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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida,
armazenada em sistema de recuperação ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer
meio eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem permissão prévia por
escrito do titular dos direitos autorais, exceto para o uso de citações em uma análise da
obra.
Esta obra é uma tradução autorizada de "All Tomorrows: A Billion Year Chronicle of the
Myriad Species and Mixed Fortunes of Man" do autor Cevdet Mehmet Kösemen. Todos
os direitos referentes à obra original estão reservados ao autor.
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou utilizada de qualquer forma sem a
autorização do autor original. O tradutor, João Vitor Oliveira Reis, obteve permissão
expressa do autor para a tradução e publicação desta obra.
Este livro é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou
mortas, é mera coincidência.
Revisão: Fabiana Oliveira Pacheco, Vinicius Ribeiro da Silva e João Pedro Franco Chaves
Dedicatória de tradução:
Dedico esta tradução a minha amada Fabiana, cujo amor, apoio e compreensão foram
fundamentais em cada etapa desta jornada. Seu incentivo incansável e sua presença
constante me inspiram a perseverar e alcançar meus objetivos. A você, Fabiana, dedico este
projeto que fiz com todo o meu amor e gratidão.
Agradecimentos especiais:
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos à Escola Abigail de Azevedo Grillo e
a todos os seus funcionários, que generosamente me proporcionaram um ambiente
propício para o desenvolvimento deste projeto. Agradeço por me fornecerem acesso aos
recursos e às instalações da escola, permitindo-me utilizar os computadores da sala de
informática durante o intervalo para realizar a tradução deste livro. Sua colaboração foi
inestimável e sou imensamente grato pela oportunidade. Um agradecimento especial
também é devido ao meu amigo Vinícius, cujo apoio e assistência foram de grande
importância no decorrer deste trabalho. Sua contribuição valiosa no processo de
desenvolvimento e revisão foi fundamental para o aprimoramento do conteúdo. Obrigado
por sua amizade e pela disponibilidade em me auxiliar. A todos os amigos, familiares e
colegas que me encorajaram ao longo desta jornada, meu mais profundo agradecimento.
Seus incentivos, palavras de encorajamento e apoio moral foram essenciais para manter
minha motivação e encorajamento em alcançar meus objetivos. Por fim, expresso minha
gratidão ao autor do livro "All Tomorrows" por conceder-me a permissão para realizar a
tradução dessa obra fascinante. Sou honrado por ter tido essa oportunidade e espero que
minha versão em português possa transmitir com fidelidade a essência e a riqueza dessa
narrativa. A todos que toleram direta ou indiretamente para a realização deste projeto, meu
mais profundo agradecimento. Sem o apoio de cada um de vocês, essa conquista não seria
possível.
-H.P. Lovecraft
Prefácio:
É com grande entusiasmo que lhe apresento o livro "All Tomorrows", uma obra singular
que nos transporta para um futuro fascinante e repleto de possibilidades. O autor, em sua
genialidade, criou um universo que desafia nossas concepções e nos convida a explorar as
narrativas mais extraordinárias. "All Tomorrows" é fruto de anos de dedicação e paixão do
autor, cujo trabalho abrangeu o período de 2003 a 2006. Inspirado pelas obras de Olaf
Stapledon, em especial "Last and First Men" (1930) e "Star Maker" (1937) , bem como pela
imponente obra de Edward Gibbon, "The History of the Decline and Fall of the Roman
Empire", o autor teceu uma trama que mescla história, ficção e uma visão ampliada da
humanidade. Neste livro, somos mergulhados por uma narrativa envolvente, na qual uma
criatura alienígena relata a história da humanidade com uma voz vibrante e cheia de
entusiasmo. O "autor" habilmente mergulhou na essência humana e nos faz refletir sobre
nossa própria existência, ao mesmo tempo em que nos presenteia com uma escrita que
"beira a devoção de um estudante colegial" ao "Decline and Fall of the Roman Empire". A
arte presente em "All Tomorrows" também merece destaque. Com uma abordagem
"arqueológica", as pinturas são enriquecidas com efeitos visuais desbotados e texturas sutis,
criando uma atmosfera única. É importante mencionar que o autor adicionou um tom
desbotado às pinturas originalmente com a intenção de evitar qualquer semelhança com
caricaturas racistas, demonstrando sua sensibilidade e cuidado artístico. Vale ressaltar que
"All Tomorrows" nunca foi publicado fisicamente, mas desde sua disponibilização online
gratuita em formato PDF, em 4 de outubro de 2006, o livro ganhou vida própria,
flutuando pela internet como um navio fantasma nos recantos mais obscuros da rede. É
inspirador testemunhar como essa obra tem sido compartilhada e debatida, encontrando
seu caminho em diferentes comunidades, inclusive em um site wiki dedicado a
speedrunning. Ao embarcar nesta jornada por "All Tomorrows", convido você a se deixar
envolver pela escrita cativante e pelas ilustrações marcantes, enquanto mergulha em um
futuro rico em criatividade e questionamentos profundos sobre a natureza humana.
Preparado para explorar os caminhos inexplorados do amanhã? Então, segure-se firme e
adentre esse universo extraordinário criado por nosso talentoso autor. A aventura está
prestes a começar! Desfrute desta leitura instigante, e que "All Tomorrows" seja uma
experiência enriquecedora e inesquecível.
Introdução:
All Tomorrows
C. M. Kosemen
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Para Marte
Tudo teve que ser feito passo a passo. O bombardeio atmosférico por micróbios
geneticamente modificados gerou lentamente uma atmosfera respirável em um ciclo que
durou séculos. Mais tarde, alguns fragmentos cometários foram desviados de curso para
dar origem a mares, oceanos; água. Quando a espera finalmente acabou, remanescentes
da flora e fauna da Terra foram introduzidos como versões marcianas especialmente
modificadas.
Quando tudo estava pronto, as pessoas partiram de seu mundo lotado. Elas
chegaram em naves apenas de ida; foguetes de fusão e planadores atmosféricos, lotados
de colonos, sonhando com um novo começo.
Os primeiros passos em Marte foram dados não por astronautas, mas por crianças
descalças em uma grama exuberante e biossintética.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Os Americanos Marcianos
Por várias centenas de anos, Marte permaneceu como uma região remota,
próspera, mas ainda ofuscada pelo esplendor da Terra, que brilhava mais intensamente
do que nunca. Graças à realocação de indústrias ambientalmente exigentes para Marte, a
Terra podia usurpar tudo, sem precisar danificar sua exausta biosfera. Esse foi o auge
terrestre; o clímax do desenvolvimento econômico, cultural e social na velha Terra.
No entanto, isso não durou. Assim como a gradual separação da América de sua
mãe europeia, os governos de Marte adotaram uma nova identidade marciana. Eles se
tornaram os Americanos Marcianos.
A diferença entre a Terra e Marte não era apenas política. Algumas gerações sob a
gravidade mais fraca deram aos novos americanos uma estrutura esbelta e elegante que
parecia surreal em seu antigo lar. Isso, combinado com uma certa quantidade de
engenharia genética, elevou a separação dos marcianos a um novo nível.
Por um tempo, o cisma silencioso entre os dois planetas foi mutuamente aceito, e
o equilíbrio de poder se manteve em uma tensa equanimidade. Mas o impasse entre
Terra e Marte não poderia durar para sempre. Com recursos ilimitados e uma população
enérgica, Marte estava destinado a assumir a liderança.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
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TODOSO OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Guerra Civil
Para a Terra, isso foi uma sentença de morte. Sem os recursos e indústrias de
Marte, a era terrestre rapidamente se transformaria em uma mera sombra de sua antiga
glória. Embora o comércio de bens essenciais continuasse para evitar a fome, para cada
cidadão da Terra, o boicote marciano significava a perda de até três quartos de sua renda
anual.
A Terra não teve escolha senão recuperar seus antigos privilégios, se necessário,
pela força. Séculos após sua unificação política, a Terra se preparou para a guerra.
Esse conflito causou uma destruição horrenda em ambos os lados. Fobos, uma das
luas de Marte, foi despedaçada e caiu como chuva de meteoros. A Terra sofreu um
impacto polar que matou um terço de sua população.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Povo Estelar
Uma das maiores diferenças entre as pessoas dos dois planetas era que, ao longo
do tempo, elas quase se tornaram espécies diferentes. Acreditava-se que o sistema solar
nunca poderia se unificar completamente até que essa discrepância fosse superada.
A resposta foi uma nova subespécie humana, igualmente e melhor adaptada não
apenas à Terra e Marte, mas também às condições da maioria dos ambientes recém-
terraformados. Além disso, esses seres foram idealizados com cérebros maiores e talentos
aprimorados, tornando-os maiores do que a soma de seus predecessores.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Mesmo para o Povo Estelar, a viagem interplanetária era uma tarefa monumental.
Mentes primitivas se confundiram com o problema e fantasias como viagens mais rápidas
que a luz e o hiperespaço surgiram como as únicas "soluções".
A solução foi ir primeiro e fazer os colonos depois. Para isso, naves automatizadas
rápidas e pequenas foram enviadas às estrelas. A bordo delas, máquinas semissencientes
foram programadas para se replicar e terraformar o destino, e "construir" seus habitantes
a partir do material genético armazenado a bordo.
Mesmo assim, a metade restante foi suficiente para preencher o próprio braço
espiral da galáxia da Humanidade.
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O Verão do Homem
Essa disseminação pelos céus não significou uma perda de unidade. Através dos
céus, fluxos constantes de comunicação eletromagnética ligavam os mundos da
humanidade com tanta eficiência que não havia colônia que não soubesse o que estava
acontecendo com suas distantes irmãs. O livre fluxo de informações significava, entre
outras coisas, um ritmo acelerado de crescimento tecnológico. O que não podia ser
resolvido em um mundo era auxiliado por outro, e quaisquer novos desenvolvimentos
eram rapidamente divulgados a todos em um reino que abrangia séculos de luz.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Um Aviso Antecipado
Para alguns, isso era uma prova irrefutável da criação divina. O ressurgimento
religioso, alimentado inicialmente pela aparente solidão da humanidade nos céus, se
intensificou ainda mais.
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Qu
Para eles, a humanidade, com todas as suas glórias relativas, não passava de um
objeto transmutável. Em menos de mil anos, todos os mundos humanos foram
destruídos, despovoados ou, pior ainda, alterados. Apesar do fervoroso rearmamento, as
colônias não puderam conquistar nada contra seus inimigos com bilhões de anos de
existência, exceto por alguns lampejos de resistência efêmera.
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Homem Extinto
Um dia, eles partiram assim como haviam chegado. Pois a busca deles era interminável e
eles não parariam, não poderiam parar até varrerem todo o cosmos.
À medida que se retiravam, os Qu deixaram para trás mil mundos, cada um deles
cheio de criaturas e ecologias bizarras que já foram humanos. A maioria deles pereceu
logo após seus cuidadores partirem, outros duraram um pouco mais antes de sucumbir a
instabilidades de longo prazo. Em algumas preciosas palavras, descendentes dos
humanos conseguiram sobreviver.
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TODOS OS AMANHÃS – C. M. KOSEMEN
Uma pirâmide Qu com um quilômetro de altura se ergue sobre o mundo silencioso que já
abrigou quatro bilhões de almas. Essas estruturas são a marca registrada dos Qu e podem
ser vistas em todos os mundos habitáveis por onde passaram.
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Vermes
A vida desse povo substituto não se estendia além de escavar sem rumo. Se
encontrassem comida, a devoravam. Se encontrassem outros de sua espécie, às vezes
também os devoravam. Mas principalmente se reproduziam e se multiplicavam,
conseguindo preservar um único fragmento de sua humanidade em seus genes. Com o
tempo, isso lhes seria útil.
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Titãs
Por mais bestiais que parecessem, os Titãs estavam entre os mais inteligentes dos
sub-homens reduzidos que ainda existiam na galáxia. Sua postura colossal permitia o
desenvolvimento de um cérebro e, gradualmente, a inteligência voltou a surgir. Com suas
trombas, eles esculpiam elaboradas peças de madeira, construíam habitações
semelhantes a hangares e até mesmo iniciaram uma forma de agricultura primitiva. Com
a vida estabelecida, veio a inevitável onda de linguagem e literatura; mitos e lendas do
passado meio lembrado eram contados em vozes ressonantes pelas vastas planícies.
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Predadores e Presas
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Mantílopes
Uma espécie singular foi um exemplo primordial disso. Eles foram criados
como cantores e guardiões de memórias, agindo como gravadores vivos durante o
reinado dos Qu. Quando seus mestres partiram, eles mal sobreviveram, revertendo para
uma postura quadrúpede e ocupando um nicho como animais herbívoros de pastoreio.
Essa mudança foi tão abrupta que os Mantílopes recém-evoluídos sobreviveram
apenas devido à esterilidade indulgente de sua biosfera artificial.
Os Mantílopes, equipados com mentes humanas completas (embora ligeiramente
amortecidas) e corpos totalmente desabilitados, viviam vidas agonizantes. Eles podiam
ver e entender o mundo ao seu redor, mas devido a seus corpos não podiam fazer nada
para mudá-lo. Por séculos, manadas melancólicas percorreram as planícies, entoando
canções de desespero e perda. Religiões inteiras e tradições orais foram tecidas em torno
dessa deficiência racial incapacitante, tão dramáticas e detalhadas quanto em qualquer
época passada na Terra.
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Nadadores
Talvez porque seu ciclo de vida envolvesse uma fase larval aquática, os Qu haviam
transmutado um grande número de seus sujeitos humanos em uma desconcertante
variedade de criaturas aquáticas. Cuidados por atendentes especialmente criados, esses
bebês aquáticos pós-humanos vinham em todas as formas e tamanhos imagináveis.
Havia variedades sem membros, parecidas com fitas, de pessoas-enguias, enormes
behemotes semelhantes a baleias, pessoas decorativas que nadavam esguichando água
de suas bocas hipertróficas e uma infinidade horripilante de criaturas ininteligentes que
serviam como estoque de alimentos.
Todos eles eram perfeitamente domesticados. Todos eles foram extintos quando
seus mestres partiram. Exceto por algumas formas levemente mutadas e generalizadas.
Esses nadadores ainda se assemelhavam em grande medida aos seus ancestrais
humanos; eles não tinham brânquias artificiais, suas mãos ainda eram visíveis através de
suas nadadeiras dianteiras, seus pés eram expansões semelhantes a caudas que
funcionavam como um par de nadadeiras caudais. Olhos reconhecivelmente humanos
espreitavam por trás de suas pálpebras adiposas e eles se comunicavam entre si, embora
não em palavras e nunca com entendimento consciente.
Por milênios, eles nadaram pelos oceanos de seu mundo ecologicamente limitado,
alimentando-se de diversos tipos de peixes e crustáceos, sobreviventes do estoque
alimentar originalmente importado da Terra. Com a partida dos Qu, a seleção natural
recomeçou. Os nadadores se tornaram mais aerodinâmicos para capturar melhor suas
presas rápidas. As presas responderam ficando ainda mais rápidas ou evoluindo
contramedidas defensivas, como armaduras, espinhos ou veneno. Com sua evolução de
volta aos trilhos, os nadadores se afastaram cada vez mais de sua ancestralidade
consciente. Eles teriam que esperar muito tempo para provar essa bênção novamente.
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Pastores de Lagartos
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Um pastor de lagartos observa o mundo com olhos vazios enquanto seu rebanho se torna
mais forte e inteligente. O futuro não parece pertencer a ele.
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Tentadores¹
Era uma hegemonia terrivelmente eficiente que certamente daria origem a uma
civilização em questão de séculos, se o destino não tivesse intervindo. Quando
um cometa desgarrado destruiu as florestas dos montes dos Tentadores, uma das
melhores chances da Humanidade para ressurgir foi cruelmente arrancada.
¹ Optei por traduzir o nome "Temptor" para "Tentador" devido ao seu significado
apropriado para descrever essa "subespécie humana". O termo "Tentador" refere-se a um
ser que exerce ação de tentar, seduzir ou persuadir outros indivíduos
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Trituradores de Ossos
Seus ancestrais eram animais de estimação minúsculos dos Qu, que eram criados
por suas cores deslumbrantes derivadas de seus bicos dentados. Quando seus mestres
partiram, a maioria dessas criaturas mimadas morreu, sem ninguém ou nada para cuidar
delas.
² O termo "Raptores" utilizado pelo autor faz alusão às Aves de Rapina, que são aves
carnívoras conhecidas por suas habilidades de caça e garras afiadas(Não confundir com
os "Raptores" Dinossauros).
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Coloniais
Seu mundo havia oferecido a resistência mais feroz contra o ataque dos Qu. Tão
feroz, na verdade, que eles haviam repelido duas ondas sucessivas dos invasores, apenas
para sucumbir à terceira.
Os Qu, com seu senso distorcido de justiça, queriam fazê-los pagar. Até mesmo a
extinção seria uma punição leve demais por resistir aos deuses estelares. Os humanos do
mundo rebelde precisavam de uma sentença que os lembrasse de sua humilhação por
gerações futuras.
Durante quarenta milhões de anos eles sofreram; geração após geração nasceu para as
vidas mais miseráveis enquanto absorviam a dor de tudo pelo que estavam passando.
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Uma seção de um campo Colonial revela a miséria que compromete suas vidas inteiras.
Note que essas criaturas desorganizadas podem se reproduzir tanto por métodos assexuais
quanto por métodos mais familiares.
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TODOS OS AMANHÃS– C. M. KOSEMEN
Voadores
Eles não eram incomuns no domínio dos Qu. Pelo menos uma dúzia de mundos
abrigava espécies voadoras derivadas dos humanos de um tipo ou de outro. A maioria se
assemelhava a morcegos ou pterossauros do passado distante, dançando pelo éter como
anjos (ou demônios, dependendo do ponto de vista). Havia também algumas espécies
bizarras que dependiam de glândulas de gás inchadas para flutuar.
Infelizmente, a maioria dessas criaturas já era muito especializada para ser outra
coisa senão voadores. Elas haviam abandonado sua humanidade em prol da conquista do
céu; tinham pouco potencial para uma maior diversificação além de seus papéis
limitados.
A única exceção revelou-se uma espécie semelhante a macacos que voava com
membranas esticadas entre os dois últimos dedos. Sua vantagem era um coração único
em forma de turbina, desenvolvido artificialmente durante o regime dos Qu. Nenhum
outro voador humano na galáxia possuía tal adaptação. O órgão em forma de estrela-do-
mar ficava no meio de seus peitos, direcionando diretamente o oxigênio dos pulmões
para a corrente sanguínea de maneira supremamente eficiente. Isso significava que os
Voadores poderiam desenvolver adaptações que consumiam energia, como cérebros
grandes, sem ter que abrir mão de seu poder de voo.
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Uma ancestral Voadora em seu elemento nativo. Embora desajeitadas, essas criaturas
possuem uma vantagem metabólica artificial que lhes confere um tremendo potencial
evolutivo.
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Abanadores
Os Abanadores eram uma dessas espécies. Suas asas, antes usadas para
voos semelhantes aos de borboletas nos jardins sobrenaturais dos Qu, encolheram e
voltaram à sua condição manual. Suas pernas também foram readaptadas, mas
carregavam uma desajeitada rigidez decorrente de sua ancestralidade de pouso.
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Os Cegos
Por mais adaptados que estivessem, estavam condenados. Antes que os Cegos
pudessem desenvolver qualquer tipo de inteligência para sair de suas sepulturas
geográficas, a compressão glacial das placas continentais de seu mundo extinguia os
abrigos um por um.
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Um pai cego assustado com sua filha de um ano. Embora ele saiba que é melhor ficar
quieto para confundir os predadores equipados com sonar, a criança grita e se suja de
medo. Seus dedos alongados são marcas registradas de uma vida passada na escuridão.
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Deslocados
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Passolongos
Era um mundo de maravilhas, onde até a grama crescia quase dez metros de
altura e as árvores eram inacreditáveis, erguendo-se a alturas alcançadas apenas pelos
arranha-céus da antiguidade. Nesses florestas surreais, viviam fauna igualmente
espetacular: os descendentes de animais de estimação, pragas e gado dos humanos, que
por sua vez também haviam sido reduzidos à animosidade.
Era possível vê-los nas florestas gigantescas, quase dançando entre as árvores
enquanto se erguiam cada vez mais alto para se alimentar. Seus braços, pernas e
pescoços foram esticados de forma impossivelmente fina, grandes abas de pele
floresciam por todo o corpo para dissipar o calor residual. Às vezes, até mesmo mudavam
de cor para refletir a luz e se manterem frescos. O superaquecimento era um grande
problema para seus corpos esguios e frágeis.
Apesar de imponentes, essas assombrações giacomettianas³ eram excessivamente
desenvolvidas a ponto de serem repugnantemente frágeis. Mesmo em seu mundo com
gravidade favorável, uma queda poderia quebrar seus ossos e escorregar de um
galho provaria ser fatal. Às vezes, nas planícies abertas, até mesmo um vento forte
poderia derrubá-los como mastros que tombam. Eles sobreviviam inteiramente
devido às condições benevolentes de seu mundo jardim, que estavam prestes
a mudar
drasticamente.
Cerca de dois milhões de anos depois que os Qu deixaram suas imponentes obras
de arte humana, uma linhagem de predadores terríveis evoluiu a partir das aves terrestres
que se tornaram selvagens no planeta. Assemelhando-se a versões atenuadas de seus
ancestrais dinossauros, os predadores varreram o mundo jardim como incêndios
florestais, extinguindo qualquer espécie demasiado frágil para escapar ou resistir.
Os pacíficos e delicados passolongos foram um dos primeiros a desaparecer
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Parasitas
Todas essas torturas evolutivas se desenrolaram sob o olhar atento dos Qu por
quarenta milhões de anos. O castigo era tão barroco, tão elaborado, que a maioria das
relações parasita-hospedeiro artificiais se extinguiram quando os Qu partiram. Alguns
sub-homens aprenderam a limpar seus parentes semelhantes a carrapatos, afogando-os,
queimando-os ou até mesmo comendo-os. Outros, como os parasitas vaginais,
desapareceram, pois seu método agressivo de parasitismo esterilizava efetivamente seus
hospedeiros.
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Uma pessoa parasítica, mostrada em tamanho real. Embora o destino delas pareça
desumano em todos os aspectos para um observador atual, sua mera sobrevivência
mostra que tais valores subjetivos são ineficazes quando se trata de sobrevivência a longo
prazo.
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Pescadores
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Hedonistas
Até mesmo a existência feliz dos Caçadores de Peixes com os Dedos pareceria
incômoda para os Hedonistas; pois seu tipo não evoluiu, mas foi projetado para uma vida
de prazer. Os Qu os mantiveram como animais de estimação mimados; soltos em um
mundo insular tropical de frutas suculentas, árvores abundantes e lagos calmos e serenos
cheios de doce maná bacteriano⁴. Além disso, os Hedonistas foram deixados como a
única vida animal neste lugar. Eles não tiveram escolha senão desfrutá-lo ao máximo.
Todas essas mudanças também fizeram o dia dos Hedonistas. Suas vidas eram
rotinas justapostas de comer, dormir e ter relações sexuais alucinantes; sem se preocupar
com doenças ou gravidez. Distantes e despreocupados, eles desfrutavam os momentos
mais prazerosos de toda a humanidade, embora com capacidades intelectuais de uma
criança de três anos
Na verdade, isso não importava muito. Afinal, quem precisava pensar quando se
está se divertindo tanto?
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Os favoritos dos Qu. Uma Hedonista feminina deita-se sozinha em uma praia,
contemplando absolutamente nada. Sem qualquer pressão do mundo, seus dias se
desdobram conforme vão acontecendo, sem qualquer planejamento prévio.
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Insetófagos
Em geral, eles não eram especiais de nenhuma maneira em particular. Mas uma
combinação de invasões galácticas, coincidência e pura sorte os tornaria os mais
duradouros de todos os seres das estrelas.
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Espaciais
Deve-se lembrar que o Povo Estelar não sucumbiu totalmente às invasões dos Qu.
Enquanto seus mundos caíam um após o outro, algumas pessoas estelares encontraram
refúgio no vazio do espaço. Comunidades inteiras se lançaram em naves
geracionais, uma após a outra, lançando-se na escuridão na esperança de passar
despercebidos pelas
criaturas que haviam conquistado sua galáxia.
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Quarenta milhões de anos a partir de hoje, Espaciais como esse indivíduo são os únicos seres humanos verdadeiramente conscientes que
sobrevivem. Eles estão tão confortáveis em seus refúgios sem gravidade que o destino de seus primos bestiais em outros lugares não os
preocupa. Além disso, eles são dolorosamente raros; sua população em toda a Galáxia da Via Láctea não ultrapassa algumas dezenas
de arcas e cem bilhões de almas.
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Caçadores de Ruínas
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Apenas mil anos após a partida dos Qu, um Caçador de Ruínas vagueia entre os destroços
de uma cidade do Povo Estelar. Ao fundo, pode-se avistar a imponente estrutura de uma
pirâmide Qu ainda maior.
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Consciência Renascida
Em alguns casos raros, a recuperação foi rápida e direta. Na maioria das vezes, no
entanto, ela veio apenas após uma longa série de radiações adaptativas, extinções e
diversificações secundárias. Dentro dessas linhas de descendência, havia tanta distância
entre os primeiros pós-humanos e seus descendentes inteligentes quanto entre os
primeiros mamíferos da Era Cretácea e o Homo sapiens.
Mais cedo ou mais tarde, a inteligência humana retornou ao cosmos. Mas, exceto
pela ancestralidade compartilhada, essas novas pessoas não tinham nada em comum
com as "pessoas" de hoje, ou até mesmo entre si.
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Extinção
Não havia crueldade ou drama nisso. A extinção era tão comum e natural quanto a
especiação. Às vezes, uma espécie simplesmente não conseguia se adaptar à competição
ou à mudança abrupta das condições. Em outras ocasiões, seus números diminuíam ao
longo de abismos imperceptíveis de tempo. De uma forma ou de outra, os seres humanos
foram desaparecendo.
Em meio a todas essas mortes, no entanto, havia nova vida. À medida que uma
espécie deixava um certo nicho, outras logo surgiam para ocupar seu lugar. Radiações
adaptativas se seguiam, preenchendo as lacunas com uma infinidade de formas diversas
e variadas. Apesar dos caídos, o fluxo da vida prosseguia, ardendo em constante
renovação.
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Não se pareciam em nada com seus distantes ancestrais humanos, mas seu
desenvolvimento social seguiu um caminho semelhante: diversos impérios agrícolas,
seguidos por revoluções industriais, experimentos sociais, guerras mundiais, guerras civis
e globalização. No entanto, o paralelismo sociopolítico na história não necessariamente
implicava um mundo semelhante, ou mesmo reconhecível como humano.
Nada disso era incomum para o Povo Cobra de qualquer forma. Seu estilo de vida
relativamente "alienígena" era tão particular para eles quanto o nosso é para nós. Por
todo o seu mundo, as cidades arteriais pulsavam com pessoas, cada uma com suas
próprias alegrias, tristezas e tarefas, vivendo vidas tão humanas quanto as de qualquer
outro ser inteligente.
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Uma pessoa Cobra em casa, desfrutando de um livro enquanto fuma e "ouve" a música
vibracional do solo. Através da porta aberta, pode-se ver o emaranhado caótico da cidade.
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Um jovem macho Assassino passeia por uma das inúmeras fortalezas em ruínas em seu
país, testemunho da história sangrenta e mutável de sua espécie. O planeta do Povo
Assassino é um paraíso para os arqueólogos. Possui mais eras das trevas enterradas,
culturas arruinadas e reinos caídos do que qualquer outro mundo.
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Uma cidade moderna dos Criadores de Ferramentas era um espetáculo para ser
admirado. Enormes criaturas em forma de coração bombeavam fluidos nutritivos para
uma rede de condutos vivos e autorreparadores. Isso equivalia a uma rede de energia
elétrica e alcançava todas as imensas habitações exoesqueléticas dos Criadores de
Ferramentas, "alimentando" luzes bioluminescentes, televisões de pele de polvo
tremulantes, ascídias marinhas medicinais e incontáveis outros dispositivos criados a
partir de organismos vivos. Os avanços na biologia haviam crescido exponencialmente,
até que a engenharia genética fosse completamente dominada. Os Criadores de
Ferramentas modernos nem precisavam mais usar animais; uma simples manipulação de
tecidos cultivados e células-tronco poderia oferecer soluções para qualquer problema em
questão.
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Uma caçadora Criadora em um recife de jardim. Ferramentas vivas são uma parte indispensável da vida diária desses seres; ela consegue
respirar debaixo d'água através de um crustáceo que filtra o oxigênio e está ajustado sobre seu orifício de sopro. Ela segura um rifle
derivado de moluscos que dispara dentes de peixe especialmente modificados, e seu companheiro é um peixe com o cérebro aumentado,
conectado para trazer as presas. Edifícios feitos de conchas calcificadas cintilam ao fundo, iluminados pela bioluminescência.
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No final, a disputa que durou séculos começou a se resolver a favor das facções
progressistas. Conforme expandiam suas esferas de conhecimento, influência e atividade,
os Saurosapientes se tornaram tão "humanos" quanto qualquer outra civilização que se
abria para a galáxia.
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O vencedor final dessa corrida armamentista colonial foi uma colônia consciente,
organizada em torno de unidades hiperepecializadas cujo único propósito era direcionar
as outras. Essas colônias se espalharam pelo planeta, adaptando as partes de seus rivais
para funcionar dentro de si mesmas. Assim nasceram as Pessoas Modulares.
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Uma colônia modular trata uma unidade digestora especializada com sprays de
medicamentos antiúlcera produzidos pelo drone médico segurado em suas "mãos". Observe
os segmentos diferentes, cada um deles representando seres humanos mutados em si
mesmos.
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Por mais igualitária que fosse a vida deles, eles pagaram um preço inevitável e
limitante. Seus corações, mesmo em seu estado aprimorado, tinham dificuldade em
sustentar seu poder de voo e cérebros grotescamente grandes ao mesmo tempo. Como
consequência, sua espécie tinha uma vida efêmera. Um Pterosapien atingia a maturidade
sexual aos dois anos, estava na meia-idade aos dezesseis e geralmente morria por volta
dos vinte e três anos de nossa contagem de tempo. Esse ciclo sombrio fazia com que eles
valorizassem cada momento de sua existência, ponderando sobre ela com intensidade
febril. Uma estante de pergaminhos escritos por filósofos Pterosapiens seria a inveja de
todas as bibliotecas humanas. Em suas cidades, a vida se desenrolava em uma velocidade
irreal, correndo para cumprir prazos fugazes.
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Um Pterosapien posa junto aos edifícios bizarros de um resort à beira-mar. Com uma
duração de apenas dez dias, estas serão as únicas férias em sua vida efêmera.
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Um nobre Assimétrico posa nu para revelar sua anatomia bizarra. Normalmente, essas
criaturas se vestem com elaboradas vestimentas que se assemelham a montes de meias
interconectadas e aumentadas.
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E talvez, pela televisão olfativa, ele cheirasse notícias das escavações das ruínas de
um milhão de anos dos Qu, das descobertas maravilhosas recuperadas dos destroços do
Povo Estelar ou das enormes matrizes de rádio que surgiam em todos os lugares para
ouvir as estrelas.
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Eles também alongaram seus dedos em asas, mas essas não eram usadas para
voar. Em vez disso, tornaram-se velas que os impulsionavam sem esforço pelos oceanos.
Com os dedos transformados em velas, eles usavam suas bocas e línguas alongadas para
capturar suas presas pelágicas. Esses órgãos eventualmente assumiram o papel das mãos
há muito atrofiadas e hábeis dos Pescadores. A necessidade de navegar melhor pelos
mares infinitos exerceu uma pressão inevitável em suas memórias, e os cérebros dos
Navegadores cresceram proporcionalmente. Era apenas uma questão de tempo até que
um desses navegadores se tornasse inteligente o suficiente para pensar.
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Um Navegador sai para caçar com seu companheiro armado com arpão ao fundo.
Extremamente violentos por natureza, essas pessoas frequentemente recorrem a
campanhas de caça selvagem para aplacar sua sede de sangue na vida moderna. Observe
suas "mãos" derivadas da língua e a criatura voadora acompanhante, na verdade, um dos
primos distantes dos Navegadores
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A existência deles, presos entre seu mundo paradisíaco estático e seu ritmo
intrinsecamente lento de evolução, era imersa em prazer e parecia imune à mudança.
Talvez isso fosse verdade por cerca de um milhão de anos ou mais. No entanto, em uma
escala maior, a estase completa era apenas uma fábula.
Esses seres se assemelhavam bastante aos seus ancestrais, exceto pelo fato de
agora possuírem "caudas" enormes; órgãos flexíveis de equilíbrio compostos por
músculos pélvicos e gordura estendidos. Ao longo dessa extensão, seus corpos inteiros se
reorientaram em posturas horizontais, quase dinossaurianas. Embora tenham
abandonado as estratégias reprodutivas frenéticas de seus ancestrais, suas vidas sociais
ainda mantinham um delicioso toque de promiscuidade casual.
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A plateia satírica enlouquece quando o artista atinge o clímax de sua música. Tais eventos
são parte do cotidiano da vida satírica.
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A partir daí, foi uma descida contínua. Embora tenha levado milênios, o
desenvolvimento desde o machado de pedra até a espaçonave foi um piscar de olhos em
termos geológicos. Assim como muitas outras espécies, os Insetóides passaram por ciclos
consecutivos como impérios agrários (no caso deles, apicultura), empreendimentos
coloniais, industrialização, guerras mundiais massivas e, finalmente, estados mundiais
globalizados. Mas havia uma coisa que diferenciava seu desenvolvimento de todas as
outras espécies pós-humanas.
A história não registra muitos detalhes sobre os invasores, exceto que, ao contrário
dos Qu, foi um esforço singular e foi repelido em um ciclo intenso de guerras orbitais e
terrestres. Embora vencidos, os invasores conseguiram deixar suas marcas. Eles
introduziram sua própria flora e fauna, que prosperaram no planeta natal dos Insetóides
muito depois de terem partido. Mais importante ainda, eles incutiram nos pobres
Insetóides uma xenofobia patológica entre espécies, a ponto de temerem até mesmo seus
primos pós-humanos em outras estrelas.
Por uma reviravolta irônica do destino, seus medos seriam mais do que justificados,
embora não ainda. Os Insetóides ainda tinham tempo.
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Uma celebridade Insetóide, indiscutivelmente a garota mais bonita de seu planeta, posa
diante de uma vila costeira. Ao longe, podem ser vistos seres semelhantes a sacos de gás,
criaturas arbóreas deixadas como relíquias pelos misteriosos invasores alienígenas.
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Curiosamente, seu domínio não incluía nenhuma das novas espécies pós-
humanas emergentes, pois seus mestres haviam perdido completamente o interesse por
planetas; aquelas esferas de sujeira e gelo acorrentadas pela gravidade que impediam o
crescimento. As novas arcas se estabeleceram confortavelmente nas bordas externas dos
sistemas estelares, observando silenciosamente as vidas de seus parentes em
dificuldades.
Pela primeira vez na história, havia verdadeiros deuses nos inúmeros céus
humanos. Eles eram silenciosos e passavam despercebidos na maior parte do tempo, mas
sua vigilância acabaria compensando.
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Os contatos, todos estabelecidos por meio de comunicação por rádio, não foram
distribuídos de maneira uniforme. O Império começou pouco mais de alguns milhões de
anos depois que os Qu partiram, com o primeiro diálogo entre os primeiros Povos
Assassinos e os Satíricos. Alguns milhares de anos depois, eles foram acompanhados
pelos Criadores de Ferramentas, emergindo das profundezas do oceano por meio de
matrizes de rádio vivas.
Essa união era um império da conversa, pois a viagem real entre as estrelas era
muito difícil para ser prática. Assim como as colônias esquecidas do Povo Estelar, os pós-
humanos cooperavam por meio da troca irrestrita de informações e experiências. Embora
abrangesse todos os aspectos de uma variedade surpreendente de culturas, os esforços do
Império se concentravam em dois principais problemas: unificação política (embora não
homogeneização) e consciência galática; prontidão constante para possíveis invasões
alienígenas. Todos haviam se deparado com os restos dos misteriosos Qu. Ninguém
queria repetir o mesmo cenário.
Esse esforço coordenado durou quase oitenta milhões de anos, durante os quais as
espécies membros alcançaram níveis de cultura, bem-estar e tecnologia anteriormente
inimagináveis. Cada espécie colonizou algumas dezenas de mundos próprios, onde
nações, culturas e indivíduos viveram ao máximo seu potencial existencial.
Desnecessário dizer que tudo isso foi possível apenas por meio de comunicação
constante e total abertura para a Galáxia. A maioria das comunidades considerava isso
como garantido e participava diligentemente dos diálogos galáticos. No entanto, havia
outros seres silenciosos e ocultos que se recusaram a se juntar. Através deles, viria a ruína
do Império.
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Depois da lição dos Qu, o Segundo Império Galático manteve uma vigilância
constante contra invasões alienígenas. Irônicamente, eles negligenciaram olhar entre si
mesmos. A segunda grande invasão da galáxia não veio de fora, mas de dentro.
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Até os Qu haviam sido leais à vida, eles distorceram e subjugaram suas vítimas,
mas no final permitiram que elas sobrevivessem. Para as máquinas, no entanto, a vida era
um luxo.
Tal crueldade meticulosa não era, ironicamente, fruto de qualquer tipo de ódio
real. Os Gravitais, há muito acostumados aos seus corpos mecânicos, simplesmente não
reconheciam a vida de seus parentes orgânicos. Quando essa apatia se misturava às suas
alegações insanas como os únicos herdeiros do Povo Estelar, as extinções eram realizadas
com a banalidade de um engenheiro demolindo um prédio abandonado. Sob o reinado
das Máquinas, a Galáxia entrou em uma nova era sombria.
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Uma rara instância de uma invasão direta pelas Máquinas ocorreu em uma das cidades
costeiras do Povo Assassino. Na maioria das vezes, os habitantes do Segundo Império eram
eliminados globalmente, sem a necessidade de tais confrontos.
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Considerando a Invasão
A Invasão das Máquinas trouxe a maior onda de extinções que a galáxia já havia
presenciado; pois não se tratava apenas de um simples ato de guerra entre espécies, mas
sim de uma destruição sistematizada da própria vida.
Para começar, os Gravitais não eram malévolos, pelo menos não em sua própria
percepção. Esses seres, embora mecânicos, ainda viviam suas vidas como indivíduos e
operavam dentro de sociedades coerentes. Eles haviam renunciado à sua herança
orgânica, mas suas mentes não eram os mecanismos frios e calculistas das verdadeiras
máquinas. Mesmo depois de dar ordens que destruiriam bilhões de almas, um Gravital
teria um lar para voltar e, incrivelmente, uma família e um círculo de amigos pelos quais
sentia um afeto genuíno. Apesar de serem dotados de compaixão, seu tratamento severo
dos orgânicos era resultado, como mencionado antes, de uma simples incapacidade de
entender o direito deles à vida.
A invasão das Máquinas também não significou o fim de tudo. Certamente houve
uma destruição generalizada da vida, mas o que foi perdido foi "apenas" a vida orgânica.
Consumindo energia, direcionando-a para reprodução, pensamento e até mesmo
evolução, as máquinas estavam tão vivas quanto qualquer organismo baseado em
carbono. Apesar das perdas, uma forma de Vida sobreviveu e, como seria visto, até
mesmo preservou alguns de seus predecessores orgânicos.
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As razões precisas para sua preservação ainda são desconhecidas até hoje. Talvez
as Máquinas não tenham aperfeiçoado sua apatia impiedosa naquela época. Ou talvez
elas tenham tido pena dos pobres orgânicos e permitiram que eles mantivessem uma
paródia truncada de existência.
Assim, multidões de Súditos foram produzidos, distorcidos a tal ponto que até a
intromissão dos Qu parecia comparativamente tímida. A maioria deles foi usada como
servos, cuidadores e trabalhadores manuais. Essas eram as formas afortunadas. Alguns
sub-homens foram reduzidos ao nível de culturas celulares, úteis apenas para troca de
gases e filtragem de resíduos. Outros foram moldados em ecologias completamente
artificiais; simulações barrocas que serviam apenas como entretenimento. Algumas
máquinas, com suas ambições ainda humanas, levaram essa prática a um novo patamar e
produziram obras de arte vivas; criaturas condenadas e únicas que existiam puramente
como anacronismos biológicos.
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O arquétipo Insetóide, ladeado por dois de seus descendentes distorcidos. À sua esquerda,
um polidáctilo portador de um falo, criado como uma oferta sacrificial em uma das
muitas religiões das Máquinas. À direita, uma obra de arte única; projetada para tocar
seus dedos modificados como um conjunto de tambores enquanto entoa as melodias de
uma certa canção pop. 95
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As Outras Máquinas
É importante lembrar que, apesar de seu imenso poder que abrangia a Galáxia, o
Império das Máquinas não era homogêneo. Ele era composto por dezenas de facções
distintas que nem sempre concordavam em tudo, incluindo o tratamento de seus
oprimidos, os Súditos.
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A longo prazo, as lutas internas do Império das Máquinas poderiam ter levado à
sua queda. No entanto, não foi necessário esperar tanto tempo, pois o Império teve uma
morte mais curta, mas imensamente cataclísmica.
O poder estava equilibrado entre os dois impérios rivais. Além disso, esse
equilíbrio envolvia forças suficientemente fortes para destruir planetas em massa. Cada
lado sabia que qualquer tipo de guerra resultaria em aniquilação mútua, e apenas a
insanidade poderia iniciar tal conflito.
Bem, o Império das Máquinas pós-guerra civil enlouqueceu, de certa forma. Para
desviar a atenção das lutas internas, precisava de um novo inimigo para consolidar suas
facções rivais. Que imprudência esse inimigo tenha sido os Asteromorfos
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A Galáxia Pós-Guerra:
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As Novas Máquinas:
Havia um senso de justiça poética em tudo isso. As Máquinas, que uma vez
distorceram formas de vida biológica a seu bel-prazer, finalmente experimentavam um
destino semelhante. Para começar, os Asteromorfos eliminaram completamente sua
capacidade de manipulação gravitacional autossustentável; a própria força que os
tornava invulneráveis no passado. Eles foram dotados de uma vida finita e imaginação
levemente amortecida, para evitar que a história se repetisse. No entanto, a natureza
degradante dessas mudanças não implicava uma regressão geral.
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Uma cidadã máquina do Novo Império. Ela exibe um par deslumbrante de braços
ramificados que combinam tanto com as últimas tendências da moda quanto com seu
trabalho como artesã. Máquinas que seguem a moda podem parecer incomuns para um
leitor desta era, mas nunca esqueça que esses seres são inteligências humanas, apenas em
corpos diferentes.
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O Segundo Contato
Essa magnífica entidade não era cega para o universo ao seu redor. Sintonizou
seus olhos, ouvidos e sensores, investigando os eventos das galáxias vizinhas. Os Novos
Galáticos suspeitavam que as nebulosas circundantes também pudessem abrigar suas
próprias civilizações indígenas, e era sábio contatá-las antes que mal-entendidos ou
conflitos ocorressem. Em um aspecto mais sombrio, essas observações também serviam
como vigias em busca de invasores em potencial. Mesmo assim, a memória dos Qu não
foi esquecida.
A descoberta foi feita eventualmente. Uma das galáxias vizinhas mostrava padrões
de atividade que eram os inconfundíveis sinais de uma organização inteligente. Alguns
pensadores se alegraram com a descoberta de uma nova civilização, enquanto outros
temiam o retorno dos Qu. Felizmente, esse segundo encontro com uma espécie
alienígena provou ser pacífico. Talvez as inteligências de ambas as galáxias finalmente
estivessem maduras o suficiente para se encontrarem sem brigas.
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Uma embaixadora Anficefala com espaçonaves típicas de sua espécie. Seu estranho plano
corporal revela uma história evolutiva tão complicada quanto a da humanidade.
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Terra Redescoberta:
Isso foi feito silenciosamente por uma pesquisadora singular que vasculhava os
vestígios da história esquecida década após década. Milhões de anos de guerras, invasões
e extinções haviam enterrado as evidências de forma completa e abrangente. Quando ela
finalmente se deparou com evidências irrefutáveis, não havia ninguém por perto para
comemorar. Isso viria mais tarde.
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O Retorno:
Mesmo assim, uma nave foi enviada e pousou sem cerimônias, pois agora não
havia mais inteligência na Terra. Muito distante dos principais centros de população, o
planeta havia sido completamente ignorado, tornando-se estagnado e selvagem. Mas
ainda era o Lar.
Quando os exploradores pisaram fora, pés humanos pisaram na velha Terra mais
uma vez; após uma ausência de 560 milhões de anos. A humanidade estava de volta em
casa.
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Todos os Amanhãs:
Por que eles desapareceram? Talvez tenha sido uma guerra final e inimaginável de
aniquilação, uma que transcendeu o próprio significado de "conflito". Talvez tenha sido
uma gradual dissolução das galáxias unidas, e cada raça enfrentando seu fim particular
lentamente em seguida. Ou talvez, como as teorias mais selvagens sugerem, tenha sido
uma migração em massa para outro plano de existência. Uma jornada para algum lugar,
em algum momento, para algo diferente. Mas a questão fundamental é; honestamente,
não sabemos.
Para aqueles como eles, olhem para a história do Homem e voltem a seus sentidos!
Não é o destino, mas a jornada que importa, e o que você faz hoje influencia o amanhã,
não o contrário. Ame o Hoje e agarre todos os Amanhãs!
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Caro leitor, a partir deste ponto, é o tradutor que está escrevendo. Gostaria de expressar minha
profunda gratidão a Kosemen por me conceder a oportunidade de traduzir esta obra-prima.
Sempre me questionei sobre a possibilidade de haver seres de outras estrelas, galáxias e planetas
vivendo simultaneamente conosco, evoluindo ao mesmo tempo. É incrível e, ao mesmo tempo,
assustador pensar que toda a nossa essência e memórias podem ser apagadas em um piscar de
olhos, do ponto de vista do Universo, não é mesmo?
Talvez, quando esse momento chegar, já tenhamos descoberto o verdadeiro propósito da vida,
talvez tenhamos desvendado o segredo da imortalidade e a existência de forças superiores que nos
criaram. Ou talvez... apenas tenhamos aprendido a abraçar nossa humanidade, a valorizar cada
momento que nos é dado.
Durante a escola, sempre olhava para as janelas durante as aulas e me perguntava “Qual minha
razão para estar aqui? Qual minha razão para viver aqui e neste estado?” essas perguntas ainda
permeiam minha mente, e às vezes, tenho medo de descobrir a resposta. Talvez eu esteja aqui
apenas para ser outro ser humano, ou para ser algo abaixo disto.
Eu sonhei com o dia em que me tornaria algo além do que sou, ansiava por essa transformação,
acreditando que isso me tornaria especial. No entanto, agora percebo que apenas consegui ser
aquilo que já era: um ser humano com sonhos e imaginações, por mais supérfluos que podem
parecer, mas que de alguma forma enriquecem minha vida.
Ao deparar-me com a oportunidade de traduzir esta obra, pensei: "Eu preciso disso, é meu destino!
Isso me ocorreu algo extraordinário!" No entanto, percebo agora que corri em uma pista apenas
para retornar ao mesmo ponto de partida, ao início.
Acredito que essa seja a jornada humana: buscar com ambições vãs, na tentativa de preencher
nossa existência efêmera com conquistas que consideramos importantes. Peço desculpas por essa
minha perspectiva pessimista, mas como o Autor mencionou na página final, mesmo que tudo isso
seja verdade, mesmo que nossa existência seja apenas uma "bolha" prestes a estourar com um
simples toque de dedo de uma criança ou pelo destino inexorável , ainda assim devemos nos apegar
a esses preciosos momentos de existência. Devemos sentir-nos honrados por alcançar algo que
todos almejam: o Tempo.
Se você está enfrentando alguma situação difícil no momento, caro leitor, lembre-se de que você é
humano! Faz parte de nossa natureza lutar para conquistar e sobreviver mesmo diante das
adversidades. Mesmo que o amanhã tenha uma possibilidade remota, lembre-se: você molda o seu
próprio amanhã! Não são as circunstâncias externas que determinam seu destino, mas sim você
mesmo! Você é um indivíduo único e especial, e isso faz toda a diferença!
Agradeço novamente o autor pela permissão de tradução, minha querida Fabiana que tem me
apoiado tanto junto de minha escola.
O Visionário por trás de “All Tomorrows”