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Universidade Federal do Piauí

Centro de Educação Aberta e a Distância

ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA E
ORÇAMENTÁRIA
Cezimar Gomes da Silva
Ministério da Educação - MEC
Universidade Aberta do Brasil - UAB
Universidade Federal do Piauí - UFPI
Centro de Educação Aberta e a Distância - CEAD

Administração
Financeira e
Orçamentária

Cezimar Gomes da Silva


PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff Linhares
MINISTRO DA EDUCAÇÃO Aloizio Mercadante
GOVERNADOR DO ESTADO Wilson Nunes Martins
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ José Arimatéia Dantas Lopes
PRESIDENTE DA CAPES Jorge Almeida Guimarães
COORDENADOR GERAL DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL João Carlos Teatini de S. Clímaco
DIRETOR DO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA DA UFPI Gildásio Guedes Fernandes

COORDENADORES DE CURSOS
ADMINISTRAÇÃO Antonella Maria das Chagas Sousa
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fabiana Rodrigues de Almeida Castro
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Maria da Conceição Prado de Oliveira
FILOSOFIA Zoraida Maria Lopes Feitosa
FÍSICA Miguel Arcanjo Costa
LETRAS PORTUGUÊS José Vanderlei Carneiro
LETRAS INGLÊS Lívia Fernanda Nery da Silva
MATEMÁTICA José Ribamar Lopes Batista
PEDAGOGIA Vera Lúcia Costa Oliveira
QUÍMICA Davi da Silva
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Arlino Henrique Magalhães de Araújo

EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI


TÉCNICOS EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS Ubirajara Santana Assunção Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro (Presidente)
EDIÇÃO Roberto Denes Quaresma Rêgo Des. Tomaz Gomes Campelo
PROJETO GRÁFICO Samuel Falcão Silva Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
DIAGRAMAÇÃO Antonio F. de Carvalho Filho Prof. Dr. José Renato de Sousa
REVISÃO ORTOGRÁFICA Francisca das Dores Oliveira Araújo Prof. Manoel Paulo Nunes
REVISÃO GRÁFICA Gesiel dos Santos Sobrinho Profª. Iracildes Maria Moura Fé Lima
Prof. Dr. João Renôr Ferreira de Carvalho

S586d Silva, Cezimar Gomes da


Administração Financeira e Orçamentária/ Cezimar
Gomes da Silva- Teresina: EDUFPI/UAPI
2010
180 p.

ISBN: 978-85-7463-366-4

1- Administração - Financeira 2 - Orçamento 3- Educação a


Distância
I. Título

C.D.D. - 658.15

© 2013. Universidade Federal do Piauí - UFPI. Todos os direitos reservados.

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A cópia desta obra sem autorização expressa, ou com intuito de lucro, constitui crime contra a propriedade intelectual, com
sanções previstas no Código Penal.
É proibida a venda deste material.
A grande discussão no mundo de hoje passa, sem dúvida, pelas
questões de caráter financeiro nacional, internacional e ético, o que não
pode ficar separado do estudo da administração em geral e das finanças
em particular. E o que temos acompanhado, durante algumas décadas,
são momentos de elevações e baixas nos grandes mercados financeiros,
o que vem provocando não só a estes, mas a outros mercados, grandes
dificuldades de mantê-los em equilíbrio, dificultando, em regra geral, a gestão
das empresas.
Cabe aos gestores financeiros tratar as questões da administração
das finanças de forma planejada e segura, pois, desta forma, sua atuação é
essencial para qualquer administração, ganhando expressão maior quando
há exiguidade de recursos e custo de financiamento muito alto, cenário em
que nosso país está inserido há quase duas décadas.
Nesse contexto, devemos compreender a disciplina Administração
Financeira e Orçamentária como peça central de todos os cursos de
graduação e pós-graduação em Gestão Financeira e Orçamentária, como
componente essencial para avaliação da viabilidade de projetos e a forma de
operacionalização estratégica das atividades empresariais.
A Administração Financeira e Orçamentária é vista como um conjunto
de regras que dificultam a operacionalização de alguns setores econômicos
empresariais. Portanto, ao organizar cada unidade aqui proposta, procurou-
se adotar uma orientação para a tomada de decisões, relacionando essas
decisões ao objetivo geral da administração financeira e orçamentária de
maximização da riqueza empresarial.
Nesse sentido, o livro tem por finalidade descrever, de forma sucinta,
todo o processo orçamentário e financeiro atualmente executado nas atividades
empresariais brasileiras, além da análise teórica das categorias e problemas
de ordem financeira empresarial, estando dividido em cinco unidades com
conteúdos teóricos e práticos: na primeira unidade, são inseridas as questões
introdutórias como as noções básicas de finanças, seus objetivos e função
e as relações do valor do dinheiro; a segunda unidade trata da estrutura
e análise das demonstrações financeiras; a terceira unidade enfoca as
questões relativas aos critérios de avaliação econômica dos investimentos;
a quarta elenca toda a elaboração do processo orçamentário e a sua forma
de gerenciamento dos recursos de curto prazo; e a quinta unidade aborda as
técnicas e forma de controle dos recursos financeiros empresariais.
Este manual sobre Administração Financeira e Orçamentária pode ser
adotado nos cursos de graduação e pós-graduação do Ensino a Distância,
pelo seu caráter didático e pela importância que a disciplina tem na formação
de profissionais dedicados às áreas de Orçamento e Controle, aplicando as
atividades voltadas para a Gestão Financeira e Orçamentária Empresarial.
UNIDADE 1
09 INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS E O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO
Finanças 11
Objetivo e Função da Administração Financeira 16
Cálculos Financeiros Básicos 22

UNIDADE 2
59 ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Demonstrações Financeiras Básicas 61
Análise das Demonstrações Financeiras 77

UNIDADE 3
93 ORÇAMENTO DE CAPITAL E CONTROLE FINANCEIRO
Noções de Orçamento de Capital 95

UNIDADE 4
115 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO EMPRESARIAL
Noções de Planejamento e Orçamento 117
Administração do Capital de Giro 131

UNIDADE 5
161 TÉCNICA E ANÁLISE DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Técnica e Análise de Planejamento Financeiro 163
Controle Financeiro e Orçamentário 166
UNIDADE 1
Introdução às finanças e o
papel da administração

RESUMINDO

O conteúdo exposto apresenta os princípios fundamentais que


regem as finanças empresariais. O principio dos investimentos,
especificando que as empresas invistam apenas em projetos que
ofereçam um retorno que supere a taxa média dos financiamentos,
o qual sugere o mix de financiamento s para uma empresa, aquela
que maximiza o valor dos investimentos feitos; e o principio de
dividendos que exigem quais sobras de caixa resultantes dos projetos
sejam devolvidos aos proprietários.
introdução às finanças e o
papel da administração

Nesta primeira unidade do nosso livro, reunimos conceitos que são


essenciais à prática do dia-a-dia dos administradores, gestores, contadores,
economistas e a todos que lidam com a parte de gerenciamento empresarial.
Não se pode desvincular hoje o estudo de finanças de outras áreas
importantes e que têm contribuído sobremaneira no processo da gestão
empresarial.
Portanto, independente da área de atuação, é necessário que todos os
profissionais e gestores conheçam os fundamentos básicos de administração,
da economia, da contabilidade, de estatística e da matemática financeira.
Essas ferramentas reúnem conceitos e práticas essenciais utilizadas
na gestão financeira cada vez mais relevante no competitivo ambiente dos
negócios, no processo de tomada de decisões e soluções que envolvam o
valor do dinheiro no tempo.
A administração financeira e a matemática vêm se tornando
especialidades que ligam produção, vendas, alta gerência e demais áreas e
competências das empresas. Logo, todas as decisões financeiras impactam
praticamente todos os setores de uma empresa.

FINANÇAS

Noções de finanças

Sob o ponto de vista da economia, finanças são a ciência que estuda


o manejo da moeda e as suas variações

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 11


Podemos obter uma melhor compreensão de finanças a partir da
análise das palavras-chaves retiradas do próprio conceito, se não vejamos:
MANEJO – É a forma como os recursos circulam no sistema
econômico e financeiro e, ainda, quanto à forma de obtenção e aplicação de
recursos como meios circulantes.
MOEDA – É qualquer coisa que sirva como meio de troca, unidade
de conta e reserva de valor.

I) A moeda como meio de troca

Funciona como intermediário prático, facilitando as transações


econômicas pelos seus agentes; o meio de troca é a característica principal
da moeda, já que permitiu que as trocas se realizassem sem o inconveniente
de transportar grandes quantidades de mercadorias, sendo, portanto, mais
segura.

A origem histórica da moeda

Mesmo nas economias mais remotas o dinheiro foi, e ainda é, um


instrumento de troca. O sistema de troca passou por diversas fases, podendo
ser distinguido em duas etapas:
a - Troca direta - realizada no tempo antigo, consistia na troca entre as
pessoas. Era uma atividade bastante rudimentar. Como exemplos, podemos
citar a forma de troca da época relativa a bens de consumo, tais como: gado,
sal, azeite, trigo etc.
b - Troca indireta - é considerada uma instituição social, pois foi uma
criação da sociedade para facilitar a vida em comum.

Evolução histórica da moeda

Na sua evolução histórica, a moeda contribuiu consideravelmente


para a expansão econômica e comercial da época, estando representada
por:

1) Bens de consumo: gado, sal, azeite, trigo etc;


2) Moeda metálica: prata, ouro etc;
3) Papel moeda: moeda padrão, o dinheiro que hoje circula;
4) Moeda papel: títulos propriamente ditos;

12 UNIDADE 1
5) Moeda Plástica: cartões de crédito;
6) Moeda Virtual: moeda tecnologicamente criptografada.

Desta forma, podemos considerar todas as fases da moeda, como


meios circulantes do sistema econômico e financeiro de um país.
O processo de evolução da moeda teu as seguintes fases:

Fase metálica - composta por:


a) Moedas de ouro ou prata;
b) Moedas divisionárias (ligas de metais).

Fase fiduciária - composta por:


a) Moeda papel - conversível em metal;
b) Papel moeda - inconversível de curso forçado;
c) Moeda escritural - moeda bancária, cheques, títulos de créditos,
etc.

Fase tecnológica - composta por:


a) Moeda de plástico - inconversível de curso forçado;
b) Moeda virtual - inconversível de curso forçado.

II) A moeda como uma unidade de conta

Definido o meio de troca pelos agentes econômicos, torna-se natural


sua utilização como unidade de conta, de modo que o valor de cada bem
seja medido em termos desse meio, configurando o seu respectivo preço
monetário.
Significa que existe uma unidade de valor, podendo ser dividida, com
aceitação geral no seu campo territorial.
Portanto, a moeda pode ser definida, simplesmente, como sendo o
elemento aceito para o pagamento de bens e serviços.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 13


III) A moeda como reserva de valor

Pode ser entesourada (depositada em tesouraria) e disponibilizada


para pagamentos no futuro.
É a característica que lhe confere condições de ser guardada para
posterior uso, o que não ocorreria com alguns tipos de mercadorias, que
sofreriam sérias implicações de danos ou outros tipos de perdas.
Como consequência desse processo de evolução, a moeda tem se
firmado nos mercados.
Por fim, temos:

VARIAÇÕES - São os resultados verificados e analisados quando da


utilização dos recursos financeiros, em relação ao tempo e a taxa negociada.
A utilização destes dois mecanismos financeiros (manejo e variação)
permite aos administradores ou gestores financeiros afirmar com segurança
que:
"Dinheiro tem valor no tempo, e dinheiro custa dinheiro".

Sob o ponto de vista financeiro, finanças são o estudo de como as


pessoas alocam recursos escassos ao longo do tempo.
São duas as características que distinguem as decisões financeiras
de outras decisões de alocação de recursos, que são os custos e benefícios
das decisões financeiras. Essas diferenças são perceptíveis a partir:

Saiba Mais 1) da distribuição ao longo do tempo;


2) do fato de geralmente serem desconhecidas de antemão, ou por
Para conhecer melhor quem vai tomar as decisões ou por qualquer outra pessoa.
a história do dinheiro,
você pode ver a obra
de ATALLI, Jacques. Ao decidir se deve ou não abrir seu próprio negócio, você precisa
Os judeus e o mundo. pesar os custos, tais como os investimentos na preparação do local, na
São Paulo:. Futura, compra de equipamentos, móveis e utensílios, acessórios e outros materiais
2005. necessários e imprescindíveis para serem motivos de atração da sua clientela.
Tudo isso conta para os benefícios incertos (seus lucros futuros), que você
espera colher ao longo de vários anos.
Ao implementar suas decisões, as pessoas utilizam-se do sistema
financeiro, definido como o conjunto de mercados e instituições usados para
elaboração de contratos financeiros e o intercâmbio de ativos e riscos.

14 UNIDADE 1
O sistema financeiro inclui os mercados de ações, as debêntures e
outros instrumentos financeiros, os intermediários financeiros (por exemplo:
bancos e instituições de crédito, financiamento e investimentos, companhias
de seguros), as empresas de serviços financeiros (por exemplo: consultores
financeiros), assim como entidades regulamentadoras que governam todas
essas instituições (por exemplo: BC – Banco Central do Brasil; CMN –
Conselho Monetário Nacional; CVM – Comissão de Valores Mobiliários).
O estudo de como o sistema financeiro evoluiu ao logo do tempo é
uma parte importante do assunto finanças.
A teoria financeira consiste em um conjunto de conceitos, que ajudam
a organizar o pensamento das pessoas sobre como alocar recursos ao longo
do tempo, e em um conjunto de modelos quantitativos, para ajudar as pessoas
a avaliarem alternativas, tomarem decisões e implementá-las.
Os mesmos conceitos básicos e modelos quantitativos aplicam-
se em todos os níveis de decisão, desde a decisão de fazer o leasing de
um veiculo ou abrir um negócio, ou a decisão do diretor financeiro de uma
grande empresa de entrar para a área das telecomunicações, ou mesmo uma
decisão do Banco Mundial sobre qual o projeto de desenvolvimento que deve
financiar.
Um princípio das finanças é que a função fundamental do sistema
é a de satisfazer as preferências de consumo das pessoas, inclusive todas
as necessidades básicas da vida, como alimentos, vestuário e moradia. As
organizações econômicas, como as empresas e o governo, existem a fim de
facilitar a conquista dessa derradeira função.

Estudo das finanças empresariais

Para Bodie e Merton (2002, p.32), existem pelo menos cinco razões
para estudar finanças:

Primeira - para administrar os recursos pessoais;


Segunda - para lidar com o mundo dos negócios;
Terceira - para buscar oportunidades de carreiras interessantes e
compensadoras;
Quarta - para fazer escolhas como cidadão, através de informações
conhecidas publicamente;
Quinta - para expandir a mente.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 15


Uma investigação com maior profundidade de cada um desses
motivos despertou, nos estudiosos, o interesse de buscar uma compreensão
para essas cinco razões.
Em primeiro lugar, o conhecimento de finanças ajuda você a administrar
seus próprios recursos. Você pode viver sem qualquer conhecimento de
finanças? Talvez. Contudo, se for completamente alienado do assunto, estará
à mercê dos outros. Há um velho ditado que diz: “Um tolo e seu dinheiro logo
se separam”.
Em alguns casos, você vai procurar a ajuda de especialistas. Existem
muitos profissionais na área de finanças e empresas de serviços financeiros
que proporcionam orientação – banqueiros, corretores da Bolsa de Valores,
corretores de seguros e empresas que negociam fundos mútuos, assim
como outros produtos e serviços financeiros. Muitas vezes essa orientação
é gratuita, se você for um cliente em potencial. Contudo, como é que você
avalia o aconselhamento recebido? O estudo das finanças proporciona os
meios para isso.
A segunda razão para estudar finanças é que noções básicas desse
assunto são essenciais no mundo dos negócios. Mesmo que você não
pretenda ser especialista em finanças, precisa ter um conhecimento suficiente
dos conceitos, das técnicas e da terminologia empregada pelos especialistas
financeiros para comunicarem-se entre si e para reconhecer os limites do que
podem fazer por você.
Em terceiro lugar, talvez você esteja interessado em uma carreira
em finanças. Existem várias carreiras potencialmente compensadoras
nesse campo e muitos caminhos possíveis a seguir como profissional da
área. A maioria dos profissionais de finanças está empregada no setor de
serviços financeiros da economia – como atividades bancárias, seguros ou
administração de investimentos. Entretanto, muitos outros trabalham como
gerentes financeiros em firma que não pertencem ao setor financeiro ou no
governo. Alguns, ainda, buscam carreiras acadêmicas.
As famílias, as empresas e as agências do governo muitas vezes
procuram a orientação de consultores financeiros. Além do mais, a experiência
em finanças proporciona uma boa base para carreiras em administração geral
de empresas. Muitos executivos de grandes organizações em todo o mundo
começaram suas carreiras em finanças.

16 UNIDADE 1
OBJETIVOS E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Administrar é decidir sobre negócios e operações de mercado


Como os gerentes das sociedades anônimas são contratados pelos
acionistas (através do conselho de administração), o comprometimento básico
desses profissionais é tomar decisões que estejam no melhor interesse dos
acionistas.
Esse não é o objetivo exclusivo da administração. Como todas as
pessoas da sociedade, os gerentes corporativos precisam seguir a lei.
Espera-se também que respeitem as normas éticas e que promovam objetivos
sociais desejáveis, quando possível, a um custo razoável para os acionistas.
Para ser eficaz, a regra “certa” não deve exigir que os gerentes
conheçam as preferências de risco ou a opinião dos acionistas, pois esses
dados são virtualmente impossíveis de ser obtidos. E, mesmo que essas
informações estivessem disponíveis em um determinado momento, elas
mudam ao longo do tempo. De fato, como as ações mudam muito a cada
dia, os donos da empresa mudam diariamente. Assim para que seja viável, a
regra certa deve ser independente de quem são os proprietários.

Função da administração financeira

Aplica-se a toda e qualquer corporação organizada que seja capaz


de desenvolver atividades em um mercado competitivo, assegurando a sua
continuidade e o crescimento futuro.
Dentro do ambiente empresarial, a administração financeira possui as
seguintes funções:

a) Planejamento financeiro;
b) Controle financeiro;
c) Administração de ativos;
d) Administração de passivos.

Essas funções permitem às empresas tomarem decisões no âmbito


financeiro, através das avaliações quanto a:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 17


1) Decisões financeiras sobre os investimentos: são decisões que
quando tomadas, representam aplicações de recursos, criando valor para a
empresa. Portanto, estes recursos aplicados devem gerar o retorno esperado
economicamente atraente, quando a alternativa desejada é exceder a taxa
de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas).
2) Decisões de financiamentos: são decisões que quando tomadas,
representam a captação de recursos. São decisões desse tipo que trazem
preocupações, principalmente com a escolha das melhores ofertas de
recursos e a melhor proporção a ser mantida entre capital de terceiros e
capital próprio. A decisão de financiar recursos envolve, ainda, a determinação
da melhor estrutura de financiamento da empresa, buscando preservar sua
capacidade de pagamento e dispor de fundos com custos reduzidos em
relação ao retorno que se espera apurar de suas aplicações.
3) Decisões de políticas de dividendos: são decisões que representam
a distribuição de parte dos lucros aos acionistas, o custo de oportunidade de
manter esses valores retidos. A decisão de distribuição ou não de lucros é
uma decisão de financiamento mediante capital próprio, ao reter resultados,
ou mediante capital de terceiros, ao distribuir resultados. Estas são decisões
verificadas pela opção da empresa em manter maior ou menor volume de
capital próprio financiando seus investimentos.

Função financeira no ambiente empresarial

A própria evolução imprimiu no administrador uma necessidade maior


de visualizar toda a empresa. Nesse sentido, o administrador financeiro não
pode assumir posições menos envolventes, como centrar suas preocupações
unicamente nos mecanismos de captação de fundos e aplicações na atividade
da empresa; são necessários mecanismos para a adoção de políticas que
sejam adequadas para a maximização dos retornos dos proprietários e, ainda,
gerenciar esses recursos de forma a manter a saúde financeira e econômica
da empresa e alcançar suas metas estabelecidas.
O sistema financeiro empresarial se caracteriza através do ciclo de
capital das empresas pelas diversas transformações e estados diferenciados,
o que permite o desenvolvimento da atividade econômica ( ver Figura 1).

18 UNIDADE 1
Figura 1 - Modelo do sistema financeiro empresarial
Fonte: o autor.

Objetivo do administrador financeiro

Contribuir significativamente para o sucesso do empreendimento,


assessorando a empresa como um todo, proporcionando recursos monetários
exigidos, independente de onde venham a ser aplicados.

O papel do especialista financeiro nas organizações

Praticamente todas as decisões tomadas em uma sociedade


anônima são financeiras, porque envolvem trocas entre custos e benefícios
disseminados ao longo do tempo. Portanto, em grandes empresas, todos
os gerentes, do executivo principal aos gerentes de unidades de produção,
unidades de marketing, laboratórios de pesquisas ou outros departamentos,
usam os serviços dos especialistas financeiros.
O Financial Executives Institute, organização voluntária de executivos
empresariais, que se especializam em finanças, oferece uma definição
abrangente para um executivo de finanças como sendo qualquer pessoa
que tenha autoridade sobre uma das funções relacionadas, nas funções
financeiras de empresas.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 19


A organização da função de finanças e seu relacionamento com outros
departamentos variam de companhia para companhia. Veremos adiante uma
listagem da função financeira de uma empresa.
No topo, está o executivo principal (CEO), que normalmente é
o presidente. O executivo principal de finanças (CFO – Chief Financial
Office) é o vice-presidente, responsável por todas as funções financeiras da
empresa, reportando-se diretamente ao presidente. A empresa também tem
vice-presidente, executivo encarregado do marketing e de operações.
O CFO possui três departamentos que se reportam a ele:

a) Planejamento financeiro;
b) Tesouraria;
c) Controle.

Cada departamento é dirigido por um vice-presidente. O vice-


presidente de planejamento financeiro tem a responsabilidade de analisar
dispêndios importantes de capital, como propostas para ingresso em novas
linhas de negócios ou saída de negócios existentes. Isso inclui analisar
proposta de fusão, aquisições e desinvestimentos por cisões.
O tesoureiro tem a responsabilidade de administrar atividades
financeiras da empresa para a gerência do capital de giro. A função de
tesoureiro também inclui relações com a comunidade de investidores
externos, administrando a exposição da empresa à inflação e a riscos de
taxas de juros.
O controller supervisiona as atividades de contabilidade e auditoria
da empresa. Isso inclui a preparação de relatórios internos, comparando o
que foi planejado com os custos reais, receitas e lucros provenientes das
várias unidades de negócios da empresa. Inclui também a preparação de
demonstrações financeiras para uso por parte dos acionistas, credores e
autoridades regulamentadoras.

Principais áreas em finanças

Serviços financeiros - área voltada para a prestação de assessoria


financeira.

20 UNIDADE 1
1. Analista de crédito;
2. Consultor financeiro;
3. Corretores de títulos;
4. Corretores de imóveis;
5. Corretores de seguros.

Administração financeira em empresas - área voltada para o


desenvolvimento de diversas funções, como:

1. Analista financeiro;
2. Analista de orçamento de capital (investimentos ativos fixos);
3. Gerente de projetos financeiros;
4. Gerente de caixa;
5. Gerente de crédito;
6. Administrador de fundo de pensão;
7. Administrador de finanças pessoais.

Agora vamos verificar se você compreendeu o que foi abordado até


aqui. Para tanto, responda as questões a seguir:

Exercícios propostos

1) Qual o objetivo econômico básico do administrador, ao desenvolver a


função de administrador financeiro ?

2) Cite quais são as principais funções da administração financeira?

3) A resposta a esta questão será pessoal. Porém, deve conter um mínimo de


coerência com a questão formulada, como segue:
“A você como agente, são delegadas tarefas para gerir a empresa; ao
tomar algumas decisões, podem surgir conflitos com os acionistas. Visando
a minimizar tais conflitos, quais medidas devem ser cuidadosamente
observadas?

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 21


4) Qual das situações abaixo está perfeitamente relacionada com as três
razões básicas pelas quais a maximização dos lucros não é consistente
(conflitante) com a maximização da riqueza?
a)( ) As perspectivas de longo prazo, a época de ocorrência dos retornos e
o risco;
b)( ) Valor, risco e retornos;
c)( ) Geração de fluxos de caixa, risco e data de ocorrência dos retornos;
d)( ) Retornos;
e)( ) Todas as alternativas anteriores são corretas.

CÁLCULOS FINANCEIROS BÁSICOS

Objetivos:

Explicar os principais fundamentos que norteiam o estudo da


matemática financeira;
Estudar os conceitos de valor do dinheiro no tempo;
Compreender o emprego das ferramentas básicas da engenharia
econômica para a tomada de decisões;
Relacionar os conceitos básicos financeiros nas decisões de
investimentos e financiamentos;
Analisar as diferentes taxas de desconto e taxas de retorno, para
diferentes tipos de investimentos e financiamentos de projetos.

Fundamentos básicos de cálculos financeiros

Os cálculos financeiros têm sua origem na matemática básica


aplicada, a qual se dedica ao estudo das fórmulas, estrutura e procedimentos
de resolução aplicados à formula.
Para melhor compreensão da abordagem, dividiremos o nosso estudo
em duas partes: num primeiro momento, iremos revisar alguns conceitos da
matematica financeira e, num segundo momento, serão apresentadas as
principais ferramentas da engenharia econômica e suas aplicaçãoes.

22 UNIDADE 1
O estudo da matemática, vista sob o aspecto econômico e financeiro,
possui características específicas, vistas sob os seguintes pontos:

Comercial – tem sua origem no comércio, portanto, dedica-se ao


estudo da melhor transação de negócio, que gere resultados positivos.
Financeira – está relacionado diretamente às finanças das pessoas
jurídicas e físicas, de modo geral, e tem como base o estudo da Saiba Mais
determinação de valores, períodos e índices financeiros.
Para conhecer melhor
o significado das
Matemática para negócios e finanças tem o objetivo de auxiliar na palavras utilizadas
compreensão de conceitos da matemática básica e da matemática financeira, no conceito de
por exemplo, o cálculo de porcentagem, estatística e juro em regimes de administração
financeira e
capitalização simples e composta.
orçamentária,
A partir destes fundamentos, o nosso objetivo é permitir a compreensão acesse:http://www.
dos cálculos financeiros básicos a partir da noção de juro, sob o ponto de vista priberam.pt/dlpo/
do agente que tem a responsabilidade direta ou indireta sobre as finanças de definir_resultados.aspx
um empresa. Trata-se aqui do economista, do administrador, do contador, do
gerente financeiro, entre outros.
Nesse sentido, a noção de juro, sob o ponto de vista do administrador Saiba Mais
financeiro, pode ser interpretada como o custo de um crédito ou o retorno de
Para compreender
uma aplicação de capital.
melhor o conceito
Por outro lado, sob o ponto de vista do economista, o juro apresenta de maximização da
duas interpretações. A primeira revela a remuneração do fator de produção riqueza, acesse:
do capital empregado, da mesma forma que a remuneração do trabalho HTTP:/www.bnb.gov.
br/content/aplicação/
empregado representa o salário. A segunda interpretação é aquela que
publicações/REN-
nos interessa e à qual está relacionada a preferência temporal dos agentes numeros_Publiados/
econômicos (indivíduos, empresas e governo), isto é, entre consumir docs/ren2004_v35_nl_
determinados bens e serviços no presente ou no futuro. Assim, postergando a2.pdf
seus consumos, os agentes exigirão uma recompensa pelo sacrifício de
poupar, que é definida como juro.
Nesse contexto, sobressai a necessidade de qualquer agente financeiro
(economista, administrador, contador e gerente financeiro) conhecer, de forma
precisa, os vários critérios e pressupostos básicos do cálculo financeiro, os
quais serão aplicados em várias operações empresariais.
Portanto, é importante ter essa compreensão, porque “JURO” é
um dos graves problemas, tanto para países ricos como para países em
desenvolvimento.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 23


Ao analisar a questão do juro, podemos formular questionamentos
simples, do tipo:

- Por que essa chatice de juro simples e juro composto?


- Algum matemático, sádico, na calada da noite, inventou essa tortura
de letras e números para apavorar os agentes que lidam com essa
abordagem?
- Por que foram inventar essas coisas tão complicadas?
- Será um invenção do torturador Tomaz de Torquemada?

Mas... Sabe que não inventaram isto como algo para dificultar a vida
das pessoas e nem é nada complicado?
Pelo contrário, saiu de agente simples do comércio de esquina.
Se você quiser argumentar que M = C (1+i)n não é coisa de gente da
esquina, pois eu lhe digo que é, sim.
Ali naquela “apavorante” fórmula, têm-se as quatro operações
fundamentais e mais uma potenciação, que é uma multiplicação disfarçada.
Então, para entendê-la, basta você saber ler na língua portuguesa (interpretar
o questionamento) e saber fazer as quatro operações. O resto é história.

Fundamentos de processos ou regimes de capitalização

Estudos analisados sobre a capitalização têm levado alguns autores


à compreensão de que a capitalização é um processo contínuo confiado aos
mercados financeiros, que realizam a intermediação entre a poupança e o
investimento, e que sejam capazes de direcionar a poupança presente para
investimentos mais produtivos, garantindo maior renda e consumo no futuro
– como parece ser o caso de Feldstein – ou a desconfiança na capacidade
desses mercados se autorregularem, impondo a necessidade de um maior
controle social que direcione o investimento (AGLIETTA, p.17).
O ponto fundamental é que a teoria básica do consumo, poupança
e investimento em que se apoia a justificativa teórica para o regime de
capitalização, mantém-se no ponto de vista da circulação simples de
mercadorias. Trata-se de trocas individuais que têm como objetivo o consumo,
o valor-de-uso das mercadorias. A limitação da base teórica traz algumas
consequências que precisam ser analisadas. Se não vejamos.

24 UNIDADE 1
Primeiramente, na circulação simples, a única forma de acumulação
de riqueza é o entesouramento. Vender uma mercadoria sem adquirir
novas mercadorias para consumo e abster-se do consumo é a forma de
acumular riqueza para um indivíduo. A poupança é assim identificada como
a acumulação de riqueza para o indivíduo, e garantia de seu consumo futuro.
O capitalismo efetivo, no entanto, não se constitui em uma sociedade
de produtores individuais de mercadorias, na qual todos são proprietários
dos meios de produção. Deve-se considerar, mais detalhadamente, a venda
da força de trabalho. Do ponto de vista do trabalhador individual, trata-se da
circulação simples de mercadorias: venda da mercadoria, força de trabalho,
obtenção de dinheiro e compra de meios de subsistência. O trabalhador
individual pode poupar, abstendo-se do consumo e acumulando dinheiro.
Segundo Marx, existem dois regimes de capitalização, que podem
ser analisados quanto aos aspectos estudados, com base no principio da
capitalização, visto acima. São eles: regime de capitalização simples e o
regime de capitalização composto
Para aplicação dos procedimentos de cálculos do “juro” ou seja,
aquela “taxa” que remunera ou que se paga pelo aluguel do dinheiro, alguns
aspectos devem ser considerados na sua formulação.

Regime de capitalização simples

Documentos históricos redigidos pela civilização suméria, por volta de


3000 a.C., revelam que o mundo antigo desenvolveu um sistema formalizado
de crédito, baseado em dois principais produtos, o grão e a prata. Antes de
existirem as moedas, o empréstimo era feito com o metal, baseado em seu
peso.
Arqueólogos descobriram pedaços de metais que foram usados no
comércio nas civilizações de Troia, Babilônia, Egito e Pérsia.
Antes do empréstimo de dinheiro ser desenvolvido, o empréstimo de
cereal e de prata facilitava a dinâmica do comércio.
Uma definição adequada para o regime de capitalização simples é a
seguinte: o regime em que a taxa de juro incide, somente e sempre sobre o
capital inicial. Portanto, em todos os períodos de aplicação, os juros serão
sempre calculados através do produto do capital inicial pela taxa de juro.
(J = C x i)
Para aplicação dos procedimentos de cálculos das taxas, alguns
aspectos devem ser considerados na sua formulação. (fórmulas):

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 25


Se o periodo das operações refletirem o juro comercial, assim teremos
a aplicação da fórmula a seguir: J = ( C x i x n ) ÷ 360
Se o periodo das operações refletirem o juro exato, assim teremos a
aplicação da fórmula a seguir: J = ( C x i x n ) ÷ 365

No regime de capitalização simples, é condição indispensável para


determinação dos juros qualquer que seja a relação do periodo, comercial ou
exato. Deve-se observar que: a taxa unitária é sempre anual, e o tempo é
sempre em dias.

Questões básicas

Quando você vê em uma propaganda: "Compre uma televisão à


vista por R$1000,00 ou a prazo por 5 parcelas de R$260,00". Você, claro,
responde: "A prazo, pois prefiro pagar parcelado, em poucas vezes por mês,
e em apenas 5 meses eu acabo de pagar."

Mas você esqueceu de pensar em um "detalhe":


“ 5 parcelas de R$260,00 dá o equivalente a R$1300,00 que é 30% a
mais do que a oferta à vista (R$1000,00)”.
São em situações como essas que você percebe como a matemática
financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas alternativas de
investimentos ou financiamentos de bens de consumo. Ela consiste em
empregar procedimentos matemáticos para simplificar a operação financeira.
Algumas definições são interessantes para incrementar os
conhecimentos sobre matemática financeira.

Juro simples

Na verdade, o sistema de juro simples não encontra aplicações


práticas tão generalizadas como o sistema de capitalização composta,
conforme será desenvolvido em seguida. A sua área de uso concentra-se,
basicamente, nas operações de curto prazo, ativas, do tipo open market,
por exemplo, e passivas, como descontos de duplicatas, por exemplo, entre
outas operações.

26 UNIDADE 1
Esse sistema de juro incide unicamente sobre o principal capital
(inicialmente aplicdo ou alocado) e gera, consequentemente, remunerações
(ou custos, depedendo do caso) diretamente proporcionais ao capital e prazo
envolvidos na operação.
Vejamos um caso esclarecedor, para melhor compreender a operação.
Quando se obtém um crédito de cinco milhões de unidades
monetárias, pelo prazo de cinco meses, à taxa de juro simples de dez por
cento ao mês, e se supõe a inexistência de quaisquer outros encargos como
o IOF, riscos inflacionários e inadimplência, a remuneração mensal do crédito
atingirá sempre algum resultado parcial, o qual totalizará, ao final do período
considerando, o valor proporcional.

Valor do crédito ou capital tomado (C) ....... R$ 5.000.000,00


Prazo do periodo de crédito (n)....... 5 meses = (150 dias)
Taxa cobrada sobre o crédito concedido (i).......10% ao mês =
(120% ou 1,20)

Quais os juros a serem pagos sobre o crédito (J)?

J = ( 5.000.000,00 x 1,20 x 150 ) ÷ 360


J = 2.500.000,00

Adotando-se, então, a seguinte simbologia e regras básicas, temos:

(C) - é o valor presente (principal) ou o mesmo que o capital inicial


representativo de uma aplicação financeira ou a obtenção de um crédito.
(i) - taxa nominal de juro, ou seja, a taxa contratada na operação. É
importante notar que, nas formulações de matemática financeira, a taxa de
juro deve estar sempre expressa em termos unitários e não em percentuais
(por exemplo, 20% → taxa percentual e 20% = 20/100 = 0,20 → taxa
unitária).
(n) - é o número de períodos, considerados na operação. É importante
observar que “n” e “i” devem estar sempre definidos na mesma unidade de
tempo (dias, meses, trimestres, semestres, anos etc).
(J) - é o valor em ( $ unidade monetaria ) dos juros de um operação.
(M) - montante acumulado na operação, ou seja, representa a soma do
principal mais os juros calculados, durante determinado período de tempo.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 27


Com base na simbologia apresentada, podemos desenvolver as
seguintes fórmulas do juro simples:

Fórmula do montante: (M) ......... M = C x i (representa o valor do capital


inicial acrescido dos juros produzidos na operação).
Fórmula dos juro: (J) ........ J = C x i x n (representa o produto do capital pela
taxa nominal e pelo período considerado).

Observar o período: se o ano é comercial (360 dias) ou civil (365


dias).
Se incluirmos a fórmula do juro (J) na fórmula do montante (M),
podemos obter outra fórmula, usada na prática, ou seja:

M=C+J

Reformulando a expressão matemática, teremos

M=C+Cxixn

Simplificando a expressão, teremos

M=C+Cxixn

Colocando o “C” em evidência temos

M = C x ( 1+ i x n )

Fómula de cálculo do Capital (C)

Taxa de juro

Algumas teorias tentam explicar por que os juros existem. Uma delas
é a teoria da escola austríaca, primeiramente desenvolvida por Eugen von
Boehm-Bawerk.

28 UNIDADE 1
Segundo Eugen: “Os juros existem por causa da manifestação
das preferências temporais dos consumidores, ja que as pessoa preferem
consumir no presente do que no futuro”
Juro, do ponto de vista do conceito econômico, pode ser definido
como a remuneração do banqueiro. Analogamente, existem ainda o lucro
(remuneração dos empresários e acionistas) e aluguéis (remuneração dos
proprietários de bens imóveis alugados).
Taxa de juro - é o valor do juro expresso como porcentagem de
determinado capital. A taxa de juro pode ser representada de duas formas:

Forma percentual: 5%; 1,25%; 0,04%.


Forma unitária: 0,05; 0,0125; 0,0004

Como os juros possuem uma relação direta com a taxa e o tempo,


passemos a analisar os tipos de taxas que podem incidir nas operações
financeiras ativas e passivas de negócios empresariais.

Taxa nominal e taxa proporcional

A taxa nominal representa a taxa de juro contratada numa operação


financeira (ativa e passiva).
A taxa proporcional é tipica do sistema de capitalização linear (juro
simples). Dessa forma, as duas taxas, expressas em diferentes unidades,
são definidas como proporcionais, quando enunciam valores iguais numa
mesma unidade de tempo.
Por exemplo: 8% a.m. e 96% a.a. são consideradas proporcionais
por expressarem valores iguais quaisquer sejam as unidades de tempo
definidas. Supondo o trimestre a unidade de tempo eleita, temos para as
taxas proporcionais acima o que segue:
96% ao ano, capitalizados trimestralmente, teremos:

=24%a.t.

8% a.m. capitalizados trimestralmente, teremos:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 29


=24%a.t.

Regime de capitalização composta

É o regime de capitalização em que a taxa de juro incide sobre o


montante obtido no período anterior, para gerar juro no período atual.
Portanto, em cada período de aplicação, os juros serão calculados através
do produto do montante do período anterior pela taxa de juro.

J=Mxi

O sistema de juros compostos é mais comum e usado no sistema


financeiro, pois para os bancos e empresas financeiras, principalmente, que
trabalham com produto “dinheiro”, torna-se muito mais vantajoso e rentável
que se trabalhe com este tipo de regime de juros. Neste caso, é importante
que usuário saiba como se aplicam estes conceitos, pois em provas de
concursos ou mesmo no dia-a-dia é necessário que se saibam como efetuar
esses cálculos.
Definimos como capitalização o momento em que os juros encontrados
no período são incorporados ou somados ao valor principal.

Juros compostos

No regime de juros compostos, os juros de cada período são somados


ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Os juros são
capitalizados e, consequentemente, rendem juros.
Ainda sobre juros compostos, podemos determinar que: o juro de cada
período de tempo é calculado sobre o saldo no início do período anterior. Ou
seja, os juros de cada intervalo de tempo são incorporados ao capital inicial
e passam a render juros também.
A fórmula para juros composto é: J = C x [ ( c + i )n – 1 ]

Diferentemente do juro simple, os juros compostos encontram amplas


aplicações práticas na economia, notadamente em operações ativas e
passivas, de médio e longo prazos.

30 UNIDADE 1
Nesse critério de capitalização, os juros incidem sempre sobre o saldo
acumulado, e ocorrem, dessa forma, juros sobre juros periodicamente, ou
seja, no regime de juros compostos, o juro gerado em determinada operação
é adicionado ao principal e serve de base para o cálculo de juros no periodo
posterior.
Suponhamos que uma pessoa tenha aplicado R$ 100.000,00 à uma
taxa composta de 10% a.m. Utilizando a mesma simbologia definida para o
sistema de juro simples, temos: M = C x (1+ i)n

Final do 1º mês: (10% R$ 100.000,00) o montante do período será de R$


110.000,00 (R$ 100.000,00 + R$ 10.000,00) , ou M = 100.000,00 x (1 + 0,10)1
= R$ 110.000,00.
Final do 2º mês: o montante esperado será duas vezes os juros, pois
representam dois meses.
Nesse sentido, temos: M = 100.000,00 (1 + 0,10) x (1 + 0,10) = M = 100.000,00
x (1 + 0,10)2 = R$ 121.000,00.
Final do 3º mês: aplicando o raciocínio do mês anterior, temos:
M=100.000,00 (1 + 0,10) x (1 + 0,10) x (1 + 0,10) = M = 100.000,00 x (1+0,10)3
=R$ 133.100,00
Final do enésimo mês: M = C x (1+i)n

Com base na simbologia apresentada, podemos descrever a fórmula


dos juros compostos:

(M) – é o montante (valor futuro);


(C) – é o capital (valor presente);
(1+i) - representa o fator composto de crescimento.
n

Vejamos um caso prático para melhor compreender a operação. Se


uma pessoa desejar obter cem milhões de unidades monetárias ($) dentro
de um ano, quanto deverá aplicar, hoje, em um fundo que rende 20% a.t.?
Em outras palavras, qual é o valor presente dessa operação, ou, ainda, qual
seria o valor do capital a ser aplicado para obter, no final do período, os cem
milhões de unidades monetárias ($)

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 31


Dados para desenvolver o problema:

(M) valor futuro ........................ $ 100.000.000,00


(n) prazo da aplicação............. observe que no prazo de um ano, porém, o
período de rendimento é trimestral
(i) taxa contratada da aplicação...... 20% a.t.
(C) capital ou valor presente = ???

Resolução através da fórmula:


M = C x (1+i)n fórmula do montante (conversão para o capital)

= =

= 48.225.308,64

Com efeito, se aplicarmos R$ 48.225.308,64 hoje à taxa composta de


20% a.t., teremos, ao final de um ano, o valor de R$ 100.000.000,00,

Estudo das taxas em operações ativas e passivas

As taxas de juros compostos, aplicados nas operações financeiras


ativas e passivas de negócios empresariais, são compostas pelas:

Taxas equivalentes

São taxas que geram montantes idênticos quando capitalizados sobre


o mesmo capital e prazo.
Por exemplo: As taxas correspondentes a 40% a.s e 96% a.a, são
equivalentes por produzirem um mesmo montante em prazo idêntico, ou seja,
é indiferente um investidor aplicar um mesmo capital a taxas correspondentes.
Ao utilizar a dedução matemática, a taxa de juros equivalente,
referente a um certo intervalo de tempo, pode ser obtida a partir da seguinte
expressão matemática.

32 UNIDADE 1
Esta fórmula matemática expressa que:

(iq) - taxa de juros equivalente, relativa a uma parte de determinado intervalo


de tempo;
(n) – número de partes do intervalo de tempo considerado.

Aplicando a expressão matemática no exemplo anterior, encontramos


as seguintes taxas equivalentes:

a) - Taxa equivalente a 96% a.a.


(n) = ano equivalente a dois semestres
(i) = 96% a.a.

logo iq = 0,40 ou 40% a.s.

Taxa efetiva

Em algumas operações financeiras, a taxa de juros é dada em prazo


normalmente superior ao prazo de capitalização dos juros.
Um exemplo bastante comum é o caso de um financiamento em que
os juros são capitalizados mensalmente, e a taxa contratada é expressa em
termos anuais. Nesses casos, se o critério adotado de incorporação dos juros
ao principal for o composto equivalente, o montante ao final do período será
o mesmo, qualquer que seja o período de capitalização.
Por outro lado, se a capitalização for processada através de taxa
proporcional (critério linear), a taxa de juros calculada ao final do período
(taxa efetiva) será maior que a taxa contratada. Veja a seguir:
Exemplo: Uma Sociedade Ltda está pleiteando um financiamento de
dois milhões de unidades monetárias, com uma taxa de juros contratada de
120% ao ano, com a capitalização semestral (taxa proporcional – note que
a taxa contratada é diferente do período de capitalização). Qual o montante
devido ao final de um ano?

Solução do problema:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 33


a) Cálculo do montante ao final de um ano.

Dados para determinação do montante equivalente ao ano - (2


semestres):

(C) valor financiado - R$ 2.000.000,00;


120
(i) Taxa anual - 120% proporcional ao semestre i = = 60% a.s.;
2
(n) período - 1 ano - correspondente a 2 semestres.

Devemos ter o cuidado de manter a taxa e o tempo na mesma base


M = C x (1+i)n
M = 2.000.000,00 x (1+0,60)2 M = 5.120.000,00

Observe que, se os juros fossem capitalizados anualmente, o


montante seria diferente e, portanto, menor.

Veja, a seguir, dados para determinação do montante ao ano:

(C) valor financiado - R$ 2.000.000,00;


(i) taxa anual - 120%;
(n) período - 1 ano.

M = C x (1+i)n
M = 2.000.000,00 x (1+1,20)1 M = 4.400.000,00

A conclusão a que se pode chegar, no regime de capitalização, é:


Se nesse regime de capitalização o montante é maior, então a taxa
efetiva também será.
Através da expressão abaixo podemos encontrar a taxa efetiva desta
operação.

Esta fórmula expressa o seguinte entendimento:

(ief) - Taxa efetiva de juros;


(i) - Taxa contratada;

34 UNIDADE 1
(n) - número de capitalização da taxa contratada em determinado
período de tempo.

Observe a aplicação no exemplo anterior:

→ →

ief = 1,56 ou 156%. a.a.

A taxa efetiva utiliza uma variante que se propõe a facilitar o enten-


dimento dos cálculos.

variante da fórmula

(iq) → taxa que eu quero;

(it) → taxa que eu tenho;

(nq / nt) → prazo que quero SOBRE prazo que tenho

iq = [ 2,5600 – 1 ] x 100

iq = 1,5600 x 100 → iq = 156,00 %

Ferramentas de análise de decisões de operações ativas e passivas

Reconhecida a diferença entre juro simples e juros compostos,


passaremos a identificar as ferramentas básicas e suas aplicações quanto à
tomada de decisão nas operações financeiras ativas e passivas e negócios
empresariais.
Nesse sentido, é possível encontrar na literatura uma gama importante
de ferramentas, que vai da mais simples a mais complexa, para auxiliar uma

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 35


tomada de decisão. A fim de tornar esse estudo mais atraente e o mais
simples possível, trataremos de três ferramentas básicas aplicadas à análise
de decisões de investimentos e financiamentos.

As ferramentas mais conhecidas, e amplamente empregadas, são as


seguintes:

a) Método do valor presente;


b) Método do benefício ou custo uniforme;
c) Método da taxa interna de retorno

Outros métodos não possuem relevância no processo de análise de


decisão por algumas considerações não levadas em conta, como é o caso
da geração de fluxo de caixa e o risco das operações empresariais. Esses
métodos são:

d) Método da taxa de retorno médio;


e) Método do pay-back

Método de valor presente ou valor presente líquido

O método do valor presente ou valor atual caracteriza-se pela


transferência para o instante presente de todas as variações de caixa
esperadas, a partir de uma taxa determinada. Dito diferentemente, trata-
se de transportar para a data zero do diagrama de fluxo de caixa todos os
recebimentos e pagamentos esperados, descontada a taxa de juros.
Ao comparar duas alternativas de investimento com vidas úteis
iguais, com o uso desse método, o que determinará a melhor alternativa será
aquela que apresentar maior valor positivo no tempo zero, ou caso ambas
apresentem valor negativo no tempo zero, aquela que apresentar o menor
valor negativo será a melhor. Existe ainda a possibilidade de uma alternativa
apresentar valor negativo e a outra valor positivo no tempo zero. Nesse caso,
a melhor alternativa será aquela do valor positivo.
Esse método exige desenvolver cálculos sob dois aspectos:

36 UNIDADE 1
1) Avaliar alternativas com vidas úteis e econômicas iguais;
2) Avaliar alternativas com vidas econômicas diferentes.

Um exemplo claro que permite identificar essas alternativas pode ser


observado com base nos dados a seguir:
Exemplo: Um empresário está indeciso diante de três máquinas com
o mesmo desempenho e a mesma vida útil de 10 anos, que estão sendo
ofertadas no mercado. As alternativas para serem avaliadas são as seguintes:

a) o investimento envolve despesas anuais de dez mil unidades monetárias


e sem desembolso inicial; Saiba Mais
b) o investimento envolve despesas anuais de cinco mil unidades monetárias
Valor residual:
e um desembolso inicial de quinze mil unidades monetárias;
É um valor que surge
c) o investimento envolve despesas anuais de quatro mil unidades monetárias, no final da vida útil
desembolso inicial de vinte mil unidades monetárias e um valor residual de do investimento. Este
duas mil unidades monetárias. ocorre em função do
seu desgaste durante o
tempo de uso
Para análise e decisão da melhor alternativa de investimento para o
empresário, considere, na avaliação, uma taxa mínima de atratividade (TMA)
de 10% ao ano,
Analisando os três casos, chegaremos aos seguintes resultados

Saiba Mais
Fórmula aplicada - PV =
Taxa mínima de
atratividade:
É uma taxa de referência
Elementos componentes da fórmula:
que se encontra no
mercado. Como
(P) é o valor presente (present value) que desejamos encontrar; exemplo: SELIC, IGPM
(PMT) são parcelas correspondentes aos desembolsos de despesas etc.
anuais, que se repetem durante os 10 anos (devemos considerar os valores
como positivos para efeito da fórmula);
(n) é o período de tempo de vida do investimento;
(i) é a taxa média requerida (exigida) pelo mercado.

Investimento proposto no item “a”

Demonstração gráfica do fluxo de caixa

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 37


Figura 2 - Fluxos de desembolso de caixa
Fonte: do autor.

Dados do problema:

(PMT) = R$ 10.000,00 (trata-se de um custo);


(n) = 10 anos;
(i) = 10%;
(PV) = R$ 0,00;
(VPL) = Valor desejado.

VPL = –61.439,57

Investimento proposto no item “b”:

Para resolução desta alternativa, há um tratamento diferenciado,


pois, no final, haverá necessidade de somar o valor dos custos dos fluxos de
caixa descontados com o valor presente do investimento.

Demonstração gráfica do fluxo de caixa:

38 UNIDADE 1
Figura 3 - Fluxos de desembolso de caixa.
Fonte: autor

Dados do problema:

(PMT) = R$ 5.000,00 (trata-se de um custo);


(n) = 10 anos;
(i) = 10%;
(PV) = R$ 15.000,000;
(VPL) = Valor desejado

VPL = (–30.71,78) + (–15.000,00) → VPL = –45.719,785

Investimento proposto no item “c”:

A resolução para este investimento requer um cálculo sobre o valor


residual do investimento, o qual está proposto para o final do décimo ano,
com um tratamento diferenciado, pois, no final, haverá necessidade de somar
o valor dos custos dos fluxos de caixa descontados, com o valor presente do
investimento.

Demonstração gráfica do fluxo de caixa:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 39


Figura 4 - Fluxos de desmbolso de caixa
Fonte: autor.

Dados do problema:

(PMT) = R$ 4.000,00 (trata-se de um custo);


(n) = 10 anos;
(i) = 10%;
(PV) = R$ 20.000,00;
(FV) = R$ 2.000,00 (corresponde ao valor residual-entrada de
caixa);
(VPL) = Valor desejado.

VPL = –24.575,1735 + (–20.000,00) → VPL = –43.804,0743

Em um processo de tomada de decisão para a escolha de alternativas


de investimento por uma empresa, a melhor será a alternativa que apresentar
menor custo ou o menor valor de investimento a ser proposto para a empresa,
ou seja: a melhor será a que apresentar o menor valor presente negativo, o
que significa o menor investimento. Analisemos a situação nos três casos
propostos:

a) o investimento envolve despesas anuais de dez mil unidades monetárias


e sem desembolso inicial:

40 UNIDADE 1
VPL do investimento é igual a VPL = –61.439,57.

b) o investimento envolve despesas anuais de cinco mil unidades monetárias


e um desembolso inicial de quinze mil unidades monetárias:

VPL do investimento é igual a VPL = –45.719,785.

c) o investimento envolve despesas anuais de quatro mil unidades monetárias,


desembolso inicial de vinte mil unidades monetárias e um valor residual de
duas mil unidades monetárias:

VPL do investimento é igual a VLP = –43.804,0743.

Logo, ao analisar as três propostas, a melhor será aquela que


apresentar menor custo, ou menor valor a ser desembolsado pelo investimento.
A proposta “c” é a melhor proposta.

Método do benefício uniforme ou custo uniforme

Este método caracteriza-se pela transformação de todos os valores


presentes, anuais, mensais e futuros em valores, numa série uniforme.
Transforma todos os dados do fluxo numa série uniforme que, se for
positiva, o resultado será decidido por aquele que apresentar a maior série
positiva (maior rentabilidade). Em caso negativo, será a menor série negativa
(menor custo) a escolhida.
Para melhor compreensão deste método, vejamos o seguinte caso:

Exemplo: Uma sociedade empresária, do ramo da indústria, está


analisando dois projetos, os quais estão sendo propostos por fornecedores
distintos, já com uma linha de financiamento garantida, para aquisição de
um maquinário, o qual irá proporcionar um aumento de produtividade com
redução de custos. Considere uma TMA de 10% ao ano. Qual das propostas
você aceitaria e por quê?

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 41


MÁQUINA – FORNECEDOR “A” PROPOSTA

Investimento inicial R$ 8.000,00


Vida util do bem 12 anos
Custo de produção R$ 5.000,00/ano
Custo de manutenção R$ 1.000,00/ano

MÁQUINA – FORNECEDOR “B” PROPOSTA

Investimento inicial R$ 12.000,00


Vida util do bem 12 anos
Custo de produção R$ 5.000,00/ano
Custo de manutenção R$ 800,00/ano

O gráfico dos fluxos de caixa auxilia muito no processo de análise e


tomada de decisão. Veja por que se torna fácil a compreensão para o cálculo
e a análise de um investimento.

Demonstração gráfica do fluxo de caixa

Figura 5 - Fluxos da proposta "A"


Fonte: autor.

Figura 6 - Fluxos da proposta "B"


Fonte: autor.
Observe que nas duas propostas, o valor dos custos (produção e ma-
nutenção) é anual, o que não exige a necessidade de transformação numa
série uniforme de desembolso.

42 UNIDADE 1
Na primeira proposta, somamos os custos para torná-la uma série
de fluxos de caixa anuais. A partir deste instante, podemos levar o valor do
investimento e transformá-lo numa série. A única diferença é que devemos
calcular o valor da série ou ainda, chamada de parcelas uniformes, presta-
ções ou pagamentos e desembolso de caixa.
A partir da fórmula do valor presente líquido, desenvolvemos a fórmula
para calcular o valor das parcelas denominadas também de (PMT).

Veja, a seguir, PV =

Transformando para achar o valor das parcelas

Cálculo e análise da proposta do fornecedor “A”:

Dados do problema:

(FCj) = R$ 6.000,00 (trata-se de um custo anual);


(n) = 12 anos;
(i) = 10%;
(PV) = R$ 8.000,000 (trata-se do desembolso inicial de caixa);
(PMT) = Valor desejado (o custo total/ano do projeto):

PMT = –1.173,9618

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 43


Observe que o valor do desembolso inicial será adicionado ao valor dos
custos anuais, para se conhecer o total das parcelas anuais desembolsáveis:

PMT = VPL + CFj.anuaisde.Caixa


PMT = –1.173,9618 + (–6.000,00) → PMT = –7.173,9618

Cálculo e análise da proposta do fornecedor “B”:

Dados do problema:

(FCj) = R$ 5.800,00 (trata-se de um custo anual);


(n) = 12 anos;
(i) = 10%;
(PV) = R$ 12.000,000 (trata-se do desembolso inicial de caixa);
(PMT) = Valor desejado (o custo total/ano do projeto):

PMT = –1.761,1832

Devemos utilizar o mesmo procedimento para o cálculo da parcela


total, efetuado na proposta do fornecedor “A”:
PMT = VPL + CFj.anuaisde.Caixa
PMT = –1761,1832 + (–5.800,00) → PMT = –7.561,1832

A análise das propostas nos leva a tomar a seguinte decisão:

Considerando que a proposta do fornecedor “A” tem um custo ou valor


desembolsável menor que a proposta do fornecedor “B”, a escolha da melhor
alternativa de investimento para a empresa será aquela que apresentar
menor custo ou o menor valor do investimento a ser feito, ou seja:

44 UNIDADE 1
Analisemos a situação das duas propostas:

a) PMT = –1.173,9618 + (–6.000,00) → PMT = –7.173,9618

b) PMT = –1.731,1832 + (–5.800,00) → PMT = –7.561,1832

Logo, ao analisar as duas propostas, a melhor será aquela que


apresentar menor custo, ou menor valor a ser desembolsado pelo investimento.
A proposta “a”, é a melhor proposta.

Método da taxa interna de retorno

A utilização desse método é propor uma taxa interna de retorno (TIR)


em que procura igualar o valor presente das entradas de caixa ao valor
presente das saídas de caixa ou desembolsos. O que significa dizer que a
taxa interna de retorno é aquela que torna nulo o valor presente líquido do
projeto ou proposta de investimento.
A TIR deve ser comparada com a taxa média de atratividade ou taxa
mínima de atratividade - TMA, ou ainda com o Custo Médio Ponderado do
Capital – CMPC.

Fórmula para determinação da TIR:

VPL = VP – Io onde

Logo podemos dizer que o

Elementos componentes da fórmula:

(CFj) Fluxos de caixa líquido esperados para o projeto;


(CFj, CFj, CFj, CF,.......CFJ.) Fluxos de caixa líquido para cada
período;
(Io) Investimento inicial para o projeto;
(n) é o período de tempo de vida do projeto ou investimento;
(TIR) é a taxa interna de retorno do projeto;.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 45


Um procedimento comum que deve ser utilizado, quando houver
alguma dificuldade, para determinação da TIR, é determinar através do
método da interpolação de taxas, a taxa a ser encontrada.
A interpolação de taxas, no mundo das finanças, é considerada como
um divisor de águas no mundo dos negócios.
Vamos compreender melhor o que vem a ser interpolação de taxas.
Interpolação linear é uma estratégia de cálculo que permite
determinar, por aproximação, um valor desconhecido que se encontra entre
dois valores dados.
Às vezes, as tabelas financeiras não fornecem o valor exato necessário
para efetuar os cálculos que nos estão sendo solicitados – é aí que entra o
método de interpolação linear.
Através dele contornamos essa dificuldade, obtendo, mediante uma
proporção simples, o valor desconhecido através de outros valores próximos,
presentes na tabela.
Vejamos como se faz isto, através de alguns exercícios de aplicação
prática.

Exemplo: Se fôssemos calcular o montante de um capital igual a R$


200.000,00 aplicado a uma taxa de 14% a.a., com capitalização trimestral,
durante 1 ano. Como determinar esse montante?
Resolução: observe que a capitalização é trimestral. Logo, o prazo
deve ser expresso em trimestres, e a taxa anual deve ser convertida para a
taxa trimestral.

Dados do problema:

(C) = 200.000,00;
(n) = 1 ano = 4 trimestres => n = 4;
(i) = 14% a.a. (taxa nominal), convertendo a taxa trimestral,
encontramos:
i = 3,5% a.t. (taxa proporcional).

Ao trabalharmos com uma tabela financeira, para sabermos qual


o fator de capitalização deve ser aplicado ao capital, para determinar o
montante, simplesmente não encontraremos, isto porque não existe a tabela
que corresponda à taxa proporcional determinada, ou seja, não tem o i= 3,5%.

46 UNIDADE 1
E o que fazer? Pense bem, você tem os fatores de acumulação de
capital para 3% e para 4% na tabela. Logo, para encontrar o fator de acu-
mulação de 3,5%, deve-se calcular a média aritmética simples desses dois
fatores.
Parece esquisito, mas você está efetuando uma INTERPOLAÇÃO
LINEAR.
Estamos supondo que, uma vez que a taxa de 3,5% é equidistante
dos valores 3% e 4%, o seu fator de acumulação deve ser também equidis-
tante dos fatores de acumulação de taxas de 3% e 4%, ou seja, deve ser a
média aritmética desses fatores.

Consideramos então que:

Onde:
a3,5% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 3,5%;
a3% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 3%;
a4% = fator de acum. de capital para n = 4 e i = 4%.

Vejamos agora como fica a interpolação quando a taxa fornecida não


é mais número do tipo “inteiro mais meio” (1,5%; 2,5%; 3,5% etc.)

Exemplo: Uma financeira recebeu uma proposta de financiamento de


um bem no valor de R$ 1.000,00 cobrando o principal e mais juros de 3,6%
a.a., compostos semestralmente. Quanto a financeira deve receber no final
de 4 anos?

Dados do problema:

Observe que a capitalização é semestral.

(C) = 1.000,00;
(TIR) = 3,6% a.a. (taxa nominal) => i = 1,8% a.s. = 0,018 a.s. (taxa
proporcional semestral);
(n) = 4 anos = 8 semestres => n = 8.

Resolução: FV = VP x (1+i)n
Logo FV = 1.000,00 x (1+0,018)8 → FV = 1.153,4060

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 47


O fator de capitalização contido na expressão matemática do mon-
tante é (1+i)n , que estará representado pelos valores correspondentes a
(1+0,018)8 e que tem como fator de capitalização o fator igual a (1,1534), que
corresponde à taxa de 1,8 a.s., durante 8 períodos semestrais.

Veja que não encontramos na tabela financeira o índice 1,8% a.s. Daí
a razão de se trabalhar com a interpolação linear.
Vamos pegar da tabela as taxas que se encontram imediatamente a
seguir e imediatamente acima da taxa de 1,8% (1% e 2% respectivamente).
Com os fatores dessas taxas para n = 8, montamos o seguinte esque-
ma, baseado no teorema de Tales, que diz que um feixe de retas ao cortar
duas transversais produz segmentos proporcionais.
Decorre disso que, se dividirmos, em cada reta transversal, o seg-
mento superior pelo segmento todo, deveremos obter o mesmo resultado.
Podemos, então, escrever a seguinte igualdade:

Multiplicando em cruz, obtemos:

x – 1,082857 = 0,8 x 0,088802

Resolvendo, encontramos:

x – 1,082857 = 0,0710
x = 0,0710 + 1,082857 → x = 1,1538986

Logo o montante será igual a:

FV = 1.000,00 x (1,1538986) → FV = 1.153,8986.

Outro exemplo a ser estudado sobre a interpolação é quando você


adquire um investimento que lhe rende um valor a um determinado custo por
um período e, no final desse período, você resolve vender esse bem. Veja
a seguir:

48 UNIDADE 1
Uma empresária está analisando uma proposta de compra de um
prédio com várias salas de escritórios, com a finalidade de obter receitas com
os aluguéis.
O valor do imóvel é de R$ 8.000.000,00. Estima-se que, durante
um período de 10 anos, a renda proveniente dos aluguéis das salas atingirá
um montante de R$ 1.280.000,00 por ano, e as despesas com impostos,
manutenção etc: atingirão R$ 410.000,00 por ano.
Estima-se que ao final dos 10 anos o prédio deverá ser vendido por
R$ 5.800.000,00.
Qual a taxa interna de retorno do negócio? Como resolver o problema,
se você não possui nenhuma taxa como referência?
O primeiro passo é reconhecer que há necessidade de arbitrar uma
taxa qualquer a fim de trazer os valores para o tempo presente.
Na verdade, não precisamos trazer os aluguéis e depois os custos
para o valor presente. Basta diminuirmos um do outro, pois ambos estão
calculados ao ano e no mesmo período de tempo. Observe o gráfico de fluxo
de caixa.
Demonstração gráfica do fluxo de caixa

Figura 7 - Fluxos de saídas e entradas de caixa


Fonte: autor.

Para solução do problema, vamos arbitrar duas taxas, para obtermos


a TIR esperada, que irá igualar os valores de entrada e saída com VPL =
zero.

Primeira taxa igual a 8%:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 49


VPL = 5.838.118,124 + (–8.000.000,00) + 2.686.553,337

VPL = 524.671,461

Segunda taxa igual 12%:

VPL = 4.915.605,044 + (–8.000.000,00) + 1.867.473,579

VPL = 1.216.921,197.

Determinado o valor positivo e negativo que tornam a VPL igual a


zero, podemos então descobrir a TIR da questão.
Com as taxas determinadas, podemos elaborar o gráfico para
compreendermos, então, a interpolação linear.

Taxa = 8% o VPL é igual a R$ + 524.671,46


Taxa = 12% o VPL é igual a R$ - 1.216.921,19

Observe o comportamento das taxas no gráfico.

Figura 8 - Gráfico da interpolação de taxas.


Fonte: autor.

50 UNIDADE 1
No gráfico encontramos a seguinte igualdade:

1.216.921,19 x (i – 8) = 524.671,46 x (12 – i)

1.216.921,19i – 9.735.369,52 = 6.296.057,52 – 524.671,46i

1.216.921,19i + 524.671,46i = 9.735.369,52 + 6.296.057,52

1.741.592,65i = 16.031.427,04

==> i = 9,2049.%

Taxa interna de retorno desejada é igual a 9,2049 %.

Outro método aplicado à interpolação de taxas é o método da tentativa


e erro.
Em que consiste esse método? Veja o exemplo a seguir:
A Companhia ABC está avaliando dois projetos de seus concorrentes:
Projeto “C” e Projeto “L”. Os projetos proporcionarão, anualmente, os
seguintes fluxos de caixa líquidos, após o imposto de renda. Se a taxa de
desconto baseado na TMA dos projetos for de 10% e o investimento inicial
for R$ 1.000,00, você recomendaria qual dos dois projetos?

PROJETO - “C” PROPOSTA


Investimento inicial R$ 1.000,00
Vida útil do projeto 3 anos
Fluxos líquidos de caixa R$ 500,00/ 400,00/ 300,00/ ano

PROJETO - “L” PROPOSTA


Investimento inicial R$ 1.000,00
Vida útil do projeto 3 anos
Fluxos líquido de caixa R$ 100,00/300,00/400,00 / ano

Análise do Projeto “C”:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 51


Demonstração gráfica do fluxo de caixa:

Figura 9 - Fluxos do Projeto "C"


Fonte: autor.

Quadro 1 - Demonstrativo do VPL à taxa estimada de 10% ao ano.

Fonte: autor.

Análise do Projeto “L”:

Demonstração gráfica do fluxo de caixa:

Figura 10 - Fluxos do Projeto "L"


Fonte: autor.

52 UNIDADE 1
Quadro 2 - Demonstrativo do VPL à taxa estimada de 15% ao ano.

Fonte: autor.

Resultados determinados com aplicação da fórmula do VPL, para as


taxas arbitradas ou estimadas.
Taxas VPL
10% - 10,50
TIR 0
15% - 432,21

Com as taxas definidas, promovemos, então, a interpolação. Neste


sentido, subtraímos a primeira taxa da TIR e dividimos pela diferença entre a
primeira taxa e a segunda. Repetimos a operação no outro lado da equação.
Veja abaixo a operação.

10% – TIR = 10% – 15%

==> 0,0237

= 0,0237

= 0,0237

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 53


10% – TIR = 0,0237 x (–5)

10% – TIR = 0,11850

10% – 0,11850 = TIR → TIR = 9,8815

Resumindo

Esta unidade procurou rever os princípios da matemática financeira,


criando situações práticas para uso das principais ferramentas (métodos) para
auxiliar na tomada de decisão de vários projetos de investimentos e podendo
ser aplicados também em projetos de financiamentos. O emprego dessa
ferramenta pode ajudar os gestores empresariais na tomada de decisão de
um projeto.
O princípio dos investimentos especifica que as empresas invistam
apenas em projetos que ofereçam um retorno superando a taxa média dos
financiamentos e que apresente o menor custo.

Exercícios Propostos

1) Ao determinar os juros compostos de investimento, qual a taxa trimestral


equivalente a 15% ao ano?

2) Um projeto de investimento em bens de capital de uma empresa apresenta


os seguintes dados:
Investimento inicial R$ 12.000,00
Valor residual após 25 anos R$ 5.000,00
Receita anual R$ 4.000,00
Despesa anual R$ 2.000,00
Encontre a taxa interna de retorno do projeto e compare com a TMA do
mercado, que é de 15% a.a. Responda se é vantajoso, para o empresário,
investir nesse projeto.

54 UNIDADE 1
3) Uma indústria de peças automotivas está avaliando um projeto para otimizar
seu processo de produção. Para que isso aconteça, o investimento em uma
nova máquina seria ideal. No entanto, o projeto apresenta duas alternativas,
sendo propostas pelo gerente de produção. Após análise, responda qual é a
melhor proposta.

PROPOSTAS DE ALTERNATIVAS:

Máquina “A” Máquina“B"


Investimento inicial R$ 10.000,00 R$15.000,00
Custo anual R$ 2.500,00 R$ 3.000,00
Valor residual nulo R$ 4.000,00
Vida útil 10 anos 10 anos
TMA 10% ao ano

4) A General Motors do Brasil S.A. está analisando dois tipos de motores para
uma nova linha de automóveis que vai ser lançada no final do ano de 2014.
O motor “A” requer um investimento inicial de R$ 20.000,00 e apresenta um
custo anual de R$ 6.000,00. O motor “B” requer um investimento inicial de R$
30.000,00 e apresenta um custo anual de R$ 4.000,00. Considerando que a
vida útil de ambos os motores é de 10 anos cada e que a TMA de mercado é
de 10% ao ano, qual é o melhor motor para que a GM do Brasil decida pelo
investimento?

Saiba Mais

A MATEMÁTICA FINANCEIRA

(Tahan, 1984)

Na época em que o comércio começava a chegar ao auge, uma das


atividades do mercador foi também a do comércio de dinheiro: como o ouro
e a prata.
Nos diversos países eram cunhadas moedas de ouro e prata.
Com a expansão das formas de comércio, assim como durante as

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 55


guerras de conquistas de territórios, as moedas dos países eram trocadas,
mas o pagamento só podia ser efetuado com dinheiro do país específico.
Logo, dentro das fronteiras de cada país, as moedas estrangeiras eram
trocadas por dinheiro deste país.
Os comerciantes e algumas pessoas que possuíam muito dinheiro
e que viajavam ao exterior precisavam de dinheiro de outros países, que
compravam com a moeda nacional. Os tempos foram passando e alguns
comerciantes ficaram conhecendo muito bem as moedas estrangeiras e
passaram a acumulá-las em grandes quantidades. Desta forma, dedicaram-
se exclusivamente ao câmbio de dinheiro, isto é, a comercializar dinheiro.
Havia a divisão de trabalho dentro do campo do comércio:
paralelamente aos comerciantes, que se ocupavam com a troca de artigos
comuns, surgiram os cambistas, isto é, comerciantes dedicados ao intercâmbio
de uma mercadoria específica: o dinheiro.
Num espaço de tempo relativamente curto, acumularam-se
fantásticas somas de dinheiro nas mãos dos cambistas. Com o tempo, foram
se ocupando de uma nova atividade: guardar e emprestar dinheiro.
Naquela época, e devido à deficiente organização das instituições
responsáveis pela segurança social do individuo, não era recomendável que
tivessem em casa muitas moedas de ouro e prata.
Estas pessoas entregavam seu dinheiro à custódia do cambista
rico, que o guardava e devolvia ao dono quando ele pedisse, imaginemos
um cambista qualquer que tenha acumulado, desta forma, em seus cofres,
imensa quantidade de dinheiro.
Era natural que a seguinte ideia ocorresse: “Por que estas grandes
somas de dinheiro haverão de permanecer em meu poder sem qualquer lucro
para mim?” - Aí então se percebe que a palavra “lucro” está diretamente
interligada com o conceito de finanças - É pouco provável que todos os
proprietários, ao mesmo tempo e num mesmo dia, exijam a devolução
imediata de todo o seu dinheiro.
Emprestarei parte deste dinheiro a quem pedir, sob a condição de
que seja devolvido num prazo determinado. E como meu devedor empregará
o dinheiro como quiser durante este prazo, é natural que eu obtenha alguma
vantagem. Por isso, além do dinheiro emprestado deverá entregar-me, no
vencimento do prazo estipulado, uma soma adicional.
Vimos que, neste pensamento do mercador, a ideia de lucro já
aparece fortemente.

56 UNIDADE 1
Assim tiveram início as operações creditícias. Aqueles que, por alguma
razão, encontravam-se sem dinheiro – comerciantes, senhores feudais, e não
raras vezes o próprio rei ou o erário nacional - recorriam ao cambista que lhes
emprestava grandes somas de dinheiro a juros “razoáveis”.
O juro era pago pelo usufruto do dinheiro recebido ou, mais
propriamente era a “compensação pelo temor” de quem dava dinheiro
emprestado e assim se expunha a um grande risco.
Entretanto, esses juros alcançaram, em alguns casos, quantias
incríveis: na antiga Roma os usurários exigiam de 50 a 100 por cento (50%
a 100%) e na Idade Média, de cem a duzentos por cento (100% a 200%),
às vezes mais, em relação direta com a necessidade do solicitante ou do
montante da soma.
Esses juros foram chamados – com toda justiça – de usura, e os
que faziam jus a estes juros eram considerados como usurário, o dinheiro
recebido emprestado era chamado de capital usurário e o credor, de usureiro.
O cambista exercia sua profissão sentado num banco de madeira em algum
lugar do mercado. Daí a origem da palavra “banqueiro” e “banco”. Os
primeiros bancos de verdade da História foram criados pelos sacerdotes.
No mundo antigo, entre os egípcios, babilônios e, mais tarde, entre
os gregos e romanos, estava amplamente difundido o costume segundo o
qual os cidadãos mais abastados deviam confiar a custódia de seu ouro aos
sacerdotes.
A Igreja cristã não só deu continuidade à tradição das operações
creditícias dos antigos sacerdotes, que se consideravam pagãos, mas
desenvolveu-se em grande escala.
A Igreja Católica criou o Banco do Espírito Santo, com um fabuloso
capital inicial. Seu verdadeiro propósito era tornar mais expedita a exação,
aos fiéis, dos chamados “denários de São Pedro” destinados a satisfazer
as frugalidades do Papa e para facilitar o pagamento de dízimos e
indulgências, assim como para a realização de transações relacionadas com
os empréstimos, em outras palavras, com a usura.
Ao mesmo tempo lançou um anátema e condenou às masmorras da
Inquisição os cidadãos que emprestavam dinheiro a juros, mesmo que este
juro fosse menor do que aquele que ela exigia por seu dinheiro.
A Igreja proibia seus fiéis que cobrassem juros por seu dinheiro,
invocando como autoridade a Sagrada Escritura, onde se lê “Amai, pois a
vossos inimigos e fazei o bem, e emprestai, nada esperando disso” (São

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 57


Lucas, 6,35). Na realidade, esta proibição era motivada por um interesse
econômico muito “mundano”: a igreja ambicionava assegurar para si o
monopólio absoluto na exação de juros.
Apesar das maldições e ameaças com o fogo eterno, a igreja não
pode conter a avidez por ganhos e lucros das pessoas, ainda mais que o
próprio desenvolvimento do comércio exigia a criação de uma ampla rede
bancária.
As iniciadoras desta atividade foram as cidades-estado da Itália, que
tinham um vasto comércio, cujo raio de ação se estendia aos mais distantes
confins do mundo conhecido.
O primeiro banco privado foi fundado pelo duque Vitali em 1157, em
Veneza.
Após este, nos séculos XIII, XIV e XV, toda uma rede bancária foi
criada. A Igreja não teve alternativa se não aceitar a realidade dos fatos.
Assim, os bancos foram um dos grandes propulsores práticos para
o avanço da matemática comercial e financeira e da economia, durante
os séculos X até XV. Pois, sem essa motivação para o aprimoramento
dos cálculos, talvez essa área de matemática não estivesse tão avançada
atualmente.

Dica de filme

Você deseja conhecer melhor sobre o


surgimento dos juros nos mercados?
Assista o filme: O mercador de Veneza

58 UNIDADE 1
UNIDADE 2
Estrutura e análise
das demonstrações
financeiras
estrutura e análise das
demonstrações financeiras

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BÁSICAS

Evolução histórica das demonstrações financeiras

A análise de balanço surgiu e desenvolveu-se dentro do sistema


bancário que é, até hoje, o seu principal usuário. Seu início remonta ao final
do século passado, quando os banqueiros americanos passaram a solicitar
balanços às empresas tomadoras de empréstimos.
Em 09 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação
dos Bancos de Nova York aceitou e formalizou a iniciativa de solicitação de
balanços a essas empresas tomadoras de crédito, divulgando, em 1900, um
formulário de proposta de crédito, o qual conteria um espaço reservado ao
balanço patrimonial das empresas.
Em 1915, a análise de balanço praticamente se tornou obrigatória nos
EUA, onde o Federal Reserve Board (Banco Central dos EUA) determinava que
só poderiam ser negociados títulos de empresas que tivessem apresentado
seu balanço ao banco. Posteriormente, Alexandre Wall, considerado o pai da
análise de balanços, apresentou em 1919, um modelo de análise através de
índices, demonstrando em fórmulas matemáticas padrões de referências que
auxiliavam nas avaliações das empresas.
Na década de 30, surgiu dentro da empresa Du Pont um modelo de
análise da rentabilidade que compreendia a taxa da margem de lucro e giro
dos negócios, também chamado de ROI (Retorno sobre o Investimento), em
1968 iniciou-se a prática de análise de balanço, com a criação do Serasa,
que passou a operar como central de análise de bancos comerciais.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 61


Assim, a história da análise de balanço, nos dias atuais, transcende
o balanço patrimonial e alcança um número maior de demonstrações e
relatórios, internos e externos, razão pela qual as expressões mais utilizadas
sejam: análise das demonstrações financeiras, análise das demonstrações
contábeis, análise econômico-financeira ou, ainda, análise empresarial.

O papel da análise de balanço

A análise de balanço, ou financeira é uma técnica privativa do


profissional contábil, que visa proporcionar ao usuário dos demonstrativos
contábeis informações referentes à situação econômica (resultado auferido)
e financeira (capacidade de pagamento ou solvência) das empresas para a
tomada de decisão; análise compreende ainda dois aspectos: o estático, que
evidencia a situação num determinado momento e o dinâmico, que evidencia
a variação ocorrida entre vários momentos.
Esse processo se dá através da capacidade de transformar dados
(números ou descrições isolados) em informação (representação de dados
que podem produzir uma reação ou decisão), informação essa compreensível
para o usuário.

Figura 11 - Processo da informação para análise


Fonte: autor.

Assim, o analista preocupa-se com as demonstrações financeiras


que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam
concluir se a empresa merece ou não crédito, se tem condições de pagar suas
dividas, se é lucrativa, se vem sendo bem administrada, se vem evoluindo, se
é eficiente ou se terá continuidade.
O grau de excelência da análise é dado exatamente pela qualidade e
extensão das informações que conseguirem gerar.

62 UNIDADE 2
O perfil do analista

Faz-se necessário ao analista o conhecimento técnico de


contabilidade, consubstanciado através de sua experiência profissional, além
do conhecimento de elementos básicos para a construção da informação.
Independente dos objetivos que a análise esteja subordinada, o analista deverá
realizar seu trabalho com zelo, objetividade, independência e prudência.
No trabalho de análise, o analista deverá planejar seu trabalho com base
nos objetivos e orientações propostos, evitando consumo desnecessário de
tempo.
O analista deve também manter uma postura proativa, ou seja, não
deve buscar pontos positivos ou negativos, mas, sim, os reflexos dos eventos
sobre o comportamento dos elementos patrimoniais. O seu relatório deve
conter informações objetivas e descomplicadas como a situação financeira e
econômica, pontos fortes e fracos, quadro evolutivo, desempenho, tendências
e perspectivas.

Campo de atuação do analista financeiro

O profissional, analista das demonstrações contábeis, pode atuar nas


mais diversas áreas, pois a análise das demonstrações contábeis interessa
a diversos usuários como investidores (visão dos negócios), empresários
(no apoio à gestão), economistas (projeção de cenários), nos trabalhos de
consultoria, auditoria e perícia (como assistente especializado).
Não basta saber identificar as demonstrações contábeis, devendo
ter um mínimo de conhecimento sobre a análise de balanços, como é mais
conhecida a análise das demonstrações financeiras ou demonstrações
contábeis.

Tipos de demonstrações contábeis

Todas as demonstrações contábeis são suscetíveis de análise e são


as seguintes:
a) Balanço patrimonial;
b) Demonstração do resultado do exercício;
c) Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, também

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 63


denominados de Demonstração das mutações do patrimônio líquido;
d) Demonstração de fluxo de caixa

Tipos de análises das demonstrações financeiras

A análise das demonstrações financeiras poderá ser apresentada em


duas modalidades:

Análise Interna – técnica que possibilita uma análise com maior


profundidade, pois é realizada dentro da empresa, o que possibilita um maior
acesso aos dados e melhor conhecimento do ambiente organizacional, bem
como uma melhor avaliação dos elementos patrimoniais. Este tipo de análise
possibilita a geração de um grande número de informação sobre a empresa,
geralmente é muito utilizada pela controladoria e auditoria interna.
Análise Externa – técnica de análise sem muita profundidade, pois
é limitada no que se refere ao acesso de dados, geralmente realizada para
levantamento de informações, pesquisas acadêmicas, auditoria externa e
perícia.
O analista tem em mãos somente as demonstrações financeiras
publicadas nos jornais, disponibilizadas na internet nos sites das companhias
e também as disponibilizadas na Bovespa e na Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), além de alguns esclarecimentos adicionais, constantes
nos relatórios, por meio das notas explicativas que acompanham as
demonstrações financeiras.

Quadro 3: Informações comparativa da análise interna e externa

Fonte: autor.

64 UNIDADE 2
Técnicas de análise das demonstrações financeiras

As técnicas mais conhecidas de análise de balanço são: análise


horizontal, análise vertical (utilizadas fundamentalmente no estudo de
tendências), análise de capital de giro (avalia a capacidade de investimentos
e financiamento do CCL), análise de rentabilidade (determina a taxa de
rentabilidade da empresa e fatores de variação) e a análise prospectiva
(analisando-se o passado, poder-se-á interferir no futuro) e análise dos
índices ou quocientes (fornece uma avaliação genérica sobre diferentes
aspectos da empresa), sendo que a última análise é a melhor forma para
analisar a saúde financeira das empresas.
Para uma melhor, mais segura e eficiente interpretação dos dados
contidos nos relatórios contábeis, balanço patrimonial e demonstração do
resultado do exercício (DRE), é necessário proceder à reclassificação
de alguns itens contidos nos demonstrativos a serem examinados. A
exemplo, temos o caso das duplicatas descontadas, das despesas pagas
antecipadamente e outros itens como estoques obsoletos, que devem ser
reclassificados como despesas
Assim, pode-se concluir que análise das demonstrações contábeis é
importante porque objetiva confrontar os elementos do patrimônio e estudar
os efeitos provocados pelos fatos ocorridos, registrando-os através da
observação de sua composição quantitativa e qualitativa, sendo o ponto de
partida para se estimar o futuro da empresa.

Finalidade da análise das demonstrações financeiras

1) Verificar a qualidade das aplicações, se harmônicas ou não;


2) Aferir a capacidade creditícia de uma empresa;
3) Medir o desempenho operacional: lucratividade e produtividade;
4) Aferir a eficiência da administração;
5) Servir de referência para projeções;
6) Estudar a viabilidade de projetos;
7) Servir de fundamentação para trabalhos especializados.

Enfim, a finalidade da análise é transformar os dados extraídos das


demonstrações financeiras em informações úteis para a tomada de decisões
por parte das pessoas interessadas na empresa.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 65


Denominaremos as pessoas interessadas nas informações fornecidas
pelas demonstrações financeiras da empresa, a partir de agora, de usuários.
Como dissemos no início do capítulo, historicamente foram os bancos
os primeiros a se interessar pela análise de balanço. Atualmente são muitos
os usuários que recorrem a ela, seja para conhecer a rentabilidade do capital
ou para avaliar o desempenho das entidades, de acordo com interesses
específicos.

Relevância da análise de balanço

Um dos elementos mais importantes na tomada de decisões


relacionadas a uma empresa é a análise das suas demonstrações financeiras.
A análise de balanços é um trabalho fascinante para as áreas de finanças e
contabilidade. É através dela que se podem avaliar o efeito de certos eventos
sobre a situação financeira de uma empresa, como por exemplo: como o
aumento de vendas afetou a situação financeira da empresa? Estará ela em
posição mais sólida após a obtenção de financiamento para a automação da
produção?
A política financeira de uma empresa tem reflexo nas demonstrações
financeiras e é através da sua análise que se podem conhecer os seus
objetivos. O conhecimento de tal informação é de especial relevância quando
se tratam de demonstrações financeiras de concorrentes. Através da análise
dessas demonstrações, pode-se descobrir que a política do concorrente é
crescer o mais rápido possível para ganhar mercado, ainda que dependendo
de capitais de terceiros e com o sacrifício da rentabilidade.
Usuários

a) Fornecedores (vendedor): O fornecedor de mercadoria a prazo


precisa conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes, ou seja, sua
liquidez. A profundidade da análise do fornecedor depende da importância do
cliente;
b) Clientes (compradores): Raramente, o comprador analisa a
situação do fornecedor. Em geral, ocorre análise por parte do comprador
quando depende de fornecedores que não possuam o mesmo porte dele ou
que possam de alguma forma oferecerem riscos, exceto em consórcios e
outros do gênero;

66 UNIDADE 2
c) Bancos comerciais: Como os bancos comerciais concedem crédito
a curto prazo, devem, além de observar a situação atual do cliente, procurar
conhecer ou obter alguma informação sobre a situação futura dele;
d) Bancos de investimentos: Diferentemente dos bancos comerciais,
os de investimentos concedem financiamentos a um número menor de
empresas, porém a um prazo mais longo. Nesse caso, o financiamento
concedido depende da situação futura do cliente;
e) Sociedades de crédito imobiliário: Essas sociedades concedem
financiamento a construtoras por prazos superiores a um ano. A análise
delas, feita pela sociedade de crédito imobiliário, geralmente fica no meio
termo entre a análise de um banco comercial e de um de investimento;
f) Sociedades financeiras: Essas sociedades concedem crédito
diretamente aos consumidores. As lojas vendem para seus clientes e estes
recebem o crédito da sociedade financeira, sendo que a loja intervém como
avalista dos empréstimos;
g) Corretoras de valores e público investidor: As corretoras de
valores e o público investidor fazem análise para investimento em ações.
Além da análise financeira, levam em conta outros fatores relacionados
especificamente ao preço e à valorização de ações;
h) Concorrentes: A análise dos concorrentes de uma empresa é de
vital importância: o conhecimento profundo da situação de seus concorrentes
pode ser fator de sucesso ou de fracasso da empresa no mercado;
i) Dirigentes: A análise de balanços, para os administradores da
empresa, é instrumento complementar para a tomada de decisões. Ela será
utilizada como auxiliar na formulação de estratégia da empresa e tanto pode
fornecer subsídios úteis como informações fundamentais sobre a rentabilidade
e a liquidez da empresa hoje, em comparação com as dos balanços orçados;
j) Governo: O governo utiliza intensamente a análise de balanços
em diversas situações. Por exemplo, numa concorrência aberta, em que
provavelmente escolherá, entre duas propostas semelhantes, apresentadas
por empresas em determinada concorrência, aquela que estiver em melhor
situação financeira.

Estrutura das demonstrações financeiras

A estrutura das demonstrações contábeis deve contemplar a


maior quantidade de informações, evidenciando-se o que for considerado
importante para a tomada de decisões e a prestação de contas, não sendo

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 67


interessante divulgarem-se informações de pouca utilidade, como podemos
exemplificar, os relatórios financeiros visando apenas a acionistas majoritários
das limitadas ou alguns relatórios que possam vir a confundir os usuários
externos (bancos, governo, acionista minoritário etc).
A contabilidade, através dos seus relatórios, permite aos
administradores financeiros compreender a estrutura patrimonial de qualquer
entidade, com ou sem fins lucrativos, por reunir relevantes informações,
necessárias para se administrar com competência suas atividades
operacionais. Os mesmos relatórios, quando publicados, permitem ao público
avaliar a situação da entidade, observando a qualidade da gestão que está
sendo realizada nessa entidade.
A informação sempre foi um importante fator para tomada de decisão
e determinante para o sucesso gerencial, mas a partir da grande evolução
das tecnologias da comunicação e informação, sua relevância vem tendo um
papel decisivo para a sobrevivência e desenvolvimento das organizações.
E podemos dizer que informação é uma mensagem capaz de propiciar a
comunicação, reduzindo incertezas, sendo capaz de proporcionar benefícios
ao usuário da mesma. Percebemos, de imediato, que a informação é um
recurso fundamental para contribuir na definição dos objetivos de uma
empresa, no estabelecimento de estratégias e políticas, na avaliação e
decisão sobre as alternativas de expansão e investimentos necessários, e
dos próprios resultados do negócio.
Logo, a informação contábil deve ser revestida de qualidade sendo
objetiva, clara, concisa, permitindo que o usuário possa avaliar a situação
econômica e financeira.
Vale a pena destacar que a informação contábil não se consubstancia
apenas nas demonstrações contábeis, mas também em relatórios gerenciais
diversos, pareceres ou outra forma qualquer de comunicação escrita, que
devem propiciar aos usuários sua plena utilização.
Vê-se, portanto, a importância da contabilidade como fonte de
informações e como elemento que agrega valor através de seus relatórios
para a gestão das empresas. Uma empresa comunica o seu desempenho
aos usuários externos – mediante as demonstrações contábeis – pois são
estas capazes de determinar o sucesso ou fracasso, colaborando na sua
continuidade.

68 UNIDADE 2
Segundo Iudicibus (1998, p. 21)

A contabilidade está vinculada às mudanças sociais


que ocorrem ao longo dos anos e que a cada nova
mudança exige-se da contabilidade nova postura na
divulgação das informações geradas, visando suprir
os anseios de informações requeridas pelos seus
usuários. Não resta dúvida de que o cumprimento da
missão da Contabilidade tornou-se mais difícil de ser
alcançado, já que cada usuário deseja um conjunto
específico de informações que possam suprir seu
modelo decisório.

As Normas Brasileiras de Contabilidade tratam de impor regras


e procedimentos a serem seguidos na elaboração das demonstrações
financeiras pela empresa. Dentre todas as Normas do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), a NBCT–3 trata especificamente do conceito, conteúdo,
estrutura, nomenclatura das demonstrações contábeis e outras disposições
estabelecidas.
A norma dispõe sobre a denominação e a forma da estrutura e os
fins à qual se destinam as demonstrações contábeis, seguindo critérios
estabelecidos na legislação em vigor. A exemplo, temos:
Denominação - balanço patrimonial;
Estrutura - formada pelos grupos do ativo, passivo e patrimônio
líquido;
Fins de uso - destinado a evidenciar, qualitativa e quantitativamente,
a posição patrimonial e financeira da entidade em uma determinada data.
O balanço patrimonial é peça fundamental para revisão e análise
dos negócios. A visão de dois balanços subsequentes mostra as variações
ocorridas no período e as modificações na estrutura patrimonial e financeira
da empresa, entre um período e outro.
A estrutura do balanço patrimonial está composta pelos grupos:
1) Ativo;
2) Passivo;
3) Patrimônio Líquido.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 69


Quadro 4: Principais Grupos de Contas do Balanço Patrimonial.

Fonte: autor, adaptado do Art. 37 da Lei nº 11.947, 21 de maio de 2009

O Ativo está classificado em três grandes grupos (Circulante,


Realizável a longo prazo e Permanente), os quais são apresentados em
ordem decrescente do grau de liquidez (facilidade de realização de bens e
direitos) de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas – LSA)
O Passivo circulante são obrigações de curto prazo ou seja,
obrigações que deverão ser liquidadas dentro do exercício social seguinte ao
encerramento do balanço.
O Exigível a longo prazo são obrigações de longo prazo, que
deverão ser liquidadas em vários exercícios sociais subsequente ao balanço,
acima de dois anos e meio.
O Resultado dos exercícios futuros não representam exigibilidades,
embora estejam no lado das obrigações e também não se caracterizam como
adiantamento.
O patrimônio líquido representa a parte na empresa que pertence a
seus proprietários, ou seja, a parte que não é considerada como exigível, uma
vez que os sócios da empresa tendem a não reclamar do reembolso de suas
aplicações na empresa, se o fizerem estarão contribuindo para realização da
aplicação da equação ( PL = B + D – O), ou seja, encerrando definitivamente
suas atividades.

Denominação - Demonstração do resultado do exercício;

70 UNIDADE 2
Estrutura - Formada pelos grupos da:
Receita operacional bruta;
Deduções sobre as vendas;
Descontos e Abatimentos sobre as vendas;
Devoluções sobre as vendas ou Vendas canceladas
Impostos sobre vendas;
Receita operacional líquida;
Custos sobre vendas;
Lucro bruto;
Despesa operacional ou resultado bruto operacional;
Outras receitas / Despesas operacionais;
Lucro ou Prejuízo operacional;
Outras receitas / Despesas não operacionais;
Lucro / Prejuízo antes dos impostos e participações;
Imposto de renda e Contribuição social sobre o lucro;
Participações;
Lucro / Prejuízo do exercício.

Fins de uso - é destinada a evidenciar a composição do resultado


formado em um determinado período de operações da entidade.
A D.R.E evidencia a formação dos vários níveis de resultados, mediante
confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas, e deverá
ser elaborada simultaneamente com o balanço patrimonial. Constitui-se em
relatório sucinto das operações realizadas pela empresa, em determinado
período de tempo, e dela extraí-se um dos valores mais importantes para as
pessoas interessadas: o resultado líquido do período, lucro ou prejuízo;
A D.R.E esclarece muitas variações ocorridas no patrimônio líquido,
no período entre dois balanços. E a contabilidade, ao elaborar o balanço
patrimonial, juntamente com a demonstração do resultado do exercício,
atinge a finalidade de mostrar a situação patrimonial e econômico-financeira
da empresa.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 71


Quadro 5: Principais grupos de contas da D. R. E.

Fonte: o autor, adaptado do Art. 187 da Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007.

A demonstração do resultado do exercício mostra como a empresa


se comportou em termos de receitas e despesas durante certo período, em
geral, de um ano.

72 UNIDADE 2
A demonstração de resultado é de fácil compreensão, mesmo para
os leigos. Montada sobre a forma dedutiva do lucro, parte do faturamento,
deduzindo os gastos incorridos para obter as receitas e apurar o lucro. Com
este relatório, o gestor e sua equipe poderão compreender seu negócio e
avaliar as variáveis que influenciam o resultado, tais como as políticas de
venda, de estoque, de preços, seus custos fixos, imposto de renda e o lucro
obtido.

Demonstrações financeiras empresariais

As demonstrações financeiras são instrumentos importantíssimos para


tomada de decisão. Os administradores financeiros ou gestores financeiros
devem ter uma noção mínima que os permita compreender o quanto estes
demonstrativos são capazes de oferecer informações necessárias para o
sucesso empresarial.
Funções do administrador financeiro: entre tantas outras e,
especificamente com relação aos demonstrativos financeiros, são:

1) Análise de planejamento;
2) Decisão de financiamento (obter a composição mais adequada entre os
capitais de terceiros e próprios, tanto a curto como a longo prazo);
3) Decisões de investimentos (buscar a melhor alternativa em relação aos
ativos, quais recursos devem ser aplicados, sendo que, estes ativos devem
gerar mais ativos).

Um dos objetivos do administrador financeiro, além da maximização


da riqueza dos acionistas, é escolher a proporção mais adequada entre
capitais próprios e capitais de terceiros, que permita uma maior valorização
da empresa no mercado (VE = KT + KP), maximizando a riqueza dos acionistas.

Quadro 6: Estrutura das demonstração das fontes e usos

Fonte: o autor, adaptado do Art. 37 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 73


VE = KT + KP

A geração de fluxos de caixa a curto prazo

Equação fundamental dos fluxos de caixa de curto prazo

Com base na estrutura dos demonstrativos financeiros, obtém-se a


equação fundamental dos fluxos de caixa de curto prazo.

Figura 12 - Fluxos de caixa ativo


Fonte: o autor, adaptado do Art. 37 da Lei nº 11.941, 27 de maio de 2009

Ao analisar os fluxos de caixa do ativo podemos utilizar a seguinte


equação:

FC(ATIVO) = FC(CREDORES) + FC(ACIONISTAS)

O fluxo de caixa dos ativos expressa o fluxo de caixa operacional,


resultado encontrado pela diferença entre a venda e a produção:

FC(Operc) = LAJIR = DEP – LR

74 UNIDADE 2
Estes fluxos têm como informação se as entradas são suficientes
para cobrir seus pagamentos diários:

Se > Zero → possui capacidade de pagamento;

Se < Zero → possui dificuldades financeiras para pagamento

Uma outra informação, que pode ser determinada pela relação


a seguir (fluxos dos gastos de capitais) é que desses fluxos de caixa, foi
reinvestido na empresa,

FC(Invst) = SI Im ob + Aquisições – VendasIm obilz

O fluxo de caixa dos gastos de capital resulta da diferença entre a


venda e compra de Ativos.

FC(Invst) = SLiqFIm ob – SLiqInicIm ob + Dep

Se houve ( aumento ) → investimento;

Se houve ( redução ) → desinvestimento.

Acréscimos ao capital de giro líquido

CGL = CGLFin – CGLInic

Ao analisar o fluxo de caixa financeiro das demonstrações financeiras,


podem-se obter os seguintes resultados:

1) Fluxo de caixa financeiro

Fluxo de caixa da empresa é dado pelos elementos:

(+) Fluxo de caixa operacional


(+) Fluxo dos gastos de capitais
(- ) Acréscimos no CGL
= FLUXO DE CAIXA DE ATIVOS

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 75


2) Fluxo de caixa dos credores

(+) Serviço da dívida


Juros pagos
Amortização da dívida
(-) Novas dívidas
Emissão de novos títulos
Receber novos empréstimos
= FLUXO DE CAIXA DOS CREDORES

3) Fluxo de caixa dos acionistas

(+) Pagamentos a acionistas


Dividendos pagos
Recompra de ações
(-) Novas emissões
Emissão de novas ações
Aumento das reservas
= FLUXO DE CAIXA DOS ACIONISTAS

Principais tipos de demonstrativos financeiros

a) Balanço patrimonial;
b) Demonstrativo do resultado do exercício;
c) Demonstrativo das mutações do patrimônio líquido ou
Demonstrativo dos lucros ou prejuízos acumulados;
d) Demonstrativo do fluxo de caixa;
e) Notas explicativas.

Estrutura dos demonstrativos financeiros

A estrutura dos demonstrativos financeiros obedecem a forma


prática de classificação de um elenco de contas estabelecida pela Lei
6.404, de 15.12.76. (Lei das SA) e ainda por força do Decreto - Lei
1.598 / 77 ( Tributação do Imposto de Renda ), e as suas alterações
sofridas nos últimos três anos.

76 UNIDADE 2
Obrigatoriedade da divulgação e publicação dos demonstrativos
financeiros

As sociedades por ação (SA) estão obrigadas a elaborar e publicar os


demonstrativos financeiros.
As demais sociedades (Resp. Ltda, Comandita simples, Comandita
por ação, Quotas de participação, de capital e industria, por firma) não são
obrigadas a publicar, mas elaboram esses demonstrativos.

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Objetivos

Comparar os modelos econômicos e contábeis da empresa, no


processo de análise;
Compreender o cálculo e a interpretação dos índices financeiros a
partir das demonstrações contábeis;
Analisar os indicadores financeiros a partir das demonstrações
contábeis;
Mostrar como as informações financeiras podem ser úteis para quem
toma as decisões financeiras, quando usadas com cuidado.

Conceitos

A análise das demonstrações financeiras faz com que a contabilidade


venha a ter um teor mais analítico, tendo como se obter conclusões econômicas
e financeiras de uma empresa, através dessa análise. Segundo Matarazzo
(2003, p. 39), “a análise das demonstrações visa extrair informações para a
tomada de decisão. O perfeito conhecimento do significado de cada conta
facilita a busca de informações precisas”.
Dessa forma, o conteúdo e a forma de apresentação das
demonstrações atendem às necessidades da análise das demonstrações
financeiras, que são apuradas nas empresas. São sinônimas as expressões:
análise de balanços, análise das demonstrações financeiras / demonstrativos
contábeis, relatórios financeiros.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 77


Segundo Assaf Neto (2002, p. 48):

A análise de balanços visa relatar, com base nas


informações contábeis fornecidas pelas empresas,
a posição econômico-financeira atual, as causas
que determinaram a evolução apresentada e as
tendências futuras. Em outras palavras, pela análise
de balanços extraem-se informações sobre a posição
passada, presente e futura (projetada) de uma
empresa.

Assim sendo, tem-se que a análise é um elemento de utilidade nas


transações que a empresa for fazer, como: as operações a prazo de compra
e venda de mercadorias, quando for avaliar a eficiência administrativa, por
exemplo, a comparação com concorrentes e, por fim, avaliar a situação
econômico-financeira.
O balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício
são as principais demonstrações utilizadas no processo de análise. A primeira
demonstração é observada em um aspecto mais econômico, diferentemente
da segunda, que procura mostrar a situação financeira.

Importância da análise das demonstrações financeiras

A análise de balanços é de suma importância para uma empresa que


pretende evoluir, pois através dela podem-se obter informações importantes
sobre sua posição econômica e financeira. São os analistas que tiram
conclusões através de dados relevantes, como se a empresa analisada, em um
determinado momento, merece crédito ou não; se a mesma tem capacidade
de pagar suas obrigações; se vem sendo bem administrada; se sua atividade
operacional oferece uma rentabilidade que satisfaz às expectativas dos
proprietários de capital e se irá falir ou se continuará operando, entre outros
fatores. Assim sendo, dois fatores são importantes à análise de balanços:
a qualidade das informações e o volume de informações disponibilizadas a
quem for analisar.

Objetivos da análise de balanço

As técnicas utilizadas em uma análise de balanço têm por objetivo


fornecer ao interessado (sócios, entidades governamentais, credores) um

78 UNIDADE 2
panorama do desempenho da empresa em determinado período, em termos
econômico-financeiros. O uso dessas técnicas objetiva extrair informações
das demonstrações financeiras de balanço para a tomada de decisão, o
que visa fornecer uma série de dados sobre a empresa, e de acordo com
as regras contábeis, transformar esses dados em informações úteis para a
tomada de decisão.

Procedimentos aplicados à análise das demonstrações financeiras

Todo processo de análise para a tomada de decisão, em uma


sociedade empresária, baseia-se no raciocínio científico, contando também
com a sensibilidade e experiência do analista.

Segundo Matarazzo (2003), o processo de tomada de decisão deve-


se:
À escolha de indicadores que melhor apresentem as características
de uma determinada empresa; a comparação com padrões através da
estatística, fazendo comparações com os concorrentes; ao diagnóstico ou
conclusões, que é uma etapa diferente da comparação com padrões, pelo fato
de serem analisadas de fato as informações obtidas nas etapas anteriores
e das decisões a serem tomadas, a partir das conclusões obtidas após os
passos anteriores.
Observa-se que, quando não se faz um planejamento adequado para
seguir essas etapas, a análise não consegue chegar ao seu real objetivo.
Dessa forma, o resultado fica prejudicado, e o analista não conseguirá
fornecer informações tão precisas como as que ele gostaria de dar, pela falta
de dados imprescindíveis à interpretação dos dados.
Para o analista, a interpretação através de índices é a forma mais
adequada de se chegar a ter dados concretos da real situação de uma empresa
em um momento determinado. As técnicas utilizadas foram aprimoradas
com o passar dos anos, principalmente no que se diz respeito à insolvência,
fazendo com que, atualmente, os índices tenham um embasamento científico.

Introdução aos índices de análise de balanço

Podemos melhor compreender o índice como uma relação entre


contas ou grupo de contas das demonstrações financeiras, que visa evidenciar
determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 79


O papel dos índices de balanço

Os índices constituem a técnica de análise mais empregada. Porém,


muitas vezes, na prática, confunde-se análise de balanço com extração de
índices. A característica fundamental dos índices é fornecer uma visão ampla
da situação econômica ou financeira da empresa. Esses índices servem de
medida nos diversos aspectos econômicos e financeiros das empresas.
O índice financeiro é uma alerta. Quando indicadores genéricos
são suficientes para um conhecimento mais profundo da empresa, além
do conjunto de índices, pode-se utilizar as demais técnicas de análise. O
importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto
de indices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de
profundidade desejada da análise.
De acordo com Matarazzo (2003, p.97), a quantidade de índices que
deve ser utilizada na análise depende exclusivamente da profundidade que
se deseja da análise.
Pode-se subdividir a análise das demonstrações financeiras em
análise da situação financeira, análise da situação econômica. Inicialmente,
analisa-se a situação financeira separadamente da situação econômica; no
momento seguinte, juntam-se as conclusões dessas duas análises.
Assim, são divididos em índices que evidenciam aspectos da situação
financeira e índices que evidenciam aspectos da situação econômica. Os
índices da situação financeira, por sua vez, são divididos em índices de
estrutura de capitais e índices de liquidez.

Cálculo dos indicadores

Este é o processo de análise mais utilizado pelos analistas de balanços,


porque oferece visão global da situação econômica e financeira de uma
organização. Os indicadores são medidas que ensejam o acompanhamento
das variáveis de desempenho e podem ser de natureza financeira e não
financeira. Os indicadores financeiros contemplam diferentes aspectos de
gestão econômica, financeira e operacional.
O emprego de indicadores para diagnóstico financeiro é muito
comum. Entretanto, uma análise financeira, como o próprio nome sugere, não
se resume ao cálculo dos indicadores, logo o emprego eficaz dos indicadores
pressupõe adequada interpretação e contextualização dos resultados
encontrados.

80 UNIDADE 2
Os principais indicadores para análise de liquidez são:

a) Capital de giro líquido (CGL);


b) Índice de liquidez corrente (ILC);
c) Índice de liquidez seca (ILS);
d) Participação das disponibilidades (PD);
e) Participação de contas a receber (PCR);
f) Participação dos estoques (PE);
g) Índice de financiamento (IF).

A interpretação desses índices pode ser feita comparando-os com os


de outras empresas do mesmo ramo e/ou analisando sua evolução ao longo
do tempo na própria empresa.

Principais indicadores econômicos e financeiros

O principais indicadores econômicos e financeiros que são utilizados


como ferramentas de mensuração e que permitem avaliar o desempenho
empresarial são:
a) Quocientes;
b) Índices.
Os quocientes são índices extraídos das demonstrações financeiras
por meio de confrontos entre contas ou grupos de contas.
Em geral, a análise é desenvolvida por meio dos quocientes que
evidenciam:
a) O grau de endividamento;
b) A liquidez;
c) A rentabilidade.
Entretanto, sempre que as conclusões dos analistas indicarem a
necessidade de se conhecer em outros detalhes, um número maior de
quocientes poderá ser extraído das demonstrações financeiras para ser
utilizado.
A fim de se obter um bom diagnóstico quanto à situação econômica e
financeira de uma entidade, é aconselhável que o analista utilize um número
pequeno de quocientes, evitando o acúmulo de informações, pois além
de sobrecarregar seu trabalho, esse acúmulo poderá leva-lo a distorções,

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 81


causando sérios transtornos na elaboração de suas conclusões. A situação
financeira é evidenciada pelos quocientes de estrutura de capitais e de
liquidez, enquanto a situação econômica é aferida por meio dos quocientes
de rentabilidade.

Análise dos indicadores econômicos e financeiros

Verificar até que ponto um investimento é de fato rentável passa


necessariamente pela análise da taxa interna de retorno, comparada à taxa
mínima de atratividade. Por outro lado, faz-se necessário, também, analisar
os índices (indicadores) financeiros a partir das demonstrações contábeis em
determinados investimentos.
A compreensão dos indicadores econômicos e financeiros, num
processo de análise de investimento para a tomada de decisão, passa
necessariamente pela avaliação de quatro grupos, os quais disponibilizam
dados para análise, são estes:

1) Indicadores de endividamento ou estrutura de capital;


2) Indicadores da liquidez;
3) Indicadores de rentabilidade;
4) Indicadores de atividades.

Os indicadores de liquidez nos revelam a capacidade de solvência de


uma empresa ou de um projeto de investimento. Entende-se por solvência
a capacidade de pagamento das obrigações num determinado período de
tempo. Para esse grupo de indicadores, as demonstrações contábeis que
estão em foco de análise são: o balanço patrimonial e a demonstração do
resultado do exercício.

Os principais indicadores da liquidez são:

a) Índice de liquidez corrente;


b) Índice de liquidez seca;
c) Índice de liquidez geral;
d) Índice de liquidez imediata;
e) Índice de liquidez com lucro.

82 UNIDADE 2
Avaliação dos índices

Existem três maneiras de avaliação dos índices:

1) Pelo significado intrínseco - é possível comparar índices pelo seu


significado intrínseco, ou seja, analisar o resultado de um índice pelo que ele
representa sozinho. É uma analise limitada e só deve ser usada quando não
se dispõe de índices-padrões proporcionados pela análise de um conjunto de
empresas;
2) Pela comparação ao longo de vários exercícios - a comparação de
índices de empresas nos anos anteriores revela-se bastante útil por mostrar
tendências seguidas pela empresa;
3) Pela comparação com índices de outras empresas (índices-padrões)
- a avaliação de um índice e a sua conceituação (ótimo, bom, satisfatório,
razoável ou deficiente) só podem ser feitas através de padrões. Não existem
o bom e o insuficiente absolutos, somente com a comparação com padrões. O
uso de índices-padrões é vital na análise de balanços. Não se pode conceber
uma boa análise sem a comparação dos índices da empresa com padrões.
Uma vez calculados os índices e comparados com padrões, pode-se
fazer primeiro uma avaliação individual de cada índice e depois uma avaliação
conjunta, avaliando-se a empresa e a sua administração.

Índice-padrão

A reação imediata de quem se defronta com demonstrações


financeiras é querer tirar delas algumas informações, é fazer comparações.
Basicamente, deve-se comparar os índices de uma empresa com os de
outras empresas e, lançando mão da estatística, pode-se torná-los padrão.
São utilizados para calcular os índices-padrões a média, mediana e moda.

Utilidade do índice-padrão

O papel do índice-padrão é permitir comparar uma empresa com


outras semelhantes. Além disso, o índice-padrão representa elementos úteis
para análise macroeconômica. Uma vez que os índices-padrões substituem
os índices reais das empresas, estudá-los significa estudar os índices de
todas as empresas.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 83


Estudando os índices-padrões de dez anos, pode-se ver a situação
da empresa ao longo de dez anos. Pode-se também fazer comparações com
outros ramos de atividade.

Método de avaliação de empresas

A análise de balanços é um processo que parte de um todo: as


demonstrações financeiras. Ela disseca, avalia as partes e conclui, avaliando
o todo. O método de avaliação é composto dos seguintes passos.

1º Passo - Listagem dos


índices
D e v e - s e
relacionar todos os índices
necessários para avaliar
o desempenho de uma
empresa, comparando-
os com cada grupo de
contas entre um período
e outro, objeto da análise;

2º Passo - Tabela de
índices-padrões
Para avaliação de
cada índice é necessário
usar a tabela de índices-
padrões elaborada com
base em balanços de
empresas sediadas no
Figura 13 - Lista de índice para análise
Estado e do mesmo ramo
Fonte: Adaptado de Matarazzo, 2003.
da empresa analisada;
3º Passo - Tabelas de índices-padrões
Utilizando-se o sistema de decis, é indicado o decil mais próximo do
resultado da avaliação dos índices-padrões da empresa;

4º Passo - Avaliação de Índices


Trabalhando-se os conceitos e notas atribuíveis aos índices de uma
empresa em função de sua posição relativa aos padrões, faz-se, então, um
resumo dos resultados da empresa;

84 UNIDADE 2
Figura 14 - Notas atribuíveis aos índices.
Fonte: Adaptado de Matarazzo, 2003.

Figura 15 - Notas atribuíveis aos índices.


Fonte: Adaptado de Matarazzo, 2003.

5º Passo - Avaliações gerais


Já é conhecida a avaliação de cada índice: o que está bem e o
que está mal na empresa. Agora deseja-se saber como está a empresa
globalmente e qual a avaliação das principais categorias de índices, como
estrutura, liquidez e rentabilidade. Isso pode ser obtido calculando-se a
média das notas.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 85


Para facilitar os cálculos, usa-se a média ponderada, em que a soma
das ponderações seja igual a:
1) Os pesos são os seguintes:

Figura 16 - Notas atribuíveis aos índices


Fonte: Adaptado de Matarazzo, 2003.

Com base nesses pesos, pode-se montar a seguinte fórmula:

NGE = NE + NL + NR

86 UNIDADE 2
NGE = Nota global da empresa;

NE = Nota da estrutura;

NL = Nota da liquidez;

NR = Nota da rentabilidade.

A partir desses dados, podemos então montar as seguintes fórmulas


parciais:

1) Nota global da empresa:

NGE = NE + NL + NR

NGE = 0,4 + 0,2 + 0,4 → NGE = 1,0

2) Nota de estrutura da empresa:

NE = (CT/PL) + (PC/CT) + (AP/PC) + (AP/PL + ELP)

NE = 0,6 + 0,1 + 0,2 + 0,1 → NE = 1,0

3) Nota de liquidez da empresa:

NL = LG + LC + LS

NL = 0,3 + 0,5 + 0,2 → NL = 1,0

4) Nota da rentabilidade da empresa:

NR = V/AT + LL/V + LL/AY + LL/PL

NR = 0,2 + 0,1 + 0,1 + 0,6 → NR = 1,0

Baseado nas notas encontradas, podemos atribuir ou converter


essas notas em conceitos do tipo:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 87


Observe que o peso e a nota de cada índice da empresa também
podem ser verificados.
Análise financeira de balanço

A análise de balanço
começa a partir das demonstrações
financeiras elaboradas pela
contabilidade, analisando-as e
interpretando-as, para apresentar
informações a respeito das
conclusões obtidas na respectiva
análise.
Além disso, o analista
coletará dados, escolherá os
indicadores apropriados para a
obtenção dos resultados pretendidos,
efetuará os cálculos de quocientes,
coeficientes e números-índices,
interpretará isolada e conjuntamente
esses dados, comparando-os com
padrões, para finalmente apresentar
suas conclusões através de
resultados.
A análise de balanço tem
por finalidade transformar os dados
extraídos das demonstrações
financeiras em informações úteis
para a tomada de decisões por
Figura 17 - Notas atribuíveis aos índices parte das pessoas interessadas.
Fonte: Adaptado de Matarazzo, 2003. Deve ser entendida dentro de suas
possibilidades e limitações. De um
lado, mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções;
de outro, desde que convenientemente utilizada, pode transformar-se em um
poderoso “painel de controle” da administração.
Existem diferentes maneiras de se avaliar o desempenho de
uma empresa: pela qualidade e certificação de seus produtos, pela
responsabilidade social, pela força de sua marca ou de forma financeira. As

88 UNIDADE 2
demonstrações financeiras oferecem uma série de dados sobre a empresa, de
acordo com regras contábeis. A análise de balanços transforma esses dados
em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores informações
produzir.
Em linhas gerais, podemos listar as seguintes informações produzidas
pela análise de balanços:

- Situação financeira;
- Situação econômica;
- Desempenho;
- Eficiência na utilização dos recursos;
- Pontos forte e fracos;
- Tendências e perspectivas;
- Quadro evolutivo;
- Adequação das fontes às aplicações de recursos;
- Causa das alterações na rentabilidade;
- Evidências de erros na administração;
- Providências que deveriam ser tomadas e não foram;
- Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.

Saber analisar balanços tem se tornado uma necessidade para


grande número de pessoas, inclusive para aquelas que desejam relacionar-
se com uma determinada empresa.
Fornecedores, clientes, bancos comerciais, bancos de investimentos,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades financeiras, corretores de
valores e público investidor, correntistas, dirigentes e o próprio governo
são exemplos de beneficiados com a análise cientifica racional de uma
demonstração de balanço.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 89


Exercício Proposto

1) Com base nos balanços abaixo e na demonstração de resultado estudado


anteriormente, calcule os seguintes índices para o exercício de 2010.

A partir dos dados, determine:


a) Índice de liquidez corrente.
b) Índice de liquidez seca.
c) Índice de caixa.

2) Nos últimos anos, a Empresa Hipotética Ltda tem elevado significativamente


o seu índice de liquidez corrente. Ao mesmo tempo, porém, seu índice de
liquidez seca sofre uma redução. O que está ocorrendo? A liquidez da
empresa melhorou?
3) Explique o que quer dizer o fato de uma empresa ter índice de liquidez
corrente igual a $ 0,50. Seria melhor para empresa ter um índice igual a $
1,59? E se fosse $ 15,0? Explique suas respostas.

90 UNIDADE 2
4) Uma empresa tem capital de giro líquido de $ 500,00, passivo circulante
no valor de $ 1.800,00 e estoque de $ 600,00. Qual é seu índice de liquidez
corrente? Qual é seu índice de liquidez seca?
5) As vendas da Empresa Hipotética são iguais a $ 5 milhões. Seu ativo total
Para Refletir!
é de $ 9 milhões, e o total do exigível é de $ 3 milhões. Sendo a margem
de lucro de 11%. Qual o seu lucro líquido? Qual o seu ROA? e o seu ROE? É importante frisar
que não é o cálculo
de grande número de
índices, mas o de um
conjunto de índices
que permite conhecer
Saiba Mais a situação da empresa,
segundo o grau de
profundidade desejado.
OS ÍNDICES FINANCEIROS E ALGUMAS INTERPRETAÇÕES

Os demonstrativos financeiros podem ser interpretados pelo cálculo


de índices financeiros. Os credores estão atentos a esses índices a fim de
assegurarem-se de que a empresa possa pagar os juros e o principal de suas
obrigações de curto e de longo prazo. A política de empréstimos dos bancos
baseia-se, principalmente, na avaliação dos índices relevantes, e os analistas
financeiros os usam para comparar o valor relativo de diferentes empresas.
Os índices de liquidez mostram o grau de facilidade com que uma
empresa paga seus passivos de curto prazo. Os índices de atividade indicam
o grau de rapidez no qual a empresa cobra suas contas a receber ou paga suas
contas, e a velocidade com que as contas a pagar, os estoques e as contas a
receber giram. Quanto mais rapidamente ela recebe e quanto mais demora a
pagar, melhor a situação em que fica – dentro de certos limites. Os índices
de endividamento revelam como está a alavancagem financeira da empresa
e se sua divida está ficando muito grande. Os índices de endividamento
podem alertar a administração para a necessidade de alterar a composição
do financiamento antes que se desenvolvam problemas de insolvência. Os
índices de rentabilidade revelam a eficácia com que uma empresa usa seus
ativos para produzir vendas, para manter seus custos alinhados e para gerar
lucro líquido.

Fonte: GROPPELLI Nikbakth. Administração Financeira. São Paulo: Saraiva,


2005, p. 366-367.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 91


UNIDADE 3
Orçamento de capital e
controle financeiro
ORÇAMENTO DE CAPITAL E
CONTROLE FINANCEIRO

NOÇÕES DE ORÇAMENTO DE CAPITAL

O orçamento de investimento, também denominado de orçamento


de capital ou dispêndio de capital, apresenta as intenções de investimentos
da administração. Na verdade, prevê tanto o aumento como a redução
da capacidade produtiva (instalações, máquinas, equipamentos etc.).
Compreende aplicações que oferecem retorno por um período prolongado de
tempo. Um orçamento dessa natureza está, geralmente, vinculado a projetos
de investimentos de médio e longo prazos e envolve o comprometimento de
parcelas substanciais dos recursos.
O orçamento de capital é um programa de aplicação de capital de
longo prazo vinculado ao plano estratégico e, portanto, trata de investimentos
permanentes. As decisões relacionadas a esse orçamento de capital devem
ser tomadas somente após profundo estudo, pois, uma vez iniciado o processo
de dispêndio de capital, sua interrupção ou reversão não será fácil.
Os projetos de investimentos são preparados para horizontes
variados, geralmente entre três e cinco anos, podendo exceder esse intervalo.
Por isso, este orçamento é frequentemente relacionado ao planejamento de
longo prazo e preparado com base em planos e políticas de amplo alcance.

Conceito

São valores fixados através do planejamento das necessidades de


investimentos em ativos permanentes, o que também pode ser considerado
como dispêndio de Capital .

Os motivos básicos para a incorrência do dispêndio de capital são:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 95


1) Adquirir;
2) Substituir ativos permanentes;
3) Modernizar ativos permanentes (novas tecnologias);
4) Obter benefícios (retornos futuros) menos tangíveis por um longo
período através de:
• Propaganda;
• Pesquisa e desenvolvimento;
• Serviços de consultoria a administração;
• Serviços de consultoria para lançamento de novos produtos.

O nível de ativos permanentes mantidos por uma empresa depende,


de certo modo, da natureza dos processos de produção utilizados por ela.
A maior parte do custo indireto de fabricação da empresa pode ser
atribuída a suas:

a) Instalações;
b) Equipamentos.

Numa relação de capital versus trabalho, podemos caracterizar os


tipos de empresa como:

1) Capital - intensiva;
2) Trabalho - intensiva.

Algumas empresas precisam de níveis elevados de ativos


permanentes e insumos relativamente baixos de mão-de-obra, a fim de obter
o seu produto acabado. Esse tipo de empresa é denominada de capital-
intensiva.
Empresas necessitam de maior participação de mão-de-obra direta
do que ativos permanentes a fim de obter seu produto acabado. Esse tipo
de empresa é denominado de trabalho-intensiva.
O ativos permanentes quase sempre são denominados de ativos
rentáveis, já que fornecem a base para poder gerar lucros e valores para a
empresa.

96 UNIDADE 3
Objetivos do orçamento de capital

O orçamento de capital procura atender a uma série de objetivos


empresariais estratégicos, os quais são fundamentais na determinação do
sucesso ou fracasso das empresas:

a. Maximizar a riqueza do acionista mediante investimentos nos


projetos mais rentáveis;
b. Criar sinergia entre os diversos projetos;
c. Substituir ativos obsoletos, desgastados e antieconômicos;
d. Proteger o mercado;
e. Conhecer e dominar novas tecnologias;
f. Dominar novos mercados;
g. Inibir concorrentes;
h. Aproveitar recursos existentes e potencial de crédito e de novas
captações;
i. Reduzir custos e deficiências;
j. Aproveitar novas oportunidades.

Importância do orçamento de capital

Embora o administrador da empresa não tome frequentemente


decisões relativas a investimentos de longo prazo, o tema orçamentos de
capital é ainda importante. Por quê?
Decisão correta de investimento adicionará valor à empresa.
De outro modo, decisões erradas, envolvendo orçamentos de capital,
podem ser fatais para uma empresa.

Etapas do processo de orçamento de capital

Geração de proposta

As propostas de investimentos são geradas pela própria empresa.


Normalmente as pessoas da área comercial que têm forte relacionamento
com os clientes e com o mercado trazem para a empresa uma série de ideias
sobre novos produtos, novas tecnologias e novos sistemas.
Para determinação das alternativas viáveis mediante avaliação e
análise após a geração de propostas, deve-se definir quais as alternativas
viáveis a serem analisadas, segundo as estratégias globais da empresa.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 97


Tomada de decisão

A tomada de decisão implica o comprometimento de recursos para


o projeto, as decisões de investimentos se baseiam em previsões sobre o
futuro e, como estas previsões podem não se confirmar, é fundamental que
os analistas considerem as consequências de desvios.

Implementação

Após sua aprovação vem uma das fases críticas de qualquer projeto. A
implementação exige gestão de projetos, que será mais ou menos complexa,
dependendo da natureza e do porte do projeto.

Acompanhamento

Essa fase abrange o periodo de implantação do projeto físico e de


toda sua vida, de forma a assegurar que as premissas que o recomendaram
sejam efetivas ou até ultrapassadas.

Finalidade do orçamento de investimentos

Segundo Welsch (1983, p.231) “ O orçamento de investimentos em


imobilizado expressa os planos detalhados da alta administração em relação
a acréscimos, melhoramentos, substituições de ativos, patentes e aos fundos
reservados para esses fins”.

Investimentos permanentes

Investimentos permanentes são os recursos aplicados em ativos


de natureza permanente, para manutenção das atividades operacionais, e
produzem resultados por longo prazo.
Veja alguns desses ativos:

a) Participações em empresas controladas ou coligadas;


b) Terrenos e edificações;
c) Gastos com pesquisas e desenvolvimento de novos produtos e
processo;
d) Máquinas e equipamentos.

98 UNIDADE 3
Alguns investimentos, tais como os aplicados em máquinas e
equipamentos, edificações e gastos com pesquisas, transformam-se em
despesas no longo prazo, por meio de cotas de depreciação e amortização.
Por outro lado, os investimentos temporários, de natureza financeira,
são valores aplicados geralmente no mercado financeiro com intenção de
resgate dentro de um determinado prazo. Contabilmente, esses investimentos
podem ser classificados como aplicações de liquidez imediata, títulos e
valores mobiliários de curto ou longo prazo e não fazem parte do orçamento
de capital. Dizem respeito aos investimentos a longo prazo da empresa, mais
especificamente ao planejamento e gerência destes investimentos a longo
prazo.
Nesta função, o administrador financeiro procura identificar
oportunidades de investimentos que possuem valor superior a seu custo de
aquisição. Em termos gerais, isso significa que o valor dos fluxos de caixa
gerados pelo ativo excede o custo de tal ativo.
Independentemente do investimento em consideração, o administrador
financeiro precisa preocupar-se com o montante de fluxo de caixa que espera
receber, quando irá recebê-lo e qual a probabilidade de recebê-lo. A avaliação
da magnitude, da distribuição no tempo e do risco dos fluxos de caixa futuros
é a essência do orçamento de capital.
Qualquer empresa tem um grande número de possibilidade de
investimento, e cada possibilidade de investimento é uma opção disponível
para a empresa. Algumas opções têm valor e outras, não.
A essência da administração financeira bem sucedida, naturalmente,
é aprender a identificar quais têm valor e quais não têm. Para tanto, é preciso
utilizar algumas técnicas para analisar empreendimentos potenciais para
decidir quais valem a pena.
Vamos apresentar e comparar diversos procedimentos adotados na
prática. Nosso objetivo principal é familiarizar os gestores com as vantagens
e desvantagens dos vários enfoques.
O estudo econômico deve cobrir um intervalo de tempo compatível
com a duração da proposta de investimento considerada, frequentemente
denominada vida útil, vida econômica ou simplesmente vida da proposta de
investimento

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 99


Tipos comuns de decisões

As decisões sobre orçamentos de capital tomadas nas empresas


incluem:

1. Desenvolvimento de um novo produto que se apresenta como promissor,


porém requer aperfeiçoamento adicional;
2. Substituição dos caminhões de entrega da empresa por novos modelos;
3. Expansão da atividade de vendas em novos territórios;
4. Construção de um novo prédio;
5. Contratação de diversos vendedores adicionais para aumentar o esforço
de vendas no mercado atual.

Saiba Mais

UMA DECISÃO EMPRESARIAL

“A empresa pequena frequentemente utiliza métodos muito simples


para avaliar novas oportunidades de investimento. À medida que a empresa
vai crescendo, ela tende a adotar métodos analíticos mais sofisticados. Essa
evolução é evidente na empresa Visador Corporation, fabricante de materiais
de construção. Apresentamos a seguir o depoimento de Stuart Hall, neto do
fundador da empresa:
Nos primeiros anos da Visador, J. D. Hall, Jr., meu avó e fundador da
empresa, desenvolveu um conjunto de regras simples para os administradores
sob sua supervisão;
Se alguma aquisição de ativo fosse resultar em prazo de retorno
superior a três anos, ele desejava discutir o projeto, mas provavelmente não
iria aprová-lo;
Se o prazo de retorno fosse de um a três anos, ele ainda desejava
discutir o pojeto, antes de sua provável aprovação;
Se o projeto apresentasse prazo de retorno entre seis meses e um
ano, ele desejava que o administrador adquirisse o ativo (supondo que
houvesse fundos disponíveis) e, posteriormente, iria discutir tal projeto com
o administrador;

100 UNIDADE 3
Se a aquisição do ativo apresentasse previsão de retorno em prazo
inferior a seis meses o administrador deveria efetuar a aquisição sem ter de
discutir tal projeto com ele;
Mais tarde, nossas regras de aprovação de projeto mudaram um
pouco, para a refletir meta global da empresa em termos de retorno sobre
ativos, de acordo com o Programa de Bônus da Visador Corporation. Se
algum projeto pudesse gerar uma taxa interna de retorno acima de 14%,
geralmente aprovávamos o projeto.”

Técnicas de orçamento de capital

Ao analisar projetos de investimentos, é necessária a utilização de


alguns metódos seguros para a tomada de decisão.
Algumas técnicas de análise são utilizadas pelas empresas com
a finalidade de selecionar projetos que irão aumentar a riqueza de seus
proprietários (maximização da riqueza). Para realizar tais análises, algumas
técnicas são selecionadas, tendo como prioridade aquelas que se integram
e que têm objetivos.
Existem três técnicas para tomada de decisões sobre investimentos.
Essas técnicas analisadas buscam responder a uma pergunta fundamental:
“Será que os benefícios futuros, resultantes de um determinado
investimento, excedem o custo de tal investimento ? “.
Entretanto, cada uma dessas três técnicas responde à sua própria
pergunta específica, ou seja, essas técnicas e as perguntas específicas que
cada uma delas aborda podem ser expressas da seguinte maneira:

1. Retorno contábil do investimento: Quantos valores ($) em média


são gerados com valor ($) médio de investimento?
2. Prazo de payback: Qual o prazo em que será recuperado o
desembolso do investimento original?
3. Técnica do fluxo de caixa descontado: De que modo o valor
presente dos benefícios futuros do investimento compara-se com o
desembolso do investimento?

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 101


Principais métodos utilizados no Fluxo de Caixa Descontado:

1) Método do valor presente líquido – NPV ou VPL;

2) Método da taxa interna de retorno - TIR,

Há três regras simples que devem ser utilizadas na avaliação do


mérito de um investimento. Apesar de parecerem triviais, elas declaram,
em termos simples, o que há de melhor em termos de pensamento sobre a
atratividade de um investimento.
Essas regras são as seguintes:

1. As empresas preferem ter mais dinheiro do que menos dinheiro.


Conceitos do valor do dinheiro no tempo

2. As empresas preferem ter dinheiro mais cedo do que mais tarde.


Considerações de retorno

3. As empresas preferem ter riscos menores do que riscos maiores.


Considerações de risco

Técnicas de análise de investimento

As técnicas de análise de investimento podem ser entendidas como


metodologias para medir o retorno dos investimentos. Em geral, é levado em
consideração o valor do dinheiro, em função do tempo, com base no prazo e
no retorno monetário.

NPV (VLP = Valor Líquido Presente)

O NPV (Net Present Value) consiste na diferença entre todas as


entradas ou saídas obtidas ao longo do desenvolvimento de um projeto e o
capital inicial investido. Todos os valores envolvidos no cálculo devem ser
considerados na mesma data, o que naturalmente requer a descapitalização
das entradas e saídas para a data “zero” do processo, com base em uma taxa
de custo de oportunidade conhecida ou estimada. Assim,

NPV = PV (entradas ou saídas de caixa) – Investimento Inicial

102 UNIDADE 3
Podemos então afirmar que o objetivo do NPV é verificar se projetos
ou alternativas de investimento são interessantes a seus patrocinadores em
relação aos custos, ou seja, se possuem NPV positivo. Seu cálculo reflete
as preferências entre consumo presente e consumo futuro e a incerteza
associada aos fluxos de caixa futuros. O processo por meio do qual os fluxos
de caixa são ajustados a esses fatores chama-se desconto e a magnitude
desses fatores é refletida na taxa de desconto usada. O processo de desconto
converte os fluxos de caixa futuros em valores presentes, pois fluxos de
épocas diferentes não podem ser comparados nem agregados enquanto não
forem colocados em uma mesma época.

Critérios de aceitação:

a) Se NPV > 0 → o projeto deve ser ACEITO;


b) Se NPV < 0 → o projeto deve ser RECUSADO;
c) Se NPV = 0 → o projeto não oferece ganho nem prejuízo.

IRR (TIR = Taxa Interna de Retorno)

A IRR (Internal Rate Return) pode ser definida como sendo a taxa
que faz com que a diferença entre as receitas provenientes de um projeto e o
investimento inicial seja nula. Matematicamente, é a taxa que proporciona o
NPV nulo de um projeto, ou seja,

NPV = 0

Em outras palavras, podemos afirmar que a IRR é a taxa de retorno


esperada do projeto de investimento. O método da IRR não tem como
finalidade a avaliação da rentabilidade absoluta a um determinado custo de
capital (processo de atualização) como o NPV, mas, ao contrário, seu objetivo
é encontrar uma taxa intrínseca de rendimento.

Critérios de aceitação:

a) Se IRR ≥TMA → o projeto deve ser ACEITO;


b) Se IRR < TMA → o projeto deve ser RECUSADO;

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 103


c) TMA (Taxa Mínima de Atratividade)=Valor oferecido pelo mercado

Abordagem (do demonstrativo de desembolso / reembolso

A análise de orçamentos de capital ajuda os administradores a tomar


decisões sobre investimentos a longo prazo. Para melhor compreensão do
tema, procuremos analisar a seguinte proposta de investimento no exemplo
abaixo:
Ao desenvolver uma nova linha de produtos, a empresa tem de
expandir sua capacidade produtiva e adquirir os estoques necessários para
fabricar o produto. Ou seja, ela faz investimentos hoje esperando receber
lucros ou fluxos de caixa no futuro, possivelmente ao longo de 10, 20 ou 30
anos.
Valor do investimento: $ 3.700.000,00
Recebimentos anuais: $ 1.800.00,00; 2.500.000,00 e 1.000.000,00
respectivamente.

Quadro 7: Demonstrativo de desembolso e reembolso

Fonte: o Autor.

Abordagem do demonstrativo dos fluxos de caixa - (DFC)

Demonstração gráfica do fluxo de caixa

104 UNIDADE 3
Figura 18 - Fluxos do projeto "C".
Fonte: o Autor.

Esta ferramenta gerencial mostra como os administradores de uma


empresa podem analisar cuidadosamente questões relativas a investimentos
de capital e tomar essas decisões cruciais da melhor maneira.

Aplicação das técnicas de análise do orçamento de capital

I) Retorno Contábil do Investimento ou "Taxa de Retorno"

Conceito:

É o resultado obtido da relação entre o LAIR Médio e o INVESTIMENTO


Médio.
O retorno Contábil nos faz refletir sobre: “Quantos valores ($) em
média são gerados com valor ($) médio de investimento”?
Também pode ser visto como “a relação entre o lucro médio anual e
o valor declarado médio de um investimento”.

Caracterísitcas do retorno contábil:

Ponto favorável:
1) Tem preferências por considerar dados contábeis.

Pontos desfavoráveis:
1) Trata o retorno baseado em lucros;
2) Não considera os fluxos de caixa;
3) É pouco preciso, por não considerar o valor do dinheiro no tempo.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 105


A empresa faz investimentos porque espera obter lucros. A técnica
do retorno contábil sobre investimento compara o lucro anual médio após
imposto que ela espera conseguir obter com os valores ($) que pretende
investir, ou seja, o lucro anual médio pode ser estimado somando-se os
lucros após o imposto que se esperam obter ao longo da vida do projeto e
dividindo tal soma pelo número de anos de vida do projeto. O valor declarado
médio do investimento é igual ao valor médio do desembolso inicial e igual à
estimativa do valor residual final do projeto.
Para se tomar uma decisão aceita-rejeita, o retorno calculado é
comparado com uma taxa mínima de retorno aceitável. A taxa mínima de
retorno aceitável é geralmente baseada na experiência anterior.

Para a maioria das pessoas, uma lucratividade elevada (%) pode


parecer excelente! Supondo que esse retorno contábil sobre o investimento
seja mais elevado do que a sua taxa mínima de retorno aceitável, então você
aceitará o projeto. Caso contrário, você rejeitará o investimento, desde, é
claro, que você tenha confiança nessa técnica.
Porém, apesar da simplicidade do cálculo do retorno contábil sobre
investimento, ele apresenta duas deficiências importantes. Em primeiro
lugar, trata-se de retorno baseado em lucros, em vez de basear-se no real
fluxo de caixa recebido. Como investidor, você deve estar mais interessado
no caixa futuro gerado pelo investimento do que no lucro declarado. Em
segundo lugar, a medição de retorno ignora o valor do dinheiro em relação
ao tempo. Portanto, apesar de ser uma técnica bastante popular, o retorno
contábil sobre investimento não consegue satisfazer nenhuma das três regras
anteriormente apresentadas sobre a preferência por dinheiro recebido mais
cedo e com menos risco.

106 UNIDADE 3
Para analisar o fator de decisão – aceita-rejeita, de um projeto de
investimento, é necessário tomar como parâmetro o seguinte resultado:

1) RCSI = TMR → Pode ser aceitável o projeto;


2) RCSI > TMR → Aceita-se o projeto;
3) RCSI < TMR → Rejeita-se o projeto.

II) Prazo do payback

Conceito:

É o período de tempo exato e necessário para a empresa recuperar


seu investimento inicial de um ou vários projetos de investimentos, a partir
das entradas de caixa.
A técnica do prazo de payback mede o tempo esperado para que o
montante de capital inicialmente investido, seja recuperado.
Qual o prazo em que será recuperado o desembolso do investimento
original?

a) Critério de fluxo de caixa não-descontado

Caracterísitcas do retorno contábil:

Pontos favoráveis:

1) É fácil de compreender;
2) Aborda análise de fluxos de caixa (leva em conta a incerteza de
fluxos de caixa mais distantes);
3) Favorece a liquidez .

Pontos Desfavoráveis:

1) Não considera o valor do dinheiro no tempo (preferem dinheiro


antes do que mais tarde);
2) Exige um período limite arbitrário;
3) Não considera os fluxos de caixa após o prazo do payback (as
empresas preferem ter mais dinheiro do que menos dinheiro);

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 107


4) Dificulta a aprovação de projetos de longo prazo.

A técnica do prazo de payback aborda os fluxos de caixa.

Os méritos de qualquer projeto são julgados em função da recuperação


do investimento original em tempo menor do que algum prazo máximo de
payback aceitável.
Por exemplo, um proprietário poderá não estar interessado em investir
em qualquer projeto que demore mais do que (5) cinco anos para recuperar
o investimento feito.
A popularidade do método payback é indiscutível.
Muitos administradores e proprietários de empresas utilizam essa
técnica para fins de avaliação de suas decisões de investimentos. Entretanto,
esse método tem algumas deficiências reais. Embora aborde fluxos de caixa
em vez de lucros, essa técnica apresenta duas fraquezas:
Em primeiro lugar, ela não leva em consideração o aspecto tempo em
relação ao valor do dinheiro (as empresas preferem dinheiro antes do que
mais tarde).
Em segundo lugar, essa técnica não leva em consideração os fluxos
de caixa recebidos após o prazo de payback (as empresas preferem ter mais
dinheiro do que menos dinheiro), o que pode ser significativo. Por outro lado,
as técnicas de fluxo de caixa descontado permitem que o administrador possa
avaliar melhores suas decisões de investimento.
No fator de decisão do método aceita-rejeita um projeto de
investimento, é necessário tomar como parâmetro da análise o seguinte
resultado:

1) PAYBACK = Payback padrão → Pode ser aceitável o projeto


2) PAYBACK < Payback padrão → Aceita-se o projeto;
3) PAYBACK > Payback padrão → Rejeita-se o projeto.

III) Técnica do fluxo de caixa descontado

De que modo o valor presente dos benefícios futuros do investimento


comparam-se com o desembolso do investimento?

108 UNIDADE 3
Conceito:

São métodos de comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa


com o valor do investimento inicial.

Principais métodos utilizados no fluxo de caixa descontado:

1) Método do valor presente liquido – NPV ou VPL;


2) Método da taxa interna de retorno – TIR

Utilizando a análise do fluxo de caixa descontado, os administradores


podem evitar as deficiências apresentadas pelas técnicas de retorno
contábil sobre investimento e de prazo de payback.
As técnicas de fluxo de caixa descontado levam em consideração o
fato de que dinheiro em caixa hoje tem mais valor do que dinheiro recebido
daqui a um ano. Por exemplo, pode-se ganhar juros sobre o dinheiro que
pode ser imediatamente investido, o que não ocorre com o dinheiro que será
recebido mais tarde.
Para utilizar essas técnicas, você tem de compreender o conceito
básico do valor do dinheiro em relação ao tempo e tem também de saber
como calcular o valor presente de um dinheiro que será recebido no futuro.
O valor presente é o valor capaz de representar todo o projeto ao
longo de suas operações. Para que se possa calcular o valor presente de um
determinado investimento, é necessário que seja imposta uma certa taxa
(taxa de atratividade) capaz de atrair o seu interesse em outro investimento.

Cada atividade tem uma taxa de juros própria do negócio.

1) Método do valor presente líquido – NPV ou VPL:

Conceito:

É o valor presente dos futuros fluxos de caixa menos o montante


do investimento inicial, ou seja, é o valor presente das entradas líquidas de
caixa (-) menos o valor presente das saídas de caixa para o investimento,
descontado ao custo de capital da empresa.
Para medir o valor presente líquido de um projeto, fazemos uma

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 109


estimativa do valor de hoje para os futuros fluxos de caixa que estão sendo
gerados pelo projeto e deduzimos o montante do investimento feito. Ou seja,
descontamos os futuros fluxos de caixa após imposto de volta ao seu valor
presente e, então, subtraímos o desembolso do investimento inicial.
Se o VPL do investimento for positivo (ou seja, se o valor presente
dos futuros fluxos de caixa for maior do que o desembolso inicial), podemos
aceitar o projeto. Do contrário, o rejeitamos.

NPV = valor presente líquido do projeto.


CFj = fluxo de caixa após imposto no ano t.
n = vida do projeto em anos.
K = taxa de desconto (taxa de retorno exigida).
Io / I.I = desembolso inicial.
No fator de decisão do método aceita-rejeita um projeto de
investimento, é necessário tomar como parâmetro da análise o seguinte
resultado:

1) VPL > ou = O → Aceitar;


2) VPL < O → Rejeitar.

O VPL pode ainda ser calculado através da fórmula:

O VPL pode ainda ser calculado através da calculadora financeira


HP-12C, utilizando os procedimentos a seguir:

Identificar as variáveis utilizadas na HP: Cfo CFj, Nj

Procedimentos:

Valor do investimento inicial CHS g Cfo


Fluxos de caixa do período g CFj
Fluxos de caixa do período g CFj

110 UNIDADE 3
Fluxos de caixa do período g CFj
Período correspondente n
Cálculo do VPL ............................ f NPV

Figura 19 - Procedimentos de cálculos da HP-12 C.


Fonte: o Autor.

2) Método da taxa interna de retorno - TIR

Conceito:

É a taxa de retorno que uma empresa espera obter em um projeto.


No exemplo anterior descobrimos que o VPL era negativo. Em virtude
do VPL negativo, concluímos, corretamente, que o projeto não consegue
obter a taxa de retorno exigida de 14%.
O projeto está conseguindo obter alguma taxa inferior a 14%. Porém,
não demos o próximo passo lógico, que seria perguntar qual a taxa seria
obtida pelo projeto, supondo que nossas projeções estejam corretas. A taxa
interna de retorno (TIR) fornece essa resposta através de medição da taxa de
retorno que esperamos obter no projeto.
Para calcular a taxa interna de retorno, temos que descobrir a taxa
de desconto que nos fornece um valor presente igual a zero. Nessa taxa, o
valor presente dos futuros fluxos de caixa é exatamente igual ao desembolso
do investimento efetuado.
Usando o exemplo anterior, precisamos determinar a taxa de desconto
que torna a soma dos futuros fluxos de caixa igual a $ 12.000, que é o custo
do investimento. Em outras palavras, temos que descobrir a taxa interna de
retorno, ou TIR, capaz de satisfazer a seguinte condição:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 111


– Inv.Inicial = 0,00

No fator de decisão do método aceita-rejeita um projeto de


investimento, é necessário tomar como parâmetro da análise o seguinte
resultado:

1) TIR > ou = O → Aceitar;


2) TIR < O → Rejeitar.

Exercício proposto

1) Os lucros líquidos, antes do imposto de renda de uma companhia, para os


próximos (03) três anos, foram estimados em :
1º) ano: $12.000,00 2º) ano: $ 13.000,00 e 3º) ano: $ 18.000,00
respectivamente.
I) Determine a taxa média de retorno, ao considerar um desembolso inicial no
valor de $ 80.000,00 levando em conta as seguintes suposições:
a - Não há valor residual para o projeto;
b - A taxa mínima de retorno aceitável deste projeto seja de 25%.
II)Explique o fator de decisão do método.

2) Uma empresa pode comprar um ativo fixo por um investimento inicial de


$ 13.000,00.
Esse ativo irá gerar entradas de caixa anuais, após imposto de renda, de $
4.000, por um período de quatro anos. Com base nessa proposta, responda
a seguinte questão:
Calcule o valor presente líquido (VPL) do ativo, supondo que a empresa
deseja obter um custo mínimo de capital de 10%. Esse custo proporciona à
empresa a aceitação do projeto?

112 UNIDADE 3
3) Uma máquina, que tem uma vida útil de quatro anos, proporciona saídas
líquidas de caixa apresentadas conforme os fluxos de caixa a seguir.
Seu custo de aquisição é $ 12.000,00 e o custo operacional anual é de $
6.000,00.
No final do quarto ano, a máquina será vendida por $ 2.000,00; assim, o fluxo
de caixa do final do 4º ano, apresenta um valor de $ 4.000,00.
O custo de capital envolvido no processo operacional da máquina é de 6%.
Com base nas informações, qual deverá ser o valor presente dos custos de
utilização de uma série perpétua desse tipo de máquina?

Saiba Mais

A TOMADA DE DECISÃO DE INVESTIMENTO E O HORIZONTE


FINANCEIRO
Codevasf (2008)

Como parte do seu plano de investimentos para o período de


2008-2015, a Suzano Papel e Celulose anunciou a previsão de ampliação
de capacidade anual de produção de 4,3 milhões para 7,2 milhões de
toneladas. Entre as ações, está prevista a construção de três novas fábricas
maranhenses, e a unidade no Piaui devem ter capacidade de produção de
1,3 milhões de toneladas cada uma, e vão consumir investimentos totais de
3,6 bilhões de dólares – 1,8 bilhões de dólares cada Estado.
No Piauí, a Suzano espera construir a base florestal com 70% de
plantios próprios e 30% com produtos locais (....). O investimento em florestas
locais será de 370 milhões de dólares. O início da produção da unidade está
previsto para 2014 (....).
Em maio de 2007, um grupo de diretores da Suzano visitou o Piauí
com o objetivo de conhecer in loco o potencial do Estado na área de projetos
florestais. Foram visitados os plantios realizados por uma indústria de
cerâmica em Teresina e em outras propriedades localizadas no Estado do
Piauí, onde foram mostrados os resultados já obtidos com apoio do Programa
de Desenvolvimento Florestal (....).
O programa florestal tem como objetivo colaborar com os esforços do
governo do Estado do Piauí no estabelecimento de condições que conduzam a

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 113


implementação de um modelo sustentado de desenvolvimento setorial, tomando
por base um potencial em bens e serviços, permitindo alavancar seu crescimento
sob os princípios da sustentabilidade econômica, base para o atendimento de
critérios sociais e ambientais.
UNIDADE 4
Planejamento e
orçamento empresarial
PLANEJAMENTO E
ORÇAMENTO EMPRESARIAL

NOÇÕES DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

O planejamento e a elaboração de orçamentos são componentes


fundamentais no gerenciamento do desempenho de qualquer sociedade
empresária, porque representam um meio de traduzir a estratégia em um
conjunto coerente de iniciativas e fornecer uma base para avaliação e
alinhamento dos objetivos. Trata-se de um processo que deve ser colaborativo,
um diálogo estruturado sobre a futura direção da empresa.
O planejamento precisa ser a base de avaliações objetivas de
desempenho, e também, da apuração dos esforços de todas as unidades
corporativas, e dos funcionários individualmente.
Com que eficiência as empresas estão conseguindo atingir esse
ideal?

Planejamento e orçamento empresarial

Como melhor compreender o planejamento no ambiente


financeiro

O planejamento é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento


de qualquer organização, pois quando uma organização planeja, decide
antecipadamente qual risco está disposta a correr. Decidir antecipadamente
constitui-se em possuir o controle do futuro.
Num ambiente de intenso dinamismo, desenvolver capacidades
gerenciais competitivas e planejar são importantes para uma empresa, assim
como: “ o alimento é para o ser humano”, tornando-se vital para o sucesso
e continuidade do empreendimento. (FREZATTI, 1999, p.22).

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 117


Para Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p.525) “o planejamento é um
processo que, na melhor das hipóteses, ajuda a empresa a evitar tropeçar
no seu futuro andando para trás, obriga a empresa a refletir sobre sua meta”.
Segundo Oliveira (1999), o planejamento pode ser conceituado como
um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um
modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços
e recursos pela, empresa.
Para que o planejamento tenha sucesso, é necessário que esteja
afinado com a filosofia da empresa. Frezatti (1999) assegura que, se o
planejamento é inadequado, o controle é inóquo, mas se o planejamento for
adequado e a filosofia de controle for voltada apenas à constatação, existe
uma falha de retroalimentação.
Logo, para que o planejamento atinja seus objetivos de bem conduzir
a empresa a um porto seguro, é premente a necessidade do controle e
acompanhamento para ajustes e redefinições dos rumos a serem seguidos.
Zdanowicz (1998, p.16) diz que “é através do Planejamento financeiro
e Orçamento que se poderão visualizar as medidas que deverão ser
executadas, bem como as expectativas a respeito do futuro da empresa.”
Para planejar o futuro e controlar as atividades é necessário que a
direção da empresa tenha acesso a informações precisas e que estejam
disponíveis, pois as informações consistem na espinha dorsal do controle
gerencial.

Orçamento empresarial

Generalizou-se em nosso meio o uso dos termos ou expressões:


“Orçamento”, “Plano Orçamentário”, “Controle Orçamentário!”, “Administração
e “Controle Orçamentário”, “Budget” etc.. Estas palavras são tiradas das
traduções ou de artigos de diferentes autores, mas que procuram indicar um
assunto: “ o orçamento”.

Conceito

O orçamento consiste em um documento que reflete o planejamento.


Sua expressão é quantitativa, embora contemple itens não-financeiros
(a exemplo das unidades de medidas). Corresponde a uma extensão do
planejamento, pois enquanto este explicita a natureza das ações e objetivos,
o orçamento traduz essas ações em metas e esforço financeiro.

118 UNIDADE 4
Welsch (1983) define orçamento como um plano da administração
para fases distintas do processo operacional para um futuro determinado.
Dessa forma, expressa objetivos, metas, planos de ação, programas, políticas
operacionais e estratégicas.

Processo orçamentário.

O ponto de partida do processo orçamentário é o planejamento. O


orçamento corresponde a um conjunto organizado de ações que orientam
o dimensionamento de recursos financeiros com o objetivo de alcançar os
propósitos (operacionais, táticos e estratégicos) da entidade.

Tipos de orçamento

Basicamente, há dois tipos clássicos de orçamento: o orçamento


estático e o orçamento flexível.

Orçamento estático

É o orçamento mais comum. Elaboram-se todas as peças


orçamentárias a partir da fixação de determinados volumes de produção ou
vendas. Esses volumes, por sua vez, também determinarão o volume das
demais atividades e setores da empresa. Assim, o orçamento é considerado
estático quando a administração do sistema não permite nenhuma alteração
nas peças orçamentárias.
Caso a empresa, durante o período, considere que tais volumes não
serão atingidos, parcela significativa das peças orçamentárias tende a perder
valor para o processo de acompanhamento, controle e análise das variações.
Apesar de conter um elemento crítico, que é a sua estaticidade
e, portanto, sua inflexibilidade, esse tipo de orçamento é muito utilizado,
principalmente por grandes corporações, notadamente as que operam
em vários países, em razão da grande necessidade de consolidação dos
orçamentos de todas as suas unidades, dispersas geograficamente, em um
orçamento mestre e único.
Esse orçamento consolidado é vital para que a organização tenha
uma visão geral de seus negócios e dos resultados econômicos esperados
para o próximo ano, para aprovação de sua diretoria máxima. Nesse sentido,

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 119


o orçamento estático é importante, já que eventuais alterações de volume
em algumas de suas divisões não necessariamente impactarão de forma
significativa no total dos orçamentos.
Obviamente, quando os impactos de alterações de volumes em todas
as unidades da corporação forem significativos, não há motivo para manter
um orçamento estático, que não tenha validade para o processo decisorial.

Orçamento flexível

Para solucionar o problema do orçamento estático surgiu o conceito


de orçamento flexível. Neste caso, em vez de um único número determinado
de volume de produção ou vendas, ou volume de atividade setorial, a empresa
admite uma faixa de nível de atividades, em que tendencialmente se situarão
tais volumes de produção ou vendas.
Basicamente, o "orçamento flexível é um conjunto de orçamentos que
pode ser ajustado a qualquer nível de atividades". A base para a elaboração
do orçamento flexível é a perfeita distinção entre custos fixos e variáveis. Os
custos variáveis seguirão o volume de atividade, enquanto os custos fixos
terão o tratamento tradicional.
Observe e analise como o orçamento flexível de forma sintética, é
desenvolvido.

Quadro 8 : Demonstrativo de orçamento flexivel

Fonte: Adaptado de Hornegren, Sundem e Straton (1996, p. 26).

120 UNIDADE 4
O enfoque do orçamento flexível é possível, então, com os eventos
que têm a possibilidade de uma mensuração unitária, que correspondem
aos dados variáveis, apresentados no quadro acima. Associando-se aos
volumes possíveis, podem-se fazer quantos orçamentos flexíveis forem
necessários ou desejados. E os gastos fixos continuam sendo apresentados
dentro do enfoque tradicional do orçamento, que é o orçamento estático,
correspondente à segunda parte da tabela.
Outro enfoque do orçamento flexível é não assumir nenhuma faixa de
quantidade ou nível de atividade esperado. Faz-se apenas o orçamento dos
dados unitários, e as quantidades a serem assumidas serão as realmente
acontecidas à medida que ocorrerem. Entendemos que, apesar de ser um
conceito com alguma aplicação, foge ao fundamento do orçamento, que é
prever o que vai acontecer. Esse conceito dificulta, em muito, a continuidade
do processo orçamentário, que são as projeções dos demonstrativos
contábeis

Orçamento flexível e gestão por atividades

Os defensores dos conceitos de gestão estratégica de custos, que


tem como ferramentas básicas o custeio ABC - Activity Based Costing, e
o ABM - Activity Based Management, podem elaborar seus orçamentos
flexíveis, considerando como quantidades, ou nível de atividade, os dados
quantitativos gerados pelos direcionadores de custos. Os direcionadores de
custos seriam considerados, para fins de orçamento, como os dados variáveis,
podendo-se, então, elaborar orçamentos para cada atividade, mesmo que,
tradicionalmente, de gastos indiretos, com o conceito de orçamento flexível
por atividade.

Orçamento ajustado

O conceito de orçamento ajustado é derivado do orçamento flexível.


O orçamento ajustado é um segundo orçamento, que passa a vigorar quando
se modifica o volume ou nível de atividade inicialmente planejado, para um
outro nível de volume ou de atividade, decorrente de um ajuste de plano.
Em outras palavras, o orçamento ajustado é o ajuste efetuado
nos volumes planejados dentro do conceito de orçamento estático ou
inicial. É óbvio que se poderão fazer quantos orçamentos ajustados sejam
necessários. Em suma, toda vez que houver necessidade de ajustar os

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 121


volumes planejados para outro nível de volume, refaz-se o orçamento com
as novas quantidades, e esse novo orçamento é chamado de orçamento
ajustado, contrapondo-se ao primeiro orçamento, que seria denominado de
orçamento original.

Orçamento corrigido

O orçamento corrigido é o ajuste do orçamento original, de forma


automática, sempre que houver alteração de preços em função de inflação.
É importante ressaltar que nem todas as empresas aceitam
pacificamente esse conceito, já que, para muitas delas, as alterações de
preços são de responsabilidade dos gestores setoriais e devem fazer parte
das variações orçamentárias e justificadas, mesmo que ocasionadas por
fenômeno inflacionário.
Nosso entendimento é o de que, se as alterações de preços
forem decorrentes de inflação e, principalmente, de eventos pactuados
contratualmente (cláusulas de reajustes com base em índices de inflação
futura), ou impostas pelo governo mediante suas taxas e preços administrados,
é aceitável a adoção desse conceito de orçamento, já que não há uma
possibilidade clara de controlabilidade pelo gestor do orçamento.
Outrossim, a correção automática de orçamentos por outras variações
de preços que não sejam decorrentes de cláusulas de reajustes ou preços
impostos, quando cabe atuação e, portanto, controlabilidade do gestor, não
deve ser incorporada automaticamente ao orçamento.

Previsão orçamentária ou Bugdet e Forecast

A terminologia inglesa budget é a mais utilizada entre as empresas


transnacionais e refere-se basicamente ao orçamento dentro do conceito
estático. A terminologia forecast é utilizada para o conceito de projeções.

122 UNIDADE 4
É muito comum, nas empresas transnacionais, chamar também de
forecast à soma dos dados reais mensais já acontecidos no período, mais
os dados restantes do orçamento a cumprir. Não deixa de ser também um
conceito de projeção para os dados de todo o período. Nesse conceito,
as variações entre o orçamento e o real, dos meses já acontecidos, são
desprezadas, prevalecendo os dados reais, que são, então, somados aos
meses restantes para cumprir o período orçamentário, funcionando esses
dados como a melhor projeção para todo o período em questão.

Orçamento contínuo e previsão contínua ou Rolling budgeting e


Rolling forecasting

Esses termos podem ser traduzidos como orçamento contínuo e


projeção contínua. São conceitos recentes sobre o orçamento, sempre com
o objetivo de tornar esse instrumento de planejamento e controle flexível
e retirar dele o caráter estático. Fundamentalmente, sob esses conceitos,
a cada período em que o orçamento ou projeção é realizado, orça-se ou
projeta-se mais um período futuro, sempre mantendo em orçamento ou
projeção uma quantidade igual de períodos.
Por exemplo, vamos supor que o orçamento seja feito para 12 meses,
para os meses de janeiro de X1 até dezembro de X1. Após a realização
do orçamento de janeiro do ano, orça-se já o orçamento de janeiro de X2.
Assim, o novo período orçamentário vai de fevereiro de X1 a janeiro de X2.
Quando se realizar o orçamento de fevereiro de X1, orça-se o período
de fevereiro de X2, ficando o período dos próximos 12 meses, de março de
X1 a fevereiro de X2, cobertos por um orçamento.
É muito interessante esse conceito, uma vez que permite à empresa
sempre descortinar um horizonte de 12 meses (ou mais, se for do plano
orçamentário da empresa) de operações futuras. As desvantagens são
de ordem operacional, pois fazer orçamentos mensais sempre exige o
ativamento de quase todo o processo orçamentário, o que toma tempo de
toda a organização.
Entendemos que a utilização do conceito de rolling forecasting é mais
interessante, aplicável apenas às demonstrações financeiras projetadas, da
empresa ou das unidades de negócios. Tais demonstrações, por conterem
apenas números sintetizados, podem ser trabalhadas em contínuo pela
controladoria, não afetando significativamente os demais gestores da
organização.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 123


Orçamento e inflação

Quando há inflação persistente, com índices variados ou crescentes


e, conjuntamente, um processo de indexação ou correção monetária
generalizado ou semigeneralizado, o orçamento deverá ser elaborado
também em uma moeda forte. Essa moeda forte deverá ser a que a empresa
mais transacione ou tenha mais comum como linguagem de seus negócios.
É muito possível que, nesses casos, seja muito difícil, até
antieconômico, elaborar o orçamento em um grau de detalhe muito grande
de suas contas contábeis. Provavelmente, as peças orçamentárias deverão
ser elaboradas em contas mais sintéticas dependendo, obviamente, de cada
peça orçamentária.
Quando há ocorrência de inflação, a gestão do custo dos recursos e
das receitas tende a ficar mais complexa e, com isso, há uma tendência de
gerir a entidade com números mais agregados, visto que os dados detalhados,
transacionados na moeda fraca do país, tendem a perder significância nos
períodos seguintes.
Contudo, convém reafirmar que, mesmo em caso de ambiente
inflacionário, o ferramental do orçamento continua válido e tão imprescindível
quanto em ambiente de estabilidade monetária.

Orçamento corrigido

A técnica tradicional de ajustar o orçamento em decorrência do


fenômeno inflacionário é o orçamento corrigido explicado anteriormente.
Nesse caso, admite-se naturalmente a correção das peças orçamentárias
pelo índice de inflação específico de cada gasto ou receita, mantendo-se, em
um orçamento original, os valores inicialmente orçados.

Orçamento em moeda estrangeira

Independentemente do fenômeno inflacionário, o orçamento em


moeda estrangeira pode vir a ser necessário caso a empresa faça parte de
um grupo transnacional, que deve consolidar seus demonstrativos projetados.
Para empresas que não têm essa obrigatoriedade organizacional,
o orçamento em moeda estrangeira pode vir a ser necessário para fins de

124 UNIDADE 4
comparabilidade com concorrência externa, avaliação de investimento etc.
A estruturação do orçamento em moeda estrangeira está baseada
nos seguintes critérios:

I. Mensuração anterior dos dados históricos em moeda estrangeira,


visando parametrizar os dados a serem incorporados no
orçamento;
II. Dados previstos passíveis de serem mensurados em moeda
estrangeira;
III. Previsão das taxas de câmbio para transformação dos dados em
moeda corrente previstos para moeda estrangeira;
IV. Adoção de um critério de transformação (taxa mensal, taxa média,
taxa diária etc.);
V. Introdução dos critérios de transformação dos demonstrativos
contábeis em outras moedas.

Orçamento em moeda corrente

Independentemente de qualquer situação de utilização de orçamento


em outro padrão monetário, há a necessidade de elaboração do orçamento
em moeda corrente, necessidade que se impõe porque, efetivamente, todas
as transações são efetivas na moeda corrente do país, mesmo que tenham
algum indexador (correção monetária, taxa de câmbio).
Adicionalmente, as projeções dos demonstrativos contábeis devem
ser feitas necessariamente em moeda corrente, tendo em vista que todos
os aspectos tributários do país são medidos em moeda corrente e envolvem
todo o sistema orçamentário. As receitas e despesas financeiras, que sofrem
também os efeitos inflacionários, só podem ser obtidas na moeda corrente.

Orçamento de caixa

O orçamento de caixa é a ferramenta que permite à empresa saber


quais serão suas necessidades de caixa a curto prazo. Informa os volumes
de ingressos e desembolsos de recursos financeiros no período considerado,
verificando, antecipadamente, se haverá excedente ou escassez de recursos
financeiros.
Acresce-se que a projeção de caixa será a peça orçamentária, que
irá relacionar todas as movimentações financeiras de entradas e saídas,

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 125


incluindo aportes de capital e as aplicações de fundos que visarão à execução
dos projetos de implantação, expansão, modernização, diversificação e
realização das atividades da empresa.

Fórmula geral de cálculo dos fluxos de caixa

(SdLiqCx = SdInic + Entradas – Saidas)


Saiba Mais
Principais componentes do fluxo de caixa
O Orçamento de caixa
PE é conhecido também
como Fluxo de Caixa O fluxo de caixa de qualquer projeto, com padrão convencional, pode
incluir três componentes básicos:

a) Investimento inicial;
b) Entradas de caixa operacionais;
c) Fluxo de caixa residual.

Todo projeto, não importando a sua natureza, quer de expansão,


substituição, modernização ou algum outro motivo, tem os dois primeiros
componentes. Alguns, porém, não apresentam o terceiro componente, o fluxo
de caixa residual. Abaixo, um modelo, em diagrama de fluxo de caixa de um
projeto.

Representação gráfica do fluxo de caixa ( D.F.C.)

Figura 20 - Modelo gráfico do fluxo de caixa.


Fonte: o Autor.

No fluxo de entradas de caixas, temos diversas contas como receitas


(de vendas), captações (empréstimos), aportes (aumento de capital social)
entre outras. Já no fluxo de saídas de caixa, temos, também, diversas contas
como pagamentos (fornecedores), amortizações (empréstimos), dividendos
(lucros e participações nos resultados) entre outras.

126 UNIDADE 4
O fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro que
tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da empresa em
determinado período de tempo à frente (SANTOS, 2001).
“Caixa”, que consiste em recursos livres para movimentação,
é vital para a sobrevivência das empresas. Entende-se por caixa, não
exclusivamente os recursos destinados a gastos de pequena monta, mas
sim todos os recursos financeiros livres para movimentação da sociedade
empresária.
Geralmente, orçamento de caixa diz respeito ao período de um
ano, mas esse período pode ser ampliado conforme as necessidades da
organização. A qualidade do orçamento de caixa, no que se refere a precisão,
depende dos outros orçamentos, anteriormente, elaborados.
O orçamento de caixa é geralmente o último módulo a ser
preparado porque sobre ele convergem todas as necessidades financeiras
e de viabilidade das operações e estratégias da organização. Isto porque,
durante a sua elaboração, aspectos relacionados aos outros orçamentos são
analisados novamente. Na verdade, o orçamento de caixa reflete os fatos
previstos nos orçamentos parciais anteriores.

Relevância do caixa e seu orçamento.

O orçamento de caixa tem como papel essencial orientar o gestor


quanto aos ingressos previstos e saídas programadas, com vistas a conduzir
a organização ao equilíbrio financeiro.
Vale ressaltar, porém, que o caixa não gera lucro, mas assegura a
continuidade do negócio pela viabilidade do fluxo das operações.

Quadro 9: Modelo básico de fluxo de caixa

Fonte: o autor.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 127


Da importância do fluxo de caixa

O fluxo de caixa é uma das ferramentas gerenciais mais importantes


e caras ao gestor financeiro e analista de crédito e de investimentos. Com
ela, facilmente, visualiza-se os momentos de excesso ou sobra bem como de
falta ou escassez de caixa. Com o seu auxílio, o gestor tem tempo hábil para
tomar e decidir as estratégias a seguir.
O intervalo de tempo ou de corte é menor para avaliações de curto
prazo. O gestor, para períodos curtos, avalia períodos quase que diários para
melhor se situar e planejar as estratégias.
Com o emprego dessa ferramenta gerencial, o gestor pode tomar
decisões de antecipar pagamentos (negociando descontos generosos junto
a credores), de promoções ou liquidações (quando da percepção de falta ou
escassez de caixa). Nesse caso, irá avaliar o custo de manter o estoque
e o custo de captar recursos no mercado, optando pelo de menor custo à
empresa.
O fluxo de caixa é a peça principal ao analista de crédito e de
investimentos. Nas análises de retorno de investimento como período de
retorno (Payback), taxa interna de retorno (TIR) e valor presente líquido
(VPL) não se concebe qualquer análise sem o seu uso.
Com base nesses dados, o analista irá fazer as suas projeções,
interpretar os resultados e dar o seu parecer técnico de viabilidade do projeto.

Objetivos do orçamento de caixa

O objetivo maior do orçamento de caixa é o controle. Por meio


desse orçamento, identificam-se eventuais déficits, previsões de excedentes
(possibilitando o estudo da aplicação, eliminando perdas por ociosidade de
recursos), disponibilidade de fundos para cobertura das diferentes operações
(salários, encargos, tributos, fornecedores etc).
Além disso, o orçamento de caixa prevê exatamente qual o caixa
mínimo a ser gerado para cobertura dos gastos previstos e, preparado
adequadamente, imprime controle sobre a inadimplência e enseja o
acompanhamento da movimentação bancária. É por meio do orçamento de
caixa que o gestor financeiro coordena a necessidade de caixa.
Finalmente, o orçamento de caixa serve de base à analise de liquidez
da empresa, ou seja, a sua capacidade de pagamento numa data futura.

128 UNIDADE 4
Elaboração do orçamento de caixa

A primeira etapa de elaboração do orçamento de caixa é a análise dos


orçamentos anteriores, em que se estuda o prazo de cobertura que imprime
maior segurança e apoio ao processo decisório. Já o preparo do orçamento
de caixa pressupõe a projeção do saldo de caixa por um determinado período
de tempo, denominado de período de cobertura.
Quando esse prazo varia entre uma semana até três meses, dizemos
que o fluxo de caixa é de curto prazo. Se esse prazo alcançar um tempo
maior, por exemplo, entre 91 dias a 12 meses, dizemos que esse fluxo de
caixa é de médio prazo. Superior a esse período, temos o orçamento de
longo prazo.

Quadro 10: Período da informação para atendimento ao prazo de


cobertura

Fonte: o autor.

Existem algumas informações que são relevantes nesse momento:

a) Orçamento de vendas programadas;


b) Previsão de ingressos segmentados por área ou unidade de
vendas;
c) Relação de aportes já aprovados (empréstimos, financiamentos);
d) Previsão de aporte de capital próprio (aumento de capital);
e) Mapa de aplicações financeiras;
f) Relação de operações não operacionais;
g) Saídas programadas (amortização de empréstimos e de dívidas
abertas).

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 129


A segunda etapa é a organização das informações segundo o
modelo escolhido.

Quadro 11: Modelo básico de orçamento de caixa

Fonte: o autor.

A terceira etapa é a de acompanhamento da realização das projeções,


essencial para efetivação e formalização dos controles (incorporando-os às
rotinas). Baseia-se na diferença entre os valores reais e orçados
A quarta etapa é a da realização dos ajustes.
Em geral, as causas da ausência de recursos na empresa estão
vinculadas a má qualidade do planejamento, pois nem todos os fatores são
controlados pelo gestor, ou seja, as divergências nascem muitas vezes por
influência de fatores externos.

Exercício Proposto

1) O que é orçamento de caixa?

2) Julgue os itens abaixo, colocando “V” para Verdadeiro” e “F” para Falso”.
a. ( ) O fluxo ou orçamento de caixa apresenta a dinâmica da situação
financeira da empresa.
b. ( ) Por meio da análise do orçamento de caixa, pode-se estudar
a melhor forma de suprimento de caixa e alternativas para financiar a
atividade em face da “visão-antecipada” que promove.

130 UNIDADE 4
c. ( ) O orçamento de caixa deve apresentar precisão para qualificar o
processo decisório;
d. ( ) O preparo do orçamento de caixa pressupõe a projeção do saldo
de caixa por um determinado período de tempo, denominado de período
de cobertura;
e. ( ) O prazo de cobertura de um orçamento de caixa é sempre de 12
meses.

3) De que fatores dependem o nível ótimo de caixa?

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Objetivos:

a. Entender o conceito, objetivo e a estrutura que compõe o capital


de giro empresarial;
b. Compreender a diferença entre capital circulante líquido e capital
circulante operacional;
c. Determinar os custos financeiros utilizando as estratégias usadas
pelo administrador financeiro agressivo e o conservador;
d. Analisar a estrutura do capital de giro da empresa, utilizando
indicadores financeiros.

Conceito

A administração do capital de giro é também denominada de gestão


de ativos.
O capital de giro é constituído de ativos circulantes, também chamados
de ativos correntes e representa a quantidade de dinheiro que a empresa
utiliza para movimentar seus negócios. Envolve estoques, dinheiro em caixa e
em bancos, financiamentos a clientes por meio de contas a receber, salários,
conta de água, luz etc (CHIAVENATO, 2004).

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 131


Figura 21 - Situação em que ocorrem aumento e redução das NCG
Fonte: o autor.

A administração do capital de giro, refere-se à administração ou


gestão dos ativos de curto prazo da empresa, tais como estoques, e aos
passivos de curto prazo, tais como pagamentos devidos a fornecedores. É
uma atividade cotidiana que assegura que os recursos sejam suficientes para
dar continuidade às operações.
As questões seguintes devem ser respondidas sobre o capital de giro:
1. Quais devem ser os volumes disponíveis de caixa e estoque?
2. Devemos vender a crédito para os nossos clientes?
3. Como obteremos os recursos financeiros a curto prazo que venham
a ser necessários?

Para seu funcionamento, as empresas utilizam recursos materiais


de renovação lenta (imóveis, instalações, máquinas, equipamentos),
denominados capital fixo ou permanente, e recursos de rápida renovação
(dinheiro, créditos, estoques) que formam seu capital circulante ou capital de
giro, também chamado de ativo corrente.
Capital de giro, portanto, é o ativo circulante que sustenta as
operações do dia-a-dia da empresa e representa a parcela do investimento
que circula de uma forma à outra, durante a condução normal dos negócios.

Objetivo

A administração do capital de giro tem por objetivo administrar todos


os ativos e passivos circulantes da empresa para garantir um nível aceitável
de capital circulante líquido.

132 UNIDADE 4
Finalizando, o planejamento financeiro deve conter com clareza e
objetividade os seguintes itens:

1) Investimento inicial;
2) Custos fixos e variáveis;
3) Projeção dos resultados;
4) Mão de obra direta e indireta;
5) Depreciação, conservação e seguros;
6) Capital de giro;
7) Receitas;
8) Impostos & contribuições;
9) Projeção do fluxo de caixa;
10) Projeção do balanço patrimonial;
11) Ponto de equilíbrio;
12) Análise de investimentos;
13) Payback;
14) Valor presente líquido;
15) Taxa interna de retorno,

Alguns alertas para o pequeno empresário em relação ao planejamento


financeiro:

a) Nunca faça nenhum tipo de compromisso em cima do lucro bruto;


b) Fique de olho nos custos fixos, administre-os. Tente diminuí-los ou
aumentar a produção com o mesmo custo fixo;
c) Nunca faça um investimento (em maquinário, por exemplo) sem ter feito
uma pesquisa de mercado para ter a certeza que o aumento na produção terá
comprador;
d) Deixe para adquirir o imóvel que você está usando depois que sua empresa
estiver sólida;
e) Sempre que possível não financie seu cliente. Procure deixar isso com seu
fornecedor;
f) Evite o pagamento de juros, seu lucro vai sair pelo ralo;
g) Tenha consciência que no tempo certo você desfrutará do lucro da sua
empresa, isso não vem rápido;
h) Tenha o controle de toda sua empresa. Utilize softwares para isso. Não a
deixe nas mãos de qualquer pessoa. Saiba de tudo que se passa com ela;
i) Mantenha um fluxo de caixa semanal, um mensal e uma projeção anual.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 133


Estrutura

Uma administração ineficiente do capital de giro poderá afetar, de


forma dramática, o fluxo de caixa da empresa. O volume de capital de giro
utilizado por uma empresa depende de seu volume de vendas, de sua política
de crédito comercial e do nível de estoques que ela precisa manter. Duas
considerações muito importantes na administração do capital de giro são os
ciclos econômicos e a sazonalidade específica de determinados negócios.
As indústrias normalmente possuem maior proporção de ativos
permanentes em relação aos ativos totais, e tendem a concentrar-se nas
necessidades de caixa a longo prazo; as empresas comerciais trabalham
com maior percentagem de capital de giro e concentram-se principalmente
nas contas a receber e nos estoques, buscando mais os financiamentos a
curto prazo; as empresas de serviço, por sua vez, possuem poucos ativos
permanentes e enfocam basicamente as contas a receber.
O capital de giro necessita de recursos para seu financiamento, como
acontece com o capital permanente. Assim, quanto maior for o capital de giro,
maior será a necessidade de financiamento, seja com recursos próprios, seja
com recursos de terceiros.

Análise do capital de giro

A liquidez de uma empresa é medida pela capacidade que ela possui


para satisfazer suas obrigações de curto prazo, nas datas dos vencimentos.
A liquidez refere-se à solvência da situação financeira global da empresa – a
facilidade com a qual ela pode pagar suas contas

Os principais indicadores para análise de liquidez são:

a. Capital de giro líquido (CGL);


b. Índice de liquidez corrente (ILC);
c. Índice de liquidez seca (ILS);
d. Participação das disponibilidades (PD);
e. Participação de contas a receber (PCR)
f. Participação dos Estoques (PE);
g. Índice de Financiamento (IF).

134 UNIDADE 4
A interpretação desses índices pode ser feita comparando-os com os
de outras empresas do mesmo ramo, e/ou analisando sua evolução ao longo
do tempo na própria empresa.

Capital de giro líquido (CGL)

Também chamado de capital circulante líquido (CCL), corresponde à


diferença aritmética entre o ativo circulante (AC) e o passivo circulante (PC);
representa a medida da liquidez da empresa, refletindo sua capacidade de
gerenciar as relações com fornecedores e clientes. Logo CGL = AC – PC
O passivo circulante (PC) representa os financiamentos (fontes de
recursos) a curto prazo da empresa, pois inclui todas as dívidas que terão
seu vencimento (e deverão ser pagas) em um ano ou menos.
O objetivo da administração financeira a curto prazo é gerir cada um
dos itens do ativo circulante (caixa, bancos, aplicações financeiras, contas
a receber, estoques etc) e do passivo circulante (fornecedores, contas a
pagar, empréstimos etc.), a fim de alcançar um equilíbrio entre lucratividade
e risco que contribua positivamente para aumentar o valor da empresa.
Um investimento alto demais em ativos circulantes reduz a lucratividade,
enquanto um investimento baixo demais aumenta o risco de a empresa não
poder honrar suas obrigações nos prazos pactuados. Ambas as situações
conduzem à redução do valor da empresa.
Quando o valor do ativo circulante supera o do passivo circulante,
significa que a empresa possui CGL positivo. Nessa situação mais comum,
o CGL representa a parcela dos ativos circulantes da empresa financiada
com recursos a longo prazo (soma do exigível a longo prazo com patrimônio
líquido), os quais excedem as necessidades de financiamento dos ativos
permanentes.
Quando o valor do ativo circulante é menor que o do passivo circulante,
significa que a empresa possui CGL negativo. Nessa situação menos usual,
o CGL é a parcela dos ativos permanentes da empresa que está sendo
financiada com passivos circulantes, ou seja, com capitais de curto prazo, o
que denota um quadro de risco.
De forma geral, a maioria das empresas não consegue conciliar com
precisão as entradas (principalmente) e as saídas de caixa. Por isso, os
ativos circulantes precisam exceder os passivos circulantes, ou seja, uma
parcela dos ativos circulantes é frequentemente financiada com fundos de
longo prazo.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 135


Geralmente, entende-se que quanto maior for o CGL de uma
empresa, menor será o seu risco, porque sua liquidez reduz a probabilidade
de que ela se torne tecnicamente insolvente. Tal premissa, entretanto, pode
ser equivocada, pois um CGL muito alto significa que expressivos fundos de
longo prazo estão financiando parte dos ativos circulantes. Como os custos
desses recursos a longo prazo são sempre mais elevados que os de curto
prazo, a empresa poderá vir a enfrentar problemas financeiros.

Índice de Liquidez Corrente (ILC)

Indica a capacidade da empresa para liquidar seus compromissos


financeiros de curto prazo. Como ele estabelece a relação entre ativo
circulante e passivo circulante, preferencialmente deve ser sempre maior que
1 (um), isto é, quanto maior for o índice, mais confortável será a situação
financeira da empresa.

ILC =

Como esse índice considera todos os valores incluídos no ativo


circulante, ele não faz diferenciação sobre a qualidade dos componentes
desse ativo. Em outras palavras, atribui aos estoques a mesma liquidez de
caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo, ou seja, os estoques,
em caso de necessidade, seriam prontamente transformados em dinheiro.
Exemplo: Análise a seguinte estrutura de balanço patrimonial
Quadro 12: Estrutura do capital circulante do balanço patrimonial

Fonte: o autor.

136 UNIDADE 4
Ativo Circulante = R$ 4.100,00 Passivo Circulante = R$ 2.800,00

Então: ILC =

Logo: ILC = → ILC = 1,4643

Tomando-se o inverso do (ILC) da empresa, subtraindo-se o quociente


resultante de 1 (um) e multiplicando-se a diferença obtida por 100 (cem),
obter-se-á a percentagem pela qual o ativo circulante (% redução do AC),
pode ser diminuído, sem tornar impossível para a empresa cobrir seu passivo
circulante.
(% redução do AC)
Temos: (– %) AC = x 100

Resultado:
(– %) AC = x 100 → (– %) AC = 31,708 %

Ou seja, a empresa poderia reduzir em até 31,71% o seu ativo


circulante e ainda assim manteria seu passivo circulante coberto pelo capital
de giro.
Quadro 13: Estrutura do capital circulante do balanço patrimonial

Fonte: o autor.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 137


Índice de liquidez seca (ILS)

Avalia a capacidade da empresa para liquidar seus compromissos


financeiros de curto prazo, considerando seus ativos de maior liquidez, ou
seja, excetuando o item Estoques.

ILS =

Como acontece com o índice de liquidez corrente, o valor ideal desse


índice depende do setor em que a empresa atua e de suas características
operacionais.
Por exemplo, uma empresa com forte sazonalidade em suas vendas
terá um índice de liquidez seca baixo no período em que precisa carregar
elevados volumes de estoques, sem que isso represente um sinal de ameaça
para seu quadro financeiro.
Observando as duas estruturas dos quadros: 12 e 13, obtemos os
seguintes resultados:

ILS =

ILS =

Participação das disponibilidades

Indica a representatividade das disponibilidades financeiras (DF)


(caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo) na estrutura do capital
de giro.
Nas empresas que recebem os valores correspondentes às suas
vendas antes do pagamento das compras, como normalmente acontece no
setor varejista, esse índice tende a ser elevado.

IDispF =

138 UNIDADE 4
Analise os resultados nas duas estruturas observadas nos quadros:
12 e 13.

IDispF = → IDispF = 0,0610

IDispF = → IDispF = 0,0611

Participação das contas a receber

Mostra a participação da carteira de duplicatas a receber da empresa


sobre o total do capital de giro. Quando o capital de giro é muito alto, pode
significar que a empresa está adotando uma política agressiva de concessão
de crédito comercial ou, por outro lado, que ela enfrenta problemas de altos
índices de inadimplência por parte dos clientes.

PartCtsRcb =

Comparação dos resultados nas duas estruturas observadas nos


quadros: 12 e 13.

PartCtsRcb = → PartCtsRcb = 0,2317

PartCtsRcb = → PartCtsRcb = 0,2318

Participação dos estoques

Representa o peso dos estoques em relação ao capital de giro.

Um índice elevado pode significar excessivo investimento em


estoques, o que nem sempre é sinônimo de boa administração desse
importantíssimo item do capital de giro.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 139


PartEstq = → PartEstq = 0,6829

PartCtsRcb = → PartCtsRcb = 0,6829

Índice de financiamento

Esse parâmetro informa qual é o percentual do capital de giro que


está suportado por empréstimos bancários e financiamentos.
Um índice baixo pode indicar que a empresa está utilizando,
principalmente, financiamento dos fornecedores em lugar de linhas de crédito
bancário. Também pode refletir uso normal de financiamento de fornecedores
ao lado de uma boa situação de caixa que lhe permite dispensar os
financiamentos bancários.

IFianc =

IFianc = → IFianc = 0,1463%

IFianc = → IFianc = 0,2143%

Necessidade de capital de giro

O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um


dos maiores desafios do administrador financeiro.
O elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros
que poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa, todavia,
capital de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de
vendas da empresa.
A necessidade de capital de giro pode ser estimada de dois modos:

140 UNIDADE 4
a. com base no ciclo financeiro ou
b. com utilização dos demonstrativos contábeis (balanço patrimonial).

Cálculo com base no ciclo financeiro

Esse método é aplicável a uma empresa em fase de implantação, por


ainda não dispor de demonstrações contábeis.
A necessidade de capital de giro (NCG) corresponde ao caixa
operacional, ou seja, ao montante mínimo de recursos financeiros necessários
para garantir a operacionalidade da empresa. Trata-se de uma forma simples
de se efetuarem os cálculos, pois o método pressupõe que as despesas
projetadas anuais são uniformemente distribuídas ao longo do ano.
Veja a representação das necessidades de capital de giro
permanente (NCP) e variáveis também denominadas de necessidades
sazonais (NCS).

Quadro 14: Estrutura das necessidades de capital de giro

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 141


Fonte: Do próprio autor : Maio 2010.

Cálculo com base no balanço patrimonial

O capital de giro líquido (CGL) é definido como a diferença entre o


ativo circulante e o passivo circulante. Porém, nem todo o valor do CGL assim
calculado representa efetiva necessidade de investimento.
O ativo circulante contém contas transitórias (caixa, bancos,
aplicações financeiras de curto prazo) e no passivo circulante também são
transitórios os empréstimos e financiamentos de curto prazo, bem como os
seus respectivos encargos financeiros.
Essas contas transitórias (ativo e passivo flutuantes) não estão
relacionadas à necessidade de investimento em capital de giro. Portanto,
para se calcular a necessidade de capital de giro de uma empresa, com base
em seu balanço patrimonial, é necessário que se reclassifiquem algumas
contas tanto do ativo como do passivo – com a finalidade específica de se
proceder a esses cálculos.
Passa-se a considerar o balanço patrimonial da seguinte maneira:
Ativo Permanente (AP) – formado pelos itens de longo prazo do
ativo. Seu valor é igual à soma dos seguintes itens: realizável a longo prazo,

142 UNIDADE 4
investimento, imobilizado e diferido.
Ativo Operacional (AO) – representa os recursos utilizados nas
operações da empresa que dependem das características de seu ciclo
operacional. É composto por duplicatas a receber, estoques e outros valores
a receber que possuem natureza permanente.
Ativo Flutuante (AF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo
do ativo circulante que possuem natureza transitória como caixa, bancos e
aplicações financeiras de curto prazo.
Passivo Permanente (PP) – é formado pelas contas de longo prazo
do passivo e representa a fonte permanente de recursos financeiros da
empresa. É igual à soma do exigível a longo prazo com o patrimônio líquido.
Passivo Operacional (PO) – representa as contas do passivo
vinculadas ao ciclo operacional da empresa, tais como fornecedores, salários,
encargos, impostos, taxas e outras contas a pagar.
Passivo Flutuante ( PF) – corresponde aos itens de curtíssimo prazo
do passivo circulante que não têm vinculação direta com as operações
da empresa. São eles: empréstimos, financiamentos e outras obrigações
financeiras de curto prazo.
A fórmula de cálculo da necessidade de capital de giro (NCG) é:

NCG = AO – PO

O capital de giro líquido (CGL) calculado com base nessa


reclassificação de contas será:

CGL = PP – AP

O resultado será o mesmo se for usada a fórmula:

CGL = AC – PC

Efeito tesoura

Denomina-se efeito tesoura (ET) o valor do capital de giro líquido


que excede a necessidade de capital de giro calculada na forma acima. Tal
valor corresponde ainda à diferença entre o ativo flutuante (AF) e o passivo
flutuante (PF). Assim, têm-se as seguintes fórmulas para seu cálculo:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 143


O que é o efeito tesoura

Saiba Mais! É um indicador que demonstra o descontrole no crescimento das


fontes onerosas de recursos a curto prazo. O efeito tesoura ocorre quando a
A distância entre a
NCG e o CDG é o empresa expande demasiadamente suas vendas, sem que o capital de giro
saldo de tesouraria, disponível cresça na mesma proporção e pode ser resultante de decisões
que corresponde à empresariais que levam a empresa a operar um volume de negócios sem
diferença entre o passivo
dispor de fontes de recursos suficientes para financiar o seu ciclo financeiro.
circulante financeiro
e o ativo circulante e
financeiro Como identificar o efeito tesoura

A contabilidade tradicional reconhece o CCL ou CGL pela


representação da diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante,
o que dá um significado de uma folga financeira de curto prazo ou, pela ótica
da análise dinâmica, como a diferença entre os saldos das contas não-
circulantes do passivo e do ativo.
Sabe-se também que o capital de giro (CG) compõe-se da soma da
necessidade de capital de giro e do saldo de tesouraria.
Suponha-se um aumento acentuado das vendas no decorrer
de períodos sucessivos. Isto provocará um aumento no capital de giro,
em virtude dos lucros advindos dessas vendas, representados pelo seu
autofinanciamento e logo o aumento das vendas provoca um aumento
simultâneo da necessidade de capital de giro.
Entretanto, suponha-se que o autofinanciamento resultante dos
lucros auferidos pela empresa não seja suficiente para cobrir os aumentos
da necessidade de capital de giro. Isso pode ocorrer também em virtude da
aplicação desse autofinanciamento em recursos permanentes, provocando
um gradiente crescentemente negativo, correspondente à diferença entre o
capital de giro e a necessidade de capital de giro, no decorrer de períodos
sucessivos, denominado de efeito tesoura como mostra a figura a seguir.

144 UNIDADE 4
Logo temos:

Efeito Tesoura = CGL – NCG

Ou ainda,
Efeito Tesoura = AF – PF

Relação entre capital de


giro e necessidade de capital de
giro.
Tendo em vista que o
capital de giro representa o saldo
correspondente à diferença
entre os saldos das contas do
ativo e passivo circulantes, e a Figura 22 - Gráfico da relação entre CDG e a NCG
Fonte: Do próprio autor : Maio 2010.
necessidade de capital de giro, à
diferença entre os saldos das contas cíclicas do ativo e passivo circulantes,
ocorre uma diferença conceitual entre as duas definições que será exposta
a seguir.
Como a necessidade de capital de giro deixa de fora os saldos das
contas não cíclicas do ativo e passivo circulante (contas erráticas), tem-se
que a necessidade de capital de giro é necessariamente diferente do capital
de giro (ver figura 1: unidade 1).

Quadro 15: Quadro demonstrativo da relação CDG e NCG

Fonte: o autor.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 145


Para melhor compreender, examinemos o seguinte exemplo sobre a
necessidade do capital de giro:

Calcular a necessidade de capital de giro, o capital de giro líquido


e o efeito tesoura com base no balanço patrimonial da empresa hipotética
abaixo.

Quadro 16: Balanço patrimonial: Empresa Hipotética Ltda.


Valores em milhares de Reais

Fonte: o autor.

Após analisar a estrutura do balanço patrimonial, observando os


elementos que compõe os grupos de contas, é necessário refazer o balanço,
ou seja, fazer uma reclassificação das contas, partindo dos elementos
que formam o capital operacional, denominado de capital cíclico e capital
financeiro, denominado de capital errático, ambos considerando as contas de
ativo e passivo da estrutura de balanço patrimonial.

146 UNIDADE 4
Quadro 17: Reclassificação: balanço patrimonial Empresa Hipotética Ltda
Valores em milhares de Reais

Fonte: o autor.

Cálculo da necessidade de capital de giro (NCG)

NCG = AO – PO
NCG = 7.000,00 – 5.000,00 ↔ NCG = 2.000,00

Cálculo do capital de giro líquido (CGL)

NCG = PP – AP
NCG = 13.000,00 – 10.000,00 ↔ NCG = 3.000,00

Cálculo do capital de giro líquido (CGL), ou ainda (CCL)

CCL = AC – PC
CCL = 10.000,00 – 7.000,00 ↔ CCL = 3.000,00

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 147


Cálculo do efeito tesoura:

1) E.T. = CGL – NCG


E.T. = 3.000,00 – 2.000,00 ↔ E.T. = 1.000,00
2) E.T. = AF – PF
E.T. = 3.000,00 – 2.000,00 ↔ E.T. = 1.000,00

Reserva do capital de giro

O capital de giro é fortemente influenciado pelas incertezas inerentes


a todo tipo de atividade empresarial. Por esse motivo, a empresa deve manter
uma reserva financeira para enfrentar os eventuais problemas que podem
surgir.
Quanto maior for a reserva financeira alocada à manutenção do
capital de giro, menores serão as possibilidades de crises financeiras, ou
seja, menor será o risco de a empresa deixar de honrar seus compromissos
financeiros a curto prazo, nas datas de seus vencimentos.
Mais uma vez, no entanto, deve ser lembrado que somente os ativos
permanentes proporcionam a rentabilidade satisfatória para a empresa. E
a rentabilidade obtida pela reserva de capital de giro aplicada no mercado
financeiro não constitui a atividade fim das empresas não-financeiras.
O administrador financeiro deve buscar, portanto, um equilíbrio entre
o volume necessário à manutenção da reserva de capital de giro e o valor
a ser aplicado no ativo permanente da empresa. Deve lembrar, por fim, que
a rentabilidade da empresa pode esperar por uma recuperação de lucros,
mas que o capital de giro não pode esperar. Ele é prioritário. Sem o lucro,
a empresa fica estagnada ou encolhe, porém, sem o capital de giro, ela
desaparece.

Redução da necessidade de capital de giro

Um ciclo financeiro curto permite maior giro de caixa, que, por sua
vez, implica menor necessidade de capital de giro.
O ciclo financeiro de uma empresa depende de três fatores:

a) Prazo de pagamento das compras;


b) Prazo de produção ou estocagem;
c) Prazo de recebimento das vendas.

148 UNIDADE 4
Os prazos de pagamento de compras e de recebimento das
vendas são determinados pelas condições de mercado. Apenas alterações
provisórias desses prazos poderiam ser conseguidas a partir de negociações
com fornecedores e clientes. Por esse motivo, as medidas financeiras para
encurtamento do ciclo financeiro são pouco eficazes.
Somente o encurtamento do prazo de produção ou estocagem pode
fazer mudanças significativas e duradouras sobre o ciclo financeiro da
empresa. Essas medidas, entretanto, estão fora do escopo da área financeira,
exigindo o concurso das áreas técnicas como de produção, operação ou
logística para sua implementação.
Diversas técnicas podem proporcionar o encurtamento da etapa
de produção ou operação da empresa, dentre as quais se pode destacar
Just in Time (JIT), Administração Total da Qualidade (TQM), Supply Chain
Management, Lean Production etc.
Dos muitos problemas ocorridos com as empresas que as obrigam a
recorrer a bancos e a outras instituições financeiras em busca de recursos
para seu capital de giro, destacam-se:

1) A má administração da empresa em diversas áreas elevando


demais os custos fixos;
2) Sazonalidade das vendas;
3) Ciclo operacional e ciclo financeiro muito longos;
4) Excesso de inadimplência por parte de clientes;
5) Empréstimos e financiamentos obtidos a custos muito elevados.

Estratégia do Capital de Giro

Estratégias de segmentação do capital de giro

É sabido que o capital de giro pode ser segmentado de duas formas:

1 – Capital de giro fixo ou permanente

Refere-se ao volume mínimo de ativo circulante necessário para


manter a empresa em condições normais de funcionamento.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 149


Disponível: estabelecer um valor mínimo disponível para a empresa;
Valores a receber: estabelecer um valor mínimo para manter clientes;
Estoques: estabelecer um valor mínimo de manter estoques.

2 – Capital de giro variável ou sazonal

É definido pelas necessidades adicionais e temporais de recursos


verificados em determinados períodos e motivadas, principalmente, por:

a) Compras antecipadas de estoques;


b) Maior morosidade no recebimento de clientes;
c) Recursos disponível em transito;
d) Maiores vendas em certos meses do ano.

Necessidades de financiamento

Existem dois componentes que são básicos para atender as


necessidades de financiamentos do capital circulante líquido da empresa:

1 – Componente das necessidades permanentes

Consiste dos ativos permanentes mais a parcela permanente dos


ativos circulantes da empresa.

ACP – volume mínimo do ativo circulante permanente necessário.


ACNP – montante do ativo circulante não permanente
ATNCP – montante total dos ativos permanente mais ativo circulante
permanente

ATNCP = ACNP + ACP


ATNCP = 5.500,00 + 3.340,00 = ATNCP = 8.840,00

2 – Componente das necessidades sazonais

É aquele que se pode atribuir à existência de certos ativos circulantes


temporários, variando ao longo do ano.
É a diferença entre o total do circulante (8.400,00) e a parcela do

150 UNIDADE 4
ativo circulante permanente (3.340,00)

NCS – volume necessário do capital variável ou sazonal;


ACT – montante do ativo circulante total;
NCP– volume mínimo do ativo circulante permanente necessário.

NCS = ACT – NCP


NCS = 8.400,00 – 3.340,00 ↔ NCS = 5.060,00

Quadro 18: Estrutura das necessidades de CDG / CCL

Fonte: o autor.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 151


Considere que o volume mínimo de capitais permanentes sejam
mantidos a um nível de 39,76% do montante total do ativo circulante.
Logo os capitais sazonais representaram a fonte de recurso necessária
para implementar as operações de giro, cujo montante será de 60,24%.

NCS = ACT – NCP


NCS = 100% – 39,76% → NCS = 60,24%

Volume mínimo de capital circulante permanente será

NCP = ACT x (% NCP)


NCP = 8.400,00 x 39,76% → NCP = 3.340,00

Principais estratégias de financiamento

Estratégia de financiamento é aquilo que a empresa utiliza para


financiar suas necessidades de fundos de curto e longo prazo, e que podem
ser analisadas de duas formas.
Ao utilizar quaisquer que sejam as estratégias possíveis de serem
analisadas, tais como estratégias agressivas e estratégias conservadoras,
devem ser levados em conta, no processo de análise quanto à forma
de financiamento das necessidades de capital de giro, dois aspectos
importantíssimos: O custo do financiamento e o risco do Financiamento.
Utilizando os dados do quadro:18, pode-se demonstrar o
comportamento do custo e do risco nos dois níveis estratégicos: agressivo
e conservador.

1) Estratégia agressiva

É a forma de financiar os componentes das necessidades sazonais,


utilizando fundos de curto prazo, bem como, uma parcela das necessidades
permanentes.
No exemplo dado, imagine que o custo da divida possui o seguinte
comportamento do mercado:
As necessidades sazonais necessárias para financiar o capital
operacional da sociedade é de $ 5.060,00 conforme demonstrado na
estrutura de capital de giro.

152 UNIDADE 4
Custo do financiamento

- Curto prazo - 18,5% a a - 1,5417 a m


- Longo prazo (3 aa ) - 87,29 a a - 2,4250 a m

Análise da estratégia agressiva:

Valor do financiamento de curto prazo

NCS = AT – ATNCP

NCS = 13.900,00 – 8.840,00 → NCS = $ 5.600,00 a.a.

NCS = → NCS = $ 421,66 a.m.

Custo total do financiamento a curto prazo

CF / a.a = NCS x %a.a. → CF / a.a. = $ 0,00 a.a.

- anual
CF/ a.a. = (13.900,00 – 8.840,00) x 18,5% → CF / a.a. = $ 936,10
a.a.

- mensal %a.m. = %a.a. ÷ 12


%a.m. = 18,5% ÷ 12m → CF / a.a. = 1,5417% a.m.
CF / a.m. = (13.900,00 – 8.840,00) x 1,5417% → CF / a.m =
$ 78,01 a.m.

Valor do financiamento a longo prazo

ATNCP = ACNP + ACP


ATNCP = 5.500,00 + 3.340,00 = ATNCP = $ 8.840,00 a.a.

ATNCP = ATNCP = 736,66 a.m.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 153


Custo total do financiamento a longo prazo – (3 anos):

CF / a.a. = ATNCP x %a.a. → CF / a.a = $ 0,00 a.a.

- anual

CF / a.a. = (5.500,00 + 3.340,00) x 87,29% → CF / a.a = $ 7.716,43 a.a.

- mensal

% a.m. = % a.a. ÷ 12
% a.m. = 87,29% ÷ 36m → CF / a.m. = $ 214,3435 a.m.

CF / a.m. = (5.500,00 – 3.340,00) x 2,4247% → CF / a.m. =


$ 214,3435

Resumo do custo total do financiamento na estratégia agressiva:

Período financiado = Anual Mensal


Total Custo Fin C. Pz = $ 936,10 $ 78,01
Total Custo Fin L. Pz = $ 7.716,43 $ 214,34
Custo total do financiamento =$ 8.652,53 $ 292,352

2) Estratégia conservadora

É a forma de financiar todas as necessidades financeiras


(necessidades sazonais e necessidades permanentes) projetadas,
utilizando fundos de longo prazo..

Análise da estratégia conservadora quanto:

NCS = AT – ATNCP
NCS = 13.900,00 – 8.840,00 → NCS = $ 5.060,00 a.a.

NCS = → NCS = $ 421,66 a.m.

154 UNIDADE 4
Valor do financiamento a curto prazo

NCS = AT – ATNCP
NCS = 13.900,00 – 8.840,00 → NCS = $ 5.060,00 a.a.

NCS = → NCS = $ 421,66 a.m.

Custo total do financiamento a curto prazo

CF / a.a = NCS x %a.a → CF / a.a = $ 0,00 a.a

- anual

CF / a.a. = (13.900,00 – 8.840,00) x 87,29% → CF / a.a. = $ 4.416,8740 a.a

- mensal

%a.m = %a.a. ÷ 12
%a.m =87,29% ÷ 12m → CF / a.a. = 2,4247% a.m.

CF / a.m. = (13.900,00 – 8.840,00) x 2,4247% → CF / a.m. = $ 122,6898 a.m.

Custo total do financiamento a longo prazo – (3 anos):

CF / a.a = ATNCP x %a.a → CF / a.a. = $ 0,00 a.a.

- anual

CF / a.a = (5.500,00 + 3.340,00) x 87,29% → CF / a.a. =


$ 7.716,43 a.a.

- mensal

%a.m. = %a.a. ÷ 12
%a.m. = 87,29% ÷ 36m → CF / a.m. = 2,4247% a.m.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 155


CF / a.m. = (5.500,00 + 3.340,00) x 2,4247% → CF / a.m =
$ 214,3435 a.m.

Resumo do custo total do financiamento na estratégia agressiva:

Período financiado = Anual Mensal


Total Custo Fin C. Pz = $ 4.416,87 $ 122,68
Total Custo Fin L. Pz= $ 7.716,43 $ 214,34

Custo total do financiamento = $ 12.133,30 $ 337,02


O resultado da análise mostra que a estratégia conservadora
($ 12.133,30) é bem mais onerosa do que a estratégia agressiva
($8.652,53)

Análise da estratégia agressiva quanto:

Risco do financiamento

Já foi visto na definição que o risco refere-se a variabilidade de


retornos relativos a um ativo. Quando analisamos o risco na abordagem
comportamental, é possível entender a sua importância na tomada de decisão
financeira.
A análise de sensibilidade é uma abordagem na qual se usa inúmeras
estimativas de retorno possíveis para se obter uma percepção da variabilidade
entre os resultados. A variabilidade nesta análise, reflete a variação entre o
maior e o menor retorno estimado de um ativo em relação ao risco.
O resultado da análise mostra que a estratégia conservadora do C
C L de ( $ 12.133,30) apresenta alto risco utilizando toda a sua capacidade
de endividamento no curto prazo.

156 UNIDADE 4
Referencias da WEB

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2008. Disponível em: ,WWW.cursos.yumara.com.br/e-learning> acesso em :
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GOMES, Adriano. A Prática do Capital de Giro nas Empresas e a Necessidade
de Capital de Giro. Disponível em: <WWW. Widebiz,com.br/gente/Gomes/
cap4.html>

Exercício Proposto

1) Qual a definição de capital circulante líquido?

2) O que são recursos não-onerosos? Cite três exemplos.

3) Qual o objetivo da administração do capital de giro?

4) Com base no questionamento acima, podemos certamente afirmar que:


“O estudo, a análise e a interpretação são fundamentais para melhor adequar
o ciclo operacional ao ciclo financeiro de uma empresa".
a) ( ) Toda empresa, para poder realizar suas atividades, propõe logo após
a sua constituição, obter recursos financeiros para compor o capital de giro
da empresa;
b) ( ) As suas necessidades de recursos são independentes de suas
características operacionais, entre elas estão os seus ciclos operacional e
financeiro;
c) ( ) A aplicabilidade destes dois ciclos maximiza os resultados econômicos
da empresa;
d) ( ) Toda empresa deverá efetuar uma análise criteriosa de seus
ciclos operacional e financeiro para que tome suas decisões operacionais
e financeiras, procurando reduzir a sua dependência financeira e assim
aumentar o retorno financeiro de suas atividades.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 157


Saiba Mais

ADMINISTAÇÃO FINANCEIRA E CAPITAL DE GIRO

Por Vasconcelos, (2008)

Administração financeira, como o próprio nome sugere, consiste nas


ações de gestão de recursos com o intuito de maximizar os ganhos para os
sócios e acionistas.
É a gestão financeira que viabiliza o negócio e o retorno econômico
em si. Assim, o gestor financeiro é o profissional responsável pela viabilidade
desse retorno e a criação de valor para o negócio. Suas funções são próprias
de um alto executivo (ROSS, 2000).
As atividades do gestor compreendem a seleção e escolha de
alternativas de investimentos, decisões de financiamento (de curto e longo
prazo) e administração de riscos. Embora a tarefa desse profissional se
distancie de seu real papel em muitas organizações, são atividades comuns
à maioria dos gestores financeiros:

1. elaboração de relatórios de acompanhamento e diagnósticos


econômico-financeiros para suporte decisório (o gestor financeiro
atuar como um consultor interno no suporte ao processo de
planejamento e tomada de decisões importantes no contexto
organizacional);
2. preparação da programação financeira com base nas demandas
internas (unidades de resultados e setores) e externas (mercado);
3. fundamentação de projetos de investimentos;
4. realização de estudos de viabilidade;
5. elaboração de controles financeiros;
6. promoção de relacionamento com agentes externos;
7. elaboração do planejamento financeiro e coparticipação na
elaboração do planejamento estratégico;
8. gestão de capital de giro.

O gestor financeiro exerce funções de curto e longo prazo. São


funções de curto prazo: gestão de caixa, de crédito, de estoque e de passivo.
São funções de longo prazo elaboração de orçamento de capital, definição da
estrutura e relação com investidores.

158 UNIDADE 4
Para Lemes Junior (2004), o gestor financeiro poderá atuar como
analista de investimentos, de crédito, de cobrança, gerente de projeto,
coordenador de planejamento, controller, dentre outras funções. Já Gitman
(2001) ressalta a variedade de possibilidades de carreira, atribuindo-a a
complexidade do mundo dos negócios.
Ao gestor financeiro cabe a administração do capital de giro. Na
verdade, a gestão financeira conecta as áreas na organização. Por exemplo,
o gestor financeiro deve estar atento à eventuais superexpansão das vendas.
Quando as vendas crescem sem o suporte de recursos disponíveis para
financiar necessidades adicionais do giro, diz-se que a empresa atingiu um
estágio de overtrading.
O conceito de overtrading refere-se a uma forte expansão no volume
de atividade de uma empresa sem o devido lastro de recursos disponíveis
para financiar as atividades adicionais de giro (ASSAF NETO e SILVA, 1985)
Cada ação nas outras áreas da organização deve estar orquestrada
pela área financeira.
A tarefa de administrar o capital de giro de uma organização
compreende desde a definição do montante de capital de giro no ciclo
ao desenho e controle da estrutura financeira. A estrutura de capital é
consequência de decisões financeiras. Sua maior ou menor liberdade
decisória depende da qualidade das ações, sempre norteadas pela análise
de risco e retorno, grau de aversão ao risco e mensuração dos componentes
da estrutura (capital próprio e de terceiros).
Note que as funções do gestor financeiro são bastante amplas, sendo
notória a sua contribuição para o sucesso empresarial, podendo atuar em
diferentes tipos de organização (indústria, comércio e serviços, independente
de suas finalidades).
Os administradores financeiros gerenciam ativamente as questões
financeiras de muitos tipos de negócios financeiros e não-financeiros, privados
ou públicos, grandes e pequenos, com ou sem fim lucrativo. (GITMAN, 2001)
Toda organização, independente da natureza, demanda a aplicação
de estratégias de gestão financeira.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 159


UNIDADE 5
Técnica e análise de
planejamento financeiro

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 161


TÉCNICA E ANÁLISE DE
PLANEJAMENTO FINANCEIRO

TÉCNICA E ANÁLISE DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento é um processo sistêmico orientado pelos elementos


que identificam uma organização (missão, princípios e valores) e definem seu
curso. A prática do planejamento ordena e disciplina ações gerenciais, impõe
a reflexão dos critérios e profissionaliza a administração.
Na área do planejamento financeiro, os benefícios tornam-se mais
evidentes, pois a boa prática do planejamento enseja uma melhor alocação
de recursos e um monitoramento mais eficaz do negócio, minimizando
o problema clássico da “falta de capital de giro” apontada como uma das
causas mais frequentes da descontinuidade das organizações.
O planejamento financeiro mostra a viabilidade das estratégias
traçadas.

Conceito

Segundo Oliveira (1999), planejamento corresponde a um processo


desenvolvido para alcance de uma situação almejada de forma eficaz, com
adequada alocação de recursos e esforços. Pressupõe um conjunto de
providências definidas pelo executivo como necessárias para alcance dos
resultados planejados.
As previsões são instrumentos importantes para a elaboração
do planejamento. Diferem-se do planejamento porque consistem em um
conjunto de técnicas com o propósito de verificar as probabilidades de
eventos relevantes acontecerem, enquanto o planejamento compreende
procedimentos e ações (esforços) estruturados para que os objetivos
pretendidos sejam atingidos.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 163


As previsões ensejam um planejamento mais objetivo, pois estão
assentadas em estudos técnicos sobre o futuro.

Classificação dos níveis de planejamento

Segundo Ackoff (1992, p. 21) o “planejamento é necessário quando


a consecução do estado futuro que desejamos envolve um conjunto de
decisões interdependentes; isto é, um sistema de decisões”. Assim, o
planejamento pressupõe reflexos nos três níveis da organização: estratégico,
tático e operacional.
O planejamento estratégico tem como foco os objetivos gerais
da organização. Possui alcance de longo prazo, seu propósito maior é o
aproveitamento eficaz de oportunidades no ambiente e minimização das
ameaças, por meio da escolha de alternativas de ação mais adequadas. Está
também centrado na comunicação entre a empresa e o ambiente externo
(relacionamento entre as realidades interna e externa). É fruto da análise das
ameaças e oportunidades (interação com o ambiente) e da análise interna
(pontos fortes e pontos fracos do negócio).
O planejamento tático ou gerencial está relacionado com os objetivos
de médio e curto prazo. As ações são resultado da decomposição ou
desdobramento dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidas no
planejamento estratégico. Tem como objetivo otimizar determinada área de
resultado e não a empresa como um todo (OLIVEIRA, 1999).
O planejamento operacional corresponde a uma extensão do
planejamento estratégico, apresentando um nível maior de detalhes,
especificidades e quantificação. As ações são detalhadas por subunidades
da organização, e os resultados almejados são explicitados. “planejamento
operacional pode ser considerado como a formalização, principalmente
através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e
implantação estabelecidas” (OLIVEIRA, 1999, p. 46)
É relativamente comum os gerentes das áreas se preocuparem com
o desempenho de suas unidades, esquecendo-se muitas vezes do todo e das
consequências de suas ações sobre esse todo.
O planejamento operacional assume, neste sentido, uma função
objetiva (porque estende referências teóricas à prática gerencial) e integrada
(porque alinha o planejamento operacional ao planejamento tático e
estratégico).

164 UNIDADE 5
A figura a seguir, estabelece uma analogia entre as modalidades de
planejamento. Dessa análise, podem-se verificar pontos que são relevantes.

Figura 23 - Analogia entre os níveis de planejamento


Fonte: Adaptado pelo autor: de Oliveira (2000).

Tipos de planejamento

Planejamento por período – elaboração de planos de ação dentro


de um determinado período de tempo, podendo ser de curto, médio e longo
prazos. Geralmente segue a frequência ou periodicidade em que a entidade
divulga sua demonstração financeira ou declara seus rendimentos tributáveis.
Planejamento por projeto – tem por finalidade definir para cada
plano de ação as etapas que o compõem, do início até a conclusão do
empreendimento planejado.

Tipos de análise de planejamento financeiro

A análise do planejamento financeiro é vista sob dois aspectos:

1) A análise interna no nível operacional;


2) A análise interna no nível financeiro.

São relevantes as informações elaboradas para que seja feito um


diagnóstico sob os aspectos associados ao ciclo operacional, como:

1) A análise interna no nível operacional

a. Descrição do ciclo operacional:


b. Cadeia de suprimento (descrição geral com identificação dos

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 165


principais fornecedores e grau de dependências);
c. Pontos críticos do processo;
d. Problemas operacionais mais frequentes;
e. Qualidade da comunicação interna;
f. Motivação do grupo;
g. Qualidade da infraestrutura (ambiente físico);
h. Relações de poder;
i. Conhecimento organizacional (aquele acumulado pelas pessoas;
expertises, experiências na atividade);
j. Equipe de colaboradores (avaliação geral);
k. Restrições de capacidade;
l. Pontos fracos e fortes / possíveis conseqüências.

2) A análise interna no nível financeiro:

a. Análise de contexto;
b. Análise financeira;
c. Análise econômica;
d. Pontos críticos e seu impacto sobre a rentabilidade do negócio;
e. Relação entre os pontos fracos sinalizados na análise do ciclo
operacional e a situação financeira;
f. Impacto da situação financeira atual sobre as expectativas de
geração de resultados e consecução estratégica;
g. Considerações finais e recomendações;
h. Pontos fracos e fortes / possíveis consequências.

CONTROLE FINANCEIRO E ORÇAMENTÁRIO

Objetivos:

a. Entender os conceitos de controller e sua utilização nos sistemas


econômicos e financeiros empresariais;
b. Compreender a importância do controller no processo de avaliação
de desempenho empresarial;
c. Analisar os meios utilizados pelo processo de controle, visando
atingir seus objetivos dentro das organizações;
d. Analisar os procedimentos e métodos utilizados no processo de
controle financeiro e orçamentário.

166 UNIDADE 5
Controle financeiro

O controle financeiro auxilia na organização e controle de suas


finanças. Com formulários fáceis, são incluídos os seus lançamentos, tanto
de receitas como despesas. Assim podem ser controladas contas a pagar,
contas a receber, empréstimos, investimentos e compra e venda de ações. E
mais: todas essas informações podem ser facilmente consultadas através de
relatórios gráficos, com facilidade de gerar fluxos de caixas.

Controle orçamentáio

O controle orçamentário está diretamente relacionado com o


planejamento financeiro, não havendo sentido em projetar objetivos e metas
e não se realizar o controle correspondente às estimativas feitas.
Zdanowicz (1998) assevera que o controle orçamentário é a técnica
que procurará acompanhar, avaliar e analisar o planejamento financeiro
em suas várias etapas, verificando as defasagens entre os valores orçados
e realizados, para sugerir as medidas saneadoras que deverão ser
implementadas na próxima proposta orçamentária da empresa.
O estudo das teorias acima nos remete à importância do fluxo de
caixa como instrumento tático e estratégico na gestão. Seu propósito
primário é promover informações sobre os recebimentos e pagamentos
de caixa de uma entidade durante um período. Um objetivo secundário é
prover informação aproximada das atividades operacionais, atividades de
investimento e atividades de financiamento da entidade, durante o período
em curso ou projetado.

Importância do planejamento e controle financeiro

Planejar é uma das tarefas mais importantes em nossa vida. Saber


qual profissão escolher, onde passar as férias, o que fazer no final de semana,
quanto pagar por um vestido, em qual restaurante jantar; o sucesso ou fracasso
de cada ação na vida é fundamentalmente baseado em planejamento. Não
muito diferente acontece no mundo corporativo, em que as empresas, num
ambiente extremamente competitivo, precisam apresentar respostas rápidas
às demandas do mercado, com preços competitivos e qualidade certificada.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 167


Num contexto tão turbulento como o do século XXI, em que o mercado
se encontra numa situação que Peters (1987) classificou como caótica, dado
o nível de competição entre as empresas, a visão pró-ativa do executivo
que planeja os rumos de sua empresa torna-se uma questão fundamental.
Afinal, a falta de direcionamento claro pode induzir a organização a trilhar
caminhos obscuros e danosos, colocando-a em grandes dificuldades, ou até
mesmo levá-la à falência, fato que impulsiona as empresas cada dia mais à
elevação de seus níveis de profissionalismo e produtividade, colocando os
gestores incansavelmente à procura de alternativas para superar os desafios
encontrados no dia-a-dia.
O planejamento se faz necessário em todas as atividades da empresa,
mas principalmente nas atividades da área financeira; uma gestão financeira
eficaz tornou-se atualmente um fator crítico de sucesso.
Inicialmente, é preciso entender o que significa gestão, para permitir
o seu correto emprego no contexto do planejamento. O termo "gestão" deriva
do latim gestone, que significa gerir, gerenciar, administrar.
Para Perez Junior, Pestana e Franco (1995, p.12): “Administrar é
planejar, organizar, dirigir e controlar recursos, visando atingir determinado
objetivo.
Halloran (1994, p.22), sobre o planejamento financeiro, presume a
sua elaboração e resume: “embora as projeções financeiras sejam apenas
uma estimativa, elas tornam-se mais concretas à medida que você colhe um
número maior de informações”.
Tal estimativa, segundo Zdanowicz (1998), leva a projeção financeira
a ser precedida de atitudes dentro da empresa: projeção para o futuro –
a apresentação do orçamento determinará as novas condições de trabalho
como as estimativas: das vendas, dos custos de aquisições de matéria prima,
das contratações de mão-de-obra, dos demais custos indiretos de fabricação
e das despesas operacionais da empresa.
Dessa forma, a projeção deverá especificar o quanto e quando as
atividades deverão concretizar-se, considerando, em parte, o presente para
projetar o futuro
Ross et al. (1995) afirmam que o planejamento financeiro determina
as diretrizes de mudança numa empresa. É necessário porque (1) faz com
que sejam estabelecidas as metas da empresa para motivar a organização e
gerar marcos de referência para a avaliação de desempenho; (2) as decisões
de investimento e financiamento da empresa não são independentes, sendo

168 UNIDADE 5
necessário identificar sua interação; e (3) num mundo incerto a empresa deve
esperar mudanças de condições, bem como surpresas.
Nesse contexto, planejamento financeiro é o processo formal que
conduz a administração da empresa a acompanhar as diretrizes de mudanças
e a rever, quando necessário, as metas já estabelecidas. Assim, poderá a
administração visualizar com antecedência as possibilidades de investimento,
o grau de endividamento e o montante de dinheiro que considere necessário
manter em caixa, visando seu crescimento e sua rentabilidade.

Gitman (1987, p.250) afirma:

Os planos financeiros e os orçamentos fornecem


roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além
disso, esses veículos oferecem uma estrutura para
coordenar as diversas atividades da empresa e
atuam como mecanismo de controle, estabelecendo
um padrão de desempenho contra o qual é possível
avaliar os eventos reais.

Orçamento é uma ferramenta de gestão que explicita as intenções


da empresa em termos financeiros. O orçamento é uma ferramenta adotada
para o controle de suas finanças, sendo que contempla duas das funções
básicas propostas por (TAYLOR, 1978): o planejamento e o controle.
Horngren (2000, p.125) define orçamento como “expressão
quantitativa de um plano de ação futuro da organização para um determinado
período”. Já Meyer apud Tung, (1975, p. 22) define orçamento de forma mais
detalhada, descrevendo-o da seguinte forma:

[...] A gestão orçamentária se apoia em previsões,


função das condições internas e externas da empresa.
A partir dessas previsões, os responsáveis pela
empresa recebem atribuições – programadas e meios
– para um período limitado em valor e quantidade.
Em períodos regulares, é efetuado um confronto entre
esses orçamentos e as realizações, a fim de realçar
as diferenças que se verificarem. A explicação e a
exploração dessas defasagens constituem o controle.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 169


“O sucesso e a solvência de uma empresa não podem ser garantidos
meramente por projetos rentáveis e pelo aumento das vendas. “A crise de
liquidez”, isto é, a falta de caixa para pagar as obrigações financeiras sempre
põe em perigo uma companhia.” (GROPELLIi & NIKBAKHT 1998, p.365).
Nesse contexto, o fluxo de caixa tem-se apresentado como uma das
ferramentas mais eficazes na gestão financeira das empresas, como afirma
Zdanowicz (1998, p.19): “O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao
administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os
recursos financeiros de sua empresa para um determinado período”.
O fluxo de caixa possibilita ao gestor programar e acompanhar as
entradas (recebimentos) e as saídas (pagamentos) de recursos financeiros,
de forma que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas
determinadas, a curto e a longo prazos. A curto prazo para gerenciar o capital
de giro e a longo prazo para fins de investimentos.
Na visão de Welsch (1996, p.255-256),

o planejamento e o controle de disponibilidades


normalmente devem estar relacionados a três
dimensões temporais diferentes: 1) Planejamento
a longo prazo, quando a ocorrência de fluxos
corresponde às dimensões dos projetos de
investimento e à dimensão temporal do plano de
resultados a longo prazo (geralmente de cinco anos);
2) Planejamento a curto prazo, quando a ocorrência de
fluxos está enquadrada no plano anual de resultados;
3) Planejamento operacional, em que as entradas e
saídas de caixa são projetadas para o mês, a semana
ou o dia seguinte.

O planejamento financeiro a longo prazo busca conhecer


antecipadamente o impacto da implementação de ações projetadas sobre
a situação financeira da empresa, indicando ao gestor se haverá excesso
ou insuficiência de recursos financeiros. E o planejamento financeiro a curto
prazo reflete a preocupação de estimar detalhadamente as entradas e saídas
de dinheiro geradas pela própria atividade da empresa.
O planejamento operacional destina-se ao controle preciso das
disponibilidades, a fim de minimizar os encargos financeiros dos empréstimos
e maximizar os rendimentos das aplicações dos excessos.

170 UNIDADE 5
Sendo assim, o planejamento financeiro torna-se uma ferramenta
importante para quantificar em termos financeiros os anseios declarados
no planejamento estratégico, nos planos táticos e operacionais. E além de
indicar caminhos que levam a alcançar os objetivos da empresa, tanto a curto
como a longo prazo, cria mecanismos de controle que envolvem todas as
suas atividades operacionais e não-operacionais.
O planejamento e o controle orçamentário, quando realizados
juntamente com o controle financeiro, possibilitam mudanças táticas rápidas
para tratar de eventos estranhos ao processo administrativo, os quais
colocam em risco o alcance das metas estabelecidas. Aumentos inesperados
no índice de inadimplência no recebimento de créditos ou dificuldades na
obtenção de recursos de terceiros são rapidamente identificados.
Com um controle financeiro eficaz, a empresa poderá sempre adotar
uma postura pro-ativa em relação a tais eventos. Para Welsch (1996, p. 41),
controle “é simplesmente a ação necessária para verificar se os objetivos,
planos, políticas e padrões estão sendo atendidos”.
A gestão financeira, para ser eficaz, precisa estar sustentada e
orientada por um planejamento de suas disponibilidades. Para isso, o gestor
precisa de instrumentos confiáveis que o auxiliem a otimizar os rendimentos
dos excessos de caixa ou a estimar as necessidades futuras de financiamentos
para que possa tomar decisões certas e oportunas.
A sobrevivência e o crescimento da empresa são consequências de
um planejamento que envolve volume de vendas com margens de lucros
que remunerem de forma satisfatória o capital investido, e um plano de
recebimentos e pagamentos intercalados com boa margem de segurança do
primeiro para o segundo, garantindo assim a viabilidade e a permanência da
empresa no mercado.
A gestão financeira necessariamente passa pela elaboração de
seu planejamento, que muitas vezes existe informalmente para um número
reduzido de administradores ou empreendedores de negócios.

Processo de controle orçamentário

O controller, enquanto área responsável por suprir as necessidades


informativas dos gestores de uma organização, necessita fazer uso de uma
metodologia de trabalho que lhe permita desenvolver esta atividade da forma
mais dinâmica e econômica possível. A esta metodologia de trabalho é dado
o nome de processo de controle, conforme figura a seguir

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 171


Figura 24 - Processo de controle orçamentário
Fonte: o autor.

Objetivo do processo de controle

O processo de controle tem como objetivo principal a geração próativa


de informações para os tomadores de decisão.

O controle nas organizações

No sentido de otimizar o processo de tomada de decisão dos


gestores de uma organização, torna-se imperativo o estabelecimento de um
processo de planejamento e controle orçamentário, o qual possibilitará, por
meio da agregação e projeção de informações de todos os subsistemas,
o monitoramento prévio das possíveis performances de todos os setores
da organização. A figura na página seguinte apresenta o processo de
planejamento e controle orçamentário, considerando o conjunto de decisões
existentes em uma organização industrial. O estabelecimento de um processo
de planejamento e controle orçamentário para organizações comerciais e de
prestação de serviços pode ser realizado mediante a supressão de algumas
etapas do processo descrito para uma organização industrial,

172 UNIDADE 5
Figura 25 - Processo de planejamento controle orçamentário
Fonte: Adaptado de Welch (1992).

A primeira atividade pertinente ao desenvolvimento do planejamento


orçamentário refere-se à elaboração da projeção do volume de vendas.
Esta atividade será elaborada pelo setor responsável pelas atividades
mercadológicas da organização.
A controller, também denominado de controladoria, por sua vez, irá
elaborar diferentes cenários a partir da projeção elaborada. Cabe enfatizar
que não deve haver uma preocupação excessiva no que se refere à exatidão
da projeção de vendas, uma vez que a projeção inicial somente constitui a
referência a partir da qual os diferentes cenários, otimistas e pessimistas,
serão elaborados.
A verdadeira importância da projeção de vendas reside no fato de
que praticamente todas as decisões organizacionais dependem, direta ou
indiretamente, desta informação. Uma vez elaborados os diferentes cenários
de venda, será possível elaborar o planejamento do volume de produção.
Neste momento, são agregadas informações como níveis e políticas de
estoques, evidenciando, mais uma vez, a necessidade de agregar informações
para tornar efetivo o planejamento sistêmico da organização.
Conhecido o volume de produção projetado, torna-se necessário
projetar a utilização dos fatores de produção, que são constituídos por
insumos, estrutura física e pelos colaboradores da organização. Durante
esta etapa, evidencia-se a importância da existência de um processo de

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 173


planejamento e controle orçamentário, na medida em que é somente através
deste processo que se torna possível otimizar a utilização dos fatores de
produção, em função da realização do planejamento sistêmico.
A projeção da utilização dos fatores de produção possibilita, através
da utilização das mais diversas metodologias, a elaboração da projeção dos
custos e despesas em que a organização irá incorrer. Isto permitirá o cálculo
dos preços de venda de todos os produtos. Neste ponto, é necessário
salientar que estes preços não constituirão, necessariamente, os preços de
venda a serem praticados, mas, sim, serão utilizados para a comparação
com os preços de venda praticados pelo mercado. Esta comparação permitirá
avaliar previamente a necessidade de alteração na composição de custos
dos produtos e/ou na política mercadológica da organização.
Após a definição dos preços de venda a serem efetivamente
praticados, a controladoria deverá projetar os resultados financeiro e
econômico decorrentes de todas as projeções previamente elaboradas.
O resultado financeiro constitui-se na maior ou menor disponibilidade de
recursos por parte da organização, enquanto o resultado econômico constitui-
se na apuração de lucro ou prejuízo operacional. Os dois resultados diferem
constantemente em função da consideração ou não da variável "prazos de
pagamento e recebimento", sendo também utilizados os termos regime de
caixa, para a apuração do resultado financeiro, e regime de competência,
para a apuração do resultado econômico.
Devemos observar que no planejamento orçamentário, a controladoria
irá definir, para cada etapa do processo, quais as variáveis que serão
utilizadas para efeitos de controle, o que terá como resultado final um
conjunto de informações gerenciais, as quais serão repassadas aos gestores
da organização.

174 UNIDADE 5
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176 UNIDADE 5
CEZIMAR GOMES DA SILVA

Possui graduação (Bacharelado) em


Ciências Contábeis pela Universidade
Federal do Piauí (1985), Tecnólogo em
Planejamento Administrativo e Progra-
mação Econômica pela Universidade
Federal do Piauí (1982), Especiali-
zação em Contabilidade pela Pontifícia
Universidade Católica de Belo Hori-
zonte – PUC (1994), Mestrado em Ad-
ministração pela Universidade Federal
da Paraíba (2002), Doutorando em Ad-
ministração pela Universidad San Carlos em Assunción-Paraguai. Atualmen-
te é Professor Assistente Nível III da Universidade Estadual do Piauí e Coor-
denador de curso na Faculdade São Jose - Timon-MA.

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 177

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