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Habitação e
Direito à
Cidade desafios para as metrópoles
em tempos de crise
ORGANIZAÇÃO
Adauto L. Cardoso
Camila D’Ottaviano
Habitação e Direito à Cidade
desafios para as metrópoles em tempos de crise
1998 | 2018
Habitação e
Direito à
Cidade desafios para as metrópoles
em tempos de crise
ORGANIZAÇÃO
Adauto L. Cardoso
Camila D’Ottaviano
Copyright © Adauto L. Cardoso, Camila D’Ottaviano, 2021
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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sem a autorização prévia por escrito da Editora/Autor(es).
2 REGULARIZAÇÃO DA PROPRIEDADE OU
PROPRIEDADE DA REGULARIZAÇÃO ......................................... 29
Rosangela Luft
PARTE IV _ Precariedade
AJUSTANDO O FOCO1
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
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CATEGORIA-CONCEITO: REMOÇÕES
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
Figura 1. Planta
do extinto Arraial
Curral Del-Rei
Sobreposta à
planta da nova
capital Belo
Horizonte
Fonte: Curral
del-rey (s.d.).
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
Quadro 1.
Definições
Relacionadas
À Categoria-
Conceito
Remoção
Fonte: RELATORIA
especial da ONU
para moradia
adequada (2012);
ONU (1997); BM
(2013); MC (2013);
CAIXA (2013);
PRESIDÊNCIA
(1991). Elaboração
da autora / Acervo
PRAXIS.
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Habitação e Direito à Cidade: desafios para as metrópoles em tempos de crise
Moro aqui há quase 20 anos. Os oficiais de justiça vieram aqui […] di-
zendo que as pessoas tinham que desocupar e que estavam aguar-
dando apenas a chegada da polícia (POLOS, 2013b).
Não tá sendo fácil porque depois que eles estão derrubando as ca-
sas, você não tem sossego porque eles [os ratos] ficam perturban-
do e aí você fica com medo; tem criança recém-nascida dentro de
casa, e você tem que ficar olhando, nem dorme direito. Você tem
que ficar prestando atenção porque é de noite que eles [os ratos]
fazem a bagunça (POLOS, 2015).
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
Figura 2.
Selagem das
casas – Programa
Vila Viva (PVV),
Belo Horizonte
Fonte:
Nepomuceno
(2015).
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7. Rede Cidade e Moradia: Prof. Dr. Adauto Lucio Cardoso (Observatório das
Metrópoles-IPPUR/UFRJ); Profa. Dra. Cibele Saliba Rizek (Leauc-IAU/USP e
Peabiru); Profa. Dra. Denise Morado Nascimento (PRAXIS-EA/UFMG), Prof. Dr.
José Júlio Ferreira Lima (Labcam-FAU/UFPA); Profa. Dra. Lúcia Zanin Shimbo
(Habis-IAU/USP); Profa. Dra. Luciana da Silva Andrade (CiHabE-PROURB/
UFRJ); Profa. Dra. Maria Dulce Picanço Bentes Sobrinha (Labhabitat-DARQ/
UFRN); Profa. Mestre Margareth Uemura (Instituto Pólis/SP), Profa. Dra. Raquel
Rolnik (LabCidade-FAU/USP); Prof. Dr. Luis Renato Bezerra Pequeno (Lehab-
DAU/UFC); Profa. Dra. Rosângela Dias Oliveira da Paz (Nemos/Cedepe-PUC/SP).
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
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Quadro 3.
Necessidades
Embora haja críticas em relação ao processo de Habitacionais
construção do PLHIS,10 este é um importante instrumento em número de
de planejamento que “objetiva viabilizar a realização das domicílios (2014)
Fonte:
ações da política habitacional na perspectiva da garantia
MAGALHÃES,
do acesso à moradia digna por parte da população de 2018. Elaboração
baixa renda e da expressão dos agentes sociais sobre a da autora / Acervo
habitação de interesse social” (PBH, 2010, p. 16). Somado PRAXIS.
a esse fato, o PLHIS é requisito previsto para adesão
ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social
(SNHIS), e deve ser aprovado pelo Conselho Municipal
de Habitação (CMH). Assim sendo, analisaremos com
mais atenção a estimativa de remoções estabelecida
pelo plano e o modo como dialoga com as necessidades
habitacionais de Belo Horizonte.
10. Em entrevista, a Urbel informou que o processo do PLHIS foi realizado por
meio de: entrevistas, reuniões, oficinas e seminário interno com os gestores
públicos; reuniões com o Conselho Municipal de Habitação (CMH) para
discussão e aprovação do Diagnóstico e das Estratégias de ação; entrevistas
com atores sociais (do movimento popular, representantes dos profissionais
liberais, universidade etc.); Fórum de Habitação com a sociedade e
representantes de entidades ligadas à base do CMH (MAGALHÃES, 2018).
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Gráfico 1. Motivos
das Remoções nos Observa-se também que foram projetadas remoções
territórios analisados, de, em média, 21,3% das famílias nos territórios afetados,
entre 2000-2014 somando um total de 10.981 atendimentos (ver GRÁFICO
Fonte: Elaboração
N.2). Ainda que inferior à média supracitada estabelecida
própria, baseada em
dados da URBEL (2018)
no PLHIS (PBH, 2010), trata-se de número bastante
expressivo que, além de deixar grandes feridas no tecido
urbano que compõe esses territórios, representa quebra
de laços e redes sociais preestabelecidas.
Gráfico 2. Proporção
de domicílios com
previsão de remoção
A PMH/PBH prevê três alternativas para as famílias
em relação ao total de
domicílios existentes
removidas: (i) o Programa de Reassentamento
nos territórios de Famílias Removidas por Obras Públicas ou
analisados Vitimadas por Calamidade (PROAS), (ii) o Programa
Fonte: Elaboração pró- Bolsa Moradia e (iii) o reassentamento em unidades
pria, baseada em dados
habitacionais em conjuntos construídos pela
da Urbel (2018).
prefeitura através de programas como Vila Viva,
PEAR, Orçamento Participativo e PMCMV.
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Gráfico 5.
Famílias
atendidas pelo
Bolsa Moradia
mensalmente por
ano
Fonte: Elaboração
própria, baseada
em dados da
Urbel (2018).
Gráfico 6.
Total de UH
concluídas para
reassentamento
por ano
Fonte: Elaboração
própria, baseada
em dados da
Urbel (2018).
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INDICADORES-ÍNDICES
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15. Os países com o IDH mais elevado no ano de 2018 foram (UNDP, 2018): Noruega (0,953),
Suíça (0,944), Austrália (0,939), Irlanda, (0,938) e Alemanha (0,936). Entre os menores IDHs,
estão Burundi (0,417), Chade (0,404), Sudão do Sul (0,388), República Centro-Africana
(0,367) e Níger (0,354). O Brasil figura na posição 79ª, com um IDH de 0,759.
16. Mais informações ver http://www.maisidh.ma.gov.br
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Precariedade e precarização da moradia em Belo Horizonte
IQVU-BH
20. Trabalho coordenado pela Profa. Dra. Maria Inês Pedrosa Nahas, Instituto de
Desenvolvimento Humano Sustentável da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais (IDHS/PUC Minas).
21. Parceria entre Ministério das Cidades e IDHS/PUC Minas, através do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), coordenado pela Profa.
Dra. Maria Inês Pedrosa Nahas.
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Figura 3.
O IQVU-BH tem dez variáveis, resultantes da Índice de
Qualidade de Vida
agregação de 36 indicadores, às quais se atribui um
Urbana, variável
peso; as variáveis são então agrupadas, gerando o valor habitação, Belo
final do índice, que varia entre 0 e 1, sendo 1 o valor Horizonte, 2016
“ideal”, isto é, de pleno acesso aos bens e serviços.22 A Fonte: PBH (2016).
variável habitação, de maior relevância nesse artigo, é
constituída dos seguintes componentes e indicadores:
(i) qualidade da habitação – área residencial adequada
por habitante (m2 de área residencial sujeita a IPTU/
habitante); padrão de acabamento (nota do padrão
médio de acabamento das moradias em relação à
classificação do IPTU); (ii) segurança habitacional –
índice do risco geológico do terreno (ver Figura N.3).
22. https://prefeitura.pbh.gov.br/estatisticas-e-indicadores/indice-de-qualidade-de-vida-urbana
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FINALIZANDO
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Agradecimentos
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br/urbel>. Acesso em: 04 set. 2018.
PBH [PREFEITURA DE BELO HORIZONTE] (2018b). Minha Casa, Minha Vida.
Portal da Prefeitura de Belo Horizonte. Disponível em: < https://prefeitura.pbh.
gov.br/urbel/minha-casa-minha-vida >. Acesso em: 04 set. 2018.
PBH [PREFEITURA DE BELO HORIZONTE [PBH] (2016). Relatório geral so-
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PBH [PREFEITURA DE BELO HORIZONTE] (2010). Plano Local de Habitação
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POLOS de Cidadania (2013b). Drama das remoções dos moradores da Vila
Cafezal. Disponível em <http://polosdecidadania.com.br/biblioteca/o-drama-
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dania/> Acesso em: 10 ago. 2019.
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PRAXIS-EA/UFMG (2014). Relatório Programa Minha Casa Minha Vida: estu-
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PRESIDÊNCIA (1991). Lei Nº 8.245, 18/10/1991. Disponível em <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8245.htm> Acesso em: 04 set. 2018.
RELATORIA especial da ONU para moradia adequada (2012). Como atuar
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RELATÓRIO 1899-1900 Bernardo Pinto Monteiro (1900) Disponível em <ht-
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