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Introdução à Manufatura Mecânica

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


Capítulo 8

Processos Não Convencionais de


Fabricação

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


Conteúdo
1. Conceito
2. Tipos

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


1. Conceito
 Processos de usinagem alternativos, que
consistem da remoção de material, mas não são
executados de forma tradicional.
 Em geral, utilizam ferramentas de geometria não-
definida aliadas a fenômenos físicos e químicos,
para conformar peças com o arrancamento de
material.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


1. Conceito

Quais são os processos tradicionais de


usinagem?

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


1. Conceito
Principais processos de usinagem não convencionais:
 Eletroerosão.
 Usinagem Química.
 Usinagem por Feixe de Elétrons.
 Usinagem a Laser.
 Usinagem a Plasma
 Usinagem por Ultrassom.
 Usinagem por Jato d’água.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão
 Passagem de corrente elétrica contínua pela peça
a ser fabricada, na forma de arcos voltaicos,
desgastando a mesma pela erosão das moléculas
do material.
 Para ocorrer a eletroerosão, é necessário um
eletrodo e um fluido dielétrico para que haja
passagem de corrente e ocorram as descargas
elétricas.
 Durante o processo, são formadas bolhas de gás,
resultantes da vaporização do fluido dielétrico.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


1. Conceito

O que é um eletrodo?

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos

Eletroerosão
(continuação)
2. Tipos

Eletroerosão
(continuação)
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Processo indicado para usinagem de peças
complexas, com geometrias irregulares, ou em
materiais de alta dureza, de difícil usinagem por
processos convencionais.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 A matéria-prima da peça deve ser condutora de
eletricidade.
 Não existe força de corte, pois não há contato
entre a ferramenta e a peça.
 Também não se formam as tensões comuns dos
processos convencionais de usinagem.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Aplicando-se uma diferença de potencial entre o
eletrodo e a peça, separadas por uma pequena
distância (de 0,012 a 0,050 mm) denominada gap,
ocorrem as descargas elétricas entre elas.
 Na pequena região de descarga elétrica, a potência
pode chegar a até 1 KW/m², e a temperatura a até
12.000°C, evaporando o fluido dielétrico, por
alguns milionésimos de segundo.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Cessada a descarga elétrica, ocorrerá a emersão
dos gases eletrolíticos.
 Os espaços ocupados pelo gás serão preenchidos
pelo fluido dielétrico em temperatura muito
menor que na região em usinagem, ocorrendo um
choque térmico, ocasionando a usinagem/corte.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos

Eletroerosão (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Os eletrodos devem ser confeccionados com
materiais que possuam elevado ponto de fusão e
sejam bons condutores de eletricidade.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Tipos de eletrodos:
 Metálicos: os mais utilizados são os de cobre.
Têm ótimo acabamento e mínimo desgaste
durante o processo.
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Tipos de eletrodos:
 Não-metálicos: exemplo: grafite, de fácil
usinagem, mas muito quebradiço. Conservam
suas qualidades mecânicas a altas temperaturas e
praticamente não se deformam.
2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Tipos de fluidos dielétricos:
 Óleo mineral.
 Óleo sintético.
 Água deionizada.
 Querosene (requer cuidados especiais, por ser
inflamável).
 Os óleos sintéticos e óleos minerais são os mais
utilizados, pelo custo, facilidade de manipulação e
menor risco ao operador e ao meio ambiente.

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2. Tipos
Eletroerosão (continuação)

 Tipos de fluidos dielétricos: (continuação)


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Um bom fluido dielétrico deve possuir rigidez
dielétrica suficientemente alta para permanecer
eletricamente não condutor até que a tensão de
ruptura seja alcançada. E ser capaz de se deionizar
rapidamente após a descarga.

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2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Funções dos fluidos dielétricos:
 Lavagem do gap (vazio entre a peça e o eletrodo).
 Refrigeração das superfícies de contato.
 Isolamento contra descargas prematuras.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 A limpeza do gap é muito importante, pois retira as
partículas removidas durante o processo.
 Se não houver a limpeza, e estas partículas
acumularem, haverá perda de rendimento e
formação de descargas elétricas anormais,
prejudicando o processo.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão (continuação)
 Tipos:
 Eletroerosão por penetração.
 Eletroerosão a fio.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão por penetração (continuação)
 Peça e eletrodo são mergulhados num recipiente
com o fluido não condutor de eletricidade
dielétrico.
 Ambos - peça e eletrodo - estão ligados a uma
fonte de corrente contínua (CC), através de cabos
ligados a um interruptor.
 Em geral, o eletrodo tem polaridade positiva (+) e
a peça polaridade negativa (-).
 Ao ligar-se o interruptor, forma-se uma tensão
elétrica entre o eletrodo e a peça.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão por penetração (continuação)
 No início, não há passagem de corrente ou a
formação de arco elétrico, já que o dielétrico atua
como isolante.
 Ao aproximar-se o eletrodo da peça, a uma
distância determinada, o dielétrico passa a atuar
como condutor, formando uma ponte de íons
entre o eletrodo e a peça.
 Produz-se, então, uma centelha (faísca) que
superaquece a superfície do material.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão por penetração
 O arrancamento de material se faz sem contato
direto entre a ferramenta e a peça.
 A imagem (geometria) do eletrodo é transferida
para a peça (impressão de um negativo).
 Muito utilizada na fabricação de moldes e
matrizes.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão por penetração (continuação)
 Aplicações:
 Indústria automotiva.
 Indústria de gravação e estampagem.
 Indústria de moldes e matrizes.
 Usinagem de metais de elevada dureza.
 Fabricação de peças com geometria complexa.

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2. Tipos
Eletroerosão por penetração (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão a fio
 Seus princípios de funcionamento são
semelhantes aos da eletroerosão por penetração.
 Diferença: neste processo, um fio de latão
ionizado (eletrodo) atravessa a peça submersa no
fluido dielétrico, provocando descargas elétricas
entre o fio e a peça, cortando o material.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão a fio (continuação)
 As operações podem ser programadas por
computador (CNC), o que permite o corte de perfis
complexos e com exatidão.
 Aplicações:
 Confecção de matrizes e fieiras para trefilação.
 Fabricação de ferramentas de metal duro.
 Confecção de placas de guia e porta-punções.
 Trabalhos em materiais muito duros e de difícil
usinagem pelos processos tradicionais.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão a fio (continuação)

O que é uma fieira para trefilação?

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Eletroerosão a fio (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão a fio (continuação)
2. Tipos
Eletroerosão
2. Tipos
Usinagem Química
 Processo de usinagem pela dissolução de metais
em uma solução agressiva, ácida ou básica.
 A única fonte de energia do processo é liberada
pela reação química da solução sobre o metal.
 É um processo mais lento em comparação com os
tradicionais, mas que produz resultados de
excelente acabamento.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem Química
2. Tipos
Usinagem Química (continuação)
 As partes da peça que não serão usinadas devem
ser protegidas da ação da substância agressiva,
colocando-se uma “máscara” sobre a peça, feita de
material insensível à substância corrosiva, com as
formas e dimensões adequadas.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem Química (continuação)
 Etapas:
 Preparação da superfície do metal: A
superfície do metal, que ficará coberta
durante a usinagem, deve ser cuidadosamente
limpa e desengordurada.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem Química (continuação)
 Etapas: (continuação)
 Confecção da máscara e revestimento da
peça: diversos materiais podem ser
empregados na confecção de máscaras:
borracha, plásticos, resinas fotossensíveis,
vernizes etc. O importante é que esses
materiais resistam à solução agressiva utilizada
e apresentem boa aderência à peça.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem Química (continuação)
 Etapas: (continuação)
 Usinagem química propriamente dita:
dissolução das partes das peças que devem
desaparecer. A solução agressiva é colocada
em contato com o metal, e a dissolução se
processa até ser atingido o equilíbrio químico.
 Limpeza: consiste em livrar a peça das
máscaras aplicadas, seguido de um banho.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem Química (continuação)
2. Tipos

Usinagem Química
(continuação)
2. Tipos
Usinagem por Feixe de Elétrons
 Processo baseado no fluxo de elétrons a alta
velocidade, no vácuo, e seu direcionamento contra
a peça que se deseja usinar.
 Quando o feixe concentrado de elétrons se choca
contra a superfície da peça, o impacto faz com que
a energia cinética se transforme em energia
térmica, alcançando altíssimas temperaturas,
permitindo a retirada de material (usinagem).

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por Feixe de Elétrons (continuação)
2. Tipos
Usinagem por Feixe de Elétrons (continuação)
 Aplicações: indústrias aeroespacial, aeronáutica e
eletrônica. Produção de micro furos e micro
usinagem de peças complexas.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a Laser
 Processo baseado na aplicação de Laser contra a
superfície de uma peça.
 Também utilizado para a usinagem de pequenos
orifícios e cavidades.
 L.A.S.E.R.: Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation - Luz Amplificada Pela
Emissão Estimulada de Radiação.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
 O corte a Laser é recomendado para projetos que
exigem medidas e padrões exatos (difíceis de
serem atingidos com a utilização de ferramentas
convencionais).
 A máquina de corte a Laser funciona geralmente
integrada a um sistema CAD/CAM.
 Para que o corte seja executado, o raio é
encaminhado para a cabeça de corte, que
direciona o feixe de Laser por um caminho ótico
(definido através de espelhos ajustáveis).

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
 Em seguida, é adicionada uma substância gasosa e
o feixe focado passa a apresentar uma alta
densidade de energia.
 Finalmente, o feixe é convergido sobre o material a
ser trabalhado, quando então é efetuado o corte.
 Gases assistentes auxiliam a máquina de corte a
Laser na “secagem” da peça trabalhada.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
 O processo é muito rápido (milésimos de
segundo).
 O sistema permite usinar peças de geometria
complexa, com muitos detalhes e ângulos.
 Pode ser aplicada a diversos tipos de materiais,
como acrílico, madeira, MDF, couro, papel,
plástico, aço carbono (chapas de até 32 mm) e
alumínio.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
2. Tipos
Usinagem a Laser (continuação)
2. Tipos
Usinagem a plasma
 Processo semelhante ao de usinagem a Laser, mas
baseado na aplicação do plasma contra a
superfície da peça a ser usinada.
 Plasma: gases submetidos a uma grande elevação
de temperatura, quando se ionizam e tornam-se
condutores elétricos. É chamado de 4º estado da
matéria.
 Aplicada ao corte de metais, como alternativa ao
processo de oxi-corte, em chapas grossas, e corte a
Laser em chapas finas ou de metais não ferrosos.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem a plasma (continuação)
2. Tipos
Oxi-corte x Usinagem a plasma
2. Tipos
Usinagem a plasma (continuação)
 Pode ser adotada para o corte de qualquer
material metálico condutor, em especial para aços
estruturais e inoxidáveis e metais não ferrosos.
 Pode ser um processo complementar para
trabalhos especiais, tais como a produção de
pequenas séries, atingindo tolerâncias apertadas
ou acabamentos melhorados.

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2. Tipos
Usinagem a plasma (continuação)
 Permite cortes de espessuras de 0,5 a 160 mm.
 Excelente qualidade e acabamento do corte.

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2. Tipos
Usinagem a plasma (continuação)
2. Tipos
Usinagem a plasma (continuação)
2. Tipos
Usinagem por ultrassom
 Processo que permite executar a usinagem em
materiais duros, frágeis e quebradiços, como o
vidro, a cerâmica e o diamante, que dificilmente
seria possível pelos processos convencionais.
 Consiste em aplicar uma vibração a uma
ferramenta sobre uma peça mergulhada em um
meio líquido, com pó abrasivo em suspensão,
numa frequência que pode variar de 20 a 100 KHz.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por ultrassom (continuação)
 O “martelamento” produzido pelas vibrações é
capaz de erodir o material, formando uma
cavidade com a forma negativa da ferramenta, isto
é, sua impressão.
 Não há contato entre a ferramenta e a peça, já que
as ondas ultrassônicas viajam e se propagam no
espaço entre a ferramenta e a peça.
 A ferramenta não precisa ser muito dura, podendo
ser feita de material fácil de usinar, uma vez que
não entra em contato com a peça.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por ultrassom (continuação)
 Permite a realização de cortes limpos, porque as
vibrações ultrassônicas produzem a fusão do
material e, ao mesmo tempo, soldam as pontas
das fibras cortadas.
 O processo tem bons resultados quando se deseja
cortar materiais duros e quebradiços, envolvendo
áreas de superfícies inferiores a 1.000 mm2, onde
devem ser produzidas cavidades rasas e cortes.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por ultrassom (continuação)
2. Tipos
Usinagem por jato d´água
 O corte com jato de água é uma das variedades da
hidrodemolição, que consiste no corte de
materiais com água a extrema pressão, com a
incorporação de material abrasivo, tal como
carborundum (carbeto de silício) ou a sílica.
 Consiste na projeção sobre a superfície do material
a ser cortado de um jato de água + abrasivo, com
um fluxo de água entre 20 e 40 litros/minuto.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por jato d´água (continuação)
 A água pressurizada, ao entrar em contato com a
peça, cria uma onda de choque, causando uma
erosão contínua.
 À medida que a água pressurizada avança sobre a
superfície da peça, o material é arrancado devido
às ondas de choque.
 A máquina é composta por um sistema de
bombeamento e pressurização, que eleva a
pressão da água a até 4.000 bar.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por jato d´água (continuação)
 A máquina é composta ainda por um sistema de
coordenadas CNC, computador CNC, sistema de
filtragem da água, cabeçote de corte e bico de
corte (esguicho).
 Vantagem: não há limitação quanto ao tipo de
material a ser cortado, já que a mesma máquina
pode cortar placas de elastômeros, plásticos,
chapas de aço e madeira.

Silvio Romero Adjar Marques, MSc.


2. Tipos
Usinagem por jato d´água (continuação)
2. Tipos
Usinagem por jato d´água (continuação)
2. Tipos
Usinagem por jato d´água (continuação)

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