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CENTRO UNIVERSITÁRIO FECAF - UNIFECAF

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

MARIA R. O SILVA RA: 51755

RESUMO LIVRO

Luto e Melancolia - Freud

TABOÃO DA SERRA

2024
MARIA R. O SILVA RA: 51755

RESUMO LIVRO

Luto e Melancolia - Freud

Trabalho realizado para disciplina de


Estagio escolar. Curso de Psicologia no
Centro Universitário UniFECAF.
Professora

TABOÃO DA SERRA

2024
LUTO E MELANCOLIA

A obra "Luto e Melancolia" foi escrita por Sigmund Freud em 1915, durante a
Primeira Guerra Mundial. Neste período, o mundo estava imerso em conflito, e o
impacto psicológico da guerra sobre as pessoas era uma preocupação relevante.
Freud estava interessado na compreensão das emoções e dos processos mentais
associados ao luto e à melancolia (ou depressão). Suas ideias foram influenciadas
pelo contexto social da época, onde a guerra e suas consequências desafiaram a
compreensão convencional da psicologia.

Freud inicia o texto propondo uma comparação entre a essência da melancolia


e o afeto normal do luto.

Cita que as influências vitais que ocasionam as duas condições se coincidem.


O Luto é a reação à perda de uma pessoa querida ou de uma abstração que esteja
no lugar dela, como Pátria, liberdade, ideal etc. Em algumas pessoas se observam
em lugar do luto uma melancolia, o que nos leva a suspeitar nela uma disposição
patológica.

Em sua obra, Luto e Melancolia, Freud relata e diferencia a forma que cada ser
humano reage e lida com as perdas e como ele se constitui a partir delas. Ter ligações
com o que se perde na vida é inegável na formação da vida mental de cada pessoa,
mas a forma de cada pessoa processar essas perdas são distintas.

O luto ocorre quando a nossa carga energética (libido) está em um objeto,


pessoa, e há uma perda, um trauma desse objeto, a nossa psique não consegue
redirecionar de forma imediata a energia para outro objeto pois precisa voltar essa
energia para pessoa para ser elaborada. Essa perda ainda que momentânea traz uma
fragmentação e desestruturação do sujeito, e isso é um desafio para o aparelho
psíquico. É um processo mental natural no desenvolvimento humano, além de tratar
de um sentimento singular, por mais que uma família passe pelo mesmo processo de
luto as reações o enfrentamento será individualizado.

No luto o sujeito se afasta do convívio da sociedade porque ele vai ficar


concentrado em desinvestir do objeto perdido para fazer a tela da fantasia dilacerada
pela perda.
Segue como exemplo dois indivíduos em situações semelhantes de perda:

JÚLIA ANA

Luto Melancolia

Não é considerado Estado


estado Patológico,
patológico.
apesar dos prejuízos
sociais.

Será superado depois Encaminhamento para


de algum tempo, tratamento médico.
considera-se prejudicial
perturbá-lo.
CARACTERÍSTICAS:

MELANCOLIA LUTO

- Desamino profundamente doloroso; - Desamino profundamente


doloroso;
- Suspensão pelo interesse pelo mundo externo;
- Suspensão pelo interesse pelo
- Perda da capacidade de amar;
mundo externo;
- Inibição de toda atividade e um rebaixamento
- Perda da capacidade de amar;
do sentimento de autoestima, que se expressa
em autorrecriminação e auto insultos, chegando - Inibição de toda atividade.
até a expectativa delirante de punição.

*Nota-se que as características se repetem com exceção a Perturbação do sentimento


de autoestima, que não se encontra dentre os atributos do Luto.

POSIÇÃO DO LUTO

LIBIDO:

Freud chamou de libido a energia que dirigimos aos objetos de nossos desejos.

1. O objeto amado não existe mais e agora exige que toda a libido seja retirada
de suas ligações com esse objeto;
2. O sujeito não abandona com facilidade uma posição da libido, nem mesmo
quando há a oportunidade de substituição;
3. Oposição pode ser tão forte que ocorre um afastamento da realidade por meio
de uma Psicose Alucinatória de desejo;
4. Pouco a pouco, com grande investimento de tempo e energia, as lembranças
e expectativas pelas quais a libido se ligava ao objeto são focalizadas e super
investidas e nelas se realiza o desligamento da libido;
5. Esse processo doloroso nos parece natural, mas uma vez concluído o trabalho
de luto, o ego fica novamente livre e desinibido.

*Nesse caso, evidentemente, o sujeito tem conhecimento do objeto perdido, nada do


que diz respeito a perda é inconsciente.

Podemos destacar fases que ocorre no tempo do processo do luto:

• Negação: ocorre quando recebe a notícia da perda.


• Raiva: ocorre quando não se pode negar o fato ocorrido (a morte do ente
querido por exemplo), momento da revolta.
• Barganha: há uma falsa esperança de cura ou retorno, pois o sujeito acredita
que merece receber essa graça.
• Depressão: surgem sentimentos de solidão, abandono e saudades
• Aceitação: quando o sujeito entende e aceita a perda ocorrida. Nesse momento
a vida começa a tomar um novo rumo na história.

POSIÇÃO DA MELANCOLIA

1. Sob as mesmas características do Luto, porém, em alguns casos, não se pode


discernir o objeto da perda;
2. Pode acontecer também do doente saber quem ele perdeu, mas não o que se
perdeu nele (Nota-se que Freud se refere ao melancólico, como “doente”);
3. A melancolia se comporta como uma ferida aberta que atrai todas as
concentrações de toda a energia psíquica (mental ou emocional).
4. É um estado que emerge da combinação de certas condições, como visto, a
perda de um objeto (como no luto), a ambivalência das emoções em relação a
esse objeto (amor e ódio, como na neurose obsessiva) e o retorno de libido
para o ego.
Luto Melancolia
Nada do que diz respeito à perda é Não se tem consciência do objeto de
inconsciente. perda.
Tem consciência do motivo da inibição e Impressão enigmática, não se pode ver
falta de interesse, justificada pelo luto. o que absorve tão completamente os
doentes.
No luto, é o mundo que se torna pobre e Falta de autoestima, empobrecimento do
vazio. ego, se acham indignos, delírio de
inferioridade.

Quadro Clínico da Melancolia

Desagrado moral com o próprio Ego, acima de outros defeitos.

✓ Defeito Físico;
✓ Feiura;
✓ Fraqueza;
✓ Inferioridade Social.

✓ No caso da depressão, ocorre uma diminuição da autoconfiança do sujeito.


Normalmente, o sujeito apresenta seu ego como inútil, incapaz de realização e
moralmente desprezível. Ele está cheio de autoacusações, se degrada, quer
ser enxotado e punido.
✓ Não é uma apenas menosprezar, há um desejo de anunciar a sua inutilidade.
Na prática existe uma discrepância entre o grau de imparidade e a própria
justificação. No entanto, esta auto degradação é uma descrição precisa da sua
situação mental.

São Objetos de autoavaliação, onde o empobrecimento assume um lugar


preferencial entre seus temores ou afirmações.
As acusações direcionadas ao próprio sujeito, dentre as mais violentas, se
adequam muito pouco á sua própria pessoa, mas com algumas modificações, dizem
respeito a uma outra pessoa, a quem o doente ama, amou ou deveria amar.

Chave do Quadro Clínico: As autorrecriminações, são na verdade


recriminações contra um objeto de amor, a partir do qual se voltaram
sobre o próprio ego.

Ex. A mulher que se apieda do marido por estar ele tão ligado a uma mulher tão
incapaz, na verdade quer se queixar da incapacidade do marido.

O sujeito não sente vergonha em relação as queixas, porque na verdade tudo


o que está dizendo sobre si mesmo, no fundo diz de outrem. Sentem-se ofendidos e
injustiçados.

PROCESSO MELANCÓLICO

Escolha do Objeto Ligação da Libido a uma Ofensa real/ Decepção


determinada pessoa da pessoa amada.

Relação do Objeto ficou


abalada.

Resultado Normal: Uma retirada da libido desse objeto e o seu deslocamento para um
novo.

Resultado no Sujeito Melancólico:

✓ A Libido livre não se deslocou para um outro objeto, e sim se retirou para o ego;
✓ Lá, ela não encontrou um uso qualquer, mas serviu para produzir uma
identificação do ego com o objeto abandonado;
✓ Assim, a perda do objeto se transformou em perda do ego, e o conflito entre o
ego e a pessoa amada em uma bipartição entre a crítica do ego e o ego
modificado pela identificação.

✓ Após a perda do sujeito, o sujeito vivencia sentimentos contraditórios entre amor


e ódio. A identificação narcisista concentra-se no ego, que é essencial no amor.
Em troca, o ódio entra em jogo e viola o eu do sujeito. É exatamente assim que
Freud explica o suicídio.
✓ Tanto na paixão intensa como no suicídio, o ego é dominado pelo objeto, este
último tornando-se mais forte que o primeiro. Para o autor, o sujeito só pode
suicidar-se na medida em que o impulso assassino contra os outros seja dirigido
contra si mesmo. Proteger é um dos instintos básicos do ego.
Importante ressaltar que um luto não elaborado pode se tornar um estado
patológico de melancolia.

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