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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA

CAMPUS PAULO FREIRE


CENTRO DE FORMAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS

PAULO VITOR ALMEIDA NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE VARIEDADES DE MANDIOCA


(MANIHOT ESCULENTA CRANTZ) DO PRIMEIRO MANIVEIRO GUARDIÃO DO
EXTREMO SUL DA BAHIA

TEIXEIRA DE FREITAS, BA
AGOSTO – 2021
PAULO VITOR ALMEIDA NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE VARIEDADES DE MANDIOCA


(MANIHOT ESCULENTA CRANTZ) DO PRIMEIRO MANIVEIRO GUARDIÃO DO
EXTREMO SUL DA BAHIA

Trabalho apresentado ao curso de Bacharelado


Interdisciplinar em Ciências da Universidade Federal
do Sul da Bahia, Campus Paulo Freire, como parte
dos requisitos do Componente Curricular Projeto
Integrador III.

Orientador: Prof. Dra. Taina Soraia Muller

TEIXEIRA DE FREITAS, BA
AGOSTO – 2021
PAULO VITOR ALMEIDA NASCIMENTO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE VARIEDADES DE MANDIOCA


(MANIHOT ESCULENTA CRANTZ) DO PRIMEIRO MANIVEIRO GUARDIÃO DO
EXTREMO SUL DA BAHIA

Trabalho apresentado ao curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências da


Universidade Federal do Sul da Bahia, Campus Paulo Freire como parte dos requisitos
do Componente Curricular Projeto Integrador III.

Aprovado: 02/08/2021

___________________ ________
(Taina Soraia Muller)
(Universidade Federal do Sul da Bahia - Campus Paulo Freire)
(Orientador)

________________________________________________________
(Lívia Santos Lima Lemos)
(Universidade Federal do Sul da Bahia - Campus Paulo Freire)
Co-orientadora

________________________________________________________
(Luanna Chácara Pires)
(Universidade Federal do Sul da Bahia - Campus Paulo Freire)
Membro Convidado
AGRADECIMENTOS

Agradeço à professora Lívia Santos Lima Lemos, por toda ajuda e confiança
quando ingressei na Universidade Federal do Sul da Bahia campus Paulo freire. Pelos
Colegas que adquirir ao longo da minha graduação. Pelos meus pais adotivos Marcos
José Nascimento e Aldsônia Ferreira Antunes Nascimento, por todo apoio durante
minha trajetória. Pela minha orientadora Taina Soaria Muller, por se disponibilizar a
me ajudar nesse período de conclusão de curso e conceder todo seu apoio.
RESUMO

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta com alta capacidade adaptativa,
em que tanto a raiz quanto a parte aérea são objeto de interesse para a alimentação
humana e/ou animal. Na região do Extremo Sul da Bahia verifica-se falta de
diversidade genética da mandioca, visto que a maioria dos agricultores opta por
cultivar, em suas lavouras, apenas a variedade Caravela. O objetivo deste trabalho foi
caracterizar morfologicamente as variedades de mandioca presentes no primeiro
Maniveiro Guardião no extremo sul da Bahia, a fim validá-lo como banco de
germoplasma. A validação agronômica a partir de descritores morfológicos para
mandioca foi realizada tanto para parte aérea de oito variedades quanto para raízes
de plantas de nove variedades. Os dados coletados foram submetidos à análise
estatística para avaliação qualitativa das características morfológicas, através de
variáveis multicategóricas. Os resultados obtidos mostraram que há diversidade
fenotípica no maniveiro guardião, tanto de características da raiz quanto da parte
aérea da planta. Em algumas variedades, observou-se maior variabilidade para um
mesmo descritor. Ao passo que, em outras, as análises permitiram verificar
homogeneidade das características apresentadas, como por exemplo, hábito de
ramificação dicotômico, comprimento da filotaxia/base curto e cor da polpa da raiz
branca. Conclui-se, que as variedades BRS1, BRS2, CA, FO, SE, apresentaram-se
com características relevantes à produção de mandioca, tais como cor externa da raiz
marrom claro ou marrom escuro, pouca ou nenhuma constrição da raiz. Já as
variedades BRS2, CA, LA E SA, apresentaram características de interesse para uso
da parte aérea como, comprimento da filotaxia curto, hábito de ramificação dicotômico
e cor da folha verde escuro. A realização de estudos genotípicos para confirmação da
ocorrência de tais variações é recomendado.

Palavra-Chave: Descritores Morfológicos; Variedades; Parte Aérea da mandioca;


Manivas.
ABSTRACT

The manioc or cassava (Manihot esculenta Crantz) is a plant with a high


adaptive capacity, which both its roots as its above-ground parts are objects of interest
for human and/or animal consumption. In the extreme southern region of the state of
Bahia a lack of genetic diversity of the plant is verified, once most of the farmers opt
for planning only the Caravela variety. The purpose of the research was to
characterize morphologically the varieties of the manioc plant present in the Maniveiro
Guardião (guardian nursery), in order to validate it as a germplasm bank in the extreme
south of Bahia. The agronomical variation from morphological descriptors for the
manioc was performed both on the above-ground portion, with eight varieties, as on
the roots of the plants of nine varieties. The collected data was submitted to statistical
analysis for qualitative assessment of the morphological characteristics, through
multicategory variables. The results obtained demonstrate that there is phenotypical
diversity in the Maniveiro Guardião, in the root characteristics as well as above-ground
portion of the plant. In some of the varieties, different characteristics were observed
for the same descriptor. On the other hand, in other plants, analyses permitted to
determine homogeneity of the characteristics, such as, dichotomous branching, short
phyllotaxis/base and white color of the root pulp. It was concluded that the BRS1,
BRS2, CA, FO and SE varieties presented relevant characteristics for the manioc
production, such as light or dark brown external color of the root, little or no root
constriction. Conversely, the BRS2, CA, LA and SA, varieties presented
characteristics of interest in the above-ground portion, such as short phyllotaxis,
dichotomous branching and dark green color of the leaves. Further genotype studies
are recommended for confirmation of the occurrence of such variations.

Key-words: Morphological descriptors; Varieties; Above-ground portion of the


manioc plant; Stakes.
LISTA DE TABELAS

Página
Tabela 1. Caracterização das plantas do Maniveiro guardião com base nos
Descritores morfológicos para parte aérea de mandioca, seguindo o teste
Exato de Fisher) 22
..............................................................................................................

Tabela 2. Descritores morfológicos para parte aérea de mandioca, seguindo


a verificação da associação dos caracteres com as variedades pelo teste do
qui quadrado(p>0,05) 23
.......................................................................................

Tabela 3. Distribuição de caracteres morfológicos da parte aérea dentro de


cada variedade de mandioca avaliada do Maniveiro Guardião do Extremo
Sul da 25
Bahia...........................................................................................................

Tabela 4. Frequência dos caracteres morfológicos da raiz de nove


variedades de mandioca no Extremo Sul
Baiano............................................................................................................. 27
..

Tabela 5. Caracteres morfológicos da raiz de cada uma das nove variedades


de mandioca avaliadas no Extremo Sul Baiano em porcentagem
(%)................................................................................................................... 29
.
LISTA DE FIGURAS

Página
Figura 1. Evolução da produção de raiz de mandioca no
Brasil……………………................................................................................... 15
.

Figura 2. Evolução da área plantada de mandioca (há) nas regiões do


Brasil 1990-2017
........................................................................................................................ 15
..

Figura 3. Evolução da produtividade (kg/ha) de mandioca nas regiões do


Brasil 1990-2017
........................................................................................................................ 16
..

Figura 4. Maiores produções estaduais (t/h) de mandioca do Brasil safra


2017 17
….............................................................................................................

Figura 5. Histórico de precipitação mensal e mm, estação localizada no


município de Caravelas - Ba 20
...........................................................................
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 10
1.1 Objetivo Geral............................................................................. 11
1.1.1 Objetivos Específicos...................................................... 11
2.REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................. 12
2.1. Descrição demográfica do território do extremo sul da
Bahia....................................................................................................... 12
2.2. História da mandiocultura no Brasil e indicadores
econômicos.......................................................................................... 13

2.3.RENIVAPATMandiocultura............................................................. 17

3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 20
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 22
5. CONCLUSÕES .................................................................................. 30
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 32
10

1. INTRODUÇÃO
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta arbustiva perene
pertencente à família Euphorbiaceae, com elevada capacidade adaptativa (SILVA;
MURRIETA, 2014). Em razão de ser uma importante fonte de carboidratos, a
mandioca possui relevância socioeconômica ímpar, sobretudo para a população de
baixa renda (ALBUQUERQUE et al., 2003). As raízes tuberosas dessa planta, cuja
colheita pode variar entre os 6 e os 24 meses de cultivo, constituem a parte de maior
interesse econômico, já que servem para aproveitamentos diversos, como a
alimentação humana e animal ou o emprego como fonte de matéria-prima na indústria
(ALVES et al., 1990; CEREDA, 2001). A parte aérea, por sua vez, possui finalidades
mais comumente conhecidas na alimentação animal (FERREIRA et al., 2009).
Cultura com ampla possibilidade de utilização em que pode ser consumida in
natura ou processada, pode ser matéria-prima na indústria farmacêutica e tem
diversas possibilidades de uso na alimentação animal, incluindo além da raiz, as
folhas da planta, casca, manipueira, farelo da casca, farinha grossa, entre outros
subprodutos.
No Brasil, a mandioca desempenhou papel histórico relevante na formação do
território nacional por ser comum na agricultura familiar e ter ligação forte com o
campesinato, sistema que foi e ainda é responsável por grande parte da produção
brasileira (SILVA; MURRETA, 2014). No ano de 2019, a produção nacional de
mandioca foi de mais de 18,9 milhões de toneladas (CONAB, 2020). Ao passo que a
produção nordestina alcançou a marca de 3,5 milhões de toneladas (EMBRAPA,
2018).
A Bahia é o terceiro estado com maior produção no país de mandioca
(EMBRAPA, 2018). Apesar disso, o Extremo Sul do Estado ainda conta com dados
incipientes, o que dificulta atração de investimentos para a região. Diante disso, foi
elaborado, em 2016, o Plano de Ação Territorial (PAT) da Mandiocultura pelo Banco
do Nordeste, visando o fortalecimento sustentável da cadeia produtiva da mandioca
na região, e com objetivo de aumentar a produtividade e diminuir os impactos
ambientais negativos oriundos do beneficiamento das raízes. O PAT Mandiocultura
engloba onze municípios do Extremo Sul da Bahia, com o intuito de, entre outros, criar
maniveiros guardiões com mudas oriundas do Instituto Biofábrica do Cacau para
produção e multiplicação de material genético desenvolvido pela Embrapa Mandioca
e Fruticultura.
11

No território nacional, verifica-se alta variabilidade genética da mandioca, o que


proporciona fortalecimento dessa cultura, frente a doenças, pragas e mudança do
clima (FUKUDA et al., 1999). No entanto, nota-se, por parte dos agricultores do
Extremo Sul da Bahia, a utilização de um número restrito de variedades, com
preferência a variedade Caravela. Deste modo, torna-se patente a necessidade de
introdução de novas variedades na região por meio da implantação de maniveiro
guardião na região, em virtude dos benefícios que a obtenção de plantas com maior
rentabilidade possa trazer as diferentes demandas dos agricultores. Diante do
exposto, objetivou-se neste trabalho caracterizar morfologicamente nove variedades
implantadas no Maniveiro Guardião do Extremo Sul da Bahia.

1.1. Objetivo Geral


Caracterizar morfologicamente nove variedades de mandioca, presentes no
primeiro Maniveiro Guardião do extremo sul da Bahia, a fim de validar o Maniveiro
como banco de germoplasma de interesse para a região.

1.1.1. Objetivos específicos


● Analisar os descritores morfológicos de nove variedades de mandioca
presentes no primeiro Maniveiro Guardião do extremo sul da Bahia;
● Analisar a confiabilidade do fenótipo das variedades em relação ao genótipo
sob condições de cultura na região;
● Discutir as variedades mais propensas ao cultivo sob condições
edafoclimáticas da região;

● Validar o maniveiro guardião como Banco de germoplasma de variedades de


interesse para o extremo sul da Bahia.
12

2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Descrição demográfica do território do extremo sul da Bahia
De acordo com o IBGE 2020, o Estado da Bahia apresenta uma área territorial
de 564.760,427 km², tendo uma população estimada de 14.930.634 pessoas, com
uma densidade demográfica de 24,82 hab/km².
A Bahia possui uma valiosa riqueza no que tange a diversidade de biomas,
contabilizando três, Caatinga 246,1 mil km², Cerrado 127,9 milkm², e Mata Atlântica
92,6 milkm² (BEZERRA,2015).
Com a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), o
Governo Federal tinha como objetivo inverter os processos de desigualdades, e
fomentar a o crescimento e desenvolvimento econômico. Por meio de planos
Governamentais tinha o propósito de gerar empregos na indústria, além de isenção e
incentivos para a agroindústria. Essas ações fomentam o desmatamento, sobretudo
no Extremo Sul da Bahia por meio da pecuária, agricultura e plantios florestais
(LEONEL, 2016). A expansão da pecuária, trouxe muitos problemas ao meio
ambiente, já que sua prática necessita de áreas abertas para o pasto, com isso, temos
o desmatamento das florestas (EMBRAPA, 2005). Porém, a pecuária desenvolve um
papel muito importante, quando se discute sobre o ponto de vista social, a produção
de alimentos como carne, e leite, colabora para o aumento de oferta de alimento.
Assim, ajudando a melhorar a condição da fome que assola milhares de famílias
contribui para a manutenção de empregos nas zonas rurais, reduzindo o processo de
êxodo rural que provoca o inchaço urbano (CARVALHO, 2018).
A avicultura, cooperou com a econômica e social, já que 88,4% da sua produção
advém da agricultura familiar. O crescimento dessa prática está ligada a rápida
produção, baixo investimento quando associado ao uso de tecnologia (BEZERRA,
2015).
O ramo florestal, se faz presente na região do Extremo Sul com um elevado
desenvolvimento na produção de papel e celulose, tendo os municípios de Mucuri,
Alcobaça, Nova Viçosa e Caravelas como maiores produtores. Teixeira de Freitas e
Belmonte, juntos produzem cerca de 3% (ALMEIDA, 2018). Com o crescimento do
setor florestal, o Extremo sul da Bahia vem sofrendo com o desmatamento, desde a
década de 1950, quando se iniciaram os incentivos governamentais para sua
exploração. Com isso, nos anos 70, o desmatamento das áreas de Mata Atlântica se
intensificou gradativamente, principalmente, por conta dos Distritos Florestais que
13

foram criados pelo governador da Bahia, quando o Extremo Sul baiano começou a
fazer parte do Plano de Zoneamento de Distritos Florestais do Estado, já que as áreas
encontradas nessa região eram propícias para a produção de celulose (LEONEL,
2016).

2.2 Histórico da mandiocultura no Brasil e indicadores econômicos

Após os europeus chegarem às terras indígenas brasileiras, a mandioca era


considerada como alimento indispensável para os nativos e se tornou também para a
alimentação dos portugueses. Com a ascensão da mandioca, os europeus
começaram a expandir essa cultura, aumentando as áreas plantadas e melhorando
as casas de farinha (CASCUDO,1967).
Essa planta, apresenta um elevado potencial de produção de carboidrato,
mesmo em climas e solos desfavoráveis, além de adaptação ecológica, reprodução
vegetativa, cultivo combinado a outras espécies e pela capacidade de poder se manter
no solo por cerca de 24 meses. A partir dessas particularidades, foi possível expandir
o cultivo da mandioca entre os núcleos coloniais no Brasil (GUIMARÃES, 2016).
A mandioca, também serviu como alimento para os escravos que vinham da
África, nas próprias embarcações a caminho do Brasil, a dieta continha farinha e
mandioca (CASCUDO,1967).
O sistema de produção familiar, denominado de agricultura familiar, caracteriza
um importante papel na evolução da sociedade. Esse tipo de negócio, muitas vezes é
caracterizada pela participação da própria família (MACIEL; JUNIOR, 2014). Muito dos
conhecimentos adquiridos pelos produtores, advém do meio que ele está inserido, ou
seja, do seu dia a dia, e a partir desse processo, a uma necessidade de criar meios
que possam ser mais rentáveis financeiramente (LEITE; MENEZES,2013).
Quando se trata de um projeto de subsistência, o uso de tecnologia é quase
inexistente, seja ela para o preparo do solo, até mesmo algumas informações técnicas
que possam ser acessíveis para ser aplicadas na lavoura. Entretanto, a partir do
momento que os pequenos agricultores começam a ganhar mercado com os seus
produtos, eles agregam valor, como no caso da mandioca, pois figura como alimento
tradicional e simbólico, estando inserido na dieta de várias famílias (MACIEL; JUNIOR,
2014). A colheita da mandioca, por ser muito comum entre pequenos agricultores,
14

apresenta pouco uso de maquinário desde a plantação até o momento de colheita.


Com o uso de apenas instrumentos simples, como o facão, o que muitas vezes
acarreta a perda da raiz no momento da colheita. Já a indústria apresenta um
maquinário restrito que pode melhorar a dinâmica da cultura (SCALON, 2001). A falta
de tecnologia para a cultura da mandioca é um dos principais desafios a serem
vencidos na lavoura (MACIEL; JUNIOR, 2014).
Quando se trata de produtividade, o Extremo Sul da Bahia produz cerca de 12
t/ha de mandioca, essa média é inferior, quando comparado com a média nacional
brasileira que está em torno de 14 t/ha. Muitas vezes causados pelo uso irregular do
solo, onde a produção é intensa e não apresenta nenhuma rotação de cultura. Além
de utilização de plantas com pouca produtividade, susceptíveis a doenças e que
apresente baixa produtividade. Por outro lado, a região do Extremo Sul, apresenta
uma grande demanda para os produtos oriundos da mandioca, onde nos períodos
turísticos, os derivados de mandioca são muito procurados (OLIVEIRA, 2007;
EMBRAPA,2017; EMBRAPA, 2011). Assim, com o crescimento da cultura, e com a
constância nos processos de industrialização, a mandioca caminha para ser inserida
no agronegócio, principalmente para a geração de amido (DOS SANTOS; DOS
SANTOS).
Todavia, o aproveitamento da mandioca é bastante diversificado, podendo-se
utilizar desde a raiz até a parte aérea, com o objetivo final para alimentação animal,
como para ruminantes e monogástricos como fonte de proteína, carboidrato, vitaminas
e minerais. Já os subprodutos, podem ser o feno, raspa, farelo da farinha de mesa
(DE ALMEIDA; FERREIRA FILHO, 2005). A maneira mais barata de oferecer
alimentação animal da planta de mandioca, é utilizando a parte aérea, nesse
processo, as hastes com galhos e folhas são apenas fragmentados e disponibilizados
aos animais. Quando utilizado as folhas, é necessário ter muita atenção se a
variedade apresenta ou não altos índices de ácidos cianídricos, que pode ser letal aos
animais (DE ALMEIDA; FERREIRA FILHO, 2005).
A evolução da produção de mandioca variou nos últimos vinte e um anos no
Brasil (Figura 1). Essa cultura sempre se manteve em alta, principalmente dos anos
2005 até 2008, já em 2021, registrou uma baixa, com pouco mais de 14 toneladas por
hectares.
15

Figura 1- Evolução da produção de raiz de mandioca no Brasil.

Fonte: (CONAB, 2021).

Na (Figura 2) é possível identificar o Norte do pais, como uma maior área


plantada por hectare, quando comparado aos outras regiões, mas sesse período de
um ano, houve uma pequena queda, o Nordeste vem logo em seguida, e o Centro-
Oeste, com a menor área plantada, no período de tempo de julho de 2020 até julho
de 2021.

Figura 2 – Área plantada por hectares nas regiões brasileiras

Área plantada (Hectares)


600.000,00

500.000,00

400.000,00

300.000,00

200.000,00

100.000,00

-
jul/20 ago/20 set/20 out/20 nov/20 dez/20 jan/21 fev/21 mar/21 abr/21 mai/21 jun/21 jul/21
Mês x Produto das lavouras

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola


16

Quanto ao rendimento da produção (Figura 3), é possível observar que o


Nordeste demonstra um menor rendimento em kg/ha, quando comparado aos outros
estados. Já os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentam uma maior
produtividade por hectares.

Figura 3 – Rendimento médio (Quilogramas por Hectares)

Rendimento médio (Quilogramas por Hectares)


25.000,00

20.000,00

15.000,00

10.000,00

5.000,00

Norte .. Nordeste .. Sudeste .. Sul .. Centro-Oeste ..

Fonte: IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola

Ao comparar a figura 2 e 3, é possível identificar que os estados brasileiros que


apresentam uma grande área disponível de plantação de mandioca, fomenta uma
baixa produtividade. No entanto, no caso do Nordeste, a sua área plantada é a
segunda maior do pais, e seu rendimento médio, é um dos menores, esses resultados,
podem esta ligados a plantas de mandioca com baixa capacidade produtiva e não
resistentes a pragas e doenças.
Já o Sul do país, tem uma pequena área plantada, e se destaca por manter a
maior produção de mandioca do Brasil, muito em vista do uso de tecnologia que está
inserida nos seus sistemas de produção de cunho industrial (EMBRAPA,2017).
Os estados do Norte e Nordeste, Pará, Bahia, Maranhão, Acre e Amazonas
são líderes na produção de mandioca, e juntos correspondem a cerca de 46,40% de
17

toda produção brasileira (figura 4). Já o estado do Paraná, tem excelente produção,
pois apresenta área plantada de 8,9% e detém sozinho 14,79% da produção brasileira
(EMBRAPA,2017).

Figura 4 - Maiores produções estaduais (t/h) de mandioca do Brasil safra 2017

Fonte: (Embrapa, 2021).

2.3 Projeto RENIVA e PAT-MANDIOCULTURA


Por meio do projeto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária-EMBRAPA mandioca e fruticultura, a rede RENIVA (“Rede de
multiplicação e transferência de manivas-sementes de mandioca com qualidade
genética e fitossanitária"), está presente em dez Estados brasileiros, e tem por objetivo
fomentar a cadeia produtiva da mandioca, a fim de fornecer manivas-sementes, que
detém padrão genético e propriedade fitossanitária. Disponibilizando aos agricultores
materiais propagativos (manivas) com alto valor produtivo (COSMO; GALERIANE;
PETRONILIO, 2020; EMBRAPA, 2013). No Brasil, é possível identificar uma alta
diversidade genética, e os programas de melhoramento são centralizados nos genes
de resistência às pragas e doenças que interferem na produção (FUKUNDA, 1999).
Atualmente pode-se conservar mandioca vegetativamente, por sementes ou in
vitro, para proteger o germoplasma. A forma mais comum é a conservação vegetativa,
entretanto, pode ocorrer perda de material, provocado por ações bióticas e abióticas.
Quando a conservação é in vitro, as perdas diminuem sendo este o mais indicado.
18

Contudo, a conservação in vitro necessita de recurso humano e laboratórios


especializados (COSMO; GALERIANE; PETRONILIO, 2020; FUKUNDA,2005)O
Plano de Ação Territorial da Mandiocultura (PAT), teve as primeiras iniciativas no ano
de 2016, contando com várias parcerias, como a Embrapa Mandioca e Fruticultura,
Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), do Banco do Nordeste, com o
apoio da Suzano Papel e Celulose, Colegiado Territorial do Extremo Sul, secretarias
municipais de Agricultura e a UFSB (COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO
REGIONAL, 2020).
Este programa vem desenvolvendo a implantação de maniveiros, para
produção de manivas sementes com qualidade genética e fitossanitária. Até o
momento, a Secretária de Desenvolvimento Rural juntamente com a Biofábrica do
Cacau (empresa que produz as manivas para região do Sul e extremo Sul da Bahia),
já foram introduzidas cerca de 68 mil mudas nos maniveiros do Extremo Sul baiano
(COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL, 2020).
O Plano de Ação Territorial da Mandiocultura, também visa novas
possibilidades de aproveitamento de todo material vegetativo da planta de mandioca,
como a produção de ração animal a partir da utilização da parte aérea e raízes da
mandioca, principalmente os resíduos do seu beneficiamento (SECRETARIA De
DESENVOLVIMENTO RURAL – SDR, 2019).
A Universidade Federal do Sul da Bahia, atua como cordenadora de pesquisa
do PAT, a partir daí, os projetos de pesquisas começaram a ter andamento, como o
programa da caracterização da casa de farinha de Alcobaça, que veio a criação da do
Programa Farinheira Sustentável. Além de outros projetos no ano de 2017-
2018, como Farinheiras do Extremo Sul da Bahia: tradição, cultura e perspectiva da
produção familiar de farinha mandioca e seus subprodutos. Identificação de
marcadores moleculares e genes candidatos para a cultura da Mandioca (Manihot
esculenta Crantz) no Extremo Sul da Bahia, Sistema de Produção em Casas de
Farinha: leitura descritiva nas Comunidades do Extremo Sul da Bahia.
Já no ano de 2018-2019, vieram novos projetos como, INMANITEC- Inovação
e inclusão de novas variedades de Mandioca (Manihot esculenta Crantz) e
transferência de tecnologia no uso da água de Manipueira no Extremo Sul da Bahia.
Efeito da manipueira na adubação foliar da mandioca. Avaliação Ecotoxicológica da
Água de Manipueira de variedades de mandioca do Extremo Sul da Bahia e sua
utilização para fabricação de sabão. Análise in vitro da eficácia carrapaticida da agua
19

de manipueria sobre Boophilus microplus no Extremo Sul da Bahia. Atividade


inseticida da manipueira associada ao óleo essencial de Piper macedoi.
Caracterização morfológica de variedades de Mandioca (Manihot esculenta Crantz)
no Extremo Sul da Bahia. Implantação Programa de Desenvolvimento da Ovinocultura
de Corte na Região do Extremo Sul Baiano (PDOC-ESB). Análise da Evolução da
Cadeia Produtiva da Ovinocultura na Região do Extremo Sul Baiano.
20

3. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Maniveiro Guardião, situado no município de
Alcobaça, no Extremo Sul da Bahia, na latitude 17º31'10" sul e a uma longitude
39º11'44" oeste, em que foram avaliados descritores morfológicos da planta (raiz e
parte aérea) de variedades de mandioca procedentes do banco de germoplasma da
Embrapa Mandioca e Fruticultura, seguindo protocolo descrito por Fukunda e Guevara
(1998). Na (Figura 5), é possível observar a precipitação mensal da estação de
meteorologia, situado em Caravelas. Sendo observado a precipitação mensal em
milímetros.

Figura 5 - Histórico de precipitação mensal em mm, estação localizada no município de Caravelas –


BA

PRECIPITACAO TOTAL, MENSAL(mm)


350
300
250
200
150
100
50
0
01/09/2019
01/10/2019
01/11/2019
01/12/2019
01/01/2020
01/02/2020
01/03/2020
01/04/2020
01/05/2020
01/06/2020
01/07/2020
01/08/2020
01/09/2020
01/10/2020
01/11/2020
01/12/2020
01/01/2021
01/02/2021
01/03/2021
01/04/2021
01/05/2021
01/06/2021
01/07/2021
01/08/2021
01/09/2021
.
Fonte: Fonte: INMEP. Banco de dados meteorológicos.

As nove variedades selecionadas para coleta de dados foram: i) Amansa Burro;


ii) Formosa; iii) Olho Roxo; iv) Caipira; v) Sergipe; vi) Lagão; vii) BRS Platina E; viii)
BRS Prata; e, ix) Aipim Preto. Porém, para os dados da parte aérea, a variedade Aipim
Preto não foi considerada nas coletas.
Os descritores avaliados para parte aérea foram: i) o hábito de ramificação:
ereto, dicotômico, tricotômico ou tetracotômico; ii) o tipo da planta: compacta, aberta,
guarda sol ou cilíndrica; iii) a cor externa do caule: creme, marrom claro, marrom
escuro ou laranja; iv) a posição do pecíolo: inclinado para cima, horizontal, inclinado
para baixo ou irregular; v) cor do pecíolo da folha-topo: verde, verde amarelado, verde
claro, verde avermelhado, verde esverdeado, verde escuro, vermelho e roxo; vi) cor
21

do pecíolo da folha/base; verde claro, verde amarelado, verde esverdeado, verde


escuro, vermelho. vii) Cor da folha apical: roxo, verde arroxeado e verde claro; viii) cor
da folha-topo: verde, verde claro, verde escuro, verde arroxeado, roxo, ix) cor da
folha/meio: verde claro, verde, verde esverdeado, verde escuro; x) cor da folha base:
Verde claro, verde amarelado e verde escuro; xi) número de lóbulos: 3, 5, 6 e 7, xii)
formato do lóbulo: elíptica lanceolada, lanceolada, oblongo-lanceolada; xiii)
comprimento da filotaxia-topo: curto, médio e longo; xiv) comprimento da filotaxia-
meio: curto e médio; xv) comprimento da filotaxia/base; curto e; Para determinação do
comprimento da filotaxia/topo, filotaxia-base e filotaxia-meio foi utilizada uma fita
métrica.
Para a raiz, avaliou-se i) a cor externa: branco, creme, amarelo, marrom claro
e marrom escuro; ii) a cor do córtex: branco, creme, amarelo, rosado e roxo; iii) a cor
da polpa: branco, creme, amarela e rosada; iv) a textura da epiderme: lisa ou rugosa;
v) a constrição: nenhuma, pouca, média ou muita deformidade; vi) o destaque da
película: fácil ou difícil; e, vii) presença de pedúnculo: séssil, pedunculada e misto.
As análises estatísticas dos dados coletador se deram por avaliação das
características morfológicas qualitativas por meio de variáveis multicategóricas, de
acordo com Cruz & Carneiro (2003), em que o índice de similaridade (sii’) considerou
as concordâncias e discordâncias de informações fenotípicas entre os acessos. Tendo
em vista que técnicas de agrupamento são baseadas em medidas de dissimilaridade,
foi utilizado o complemento aritmético do índice de similaridade (dii =1 − sii), que
representa a dissimilaridade entre os acessos (Cruz, 2006). Para dados da parte
aérea da planta, foram realizadas análises de frequências entres os caracteres, e
dentro de cada variedade/caráter o teste do qui-quadrado e teste Exato de (p<0,05).
Este teste encontra um valor de dispersão para duas variáveis categóricas
nominais e avalia a associação existente entre variáveis qualitativas. Compara
proporções e divergências entre frequências dos caracteres coletados em relação às
variedades. Mostrando se a amostra se desvia significativamente ou não em relação
a sua distribuição.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos gerais das plantas do Maniveiro Guardião
Os resultados obtidos na caracterização das variedades em maniveiro,
baseados nos descritores recomendados para o registro e proteção de cultivares,
22

estão nas Tabelas 1 e 2. As análises deste trabalho demonstraram a predominância


do comprimento da filotaxia da base curto nas plantas (BRS1, BRS2, CA, FO, LA, OR,
SE) do Maniveiro Guardião entre as oitos variedades analisadas da parte aérea da
mandioca. Na Tabela 1, são apresentados os resultados referentes às características
dos descritores morfológicos para parte aérea das plantas das variedades presentes
no Maniveiro Guardião. Em aspectos gerais, as plantas do Maniveiro Guardião
apresentam hábito de ramificação dicotômica (79,17%), tipo das plantas é compacta
(59,33%), a cor externa do caule marrom claro (52,78%), já a posição do pecíolo é
predominantemente horizontal (62,50%), o comprimento da filotaxia demonstra ser na
maioria das variedades curto (95,83%), e as folhas/base têm cor verde escuro
(93,06%) com sete lóbulos (63,89%). Destacam-se, os caracteres que mais variaram
dentro do, como o tipo de planta, cor externa do caule, Cor do pecíolo da folha/base.

Tabela 1. Caracterização de nove variedades do maniveiro guardião com base nos descritores
morfológicos da parte aérea da mandioca.
Descritores da parte aérea da mandioca Porcentagem
Ereto 2,78
Dicotômico 79,17
Hábito de ramificação*
Tricotômico 13,89
Tetracotômico 4,17
Compacta 59,33
Tipo de planta* Cilíndrica cônica 1,39
Aberta 40,20
Creme 12,50
Dourado 5,56
Cor externa do caule*
Marrom claro 52,78
Marrom escuro 29,17
Horizontal 62,50
Inclinada para baixo 20,83
Posição do pecíolo*
Inclinada para cima 13,89
Irregular 2,78
Verde claro 1,39
Verde 6,94
Verde amarelado 11,11
Cor do pecíolo da folha/base*
Verde esverdeado 34,72
Verde escuro 2,78
Vermelho 43,06
Curto 95,83
Comprimento da filotaxia/base*
Médio 4,17
Verde claro 4,17
Cor da folha/base* Verde amarelado 2,78
Verde escuro 93,06
3 2,78
5 23,61
Número de lóbulos*
6 9,72
7 63,89

Na Tabela 2, é apresentado o resultado do teste qui-quadrado (p>0,05)


realizado para verificar associação entre as características. Os resultados para os
caracteres do formato do lóbulo, cor do pecíolo da folha do meio e comprimento da
filotaxia do topo foram significativos (p<0,05), ou seja, observou-se que dentro (no
23

total) das nove variedades avaliadas apresentaram diferenças significativas entre as


classes. Ao passo que o caractere da cor da folha apical não teve valor significativo,
já que as classes do caráter avaliado foram 23,61% das variedades manifestaram a
cor roxa, 40,28% verde arroxeado e 36,11% verde claro.
Para o descritor formato do lóbulo (da folha), a predominância foi do formato
lanceolado, em 75% das observações. Os resultados obtidos para a cor da folha do
topo, por sua vez, foram variáveis, sendo a verde e a verde claro as que mais
apareceram, ambos com 31,94%.
Por mais que a mandioca se adapte a diferentes regiões, ela apresenta uma
interação do genótipo com o ambiente muito alta, assim, as cultivares podem se
comportar de maneira diferente (EMBRAPA, 2003). No geral, as plantas de mandioca
presentes no Maniveiro Guardião do Extremo Sul da Bahia, independente da
variedade, apresentam alta variabilidade fenotípica para a maioria dos caracteres,
exceto para o formato do lóbulo lanceolada, comprimento curto da filotaxia/meio e
topo, cor da folha/meio verde escuro, cor do pecíolo da folha/topo verde. Porém, essas
características não apresentam interesse agronômico para melhoramento genético
(VIEIRA, 2009).

Tabela 2. Descritores morfológicos para parte aérea de mandioca, seguindo a verificação da


associação dos caracteres com as variedades pelo teste do qui-quadrado (p>0,05)
Descritores morfológicos Porcentagem (%)
Formato do lóbulo* Elíptica lanceolada 12,50
Lanceolada 75,00
Oblongo-lanceolado 12,50
Cor do pecíolo da folha/meio* Verde Amarelado 12,50
Verde 8,33
Verde esverdeado 30,56
Vermelho 48,61
Cor da folha apical ns Roxo 23,61
Verde arroxeado 40,28
Verde claro 36,11
Comprimento da filotaxia/meio* Curto 98,61
Médio 1,39
Cor da folha/meio Verde Claro 2,78
Verde 8,33
Verde esverdeado 2,78
Verde escuro 86,11
Cor do pecíolo da folha/topo Verde 33,33
Verde Amarelado 12,50
Verde claro 9,72
Verde avermelhado 4,17
Verde esverdeado 20,83
Verde escuro 2,78
Vermelho 15,28
Roxo 1,39
Comprimento da filotaxia/topo Curto 97,22
Médio 1,39
Longo 1,39
Cor da folha/topo Verde 31,94
Verde claro 31,94
24

Verde escuro 13,89


Verde arroxeado 13,89
Roxo 8,33

A seguir serão abordados os descritores que apresentaram polimorfismo entre


as variedades estudadas do Maniveiro Guardião. Quando avaliada a distribuição dos
descritores morfológicos para parte aérea nas variedades do Maniveiro Guardião
(Tabela 3) foi possível observar as diferenças existentes entre as variedades e dentro
de cada variedade. Com isso, pôde-se verificar, a diversidade fenotípica das
variedades analisadas e identificar descritores específicos consistentes para
caracterização dessas variedades. O descritor morfológico cor da folha/topo foi
homogêneo na variedade FO, com 100% de ocorrência da cor verde. A cor roxa foi a
de menor ocorrência entre as variedades sendo que ocorreu em baixa frequência nas
variedades LA (11,1%) E OR (12,5%). O tipo de planta, mostrou-se descritor
consistente para cinco das nove variedades em que as variedades AM, FO e OR foram
tipo compacta com 100% das observações e BRS2 e SE do tipo aberta, também com
100% de ocorrência. A classe cilindro-cônica ocorreu somente para a variedade BRS1
(11,1%).
Para o descritor cor externa do caule, o maniveiro apresentou diversidade
fenotípica. As variedades BRS1, BR2, LA e OR apresentaram, em sua totalidade, as
cores creme, marrom claro, marrom escuro e marrom claro, respectivamente. Este
descritor juntamente com o comprimento da filotaxia (base, meio e topo), cor da
folha/base, retirando somente a variedade AM e formato do lóbulo, retirando as
variedade AM e BRS1, apresentaram características homogêneas dentro de cada
variedade.
Destacam-se variedades com descritores exclusivos, ou seja, aquelas que
demonstram um descritor específico para a variedade, caracterizador fenotípico da
própria variedade. Como por exemplo a cor externa do caule da variedade BRS1 a
única que apresentou a cor creme com 100% de ocorrência. A Cor da folha apical
também pode ser um marcador da variedade BRS1, a única a apresentar a cor verde
claro (100%). Da mesma forma, a variedade OR que apresentou a cor roxa na folha
apical em 100% das observações. Com relação ao número de lóbulos, uma variedade
apresentou três lóbulos variedade AM; 5 lóbulos (44,44%), 6 lóbulos (33,33%) e 7
lóbulos (22,22%) das ocorrências e cor do pecíolo da folha/meio verde amarelado
25

(100%). A variedade LA foi a única a apresentar cor externa do caule marrom escuro
em 100% das observações. Alguns descritores não apresentaram variação
significativa dentro do banco de germoplasma, como por exemplo o comprimento da
filotaxia/base, meio e topo, foi identificado como sendo curto e a cor da folha/base
como verde escuro em 7 das 9 variedades estudadas (nas variedades BRS1, BRS2,
CA, FO, LA, OR e SE), em 100% das amostras analisadas. O Formato do lóbulo
(folha) lanceolado-oblongo também foi observado em 100% das amostras avaliadas
das variedades BRS2, FO, LA, OR e SE. Apesar de os descritores da parte aérea
não refletirem características de interesse agronômico, as análises apresentam
resultados que permitem identificar variabilidade fenotípica dentro do maniveiro
guardião e descrever morfologicamente as variedades presentes neste.

Tabela 3. Distribuição de caracteres morfológicos da parte aérea dentro de cada variedade de


mandioca avaliada do Maniveiro Guardião do Extremo Sul da Bahia.
AM BRS1 BRS2 CA FO LA OR SE
Descritores morfológicos
Verde 0,00 88,89 0,00 11,11 100,0 33,33 0,00 2,22
Verde claro 22,22 0,00 88,89 55,56 0,00 11,11 0,00 77,78
Cor da
Verde escuro 77,78 11,11 11,11 11,11 0,00 0,00 44,44 0,00
folha/topo
Verde arroxeado 0,00 0,00 0,00 22,22 0,00 44,44 55,56 0,00
Roxo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 12,5 0,00
Ereto 11,11 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Hábito de Dicotômico 44,44 55,56 100,0 88,89 44,44 100,0 100,0 100,0
ramificação Tricotômico 44,44 33,33 0,00 11,11 22,22 0,00 0,00 0,00
Tetracotômico 0,00 0,00 0,00 0,00 33,33 0,00 0,00 0,00
Compacta 100,0 44,44 0,00 33,33 100,0 88,89 100,0 0,00
Tipo da
Cilindro-cônica 0,00 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
planta
Aberta 0,00 44,44 100,0 66,67 0,00 11,11 0,00 100,0
Creme 0,00 100,0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cor externa Dourado 44,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
do caule Marrom claro 55,56 0,00 100,0 66,67 77,78 0,00 100,0 22,22
Marrom escuro 0,00 0,00 0,00 33,33 22,22 100,0 0,00 77,78
Roxo 0,00 0,00 0,00 22,22 22,22 44,44 100,0 0,00
Cor da folha
Verde arroxeado 66,67 0,00 33,33 66,67 77,78 55,56 0,00 22,22
apical
Verde claro 33,33 100,0 66,67 11,11 0,00 0,00 0,00 77,78
Horizontal 55,26 22,22 100,0 77,78 55,56 33,33 77,78 77,78
Inclinado para
0,00 77,78 0,00 22,22 33,33 0,00 11,11 22,22
Posição do baixo
pecíolo Inclinado para
22,22 0,00 0,00 0,00 11,11 66,67 11,11 0,00
cima
Irregular 22,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Verde claro 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Verde 0,00 0,00 0,00 55,56 0,00 0,00 0,00 0,00
Cor do Verde amarelado 88,89 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
pecíolo da Verde
0,00 0,00 0,00 33,33 0,00 100,0 88,89 55,56
folha/base esverdeado
Verde escuro 0,00 0,00 0,00 11,11 0,00 0,00 0,00 11,11
Vermelho 0,00 100,0 100,0 0,0 100,0 0,00 11,11 33,33
Comprimento Curto 66,67 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
da
Médio 33,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
filotaxia/base
Verde claro 33,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cor da
folha/base Verde
22,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
amarelado
26

Verde
44,44 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
escuro
Elíptica
88,89 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
lanceolada

Formato do
Lanceolada 11,11 88,89 100,00 0,00 100,00 100,00 100,00 100,00
lóbulo

Oblongo-
0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
lanceolado
3 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Número de 5 44,44 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 33,33 33,33
lóbulos 6 33,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 33,33 11,11
7 22,22 88,89 100,00 0,00 100,00 100,00 33,33 55,56
Verde
100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Amarelado

Verde 0,00 0,00 0,00 66,67 0,00 0,00 0,00 0,00


Cor do pecíolo
da folha/meio Verde
0,00 0,00 0,00 33,33 0,00 88,89 55,56 66,67
esverdeado

Vermelho 0,00 100,00 100,00 0,00 100,00 11,11 44,44 33,33

Comprimento Curto 88,89 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
da
filotaxia/meio Médio 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Verde Claro 22,22 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Verde 0,00 0,00 0,00 66,67 0,00 0,00 0,00 0,00
Cor da Verde
0,00 0,00 0,00 22,22 0,00 0,00 0,00 0,00
folha/meio esverdeado

Verde
77,78 100,00 100,00 11,11 100,00 100,00 100,00 100,00
escuro
Verde 0,00 22,22 66,67 44,44 22,22 55,56 0,00 55,56
Verde
100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Amarelado
Verde claro 0,00 0,00 11,11 44,44 0,00 0,00 0,00 22,22
Verde
0,00 33,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cor do pecíolo avermelhado
da folha/topo
Verde
0,00 22,22 1,11 11,11 55,56 33,33 22,22 11,11
esverdeado
Verde
0,00 0,00 11,11 0,00 11,11 0,00 0,00 0,00
escuro
Vermelho 0,00 22,22 0,00 0,00 11,11 11,11 66,67 11,11
Roxo 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11,11 0,00

Curto 77,78 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00


Comprimento
da filotaxia/topo Médio 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Longo 11,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Legenda: Amansa Burro (AM); Formosa (FO); Olho Roxo (OR); Caipira (CA); Sergipe (SE); Lagoão
(LA); BRS Platina E (BRS1); BRS Plata (BRS2.

Raízes da mandioca
Ao todo foram avaliadas 228 raízes de mandioca das variedades presentes no
Maniveiro Guardião do Extremo Sul da Bahia. Os resultados obtidos evidenciaram a
heterogeneidade na manifestação do genótipo da planta através dos descritores
27

morfológicos (Tabela 4). De acordo com a análise de frequência de características de


importância agronômica, observa-se que as cores externas da raiz estão distribuídas
relativamente proporcional entre as variedades presentes no maniveiro guardião. Já
a cor do córtex, não apresentou variabilidade, sendo predominante a cor creme para
as variedades AI (100%), AM 80,19%, BRS1 (100%), BRS2 (100%), CA (100%), FO
(100%), LA (100%), OR (100%) e SE (100%). Quando se trata do descritor cor da
polpa da raiz, talvez a característica de maior importância agronômica dentre as
avaliadas, pôde-se observar uma predominância da cor branca em todas as
variedades, com 100% das ocorrências nas amostras analisadas. A raiz da mandioca,
figura como parte de maior interesse, para consumo humano, sendo a cor branca da
raiz a de maior preferência (PEDRI, et al, 2018). O destaque da película, é um dos
caracteres de grande interesse para o melhoramento genético, sendo ideal o destaque
fácil (VIEIRA, 2009). A película é uma parte fina que fica aderida ao córtex da raiz de
mandioca. Para analisar este descritor, é observado a facilidade de descascamento,
seja com a mão, seja com o auxílio de uma faca (PEDRI, et al, 2018). Todas as
variedades selecionadas para compor o Maniveiro Guardião, apresentaram destaque
fácil da película.
O pedúnculo é uma parte lenhosa que liga a raiz da mandioca ao pé, fazendo
com que a raiz fique mais protegida (ANCHIETA, 2003). Entretanto, essa não foi uma
característica que prevaleceu nas raízes do Maniveiro Guardião, pois 81,58% das
raízes foram do tipo séssil, ou seja, não apresentaram pedúnculo. Segundo Souza
(2017), o pedúnculo ajuda a evitar corte na hora da colheita, e na pós-colheita, ajuda
a evitar danos na raiz, como o apodrecimento.

Tabela 4. Frequência dos caracteres morfológicos da raiz de nove variedades de mandioca presentes
no maniveiro guardião do Extremo Sul Baiano.
Caracteres/classes fenotípicas Frequência Absoluta Frequência (%)
Cor externa da raiz Creme 83 36,40
Marrom claro 54 23,68
Marrom Escuro 91 39,91
Cor do Córtex Creme 224 98,25
Rosada 4 1,75
Cor da poupa Branca 228 100,00
Creme 0 0
Amarela 0 0
Rosada 0 0
Textura da epiderme da raiz Lisa 51 22,37
Mista 9 3,95
Rugosa 168 73,68
Constrição da raiz Nenhuma 201 88,16
Pouca 26 11,40
Média 1 0,44
28

Muita deformidade 0 0
Destaque da película da raiz Fácil 228 100,00
Difícil 0 0
Presença de pedúnculo Séssil 186 81,58
Pedunculado 42 18,42

A ausência de variabilidade para os caracteres Cor da Polpa e Destaque da


película da raiz, portanto na Tabela 5 esses dois caracteres foram suprimidos. Ou
seja, para os caracteres Cor da Polpa e Destaque da película da raiz, todos acessos
foram consistentes para as classes branca e fácil, respectivamente.
Ao observar os descritores da raiz, dentro de cada variedade do Maniveiro
Guardião, foi possível verificar as diferenças fenotípicas entre as variedades
estudadas (Tabela 05). Ao caracterizar a variedade de mandioca Sergipe, Soares
(2017) obteve em seus resultados marrom escuro para cor externa da raiz, a cor
creme para o córtex da raiz e a textura da epiderme rugosa. O presente estudo
corrobora os resultados obtidos pelo autor em cor externa da raiz e cor do córtex,
porém, no tocante à textura da epiderme, observa-se que, embora a maior parte tenha
sido rugosa, (12,50%) foi lisa.
Para o caráter Cor externa da raiz observou-se consistência de 100% das
variedades para uma das classes, exceto para a variedade Lagoão. Já para Cor do
Córtex, somente a variedade AM não foi 100% homogênea... Para textura da
epiderme, as variedades AI, CA, FO e OR obtiveram 100% de consistência. Para
constrição da raiz observou-se 100% consistência das variedades AI, BRS1, CA e LA.
Quanto a presença de pedúnculo nenhuma variedade obteve 100% de consistência e
uma das classes.
A variedade Aipim Preto (AI) teve maior consistência para a maioria dos
parâmetros avaliados, exceto para a presença de pedúnculo.
Enquanto a variedade AM, apresentou dos sete caracteres avaliados somente
três (Cor da Polpa e Destaque da película da raiz e Cor externa da raiz) com 100% de
consistência em uma cada classes, ou seja, somente 42,86% dos caracteres
avaliados tiveram consistência total em uma das classes.
Houve associação (p<0,05) entre as variedades e os caracteres: cor externa da
raiz, cor do córtex, textura, constrição da raiz e presença de pedúnculo.
Observa-se no presente estudo que, exceto para a variedade Lagoão, todas as
variedades analisadas apresentaram homogeneidade na cor externa da raiz, porém
com grande variabilidade entre as variedades, sendo estas AI (marrom escuro), AM
29

(marrom claro), BRS1 (creme), BRS2 (creme), CA (marrom escuro), FO (marrom


claro), OR (creme), SE (marrom escuro). O que indica alta variabilidade genética
dentro do banco de germoplasma. Essas características passaram a ter maior
interesse agronômico, já que para as variedades de mesa, as cores Marrom Clara ou
escura são as preteridas (VIEIRA et al, 2009).
Outra característica visada para o melhoramento genético é a constrição da
raiz, na qual o objetivo é produzir raízes com poucas constrições, por facilitar na hora
da raspagem da mandioca (VIEIRA et al, 2009). No presente estudo, quase todas as
variedades do Maniveiro Guardião analisadas, apresentaram raízes com nenhuma ou
pouca constrição, sendo elas AI, AM, BRS1, BRS2, CA, FO, LA, OR e SE,
favorecendo os processos de produção e estando de acordo com o perfil de
melhoramento genético preterido.
Quanto à textura da epiderme, observou-se que as variedades AI, CA, FO e
OR têm 100% de uniformidade, sendo as três primeiras totalmente rugosas e a última
totalmente lisa. As demais variedades, apresentaram uma pequena variação, sendo
as variedades AM (81,18% rugosa), BRS2 (74,07% rugosa), LA (88,89% rugosa) e
SE (87,50% rugosa). Somente a variedade BRS1 mostrou-se heterogênea, variando
entre as texturas lisa (33,33%), mista (25,91%) e rugosa (40,74%).
De acordo com os descritores analisados, de modo geral, as variedades Aipim Preto
(AI), Caipira (CA) e Olho Roxo (OR) foram as variedades mais homogêneas dentro do
banco de germoplasma. A variedade AM, por sua vez, apresenta maior variabilidade.

Tabela 5. Caracteres morfológicos de cada uma das nove variedades de mandioca avaliadas no
Extremo Sul Baiano em porcentagem (%)
Variedades

Caracteres AI AM BRS1 BRS2 CA FO LA OR SE


Cor externa da Creme 0,00 0,00 100,00 100,00 0,00 0,00 11,11 100,00 0,00
raiz*
M. claro 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00
M. Escuro 100,00 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 88,89 0,00 100,00
Cor do Córtex* Creme 100,00 85,19 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Rosada 0,00 14,81 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Textura da Lisa 0,00 11,11 33,33 25,93 0,00 0,00 11,11 100,00 12,50
epiderme
Mista 0,00 7,41 25,93 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
30

Rugosa 100,00 81,48 40,74 74,07 100,00 100,00 88,89 0,00 87,50
Constrição da Nenhuma 100,00 59,26 100,00 96,30 100,00 74,07 100,00 80,77 87,50
raiz*
Pouca 0,00 40,74 0,00 0,00 0,00 25,93 0,00 19,23 12,50
Média 0,00 0,00 0,00 3,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Presença de Séssil 44,44 92,59 85,19 96,30 48,00 96,30 77,78 100,00 79,17
pedúnculo*
Pedunculado 55,56 7,41 14,81 3,70 52,00 3,70 22,22 0,00 20,83
Legenda: Amansa Burro (AM); Formosa (FO); Olho Roxo (OR); Caipira (CA); Sergipe (SE); Lagoão
(LA); BRS Platina E (BRS1); BRS Plata (BRS2); Aipim Preto (AI).
*p<0,05 pelo teste exato de Fisher

A partir da diversidade genética existente no Brasil, o país vem se destacando


no que tange os recursos genéticos da mandioca. Com isso, existem variedades
resistentes a pragas e doenças, e com características preteridas para indústria e
consumo doméstico. Para que se possa garantir o aumento de variabilidade é preciso
haver conservação do germoplasma. Para isso, a caracterização morfológica
representa uma parte importante nos programas voltados para o melhoramento
genético da mandioca, assim, podendo indicar o uso das variedades progenitoras
(AUD. et al, 2011) com características selecionadas (SECRETARIA DE ESTADO DE
AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GOVERNO DO ESTADO DE
GOIÁS, 2020).

As caracterizações morfológicas, tem por finalidade o manejo de coleções do


germoplasma, onde dados são coletados e descritos, sejam eles qualitativos ou
quantitativos. Com a caracterização morfológica, observa-se caracteres morfológicos
a olho nu, assim é possível descrever o fenótipo, para caracterizar as variabilidades
dentro dos bancos de germoplasma. Com esse processo de caracterização, pode-se
identificar germoplasma e oferecer integridade genética e informações sobre seu
manejo (BURLE; OLIVEIRA, 2010).

5. CONCLUSÕES
Ao analisar as nove variedades de mandioca analisadas no Maniveiro Guardião
do Extremo Sul da Bahia apresentaram suas especificidades, mostrando diferenças
fenotípicas e integridade genética.
Ao olharmos para as variedades de maneira isolada, podemos obter as
seguintes variedades que mantiveram maior consistência em seus descritores, BRS2,
FO, LA, OR e SE. Sendo essas variedades, as que melhor se comportaram
positivamente na região. Pois apresentaram descritores consistentes, mesmo
31

cultivadas nas condições no Extremo Sul, assim a interação variedade x ambiente não
prejudicou muito fenotipicamente aos caracteres.
Ao comparar os resultados obtidos para parte aérea e raiz, sendo variável às
características da parte aérea e bastante homogênea às da raiz.
Pode se observar, que algumas variedades, apresentam materiais genéticos,
preterido pelos programas de melhoramento. E que se manifestaram na maioria das
plantas, tornando-as, descritores confiáveis como (Destaque da película e constrição
da raiz). O mesmo, pode ser considerado, para os descritores agronômicos, pois
apresentaram consistência significativa, sendo eles (Cor externa da raiz e cor da polpa
da raiz).
Assim, mapeando o germoplasmas das variedades, futuramente as
características podem ser usadas, caso seja necessário, para o melhoramento
genético.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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