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RESOLVENDO PROBLEMAS DA VIDA ECLESIÁSTICA PARA NÃO PERDER O PROPÓSITO

Atos 6.1-7
Tudo que cresce exige esforço e estratégia para lidar com problemas que não existiam anteriormente.
Existe em ditado que diz que “onde come um comem dois”. Esse ditado pode ser verdadeiro para um
momento específico, mas a situação, uma vez prolongada, certamente tem o poder de trazer certo
desconforto e problemas a serem superados. Por exemplo, quando formamos nossas famílias, temos que ter
o mínimo de planejamento para nos prepararmos para o crescimento. Um casal tem um tipo de necessidade
diferente de um casal com filhos. Por isso, todo crescimento exige esforço e estratégia para lidar com
problemas que não existiam anteriormente.
Desde o capítulo dois de Atos é possível perceber um crescimento exponencial da igreja. Mas, é a
partir do capítulo quatro, que percebemos que a igreja primitiva não era perfeita e tinha que lidar com várias
armadilhas por conta do seu crescimento. Primeiramente, em Atos 4,1-22, o crescimento da igreja gerou
perseguição por parte da liderança judaica. Depois, em Atos 5.1-11, no caso de Ananias e Safira, a mentira
tentou invadir a igreja. E, agora, em Atos 6.1-7, o crescimento ameaça a igreja de perder o seu propósito de
continuar a fazer com que a Palavra avance e o número de discípulos cresça.
Portanto, essa passagem nos ensina que é necessário certa atenção, como igreja, para os desafios e
necessidades que o crescimento nos impõe. Vejamos o que esses homens e mulheres cristãos fizeram no
passado para resolver esse problema.
1. SER SENSÍVEL AO QUE ACONTECE AO REDOR
No v. 1 somos informados que naqueles dias, quando o número de discípulos crescia, houve
murmuração por parte dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição diária.
Essa murmuração esconde um problema existente na comunidade primitiva: a diferença entre
judeus-hebreus e judeus-helenistas. Os judeus-helenistas eram aqueles advindos do movimento chamado de
diáspora. A perseguição criada em solo israelense é quem cria a diáspora, que faz com que muitos judeus
saíssem de Jerusalém para morarem em outros países. Esses judeus tiveram contato com outras culturas,
principalmente a cultura grega, daí serem chamados de helenistas. Alguns descendentes dessa geração de
judeus da diáspora, voltaram para Jerusalém e arredores, mas marcados definitivamente pela cultura
helênica e seu idioma. Isso criou um problema entre judeus-hebreus, aqueles que mantiveram a cultura e
idioma local, e judeus-helenistas, aqueles que foram “contaminados” pela cultura e idioma grego.
O crescimento da igreja cristã alcançou tanto judeus-hebreus, como judeus-helenistas. Agora estavam
dentro do mesmo barco e era preciso que o problema fosse resolvido, sob o custo de fazer com que a igreja
perdesse o seu propósito e comunhão. O que fazer quando a família dobra de tamanho, trazendo gente tão
diferente para fazer parte da mesma família? Como enfrentar essa situação?
2. A SOLUÇÃO ESTAVA NA PRÓPRIA COMUNIDADE
Se o problema nasce no meio da comunidade, a solução também estava lá. Os apóstolos foram
sensíveis ao problema gerado pelo crescimento, mas, também, foram sensíveis em perceber que Deus havia
dado mecanismos para que a própria comunidade pudesse resolver seus problemas. A solução passava por
duas decisões importantes que devemos observar em nossas vidas:
a. DELEGAR
Precisamos admitir que não podemos fazer tudo sozinho. Admitir isso e delegar são decisões sábias
que todo cristão deve tomar. Se fomos chamados para sermos uma família, a família da fé, devemos
entender que cada um tem sua parte no processo de desenvolvimento dessa família.
Quando houve murmuração por parte de alguns membros da igreja, os apóstolos decidiram delegar.
Eles perceberam que a função principal deles era outra: pregar a Palavra e orar. Se assumissem mais
atividades, poderiam perder o propósito para que foram chamados. A decisão: delegar.
Hoje, muitos de nós, precisamos aprender a delegar, deixar que outras pessoas façam as coisas e
acreditar que poderão fazer essas coisas bem feitas. Não fomos chamados para fazer tudo. Pelo contrário,
fomos dotados de dons para fazer bem feito o que fomos chamados.
b. ENVOLVIMENTO
A liderança da época, os apóstolos, precisaram aprender a delegar. Porém, para que o problema fosse
resolvido, não era necessário apenas a decisão de delegar dos apóstolos que faria a diferença, mas, também,
o envolvimento da comunidade.
Os vv. 2-6 diz que os apóstolos convocaram a comunidade para participar do processo de resolução
do problema. Era necessário separar pessoas para cuidar melhor da distribuição dos recursos a todos os
membros. Surge um novo ministério, para uma nova necessidade. Esse ministério ficou conhecido como
diaconia.
O envolvimento da comunidade no problema que surgia não só fez com que a distribuição dos
recursos acontecesse com uma melhor gestão, mas, também, possibilitou que os apóstolos continuassem a se
dedicar para o que foram chamados.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, nos ensina exatamente isso (1Co 12.1-14). Um corpo
bem ajustado é aquele onde cada membro desempenha a sua função, sem sobrecarregar ninguém. Quando
cada um de nós assumimos a nossa função dentro do corpo, num genuíno envolvimento, vivemos como
corpo saudável e pronto para o crescimento e desenvolvimento. Você tem se envolvido com as demandas da
sua comunidade?
3. O SERVIÇO NA COMUNIDADE DEVE SER NORTEADO POR TRÊS CARACTERÍSTICAS
PRINCIPAIS
O texto nos diz que o problema que estava acontecendo na igreja primitiva era na distribuição de
alimentos. Talvez o nosso pensamento para a solução desse problema seja que, para essa função, qualquer
pessoa serve, certo? Errado! Para qualquer tipo de serviço na igreja necessitamos de no mínimo três
características, são elas:
a. BOA REPUTAÇÃO
O que a gente faz demonstra mais quem a gente é, do que aquilo que a gente fala. Jesus, nosso
exemplo maior, não era poderoso apenas em palavras, mas também em ações. Sua autoridade não vinha
apenas pelo que falava, mas de como agia.
Precisamos de cristãos com boa reputação nos dias de hoje. Os cristãos já não são mais conhecidos
pela sua integridade de caráter. Precisamos voltar a viver os princípios bíblicos em nossa vida.
b. CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO
Ser cheio do Espírito Santo é ser controlado pela vontade de Deus. É ser obediente a vontade de
Deus. Não é ter lampejos de crente em alguns momentos da vida, mas é ser norteado pelo Espírito e fazer
sempre a vontade do Pai.
c. SÁBIOS
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, assim nos ensina a Palavra de Deus. Ser sábio,
segundo as Escrituras, é colocar em prática os ensinos e valores de Deus em nossa vida. Como conhecemos
pouco a Palavra de Deus, vivemos pouco da sabedoria.
Precisamos de mais pessoas marcadas por essas características na vida da nossa comunidade. Você
pode ser uma delas?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O v. 7 nos diz que essas ações tiveram resultados maravilhosos na igreja primitiva. O principal deles
é que a igreja crescia na palavra e no número de discípulos. A igreja não cresce quando negligenciamos um
problema e não nos envolvemos na sua solução.
Precisamos ser mais sensíveis ao que está acontecendo no nosso meio, delegar mais, envolver mais e
buscar as características de Deus para a nossa vida. Qual o principal resultado? Mais do que ver essas
cadeiras cheias de gente, é ver gente sendo transformada em discípulos de Cristo.

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