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Fundamentos da teoria
psicanalítica I: constituição do
aparelho psíquico
Segunda tópica
Conceitos fundamentais

Bloco 1
Jéssica Silva Oliveira
Conceitos fundamentais

Influenciado por uma metapsicologia, Freud amplia o


conceito de sua concepção topográfica para um estrutura
mental denominada segunda tópica.
Os elementos presentes nessa nova estrutura interagem
entre si, logo, são interdependentes.
Como resultado dessa interação, surge a pensar, oriundo
dos pensamentos, ações e suas consequências.
Conceitos fundamentais
A mente é composta por três estruturas:
Figura 1 – Estrutura psíquica segunda tópica

Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/iceberg-metaphor-structural-
model-psyche-diagram-370078097. Acesso em: 30 jul. 2021.
Conceitos fundamentais

A mente é composta por três estruturas:

• Id ou Isso.
• Ego ou Eu.
• Superego ou Supereu.
Conceitos fundamentais

A mente é composta por três estruturas:


• Id ou Isso.
• Conteúdos inconscientes – podendo ser
hereditários e inatos ou ainda recalcados e
adquiridos.
• Tem conexões com o biológico.
• Reservatório de energia psíquica.
• Constituído pelas pulsões.
• Regido pelo princípio de prazer.
Conceitos fundamentais

A mente é composta por três estruturas:


• Ego ou Eu.
• Em grande parte é inconsciente.
• Possui uma relação de dependência para com as
reivindicações do id, os imperativos do superego e
as exigências da realidade.
• Polo defensivo da personalidade (mecanismos de
defesa).
Conceitos fundamentais

A mente é composta por três estruturas:


• Superego ou Supereu.
• Herdeiro do complexo de Édipo.
• Representante moral e de normas éticas.
• As imagens parentais introjetadas formam seu
núcleo, já os elementos essenciais provêm de
exigências impessoais e do ambiente social.
• Parcialmente consciente.
Segunda tópica
A nova estrutura psíquica e suas
interrelações

Bloco 2
Jéssica Silva Oliveira
A nova estrutura psíquica e suas interrelações

• Ego e Id.
• O ego se desenvolve a partir do sistema
perceptivo a nível pré-consciente.
• A parte inferior do ego se funde com o id,
separadas somente pelas resistências (repressão).
• Essa comunicação explica a existência das
resistências inconscientes e das operações
intelectuais complexas.
• Ego corporal.
A nova estrutura psíquica e suas interrelações

• Ego e id.
• Contribui para a formação do ‘caráter’.
• Ego como objeto de amor do id (identificação).
• Narcisismo secundário: a libido retirada dos
objetos é investida no ego (dessexualizada).
• Identificações que modificam o ego por meio do
complexo de Édipo resulta em um ideal do ego
(superego).
A nova estrutura psíquica e suas interrelações

• Superego e ego.
• Ideal do ego é tido como sinônimo de superego.
• Herdeiro do complexo de Édipo.
• Representante e resíduo das primeiras escolhas
objetais do id.
• É formado pela identificação com o pai
(autoridade) e a introjeção da proibição do
encesto.
A nova estrutura psíquica e suas interrelações

• Superego e ego.
• O superego busca controlar o ego apresentando-
se de forma severa.
• Dele, provém os elementos éticos do ser humano.
• Devido à tensão das duas instâncias é possível
gerar um sentimento consciente de culpa e
inferioridade.
A nova estrutura psíquica e suas interrelações

• A nova estrutura e as pulsões.


• Freud apresenta a possibilidade da existência de
Eros (pulsão de vida) dessexualizado e sublimado
(energia neutra) tanto no ego quanto no id.
• Ela estaria a serviço do princípio do prazer para
neutralizar bloqueios e facilitar a descarga.
• Com a diminuição da tensão realizada por Eros e a
criação de novas tensões faz com que o id busque
o prazer e evite o desprazer.
• A sublimação do ego auxilia o id a controlar as
tensões pulsionais.
Segunda tópica
Doenças psíquicas

Bloco 3
Jéssica Silva Oliveira
Doenças psíquicas

Com o id, ego e superego se interligando, causando


consequências na vida humana, aliada às pulsões de vida
e pulsões de morte é possível que se tenha um
funcionamento psíquico saudável, assim como pode ser
promotor de aflições e patologias.
Doenças psíquicas

Três doenças psíquicas oriundas nessa interligação serão


apresentadas a seguir:
• Neurose obsessiva.
• Melancolia.
• Histeria.
Doenças psíquicas

• Neurose obsessiva.
• Existe uma regressão à organização pré-genital.
• O investimento libidinal afetuoso no objeto oriundo
do id se transforma em agressivo, liberando da pulsão
de destrutividade que visa eliminar o objeto.
• O ego luta contra essa pulsão e consegue manter no
id por meio das formações reativas.
• O superego vê o ego como o responsável pelo desejo
de destruição e pela transformação do amor em ódio,
e o censura por isso.
Doenças psíquicas
• Neurose obsessiva.
• O ego ocupa um lugar em que necessita lidar com
as tendências destrutivas do id e a censura punitiva
do superego.
• Como resultado, ele consegue controlar apenas as
ações mais brutais tanto do id quanto do superego,
mas, por não controlar as ações em sua totalidade é
possível observar no indivíduo uma autotortura e
uma tortura contra o objeto.
• O sentimento de culpa é forte e evidente, porém, o
ego não consegue justificá-lo.
Doenças psíquicas

• Melancolia.
• Aqui existe uma perda real ou emocional do objeto
e sua introjeção no ego novamente por meio da
identificação.
• Existe também uma cisão do ego: uma parte do ego
contém o objeto perdido e a outra é a parte que o
ataca.
• A parte hostil do ego abrange a consciência moral,
que é a instância crítica dentro do ego.
• Os ataques ao objeto são direcionados para o ego
por meio das autocensuras e autocríticas.
Doenças psíquicas

• Melancolia.
• A pulsão de morte possui influência sobre o
superego, e dependendo da intensidade pode
ocasionar a morte do sujeito por suicídio.
• Por decorrência de uma sublimação e uma
difusão pulsional, o superego se torna severo e
cruel para com o ego e na tentativa de controlar
a agressividade em relação ao mundo externo,
mais agressividade volta para si mesmo.
Doenças psíquicas

• Histeria.
• Pode apresentar sentimento de culpa
inconsciente devido às repressões realizadas
pelo ego e que entraram em contato com as
críticas realizadas pelo superego.
• O superego age independentemente do ego
consciente e a favor do id inconsciente.
• Tanto o superego, quanto o ego tem a sua
origem nas representações verbais e chegam a
ele através das catexias do id.
Doenças psíquicas

• Histeria.
• O ato criminoso pode ser exemplo da descarga
pulsional que o sujeito tem em realizá-lo,
obtendo, assim, um alívio imediato ao
sentimento de culpa.
• O que antes era tido como um sentimento sem
sentido, pode encontrar na ação concreta o seu
sentido.
Teoria em Prática
Bloco 4
Jéssica Silva Oliveira
Reflita sobre a seguinte situação
Você é um analista e tem uma paciente mulher, de 37 anos
e com sintomas de extremo autojulgamento, ansiedade e
angústia. Ela lhe conta, durante a análise, que namora um
homem há três anos, mas se sente infeliz e não consegue
terminar. Ele comete abusos físicos e verbais contra ela.
Não a deixa sair com os amigos, pega seu dinheiro
emprestado e não devolve, é ciumento etc. Ela diz que
todas as vezes que pensa em terminar sente logo em
seguida uma angústia muito forte, um medo muito grande
por imaginar o término, e passa a sofrer por antecipação.
Relata que, mesmo antes de tentar terminar, já sente
saudade dele e de sua companhia.
Reflita sobre a seguinte situação
Ela também conta sobre sua história de vida: foi
abandonada pelos pais quando era muito pequena e
deixada para morar com a sua avó a princípio, mas,
depois passou a morar com a sua tia. Atualmente, ela
cuida de sua tia idosa, mas sente que não cuida
corretamente. Diz que deveria ser mais atenciosa e mais
carinhosa com ela. Ela se considera uma pessoa ruim,
egoísta, fraca e dependente. Se culpa todos os dias por
achar que não se esforça o bastante para ser melhor.
• Com base no que foi apresentado no tema, como você
interpretaria os sintomas e comportamentos desta
paciente?
Norte para a resolução...

Pode-se pensar na possibilidade da paciente possuir um


superego muito cruel para com o seu ego, ela demonstra
isso com a forma que julga seus próprios
comportamentos e pela visão que tem de si mesma.
Apesar de cuidar de sua tia idosa, nunca acha que seus
esforços são suficientes. Dessa forma, ela tende a
sempre olhar apenas para o que acredita estar fazendo
de ruim. O sentimento de culpa é muito evidente quando
ela diz que não acha que cuida bem de sua tia.
Norte para a resolução...

Essa crueldade para consigo mesma provavelmente


vem como consequência das frustrações que sofreu
quando pequena. Por ter passado por um abandono
das figuras mais importantes do início de sua vida
psíquica, ela pode ter experimentado uma
transformação de amor em ódio muito intensa. Pelo
objeto odiado estar identificado em seu ego, ela passa
a odiar a si mesma. Seus sintomas são de melancolia, o
que faz com que ela direcione seu sadismo para si
própria.
Norte para a resolução...

Percebe-se um exemplo de desfusão pulsional em que


a agressividade, que antes era ligada à pulsão de vida
com sentimentos eróticos pelos objetos de amor, agora
está desligada desta. Assim, passa a estar livre para
outras direções, que no caso, é direcionada para si. É
provável que o seu cruel superego busque, na relação
abusiva que mantém com o namorado, a sua satisfação
e, por isso, a imensa dificuldade de romper com ele.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Jéssica Silva Oliveira
Dica: artigo
É possível relacionar a Psicanálise à Neurociência, mais
especificamente à Neurofisiologia?
O artigo sugerido indica que essas áreas podem ser
complementares e mutuamente enriquecedoras. Ele
apresentará uma proposta de integração entre a segunda
tópica freudiana, o encéfalo e seus circuitos neurais
correspondentes.

LIMA, A. P. O modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma


proposta de integração entre a psicanálise e a
neurofisiologia. Arch. Clin. Psychiatric, São Paulo, 2010.

Boa leitura!
Referências
FREUD, S. O ego e o Id. Vol. XIX, p. 13-80. Rio de Janeiro: Imago,
1976.
KOTZENT, J. P. Psicanálise: segunda tópica. São José dos Campos:
Associação Psicanalítica do Vale da Paraíba, 2014.
LIMA, A. P. O modelo estrutural de Freud e o cérebro: uma proposta
de integração entre a psicanálise e a neurofisiologia. Arch. Clin.
Psychiatric, São Paulo, 27(6), 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rpc/a/gCtpKfnMrZQLCFqxZwDRS3G/abstrac
t/?lang=pt. Acesso em: 15 out. 2021.
VILAÇA, G. M. A construção do conceito de ego da segunda tópica
freudiana. 2019. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização em Teoria Psicanalítica) – Faculdade de Filosofia e
Ciências Humanas, UFMG, Belo Horizonte, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/32225. Acesso em: 15
out. 2021.
Bons estudos!

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