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Conceitos da Psicanálise, livro de Jeremy Holmes.

MELANCOLIA

É como andar na escuridão, onde ficamos sozinhos, sobre o risco de sermos atacados e desprotegidos. É estar dissociado e perdido, sem apego, sem segurança e em clausura. Onde Tudo

se encontra fora de alcance, inacessível.

Sensação de raiva, desespero e ódio, e ainda, ódio pelo seu ódio. Essa raiva é uma tentativa de punir o mundo e a si mesmo. É tomado por uma inveja contra os que não se sentem tão

aflitos.

É a lembrança da nossa fragilidade , impotência, incapacidade de controlar o outro e o incontrolável.

A depressão é sombria, solitária, desligada.

O apego aos seus entes e a própria vida se desfez. A raiva aqui, é uma tentativa de reestabelecer um certo nível de convívio. A raiva é para que os outros prestem atenção, é uma súplica é

uma advertência.

É uma ânsia por ter perdido algo, que em muitos casos, nunca foi seu.

Ser deprimido é estar faminto, mesmo depois de ter comido.

"O humor deprimido resulta de um pensamento deprimido, e não o contrário ".

Beck

Culpa onipotente.

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RACIOCÍNIO FALHO:

- Inferência Arbitrária- interpretação negativa sem levar em conta outras explicações.

- Abstração Seletiva - tirar fatos do contexto.

- Generalização - tomar uma experiência negativa como representante de todas.

- Personificação - as adversidades são interpretadas de modo auto-referencial.

- Minimização e Maximização - os acontecimentos negativos ganham proporções exageradas, e as positivas menosprezadas.

- Simetria e Assimetria - só se compara ao que é ruim ou inalcançável.

- Raciocínio Dicotômico - as coisas são vistas só em preto e branco, oito ou oitenta.

- Desesperança Aprendida - incapacidade de decifrar ou controlar premiação/castigo. Desesperança/desespero.

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SUICÍDIO:

- Três vontades que contribuem:

. vontade de matar (ex.homem bomba);


. vontade de ser morto (passividade implicita, "não tenho vintade de me matar, mas ...). Diz respeito a culpa e necessidade de castigo. Sentimento de não querer viver, e, talvez, uma

punição para os entes queridos - "ficariam melhor sem mim".

. desejo de morrer (dor psíquica intensa, mais forte que uma dor coronariana. Sentimento de estar preso a melancolia.

Vale ressaltar que ao morrer, o suicida, não se livrará da sor psíquica uma vez que ela ficará como uma herança, até a morte, para os entes queridos.

O suicídio pode trazer a concepção de que o corpo morre, mas a mente permanece. O EU que vive e o EU que morre.

O suicídio é um modo perverso de solução.

No suicidas há uma necessidade de dependência intensa e não resolvida a um objeto perdido. É uma vontade regressiva de reencontrar a figura materna perdida, e restaurar a unidade

própria.

No suicida e nas pessoas que se cortam, existem uma balança, em que a pessoa "pode estar querendo ajuda", ou "querendo chamar a atenção". E essa balança varia de tempos em tempos,

pendendo de um lado para o outro, querendo morrer e viver. É uma ambivalencia de amor e ódio sobre um objeto, em quw tem que se enxergar o objeto de amor e de ódio, separados do

suicida, fazendo a balança pender para o amor, e consideração pelo objeto, e não para a vontade de destrui-lo.

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TÉCNICAS COGNITIVAS PARA A DEPRESSÃO:

1 - Diário de humor para identificar as variáveis deste, e seus gatilhos. Também contribuí para a objetivação e distanciamento do humor deprimido .

2 - Identificação de Pensamentos Automáticos.

3 - Uso de porcentagens estimadas do peso associado a pensamentos diferentes. Ex. "Ele não se importa comigo" - peso de 90%; a alternativa seria "o telefone dele não está funcinando" -

peso de 10 %. Se hoverem outras possibilidades, a estimativa do pensamento negativo pode diminuir. A medida que o tempo avança, os pensamentos negativos diminuem.

4 - Testes de realidade. Ex. Achar que para ser feliz, é preciso galgar uma carreira. Ai se indaga se alguém bem sucedido não pode ter depressão? E o contrário, alguém que não alcançou

um alto nível não pode ser feliz?

5 - Programação de atividades diárias para sair da inércia, angústia e sensação de vazio (que faz parte do cotidiano do depressivo). Ex. de 2 em 2 horas, fazer uma determinada atividade

diária. Isso vai de encontro à tendência de se sentir inútil, ou de comparar suas pequenas realizações com metas impossíveis.

6 - Meditação- ajuda a se distanciar de seus sentimentos e pensamentos. Aqui não cabe, somente, técnicas de relaxamento, mas meditar sobre algo específico (filosofar) ou sobre um

determinado trecho de um livro.

7 - Já existem técnicas de eletro choque que curam a depressão

COMO OCORRE A MUDANÇA NA PSICOTERAPIA DA DEPRESSÃO?

1- A descoberta de um objeto/base, para depois perder esse objeto, por um luto, e não uma depressão.

2 - Substituição de uma auto-estima ferida por um narcisismo.

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O AMIGO PERGUNTA

“Como Freud via a depressão?”


Francisco Daudt: A depressão nunca fez parte da lista de doenças psíquicas (psicopatologia) elaborada por Freud. O último parágrafo será dedicado a ela. O mais perto que ele chegou

dela foi com a melancolia e a neurastenia. Melancolia é um desses termos lindos em extinção. Vem do grego (melanos: preto; colis: a bile), significa “envenenado pela bile negra”. Lembra um

outro diagnóstico ultrapassado, que seria o oposto da depressão, a mania (da psicose maníaco-depressiva, hoje transtorno bipolar do humor): “euforia mórbida”. É lindo, e diz tudo: boa

disposição (euforia) doentia (mórbida).

Para Freud, a melancolia era um estado de maus humores (imaginando-se que o fígado despejava no sangue secreções que deveriam ir para o intestino) em que a pessoa ficaria

momentânea e repetidamente “possuída”, se comportando como alguém importante de sua vida com quem tivera uma relação pra lá de ambivalente. Ela se comportava como a mãe, p.e. (a

quem tinha odiado), e em seguida ficava se recriminando por isso, numa ressaca moral horrorosa.

A neurastenia era um estado de “fraqueza nervosa” (tradução do termo), de prostração e falta de ânimo, resultado do excesso de masturbação. É engraçado que só acometesse a algumas

pessoas, pois outras relatam cinco ou mais masturbações diárias sem causar qualquer desânimo. Mas tive um paciente (deprimido) que era sim viciado em masturbação. Digo viciado neste caso,

pois seu hábito - que não causa mal em ninguém - fazia com que ele perdesse trabalhos, atrapalhava seu sustento. Como disse antes, o vício dá prazer, mas faz mal.

A depressão tem um pouco disso tudo: maus humores e prostração, vícios (que são seus “remédios” naturais, o álcool é o mais comum) etc. O traço mais marcante da depressão é a falta

de graça na vida. O traço menos reconhecido é a irritabilidade: de uma hora para outra, a pessoa está puxando briga com o pipoqueiro, é capaz de ficar furiosa com o seu jeito de passar

manteiga no pão. Às vezes, a irritabilidade é o único sintoma da depressão, o que faz com que ela não seja diagnosticada, e a pessoa siga sofrendo duplamente: porque está deprimida e porque

ninguém a aguenta mais.

A depressão é um mecanismo de defesa, fruto de uma linha de montagem: submetida por muito tempo a angústias, raiva contida, sentimento de culpa, ou tudo isso junto, a pessoa vive o

stress (estado desses mal-estares de forma prolongada). E o stress desencadeia a depressão.

Freud aprendeu que a psicanálise sozinha não dava conta da depressão, e isso o deixava muito frustrado. Ele sonhava que no futuro haveria medicamentos que revertessem o quadro. Parte

da minha enorme admiração por Freud vem do fato de ele reconhecer seus erros e suas insuficiências.

Pois o sonho de Freud se realizou: os antidepressivos modernos são uma ferramenta formidável. Eles permitem que o paciente tenha alívio, recupere sua inteligência, tire a farpa do dedo.

É aí que entra o analista: só então se pode investigar a linha de montagem que causou a depressão, permitindo que o paciente atue sobre ela. O antidepressivo não “curou” a depressão; ele abriu

espaço para que se compreenda como ela se formou. Daí sim, vem a cura.

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ESTRUTURAS:

A comunicação entre as fendas sinápticas são mais lentas.

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