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Ano 1! - No. 12. - Belém, Pará, maio de 1980

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dos poruma das máquinas: da empresa. .
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Esta é apenas uma das muitas tragédias que a CATA vinha escondendo.

MACAPÁ ,
O terror dos anos Médici
IRepressão engasga,
mulheres e sufoca
oposição
Escândalo
- 65 bilhões
Foi quanto a ditadura
gastou em armas,
só no ano passado! Pág. 15
K 4 a * s A

PÁGINAS AAA así440)! gRDFANBSB VB.ONC.AAA, MªisI2GanCOA,GL


S ÉBSENCIA

r To . Encontro estadual de trabalhadores

Forçando a abertura de F igueiredo u...


Desde "obrasileiros
trabalhadores golpe «militar de 1964,oca-os
vêm forçando entre Os trabalhadores da cidade e do campo DIVERGÉNCIAS fendeu uma linha de faciocínio de tipo key-

minho em direção à democracia. De todos


em oposição à estrutura sindical como ques- nesiano, incluindo aí a proposta de que os

osguesia,
regimes políticos sob o-domínio damelhor
bur- : Oposição
tão preliminar têm como referência princi- No Encontro, continuaram as diferen- trabalhadores lutem pelo estabelecimento

a democracia formal é o que pai a situação criada em SãoPaulo, onde a ças de posição entre as Oposições Sindicais e de prêmios pela produção, como forma

atende aos interesses dos operários e dos tra- Sindical Metalúrgica tem sido rou- a Unidade Sindical. As áreas de campo que já ideal de se obter um salário justo. Os trá-

balhadores em geral, pois é nesse regime queos Joaquim bada em eleições pelo pelego e dedo-duro vêm trabalhando as bases no sentido de se balhadores entenderam que agir assim é

melhor poderão ser expostos e discutidos Andrade, enquanto a Unidade Sin- exigir uma Reforma Agrária Radical! e Ime- submeter sua luta aos interesses da burgue-

. oprojetos de umaPornovaisso,sociedade, superando dica! tem o dito Joaquim como um de seus diata, levaram essa posição para 0 Encontro: sia, e rejeitaram a proposta.

capitalismo. quando o general expoentes, reunindo-se no Sindicato dos A corrente que se vincula à proposta da Uni-

presidente da República anunciou sua dispo- Metalúrgicos de São Paulo. dade Sindical! defendeu a posição de se lutar DEMOCRACIA

sição de àrealizar umacom abertura política, sem


apenas por uma vaga "Reforma Agrária",

censura imprensa, liberdade de orga- TRAIÇÃO sem especificar para quando, e se deve ou Nas resoluções finais, foi derrotada a

nização, ninguém
de expressão, de manifestação eaosde
não ser radical. Outro ponto de atrito: en- proposta da criação entre nós da Unidade

debate, acreditou muito, mas Quem assistiu o filme "Braços Cruza- quanto a maioria de posicionava contra :o Sindical. Várias bandeiras de luta foram

poucos os diferentes segmentos da socieda- dos, Máquinas Paradas", deve ter percebido Imposto Sindical, pelo que ele representa no aprovadas, posicionando-se o trabalhador pa-

desa estória
vão testando o que há de verdadeiro nes- a sistemática traição do pelego à massa atrelamento dos sindicatos ao Ministério do raense contra O arrocho salarial, a estrutura

e o que é apenas propaganda da grevista daquele Estado e o roubo descarado Trabalho, os varejistas da carne verdê que- sindical! e a ditadura. Pela Reforma Agrária,
riam a manutenção desse imposto e criação
ditadura. das últimas eleições sindicais, em total des- Reforma Urbana, por melhores condições de
de uma taxa suplementar obrigatória para
A decisão de realizar em Belém, nos respeito aos operários votantes. Aqui mesmo vida e trabalho, pela convocação de uma
todas as categorias de trabalhadores autôno-
dias 4,.5 e 6 de abril, em o 10.Oposição
Encontroà Estru- Esta- como fazer unidade com o fazendeiro Al- damos,20a porser cento
no Pará, argumentava o pessoal do campo, Assembléia Constituinte Nacional, Livre, De-
cobrada pela Prefeitura e destina- mocrática e Soberana. Por liberdades demo-
dua!
tura de Trabalhadores
Sindical, em preparação a umfatoencontro beroni Lobato, ironicamente presidente da à prória Prefeitura e 80 por- cráticas, pela participação da mulher nas lu-

nacional do mesmo teor, é um muito Federação dos Trabalhadores na Agricultura cento ao sindicato da categoria. tas sindicais, por libertadade e autonomia

importante, especialmente por dois motivos: (FETAGRI)? Os trabalhos decorreram através sindical, contra toda forma de violência aos

a)1964;é ob)primeiro encontro nesseEstado


tipoadesde
de comissões e plenárias, sendo parte dessas trabalhadores e apoio às suas Jutas de resis-

o Pará foi o primeiro fazer


Por serem minoria, por -não terem con- dedicada às discussões e parte a conferên- tência.
cias. José Ibrahin (ex-metalúrgico de Osasco)
seu encontro estadual.
ou emDepreparação.
lá para cá, outros preparatórias,
seguido argumentar adequadamente, ou por -
não estarem presentes na últimas reuniões Wagner Benevides e Pedro Sampaio (petro- Apesar de certos equívocos, como a
estão se realizando a proposta dos representantes
do campo perdeu na votação, tendo sido
leitos), "Olívio Dutra (bancário de Porto Ale-
gre), Heraldo (Fetag-RJ), César (Dieese),
não aprovação da participação do menor nas
lutas sindicais, o Encontro chegou a resulta-
PELEGOS X AUTÉNTICOS vencedora a posição da Unidade Sindical. O Roberto Santos
conferencistas.
(NAEA), foram alguns dos dos importantes no sentido de unificar as
lutas dos trabalhadores a nível nacional e di-
Qual a amplitude de um encontro de-
próprio cartaz de divulgação saiu com o
recioná-las contra as leis fascistas que subme-
ses? Quem deve ser convidado? Aisso.Comissão
texto "I! Encontro Estadual dos Trabalhado-
tem o trabalhador ao Estado burguês. Reco-
preparadora se dividiu quanto a Os re-
res - Pela Unidade Sindical "embora even-
"CRÍTICAS mendações foram aprovadas para que se au-
presentantes do campo achavam que só de-
tualmente tenha aparecidoem algum texto
preparatório "10. Encontro Estadual de Tra- mente a articulação entre as lutas sindicais e
viam
osoponham ser convidadas
sindicalistas as
autênticos, oposições
que sindicais
realmente e
se
balhadores em Oposição à Estrutura Sindi- Os oradores foram muito aplaudidos.
Várias de suas posições, porém, foram refu-
o movimento 'popular da cidade e do campo,
constituição de fundos de greve, apoio à or-
à estrutura sindicaldo vigente e seuOs
1a.
tadas. e .«recusadas pelos trabalhadores. O ganização de novas entidades sindicais de
atrelamento
representantes ao daMinistério
cidade de Trabalho.
inclinaram por
REPRESSÃO professor Roberto Santos, por exemplo, de- oposição, etc. Além disso, ficou recomenda- .
da a participação em acontecimentos comoo
outro
tas, caminho:
inclusive osconvidar todos
reconhecidamente os sindicalis-
pelegos, . Convites foram expedidos, contatos
10. de Maio Unificado e o 25 de julho.

agentes da burguesia e tra: dos traba-


Aprovou-se, ainda, uma mensagem da
pessoais feitos, para todos os sindicalistas, Aí Associação Profissional dos Médicos, de cará-
lhadores. Argumentavam
nir todos os Unidade sindicalistas que devemos
em ume, nesse
organismo reu- começou a traição. Os Srs. Alberoni Lobato
(FETAGRI) e Carlos Levy (Sindicato dos
ter regionalista, reclamando o escoamento
do minério de carajás pelo Pará. Foram, ain- ©
denominado
nismo, desmascarar Sindical
os pelegos orga-
e traidores.queOs sença
Bancários), que já haviam garantido sua pre-
ao Encontro, às vésperas do mesmo
da, tiradas moções de apoio aos metalúrgicos
de São Paulo, à Oposição Sindical e aos la-
representantes do campo argumentavam lançam notas pagas nos jornais proibindo os
não são contra desmascarar os pelegos trabalhadores de suas respectivas categorias
vradores de Conceição do Araguaia, contra
o massacre de peões em . Tucuruí pela Ca-
Trtro de um encontro de sindicalistas, mas de comparecerem. O fazendeiro Alberoni margo Corrêa e Polícia Militar. .
que achavam necessário primeiramente for- desmascarou, inclusive, sua cond.ção de Nessa última moção, um: trecho que
mar um polo forte de opositores à estrutura agnte da polícia no meio dos trabalhadores, representa o espírito combativo do Encon-
sindical! para depois partir para o confronto ao dizer que já tinha avisado as autoridades tro, contra a conciliação e pelo combate sem
com os pelegos. para reprimir o Encontro. : tréguas dos trabalhadores às leis e atitudes
fascistas da burguesia: "Louvamos a atitude
As duas posições argumentavam em Mas os trabalhadores, quando querem combativa dos operários de Tucuruf que sou-
termos do avanço do movimento popular, se reunir não pedem licença à burguesia nem beram responder à altura da violência da Ca-
mas eram nitidamente diferentes, opóstas aos pelegos e traidores. E o Encontro se fez. margo Corrêa e seus apamguados É na luta
mesmo. A proposta da Unidade Sindical é Foram menos de 100 trabalhadores, contudo que se adquire a experiência. O futuro per-
um reflexo de experiências semelhantes no de boa qualidade: sindicalistas autênticos, tence à classe operária, aos camponeses, aos
Rio de Janeiro e São Paulo. Do outro lado, oposições sindicais, associações profissionais trabalhadores. Não importa a dificuldade ;
os defensores da criação de maior unidade contrários à ideologia da ditadura. Os trabalhadores noGUIdO del Toro será sua a vitória final"".
*

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em nome do JORNAL RESISTENCIA - SOCIEDADE PARENSE DE DE-
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Repórteres;
Rafael Lima
Walteir Costa
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Arte: Anita Fontelles Baixo! . : .. . .. ... 2. . a a e a Cldade- ............... Estado!... ....
Lucídio Oliveira Monteiro CEB...
Impresso «em Mitograph. Editora Ltda.
Av. 16 de Novembro, 129 Se não quiser recortar o cupon, escreva todos Os dados em carta à
Belém -Pará parte.
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PPAGINA 3a

O QUARTEL DA MISÉRIA
Rafael Lima k
to el a é 3

trabalho na fábrica não pá-


ra durante cada 24 horas

cri veloce mero


os mais de 1.500 operá-
rios da CATA não podem
parar de produzir. Explorados por um
salário de fome, sob as mais inseguras

TeLea
condições, vigiados pela repressão in-
terna, os trabalhadores têm dado
suor e sangue para aumentar os já imen-
sos lucros da empresa que, entre outras
coisas, desrespeita vergonhosa e impune-
mente os mais primários direitos tra-
balhistas.
Os atuais e antigos operá-
rios da CAT A tem muitas histórias
trágicas para contar. Quem não comen-
ta, na Estrada Nova, principalmente
nos arredores da fábrica, a morte violen- | Hill nt pia /
tíssima do (operário Lourival , seu cor-)
inteiro ("só não passou a cabeça" . - e
sªturado por uma «pugquina? E o ga- a a a N — LUCIDIO
roto José do Nascimento e Silva, talu- :
do e forte nos seus 14 anos, com qua- A
tro dedos da mão esquerda decepa-
dos? São muitos os mortos, aleijados,
Para ajudar a família pobre, 0 garoto operário havia morrido. Vários trabalhado-
lºucº? e.dºentes no rastro da e)_(plora- José do Nascimento Silva Rosário, de 14 res da CATA acreditam que haja um- acordo LOUCURA
cao criminosa da enpresa, que ainda ânos, entrou para a CATA em junho do entre a empresa e os irmãos médicos, no A questão da rapidez e do perigo
assim é conSlderada ""uma das melho- ano pªssªdº, como ajudante de mecânico. sentido de que a clínica encubra OS Casos das máquinas da empresa é uma constante
res" do setor "artefatos de tecidos", No último dia 13 de fevereiro a máquina mais sérios, e já levam alguns copo dona Áurea Balieiro
a quarta do Brasil. "Suzy", da tecelagem (38 voltas por minuto, É PeJr'eira às raiªs da lªcura Com seis entra-
Não se pode entrar na fá-
- U "Aquir é como se fosse um quar ªrgilª?) dedfstrãgªàãgugªãªrda,
dgº'flfªgºu'lím das no Hospital
195 l Juliano ioMoreira e uma naP
brica. va apoitando. a comento, Émto com aastro
esta- TRITURADO
» Casa Transitória, ela, hoje, não tem a mí-
. tel", explicou ao "Resistência" o sub- nima condição de voltar a trabalhar e sua
mecânico de segunda que já tem
diretor Américo, e já não era mais a anos de firma", conta José. "Com a mão doença mental chegou a alcançar por diver-
primeira tentativa que faziamos para Outro caso mais escabroso é contado sas vêzes proporções bem gravés, A muito
direita segurava a chave e com a esquerda
ouvir os donos da fábrica, fazer- a cOrente, a um palmo da catraca. De re- íla _ponáa (ªa _h'nglàa ªorqugseNtoda a popu-.! custo e ajudada pelcí1 marido, Mlanoel, foi
lhes perguntas, checar informações pente o segundo mecânico passou para o ação «do bairro "da Estra a Nova, 'eptre a que contou como c egou a enlouquecer,
nei 1 204 ) qual muitos antigos e atuais Operários da Moradora, na Vila Santos no. 26,
e denúncias. O autor desta reporta- outro lado, ligou a máquina, e a minha O f há o à F CATA di
Som Ráfas! Lima, depois de várias mão Toi, pousada pia baixo da catraca: Fu empresa. O fato ocorreu quase 10 anos, ona Aurea entrou para a "A no dia

&
e insistentes idaà'e
S vindas. - acabou
cal ." gritei, era tarde,
nãojá devo
presa emas Minha
para tirar. mão
pois já estava
aduiguina eque "hoje existem
"até parecia pessoas
um eterno silêncio sobre pelo
Amdlgnadas ele. 2.8/ 09/7 7, como operadora de Maquina bo-
binadeira, enrolando fio de nailon e fibra
sendotiteralmente expulso do setor não volta", s "Nem os jornais da época contaram nada, de vidro em carretéis-bobinas. (O processo
de administração. A mesma coisa os donos abafaram tudo", comenta-se. "Tu- se dá da seguinte maneira: uma espécie de
Os "gritos desesperados de José cha- do"
à i É inte: ári i - disco co eixo. no centro, fica girando
aconteceu quando um dos d'fªº'ies maram o gerente geral da fábrica, Francisco, nh .ª o seguinte: (,),P0perar'1q,L0unvails,Pcp ra IM “mb É tr; velocírdâde' ag anperá-
descobriu outro repórter a entrevistar * - o chefe de turma, Otávio. "Todo mundo io
Operários na porta da empresa (muito viu logo que só dava pra tirar a mão se sandu"" fobia eamerdas
foi trªgaqo por uma das avoimensasnadaee amara
ria pára osáisou
(l) discocom
cor;): Ema das as [maosàicpm
nãos, co a
bem guardada, aliás, como num quar- quebrasse a corrente da máquina. Mas como | 523152535 máquinas de tªlturard que a gªt? Goloca Kêniª %ámª Vazia € 1 Ugª. R
tel, por vários guardas de segurança o gerente não. falou .nada, todo- mundo. fi- deu corpo do1 todo mol ol pard Tara novamente o dias
be, 1 cou calado. AÍ eu não aguentei maise falei do. "Foi a coisa mais horrível que eu já vi", "Co, retira a bobina cheia, e assim fica repe-
im armados). Outras tentativas foram 10a mecânico: * ã oriente que. dá relembra um antigo funcionário. "Só a ca- tindo a operação durante todo o expediente,
feitas. Chegamos a concordar com o P 26 1: A € q beça não foi moída, porque não pássou". Isso é feito em fração de segundos). Pois
sub-diretor Américo (conforme sua Plê sªl;; Queordrarlràa “gºmª“? e o seu Fran- bem: dona Áurea trabalhava, mas não
própria metáfora, um simples cumpri- gªins lªilª tªísgguªn? “Tãfmsãgagªãã' aguentava o ritmo. Sofria constantes des-
9a isa" Z jos e fortes dores de cabeça, a ponto de
dor das ordens dos Generais ) em , ela ainda ficou procurando pelo chão as | ”fla h f t 5% tp dent
entregar perguntas por escrito. Nenhu- ecas da corrente, pra emendar". Pe chegar a chorar frequentemente dentro
ma resposta. A CATA, entre outras Rao £ PIA SU E] da fábrica. Queixava-se aos médicos da em-
A mão de José ficou presa por mais presa, (na época, Rezende e Paulo) e estes
coisas,tªmbélg' sºçegª 'nfºrg'ªçºes de dez minutos. "Senti muita dor, mas ª apenzís lhe diziam que era uma simples dor
ao fez muita diferen- aguentei como homem", se orgulha. De lá de cabeça. Davam-lhe "Vallium 5" (medica-
5a, rºglsu'º'se. pois os operários não ele foi levadoaté a Clínica dos Acidentados, mento bastante forte, que serve como tran-
tem o que esconder. Preocupam-se, dos irmãos Maradei (que tem exclusividade quilizante e soniífero), para- que ela pudes-
muito justamente, em resguardar
e A p
ara receber os mutilados e doentes da em- se dormir, e assim voltar "descansada" pa-
P
seus nomes e cargos, mas são pródi. presa), onde o que sobrou dos quatro de- ra mais uma noite de trabalho. Nessa 'épo-

s nas denúncias quanto à o pressão dos foi àápenas costurado, e da forma mais ca, dona Aurea trabalhava no turno da noi-
go a P 2
I i é P
e exploração a que estão submetidos. grotesca possível. Durante -o tratamento a te, que vai das 22 até as seis horas do outro

Relembram com detalhes histórias CATA lhe prometeu que uma Kombi o dia, direto, com apenas uma pausa de 15
transportaria para todos os curativos neces- minutos para merenda. Nesse ritmo, ela
de sofrimento, É a resposta que têm no
sários, José só conseguiu o carro uma única sofreu a terceira crise, e teve que ser inter-
momento, quando ainda é fraco e ex-
vez, a muito custo, depois de ter .perambula- nada no Hospital "Juliano Moreira", já com

pontâneo nivel de organização.


o seu
do por mais de cinco horas pelos escritó- o caso © bastante "agravado. Nas. primeiras

Do ponto de vista da em- rios: da: empresa. Sem normalmente: pagar vezes, os médicos do hospital: disseram
presa (ou do quarte!? ) também conse- transporte para o trabalho, pois mora que ela poderia se recuperar, caso não
guimos informações concretas e subs- bem em frente à fábrica (passagem Santa Fé, 'se agitasse muito. Mas aíf,foi quando entrou
tanciais, que mostram aos operários 28), José se «queixa que as idas e vindas para a CATA e as crises foram mais frequen-
como a sua produção (e somente a sua à clínica foram uma despesa muito pesada tes e mais fortes. Sente: tremor, vontade de
a para ,o já minguado salário que recebe, correr, muda de fisionomia e não sente
B”,-m:)áoª :::nfaerrçnaagseritggªªºpàtem 2.600 cruzeiros (agora reduzido para 1.300). vontade de comer. Ela diz que antes de ter
Por incrível que pareça ele não recebeu entrado para a CATA,apesar das duas pri-
trões que os exploram. Enquanto o va- qualquer indenização e até hoje continua meiras crises, era muito forte, "quase gorda".
lor real de seus minguados salários veio a trabalhar na CATÁ . f Hoje, bem abatida, não sente ânimo para
diminuindo, a CATA aumentou seu lu- , - mais nada. Ela ainda trabalhou até o meio ©
©ro [Iºlªndo de 250 mil cruzeiros (em MORTE José Silva,14 anos: mutilado do ano de 1978. A muito custo seu marido
1964...) para a quantia astronômica 5 A3 Piores Wil conseguiu que ela ficasse recebendo atra-
de 118 milhões de cruzeiros em 1978. Apesªr de grave, o caso de José é café A família de Lourival também não dg“Smªm de benefícios do INPS que
pequeno diante de outros. Há algum tempo, recebeu qualquer indenização. Para abafar atualmente - lhe rende 1.891 cruzeiros
por exemplo, um operário caiu de uma tor- o escândalo, a CATA arranjou duas vagas mensais
re e espatifou-se no chão. Seu corpo iner- de contínuo para os dois filhos que deixara, é SANGUE PELA BOCA
te. foi imediatamente embrulhado num en- ainda menores. Até hoje eles ainda traba:
a vem 122 É ! cerado, posto num carro e levado até a clf- lham lá - comenta-se no bairro - mas A operária Nely do Nascimento 'Na
3 Também participaram Luiz Maklouf, Regina nica dos Maradei, sem que nunca mais se preferem 'não falar sobre a morte do pai, zaré com seis meses de trabalho na empre-
Fonseca, Wagner Bill e Madi Carvalho soubesse. qualquer coisa, a não ser que o pois temem perder o emprego. sa, adoeceu lá mesmo. Ela diz que teve .
metam eeeeeeemer

, PA!
BR DFranasa ve.enclaaa, SCO20 2004
EmPAGINA 4 RESISTENCIA

fastio e problemas no coração. Seu trabalho tado é sempre o mesmo, a empresa vence. de, M.J. também pode falar: "Se a pessoa

Wagner Bill
era transportar carros de mão, com fardos - Sobre "essa questão um operário diz o se- tá com febre, o cara vai logo dizendo que ela
de malva, de um setor a Outro, Chegou guinte: "A CATA é muito rica, e pode não tem nada". Ele mesmo passou pela
a botar sangue pela boca,lá mesmo na fábri- comprar "os juízes, levar advogados, etc. experiência: adoeceu, o médico não acredi-
ca, mas ficou por isso mesmo, f " Nós não. Vamos só com a cara e a coragem, tou (!), e acabou perdendo "cinco dias
Como nos outros casos, ela foi enca- sem advogado, sem nada". de salário,
minhada até os irmãos Maradei, que lhe
deram uma pseudo-assistência liberando-a AGRESSÃO TUBERCULOSOS
em seguida, para que ela voltasse logo ao
trabalho, tudo isso endossado pela Comissão Maria Auxiliadora Siqueira Alves,
passou por esse processo, e foi também Na CATA nenhum operário, mesmo
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) O que "mora mais longe, pode esquecer
da CATA, que apenas possui representan- ludibriada na Justiça do Trabalho. A única
a carteirinha de identificação. Caso acon-
tes da empresa. "dádiva" que recebeu, foram 2.700 cruzei-
teça, as opções são duas: ou volta pra buscar
tos, referente ao FGTS. Seu caso é bem mais
grave: ela trabalhava há três anos na CATAÁ ou perde o dia. Igualmente acontece para
RUIM DA CABEÇA iquem chega ! com 10 minutos de atraso:
como costureira de sacos (sua média de pro-
não entrae perde o dia. Quem falta o ser- o
Francisca de Castro Dias, operária dução - pasmem - era de três mil sacos por
da tecelagem de fios, também passou por dia, e ela diz que tem operárias que chegam viço um dia, é descontado em dois. Se
essa experiência. E conta como foi; "Eu costurar até quatro mil sacos), quando co- houver um feriado na semana, a empresa
estava trabalhando normalmente quando desconta três dias por uma falta. Os operá-
meçou a sentir dores abaixo do umbigo,
fui chamada para atuar em outro setor. quase na região uterina, ficando impedida rios que trabalham com ferramentas têm
Pois justamente nesse local, bem em cima, de continuar operando na máquina. Foi que comprá-las. "E pra isso que a empresa
paga vocês", diz o contra-mestre, Por cau-
uns três homens consertavam a cobertura queixar-se ao sub-chefe da secção do pessoal,
da fábrica. Quando dei por mim uma das tá- na época Tadeu Arau, e "ele me disse que, sa disso alguns setores vivem em clima
buas onde eles trabalhavam, caiu na minha de desconfiança: as ferramentas podem ser
eu não tinha nada, que aquilo não passava
"cabeça. Desmaei e fui socorrida pelas cole- de manha, de preguiça; Eu respondi dizen- » roubadas. No setor de eletricidade há operá-
gas, que me levaram até o dr. Rezende. do que ele falava assim, porque não era rios que -trabalham com alta voltagem,
Ele me deu um remédio, não me lembro no rabo dele". Arau foi pra cima dela, mas a empresa não dá luvas ou botas de bor-
o nome, mandou eu ir para casa e disse que agrediu-a aos empurrões, expulsando-a da racha para proteção. No setor de preparação
no outro dia eu voltasse ao serviço. Eu sala, e ordenando que voltasse ao trabalho. da juta, um serviço brutal, "R.C. afirma
continuei trabalhando, mas então comecei As dores aumentaram, chegando a ter dias que já se perdeu a conta dos trabalhadores
a sentir dor de cabeça forte, todas as noites, em que Auxiliadora não podia ir trabalhar. que ficaran "doentes do peito", tuberculo-
sem conseguir dommir. Depois de alguns Tadeu Arau ainda tentou lhe forçar a pedir sos.
meses do baque:, eu passei a sofrer desmaios demissão, mas não conseguiu. A empresa
as dores foram ficando mais fortes, e come- PUXAR O SACO
então a despediu, a 29 de março do ano pas-
cei a esquecer as pessoas, chegando a um
sado, eela levou O caso até a Justiça traba-
ponto de não poder mais trabalhar, Procu- lhista. A audiência, na Sa. Vara, comparece- No "Cascata", que é o restaurante
rei um médico no INPS, e ele me disse da empresa, a comida é pouca e da pior qua-
que eu estava ficando ruim da cabeça, e não # lidade. "A comida de casa é melhor. Lá .
podia mais continuar trabalhando. Aí eu na CATA o peixe é frito de um dia pro,
pedi licença, é com muita dificuldade outro e colocado no frigorífico. Todo.
consegui me tratar. Hoje eu já estou bem mundo reclama", denuncia um trabalhador.
melhor, graças a Deus" E para súbir de cargo? - "É difícil Eles exi-
O "bem melhor" de Francisca é o se- - gem estudo", diz um. "Pra melhorar de servi-
guinte: ela ainda não pode trabalhar, não ço tem que puxar o saco, derrubar os colegas
pode se aborrecer, não pode se assustar, pro chefe de seção, o que é muito comum",
não pode permanecer em local onde faça diz outro. Nem as operárias grávidas esca-
muito barulho, e uma série de outras restri- pam: trabalham "até quase ter a criança"
ções. Atualmente está de benefício do e tem que retornar em 15 dias.
INPS, ganhando 1.774 cruzeiros por mês,
para sustentar a si e a um filho de um ano. O DR. REZENDE
E importante ressaltar, como. ela mesmo,
que durante todo o percurso de sua doença O serviço médico é cheio de irregula-
ôs médicos da CATA não tomaram nenhu- ridades. O dr. Rezende, sobrinho de um dos
ma providência em seu benefício. donos da empresa, quase nunca admite
Francisca também conta o que acon- que "um. trabalhador possa ficar doente.
teceu com um Operário que conhece bem. Se tal acontece e é comprovado pelo INPS,
Com apenas nove meses de trabalho na a empresa desconta do mesmo jeito, "por-
para apressar o serviço". Sebastião trabalha- ram pela CATA, Leogênio - que ela acre-
CATA, já sofreu 2 acidentes: um nos dedos que "só o dr. Rezende pode autorizar a falta
va com a máquina de puxar fio para o car- dita seja advogado da empresa - e Edwal-
e outros na perna. J.N. trabalha na máquina da gente". Alguns se queixam que o INPS
retel, quando, devido à velocidade da co Pinto, funcionário da tesouraria, que
de- carimbar sacos, e recebe um salário mesma o seu braço foi puxado e enrolado testemunhou contra ela. A última hora, dificilmente atende o pessoal da CATA,
mensal lícuido de Cr$3.190,00. Do aci- junto com o fio. Isso aconteceu no dia 22/ conta Auxiliadora, houve uma inexplicá- alegando que a empresa já tem médico.
dente nas mãos, teve como resultado, o Se se trata de uma urgente extração de den-
6/78, e desde então ele tem um braço vel troca de juízes - e ela perdeu a causa.
dedo indicador esquerdo paralisado até ho- tes, o dr. Rezende só autoriza "depois de
mais curto do que 'o outro, Mesmo assim
je. Esse trabalho de carimbar ' sacos, se- a CAIA lhe chamou para voltar ao trabalho DEZ QUILOS ver o buraco na boca". Se, finalmenté,
gundo outros operários, além de ser extre- De "tudo os operários se queixam. o dr. admite que o operário está doente,
no dia dois de maio do ano passado, demi-
manente perigoso, deixa a pessoa com os tindo-o há pouco mais de um mês. Para a Quando entrou na empresa, há um ano este vai a uma farmácia da rua" Tamóios,
pés e as mãos todas manchadas de tinta. e- cinto meses, M.J. pesava 68 quilos. Hoje levando uma guia da empresa, e recebe os
empresa, durante o tempo em que esteve
se tratando, Sebastião perdeu o direito pesa 58: "dez quilos a CATA já me levou", remédios, depois descontados na folha de
PRESSÃO DO GERENTE ao décimo-terceiro e às férias, Por causa diz, Ele trabalha à noite, quando é servi- pagamento - uma flagrante irregularidade,
de tudo isso, ele resolveu entrar com uma da uma.merenda: "a maiorià não se dá com quanto mais não seja, por obrigar os fun-
Outro operário mutilado é Sebastião
ação de indenização na Justiça do Trabalho, a merenda. Uma noite é sopa com pão, cionários a comprar: em um local determina-
Moraes dos Santos, ele frisa que o seu
mas tudo indica que irá perder a questão: na outra, mingau com farinha, que faz do. Ninguém soube dizer, entretanto, que
acidente foi causado,, "mais devido a pres-
ele não é o primeiro: a fazer isso, e o resul- mal pra gente". Sobre o médico, dr. Rezen- grande jogada está por trás disso.
são do gerente da fábrica, o seu Caldas,

Marx e Engels se indignariam

Lúcio Flávio Pinto

Foram principalmente as condições de A CATA é, hoje, uma empresa que mil de incentivos fiscais. Seu projeto voltou matéria-prima continua sendo um proble-
em-
trabalho nas grandes fiações inglesas do sécu- desfruta de uma razoável solidez, tanto duas vezes à SUDAM, a última delas em abril . ma, que vem um instituto criado pelas
lo XIX que escandalizaram os jovens Karl mais invejável quanto contrasta com as in- de 73, já no valor de 64 milhões de cruzeiro s, presas (o IFIBRAM ), consegui u resolver.
Marx e Friedrich Engels, levando-os a acredi- constâncias gerais numa área de fraca estru- tendo recebido 25 milhões de incentivos fis- E a participação da juta nas exportações tem
tar que nenhum ser humano suportaria tanta tura industrial. Desde 1962, quando ela cais. A CATA é também uma das maiores decrescido: em1976 : ela erá o -oitavo produto
exploração e, por isso, os operários seriam foi criada, até hoje, seu capital cresceu beneficiárias da política estadual de isenção de exportação, no ano seguinte baixou para
os coveiros do capitalismo. Mesmo sem poder 600 vezes, pulando de 250 mil para 150 mi- "de ICM (Imposto de Circulação de Mercado- décimo lugar e em 1978 simplesmente deixou
toda a sua aura de autoritarismo, porém, as lhões de cruzeiros, o que significa um au- rias): no ano passado a empresa deixou de de figurar na lista dos dez mais importantes.
fábricas se renovaram e o capitalismo conti- mento médio superior a 30 por cento ao ano. pagar quase 20 milhões de cruzeiro s de ICM. São Páulo continua sendo o maior comprador |
nuou resistindo. Mas Marx e Engels novamen- Seu lucro líquido, num período de 15 anos de maiva prensada (90 por cento da produ-
te se indignariam se, andando pela Estrada No- (pois a empresa só começou a dar lucro Só com o que deixou de pagar de ICM ção) e o sul absorve 66 por cento dos sacos,
va, em Belém, vissem como trabalham, vi- em 1964), teve igual desempenho: em " a CATA conseguepagar os salários dos seus ficando 28 por cento no Nordeste e Centro-
vem e sobrevivem operários de uma fiação que, 1964 ele foi de quase 250 mil cruzeiros e, 1.600 empregados durante metade do ano. Oeste. Mas os fretes e a concorrência do ex-
em relação às inglesas de um século antes, em 1978, de 118 milhões. O mesmo não A quantidade de funcionários ligados dire- terior dificultam essa expansão. Por isso,
diferencia-se apenas por teares mais aprimo- aconteceu com os dividendos, que de 100 tamente à produção de telas e sacarias de juta o grupo CATA preferiu abrir novos negócios,
rados tecnicamente, mas nem por isso menos mil cruzeiros em 1964, só apresentaram e maiva tem decrescido nos últimos anos e através de mais três empresas: uma correto-
suscetíveis a acidentes. 15 milhões em 1978, ainda assim um va- apenas 1,5 por cento deles são qualificados. ra imobiliária. a ITA; uma construtora, a
Por empregarem muita mão-de-obra, mas tor respeitável para uma praça fraca (mé- Ainda assim, a empresa garante que mais de CATE; e uma transportadora, a Transcata.
quase toda ela não qualificada, as fiações dia superior a 10 por cento ao ano). 10 mil pessoas dependem diretamente de sua Juntas, essas empresas - e mais a "holding",
e tecelagens sempre constituiram um dos Constituída por descendentes de portu- atividade em Belém e 50 mil famílias de mal- a CATA - representavam em 1978 um
mais complexos setores da indústria: elas gueses, a CATA mostra, em sua história, uma vijuticultores na área rural. capital de mais de 200 milhões de cruzeiros,
são vitais devido à grande absorção de tra- característica típica de empregendimentos mer- com um lucro líquido superior a 130 mi-
. balhadores , mas ao mesmo tempo raramen- cantis: crescer pouco, mas crescer sempre. Nada O ramo têxtil, no entanto, não é dos mais lhões e um faturamento de 420 milhões.
te significam para eles um instrumento de me de muita inovação, nada de investimentos su- seguros, nem dos mais rentáveis. Para expan- Considerando-se apenas a inflação, pode-se
lhoria social. As vilas de operários têxteis pérfluos, rigidez no controle orçamentário e dir-se, a CATA necessitaria obter na própria dizer que hoje o grupo CATA, à frente o
sempre favorecem mais aos críticos do capi- avareza nas contas. Quando já estava funcio- região os insumos básicos de que necessita, discreto e conservador Valdomiro Gomes,
nando, a empresa apresentou seu projeto à en- como a malva, o algodão e a juta, importados superou um bilhão de cruzeiros de fatura-
talismo do que aos seus arautos. Naturalmen-
te, a Companhia Amazônia Têxtil de Ania- tão SPVEA (substituída depois pela SUDAM), do Médio Amazonas e do Nordeste. E preci- mento anual, com forte penetração no setor
em setembro de 1965: previa um investimen- saria conquistar o mercado externo. Mas não de construção civil, aém do ramo tradicional,
gem, a maior do Pará e uma das mais impor-
to de seis milhões de cruzeiros e solicitava 500 é o que vem acontecendo. O suprimento de o têxtil.
tantes de todo o norte, não seria exceção.
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emRESISTÉNCIA PAGINA 5es

16
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Policiamento óstensivo na área de hidrelétrica A alegria da revolta

PARA O SISTEMA, O TRABALHADOR É APENAS UMA PEÇA DE PRODUZIR


MAIS VALIA.MAS É A UNIÃO DE TODOS OS TRABALHADORES QUE VAI
LEVAR A COMPLETA ERRADICAÇÃO DA OPRESSÃO CAPITALISTA

TUCUR

a ia
A revolt operár
DEP. ADEMIR ANDRADE

O Brasil inteiro se perguntou o significado dos fatos gindo na mesma medida com que estavam sendo violenta- princípios religiosos do povo". E claro que ninguém se en-
recentemente ocorridos em Tucuruí, quando milhares de dos em seus direitos. gana com tal tentativa de escamoteação. Ela visa apenas des-
operários manifestaram-se, reagindo aos maus tratos e à re- O acontecido demonstra a indissociabilidade das lutas viar a atenção do fator essencial que foi a reivindicação por
pressão que impera no canteiro de obras da Hidrelétrica e . específicas, da luta contra a repressão. O fato gerador do um melhor, tratamento social e reclamações quanto às péssi-
suas adjacências. A resposta é muito simples: violência gera movimento criador da revolta surda que explodiu quase in- mas condições do alojamento e da alimentação.
violência. E não existe maior violência do que a exercida controlável, foi a rotina diária de maus tratos e humilha A ELETRONORTE passou pelo ridículo de quereer arvo-

contra esses trabalhadores, com a exploração exaustiva da ções, o trabalho insano de sol a sol, o trato sub-humano a rar-se em guardiã da moral, dos costumes e tradições do po-

sua força de trabalho, sem lhes proporcionar as condições que são submetidos os operários. Daí a justa manifestação vo. É muita hipocrisia, quando se sabe que ela é instrumen-

mínimas indispensáveis de conforto e segurança, desres- de repúdio, de basta aos desmandos a que são submetidos. to da semi-escravidão da massa trabalhadora, quê desrespei-
peitando-os, desqualificando-os, e segregando-os como seres ta as mesmas leis que o próprio Governo criou, que não dá
humanos. Tudo isto acontéce na grandiosa obra da constru- TIROTEIO nem ao menos garfo, faca ou colher para os peões que, para
ção da Hidrelétrica de Tucuruí, cujo objetivo principal é ge levarem o alimento «à boca utilizam a tampa do prato em
rar energia que possibilite "a viabilização do projete Frente aos acontecimentos que se desencadearam, que a comida lhes é servida. Que defensora do povo é esta,
ALBRÁS/ALUNORTE, do Projeto Carajás, atender à JARI sem saber o que fazer, ©s responsáveis da obra trataram de se vive oprimindo as populações da área sujeita à ininda-
sem levar em consideração a inundação de 216 nil hectares chamar a polícia para intimidar os trabalhadores. Houve ti- ção, sem que até hoje lhes tenha sido definido o seu destino
de terras da rica região tocantina, bem como as;milhares de roteios, feridos, e talvez mortos. Segundo informações ofi- fazendo-os vítimas dasincertezas do amanhã?
famílias que habitam esta área, dentro da qual ainda se en- ciais não houve vítimas fatais, mas, segundo os peões e mo- Mesmo que o quisessem não poderiam encobrir o
contram duas reservas indígenas. radores de Tucuruí morreram seis pessoas. A intervenção óbvio. Os trabalhadores são pacíficos até em excesso, mas
policial aecirrou mais ainda os ânimos unindo os operários reagiram à altura quando a vileza chegou às raias do intole-
MORDOMIAS numa manifestação solidária que mostrou ser mais forte que rável. Por isto temos que dar o verdadeiro caráter de que se
o poder da repressão. revestiu essa luta que tem como seu verdadeiro cerne a
Para trabalhar nessa obra chegam diariamente cente- questão social.
nas de pessoas de todos recantos do País, e após submetidas
SANGUE E SUOR
a uma rigorosa seleção são divididas em determinados seg-
mentos sociais que são numericamente determinados do ní-
Essa questão social estende-se aos trabalhadores de to-
vel 1 ao 6, Naturalmente no ápice da pirâmide ficam os dif-
gentes e engenheiros da obra. O contraste social dos traba- do o país. Esse tipo de deslavada exploração é rotina em to-
dos os setores capitalistas da economia nacional. Tucuruí
lhadores que não pertencem aos níveis 5 e 6, em relação a
não se isola num acontecimento esporádico. Apesar do seu
estes, é flagrante. Os operários são alojados em imensos gal-
aparente espontaneísmo, o que criou as condições para a
pões sem as condições ambientais propícias como ventila-
ção adequada, higiene, espaços para recreação, etc. A ali- explosão foi a ganância e ânsia insaciável por maiores lucros
às custas do sangue e do suor do operário. Isto acontece em
mentação é de baixa qualidade e quase sempre "dormida"
Tucuruí, Itaipu, Porto Trombetas, Jari, nas fábricas, nos
de um para outro dia. O tratamento dispensado a esses tra-
portos, nos estabelecimentos bancários, no comércio em ge-
balhadores não é outro senão repressivo e policialesco, tru-
culento por parte da guarda párticular das empreiteiras. ral e no campo. Enfim, a exploração do trabalhador é o
£ Por outro lado, os assalariados de nível 5 e 6 gozam meio pelo qual o capitalismo se locupleta para tornar aos ri
cos mais ricos e aos pobres mais miseráveis.
das mordomias e da ostentação luxuosa que lhes são pro-
porcionadas como casas mobiliadas e ajardinadas cujo valor O acontecido, pois, não foi apenas uma demonstração
atinge até quatro milhões de cruzeiros, hotel hipersofistica- de violência por violência e sim uma expressão social de le-
do, restaurante de primeira categoria, clubes imensos com
gítima defesa dos interesses de uma massa explorada que
piscinas e outras formas de lazer e que se constitui verda- trabalha toda uma vida, sem ter seus mínimos direitos res-
deira aberração social quando cotejada com a miserável si-
Polícia: seúpra presente contra os trabalhadores peitados, sem ter direito à organização e expressão e, ao fi-
tuação dos demais trabalhadores. nal de tudo, não tem lugar nem para cair morto.
PROMESSAS A justeza daluta dos operários é inquestionável, pois
MAIS-VALIA toda vez que reagirem à exploração, cada vez mais estare-
Impotente ante a manifestação massiva dos trabalha mos perto de uma sociedade sem exploradores.
É a segregação social demonstrada com todo requinte, dores a ELETRONORTE capitulou e teve que negociar pro-
metendo atender às reivindicações, que foram as seguintes:
deixando transparecer claramente como é que o sistema vê ORGANIZAÇÃO
'o trabalhador, apenas como peça para produzir mais e mais, O aparente espontaneismo, de que já falamos, deve-se
- libertação dos nove peões presos (no que foram ime-
"engordando a mais-valia que vai para o bolso dos patrões, à desorganização dos operários, pois não há nenhuma dele-
diatamente atendidos); |
enquanto o operário continua como desvalido. As normas gação "do Sindicato da Construção Civil operando pôr lá.
- desativação do barracão do Km 2 e sua construção
de segurança no trabalho são desrespeitadas, e por inacredi- Quando surgiu o impasse os operários responderam com a
junto aos demais, dentro da Vila, de vez que o seu iso-
. tável que seja lá não existe a presença do Ministério do Tra- violência das massas à violência institucionalizada. preciso
lamento cria sérios problemas;
balho, o que significa que as firmas usam e abusam no que que esses operários se organizem desde já em entidades pró-
- melhor qualidade da comida;
diz respeito aos mais elementares direitos dos trabalhadores, prias e independentes, de vez que muitos deles, mesmo com
sem que estes tenham a quem se socorrer. 2 - que os danos no patrimônio da empresa não fossem
descontados dos salários dos peões; a alta rotatividade da mão-de-obra, estão se radicando de
forma permanente nas adjacências da hidrelétrica. É preciso
- que nenhum peão fosse punido por participar do mo-
REVOLTA vimento; que os trabalhadores garantam as suas conquistas para que a
ELETRONORTE recue e corrija as deficiências sociais, que
ix que não fossem descontados dos salários as taxas de
al própria empresa criou, quando não levou em conta no pla-
Frente a tal situação não admira a ninguém o acúmu- alojamento e alimentação, bem como as demais.
nejamento da obra que peão também é gente, e portanto,
lo de fatores que geraram o levantamento da massa traba-
lhadora. NOTA OFICIAL digno de maior atenção e melhor assistência.
Tudo parece ter começado com uma brincadeira dos
Dada essa dimensão exata ao problema fica a pergun-
peões que ao malharem um "judas" com um capacete da Não havia sáída e a ELETRONORTE curvou-se ante a ta: até quando vai continuar essa exploração desenfreada?
Camargo Correa (empreiteira da obra) e portarem faixas - força demonstrada pela união e mobilização dos operários Naturalmente não se tem fórmulas prontas antecipadamente,
"ABAIXO A VIOLENCIA CONTRA OS PEOES", "PAZ prometendo, naquele momento, atender a todas as reivindi- mas todos devem entender que a união de todos os traba-
E AMOR, MELHOR COMIDA- VIVA O PEAO" - tiveram cações. A partir daí, com a ampla repercussão nacional dos lhadores em torno de suas reivindicações específicas e a sua
episódios e acossada pela opinião pública a ELETRONORTE organização política para participar da vida nacional é que
contra si as iras da guarda particular que, usando a violên-
cia, efetuou a prisão de nove trabalhadores. Nesse instante lançou uma nota oficial sobre os acontecimentos, dando a vai dizer qual o encaminhamento a seguir para a completa
. a solidariedade classista foi mais forte e os peões percebe- sua versão própria de que a intervenção dos guardas de segu- erradicação da opressão capitalista. O certo, porém, .é que
ram que a ameaça que pairava sobre um atingia a todos. Mo- rança bem como a prisão dos operários deveu-se tão somen- essa luta vai continuar até a completa emancipação da classe
bilizados procuraram fazer valer as suas reivindicações rea- te ao "desrespeito à moral pública, à tranquilidade é aos trabalhadora.
ARÁA.9MD BV B&BWAÇO no ar Dranssa VB.GNCAAA, SCCO S/26 ANO, PG
:
emPAGINA GMRESISTÉNUA-
“veia"

GILBERTO FREIRE
Semana do Índio

Numa promoção conjunta, Museu Pa--


raense Emílio Goeldi, Associação Brasileira de
"Niemeyer é ignorante"
AntropologiaPa, Associação Regional dos Soció-
Gilberto Freyre. completou
logos-Pa, "Grupo de Apoio "ao Indio, Conselho
tiltração russo-soviética no país. De
80 anos a 15 de março. Por todo o
Indigenista Missionário, Comissão Pastoral da
modo que as Forças Armadas pres-
Terra, Sociedade dos Direitos Humanos, Comitê
país, vozes oficiais e particulares taram um grande «serviço 2o Brasil,
de Anistia, ADUFPa, Associação "Paraense de
se fizeram ouvir, homenageando o an- em 1964",
Críticos Cinematográficos, Grupo de Teatro
- tropólogo-sociólogo-escritor, louvan-
Cena Aberta e Embrafilme, realizou-se de 14
do-lhe O "arrojo" na luta contra o "Não acho que a. eleição
a 20 de abril a SEMANA DO ÍNDIO - 80 2
Estado Novo e o "brilho de suas idéias para presidente deva ser direta. Até
democráticas". No Congresso Nacio- nos Estados Unidos essa eleição não
nal, Freyre foi saudado nos discursos é direta. e o exemplo americano Aberta com a inauguração da Exposição
de representantes de, pelo menos, deve contar muito. -Porque "há aí Eitnográfica, pelo Dr. Luiz Miguel Scaff, diretor
3 partidos (PDS, PP e PMDB). um fator sociológico muito impor- do Museu, a semana. teve várias conferências
tante: numa eleição para Presiden- e exibição de filmes documentários. Entre outros,
Da entrevista que concedeu te da República, o eleitor não fica expuseram temas de grande interesse, a Dra.
à revista "Playboy", .no mês de seu muito informado sobre os: candida- Adélia Engrácia Rodrigues, a Dra. Lux Vidal,
aniversário, retiramos estas "jóias" tos" O Dr. Darcy Ribeiro, 0 Dr, Carlos Dias e o Dr.
do pensamento "brilhante" e "demo- Olímpio Serra. Encerrou a Semana
crático" do autor, de "Casa: Grande "Creio que o Brasil, tendo a peça teatral de Mário Souza "A Maravilhosa
ainda analfabetos, encontra-se numa História do Sapo Tarôbeque.
&Senzala";
situação culturalmente mais vantajo-

sa do que, por exemplo, a Suécia,


"O Oscar Niemeyer, que é um
onde não há analfabetismo. Porque
arquiteto genial, é muito ignorante.
E difícil você manter uma conversa o analfabeto é expontâneo, é um ho- ITERPA
mem telúrico por excelência. A cha-
interessante com ele. E que ele, assim
mada literatura de cordel e a cerá- .
como o Arraes, não sendo um homem

estúpida
de inteligência, repete muito os cha- mica popular, são exemplos disso.

vôes que aprendeu. Por sinal, um dos Com os atuais meios de comunica-
Agressão
sucessos do comunismo marxista é dis- ção - rádio, tv - pode-se viajar e

perisar seus adeptos do esforço de pen- ir aos lugares que se deseja, sem sa-
Já não bastando as ações repressivas, a dita-
UNE
sar":
- "A meu ver, 1964 era ine-
ber
que
ler:
indica
as farmácias
farmácia, os sanitários são
têm um Sinal
. vodurade sese vale do mau-caratismO" para impedir o po-
organizar.
vitável, tinha de vir, diante do caos identificados por figuras e não por

a que O Brasil chegara, diante da in- letras". (AR)

Légua Hádo duas


Retiro semanas
Grande,em atrásCachoeira
o ITERPAdo Arari, foi à
Invasão no prédio
Marajó,
conflito, dizendo
estabelecida que com
ia resolver
a a questão
tentativa de demar- de
cação da légua promovida pela fazendeira Joana
IMPRENSA
No dia 13 de maio passado; as tropas

Melo daa Rocha; e a resposta dos moradoresnaimpe-


da Polícia Militar do Rio de Janeiro inva-

diram

Flamengo,
o antigo

onde
prédio

funcionava
da UNE na praia do

atualmente a Dossiê Amazônia dindo


soa do demarcação
tenente ilegal.
Pinheiro, O
com ITERPA,
ares de pes-
Amélia
escola de Teatro e Música, da Universidade
arrependida,
que o governo foi dizendo
não que o povo
desampara o tinhamas
povo, razão,-

44 pleq op eimuiaoid y,,


Está previsto para este mês

eviamaí vem a safadeza - quedosos moradores nãoárea,


de-
do Rio (UNIRIO). .
Flamengo per- do primeiro "Dossiê

seguir a orientação religiosos da


O prédio da praia do o lançamento

nem daqueCPTos(Comissão Pastoral da Terra), "tu- ale-


tencia, inicialmente, a um clube nazi-faseis- Amazônia", publicação mensal em for-

gando mesmos são "subversivos",


ta que durante a 1! Guerra funcionava mato tablóide, dedicada ao aprofun-

multuadores"
mais, que ePara que "padre é para rezar".o Ejornal
ain-
local de espionagem. Posteriormente damento de problemas regionais. A
como

da"Resistência". não deveriam comprar


foram expulsos os germânicos e o prédio frente do projeto está o jornalista

mentirase justificar,
de que o ojornaltenenteera Pinhei-
ocupado pelos estudantes. Lúcio Flávio Pinto, correspondente

ria
Durante

aquele
um

prédio
tongo

sediou
período

a
da

UNE, o Centro
Kistó- em Belém

Paulo", e,
do jornal "O

reconhecidamente, um
Estado de S.
dos tomunistas
espalhoue eraa proibido. de co-
secretaria da UBES (União Bra- dedicados estudiosos de as-

obri-
a mais

os moradores,
Popular,

sileira dos Estudantes Secundaristas). Ser- suntos amazônicos.


Depois
a dar-lhe intimidarde seus
de alguns animais domésti-
viu enfim, para que os estudantes reunis-
Como explica Lúcio, o Dossiê gou-os
cos, exigindo-os abatidos, para ter trabalho
nãosemana, o te-
os seus

a santa
encaminhassem

Santa. Passada
discutissem e

nanenteSemana
sem,
será "uma espécie de jornalivro, um

com suadoatividade de judas, traidor


lutas do povo

voltouarquitetan
problemas e apoiassem as
livro de reportagens em profundidade

do povo,e um vereador local, um plano, junto: com oa


brasileiro. 7

que
que, a princípio, abordará um único

prefeito para permitir


Após o golpe militar de 1964 e como

fazendeira cerqueema área. Em com redonda


mesaalguns ocorri-
tema por edição mas que poderá
não poderia deixar de ser, uma das primei-

a 11 deemabril
dailudidos Belém, moradores
diversificar-se à medida em que for
ras investidas foi contra a UNE e o seu

sua boa fé, com a atenção desmedida


captândo colaboradores 'e amigos " Lúcio Flávio Pinto
prédio, que foi incendiadé. Mesmo depois

desse período negro o prédio continuou


famigerado
dolificada tenente, a CPT, legalmente qua-
nos autos dos processos que corre na Ajus-si-
O projeto do Dossiê subs- Lúcio pretende escrever "sem
de pé e posteriormente foi incorporado ao

impedidaao decúmulo
tiça, foichegou participar da reunião. física
titui o do "Jornal da Terra", semaná- compromissos com o governo e .os
patrimônio da União, sendo cedido para

tuação: com a agressão


rio que se propunha a "acompanhar grupos dominantes, voltado para o po-
que ali funcionasse a escola de teatro e mú-

Este ano, a quando da ameaçá do dita-


todos os acontecimentos e ser: uma vo e compromissado com a verdade",
sica da UNIRIO.
Éltªffªtlvf Dºm reàªçªºí) tf! Igrªndº dissecando problemas como "a misé- de um estagiário da CPT e membro do núcleo ju-
rija yrbana", "Projeto Jari", "Tucu- rídico da SPDDH, que ora .- representava os mo-
dor para impedir a realização das eleições imprensa . Diante de OOstáculos, 1O
momento insuperáveis, a idéia dO my: "Projeto "Albrás" e muitos radores, Agressão esta perpetrada: pelo prefeito
diretas dadiretoria da UNE, foi feita uma jornal foi provisoriamente "arquivada" outros, pois "as pessoas estão desin- de Cachoeira do Arari que ficou furioso quando
tomada simbólica do «prédio, mostrando a à espera de dias melhores em que se questionado a respeito de seu interesse material
formadas em relação aos principais
disposição dos estudantes em readquirir possa tornar plenamente viável. na questão. Interesse aliás, que não é "só. dele,
temas "amazônicos e pretendemos seja, o de
aquela sede. mas também do resto da corja: qual
Nos dossiês (cujo. preço dar-lhes uma visão ampla e a mais trapacear com os legítimos direitos dos moradores
Agora, depois da UNE reconstruída, a
_ ditadura militar resolve invadir a sede mos- não deverá exceder 50 cruzeiros), completa possível dessas questões". da Légua do Retiro Grande. (Felisberto Damasce-
trando uma clara atitude repressiva contra a no).
liberdade de expressão e organização dos
estudantes. -
MARANHÃO
Invadiram o prédio sob o protesto de ARAGUAIA "
que estaria ruindo. Pois como se explica o
uso de armas para retirar estudantes e pro-
"Grileiros '"
pistoleiro
à solta
fessores do prédio? Será que é apenas coin-
cidência que o diretor desta escola é o Gui- O
Sete lavradores foram ilegal protegem. Padre Antônio, por exem-
lherme Figueredo, irmão do ditador Fi-

do PDS
mente presos pelo Delegado de Turia- plo, escapou de. ser morto em setem
gueredo? !
Apoiado num laudo falso do corpo de
cu-Maranhão, por resistirem à ação bro de 79, quando rezava missa cam-

Por ter denuncia do naà Polícia furto deFrota10 .


6 Hélio
criminosa de grileiros que querem pal no bairro do Canário.
Bombeiros, a PM do- Rio, resolveu começar

mil cruzeiros, ocorrido Escola


expulsálos das terras de onde reti-
a demolir o prédio, E só a mobilização no O pretexto para a prisão
Rio de Janeiro e em vários Estados e a ação
ram o sustento de "suas famílias.
dos sete camponeses surgiu quando
Abel Figueired
Lima,Joãona doVilaAraguaia) , o o (municípi
diretor - Sr. o de
Colemar
da liminar feita pelo juiz Aarão fez com A luta se agravou a partir um deles matou, em defesa da posse,
São de atentado à bala, £ do qual
foi alvoamente".
escapou -"milagros
Pereira
que a demolição fosse sustada. a de 1978, quando os grileiros entra- uma vaca de propriedade do grileiro
Não satisfeitos, mesmo com a liminar, ram na Justiça pleiteando "*reinte-
conhecido por "Naná", O acusado,
continuaram a demolição e só depois de
muita denúncia e mobilização é que foi ela
gração de posse" e acusando os cam-
poneses e a Igreja de "comunistas",
Sebastião Costa, ao se apresentar
para depor, foi arbitrariamente pre-
suspeitas Tudolevantadas
indica quepelo aDiretor,
agressãocontra
resultou
o das
jovem
sustada.
Agora o juiz está sendo ameaçado por
"subversivos" e "invasores de terras".
Para incriminar os membros do Clero,
so pelo delegado Valle, juntamente
com mais seis lavradores que o acom-
Beto,gozam
atos figurade deimpunidade
péssimos porantecedentes,
ser ele filhocujosdo
ter denunciado o comandante da PM e o chegaram ao extremo de forjar uma
panharam, sob a alegação de estarem vereador Arnold Ferraz (PDS).
pre-
to a arbi-
superintendente da PF do Rio de Janeiro,
e serna candida
carta que. mencionava a. entrada "invadindo a delegacia". Durante dois
Afnold, quedo pretend
i

que desrespeitaram suas ordens.


feito, é conheci e temido Vila, pelas
clandestina, em Turiaçu, de armas
dias, ficaram detidos em celas sem ja-

des e persegui ções queaosmove que


contrade ospasto
seraltrarieda
Diante desses fatos, que demonstram a procedentes da Itália. A Polícia Fe- nelas, cheias de água misturada com
disposição da ditadura de reprimir e coibir
a nossa liberdade de expressão e manifesta-
ção, os estudantes brasileiros através de sua
deral foi acionada e revistou a Casa
Pastoral sem nada encontrar.
urina. e, quando o bispo fez questão
de permanecer ao lado deles, foi mal- lhe opõem, em
da Diocese de Marabá.especial agentes
entidade máxima a UNE saberão responder
Por se colocar ao lado dos tratado e expulso pelo delegado que,
apontando-lhe "um . fuzil carregado Diante da emomissão
esteve Marabá daonde local,saoo Co-sr.
Políciarelatou
lavradores, em defesa de. seus legi-
Colemar
que foiPena,vi-
a mais esse ato de arbÍtrio.

Sérgio. Carneiro
timos direitos, oO bispo D. Guido
e o padre Antônio têm sido alvos
e pronto para atirar, gritava histerica-
mente aos soldados: "Peguem ele
ostima.atos dodovereador
mandante bispo D.deAlano
Exércitoe oe aoatentado
de ataques e calúnias dos grileiros pelá perna e arrastem para fora. Se .
(Vice-presidente regional norte da ele se mexer, podem queimar".
3 UNE) e das autoridades policiais que os
[4
BR DFANBSB AAA, 53 ,
ARA SMG V SEAUHAT;O R2
eRESISTÉNCIA

Macapá, 1973 - o país vivia o terror dos

anos Medici. No Amapá, várias mulheres

foram xagredidas e engasgadas por desconhe-

cidos. ra o que a população macapaense

passou a chamar de "operação engasga-

engasga"" - terrorismo organizado por for-

cas militares, interessadas em pressionar o

Governo para a implantação de uma polícia

militar no Amapá. A cidade viveu sob o

manto do terror. Dezenas de pessoas tiveram

suas casas invadidas, foram presas e tortura-

das, lá e em Belém. Durante todos esses anos

esses fatos ficaram entre o cochicho dos opri-

midos e o silêncio dos temerosos. Até que o

repórter Ray Cunha, teve a coragem de

levantá-los.

Tortura em Macapá-uma época de obscurantismo

OPERAÇÃO "ENGASGA?

Ray Cunha *

Uma tarde, em Copacabana, 1973; re- curantista, desapareceram do mapa e vivem ram. Mas não será esquecido nunca que, por onda de terror justificaria a instalação da
cebi carta de Macapá, onde reside minha fa- em outras cidades; alguns se recusaram a exemplo, o Julho Santos, talentoso jovem Polícia Militar no Amapá. Além do mais
mília. Minha mãe dizia-me que alguns dos falar; outras ainda revelaram medo. Aqui que hoje vaga nas ruas de Macapá, foi preso vivia-se o terror dos anos Médici.
meus amigos estavam aterrorizando Macapá. existe também dois arremedos do senador em local que ele próprio ignorava, tudo por-
Afirmava isto em palavras diretas e fortes, MacCarthy: a professora Lucimar, do Institu- que freguentava, como eu, a casa de Mário As pistas, hoje, para se chegar aos res-
impressionantes. Desfaleci num sofá. Mais to de Educação do Amapá e o professor Cruz, onde o poeta Isnard Lima Filho e sua ponsáveis que abalaram física e moralmente
tarde, anos depois, vim a saber o que acon- Mário Ouirino. 2 f maravilhosa mãe, dona Walquíria, nos rece- dezenas de famílias amapaenses, estão difí-
tecera. A própria polícia (não há provas em Para se compreender meihor esta bia a todos. Ribamar Montoril também foi ceis de serem seguidas, mas não impossíveis
contrário) estava aterrorizando a cidade, história de tortura e obscurantismo, in- preso, poeta com quem Joy Edson e eu pu- de serem trilhadas. Elementos preciosos ain-
numa nova caça às bruxas. completa ainda, mas oportuna (porque es- blicamos "Xarda Misturada". Em mesmo, da não falaram; as fichas das mulheres que
clarecedora e atual), seguem depoimentos naquela tarde em Copacabana, senti que foram atendidas, vítimas dos supostos "ter-
Em dezembro do ano passado, já com de pessoas que dela participaram, involurita- algo terrível ameaçava minha família. roristas", sumiram do Hospital Geral de Ma-
material coletado em Belém, fui a Macapá e riamente, e dão seu testemunho. Muita gente O governador do Amapá era Lisboa capá. Mas se existem, estão em algum lugar.
apurei o que pude sobre o caso. Não che- deixou de falar sobre o "engasga-engasga"" Freire, da Marinha de Guerra, e o secretá- José Fernandes Ribeiro, que perdeu "
guei ao executor intelectual da farsa denomi- por várias razões. rio de Segurança Pública era o sr. José In- su panificadora e teve de suportar a desin-
nada "engasga-engasga"", mas cheguei a um As pessoas que passaram pelos pare- dio Machado, que contratou óficiais da Po- tegração de sua família, é uma figura central
denominador comum. Muitas das persona- dões da fortaleza de São José de Macapá lícia Militar do Paranápara treinamento em no caso e, hoje compõe as peças do que
gens que participaram desta história obs querem esquecer as humilhações que sofre- : Macapá. A opinião corrente era de que uma aconteceu e ninguém sabe o que foi. . .

rões, um dos quais o que


ele ocupava, médindo cinco
por três metros. Havia um
Prisão de Odilardo Lima
lugar reservado para defecar
e urinar e enquanto uns
MACAPA, MAIO DE como foi sua prisão e tor- que o secretário de Segu-
rança (José Índio Machado), procuravam dormir, os ou-
1973 - Várias mulheres Se tura.
queria falar "comigo", ex- tros esperavam a vez para
queixaram na polícia e na PILHEÉRIA fazê-lo. Posteriormente as
O "engasga-engasga"" plica o intelectual.
rádio Educadora São José famílias dos presos foram"
de Macapá de que haviam tomou feições cômicas nos PRISÃO
avisadas e enviaram comida,
sido agredidas e engasgadas meios mais céticos, o dos Odilardo Lima nem
que era repartida "entre
por. elementos desconheci- intelectuais. Sabiam eles que * chegou a ir à Secretaria
de Segurança do Território eles, ""Desde que cheguei
dos, Por esses fatos as fa- o «clima de terror era pro- lá que " não "nos- deram
mílias locais começaram a vocado pela própria polí- Federal do Amapá; foi leva-
comida e terfamos passado
recear por seus membros, cia, por razões que até do diretamente para a forta-
pior se não mandassem
e a cidade ficou em cli- hoje não ficaram claras. leza São José de Macapá.
"Não me lembro direito o comida de casa", conta
ma de tensão, aumentada Um dia, pouco antes ao Dia Odilardo Lima. Entre ,os
por regulares cortes de ener-. das Mães, o líder comuni- dia, mas sei que foi antes
do Dia das Mães. Ninguém, presos "havia também um
gia elétrica coincidindo com tário e redator do Depar-
em casa, sabia da minha velho aleijado.
a saída dos estudantes cole- tamento Jornalístico da rá- A prisão foi de uma
giais, no turmo dá noite. dio Educadora, Odilardo Li- prisão, nem a Dulceênila"
(hoje, "sua esposa e na semana. Só a partir, do ter-
As mães de.estudantes do ma, estava na porta do pré- ceiro dia é que as famí-
sexo feminino começaram a dio da rádio, conversando época sua noiva).
Ao chegarem à forta- lias avisadas Começaram a
ir para as portas dos colé- com a diretora do órgão maridar comida. «A maior
gios munidas de terçados, de informação, Naíder leza de São José, um solda-
parte dos presos não tinha
a fim de esperarem por suas Farripas, quando ela, brin- do olhou para as alperca-
esperança de que a famí-
filhas. cando com o jovem estu- tas (o Odilardo gosta mui-
. ha soubesse do seu para-
O clima de apreensão dante (hoje na Faculdade to de- usar alpercatas) do
deiro, dado as circunstâncias
aos poucos foi se transfor- de Direito da Universidade preso e comentou: "Vejam
em que foram detidos. ".
mando em clima de terror. Federal do Pará), recomen- só, é ele mesmo; olhem
como os pés .dele. estão TORTURA -.
A polícia passou a osten- dou-lhe cuidado, lembran-
sujos de barro". Insinuavàa "-. -,Um dia chegou uma
tar sua força repressiva e do-o de que toda vez que
que "o então jornalista era tropa da Sa.Cia. do II Ba-
elementos tidos como de acontecia algo de diferente, Odilardo Lima: preso e torturado
o autor das agressões, cujas talhãode Infantaria de Sel-
esquerda e que tiveram na cidade, ele e mais uma
vítimas eram sempre mulhe- tou qualquer "coisa «sobre "engasga-engasga" porque é va do Exército", conta Odi-
participação no golpe mili- turma eram presos.
res. Belém. Aí não dei "mais irmão do então estudante Tardo Lima, que já foi
tar de 31 de março de Minutos depois ele
Passados "dois dias, o um tostão pela minha vida", Carlos Capiberibe, graduado cabo do Exército e reco-
1964, começaram a ser de- safa da sua sala de trá-
líder comunitário foi visi- lembra Odilardo Lima. em Engenharia Agronômica nheceu o pessoal da Sa.
tidos, à revelia de suas fa- balho e se dirigia à gara-
tado pelo bispo de Macapá, no Canadá e hoje em Mo- Companhia. "Tinha um pre-
mílias, esposas e amigos. gem, quando foi intercepta-
Dom José. Conversaram e o OS PRESOS cambique, pretendendo vol- so no gradil. Um soldado
Nos colégios, familiares dos do, pelos tenente Josemir;
tar ao Brasil, beneficiado deu com o cassetete no
elementos acusados de esta- Lourival Alcântara, do Ser- padre recomendou-lhe «fé.
"Para falar com O bispo, "Eu fui o segundo que foi pela anistia); Fran- preso que caiu no meio
rem promovendo o "terro- viço: nacional de Informa-
eles me mandaram para ou- :. ao chegar ao porão. Fica cisco - das «Chagas Bezerra, de nós. Então olhei e re-
rismo", que mais tarde fi- ção (SNL); delegado da
logo na entrada da forta- Chaghinha, ex-líder sindical conheci que erà um "solda-
cou conhecido como ope- Delegacia de Ordem Polí- tro prédio. Ao atravessar
a ala entre o porão em que leza", explica ele.: Quando dos carregadores de Macapá, do da Sa. Companhia: A
ração "engasga-engasga" , so- tica e "Social (Dops), sr.
eu estava preso e o prédio Odilardo Lima chegou à pri- preso em 1964; e outros partir daí sabia que não ia
freram consequências sociais Espíndola; e mais quatro
são, encontrou um epilé- elementos desconhecidos. prestar mais nada. Correu o
manifestadas pela hostilida- elementos, um dos.. quais sequente, vi o delegado
tico. Depuis foram chegaân- Mais tárde ele soube bizu de que iriam nos levar
de dos seus seus profes- apelidado de "Bolero", per- . Antero que estava selecio-
do pessoas conhecidas: João . que havia cerca de 28 pre- para Belém. Então perdi as
sores, Aqui, um dos pre- tencente ao Dops. "O nando correntes e cadeados
Capiberibe (suspeito do sos, distribuídos em dois po- esperanças...
sos, Odilardo Lima, conta tenente Josemir me disse e Ouvi quando ele comen-

«
AAF QO fa BR DFANBSB V8.GNGÇaaa, CLOSC, p E
.PÁGINA SMR

"Abriram o porão e e eu pude ver o caminhão com sotaque de «Sulista e que se aproximou, meio ge. O Alexandre tinha sido dias nos libertaram. Um ofi-

botaram todos de mão para e um €-47 da FAB (Força que, pelas reclamações dele, desconfiado, e me per- baleado pela polícia «de cial "moreno. disse que a

cima, chamando-nos de co- Aérea Brasileira): Eles emea- dava a entender «que "era guntou o que tinha acon- Macapá, dentro da casa de- gente era hóspede oficial
munistas e terroristas. AÍ 'cavam jogar a gente lá de àgricultor. Ele. também foi tecido. Não sei, estou le, e passou mal com aque- do "governo e: que passa-
fizeram à revista. Apertaram cima. No aviãoencontramos preso conosco, sem Saber nestá. canoa... respondi. la rótula... havia mais O ríaimos para os alojamentos
tanto meu saco que quase Outros. presos, estes acor- porque.. Depois soubemos "Mais tarde apareceu Capiberibe e um epilético".: dos soldados -e que podia:
não aguento. Depois nos rentados, Mas foi aí que que ele Aoi "encaminhado um cara paisano e pela de- mos sair à qualquer hora,
levaram para outra celàá, entrou: o comandante do para "O Quarte] General, / ferência do sentinela achei INTERROGATÓRIO mas chegar antes das 22 ho—
aos poucos! Cinco degraus avião. Ele discutiu com o Quanto a nós, fomos dire- que era Um - oficial., "Fói ras «e dizer para onde ia-
separavam O nível do sole cara do Exército que havia to para "á antiga V-Compa- ele que começou a sacana- Continua. narrando o mos prossegue Odilardo
do porão para onde fui nos levado e disse que no nhia de Guardas no Forte gem; mandava a gente levan- estudante: "Fui o último a Lima. - Começamos a sair
levado. Na porta havia dois avião quem mandava era ele do Castelo, hoje agregada tar .os braços, deitar, levan- ser chamado para o interro- e procurávamos passar O
Caras encapuzados. Um e que não iria se reêsporisa- ao -©20. Batalhão de Selva. tar... ninguém dormiu. gatório. Eles. insistiam êm tempo: todo fora. Ninguém
sujeito me empurrou é fui bilizar pela morte de nin: Besamarraram a gente e nos Quando famos: cochilando saber: como foi a minha tinha interesse em voltar
aparado: na porrada, O Is- guém dentro " da nave, encostaram na parede, de eles batiam com a bota vida "no Exército e diziam "ali. Aquilo tinha-nos de-
nard Lima Filho e o Capibe- Depois mandou afrouxar o mãos para cima, até as irês no chão de- madeira. Lá que as pessoas pouco. com- xado com os nervos sen-
ribe estavam apanhando. arame e tirar o capuz. da tarde, intimidados por pelas tantas começaram a prometidas escapariam... síveis. Tomávamos miita
Apanhavam lambadas de "Quando chegamos a um selda do chegar soldados curiosos Quem fazia "às perguntas cachaça no Ver-0O-Peso, com
arame, "socos e pontapés, era o Comandante da V "peixe frito, e emprestáva-
com "as perguntas e Os "pa- Companhia de Guardas, Ele mos dinheiro de conhecidos
lavrões. - me perguntava, o que era - nossos. Tenho 'um tio que
"Estava lá também, célula, prontidão, atividades ficou apavorado quando me
apanhando, o Paulo Lerou- estudantis.de base e sobre viu, "Ele é reformado da
ge (francês quê lutou na re- o meu felaciónamento com Marinha e ficou com medo
sistência francesa contra os o pessoal que estava preso.»: de ser comprometidos
alemães na Segunda Guerra "Nessa época "De manhã, a gente
Mundial, ex-proprietário das inauguraram um xadrez com sumia do Forte do Castelo
terras onde. hoje é uma ba- sala de interrogatório, com e amos para a casa de
se de lançamento de fo- porta .de aço. Eles nos uma parenta do Càpi e te-
guetes na Guiana Francesa levaram para lá. Era mais lefonávamos avisando que
e professor,. de Francês confortável. Tinha banheiro, dormiríamos fora. Ninguém
em Macapá, além de curio- sanitário e dava para o rio. queria voltar pra lá. Geral-
so pela Astronomia. Sua ca- Dormiamos no chão de ci- mente ficávamos, eu, o Is-
sa foi saqueada pela polí- mento e "de "madrugada nard e o Capi, na casa da
cia que o acusou de enviar fazia muito frio. Conven- tia do «Cápi. Haviam se
mensagens a Cuba usando cemos um sargento a arran- passado 25 dias desde que
um telescópio, jar um colchão para o Paul chegamos a Belém até nossa
o que "mais tarde serviu Lerouge que estava doente. partida. Um dia chegou o
de "pilhéria contra _ a Arranjaram por uma noite... aviso pra gente se armm-
polícia-=local). Ele "chorava De dia a partir das 11 «ho- mar. Um carro do Exér-
e diziá coisas em Francês" #O poeta Ismard Lima Fllho ras, era como se o ambien- cito levou-nos para o avião,
te fervesse de calor: O epi- do mesmo tipo que viemos
O EMBARQUE Belém, fomos embarcados que nos Xingavam e afir:
lético só vivia tendo àta- pra Belém, e regressamos
ámado de fuzil. Mas não a Macapá. Voltou todo
em "outro caminhão fecha- havia brutalidade, Parecia mavam -que seríamos joga-
que e pedimos para leva
"Fui torturado do. Eramos uns trinta é ha- rem-no de lá. mundo",
durante duas horas. Depois rotina". dos na baía de Guajará, "Depois do interroga- "- Odilardo Lima perdeu
nos manietaram com arame via uma mulher entre nós, com pedras amarradas nos tório eles viram que não várias provas colegiais, mas
e corrente. Eu fui manie- acusada de distribuir bom- pés. Eu tremia todo de não perdeu o ano escolar.
bons envenenados". Desem- COMIDA puro esgotamento. O pes-
tínhamos nada com nada.

tado «com arame. Havia Foi nessa época 'que o de- Notou, ao chegar a Macà-
um caminhão do Exército barcaram no Aeróporto soal também. Após algum pá, que tudo por que pas-
Militar, encapuzados e nova- "Um sargento disse tempo colocaram conosco
legado Benedito Uchoa e o
nos esperando. «Nos joga- que a gente "ia almoçar -
escrivão José Maria Santos, sou foi abafado. Ninguém
ram lá dentro como se jo- mente manietados, -"Devia um crioulo que se dizia ambos do Dops, levaram sabia de nada, com exceção
ga porco. Quando me- ati- ser uma hora dà tarde - continua Odilardo, - "A comandante de um navio in- roupas para nós, enviadas dos presos, da "polícia e do
raram lá,-o arame começou lembra Odilardo. Quando comida foi conserva com glês. Ele chegou encapuza- por nossas famílias, Exército. Ele voltou tam-
a cortar meus. pulsos., Aí todo mundo entrou tiraram ovos, feijão, arroz... eles se do. Quem conversou com e Compraram pasta dental, bém para a rádio e rece-
eu fiquei: de. um. jeito Ó capuz do pessoal. O ca- desculparam dizendo 'que ele foi .o Isnard. Passamos sabonete e outras coisas pra beu apoio motal dos padres
que não cortasse as veias. minhão erá do Exército nao esperavam tanta gente. mais de. dois dias nesta sala. gente. Depois os interroga- seus amigos. "Mais "tarde
Antes disso, nós fomos e coberto de lona. Reco- Depois levaram a gente pro Eles levavam a gente, de tórios voltaram, quase sem- trabalhou na Prefeitura de
encapuzados e levados para nheci um sargento que foi alojamento dos soldados. um, por um, à privada. pre de «noite. Eles remane- Macapá, na extinta Acar
uma sala.. Lembro-me que cabo juntamente comigo. Eles haviam afastado as ca- Banho, só fomos tomar javam a «gente, "constante: é no Mobral, como agente
chamavam pro cara quees- Havia poucos soldados, mas e nós deitamos no chão depois. de uma semana. mente , de xadrezes". cultural no Amapá. Hoje,
tava nos interrogando de co- coisa que eu estranhei, por- e não podiamos falar com Odilardo Lima tem uma sus-
ronel. que éramos. uns vinte e elês ninguém. A noite, chegou "No outro dia nos se- HÓSPEDES DO GOVERNO peita: "foi a própria polí-
"O carro nos levou se comportavam como se, o. sargento Uberdan Matos paramos. Ao que tudo indi- cia de Macapá que promo-
para 0 aeroporto. Nós con- estivessem num policiamen- (que. era soldado quando ca os mais suspeitos fica- "Dez dias depois dei- veu q "engasga-engasga".
tinuávamos encapuzados -e to normal. o Odilardo fora cabo no II ram no Forte: do Castelo: xaram a gente tomar banho Quanto «ào objetivo, ainda
foi lá no aeroporto que "No carro, no aero- Batalhão de Infantaria de eu, Alexandre, Jorge, Fer- de sol e almoçar com os é uma incógnita não tão
o vento levantou meu- capuz porto, havia um sujeito Seiva, "de 1967 a 1970) nando Ribeiro, Pau Lerou- soldados e «daí a cinco difícil de se, responder.

Chaguinha, vítima do terror

Maio de 1973, ultlmo ano do governo classe popular era ndo como um perigo ao de um seu amigo na estrada de ferro Santa- 20. Batalhão de Infantaria de Selva, onde se
Médici. Francisco das Chagas Bezerra, ex-lí- sistema de força. .na-Serra do Navio e, de volta a Macapá, foi alimentaram e dormiram no cimento. Eram,
der da Associação dos Carregadores e Ensa- - No dia 30 dé maio: de 1973 Chaguinha preso pela polícia local. Os policiais que es- então, nove elementos: Chaguinha, Periqui-
cadores de Café do Território Federal do estava no mercado Central, ondeo até hoje tiveram em sua casa remexeram tudo. Eram to, o poeta Isnard Lima Filho, o professor de
Amapá (órgão reconhecido pelo então Mi- trabalha como carreteiro, quando soube que o escrivão Zé Maria Franco e o delegado Inglês, sr. Gurgel, um operário, um empre-
nístério do Trabalho, indústria" e Comér- estava havendo uma onda de agressões na Uchôa, que chegaram a confundir a imagem gado da Brumasa, um ex-empregado do sr.
cio), onde exerceu a presidência durante seis rua do Canal (que passa em frente ao bar de um santo, que estava na parede, com Jorge Fernandes Ribeiro, o próprio sr. Jorge
meses em 1961, foi preso no dia 31 de maio 'Cabocio ) e que apareteu mais de uma vi- "Che" Guevara ou coisa que tal. Ribeiro e um outro elemento desconhecido.
de 1973; Até hoje o líder de classe, conheci- tima com a garganta inchada. Foram vistos Estiveram durante 20 dias no 20.
do em Macapá como Chaguinha, tenta, como também, perto de uma Olaria (na rua Gene- Uma hora da tarde deste dia 31 de Batalhão de Infantaria e Siva, de onde
outras vítimas do terror, compreender as ral Rondon com a Padre Júlio Maria Loim- naio de 1973, Chaguinha chegou a fortaleza saíram no dia 23 de junho, autorizados pelo
teias do sistema que o arrasou. barde) , soldados armados. São José de Macapá, onde encontraria úns Major "Amorim. Dia 29 de junho chegavam a
"Preso em 1964, à noite de 5 de abril Chaguinha passou na casa "Nabil" 20 presos. Sábado, dois de abril, os policiais Belém, onde tiveram tratamento semelhante
por "ocasião do golpe militar no Brasil, (casa comercial! de tradição em Macapá) e lá de plantão abriram os portões da cela em ao líder comunitário Odilardo Lima que
novamente preso de 17 a 20 do mesmo mes soube que o sr. Jorge Fernandes Ribejro que os presos se encontravam e os arranca- foi torturado na fortaleza de São José de
e 'ano, Chaguinha, por dirigir um órgão de preso. Chaguinha foi para a casa ram com violência, embarcando-os para o Macapá.

ES

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na próxima eclição), faça sua crítica. O "Resistência" está ao lado do povo e contra tudo que for contra
O povo. Divulgue o jornal entre seus amigos.
c AAA,ÇÃO BY R&28V/AIO R: BR DFANBSB VB.GNGAAA, 4F IA? , PA
eÉRESISTENCIA PAGINA 9a

Fernando Canto, estudante de Sociologia da Universidade Federal do por seus amigos e, sobretudo, a expectativa de ser preso por alguma coisa
Pará e um dos mais importantes compositores populares do Amapá, foi pre- que não sabe o que é. E tudo o que não sabemos o que é, naturalmente
so também, embora não fosse torturado. Aqui, ele diz a aflição que passou causa-nos medo. W EM

- - "Até falar de amor

era um crime político""

"Há sete anos muitos amapa- para prestar depoimento no quartel do 340: "Um oficial nos levou dé volta à cida-
enses foram bruscamente vilipendiados pela 4 Batalhãode Infantaria. O tenente disse à mi- de no seu carro, -o tempo todo a-nos. dar
força repressiva do sistema do governo Médi- nha mãe que se tratava de problema de or- conselhos que não aceitávamos por estarmos
ci: Entre eles estava" eu, que mesmo sem Sa- dem militar, alguma coisa como ajeitar mêu amargurados com a prisão. de nossos amigos
ber o que realmente ocorria, notava um cli- certificado de alistamento que não se encon- e nada podiamos fazer para vê-los livres de
ma esdrúxulo sem igual: * - trava correto. Meu pai não se encontrava em tão imbecil situação.
**Duas noites antes à minha prisão, es- casa e minha mãe ficou nervosa, mas foi sufi-
cientemente forte. O tenente falou aquilo "Um participante do Clã, Azolfo Va:
tava na praça São Benedito, onde escutei al- lente, havia sido denunciado por um sujeito
guns conentários a respeito de um ""grupo de para tranquilizá-la, lembro-me. Mas não con-
com quem tinha quizílias pessoais, de vulgo
subversivos" que estava causando pânico na seguiu muito em virtude de encontrar-se na
"Espirro" , Azolfo ficou um dia e uma noite
cidade, mais exatamante no bairro do Buru- frente da casa a metade da população do La-
guinho, na expectativa de ver passivamente o no quartel, somente liberado por interferên- .
tizal. A notícia foi aceita com ironia, ,pois
cia do tenentê Amaury, de quem era amigo.
pensei que se tratava de algum marginal ten- que acontecia.
tando estrangular alguém, num assalto, ou "Quando chegamos a nossas casas, o
"Quando já estávamos dentro do Jeep
coisa de uma simples briga. pessoal estava assustado e ao .mesmo tempo
(sem capota), apareceu um adolescente di-
alegre por. estamos em liberdade, apesar de
zendo ao tenente que uma mulher viu um
"Logo depois chegou a namorada (ho- dois veículos do Exército ficarem circulando '
homem no quintal de uma casa no fim da
je. sua mulher) de Odilardo Lima que confir- os quarteirões próximos onde morávamos. O
rua São José. Imediatamente a patrulha des:
mou a sua prisão efetuadapor uma patrulha Azolfo e eu morávamos paralelos ao Odilar-
locou para lá; sem contudo nada encontrar.
comandada pelo tenente Josemir, quê havia do e.ao João de Deus. Os carros rodaram até
Entretanto ficou um soldado armado, inves-
levado uma ordem judicial de prisão e revista tigando o local, acompaniiado -por vários cu- por volta das 21 horas.
à sua casa (do Odilardo). A moça estavaà ner- riosos. Seguimos no Jeep 'para o quartel. . . "Também teve problemas na escola
vosa e pediu-lhe para não comentar a respei-
to. Fui para casa. .. "Tá chegando, fomos diretamente para por Causa disso. O professor "Mário Quirino
Fernando Canto disse-me que erá agente do Serviço Nacional
O gabinete do comandante. Ele pediu a um
"No outro dia, à tarde, o Rui Lima soldado para nos servir café e sair, fechando de Informações e mostrou-sé brutal no trata-
Preparei-me, usando um crucifixe como ar- mento a mim dispensado, o que gerou dis-
irmão do Odilardo, apareceu em casa com ma "dialética, pois sabia que o comandante a porta. Tomamos o café e começou o inter-
visível sinal de estar muito nervoso e chora- rogatório. Vi, atrás de uma pilha de livros, cussão, quase motivando minha expulsão de
do 340. Batalhão de Infantaria era cursilhista colégio, cogitada por ele, d que não aconte+
va, revoltado, pois havia levado comida a seu e eu havia feito um curso dé Treinamento de um fio de gravador sobre a mesa do Oficial.
irmão que se encontrava preso náã fortaleza ceu graças à intervenção da orientadora. Afi-
Liderança Cristã, o que poderia redundar em nal eu estudaria o último ano do curso de
de São José de Macapá e, pelo que pareceu, "Ele perguntou-nos o. que sabíamos a
assunto de ordem religiosa e desviar o inter- respeito do Odilardo Lima; Se ele era 0 "pa- Contabilidade.
deve ter Ouvido algum grito de gente Sendo rogatório por algunsmomentos; pois de nada
torturada. * triarcà do Cla (Clã Liberal do Laguinho) e
sabia sobre os acontecimentos: Sábia que "O referido «professor propagavaque
"Estávamos conversando no quintal de se éramos esquerdistas." Até então o meu
jam me buscar 'por ser amigo do Odilardo todo cabeludo e barbudo era subversivo e eu
casa. Nesse Ínterim, surgiu uma criança na amadurecimento. político, ideológico, era pe-
Lima e ter ligações intelectuais e ártísticas estava incluído por usar cabelo grande. Na
cerca ao lado de casa, gritando: "Mamãe, queno; e o que respondi foi à altura, sem
com ele: comprometimento com ninguém. - 1 época, eu tocava em um conjunto musical e
tem um homem no quintal da vizinha". Foi "Tínhamos um clube, o #*Clá Liberal fazia parte de uma juventude que, embora
um alarde. Era eu e o Rui que conversáva- do Laguinho", que funcionava no quintal da "O comandante titou de uma pasta revoltada com um sistema de opressão, inclu-
mos embaixo do abacateiro. Fiquei zangado casa do João de Deus, onde "faziamos fes- amarela letras de músicas de minha autoria e,. sive nas escolas, curtia a música como forma
e lembro-me que passei uma esculhambação tas com feijoada e tentávamos dar importân- inclusive, "Laguinho, Laguinho, Laguinho", de não se alienar da realidade e procurava
no garoto. cia à arte do Amapá, que.antes se encontrava de parceria com o Odilardo, que apresenta- um motivo para não entrar na mesma situa-
""Nessa altura o pânico já se generaliza- quase falida é voltada sempre para ideais fas- mos no HI Festival Canção, em 1971, ção em que vivia a.-maioria dos jovens ama-
ra na cidade, inclusive pelos constantes anún- cistas. Nosso objetivo era cultural e artístico. quando então começava minha carreira paenses. £
cios na então rádio Difusora, emitidos por Tentávamos levantar a moral da arte ama- como compositor.: Não havia nenhum teor
ordem do secretário de Segurança, coronel "Soube depois, por boatos, que o epi-
paense, onde já-se viam muitos nomes emer- político nas letras musicais, se bem que até
Indio Machado. Os anúncios diziam para a sódio do "engasga-engasga" não passou de
gindo, com muito talento. ' falar de amor na época era crime político.
população se tranquilizar que a polícia esta- um blefe de terrorismo criado pela polícia
O FIM DA ESPERA para que 'se implantasse uma: polícia militar
va tomando providência para proteger a po- "Depois de algum tempo o comandan-
pulação. Era a alienação total. Lembro que As 2 horas da tarde de um dia no iní- te perguntou-me se era cursilhista, Disse-lhe no Amapá? A verdade é que, à custa disso, a
meu pai preparou um cacete de massarandu- cio de junho chegou à casa uma patrulha de que não, que fiz o Treinamento de Liderança população ficou traumatizada, sofrendo uma
ba para proteger-nos. Parecia uma clava de dois Jeeps do Exército, comandada pelo te- Cristã: Ele chegou aonde eu queria; então verdadeira psicose coletiva que redundou no
guerra do tempo das cruzadas. nente Amaury. Havia-quatro soldados arma- Cristo foi o grande comprometido no inter- sacrifício daqueles que foram torturados em
"No dia seguinte eu tinha a intuição * dos de metralhadoras e, dentre êsses solda rogátório que levou. cerca de uma hora so- Macapá e enviados como porcos ao matadou-
que poderia ser psocurado pela repressão. dos, vi o João de Deus que fora apanhado mente sobre religião. to, a Belém".

uma carta enviada do Rio de Janeiro,


va sendo feito pelo regime, ou eu teria que
por Rui Gonçalves Lima e seu irmão sair do colégio.
Odilardo Lima, em 15 de dezembro de * "E foi desses fatos que comecei a com-
1979, ele lembra o caso, atendendo a culpados?
preender mais as coisas, pois tu foste parte
Quem são: os
pedido expresso por mim. Aqui, trechos da de uma geração criada nos intervalos dos se-
carta: nões e da porrada e que fez seu aprendizado
de vida num momento em que a política re-
"Companheiro - costumavas chegar para o almoço e onde deveriam ser colocados no: paredão para tornava às ruas e às fábricas, após o silêncio,
"Tem de chegar o fim dessa ditadura poderias estar; aí respondi "com uma serem fuzilados. Foi quando falei com ela as deserções e a derrota de 64. Comecei a
em que nós não podemos nos reunir, discutir pergunta: - Por quê? Resposta do tenente que os que gritavam por justiça eram contra sentir na carne, aliás a perceber o que antes
nossos problemas, num momento em que Josemir: - Para prestar um depoimento na toda a forma de opressão ao povo e queriam não sabia direito, o que era o regime de arbf-
tudo é proibido pelo governo dos patrões. E Dops. - * melhores condições de vida a todos. Ela disse "trio e ditatorial, o que seus agentes servis
"Enquanto isso o "Bolero ficou no que comunista tem que morrer. Eu perguntei tinham a coragem de fazer. E foi dessa ma-
proibido falar nos baixos salários, na alta do
pátio e o outro cara no carro. "Depois de se comunista era lutar pelos seus direitos, neira que comecei à me integrar nessa gera-
custo de vida; é proibido falar em tudo que "
tudo, acredito que foram para a Rádio pois, caso fosse, eu daquele: momento em ção que surgiu e se politizou por volta de
nos interessa e que não convém aos patrões. 1966. Uma geração que quando os ventos da
Por isso, é preciso que nos unifiquemos para Educadora, pois o papai foi quem diante seria um. Ela me disse que eu teria o
informou. . . Daí por diante, em casa, foi um mesmo fim dos meus amigos. revolução pareciam soprar de maneira irre-
somar nossas forças para a conquista de uma
verdadeiro pânico, pois mamãe teve uma "Depois veio o trabalho sobre "Ética freável, viveu as ilusões libertárias dos anos
sociedade mais justa, que garanta condições
de vida digna para todos e amplas liberdades crise nervosa que por pouco quase morre e Profissional , e minha parte no trabalho foi 68/69.
democráticas. foi preciso ficar internada no Pronto fazer 'a introdução e nesta falei dos "Após o fim de muitas ilusões .o regi-
"'Por isso, é necessário ""esclarecer" Socorro: Depois de passados dois dias de profissionais que se enganam em suas me institucionalizou de forma definida a re-
busca, pois ninguém sabia informar do teu profissões e passam a desempenhá-la como pressão política, o terror e a tortura e os
quem foi e porque produziram toda aquela
paradeiro, é que entrei em contato com dona carreiristas e que fazem-na de intrumento assassinatos, Dessa geração, da qual tu és par-
farsa de terror em Macapá, provocando uma,
Walquíria (mãe do poeta Isnard Lima Filho) de poder contra os que lutam em prol dos te ativa e integrante, comecei a fazer parte a
psicose coletiva, alienando a população para
e ela informou onde estava 0 pessoal - na mais necessitados, dos que querem uma partir de 72/73, optando pela oposição total
com os "terroristas"; quem foram os servis
, Fortaleza de São José de Macapá. sociedade mais livre, mais digna paratodos à ditadura. É
'para o trabalho fascista em Macapá. ""Nossa oposição é combatida com
"Os fatos da tua prisão estão "Aí começamos todos os dias a levar os trabalhadores, seja ele de que classe for. E
as refeições, e isso quem fazia era eu, e foi na correção do trabalho que foi dado uma política de extermínio, prisões e tortura
esquecidos, mas tentarei trazer aqui as a todos os seus militantes. Foi nesse período
recordações de alguns, como foi e caso ça algumas vezes passava na casa do Isnard para nota zero, alegando que o mesmo não tinha
levar a refeição dele. Mas o choque maior foi nada a ver com o pedido. E celocou uma de "engasga-engasga" que comecei a ver as
invasão feita em casa pelo tenente Josemir, coisas mais claras, devido às opressões, às
delegado. Spiíndola;, um cara chamado
quando foi dito que o pessoã! tinha viajado nota mais ou menos assim: Se caso eu
para Belém. Quando cheguei a Fortaleza, . quisesse ir para ande meus amigos estavam, tensões, à constante ronda feita perto de ca-
"Bolero" e uma outra pessoa que não sa. Foi quando senti e comecei a ver tudo
conheço lo motorista). Eram neste dia, a esposa do Isnard tinha discutido era só continuar. E que eu deveria era me
com uns guardas, segundo informação que preocupar com outras coisas, pois aquilo não bem definido e até a ter ódio. Foi então que
aproximadamente 12 horas. Chegaram e
tive.. nós não saberíamos mais notícias era coisa de minha idade. s 'vi que não poderia estar afastado dessa vi-
foram entrando e af começou uma revista no vência política, combativa ao regime. O pou-
, teu quarto e levaram alguns livros, sendo um concretas a teu respeito. / "Foi pedida em uma reunião de
"Falta Alguém em professores a minha expulsão do Instituto, ce tempo de militância política que tenho é
que me Jembro
FUZILAMENTO feita "pela professora Lucimar, com o que dedicado às lutas dos trabalhadores, estudan-
Nuremberg", de David Nasser. Revistaram
""A notícia de tua prisão já se espalhara não concordaram os professores Bento Góis tes e do povo, e de todos os setores popula-
tudo, depois passaram para o teu quarto em
e no Instituto de Educação do Território do é Bosco. Mas foi proposto. pela diretora, na res da oposição, para que essas vejam trans-
que eu dormia e processaram a mesma
Amapá já sabiam que tu eras meu irmão, e época Anie Viana, que caso continuasse a formadas em uma luta de mãssas, para a der-
revista em minha gaveta, levando a foto do
durante uma discussão com a professora protestar e defender o pesoal que estava rubada desta ditadura criminosa, fascista e
"Che" Guevara, que um dia antes tinha
Lucimar, que atribuiu toda aquela situação a preso, ela seria obrigada a me afastar do arbitrária, para que seja implantado um go-
tirado do teu quarto (era uma foto da
um grupo de "terroristas e que estes colégio, pois ou concordava com o que esta- verno realmente popular".
"" Manchete). Perguntaram a hora que

3 <- s v * E s Oia
AAA DO. O r ER Dranass velene aaa, SÉ A2GANERIA , p ÃO

PÁGINA 10 RESISTENCIA

PEDRO

R
POMA

Os restos mortais em "Santa Isabel"


Eles vieram de São Paulo, depois de um ato companheiro valoroso que JFutou pelo povo
"É estranho que Pedro Pomar ainda
público realizado na sede da Associação Bra- 'durante toda a sua vida; e mais doido quan-
assuste. Aqui está o que de material restou
sileira de Imprensa (Pomar era jornalista), do esse companheiro foi brutalmente assassi-
dele - os ossos - ainda mete medo". As
sob coordenação do Comitê Brasileiro pela nado pela ditadura. Nós, os que combatemos
palavras de Raquel Pomar, representante da
Anistia. Em Belém, todo o traslado foi coor- pela causa do povo", disse Humberto, ""só-
Comissão Nacional de Mortos e Desapareci-
denado pela Sociedade Paraense de Defesa mos solidários na vida e na morté"". Até que
dos e do Comitê Executivo dos movimentos
dos Direitos Humanos. um dia todos os trabalhadores possam ter Pedro Pomar, quando deputado federal
pela anistia, tocaram fundo as poucas pes-
uma vida digna, na vitória final. A SDDH
soas (100, se tanto) que foram à sede do burguesia. Mas eles não lembram o que tem-
PM D B assumiu a responsabiçidade desta homena-
PMDB, à tarde do último dia 12 de abril,
gem, pois Pedro Pomar, enquanto viveu foi bramos agora: o assassínio terrível, o crime
homenagear a memória de Pedro Pomar. nefando praticado contra Pomar, o herói do'
Apesar da hora tardia pelo menos 50 um defensor: intransigente dos direitos
"Embora poucos", disse Raquel, **somos
pessoas estavam no aeroporto, e receberam humanos". fm Brasil".
poucos aqui e agora, porque a coragem ainda A seguir falou Joaquim Célso de Lima, "Não posso continuar por causa da
não veio para todos. Quero criticar a falta de Pomar, com faixas, palavras de ordem e a
canção "Caminhando", de Geraldo Vandré. antigo companheiro de Pomar. "Aqui estão emoção e da situação de cardriáco"", disse
mora! dos que teriam que vir e não vieram". Levihail, "mas quero deixar patente a minha
Logo após, acompanhada por um cortejo de os restos mortais de vosso patrício, um au-
Com efeito, apesar dos mais de cinco
carros, a urna foi levada para a sede do têntico lutador: do povo, como comunista homenagem a um homem maior do que
mit convites distribuídos pela cidade, e de
PMDB (aliás, ainda que tenha cedido a sede, do Partido Comunista do Brasil'". todos os generais golpistas, criminosos, que
algumas notícias dos jornais da grande
o partido não teve nenhum parlamentar a re- querem fazer do Brasil uma colônia e um
imprensa local (mesmo assim, apenas ""O
presentá-lo no aeroporto; apenas o vereador BANDIDOS país pobre". ,
Estado do Pará" noticiou a chegada dos res-
João Marques compareceu à tarde de sába- Depois falou Carlos Sá Pereira, ex-
tos mortais de Pomar a Belém), foi muito presidente do Sindipetro: "Temos convicção
do). Coberta tom a bandeira brasileira, a O discurso mais emocionante foi o do
pequeno o interesse da população pelo fato.
urna ficou em visitação pública até as 16 ho- jurista Levihall de Moura, ex-membre do e consciência, disse ele, que a maior homena-
Os próprios setores democráticos, com algu-
ras, quando então foi levada para o cemité-
PC e antigo companheiro de Pomar em Be- gem a Pomar é a cornttinuidade da nossa luta
mas exceções, não chegaram a marcar forte lém. Em sua cadeira de rodas, Levihall, en- por dias melhores, para derrubar a ditadura,
presença - e foi a eles, principalmente, que rio de Santa Isabel, ao jazigo da família.
tre outras coisas, disse o seguinte: "Eu fui os bucaneiros, assaltantes do poder, traidores
se dirigiu o desabafo de Raquel. um orador. Mas hoje, exatamente por causa
DIREITOS HUMANOS da pátria".
dessa ditadura que infelicitou a nossa pátria, O último à discursar foi Wiadimir Po-
ATO PÚBLICO
. No PMDB a cerimônia foi aberta pelo eu talvez não possa ser o orador que fui mar, que o fez como membro do Partido Co-
professor Alexandre Cunha, coordenador do naquele tempo. Há pouco tempo, esses assas- munista do Brasil: "Todos sabem que meu
De qualquer maneira, os restos mortais
Comitê Paraense pela Anistia, da SDDH. sinos e golpistas que usurparam o Brasil, que "pai era um homem do partido, do Partido
de Pomar estão sepultados no cemitério de
Depois de Ráquel Pomar, falou o presidente liquidaram o governo constitucional de João Comunista do Brasil, ao qual dedicou mais
Santa: Isabel. Eles chegaram a Belém à _
da SDDH,; Humberto Cunha: "Realmente é Goulart, esses bandidos que se apossaram do de 40 anos de sua vida. É nestas condições
madrugada do último dia 12 de abril, trazi-
doído cada vez que nós temos que saudar Brasil, há pouco tempo eles lembraram o que que eu pretendo me dirigir a todos". E falou
dos por Wiadimir Pomar, Raquel Pomar e
um ente querido que morreu. Se dá o mesmo . chamam de intentona , comunista, que foi sobre seu pai (Veja entrevista de Wiadimir,
Joaquim Celso de Lima, respectivamente fi-
quando saudamos a ""morte de um uma Tuta gloriosa dos comunistas contra a na página 13).
lho, nora -e antigo companheiro de Pomar.

De Óbidos à Lapa, Alguns pensamentos


(.. .) a missão dos comunistas é sempre, (. . .) se formalmente todos concordam verificar -o mais possível a sensibilidade e a ex-
partindo dos interesses das massas e utilizando com as causas dos nossos erros, o justo então é. periênciá de seus dirigentes em cada momento.
uma vida de lutas . -- todas as formas de luta, levá-las a tomar seu verificar porque eles se repetem, já que parti- Entretanto, por vários fatores que vêm sendo
destino nas próprias mãos. . . Se procedermos mos do pressuposto de que todos desejamos analisados desde o XX Congresso (do PC US),
Nasceu em «Óbidos, pequena cidade do Pará às de modo inverso corremos o risco de cair no honestamente a revolução. Quer dizer. . . apre- criou-se em fosso Partido um sistema em que
militarismo. sentar os problemas políticos, a sua justa avalia- discordar era o pior dos crimes.
margens do rio Amazonas, a 23 de setembro de 1914, ...) o certo é primeiro realizar o tra- ção, como um das condições para não conti-
filho de um exilado peruano e de uma maranhense. balho político, procurar, através de uma ação nuarmos cometendo tais erros. Mas os proble-
(. .-.) não devemos voltar ad passado
Cedo os pais se separaram. Passa, então, a infância planificada, cuidadosa, paciente , clandestina. . . mas políticos podem constantemente ser mal
oportunista de direita, de achar que as massas
criar a base de massas necessárias para desenca- avaliados. Por exemplo, qual é a garantia de
estudando e ajudando a mãe no sustento da casa, entre- dear a luta. 2 por si mesmas, espontaneamente, devam um
que o atual momento internacional não esteja
gado as costuras e vendendo doces. (. .o.) a preliminar a esclarecer, no senti- sendo devidamente valorizado para o avanço do dia pegar em armas e se defender da violência
do de se dar qualquer passo adiante, e sério, na movimento revolucionário brasileiro? Uma des- reacionária; nem adotar o princípio "esquerdis-
Ao completar o curso primário é enviado para Be- senda da preparação da luta armada, é a questão sas garantias, ou melhor, a principal, é a exis- ta", Blanquista, foquista, de quesão 'Os comu-
lém. Destaca-se como líder estudantil! antes mesmo de de se é ou não prioritária a formação da base tência de um clima democrático no Partido para, nistas que devem pegar em armas em lugar das
que este possa realizar um trabalho coletivo e massas.
ingressar na Faculdade de Medicina. Participa da revolu- política de massas.
ção de 1930 e da insurreição de 1932, ingressando logo
depois no Partido Comunista:
Foi preso várias vezes antes de se deslocar para o
Rio de Janeiro, em 1941. Em 1942 muda-se para São 0 companheiro Joaquim
Paulo, onde permanece até 1945, dedicando-se comple-
tamente ao trabalho de reconstrução do PC. Faz parte da
Joaquim Celso dé Lima, que veio de São "Paulo balha com os pais como colono do café, nas fazendas pau-
Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP) e
acompanhando os restos mortais de Pedro Pomar, foi um listas, e depois na roça, em Pedro de Toledo, litoral de São
é um dos organizadores da Conferência da Mantiqueira
dos presos no dia da chamada queda da Lapa, 16 de dezem- Paulo, Em 1944 entra para a doca de Santos, como estiva-
que traçou a tática de unidade contra o nazi-fascismo e
bro de 76. Ele era responsável pelas tarefas da caseira e dor, mas a falta de documentos é obriga a entrar para a es-
reorganizou a direção partidária nacional.
motorista da direção do PC do B. Como os demais presos trada de ferro Sorocabana,como lenheiro. Entre 1945 e
' naqueles dias (Wladimir Pomar, Aldo Arantes, Aroldo Li- 1947 Joaquim serve o Exército, 60. Batalhão de Caçado-
Em 1945, com .a anistia, retorna à legalidade e em
ma, Elza Monerat, João Batista Drumond - este assassinado res. Volta a ser ferroviário e retorna às docas, para, como
1947 é eleito deputado federal por São Paulo, na legenda
nos porões do DOI-CODI paulista - e outros) Joaquim foi ele diz, "carregar saco na cabeça". "Nessa época, diz Joa-
PCB-PSB, o que impediu sua cassação logo depois, quan-
uim, eu já percebia que havia uma grande movimentação,
do o PC foi novamente colocado na ilegalidade. Perma- violentamente torturado. Passou um ano e oito meses na
todo mundo Falava do Prestes, mas eu ainda não tinha ativi-
nece como parlamentar até 1950, ano em que findou seu prisão , saindo em agosto de 79.
Boa parte da vida de Joaquim foi dedicada, como ho- dade política", Fica nas docas quatro anos e meio, de onde .
mandato. Nesse período acumulava ainda as funções de
mem de partido, à luta do povo. Ele nasceu a 13 de dezem- já sai, em 51, com à prática de eletricista. Vai para Porto
diretor do jornal Tribuna Popular e, posteriormente, da
bro de 1924, em Lins, São Paulo, filho dos camponeses Alegre, trabalha como operário em algumas fábricas.
Imprensa Popular.
tra- "Em 1952 fui recrutado para o Partido Comunista". Em 55
Misael Celso Junior e Alice Lopes de Lima. Até 1939
Em 1951 passa outra vez à clandestinidade. Fica o partido o convocou para trabalhar nas minas de carvão de
algum tempo no Rio Grande do Sul, depois no Rio de São Jerônimo. Passa a fazer um intenso trabalho com os
Janeiro e, finalmente em São Paulo. Após 1957 e até mineiros, e é figura de liderança numa greve que durou 14
1964, no hiato da relativa liberdade política que o país dias;, "A minha ficou dirigida pelos trabalhadores", relem-
atravessou, desenvolveu uma amplia atividade política en- bra Joaquim, Foi nesta época que ele conhecera a Pedro
tre os operários da zona leste de São Paulo, onde residia. Pomar. 3
Em 1958 ele volta a Porto Alegre, e trabalha como
É nesse mesmo período que adota uma firme posi-
eletricista num moinho de trigo. Por divergências políticas
ção «contra a política dos dirigentes do PCB, acabando com o partido (então já haviam prenúncios do grande racha
por ser expulso dessa organização em 1961. Isso.o leva, de 62) Joaquim se afastou um pouco, mas manteve o traba-
juntamente com outros que se encontravam na mesma lho que fazia na empresa em que trabalhava, onde houve
posição, a reorganizar o PC do B em fevereiro de 1962. . unia greve de 33 dias. Por sua destacada atuação, ele chega -
Daí em diante volta a dirigir o jornal "A Classe a secretário do Sindicato dos trabalhadores moageiros. Par-
Operária", editado legalmente até abril de 1964. Com o ticipa de algumas reuniões para a articulação do Partido Co-
golpe militar é obrigado a retornar à clandestinidade, munista do Brasil, e já está integrado a este quênado em
voltando-se então inteiramente contra a ditadura e de fevereiro de 62, Pomar, João Amazonas, Maurício Grabois
construção de seu partido e dedicando-se com todas as e Outros rompem definitivamente com o Partifo de Prestes
forças para a solução dos difíceis problemas do caminho (que fica sendo eritão o Partido Comunista Brasileiro).
armado da libertação do povo brasileiro. "Num conchavo entre os pelegos e os patrões", Joaquim
acaba perdendo a reeleição. Vem o golpe de 64 e ele se
A 16 de dezembro de 1976, ao término de uma mantém trabalhando numa siderúrgica da grande Porto Ale-"
reunião do Comitê Central do PC do B, a casa onde se
gre. A pártir de 1965 passa a dedicar-se integralmente ao
realizara o encontro é atacada pelas forças repressivas, trabalho partidário. &
sendo então friamente assassinado,. juntamente com Joaquim (esq.) na última homenagem a Pomar
seu companheiro demuitos anos, Angelo Arroyo.
RJ em, 45 Tire. : a aa
FRALSÃAQ AV CL2RAA- ia
RESISTENCIA

. 4 «
Fotos inéditas

rodas as fotos pertencem ao processo da Lapa - e foram batidas pela repressão, Jogo após o
brutal assassinato de Pedro Pomar e Angelo Arroio. Até então inéditas em qualquer publi-
cação nacional, estão também publicadas (cCuii várias outrds) no livro "Pedro Pomar, comu:
nista militante".

"A CHACINA

__DA LAPA |

Pedro Pomar, detalhe. Novamente os óculos estão em outra posição, a demons-


trar claramente que as fotos foram forjadas pela repressão. Quando a família
foi receber os ossos de Pomar, no cemitério de Perus, em São Paulo, o braço |.
direito (por baixo do sofá) estava quebrado em três pedaços. A arma, ao lado
do corpo foi provavelmente colocada depois do crime.

Angelo Ayroio e Pedro Pomar. Atragédia da Lapa, até hoje não muito bem es-
clarecida, foi talvez o maior ataque que a repressão política já perpetrou con-
tra uma organização da esquerda brasileira.

A casa no bairro da Lapa, em São Paulo, onde se deu, o ataque., Conforme


informações contidas no livro "Pedro Pomar, comunista militante", desde
alguns meses antes servia como "aparelho" do Partido Comunista do Brasil.
A vésperado dia 16 de dezembro de 76, quase todos os dirigentes haviam
tido reunião. A maioria foi presa nesta mesma noite, quando saia da casa.

Angelo Arroio assassinado. Ele foi operário metalúrgico em São Paulo. Desta-
cou-se nas lutas dos operários paulistas na década de 50. Membro da direção
do PC do B, teve importante atuação nã guerrilha do Araguaia.

Eis o estado em que ficou


a porta da casa dà Lapa,
com oataque covarde e bru-
tal da repressão política.

Pedro Pomar. Foto nitidamente forjada. Seus familiares informam que ele ja-
mais usava óculos, a não ser para ler, o que evidentemente não fazia naquele
momento. Os óculos foram colocados após o assassinato, e em posições dife-
rentes para cada foto. Note-se que o "comunicado", mesmo sob a poça de san-
gue, não chegou a manchar.
BR DFANBSB VB.GNC.AAA. EGÍ!S/A
e&PAGINA 12 RESISTENCIA

Entrevista com Wladimir Pomar

. Guerrilha do Araguaia: as
- divergências no PC do B
Brasil "Há(PC dodo B)Partido Comunista doSé-
divergências-muito questões,
revolução sobrecomoo enrarar
sobre caminhoas lutasda
riasem
do"Resistência" torno doA declaração
Araguaia". problema dafoiguerrilhafeita ão atuais
por do povoquebrasileiro
exemplo qualquer - eleslutaacham maiso
Belém porWladimir
- ondedos esteve para Pomar,
participar em séria pode
processo deacreditar colocar em.
aberturanodo regime, risco todo
queEssaé
dodro traslado
Pomar, restos mortais de
"O centrododa Ara-dis:
seu pai.agierreilha Pe- preciso
maioria regime.
do porcomitêconfiávelcentralao regime. do PCBE
cussão
Quaia", é realmenteWiadimir.
dissediscussão "Todofeitoo pro-na tenta passar
eudo actedito que háossetores importantes"
cesso
tentativa de de evitar está
o sendo
racha. Não há o de regime,
um para
partido. como quais« o - a
PCBlegalização
poderia .
racha. Há dedivergências
possíveis s&perar, sérias,quemashajasão -
desde legitimar
regime melhorfazendoessasmudanças
está na sua forma quedeo Os fuzileiros navais no cais do porto

umtica,processo
de também
avaliação , do sério
que dê autocri-
foi certo e exercer
impressão a ditadura
que a de classe.deEuPrestes,
presemça tenho" Estivadorês

erradonácentro guerrilha
realment e dosãoAraguaia:
as Mas o
questões por diversos
apesar de todas motivos (ele no Brasil,que
asposiçõeserradas
que estão dono fundo
guerrilha "Araguaia. do problema
Basicâmente da . têmanos,tomado
ainda é no curso deportodosmuitosesseso
Considerado
ção,umessa grupo,
questão:
é o povo,umquem classeé queOperafia
faz a revolu- . presença
comunista dehistórico, etc...) então a
Ameaça

apartido? ou
Essaum éprocesso
a ques- é Prestes
atrapaharia,- pelo menos na sua direção neste partido De repente os fuzileiros navais so que têm quase certeza que suas

tãoObjetivo,central.queA nãorevoluçãoé efetiva.


foram chegando e espalhando-se pelo reivindicações seriam aceitas pelo

depende da vontadeda convencer. os outros de que: era profundamente, *É difícildizersemo queanalisar:é quemaisestá
cais do porto, devidamente ar- governo federal, já que estão rei-

dosdecisãohomens, ou é algo que depende


mados de fuzis e metralhado- vindicando de acordo com a lei

Em de algunshomens?
decorrência de "haver sido doincorreto. conjunto Então,do partido,
a responsabilidade
do conjunto é mesmo
que há determinando
problema tudo isso.no Brasil,
interno Acho ras, para surpresa dos estivado- no: 270 da CLT, que lhes prevê

está relacionado não todas só comessasa


res que normalmente desenvol- esse direito. Agora easo suas rei-

preso,ele
avolvepar internamente explicoueste queprocesso
de como não estásé muito
desen- da direção.assim,
digamos e do responsabilidades
partido.Não há, conjuntura, -mas com
viamseu trabalho no dia 10 últi- vindicações não sejam atendidas e a

dentro doexplica,PC doé B.o quandoindividuais.há divergências,


A questãonãoentrese coloca transformações
nós, sociedade quenos ocorreram na
mo. O exercício foi considera- Jari ganhe a questão, aí tran-

- "Oquequeestáeuestou sabendo, brasileira últimos anos,


do como de "rotina" pela Capi- quilamente paralisam séus servi-

ocorrendo externamente, - emSe coloca


descobriremresponsáveis individuais.os está muitona«relacionada comUniãoas
tânia dos Portos (que alegou eos, não importando para isso *

Quer dizer: há a opinião de Pomar realmente descobrir mudanças política da


treinamento da guarnição do que o cais do porto esteja ou

(NR: com o Coojornáã! qual ele fecha), erros, as concepções


que foi superá-las. errádas, Soviéticá, , política
e expansionista mais navio-escola Custódio de Melo), não tomado por fuzileiros navais.

publicadono e no Movimen- E lógico que em mais ofensiva, : estáde mas na verdade se relacionava Moisés Oliveira, arrumador,

to,entrevistas
éque vai desair outras agora nopessoas," determinados
livro, e 'dohá pessoas encarmam momentos
mais ouMasmenosalgumas relacionado
divisão com
da esquerda todo esse
brasileira. Quaisquadro ao fato de os estivadores te-
rem ameaçado deflagrar uma gre-
diz qual é o pensamento da clas- :
se hoje: "Aqui nós somos mais

próprio
posiçãocontrária". Amazonas, que tem uma determinadas
pessoas podem concepções.
ter a Capacidade essas
de desses
explicar fatores
e s à á são
briga fundamentais
dentro do paraPC ve, a nível nacional, caso não de 700 estivadores. Se um parar,

também modificar as corrigir.


suas concepções, brasileiro, seriaestudodifícilmais determinar
fossem aceitamas suas reivin- Todos também paramNem que

descobrir o erro e se Eu acho agora sem um profundo.


dicações. Entre elas está o direi

DEBATE
pra isso nós tenhamos que fazer *

que todo o processo de luta interna "De qualquer modo, a impressão


to a receberem também por cu- piquete nos portões do cais. Se

Wiadimir Pomar acha que "a deve ser no sentido de modificar as que eu tenho é que o Prestes, pormaisum
bagem - pagamento por metro for decidido pela greve então

tendência é esse processo de debate se concepções que são erradas, corrigir lado, ele expressa a política
cúbico de carga -, uma vez que nós todos entraremos em greve.

aprofundar. Qlaúquer partido- disseque essas concepções,fazere é «neste o que processo relacionada com os interesses da União
a gente Soviética. desde 1965 só vêm recebendo Agreve é a nossa arma, e se for

quera ser tomado seriamente tem procurado por tonelagem (os armadores O caso nós faremos uso dela".

eleque-eleampliar que oaprofundar


debate, e o debate,pedirtem todo de luta". LAPA
inclusive expressa AchoPorque"ele
isso. outro porlado,umtendo lado cobram por cubagem e tonela-
gem, acarretando um prejuízo
Samaritano, um outro arruma-
dor, também acha justas as rei-

aelementos
participaçãodemocratas,de pessoasdosdeelementosfora, dos perguntado Em relação
sobre aà tragédia
investigações da Lapa,
que o em
como vista
" o essa
grande divisão
campeão ele quer da aparecer
unidade
de mais de 300 por cento para vindicações da classe e tem espe-"

revolucionários de outras tendências, dos comunistas. Ele faz um apeloisso


a classe). a ranças que vão ser atendidas. "Eu

para participarem deste debate, pois PC do B estaria fazendo neste sentido, explícito a todas as correntes. Para
Alémdisso, os estivadores de tenho quase 60 por cento de es-

eleAgora,nãodiz.querespeitosó ao PCquantos
do B. falar Wladimir Pomar disse que "quem deve ele foi obrigado, não teve outrojeito, a
Belém tinham outro motivo : peranças que as nossas reivindica-

estágios ainda dificuldades,


vão ter que ser vencidos talvez sobre isso
estejam são as pessoas
encarregadas que
de fazer
autocrítica a autocrítica.
foi tão Agora,
genérica,. essa
tão
para paralisarem seus serviços,
no que também, segundo eles,;
ções vão ser atendidas porquesão
bastantes justas. Só para

para isso, eu não estou em condições investigar


um pouco ser vidente, nãoêssesobretivetéspeito o caso,
o assunto. dar uma explicação abrangente, e eu acho que dificilmente
a Eunenhuma
não tenhoconclusão acesso,a , elaautocrítica
contariam com a solidarieda- se ter uma idéia do

desó comprever;bolaseriade cristal". acessoe acho é válida.elePrimeira, teria que quepeloparamenos fazer de de toda a classe do país: a que os armadores estão ganhando

quesão ascomplicadas,
conclusões dizer
questão. com a Jari. Quando na nossa costa basta citar um exem-

RESPONSABILIDADE porque a este uma.respeito partido o entre


seguinte:60 eolha,-a 64 foi política
" _ " do tudo parecia praticamente plo: a madeira é toda vendida, co-

queda do tipo da Lapa, reformista, de criar ilusões nas classes


resolvido,; já tendo inclusive mercializada, etc, por metragem e

Sobre se as divergências quanto com morte de alguns dos principais dominantes, de criar ilusões na
cerca de 60 homens entre es- só a nós os arrumadores se paga

aoexistiam
encaminhamento da guerrilha já dirigentes, numa reunião da direção burguesia, de criar ilusões no exército
tivadores e arrumadores tra- apenas por tonelagem".

discussão no PCprocesso
pelo do B, ele principal
inicialdisse dao muito do
sérias. partido,
Os dados tem queimplicações
eu tenho: (ele dizia-que
essencialmente as forçasarmadas
democráticas, que eram:
iam
balhando naquele pórto, eis Apesar de Batalha também crer

estão bastante incompletos e talvez


que o presidente do Sindica- que os estivadores irão ganhar a

seguinte: "Haviam já desde 66, 68, não ajudassem no momente a garantir à luta do povo.Então, ele to da classe. aqu'í em Belém, questão, ele não descarta a possi-

certas divergências quanto ao


partido nanuncaluta esclarecer tudo", PCB disse ele. teria que dizer pelo menos isso: nós Emanoel Batalha; recebeu bilidade de que venha a ser defla-

encaminhamento
armada. Mas essas dodivergências aplicamos
direitista, que essadesarmoupolítica, a s - massas política
parao
informações de que Daniel grada uma greve caso .isso não

Sobre as atuais divergências no


aconteça: "Nós estamos recor-

tinham se explicitado completamente, a luta e acabou levando que em 64.


Ludwig estava articulando

elesdiscussão.
apareciam sempre Partido Comunista
nodabojo.direçãoda Wladimir Brasileiro (PCB), praticamentemovimento popular fosseMas eleesmagado
junto aos ministérios e à rendo a todos os meios para que

Agora, a maioria disse o seguinte: sem luta. não: dizAo


Presidência da República, as nossas reivindicações sejam "*

doao caminhoque
partido era francamente favorável "Nocaso do PCB:eu acredito nenhuma palavra sobre isso.
para que fosse conseguida atendidas. A Federação Nacional

foi adotado. Deve-se que há umdo acordo tácito entre"dessea contrário, continua afirmando que deo
uma ordem de retirada des- dos Estivadores se reunirá nova-

ser", ressalta Wiadimir Pomar, "que maioria Comitê Central erto principal em 64 foi o erro
ses estivadores. Segundo Ba- mente com a Sunamam para re-

mesmo osincorreto
que tinham"O caminho, partido, que é de tendência
divergênciaelese eurocomunista, chamada esquerda. Então,de quefachada, validadepratemessa
talha, o próprio Ludwig, no solver esse impasse. Agora é

acharam «que tem algumas autocrítica tentar último dia 16, foi pessoal: lógico que se isso não ficar re-

também tiveram responsabilidade no divergências com a União Soviética e enganar principalmenteépessoal novo, mente até Brasília para ten- solvido, nós saberemos o que

encaminhamento da coisa, porque não com alguns


tiveram pelo menos capacidade de aqui dentro em relação a uma série de período 3: - agrupamentos que estão que não conhece " á história daquele '
tar isso com o General Fi-
gueiredo.
Para os estivadores, a situa-
fazer. Acontecendo o mesmo; na
caso da-questão com a Jari,
quando iremos até as últimas
ção não será alterada. Eles acre- Iconsequências caso Ludwig con-
ditam piamente que a Jari não siga o que está tentando" . (Ra-
conseguirá o que deseja, ao pas- fael Lima).
ASSINATURA ANUAL
Cr$400,00 (Exterior: US$ 15)

ASSINATURA SEMESTRAL"
Cr$200,00 (Exterior: US$ 8)
ASSINATURA PERMANENTE
Cr$5.000,00
-e
Desejo fazer uma assinatura do jornal "Resis-
tência". Para isso estou enviando Vale Postal ou o cheque no. 2
em nome do JORNAL RESISTENCIA - SOCIEDADE PARENSE DE DE-
FESA DOS DIREITOS HUMANOS, avenida Pedro "Miranda, 1566, Belém -
Pará, 66:000.

Profissão: . . ..
Endereço:. s... .. 0 . . c..: . 4 4, A ea 1 .a toa uam ao a ea A e a a a + a 3 Evas
Bairro:; ... > .......... a, Cidade area sra e Pax -=. Gado... . -..
CEP:; ... --.
A estiva- se mor senta
so 4
ARA,ZPH0 SV R2 Ra BR DFAaNBSB ve.GnCaaa, ECCS% SA éAK CXA
sRESISTENC! PAGINA 139
s
Habitação

A conversa fiada do PROMORAR ..


de Souza

publicações completam comovai ser executado é quais os efeitos desse


Como parte da implementação do PROMORAR na bacia ". fevereiro de 80. Essas
a compreensão global que os órgãos executores programa sobre as populações que os idealizadores
do Una, a CODEM publicou recentemente dois planos:
o Ante-projeto Urbanístico do Una, em dezembro do PROMORAR têm a respeito da urbanização do PROMORAR dizem querer beneficiar com o programa
© de 79, e o Projeto de Ação Comunitária, em das zonas alagadas de Belém e nos dizem muito sobre de recuperação das baixadas de Belém.

O Plano de Ação Comunitária da CODEM

O representante. da Prefeitura na co- levará as comunidades 3 suma "efetiva Os: nossos planejadores procuram asa Após o - contato inicial começará
missão do Promorar em Belém é o engenhei- integração das ações dos moradores e do po- sim, reforçar a idéia de que o baixo nível o "processo de mobilização através de fo-
ro da CODEM, Elias Frazão dé Araújo der público". Não percam de vista as "as- e vida de nosso povo é decorrente da falta lhetos, cartazes, audio-visuais, emissoras de
Sabat, sob cuja coordenação são elaborados pas". de preparo profissional, de estudo enfim, rádio, jornais, bem como palestras nos cem-
os planos de execução, pelos técnicos Através dessa ação comunitária da não atentando para o fato 'de que, o baixo tros comunitários, reuniões en residências
da mesma empresa, esses planejamentos CODEM pretende-se que "as lideranças nível de vida do povo é decorrente da fal- e "visitas domiciliares (...)". Até o final
são subordinados forçosamente às diretri- e organizações comunitárias (...) funcionem ta de emprego causada pelo modelo de de- deste ano estará feita a "preparação das
zes emanadas do Ministério do Interior, como agentes intermediários entre as Enti- senvolvimento concentrador de "riquezas lideranças e organizações comunitárias".
não sendo possível a introdução de elemen- dades governamentais e a população, para em poucas mãos, que é também o responsá- A segunda fase será de integração da
tos estranhos à sua filosofia global por ne- que estas se engajem de forma favorável" vel pela inflação que corrói os salários etc.... população na execução do programa. Apenas
nhum desses técnicos, -por mais que não ao PROMORAR. Se derem certo os planos desses tecnocratas na execução, "tendo em vista reduzir o nú-
concordem com o que estão fazendo, se- Teremos pois uma ofensiva de assis- auto-suficientes, teremos uma população mero de contrariedades que possam surgir
gundo palavras de vários deles consultados tentes sociais da CODEM na baixada do toda portadora de um certificado de pedrei- durante a execução das obras de engenha-
pela nossa, reportagem. "Planejador é pra UNA, tentando de todos os modos fazer com ro, carpinteiro, datilógrafas, etc, sem con- ria. Nessa fase será constituído o Comitê
planejar. E «tem que planejar" isso aqui. que a população aceite pacificamente dições de trabalhar porque não há emprego. * de Moradores por representantes da diversas
Se não aceita pode pegar o chapéu e ir em- as decisões tomadas pelos tecnocratas do De. outra parte tentam nos vender comunidades que representariam as mesmas
bora". Assim se justificou um desses técni- poder central, tanto federal, como estadual a idéia de que a expulsão dos moradores diante dos órgãos executores do programa".
cos ao se defender de sua participação e municipal, sem a menor consulta na hora de baixa renda das zonas mais urbanizadas Temos . portanto aqui o que será e
em uma das equipes que pariram essas das decisões que interessem ao povo. pode "ser evitada apenas pela sua conscien- para que servirá a Ação Comunitária da
obras (latu senso) primas. Essa filosofia de trabalho e planeja- tizáação. Bastará que uma doença mais gra- CODEM . Nada de participação
O Projeto de Ação Comunitária por mento é involuntariamente denunciada pelas ve atinja um membro produtivo de uma dos moradores nas decisões mais políticas
exemplo, tem, segundo se afirma na sua próprias palavras dos responsáveis pelos pla- família com renda inferior à dois salários do plano. Um exemplo disso? Quem deci-
introdução, a finalidade de viabilizar social- mejamentos: a ação comunitária térá o fim mínimos (e esse é o caso de 70 por cento diu se a área seria totalmente aterrada
mente o Promorar; sua ação será desenvol- de "criar um sistema de comunicação en- da população da baixada do Una) para que em vez de se criarem apenas as vielas sani-
vida junto aos moradores e junto às lideran- tre o poder decisório (grifo nosso) com os essa família se veja obrigada a vender o lote tárias foi o ministro do Interior a 1.000
cas locais. Afirma o projeto "de Ação Co- executores dos projetos e ao população a qualquer preço e vá se atolar em Outra bai- km de Belém, e não a população. Embora
munitária" que a "valorização do homem" é objeto (idem) desse programa". O poder xada ainda não "recuperada" pelas classes as alternativas das vielas sanitárias fosse
"um dos pressupostos básicos da ação decisório decide e a população objeto de maior renda. tornar a permanência dos moradores na área
comunitária, na medida que coloca em real- terá que obedecer, para isso é preciso uma Como será a ação comunitária na área mais provável, como afirmaram os técnicos
ce a participação da comunidade nos tra- "ação comunitária" que os convença de que do plano piloto? Segundo o Projeto de da CODEM no documento inicial "PRO-
balhos, dimensionaâando o homem como agen- a pedra é pau. Ação Comunitária, a primeira fáse se desen- MORAR" (aquele de capa amarela). As vie-
te nesse processo." Além desse objetivo, a ação comunitá- volverá a partir de agora e se prolongará las sanitárias que tornariam menores os en-
Apresenta como objetivo geral "pre- ria da CODEM pretende levar "à promoção por todo o ano de 80. Essa primeira fase cargos dos moradores tais como impostos,
parar a população para assimilar o PROMO- sócioeconômica da população, preparando-a será de "preparação ' da população" ou de taxas de serviço, etc, foram liminarmente
RAR" (pág. 6) "levando Uma imagem para assumir Os tributos decorrentes das "abordagem inicial". Ainda segundo o "pro- rejeitadas como previam vários técnicos
positiva do mesmo, eliminando dessa forma novas condições urbanas, conscientizando-as jeto", a importância dessa fase é que se a ligados ao programa. 2
os preconceitos que possam ser gerados" para resistirem às pressões do mercado imo- primeira imagem for negativa, poderá Finalmente, os custos da Ação Comu-
(pág. 7), pois "além de contribuir para biliário, evitando dessa forma, sua transfe- ativar "mecanismos de resistência da popu- nitária: Cr$9.166.800,00 a serem aplicados
3» no triênio 80 a 82.
redução das tensões e expectativas(...) rência para Outras áreas". lação ao programa".

"Ante-projeto de

N ARAUJO

urbanização

do Una | E

ZoNgAmÉErn to
AR-4 - Lotes DE Ae - Coré Reo PROPRIETÁRIOS"
A R-2 - i 11) - P.B - JARQU E
a R-3 - as ia 12x 25
7

do patrimônio da União na área, o que se-


Como é 0 projeto de urbanização do dé acesso terminam em fundo de saco TERRENOS DA MARINHA
ria o cúmulo da inoperância e incompe-
una (Sacramenta)? "cul de sac" segundo a nomenclatura técni-
ca), que é um modelo usado 'na Europa, A localização dos terrenos da Mari- tência, já que compete a ele (SPU) a defi-
O projeto é extremanente sofisticado;
para evitar a intensa circulação de veículos nição desse patrimônio. Naturalmente
a ponto de até os mais crédulos duvidarem nha da bacia do Una é uma das lacunas
inexplicáveis hos documentos da CODEM. que não é fácil a definição da linha da prea-
das intenções do Promorar. nas áreas residenciais das classes mais abas-
fadas, que utilizam o carro próprio como Um exemplo é o mapa 2 (reproduzido mar média do ano de 1831 já que envolve-
A área, de aproximadamente "286 ria estudos hidrogeológicos e. geológicos
meio principal de transporte. O plano, pre- do "Arte-projeto Urbanístico do Una")
shectares, foi dividida em cinco setores prin: Bastante "acurados, Entretanto isso não
é ainda duas linhas de ônibus: onde -se vê a delimitação das "proprieda-
cipais, (veja o mapa 1). As áreas residen- 4 justifica a omissão. É
Os equipamentos urbanos (posto des" de terra da área, sem que conste os ter-
ciais 2 e 3 destinam-se à venda a preços Para se ter uma idéia da extensão
médico, escolas, comércio, etc.) estão con- renos da Marinha, apesar de que a CODEM
só acessíveis às classes sociais da alta renda. dos. terrenos da Marinha na área do plano
centrados em oito pontos, com densidade reconhece "a. existência desses terrenos
Com a venda desses lotes (15x30 e 12x piloto do Promorar da Sacramenta podêmos
maior nos setores destinados à classse de em várias situações, tais como:
25, respectivamente) pretende-se pagar o fi- considerar que a cota de inundação é de
alta O: plano: entra em detalhes
nanciamento do BNH ao Promorar, que - 1 - terrenos de Marinha com benfei- quatro metros acima do nível do mar, o.
até das oito espécies de- árvores a serem
atualmente está orçado em quase quatro utilizadas na arborização de cada quadra
toria e sem ocupação registrada no Serviço que é reconhecido pela CODEM . Além disso,
bilhões de cruzeiros, mas que já está supe- de Patrimônio da União (SPU) mesmo considerando que a influência
em que é dividida a área: quadra das Caram-
rado há muito tempo. A área residencial 2 - sem benfeitorias e Com ocupação das marés se faça sentir só até a cota de três
bolas, dos Oitis, dos, Táperebás, dos Açais,
será loteada (terrenos de 8x15) e vendida registrada (???) metros, a quase totalidade: dos. terrenos
das Mangueiras, os Ingás ; dos Buritis
à população de baixa renda que atualmente 3 - com benfeitorias e com ocupação destinados a serem vendidos. à: população
e dos Tamarinos:
reside na baixada do São Joaquim. registrada no SPU, pobre atualmente residente na área parece
É estranho que um ante-prójeto Essa omissão é muito sintomática
Há ainda o parque distrital com di- ser constituída de terrenos da Marinha,
que se preocupa com tais filigranias (cujo se observarmos o parecer do advogado
versos equipamentos (reserva ecológica, área - não podendo portanto «serem vendidos,
mérito não vamos discutir) nada tenha dito, Ferdinando Siroteau apresentado à direto- |
recreativa, administrativa, lago artificial Compete pois à população fortalecer
mesmo que apenas como manifestação ria executiva da CODEM em 18/8/75 a res-
etc), e a área de comércio e serviço com es- as suas; organizações do: bairro, contratar
de uma preocupação, a respeito de como es- peito desses terrenos em Belém e dá legali-
tacionamento, mercado e outras serviços. um bom assessoramento e lutar pelo
sa população de baixa renda poderá evi- dade de sua venda pela CODEM ôu Prefei- que tem direito, já que, desmentindo os pro-
Tudo adjacente à área residencial da classe tar sua expulsão pela voracidade da especu- tura a terceiros, Conclui o parecer na página pósitos do Promorar, o governo está mais
alta; afinal não é do agrado de granfinó lação imobiliária. Isso se torna mais estra- 14: "Em qualquer caso, a utilização dos interessado em realizar vendas ilegais dos
ficar metendo o carrão na lama nem se . nho, quando é opinião Corrente entre técni- mesmos por parte da CODEM ou da Pre- terrenos de marinha a pessoas que ganham
misturando com o pove sem mais nem me- cos que "participam desse planejamento, feitura, somente poderá ser em termos menos de dois salários mínimos, como parte
nos... que os moradores "atuais da área Serão de serventia pública (construção de praças,
O sistema viário é constituído pela ave expulsos púuco tempo depois de implantado
de um plano de urbanização, do qual a po-.
vias de comunicação, passeios públicos, etc.) pulação não participou e que tem como pro-
nida do canal, com duas mãos de direção, o-Promorar na Sacramenta. nunca para negociar com particulares", pósito principal a "limpeza" da área para sua
cada -uma com 30 metros de largura, ruas
Essa, a opinião de um jurista, então funcio- ocupação por classes de renda maior.
de vivência" (???), estacionamento, pliay- Ninguém desconhece, e muito menos
nário da CODEM e que lidou durante É importante que o povo se esclareça
ground etc.... Em ordem decrescentêé de im- os órgãos públicos, que a questão principal,
longos anos com questões de terras urba- melhor para poder rechaçar as tentativas
portância terémos as vias coletoras, também não só da área do plano piloto como de Be-
nas em nossa cidade, sobre os terrenos da dos serviços de assistência social de vender
com duas pistas separadas por um canteiro lém como um todo, é a legitimação das pos-
Marinha que estão em regime de ocupação
central de três metros, ciclovia de três me- ses dos moradores de baixa renda; para isso um peixe que vai dar indigestão em quem ga-
ou aforamento. . nha salário insuficiente para arcar entre ou-
tros de largura, tudo perfazendo um total nenhuma solução tem sido buscada, mes-
de 25 metros e as vias de penetração ao mo que seja aproveitando os terrenos da Como se vê, a CODEM tem motivos tras coisas, com as despesas. de impostos
bolsão é no lote com 13 e 10 metros, respec- Marinha, muito frequentés ma primeira lé- para a omissão. A outra hipótese é que 0 e taxas de serviço junto à Prefeitura, além
tivamente, inclusive o Passeio. Essas vias gua patrimônial. SPU não -tenha nenhum levantamento das prestações do BNH.

e
AAA.DMO.8Y no BR DFANBSO VB.GNC;AAA. AIO LEXS;P 34
AGINA 14 RESISTENCIA

Grilagem, devastação, desemprego em massa e miséria

A PILHAGEM DA JARI _

Enquanto o milionário dono da Jary, Daniel Ludwig, representante


* mor da exploração do capital estrangeiro no País, aumenta imensa-
mente suas riquezas, o povo oprimido desta área da Amazônia continua
na mais extrema miséria, como prova o A tudo isso a dita-
duta militar endossa e apóia.

A polêmica gerada em torno do proje- te. Entre as inúmeras áreas que a Jary Agro- tado do Pará), com a firma comercial "Peres
to Jary, o Enôrme império do cidadão norte- Industrial (este é novo nome da ex Jary: Flo- Sanchez & Cia Ltda.", sediada em Belém, Apolonildo Brito
americano Daniel Keith Ludwig, instalado restal) está invadindo e grilando, destacam-se para que (ela) explore as últimas reservas de
em 36 mil kms quadrados da Amazônia, "as chamadas de "Servidão Pública" (Nova castanha-do-Pará, que o município de Almei- adquirindo novos costumes e fazendodívi-
comprados em 1965 de um grupo de portu- Vida. Igarapé Azul, Aldeia, etc.) e as terras rim ainda possui, e onde os signatários resi- das pensando que seus empregos. são perma-
gueses), reflete hoje uma justa preocupação que formam as Glebas Paru I e II (765 mil e 750 dem, alegando. que tais castanhais pertencem nentes. "Usou, jogou fora" - uma antevisão
do povo e a reação dos setores mais conse- hectares), "adquiridas por arrecadação e in- à empresa norte-americana Jary. Com isso, e do que será Tucuruí e outras obras que pre-
quentes da sociedade brasileira que vêem, corporação", ao Patrimônio do Estado do por força de um mandato judicial, os signatá- tendem vender a ilusão do "mercado de tra-
neste "audacioso" projeto, uma ameaça à so- Pará pelo Instituto de Terras do Pará - Iter- rios e demais extratores de castanha estão balho".
berania, nacional, e, além de outras, uma pa. Estas terras que já foram motivo de lití- sendo desalojados da área de serviço, de ma- O processo de discriminação imposto
agressão à própria legislação vigente. Mesmo gio e incorporadas ao Estado do Pará, estão neira acintosã, violenta é injusta, tudo patro- pela Jary fez com que o "Beiradão" sinteti-
assim, ainda há quem defenda o neo-colonis- sendo sorrateiramente invadidas pela empre- . Cinado pelo Presidente da Câmara de Verea- zasse a realidade que Ludwig quer impor à
mo representado pela representado pela Jary £ sa de Ludwig, que procura-fazer valer o direi- dores de Almeirim, Pompilio de Siqueira Amazônia, pois representa a marginalização
Agro- Industrial e Comercial S.A., como o to de posse. Para isso, além de escorraçar Goes, que conta com a conivência e partici- da grande maioria dos caboclos regionais que
fez o jornalista Oliveira Bastos, do jornal "O seus ocupantes, proibe-lhes a caça, a constru- pação direta da Polícia lotada no município, não podem, nem poderiam ser classificados a
Estado do Pará"; "o projeto vai dar certo e ção de casas e a coleta de produtos nativos, tolhendo de maneira vergonhosa o direito de participardeste festival colonialista, por for-
se transformará numa fonte de riqueza infi- constrói estradas e ramais naárea, demarcan- sobrevivência de centenas de pais de família, ça das circunstâncias econômicas, culturais e
nita, controlada do exterior", escreveu ele. do a com piquetes é bandeirolas amarelas, que tem a castanha como fonte de renda". nacionais, tornando-se "pingentes" do Proje-
Outro, que por certo tem prestado "relevan- num flagrante ato de invasão da terra alheia Os métodos de devastação empregados "to, sem ter sequer um lugar para construir
tes serviços" à empresa de Ludwig é o major Nessas: áreas as máquinas da Jary abriram pela Jary são os mais sofisticados e moder- seu "tapiri", já que a Jary reserva para si,
Heitor Ferreira de Aquino, ex-diretor da Ja- uma estrada de 135 kms, ligando o Rio Jary nós: o serviço de topografia demarca a área todos os direitos e todo o seu território, não
ry, ex-secretário particular do Presidente ao Rio Pará, interceptando o km nove do desejada, uma equipe motorizada derruba in- permitindo nenhuma construção em seu do-
Geisel e atual secretário particular do Presi- "varredouro", estrada que contou as ca discriminadamente todas as árvores que se. en- mínio, para pessoas que não estejam direta-
dente Figueiredo. . choeiras da região do Panama, rio Paru. Há contram nesta área, para posteriormente o mente subordinadas à empresa. Daí o apare-
Esta malsinada área da Amazônia quem diga que se "ouve os roncos das má- -grupo de remoção retirar a madeira conside- cimento do "Beiradão", erigido pelas rústi-
(maior que o Estado de Alagoas e superior a quinas e o mmuídos dos topógra£os da Jary, em rada aproveitável. Parte vai para a serraria em cas palafitas, no lugar mais inóspito da Jary,
alguns países) há muito traz o estigmá do Maracanaquara, a dezenas de kms, Paru aci- Monte Dourado e 90 por cento para uma das nos alagados da margem esquerda do rio, no
saque, da grilagem e da opressão. Uma longa ma". Tais agressões, uma vez comprovadas, duas trituradeiras que alimentam a caldeira Território Federal do Amapá. Uma "vilage "
história que se inicia nos fins do século pas- deixamnos perplexos ante a atitude do-Go- que crema centenas de toneladas diárias de povoada de prostitutas, desempregados, bis-
sado, quando o coronel dá Guarda Nacional, verno e a criação do GEBAM (Grupo Exe- madeira dà Amazônia e abastece de vapor a cateiros e daqueles considerados "indesejá-"
José Júlio de Andrade, também Senador cutivo para a Região do Baixo «Amazonas, gigantesca fábrica de celulose do cidadão veis*"* para Ludwig. O "Beiradão" foi cons-
da Província do Pará, se apropriou dos ti- administrado diretamente pelo Conselho de norte-americano Ludwig; as árvores não truído nesse baixão, promíscuo e anti-higiê-
quíssimos castanhais e seringais da área, utili- Segurança Nacional, na pessoa do chefe do aproveitáveis, são consumidas pelas chamas, nico, porque a direção da empresa achou pôr
zando-se de métodos que variavam entre a Gabinete: Militar da Presidência da Re- no próprio local de derruba. bem não ceder um palmo «de terra seca para
invasão, o saque e a corrupção política. Mais pública), cuja área de atuação específica construíf-lo. Ninguém constrói em terras de
tarde, um grupo de portugueses radicados compreende os municípios de Almeirim DESEMPREGO Ludwig a não ser ele mesmo. Este povoado
em Belém, adquiriu as terras do velho "Zé (Pará) e Mazagão (T.F. Amapá) (veja fica no lado oposto ao rio Jary e à Monte
Júlio" e criou a "Empresa Jary ", que nada matéria de Benedito Monteiro, sobre o GE- Outro grave problema ocasionado pela Dourado e há um intenso tráfego entre eles:
mais fez a não se manter a mesma "política BAM, nesta edição). Jary, é o dos chamados "bóias-frias". A po- inúmeras "voadeiras"" servem de táxis, co-
do "barracão", cujo "*borrador" já ditou a pulação ribeirinha, oprimida que é pelo po- brando Cr$ 15,00 a passagem ou mesmo fre-
" miséria de uma na Amazônia. Final- DEVASTAÇÃO der econômico; ameaçada pela falta de assis- tes. Quarenta delas rendem diariamente, cer-
mente, em 1965, a "Empresa". vendeu esta tência estatal, sem escolas, sem hospitais, ca de Cr $ .800,00, em média, para seus pro-
vasta área ao cidadão norte-americano Daniel Pior crime ainmda-está sendo comedido pela Ja- sem meio de sobrevivência, foi presa fácil do prietários. Desde 1965, guardas da Jary fisca-
Ludwig que pagou 30 crúzeiros por cada y contra a região: seringais; cumaruzais, mito de "mercado de trabalho", propagan- lizavam a entrada e a saída de pessoas a Mon-
hectare dos 36 mil kms quadrados. massarandubais e, principalmente, castanhais deado pelas grandes empresas que estão exe- te Dourado. Os transeuntes só podiam trafe-
estão sendo derrubados indiscriminadamente cutando uma série de projetos "desenvolvi- gar nas imediações da obra, com a autoriza-
GRILAGEM pela empresa, que ém seu lugar planta gmeli- mentistas". do Governo, na região ção da direção - um perfeito controle de
na, pinho ou simplesmente, pasto: As regiões Amazônica. Acontece que o sonho está fazer inveja a qualquer campo de concentra-
Ludwig, desde que tomou posse dessa do Pilão, Bandeira, São Miguel, São Militão, começando a chegar ao fim, com a conclusão ção. Nada entrava Ou circulava na área da
'área, impôs suas regras e sé portou como um Pacauary, Boca do Braço, Repartimento, Vi- dás primeiras etapas das obras, a implantação Jary sem o consentimento da Empresa. Com
senhor suserano , dos castelos medievais - da Nova, Igarapé Azul, Aldeia e outras foram dos projetos; cuja demanda de mão-de-obra o tempo, este estado de policiamento foi de-
tudo Sob o controle absoluto da Jary Agro- devastadas pelo tacão motizado de Ludwig não qualificada é maior. No Projeto nunciado, a opinião pública foi esclarecida e
"Industrial que utiliza os máis modernos e: so- que não respeita as árvores nobres, cujo Trombetas -ou Bauxita, mais de cinco mil mobilizada a exercer uma pressão sobre as
fisticados métodos de discriminação aos nati- corte é proibido por Lei, destruindo e quei- "peões" foram dispensados e dos sete mil autoridades e a Jary Industrial forçada
vos, considerando:os ""vádios e desonestos". mando as c astanheiras, seringueiras e cumaru- que trabalharam na primeira etapa da- obra, a "liberalizar" seus métodos repressivos:, o
Tal discriminação ensejou ô aparecimento de zeiros que durante anos sustentaram à popu- restam apenas mil, a maioria no (setor guarda do "Beiradão" já não pede a identifi-
" uma "vilàge"- erigida em palafitas, no outro lação nativa da rêgião. agravando aos proble- administrativo. A exemplo disto, a Jary cação dos que desembarcam no porto, uma
lado do Rio Jary, o "Beiradão ", uma habita- mas sociais e provocando a fevolta daqueles AgroIndustrial está dando o aviso prévio à companhia aérea está fazendo escala em
ção marginal e marginalizâdaá de Monte Dou- que viviam do extrativismo. centenas de operários do setor de construção Monte Dourado e há seis meses, por inicia-
rado, a sede da Jary. Apesar da intensa cam- Os 320 castanheiros que residem na lo- da empresa, pondo fim à ilusão do "mercado tiva de motoristas, se instalou-um serviço de
panha que procura esclarecer a opinião pú-: calidade Arumanduba, município de Aimei- de trabglho" táxi. Outra grande conquista foi conseguida
blica quanto à Jary, o imperialismo de Luwig rim, desesperados, enviaram um baixo-assina- No porto de São Raimundo, onde a pelo Sindicato dos Estivadores que, depois
continua em franéa expansão, invadindo ter- do ao Ministro da Justiça: "Os extratores de Jary concentra inúmeros empregados para o de ameaçar greve nacional, estabeleceu uma
fas Vizinhas, destruindo castanhais, seringais castanha que vivem e residem há longos anos cultivo do arroz e outras tarefas, perto de agência da entidade no porto de Munguba,
'é madeiras nobres, tornando-se "dono" dé com suas famílias, em sucessão direta de pais duzentos "peões" haviam recebido, localidade chamada "Bairadinha" ,onde exis-
quase o território de Almeirim, sem o menor e avôs. na localidade Arumanduba, municí- simultaneamente, no. dia três de abril, o té o maior volume de cargas de Monté Dou-
controle das autoridades. pio de AlmeirimPará, onde sempre foram famoso aviso prévio, sob a alegação da cons- rado e da Jary. Um primeiro passo, sem dúvi-
êxtratores de - castanha-do-Pará, dizem que tituição de uma nova empresa, pois a Jary da, para 2a reconquista -do que é nosso. Mes:
dede na O prefeito José Alfredo Hage, de Al conhecem imensos castanhais nativos que fo- tinha mudado sua razão social pará Jary mo assim, ainda há muito que se fazer para a .
ram impiedosamente e indiscriminadamente Agro Industrial e Comercial S.A.. Um "papo defesa de nossa soberania e dos direitos da
meirim, queixa-se que o município não pos-
devastados pela emprésa norte-americana Ja- furado" que não convenceu ninguém, dado a Amazônia, em relação à Jary, inclusive, der-
sui uma Colônia Agrícola, "porque a comu-
na está sendo empurrada contra o Rio Ama- ry Florestal e Agro-Pecuária Ltda. (antigo forma repentina (sem uma prévia prepara- rubar a terrível marca: N.P.V., que quer di-
zonas, pelas indefinições dos problemas fun- nome da Jary Agro-Industrual), isso sem ção), com que a firma está se descartando zer "Não Pode Voltar". E o AI-5 da Jary,
diários e por falta de demarcação das terras qualquer respeito à legislação que protege a dos seus empregados, A maioria deci- usado pela empresa de Ludwig para discrimi-
reserva florestal de nosso país. Não obstante diu não assinar o aviso e impetrar mandato nar e excluir definitivamente da obra, aque-
de Almeirim". A verdade porém, Zé Alfre-
este indiscriminado desmatamento de densos de segurança contra a firma e para isso, já les considerados por ela como indesejáveis
do, como é conhecido, não quis dizer: â Jary
castanhais nativos, a Jary Florestal fez um mandou consultar advogados em. Belém. ou "perigosos" (operários que manifestam li-
está grilando as terras de Almeirim, inclusive
contrato de arrendamento (das terras que Realmente este é um fato lastimável, pois a derança e: "esclarecimento"). Enfim, o '
as áreas destinadas à colônia agrícola do mu-
sempre conhecemos, até o ano de 1967, co- grande maioria dos "peões", é de pobres ca- N.P.V. , é o mesmo que exilar sem direito à
fiiícípio.
mo terras pertencentes ao patrimônio do Es- boclos que perdem a sua identidade regional, anistia.
Tal fato pode ser constatado facilmen-
BR DFANBSB SCYXA3 EA 36 ICA, pl
es RESISTENCIA e 3. e a 2 E PÁGINA 15

_ NA MISÉRIA .
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65 BILHOES

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Somenten ndidaol!oSdeIePmR1baI1t,eirladihaãloidbeaétluircoa.
A preços atuais, o gasto militar mundial é de quase
de dólares anuais (mais ou menos 20 trilhões

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400 bilhões
de cruzeiros), o que representa um aumento de 400
por cento nos últimos 30 anos, a partir de 1948.
As informações são do Instituto Internacional de .
Estocolmo de Investigações 'para a Paz (SIPRI), uma

âa"cadansonsmAaulridpmsaóasnrd-çgaoduserdberasa.efinlvVeooeisrlroavfsii,ameohcnuaát-sotqeru,deansspenaFtrnoãtoris-, tsçnrauasmtauamrmuasdrdaadénisçc.nalo dteerqaufniispnfaaolriemdnaçtdãeo idmnpalsifcoeorsu- tCpooarnmthbaeçécIõminesmstf,eianbcturooicmaetodverápaanirAoatspiooCvtriidpehoaisdmleiedl.sietAEMBRAER


das poucas entidades que tem se dedicado a pesquisar

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em profundidade o problema do armamentismo

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hoje em dia. Dentro deste quadro revelador,

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O dinheiro que você aplica num avião
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% emPAÁGINA 16 RESISTENCIA

Joaquina Barata

pela terra é a questão central do "problema'*" indígena

SELVAGEM É A DITADURA

Assistimos hoje a mais forte e peri- mais-valia para o capitalista, "integrada FUNAI so de expropriação do pequeno lavrador.
gosa investida dos ministérios federais e no mercado consumidor. O General Ismarth não entende que não
dos "tubarões" contra os grupos étnicos Estes "defensores" do índio não Se O papel da FUNAI é cumprir há soluções separadas para um problema
aborígenes, deixando claro que a "questão" tocam na questão da terra, porque essa a lei, como se explica que até hoje este ór- que afeta o conjunto dos expropriados;:
indígena no Brasil não está separada do pro- é também a sua questão, é a sua cobiça, gão não fez cumprir o artigo 198 da cons- índios e posseiros. Quanto a isto, o CIMI
blema mais geral em que hoje estão envolvi- é o seu interesse. No bojo dese modo de ver tituição em vigor que toca o problema reafirma:
dos camponeses, caboclos, posseiros e co- é que emerge o projeto de "emancipação" da "inviolabilidade das terras indígenas.
lonos, Tudo isso pondo em causa o compro- do índio, revelando claramente o interesse da posse permanente, do usufruto das ri- "De nada nos vale exigir da FUNAI
misso do Estado brasileiro com a expansão governamental de transformar rapidamente quezas naturais? Que explicações são dadas a retirada de todos os intrusos das
do capitalismo no país. , 0 índio em um indivíduo isolado, despro- para O não cumprimento do prazo (tam- áreas indígenas, se não temos
Eis "porque, de todas as lutas tegido, separado da comunidade. De trans- bém lei) de demarcação completa de todas a capacidade de enxergar que «as
travadas pelos indígenas, a luta pela terra formar a sua terra comunal em pequenos as áreas indígenas do país até 1978? Por grandes empresas diariamente
é aquela a enfrentar o maior obstáculo, lotes privados. Entretanto,. veio revelar que neste caso a FUNAI não cumpriu expulsam posseiros e pequenos
a conquistar os mais ferrenhos inimigos também que a "opinião públiva, quando a lei? Por que se apressa a cumpri-la quan- proprietários das áreas que ocu-
que, conforme o CIMI (Conselho Indige- sensibilizada pelas causas populares, pode do se trata de integrar o índio? Que oposi- pam (op. cit.)
nista Missionário), "não são numerosos, ser um obstáculo às investidas do poder ções existem entre as sociedades indígenas
mas poderosos: os grandes latifundiários, econômico, sendo capaz de neutralizar e a sociedade nacional para que aquela
as grandes empresas agro-pecuárias e minera- a implantação de um projeto dessa natu- precise ser integrada a esta? E que essa ENGODO
doras, os altos funcionários a soldo destes reza. integração seja explicitada em termos de
grupos" (Boletim no. 58/79). privatização da terra em lotes, do aprendi- Esse deslocamento do foco da cau-
OUTRA VISÃO zado de uma profissão "civilizada" e do sa real, implica na deformação das "solu-
EXPLORAÇÃO aprendizado do português? ções", Daí que vemos. órgãos públicos
2) É preciso enfatizar, contu- como a Universidade Federal do Pará,
O destino das comunidades indí- do, que há outra forma de ver o "problema". apoiando projetos do tipo que vem empreen-
genas, após o contato, sempre foi marcado Nesse outro modo de ver coloca-se expres- MASSACRE dedo o 10. COMAR e a SUDAM, tentando
pelas decisões do poder econômico. E a sivo contingente da sociedade civil: estudan- resolver o caso dos índios pelo lado da
: história dos índios, que sempre foi narra- tes, trabalhadores e camponeses ave militam Apesar do "eu nego" da FUNAI, "capacitação" (de força de trabalho para
da segundo um amontoado de erros, tem na luta pela democracia, antropólogos, missionarios de 14 prelazias, reunidos o sistema capitalista). Com ampla propagan-
ocultado esse fato. Coronéis e proprietá- grande número de intelectuais, missioná- em Manaus de 13 a 28 de janeiro, em 1978, da para influir na opinião pública, dívulga-
rios de engenho ontem, latifundiários e rios da mais atualizada e operante linha da reafirmaram-se como testemunhas do proces- se, mais este engodo, que é a assinatura
multinacionais hoje, todos usando dos mais igreja católica, etc... A "integração", para so de extermínio. Em documento ampla- do convênio para índios prestarem exame
variados meios para exterminar índios, este grupo, longe de ser vista como "solu- mente divulgado, chamaram a atenção vestibular na UFPa, Perigosa mentira para
roubar suas terras ou explorar sua força ção" às questões indígenas, realça como para o massacre dos Waimiri-Atroari, que re- enganar a todos e aos próprios índios. Mais
de trabalho,. " a principal responsável pelas mazelas a 'que sistiram e resistem à invasão de seu terri- um avanço em todo o programa de educa-
Contudo, o que há de insólito estão submetidas as sociedades tribais. tório, para o cerco a que foram submetidos ção para os índios, que no Rio Negro sempre
ná história dos anos recentes, é o descara- Admitindo que "as comunidades os Arara, pressionados por latifundiários representou um movimento para envolver
do apoio do Estado ao rápido extermií- indígenas, fora do contato com a sociedade e colonizadores do INCRA e 'COTRIJUT,; e transformar o modo de pensar indígena.
nio e à cobiça, inclusive através dos órgãos nacional, vivenciam relações de produção para O escândalo do grupo BRADESCO/ Essa educação o faz ver-se como atrasado,
oficiais que tem a responsabilidade de re- que são a base material para a inexistência ATLÁNTICA "BOAVISTA, que recebeu como primitivo, como incapaz. Atuando
"presentar os interesses dos índios é da de classes em sua sociedade, não vêem em 1974 e em 1977 certidões negativas na consciência, a tarefa da. educação do Sa-
sociedade civil que se manifestou ao longo nenhuma vantagem em substituir os pa- sobre territórios habitados pelos Kulina; lesiano é do sistema oficial de ensino da Se-
dos anos a a favor das causas indígenas, drões de produção em intensa cooperação para a ameaça em que vivem os índios do cretaria de Educação do Amazonas, tem
e que fez emergir figuras como José Maria inter-tribal, em direta relação com os meios alto Rio Negro, os lanomani e os Tikuna, conduzido o próprio índio a desprezar
da Gama Malcher, Darcy Ribeiro, Eduardo de produção, que lhes assegura viver como que até hoje não possuem a sua reserva; a sua cultura e a se olhar segundo o ponto
Galvão e outros, povo autônomo e independente, pelos para a situação dos índios do vale do Javari, de vista do dominador.
padrões da sociedade capitalista. Este pon- dispersos pelo bloqueio da FUNAI; para
INIMIGOS to de vista tem sido expresso em vários o caso das 20 famílias Guajajara, expulsas LUTAS
depoimentos, como o do antropólogo de suas terras, passando a perambular às
Hoje, a FUNAI, órgão que subs- Apoema Meirelles para o jornal "O Movi- A despeito de tudo, o índio tem
tituiu o SPI, é tida como aliada dos iniími- mento" em 1977: margens da BR-222. mantido as suas lutas, as suas resistências,
gos dos índios, contra aqueles que lutam A imprensa é farta de noticiários os seus protestos. Desde Ajuricaba, que li-
por sua causa, haja vista as frequentes "Vamos integrar o índio em que? sobre esses fatos, sobre os quais o presiden- derou .uma confederàç£ão de. muitas nações
demissões internas (Olímpio Serra, lara Nós integraremos o índio no meio te da FUNAI ou está por fora ou finge indígenas em 1973, a Angelo Kretã, viti-
Ferraz, etc..) e conflitos externos (CIMI, dos nossos famintos, maltrapilhos desconhecer. mado por uma emboscáda nas estradas
etc...). Seu perigo está no fato de sua ação, e miseráveis párias dos" grandes Essas questões são as mesmas de Mangueirinha em 1980; passando por
perniciosa; ser praticada sob o ideário da centros urbanos? Ou pretendemos que levam a uma série de conflitos entre Maparajuba e outros, os- líderes tem sido
"proteção". integrá-los no meio daqueles que índios e posseiros em diferentes áreas da sacrificados ou esquecidos... A manipula-
Não há dúvida que a "problemáti- moram na periferia das suas reservas, Amazônia e do Brasil, Esses conflitos, porém ção em torno dessas lutas tem sido feitas,
ca" indígena é enfocada segundo interpre- que "vendem miseravelmente sua são manipulados pelo poder, que tenta para deformálas, para apontar o índio
tações diversas. Pelo seu significado teó- força e capacidade de trabalho deslocar o foco da questão de sua causa como um selvagem ao invés de revelar
rico-prático essas interpretações expressam aos grandes tubarões, substitutos real, para jogar oprimidos contra oprimidos. o seu verdadeiro caráter, como lutas legi-
perspectivas de classes no tratamento da hoje dos senhores de engenho e timas de preservação de independência,
questão: coronéis do sertão? ..." INDIOS E POSSEIROS autonomia e defesa de território. E
Apesar desse depoimento ser an-
"SOLUÇÃO" tigo, em 1980 ainda vemos o presidente Declarou o General Ismarth em Para o civilizado, se uma bomba
da FUNAI, João Carlos Nobre da Veiga, 1977: atômica é detonada, matando milhares
1) Alguns (e aqui estão os tecno- "taxar de "sem fundamento verídico" ". a de velhos, jovens, mulheres e crianças in-
cratas bem remunerados do governo, os re- participação da FUNAI no extermínio "ao contrário do que a maioria defesas, isso é justificado. ideologicamente
presentantes dos interesses multinacionais, da culturá indígena na Região Amazônica das pessoas pensa, â grande ameaça como uma necessidade da guerra, como de-
os grandes proprietários de terras, os e no país. Apesar disso reafirma queo tra- às áreas indígenas, não é represen- fesa da pátria etc... As manifestações de lu-
*grileiros, etc..), recusem-se a admitir que a balho da FUNAI é cumprir a política traçada tada pelas grandes empresas agrope- ta das sociedades indígenas, entretanto,
sociedade capitalista nada tem a oferecer pelo governo federal, que é "possibilitar cuárias, beneficiadas por incentivos são mostradas:como selvageria, brutalidade,
às sociedades tribais. Apresentam como a integração de indígenas "harmoniosa- fiscais da SUDAM; mas pelos pos- barbarie e coisas semelhantes. Quando é
"solução" para os índios a sua "integração" mente' e paulatinamente junto à comuni- seiros que se instalam dentro dos o denominador que guerreia, que mata,
à sociedade nacional: "como agentes ati- dade nacional". O presidente da FUNAI limites das reservas..." que destrói, isso é "uma "guerra justa",
vós para o "desenvolvimento" do país", não tem filosofia de trabalho, "apenas uma "guerra santa". Quando é o oprimido
o que em Outras palavras quer dizer: como cumpre leis", disse. (A Província do Pará Como se as grandes empresas ,que resiste, é barbárie, selvageria etc... é
força de trabalho assalariada. transferindo - 3.04.80). nada tivessem a ver tom o violento proces- sempre essa a história das lutas,

_
ar oransse ve.Gne.aaa, SCUO SAB6&A COA, p» AW
em RESISTENCIA as . PAGINA 175

Conceição do Araguaia

Viajand'o por'yáriçs estados do Brasil, para divulgar e buscar apoio à Oposição Sin-
(

dical, José Basílio Siqueira, o "seu"" Doza, fala sobre a importância de retomar o sindi-
cato dás mãosdo atual presidente:

"Bertoldo é eiro e ditador"


Filho de lavradores, nas ocido a 2 de i l para prestação de contas, pois o dinheiro Doza - E de atendimento total aos
abril de, 1916, no municípi de Buriti-- g r do sindicato estava sendo usado para outros inimigos da classe trabalhadora, aos grilei-
Alegre, sul de Goiás, José Basílio Siqueira,o fins. Inclusive o Sérgio Dias Guimcrães, ros. O Bertoldo já chegou a servir de teste-
seus 64 anos,
"seu" Doza, com dores rurais, de Con- é uma das advogado do Sindicato, está fazendo campa- munha para grileiro; serviu de oficial de jus-
lideranças dos trabalha nha política, e é candidato a prefeito pelo tiça pra despojar trabalhador. Tudo isso já
ceição do Araguaia, Não onde chegou no dia PDS. Então ó que aconteceu é que no dia ocorreu,
contand
10. de maio de 1962. cedo "seu". Doza, o com re- da assembléia, O: Bertoldo (atual presidente RESISTENCIA - Como o sr. vê
cursos para estudar, do sindicato), chegou, abriu a reunião e a atual conjuntura política no país?
teve, que ingressar na lavoura, atividade entregou a presidência da mesa ao Sérgio Doza - Esse governo que está aí
que exerce até hoje. Durante toda a sua vida Dias Guimarães. Porque lá não tem votação. não quer se conformar que os tempos são
dedicou- se à luta pela posse da terra e de- Lá o Bertoldo é o «ditador. Então quando outros. Quer continuar naquela política
reivindicações de camponeses e traba- chegou*a hora da prestação de contas, o Ber- que vem de trás, apesar de saber que isso
lhadóres, Em sua rápida passada por Belém, toldo chamou a polícia para botar a gente não tem mais condição. Tenta isso através
antes de sair em viagem queos,vem(vejafazendo * pra fora do Sindicato; eu e mais o Sebastião de subterfúgios, como é o caso da "co-ges-
por diversos Estados brasileir maté- Ferreira, que estávamos munidos do Esta- tão". O programa da Arena, por exemplo,
ria nesta página)o visando levantar finanças tuto do sindicato e- da CLT. Então, quando nunca foi posto em prática. Então o que
nós saimos, os outros que estavam com a.
para a Oposiçã Sindical em Conceiç
Araguaia, Doza concedealguns u uma entrevist
ão doa gente safram também em solidariedade. sai na imprensa, sobre o governo, é com 0
intuito de mistificar, iludir o povo, a classe
dos trechos E assim a prestação de contas não foi feita, trabalhadora,
ao "Resistência".
mais importantes.
Aqui como realmente deveria. Apenas eles enga- alguma coisadeemqueseuo governo favor. O
vai realizar
GETAT
RESIST ENCIA - Seu:o, Doza, como naram o restante das pessoas que ficou por exemplo. Muito trabalhador está iludido
era a situação em Conceiçã quando o se- na reunião. A partir daí a oposição à atual e vai se "iludindo, com os propagandistas
nhor chegou? diretoria começou a se fortalecer. E hoje do ra.
GETAT, achando que vai receber a ter-
Eu acredito que alguns trabalhadores po-
Doza - A situação era de luta dos nós estamos com a nossa chapa de oposi- dem até receber, mas isso pra servir de is-
migrantes que chegavam, por uma posse José Basílio Siqueira, o "seu" Doza- ção registrada e fazendo uma ampla campa- ca para iludir os outros trabalhadores.
de terra. Porque os que já osmoravam lá, nha para sairmos vitoriosos nas eleições
a sua possezinha. Já ricos ades
tinhamtinham nesa", da qual me puzeram como diretor. do dia 29 de junho,
não, Esse jornal funcionou até 1953, justamente indo viajar por alguns Estados, esperando razão pela qual eu estou Agora, se não houver um entrosamen-
Esses as suas grandes propried até o ano em que funcionou a União dos conseguir o apoio de todo o povo brasi- falando, doaliança to, uma profunda, organicamente
os seus latifúndios, de terras devolutas, Camponeses. De certa forma os resultados leiro. r trabalhador da cidade, com
mas que eram domínios deles. Os pobresu da União foram positivos; houve manifes- o homem do campo e os estudantes, não
não. Conheço muito posseiro que trabalho tação de vontade de ser realizada a reforma cia dosRESISTENCIA sindicatos
- Qual é a importân- haverá transformação do sistema
para os trabalhadores? no nosso
em diversos lugares e nunca chegou a conse- agrária, embora com muito sectarismo Doza - O Sindicato é a única alterna- país. Também a mulher é um elemento
definitivo da posse da terra. porquê os métodos daquela área eram tiva para o trabalhador rural.A não ser atra- imprescindível nessa luta. Eu lamento,
título ENCIA
guir oRESIST - Como éra a luta pe- bem diferentes dos de hoje. Nessa época vés do Sindicato, como ele pode fazer? inclusive, que nas reuniões que eu parti-
la Reforma Agrária, naquela época? em Ceres, na Colônia Agrícola Porque á justiça, se mesmo através do sin- cipei, a mulher ainda seja uma pequana
Doza - Quando eu cheguei pra lá, eu.de morava Goiás. Agora, nas Ligas. Camponesas © dicato é morosa, então individualmente minoria.
se ouvia muito falar nisso. Mas na prática, eu não tive nenhuma participação. nem precisa pensar em justiça para o traba- RESISTENCIA - Qual o objetivo
trabalho concreto para isso, não existia RESISTENCIA - Como está a oposi- lhador, porque ele não tem condições nem da sua viagem pelo Brasil?
não., RESISTENCIA - O senhor chegou ção sindical hoje em Conceição? para se alimentar, então como é que ele Doza- Captar o apoio moral e até
aou tomar «parte nas "Ligas Camponesas", no ano passado, - A oposição sindical surgiu vai contratar um advogado? Assim, o sindi- material da classe trabalhadora do campo,
em outro tipo de organiza nesse dade dos lavradores se organizarem para der- porqueé alia ele
ção em fevereiro, da necessi-, cato alternativa para o trabalhador, dos: intelectuais, que estão empenhados
tem a justiça gratuira, e tem na luta pela emancipação da classe traba-
nível? confli- rubar.a atual diretoria. Eu e mais o Sebastião a diretoria para lutar com ele. Isso quando lhadora, para a nossa luta pela vitória da
Doza - Em 1950, após alguns
tos de terra, em Goiás, nós fundamos a Ferreira ex-tesoureiro da antiga diretoria é um sindicato honesto.- Como é o compor- chapaEnfim, de oposição ao sindicato de Concei-
apoio de todos os que estão
União dos Camponeses, da qual eu fui doe solicitamos Sindicato, começamos a nos movimentar
uma Assembléia Geral Ex- tamento
RESISTENCIA diretoria do sindicato ção.
da atual interessados na luta pela concretização da
eleito presidente. A União dos Campone -
ses chegou até ater um jornal,"Voz Campo- traordinária para o dia 9 de abril de 1979, de Conceição? Reforma Agrária.

Samarª
Oposição tem
Lavradores unidos
apoio nacional Em Santarém, os lavradores preparam- lo de acordo com os interesses da clásse.
A luta
lavradores da Oposição
de Conceição Sindical dos
do Araguaia ga-
ressaram bastante pela luta da oposição
sindical. Ainda no Rio, estivemos reuni-
se para as eleições sindicais dos próximos Fortalecendo .a união dos camponeses

nhou campo em outros Estados do Bra- dos na Pontifícia Universidade Católica


dias 24 e 25 de maio. E grande a movimen- com sua significante participação, foi criada
sil a partir da viagem e contatos feitos (PUC), onde ficou formado um comitê tação em torno da Corrente Sindical "LA- a ALA JOVEM da Corrente Sindical, na Co-
pelo representante da classe, José Bazií- que funcionará independente do Co- VRADORES UNIDOS", que luta pela pre- lônia do Prata. Como seus pais eles estão
lio de Siqueira,
nhado o "seu"
pelo repórter do Doza. Acompa-e
"Resistência"
mitê Central do Rio, do qual participam
14 pessoas, sob a coordenação de Sebas-
sidência do sindicato, há muito em mãos dispostos a lutar pela conquista da terra e

pesquisador
ra, Walteir da Comissão
Costa, Doza Pastoral
visitou da Ter-
diversas
tiam Archer, estudante da PUC e mem-
bro da Pastoral Universitária.
de pelegos e traidores da classe.
Reuniões, trabalhos de base e uma
contra a perseguição dos grileiros. Nas re-
niões realizadas durante sua formação,
cidades do sul,
propaganda da obtendo plenoe recebendo
luta sindical sucesso na "Entre as entidades que assumi-
ram o comitê, estão: Comite de Defesa
intensa propaganda das próximas eleições
mostram 0 nível de organização dos lavra-
os jovens mostraram que o jovem das re-
giões da Várzea, da Transamazônica, do Pla-
apóio de todas as entidades visitadas. da Amazônia (RJ), União Estadual dos
Conforme o relato de Walteir, a Estudantes (UEEF), PÚC, Associação dos
dores de Santarém, conscientes de que um nalto, do Tapajós sofrem a mesma carga

viagem desenrola-se da seguinte manei- Docentes da PUC e representantes do sindicato forte mostrará O caminho para a de exploração e desvios que sofrem os jo-
ra: "Em Brasília, apesar do esvazia- Jornal "O Companheiro".
"Ainda no Rio estivemos em
solução de seus problemas. vens de outras regiões,
A luta dos lavradores mostrá resul-
mento provocado
conseguimos uma pela Semana
reunião com dez Santa,
pes-
Nova Igualgu, com membros da Comissão
Justiça e Paz, pessoal do MAB - Movi-
Conforme seu jornal "Lamparina",
a Corrente Sindical "LAVRADORES UNI- tados positivos e animadores, O "Movimen-
soas,
tão do sindicato -e criado um comitêques-
onde foi bastante discutida a de
mento Amigos de Bairros e com o pes-
soal do Secretariado Nacional da Comis-
DOS" é uma corrente de associados cons-
to Sindical dos Lavradores" decidiu, em
boa hora, realizar a SEMANA SINDICAL,
apoio à Opºsição. - são Nacional dos Bispos do Brasil, pelos
quais o Doza foi bastante aplaudido.
cientes, firmes e decididos, criada em julho.
deste ano, na Colônia do Prata, em San-
que teve início dia 25 de abril e encerrou
Em Belo Horizonte ocorreu um "Aqui em São Paulo estamos com formá-la já - dia 10. de maio.
tarém. A preocupação de
imprevisto. Não havia mais passagem pa- uma programação intensa: no sábado es- * No último número do "Lamparina",
vinha, há muito, semdo cogitada por diver-
ra Juiz de Fora, o que nos obrigou a per- tivemos num encontro de lavradores a corrente sindical, falou sobre a importân-
manecer na cidade por mais dias. Embo- (500 aproximadamente) em Registro, ci- sos lavradores. Foi na passagem do Dia do
cia da consciência camponesa, a importân-
ra a estadia tenha sido muito rápida, o dade localizada a 200 km da capital. Lavrador, quando mais de uma centena
Doza teve gportunidade de divulgar a cia de escolher devidamente seus represen-
Doza foi muito bem recebido, apesar do de lavradores participavam do encontro,
questão dos lavradores de Conceição do curto tempo em que falou. Até em filme
que foi concretizada a Corrente Sindical, tantes: "O lavrador é forte e o grande
Araguaia numa reunião (bastante tumul- os pronunciamentos do companheiro fo- se apavora porque ele depende do pequeno.
tuada) da Frente Sindicalista. No dia ram registrados. No domingo participa- recebendo o apoio de todos os lavradores,
seguinte, Doza foi ocupado com a im- mos da reunião de vários representantes pois passou a ser seu órgão representativo. Sem o suor e o sangue do pequeno nada se
prensa. Até as Tvs Globo e Bandeirante constrói, nada se planta, nada se fabrica.
de entidades democráticas que discutiam Agora, quando se aproximam as elei-
o entrevistaram. a preparação do primeiro de maio. ções, os lavradores reúnem-se com o firme
Daí nasce a consciência de que o trabalha-
Em Juiz de Fora deu para amarrar Temos programada uma série de entrevis- dor é a mola do mundo".
tas e um encontro em Osasco. Depois um objetivo de retomar o sindicato e ntilizá-
muito bem a coisa: muitos contatos. For-
mamos o comitê numa reunião de 43 encontro na Pontifícia Universidade Ca-
pessoas, representando diversas entida- tólica (PUC) e Universidade de São Pau-
des, sob a coordenação do engenheiro . to - USP. Teremos um encontro com o

Façalogo sua
),
Odilon Andrade. Entre outras formas pessoal da Frente Nacional de Trabalho e
de apoio haverá espetáculo de teatro, assim por diante. Daqui estamos indo pa-
'ENCI
música, confecções de novos cartazes, ra Campinas, depois a Uberlândia e de- A

bônus, etc... pois Brasília".


No Rio de Janeiro, chegâmos dia Aí está um breve resumo da jor-
8. Lá participamos de uma reunião am- nada dos companheiro; Doza e Walteir,
firmes na propaganda da luta sindical de agora
pla com o pessoal que está fazendo um

- assinatura!
curso no IBRADES sobre Realidade Na- Conceição do Araguaia, ganhando a so-
cional. São pessoas de vários estados, in- lidariedade de todos os setores do Brasil
clusive gente do Acre, Amapá, Amazo- empenhados na conquista dos direitos
nas, Santa Catarina, Paraná. que se inte- populares.

mensal!

M
BR OFANBSB VB.GNC.AAMA, POCO %S6 2n004 WAS
AA DM sv e -a
EEPÁGINA 18 m RESISTENCIA

CASTANHAL
1o de Maio

A greve dos professores

As lutas da classe operária A greve das professoras dem de Almir Lima, que negou-
de Castanhal, apoiada por seis se a recebê-las. Os manifestan-
mil alunos e cerca de 300 fun- tes concentraram-se na pracinha,
cionários, mostrou ao prefeito em frente à prefeitura, carre-
Almir Lima que a insatisfação gando cartazes improvisados e
pela jornada de oito horas frente ao mísero "salário de criticando a péssima administra-
820 cruzeiros é grande e a so-. ção da cidade.
iza Cunha
lução para o problema deve
A história da classe operária é ser imediata, O objetivo da greve era
de lutas, prisões e mortes. A Aparalisação de suás ativi- conseguir que o Salário da pro-
jornada de oito horas, só no dia 1o. dades foi decidida: depois do fessora da rede municipal de en-
de maio de 1890, foi aprovada, atraso de uma semana do paga- sino, pelo menos se equiparas-
depois de intensas lutas dos mento, o que levou as profes- se ao salário mínimo, a exem-
operários de todo o mundo, soras a refletirem sobre uma sé- plo de outros municípios muito
Princ ip aiimenie dos rie de outras irregularidades. menores "que Castanhal. A
norte-americanos. Na França, na professora Conceição disse que
As 200 professoras da rede três abaixo-assinados já foram
Inglaterra e outros países que já municipal de ensino dirigiram-se enviados ao Secretário de Edu-
concentravam grande número de até à frente da prefeitura de cação, Dionísio Hage, mas sem
Operários, as lutas eram travadas Castanhal querendo do prefeito resultados animadores. "E incrr-
não só pela melhoria de vida, mas uma explicação para o atraso vel, diz ela, como o salário de
. também, pela tomada do poder e o não cumprimento da promes- uma servente, que já é baixo,
político, Um exemplo é a Comuna sa de um aumento de 100 por é superior ao nosso". Outra
de Paris (MOvimento dos operários cento que fora prometido recen- denúncia por parte das grevis-
franceses que queriam organizar um temente. Em resposta às 'reivin- tas é a exigência das escolas
dicações, o prefeito ordenou de que todas as professoras
tipo "de sociedade, dirigda pelos
aos seus funcionários que impe- usem elegantes uniformes, o que
Operários, não mais pela burguesia
dissem a entrada de qualquer não passa de um absurdo pois
ou pela nobreza, em 1871). pessoa no prédio, o que foi fei- o custo deles é maior que o
to inclusive com a ajuda de uma próprio salário que percebem.
Até 1890 /os aperários viatura da PM.
trabalhavam de 14 a 16 horas por As irregularidades não
dia, acordando às 4 horas da manhã O movimento ganhou terminam aí. "Ninguém tem
e retornando a seus lares por volta maiores proporções quando o 130. salário e FGTS, apesar
povo castanhalense, percebendo de descontarem INPS nos mes-
de 8 ou 9 horas da noite. As
a justeza da manifestação, apro- mos critérios de quem ganha
moradias e a alimentação eram da
veitou para denunciar o estado salário mínimo". Revoltados
pior espécie. Os operários (escravos
das fuas, serviço de luz e água com o descaso do prefeito,
assalariados, ainda hoje), e tudo .o que se relaciona a os manifestantes o criticavam
procuraram organizar-se em adniinistração de Almir Lima,
Federação Operária. Prisões e Sindicato dos Sapateiros, Sindicato por afirmar que a prefeitura
associações e ligas operárias, de Tentando um diálogo com não conta com recursos para re:
torturas. Semeando o terror. As dos Trabalhadores em Fábricas de
caráter socialista, que lutavam o prefeito, as grevistas forma- solver o problema, e no entanto
autoridades burlam-se dos "habeas Massas.
especificamente pela diminuição da ram uma comissão que levasse é proprietário de numerosas fa-
corpus'" emanados dos juízes . 13. Sindicatos que se
jornada de trabalho. Nos Estados até ele suas reivindicações, mas, zendas e lojas naquele "munici-
competentes. Notas sobre o reorganizaram: a comissão foi barrada por or-
Unidos apareceram especialmente pio.
movimento de São Paulo. O
em Nova Yorque, as grandes Ligas Liga das Costureiras,
movimento mantém-se firme.
de Oito horas. Em Chicago, Sindicato dos Marmoritas e
Solidariedade da Liga Operária de :
também nos Estados Unidos, as Canteiros REPRESSÃO
Campinas. Em Santos, Ribeirão
lutas se intensificaram. Os salários Os trabalhadores que lutaram
Preto, São Bernardo e São Roque,
eram muito baixos e as condições pela jornada de 8 horas de trabalho,
continua a "boicottage" aos
de trabalho péssimas. As lutaram contra o militarismo e a
produtos Matarazzo e Cia. Viva a
organizações dos» operários ameaça da guerra. Os do Ameaças e panfletos
jornada de 8 horas"".
possuiam seus valorosos líderes em Mal. Hermes da Fonseca aos
É interessante a
Chicago nas pessoas de Albert R. trabalhadores, em, 1912, faz com Durante a permanência dos inclusive Romulo Maiorana, Mil:
reconstituição das greves de 1907, restos mortais de Pedro Pomar na ton Trindade e Avertano Rocha,
Parsons, "Michel Schwab, Adolf que seja proclamado o 40.
pela jornada de 8 horas: sede do PMDB, onde foi velado donos dos três grandes jornais de
Fischer, Oscar Neebe, Louis Lingg, Congresso, Operário, cujas
25 de março - greve "dos no dia 12 de abril, apareceu um Belém, receberam ameaças de mor-
Hessoiis August Spies, George Engel resoluções restaram no seguinte;
construtores 'de veículos panfleto falso com a "assinatu- te de um suposto grupo de esquer-
Samuel Fielden, que após 1. redução do horário de
04 de maio - Greve dos 12" da SDDH que entre outras da nacionalista,
manifestação pública, são presos trabalho a 8 horas por dia;
metalúrgicos coisas conditava os jovens a ade- Evidentemente que os mais
pela polícia terrorista. As prisões 2. descanso semanal
06 de maio - greve dos pedreiros e rir ao "comunismo internacio- sensatos não deram importância
transformarantse em processos "obrigatório para todas as categorias nal" e coisas do gênero, num pa- ao fato. Os que se apavoraram
construção civil
instaurados para apurar os de operários e trabalhadores; lavreado característico dos anti- foram os mais ingênuos ou os que
07 de maio - greve das lavadeiras,
acontecimentos e concluiram pela 3. indenização às vítimas dos comunistas furibundos. O panfle- tem a consciência pesada demais.
favricantes de "pentes e barbatanas,
condenação à morte na forca de sinistros do trabalho; to foi imediatamente denunciado
trabalhadores em madeira. Esse tipo de atividade provo-
cinco deles, que sustentavam a idéia publicamente: por Raquel Pomar, cativa é muito, mas muito velho mes-
08 de: maio - greve dos 4. regulamentação do nora do Velho Pomar
de liberdade ou morte. O- sangue mo e só deixa de ser usada quando
passamaneiros, pintores e trabalho nas fábricas, limitação do Não é a primeira vez que a
dos cinco de Chicago que foram não há necessidade, , como por exem:
marmoristas. trabalho das mulheres e dos polícia política distribui esse ti-
enforcados, serviu como semente da plo, no período mais negro da dita-
09 de maio - greve dos sapateiros. menores e proibição absoluta do po de material provocativo. No dura, quando as pessoas eram fu-
liberdade dos operários dia do ato ecumênico em home-
10 de maio - greve dos fabricantes trabalho nas fábricas à crianças ziladas até em paradas de ônibus ou
norte-americanos que, 4 anos mais nagem ao estudante César Me-
de tubos de barro menores de 14 anos de idade; assassinadas quase às claras nos po
tarde, no dia lo. de maio de 1890, raes Leite, morto em sala de aula
11 de maio - greve dos jardineiros 5. seguro obrigatório (com res dos órgãos de repressão política.
tinham. a jornada de 8 horas de pela bala de um agente da polí
e ajudantes, vidreiros, trabalhadores participação nas despesas do Nessa é poca os criminosos mais san-
trabalho regulamentada pelo cia federal, também foi distribwi-
de limpeza. Estado, dos patrões e dos operários guinários, como Sérgio Fleury, re-
Congresso. do um"manifesto" assinado pela cebiam medalhas de ""Pacificador".
14 de maio - Dia do assalto policial e trabalhadores) para indenizar os
SDDH e demais entidades demo- Nesse momento, quando,
No Brasil, a classe-operária ,à Federação operária.. Greve de proletários nos casos de doença e de cráticas de Belém, evidentemente forçado pelas próprias contradi-
iniciou sua organização no começo encanadores e funileiros, padeiros, desocupação forçada e para dar-lhes falso, saudando a chega do exila-
fabricantes de massas, tecelões. pensões na velhice e nos casos de ções e pela luta do povo, o regi-
do século, tendo à frente imigrantes do paraense Rlávio Sales comum
me abre as prisões, decreta uma
15 de maio - Greve dos gráficos e invalidez para o trabalho; um perito em explosivos e exímio
italianos, que vieram para o Brasil anistia capenga, mas que liber-
como mão de obra assalariada. Os Chapeleiros. 6. substituição pelo contrato assaltante de bancos. A nota foi
tou vários pressos políticos, e
16 de maio - greve das costureiras coletivo ao contrato individual do datilografada na mesma máquina
operários italianos desenvolveram que as massas trabalhadoras,
20 de maio - greve dos cigarreiros trabalho. que serviu a outros trabalhos su-
um trabalho político-sindical premidas pela miséria crescente
22 de maio - greve dos ourives e O quadro que se apresentava jos da polícia. avançam mais rapidamente na
levando as idéias dé liberdade da Na sexta-feira santa, em
relojoeiros por volta de 1913 era de luta contra luta por melhores dias e pela
classe operária e a organização plena via sacra realizada na paró-
Muitos desses grupos a ameaça da guerra, contra o conquista de liberdades democrá-
de uma .nova sociedade. As quia de São Sebastião, surgiu
obtiveram vitória completa. A desemprego, a fome a a miséria, ticas, as forças mais reacionárias
manifestações operárias pelo 10. de também uma nota assinada por que sustentam o regime militar
maio como dia do trabalho, só se organização dos trabalhadores como retratam o manifesto pela paz
aumentou com essas manifestações de 30/04/1915, que contou com a supostos comunistas. A nota, acostumadas ao ambiente de
dão em 1902, em São Paulo. Muitos terror em que vivemos até pouco
tendo à frente o movimento participação dos trabalhadores: "A pelo conteúdo e pela ocasião
jornais de circulação entre operários tempo, se exacerbam e procu-
anarquista: miséria é agora a regra. Milhares de em que foi distribuída, tinha o
são criados, assim como associações ram através de provocações e
1. Sindicatos já existentes, famílias proletárias passam fome. claro propósito de desrespeitar
e grêmios. No Congresso Operário intimidações que os homens
As ruas e as praças estão cheias de o sentimento religioso do povo
de 1906, após uma semana de reforçados pelo movimento União que detém os meios de comu-
que participava do ato, a fim de
debates concluiu-se pela luta para a dos "Chapeleiros,. União dos mendigos, de famintos. A noite, nicação e outros elementos da
exacerbar preconceitos, tal co-
Trabalhadores Gráficos, Liga dos pelos bancos dos jardins e pelas
imposição da jornada de 8 horas de mo antes de 64 fizeram Os asseclas classe dominante entrem no jo-
trabalho por dia. Após o congresso, Trabalhadires em Madeira, soleiras dos palácios, se estende dos golpistas que depuseram o go de preparação de um galpe
a propagânda, a mobilização e a Sindicato dos Padeiros. e toda uma multidão miserável sem governo de Jango. de direita.
Confeiteiros, Sindicato dos teto onde repousar. Os suicídios Não faz muito tempo, du- Os que só sabem respirar quando
luta pela jornada de 8 horas foi
Trabalhadores em Veículos, aumentam diariamente". rante a visita de Miguel Arraes a O archeira a camiça precisam
intensa, através de panfletos e
Sindicato dos Trabalhadores em . No Brasil, o eco dado pelos Belém várias portas de igrejas ser desmascarados cada provo-
comícios, etc.
Fábricas de Tecido. trabalhadores, a pressão de todo o foram pichadas pelo Comando de cação ou intimidação. Nada me-
O ano de A 907 foi 2. Sindicatos que sé povo pela jornada de 8 horas de Caça aos Comunistas (CCC), nu- lhor do que os amigos da SDDH,
movimentado com a campanha pela trabalho, é institucionalizada na ma vã tantativa de intimidação seus membros e .o povo em ge-
constituíram em cima do
a religiosos que participam de ral se manterem bem informados
jornada de 8 horas. O jornal "Terra movimento: Constituição de 1934, quando
algum modo da SDDH. arespeito de todas as atividades
Livre", em 25-05-1907, destaca o Sindicato dos Encanadores e Getúlio Vargas toma o poder
Por último, no dia 10 de da SDDH e das outras organiza-
seguinte: "A polícia assalta a Funileiros, Sindicato dos Pintores, político. ções democráticas. (José Maria
abril vários homens de negócios
muito conhecidos e influentes, Souza).
mer
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RESISTENCIA AÁGINA 195

M
T E GEBA
GETA

instrumentos de

_ anti-reforma agrária

Benedito Monteiro
Enquanto a atenção do povo brasileiro atrás da simples citação dos artigos do federais, estaduais ou municipais, destinadas região, bem como propor medidas para a
é desviada paa o debate da reformuldgdo Estatuto da Terra e da Lei 4947, os à Reforma Agrária. solução de seus problemas fundiários.
partidária e o povo do Pará é obrigado a verdadeiros objetivos de um grupo executivo Parágrafo único - A área de atuação
assistir a briga de comadres entre Alácid e que, por ser tão importante, merece até o INTERVENÇÃO do GEBAM compreende os municípios de
Jarbas, o Governo Federal usando o próprio sigilo e o trataméênto pnvxleglado somente Almeirim, no Estado do Pará,; e Mazagão, no
"Estatuto da Terra, cria dois grupos conferido aos assuntos "afetos à Segurança Além dessa abrangência do próprio Território Federal do Amapá.
executivos que podem se converter em Nacional. Decreto 1.767 "que já caracteriza uma O parágrafo único desse "artigo no
verdadeiros instrumentos de uma Di o artigo 40.: - Para o intervenção da União Federal no processo entanto, deixa o gato escondido de
anti-Reforma Agrária: Grupo Executivo das cumprlmento de sua finalidade e com apoio fundiário dos Estados membros, o parágrafo fora, pois fixa a área de atuação do GEBAM
Terras do Araguaia-Tocantins e o Grupo dos órgãos públicos federais, estaduais e lo. do artigo 11 já transcrito, ainda torna nos dois municípios onde o único projeto de
Executivo do Baixo Amazonas, GETAT e municipais, fica o GETAT investido nas expresso que "através de convênios. .. desenvolvimento e -colonização é o projeto
GEBAM. respectivâmente, já em plena fase competências conferidas ao INCRA em respeitada, entretanto o regime. . .bem como Jary e onde os problemas fundiários foram
de implantação e operacionalidade. decorrência do disposto nos artigos 11 e 97 a atividade dos órgãos de valorização criados "ou são consequência. desse famoso
Porém, este fato não teria maior da Lei 4.504, de 30/11/1964, e no artigo 10. regional. Isto é, a SUDAM e SUDENE que projeto cujo centro de planejamento e
importância se fosse apenas o aparecimento da Lei no. 4.947, de abril de 1966" controlam todos os projetos agro-industriais decisão infelizmente está fora do País.
de mais uma sigla entre as milhares de siglas Quais são os artigos 11 e 97 da Lei e agro-pecuários financiados e executados na
institurdas a partir de 1964. Embora tenham 4.504 e o artigo lo. da Lei 4.947? área do GETAT e do GEBAM.
o mesmo objetivo de escamotear a realidade O Parágrafo segundo desse mesmo DISCRIMINAÇÃO
Artigo 11 - O INCRA fica investido
e apenas contornar os graves problemas que artigo é muito claro a respeito desses
de poderes de representação da União, para
afligem o povo brasileiro, o GETAT e objetivos pois ele diz: "tanto quanto Da mesma forma que. o GETAT, o
promover a discriminação de terras devolutas possível, o INCRA imprimirá ao instituto
GEBAM, não são apenas mais duas siglas federais restabelecida a instância GEB AM Será presidido por um
como IBRA, INDA, INCRA, ITERPA e das terras devolutas orientação tendente a representante do próprio Secretário Geral do
administrativa disciplinada pelo Decreto no. harmonizar as peculiaridades regionais. com
todas as suas derivadas que foram criadas 9.760, de 5/9/1946, e com autoridade para Conselho de Segurança Nacional que é o
para evitar os conf&itos sociais sem resolver os altos interesses do desbravamento através próprio Ministro Cehefe do Gabinete Militar
reconhecer as posses legítimas manifestadas
as questões agrárias das quais os conflitos são da colonização racional visando a erradicar da Presidência da República. E
através de cultura efetiva e morada habitual,
meras decorrências. os males do minifúndio e do latifúndio. demonstrando ainda a importância que esse
bem como para incorporar ao patrimônio O simples exame deste Decreto mostra
público as terras devolutas federais projeto tem para a política econômica do
"SEGURANÇA NACIONAL" que a única coisa a ser reSpenada nessa Governo, o Decreto diz que o GEBAM terá
ilegalmente ocupadas e as que se
vastíssima área, é a atividade dos órgãos de apoio administrativo e financeiro da
encontrarem desocupadas.
GETAT e GEBAM são "dois grupos valorização regnona'l E se considerarmos que Secretaria de Planejamento.
executivos que além de estarem diretamente 8 lo. - AtraWés de convênios, a maioria dos grande projetos Porém, apesar do GEBAM
subordinados ao Presidente da República - celebrados com os Estados e Municípios, agro industriais e agro-pecuários dessa área jurisdidionar uma área que envolve um dos
em questões de terras e na .área de sua iguais poderes poderao ser atribuídos ao são de empresas es- trangeiras ou de grupos maiores municípios do Estado do Pará, onde
jurisdição - terão a mesma força do Ato INCRA, quanto às terras devolutas estaduais, econômicos do centro-sul, vinculados à as terras devolutas na sua maioria ainda
Institucional No. 5, uma vez que toda a sua e municipais, respeitada a legislação local, o SUDAM, compreende-se que os males a pertencem ao patrimônio estadual,
atividade envolve problemas já declarados de regime jurídico próprio das terras situadas na serem erradicados, serão apenas os males sintomaticamente, o Estado do Pará não está
interesse da Segurança Nacional. faixa de fronteira nacional bem como as remanescentes do extrativismo ou de grandes nele representado, conforme estabelece o
A gravidade da situação está atividades dos órgãos de valorização propriedades que permaneçam inexploradas artigo 20.
regional". É nas mãos de latifundiários locais.
justamente no fato de que pela primeira vez
na história do Brasil, a legalização fundiária 8 20... - Tanto quanto possível, " Como os posseiros e pequenos Diz o-parágrafo único do artigo 20.: -
de mais da metade do território de um INCRA imprlnurá ao instituto das terras lavradores não têm projetos nos órgãos de "O Ministro de Estado Secretário Geral do
Estado da Federação (Pará) e de parte de devolutas orientação tendente a harmonizar valorização regional, o tratamento a essas Conselho de Segurança Nacional poderá
Outros Estados, deixa de ser atribuição do as peculiaridades regionais com os altos pessoas será feito por contá da Erradicação solicitar a colaboração do governo do Estado
Congresso Nacmnal das Assembléias interesses do desbravamento "através da dos minifúndios ou- através do dispositivo do Pará, bem assim de outros órgãos e
Legislativás e de Órgãos competentes do colonização racional visando a erradicar os penal repressivo que, como um corpo entidades federais, para execução dos
Poder Judiciário e do Direito Agrário, para males do latifúndio e do minifúndio. estranho, figura na Lei 4749 através dos seus trabalhos do GEBAM".
se tornar atribuição exclusiva do Conselho Artigo lo da Lm 4 947 de 6 de abril artigos 18 e 19 já transcritos. E que como Vejam bem, só o Ministro de Estado
de Segurança Nacional. de 1966: uma verdadeira espada de Dâmocles, Secretário do Conselho de Segurança
Feita esta ressalva e dado o alerta, é Artigo lo. Essa "lei estabelece permanece Suspensa sobre as cabeças. dos Nacional poderá, se convier, solicitar
necssário analisar o Decreto que criou o normas -de "Direito Agrário é de posseiros, pequenos lavradores e informações ao govermo do Estado do
GETAT e GEBAM nos seus dispositivos ordenamento, fiscalização, disciplinação e trabalhadores rurais. Pará. ...
principais: controle dos atos e fatos administrativos Mas, se o GETAT* não conseguiu Qual .a razão de tal exclusão e
De acordo com o Decreto-Lei 1.767 o relativos ao planejamento e à implantação da esconder seus objetivos atrás dos artigos das discriminação?
Reforma Agrária, na forma do que dispõe a Leis 4.504 e 4947, o GEBAM - Grupo Sabendo-se que o Estado do Pará,
GETAT assume todos os poderes do INCRA Executivo para a Região do Baixo "através do ITERPA; já tem parecer jurídico
numa área que envolve terras de todo o sul Lei 4.504 de 30/11/1964.
do Pará, Norte de Goiás e este do Maranhão, Artigo 19. - Utilizar, o prova de Amazonas, já foi criado com mais cautela firmado, que reduz para menos de um terço
propriedade Ou de direitos a- ela relativos, pois "suas finalidades Estão resumidas numa as terras do Projeto-Jary e que dessa posição
justamente a área que estava sob jurisdição
da "CEAT - Coordenadoria. Especial" do . documentos expedidos pelo INCRA para única frase do artigo lo. do Decreto que o estão dependendo milhares de requerimentos
Araguaia-Tocantins, que fica apenas com a fins cadastrais ou tributários em prejuízo de criou e que grifamos para alertar a opinião de legitimação e legalização de posses
vinculação administrativa com o INCRA outrem ou em proveito próprio ou alheio: pública do-Brasil e principalmente do Estado protocolados no ITERPA, compreende
embora subordinado a esse novo órgão, na Pena: Reclusão de 2 a 6 anos": do Pará. 5 então a razão da exclusão do Estado do Pará
forma do que dispõe o Decreto 1523 de Artigo 20. coms Artigo lo. - É "criado o Grupo do Grupo Executivo e a extrema precaução
intenção de ocupá-las, terras da União, dos Executivo para a Região do Baixo Amazonas adotada para evitar manifestação dos
03/02/1977.
Estados e dos Municípios; GE BAM) com a finalidade de coordenar as interesses desse Estado, nos estudos que
SIGILO Pena: Dªtenção de 6 meses a 3 anos. ações de fortalecimento da presença do serão feitos e nos ante-projetos, pareceres,
Parágrafo único:. Na mesma pena Governo federal na margem esquerda do exposições de motivos, sugestões ou mesmo
Porém, é no artifo 40. desse incorre quem, com : idêntico propósito, : BMixo-Amazonas, acompanhar os projetos de programas e projetos específicos que serão
desenvolvimento e colonização naquela apresentados à Presidência da República.
. Decreto-Lei 1.767. que estão escongidos lnvadlr terras de órgãos Ou entidades

POESIA ) 2

"Cidade"
O REI
"O rei rità toa é que corre o trinco GTE
com todos os dentes 1E5 NC!

FACA AGORA SUA


O rei é até pobre
pivôes e coroa sua corte indecente
O rei é feliz é que ganha os cobres
sua corte demente O rei é um justo
é que torce o nariz Sua corte somente

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O rei é tão bom &que prega o susto
sua corte indolente O rei é boa praça
é que foge do tom só o povo insolente
O rei é um brinco é que não acha graça""

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sua corte inclemente

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