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Em análise, esse conflito é trabalhado ao invés


de evitado.
A psicanálise inicia suas investigações pelos Busca fazer a pessoa se apropriar dos seus
sintomas, que são conteúdos da mente desejos e questões, tornando-os conscientes, e
estranhos ao ego (contrários à consciência). oferecer recursos para lidar melhor com eles.
Os sintomas derivam de conteúdos reprimidos É quando a psicanálise desvia a sua atenção do
(inconscientes). Então, são estranhos ao ego, conteúdo reprimido para as forças repressoras
mas familiares ao inconsciente. que ela se depara com o ego.
A psicanálise mostra o caminho do sintoma ao Ou seja, o ego é a força que reprime os
inconsciente, chegando às pulsões e à conteúdos.
sexualidade.

• Considera os seres humanos criaturas


sexuais que também possuem impulsos O que é o ego? O ego é, em sua essência,
morais. sujeito.
• Sexuais = Sentem prazer em vários
momentos, não somente no ato sexual. Ele pode ser, ao mesmo tempo, o investigador e
o objeto de investigação?

• O ego pode sim tomar a si mesmo como


As pessoas adoecem, principalmente na neurose, objeto -> Observar-se, criticar-se.
por causa do conflito acentuado entre as • Mas ele só pode se autoavaliar se for
exigências pulsionais x resistências. dividido temporariamente em suas várias
funções. Então, uma parte do ego se coloca
As pulsões buscam se satisfazer a qualquer contra a parte restante.
custo, mas as resistências se opõem às pulsões. • Posteriormente, suas partes podem juntar
“Quero fazer algo que penso ser prazeroso, mas novamente sem prejuízo.
desisto pela minha consciência não o admitir”.
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erroneamente deslocada para a realidade
externa?”.

1. Na psicose, quem julga é o outro. “As vozes


me disseram que isso era o certo a se fazer”.
Se atiramos ao chão um cristal, ele se parte por 2. Na neurose, o próprio ego se julga. “Eu
um motivo, conforme as linhas de clivagem -> acho que isso é o certo a se fazer”.
Fragmentos cujos limites invisíveis já foram
predeterminados pela estrutura do cristal.
Os doentes mentais (da paranoia) são estruturas Freud supõe que a separação dessa instância
divididas e partidas assim como no cristal. observadora do restante do ego poderia ser um
aspecto regular da estrutura do ego.
Eles se afastaram da realidade externa, e é por
isso que conhecem mais da realidade interna Ele conclui que os conteúdos dos delírios de ser
(psíquica). observado sugerem que o observar é apenas
uma preparação do julgar e do punir, sendo
A patologia torna as coisas mais evidentes e mais uma função dessa instância, o que
pode inclusive nos revelar características sobre chamamos de consciência.
as condições normais, as quais seriam ignoradas
caso a doença não existisse. Então quando nos punimos e sentimos culpa
por um desejo, é apenas a consciência?
Freud decide categorizar a consciência por
partes, definindo a instância “superego” que tem
como funções: a consciência, a auto-observação
• Um grupo de pacientes psicóticos padece de (preliminar do punir) e manter o ideal do eu.
delírios em que afirmam ser observados por
poderes desconhecidos até mesmo em suas
• Então a consciência não é uma coisa só. Ela
ações mais íntimas.
é uma função que inclui as partes:
• Também afirmam que as pessoas
desconfiam deles e esperam pegá-los
1. Ego/eu – Deseja coisas que podem ser
executando atos proibidos para puni-los.
satisfeitas, equilibrando as demandas da
• Freud se questiona: “como seria se essas
realidade, do superego e do ID.
pessoas insanas estivessem certas?
2. Superego/supereu – Julga e pune de
Se em cada um de nós estivesse presente no
acordo com as restrições morais.
ego uma instância como essa que observa e
ameaça punir, e que nos doentes mentais se
• Essas partes não são totalmente separadas
tornou nitidamente separada de seu ego e
umas das outras.
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• O superego representa as exigências da
moralidade.
• O ego equivale à consciência por ser parte
• O sentimento moral de culpa é a expressão
dela, mas não é a mesma coisa que a
da tensão entre o ego e o superego.
consciência.
• Além disso, a maior parte do ego – e do
superego – são inconscientes.
• Só o ID é totalmente inconsciente.

A consciência não está dentro de nós desde o


início da vida.
Já a vida sexual existe desde o início, visto que
crianças são a princípio ID. Elas buscam
satisfazer seus desejos sem inibição interna ->
São regidas pelo princípio do prazer.
No começo, são os pais que exercem a função
de autoridade, proibindo ou permitindo as ações
das crianças.
Quando obedecem, eles oferecem provas de
amor.
Quando desobedecem, as ameaçam com
castigos que são interpretados pela criança como
sinais de perda do amor dos pais, causando
medo e uma ansiedade realística.
• O superego tem determinado grau de
autonomia, pois age segundo suas próprias Essa ansiedade realística é a precursora da
intenções e é independente do ego para a ansiedade moral.
obtenção de sua energia. Então, a consciência se forma a partir do
• O quadro clínico da melancolia (depressão) contraste da realidade com a vida sexual.
mostra a severidade e crueldade que a
Posteriormente o superego se forma com o
instância superego pode tratar o ego.
declínio do complexo de édipo.
• Nesse quadro, o superego aplica um padrão
rígido de moral ao ego indefeso que lhe fica O superego substitui a coerção externa parental
à mercê e é até mesmo humilhado. -> Observa, dirige e ameaça o ego assim como
• Já no estado maníaco, o ego está em um os pais faziam com a criança. É a internalização
estado de exaltação sem limites, como se o das leis, normas e moral.
superego tivesse perdido toda a sua força.
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• Se eu quero um objeto, eu me assimilo ao
que esse objeto gostaria, ao invés de me
Mas o superego não é formado pelos nossos
identificar com o próprio objeto.
pais, e sim pelos superegos dos nossos pais ->
Ex.: se meu objeto de desejo é meu pai, o
Os valores são transmitidos de geração em
geração. meu ego se assimila ao ego da minha mãe.

Ao decorrer da vida, o superego também • A regressão da escolha objetal à


assimila influências que tomaram o lugar dos identificação é quando alguém perde um
pais -> Educadores e pessoas escolhidas como objeto e, para compensar sua perda,
modelos ideais. Além de ser influenciado pela identifica-se com ele.
cultura. Ex.: se eu perdi minha mãe, meu ego busca
se identificar ao dela para “não perdê-la”.

• A identificação é quando um ego se


assemelha/imita outro ego. O superego tem a função “o ideal do ego”,
• É provavelmente a primeira forma de veículo pelo qual o ego se avalia e se esforça
vinculação a outra pessoa. para cumprir a perfeição exigida pelos pais.
• É comparada à incorporação canibalística -> O sentimento de inferioridade se origina
Como algumas tribos faziam por quando a criança ou o adulto não se sentem
acreditarem que adquiriam a força de um amados. Principalmente pela culpa devido à
inimigo ao consumi-lo. tensão entre ego x superego.
• É a partir da identificação que o superego se
forma. Logo, a instalação do superego é um
exemplo bem-sucedido de identificação com
uma instância parental.
O líder de um grupo psicológico (massa) ocupa
a função de superego de todos os membros. Por
isso há uma identificação entre os egos deles.

Se identificar é diferente de escolher o objeto de


desejo.
Se um menino se identifica com seu pai, ele • Aula dos dias 06 e 13/10/2023 da manhã;
quer ser igual a seu pai. Se fizer dele o objeto de • Slide e Texto “Dissecção da personalidade”.
sua escolha, ele quer tê-lo, possuí-lo.
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° °

• 1° tópica -> Consciente, pré-consciente e


inconsciente.
Descrevem os fenômenos mentais. O conteúdo reprimido tem a tendência de
ascender à consciência, mas as resistências não
• 2° tópica -> Ego/eu, superego/supereu e deixam.
ID/isso.
São as regiões do aparelho psíquico. É o superego especificamente que tem a função
de reprimir o conteúdo e o ego obedece a essa
ordem.
Por isso as resistências são provenientes da
manifestação do ego, e não do inconsciente.
Se na análise o paciente não tem consciência de
suas resistências, isso significa que em situações
muito importantes o ego e o superego operam
inconscientemente.
Inclusive, a maior parte do ego e do superego
são inconscientes.
O inconsciente é um processo psíquico cuja
existência supomos a partir de seus efeitos ->
• As fronteiras entre as regiões do aparelho Fenômenos lacunares (como o ato falho).
psíquico não são nítidas.
O reprimido (conteúdo) e o inconsciente
• O espaço ocupado pelo ID no inconsciente
(sistema psíquico) não são a mesma coisa.
é muito maior do que o do ego ou pré-
consciente. O desenho não representa
fielmente as dimensões.
• As 3 qualidades da consciência (1° tópica)
não se combinam harmonicamente com as
3 regiões do aparelho psíquico (2° tópica). A pessoa que comete um ato falho tem
inconscientemente uma intenção ao cometê-lo.
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• É a parte obscura e inacessível da nossa
personalidade -> O que sabemos sobre ele é
Se em análise revelamos ao paciente a intenção
a partir do estudo dos sintomas e da
por trás do ato falho e ele a reconhece, dizemos
elaboração onírica.
que esse desejo era temporariamente
inconsciente. • Sempre busca a satisfação das necessidades
instintuais e pulsionais. É regido pelo
Caso não reconheça a intenção, dizemos que o princípio do prazer e tem energia livre (não
desejo é totalmente inconsciente. busca se satisfazer conforme a moral).
• As leis lógicas do pensamento não se
aplicam ao ID. Aqui, as leis do inconsciente
predominam (não negação; atemporalidade;
contradição).
A maioria dos processos são conscientes apenas • Está aberto a seu extremo, sujeito às
num curto espaço de tempo; em breve se influências somáticas que encontram nele a
tornam latentes. Apesar disso, podem voltar a expressão psíquica (pulsão).
ser conscientes.
Os conteúdos latentes que podem facilmente
tornar-se conscientes estão no pré-consciente.
Já conteúdos latentes que dificilmente – ou até • É o sistema que processa as percepções
mesmo nunca – se tornarão conscientes estão provenientes do mundo externo e as do
no inconsciente. mundo interno (mente).
Já o ID é uma região psíquica totalmente • Comparado a um “órgão sensorial”
inconsciente. psíquico.
• O funcionamento desse sistema origina o
Então há 3 espécies de inconsciente:
fenômeno de consciência.
• É a parte mais superficial do aparelho
1. Pré-consciente. mental.
2. Inconsciente.
3. ID.

O ego se relaciona com o sistema pcpt-cs, pois


apresenta o mundo externo para o ID.
• É totalmente alheio ao ego.
O ID só se relaciona com o mundo externo
• Seus processos são totalmente inconscientes.
através do ego.
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Mas o ego não apenas percebe as pulsões, como


também as controla.
Ele controla o acesso à motilidade (impulsos de
satisfação), sob as ordens do ID.
Desse modo, o ego intermedia o desejo do ID e
a ação através do pensamento, substituindo o
princípio do prazer pelo princípio da realidade.
O ego pode ser definido como a parte do ID
“Assim, o ego, pressionado pelo id, confinado
que se modificou pelo contato com o mundo
pelo superego, repelido pela realidade, luta por
externo.
exercer eficientemente sua incumbência
econômica de instituir a harmonia entre as
• Ex.: Meu ID quer comer uma barra de forças e as influências que atuam nele e sobre
chocolate todo dia. Porém, ao receber as ele.
demandas da realidade, o ego protela essa Se o ego é obrigado a admitir sua fraqueza, ele
ação com o pensamento: “não é vantajoso irrompe em ansiedade. Ansiedade realística
fazer isso, pois corro o risco de ter referente ao mundo externo, ansiedade moral
diabetes”. Além disso, o ego recebe as referente ao superego e ansiedade neurótica
exigências do superego: “é errado comer referente à força das paixões do id.”
assim”. Logo, meu ego controla esse desejo.

Então, a relação do ego com o ID se compara


com a de um cavaleiro e seu cavalo -> O cavalo
(ID) provê a energia de locomoção, enquanto o • O superego está mais distante do sistema
cavaleiro (ego) guia o animal. perceptual do que o ego.
• O superego se funde no ID como herdeiro
Mas é importante entender que o ego é fraco. do complexo de Édipo, então, tem íntimas
Ele obedece, tentando equilibrar as demandas relações com o ID -> Proibe os desejos.
de 3 severos senhores:

1. O mundo externo.
2. O superego. • Aula do dia 13/10/2023 da manhã;
3. O ID. • Slide e Texto “Dissecção da personalidade”.
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A psicanálise parte da prática clínica para depois


teorizar. Ela é pensada na realidade e produz o
real, ao invés de decrevê-la por dados materiais.
“A interpretação dos sonhos” e “os 3 ensaios
sobre a teoria da sexualidade” embasam essa
discussão. Freud entende metapsicologia como:

1. Algo que se compara com a metafísica, pois • A pulsão “é o representante psíquico dos
também envolve coisas não palpáveis. estímulos que se originam dentro do
É necessário fazer algumas suposições sobre organismo e alcançam a mente”.
o psiquismo para entendê-lo na realidade. • Então a pulsão é causada por um estímulo
2. A base que constitui a psicanálise, pois (excitação física), que depois é representado
vários de seus elementos (como as pulsões e mentalmente (excitação psíquica).
o inconsciente) não são físicos. • “A pulsão é um conceito situado na
fronteira entre o mental e o somático”.
A metapsicologia pretende descrever os
processos psíquicos por 3 pontos de vista:

1. Tópico – Sua localização (sem ser física), ou


seja, informa a instância responsável por
determinado processo psíquico.
2. Econômico – A distribuição dos
investimentos libidinais.
3. Dinâmico – O conflito entre as forças
pulsionais. • A pulsão não é só física, nem só mental.
• Ela está entre o corpo e a mente, sem
Freud escreveu artigos sobre a metapsicologia misturá-los e sem separá-los.
para esclarecer a base da psicanálise e sintetizá-
la, pois acreditava que morreria aos 62 anos.
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5. Representante pulsional: termo usado para
se referir a uma expressão psíquica da
pulsão, tanto para o representante ideativo
quanto o psíquico.
“A teoria das pulsões é, por assim dizer, nossa
mitologia”. Ela tem um caráter mitológico por
ter uma parte física e outra psíquica.
A pulsão faz parte da metapsicologia, pois seu
conceito ultrapassa o nível material.
“Uma pulsão nunca pode tornar-se objeto da
A pulsão nunca é acessada por si, nem a nível consciência — só a ideia (Vorstellung) que a
consciente nem inconsciente. representa”.
Só a acessamos através de seus representantes No inconsciente, a pulsão só é representada na
psíquicos/registros: o ideativo (a ideia) e o afeto. forma de ideia.
Então a pulsão em si nunca pode ser um objeto
direto do consciente e nem do inconsciente.
Ela é diferente de seus representantes e tem 4
elementos.
1. Representação (Vorstellung): termo geral
para se referir a um representante psíquico
da pulsão nos sistemas mnêmicos.
Envolve as representações da palavra e da
coisa.
Opõe-se ao afeto. 1. Fonte: o que origina a pulsão.
A fonte de toda pulsão é corporal, ou seja,
2. Representante psíquico: termo que pode se um estímulo físico (instinto).
referir à própria pulsão ou às suas No processo todo da pulsão há tanto o
representações no psiquismo (ideia e afeto). instinto quanto a parte psíquica, mas
quando nos referimos à fonte, é só instinto.
3. Representante ideativo/ideia: é o registro da
pulsão no psiquismo inconsciente/recalcado. 2. Pressão: é a exigência de trabalho da pulsão,
o que torna a pulsão ativa (dinâmica) por
4. Afeto (affekt): é o registro da pulsão no movê-la em busca do objetivo.
psiquismo consciente.
É um termo quantitativo = expressa a 3. Objetivo: a finalidade da pulsão.
quantidade de excitação acerca da pulsão.
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• O instinto é um comportamento hereditário
O objetivo de toda pulsão é invariável -> Ela fixo e evolutivo (garante a sobrevivência),
sempre busca a satisfação, de modo que a que envolve um objeto específico.
exigência da pressão reduza. Ex.: a fome fisiológica (instinto) se sacia
A satisfação é obtida ao descarregar a especificamente com o alimento.
energia acumulada, seja obtendo o efeito de
redução de tensão ou obtenção de prazer. • A pulsão se satisfaz com um objeto variável
e não possui um comportamento fixo.
4. Objeto: é o meio para a pulsão alcançar seu Ex.: a fome emocional se sacia com doce,
objetivo. lanche, pizza.
O objeto é variável (pode ser uma pessoa,
uma parte dela, fantasias, algo real etc).

O apoio é algo que auxilia a pulsão a se


satisfazer. Por exemplo, a boca.
Mesmo tendo desejos passivos (que se
realizam), a pulsão é sempre ativa (nunca se Toda pulsão se apoia em um instinto, mas não
realiza 100%). se reduz a ele.
Ex.: um desejo passivo seria “quando eu Ex.: ao mamar, o bebê sacia sua fome instintiva,
comprar o carro x, vou ser feliz”, pois ele pode mas além disso há outra satisfação envolvida ->
ser satisfeito. O carro vai de fato te trazer O calor da mãe, a sensação do toque, entre
felicidade, mas ela não vai durar eternamente. outros.
Por isso a pulsão é ativa. Temos sempre a Claro que há uma necessidade fisiológica como
necessidade de satisfação, ora com uma compra, base, mas também envolve uma satisfação
ora com uma pessoa... Isso nunca cessa. psíquica por trás que caracteriza essa pulsão.
Dizemos que a pulsão só contorna o objeto, ela “A pulsão é o instinto que se desnaturaliza, que
não se satisfaz completamente. se desvia de suas fontes e de seus objetos
específicos.”

Freud uso o termo “trieb” (impulso) para se


referir à pulsão, o qual muitas vezes foi A pulsão envolve um registro mental da
traduzido de modo errado como “instinto”. experiência de satisfação.
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Dividir em pulsão do ego e pulsão sexual só se
refere a que tipo de objeto satisfaz a pulsão.
Depois disso, há uma tentativa de reencontro (a
Tanto a do ego quanto a sexual são pulsões de
pulsão quer se satisfazer novamente).
vida, possuindo a mesma natureza.
Mas ela não busca se reencontrar com o objeto
No fim, toda pulsão é uma instância sexual, pois
da necessidade fisiológica, e sim com o objetivo
tem a libido como força motora.
(qualquer objeto, desde que te satisfaça).

Uma pulsão não pode ser destruída nem


A primeira dualidade pulsional diz respeito a ter
inibida. Como as defesas não deixam a pulsão
2 pulsões que se diferem conforme os princípios
se satisfazer imediatamente, ela é modificada.
em que se baseiam: de realidade (do ego) e do
prazer (sexuais). As defesas atuam sobre os representantes da
pulsão e os mandam para diferentes destinos.
Destino = O modo como a pulsão vai se
• Pulsões do ego/de autoconservação:
manifestar na vida do sujeito.
São pulsões que se satisfazem com objetos Se estiver escrito “destinos da pulsão”, é só
reais -> Regidas pelo princípio da realidade. lembrar que é um sinônimo para “destinos dos
O ego freia essas pulsões para conservar o representantes da pulsão” (que seria o correto).
aparelho psíquico.
O afeto pode se ligar a uma ideia, mas não
Não são iguais ao instinto.
necessariamente isso acontece. Logo, o destino
Não emanam do ego. Elas apenas servem ao
das representações do afeto e da ideia podem ser
ego.
diferentes:

• Pulsões sexuais:

São pulsões que se satisfazem com objetos


fantasmáticos (fantasias, ideias) -> Regidas
pelo princípio do prazer.
Afinal, a realidade muitas vezes impede a
realização dos nossos desejos. Essa pulsão
que foi barrada pela realidade encontra na
fantasia um refúgio, um modo de ser
satisfeita.
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→ De conteúdo: o amor se torna seu


oposto, podendo admitir 3 formas de
oposição:
1. Transformação do afeto – Quando há o
fenômeno de conversão do afeto, ou seja, o a. Amar — Odiar.
afeto se transforma em um sintoma. b. Amar — Ser amado
Ex.: na histeria, a ideia e afeto se separam. c. Amar/odiar — Indiferença.
A ideia vai para o inconsciente, já o afeto
vira sintoma.
Essas formas de oposição fazem parte de
2. Deslocamento do afeto – Há uma três polaridades/antíteses que regem
conversão ou uma falsa conexão, onde o toda nossa vida mental:
afeto se conecta a uma ideia que estava na
consciência.
Ex.: pensamentos obsessivos do TOC. “Só a. Sujeito (ego) — Objeto (mundo
vou me sentir bem se eu limpar 5x a mesa externo).
de estudo”. b. Prazer — Desprazer.
c. Ativo — Passivo.
3. Troca de afeto – Quando o afeto varia, ora
para uma via de angústia, ora para uma via
de melancolia. 2. Retorno em direção ao próprio eu –
Quando o objeto da pulsão muda e passa a
ser o próprio sujeito, mas o objetivo se
mantém.
Ex.: “o mundo falhou comigo” passa a ser
“eu sou falho”.
1. Reversão ao seu oposto – Quando o
objetivo ou o conteúdo da pulsão vira o 3. Recalcamento – Quando a representação
oposto do que era antes, mas o objeto se ideativa não é investida e se torna
mantém. Por exemplo: inconsciente.

→ De objetivo: a pulsão ativa vira passiva 4. Sublimação – Quando a pulsão muda seu
(como no masoquismo, no qual o objeto para algo socialmente aceito.
sujeito fica totalmente passivo na busca Ex.: satisfaço minha agressividade excessiva
pela satisfação e o outro se encarrega (socialmente mal vista) ao ser ótimo em
disso). Muay Thai (socialmente aceito).
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do passado em ações do presente, sem
vincular ao seu passado.
Ele repete isso na vida e na relação
transferencial (com o terapeuta).
Freud observa que há situações em que
permanecemos fazendo algo, mesmo sabendo → Ex.: uma paciente relata que sentiu
que isso nos faz mal. Ex.: fumar. ciúmes de seu terapeuta.
Mas esse ciúmes não é algo pontual. Ele
Então por um lado há uma forte tendência da
está no trabalho, namoro, amizade...
vida mental de se guiar pelo princípio do prazer.
Embora isso faça mal, ela não consegue
Por outro, há forças e circunstâncias que parar de ser ciumenta.
contrariam essa tendência, resultando em ações Quando investigado, o terapeuta
não harmônicas com a busca do prazer. descobre que todas essas situações de
Então Freud se questiona: “Há algo para além ciúmes remetem a uma da infância dela.
do princípio do prazer? Quais são estas outras Ela pode não recordar psiquicamente do
forças/circunstâncias?”. Ele descarta que o que a levou a isso, mas ainda assim
princípio da realidade esteja por trás disso. repete em atos. “Lembramos atuando”.

Algumas situações do contexto clínico o


auxiliam em seus questionamentos: Freud conclui que o que está por trás dessas
situações é a pulsão de morte.

• Neuroses traumáticas – Momentos em que


o paciente revive uma situação traumática
pelos sonhos.
Ex.: veteranos de guerra que sonham com a A segunda dualidade pulsional é composta por
batalha. pulsão de vida e pulsão de morte.

• Fort-Da – Brincadeira na qual a criança faz Toda pulsão tem a tendência de buscar o
aparecer e desaparecer os objetos, numa retorno ao estado inicial inorgânico, ou seja, à
tentativa inconsciente/simbólica de encenar morte.
a presença e ausência da mãe. Isso não significa que buscamos o morrer em si,
Afinal, os momentos cotidianos em que a mas sim que queremos o estado que a morte
mãe se separa da criança são traumáticos. nos proporciona -> A satisfação plena (o
objetivo de toda pulsão), onde não há desprazer.
• Compulsão à repetição – Quando o
“O objetivo da vida é a morte”.
paciente repete uma situação desprazerosa
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Quando a morte é buscada de forma natural e


independe de fatores externos (o organismo • Busca de modo não natural a morte -> Vai
deseja morrer de seu próprio modo), por caminhos desprazerosos e até perigosos
denominamos pulsão de vida. ao sujeito, mas que no final levariam à
Quando a morte é buscada de forma não satisfação plena.
natural e depende de fatores externos, • Tenta acelerar a satisfação a qualquer custo.
denominamos pulsão de morte.
Então o objetivo dessas 2 pulsões é o mesmo, Não podemos nos referir às pulsões de vida
mas os caminhos são diferentes. Por isso a como boas, e às pulsões de morte como ruins.
pulsão de vida não está em oposição à pulsão de Afinal, as duas causam prazer ao sujeito.
morte; ela está a seu serviço.

• Aula do dia 20/10/2023 e 27/10/2023;


• Slide “Pulsão”;
• Cap. 5 “Freud e o Inconsciente”.

• Busca de modo natural a morte -> Por


caminhos prazerosos e que conservam a
vida.
• Inclui as pulsões do ego e as sexuais.
• As pulsões sexuais garantem a perpetuação
da espécie.

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