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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Escola Superior de Teologia – EST


Turma Especial

Antônio dos Passos Pereira Amaral


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RESENHA DO LIVRO
ENSINO RELIGIOSO: QUEM DEVE EDUCAR NOSSOS FILHOS?

São Paulo
Novembro de 2011
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Escola Superior de Teologia – EST
Turma Especial

Antônio dos Passos Pereira Amaral


31198953

Resenha apresentada como requisito


parcial para aprovação na Disciplina de
História e Teologia da Educação Cristã, da
EST – Escola Superior de Teologia da
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Prof. Edson Pereira Lopes.

São Paulo
Novembro de 2011
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RESENHA DO LIVRO
ENSINO RELIGIOSO: QUEM DEVE EDUCAR NOSSOS FILHOS?

LOPES, E. P.; CUNHA, J.; et al. Ensino Religioso: Quem deve educar nossos filhos? São
Paulo: Editora Fonte Editorial, 2011, 160p.

Dr. Edson Pereira Lopes possui vasta experiência na área de educação sendo hoje o

Diretor da Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Bacharel

em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (1992), possui

também licenciatura Plena em Filosofia pelas Faculdades Associadas do Ipiranga (1996) e

é especialista em Estudos Brasileiros pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1999).

Em 2001 graduou-se Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie e concluiu seu doutorado em Ciências da Religião, na área de

Práxis, Religião e Sociedade pela Universidade Metodista em 2004. Lopes atua nas áreas

de pedagogia e teologia, Metodologia da Pesquisa Científica, extensão universitária, ética e

cidadania e Filosofia. É autor de vários livros, entre eles destacam-se 'O conceito de

teologia e pedagogia na Didática magna de Comenius' (Editora Mackenzie) e 'A inter-

relação da teologia com a pedagogia no pensamento de Comenius' (Editora Mackenzie)

voltados para a área de educação. É editor da Revista de Ciências da Religião no Programa

de Mestrado de Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A presente obra é resultado de uma parceria entre Lopes e Emmanuel R. Leal de

Athayde, Jonas Cunha, e Michele Razuck Arci. Athaye é mestre em Ciências da Religião

pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2010) e professor de Filosofia, Teologia

Sistemática e Análise Bíblica no Seminário Evangélico Betel Brasileiro; e faz parte do

grupo de pesquisa: Práxis, educação e sociedade junto ao CNPq, com ênfase no


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pensamento de João Amós Comenius. Cunha é mestre em Ciências da Religião pela

Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005) e professor de Ética e cidadania na mesma

universidade. Arci é formada em pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

(2004) e mestre em Ciências da Religião também pela Universidade Mackenzie (2010).

Atua como professora de Ensino Religioso e Ética no Colégio Presbiteriano Mackenzie e

faz parte do grupo de pesquisa: Práxis, educação e sociedade junto ao CNPq, com ênfase

no pensamento de João Amós Comenius.

“Ensino Religioso” é uma discussão clara, objetiva e desafiadora das razões do

insucesso educacional, que via de regra recai sobre o aluno. Os autores discutem o tema a

partir da compreensão de João Amós Comenius, utilizando em especial suas obras

'Pampaedia' e 'Didática Magna'. Foram apresentados como principais problemas: a) a

abdicação da família do papel de educador primário e abstenção da responsabilidade de

fornecer as bases da formação pessoal da criança; b) o aumento da violência escolar que

tem gerado insegurança não só na criança, mas também nos pais. Estes, por sua vez,

percebem o ambiente escolar como um ambiente de desorganização e indisciplina; c) a má

formação dos educadores que impossibilita o aproveitamento da formação prévia como

plataforma de construção do conhecimento da criança; d) o baixo aproveitamento do aluno

no processo educacional por falta de disposição e motivação pessoal para colaborar com o

processo; e) a desorganização e falta de disciplina na escola que reduz a eficiência na

educação. O objetivo principal desta obra é, por meio de uma análise cuidadosa e

apreciativa da Pampaedia de Comenius, é resgatar a responsabilidade da família na

educação básica.

O primeiro capítulo ocupa-se de mostrar o contexto, a vida e a influência de

Comenius na religião, educação e política em sua época. Os autores partem de uma análise

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da comunidade religiosa de sua época mantendo em mente a seguinte pergunta: 'Qual a

influência de Comenius neste contexto?' O texto mostra como Comenius exerceu uma

grande influência no seu tempo como educador e teólogo. Destaca-se a importância do

Renascimento e do Humanismo, e também da Reforma Protestante, como influências na

educação em geral e no pensamento de Comenius na elaboração de suas obras, como

segue:

“O fato da renascença, em especial o humanismo, ter se preocupado com a volta


às fontes, aos originais, à língua grega e a uma vida religiosa mais intensa, leva a
crer que tal movimento despertou grande interesse no que tange à educação e à
religião, abrindo espaço para discussões em torno de outros movimentos como a
Reforma Protestante do século XVI” (p. 20).

Para fundamentar a afirmação acima, os autores lançam mão de fatos da vida de nomes

como João Russ, Lutero, Melanchton e Calvino. O contexto em que Comenius viveu é ao

mesmo tempo desafiador e inspirador para seu pensamento em relação à educação. Sua

educação, sua vivência em família e seu desenvolvimento como pensador é relatado de

forma abrangente e clara, mostrando com fatos a construção de suas ideias e sua

contribuição para a área da educação.

O segundo capítulo é uma discussão da atualidade da obra de Comenius na

discussão do tema educação. O ideal de Comenius é educar todos os homens e prepará-los

para fazerem escolhas livres. Sua máxima predileta era 'ensinar tudo para todos' o que

define o termo 'Pampaedia'. “Comenius define o termo Pampaedia como a educação

universal de todo gênero humano de maneira que a a humanidade aprenda tudo

plenamente” (p. 51). Infelizmente, como ressalta os autores, a obra de Comenius é pouco

conhecida no Brasil, ainda que seu princípios sejam aplicados aqui e ali. Comenius

escreveu quase 250 obras. Entre elas se destaca a 'Consulta universal sobre a reforma das

questões humanas', na qual a Pampaedia ocupa lugar central. Suas reformas educacionais

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são firmada em suas convicções teológicas e definem sua visão pra a educação. Seu intuito

principal não era só a criação e organização de escolas, mas enfatizar a responsabilidade

dos pais no processo educacional.

Os autores mostram como Comenius não se preocupava apenas com a formação

intelectual da criança, antes com sua formação moral e religiosa, ensinando bons costumes

e a piedade. Na Pampaedia defendia o conceito de Panscolia, isto é, escola para todos

independente da idade. Ele entendia a Bíblia como “livros destinados à cultura universal e

elaborados segundo as leis de um método universal” (p. 80) de onde ele cria o conceito de

Pambiblia. Para ensinar tudo para todos, o que se denomina Pansofia, Comenius define a

necessidade de professores versados em conhecimentos universais. Estes são denominados

Pandidascália. O capítulo finaliza com uma proposta de revisão na educação, expondo o

indivíduo ao ensino cada vez mais cedo na vida, provendo o máximo de recursos

educacionais possíveis, num processo contínuo e gradual de aquisição de conhecimento.

O terceiro capítulo é uma defesa da aliança família-escola como recurso para uma

educação integral e eficiente. Comenius condiciona o sucesso da Pampaedia a esse fator

afirmando que “a formação das crianças durante a primeira infância depende inteiramente

dos pais” (p. 100). Ao discorrer sobre isso os autores afirmam:

“ainda que a tônica comeniana ao escrever a Didática Magna e a Pampaedia


esteja no apelo à criação dos estabelecimentos escolares, é necessário pontuar
que sua proposta educacional não é esvaziar a importância da família em
detrimento da escola. […] [e que] a preocupação comeniana está no princípio de
que a educação escolar é um necessário complemento a educação que a
juventude recebe da família” (p. 101).

Comenius defende o resgate consciente da responsabilidade da família na educação básica

e assevera que a causa do insucesso na educação seja o erro dos pais na primeira fase da

educação. De acordo com os autores, Comenius também defendia a relevância do lúdico

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em cada fase da infância, classificada por ele em 6 etapas distintas. Havia uma extrema

preocupação com a formação da consciência da criança e sua maturidade moral, não

apenas com a aquisição de conhecimento. Comenius estava muito a frente do seu tempo,

propondo o uso de livros didáticos adequados para cada fase, o uso correto dos métodos e a

aplicação da música no desenvolvimento da criança. A infância, ressaltam, deve ser

aproveitada para dar todo o treinamento possível para a vida, porque “nesta idade não há

fadiga [e] as crianças estão cheias de curiosidades” (p. 143).

Nas considerações finais os autores prezam por repetir de forma sintetizada e

concreta todo o conteúdo do livro, fazendo o leitor rememorar a importância da educação

na infância e do papel da família no processo educacional, mostrando com isso a

relevância atual da obra de Comenius.

A presente obra é de grande valor para todos quantos estão envolvidos em educação

hoje, seja no ensino na escola regular ou na ensino bíblico na igreja. Ela discute com

clareza e com riqueza de detalhes o papel do estado, o papel da escola, o lugar do professor

e a importância da família na educação da criança. A leitura é agradabilíssima. Ainda que

se tratando de uma leitura técnica, o assunto foi colocado numa linguagem simples,

acessível e fácil compreensão. É recomendado para todos que tem interesse na melhoria da

educação, quer sejam pais, quer sejam profissionais da educação.

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