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Julho de 2023
Nota à edição:
Agradeço,
À minha família,
Em especial aos meus pais, por me permitirem realizar todos os sonhos. Pelo amor e
dedicação infindáveis. A eles dedico o meu percurso e este trabalho.
Aos meus irmãos, pelo apoio e incentivo diários. À Gi, pelo exemplo.
Ao professor Adelino Gonçalves, pela dedicação e partilha ao longo desta jornada. Pelo
entusiamo e incentivo constantes.
Aos meus amigos, pelo apoio, amizade e companheirismo ao longo deste percurso.
Ao d’Arq e a todos os que lhe pertencem, pelo conhecimento e todas as memórias criadas.
Por ser casa.
Palavras-Chave
Resumo
Há décadas que o espaço rural tem sofrido com o fenómeno da litoralização e, por
isso, reconhecemo-lo hoje uma realidade frágil e descaracterizada. Para atenuar os
desequilíbrios sociais e económicos que estão associados a esta realidade, também há muito
que foram criadas políticas e programas de política, primeiramente visando fixar a população
no mundo rural, depois principalmente através do turismo e, mais recentemente,
procurando promover abordagens integradas. Porém, têm-se mostrado insuficientes para
evitar a migração da população para centros urbanos e estes territórios acabaram como
espaços de baixa densidade física, devida ao seu despovoamento, mas também relacional. É
por isso imperativo pensar em soluções que visem o reforço da coesão territorial, com
políticas que valorizem e despertem a economia local e os recursos endógenos destas
regiões.
Neste sentido elaborou-se um Plano de Ação para cada uma das aldeias, que
densifica aquela estratégia, denominada Aldeias de Calcário: Polos de Multifuncionalidade,
Aglutinadores Sociais e Centros de Saber e Experiência. O presente trabalho integra o Plano
para a aldeia da Chanca, do concelho de Penela, e defende um projeto dedicado à valorização
da paisagem cultural de Sicó, numa perspetiva participativa e de inclusão da comunidade
local.
Este projeto, que se materializa em diversos programas, propõe uma reflexão sobre
a importância da consciencialização sobre os atributos e valores da paisagem cultural de Sicó,
e dos vários saberes associados. A proposta de um Centro Comunitário, uma Oficina do
Queijo Rabaçal, com um Curral associado, e uma Loja de produtos locais, através de bons
exemplos de práticas arquitetónicas que valorizam o património construído da região, visa a
aproximação e capacitação da comunidade local, valorizando e revitalizando os seus diversos
saberes-fazer.
Keywords
For decades, rural areas have suffered from the phenomenon of littoralisation and,
therefore, we recognise it today as a fragile and uncharacterised reality. In order to mitigate
the social and economic imbalances that are associated with this reality, policies and policy
programmes have also been established for a long time, first aiming to fix the population in
the rural areas, then mainly through tourism and, more recently, seeking to promote
integrated approaches. However, they have proved insufficient to prevent population
migration to urban centres and these territories have ended up as spaces of low physical
density, due to their depopulation, but also relational. It is therefore imperative to think of
solutions aimed at strengthening territorial cohesion, with policies that valorise and awaken
the local economy and the endogenous resources of these regions.
With the purpose of rethinking the future of the territory and rural/urban relations,
an integrated development strategy is proposed, within the scope of the initiative De volta
ao rural ou como reforçar a coesão da cidade regional? which has the Sicó region as its territory
of action. This strategy seeks to create contributions to address the problems and imbalances
of this territory, through an integrated vision, with the proposal of several programmes in
seven villages in the region: Ariques, Chanca, Casmilo, Granja, Pombalinho and Poios,
belonging to the RAC (Rede de Aldeias de Calcário) and also Rabaçal.
In this sense, an Action Plan was elaborated for each of the villages, which densifies
that strategy, called Aldeias de Calcário: Polos de Multifuncionalidade, Aglutinadores Sociais e
Centros de Saber e Experiência. The present work is part of the Plan for the village of Chanca,
in the municipality of Penela, and defends a project dedicated to the valorisation of the
cultural landscape of Sicó, from a participatory perspective and inclusion of the local
community.
Sumário
Resumo 20
Abstract 22
Introdução 14
I. PROBLEMA 32
Património(s) de Sicó 88
Aldeias de Calcário: Uma estratégia de desenvolvimento integrado para a rede urbana de Sicó 126
Bibliografia 190
Anexos 214
Lista de siglas e acrónimos
Introdução
Enquadramento
1
O programa da iniciativa De volta ao rural…, referente aos anos letivos de 2021/2022 e 2022/2023, encontra-
se em anexo.
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sua riqueza patrimonial, natural e cultural. A relação intrínseca do homem com o meio ao
longo do tempo, resultou na construção de paisagens culturais singulares, que espelham a
cultura das comunidades através de diversos valores, saberes e tradições, podendo constituir
um importante fator para o reforço da identidade e desenvolvimento destes territórios.
Estes objetivos estão estabelecidos na Constituição da República Portuguesa não se no seu Artigo 81º ouvido
a instrumentos jurídicos específicos para o ordenamento do território e urbanismo, nomeadamente na Lei de
Bases da Política do Ordenamento do Território e de Urbanismo. No primeiro caso, é dito que incumbe ao
Estado “Promover a coesão económica e social de todo o território nacional, orientando o desenvolvimento
no sentido de um crescimento equilibrado de todos os sectores e regiões e eliminando progressivamente as
diferenças económicas e sociais entre a cidade e o campo e entre o litoral e o interior”. No segundo caso, é
dito que constituem fins da política de ordenamento do território e de urbanismo, reforçar a coesão nacional,
organizando o território, corrigindo as assimetrias regionais e assegurando a igualdade de oportunidades dos
cidadãos no acesso às infraestruturas, equipamentos, serviços e funções urbanas.
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Ora, a partir desta problemática e enquadramento, a presente dissertação integra
uma estratégia para um conjunto de aldeias do maciço de Sicó – Ariques, Casmilo, Chanca,
Granja, Pombalinho, Poios e Rabaçal – que integram a Rede de Aldeias de Calcário, um Plano
Integrado de Intervenção criado pela Terras de Sicó, visando a promoção turística de Sicó.
A estratégia em causa – iniciada pelos colegas de Atelier de Projeto IIC no ano
2020/2021 e reforçada pelo grupo de estudantes dos Ateliers de Projeto ID e IID nos anos
letivos 2021/2022 e 2022/2023 – entende Sicó como cidade-região, isto é, um sistema
urbano em rede que funciona com base nas relações entre os seus vários núcleos,
independentemente da sua dimensão. Os principais objetivos da estratégia passam, assim,
pela revitalização destas aldeias, procurando inverter a tendência verificada de abandono, de
forma que seja possível atingir um equilíbrio territorial.
Esta visão defendida para Sicó configura as aldeias como Polos de Multifuncionalidade,
Aglutinadores Sociais e Centros de Saber e Experiência, e é a partir desta base que se
definiram objetivos e eixos estratégicos para cumprir com a estratégia proposta, de forma a
responder às necessidades especificas deste território, valorizando-o. Assim, a partir destes
objetivos, elaboraram-se Planos de Ação, um para cada aldeia, nos quais se propõem diversas
ações para a sua revitalização, pela reabilitação do espaço público das aldeias e pela proposta
de novos programas que contribuem para a concretização dos objetivos definidos na
estratégia global para a região de Sicó͘
Estrutura
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deslocação dos investimentos. Este primeiro capítulo faz ainda uma análise sobre as
abordagens e políticas adotadas ao longo do tempo para a gestão do território, e de como
o ordenamento do território, enquanto política pública, tem falhado no cumprimento dos
seus próprios. Nas palavras de João Ferrão (2011, 25), “corresponde a uma política
duplamente fraca: a) fraca em relação à sua missão [...] [e] b) fraca em relação a efeitos
inesperados e indesejados desencadeados por outras políticas...” No final defende-se uma
nova governança, ou seja, uma forma alternativa de encarar o território de modo que as
diferentes identidades cumpram um papel gerador de oportunidades e desenvolvimento,
nomeadamente nos territórios de baixa densidade, como é o caso de Sicó.
O quarto e último capítulo, a partir das reflexões feitas nos capítulos anteriores,
dedica-se ao que esta dissertação acredita ser uma abordagem apropriada para o
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desenvolvimento do espaço rural, neste caso da região de Sicó. Esta abordagem passa por
uma identificação daquilo que são os valores de cada lugar de forma que sirvam como
motores para o seu desenvolvimento. A partir desta identificação percebe-se igualmente a
importância do papel das comunidades locais como portadoras de uma herança patrimonial,
nomeadamente de valores e tradições que se pretendem valorizar. Ora, defende-se,
portanto, a importância de que as ações implementadas envolvam ativamente as
comunidades para que se contribua, dessa forma, para um reforço da sua identidade e para
uma gestão consciente dos recursos locais.
O primeiro capítulo faz uma introdução a este território através da descrição do seu
contexto territorial, demografia e desafios que tem enfrentado, e ainda da apresentação da
Terras de Sicó – Associação de desenvolvimento, entidade que criou o plano integrado Rede
de Aldeias de Calcário: 6 aldeias, 12 experiências. Expõe-se os seus principais objetivos e
projetos em curso, incluindo a iniciativa, que envolve a presente dissertação, De volta ao rural
ou como reforçar a coesão da cidade regional?.
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desta arquitetura, concentrando-se, sobretudo, em características distintivas que a tornam
uma marca identitária única desta região.
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constituem a sua paisagem cultural, e à inclusão, efetiva, da comunidade local nas iniciativas
para a sua valorização e desenvolvimento. O projeto de arquitetura, que se materializa em
reabilitação de edificado existente e construção nova, pretende contribuir para a valorização
do património construído vernacular de Sicó.
Método
O processo de desenvolvimento da presente dissertação pode dividir-se
essencialmente em três tipos de trabalho: Conhecer, Analisar e Intervir. Os trabalhos foram
realizados ao longo dos anos letivos 2021/2022 e 2022/2023 e seguiram uma linha metódica
que culminou na proposta de projetos de arquitetura.
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desenvolvimento. Nesta pesquisa destacaram-se alguns autores importantes como Carlos
Silva e Lúcio Cunha, para uma melhor perceção do território de Sicó; João Ferrão, Paulo
Carvalho e Paula Reis, no entendimento dos valores da paisagem cultural dos lugares e de
como podem ser importantes motores de desenvolvimento; e, ainda, Françoise Choay e
Laurajanne Smith, essenciais para a compreensão do conceito de património e dos novos
paradigmas associados.
A analise critica fez-se através da perceção das relações estabelecidas entre as aldeias
e as mesmas e os núcleos urbanos em redor, a caracterização do património natural e
construído, as redes de infraestruturas e de serviços de interesse coletivo, e outros
elementos que se consideraram importantes para a compreensão de toda a estrutura da
região de Sicó. Este processo culminou na realização de painéis em grupo que serviram
como material base de consulta durante todo o processo de trabalho.
Durante este tipo de trabalhos, numa primeira fase, foi também possível discutir a
pertinência das propostas de intervenção nas aldeias com moradores e membros das
câmaras municipais e das associações locais de Sicó.
Neste sentido elaboraram-se Planos de Ação, um para cada aldeia, através dos quais
se estabeleceram objetivos específicos e direcionados às necessidades e características de
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cada uma. Todos os Planos de Ação partilham objetivos comuns, como por exemplo, a
requalificação do espaço público e a valorização, através da reabilitação, do património
construído da região de Sicó.
O processo de trabalho, ao longo dos dois anos letivos, foi acompanhado de perto
pelas pessoas deste território, sejam elas moradores, autarcas e/ou arquitetos. Este
acompanhamento foi feito, principalmente, através das várias sessões de discussão dos
trabalhos, que contribuíram não só para a sua evolução, mas para a permanente discussão
da sua pertinência e aproximação das propostas ao local.
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I. PROBLEMA
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Assimetrias territoriais e a nova governança
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territórios subdesenvolvidos e sem potencial de desenvolvimento, contrariamente ao que
acontece no mundo urbano, visto como símbolo de progresso e de um futuro garantido.
Mas que futuro? E o que entendemos por desenvolvimento, tem de significar o mesmo em
todo o território, isto é, não estaremos a alimentar um preconceito negativo em relação ao
interior ou aos territórios de baixa densidade?
Resultante da migração para centros urbanos, estes territórios têm vindo a esvaziar-
se e, como consequência, acabaram descaracterizados, carentes de serviços e com uma
população cada vez mais envelhecida. Tudo isto acabou por ferir a imagem e identidade
destes territórios, deixando “marcas profundas na paisagem rural portuguesa” (Carvalho
2003, 176) e fazendo com que perdessem “a espessura social, económica e institucional
necessária para suportar estratégias endógenas de desenvolvimento sustentadas no tempo”.
(Ferrão 2000, 48)
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Não conseguimos prefigurar o que estes territórios serão ou poderão ser de futuro.
Mas sabemos que os objetivos a definir e estratégias a adotar para os concretizar, não podem
ser os mesmos para todo o território, isto é, a governação deve adaptar-se e responder à
dimensão e particularidades de cada lugar, e que a sua gestão, apesar de necessariamente os
incluir, não deve esgotar-se com a elaboração de Planos. O caminho a percorrer, como
defende Alcides Monteiro (2019) é, pois, o da “politica de base territorial e de uma
governança territorializada e participada”, que reconhece valor nos territórios e naquilo que
lhes confere identidade. Esta abordagem é, assim, capaz de identificar facilmente os
problemas afetantes dos territórios e de permitir que as comunidades assumam um papel
preponderante nas decisões para o seu desenvolvimento.
De qualquer modo, o que importa relevar é que assim foi-se instalando a ideia de
que a intervenção no território se limitava à elaboração de Planos ou que, tendo Plano, nada
mais seria necessário para assegurar um desenvolvimento equilibrado do território.
Ora todos estes primeiros PDM, que deveriam concretizar uma visão global de
ordenamento do território, foram demasiado generosos na delimitação das áreas
urbanizáveis e dos perímetros urbanos, o que, associado à infraestruturação do país com
fundos europeus, contribuiu significativamente para uma urbanização dispersa e
desenvolvimento desagregado dos territórios municipais. (Gonçalves 2018, 87-101)
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Porém, esta visão global para o território só ganhou forma em 2007, com o
Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), mas há mais de
três décadas que Nuno Portas alertava para a alarmante e perigosa ideia, que se foi instalando
em Portugal, de que a intervenção e desenvolvimento territorial “se traduz e se reduz a
encomendar “planos”.” (Portas 1985, 8)
Uma grande parte da gestão territorial em Portugal ainda se rege e continua vinculada
à regulamentação da primeira geração de PDM, e o problema é exatamente o facto de estes
Planos serem essencialmente regulamentos administrativos onde se determina os usos e
ocupação do solo, enquanto condicionantes, em vez de delinearem estratégias baseadas na
definição de objetivos para cada lugar, a par da identificação dos meios necessários para os
concretizar. Ou seja, não são planos de ação estratégicos, que se deveriam constituir por um
conjunto de ações de intervenção que visam o cumprimento dos objetivos traçados,
perspetivando o desenvolvimento dos lugares em função das suas características.
Ora os PDM com um caráter claramente estratégico são bem mais recentes, sendo
já, portanto, revisões dos planos diretores da primeira geração. Com este mesmo caráter,
não no âmbito do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, mas no âmbito
do Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, também têm sido elaborados instrumentos de
apoio à gestão territorial com esta natureza estratégica, o que corresponde, portanto, a uma
prática que é ainda recente.
Ora, isto reflete-se, como já se referiu, numa ideia, “de que ter um plano é já intervir,
ou pelo menos meio caminho andado para alguém intervir” e que, durante muitos anos, se
“aceitou a separação entre o plano e a capacidade de intervenção” (Portas 1985, 8), o que
significa uma grande distância ao planeamento estratégico e, consequentemente, à resolução
dos problemas e assimetrias que se vão acentuando no território.
Publicado com a Lei n.º 58/2007, de 4 de setembro.
Estabelecido com o Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro e revisto com o Decreto-Lei n.º 80/2015
de 14 de maio.
Estabelecido com o Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro e alterado com a Lei n.º 32/2012 de 14
de agosto.
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Os principais pontos a considerar aquando da elaboração de um plano deveriam ser,
primeiramente, uma avaliação das causas dos problemas do lugar ou região a intervencionar
e das suas aptidões para, com base nelas, construir propostas de desenvolvimento o mais
realistas possível. Só depois desta análise será prudente decidir o tipo de investimentos a
realizar, como, quando e com quem, ou seja, com que instrumentos, em que período e com
que atores.
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estratégias que permitam o reforço da atratividade dos lugares. Este novo modelo de
governação territorial deve, segundo Ascher (2012, 93-95), adotar relações de proximidade
com os cidadãos, transformando o planeamento estratégico a uma escala local e adotando
permanentemente uma postura analítica dos territórios. No fundo, uma governação reflexiva
e flexível que acompanha os processos de transformação dos espaços e das sociedades.
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Só assim, reforçando a atratividade destes lugares, que através da requalificação do
espaço seu físico e de um direcionamento adequado do investimento, se fixarão novas
atividades e, mais importante, pessoas. Com isto, acredita-se que a arquitetura mostrará que
desempenha um papel fundamental no processo de valorização do interior e dos territórios
de baixa densidade.
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O espaço rural português e as políticas de desenvolvimento territorial
Mais tarde, depois da criação da Política Agrícola Comum (PAC) , em 1962, ainda
no contexto da Comunidade Económica Europeia e, posteriormente, a entrada de Portugal
na União Europeia (1986), o investimento alargado em infraestruturas e na industrialização
não evitou a segregação do interior e a sua desvitalização acentuou-se.
A Política Agrícola Comum (PAC) surge, em 1962, como uma política comum a todos os Estados-Membros
da União Europeia com o principal objetivo de fornecer alimentos a preços acessíveis aos cidadãos europeus
e garantir um nível de vista justo e razoável aos agricultores. Nas últimas décadas esta política tem evoluído,
integrando novos objetivos de forma a responder às novas exigências e desafios, nomeadamente relacionados
com as alterações climáticas e com a dinamização dos espaços rurais.
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De facto, o investimento em infraestruturas, como a rodoviária e a hídrica, os
esforços para implementar programas de modernização agrícola ou ainda a construção de
equipamentos e serviços de interesse coletivo, não impediram que o interior se esvaziasse.
Estabelecido com o Despacho Normativo n.º 2/95, de 11 de janeiro, que aprova o Regulamento da
Intervenção «Aldeias Históricas de Portugal - Beira Interior».
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mas com fins essencialmente turísticos. Esta visão entende o rural sob uma perspetiva
histórica e monumentalizante, como uma espécie de produto turístico à venda para o
exterior, ou seja, “um rural que sobrevive para ser consumido ou para ser palco de múltiplos
consumos” (Reis 2012, 4).
Este projeto foi criado pela ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local – que tem
feito um trabalho de proximidade entre os vários agentes territoriais, com o objetivo de afirmar as comunidades
em primeiro plano nos modelos para o desenvolvimento territorial.
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“todas as políticas de desenvolvimento rural proclamam como sendo absolutamente
necessário – local, endógeno e específico.”
Estas visões do território, de cariz top-down, que apesar de se basearem numa ideia
de valorização dos patrimónios locais, entendem o turismo como eixo fundamental para o
desenvolvimento destas áreas e os mesmos são pensados, como já referido, como produtos
de um mercado para o exterior. A crescente procura destas pequenas aldeias por parte das
populações de meios urbanos, com o objetivo de encontrarem espaços para privação da
agitação citadina, conduziu a uma tendência clara, que se tem observado, para sobrepor as
exigências e interesses exteriores às necessidades especificas de cada lugar.
A falta de envolvimento das populações locais, que deveriam ser os principais atores
destas iniciativas ou, pelo menos, estarem efetivamente envolvidos na sua implementação e
gestão, acaba por contribuir para um sentimento de perda de identidade e de pertença a
estes territórios.
Contudo, muitos destes lugares já não têm hoje sequer uma comunidade local, daí
ser urgente a adoção de um método diferente que permita prefigurar o seu futuro como
uma construção coletiva. Um projeto de urbanidade que parta de um planeamento
integrado e que permita a construção de uma cultura comum, a partir daquilo que são os
elementos diferenciadores dos territórios e que lhes conferem identidade. No fundo, a
adoção de estratégias bottom-up ancoradas às valências dos lugares e que reflitam o apego
das pessoas com os lugares, enfim, com o(s) património(s).
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Património e paisagem: a transformação de um conceito
Mas o património não é isso. Não é, sequer, uma “coisa”, como defende Laurajane
Smith (2006, 11). É sim, como defende esta dissertação, uma construção cultural e social
que reflete a identidade de uma comunidade, ou seja, “o património dos povos e das gentes
que lhe adstringem valor”. É, por isso, um conceito determinado pela “sua capacidade de
representar simbolicamente uma identidade” (Silva 2000, 219), através dos valores
reconhecidos em “coisas”, materiais ou imateriais, e partilhados por uma comunidade.
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again no question of expediency or feeling whether we shall preserve the buildings of past
times or not. We have no right whatever to touch them. They are not ours. They belong
partly to those who built them, and partly to all the generations of mankind who are to
follow us.”, acrescentando ”The dead have still their right in them.” Por seu lado, Viollet-le-
Duc (1875, 14) defendia o restauro dos edifícios adaptado aos tempos e mudanças,
considerando que “Restaurer un édifice, ce n'est pas l'entretenir, le réparer ou le refaire,
c'est le rétablir dans un état complet qui peut n'avoir jamais existéà un moment donné.”
Mais tarde, Alöis Riegl defende que “em matéria de restauração não pode existir
nenhuma regra científica absoluta, cada caso inscreve-se numa dialética particular de valores”
(Choay 2009, 33), ou seja, Riegl centra o seu discurso do património nos valores atribuídos
aos monumentos, valores que não se baseiam exclusivamente na sua dimensão histórica, e
na defesa de regras ou princípios de intervenção física.
Trinta e três anos mais tarde, em 1964, e no contexto do 2.º Congresso dos
Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, é produzida a Carta de Veneza,
documento que revela uma evolução no conceito de património, reconhecendo valor não
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apenas aos monumentos em si, mas também ao contexto físico e à cultura civilizacional onde
os mesmos se inserem. Embora o conceito de monumento histórico esteja ainda muito
presente na Carta, a mesma defende que o mesmo “engloba a criação arquitetónica isolada,
bem como o sítio, rural ou urbano, que constitua testemunho de uma civilização particular.”
(ICOMOS 1964, 1) Isto é, surge uma perspetiva diferente sobre o património, neste caso
correspondente ao edificado, que o relaciona com o seu meio envolvente, englobando
construção, espaço e comunidade. Segundo Choay (2009, 35), esta Carta tem já “indícios
de uma mudança em curso desde o fim dos anos 50.”
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dos mesmos, como consequência de todas as transformações sociais, económicas e
territoriais a que se assistia. Pois bem, com a Convenção para a Proteção do Património
Mundial, Cultural e Natural, adotada na Conferência Geral da Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura de 1972, consolida-se a definição do que se
considerava ser património cultural e património natural, ou seja, o património ser plural, e
quais os procedimentos para a sua salvaguarda.
Choay alerta ainda para a urgência de uma tomada de consciência sobre a construção
dos patrimónios a partir de uma “participação coletiva”, ou seja, pelo envolvimento das
comunidades, de forma a “encontrar e continuar a enriquecer a hierarquia das identidades
[de todos os lugares]” (Choay 2009, 53). Esta tese reflete ideias já presentes em 1979 na
Carta de Burra, do ICOMOS australiano, onde a dimensão social do património já era
defendida, nomeadamente através do conceito de “significância cultural” e que corresponde
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a valor cultural atribuído coletivamente a um bem, seja esse valor estético, histórico, científico
ou social, ou seja, como uma construção social e coletiva.
Este conceito evoluiu desde uma raiz ligada à geografia, através da ideia simples da
paisagem natural que é fisicamente alterada pelo Homem, ou seja, uma paisagem
humanizada. Posteriormente, o conceito foi-se tornando mais complexo, com a paisagem
entendida não apenas numa ótica física, mas também cultural ou de valores associados aos
lugares. Deste modo, pode então afirmar-se que, no limite, todas as paisagens humanizadas
são culturais, pois são o resultado da interação do meio natural com o Homem e espelham
essa evolução. Por isso, são igualmente únicas, visto que cada uma reflete processos
evolutivos, sociais e culturais específicos de cada lugar (Carvalho e Marques 2019).
Ora, o debate atual sobre as paisagens culturais centra-se na forma como podem
ser salvaguardados os valores que nelas reconhecidos, afastada de uma perspetiva
museológica e top-down, ou seja, em como as preservar de forma dinâmica e evolutiva, a
partir das suas valências e de tudo o que lhes confere identidade.
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Em suma, nos dias que correm, assistimos a uma nova visão e mudança de paradigma
que considera os patrimónios como ferramentas importantes para o desenvolvimento dos
lugares, sobretudo sob uma vertente cultural e identitária. Esta abordagem depende da
adoção de políticas de governação e desenvolvimento integradas, ou seja, que se baseiam,
primeiramente, num verdadeiro (re)conhecimento dos lugares e das suas especificidades, e
integrem o “envolvimento da comunidade e “públicos” a eles associados [como] um
importante pilar de sustentação desse novo processo” (Carvalho 2003, 222).
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Território e comunidade: uma perspetiva integrada para o desenvolvimento
A partir das reflexões feitas nos capítulos anteriores, entende-se que as estratégias
para o desenvolvimento territorial, sobretudo no espaço rural, não se basearam até
recentemente nas especificidades de cada lugar, acreditando-se, durante décadas, que “o
desenvolvimento era sinonimo de industrialização e urbanização.” (Reis 2012, 157) Os
investimentos concentraram-se, assim, nas grandes cidades, atraindo população e levando,
como já referido, ao abandono e marginalização do interior.
Esta abordagem, de base local, que tem vindo a crescer nas últimas décadas, centrada
essencialmente no mundo rural, defende que a valorização destes territórios parte de uma
valorização dos seus patrimónios, como um importante recurso para o seu desenvolvimento.
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recursos têm vindo a ser procurados como motores para o desenvolvimento destes locais
e o reforço da sua identidade (Carvalho 2003, 181).
Esta perspetiva que vê a comunidade e os seus valores como parte integrante dos
processos de desenvolvimento local, traduz-se no conceito de um modelo de Turismo de
Base Comunitária. Este conceito emergiu na década de 1990 como uma alternativa ao
turismo massificado e com o objetivo de diminuir os impactos negativos que o mesmo tinha
nas populações e nos próprios locais. O Turismo de Base Comunitária procura ser um
modelo de turismo de pequena escala, concentrado nos recursos dos lugares, incluindo as
pessoas, e integra estratégias de colaboração entre todos os atores por um bem comum, o
desenvolvimento integrado do território.
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A participação ativa e participativa da comunidade local, em seu benefício, é um dos
pilares-base deste conceito, e é mesmo um fator de sustentabilidade na construção e gestão
das iniciativas das atividade turísticas, ou dirigida ao turista. (Gómez et al. 2015, 1218)
Ora, este modelo de turismo não procura transformar as comunidades, mas sim
dotá-las de capacidades para consolidarem e reforçarem as suas potencialidades (Silva 2022,
7-8). O seu envolvimento deve, assim, partir de uma participação ativa e direta, com
envolvimento efetivo, de forma que os recursos sejam geridos de forma consciente.
Com o espaço rural fora da ótica produtiva de alimento, surge uma abordagem
diferente “em que a dimensão local configura uma escala apropriada para concretizar ações
integradas, […] flexíveis […] e participadas” (Carvalho 2010, 129) para o seu
desenvolvimento global, integrado e sustentável. Esta vertente de um Turismo Cultural,
centrado na identidade cultural dos lugares e nos seus patrimónios, permite, assim, uma
oferta diversificada e especializada, respondendo às exigências dos modelos de visitação
atuais.
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A crescente procura desta vertente turística cultural levou igualmente a uma
crescente preocupação em dar resposta com estratégias diversificadas e cada vez mais
próximas do visitante e das populações locais.
Este modelo de turismo, que esta dissertação defende e ensaia com uma proposta
de programa e arquitetura, apelidado por vários autores de Turismo Criativo, baseia-se na
valorização dos recursos locais e na participação ativa das comunidades. Desse modo,
proporciona a valorização cultural dos lugares, bem como o seu reconhecimento por parte
do visitante. Além disso, promove ainda um desenvolvimento turístico sustentável e
integrado. No fundo, este modelo de turismo promove uma aproximação ao quotidiano das
comunidades, ou seja, a partir da raiz identitária dos lugares, conferindo um valor pedagógico
às atividades que se desenvolvem durante as visitas. Assim, contrariamente ao turismo
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massificado e de simples observação, o turismo criativo privilegia a aprendizagem pela
experiência e contacto próximo ao contexto. (Carvalho 2017, 174)
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II. CONTEXTO
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Fig. 16. Mapa da região de Sicó com sinalização das principais vias rodoviárias, municípios e aldeias em
estudo
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Sicó: território de ação
O interior tem sofrido, em geral, com uma segregação que se tem vindo a acentuar
ao longo das últimas décadas em resultado do fenómeno da litoralização do país. Possui, no
entanto, áreas que, por características da sua paisagem cultural, pela sua proximidade a
núcleos urbanos polarizadores e a acessos principais, podem ver reforçado o seu
desenvolvimento. Este é o caso do maciço de Sicó, localizado na região centro de Portugal,
que apesar da sua proximidade ao litoral e a duas capitais de distrito, Coimbra a norte e
Leiria a sul, não conseguiu escapar ao processo de marginalização do mundo rural,
reconhecendo-se-lhe hoje com fraco dinamismo demográfico, económico, social e cultural.
(Cunha 2003, 3-5)
O maciço de Sicó interseta seis municípios que enfrentam hoje grandes adversidades,
sobretudo no combate ao esvaziamento populacional e à carência de serviços. Os municípios
em causa são Penela, Soure, Pombal, Condeixa-a-Nova, Alvaiázere e Ansião, e são parceiros
da Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó, um Grupo de Ação Local criado em
1995 que corresponde a uma evolução da ADsicó - Associação de Municípios da Serra de
Sicó, criada em 1988.
Os Grupos de Ação Local (GAL) são vários grupos formais associados à iniciativa LEADER e são encarregues
de delinear e implementar ações e estratégias e de gerir conscientemente os recursos disponíveis do território.
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" #
Fig. 17. Tabela com os números da população residente em Sicó nos anos 2001, 2011 e 2021, com base
nos dados do INE
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o ano de 2021, em que esse número diminuiu para cerca de 108500, o que resulta numa
perda de mais de dez mil habitantes.
Embora se verifique uma perda no total da população residente na região de Sicó, o município de Condeixa-
a-Nova, é o único, dos seis concelhos referidos, que não apresenta uma evolução demográfica negativa. Esta
tendência deve-se ao desenvolvimento no setor industrial e à proximidade à cidade de Coimbra.
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A Rede de Aldeias de Calcário
Consciente das fragilidades e desafios que a região enfrenta, foi fundada, em 1988, a
Associação de Municípios da Serra de Sicó (ADSicó), que evoluiria mais tarde, em 1995, para
a Terras de Sicó - Associação de Desenvolvimento, com novos objetivos e visando uma
intervenção mais diversificada no seu território de ação. Esta associação tem como principal
objetivo a promoção do desenvolvimento da região através de uma dinâmica de cooperação
municipal, com iniciativas próprias ou de apoio a outros projetos, assentes no
reconhecimento de recursos e valores locais comuns, como grandes motores de
crescimento e progresso.
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Património(s) de Sicó
A região de Sicó, apesar das fragilidades que tem enfrentado, tem atributos que
merecem ser reconhecidos como fatores importantes para o seu desenvolvimento . É um
território com um rico património natural e cultural, desde os fenómenos geomorfológicos
resultantes da sua formação cársica, aos vestígios arqueológicos deixados presença romana,
bem como a sua arquitetura vernacular.
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características singulares do Maciço e que tornam a sua biodiversidade rica, em particular o
Carvalho Cerquinho ou Carvalho Português que ocupa, na região de Sicó, a maior mancha
da Europa. (Seixas 2016, 67) Além desta espécie, estão também presentes outras com
elevada resistência aos declives vertiginosos e às particularidades climáticas da Serra de Sicó,
como é o caso do Sobreiro, da Oliveira e da Azinheira. A estas espécies, integradas no
Parque Ecológico de Algarinho (Penela) – Gramatinha (Ansião) – Ariques (Alvaiázere),
somam-se outras, mais vistosas nas primaveras, como as orquídeas selvagens e as rosas
albardeiras. A erva-de-Santa-Maria e o tomilho marcam igualmente presença em Sicó, com
a particularidade de contribuírem para as tradicionais receitas do Queijo Rabaçal.
No que respeita à fauna, importa destacar duas espécies com relevância no território,
sendo elas a Lampreia-de-Riacho, existente no rio Nabão, e a colónia de Morcegos-de-
Peluche, que é a maior colónia existente no país. (Seixas 2016, 67)
92
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1929 (Correia e Ruivo 2012-2013, 142), sendo consequentemente, musealizada e
funcionando hoje como um dos maiores espaços, a nível nacional, de estudo e investigação
sobre a civilização romana.
A Villa Romana do Rabaçal, datada do séc. IV d.C., está implantada no Vale do Rabaçal
e é uma obra arquitetónica notável da época, que resultou do refúgio dos íncolas às invasões
bárbaras, e é das mais belas e importantes encontradas até aos dias de hoje. A Villa de
Santiago de Guarda é igualmente um exemplo relevante, da qual não se tem a certeza da
data de edificação, mas que se crê que tenha tido origem noutras construções anteriores,
resultando num conjunto de edificado composto por diferentes processos de construção e
altimetrias. Esta Villa integra o Complexo Monumental de Santiago da Guarda que
testemunha várias épocas diferentes e que funciona atualmente como espaço museológico
e centro de investigação.
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Hoje em dia, todos estes bens do património cultural material, arquitetónico e
arqueológico cumprem propósitos distintos dos originais, destinando-se maioritariamente à
visitação turística e a estudos históricos.
Do património cultural material da região faz também parte um dos elementos mais
emblemáticos e característicos da paisagem cultural de Sicó: os muros de pedra seca (Figura
29). Eles são a materialização mais marcante na paisagem de Sicó de um bem cultural para
o qual a Terras de Sicó e as Câmaras Municipais parceiras se encontram a preparar o dossier
de candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Sob a
designação “Arte de Construção em Muros de Pedra Seca”, este trabalho concorre para se
juntar ao bem já inscrito, em 2018, na Lista Representativa de Património Cultural Imaterial
da Humanidade da UNESCO - Arte de muros de pedra seca, conhecimento e técnicas - em
resultado de uma candidatura em rede apresentada pela Croácia, Chipre, França, Grécia,
Itália, Eslovénia, Espanha e Suíça. É um dos elementos desta paisagem que reflete de forma
mais expressiva a apropriação do território pelo Homem, pois resultam da limpeza dos
campos para posterior ocupação, servindo para delimitar propriedades e guardar o gado.
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divulgação e desenvolvimento da região. O produto mais célebre e que tem sido fundamental
na construção da imagem de promoção de Sicó, é o Queijo Rabaçal. Este Queijo curado é
feito através do leite de ovelha e cabra, e temperado com produtos e ervas aromáticas da
região, nomeadamente a erva-de-Santa-Maria. Apesar da inevitável industrialização deste
produto, existem ainda neste território, nomeadamente na aldeia do Rabaçal, famílias que
produzem o queijo de forma artesanal, para consumo próprio ou vendas de pequena escala.
(Figura 30) Para além deste produto, existem outros menos divulgados, todavia igualmente
relevantes, como é o caso do Mel, o Vinho e o Azeite de Sicó.
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Arquitetura vernacular: O seu papel na construção da paisagem cultural de Sicó
Durante o séc. XX, sobretudo nas últimas décadas, foi notória uma falta de
consideração pelos valores representados pela arquitetura vernacular de onde resultaram
construções que nada se relacionam com o contexto dos espaços rurais. Grande parte
dessas construções são as chamadas “casa de emigrante” (Ferreira 2014, 111), construídas
durante a sua permanência no exterior ou aquando do seu regresso, mas essa falta de
sensibilidade perdura ainda hoje.
100
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medidas para a sua melhoria. Para a sua concretização, foi feito um levantamento rigoroso
de 80 construções, servindo como casos de estudo que permitiram detalhar várias
condicionantes e características das construções, a identificação de infraestruturas e de
anexos associados, as características socioeconómicas, e ainda a aparência dos espaços
exteriores e interiores das habitações.
Ora, esta visão de Raul Lino, conservadora e anti-modernista (Leal, 2009, 25) é
contrária à de outros posicionamentos da época, como de Fernando Távora e Francisco Keil
do Amaral, que defendiam a modernização da arquitetura portuguesa, através de uma
adaptação consciente ao existente. Estes dois arquitetos defenderam, em 1945, através de
um artigo intitulado “Uma Iniciativa Necessária”, a necessidade de um inquérito à arquitetura
popular portuguesa, de forma que, através da recolha exaustiva de informação nas várias
regiões do país, se conhecesse profundamente esta arquitetura.
Mais tarde, entre 1950 e 1970, sob a coordenação de Ernesto Veiga de Oliveira,
explorou-se um “olhar antropológico que valoriza o laço entre o modo de vida rural e a
casa” (Leal, 2009, 54). Este estudo permitiu um olhar atento aos sistemas construtivos
associados à arquitetura popular, com um levantamento rigoroso não só nos edifícios de
habitação, mas também em pequenos edifícios de apoio, como currais ou palheiros. Isto
permitiu uma recolha minuciosa de variadas técnicas e detalhes construtivos utilizados em
102
Fig. 34. Escadas em pedra calcária, Casmilo Fig. 35. Casa de Eira em ruína, Chanca
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diferentes tipologias e que levou, mais tarde, à publicação do livro Arquitetura Tradicional
Portuguesa (1992).
Ora, apesar de todos estes estudos realizados no séc. XX, que procuraram mapear
a arquitetura pelas várias zonas do país, há muito pouca informação sobre a arquitetura
vernacular da região de Sicó, que terá ficado à margem destes inventários. A iniciativa De
volta ao rural…, e as dissertações resultantes têm procurado, assim, contribuir para a reflexão
e valorização do património construído vernáculo de Sicó, com propostas que defendem
boas praticas de intervenção no existente, bem como a valorização das suas principais
características.
A arquitetura vernacular de Sicó constitui, assim, uma das suas principais forças, como
um relevante elemento caracterizador da sua paisagem cultural, e que pode contribuir para
a valorização deste território, bem como para o reforço da sua identidade e autoestima. Sicó
caracteriza-se pelas suas paisagens cársicas, distinguindo-se pela forte presença da pedra
calcária nas construções que, em conjunto com a madeira, constituem os principais materiais
utilizados. As construções deste território refletem, tal como é típico da arquitetura
vernacular, de forma expressiva a relação do Homem com o contexto, e o seu modo de
vida.
104
Fig.
37. Paço dos Jesuítas, Granja
105
terrenos agrícolas, contribuem significativamente para a construção desta paisagem
identitária da região.
As chaminés são um elemento comum e têm maior expressão nos edifícios mais
imponentes, como é o caso do edifício do Paço dos Jesuítas, na aldeia da Granja, que é uma
construção de destaque na aldeia pela sua dimensão e importância histórica. Neste edifício
também é possível encontrar outros elementos mais raros e ostentosos, como é o caso das
varandas, bem como soluções arquitetónicas dos vãos que são dignas de nota (Figura 37).
106
Fig. 39. Solução para recolha de águas pluviais em curral, Casmilo
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Um outro elemento característico da arquitetura vernacular de Sicó está associado
à escassez de água à superfície. Trata-se de sistemas de recolha de águas pluviais para
cisternas ou reservatórios, que funcionam normalmente a partir da criação de uma caleira
ou caminho para a água. Estas soluções foram indispensáveis para a sobrevivência das
comunidades locais e para a prática das atividades agrícola e pecuária, e aparecem, nas aldeias,
resolvidas de forma muito variada. Na aldeia do Casmilo, existe uma solução particularmente
interessante para a recolha das águas num pequeno curral. Esta solução passa pela criação
de uma pendente para a água formada a partir da própria parede de uma das suas fachadas,
com a colocação de telhas canudo para a formação de caleira, tal como se pode observar
na figura 39.
Das várias tipologias de edifícios de apoio existentes nas aldeias da RAC, destacam-
se as Casas de Eira, pequenas construções para o armazenamento e seca dos cereais e
leguminosas. São construções simples em alvenaria de pedra calcaria, normalmente com
cobertura de duas águas, com apenas um piso e com uma altura de pouco mais de três
metros. A alvenaria é, habitualmente, deixada a cru e, por isso, alguns detalhes revelam as
técnicas construtivas características desta arquitetura, tais como os cunhais e o
emolduramento das portas (Figura 42). É possível encontrar as Casas de Eira em todas as
aldeias da RAC, como elemento crucial na afirmação da sua identidade e paisagem cultural,
sendo que é na aldeia de Poios onde existem em maior número.
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Fig. 43. Solução de padieira em arco, Poios Fig. 44. Solução de padieiras triangulares, Chanca
Fig. 45. Solução de padieira quadrangular, Poios Fig. 46. Solução de padieira com lintel de
madeira, Rabaçal
Ora, como dito, os muros de pedra seca são um dos elementos mais presentes,
expressivos e caracterizadores da paisagem cultural de Sicó, integrando igualmente este
património. São extremamente importantes no entendimento da forma como o Homem se
relacionou com este contexto e se foi apropriando do espaço, no fundo uma herança
civilizacional desta região que, por isso mesmo, concorre atualmente à inscrição na Lista de
a Património Mundial da UNESCO. Os muros de pedra seca marcam presença em todas as
aldeias da RAC, mas existem em maior número e de forma mais expressiva na aldeia da
Chanca, onde ladeiam praticamente todas as suas ruas.
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Por isto, é necessário, mesmo que hoje as necessidades a responder sejam mais
complexas, um conhecimento sobre os valores e técnicas da arquitetura vernacular, de
forma que se possam articular com essas mesmas exigências atuais. Só assim, através de um
conhecimento, recuperação e adaptação de técnicas tradicionais, é possível contribuir para
a preservação deste património construído, impedindo que caia no esquecimento. Isto não
se aplica apenas nas intervenções de reabilitação, mas também na nova construção, sendo
necessário, para atingir a harmonia com contexto existente, criar sempre em aproximação
ao lugar e àquilo que lhe confere identidade.
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O Associativismo em meio rural
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O Associativismo em Sicó
A região de Sicó tem muito presente o espírito de associativismo, o que foi possível
constatar através das viagens exploratórias para o estudo das aldeias da RAC e do contacto
direto com as respetivas comunidades. Segundo Catarina Ribeiro (2022) este território conta
com mais de 300 associações distribuídas pelos seis municípios parceiros da RAC e com
diferentes vertentes de ação, nomeadamente de carácter recreativo, social, cultural ou
desportivo. Estas associações locais desenvolvem um importante trabalho de interação e
proximidade com as comunidades locais, dinamizando estes lugares contribuindo assim para
a atratividade. Algumas associações fazem também um importante trabalho nas áreas da
saúde e da segurança social, essencial sobretudo para as populações mais envelhecidas que
carecem de cuidados especiais, permitindo melhorias na sua qualidade de vida e bem-estar.
A partir do contacto direto com este território e a partir do diálogo com a população
residente e autarcas dos vários municípios, percebeu-se que se reconhece a importância
destas associações locais para o desenvolvimento dos lugares, sendo que algumas atividades
se realizam em cooperação ou apoio dos municípios. Ainda assim, em várias aldeias da RAC,
um dos problemas mais identificado pelos moradores foi a falta de espaços para a reunião
e convívio da comunidade, tal como cafés ou pequenas associações. A criação de espaços
que permitam o convívio entre os vários habitantes contribuiria de forma significativa para
inverter o sentimento de solidão, muito presente sobretudo na população mais idosa, e,
consequentemente, para o reforço do espírito de comunidade e da sua dinamização.
116
Fig. 50. Espaço de funcionamento da Companhia da Chanca Fig. 51. Casal morador da aldeia e
fundador da companhia da Chanca
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Na aldeia de Poios, a Associação Estrela Poiense (Figura 49) tem um impacto
significativo na imagem da aldeia, marcando a zona da entrada, e foi igualmente construída
aos fins-de-semana pelos moradores. Apesar da sua grande dimensão, as instalações desta
associação são visivelmente fracas, estando uma grande parte da construção inacabada. Ainda
assim, contornando esse problema, a Estrela Poiense e os moradores da aldeia organizam
algumas atividades como caminhadas, atividades gastronómicas e festas populares.
Além destas associações, merece ainda relevo a Companhia da Chanca, que embora
tenha uma natureza muito diferente, distinguindo-se por se dedicar, sobretudo, ao teatro,
tem desenvolvido um meritório trabalho de projeção da aldeia da Chanca para o exterior,
ajudando a mudar o destino destes territórios. (Luz 2020) Os espetáculos de teatro
realizados na aldeia têm contribuído para fomentar o convívio entre os vários moradores e
para reforçar o espírito de comunidade. Esta Companhia não dispõe de um espaço próprio
para o seu funcionamento, sendo que os ensaios e alguns dos espetáculos se realizam na
habitação dos responsáveis (Figura 50).
118
Fig. 52. Participação dos estudantes em atividades na aldeia da Ferraria de São João
119
A Ferraria de São João: uma aldeia ou uma associação?
Ora, este tipo de iniciativa, que parte do associativismo, permite recuperar e valorizar
tradições e saberes locais, potenciar e reforçar a economia e desenvolver a oferta turística.
A aldeia da Ferraria de São João é, assim, um exemplo de dinamização e revitalização
territorial, onde as valências do território – os saberes e a cultura local – são usados como
motores de desenvolvimento, bem como a inclusão da comunidade de forma ativa e
participativa.
Ambos os projetos foram criados pela Associação de Moradores. “Aldeia Viva” - iniciado em 2011, em
parceria com a Câmara Municipal de Penela, inserido no Plano de Animação das Aldeias do Xisto e usufruindo
do cofinanciamento da União Europeia através do programa PROVERE Aldeias do Xisto - é o projeto que
integra os Workshops de Queijo e Pão em forno a lenha. O projeto “Adoção de Sobreiros” surge como uma
resposta ativa aos grandes incêndios de 2017 e consiste na aquisição de sobreiros que depois são “adotados”,
permitindo que qualquer pessoa possa contribuir financeiramente para uma iniciativa de valorização e
salvaguarda desta espécie florestal.
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Em suma, o associativismo pode considerar-se como um importante motor do
desenvolvimento do meio rural, “quer cultural e recreativo, quer desportivo ou social, é
fundamental na “afirmação de identidades coletivas […] [e] no desenvolvimento e
capacitação das pessoas enquanto cidadãs” (Heleno 2019). Baseia-se naquilo que são os
recursos locais, permitindo a partilha de conhecimento e experiências, ou seja, contribuindo
para a valorização, preservação e revitalização destes territórios, precisamente o que esta
dissertação defende.
122
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III. PROPOSTA
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A presente proposta defende esta abordagem centrada na valorização da paisagem
cultural do maciço de Sicó e concretiza-se na aldeia da Chanca através de um Plano de Ação
e um projeto de capacitação da comunidade local, acreditando na importância da
consciencialização das pessoas sobre o valor dos patrimónios desta região para a sua própria
sustentabilidade. No fundo, defende-se que a aldeia da Chanca seja um ator da valorização
da paisagem cultural de Sicó e o projeto aqui defendido proporciona o suporte arquitetónico
necessário para esse efeito.
Esta visão, defendida por João Pereira (2022) na sua dissertação com base no
conceito “cidade-região”, procura uma diversificação de propostas em rede que, em
conjunto e de forma complementar, contribuam para o reforço da atratividade destas aldeias
para a fixação de novas atividades e pessoas. O território é tratado através de uma ótica
diferenciada, entendendo Sicó como cidade-região, isto é, como um sistema urbano
policêntrico para o qual se defende o reforço das relações interurbanas e rural-urbanas,
apostando no reconhecimento e valorização dos recursos e valores específicos de cada lugar,
enquanto fatores de desenvolvimento.
A este conjunto soma-se a aldeia de Rabaçal, do concelho de Penela, que embora não integre a RAC, foi
contemplada nos trabalhos dos Atelier de Projeto ID e IID nos anos letivos 2021/2022 e 2022/2023.
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Assim, a estratégia assenta em três pilares de configuração das aldeias da RAC como
Polos de Multifuncionalidade, Aglutinadores Sociais e Centros de Saber e Experiência. Estes
três pilares desdobram-se em eixos e objetivos estratégicos que visam a revitalização das
aldeias com um método de cooperação, isto é, procurando redes de relações funcionais
entre as aldeias e entre estas e o sistema urbano de que fazem parte.
O Equipamento de Apoio à Visitação (EAV) é um equipamento publico previsto no Plano Integrado de
Intervenção Rede de Aldeias de Calcário: 6 aldeias, 12 experiências. Tem como principais objetivos dinamizar
e criar um elemento conetor e identitário entre as várias aldeias da Rede, estando prevista a instalação de um
equipamento em cada uma. O EAV é uma pequena construção, com cerca de 9m2 de implantação, e servirá
informações gerais sobre o território, bem como um pequeno espaço de repouso.
130
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Para isso, o Plano prevê a introdução de novos programas: um deles dedicado à
peregrinação, justificado por a aldeia ser atravessa pela Rota Carmelita e pelo Caminho de
Santiago, outro dedicado à população idosa, um centro sénior designado Aldeia Lar no
âmbito do Plano de Ação.
Posto isto, as propostas do Plano são organizadas em dois grandes grupos de ações,
com diferentes propósitos: por um lado, uns que servem toda a comunidade, por outro,
programas com um público-alvo mais específico, neste caso, o peregrino e o caminhante, e
a terceira idade. Os dois projetos propostos (re)qualificam as duas principais entradas da
aldeia, a nascente e a poente.
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Ainda na aldeia de Ariques, o projeto Aldeia Lar visa uma melhor integração social
do idoso e a projeção de boas práticas para um envelhecimento ativo e saudável em Sicó. A
partir da reabilitação e construção nova de edifícios, este centro sénior, conta com um
programa não só de alojamento, mas também de espaços de lazer e restauração, sendo que
servem também toda a comunidade local.
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Fig. 61. Plano de Ação para a aldeia da Granja – “Granja: Coliving & Coworking”
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“Granja: Coliving & Coworking” é o título da estratégia desenvolvida pelos colegas
José Ferreira e Ana Neves para a aldeia da Granja, do concelho de Ansião. O respetivo Plano
de Ação tem como principal objetivo reverter um dos principais problemas do espaço rural:
o decréscimo demográfico, uma realidade que na aldeia da Granja se faz sentir de forma
intensa. Na tentativa de fazer face a esta tendência, procura-se reforçar a atratividade da
aldeia com dois projetos: um Centro de Coworking e uma Cooperativa de Habitação e
Produção Agrícola.
Como referido antes, o Plano de Ação para a Granja conta ainda com uma valência
dedicada ao peregrino, um Centro de Cuidados Médicos, que serve tanto o peregrino como
a comunidade local e de proximidade.
Embora a Granja seja uma pequena aldeia, o seu crescimento mais recente
prejudicou a qualidade e coerência do espaço construído. Por isso o Plano integra propostas
que visam a requalificação da rede viária e o reforço da sua coesão e integração no território.
Assim, de forma a tornar a aldeia mais unitária, prevê-se a criação de uma nova
urbanização que liga os dois núcleos de Granja, um mais antigo e originário, e outro de
construções mais recentes. Esta intervenção, associada ao projeto da Cooperativa de
Habitação, almeja, além do reforço da coesão da aldeia, a sua revitalização e o reforço da
sua atratividade.
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Deste modo, o Plano integra dois projetos estruturantes: um Polo de Turismo de
Base Comunitária e uma Comunidade de Aprendizagem. Em ambos os casos, pretende-se
que sejam criados impactos diretos na comunidade local através do seu envolvimento nas
atividades de cada um dos programas.
De todo o conjunto de aldeias da RAC, Poios é que possui o maior número de casas
de eira, denotando a importância que a agricultura terá tido ao longo da sua história. Desde
modo, através desta proposta, o Plano de Ação pretende valorizar o património construído
vernacular com um programa que procura a integração do visitante na atividade quotidiana
da aldeia, ou seja, com o modelo de turismo de experiência em que a própria comunidade
local é um dos seus principais atores.
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De facto, como se pode confirmar durante o trabalho de campo, existem famílias
que se mudaram propositadamente para esta região, para que os filhos frequentassem esta
Comunidade. Dentro deste mesmo tema e igualmente integrada na iniciativa De volta ao
rural..., foi já defendida uma dissertação, pela aluna Inês Bailão, onde se propõe uma
Comunidade de Aprendizagem na aldeia do Casmilo, que questiona igualmente o ensino
tradicional e o papel da escola no rural.
O Laboratório do Património corresponde ao projeto desenvolvido por Inês Gouveia no ano letivo
2020/2021, no âmbito da iniciativa De volta ao rural ou como reforçar a coesão da cidade regional? Porém, o
colega Marcelo Cancela considerou que se deveria manter enquanto proposta do presente Plano de Ação.
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um estilo de turismo mais saudável e interativo, reforçando as relações com as aldeias mais
próximas.
“Rabaçal Resiliente” é uma estratégia proposta pelos colegas Alexandre Pinto e Diana
Cunha para esta aldeia de Penela e assenta em três vetores temáticos de ação: História,
Economia e Social. O principal objetivo de Plano de Ação, como o título da estratégia
permite adivinhar, é a criação de soluções para diminuir a sua vulnerabilidade e os fatores
que vêm fragilizando os territórios de baixa densidade referidos na primeira parte desta
dissertação. Assim, o Plano organiza um conjunto de propostas de desenvolvimento do
Rabaçal que assentam, precisamente, em duas das suas principais forças: o sítio arqueológico
da Villa Romana e o Queijo Rabaçal.
Deste modo, para o vetor de ação “História”, o Plano propõe uma intervenção na
zona norte da aldeia, incidindo a continuidade dos trabalhos encetados pela Câmara
Municipal de Penela para a criação de um Complexo Arqueológico da Villa Romana do
Rabaçal, propondo a integração de um Laboratório de Investigação com uma valência de
armazenamento de achados, dedicado a toda a região centro.
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O espaço público da aldeia caracteriza-se, além dos arruamentos, por um pequeno
largo em frente à capela, no qual está implantado um pequeno parque infantil, embora
degradado por inutilização, dada a falta de crianças em Chanca. Além disso, junto à entrada
sul da aldeia, existe uma pequena construção que serve de palco aquando das festividades
locais.
Apesar das fragilidades, Chanca é uma das aldeias da RAC que reflete de forma mais
expressiva os valores da Paisagem Cultural da região de Sicó, nomeadamente o património
construído vernacular onde a pedra calcária assume um papel determinante na imagem
global da aldeia.
Do património que caracteriza Sicó, os muros de pedra seca são o elemento mais
emblemático e caracterizante das suas paisagens, com particular incidência na aldeia da
Chanca, onde existem em maior número e mais bem preservados. Na aldeia, os muros
ladeiam maioria das suas vias, reforçando a sua imagem identitária e da RAC, tendo
igualmente um peso significativo no entendimento da história destes lugares, pois é possível
perceber, de forma mais clara, a apropriação dos terrenos pelo Homem.
150
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onde o visitante se pode preparar para a experiência da produção do queijo, e é também
nele onde estão as câmaras de cura e conservação, e uma pequena zona de embalamento
e armazenamento.
A entrada principal da Oficina tem, ela própria, um carácter excecional, pelo aparente
“deslocamento” da estrutura de betão em relação ao restante edifício, que cria um espaço
exterior coberto e que se distingue do resto do edifício pela sua materialidade. Este espaço
é delimitado com uma estrutura e revestimento em madeira, integrando a porta rilhada,
parecendo um “esqueleto” do edifício. A escolha da madeira como revestimento permite
que este espaço tenha uma expressão distinta, mas provoca uma afinidade entre técnicas
construtivas distintas, dado a cofragem do betão ser feita com um réguas.
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construído vernáculo, como dos saber-fazer associados ao queijo que começam na pastagem
dos animais.
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do processo de candidatura da Arte de Construção em Muros de Pedra Seca a Património
Cultural Imaterial da Humanidade.
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Considerações finais
As estratégias que há muito têm vindo a ser adotadas para o desenvolvimento destes
territórios, baseadas na maioria das vezes em modelos de turismo de visitação e resultantes
de medidas de política de cariz top-down, têm contribuído muito pouco para a sua
revitalização. Por isto, esta dissertação defende um modelo de turismo diferente baseado
nos recursos de cada lugar e na participação ativa da comunidade local, uma abordagem de
cariz bottom-up que se faz a partir de um método de cooperação e partilha de saberes e
tradições entre os vários agentes do território. Um turismo que não é apenas turismo, ou
seja, que não se define pela simples e rápida visitação, sem uma experiência imersiva no local
e com o local.
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Esta dissertação alerta, assim, para a importância e urgência da adoção de políticas
territoriais baseadas numa nova governança que questione as abordagens adotadas até agora
e que considere as especificidades e necessidades de cada lugar. Só assim é possível gerir
conscientemente os recursos locais e contribuir para a inversão das assimetrias territoriais.
A definição dos programas propostos foi feita em diálogo com as camaras municipais
e os moradores das várias aldeias. Esta interação permanente permitiu uma intervenção
integrada, respondendo, assim, às necessidades especificas de cada lugar e das suas
comunidades, bem como contribuindo para a revitalização deste território.
Ora, este trabalho admite que solução para o problema que esta dissertação trata
não se resolve plenamente com a proposta defendida. Isto é, apesar de se responder aos
objetivos propostos, reconhece-se que a solução para o problema em causa, que é plural e
complexo, deve ser ela também plural. Por isso, os contributos para a sua concretização
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resultarão de trabalho em cooperação com outras iniciativas que se dediquem a outros
vetores de ação, tal como proposto na estratégia Aldeias de Calcário: Polos de
Multifuncionalidade, Agregadores Sociais, Centros de Saber e Experiência.
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Bibliografia
190
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Índice de Figuras
Fig. 2. Visitas de estudo às aldeias – Granja, Poios e Casmilo. Setembro/outubro 2021. Alunos
de Atelier de Projeto D.
Fig. 7. Mapas de densidade populacional em Portugal. PNCT (Plano Nacional para a Coesão
Territorial) – O Interior em números. INE (Instituto Nacional de Estatística).
Fig. 11. Logótipo da Rede das Aldeias Históricas de Portugal. Disponível em:
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Fig. 12. Aldeia da Ferraria de São João, Penela. 2022. Ana Pereira
Fig. 15. Localização da região de Sicó em território nacional. 2023. Ana Pereira.
Fig. 16. Mapa da região de Sicó com sinalização das principais vias rodoviárias, municípios e
aldeias em estudo. 2023. Ana Pereira.
Fig. 17. Tabela com os números da população residente em Sicó nos anos 2001, 2011 e
2021, com base nos dados do INE. 2023. Ana Pereira.
Fig. 18. Buracas do Casmilo. 2021. Ana Pereira.
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Fig. 21. Campo de Lapiás, Casmilo. Disponível em: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-
portugal/artigos/a-morfologia-das-rochas-e-inesquecivel-descubra-o-incrivel-vale-das-
buracas#&gid=1&pid=47
Fig. 25. Mapa do património arquitetónico e arqueológico de Sicó. 2023. Ana Pereira
Fig. 30. Placa de venda de queijo de fabrico caseiro, Rabaçal. 2021. Adelino Gonçalves.
Fig. 37. Paço dos Jesuítas, Granja. 2021. Alunos de Atelier de Projeto D.
Fig. 40. Solução de beirado em pedra calcária em curral, Chanca. 2021. Adelino Gonçalves.
Fig. 43. Solução de padieira em arco, Poios. 2021. Alunos de Atelier de Projeto D.
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Fig. 45. Solução de padieira quadrangular, Poios. 2021. Alunos de Atelier de Projeto D.
Fig. 46. Solução de padieira com lintel de madeira, Rabaçal. 2021. Adelino Gonçalves.
Fig. 47. Intervenções pouco sensíveis ao contexto, Casmilo e Poios. 2021. Alunos de Atelier
de Projeto D.
Fig. 48. Centro Recreativo Cultural e Desportivo (CRCD) do Casmilo. 2022. Catarina
Ribeiro. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/104777
Fig. 51. Casal morador da aldeia e fundador da Companhia da Chanca. Disponível em:
https://www.dn.pt/pais/dar-vida-ao-interior-o-papel-principal-de-dois-atores-13083374.html
Fig. 52. Participação dos estudantes em atividades na aldeia da Ferraria de São João. 2020.
Alunos de Atelier de Projeto C.
Fig. 53. Espaço de workshops e forno comunitário, Ferraria de São João. 2022. Ana Pereira.
Fig. 56. Equipamento de apoio à visitação (EAV), Ariques. 2021. Alunos de Atelier de Projeto
D.
Fig. 57. Plano de Ação para a aldeia de Ariques – “Ariques Integra”. 2023. Joana Ramos e
Giulia Campos.
Fig. 59. Plano de Ação para a aldeia do Casmilo – “Passar e Morar”. 2023. André Correia e
Matthias Voulouzan.
Fig. 60. Idem.
Fig. 61. Plano de Ação para a aldeia da Granja – “Granja: Coliving & Coworking”. 2023. José
Ferreira e Ana Neves.
Fig. 62. Plano de Ação para a aldeia de Poios – “Poios no Mundo”. 2023. Andreia Guimarães
e Bárbara Rocha.
Fig. 64. Plano de Ação para a aldeia de Pombalinho. 2023. Marcelo Cancela.
206
207
Fig. 65. Plano de Ação para a aldeia do Rabaçal – “Rabaçal Resiliente”. 2023. Diana Cunha e
Alexandre Pinto.
Fig. 67. Localização da aldeia da Chanca no território de Sicó. 2023. Ana Pereira.
Fig. 68. Vista do miradouro de Chanca para o Vale do Rabaçal. 2023. Ana Pereira.
Fig. 69. Análise da hierarquia viária e do valor arquitetónico, Chanca. 2023. Ana Pereira.
Fig. 72. Análise do estado de conservação do edificado, Chanca. 2023. Ana Pereira.
Fig. 73. Análise dos usos e funções do edificado, Chanca. 2023. Ana Pereira
Fig. 77. Reflexos de uma paisagem de pedra, Chanca. 2021. Ana Pereira.
Fig. 79. Plano de Ação para Chanca. 2023. Ana Pereira, Gonçalo Pereira e Florentin Rocher.
Fig. 80. Plano de Ação para Chanca. 2023. Ana Pereira, Gonçalo Pereira e Florentin Rocher.
Fig. 81. Esquema da proposta de redefinição dos sentidos de circulação, Chanca. 2023. Ana
Pereira.
Fig. 82. Esquemas da proposta de repavimentação das vias, Chanca. 2023. Ana Pereira
Fig. 83. Proposta para o novo perfil de rua. 2023. Ana Pereira e Gonçalo Pereira.
Fig. 86. Corte esquemático da proposta para o novo palco. 2023. Ana Pereira e Gonçalo
Pereira.
Fig. 87. Planta e perfil de intervenção no Núcleo de Espaço Público (NEP) da aldeia. 2023.
Ana Pereira e Gonçalo Pereira.
Fig. 88. Planta e perfil de intervenção. Escala 1:500. 2023. Ana Pereira.
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209
Fig. 91. Idem.
Fig. 92. Plantas e cortes – Vermelhos e amarelos: Centro Comunitário. Escala 1:200. 2023.
Ana Pereira.
Fig. 93. Plantas Centro Comunitário. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 94. Perfis Centro Comunitário. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 95. Fotomontagem Sala da Comunidade. 2023. Ana Pereira.
Fig. 96. Fotomontagem Espaço Exterior da Sala da Comunidade. 2023. Ana Pereira.
Fig. 97. Perfil Construtivo: Centro Comunitário. Escala 1:50. 2023. Ana Pereira.
Fig. 101. Plantas e cortes – Vermelhos e amarelos: Loja. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 102. Plantas Loja. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 105. Referências arquitetónicas. a) João Mendes Ribeiro, Herdade Torre de Palma
https://www.archdaily.com.br/br/757231/intervencao-na-herdade-de-torre-de-palma-joao-
mendes-ribeiro, b) João Mendes Ribeiro, Centro de Artes Contemporâneas
https://www.archdaily.com.br/br/762180/arquipelago-centro-de-artes-contemporaneas-
menos-e-mais-arquitectos-plus-joao-mendes-ribeiro-arquitecto, c) LADO, Casa RR
https://www.archdaily.com.br/br/935575/casa-rr-lado-arquitectura-e
design?ad_medium=gallery, e) DEPA, Casa do Rosário
https://www.archdaily.com.br/br/795392/casa-do-rosario-depa-plus-margarida-leitao
Fig. 106. Perfil Construtivo: Loja. Escala 1:50. 2023. Ana Pereira.
Fig. 107. Planta Oficina do Queijo Rabaçal. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 108. Perfis Oficina do Queijo Rabaçal. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
210
211
Fig. 113. Referências arquitetónicas. a) João Mendes Ribeiro, Casa Fonte Boa
https://www.archdaily.com.br/br/778793/casa-fonte-boa-joao-mendes-ribeiro, b) João
Mendes Ribeiro, Casa na Chamusca da Beira https://www.archdaily.com.br/br/788553/casa-
na-chamusca-da-beira-joao-mendes-ribeiro, c) Baukooperative, Jardim de Infância Ramsau
https://www.archdaily.com.br/br/962467/jardim-de-infancia-ramsau-baukooperative, d)Lúcio
Rosato, La Casa Tra Le Case https://divisare.com/projects/297170-luciorosato-iacopo-
pasqui-la-casa-tra-le-case , e) Etar Arkitekter, Casa em Gotland https://etat.se/House-on-
Gotland
Fig. 114. Planta Curral. Escala 1:200. 2023. Ana Pereira.
Fig. 116. Perfil Construtivo: Curral. Escala 1:50. 2023. Ana Pereira.
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Anexos
Programa da iniciativa De volta ao rural ou como reforçar a coesão da cidade regional?
Fotografias de Maquetes
Desenhos
Painéis
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Sumário de desenhos e painéis
Centro Comunitário
QL01. Planta do piso térreo: Oficina do Queijo Rabaçal e Loja de Produtos Locais | Escala
1:200.
4. Loja de Produtos Locais e Oficina do Queijo Rabaçal: Painel Síntese | Escala 1:200
Curral