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Com as juntas dos dedos deu quatro leve toques na grande porta vermelha, sem

resposta. Tentou novamente, ouviu passos que logo sumiram, por segundos teve a
sensação de estar sendo observada, que também sumiu.
- Eu sei que está aí - Bateu na grande porta vermelha pela terceira vez.
Um sorriso surgiu no rosto da garota quando a porta se abriu, já esperava que aquilo
acontecesse.
-Eu já pedi para não vir aqui - Uma outra voz atrás da porta se pronunciou - Procure
outro lugar
Suspirou, não encontrava as palavras certas que iriam fazer a grande porta vermelha se
manter aberta, a garota estava indecisa. Se perguntou novamente o porquê estava lá.
- Mas eu prefiro aqui - Falou firme - Me deixe entrar, só preciso de um local para morar
por um tempo
A voz permaneceu em silêncio por alguns minutos.
-Vá procurar outro lugar- A silhueta de alguém com cabelo escuros curtos até os
ombros se formou quando o sol passou pela janela - Com certeza há outras pessoas
que estão dispostas a te deixar entrar
Não importava se a voz dissesse aquilo, a garota não se importava, era de seu
desagrado morar com outro alguém que não fosse a pessoa da casa com uma grande
porta vermelha. Era ela que a garota queria, só ela.
-só quero que a gente de certo, igual no passado
-Esse é o problema, o passado já se foi - Era perceptível a angústia dentre aquelas
palavras- guarde os presentes que te dei, vai ser a única coisa que ainda vai ter de nós,
nada mais nada a menos. Você deve procurar outro lugar para ficar.
-Eu tenho medo-Bateu na parede, apoiando sua cabeça no peito da mão- E se as
outras não me deixarem entrar? E se elas não me tratarem igual você me tratava? Eu
também tenho medo que tudo aconteça de novo, igual com a gente
Sem resposta, só sentindo ser assombrada pelo olhar de alguém que estava prestes a
chorar. “Continue tentando” foram as únicas palavras que pode ouvir em meio a um
sussurro.
- Seria muito mais simples se eu conseguisse- Levantou o pulso- Porém, por ironia do
destino eu continuo atada a você…Mesmo que me faça mal ao mesmo tempo que me
faz bem.
Havia um laço vermelho preso no pulso da garota, o mesmo a ligava para dentro da
casa, em direção a outra pessoa. A voz sem muito pensar disse para cortá-la, em sua
cabeça, sabia que era o melhor para as duas. Aquilo que impedia que a garota fosse
atrás de outro lugar para ficar podia sumir com muito facilitada; por outro lado, a faria
esquecer sobre a pessoa da casa vermelha.
-Não quero te perder- ela falou como se estivesse confessando um crime-Mas se eu
continuar presa, não me darei outras oportunidades.
- Posso ser sincera? - se rendeu - Eu também não… Mesmo que eu deixe várias
pessoas entrarem aqui, ainda tem uma parte de mim que espera que seja você.-
estendeu o braço com uma chave.- Nós nunca vamos ser como antes, mas pelo menos
teríamos algo para por um fim
- Por mais que eu queira voltar, eu não quero insistir a você, nós funcionamos como
vizinhas mesmo que fossemos tão belas morando juntas- Pegou a chave- Esse é nosso
ponto final então
A pessoa da porta vermelha saiu de casa, deu um último abraço na garota, ela cortou a
fita vermelha com um sorriso. A única forma de realmente acabar com aquele algo, era
tendo aquele momento.
As duas estavam sorrindo. Elas sorriram até o momento que a grande porta vermelha
foi fechada.

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