O Poesia com Elos é um projeto fotográfico que propõe a naturalização da nudez não sexual. É um ensaio que explora os corpos de uma maneira poética e orgânica, apresentando um trabalho plasticamente encantador mas que traz uma discussão política bem importante de pano de fundo. Sobre como a sociedade atual transformou pessoas (sobretudo mulheres) em mercadoria e aprisiona almas e mentes dentro de padrões de beleza quase que irreais.
O Poesia com Elos é um projeto fotográfico que propõe a naturalização da nudez não sexual. É um ensaio que explora os corpos de uma maneira poética e orgânica, apresentando um trabalho plasticamente encantador mas que traz uma discussão política bem importante de pano de fundo. Sobre como a sociedade atual transformou pessoas (sobretudo mulheres) em mercadoria e aprisiona almas e mentes dentro de padrões de beleza quase que irreais.
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Public Domain
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O Poesia com Elos é um projeto fotográfico que propõe a naturalização da nudez não sexual. É um ensaio que explora os corpos de uma maneira poética e orgânica, apresentando um trabalho plasticamente encantador mas que traz uma discussão política bem importante de pano de fundo. Sobre como a sociedade atual transformou pessoas (sobretudo mulheres) em mercadoria e aprisiona almas e mentes dentro de padrões de beleza quase que irreais.
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Quando penso em projeto autoral artístico de sucesso
penso em tempo. Tempo ativo, tempo largo e tempo investido. Falo em tempo e em paciência, tudo que demora é mais consistente, consciente, pregnante e atravessa fases. Acredito numa arte que experimente a sociedade, suas conexões ligadas a sensações do grupo e expurgando dores e desrespeitos assimilados inconscientemente por nós e impresso em nossas peles ao longo de nossa história: isso não poderia ser feito, visto e reco- mendado em poucos meses. Esse estudo é coisa de anos, décadas e vida toda. O Poesia com Elos é jornada terapêutica: é estudo do ser através de uma proposta nova de liberdade assistida e registrada. Esse caminho é cheio de propósito, significado e justificativa. Tudo que registramos, damos importância. Colocamos luzes, holofotes e intenções. Catalogamos na nossa linha do tempo um estudo sobre auto amor, uma nova leitura, mais generosa sobre encontros e sobre nós mesmos. Fazemos uma vivência e a proposta dela é o registro: isso é importante! Mostra para nosso consciente que cuidamos dele e podemos provar! Isso grifa a entrega do ser e uma esperança de se sentir melhor dentro de si e fazendo parte de um grupo. Aquilo que olhamos repetidas vezes se transforma, porque o pensamento é mutável, a nossa percepção muda a cada novo olhar. Fotografar e re-observar composições artísticas e teatrais é dar a chance das coisas serem mais profundas e belas do que se era possível assimilar num primeiro momento. Olhar para uma composição fotográfica por dezenas de instantes é dar a chance daquela imagem ser mais do que o presente lhe imprimiu. Você ler o olhar de uma artista sobre si e a partir daquela visão transformar a sua própria percepção em algo mais generoso, é auto cuidado no nível mais rebuscado. Ignorar as perversidade do sistema e mergulhar em intenções positivas sobre nossa pele é caminho para dissolução dos nossos complexos. O Poesia com Elos me justifica como mulher artista e eu já disse isso, mas sempre que minha arte é injustiçada, perseguida e censurada eu preciso me repetir para eu não entristecer, esmorecer e desistir. Pela 5 vez, o perfil do projeto no Instagram está fora de atividade, já faz quase 1 mês que sigo impossibilitada de movimentar meu meio de produção porque alguns seres inábeis nas normas judiciais, inábeis a legalidade e também à poesia assim desejam. Lutar contra uma empresa bilioná- ria não é missão fácil, prazeirosa nem muito menos recompensador. Mas toda forma de arte que persiste apesar da negação periódica do sistema se mostra digna de pertencer a história. Os projetos autorais que dissolvem, desanimam e murcham com os ataques do conservadorismo são muitos, e para mim, estar no grupo que insiste, persiste, persevera e ainda que aos prantos segue investindo tudo que tem nessa ideia e ação, me deixa orgulhosa de mim. Apresento o ensaio coletivo de número 58 nessa edição de Fevereiro, e fico feliz de ter você ao meu lado apesar do mundo querer nos desconectar como rede e me apagar como mulher artista. Junho de 2020