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Capítulo 2 1

2 – PROCESSOS DE USINAGEM

Usinagem é o temo usado para designar um grupo de processos de


fabricação empregados na remoção de material, na forma de cavacos, da peça a
ser fabricada. A usinagem é empregada para transformar o material de um
estado bruto (fundidos, forjados ou materiais pré-usinados) para um estado
acabado (pronto para uso) dentro das especificações de projeto. Quase todo
equipamento projetado para fins mecânicos possui, no mínimo, um componente
usinado. Na maioria das vezes, tais componentes requerem alta precisão
dimensional. Consequentemente, esse conjunto de processos é um dos mais
importantes, senão o mais, entre os processos de manufatura devido ao valor
agregado ao produto final.
Tradicionalmente, a usinagem tem sido empregada no processamento de
metais. Atualmente, entretanto, seu campo de aplicação vem se estendendo às
cerâmicas, plásticos e madeiras.
A usinagem pode ser realizada em vários tipos de máquinas-ferramenta.
Tais máquinas podem ser operadas manualmente (convencionais), por
automação rígida (cames ou comandos hidráulicos) ou por automação flexível
(CNC).
O comando numérico computadorizado (CNC) já se consolidou numa
tecnologia confiável e de baixo custo. Em algumas indústrias  a
automobilística, por exemplo  tal tecnologia pode ser encontrada em quase
todas as máquinas-ferramenta. Nesses casos, a presença do operador humano é
dispensável.
De uma maneira geral, os processos de usinagem podem ser classificados
em tradicionais (a formação de cavaco acontece pela aplicação de tensões
mecânicas e deformação plástica do material da peça) e não-tradicionais  o
cavaco é obtido por outros meios de energia tais como a eletroerosão (elétrica)
laser (térmica) jato d’água (cinética). Os processos tradicionais podem, ainda,
ser agrupados em usinagem com ferramentas de geometria definida ou
geometria não definida (ou usinagem por abrasão). Essa classificação pode ser
vista na figura 1.
Os processos não-tradicionais são empregados onde as exigências do
produto final  cavidades com geometria complexa, dimensões reduzidas,
baixo nível de tensão residual  impedem ou inviabilizam, do ponto de vista
econômico, a aplicação dos processos tradicionais. Em qualquer situação,
entretanto, a taxa de remoção é pequena, quando comparada àquela obtida
convencionalmente.
Os processos convencionais, ver figura 2, possibilitam alta taxa de
remoção e, em situações especiais, permitem a obtenção de altíssima qualidade
dimensional e geométrica. De um modo geral na usinagem com geometria não
definida obtém-se menores taxas de remoção e maior precisão dimensional e
geométrica. Por outro lado, na usinagem com geometria definida pode-se
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alcançar taxas de remoção tão elevadas quanto 4500 kg/h. Não obstante,
tolerâncias dimensionais e geométricas, como também baixa rugosidade podem
ser alcançados em operações especiais de acabamento. No torneamento, por
exemplo, a rugosidade (Ra) da superfície usinada pode variar desde 10 µm num
desbaste grosseiro até 0,01 µm (torneamento de ultra-precisão).

PROCESSOS DE USINAGEM

CONVENCIONAIS NÃO-CONVENCIONAIS

ELETROEROSÃO
LASER
JATO D’AGUA
FOTOQUÍMICA
ULTRA-SOM
ELETROQUIMICA
GEOMETRIA
DEFINIDA
GEOMETRIA NÃO
DEFINIDA

ALARGAMENTO
APLAINAMENTO
BROCHAMENTO RETIFICAÇÃO
FURAÇÃO BRUNIMENTO
TORNEAMENTO LAPIDAÇÃO
FRESAMENTO
MANDRILAMENTO

Figura 1 – Classificação dos processos de usinagem

Apesar da usinagem ser um processo empregado desde a idade da pedra,


do ponto de vista industrial, deve-se destacar o surgimento das primeiras
máquinas-ferramenta como por exemplo a mandriladora desenvolvida por John
Wilkinson em 1775 na Inglaterra, a qual foi empregada na fabricação dos
primeiros cilindros para máquinas a vapor. Em 1952 destaca-se o surgimento da
primeira máquina controlada numericamente, concomitante ao surgimento do
primeiro computador. Paralelamente, houve uma evolução importante nos
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materiais empregados como ferramentas de corte, desde da primeira patente do


aço rápido (por Taylor) em 1903 até o lançamento comercial em 1972 das
ferramentas de diamante e nitreto de boro cúbico.
Pouco progresso, apesar da evolução tecnológica ao longo de todos esses
anos, tem sido feito no sentido de se alcançar uma teoria completa sobre a
formação de cavacos.
No capítulo a seguir iremos tratar do processo de formação do cavaco na
usinagem com geometria definida, o que permitirá o entendimento do conceito
de usinabilidade a ser discutido mais adiante.

Figura 2 - Processos convencionais de usinagem

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