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Poesia com elos

45ª edição
Pamela Facco
Poesia com elos

Mulher artista, resista!

Quando penso em projeto autoral artístico de sucesso


penso em tempo.
Tempo ativo, tempo largo e tempo investido.
Falo em tempo e em paciência, tudo que demora é
mais consistente, consciente, pregnante e atravessa
fases.
Acredito numa arte que experimente a sociedade, suas
conexões ligadas a sensações do grupo e expurgando
dores e desrespeitos assimilados inconscientemente
por nós e impresso em nossas peles ao longo de nossa
história: isso não poderia ser feito, visto e reco-
mendado em poucos meses.
Esse estudo é coisa de anos, décadas e vida toda.
O Poesia com Elos é jornada terapêutica: é estudo
do ser através de uma proposta nova de liberdade
assistida e registrada.
Esse caminho é cheio de propósito, significado e
justificativa.
Tudo que registramos, damos importância.
Colocamos luzes, holofotes e intenções.
Catalogamos na nossa linha do tempo um estudo sobre
auto amor, uma nova leitura, mais generosa sobre
encontros e sobre nós mesmos.
Fazemos uma vivência e a proposta dela é o registro:
isso é importante! Mostra para nosso consciente que
cuidamos dele e podemos provar!
Isso grifa a entrega do ser e uma esperança de se
sentir melhor dentro de si e fazendo parte de um
grupo.
Aquilo que olhamos repetidas vezes se transforma,
porque o pensamento é mutável, a nossa percepção
muda a cada novo olhar.
Fotografar e re-observar composições artísticas
e teatrais é dar a chance das coisas serem mais
profundas e belas do que se era possível assimilar
num primeiro momento.
Olhar para uma composição fotográfica por dezenas de
instantes é dar a chance daquela imagem ser mais do
que o presente lhe imprimiu.
Você ler o olhar de uma artista sobre si e a partir
daquela visão transformar a sua própria percepção
em algo mais generoso, é auto cuidado no nível mais
rebuscado.
Ignorar as perversidade do sistema e mergulhar em
intenções positivas sobre nossa pele é caminho
para dissolução dos nossos complexos.
O Poesia com Elos me justifica como mulher artista
e eu já disse isso, mas sempre que minha arte é
injustiçada, perseguida e censurada eu preciso
me repetir para eu não entristecer, esmorecer e
desistir.
Pela 5 vez, o perfil do projeto no Instagram
está fora de atividade, já faz quase 1 mês que
sigo impossibilitada de movimentar meu meio de
produção porque alguns seres inábeis nas normas
judiciais, inábeis a legalidade e também à poesia
assim desejam. Lutar contra uma empresa bilioná-
ria não é missão fácil, prazeirosa nem muito menos
recompensador.
Mas toda forma de arte que persiste apesar da
negação periódica do sistema se mostra digna de
pertencer a história.
Os projetos autorais que dissolvem, desanimam e
murcham com os ataques do conservadorismo são
muitos, e para mim, estar no grupo que insiste,
persiste, persevera e ainda que aos prantos segue
investindo tudo que tem nessa ideia e ação, me
deixa orgulhosa de mim.
Apresento o ensaio coletivo de número 58 nessa
edição de Fevereiro, e fico feliz de ter você ao
meu lado apesar do mundo querer nos desconectar
como rede e me apagar como mulher artista.
Junho de 2020

Poesia com elos


45ª edição
Pamela Facco

Fevereiro de 2024

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