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Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica
CONTEÚDO
Página
1. Introdução 3
1.1 Classificação dos processos não convencionais 5
2. Processos mecânicos 7
2.1 Jato abrasivo 7
2.2 Jato de água 13
2.3 Fluxo abrasivo 27
2.4 Usinagem ultrassônica 36
3. Processos elétricos 47
3.1 Usinagem eletroquímica 47
3.2 Outras operações 65
3.2.1 Retificação eletroquímica 65
3.2.2 Retificação por descarga eletroquímica 67
3.2.3 Furação por eletrofluxo e por capilaridade 71
3.2.4 Furação eletrolítica 73
4. Processos térmicos 76
4.1 Eletroerosão 76
4.1.1 Eletroerosão a fio 102
4.1.2 Retificação por eletroerosão 103
4.1.3 Texturização 105
4.2 Feixe de elétrons 107
4.3 Feixe de íons 116
4.4 Arco plasma 121
4.5 Feixe laser 128
5. Processos químicos 144
5.1 Usinagem química 144
5.2 Usinagem fotoquímica 153
6. Prototipagem rápida 157
6.1 Fotopolimerização ou estereolitografia 160
6.2 Deposição de plástico fundido 161
6.3 Sinterização a laser 162
6.4 Deposição por adesão 163
6.5 Deposição de lâminas 164
6.6 Ferramental rápido e manufatura rápida 166
7. Referências bibliográficas 170
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1 INTRODUÇÃO
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Assim, o termo não convencional (ou não tradicional) se refere ao fato de a energia ser aplicada
em sua forma mais direta, sem a necessidade, na grande maioria das vezes, de uma
ferramenta de corte. Ainda que a ferramenta seja necessária, arestas de corte afiadas não são
um requisto essencial. Tais processos vêm sendo aplicados com sucesso desde a Segunda
Guerra Mundial e, ao contrário dos processos convencionais, os processos não convencionais
se destinam a aplicações específicas, tanto no que diz respeito ao material da peça quanto a
forma, dimensões, tolerâncias e acabamento do componente usinado. Por outro lado, a
crescente popularização do comando numérico computadorizado tem permitido uma maior
flexibilização destes processos, com destaque para a usinagem a laser e por eletroerosão.
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Entretanto, é importante deixar claro que os processos não convencionais não substituirão os
processos ditos convencionais e que um processo não convencional considerado mais
apropriado para usinar um material sob determinada condição pode não ser igualmente
eficiente no corte do mesmo material sob condição distinta, principalmente no que se refere à
qualidade da superfície usinada e taxa de remoção de material.
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Forma de
Mecânica Elétrica Térmica Química
energia:
Jato abrasivo
Eletroerosão
Jato de água
Feixe elétrons
Jato de água Eletroquímica Química
Processo: Feixe íons
com abrasivo e derivados Fotoquímica
Feixe laser
Fluxo abrasivo
Arco plasma
Ultrassom
Mecanismo de Deslocamento Fusão e
Erosão Ablação
remoção: de íons vaporização
Gás aquecido,
elétrons,
Meio de Partículas a alta Ambiente
Eletrólito radiação ou
transferência: velocidade reativo
corrente de
íons
Material
Pressão
Fonte de Corrente ionizado, alta Agente
pneumática ou
energia: elétrica tensão, luz corrosivo
hidráulica
amplificada.
Entretanto, uma tendência que tem sido observada é o desenvolvimento de processos híbridos,
ou seja, a combinação de duas operações de naturezas distintas em um novo processo, como
por exemplo, a usinagem por eletroerosão e a eletroquímica, eletroerosão e usinagem
ultrassônica, ou mesmo a combinação de um processo não convencional com outro
considerado convencional (eletroquímica e retificação,usinagem ultrassônica e fresamento,
arco plasma e torneamento, etc.).
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2. PROCESSOS MECÂNICOS
Neste grupo de operações o material é removido pela ação abrasiva. Normalmente são
empregados quando os processos convencionais apresentam dificuldades associadas à
dureza, tenacidade ou fragilidade da peça (materiais cerâmicos, compósitos, etc.). Dentre as
principais vantagens deste grupo se destacam o fato de o material da peça não precisar ser
condutor elétrico (o que restringe a utilização de diversas operações não convencionais), a
viabilidade de se usinar materiais frágeis tais como vidro, quartzo e cerâmicas (inexequível para
a maioria das operações convencionais) e a operação não provocar danos térmicos.
Assim, este processo é mais eficiente em materiais duros e frágeis, tais como vidro, silício,
tugstênio, cerâmicas, etc. Difere do jateamento convencional pelo fato dos grãos serem
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menores (diâmetro médio entre 10 e 50 µm), pelo maior controle de impurezas e do jato. A
Figura 2.2 apresenta um diagrama esquemático da operação.
O equipamento trabalha com um gás que pode ser ar (menor custo), nitrogênio (N2), dióxido de
carbono (CO2) ou outro gás inerte pressurizado, seco e livre de contaminantes. A pressão varia
de a 520 a 830 kPa, porém pressões acima de 600 kPa são raramente empregadas porque
provocam o desgaste prematuro do bocal. O gás passa por uma câmara onde é feita a mistura
com os abrasivos. Em seguida a mistura passa por uma válvula liga/desliga e chega ao bocal.
Ao passar pelo bocal o jato atinge velocidades na faixa de 150 - 300 m/s (Benedict, 1987). Uma
cabine evita o contato do operador com o pó. Este equipamento apresenta um dos menores
custos dentre os processos não convencionais de usinagem, muito embora frequentemente
seja controlado manualmente.
O bocal é geralmente feito em metal duro (WC+Co), também podendo ser em safira (mais
durável, porém mais caro). As dimensões da seção do bocal variam de Ø 0,13 a 1,25 mm ou de
0,08 x 0,5 mm até 0,18 x 3,8 mm. A vida do bocal depende do seu material e do abrasivo
usado: para o metal duro ela pode chegar a 35 horas enquanto o de safira pode durar até 300
horas.
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A Figura 2.3 mostra a influência da vazão e do tamanho das partículas abrasivas sobre a taxa
de remoção de material. A taxa de remoção aumenta com a vazão de abrasivo, porém se esta
for muito elevada, há um decréscimo na velocidade dos grãos abrasivos e, consequentemente,
na taxa de remoção de material. Observa-se que para as condições empregadas (corte de
vidro) existe uma vazão ótima em torno de 10 g/min que resulta em taxa de remoção máxima.
Além disso, a taxa de remoção de material aumenta com o tamanho das partículas abrasivas
devido à maior capacidade de microlascamento dos abrasivos com dimensões maiores.
Figura 2.3: Influência da vazão e tamanho do abrasivo sobre a taxa de remoção de material
(ASM, 1995).
O abrasivo não deve ser reutilizado, pois perde a capacidade de corte. Além disso, seu custo é
baixo e os cavacos misturados aos abrasivos podem entupir o bocal. Os tipos de abrasivo mais
comumente utilizados são:
• óxido de alumínio (Al2O3): operações pesadas
• carboneto de silício (SiC): operações pesadas em materiais mais duros
• carbonato de magnésio: limpeza e gravação
• bicarbonato de sódio: limpeza e corte de metais macios
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• vidro: polimento.
A Figura 2.4 mostra a influência da distância bocal-peça sobre a taxa de remoção, que
apresenta uma região ótima. Distâncias muito pequenas causam a redução da taxa de remoção
devido à queda de pressão, enquanto distâncias muito elevadas prejudicam o processo devido
à redução da velocidade do jato. Além disso, quanto maior a distância bocal-peça, maior será a
dispersão do jato, que a partir de 1,6 mm torna-se cônico com inclinação de 7o.
Via de regra recomenda-se uma distância entre 2 e 15 mm para corte. Distâncias curtas
(menores que 1 mm) são empregadas quando se deseja elevada exatidão (às expensas de
baixa taxa de remoção), ao passo que o aumento da distância provoca a dispersão do jato, o
que é indicado para operações de limpeza (distância entre 5 e 13 mm) e texturização de vidro
(de 25 a 75 mm).
O processo produz uma superfície granular e opaca com rugosidade Ra entre 0,15 e 1,5 µm,
tolerâncias de ±0,13 mm (típicas) a ±0,05 mm (sob condições especiais) e o raio mínimo é de
2 mm. A influência da distância bocal-peça sobre a dimensão e forma do furo é ilustrada na
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Figura 2.4. Nota-se um aumento do diâmetro médio do furo com a elevação da distância bocal-
peça, acompanhado da elevação do desvio de circularidade.
Gás: ar
Pressão: 30 kPa
Abrasivo: Al2O3 (40 µm)
Peça: vidro
Aplicações típicas da usinagem por jato abrasivo em materiais cerâmicos, plásticos rígidos e
metais endurecidos compreendem:
• corte e furação de pequenas seções
• gravação em peças metálicas, plásticas e de vidro (número de chassis).
• rebarbação
• corte de perfis intrincados em materiais duros e frágeis (espessura inferior a 1,5 mm para
aços e 6 mm para vidros)
• limpeza e remoção de camadas oxidadas
• acabamento de componentes eletrônicos.
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Esta operação emprega um jato de água colimado a alta velocidade como ferramenta cortante.
No caso de peças não metálicas, utiliza-se o jato de água sem abrasivo, entretanto, para o corte
de materiais mais duros e densos (tais como metais, vidros e cerâmicas), deve-se acrescentar
partículas abrasivas à água. No caso específico de materiais compósitos, o jato de água com
abrasivo é dez vezes mais rápido que o corte convencional.
Ao atingir a superfície da peça, a velocidade do jato (de até 900 m/s conforme McGeough,
1988) torna-se nula e, por conseguinte, a energia cinética é convertida em pressão hidráulica.
De acordo com Pandney e Shan (1980), nos primeiros milissegundos após o contato inicial a
pressão transiente pode chegar ao triplo da pressão hidrostática, sendo que a remoção de
material ocorrerá onde a pressão do jato exceder a força de ligação dos átomos que compõem
o material da peça.
A Figura 2.6 mostra o corte por jato de água com abrasivo de um disco maciço de Inconel (liga
Ni-Cr) para a produção de rotores de turbina (Ø760 x 45 mm) em 48 horas.
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Figura 2.6: Usinagem por jato de água com abrasivo de rotor de turbina (ASM, 1995).
O equipamento consiste de uma unidade hidráulica completa com motor para acionamento da
bomba com potência de 15 a 37 kW, linha de transmissão, bocal e coletor, vide Figura 2.7. A
pressão da bomba hidráulica (20 MPa) é elevada pelo intensificador (Figura 2.8) para até
380 MPa dependendo da razão entre as áreas dos pistões de óleo e de água, enquanto o
acumulador garante a uniformidade de pressão e velocidade do jato graças à compressibilidade
da água (cerca de 12% a 380 MPa).
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A distância entre o bocal e a peça varia de 2 a 25 mm de acordo com o material a ser cortado,
entretanto, a forma e o diâmetro do jato sofrem alterações mínimas dentro desta faixa de
distância. O bocal para o corte sem abrasivo possui um orifício em safira ou diamante sintético
cujo diâmetro mínimo é de 0,075 mm. Embora o bocal de diamante seja de 7 a 10 vezes mais
caro, ele garante uma vida 10 vezes mais longa e não se desgasta durante a limpeza. A Figura
2.9 mostra bocais para as operações: (a) sem abrasivo e (b) com abrasivo.
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Figura 2.9: Bocais para usinagem por jato de água: (a) sem abrasivo (McGeough, 1988) e (b)
com abrasivo (El-Hofy, 2014).
No caso do jato de água com abrasivo, o bocal difere do anterior basicamente por apresentar
uma entrada adicional para o abrasivo e uma câmara para mistura. O diâmetro do orifício varia
de 0,75 a 2,5 mm, de modo a garantir que seja pelo menos 5 vezes o diâmetro do abrasivo. A
potência na saída do bocal varia de 7 a 45 kW. Os principais abrasivos naturais empregados
são a granada [Fe3Al2(SiO4)2)], crisólita [(MgFe)2SiO4] e quartzo (SiO2). Os abrasivos sintéticos
são extremamente agressivos e provocam o desgaste prematuro do bocal (Kulekci, 2002). A
dureza do abrasivo a ser utilizado deve aumentar com a dureza da peça.
De acordo com Kulekci (2002), a natureza turbulenta do processo e o tamanho das partículas
abrasivas dificultam o estudo do fenômeno. Aparentemente, no início as partículas têm
velocidade nula, sendo aceleradas e arremessadas constantemente pelo jato contra as paredes
internas do bocal, até que a direção da velocidade do abrasivo seja paralela à do jato. Além
disso, é possível que após o primeiro impacto os abrasivos sejam reintroduzidos no fluxo,
permitindo cortes profundos. A adição à água de 1% de um polímero de cadeia longa (por
exemplo, óxido de polietileno) auxilia na manutenção da coerência do jato por uma distância
mais longa.
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2p
v= Eq.(2.1)
ρ
Q = C D ( p ) D 2 2 p Eq.(2.2)
4 ρ
Onde,
v: velocidade do jato.
p: pressão do fluido.
ρ: densidade do fluido.
Q: vazão.
CD: coeficiente do orifício (aproximadamente 0,7).
D: diâmetro do orifício.
Para a operação sem abrasivo, Konig et al. (apud McGeough, 1988) afirmam que velocidades
de avanço máximas de 4 e 6 m/min podem ser empregadas para o corte de plásticos
reforçados com fibras de aramida e de vidro, respectivamente. A Tabela 2.1 apresenta as
velocidades de avanço indicadas para outros materiais.
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Figura 2.10: Nomograma para determinação da potência de corte do jato abrasivo (CD=1).
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Tabela 2.1: Velocidades de avanço recomendadas para o corte com jato de água sem abrasivo
(Olsen apud Benedict, 1987).
Velocidade de avanço
Material Espessura (mm)
(m/min)
Alumínio 1,3 0,15
Vidro 12,7 1,5
Papel 25 6
Espuma 50 152
Papel corrugado 6,3 183
A Figura 2.11 apresenta a relação entre pressão do jato abrasivo e velocidade de avanço para
diversos tipos, vazões e tamanhos de abrasivos (ASM, 1995). Nota-se que a velocidade de
avanço necessária para garantir o corte pode ser aumentada com a elevação da pressão do
jato, da vazão de abrasivo acrescentado à água e/ou do tamanho das partículas abrasivas.
De modo análogo, a Figura 2.12(a) ilustra a relação entre velocidade de avanço e espessura de
corte para diversos materiais (Ohman, apud Kulekci, 2002) e a Figura 2.12(b) representa a
relação entre vazão de abrasivos e espessura de corte (El-Hofy, 2014).
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(a)
(b)
Figura 2.12: (a) Relação entre velocidade de avanço e espessura de corte para diversos
materiais (pressão de 2500 bar, distância de 2 mm (Ohman, apud Kulekci, 2002) e (b) relação
entre vazão de abrasivos e espessura de corte para diversos materiais (El-Hofy, 2014).
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Uma das desvantagens da usinagem por jato abrasivo está associada à textura irregular da
seção de corte provocada pela deflexão do jato, representada de forma esquemática na Figura
2.15. Além disso, quando o jato executa cortes em arco ou cantos, tem-se uma forma cônica de
corte, como mostra a Figura 2.16(a). O corte com perfil inclinado, ilustrado na Figura 2.16(b),
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também é frequente e pode ser eliminado pelo aumento da potência ou redução da velocidade
de avanço.
Figura 2.16: Desvios geométricos observados no corte por jato de água com abrasivos (Kulekci,
2002).
A Figura 2.17 (Hascalik et al., 2006) mostra: (a) a seção transversal de uma peça de Ti-6Al-4V
cortada por jato de água abrasivo, na qual são identificadas três regiões distintas (IDR, SCD e
RCR) e (b) a vista lateral mostrando a variação na largura de corte. A região IDR representa a
zona de ataque primária resultante da expansão do jato, anterior ao choque. Nessa região os
materiais mais dúcteis estão sujeitos à deformação plástica devido à energia cinética do jato de
água abrasivo. A região SCR representa a zona intermediária de ataque, onde se observa
melhor acabamento superficial e onde a energia é consumida na remoção de material.
Finalmente, RCR é a zona de deflexão do jato abrasivo, onde estrias são geradas na peça.
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A Tabela 2.2 mostra de forma qualitativa a influência do material da peça e sua espessura e da
velocidade de avanço sobre a qualidade do corte obtido e a Figura 2.19 apresenta a influência
da velocidade de avanço e granulometria dos abrasivos sobre a rugosidade da parede gerada.
A Figura 2.20 apresenta a influência do fator de forma (razão entre o menor e o maior diâmetros
de um grão abrasivo), dureza do abrasivo e velocidade de avanço sobre a taxa de remoção.
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Tabela 2.2: Qualidade obtida para diferentes condições de trabalho: pressão de 3800 bar e
distância de corte de 2 mm (Berkeley Chemical Research Inc., apud Kulekci, 2002).
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Figura 2.20: Taxa de remoção de material (Ti6Al4V) em função de: (a) e (b) fator de forma
(vf=0,03 – 0,08 e 0,17 m/s), (c) e (d) dureza do abrasivo (Fowler et al., 2009).
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O equipamento, ilustrado na Figura 2.22, opera a uma pressão de 0,7 a 20 MPa e vazão
de 10 a 380 L/min e o número de ciclos necessário ao acabamento de uma peça varia de
três a centenas de ciclos (Benedict, 1987). Temperatura, viscosidade, pressão, desgaste
e vazão são controlados durante a operação. Máquinas automatizadas apresentam
tempo de produção entre 1 e 3 minutos, porém, o processo não é adequado quando se
deseja elevado volume de material removido por peça. A matriz mantém a peça
posicionada e direciona o fluido corretamente e restringindo sua passagem onde abrasão
deve ocorrer (Figura 2.23).
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Figura 2.23: Matriz e peça na usinagem por fluxo abrasivo (Benedict, 1987).
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ao passo que para a produção de raios usa-se fluido abrasivo com vazão mais alta e
menor viscosidade, vide Figura 2.24.
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Figura 2.25: Influência do número de ciclos sobre a rugosidade dos aços AISI 1045,
1080 e A36.
Figura 2.26: Influência do número de ciclos sobre a massa removida dos aços AISI
1045, 1080 e A36.
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Entretanto, Tzeng et al. (2007) observaram que a relação entre tamanho médio dos
abrasivos e rugosidade é um pouco mais complexa. De acordo com estes autores, a
força que mantém os abrasivos de pequeno diâmetro presos ao fluido é baixa, o que
prejudica a remoção de material e a redução da rugosidade da superfície. Assim, a
rugosidade diminui com a elevação do tamanho das partículas abrasivas, da viscosidade
do fluido e do tempo de processamento, vide Figura 2.28.
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Figura 2.28: Efeito dos parâmetros da usinagem por fluxo abrasivo sobre a rugosidade da
peça: (a) tamanho dos abrasivos, (b) concentração de abrasivos e (c) pressão de
extrusão (Tzeng et al., 2007).
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A Figura 2.29 mostra a integridade superficial de canais produzidos por eletroerosão a fio
antes e depois de serem submetidos à usinagem por fluxo abrasivo. Além da remoção da
zona termicamente afetada, nota-se a redução do raio produzido.
Jha e Jain (2004) estudaram a influência do campo magnético sobre a usinagem por fluxo
abrasivo utilizando como fluido uma mistura de pó de ferro carbonila e SiC com graxa e
óleo mineral (Figura 2.30). Na ausência do campo magnético os grãos abrasivos rolam ao
entrar em contato com as irregularidades, reduzindo a eficiência da operação. A aplicação
do campo magnético durante a operação faz com que as partículas de ferro sejam
usadas para pressionar os abrasivos contra as irregularidades. Controlando a força
magnética é possível controlar a remoção das irregularidades e assim promover melhor
acabamento na superfície.
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Figura 2.30: Usinagem por fluxo abrasivo: (a) sem campo magnético e
(b) com campo magnético
A Figura 2.31 mostra exemplos de peças antes e após serem submetidas à operação de
usinagem por fluxo abrasivo (Extrude Hone, 2009). Observa-se o elevado acabamento
obtido em regiões de acesso restrito após a operação de fluxo abrasivo.
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realizaram testes nos quais a ferramenta foi mantida afastada da peça e sem a utilização
de abrasivos (apenas água ou álcool metílico foram usados como fluido). Sob tais
circunstâncias, a cavitação foi considerada o único responsável pela remoção de material
na forma de crateras com diâmetro de 0,5 a 5 µm e profundidade de 0,05 a 1 µm.
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A velocidade do som em um meio sólido (v) pode ser calculada pela Equação (2.3), o
comprimento de onda (λ) pela Equação (2.4) e a frequência de ressonância (fr) pela
Equação (2.5). Por exemplo, a uma frequência de 25 kHz, uma onda se propagando em
um meio sólido possui comprimento de onda aproximado de 200 mm.
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1
E m(m − 1) 2
v= 2 Eq.(2.3)
ρ (m − m − 2)
v 1 E
λ= = Eq.(2.4)
f f ρ
1 E
fr = Eq.(2.5)
2ℓ ρ
Onde,
E: módulo de elasticidade.
ρ: densidade.
1/m: coeficiente de Poisson.
f: frequência de alteração do campo magnético.
ℓ: comprimento do transdutor.
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Coeficiente de alongamento
Material
magnetostritivo (x106)
Alfer (13% Al, 87% Fe) 40
Hypernik (50% Ni, 50% Fe) 25
Permalloy (40% Ni, 60% Fe) 25
Permendur (49% Co, 2% V, 49% Fe) 9
40
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A Figura 2.36 mostra dois amplificadores exponenciais externo e interno (Pandey e Shan,
1980). Nesses casos, a energia acústica não é refletida na superfície lateral e é
gradualmente concentrada em uma área casa vez menor, fazendo com que amplitude e
velocidade de vibração aumentem.
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Figura 2.38: Aplicação da mistura: (a) por jorro e (b) por sucção.
A taxa de penetração da ferramenta é baixa: em torno de 3,8 mm/min para o vidro, 1,5
mm/min para materiais cerâmicos e 0,25 mm/min para WC. Os principais parâmetros do
processo que afetam a taxa de remoção são:
• amplitude de vibração
• pressão aplicada à peça
• tamanho e material do abrasivo
• pressão da mistura abrasivos/água.
As Figuras 2.39 a 2.42 mostram o efeito de vários parâmetros sobre a taxa de remoção
na usinagem ultrassônica (McGeough, 1988). A elevação da amplitude de vibração e da
pressão da ferramenta contra a peça resulta em maior taxa de remoção de material
(Figura 2.39).
Embora alguns autores tenham relatado que a taxa de remoção de material aumenta com
a frequência na faixa de 5 a 20 kHz, a Figura 2.40 mostra que a elevação da frequência
de vibração de 19 para 43 kHz resulta na queda da taxa de remoção de material. De
acordo com Markov (apud Pandey e Shan, 1980), a taxa de remoção de material é
diretamente proporcional à velocidade da partícula abrasiva, ou seja, é proporcional à
razão entre amplitude e frequência ressonante. Isto significa que a frequência a ser
utilizada para usinagem deve ser a de ressonância para que se obtenha amplitude
máxima na ponta da ferramenta e, por conseguinte, máximo aproveitamento do sistema
acústico.
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Pressão:
○ 0,04 MPa
0,10 MPa
△0,16 MPa
0,20 MPa
Freqüência:
○ 19 kHz
24,7 kHz
△ 43 kHz
A Figura 2.41 mostra que o BC é um abrasivo mais eficiente que o SiC devido a dureza
mais elevada do primeiro (4200 HV para o BC e 3100 HV para o SiC).e que a eficiência
da operação aumenta com a concentração de abrasivo, uma vez que a quantidade de
abrasivos disponível para o corte aumenta. Finalmente, a Figura 2.42 ilustra a redução da
rugosidade à medida que o tamanho das partículas abrasivas é reduzido. Além disso,
valores mais baixos de Ra são obtidos para o aço temperado e mais altos para o vidro,
provavelmente devido à maior fragilidade deste.
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Material da peça:
○ vidro
silício
cerâmica
aço temperado
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ser reduzida pelo aumento da carga estática (reduzindo assim o tempo de usinagem),
redução do desgaste da ferramenta ou redução do tamanho dos abrasivos.
Outro aspecto crítico diz respeito à assimetria do furo, que surge devido à vibração
transversal da ferramenta quando sua linha de centro não está perpendicular à peça,
quando os componentes acústicos da máquina estão desalinhados ou ainda quando a
linha de centro da ferramenta está fora do eixo vertical de movimento. Esta assimetria
varia de 40 a 120 µm para o vidro e de 20 a 60 µm para a grafita (McGeough, 1988).
Valores típicos de rugosidade e tolerâncias dimensionais encontram-se em torno de
Ra=0,7 µm e ±0,025 mm, respectivamente.
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3. PROCESSOS ELÉTRICOS
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Assim, o anodo é dissolvido e o catodo (ferramenta) não, pois somente hidrogênio gasoso
participa da reação. Por exemplo, para se remover 7,85 g de ferro (1 cm3), 6,3 g de água
são consumidos (dos quais 0,28 g são H2) e são gerados 15 g de resíduos (hidróxido de
ferro). Quando seco, o volume correspondente de resíduo é de 4 cm3, porém quando
úmido forma uma borra que chega a ocupar 300 cm3 (Pandey e Shan, 1980).
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Máquinas mais simples possuem apenas um eixo e controle manual de tensão e avanço,
ao passo que máquinas mais sofisticadas possuem até 5 eixos e comando numérico
computadorizado. O monitoramento da corrente é necessário a fim de evitar curto circuito
e possíveis danos à peça e ferramenta. A Figura 3.4 representa catodo e anodo no início
e final da operação. Observa-se que não há desgaste da ferramenta, mas a produção de
cantos vivos é dificultada.
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Figura 3.4: Configuração do catodo (ferramenta) e anodo (peça) no (a) início e (b) final da
operação de usinagem eletroquímica.
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Figura 3.5: Variação da distância eletrodo-peça com o tempo de usinagem: (a) eletrodo
com avanço nulo e (b) eletrodo com avanço constante.
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O eletrólito deve escoar a uma velocidade de 30 - 60 m/s com pressão entre 25 e 60 kPa
e temperatura na faixa de 24 - 65oC de forma a garantir a remoção de resíduos e a
refrigeração da ferramenta e da peça. Consiste de uma solução aquosa de sais
inorgânicos como NaCl, KCl, NaNO3, NaClO3. Cloreto de sódio e nitrato de sódio são os
mais empregados, embora o primeiro seja bastante corrosivo e o segundo tenha
tendência à formação da camada passivadora e possua condutividade térmica
ligeiramente inferior (Pandey e Shan, 1980).
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Figura 3.7: Sobrecorte lateral obtido com eletrólitos de: (a) NaNO3 e (b) NaCl.
A Figura 3.8 (Klocke e Konig, 2007) compara o comportamento dos dois eletrólitos
supracitados, entretanto, devido à diferença na concentração utilizada nos testes, não é
possível avaliar a influência do composto sobre a eficiência do processo. No entanto,
nota-se que a elevação da densidade de corrente (J) causa o aumento linear da
velocidade de avanço (va) e a redução da distância eletrodo-peça (s90).
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Concentração
Taxa de remoção
Material da peça Eletrólito máxima
(mm3.103/min) para 1000A
(kg/L de água)
Aço e ligas de níquel e NaCl ou KCl 0,3 2,1
cobalto NaNO3 0,6 2,1
Aço temperado NaClO3 0,78 2
NaCl 0,3 2
Fofo cinzento
NaNO3 0,6 2
NaCl ou KCl 0,3 2,1
Ligas de alumínio
NaNO3 0,6 2,1
Ligas de titânio NaCl ou KCl 0,12 1,6
Tungstênio NaOH 0,18 1
NaCl ou KCl 0,3 4,4
Ligas de cobre
NaNO3 0,6 3,3
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Segundo Pandey e Shan (1980), a vida do eletrólito é limitada pela perda de hidrogênio,
perda de água por evaporação (que afeta a concentração e consequentemente a
viscosidade e condutividade elétrica do eletrólito), formação de precipitado e absorção de
sal pelo precipitado (reduz a concentração e afeta a condutividade elétrica).
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Figura 3.10: Exemplos de configurações para ferramenta: (a) trepanação com ferramenta
isolada externamente, (b) ferramenta dupla externa, (c) furação cônica, (d) furação
escalonada, (e) ferramenta para alargamento interno, (f) ferramenta para produção de
nervuras, (g) trepanação com ferramenta de parede dupla e (h) ferramenta de fluxo.
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Praticamente qualquer material que conduza eletricidade pode ser usinado, entretanto,
observam-se os seguintes efeitos:
• microestrutura mais grosseira causa pior acabamento
• inclusões, como a grafita, podem causar problemas
• variações na composição (camada cementada, por exemplo) podem causar diferenças
durante a usinagem
• a taxa de remoção de material é insensível à dureza da peça, mas não a alterações na
microestrutura
• limpeza é fundamental ao término da operação.
A taxa de remoção depende, basicamente, da densidade de corrente, que por sua vez é
afetada pelos seguintes parâmetros:
• tensão elétrica: determina, junto com a resistência, a corrente elétrica
• velocidade de avanço: é inversamente proporcional à distância eletro-peça e varia de
0,25 a 20 mm/min
• eletrólito: aumentando a concentração e temperatura aumenta-se sua condutividade
• material da peça: valência e densidade determinam a taxa de remoção teórica (vide
Equação 3.1 e Tabela 3.3).
AI
υ= Eq.(3.1)
zFρ
Onde,
υ: taxa de remoção volumétrica.
A: peso atômico do metal anódico.
I: corrente aplicada.
z: valência do metal anódico.
F=96500 C (constante de Faraday).
ρ: densidade do metal anódico.
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Figura 3.11: Influência da densidade de corrente (J) sobre a rugosidade (Ra) da superfície
gerada pela usinagem eletroquímica.
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A Figura 3.12 (Lanna e Abrão, 1999) apresenta resultados obtidos por durante a
realização de testes de furação eletroquímica em materiais diversos com ferramenta de
cobre (no caso do aço ABNT 4340, ferramentas com e sem revestimento isolante de
nylon foram usadas).
5 14
12
4
TRM (cm3/Amin)
10
Ra (µm)
3 8
2 6
4
1
2
0 0
AISI 4340 AISI 4340 Bronze Alumínio AISI 4340 sem AISI 4340 Alumínio
sem rev. revestimento
2
Conicidade (mm/mm)
1,5
0,5
0
AISI 4340 AISI 4340 Bronze Alumínio
sem rev.
(c) Conicidade
Nota-se que a taxa de remoção mais elevada foi observada para o bronze enquanto os
demais materiais apresentaram valores similares. Com relação à rugosidade, valores
mais baixos foram encontrados após a furação do aço ABNT 4340 com ferramenta sem
revestimento que, conforme esperado, apresentou valores de conicidade e sobrecorte
lateral bem superiores aos materiais usinados com ferramenta revestida.
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reciclagem do eletrólito. Essas duas últimas etapas requerem especial atenção devido ao
elevado volume e reduzido tamanho das partículas de hidróxido férrico e ferroso
produzidas, o que exige, no caso de operações em escala industrial, o uso de sistemas
de filtragem mais sofisticados, como por exemplo, filtros-prensa. De acordo com Benedict
(1987), sob condições adequadas de trabalho a quantidade de resíduos produzidos pode
chegar a 2% da massa do eletrólito. O tamanho médio das partículas pode chegar a
1 µm.
Figura 3.13: Aplicações da usinagem eletroquímica: (a) contorno de furo profundo, (b)
disco compressor, (c) bocal cônico, (d) cápsula com ressaltos, (e) pá de turbina, (f) rasgos
em válvula, (g) rasgos espirais e (h) furos irregulares.
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Figura 3.14: Produção de pás de compressor pela combinação de: (a) brochamento, (b)
usinagem eletroquímica - ECM e (c) eletroerosão - EDM.
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(b) Sobrecorte
Figura 3.15: Efeito de alguns parâmetros do processo sobre: (a) taxa de remoção de
material e (b) sobrecorte.
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Este processo combina a remoção eletroquímica (90%) com a ação abrasiva (10%) e
emprega um rebolo abrasivo e condutor elétrico como catodo (polo negativo). O
equipamento consiste de uma fonte de corrente contínua, um rebolo e um sistema de
circulação e aplicação do eletrólito (Figura 3.18). Rebolo e peça não ficam completamente
imersos, mas a vazão e a posição do bocal devem garantir o fornecimento abundante de
eletrólito. O eixo árvore pode ser disposto vertical ou horizontalmente. A tensão máxima é
de 15 V e a corrente normalmente é de 1000 A, podendo chegar a 3000 A.
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Desvantagens:
• custo de capital superior à retificação convencional
• limitada a materiais condutores
• ação corrosiva do eletrólito
• exige um sistema de filtragem e descarte do eletrólito
• competitiva somente para materiais exóticos.
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Figura 3.20: Equipamento de retificação por descarga eletroquímica: (a) vista geral e
(b) peça e rebolo.
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Máquinas industriais possuem ainda um sistema para coleta do eletrólito (na forma de
névoa), acessórios para dressagem do rebolo e distribuidores para assegurar a aplicação
homogênea do eletrólito, como mostra a Figura 3.21.
(a) (b)
Figura 3.21: (a) Distribuidor para uniformizar o eletrólito e (b) distribuição não uniforme.
O equipamento opera com uma fonte de baixa tensão (4-12 V), porém com corrente
elétrica entre 200 e 2000 A. Empregando corrente alternada, a densidade de corrente
máxima deve ser de 0,9 A/mm2 para a retificação de metal duro (WC + Co) e 1,6 A/mm2
para metais. A velocidade do rebolo varia de 20 a 30 m/s e a razão G (razão entre o
volume de material removido e o volume desgastado do rebolo) pode variar de 7 a 40 de
acordo com o material da peça e condições de operação. A Figura 3.22 ilustra a influência
da distância rebolo-peça sobre o desgaste do rebolo (ASM apud Benedict, 1987).
Observa-se que para baixos valores de tensão o desgaste do rebolo é essencialmente
mecânico, ao passo que sob valores mais altos de tensão o desgaste é devido ao
centelhamento.
Figura 3.21: Influência da tensão sobre o desgaste do rebolo utilizado na retificação por
descarga eletroquímica.
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A taxa de remoção de material varia de 100 a 250 mm 3/min (para uma corrente aplicada
de 200 A). Valores típicos de rugosidade situam-se na faixa de R a entre 0,12 e 0,37 µm
(WC + Co) e de 0,37 a 0,75 µm (aços). Em geral, tolerâncias de ± 25 µm são obtidas,
podendo chegar a ± 12 µm sob condições especiais. A Figura 3.22 mostra a influência de
alguns parâmetros (tensão, velocidade de avanço e rotação do rebolo) sobre a taxa de
remoção de material e rugosidade Rt obtidas na retificação por descarga eletroquímica
(Rodriguez et al., 2002).
0.14 0.14
0.13 0.13
0.12
0.12
0.11
0.11 0.10
TRM (mm3/min) TRM (mm3/min) 0.09
0.10
0.09 0.08
0.07
0.08 0.06
0.20 500
30 600 30
0.25 40 700
40
Vf (mm/min) 0.30 800
50 n (rpm) 900 50
V(V) V(V)
0.35 60 1000 60
7
9.5 6
9.0
5
8.5
8.0 Rt(um) 4
7.5 3
Rt(um) 7.0 2
6.5
1
6.0
500
5.5 600 30
5.0 700
40
0.20 800
30 n (rpm) 900 50
0.25 40 1000
V (V)
60
Vf (mm/min) 0.30 50
V (V)
0.35 60
(b) Rugosidade Rt
Figura 3.22: Influência de tensão, velocidade de avanço e rotação do rebolo sobre: (a)
taxa de remoção de material e (b) rugosidade obtidas na retificação por descarga
eletroquímica.
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De forma geral, nota-se que a taxa de remoção tende a aumentar com a tensão elétrica e
que há uma rotação intermediária correspondente a máxima taxa de remoção. A
influência da velocidade de avanço parece ser de menor importância. No que se refere à
rugosidade da superfície usinada, esta apresenta menores valores para tensão elétrica e
velocidade de avanço intermediárias, enquanto a rotação intermediária (responsável por
taxa de remoção mais elevada) promove valores mais altos de Rt.
A principal diferença entre os dois processos reside no fato da furação por eletrofluxo ser
realizada sob alta tensão, aplicada entre a peça e o eletrólito ácido que flui através de um
tubo de vidro afunilado com comprimento de 50-100 mm e diâmetro tão pequeno quanto
0,13 mm. Já a furação por capilaridade emprega uma matriz de tubos de vidro mais
curtos, dentro dos quais passam fios de platina. Assim, necessita-se de tensão mais
baixa, o que torna o processo mais seguro.
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Principais vantagens:
• dureza da peça não afetam os processos
• alta razão entre profundidade do furo e diâmetro
• elevado número de furos pode ser feito simultaneamente
• sem alterações metalúrgicas
• produção de furos cegos ou interseções
• peça sem rebarbas
• não há distância mínima entre furos (furação por capilaridade).
Principais limitações:
• os processos são lentos
• necessidade de manuseio de produtos ácidos
• descarte do resíduo requer cuidados
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O equipamento opera com uma fonte de 20 V e 600 A com reversão a cada 5-10 s
(duração de 75-250 ms). Os principais eletrólitos são os ácidos sulfúrico, nítrico ou
hidroclórico (concentrações de 10 a 25%) a uma temperatura de 40oC e pressão de 275 -
400kPa. A velocidade de avanço da ferramenta vai de 0,75 a 3 mm/min, podendo se
estender de 0,12 a 25 mm/min (ASM, 1995).
Furos com diâmetro entre 0,64 e 6,4 mm podem ser produzidos pela furação eletrolítica,
que além disso garante altos valores de razão profundidade/diâmetro do furo em
materiais que não podem ser usinados convencionalmente. Tolerâncias de ± 50 µm são
obtidas para furos com diâmetro de 0,5 mm e de ± 0,1 mm para furos com diâmetro de
6 mm. A rugosidade varia de 0,8 a 3 µm, dependendo do material da peça e condições
operacionais e o sobrecorte lateral varia de 0,05 a 0,25 mm.
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4. PROCESSOS TÉRMICOS
Esta é a área que apresentou maior crescimento nos últimos anos, particularmente as
operações de usinagem a laser e por eletroerosão. Isto se deve, entre outros fatores, à
popularização do comando numérico e à ampla gama de componentes que podem ser
submetidos a estas operações, principalmente o corte a laser de chapas de metais
ferrosos e a usinagem de matrizes, moldes e estampos pela operação de eletroerosão
por penetração.
A erosão de eletrodos metálicos causada por descargas elétricas foi observada pela
primeira vez em 1768 por Sir Joseph Priestley, porém, somente em 1943 B.R. e N.I.
Lazarenko deduziram que a energia da descarga elétrica poderia ser controlada e
utilizada na usinagem dos materiais recentemente desenvolvidos e que se mostravam
difíceis de se usinar pelos métodos tradicionais (McGeough, 1988). Além disso, estes
pesquisadores demonstraram que quando a operação é realizada submersa em um fluido
dielétrico a energia se concentre em uma área menor, o que é desejável.
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De acordo com Dibitonto (1989), a energia total de uma descarga elétrica é dividida
em três parcelas distribuídas da seguinte forma: 18% consumida na fusão de material
do catodo, 8% para fundir o anodo e 74% gastos no aumento da massa e do diâmetro
do canal para converter o dielétrico líquido em plasma.
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para o anodo até que a descarga seja interrompida. Por outro lado, para tempos de
descarga mais longos, a peça deve ser o catodo (polo negativo) uma vez que devido à
sua maior massa, os íons têm maior capacidade de conversão de energia cinética em
calor (Figura 4.3).
O equipamento para usinagem por eletroerosão opera com uma fonte de corrente
contínua pulsada com tensão entre 60 e 120 V e corrente de 1 a 100 A. A frequência de
descargas varia de 50 a 500 kHz, o que resulta em um tempo de descarga de
aproximadamente 200 µs e de descanso de 0,1 a 10 µs. Normalmente utilizam-se pulsos
de alta energia e baixa frequência para operações de desbaste (alta taxa de remoção e
acabamento de qualidade inferior) e pulsos de baixa energia e alta frequência para
operações de acabamento (qualidade superior às custas de baixa taxa de remoção).
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Figura 4.6: Variação de: (a) tensão e (b) corrente no circuito resistivo-capacitivo.
Embora outros circuitos para controle da descarga tenham evoluído com o passar dos
anos, o circuito RC apresenta como vantagens baixo custo, simplicidade, robustez e faixa
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Para superar as limitações do circuito RC, foi desenvolvido o gerador de pulso controlado.
A Figura 4.7 mostra o comportamento da tensão e corrente elétricas durante os perídos
de descarga e de pausa deste tipo de gerador. Neste caso, o valor da corrente de pico é
reduzido e o tempo de descarga é prolongado, promovendo a redução do desgaste da
ferramenta e o aumento da eficiência do processo (McGeough, 1988). Observa-se ainda
um atraso no início da remoção de material associado à queda de tensão elétrica. Alguns
equipamentos, entretanto, incorporam amobs os circuitos (RC e de pulso controlado).
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As Figuras 4.8 a 4.10 (Storr, 1999) mostram de forma detalhada todas as etapas do
processo de remoção de material por centelhamento. Na Figura 4.8 pode ser visto que
inicialmente a d.d.p. (U) é elevada, gerando um campo elétrico entre os eletrodos.
Dependendo da intensidade deste campo e das características geométricas das
superfícies, partículas condutoras suspensas no dielétrico se concentram nas regiões
onde o campo elétrico é mais intenso, o que promove a formação de um canal. Ao
mesmo tempo, partículas carregadas negativamente são emitidas do polo negativo e
colidem com partículas sem carga elétrica que se encontram na região entre os eletrodos
e são divididas. Assim, novas partículas negativas e positivas são formadas a uma taxa
altíssima (fenômeno conhecido por ionização por impacto).
Em seguida (Figura 4.9), as cargas positivas migram para o polo negativo e as cargas
negativas para o positivo, promovendo o fluxo de corrente elétrica (I). A corrente aumenta
até atingir valor máximo, provocando o aumento de temperatura e pressão no canal.
Consequentemente, bolhas de vapor se expandem.
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Figura 4.12: Relação entre ponto de fusão do material da peça (T) e velocidade de
penetração (Vw).
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Desgaste da
ferramenta
Arredondamento da
peça
A Figura 4.18 ilustra a influência do tempo de descarga e da corrente sobre: (a) desgaste
relativo do eletrodo e (b) taxa de remoção de material (Storr, 1999). Observa-se que com
a elevação da corrente acentua-se tanto o desgaste da ferramenta quanto a taxa de
remoção de material. Já com o aumento do tempo de descarga tem-se a queda do
desgaste do eletrodo e o aumento da taxa de remoção (até um ponto de máximo, a partir
de onde se tem a queda desse valor).
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Figura 4.18: Efeito do tempo de descarga e da corrente sobre: (a) desgaste relativo do
eletrodo e (b) taxa de remoção de material.
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Constata-se pela Figura 4.20 que valores mais baixos de rugosidade são obtidos
empregando-se valores mais baixos de corrente e de tempo de descarga associados à
polaridade positiva da ferramenta e tempo de pausa mais elevado. Observa-se ainda uma
maior influência dos parâmetros corrente e polaridade. Já a Figura 4.21 mostra que
valores mais elevados de taxa de remoção de material são obtidos com a elevação da
corrente e do tempo de pausa, associados à polaridade positiva da ferramenta e tempo
de descarga baixo.
Figura 4.21: Gráfico de efeitos principais sobre taxa de remoção de material (TRM).
O fluido dielétrico é essencial para o êxito do processo e suas principais funções são
(Storr, 1999):
• Isolamento: o fluido dielétrico deve isolar eletricamente a peça da ferramenta
mesmo a uma distância mínima.
• Ionização: as condições ideais para geração do campo elétrico devem ser
propiciadas o mais rapidamente possível pelo dielétrico. Após a descarga, o canal
deve ser deionizado imediatamente antes que o processo se reinicie. O dielétrico
também deve restringir a largura do canal ao mínimo, de modo a aumentar a
densidade de corrente e a eficiência do processo.
• Refrigeração da peça e da ferramenta durante o processo.
• Remoção de resíduos (baixa viscosidade).
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Inicialmente o ar foi usado como fluido dielétrico, entretanto, logo se descobriu que fluidos
derivados de petróleo apresentavam inúmeras vantagens, tais como permitir menor
distância eletrodo-peça, maior freqüência de descarga e facilidade de remoção dos
resíduos. Durante muito tempo o querosene foi o dielétrico mais usado, entretanto, devido
à sua inflamabilidade ele tem sido substituído por fluidos sintéticos e água deionizada.
Atualmente fluidos de base vegetal tem recebido maior atenção devido a sua
biodegradabilidade.
A Figura 4.22 mostra a influência da vazão do fluido dielétrico (Q) sobre os seguintes
parâmetros operacionais: taxa de remoção de material (Vw), razão de desgaste (ϑ) e
corrente elétrica (Klocke e Konig, 2007).
As ferramentas para eletroerosão devem ser produzidas a partir de materiais com alto
ponto de fusão e que possuam boa usinabilidade e baixo custo. A grafita de alta
densidade é o material mais usado devido ao seu alto ponto de fusão (3000 ºC), seguida
do cobre (além de ser estável, permite elevada taxa de remoção e apresenta desgaste
similar à grafita), latão (também é estável, porém apresenta taxa de desgaste acentuada),
ligas Cu-W (possuem alta taxa de remoção e baixa taxa de desgaste, porém apresentam
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alto custo e dificuldade de fabricação da ferramenta), ligas Ag-W (desgaste muito baixo) e
Cu-grafita. Os aços não apresentam bons resultados e por isso são raramente
empregados. As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam, respectivamente, os principais materiais
metálicos e a base de grafita usados na fabricação de eletrodos para eletroerosão, bem
como suas principais vantagens, desvantagens e aplicações.
94
Tabela 4.1: Eletrodos metálicos para eletroerosão.
A presença de danos térmicos (camada fundida e zona termicamente afetada – ZTA com
significativas alterações microestruturais) é praticamente inevitável devido às elevadas
temperaturas e taxas de resfriamento. Em casos críticos as alterações subsuperficiais
atingem 400 µm, conforme representado esquematicamente na Figura 4.23.
Figura 4.23: Extensão dos danos térmicos na eletroerosão: zona A – camada fundida;
zona B: zona termicamente afetada e zona C: zona de transição (McGeough, 1988).
97
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Figura 4.26: Resistência à fadiga de corpos de prova produzidos por: (1) usinagem
química, (2) retificação e (3-5) eletroerosão.
Um recurso que vem sendo utilizado para garantir um melhor acabamento e reduzir a
espessura da camada fundida em peças usinadas por eletroerosão é a adição de pós
metálicos (Al, Si, Ni, Cr) ao fluido dielétrico. A Figura 4.27 mostra a influência da adição de
pó de alumínio ao querosene sobre a rugosidade da superfície usinada (Wu et al., 2005).
De acordo com os autores, o pó de alumínio aumenta a distância eletrodo-peça, o que
reduz a distribuição de energia sobre a peça. Com isso, a espessura da camada fundida
é reduzida e a rugosidade apresenta uma queda de até 60%.
99
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Além da operação por penetração esquematizada na Figura 4.4, existem outras três
possíveis configurações para o equipamento, a saber:
• eletroerosão a fio;
• retificação por eletroerosão;
• texturização.
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Taxas de remoção típicas da eletroerosão a fio são 300 mm²/min para o aço
ferramenta ABNT D2 com 50 mm de espessura e 750 mm²/min para alumínio com
150 mm de espessura. A qualidade do acabamento superficial varia de Ra= 0,04 -
0,25 µm. A Figura 4.30 mostra os principais componentes da máquina e a Figura 4.31
apresenta um exemplo de peça produzida por este processo.
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Difere da eletroerosão por penetração pelo fato da ferramenta ser um rebolo de grafita
(raramente de latão) girando entre 30 e 180 m/min, vide Figura 4.32. É bastante usada na
afiação de ferramentas de metal duro.
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(a) (b)
Figura 4.32: Retificação por eletroerosão (ASM, 1995): (a) esquema do equipamento e
(b) esquema de dressagem do rebolo.
Um aspecto negativo associado à retificação por eletroerosão diz respeito aos danos
térmicos causados à peça. A Figura 4.33 ilustra este aspecto para as operações de
desbaste e acabamento de quatro materiais diferentes (ASM, 1995).
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Figura 4.33: Variação de dureza abaixo da superfície induzida pela retificação por
eletroerosão: (a) aço AISI 4340 (50 HRC), (b) aço AISI D6 (50 HRC), (c) aço maraging
(50 HRC) e (d) liga Ti8Al1Mo1V.
4.1.3 Texturização
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106
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No processo térmico, um feixe com diâmetro de 25 µm atinge a peça sob alta velocidade
causando a fusão e vaporização do material. O equipamento, representado
esquematicamente na Figura 4.35, consiste de uma fonte de energia, um canhão que
gera o feixe de elétrons e uma câmara de vácuo. Os elétrons livres são produzidos
aquecendo-se um filamento de tungstênio (catodo) a temperaturas entre 2500 e 3000oC
através da passagem de corrente elétrica. A alta tensão entre catodo e anodo faz com
que os elétrons sejam acelerados contra o último a uma velocidade de aproximadamente
60% da velocidade da luz. O anodo possui um furo que permite a passagem dos elétrons
que atingirão a peça. Filtros e lentes são usados para focalizar e direcionar o feixe. Todo
sistema opera a vácuo (1 Pa).
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Figura 4.36: Etapas de remoção pelo feixe de elétrons: (a) aquecimento e fusão
superficiais, (b) canal de vapor, (c) vaporização do suporte e (d) expulsão de material
fundido.
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O equipamento opera com uma fonte de alta tensão (120 - 150 kV) e baixa corrente (25 -
100 mA), o que resulta em uma densidade de potência de aproximadamente
1,55 MW/mm2 (potência inferior a 12 kW por pulso) e uma densidade de corrente que
varia de 5 – 10 A/cm2. A duração do pulso varia de 0,05 a 100 ms e a velocidade de
avanço da mesa onde a peça é fixada é de aproximadamente 100 mm/s. Um sistema
computadorizado integrado é necessário para garantir o posicionamento exato da peça e
controle dos parâmetros de corte. O ponto focal deve ser definido cuidadosamente, já que
sua posição determina o número de pulsos necessário para furar uma determinada
espessura (Figura 4.37). Além disso, a Figura 4.38 mostra que existe um valor ótimo de
tensão associado a um número mínimo de pulsos necessário para a produção de um furo
com determinada profundidade.
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Figura 4.37: Influência do ponto focal sobre o número de pulsos necessário para furar
uma chapa de 2 mm de espessura (Kaczmarek, apud McGeough, 1988)
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medida que o número de pulsos aumenta, um valor de corrente mais baixo pode ser
utilizado para o mesmo tempo de duração do pulso (Figura 4.40). Já a Figura 4.41 mostra
que a taxa de furos produzidos em aço e liga de níquel cai linearmente com o aumento do
diâmetro dos furos e da espessura da peça.
Figura 4.39: Influência da tensão sobre o número de pulsos necessário (Kaczmarek, apud
McGeough, 1988).
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A Figura 4.42 mostra o dano causado à parede de um furo produzido em um aço Cr-Mo e
a Figura 4.43 representa o efeito do tempo de duração do pulso sobre o diâmetro do furo
e zona afetada pelo calor (Kraczmarek, apud McGeough, 1988). Via de regra, a distância
entre centros de dois furos adjacentes deve ser, no mínimo, o dobro do diâmetro dos
furos (Figura 4.44), o que não impede que até 1000 furos sejam produzidos por
centímetro quadrado.
Figura 4.42: Dano causado pela furação por feixe de elétrons (Kaczmarek, apud
McGeough, 1988).
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Figura 4.44: Seção transversal de furos produzidos por feixe de elétrons (ASM, 1995).
A rugosidade da parede produzida pelo feixe de elétrons é bastante afetada pelo material
a ser usinado (principalmente por suas propriedades térmicas), e da energia do pulso,
como mostra a Figura 4.45. Tolerâncias dimensionais tipicamente obtidas encontram-se
na faixa de ± 5% do diâmetro do furo.
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A Figura 4.46 ilustra a utilização do feixe de elétrons para o polimento de aço endurecido
previamente usinado por eletroerosão. A rugosidade inicial de Rz=6 µm diminui com a
elevação da densidade de energia do feixe de elétrons para atingir um mínimo de
Rz=0,7 µm correspondente a 6-7 J/cm2 (Klocke e Konig, 2007).
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Principais aplicações:
• usinagem de materiais sem restrição de propriedades (dureza, condutividade térmica ou
elétrica, etc.)
• furação de precisão (Ø0,1 - 1 mm) em materiais metálicos, especialmente para um
elevado número de furos com pequeno diâmetro e profundidade inferior a 10 mm.
Exemplos: câmara de combustão de motor a jato em aço Cr-Ni-Co-Mo-W (Figura 4.47):
3800 furos de Ø0,9 x 1,1 mm por hora; cabeçote para a produção de fibras de vidro em
liga de cobalto: 11766 furos de Ø0,8 x 4,3-6,3 mm em 40 minutos (5 furos/s)
• fabricação de filtros para a indústria de alimentos
• vestuário: produção de furos para ventilação em materiais plásticos (5000 furos/s)
• fabricação de circuitos integrados.
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Figura 4.47: Furos em câmara de combustão de motor a jato produzidos por feixe de
elétrons (Klocke e Konig, 2007).
116
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A intensidade de energia também afeta a remoção atômica, uma vez que o momento
transferido de íons para átomos aumenta com a intensidade de energia (Figura 4.49). A
117
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taxa de remoção é de cerca de 0,1 - 1 átomo por íon incidente (ou 1 - 18 µm/hora) e
profundidades de corte de 100 nm e rugosidades em torno de Ra=1,5 nm são possíveis
de se obter. A Tabela 4.4 apresenta a taxa de remoção obtida para alguns materiais e as
Figuras 4.50 e 4.51 mostram alguns exemplos de aplicação.
Tabela 4.4: Taxas de remoção típicas para o fresamento por feixe de íons
(Spencer e Schmidt, apud McGeough, 1988)
118
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• fabricação de microcomponentes.
(g)
Figura 4.50: Exemplos de aplicação da usinagem por feixe de íons: (a) usinagem de lente
anesférica, (b) afiação de penetrador de diamante, (c) afiação de micrótomo de diamante,
(d) máscara holográfica, (e) memória magnética, (f) fresamento (10 div = 25 µm) e
(g) fresamento de alumínio 6061.
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Figura 4.51: Exemplos de aplicação da usinagem por feixe de íons: fabricação de micro-
ferramentas (Picard et al., 2003).
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O plasma também pode ser produzido expondo o gás à radiação ionizante, porém este
método é pouco utilizado. A temperatura no núcleo do plasma pode chegar a 33000o C, o
que a provoca a fusão e vaporização do metal, além da remoção dos resíduos. A
elevação de temperatura da peça ocorre devido à transferência de calor do plasma para a
peça principalmente por convecção (a contribuição da radiação é considerada mínima).
Este processo foi empregado pela primeira vez em 1955 para o corte de alumínio e aço
inoxidável (Benedict, 1987), além de outros metais não ferrosos inviáveis para o oxicorte
devido às reações químicas resultantes. Uma fonte de corrente contínua (de até 1000 A e
200 V) é empregada para aquecer um catodo de tungstênio. O plasma é produzido
quando o gás sob pressão de 1,4 MPa flui entre este catodo de tungstênio e um anodo de
cobre refrigerado, o qual é vazado para permitir a passagem do plasma (Figura 4.52).
Sob condições ideais, cerca de 45% energia elétrica é disponibilizada para remoção de
material e chapas com espessura de até 150 mm podem ser cortadas.
121
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O arco pode ser transferido ou não transferido (Figura 4.53). No primeiro caso, o arco é
formado entre o eletrodo na tocha e a peça e a temperatura pode atingir 33000º C, sendo
empregado no corte de materiais condutores elétricos. No segundo caso, empregado em
metais não condutores e cuja eficiência é inferior, o arco é formado dentro da tocha e a
temperatura pode chegar a 16000º C.
Figura 4.53: Tipos de arco plasma: (a) transferido e (b) não transferido.
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Tabela 4.5: Condições de corte a plasma para ligas de alumínio, aços ao carbono e
inoxidáveis.
Velocidade Diâmetro
Espessura Potência
Material de avanço do orifício Gás
(mm) (kW)
(m/min) (mm)
Ligas de alumínio 7,5 3 60 Ar-H2 ou N2-H2
6 Aços ao carbono 5 3 55 N2-O2
Aços inoxidáveis 5 3 60 N2
Ligas de alumínio 2,25 4 80 Ar-H2 ou N2-H2
25 Aços ao carbono 1,25 4 85 N2-O2
Aços inoxidáveis 1,25 4 80 N2
Ligas de alumínio 0,5 4 80 Ar-H2 ou N2-H2
50 Aços ao carbono 0,63 4,5 110 N2-O2
Aços inoxidáveis 0,5 4 100 Ar-H2
Ligas de alumínio 0,3 4,5 90 Ar-H2 ou N2-H2
100
Aços inoxidáveis 0,18 4,5 100 Ar-H2
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Figura 4.57: Seção transversal de uma peça em aço inoxidável submetida ao corte por
plasma.
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largura da fenda aumenta com a espessura da chapa a ser cortada. A Figura 4.58 ilustra
a influência da velocidade de avanço da tocha sobre a taxa de remoção de material
durante o corte de um aço liga (Lucey e Wylie apud McGeough, 1988).
Figura 4.59: Influência do sentido de rotação do gás sobre a qualidade do corte a plasma.
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Diversas precauções devem ser tomadas com relação à segurança durante a operação,
principalmente a utilização de equipamentos de proteção individual contra ruído e
radiação infravermelha e ultravioleta (que causam danos à pele e à visão) e a instalação
de exaustores para eliminação dos gases tóxicos gerados.
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Sob condições normais, um átomo tende a permanecer no nível de energia mais baixo
possível. Ao ser exposto a radiação, entretanto, este átomo provavelmente irá absorver
um fóton e será excitado para um nível de energia mais elevado, entretanto, após alguns
nanossegundos, o átomo emitirá um fóton de energia e retornará ao nível mais baixo. Na
prática, o processo exige sistemas com três ou quatro níveis de energia.
Em 1917, Einstein demonstrou que este processo pode acontecer de forma espontânea
ou estimulada (Wilson e Hawkes, 1987). Duas considerações importantes devem ser
feitas com relação à emissão estimulada: primeiro, o fóton produzido tem a mesma
energia que o fóton estimulador, assim, as ondas luminosas associadas devem ter a
mesma frequência. Segundo, as ondas luminosas associadas a esses dois fótons
apresentam a mesma fase e estado de polarização. Isso significa que se um átomo é
estimulado a emitir energia luminosa, a onda que representa o fóton estimulado se
acrescenta à onda incidente em um processo construtivo, aumentando a amplitude. Ao
contrário da emissão espontânea (na qual os átomos emitem fótons de forma aleatória), a
emissão estimulada é coerente, ou seja, as ondas que formam o feixe estão em fase.
Para que o feixe luminoso seja amplificado por emissão estimulada, é necessário elevar a
densidade populacional de átomos no nível energético mais elevado (inversão
populacional), o que é obtido quando os átomos são excitados para atingir uma
distribuição de não equilíbrio por meio da aplicação de uma grande quantidade de energia
de uma fonte externa. Isso pode ser feito por radiação óptica, descarga elétrica,
passagem de corrente, bombardeamento de elétrons ou liberação de energia química
(Wilson e Hawkes, 1987).
Um sistema com três níveis de energia, antes e após excitação atômica é representado
nas Figuras 4.60a e 4.60b, respectivamente. A Figura 4.49a (condição de equilíbrio
térmico) mostra que a população de átomos diminui com o aumento do nível de energia.
Entretanto, observa-se na Figura 4.60b que a população de átomos no nível E 2 é maior
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(a) (b)
129
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Além de coerente, o feixe de luz deve ser monocromático e colimado. Por ser
monocromático, o comprimento de onda ocupa uma faixa muito estreita do espectro.
Assim, lentes mais simples podem ser usadas para focar e concentrar o feixe em uma
área menor e com maior intensidade do que outros tipos de luz. A escolha da lente mais
adequada depende do material a ser cortado e sua espessura, além do diâmetro do feixe
e distância focal. O feixe também deve ser altamente colimado, com divergência menor
do que 0,002 rad. A Figura 4.62 mostra os principais elementos de um cabeçote de corte
a laser (Lima, 2006) e a Figura 4.63 ilustra a configuração do equipamento.
Benedict (1987) compara duas fontes de luz (uma lâmpada incandescente e um laser)
com potência de 100 W posicionadas a uma distância de 1 m do objeto. A lâmpada
apresenta uma densidade de potência de 0,0008 W/cm2 e por emitir luz em todas as
direções, apenas uma pequena parcela é interceptada pelo objeto. Por sua vez, um laser
com diâmetro do feixe de 10 mm possui uma densidade de potência de 127 W/cm 2. Este
valor pode ser ainda aumentado com o uso de lentes para focar e concentrar o feixe.
Para o corte e furação, densidades de potência acima de 1,5 x 106 W/cm2 são
necessárias. A sublimação do material da peça ocorre quando uma densidade de
potência acima de 1,5 x 106 W/cm2 é aplicada.
130
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Quanto menor for a parcela refletida pela superfície, maior será a parcela de energia
absorvida, que ocorre devido a um efeito fotoelétrico. Como tempo entre duas colisões de
elétrons em um material condutor é muito curto (entre 10-14 s e 10-13 s), a energia do feixe
absorvida pelos elétrons é rapidamente transferida para o retículo, mesmo que duração
do pulso seja curta. Normalmente a energia é absorvida em uma camada com espessura
de 0,1 µm (McGeough, 1988).
132
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Figura 4.67: Esquema do laser sólido: (a) lâmpada helicoidal e (b) lâmpada reta
(McGeough, 1988).
O laser gasoso CO2 apresenta maior potência (25 a 5000 W) que o sólido YAG (100-
500 W), porém este é capaz de usinar ângulos e espessuras impraticáveis para aquele. A
operação pode ainda ser assistida por um gás (ar, O 2 ou Ar) que irá auxiliar na remoção
do material fundido. Além disso, o gás protege a lente contra respingos e vapores
emanados durante o corte, elimina vapores cuja presença poderia absorver parcialmente
o feixe e permite, em alguns casos, a elevação da velocidade de avanço. O corte
assistido por ar ou oxigênio permite velocidades de avanço mais elevadas a expensas de
uma superfície oxidada e uma zona afetada termicamente mais profunda. Embora proteja
a superfície da oxidação, o corte assistido por argônio opera a velocidades de avanço
mais baixas. A Tabela 4.6 apresenta recomendações de gases auxiliares a serem
utilizados no corte com laser CO2 de alguns materiais metálicos (Lima, 2006).
133
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A Figura 4.68 representa as etapas envolvidas na remoção de material pelo feixe laser:
inicialmente, a energia do feixe é absorvida pela peça e conduzida para seu interior. A
elevação da temperatura provoca a fusão do material, seguida de sua vaporização. Zonas
termicamente afetadas são inevitáveis chegando, em alguns casos, a 200 µm de
espessura, embora possam ser minimizadas aumentando a velocidade de avanço do
feixe (Figura 4.69) ou reduzindo a duração do pulso. De acordo com McGeough (1988), a
resistência à fadiga (Figura 4.70) e propriedades mecânicas também são reduzidas em
comparação à usinagem convencional.
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Figura 4.68: Etapas da remoção pelo feixe laser: (a) absorção e aquecimento,
(b) fusão e (c) evaporação
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Figura 4.70: Curvas de fadiga para o Ti-Al-V para a usinagem convencional e a laser.
(a) (b)
Figura 4.72: Influência dos parâmetros sobre a espessura da zona termicamente afetada:
(a) frequência e (b) tipo de gás auxiliar e pressão.
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A furação a laser pode ser em cheio para diâmetros inferiores a 1,3 mm com espessura
de 25 mm ou por trepanação para diâmetros maiores. A furação em cheio empregando o
laser YAG com potência de 100 a 250 W e duração do pulso de 0.5 - 2 ms (frequência de
5 a 100 Hz) tem sua eficiência aumentada quando assistida por oxigênio. A razão L/Ø
pode chegar a 40, mas geralmente varia de 10 a 20, entretanto, a reflexão interna do
feixe nas paredes do furo causa o desvio do feixe. A Figura 4.73 apresenta diversas
técnicas empregadas na produção de furos com diâmetro inferior a 1 mm (Lima, 2006).
Insertos de PcBN (alta dureza e baixa condutividade elétrica) podem ser cortados
empregando potência entre 250 e 5000 W (contínuo - CO2) ou menor no modo pulsado
(maior potência instantânea). Geometrias intrincadas exigem pulso de curta duração
(inferior a 0,75 ms), ao passo que peças mais espessas exigem pulsos de duração mais
longa (inferior a 2 ms).
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Figura 4.74: Influência da espessura da peça sobre a velocidade de avanço para vários
processos: (i) aço inoxidável austenítico e (ii) aço médio carbono.
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Figura 4.76: Influência da espessura da peça (aço alta liga) sobre a velocidade de avanço
para diversas potências de laser CO2.
O feixe laser pode operar nos modos contínuo ou pulsado. O primeiro permite o emprego
de velocidades de avanço mais elevadas devido à potência média mais elevada,
entretanto, a utilização do feixe pulsado reduz consideravelmente os danos térmicos.
Equipamentos laser com duração de pulso da ordem de picossegundos (10-12 s) e
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femtossegundos (10-15 s) têm recebido atenção pelo fato de não gerarem zonas
danificadas pelo calor, como representado na Figura 4.77 (Lima, 2006).
Figura 4.77: Danos térmicos causados por pulsos longos (esquerda) e curtos (direita).
A Tabela 4.8 indica o tempo necessário para que ocorra difusão térmica em três grupos
de materiais, isto é, caso a duração do pulso seja maior do que o valor indicado, os fótons
incidentes serão absorvidos pelos elétrons e convertidos em calor.
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141
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Alguns exemplos de aplicação do corte a laser são mostrados na Figura 4.79 e a Figura
4.80 mostra um exemplo de corte a laser tridimensional.
142
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5. PROCESSOS QUÍMICOS
De acordo com Benedict (1987), o registro mais antigo deste processo data de 2500 a.C.,
quando os egípcios utilizaram soluções a base de ácido cítrico para decorar joias de
cobre, porém somente na década de 1940 o processo começou a ser empregado
industrialmente, principalmente para a remoção do mesmo material em placas de circuito
impresso.
Esta operação se baseia no ataque químico controlado da peça por um reagente ácido ou
alcalino. A remoção pode ser parcial (redução de espessura) ou total. Antes da imersão
da peça no tanque com o agente responsável pelo ataque, um revestimento é usado para
proteger as partes que não devem ser removidas (Figuras 5.1 e 5.2).
144
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Figura 5.2: Etapas da usinagem química: (a) aplicação da máscara (b) primeiro ataque,
(c) reaplicação da máscara e (d) segundo ataque (ASM, 1995).
Qualquer metal pode ser usinado quimicamente, sendo o alumínio trabalhado mais
facilmente e as superligas os mais difíceis. A operação é geralmente empregada em
peças nas quais a razão resistência sobre peso é elevada e eventualmente é assistida
por corrente elétrica. De acordo com Pandey e Shan (1980), os elementos-chave são o
agente corrosivo (solução ácida ou alcalina) e a máscara de proteção (feita de materiais
de fácil manuseio e resistentes ao ataque químico, como por exemplo, a base de vinil,
butil ou neopreno).
Sequência de operação:
a) limpeza
b) aplicação da máscara
c) traçagem
d) remoção da máscara nas partes a serem atacadas
e) ataque químico (depende do tempo e temperatura da solução)
f) repetição das etapas (d) e (e), se necessário
g) limpeza final
h) remoção da máscara
i) acabamento final (lixamento).
A limpeza pode ser feita com solventes comuns, produtos específicos ou mesmo jato
abrasivo, de acordo com a necessidade. A máscara é aplicada através da imersão da
peça em tanque ou aerosol, ou pela técnica de serigrafia. Além de resistir ao ataque, ela
deve possuir elevada aderência ao metal. O tempo de cura pode chegar a 12 horas a
temperatura ambiente, mas é reduzido quando feita em forno (acima de 50 oC). A
145
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espessura do filme varia de 0,2 – 0,4 mm, mas em casos especiais variar de 0,025 a
0,075 mm.
A traçagem pode ser feita por facas ou a laser e o ataque químico é realizado em
tanques, sendo normalmente é interrompido para determinação do tempo necessário
para se atingir as dimensões finais. A liberação de gases pode criar bolsões e prejudicar a
remoção uniforme de material, portanto, é necessária a constante mudança de posição
da peça. O reagente usado deve garantir bom acabamento da peça, remoção uniforme,
evitar ataque seletivo ou intergranular, ser seguro, apresentar baixo custo, ser reutilizável
ou facilmente neutralizado.
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(a) (b)
Figura 5.3: Influência do tempo de ataque sobre (a) espessura removida e (b) rugosidade
obtida na usinagem química de cobre eletrolítico.
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(a) (b)
Figura 5.4: Influência da temperatura do reagente sobre (a) taxa de remoção e (b)
rugosidade Ra na usinagem química de alumínio.
Sobremetal
Fator de ataque = ...............Eq.(5.3)
Pr ofundidade de corte
Os principais defeitos induzidos em peças pela usinagem química são listados abaixo e
representados na Figura 5.6 (ASM, 1995):
• formação de canais e sulcos nas base de raios de canto
• canais e sulcos verticais resultantes de bolhas de gás que movem em direção à
superfície
• redução da espessura da parede a partir das bordas em direção ao centro de
cavidades
• depressões localizadas
• protuberâncias
148
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Aplicações típicas:
• fabricação de componentes estruturais aeroespaciais (fuselagem, dutos para ventilação,
tubos de plataformas para lançamento de mísseis, etc.)
• fabricação de circuitos impressos
• produção de paredes finas em peças usinadas, fundidas ou conformadas
• remoção de determinados filmes (camadas descarbonizada, refundida) que se formam
sobre a superfície de certos materiais
• remoção de defeitos superficiais (riscos, falhas)
• rebarbação (0,03 – 0,13 mm) de peças complexas
• gravação.
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O processo pode ser dividido nas seguintes etapas, também ilustradas na Figura 5.10:
• preparação da peça (limpeza, lavagem e secagem)
• aplicação do material fotossensível
• preparação da matriz (negativo ou positivo fotográfico)
• usinagem (exposição à luz ultravioleta, revelação, ataque, limpeza e inspeção).
(a) (b)
Figura 5.10: Etapas da usinagem fotoquímica: (a) ferramenta negativa
e (b) ferramenta positiva (McGeough, 1988).
O material fotossensível pode ser aplicado na forma líquida (o que requer posterior
secagem) ou sólida (laminado sob alta pressão e temperatura). O ataque é feito com
soluções de cloreto cúprico ou férrico em quantidades cuidadosamente controladas de
ácido hidroclórico. Uma vez removida a superfície externa da peça, o ataque ocorre em
todas as direções, como mostra a Figura 5.11 (Allen, 2004). A Figura 5.12 ilustra a
influência do tempo de ataque sobre a remoção de material (McGeough, 1988).
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A taxa de remoção varia de 0,01 a 0,05 mm/min. Alguns materiais, tais como cobre, latão
e aços ao carbono oferecem boa usinabilidade fotoquímica, ao passo que aços
inoxidáveis apresentam resultados razoáveis e ligas de tungstênio e titânio propiciam
baixa usinabilidade. Tântalo, ouro e titânio, além de cerâmicas, vidros e plásticos são
resistentes à corrosão e por esse motivo exigem reagentes extremamente corrosivos.
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Um levantamento realizado por Greiner em 2000 (apud Allen, 2004) indicou que o aço
inoxidável é o material de peça mais empregado em usinagem fotoquímica, seguido das
ligas de cobre, de níquel, de alumínio, aços e, por fim, molibdênio.
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6. MANUFATURA ADITIVA
Por meio da prototipagem rápida é possível criar, em um curto período, objetos que se
prestam a inúmeras aplicações de projeto nas quais um modelo é essencial, como por
exemplo protótipos para discussão de conceitos dentro da equipe de trabalho ou com
clientes, para ensaios aerodinâmicos em túneis de vento, para avaliação de design,
etc. Mais recentemente, a manufatura aditiva tem sido empregada na área de
engenharia biomédica com o fito de se produzir próteses para tecidos ósseos
fraturados ou danificados por doenças degenerativas.
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A quarta etapa consiste na utilização de uma das técnicas disponíveis para deposição
de camadas e construção do objeto. Normalmente esta etapa é executada
automaticamente e requer pouca interferência humana. A montagem das camadas
ocorre por meio da solidificação de líquidos ou da fusão de pós. A última etapa
consiste na remoção do suporte e acabamento do protótipo. No caso de materiais
fotossensíveis, o protótipo deve ainda ser submetido à cura. Lixação e polimento,
selagem e pintura podem ainda ser empregadas visando melhor aparência e
durabilidade mais longa.
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A Tabela 6.1 apresenta algumas características dessas técnicas (Kruth et al., 2008).
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O objeto é construído quando um feixe laser infravermelho incide sobre uma camada
fina de material na forma de pó (cera, policarbonato, cerâmica, nylon ou metal), como
mostra a Figura 6.4. Após a solidificação da primeira camada, a plataforma é baixada
e o reservatório se move aplicando uma nova camada de pó. A temperatura atingida é
ligeiramente abaixo do ponto de fusão, mas suficiente para garantir a ligação entre as
partículas. A Figura 6.5 mostra um exemplo de aplicação da sinterização a laser:
fabricação de uma vértebra humana em Ti-4Al-6V em 12 horas (Hollander et al.,
2006).
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A Figura 6.9(a) mostra o modelo em CAD da peça a ser produzida e a Figura 6.9(b)
representa a variação de espessura e de deformações obtida por elementos finitos (de
forma a se prever a necessidade de alterações na matriz). Em seguida (Figura 6.9c)
são gerados os modelos da matriz de estampagem e do punção de corte. Os
protótipos rápidos de matriz e punção são produzidos (por fotopolimerização ou
qualquer outro método), conforme ilustrado na Figura 6.9(d), e a partir daquela o
negativo da matriz é produzido em gesso (Figura 6.9e). Finalmente, o negativo em
gesso recebe uma camada de desmoldante e é submetido à deposição por spray de
uma camada de 2 mm de espessura de um composto (pseudoliga) a base de Zn-Al-
Cu (Figura 6.9f). Uma resina epóxi é usada como suporte para dar resistência à
camada depositada. O punção, produzido pelo mesmo método, e a peça também são
mostrados na Figura 6.9(f). O ciclo completo de manufatura é de 20 dias.
Tabela 6.4: Propriedades de alguns pós metálicos usados na manufatura rápida por
sinterização a laser.
TP LR TE ME
Material
(µm) (MPa) (MPa) (GPa)
Aço P20 (ref.) x 950 751 210
T1-6Al-4V (ref) x 1030 925 110
T1-6Al-4V (SLS + HIP) 37-74 962 884 110
Inconel 625 (SLS + HIP) 16-44 855 490 208
DTM RapidTool 1 50 475 255 210
DTM LaserForm ST 100 23 510 305 137
EOS Ni-Bronze Sn60Pb infiltrado 100 162 124 60
EOS DMLS DirectMetal® 50-V3 100 199 n.d. n.d.
EOS DMLS DirectMetal® 20-V2 20 450 n.d. n.d.
TP: tamanho da partícula LR: limite de resistência
TE: tensão de escoamento ME: módulo de elasticidade
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Figura 6.11: Resistência à fadiga por torção da liga Ti-4Al-6V produzida por
sinterização a laser.
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7. Referências bibliográficas
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