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Uma vez me perguntaram se eu me arrependo de algo que eu fiz no passado.

Fiquei um tempão
pensando; poucas coisas vinham à minha mente, mas a maioria eram só erros que cometi durante
algumas missões de quando eu era gennin.
Pouco me importava com esses erros também. Desde pequena eu vivi minha vida aproveitando ao
máximo, e mesmo com as falhas eu ainda estou aqui, então por mim está tudo bem.
Não tem algo que eu me arrependa de ter feito.
Começou a chover de novo. Pelo menos isso. Enquanto o tempo estiver ruim, é bem improvável eu
ser convocada para alguma missão ou algo assim, eu não preciso sair. Depois de longos meses de
trabalho e gerenciando a minha loja de armas, eu teria um tempo só para mim mesma. Optei por
começar a arrumar minha casa, além de ir tirar logo as caixas empoeiradas no sótão.
Aproveitei pra ver o que tinha dentro delas. Eu sabia que eram coisas velhas, mas não tão velhas a
ponto de ter a flor branca que Neji me deu em uma das nossas tardes de treino.
“Ah, Neji…”. Suspirei colocando a flor de volta dentro do álbum de fotos do nosso time; como eu
sinto falta dele, daria tudo para tê-lo aqui. Tentei me manter forte na frente dos outros quando ele
morreu, principalmente do Lee, já que ele foi o que mais ficou mal com tudo. Porém, eu não
consegui dormir por vários dias, dentro do quarto eu me remoí em angústia, tristeza e dor. Toda
vez que eu fechava meus olhos ou pensava demais, eu pensava em Neji.
Queria Neji ao meu lado, mas nunca mais poderia consegui-lo. Choraria o tanto que pudesse e não
pudesse se isso fizesse ele voltar.
“Se eu tivesse pelo menos mais cinco minutos junto a ele”. Mal pude terminar minha frase e senti
lágrimas rolarem compulsivamente pelo meu rosto. “Não seja tola Tenten, não adianta chorar de
novo, ele já se foi faz mais de cinco anos”. Eu sei que, por mais que eu desejasse, ele não iria voltar,
o garoto que eu mais amei não iria voltar nunca mais.
Momentos como este, eu penso que eu deveria tirar de uma vez por todas o peso na consciência.
Ficar remoendo o passado não me levaria a nada.

Querido Neji,

Quero que saiba que sinto muito sua falta, e isso está me matando, já faz mais de dez anos e ainda dói como

se fosse o primeiro dia, sei que não irá ler e nem desejo que leia. Vejo nossos amigos mais velhos com suas

famílias e suas vidas “perfeitas” e penso como seria bom ter tido isso com você.

Acho que você ainda gosta de soba com peixe, por isso eu faço toda vez no seu aniversário, e isso me faz

sentir um pouco mais perto de você. Cada dia sem você tem sido um castigo, por que teve que me deixar?

Eu queria te dizer que desde que vi você nos braços do Lee, já sem vida, uma parte de mim morreu junto,

não consigo mais imaginar um cenário em que você não esteja comigo.

E para finalizar esta carta, que sei que пипса lerá, dizer quero que te amo com todo meu coração, e sei que

não serei capaz de te superar, talvez entender o porquê isso aconteceu, mas nunca te superar ou esquecer.

Com amor, Tenten.

A chuva tinha passado, o sol já estava brilhando bastante, mas não tanto quanto o sorriso do Lee e
do Guy-sensei que batiam na porta me chamando para treinar. Aceitei, só que antes eu pedi pra me
levarem a um lugar.
Foi definitivamente uma das decisões mais difíceis que já fiz na vida, mas sentia que se não fizesse,
iria me afogar em lembranças vagas desejando ter Neji com a gente novamente.
E então eles foram comigo em direção ao cemitério, Guy-sensei apontou para a parte com os
falecidos do clã Hiuuga, e mais ao lado uma menor dizendo “Neji Hiuuga”, meus olhos
imediatamente encheram-se de lágrimas, os dois disseram que me esperariam ao lado de fora.
Eu chorei na frente do túmulo, chorei mais que todas as outras vezes, sabia que era preciso, sabia
que ia doer e mesmo assim o fiz. Depois de tantos anos, estava de frente com Neji e doía tanto;
mostrei a carta a ele e disse “Eu fiz pra você, sei que não vai ler, mas eu fiz”.
Depois de tantas lágrimas derramadas, levantei-me e fui em direção à pequena loja de Ino que
tinha dentro do cemitério, só havia uma senhorazinha lá. Pedi a ela uma flor azul, ela era parecida
com a que eu tinha ganhado do Neji anos atrás, mas continha um outro enorme significado.
Ajoelhei-me, colocando a flor ao lado da lápide, só conseguindo dizer com a voz já falha:”Eu vou
sempre te amar, Neji, adeus”.
Agora eu tinha certeza, eu não tinha arrependimentos sobre as coisas que fiz no passado, e sim o
que eu não fiz, arrependia-me de não ter aproveitado o máximo possível o tempo com Neji.
Após me despedir, fui para fora do cemitério encontrar Lee dizendo que "finalmente eu havia me
despedido corretamente", ele então me abraçou, começando a chorar um pouco, tentei confortá-lo.
Longos minutos se passaram antes de ele- e eu- parar de chorar.
A tarde se passou tranquilamente, chegando em casa pedi que os dois me deixassem sozinha, pois
ainda precisava de um tempo para processar os acontecimentos do dia. Aquela noite foi uma das
primeiras que passei sem ficar mal pensando nele, não dormi corretamente, mas não fiquei me
lamentando por mais de meia hora como fiz por vários anos.
Vou sempre sentir falta de Neji, vou sempre amá-lo, só que agora era hora de seguir em frente.
Talvez em alguma outra vida, nós nos encontremos de novo, mas isso, apenas o destino irá dizer.

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