PALESTINA

LIVRE  Nº 260  Dezembro /2023

 EDITORIAL

Contra a destruição
neoliberal: lutar, lutar, lutar!

São Paulo SP 28/11//2023 - Metroviários, ferroviários, professores e trabalhadores da Sabesp, em greve, fazem um ato em frente a Assembleia Legislativa de São Paulo.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A
edição de dezembro para que nossa militância pos- favor de grandes causas, entre acerca do Supremo Tribunal
do jornal Página 13 sa enfrentar estes governos, se- elas a defesa do povo palestino, Federal.
é dedicada ao diag- ja na mobilização social, seja na assim como uma reforma tribu-
Agir como Partido inclui,
nóstico da destruição que es- disputa eleitoral e na batalha tária capaz de financiar um no-
também, disputar os rumos do
tá ocorrendo no estado de São de ideias. vo padrão de desenvolvimento
- NO 260 - DEZEMBRO/2023

governo Lula. A defesa global

Paulo pelas mãos de Tarcísio
de Freitas. Em próximas edi-
ções, faremos o mesmo com
outros estados sob governos de
bolsonaristas e que tais. E, ao
longo do ano, buscaremos co-
brir o conjunto dos estados bra-
sileiros, contribuindo, assim,
E por falar em batalha de
ideias, reafirmamos aqui algo
que nos é particularmente caro:
a necessidade de o Partido dos
Trabalhadores agir como Par-
tido. Isso inclui convocar, em
conjunto com outras organiza-
ções, atos e mobilizações em
e bem-estar para o nosso país.
Agir como Partido inclui
reunir, deliberar e cobrar o
cumprimento do que que de-
cidimos, sob pena de vermos
nosso partido atirar para tudo
quanto é lado, como ocorreu
na recente votação no Senado
do governo e a defesa em par-
ticular de medidas corretas –
como o veto às desonerações
– não implica em calar sobre
graves erros que vêm sendo co-
metidos. Em alguns casos, não
se trata propriamente de erros,
pois na verdade o que ocorre

Expediente
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2
 EDITORIAL

Pacote de privatizações
de Tarcísio unifica luta
em pastas como a Defesa e a
Comunicação é o cumprimen-
to de um programa de direita,
diferente daquele que foi vito-
rioso nas eleições, mas coerente
com a linha política dos respec-
tivos ministros.
Noutros casos, como no da
Fazenda, trata-se de erro mes-
mo. Posições como a do déficit
zero colocaram nosso governo
em uma armadilha. E, o que é
mais grave, em uma armadilha
feita por nós mesmos, na qual
não precisávamos estar. Nun-
ca é demais lembrar que erros
deste tipo – conciliação com o
neoliberalismo – foram come-
tidos na Argentina e contribu-
íram para que o cavernícola de
São Paulo SP 28/11//2023 - Metroviários, ferroviários, professores e trabalhadores da Sabesp, em greve, fazem um
lá fosse eleito presidente. ato em frente a Assembleia Legislativa de São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Nosso partido deve agir co-
mo Partido, deve contribuir A luta contra a privatiza- grande salto da paralisação Para os sindicatos, a po-
para a retomada da mobiliza- ção dos serviços essenciais é foi conseguir estimular o de- pulação tem o direito de con-
ção social para mudar os ru- o ponto em comum para tra- bate com a população de São testar as medidas. O vice-di-
mos do governo, deve utilizar balhadores da Sabesp, Me- Paulo sobre o prejuízo da pri- retor de políticas sociais do
as eleições de 2024 para defen- trô, CPTM e da educação, vatização, não só da Sabesp, Sindicato dos Professores
der o projeto democrático e po- que deflagraram greve unifi- mas também do Metrô e da do Ensino Oficial do Estado
pular. São grandes tarefas que cada, no dia 28 de novembro. CPTM. de São Paulo (Apeoesp), Ri-
começam por algo muito sim- As entidades avaliaram que A paralisação foi mar- chard Araújo, disse que os

ples: reunir, deliberar, executar
o que foi deliberado.
Que sejamos obrigados a
propor algo tão óbvio é um si-
nal dos problemas que esta-
mos vivendo. Problemas que
não são resolvidos com megae-
ventos festivos. Precisamos de
debate político amplo e preci-
samos de instâncias que fun-
cionem. Estes são alguns de
nossos votos para o ano de
2024. 
Palestina livre!
Os editores
a paralisação se mostrou vi-
toriosa, no sentido de adesão
e entendimento dos trabalha-
dores e trabalhadoras sobre
as razões do movimento.
A greve do dia 28 de no-
vembro foi a segunda do
mês, realizada pelos traba-
lhadores. A primeira parali-
sação ocorreu 25 dias antes,
em 3 de novembro. O presi-
dente do Sindicato dos Tra-
balhadores em Água, Esgo-
to e Meio Ambiente do Esta-
do de São Paulo (Sintaema),
José Faggian, avaliou que o
cada, também, por um Ato
Público na Alesp, que reu-
niu Sintaema, Metroviários,
Ferroviários, Apeoesp, mo-
vimentos sociais e sindicais,
assim como partidos e parla-
mentares.
De acordo com Faggian,
não há argumento razoável
para insistir na privatização
da Sabesp. Segundo ele, a ex-
periência observada onde es-
se tipo de serviço foi privati-
zado, no Brasil e no mundo, é
a de que houve precarização
e aumento da tarifa.
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
professores participam da
greve unificada, não só por
conta dos estudos de priva-
tização, mas porque o gover-
nador enviou para a Alesp
uma proposta de emenda
constitucional que reduz o
orçamento obrigatório para a
educação.
Em nota, o governo pau-
lista classificou a greve como
“abusiva e política”. Os sin-
dicatos solicitaram ao gover-
nador catraca livre, o que foi
negado por Tarcísio de Frei-
tas. 
3
 ESTADOS
Nada a comemorar
Governo Tarcísio se aproxima de completar um ano imerso na destruição
do Estado de São Paulo; pacote de privatizações é selvagem
n Adriana Miranda
O
governo Tarcísio de
Freitas (Republica-
nos) se aproxima
do primeiro aniversário dian-
te de um pacote de destruição
de serviços essenciais à popu-
lação: propostas de privatiza-
ção; ampliação das Parcerias
Público-Privadas; desmonte da
Educação Pública; crise na Se-
gurança e até assédio a servi-
dores. “A gestão é inimiga da
classe trabalhadora e das cama-
das populares”, afirma Jandyra
Uehara Alves, secretária de Po-
líticas Sociais e Direitos Huma-
nos da CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
Na avaliação de Jandyra,
nunca o Estado de São Pau-
lo viu um programa tão selva-
gem de privatizações em várias
áreas e tantas PPPs. O paco-
te de Tarcísio prevê privatizar
a CPTM (Companhia de Pau-
lista Trens Metropolitanos), a
Sabesp (Companhia de Sanea-
mento Básico do Estado de São
Paulo), o Metrô, o trem inter-
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
cidades e o túnel Santos-Gua-
rujá, além de rodovias. A ven-
da da Sabesp é o projeto mais
avançado até agora. A gestão
Tarcísio já enviou projeto de lei
para a Alesp (Assembleia Le-
gislativa de São Paulo) e pro-
mete aprovar a proposta até o
fim deste ano.
“A cena grotesca do gover-
nador dando sete violentas
marteladas no leilão da conces-
são do trecho Norte do Rodoa-
nel, vencido por um fundo de
investimentos criado semanas
4 antes, dá a exata dimensão do
que Tarcísio de Freitas preten-
de promover no Estado de São
Paulo”, afirma Jandyra. O epi-
sódio ocorreu na Bolsa de Valo-
res de São Paulo (B3) em 14 de
março de 2023, dois meses após
Tarcísio tomar posse. O fundo
de investimentos em infraes-
trutura Via Appia foi o vence-
dor do leilão. O trecho Norte
tem 44 quilômetros de exten-
são.
A Via Appia assumiu o
compromisso de finalizar a
obra e poderá operar o trecho
por 31 anos. O término está
previsto para 2026 e o investi-
mento é de R$ 3,4 bilhões. Es-
tima-se que a obra já consu-
miu aproximadamente R$ 10
bilhões. Iniciada em 2012 e pa-
ralisada em 2018 (durante os
governos do PSDB), o trecho
é marcado por irregularidades
e entraves ambientais desde o
seu início. O traçado tem proxi-
midade com a Serra da Canta-
reira, importante remanescen-
te da Mata Atlântica, na Região
Metropolitana de São Paulo,
uma das maiores florestas ur-
banas do mundo e parte da Re-
“
serva da Biosfera do Cinturão
Verde da Cidade de São Pau-
"A cena grotesca do lo. Dar continuidade à constru-
governador dando sete ção do Rodoanel Norte foi uma
promessa de campanha e ação
violentas marteladas
considerada prioritária desde
no leilão da concessão que Tarcísio foi eleito, em outu-
do trecho Norte do bro de 2022.
Rodoanel, vencido Vale destacar que, em 2021,
por um fundo de como ministro de Infraestrutu-
ra do governo de extrema-di-
investimentos criado
reita do ex-presidente Jair Bol-
semanas antes, dá a
sonaro, Tarcísio também bateu
exata dimensão do
o martelo para a concessão da
que Tarcísio de Freitas
BR-163, rodovia que tem im-
pretende promover no pactos diretos sobre as Terras
Estado de São Paulo”, Indígenas Baú e Menkragnoti,
afirma Jandyra. O entre os estados de Mato Gros-
so e Pará, uma das áreas mais
episódio ocorreu na
afetadas pelo garimpo ilegal no
Bolsa de Valores de país.
São Paulo (B3) em 14
de março de 2023, dois Neoliberal e neofacista
meses após Tarcísio O governo Tarcísio, segun-
tomar posse. do Jandyra, disse a que veio
”
desde o primeiro momento: “é
neoliberal e neofascista e está a
serviço da espoliação do fundo
público e em benefício do gran-
 ESTADOS
de capital”. Prova do que Jan-
dyra expõe é a importação das
políticas do governo do caver-
nícola Bolsonaro para São Pau-
lo. Isso fica explícito no secreta-
riado do governador. Para co-
mandar a pasta que unificou
Infraestrutura, Meio Ambiente,
Transportes e Logística, Tarcí-
sio escolheu a engenheira espe-
cialista em infraestrutura, Na-
tália Resende, com ampla ex-
periência na estruturação de
leilões, mas nenhuma em ges-
tão ambiental.
Natália atuou como consul-
tora jurídica do Ministério da
Infraestrutura (gestão Bolso-
naro) e trabalhou diretamente
com Tarcísio na Secretaria Es-
pecial do Programa de Parce-
rias de Investimentos (governo
do golpista Michel Temer, do
MDB). O perfil dela tem conso-
nância com o plano apresenta-
do por Tarcísio de Freitas que
prevê, inclusive na área am-
biental, facilitar e agilizar pro-
cessos licitatórios. A secretária,
quando assumiu a pasta pau-
lista, já havia ajudado na estru-
turação de mais de uma cente-
na de leilões.
Educação e saúde
Na educação pública, não
foi diferente. O secretário Rena-
to Feder é empresário da área
da tecnologia, liberal, e tem for-
te alinhamento com interesses
de patrões e fundações educa-
cionais. No Paraná, onde ocu-
pou a mesma pasta no governo
Ratinho Júnior (PSD), promo-
veu uma das maiores amplia-
ções de escolas cívico-militares
do País, ao menos 195 colégios
passaram a ter o modelo defen-
dido por Jair Bolsonaro e seus
apoiadores. Em menos de um
ano em São Paulo, a destruição
que promove no setor inclui es-
cândalos e inúmeros rastros de
assédio a professores e direto-
res.
“Na Saúde, prossegue o po-
der das OSs [Organizações So-
ciais], sorvedouros de recursos
do SUS e com péssimo e desor-
denado atendimento à popu-
lação, num sistema dominado
pela fragmentação e pela pri-
mazia do lucro”, diz Jan-
dyra. Uma das empresas do
secretário da Saúde, Eleu-
ses Paiva, manteve contrato
com o Governo de São Pau-
lo mesmo após a posse, em
janeiro deste ano. O acordo
da MN&D Ribeirão Ltda
com a Secretaria da Saúde
chegou a ser renovado em
julho de 2023. O contrato
foi rescindido somente em
setembro, conforme publi-
cação no Diário Oficial. 
Adriana Miranda é jornalista.
Servidores são
assediados e políticas
sociais estão em
último plano
Em entrevista ao Página
13, Jandyra Uehara Alves, se-
cretária Nacional de Políticas
Sociais e Direitos Humanos
da CUT, diz que o governo es-
tá alinhado aos interesses do
mercado e ataca servidores.
Página 13: Como tem si-
do o tratamento do gover-
no Tarcísio de Freitas ao
povo?
As políticas sociais estão
fora das prioridades deste
governo. Habitação, sanea-
mento, transporte, saúde e
educação que atenda aos
interesses e necessidades
da população estão em últi-
mo plano. Ao mesmo tem-
po, o governo entra em dis-
puta político-ideológica na
periferia através de acor-
dos com ONGs adeptas
das concepções neoliberais
de “empreendedorismo”
e da estilização e romanti-
zação das favelas. Tudo is-
so financiado por
“parcerias” com
a VISA, Locali-
za, Starbucks, en-
tre outras. Uma
das promessas de
campanha de Tar-
císio foi a amplia-
ção do Programa
Bom Prato. Mas,
de fato, o que ocor-
reu foi a redução
de 4.500 refeições/
dia para 1.500/dia
na região de Cam-
pos Elísios, onde o
restaurante foi fe-
chado. Este restau-
rante atendia a região de
maior concentração da po-
pulação de rua e a chama-
da Cracolândia. Agora, as
refeições, em quantidade
reduzida, são distribuídas
em caminhões.
É fato que aumentou o
assédio aos servidores?
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
Um governo alinhado
com os interesses do mer-
cado precisa atacar os ser-
vidores públicos, faz parte
do processo de precariza-
ção dos serviços para ofe-
recê-los a preço de banana
para a iniciativa privada.
De que forma os traba-
lhadores podem ajudar no
enfrentamento às políticas
deste governo?
Com mobilização e mui-
ta luta sindical e popular.
 5
 S DEIXAR
O

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 Nº 260  Dezembro /2023
 ESTADOS
Governo de São Paulo quer
retirar R$ 9 bilhões da educação
PEC está na Alesp para análise dos deputados estaduais; trabalhadores resistem ao sucateamento e desmandos
E
m outubro, o governa-
dor Tarcísio de Freitas
enviou uma Propos-
ta de Emenda à Constituição
(PEC) para a Assembleia Le-
gislativa de São Paulo que re-
duz de 30% para 25% o inves-
timento mínimo na educação.
A perda de recursos é estima-
da em R$ 9 bilhões.
Tarcísio alega elevação de
gastos na saúde, ano após ano,
em razão do aumento da ex-
pectativa de vida e a incorpo-
ração de novos tratamentos e
medicamentos, como avan-
ço tecnológico. Além disso, a
mudança adequaria o estado
ao mínimo de 25% previsto na
Constituição Federal.
De acordo com a diretora
estadual da Apeoesp, Karen
Aparecida Silveira, a propos-
ta não foi bem aceita por edu-
cadores e entidades educacio-
nais, que temem o aprofunda-
mento da precarização da rede
Tarcísio sabota PAC da Cultura e abre mão de
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
R$ 2 mi para construção de espaços culturais
A
s maldades do go-
verno Tarcísio de
Freitas em São
Paulo se estendem também
aos projetos de constru-
ção dos CEUs da Cultura.
O programa que destina R$
500 milhões para todo o país
pretende ser uma das vitri-
nes do governo do presi-
dente Lula. Os governos es-
taduais tinham até o dia 10
10
estadual. “A rede acumula
problemas como falta de es-
truturas escolares adequadas,
de professores, além de ofertar
salários abaixo do prometido
pelo plano de carreira docen-
te”, afirma.
Atividades pedagógicas
Outro projeto enviado pelo
governo de SP à Alesp prevê a
flexibilização das Atividades
Pedagógicas Diversificadas
(APDs) e a volta da chamada
“falta-aula”.
As APDs são as atividades
de novembro para cadastrar
propostas, mas São Paulo
não o fez.
No Estado de São Pau-
lo, havia a previsão de cons-
trução de 54 CEUs. O gover-
no Tarcísio de Freitas alegou
que a verba de R$ 2 bilhões
do PAC da Cultura era in-
suficiente para atender às
exigências do programa. De
acordo com cálculos da ges-
exercidas pelos educadores fo-
ra do horário de aula, como
correção de provas, planeja-
mento de aulas e reuniões pe-
dagógicas.
Desde 2022, os professo-
res eram obrigados a realizar
essas atividades nas próprias
escolas e a categoria reivindi-
cava que a regra fosse flexibi-
lizada. Com o projeto, o go-
verno pretende autorizar que
as APDs sejam feitas em locais
diversos, como acontecia an-
tes de a lei ser promulgada na
gestão João Doria (PSDB).
tão paulista, o necessário se-
ria ao menos R$ 5 milhões,
então, simplesmente, Tarcí-
sio tomou a decisão de não
inscrever nenhum dos 94
municípios que manifesta-
ram interesse.
A medida causou indig-
nação em prefeituras que ti-
nham apresentado projetos.
Em nota, secretários de Cul-
tura dos municípios de Dia-
Já em relação às faltas, a
proposta é que o professor so-
fra descontos salariais pelas
aulas em que não estiver pre-
sente e não pelo dia todo. A
regra atual autoriza descon-
to salarial para o dia comple-
to, mesmo que o professor te-
nha faltado em uma única aula
e comparecido em outras qua-
tro, por exemplo.
Além das duas mudanças,
o pacote também inclui a regu-
lamentação de servidores que
atuam no apoio escolar, co-
mo secretários de escolas, as-
sistentes de administração e
agentes de serviços escolares.
Na ocasião, a deputada Be-
bel (PT) considerou as altera-
ções na APD e nas faltas um
movimento importante, mas
destacou que o governo de-
morou para enviar os projetos
à Alesp, já que tinha citado a
mudança em visita à Comis-
são de Educação da Alesp em
junho. 
dema, Mauá, Rio Grande da
Serra, Nova Odessa, Sumaré,
Caçapava, Hortolândia e Su-
zano, alegaram que a medida
foi tomada de forma unilate-
ral.
Os municípios descon-
tentes estão em contato com
o Ministério da Cultura pa-
ra conseguir a verba sem a
intermediação do governo
paulista. 
 ESTADOS

Antifeminista e capitão comandam secretarias

de Políticas para Mulheres e Segurança Pública
Resultados obtidos até agora foram aumento nos casos de estupros,
feminicídios e letalidade policial; violência no litoral

tas. No ano passado, foram 51

n Adriana Miranda
mulheres.

C
riada no início da ges-
tão do carioca Tarcísio
de Freitas, em janeiro
de 2023, a Secretaria de Políti-
cas para a Mulher do Estado de
São Paulo não tem orçamento
e se espelha no exemplo da ex-
-ministra de Direitos Humanos,
a bolsonarista e atual senadora
pelo Distrito Federal, Damares
Alves (Republicanos).
A pasta tem à frente a ve-
readora licenciada Sonaira Fer-
nandes, também do Republi-
canos. Ela é evangélica, bolso-
narista raiz e diz ser contra o
feminismo.
Sonaira foi assessora par-
lamentar do deputado Eduar-
do Bolsonaro (PL-SP) de 2015
a 2019. Nas redes sociais, refe-
riu-se ao presidente Lula co-
mo “ex-presidiário”, admitiu
não rezar pela cartilha do “po-
liticamente correto”, defende a
família e se posiciona contra o
aborto legal.
Fato é que na gestão de So-
Além dos feminicídios, tam-
bém cresceu no Estado o nú-
mero de estupros. Uma alta de
7,5% em todo o estado. No pri-
meiro semestre, foram registra-
dos 1.362 casos desse tipo de
crime.
Questionada pela imprensa
sobre o aumento, a Secretaria
de Segurança Pública disse em
nota que São Paulo tem a maior
estrutura do país de combate à
violência contra a mulher, com
140 Delegacias de Defesa da
Mulher, e que os crimes po-
dem ser registrados 24 horas
por dia pela internet.
A Secretaria de Segurança
Pública é comandada pelo ca-
pitão da Polícia Militar, o de-
putado federal licenciado Gui-
lherme Derrite. A secretaria-
-executiva tem como titular o
delegado Osvaldo Nico. Des-
de que eles assumiram, a leta-
lidade policial cresceu 11%. De Diversos fatores, segundo militar. No mês de março, a Se-
janeiro a junho, 201 pessoas fo- especialistas, têm contribuído cretaria de Segurança Pública
ram mortas em confrontos com para o aumento da violência em abriu licitações para comprar
PMs, das quais 155 por agentes

naira à frente da pasta de Mu-
lheres, São Paulo registrou um
aumento de 34% dos casos de
feminicídio no estado só no pri-
meiro semestre desse ano. En-
tre janeiro e junho, 111 pessoas
foram assassinadas pelo fato
de serem mulheres. No mesmo
período do ano passado, foram
83.
A violência cresceu ainda
mais no interior do estado. Um
salto de quase 45%. Descontan-
do os casos registrados na capi-
tal e na região metropolitana,
74 mulheres foram vítimas de
feminicídio nas cidades paulis-
em serviço e 46 por profissio-
nais de folga, conforme levan-
tamento. Também houve au-
mento de 4,7% nos registros de
furtos. Os roubos de veículos
cresceram 5,7%.
Chacina no Litoral - Como
os dados da letalidade policial
se referem ao período entre ja-
neiro e junho de 2023, o aumen-
to de 11% não inclui as 16 mor-
tes por policiais militares du-
rante a Operação Escudo, na
Baixada Santista, no final de ju-
lho, uma das mais violentas já
realizadas na região pela PM.
São Paulo. A falta de investi-
mentos adequados em políticas
de prevenção e repressão ao cri-
me é apontada como um deles,
além das mudanças na estrutu-
ra da Secretaria de Segurança.
Derrite, que atuava na Ro-
ta (Rondas Ostensivas Tobias
de Aguiar), é autor ou coautor
de projetos na Câmara Federal
que retiram direitos de pessoas
LGBTQIA+ e das visitas ínti-
mas aos presos.
Em sua gestão, os investi-
mentos avançaram na compra
de armas e equipamentos me-
nos letais para as polícias civil e
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
2,7 mil escudos balísticos, 30
mil granadas não letais e 10 mil
kits de gás lacrimogênio, além
de investir mais de R$ 5,2 mi-
lhões para aquisição de espin-
gardas calibre 12 e 3,7 mil sub-
metralhadoras, entre outros
equipamentos.
Ações desastradas na área
da região da Cracolândia nos
últimos meses para retirar e
mudar de lugar os moradores
de ruas e usuários aumentam
a pressão sob o governo paulis-
ta. 
Adriana Miranda é jornalista. 11
 ESTADOS
Escândalo da Multilaser
n Adriana Miranda
S
ecretário de Edu-
cação é sócio-pro-
prietário da empre-
sa que tem contratos com o
governo estadual paulista
Os escândalos e desman-
dos na educação do Estado
de São Paulo começaram
a pipocar antes mesmo de
o bolsonarista Tarcísio de
Freitas completar 100 dias
de gestão. Em março deste
ano, veio à tona que no apa-
gar das luzes do governo
Rodrigo de Garcia (PSDB), de
21 a 30 de dezembro de 2022,
o Estado havia fechado contra-
to de R$ 76 milhões com a em-
presa Multilaser para a aquisi-
ção de notebooks destinados à
pasta de Educação.
A compra foi concluída
quando Tarcísio já havia anun-
ciado Renato Feder como se-
cretário estadual de Educação
e segue em vigor para o forne-
cimento de 97 mil notebooks
para a rede pública estadual.
O problema é que o secretário
de Educação é sócio de uma
offshore, a Dragon Gem LLC,
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
com sede no estado americano
de Delaware, conhecido paraí-
so fiscal.
Feder detém 28,16% das
ações da Multilaser Industrial
S/A. Além de acionista, foi
CEO da empresa por 15 anos,
só deixou o cargo quando as-
sumiu a Secretaria Estadual de
Educação do Paraná, em 2017.
No entanto, seguiu sócio da
offshore.
Em março de 2023, a liga-
ção de Feder com a Multilaser
levou o Ministério Público de
12 São Paulo (MP-SP)a abrir in-
vestigação contra o secretário
por suspeita de conflito de in-
teresse. O autor do procedi-
mento foi o promotor da Cida-
dania, André Pascoal.
O caso foi repassado ao
procurador-geral de Justiça,
Mário Luiz Sarrubbo, a quem
compete processar autorida-
des com foro privilegiado, co-
mo secretários de Estado.
Antes disto, ainda em ja-
neiro, o Tribunal de Contas do
Estado também decidiu passar
um pente-fino no contrato.
Iamspe e Saúde – Em agos-
to de 2023, cinco meses após
o MP-SP abrir a investigação,
descobriu-se que o governo de
SP havia fechado, a partir de
janeiro, já na gestão Tarcísio
de Freitas e com Feder secre-
tário de Educação, outros três
contratos com a Multilaser. As
licitações somam mais de R$
243 milhões.
Entre os contratos firma-
dos neste ano, o maior é com
o Instituto de Assistência Mé-
dica do Servidor Público Esta-
dual (Iamspe), de R$ 226 mil,
para a entrega de fita com área
reagente para verificação de
glicemia capilar, com qualquer
química enzimática e método
de leitura em monitor portátil.
Outro contrato foi assina-
do com o Hospital Regional
de Ferraz de Vasconcelos, na
Grande São Paulo, ligado à Se-
cretaria de Saúde, por R$ 16
mil, para a venda de seringas.
Um terceiro contrato foi fir-
mado com a Universidade Es-
tadual Paulista (Unesp) para a
oferta de insumos e materiais
hospitalares à Faculdade de
Medicina Veterinária de Bo-
tucatu. A universidade pos-
sui autonomia administrativa,
mas está ligada à Secretaria de
Ciência e Tecnologia.
Idealista - Após o caso ga-
nhar repercussão na imprensa
no começo do ano, Feder afir-
mou que não via nenhum con-
flito em ser responsável pela
fiscalização do contrato com
a Multilaser e prometeu que
a empresa não participaria de
novas licitações com o gover-
no paulista. Já Tarcísio saiu em
defesa do auxiliar: “prepara-
díssimo, estudioso, entusias-
mado e idealista”.
Somente em março o secre-
tário se comprometeu a não
contratar a própria empresa.
Sob os novos contratos en-
volvendo a Unesp, Iams-
pe e o Hospital de Ferraz
de Vasconcelos, o governa-
dor disse, em 14 de agosto,
que foram feitos pelo esta-
do “dentro das regras do jo-
go” e prometeu veto novos
acordos com a Multilaser.
Na ocasião, Tarcísio
afirmou que os contratos
eram “muito pequenos e
foram feitos dentro da re-
gra do jogo, e da nossa par-
te já tem uma proibição de
não haver mais contratação
nenhuma”.
Justiça – As denúncias so-
bre os contratos firmados pe-
lo governo do Estado de São
Paulo com a Multilaser chega-
ram ao Ministério Público de
SP e ao Tribunal de Contas do
Estado via parlamentares de
oposição que pediram investi-
gação, além do afastamento do
secretário por conflito de inte-
resses. Entre esses parlamenta-
res estão Thainara Faria (PT),
Emídio de Souza (PT) e Carlos
Giannazi (PSOL).
O procurador-geral de Jus-
tiça de São Paulo, Mario Sar-
rubbo, no entanto, em agos-
to, decidiu pelo arquivamen-
to por entender que Feder não
teve influência na licitação, já
que não integrava o gover-
no na época, “restando por
isso desprovida de qualquer
fundamento a hipótese de ter
exercido qualquer influência
no certame”.
O MP investiga ainda o ca-
so dos livros didáticos e o can-
celamento de matrículas na re-
de estadual de ensino.
Adriana Miranda é jornalista.
 ESTADOS

Entregar Sabesp
não beneficia a população
Privatização vai contra o direito universal à água; mercantilização irá
aumentar valor da tarifa, avalia CUT

O
governo Tarcísio de
Freitas e sua base de
sustentação na As-
sembleia Legislativa do Esta-
do de São Paulo correm para
privatizar a Sabesp. As mano-
bras para agilizar a entrega da
companhia à sanha da inicia-
tiva privada foram intensifica-
das após a crise do apagão da
Enel, que afetou 2,1 milhões de
moradores da Capital e 23 mu-
nicípios da região metropolita-
na de São Paulo.
A falta de energia ocorreu
após um temporal, no dia 3 de
novembro, e durou dias sem
que a Enel, responsável pela
distribuição, conseguisse dar
conta dos problemas. Mais de
72 horas depois do temporal,
ao menos 315 mil imóveis se-
guiam sem luz. Sabesp em números
A energia elétrica é privati-
zada desde 1998 em São Paulo. y Fundada em 1973.
O governo à época era admi- y Empresa de economia mista com capital acionário majoritário do Estado (50,3%) e o restante
nistrado por Mário Covas, do negociado nos mercados da B3-Bovespa (34,5%) e da Bolsa de Nova Iorque (15,5%).
PSDB. Os tucanos, nos 28 anos
y 28,4 milhões de pessoas abastecidas com água.

de gestão no Estado, além do
fornecimento de energia, sem-
pre tentaram privatizar a Sa-
besp e defenderam as amplia-
ções das PPPs.
A Eletropaulo, patrimônio
do povo, foi vendida por R$
5,5 bilhões. Passada a venda,
são constantes os problemas de
energia elétrica que afetam a
população da Capital e Região
Metropolitana, e o preço da ta-
rifa só aumentou. Tudo ao con-
trário do que prometiam com a
entrega da empresa.
Em contrapartida, desde a
privatização da Eletropaulo, o
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
y 25,2 milhões de pessoas atendidas com coleta de esgotos.
y 30% do investimento em saneamento básico no Brasil.
y É considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida.
Grupo Enel, um dos maiores Crise e demissões - Um dos Em 2010, a Organizações das
do setor elétrico do mundo e, principais argumentos contra Nações Unidas (ONU), reco-
no Brasil, responsável por dis- a privatização é que crises co- nheceu a água limpa e segura
tribuir energia para 14 milhões mo a do apagão do início de como um direito humano es-
de clientes em 274 cidades, viu novembro, onde paulistanos e sencial à vida.
o seu lucro dobrar no Estado e municípios da região viveram “A mercantilização aumen-
o número de residências aten- dias de horror e vulnerabilida- tará as tarifas, deixará de aten-
didas aumentar em apenas 7%. de e aumento no preço das ta- der a população mais vulne-
Na contramão, 35% dos traba- rifas se transportem para a ges- rável e só haverá investimen-
lhadores e trabalhadoras da an- tão da água, elemento essen- tos em saneamento em áreas
tiga Eletropaulo foram demiti- cial para a manutenção da vida lucrativas”, avalia Jandyra
dos. e dos ecossistemas do planeta. Uehara Alves, secretária de Po- 13
 ESTADOS

líticas Sociais e Direitos Huma-
nos da CUT.
Em entrevista ao Jornal da
USP no mês de agosto, o pro-
fessor do Programa de Pós-gra-
duação em Ciência Ambiental
do Instituto de Energia e Am-
biente (IEE), Pedro Luiz Côrtes,
também criticou a intenção a
proposta do governo. De acor-
do com o pesquisador, a admi-
nistração estadual não apresen-
tou razões que justifiquem uma
eventual decisão pela privati-
zação.
Côrtes destacou que a ad-
ministração Tarcísio defende a
desestatização sob o argumen-
to de melhorar a eficiência da
empresa, mas não apresentou
quais índices serviriam para
medir tal melhora. Segundo o
pesquisador, o modelo atual de
abastecimento de água na Re-
gião Metropolitana de São Pau-
lo prevê a captação de água da
chuva, a manutenção da água
em grandes reservatórios ou
represas e, depois, o tratamen-
to e a distribuição.
Mudanças Climáticas - Côr-
tes ressalva, no entanto, que,
desde o final do século passa-
do, o padrão de chuvas na re-
gião se alterou. Os períodos de
estiagem e chuvosos passaram
a ser mais severos e duradou-
ros e que, diante das mudanças
climáticas, é muito mais urgen-
te uma discussão sobre o mo-
delo de distribuição de água
a ser utilizado nos próximos
anos do que sobre a privatiza-
ção da Sabesp.
Para o pesquisador, a pro-
messa de redução de tarifa
também é inconsistente, uma
vez que quem decide os valo-
res das tarifas é a Agência Re-
guladora de Serviços Públicos
do Estado de São Paulo, que
negocia o valor da tarifa junto
ao prestador de serviço.
O governo também alega
que haverá injeção de capital,
mas não seria necessário, na
opinião do pesquisador, que
houvesse privatização para isso
acontecer. “Ele [governo] pode
ampliar a oferta de ações, mas
retém para si uma parte dessas
ações mantendo o controle, e é
claro que ele vai ter que parti-
cipar dessa capitalização, mas
ele poderia captar recursos no
mercado dessa forma”, avalia.
Ao Jornal da USP o pesqui-
sador foi claro e disse que, se a
proposta vingar, a população
pode ser chamada para pagar
uma conta para qual ela não
foi orientada, uma conta que
ela não precisaria pagar. 

Privatizações de Tarcísio vão

promover caos, avalia Sindaema
P ara o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio do
Estado de São Paulo (Sindaema), o governador bolsonarista, Tar-
císio de Freitas, não quer ouvir a população e vai transformar São
Paulo em um caos com os projetos de privatização do saneamento
- NO 260 - DEZEMBRO/2023

e do transporte público. A luta dos trabalhadores é para combater a

privatização da Sabesp, as terceirizações do Metrô e da CPTM e repu-
diar os cortes na educação estadual.
A entidade sindical aponta sete razões para ser contra a privati-
zação. Entre elas, o fato de a Sabesp ser decisiva para a conquista da
dignidade de milhões de paulistas, por meio do direito humano ao
acesso à água limpa e segura e ao saneamento; ser financeiramente
saudável, comprovada responsabilidades socioambiental e econômi-
co-financeira e o alcance de resultados extraordinários graças à com-
petência de seus funcionários e ao modelo de governança da empre-
sa, fruto de um processo permanente de aperfeiçoamento.
Além desses argumentos, o fato que Sabesp privatizada estará sob
o comando de investidores e conglomerados financeiros, interessados
em maximizar lucros e transferências de dividendos aos seus acionis-
tas, colocando em segundo plano a missão de melhoria da qualidade
de vida e do meio ambiente. 
14
 ESTADOS
Projeto aprovado em
tempo recorde na Alesp
Privatização vai contra o direito universal à água; mercantilização irá
aumentar valor da tarifa, avalia CUT
D
o pacote selvagem de
privatizações impos-
to pelo governador e
que envolve ainda a CPTM, o
Metrô, o trem intercidades e o
túnel Santos-Guarujá, além de
rodovias, o projeto da Sabesp
é a mais avançado. O governo
paulista enviou a proposta pa-
ra a Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo (Alesp)
em 18 de outubro.
Embora a água seja um di-
reito humano essencial e a pri-
vatização altamente questio-
nável, em 22 de novembro,
ou seja, pouco mais de um
mês após a chegada da pro-
posta na Casa, o projeto de lei
1.501/2023 foi aprovado em
reunião conjunta de comissões
da Alesp, com a inclusão de 26
emendas. Com isso, agora es-
tá pronto para a análise do ple-
nário. O governo promete que
a proposta será votada antes
do recesso parlamentar de de-
zembro.
As emendas incluem dis-
positivos que visam garantir a
redução da tarifa cobrada pela
Sabesp por meio de um fundo
especial a ser criado pelo Es-
tado; a estabilidade dos atuais
servidores da companhia por
um período de seis meses após
a efetiva desestatização da em-
presa; e assegurar a formação
de um conselho de orientação
para a Sabesp, que deverá con-
tar com indicações do Poder
Legislativo.
Barros Munhoz (PSDB) foi
o relator da matéria. O deputa-
do estadual defendeu a priva-
tização. Vale aqui destacar que
tentativas de privatizar a com-
panhia também ocorreram du-
rante os governos tucanos no
Estado. Além do voto do rela-
tor, a reunião conjunta de co-
missões analisou e votou ou-
tros três diferentes relatórios:
um da bancada do Partido dos
Trabalhadores; um apresenta-
do pelo deputado Caio Fran-
ça (PSB); e outro de autoria do
deputado Luiz Fernando (PT).
O voto apresentado pelos
deputados do PT foi contrá-
rio à desestatização da Sabesp
e, dentre outros pontos, pedia
a retirada da urgência do PL,
além de questionar a legali-
dade da proposta. “Peço que
possamos continuar o debate,
esqueçamos a questão da ur-
gência e que esta Casa possa
convocar audiências públicas
em todo o território do Esta-
do, como foi com o Orçamen-
to, para que nós possamos ou-
vir devidamente a sociedade”,
solicitou, na ocasião, o deputa-
do Paulo Batista dos Reis (PT).
Rômulo Fernandes, tam-
bém do PT, defendeu o arqui-
vamento do projeto e a obs-
trução para não aprovação
da matéria. “Estamos tentan-
do em várias frentes. Estamos
tentando judicialmente, com
audiências públicas, na mobi-
lização popular. No nosso en-
tendimento, [o projeto] deve-
ria ser uma PEC”, afirmou.
Já o relatório apresentado
pelo deputado Luiz Fernan-
do defende a manutenção da
companhia como empresa pú-
blica. “Tudo aquilo que é es- PT, solicitava a interrupção da
tratégico, o Estado tem que es- tramitação e a troca do proje-
tar à frente. A Sabesp pode ti- to de lei por uma proposta de
rar participação do seu lucro emenda à Constituição (PEC).
e usar para diminuir a tarifa”, Argumento semelhante foi
disse. usado também em pedido de
Para conter a entrega do autoria do PSOL.
patrimônio público à iniciati- Em todas as decisões, Fon-
va privada, os sindicatos que tes não entrou no mérito do
representam os trabalhado- questionamento. Para ele, não
res e trabalhadores da Sabesp cabe à Justiça interferir nesta
(Sintaema), Metroviários, Fer- etapa no trabalho do Legisla-
roviários e a Apeoesp têm fei- tivo, o que não impede que a
to mobilizações unificadas Justiça seja acionada no futu-
contrárias as privatizações dos ro, após eventual aprovação
serviços essenciais no estado e do projeto e sanção. 
em defesa da educação
pública. Os últimos atos
ocorreram em 27 e 28 de
novembro. No processo,
o governo tem sofrido
alguns reveses, a exem-
plo da crise do apagão.
Justiça
Se nas ruas, traba-
lhadores e trabalhado-
ras lutam contra a pri-
- NO 260 - DEZEMBRO/2023
vatização, o mesmo não
ocorre no Órgão Espe-
cial do Tribunal de Justi-
ça de São Paulo (TJ-SP),
que já negou três man-
dados de segurança con-
tra a tramitação do pro-
jeto de lei.
O desembargador
Matheus Fontes, que
analisou os dois primei-
ros pedidos, repetiu seu
entendimento e rejeitou
o pleito para interrom-
per a análise do projeto.
O terceiro mandado de
segurança, de autoria do 15