das macroalgas. Foram elaboradas duas tecnologias sociais, o mix em pó
das algas e o extrato liquido, com o propósito de aplicação na agricultura. Portando,
fica claro que este estudo contribui significativamente para o conhecimento sobre a
potencialidade e as tecnologias sociais das macroalgas e fornecem oportunidade para
novos estudos aprofundados sobre a biomassa algal nas regiões do Espirito Santo.

Palavras-chave: Biomassa. Manejo. Sustentabilidade


ABSTRACT

Macroalgae are organisms of great socio-environmental importance since they are a


source of nutrients, minerals, vitamins, and biologically active compounds. In some
municipalities along the coast of Espírito Santo, it is common to observe a natural
phenomenon called "algae landings," where algal biomass is detached from its
substrates and washed up onto the beach. However, the composition of this material
is not well known, and the biomass has not been properly utilized. Therefore, the
present study aimed to monitor, collect, and explore macroalgae washed up on the
beaches of Piúma and Itapemirim, in the state of Espírito Santo. The activities were
carried out from February 2022 to December 2022, with 20 field campaigns, 10 in each
municipality. Collections were made along two 100-meter transects, parallel to the
beach, which contained three 1x1-meter quadrants each. Macroalgae in suspension
and randomly on the beach were also collected. In the laboratory, the processing of
the material involved separating macroalgae from other sample components such as
organic matter, solid waste, rhodoliths, various organisms, or parts of organisms. In
total, approximately 182,107 kilograms of material were collected in the two studied
municipalities. Of these, 120,126 kg were obtained in Itapemirim, and 61,981 kg in
Piúma. In the quadrants, macroalgae represented the highest quantity, accounting for
42.32% of the total weight, followed by rhodoliths with 16.19%, solid waste with 1.94%,
and organisms with 0.64% of the weight. After sorting and drying, the macroalgae
decreased from 77,075 kg to 8,771 kg (11.37%). A macroalgae processing base was
constructed, with three wooden tables with stainless steel tops: one for washing,
another for sorting, and a separate table for drying and organizing the biomass into
perforated boxes, following a suggested protocol for the processing and sustainable
use of macroalgae. Two social technologies were developed, the algae powder mix
and the liquid extract, with the purpose of applying them in agriculture. Therefore, it is
clear that this study significantly contributes to knowledge about the potential and
social technologies of macroalgae. These data provide opportunities for further in-
depth studies on algal biomass in the regions of Espírito Santo.

Keywords: Biomass. Management. Sustainability.


9

1 INTRODUÇÃO

Macroalgas são organismos fotossintetizantes que produzem diversos


pigmentos acessórios, responsáveis pela diversidade de cores, permitindo a absorção
da luz necessária para a fotossíntese (MARINHO-SORIANO & CARNEIRO, 2021). As
macroalgas são encontradas em diversas regiões dos oceanos e mares, sendo
distribuídas por toda a extensão da plataforma continental (SILVA, 2022).
São classificadas em três grupos: Phaeophyta (algas marrons), Rhodophyta
(algas vermelhas) e Chlorophyta (algas verdes). Elas habitam principalmente o
ambiente marinho, sob contínuas mudanças de fatores abióticos (HARB et al., 2021).
Apresentam uma grande importância para diversas funções nos ecossistemas
marinhos, como refúgio para outros organismos, alimento, ciclagem de nutrientes,
produção de oxigênio e sequestro de carbono (CO2) (FERNANDES et al., 2021;
MARINHO-SORIANO & CARNEIRO, 2021). Desempenham, desta forma, um papel
ecológico importante no funcionamento dos ecossistemas costeiros, pois atuam como
produtores primários na base da cadeia trófica, fornecendo alimento para inúmeros
organismos. Além disso, as macroalgas são consideradas engenheiras do
ecossistema, pois podem modular a disponibilidade de recursos do seu entorno para
outras espécies (CARNEIRO, 2021) ou alterar fisicamente o ambiente, como na
formação dos atóis e recifes (CARNEIRO, 2021; MARINHO-SORIANO et al., 2008).
A reprodução, sobrevivência, crescimento e a eficiência fotossintética das
macroalgas têm ligação direta com fatores ambientais moldados pelo clima, como
temperatura, disponibilidade de nutrientes, salinidade, pH, dessecação, entre outros
(MARINHO-SORIANO & CARNEIRO, 2021). Dentre esses parâmetros, a temperatura
da superfície dos mares (TSM) é fundamental, pois garante a estabilidade e
sobrevivência de espécies marinhas, como é o caso das macroalgas (SILVA, 2022).
Dependendo do tipo de alga, extraem-se compostos com diferentes
propriedades, por exemplo, as macroalgas vermelhas são ricas em carragenana e as
pardas, ricas em alginatos (CASTRO, 2020), substâncias utilizadas na agricultura.
Durante séculos, devido às suas diversas aplicabilidades, as macroalgas têm
desempenhado um papel importante nas comunidades costeiras (FERREIRA, 2020).
De fato, a incorporação de macroalgas na dieta humana tem despertado o interesse
das indústrias alimentícias e outros setores comerciais, devido a suas propriedades
antioxidantes e seus benefícios substanciais na prevenção de processos de oxidação
10

e consequentemente a doenças relacionadas ao estresse oxidativo, como as


neurodegenerativas, inflamatórias, doenças cardiovasculares e o envelhecimento
(PEÑALVER et al., 2020).
Quando essas macroalgas são retiradas de maneira natural do seu substrato de
origem e deslocadas pela maré até a areia da praia, formam um aglomerado de algas,
que passam a ser chamadas de macroalgas arribadas (CAVALCANTI, 2021). De
acordo com CAVALCANTI (2021), esse aglomerado acaba se tornando um problema
ao entrar em processo de decomposição, pois a biomassa gera um forte odor,
afastando turistas e banhistas. Em alguns locais a medida em que se acumulam,
essas macroalgas acabam sendo retiradas pelos órgãos responsáveis e levadas para
aterros sanitários (HARB, 2021).
Segundo Harb (2021) há uma grande demanda por novas fontes de produtos
naturais marinhos, nos quais as macroalgas são componentes relevantes para suprir
essa necessidade e, a alta disponibilidade de biomassa algal é fundamental para
tornar essa atividade sustentável. Considerando que os cultivos de algas marinhas e
as colheitas em bancos naturais não fornecem toda a biomassa do mercado para
exploração e a procura por potenciais bioinsumos, as macroalgas arribadas podem
representar uma grande biomassa, acessível e com potencial de utilização para
indústrias, comunidades locais e pescadores (Harb, 2021).
De acordo com Ferdouse et al. (2018), em 2017 a produção foi cerca de 30,4
milhões de toneladas de macrolagas, sendo 29,4 milhões provenientes da aquicultura
e 1,1 milhão colhidas a partir do material arribado nas praias. Segundo a Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2020), a demanda por
matéria prima algal se mostrou em crescimento contínuo, nos últimos anos, tendo a
produção passado de 10,6 milhões de toneladas em 2000 para 32,4 milhões de
toneladas em 2018. De acordo com a (FAO, 2022) o cultivo global de macroalgas
produziu um milhão de toneladas em 2020, alta de 1,4% de 34,6 milhões de toneladas
em relação a 2019. Alguns importantes países produtores, incluindo China e Japão
experimentaram um crescimento em 2020, enquanto a biomassa de macroalgas
arribadas coletadas nas praias diminuiu no Sudeste Asiático e na República da Coreia
(FAO, 2022).
O Brasil tem baixa participação nesse valor, no entanto, o seu litoral tem grande
potencial para coleta de macroalgas, pois em suas praias são depositadas
diariamente toneladas de macroalgas que poderiam ser utilizadas em diversos setores
11

comerciais (HARB, 2021). De fato, todos os anos, toneladas de macroalgas marinhas


são removidas das praias pelas autoridades locais, como parte das operações de
limpeza e tem como destino, os aterros sanitários, sendo consideradas como parte do
lixo urbano (MANDALKA, et.al. 2022). A destinação correta poderia aumentar o valor
das macroalgas, para as quais atualmente não há preço adequado de mercado no
Brasil (MANDALKA, et al., 2022).
A ocorrência das macroalgas arribadas na costa brasileira é cada vez mais
frequente, com maiores volumes e maior abrangência de área, ocorrendo
principalmente em praias do Sudeste e Nordeste do Brasil (CAVALCANTI, 2021). A
riqueza e abundância dessas algas despertam o interesse econômico, social e
ambiental de diversos setores da sociedade, sendo consideradas uma biomassa
valiosa, porém subutilizada, subestimada e que deve ser considerada uma fonte
sustentável de compostos bioativos no futuro (BARBOSA, 2010; SACRAMENTO et
al. 2013; SANTOS et al. 2013; VILA NOVA et al. 2014; BASILIO, 2020; FERREIRA et
al. 2020; CAVALCANTI, 2021; MANDALKA et al., 2022). Porém, atualmente no Brasil,
elas são aproveitadas em pequena escala, apenas em regiões costeiras, como
matéria prima para produção de biofertilizantes e bioestimulantes agrícolas
(MANDALKA et al., 2022).
Portanto, a busca por novas tecnologias sociais, economicamente viáveis e
sustentáveis, são práticas que buscam a interação de forma integrada com o meio
ambiente e as comunidades pertencentes do local.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nos últimos tempos, as macroalgas têm chamado atenção em todo o mundo


na busca por bioativos, substâncias novas para o desenvolvimento de fármacos e
bioprodutos funcionais devido à sua baixa toxicidade e alta bioatividade (GULLÓN et
al., 2020). De acordo com PREEZ et al., (2021), as macroalgas giram a economia em
todo o mundo, sendo utilizadas como alimento para consumo humano, substrato para
a produção de biocombustíveis, bioestimulante para uso agrícola e também como
fonte para obtenção de metabólitos de alto valor.
Essas propriedades têm sido usadas em diversos setores do mercado, como
ingredientes para alimentos e rações, cuidados com a pele, cosméticos, fertilizantes
e biocombustíveis (STIGER-POUVREAU et al., 2016 apud HARB, 2023). Segundo
12

Harb et al., (2023), existem grandes limitações na busca por novos extratos, frações
ou produtos naturais com ação biológica, uma delas é a pequena disponibilidade de
biomassa para estudos e bioprospecção de novos bioativos. Além disso, de acordo
com a autora, a alta disponibilidade de biomassa de macroalgas pode ser uma
alternativa sustentável e altamente produtiva.
Em 2018, um cinturão de macroalgas se estendeu por mais de oito mil
quilômetros e transportou mais de 20 milhões de toneladas de biomassa do gênero
Sargassum nas costas do Golfo do México, Caribe, África Ocidental e Brasil
(ARENCIBIA-CARBALLO et al., 2020). A movimentação dinâmica dessas grandes
biomassas de macroalgas tem sido muito frequente, causando diversos problemas
socioambientais e socioeconômicos, visto que a decomposição da biomassa libera
sulfeto de hidrogênio e amônia, que são perigosos à saúde humana, prejudicando
também as atividades turísticas e pesqueiras da região, comprometendo o equilíbrio
ecológico local (MANEESH, 2018; DEVAULT, 2020; MOHAMMED et al., 2020).
A biomassa de Sargassum é uma das principais fontes de alginato de sódio,
sendo que esse produto tem sido cada vez mais utilizado nas indústrias farmacêuticas
e em pesquisas da área de saúde (HARB et al., 2023). Segundo Dos Santos et al.,
(2023), estudos e desenvolvimento de bioinsumos para fertilizantes são de grande
importância para o setor agrícola. Bioprodutos feitos através do processamento dessa
macroalga têm valor comercial comprovado e mercados estabelecidos para seu uso
na agricultura (SANTOS et al., 2023). A espécie de macroalga parda Sargassum
tenerrimum foi avaliada como importante matéria-prima alginofítica para a produção
de uma variedade de bioprodutos naturais, como concentrado de proteína, alginato,
fertilizante líquido rico em nutrientes, e ainda, celulose e sal de uma forma integrada
de biomassa úmida para aumentar a sustentabilidade na produção agrícola (BAGHEL
et al., 2020).
Silva et al., (2019) avaliaram o efeito do extrato da espécie Sargassum muticum
em alface (Lactuca sativa) e os resultados mostram que os extratos podem ser
promissores biofertilizantes vegetais, uma vez que tiveram efeito positivo na
germinação de sementes, desenvolvimento e produção de plantas (DOS SANTOS,
2023). Em geral, as macroalgas, são comestíveis e atendem aos novos segmentos
de mercado em expansão: vegano, saudável, funcional, nutracêutico e orgânico
(KIMPARA et al., 2021). Segundo Kimpara et al., (2021), apresentam alto valor
nutricional, como conteúdo elevado de minerais (cálcio e iodo), fibras e vitamina B12.
13

Outra forma de comercialização de algas é a venda como fertilizante, sendo um


produto com o mercado muito versátil (KIMPARA et al., 2021).
Em muitos dos casos, os extratos são produzidos por procedimentos que usam
água, álcalis ou ácidos, ou fisicamente pela ruptura das macroalgas por moagem a
baixa temperatura para dar uma suspensão micronizada de partículas finas (Kawakita
et al., 2015). Como os extratos de macroalgas podem ser usados como fertilizantes e
bioestimulante, a extração com água parece ser a ferramenta mais econômica e
prática para melhor liberação de micro e macroelementos da biomassa (Michalak e
Chojnacka, 2015). O fertilizante obtido do extrato de macroalgas é biodegradável, não
poluente, não tóxico e não perigoso para humanos e outros animais, incluindo aves
(Vijayanand et al., 2014).
O fato das macroalgas chegarem vivas e frescas com grande abundância na
faixa de areia das praias, permite que sejam coletadas sem perda considerável de seu
valor biológico e químico, sendo assim uma ótima alternativa para a utilização em
pesquisas de biotecnologias sociais. Com isso, o objetivo deste trabalho foi
desenvolver tecnologias sociais à base de macroalgas arribadas, a fim de possibilitar
a exploração sustentável para as populações de regiões litorâneas.
14

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver tecnologias sociais para o uso sustentável de macroalgas arribadas no


litoral sul do Espírito Santo, Brasil.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Caracterizar e monitorar as praias onde ocorrem macroalgas nos municípios


de Piúma e Itapemirim, região sul do estado do Espírito Santo;
● Coletar macroalgas arribadas para definição da sazonalidade;
● Realizar o processamento das macroalgas arribadas para elaboração de
produtos;
15

4 METODOLOGIA

4.1 ÁREA DE ESTUDO, COLETA E PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS

4.1.1 Área de estudo

Foram estabelecidos dois municípios da região sul do estado do Espírito Santo


para a coleta de amostras, sendo eles Piúma e Itapemirim (Figura 1). Esses
municípios foram previamente escolhidos por apresentarem abundância de
macroalgas arribadas em suas praias, como descrito por Basilio, 2020; Cavalcanti,
2022.

Figura 1 - Mapa de localização dos locais de coleta e monitoramento de algas


arribadas Sul (Piúma e Itapemirim) do estado do Espírito Santo, Brasil.

Fonte: Basilio (2023).

. A distância dos municípios para a capital (Vitoria) é de 102,3 km (Itapemirim)


e Piúma 93,5 km, como visto na Tabela 1. A distância entre essas duas cidades é
relativamente curta, cerca de 9,3 km. Essa proximidade geográfica facilita o acesso e
a mobilidade entre os dois municípios, tornando-os facilmente conectados por vias de
16

transporte. As regiões estudadas, possuem ilhas próximas as praias de coleta (Basilio,


2020)

Tabela 1 - Localização dos municípios com realização do monitoramento da


biomassa de macroalgas, na região sul do estado do Espírito Santo, Brasil.

UF Distância da capital (km) Coordenadas Geográficas

1 93,5 20°50'33"S e 40°43'52.79"W

2 102,3 20º54'18"S e 40°46'42,3"W


Fonte: Google Maps (2023).

4.1.2 Caracterização das praias monitoradas dos municípios de Piúma e


Itapemirim, região sul do estado do Espírito Santo

Os trabalhos de campo foram realizados no período de fevereiro a dezembro


de 2022. Preferencialmente nas marés secas, em épocas de luas cheia e nova,
estrategicamente para o mapeamento e descrição das características geoecológicas
de cada local monitorado, seguindo os dados da Diretoria de Hidrografia e Navegação
da Marinha do Brasil (DHN).
Uma parte essencial do trabalho de campo consistiu na caracterização dos
locais de coleta, especialmente das praias selecionadas previamente descritas por
Cavalcanti, (2021) por conter grande abundancia de macroalgas. Para esse propósito,
utilizamos uma ficha de caracterização detalhada. Nessa ficha, foram registradas
informações cruciais, como data, município, nome da praia, fase da lua, estágio da
maré (preamar ou baixa mar), tipo de acesso ao local e a presença de elementos
como restingas, recifes costeiros e edificações. Além disso, foram anotadas
informações relevantes sobre o lançamento de efluentes (Figura 2).

Figura 2 – Protocolo para coleta de biomassa das praias de Piúma e Itapemirim na


região sul do estado do Espírito Santo, Brasil.
17

Fonte: Basilio (2022)

Dessa forma, as praias foram caracterizadas de acordo com as observações


diretas de cada região estudada. Foram observadas as características
geomorfológicas (tipo de sedimento, presença ou ausência de restinga, costão
rochoso, recifes), sociais (restaurantes, peixarias, estaleiros, portos) e biológicas
(organismos vivos, macroalgas) de cada praia de acordo com Basilio et al., 2016.
Posteriormente os dados foram tabulados no programa Excel. As etapas para
coleta de dados/informações seguiram o fluxo mostrado na Figura 3, que incluiu as
atividades de caracterização do local, separação do material de campo, coleta da
biomassa e transporte para a base de processamento do Ifes Campus Piúma.
18

Figura 3 - Fluxograma da atividade de campo para coleta das macroalgas arribadas.

Fonte: Autor (2023).

4.1.3 Coleta e processamento das macroalgas arribadas

O protocolo de campo adotado foi adaptado do modelo utilizado por Cavalcanti


et al., (2022). As macroalgas foram coletadas de acordo com a autorização do Sistema
de Autorização e Informação em Biodiversidade - SISBIO N° 78465-1 e Nº 85335-1
(Anexo II).
As áreas de coletas foram divididas em duas subáreas, sendo que em cada
uma foram lançados dois transectos de 100 m, paralelos à linha da costa e
posicionados sobre as manchas de macroalgas arribadas. Uma chamada de
19

Transecto (T1), mais próximo a água do mar, e a outra de Transecto (T2), na região
do meso litoral superior, próxima a restinga. Em cada transecto, três quadrantes de
1,0 x 1,0 m foram selecionados dentre os pontos marcados de forma aleatória com
maior acumulo de macroalgas. Os transectos foram colocados de forma contínua e
paralelos à linha de arrebentação das ondas, conforme Cavalcanti, (2021).
As macroalgas arribadas foram retiradas das praias por coleta manual e
acondicionadas em sacos de ráfia ou sacolas plásticas. Todo o material que estava
dentro do quadrante foi coletado. Outras duas amostras foram coletadas nas praias,
chamadas de suspensão (macroalgas coletadas na região entre mare, com caixas
perfuradas para lavagem no local) e aleatório (maior quantidade de macroalgas na
faixa de areia), obtendo-se, ao todo, oito amostras em cada praia por campanha
(Figura 4 e 5). Não foram feitas coletas nas praias quando não havia disponibilidade
de macroalgas arribadas nas datas de coleta.

Figura 4 - Esquema ilustrativo da metodologia de coleta utilizada.

Fonte: Basílio, 2023


20

Figura 5 - Esquema ilustrativo da metodologia de coleta utilizada.

Fonte: Autor (2023).

4.1.4 Etapa de laboratório


Após chegarem ao Ifes Campus Piúma, as amostras foram encaminhadas
diretamente para os freezers no laboratório de biologia e outra parte no laboratório de
Extensão Pesqueira e Aquícola (LEPA) do Ifes campus Piúma para garantir a
integridade e a qualidade do material.
O protocolo de processamento do material dentro dos laboratórios consistiu na
pesagem de todo o material, em seguida triagem e separação das macroalgas dos
outros componentes do quadrante, como matéria orgânica (folhas, galhos, sementes,
propágulos etc), rodolitos, resíduos sólidos (nylon, alumínio, plásticos, borracha entre
21

outros), organismos ou partes de organismos diversos (conchas, crustáceos,


moluscos etc.).
Cada classe de item: matéria orgânica (folhas, galhos, sementes, propágulos
etc), rodolitos, resíduos sólidos (nylon, alumínio, plásticos, borracha entre outros) e
organismos (pedaços ou partes de crustáceos, moluscos, conchas) foram
devidamente pesados e seus valores anotados em planilha de registro para posterior
análise (Figura 6). A cada etapa de remoção de componentes o material era
novamente pesado e esse dado era anotado. O material então seguia para lavagem
em água corrente visando a remoção dos sedimentos grossos e finos. Após a remoção
dos sedimentos, obteve-se o peso real da biomassa de macroalgas coletadas no
quadrante.
Logo em seguida foram preparadas etiquetas contendo informações de cada
ponto, como município, praia, data da coleta, transecto e quadrante. Em planilha
foram registrados todos os pesos caracterizados anteriormente, proveniente dos
pontos de coleta. Após retirada dos resíduos e limpeza, as macroalgas foram levadas
para secagem na base de processamento de macroalgas do Ifes Piúma, construída
para esse projeto.

Figura 6 – Registro das macroalgas coletadas, com todas as informações biológicas,


matéria orgânica, resíduos sólidos, rodolitos/cascalhos, organismo.

Fonte: autor (2023)


22

4.2 PROCESSAMENTO DE MACROALGAS NA UNIDADE DEMONSTRATIVA DE


PROCESSAMENTO DE MACROALGAS
Para a etapa de secagem, as macroalgas foram acondicionadas em caixas
plásticas vazadas ou perfuradas. O material foi distribuído uniformemente nas caixas
e enviado para base de processamento de macroalgas coberta por plástico difusor
transparente de 100 micras na parte superior e com as laterais cobertas com sombrite
50%, visando melhor circulação de ar.
Esse processo foi importante para padronização do trabalho, afim de que
pudesse ser facilmente utilizado pela população local em tecnologias sociais
sustentáveis. A estufa garante uma rápida secagem das algas e mantem o espaço
organizado, livre de animais, e eventuais tempestades com chuvas fortes. A base foi
montada no Ifes Piúma entre os meses de março a setembro de 2022, especialmente
para que as atividades de armazenamento, lavagem, triagem e secagem pudessem
ser realizadas da melhor forma possível (Figura 7). O protocolo de processamento é
ilustrado no fluxograma 2 (Figura 8) e Figura 18 a seguir.

Figura 7 – Armazenamento, lavagem, secagem e pesagem das macroalgas na Base


de processamento do Ifes Piúma.

Fonte: Autor (2023).


23

Figura 8 - Fluxo de Processamento de macroalgas arribadas.

Pesagem

Pesagem

Fonte: Autor (2023).


24

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PRAIAS MONITORADAS DOS MUNICÍPIOS DE


PIÚMA E ITAPEMIRIM, REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Em Piúma, foram realizadas coletas em três praias, Maria neném (região sul)
(20°51’58” S, 40°45’31” W), Acaiaca (região central) (20°50’37” S, 40°43’ 57” W) e
lameirão (região norte) (20°50’35” S, 40°43’38” W) (Figura 9).

Figura 9 – Localização das praias em Piúma, região sul do estado do Espirito Santo,
onde as coletas foram realizadas.

Fonte: Google Earth (2023)

As praias estudadas em Piúma são urbanas, com a presença de restaurantes,


quiosques e peixarias, sendo frequentadas tanto por moradores locais e por uma
grande quantidade de turistas no verão. No primeiro semestre, principalmente, foi
possível observar uma certa quantidade de macroalgas arribadas (Figura 10), bem
como, a presença de matéria orgânica e resíduos sólidos. A pesca e os efluentes
pluviais também são fatores presentes nessa região costeira.
25

Figura 10 – Praia Maria neném e praia central (Acaiaca) em Piúma região sul do
estado do Espirito Santo, com macroalgas arribadas em 2022.

Fonte: Autor (2023).

A Praia da maria neném está localizada na região mais ao sul de Piúma, na


divisa com município Itapemirim (Figura 11). Essa praia é uma das praias que ocorrem
o fenômeno das macroalgas arribadas em Piúma. Seu acesso, pode ser feito por terra
e estradas pavimentadas, facilitando tanto para turistas, quanto para moradores.
Possui um ecossistema costeiro de Restinga, caracterizado por planícies arenosas ou
pedregosas com vegetação rasteira. A presença da restinga indica a importância
ecológica da área e seu potencial natural, uma vez que esse ecossistema não é
observado nas outras praias amostradas.
26

Figura 11 – Praia da Maria Neném, Piúma, região sul do Estado do Espirito Santo,
Brasil.

Fonte: Google Earth (2023)

Na praia de Maria Neném existe uma faixa arenosa. Essa praia oferece, nas
marés mais secas, um amplo espaço para atividades relacionadas à praia e
oportunidades recreativas para os visitantes. Além disso, a área inclui uma faixa de
praia de sedimentos finos.
A zona costeira dessa praia também apresenta costões rochosos, agregando
diversidade ao cenário natural. Estas formações rochosas criam habitats únicos para
organismos marinhos adaptados a ambientes rochosos. Não existem recifes costeiros
na praia, a presença de uma ilha próxima (ilha de Itapetinga) cerca de 800m e costão
rochoso na extremidade. Outra característica da praia é a presença de formações de
planicei costeira tipo mata atlântica chegando nos costões rochosos dessa praia. Pode
dizer que a praia fica na base do Monte Agáh mais próxima da praia, fazendo divisa
entre os municípios de Piúma e Itapemirim.
Embora não haja manguezais ou estuários presentes, a área apresenta outras
características costeiras e ecossistemas dinâmicos. O nível moderado de ação das
ondas na área indica o movimento regular das ondas, influenciando a forma da linha
de costa e o transporte de sedimentos. Além disso, a presença de macroalgas sugere
um ecossistema costeiro saudável, fornecendo nutrientes e sustentando a vida
marinha. Essa praia, contem bares e pousadas ao longo de sua orla. Outro fator, é a
27

existência de descarga do rio Iconha na sua extremidade norte, ocasionando grande


quantidade de matéria orgânica ao longo da costa. Existe um condomínio residencial
na extremidade sul, próximo ao costão rochoso.
Praia de Lameirão, também em Piúma (Figura 12), possui acesso asfaltado até
a entrada da Ilhada do Gambá e variação de maré entre seca (maré baixa) e cheia
(maré alta). Há a presença de um manguezal, importante para a biodiversidade
próxima a ilha do Gambá. A praia possui restinga, apresenta costões rochosos que
contribuem para sua paisagem. Possui recifes costeiros próximos a Ilha do Meio,
oferecendo oportunidades para mergulho e observação da vida marinha, com grande
riqueza em biodiversidade, especialmente de macroalgas. Destaca-se a presença de
macroalgas e rodolitos na praia de Lameirão em grande quantidade, principalmente
no 1º semestre do ano. Também é comum observar pequenas embarcações
artesanais de pesca nessa área próxima à ilha do Gambá

Figura 12 – Praia do Lameirão, Piúma, região sul do Estado do Espirito Santo,


Brasil.

Fonte: Google Earth (2023)

A praia central de Piúma conhecida como Acaiaca (Figura 13) não contem
restinga ao longo de sua extensão. Existem quiosques em sua margem e uma faixa
de areia grossa. Na maré seca, sua margem fica extensa de largura, com grande
potencial para o turismo. Essa praia foi onde ocorreu a maior quantidade de biomassa
28

arribadas, com a melhor qualidade, ou seja, sem sedimentos e matéria orgânica.


Porém, existe uma obra de revitalização da orla nesse local, ocasionando mudanças
em sua geografia e possivelmente mudanças na distribuição de macroalgas.
Figura 13 – Praia de Acaiaca, Piúma, região sul do Estado do Espirito Santo, Brasil.

Fonte: Google Earth (2023).

Em Itapemirim foram realizadas coletas em 3 praias, Itaoca (20°54’07” S,


40°46’05” W), Gamboa (20°53’19” S, 4045’52” W) e Píer (20° 53’ 44” S,40°46’04” W)
(Figura 14). As praias oferecem acesso por estradas pavimentadas, facilitando o
deslocamento dos moradores e turistas. Possui um ecossistema costeiro restinga
(praia de Itaoca). Este ecossistema único atua como uma barreira natural contra a
erosão costeira e fornece habitat para várias espécies de plantas e animais adaptadas
a ambientes arenosos.
Figura 14 – Praias de Itapemirim região sul do Espirito Santo, Brasil.

Fonte: Google Earth (2023).


29

Ao longo da costa da praia de itaoca, existe na faixa de praia uma extensão de


sedimentos arenosos. Esta praia oferece amplo espaço para atividades relacionadas
à praia e oportunidades recreativas para os visitantes. A área não inclui faixa de praia
de sedimentos finos.
A zona costeira também apresenta costões rochosos, agregando diversidade
ao cenário natural. Estas formações rochosas criam habitats únicos para organismos
marinhos adaptados a ambientes rochosos. Não existe recifes costeiros próximos,
porém, a presença do costão rochoso na sua extremidade. Nessa parte do costão, há
poucas macroalgas fixadas no substrato. Existe a ilha dos Franceses cerca de 4km
de distância da praia de Itaoca. Mesmo que, não haja manguezais ou estuários
presentes, a área apresenta outras características costeiras.
Em Itapemirim, a praia de Itaoca (Figura 15) é uma praia urbana, com
restaurantes ao longo da orla. Também é frequentada por moradores e turistas. Em
determinadas épocas do ano, principalmente no primeiro semestre do ano, há uma
grande quantidade de macroalgas arribadas nessas praias. A pesca e os efluentes
pluviais também são aspectos relevantes nessa região costeira da praia de Itaoca.
Frequentemente essas macroalgas são recolhidas pela prefeitura de Itapemirim e
descartadas em aterros sanitários (TV GAZETA, 2015).

Figura 15 – Faixa de areia na praia de Itaoca, Itapemirim, sul do estado do Espírito


Santo.

Fonte: Basilio (2022).


30

A praia da Gamboa é caracterizada por conter uma enseada, com costões


rochosos nas suas extremidades, sul e norte. A praia não é urbana, não existe
restaurantes ou pousadas. Existem três quiosques ao longo da margem, e um posto
de salva vidas. É movimentada, no primeiro semestre do ano e aos finais de semanas
existem diversas famílias, moradores e turistas frequentadores dessa praia (Figura
16).

Figura 16 – Praia da Gamboa, Itapemirim região sul do Espirito Santo, Brasil

Fonte: Google Earth (2023).

Na praia de Itaipava (Píer), ocorreu, em 2022, uma obra na extensão próximo a


região sul, onde foi feita uma dragagem na praia (Figura 17). A praia é caracterizada
por uma faixa arenosa, não contem restinga ou costão rochoso. Existe na região norte
da praia, logo após o píer, o porto de pesca de Itaipava, um porto de grandes
movimentações de embarcações e desembarques.
31

Figura 17 – Praia do Píer, Itapemirim região sul do Espirito Santo, Brasil.

Fonte: Google Earth (2023).

5.2 MONITORAMENTO DA BIOMASSA DE MACROALGAS

Ao total foram coletados cerca de 242,476 kg de material nos dois municípios


estudados. Desses, 155,39 kg foram obtidos de Itapemirim e 87,08 kg em Piúma. No
transceto 1 e 2 (T1 e T2) foram coletados 182,107 kg no geral. Sendo 120,126 kg em
Itapemirim e 61,981 kg em Piúma (Gráfico 1). Durante as campanhas, foram coletadas
uma quantidade significativa de diferentes tipos de materiais, incluindo macroalgas
úmidas, sedimentos, resíduos sólidos, matéria orgânica (folhas, galhos, sementes,
propágulos etc), rodolítos e organismos vivos (Tabela 2).
32

Gráfico 1 – Peso total (kg) coletados de material coletado na região sul do


estado do Espirito Santo.

Fonte: Autor (2023)

Tabela 2 – Peso total geral (kg) e porcentagem geral (%) das amostras coletadas
nos dois transectos em Piúma no litoral sul do Espírito Santo em 2022.

Peso (Kg)

MÊS Total com Macroalgas Matéria Resíduos Partes de


Sedimento Rodolítos
sedimento úmidas Orgânica sólidos Organismos

Fevereiro 3,922 1,500 0,900 0,174 2,247 0,165 0,400


Março 15,030 1,202 9,938 2,801 1,088 0,461 0,161
Abril 22,599 9,320 3,774 9,504 0,602 0,579 0,131
Maio 9,880 3,670 1,270 1,440 3,499 0,848 0,208
Junho 10,550 3,820 2,175 2,659 0,985 1,895 0
Julho 0 0 0 0 0 0 0
Agosto 0 0 0 0 0 0 0
Setembro 0 0 0 0 0 0 0
Outubro 0 0 0 0 0 0 0
Novembro 0 0 0 0 0 0 0
Dezembro 0 0 0 0 0 0 0
Total (kg) 61,982 19,512 17,158 16,578 6,836 1,897 0,005
% 100 31,48 27,68 26,75 11,03 3,06 0,005

Fonte: Autor (2023).


33

Com relação à proporção de outros materiais e elementos encontrados nas


amostras coletadas nos quadrantes em Piúma, as macroalgas foram o principal
componente com 31,48 %. A matéria orgânica representou aproximadamente 27,68%
do peso total. Em seguida, os sedimentos, com uma porcentagem de cerca de
26,75%, rodolitos com 11,03%. Resíduos sólidos representam cerca de 3,06%. Já os
organismos correspondem a aproximadamente 0,005% do peso. Esses dados
refletem a composição e distribuição dos diferentes elementos nas algas coletadas
em Piúma, fornecendo uma compreensão mais detalhada de sua constituição (Tabela
3).

Tabela 3 – Porcentagem do peso total em (kg) de todos os componentes do


Município de Piúma, região sul do estado do Espírito Santo, em 2022.
% do Peso

Mes
Macroalgas Matéria Resíduos Partes de
Sedimento Rodolitos
úmidas Orgânica Sólidos organismos

Fevereiro 38,246 0,023 4,425 57,292 0,004 0,010


Março 7,997 66,121 18,639 7,239 0,003 0,001
Abril 41,241 16,700 42,054 0,003 0,003 0,001
Maio 37,146 12,854 14,574 35,415 0,009 0,002
Junho 36,209 20,616 25,204 0,009 17,962 0
Agosto 0 0 0 0 0 0
Setembro 0 0 0 0 0 0
Outubro 0 0 0 0 0 0
Novembro 0 0 0 0 0 0
Dezembro 0 0 0 0 0 0

Total % 31,48 27,68 26,75 11,03 3,06 0,005


Fonte: Autor (2023).

Não houve coleta quando não havia macroalgas arribadas nas praias nos dias
de coleta. Com isso, não realizamos a metodologia nesses meses com valor zero (0)
descritos na tabela 3. Itapemirim teve o maior número de coletas e também a maior
quantidade de macroalgas coletadas (Tabela 4).
34

Tabela 4 - Peso total (kg) de macroalgas úmidas coletadas no município de


Itapemirim no litoral sul do Espírito Santo.
Peso (kg)

Mês Macroalgas Matéria Resíduos Partes de


Total Sedimento Rodolítos
úmidas orgânica sólidos organismos

Fevereiro 6,256 3,070 3,184 0,395 0,96 0,497 0,465


Março 2,640 1,605 1,033 0,59 0,66 0,410 0,124
Abril 33,850 11,278 16,631 4,872 1,068 0,392 0,79
Maio 30,855 21,135 1,393 6,693 0,702 1,633 0,716
Junho 25,525 1,865 2,754 9,830 1,075 0,111 0,548
Julho 0 0 0 0 0 0 0
Agosto 14,040 7,390 5,000 1,252 4,230 0,260 1,163
Setembro 0,460 0,090 0,369 0,310 0 0 0,200
Outubro 0 0 0 0 0 0 0
Novembro 6,500 1,130 0,148 0,252 5,221 0,253 0,191
Dezembro 0 0 0 0 0 0 0
Total 120,126 57,563 25,517 22,649 11,596 1,635 1,166
% 100 47,92 21,24 18,85 9,65 1,36 0,97

Fonte: Autor (2023).

Os resultados da coleta realizada no litoral de Itapemirim, revelaram a


porcentagem de diferentes componentes coletados nos quadrantes. A maior
porcentagem foi atribuída às macroalgas úmidas, representando 47,919% do total
coletado. Em seguida, o sedimento (areia) contribuiu com 21%, seguido pelos
rodolitos com 18%. A matéria orgânica representou aproximadamente 10% do peso
coletado, enquanto os resíduos sólidos atingiram 1%. Por fim, os organismos
corresponderam a 0,971% do peso total coletado.

Tabela 5 – Porcentagem geral (kg) nos dois transectos coletados em Itapemirim,


litoral sul do Espírito Santo em 2022.
% do Peso

Mês Macroalgas Matéria Resíduos Partes de


sedimento Rodolitos
úmidas Orgânica Sólidos organismos

Fevereiro 49,073 50,890 0,006 0,015 0,008 0,007


Março 60,795 39,137 0,022 0,025 0,016 0,005
Abril 33,318 49,131 14,393 3,155 0,001 0,002
Maio 68,498 4,513 21,692 0,002 5,292 0,002
Junho 46,484 10,791 38,511 4,212 0 0,002
Julho 0 0 0 0 0 0
Agosto 52,635 0,034 8,917 30,128 0,002 8,283
Setembro 19,565 80,324 0,067 0 0 0,043
Outubro 0 0 0 0 0 0
Novembro 17,385 2,282 0,004 80,323 0,004 0,003
Dezembro 0 0 0 0 0 0
Total % 47,919 21,242 18,854 9,653 1,361 0,971

Fonte: Autor (2023).

Durante o estudo realizado em Piúma, a média para o peso total coletado no


local transecto 1 (T1) foi de 1.356 kg, enquanto o peso correspondente ao transecto 2
35

(T2) foi aproximadamente 0,693 kg. Por outro lado, em Itapemirim, foram registrados
1,240 kg no (T1) e 1,649kg no (T2) (Tabela 4). Esse resultado mostra uma variação
no peso total coletado nos diferentes locais e diferentes momentos do estudo.
Somando esses valores, obtivemos um total de 2,049 kg. Por outro lado, a
localidade de Itapemirim registrou uma média de peso total (T1) de 1,240 kg e uma
média de peso total (T2) de 1,649 kg (Tabela 6). A soma dessas médias resultou em
um total de 2,889 kg. Comparando as duas localidades, observamos que Itapemirim
teve médias de peso total superiores em T2. Isso indica que, em média, os itens em
Itapemirim foram mais pesados do que em Piúma. O total combinado para ambas as
localidades foi de 4,938 kg, destacando o peso total de todos os itens considerados
nessas duas localidades.

Tabela 6 - Média total (kg) por transecto do litoral sul do Espírito Santo.

Transecto 2
TOTAL
Localidade Transecto 1 (T1) (T2)
(Kg) (T1) + (T2)
(Kg) (Kg)

Piúma 1,356 0,693 2,049

Itapemirim 1,240 1,649 2,889

Total 2,596 2,342 4,938

Fonte: Autor (2023)

Itapemirim apresentou resultados mais elevados em termos de média de peso


total em comparação com Piúma. Os resultados apresentados (Tabela 7) revelam que
a localidade de Itapemirim obteve melhores resultados em relação às médias de
macroalgas úmidas limpas quando comparada a Piúma. Em Itapemirim, a média de
macroalgas úmidas limpas foi de 0,935 kg (T1) e 0,551 kg (T2), totalizando 1,486 kg.
Enquanto isso, em Piúma, as médias foram de 0,122 kg (T1) e 0,251 kg (T2),
totalizando 0,373 kg. A diferença nas médias indica que Itapemirim teve uma
quantidade de macroalgas limpas (peso médio) 5x superior a Piúma. Esses resultados
são importantes para compreender as características e potencialidades de cada
localidade, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de manejo e
conservação mais eficientes para a produção de macroalgas nessas áreas.
36

Tabela 7 – Média do peso das macroalgas arribadas em (kg) do (T1) e (T2) de


Piúma e Itapemirim, região sul do estado do Espírito Santo, em 2022.
MÉDIA ALGAS MÉDIA ALGAS ÚMIDAS ALGAS ÚMIDAS LIMPAS
ÚMIDAS LIMPAS LIMPAS (Kg) (T1) + (T2)
Localidade (T1) (T2) (Kg)
(Kg)

Piúma 0,122 0,251 0,373

Itapemirim 0,935 0,551 1,486

Total 1,057 0,802 1,859


Fonte: autor 2023

Na coleta aleatória, o peso total das macroalgas úmidas foi de 20,935 kg,
representando a maior quantidade coletada. Em seguida, observou-se um peso
considerável de rodolítos, totalizando 13,777 kg. Além disso, foram registrados 3,920
kg de matéria orgânica, 3,896 kg de resíduos sólidos e 0,343 kg de organismos
coletados (Tabela 8)
Na coleta por suspensão, as macroalgas úmidas também apresentaram um
peso expressivo, totalizando 6,455 kg. Logo após, foi registrado um peso de 1,124 kg
de rodolítos, seguido por 0,840 kg de matéria orgânica e 0,427 kg de resíduos sólidos.
O peso total da coleta por suspensão foi de 12,309 kg. Considerando ambos os
métodos de coleta, o peso total geral de macroalgas úmidas foi de 28,160 kg,
evidenciando a sua relevância nos ecossistemas costeiros dessas praias. Esses
resultados fornecem informações valiosas sobre a biomassa de macroalgas nessas
regiões e auxiliam no entendimento da dinâmica e saúde desses ecossistemas.
Utilizando o método de coleta aleatória, foi registrado um peso total de 22,032
kg. Dentre os diferentes componentes coletados, as macroalgas úmidas se
destacaram com um peso de 12,010 kg, representando uma parcela significativa da
biomassa encontrada. Além disso, foram identificados 3,920 kg de matéria orgânica,
3,897 kg de rodolítos, 2,316 kg de resíduos sólidos e 0,041 kg de organismos.
Na coleta por suspensão (Piúma), foi obtido um peso total de 3,070 kg. Nesse
caso, as macroalgas úmidas contribuíram com 0,770 kg do total, seguidas por 0,815
kg de matéria orgânica, 1,375 kg de rodolítos, 0,136 kg de resíduos sólidos e 0,029
kg de organismos. Ao considerar ambos os métodos de coleta, o peso total geral da
coleta nas praias de Piúma alcançou 25,105 kg. Dentre os componentes coletados,
37

as macroalgas úmidas representaram uma parte significativa da biomassa, totalizando


12,780 kg (Tabela 8).

Tabela 8 – Peso total da coleta aleatória e suspensão (kg) das praias de


Piúma região sul do estado do Espírito Santo, em 2022.

Piúma Peso (kg)


Aleatório/
suspensão Macroalgas Matéria Resíduos Partes de
Total Rodolítos
úmidas orgânica sólidos organismos
22,032 12,010 3,920 3,897 2,316 0,041
Aleatório

Suspensão 3,070 0,770 0,815 1,375 0,136 0,029

Total 25,105 12,780 4,735 5,272 2,452 0,070


Fonte: autor (2023)

O mesmo método de coleta realizada nas praias de Itapemirim, revelou uma


quantidade significativa de biomassa e resíduos. O peso total da coleta
aleatória/suspensão foi de 35,264 kg, destacando-se as macroalgas úmidas com
15,380 kg e os rodolítos com 11,004 kg. Os resíduos sólidos totalizaram 1,580 kg,
enquanto os organismos alcançaram 0,397 kg (Tabela 9).

Tabela 9 – Peso total da coleta aleatória e suspensão (kg) das praias de Itapemirim
região sul do estado do Espírito Santo, em 2022.

Peso (kg)
Itapemirim
Aleatório/ Peso
suspensão Peso Peso
macroal Peso Peso
Peso total matéria resíduos
gas rodolítos organismos
orgânica sólidos
úmidas
Aleatório 26,025 8,925 0,046 9,880 1,580 0,302
Suspensão 9,239 6,455 0,025 1,124 0,291 0,095

Total 35,264 15,380 0,710 11,004 1,580 0,397


Fonte: autor (2023).

5.3 CONSTRUÇÃO DE BASE PARA PROCESSAMENTO DAS ALGAS MARINHAS


DA REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Uma unidade demonstrativa para exploração sustentável de macroalgas


marinhas arribadas foi construída no Ifes Piúma para atuar como referência
operacional para o desenvolvimento das tecnologias sociais (Figura 18). Essa base
serviu de apoio para realização dos testes de processamento das macroalgas
38

arribadas e oferecer suporte para replicação dessas mesmas metodologias, nos


demais municípios do estudo. A base de processamento contou com o apoio
financeiro a partir do projeto aprovado na RECEPAC no edital CHAMADA PÚBLICA
DE PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO Nº 22/2021 – FACTO/EJA/IFES, com
financiamento do estaleiro JURONG.

Figura 18 – Processo de construção da base de processamento no Ifes campus


Piúma na região sul do estado do Espírito Santo, Brasil.

Fonte: Basilio (2023).

Foram construídas três mesas de madeira com tampo de aço inoxidável, uma
para a lavagem das algas coletadas, outra para triagem e secagem, e uma mesa
separada para a separação da biomassa em caixas perfuradas. Em outra área da
base de processamento, o piso foi concretado para otimizar o processamento das
macroalgas. Foram instaladas pias de aço inoxidável em bancadas de madeira para
o processamento. Além das pias, foram realizadas instalações hidráulicas e elétricas
na base de processamento. As macroalgas secas foram separadas por lotes mensais
e armazenadas em caixas d'água para facilitar a organização dentro da base (Figura
19).
39

Figura 19 – Parte interna da base de processamento de macroalgas no Ifes


campus Piúma na região sul do estado do Espírito Santo, Brasil.

Fonte: Autor (2023); Basilio (2023)

5.4 TECNOLOGIA SOCIAL PARA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DAS


MACROALGAS ARRIBADAS

A tabela apresentada a seguir (Tabela 10) revela a correlação entre o peso das
macroalgas úmidas e o peso das macroalgas secas, destacando a quantidade de
desidratação ocorrida. No total, foram coletadas 77,075 kg de macroalgas coletadas
nos dois municípios, obtidos como algas secas após a secagem, representando
40

aproximadamente 11,37 % do total (Tabela 10). Esses resultados demonstram a


perda de água durante o processo de secagem, resultando em uma redução
significativa na massa das macroalgas coletadas.
Em Piúma, a quantidade de macroalgas diminuiu de 19,512 kg para 2 kg,
enquanto em Itapemirim, diminuiu de 57,563 kg para 6,771 kg. Ao analisar a
correlação, observa-se que em Piúma houve uma redução de 89,75% do peso das
macroalgas úmidas em relação ao peso total das macroalgas. Já em Itapemirim, essa
redução foi de 88,24%. Esses dados são fundamentais para compreender a eficiência
do processo de desidratação das macroalgas e auxiliar na determinação das
quantidades necessárias para obter uma determinada quantidade de macroalgas
secas. Foi observada uma redução significativa na biomassa coletada em Piúma e
Itapemirim.

Tabela 10 - Correlação entre o peso das macroalgas úmidas e o peso das


macroalgas secas, destacando a quantidade de desidratação ocorrida.

Macroalgas Úmidas Macroalgas Secas Total


Localidade
(Kg) (Kg) (%)

Piúma 19,512 2,000 10,25

Itapemirim 57,563 6,771 11,76

Total 77,075 8,771 11,37


Fonte: Autor (2023).

Após a secagem, as macroalgas foram trituradas e transformadas em pó,


resultando em uma tecnologia social inovadora. Esse pó, é composto por uma mistura
de macroalgas arribadas e ainda, diminui o volume para estocagem. As macroalgas
secas foram moídas em liquidificador industrial 3500ppm para transformação do pó.
Esse processo de beneficiamento (produto) serve para diversos setores industriais
(agricultura, agropecuária, ração animal, fármacos, entre outros). Além disso diminui
o volume das macroalgas.
Outro produto elaborado foi o extrato liquido (bioestimulantes) das macroalgas,
que foi produzido da seguinte forma. As macroalgas foram processadas em
liquidificador industrial 3500ppm ainda frescas e limpas, na proporção de 1:10, ou seja
0,1 kg ou 100 g de alga fresca para cada 1 litro de água doce da torneira. Logo em
seguida foram peneiradas e dispostas em caixa d’água de 100L.
41

O extrato obtido das macroalgas foi misturado com cloro na proporção 1:100
ou seja, 0,1L ou (100 ml) para 100L de água doce da torneira, para ser conservado
em vidrarias opacas e posteriormente ser testado em culturas agrícolas locais. Como
mostra a figura 20 a seguir. Foram produzidos em média 60 litros de extrato de
macroalgas para testes.

Figura 20 – Processamento das macroalgas no Ifes campus Piúma, região sul


do estado do Espírito Santo, Brasil.

Fonte: Autor (2023); Basilio (2023).

O subproduto dessa extração após a peneiragem, foi secado em mesas e


embalado, para realização de testes e utilização como substrato vegetal, podendo ser
utilizando em diversas culturas agrícolas, assim, temos um ciclo de lixo zero no
produto final. Esse conhecimento foi transferido para a comunidade, através do ativo
tecnológico, proporcionando benefícios econômicos e ambientais, fortalecendo
práticas agrícolas sustentáveis e possibilitando a disseminação desse modelo para
outras regiões, impulsionando o desenvolvimento socioeconômico e a preservação
ambiental.
42

6 DISCUSSÃO

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PRAIAS MONITORADAS DOS MUNICÍPIOS DE


PIÚMA E ITAPEMIRIM, REGIÃO SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

De acordo com Horta et al. (2001); Basilio, (2016); Basilio (2020); Cavalcanti
(2022), a região sul do Espírito Santo apresenta características peculiares, como uma
ampla diversidade de ambientes, que inclui formações recifais, ilhas costeiras,
substrato rochoso, fundos de substratos consolidados por concreções de algas
calcárias e extensos bancos de rodolitos em águas sob a influência da Corrente Sul
Equatorial (LÜNING 1990; CAVALCANTI, 2021). Temperatura média é de (22 °C),
com predominância de ventos alísios, provenientes de altas pressões. (CAVALCANTI,
2021). Provavelmente a grande biomassa de macroalgas arribadas deve-se a
presença de bancos de algas próximo as ilhas costeiras de acordo com (BASILIO,
2020).
Em Piúma, as praias Acaiaca, Praia central, lameirão e Maria Neném foram
escolhidas para o estudo devido a abundância de biomassa e biodiversidade algal
previamente descrita por BASILIO, 2020 e CAVALCANTI, 2022. Contudo, o ano de
2022 foi atípico aos padrões relatados pelos autores, ocorrendo baixa quantidade de
biomassa de macroalgas nas praias dos municípios estudados. Segundo Orr e
colaboradores (2005) e Cavalcanti (2022), a deposição de biomassa é um processo
extremamente dinâmico, tanto no espaço quanto no tempo, com frequentes eventos
de suspensão e redeposição durante os vários ciclos de maré. São encontrados
recifes costeiros nessa região, na ilha do meio, como sugerido por BASILIO (2016).
A presença de matéria orgânica é significativa nessas regiões, possivelmente
relacionada a processos biológicos e atividades humanas. Os rodolítos também são
abundantes, sugerindo a presença de estruturas calcárias e contribuindo para a
composição sedimentar local. Além disso, a detecção de organismos e resíduos
sólidos destaca a possível influência antropogênica nesses ambientes costeiros.
Essas descobertas são relevantes para a compreensão da ecologia e qualidade
ambiental dessas áreas e fornecem insights importantes para futuras pesquisas e
gestão dos recursos marinhos.
43

6.2. MONITORAMENTO DA BIOMASSA DE MACROALGAS

Os meses de abril e maio foram os meses com mais biomassa coletada. Esses
resultados evidenciam diferenças na quantidade de biomassa algal entre os
municípios estudados. Ressaltam a importância da consideração dos fatores
ambientais e geográficos para a compreensão da distribuição da biomassa ao longo
do litoral como proposto por Basilio, et al. 2020.
Este protocolo de beneficiamento, traz perspectivas e alternativas de renda
para comunidades tradicionais envolvidas na pesca, visando aumentar e fortalecer o
setor, estabelecendo procedimentos para o uso sustentável desse recurso pesqueiro.
As tecnologias sociais oceânicas de baixo custo oferecem possibilidades e
alternativas de renda para as famílias de pescadores locais (BASILIO et al., 2020).
A comparação do peso da biomassa de macroalgas entre as praias de Piúma
e Itapemirim revelou diferenças significativas nos meses de abril e maio. Essas
disparidades podem ser atribuídas a uma variedade de fatores, como características
ambientais distintas entre os locais, ação humana nas áreas costeiras e sazonalidade
(BASILIO, 2016; CAVALCANTI, 2022). A localização geográfica das praias pode
influenciar as condições ambientais, como correntes marítimas e nutrientes
disponíveis, afetando o crescimento das macroalgas (BASILIO et al. 2020). De acordo
com Basilio, et al. 2020, a atividade humana, como poluição e pesca, também pode
impactar a saúde e disponibilidade dessas algas. Além disso, variações sazonais,
como mudanças na temperatura da água e padrões de marés, podem contribuir para
as diferenças observadas nos pesos da biomassa (CAVALCANTI, 2022)
Essas diferenças destacam a importância de estudos aprofundados para
compreender os fatores que influenciam a distribuição e o crescimento das
macroalgas em diferentes áreas costeiras. Essas informações são cruciais para a
conservação e manejo adequado dos recursos pesqueiros, bem como para o
desenvolvimento de estratégias de monitoramento e proteção desses ecossistemas.
Compreender as variações na biomassa de macroalgas entre praias distintas é
fundamental para uma gestão eficaz e sustentável desses ambientes, visando à
preservação de suas funções ecológicas e benefícios econômicos.
A grande quantidade de macroalgas arribadas na região sul do estado do
Espirito Santo, pode prejudicar o setor de turismo, além de promover a liberação de
gases de efeito estufa e até mesmo a morte de alguns organismos por habitat anóxico
44

devido à produção bacteriana (Arroyo, 2016). Essas macroalgas descartadas, são


consideradas recursos valiosos para as plantas devido seu alto conteúdo de
compostos minerais, aminoácidos, vitaminas e reguladores de crescimento das
plantas, incluindo as auxinas, citocinina e giberelinas (SƟrk et al., 2014 apud
MARINHO-SORIANO, 2021). Os extratos de algas podem ser usados na forma
líquida, em pó ou em formas granuladas, como condicionadores de solos (MARINHO-
SORIANO, 2021).
Segundo Marinho-Soriano, 2021 as macroalgas arribadas coletadas na região
sul do estado, ao serem incluídas ao solo trazem muitos benefícios, tais como
melhoria nas propriedades biológicas, físicas e químicas do solo ocasionando o
aumento do suprimento de nutrientes às plantas. Além disso, este insumo orgânico,
atuam como fonte de compostos bioativos, exercendo ação positiva na nutrição das
plantas, devido à liberação gradativa e continua de nutrientes como o nitrogênio
(VALENCIA et al., 2018).
Alguns autores sugerem que as macroalgas arribadas são influenciadas por
correntes, tempestades, substratos, nutrientes, sazonalidade, luz, competição e
estoque florístico próximo (ORR et al., 2005; BIBER, 2007; BARBOSA et al., 2008;
RIUL et al., 2009), no entanto segundo López et al., (2019), a capacidade que temos
em prever padrões temporais de biomassa das macroalgas arribadas ainda são
limitadas. Ainda segundo Cavalcanti (2021), a biomassa algal arribada é coletada nas
praias sem registro de sua composição e além disso, seu valor agregado é
desperdiçado. Outro fator não analisado e que deve ser considerado, é sua
importância ecológica e os impactos ambientais promovidos por essa prática nas
praias das comunidades litorâneas.
Esse recurso pesqueiro é de fácil acesso para as comunidades tradicionais
litorâneas, tendo em vista que o incentivo para realizações de tecnologias sociais,
busca fomentar novos saberes para os pescadores e marisqueiras que vivem do
oceano, podendo agregar valor e ser uma alternativa de renda para muitas famílias.
Porém, de acordo com Cavalcanti (2021) para fins comerciais, são necessários
estudos sobre os impactos ambientais de sua colheita que devem ser determinados
antes da remoção da biomassa. Segundo Kirkman & Kendrick (1997), é necessário
estudos sobre a ligação entre a vida off-shore e as macroalgas arribadas na praia.
Para coleta comercial esta informação deve ser obtida pelo menos para as principais
espécies alvo (CALVALCANTI, 2021). A autora aponta que existem várias lacunas
45

importantes de pesquisa que necessitam ser esclarecidas para tomada de decisões


sobre a gestão desse recurso pesqueiro ou para identificar os efeitos da retirada das
macroalgas. Essas lacunas se encaixam em duas classes relacionadas à (1)
biomassa e à disponibilidade do recurso, (2) efeitos da sua remoção nos ecossistemas
costeiros (ZEMKE-WHITE et al., 2005).
Portanto, a quantidade de macroalgas presentes em cada transecto pode ser
influenciado por fatores como sazonalidade, condições ambientais e características
locais (Basilio et al. 2020). Esses resultados destacam a importância de investigar a
distribuição e abundância da biomassa de macroalgas em diferentes períodos do ano
para uma compreensão mais abrangente da dinâmica desses ecossistemas costeiros.

6.3. TECNOLOGIA SOCIAL

De acordo com Medeiros et al., 2017, interligar a transferência de


conhecimento da Universidade para a sociedade, identificando as demandas sociais,
contribui para a promoção da igualdade na sociedade pós-moderna. Neste sentido, a
tecnologia social foi um instrumento para o desenvolvimento de iniciativas de inovação
social que ampliaram os ganhos e promoveram transformações na comunidade local
(FIGURA 21) (CASAGRANDE et al., 2022).

Figura 21 - Processo de desenvolvimento e transferência do conhecimento para


solução de problemas da sociedade.

Fonte: Casagrande et al. (2022).


46

Portanto, o presente trabalho é mais um caso em que a pesquisa científica, a


inovação e o empreendedorismo promoveram uma extensão inovadora e
proporcionaram a capacitação em tecnologia social, tornando a comunidade
protagonista deste processo de co-criação (CASAGRANDE et al., 2022). O
processamento de macroalgas serve como alternativa de renda para pescadores e
marisqueiras das regiões costeiras, sendo eles, os principais impactados pela
globalização.
Ribeiro (2023), ao pesquisar os bioestimulantes no mercado, identificou o valor
do produto da empresa Cia das Algas, extrato de mix de algas arribadas é
comercializado ao preço de R$ 45,00 (quarenta e cinco reais) o litro, o valor do produto
da empresa Acadian Seaplants, extrato de Ascophyllum nodosum é vendido a R$
150,00 (cento e cinquenta reais) o litro, já o extrato de algas de Kappaphycus alvarezi
é vendido pela empresa Algas Tech a R$ 25,00 (vinte e cinco reais) o litro. Dessa
forma nota-se, a existência desse mercado crescente, com demanda em todas as
regiões no Brasil. Segundo, Ribeiro (2023), o bioestimulante de macroalgas tem
grande valor para o mercado, sendo assim, o bioproduto gerado nesse trabalho, pode
ser uma alternativa de renda para as comunidades de Piúma, Itapemirim e região, que
podem se beneficiar do ativo de tecnologia social gerado nesse estudo.
De acordo com Boukhari et al., 2020, os carotenos e os antioxidantes naturais,
são de extrema importância para o desenvolvimento de bioprodutos aplicados ao
agronegócio, como os bioestimulantes vegetais. Essas moléculas desempenham
papel fundamental na resposta fisiológica das plantas e na defesa de condições de
estresse ou patógenos (RIBEIRO, 2023).
Como sugere Casagrande et al. (2022) a pesquisa científica, inovação e
empreendedorismo têm papel crucial na co-criação e empoderamento da
comunidade. Nesse contexto, essas tecnologias sociais propostas e um mercado
crescente de bioestimulantes à base de algas, que beneficiam não somente o
agronegócio, mas as comunidades costeiras, os municípios e os turistas, traz
soluções para impactos socioambientais “causados” pelas macroalgas. A busca pelo
conhecimento sobre esse recurso e seu uso sustentável podem promover o
desenvolvimento socioeconômico e ambientalmente responsável, valorizando a
biodiversidade local e uma sociedade mais próspera e equitativa.
47

7 CONCLUSÃO

Entender a biomassa das macroalgas é o básico para e tentarmos descobrir o


valor agregado que o mar possui, tanto para fazer o uso sustentável desse recurso
pesqueiro, quanto para proteger seu estoque. Dessa forma, os resultados deste
estudo trazem informações importantes sobre a disponibilidade de biomassa, o
processamento e tecnologia social para o uso sustentável das macroalgas.
Observa-se que este estudo contribui significativamente para o conhecimento
sobre a potencialidade e as tecnologias sociais das macroalgas. Esses dados
fornecem oportunidade para novos estudos aprofundados sobre a biomassa algal nas
regiões do Espírito Santo. Além disso, fornece base para o desenvolvimento de novos
bioprodutos em setores industriais, contribui para uma economia circular e indica o
grande potencial das macroalgas como matéria-prima para comunidades tradicionais,
vinda do Oceano.
Fica claro que novos estudos sobre a biomassa, o tempo que as macroalgas
permanecem nas praias, além de projetos de educação ambiental, capacitação das
comunidades e conscientização sobre a relevância, das macroalgas são de extrema
importância e buscam o desenvolvimento sustentável em sua totalidade.
Portando, apesar da grande importância, potencial e relevância que as
macroalgas possuem, esse recurso pesqueiro é pouco explorado, deixado de lado e
em segundo plano. Novos estudos que esclarecem a sua composição química, valor
agregado para as comunidades tradicionais e ainda, protocolos de utilização desse
recurso são necessários para o uso consciente e sustentável das macroalgas.
48

REFERÊNCIAS

ARENCIBIA-CARBALLO, G.; IRAÑETA BATALLÁN, J. M.; MORELL, J.; MOREIRA


GONZÁLEZ, A. R.; Arribazones de Sargassum en la costa norte occidental de Cuba.
JAINA Costas y Mares ante el Cambio Climático 2020, 2, 19.

BARBOSA-SILVA, MARCELLE STEPHANNE. Projeção do impacto das futuras


mudanças climáticas sobre o cultivo da macroalga gracilaria birdiae na costa
do Brasil / Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Natal – RN
Brasil- 2022. 44 f.: il.

BARBOSA, S.O. (2010). Potencial agrícola das algas marinhas arribadas no


litoral norte fluminense. Dissertação de Mestrado em Ciências Biológicas -
Botânica. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

BARROCO P. T., CHOW F. An overview of beach-cast seaweeds: Potential and


opportunities for the valorization of underused waste biomass - Instituto de
Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, CEP 05508-090, Brasil –
2022.

BAGHEL, R. S.; SUTHAR, P.; GAJARIA, T. K.; BHATTACHARYA, S.; ANIL, A.;
REDDY, C. R. K.; Seaweed biorefinery: A sustainable process for valorising the
biomass of brown seaweed. Journal of Cleaner Production 2020, 263,121359

BASILIO, T.H. Biodiversidade e conservação das ilhas costeiras do litoral sul


capixaba. São Paulo: Lura Editorial, 252 p, 2020.

BIBER, P.D. 2007. Transport and persistence of drifting macroalgae


(Rhodophyta) are strongly influenced by flow velocity and substratum
complexity in tropical seagrass habitats. Marine Ecology Progress Series 343:
115–122.

BORBUREMA, H. D. S., YOKOYA, N. S., SOUZA, J. M. C., NAUER, F., BARBOSA-


SILVA, M. S., & MARINHOSORIANO, E. (2022). Ocean warming and increased
salinity threaten Bostrychia (Rhodophyta) species from genetically divergent
populations. Marine Environmental Research, 105662, biodiversidade e potencial
de aproveitamento. Curitiba: Editora CRV, 278 p.

BOUKHARI, M. M.; BARAKATE, M.; BOUHIA, Y; LYAMLOULI, K. Trends in


Seaweed Extract Based Biostimulants: Manufacturing Process and Beneficial Effect
on Soil-Plant Systems. Plants, v. 359, n. 9, p. 1-23, 2000.

CALADO, S.C.S., SILVA, V.L., PASSAVANTE, J.Z.O., ABREU, C.A.M., LIMA FILHO,
E.S., DUARTE, M.M.M.B. & DINIZ, E.V.G.S. (2003). Cinética e equilíbrio de
biossorção de chumbo por macroalgas. Tropical Oceanography, 31: 53-62.

CARNEIRO, MARCELLA & MARINHO‐SORIANO, E. MACROALGAS MARINHAS:


BIOLOGIA, ECOLOGIA E IMPORT NCIA ECONÔMICA. Ciências do Mar: dos
oceanos do mundo ao Nordeste do Brasil - Recife - (2021)
49

CÂMARA-NETO, C. 1971. Contribuição ao conhecimento qualitativo e


quantitativo das “arribadas” da Redinha. Boletim do Instituto de Biologia Marinha,
5: 3-30.

CÂMARA-NETO, C., ARAÚJO, R.A., MELO FILHO, N.R., SOARES, M.L., COSTA,
P.N. 1981. Composição e estimativa da biomassa das algas arribadas em praias do
Rio Grande do Norte. SUDENE – Estudos de pesca, ser. 9: 85-95.

CASAGRANDE E. E. CASAGRANDE BUENO G.E W., SANTOS D.F. L. MACHADO


L. P. Avaliação e valoração de empresas inovadoras – Editora Ibero-Americana de
Educação - Bauru 2022

CASTRO, P. S. S. Estudos em biomassa de macroalgas recorrendo a


tecnologias de extração verdes. Lisboa: Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa, 2020. Dissertação de mestrado.

CAVALCANTI, M., I., L., G.; Macroalgas arribadas da costa brasileira:


biodiversidade e potencial de aproveitamento - Instituto de Botânica da
Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente - São Paulo, 2021

CAVALCANTI M., I., L., G., P., M., G., SÁNCHEZ & FUJII M., T., (2022): Comparação
da diversidade e biomassa de algas marinhas lançadas na praia do NE e SE do Brasil,
European Journal of Phycology, DOI: 10.1080/09670262.2021 .2003867

CUEVAS, E., URIBE-MARTÍNEZ, A., LICEAGA-CORREA, M.A. 2018. A satellite


remote-sensing multi-index approach to discriminate pelagic Sargassum in the
waters of the Yucatan Peninsula, Mexico. International Journal of Remote Sensing
39 (11): 3608–3627. https://doi.org/10.1080/01431161.2018.1447162.

DEVAULT, D. A.; PIERRE, R.; MARFAING, H.; DOLIQUE, F.; LOPEZ, P. J.;
Sargassum contamination and consequences for downstream uses: a review.
Journal of Applied Phycology 2021, 33, 567.

DOS SANTOS, Thalisia C. et al. Metabólitos Bioativos e Aplicações


Biotecnológicas de Macroalgas do Gênero Sargassum: Uma Revisão. 2023.

FAO. 2018 The State of World Fisheries and Aquaculture: Meeting the
Sustainable Development Goals. Roma, 227, p. 2018

FAO. 2020. The State of World Fisheries and Aquaculture 2020. Sustainability in
action. Rome. https://doi.org/10.4060/ca9229en

FAO. 2022. The State of World Fisheries and Aquaculture 2022. Towards Blue
Transformation. Rome, FAO. https://doi.org/10.4060/cc0461en

FERDOUSE F, HOLDT SL, SMITH R, MURUA P, YANG Z (2018) O status global


da produção, comércio e utilização de algas marinhas. Programa de Pesquisa
Globefish 124:I
50

FERREIRA G. S. et al. Algas arribadas da Praia do Pacheco, Ceará Arribadas algae


from Pacheco beach, Ceará, Brazil - Revista Verde ISSN 1981-8203 Pombal,
Paraíba, Brasil - v. 15, n.2, abr.-jun., p.208-214, 2020 doi:
10.18378/rvads.v15i2.6472

FERNANDES, F. O., BARBOSA‐SILVA, M. S., RESENDE, J. F. J., LONGO, G. O., &


MARINHO‐SORIANO, E. (2021). Food source or refuge: What is behind amphipod
choices for seaweeds?. Marine Ecology, 42(3), e12652.

GALVANI, F.; GAERTNER, E. Adequação da metodologia Kjeldahl para determinação


de nitrogênio total e proteína bruta. Embrapa Pantanal-Circular Técnica
(INFOTECA-E), v.63, 9 p. 2006.

GUEDES, E.A.C. & MOURA, A.N. 1996. Estudos da biomassa e composição mineral
de algas arribadas em praias do litoral norte de Alagoas. Boletim de estudos de
Ciências do Mar 9: 19-30.

GULLÓN, B., GAGAOUA, M., BARBA, FJ, et al.: Algas como recurso promissor de
compostos bioativos: visão geral de novas estratégias de extração e design de
produtos cárneos sob medida. Ciência Alimentar. Tecnologia Brasil. 100, 1–18
(2020). https://doi.org/10.1016/j.tifs.2020.03. 039

HARB, TALISSA BARROCO; PEREIRA, MARIANA S; CAVALCANTI, MARIA


IRISVALDA L. G; FUJII, MUTUE T; CHOW, Fungyi. Antioxidant activity and related
chemical composition of extracts from Brazilian beach-cast marine algae:
opportunities of turning a waste into a resource. Journal of Applied Phycology,
Dordrecht, 2021. Disponível em: < https://doi.org/10.1007/s10811-021-02446-8 >
DOI: 10.1007/s10811-021-02446-8

HARB, TB, VEGA, J., BONOMI-BARUFI, J. et al. Algas marinhas brasileiras:


propriedades antioxidantes, fotoprotetoras e citotóxicas. Waste Biomass Valor 14 ,
2249–2265 (2023). https://doi.org/10.1007/s12649-022-01999-0

LÓPEZ, B.A., MACAYA, E.C., JELDRES, R., VALDIVIA, N., BONTA, C.C., TALA, F.,
THIEL, M. 2019. Spatio-temporal variability of strandings of the southern bull kelp
Durvillaea antarctica (Fucales, Phaeophyceae) on beaches along the coast of Chile-
linked to local storms. Journal of Applied Phycology 31(3): 2159-2173.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. de. Avaliação do estado nutricional


das plantas: princípio e aplicações. 2. ed. Piracicaba: Potafós. 319 p, 1997.

MANDALKA, Andrea et al. Nutritional composition of beach-cast marine algae


from the brazilian coast: added value for algal biomass considered as waste.
Foods, v. 11, n. 9, 2022 Tradução. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/foods11091201. Acesso em: 06 jul. 2023.

MARINHO-SORIANO, E. & CARNEIRO, M. A. A. (2021). Macroalgas marinhas:


Biologia, ecologia e importância econômica. In Ciências do mar: Dos oceanos do
mundo ao Nordeste do Brasil, 90- 119.
51

MARINHO-SORIANO, E. M., CARNEIRO, M. A. A., & SORIANO, J. P. (2008).


Manual de identificação das macroalgas marinhas do litoral do Rio Grande do
Norte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, EDUFRN.

MOHAMMED, A.; RIVERS, A.; STUCKEY, D. C.; WARD, K.; Alginate extraction from
Sargassum seaweed in the Caribbean region: Optimization using response surface
methodology. Carbohydrate Polymers 2020, 245, 116419

MANEESH, A.; CHAKRABORTY, K.; Previously undescribed antioxidative O-


heterocyclic angiotensin converting enzyme inhibitors from the intertidal seaweed
Sargassum wightii as potential antihypertensives. Food Research International
2018, 113, 474.

MICHALAK I, CHOJNACKA K. 2015. Algas como sistemas de produção de


compostos bioativos. Engenharia em Ciências da Vida, 152 (2): 160–176.

NL ARROYO, E. BONSDORFF, O papel das algas à deriva para a biodiversidade


marinha, em: E. Olafsson (Ed.), Marine Macrophytes as Foundation Species, CRC
Press, Taylor & Francis Group, 2016, 285 pp.

ORR, M., ZIMMER, M., JELINSKI, D.E., MEWS, M. 2005. Wrack deposition on
different beach types: Spatial and temporal variation in the pattern of subsidy.
Ecology 86(6): 1496-1507. doi:10.1890/04-1486.
PEÑALVER R, L., JM, R. G. A. R. PATEIRO M. N. G (2020) Algas marinhas como
ingrediente funcional para uma dieta saudável. Mar Drugs 18:301 Pérez-Lloréns JL,
Mouritsen OG, Rhatigan P, Cornish ML, Critchley.

PREEZ, R. DU; MAGNUSSON, M.; MAJZOUB, M. E.; THOMAS, T.; PRAEGER, C.;
GLASSON, C. R. K.; PANCHAL, S. K.; BROWN, L.; BROWN seaweed Sargassum
siliquosum as an intervention for diet-induced obesity in male wistar rats.
Nutrients 2021, 13, 1754

RIUL, P., LACOUTH, P., PAGLIOSA, P. R., CHRISTOFFERSEN, M. L. & HORTA, P.


A. (2009). Rhodolith beds at the easternmost extreme of South America:
community structure of an endangered environment. Aquatic Botany, 90: 315-
320.

RIBEIRO, O. DE P.. Produção de Hypnea Pseudomusciformis (Rhodophita) em


sistemas land-based e avaliações químicas aplicadas à bioprodutos /
Dissertação – Universidade Estadual Paulista. “Júlio de Mesquita Filho”.
ARARAQUARA (SP) 2023

SACRAMENTO, R.M. DE O., SEIDLER, E., SOUZA, M. & YOSHIMURA, C.Y.


(2013). Utilização de macroalgas arribadas do litoral catarinense na adubação
orgânica de olerícolas. Scientia Prima, 1(1): 55-59.

SANTOS, G. DO N., NASCIMENTO O. S., PEDREIRA F.DOS A., RIOS G.I.,


Vasconcelos J.N.C. & Nunes J. M. C. 2013. Análise quali-quantitativa das algas
arribadas no norte do estado da Bahia, Brasil. Acta Botanica Malacitana 38: 13-24.
52

SINGH, R., ARORA, R., et al.: Escopo das algas como biocombustíveis de terceira
geração. Frente. Bioeng. Biotecnologia. 2, 90 (2015). https://doi.org/10.3389/
fbioe.2014.00090

SILVA, M. S. B. da. Projeção do impacto das futuras mudanças climáticas sobre


o cultivo da macroalga gracilaria birdiae na costa do Brasil. 2022. 43f.
Dissertação (Mestrado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.

SILVA, L. D.; BAHCEVANDZIEV, K.; PEREIRA, L.; Production of biofertilizer from


Ascophyllum nodosum and Sargassum muticum (Phaeophyceae). Journal of
Oceanology and Limnology 2019, 37, 918.

STIGER-POUVREAU, V., BOURGOUGNON, N., DESLANDES, E.: Carbohydrates


from seaweeds. Em Seaweed in health and disease prevention, pp. 223–274.
Imprensa acadêmica, Cambridge (2016)

VILA NOVA, L.L.M., COSTA, M.M.S., COSTA, J.G., AMORIM, E.C.S., GUEDES,
E.A.C. 2014. Utilização de “algas arribadas” como alternativa para adubação
orgânica em cultivo de Moringa oleifera Lam. Revista Ouricuri 4(3): 68-81.

Vijayanand N, Ramya SS, Rathinavel S. 2014. Potencial de extratos líquidos


de Sargassum wightii no crescimento, parâmetros bioquímicos e de rendimento da
planta de feijão de cacho. Asian Pacific Journal of Reproduction , 3 (2): 150–155.

KIMPARA, STEFANY ALMEIDA PEREIRA, WAGNER COTRONI VALENTI


Produção e beneficiamento da macroalga marinha Hypnea / Janaina Mitsue . –
Brasília, DF : Embrapa, 2021. 58 p. : il. color. ; 11 cm x 15 cm. – (ABC da
agricultura familiar, 46) ISBN 978-65-86056-17-4

KAWAKITA, ET, DE S. EA, U. DM, DE O. ORSI R. 2015. Avaliação da vida útil de


extrato hidroalcoólico de própolis mantido sob diferentes temperaturas de
armazenamento. Atas de Saúde Ambiental, 3 (1): 33–46.

ZEMKE-WHITE, W.L., SPEED, S.R. & MCCLARY, D.J. (2005). Beach-cast seaweed:
a review. New Zealand Fisheries Assessment Report. 47 pp.
53

ANEXO 1 - AUTORIZAÇÃO DO SISBIO 2022


54
55
56
57

ANEXO 2 - AUTORIZAÇÃO DO SISBIO 2023


58
59
60

Você também pode gostar