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INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA FÍSICA

As Estruturas Geológicas Fundamentais – T11 e 12


Tipo de estruturas geológicas
1. Contínuas (a plasticidade das rochas permite a deformação sem rutura)
2. Descontínuas ou de rutura (casos contrários)
3. De transição

1. Estruturas contínuas
a. Horizontal (ou aclinal)
b. Monoclinal: Camadas geológicas inclinadas num único sentido)

c. Dobrada ou enrugada
i. Flexura: Dobra simples, com um único flanco.

ii. Anticlinal: Dobra completa, com dois flancos. A inclinação dos flancos é
divergente a partir da charneira
iii. Sinclinal: Dobra completa, com dois flancos. A inclinação dos flancos
converge para a charneira

2. Estruturas descontínuas ou de rutura


a. Rutura sem deslocação – Fraturas
b. Rutura com deslocação
i. Falhas: Resultam da tectónica quebradiça, com movimentos verticais)
 Plano vertical

 Plano inclinado: Podem ser normais ou inversas em função do tipo de


movimento.
ii. Desligamentos: Resultam da tectónica quebradiça, com movimentos
horizontais
 Esquerdo
 Direita

3. Estruturas de transição entre dobras e falhas


a. Cavalgamento
b. Carreamento

Estrutura Horizontal

Estrutura dobrada com dobras simétricas

Estrutura dobrada com dobras assimétricas

Cavalgamento
Carreamento

Introdução ao Sistema Climático


1.Introdução: composição e estratificação da atmosfera
Homosfera - região da atmosfera que se situa até, sensivelmente, 100
quilómetros de altitude, em que a composição de gases é relativamente uniforme.
Heterosfera - região da atmosfera que se situa sensivelmente acima dos 100
quilómetros de altitude, em que a composição de gases é variável
2.Natureza da radiação solar. Espetro eletromagnético. Radiação
global, direta e difusa
O Sol é a principal fonte de energia para o sistema Terra-Atmosfera, podendo
negligenciar-se as restantes
A radiação solar que atinge a superfície terrestre depende de:
 Ângulo de incidência da radiação solar;
 Duração do dia;
 Composição da atmosfera.
A radiação eletromagnética pode ser vista como uma torrente de pequenas
partículas (fotões) que transportam uma quantidade de energia eletromagnética em
função da sua vibração.
Esquema conceptual de uma onda eletromagnética

A radiação eletromagnética
proveniente do sol propaga-se no vácuo a
uma velocidade
constante, num movimento
harmónico, igual à velocidade da
luz, com direção definida e
intensidade constante.
Radiação solar incidente numa superfície
Radiação solar direta + radiação solar difusa = radiação solar global

3.Movimento de translação. A órbita da Terra.


4.Movimento de rotação da Terra
No

sentido

retrógrado (contrário ao dos ponteiros do relógio)


5.Influência da inclinação do eixo da Terra no ângulo de incidência dos
raios solares e na duração dos dias e das noites
 Altura do sol – ângulo definido pelos raios solares e o plano do horizonte
 Ângulo Zenital – Ângulo entre a vertical de lugar e a linha que define a
trajetória dos raios solares, sendo igual a 0° no zénite e a 90° no horizonte
ângulo complementar da altura do sol.

O sol está Zénite quando o ângulo é de 90º

Quando os raios estão a 90º a Quanto mais inclinação o ângulo


energia está concentrada numa área apresentar (obliquidade) maior será a
menor mas com uma maior área iluminada e a intensidade será
intensidade menor

Declinação – Ângulo entre a eclíptica e o plano do equador da Terra.


(corresponde à latitude da Terra onde o Sol, num dado dia, no seu movimento anual
aparente, se encontra no zénite, ao meio-dia solar. A declinação varia entre 23,5º Norte
e 23,5º Sul, dependendo da altura do ano)
É entre os trópicos é que o sol está num ângulo de 90º, logo é entre os trópicos
que a terra recebe maior energia.
6.A radiação global. Repartição à superfície da Terra.

Balanço energético do sistema Terra – Atmosfera


1.Radiação solar e terrestre
 99,7% da energia disponível na Terra tem origem no Sol e apenas 0,3% tem
origem na atividade interna do planeta.
 A quantidade de energia solar que atinge o topo da atmosfera corresponde a
um valor médio de 1368 W/m2, designado constante solar.

2.Leis de Stefan-Boltzmann e de Wien


Lei de Stefan-Boltzmann: A quantidade total de radiação emitida por um corpo
é representada pela expressão:
A

equação quantifica o fluxo de energia radiante emitida (E) por um corpo


em função da sua temperatura e da sua emissividade. O valor é dado em W/m2.
EXERCÍCIO:
Se T= 2ºC e a emissividade 0,95.
T=2ºC 2ºC + 272,2K= 274,2K
E= 5,67x 10-8 x 0,95 x 274,24= 304,5 W/m2
Emissividade consiste na eficiência de um corpo como emissor.
Corpo negro: emite o máximo possível, em função da sua temperatura.
Emissividade=1
Corpo branco: não emite radiação. Emissividade= 0
Corpo cinzento: Emissividade= 0- 1
Lei de Wien (lei do deslocamento de Wien): O comprimento de onda (λ) que
corresponde ao máximo de emissão de um corpo negro é dado pela expressão:

A = 2897 μm.K (Constante do deslocamento de Wien)


T = Temperatura absoluta do corpo (Kelvin)

3.Absorção seletiva da
radiação solar na
atmosfera, reflexão no
solo e na atmosfera,
difusão na atmosfera
Reflexão: Processo através do qual uma substância devolve uma porção da radiação
eletromagnética que a atinge.
Albedo: Razão entre a quantidade de energia eletromagnética refletida por uma
superfície e a quantidade de energia nela incidente (%).
Absorção: Processo através do qual a energia radiante é retida por uma substância.
Esta energia é irreversivelmente convertida noutra forma de energia (calor). A
substância que absorveu a energia radiante poderá ela própria reemitir energia, mas
só após esta conversão da energia.
Dispersão (scattering): Processo através do qual pequenas partículas presentes na
atmosfera (poeiras, gotículas de água) deflectem a radiação solar nelas incidente em
várias direções diferentes.
Efeito de estufa: efeito do aquecimento da atmosfera devido a gases como vapor de
água (H2O), dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N20), metano (CH4), etc.,
que são “transparentes” à radiação solar e que absorvem e emitem radiação
infravermelha. O efeito de estufa é um fenómeno positivo, que permite a vida na
Terra. A intensificação do efeito de estufa é causada pelas atividades humanas
aumentando a concentração dos gases com efeito de estufa (GEE).

4.Balanço radiativo terrestre


5.Fluxos de calor turbulento (sensível e latente)
 Calor sensível é o calor trocado por um corpo ou sistema termodinâmico que
tem como único efeito uma mudança na temperatura, ou seja, corresponde à
quantidade de calor fornecida a um corpo que gera apenas variações de
temperatura, sem produzir mudanças de fase.

 Calor Latente é a grandeza física relacionada à quantidade de calor que uma


unidade de massa de determinada substância deve receber ou ceder para mudar
de fase, ou seja, passar do sólido para o líquido, do líquido para o gasoso e vice-
versa.

Fluxos de calor turbulentos = calor sensível + calor latente


Os fluxos de calor sensível e latente compensam o desequilíbrio entre a radiação
absorvida pela superfície da terra e a radiação emitida para a atmosfera e o espaço.
Importância relativa dos fluxos de calor sensível e de calor latente (%)
em diferentes ambientes
Ambientes Calor sensível Calor latente
Florestas tropicais 30 70
Campos cultivados 40 60
Desertos 90 10

6. Balanço energético terrestre


O balanço energético da Terra é neutro, ou seja, a quantidade de energia que
entra é a mesma que é emitida para fora, pela superfície do planeta. Mas quando
porções limitadas da superfície terrestre são consideradas, nota-se diferenças entre a
quantidade de energia absorvida e a energia emitida. Essa diferença está diretamente
relacionada à quantidade de energia que é absorvida e emitida pela Terra, apresentando
valores variáveis conforme sua latitude e estação sazonal.
Quando a quantidade de energia que entra no Planeta é superior à quantidade
que sai, temos uma situação de Aquecimento Global.

Variabilidade e alterações climáticas


1. Definições
 Variabilidade climática: flutuação, oscilação ou desvios de valores (mensais,
estacionais e anuais) em relação a valores médios de um período.
 Mudança/alteração climática (climate change): medida pela diferença entre
valores médios de períodos longos e pela frequência de ocorrência de fenómenos
extremos
– Tendência - indica evolução num determinado sentido
– Descontinuidade - variação brusca e permanente

Tendência

Descontinuidade

2. Métodos e técnicas de estudo


Dendroclimatologia: Análise do crescimento anual dos anéis das árvores. Permite o
cálculo de índices climáticos e reconstituir a cronologia do passado.
Sedimentologia: Estudo dos registos sedimentares com objetivo de identificar
paleoambientes.
Palinologia: A contagem do nº de espécies e a sua abundância nos sedimentos permite
analisar como os ecossistemas e o clima variaram no tempo.

3. Reconstrução do registo climático


Variações do clima nos últimos 100 anos:
 Óptimo térmico medieval (sec. X – sec. XIV)
 Pequena Idade do Gelo (sec. XV – sec. XIX)
 Passagem do sec. XIX - sec. XX: aumento da temperatura

4. Causas das variações climáticas


4.1. Naturais

1.DERIVA DOS CONTINENTES E OROGÉNESE

No decurso da história da Terra, houve períodos em que as placas continentais


formaram supercontinentes. Há 250 Milhões de anos: Pangeia

Alguns efeitos no sistema climático:


 Circulação dos oceanos (condiciona o transporte latitudinal de calor, que regula
o clima global)
 Atividade dos rifts (intensa atividade vulcânica, libertação de gases e aerossóis,
incrementando o efeito de estufa)
 Continentalidade (nas altas latitudes, o aumento da área dos continentes pode
significar um aumento do albedo - áreas cobertas por gelo e neve)

Com a separação dos continentes existe


uma circulação oceânica

2. OS RITMOS DOS
PARÃMETROS ORBITAIS

 A forma da órbita terrestre - Excentricidade


 A inclinação do eixo de rotação da Terra - Obliquidade
 A estação do ano em que cada um dos hemisférios se encontra mais próximo
do sol - Precessão dos equinócios

É importante notar que as variações nos três parâmetros orbitais não causam
mudanças significativas nos valores de radiação solar que atingem o topo da atmosfera
ao nível anual!
As variações nos parâmetros orbitais não apresentam regularidade periódica (são
quasi-periódicas)
3. VARIAÇÃO DA ACTIVIDADE SOLAR
Ciclos na radiação solar
 Observações das manchas solares efetuadas nos últimos 2 seculos sugerem a
existência de ciclos de 11 anos na atividade solar;
 O estudo das concentrações dos isótopos cosmogénicos 10Be e 14C indica a
existência de outros ciclos mais longos na atividade solar:
-22 anos;
-88 anos;
- ~ 200 anos;
-~ 2500 anos;
4. VARIAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA
 Um dos principais mecanismos de forçamento interno no sistema climático
 Alteração das concentrações: de aerossóis; de gases de efeito de estufa; devido a
causas naturais e antrópicas.
5.ATIVIDADE VULCÂNICA
 1815: Tambora (Indonésia). 150 a 180 km3 de cinzas e partículas de pedra-
pomes na atmosfera (artigo sobre “1816, ano sem Verão”)
 1883: Krakatoa (Indonésia). 20 km3 de cinzas e outras partículas. Redução de
0,5 ºC na temperatura média no hemisfério Norte.
 1980: Monte Santa Helena (NW EUA)
 1982: El Chichón (México)
6.ALTERAÇÕES NA CIRCULAÇÃO OCEÂNICA
Os oceanos armazenam uma imensa quantidade de calor e desempenham um papel
fundamental na regulação do sistema climático global;
 Alterações nos padrões de oceânica termohalina.
A circulação termohalina refere-se à circulação oceânica global movida pelas
diferenças de densidade entre as massas de água no oceano. Tais diferenças ocorrem
em função de pequenas variações na temperatura e/ou na salinidade da água.
Quanto mais FRIA + DENSA
7. MECANISMOS DE RETRO-AÇÃO NO SISTEMA CLIMÁTICO
(FEEDBACK)
 Uma mudança num qualquer componente do sistema climático pode tomar
outras consequências num outro componente
 O efeito pode ser ampliado ou reforçado (feedback positivo) ou reduzido
(feedback negativo)
4.2. Causas antrópicas
Causas antrópicas são as ações exercidas pelo homem. Principal causa:
Modificação na composição da atmosfera
O meio ambiente passou a ser alvo de discussões frequentes, quando o
aquecimento global se tornou pauta dos principais estudos relacionados às ações
antrópicas. A maior parte dos estudiosos relaciona o aquecimento global ao excesso de
gases poluentes (gases do efeito estufa) emitidos para a atmosfera. A camada de gases
que se forma acaba por impedir que a radiação solar se disperse, o que provoca um
aquecimento anormal do planeta. As causas do aquecimento global também estão
associadas ao desmatamento e à queima de combustíveis fósseis.
Actividades com maior emissão de GEE
 Indústrias energéticas;
 Transportes;
 Indústria e construção civil;
 Agricultura e pecuária;
 Residencial e serviços;
 Resíduos;

5. Projeções para 2100


Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas
(Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC)
Criado em 1988 por duas organizações das Nações Unidas: a Organização
Meteorológica Mundial (WMO) e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente.

MISSÃO:
 Elaborar relatórios científicos exaustivos sobre o estado dos conhecimentos
científicos, técnicos e socioeconómicos acerca dos riscos associados às
mudanças climáticas causadas por atividades humanas;

 Avaliar as suas potenciais consequências das alterações climáticas sobre o


ambiente e a nível socioeconómico;

 Avaliar as possíveis opções de adaptação às consequências ou de mitigação dos


efeitos.
Incertezas quanto ao futuro
 Que cenários de emissão de gases de estufa?
 Deficiências nos modelos
 Incertezas quanto aos impactes
Incertezas quanto aos impactes
 Conhecimento incompleto: as respostas dos sistemas com elevados graus de
complexidade, como os sistemas biológicos, sociais e económicos são muito
difíceis de avaliar. Os impactes climáticos podem ser incrementados por outros
fatores não climáticos ou, pelo contrário, compensados internamente por
adaptações dos sistemas até que o nível crítico de resiliência seja ultrapassado.

 Tendências insuficientemente conhecidas: Os dados observacionais e tendências


para muitos dos indicadores de impacte, frequentemente padecerem de detalhe
temporal e espacial, que facultem as informações adequadas para avaliar as
estratégias de adaptação.

 Comportamentos socioeconómicos: as mais importantes fontes de incerteza são


o comportamento humano, a evolução dos sistemas políticos, demográficos,
tecnológicos e desenvolvimentos socioeconómicos.

Definições (IPCC 2007)


 A mitigação é uma intervenção para reduzir o forçamento antrópico do sistema
climático. Inclui estratégias para limitar as fontes e emissão de gases de efeito de
estufa (GEE) e aumentar os respetivos sumidouros.

 A adaptação consiste num ajuste nos sistemas naturais e humanos, como


resposta aos estímulos climáticos atuais ou esperados e seus efeitos, limitando os
constrangimentos e explorando as oportunidades das alterações climáticas: gerir
aquilo que não se pode evitar.

Glossário

Azimute – Ângulo sobre o plano do horizonte entre a direção do Sol e uma direção de
referência, geralmente o Norte verdadeiro. Neste sistema, o “Este” corresponde a um
azimute de 90º.
Calor – Forma de energia transferida entre dois sistemas devido a uma diferença de
temperatura (AMS).
Comprimento de onda – Distância entre dois máximos de onda sucessivos,
representado pela letra grega lambda.
Condução de calor – Transporte de calor de uma substância para outra ou através de
uma substância, como consequência de movimentos das moléculas; a transferência faz-
se sempre das áreas mais quentes para as mais frias, em função do gradiente de
temperatura.
Constante solar – Quantidade total de radiação solar recebida no limite exterior da
atmosfera terrestre numa superfície normal à radiação incidente.
Corpo negro – um objeto hipotético que absorve toda a radiação, que nele incide.
Também possui capacidade de emitir a quantidade máxima de radiação de acordo com
uma dada temperatura.
Dispersão – Processo através do qual pequenas partículas presentes na atmosfera (por
exemplo, poeiras, gotículas de água, etc) deflectem a radiação solar nelas incidente em
várias direções diferentes.
Eclíptica – Trajetória que o Sol, a Lua e os planetas descrevem na Esfera Celeste.
Emissão – geração e envio de energia radiante (AMS); não confundir com reflexão
Emissividade - Eficiência de emissão de um corpo, sendo dada pela razão entre a
emissão desse corpo e a de um corpo negro à mesma temperatura. Varia entre 0 e 1
(sendo 1 a emissividade do corpo negro).
Energia – Capacidade de produzir trabalho em qualquer forma de matéria. Num
sistema físico fechado é uma grandeza que é sempre constante (conservação da
energia). A energia não pode ser criada nem destruída, apenas convertida de uma forma
de energia noutra forma (por exemplo a energia radiativa pode ser transformada em
energia térmica)
Escala Kelvin (K) de temperatura – Escala absoluta de temperatura. Todos os corpos
a mais de 0K (= -273,15 ºC) emitem energia. O ponto de congelação da água (0º C)
corresponde a 273,15 K ou, simplificando 273K. 1ºC = 1K
Espectro eletromagnético – Distribuição da intensidade da radiação eletromagnética
em relação ao seu comprimento de onda ou frequência, desde raios cósmicos, raios
gama, raios-x, ultravioleta, visível, infravermelho até micro-ondas e ondas de rádio.
Radiação difusa – Radiação solar que é dispersa pela atmosfera antes de atingir a
superfície.
Radiação direta – Radiação que não é dispersa nem absorvida pela atmosfera.

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