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Deficientes X inclusão

Desde a origem da raça humana, as pessoas diferem entre si. A diversidade


manifesta-se, por exemplo, na distinção entre homens e mulheres, nas etapas do ciclo
da vida e na própria fragilidade humana, fatores que podem determinar limitação no
desempenho de algumas atividades. Como consequência da supervalorização da
capacidade física, sensorial e cognitiva, as pessoas com deficiência enfrentaram a
eliminação, a exclusão, e muitas formas de segregação como prova do preconceito,
da discriminação e da desvalorização de suas vidas. Em todas as situações manifesta-
se a opressão sobre os indivíduos de grupos minoritários em situação de
vulnerabilidade.
A deficiência é a limitação física, sensorial ou intelectual que tem uma pessoa.
Do ponto de vista geral, todos os indivíduos sofrem de alguma deficiência em seu
organismo, mas utiliza-se o conceito deficiência para mencionar um alto grau de
disfunção.
Ao falar de deficiência física nos referimos normalmente ao sistema locomotor
de nosso organismo. Uma pessoa sem uma perna, com pólio ou com baixa motilidade
não pode ter a mesma facilidade que outra pessoa. No caso da deficiência sensorial
(por exemplo, auditiva ou visual), o sujeito que apresenta esta dificuldade tem uma
série de impedimentos em sua vida cotidiana. Quando falamos de deficiência
intelectual, (por exemplo, pessoas que sofrem de síndrome de Down), trata-se de um
impedimento que afeta as faculdades mentais.
Cada pessoa possui capacidades diferentes, sejam psicológicas, físicas ou
emocionais, o que faz com que tenham vidas diferentes e únicas. Contudo, nalguns
casos, é possível que alguma dessas capacidades não se tenha desenvolvido ou que
se tenham perdido, falando-se então de deficiência.
Além da perda ou limitação da capacidade, o contexto físico, social e cultural no qual a
pessoa vive faz com que a experiência da deficiência seja única para cada indivíduo, o
que torna difícil a sua classificação.
A classificação mais comum divide-a em três grandes áreas: motora, quando o
órgão afetado é o aparelho locomotor, psíquica, quando a afetação se dá nas
qualidades intelectuais, e sensorial, quando as limitações afetam algum dos cinco
sentidos.
Apesar de que existem deficiências ligadas a uns sintomas ou manifestações
bem definidas, também existem as genericamente chamadas invisíveis, isto é, que
não são apreciáveis à simples vista. Por exemplo, é comum que quando se fala na
televisão de pessoas com deficiência intelectual e, devido a que em muitos casos a
mesma não é apreciável fisicamente, mostram-se imagens de pessoas com outras
deficiências ou unicamente com síndrome de Down. Com isso, a única coisa que se
consegue é não dar visibilidade ao coletivo e que a sociedade, em muitos casos,
desconheça a realidade de certas deficiências.

Deficiência motora
As pessoas com a deficiência física ou motora apresentam uma alteração no
seu aparelho locomotor, devido a um mal funcionamento dos sistemas nervoso,
muscular, e/ou ósseo articular. Esta alteração dificulta ou impossibilita a mobilidade
funcional de uma ou várias partes do corpo.
Pode ser transitório, por exemplo, devido a imobilizações por traumatismos ou
permanente como as produzidas por processos infecciosos como a poliomielite, por
más formações neurológicas ou acidentes.

Deficiência sensorial
As pessoas com deficiência sensorial, devido à afetação de um ou vários
sentidos, apresentam uma diminuição importante do volume de informação que
recolhem do ambiente que os rodeia. Atendendo ao sentido afetado classificam-se em:
Deficiência visual. Refere-se à perda ou diminuição da visão, englobando toda
a etiologia e graus de severidade. Para entender a realidade que entranha esta
deficiência, basta ter em conta que através da vista se obtém 80% da informação do
mundo exterior.

Deficiência auditiva.
Define-se como a perda ou a anormalidade funcional do sistema auditivo e tem
a sua consequência imediata numa dificuldade para ouvir, o que implica também
dificuldades no acesso à linguagem e à fala pelo que, qualquer transtorno na
percepção auditiva em idades precoce afeta o desenvolvimento linguístico,
comunicativo e aos processos cognitivos. Para se considerar uma deficiência auditiva,
a deficiência deve afetar ambos ouvidos.

Deficiência Intelectual
Implica uma série de limitações significativas nas habilidades que a pessoa
aprende para funcionar na sua vida diária, compreender o entorno e interagir com o
mesmo.
As pessoas com deficiência intelectual têm dificuldades nas habilidades
cognitivas, isto é, todas aquelas relacionadas com o processamento da informação:
atenção, perceção, memória, resolução de problemas, compreensão, estabelecimento
de analogias…
Além destes três grandes tipos de deficiência, outras classificações menos
conhecidas distinguem entre:

Deficiência psíquica
Fala-se de deficiência quando se apresentam alterações, de forma
previsivelmente permanente e intensa, no comportamento adaptativo ou de relação.
Geralmente, derivam de transtornos mentais como a depressão, a esquizofrenia, o
transtorno bipolar, transtornos de personalidade… Um dos maiores problemas
associados para conseguir a integração social deste coletivo, é a estigmatização social
da doença mental, tanto pelas dificuldades de reconhecimento e aceitação como pelos
medos infundados em relação aos mesmos.
Deficiência visceral
Trata-se de uma das deficiências menos conhecidas e, contudo, uma das mais
frequentes. Corresponde com aquelas limitações na vida e participação na
comunidade daquelas pessoas que padecem deficiências funcionais e estruturais
nalgum dos sistemas: cardiovascular, hematológicos, respiratórios, digestivos,
metabólicos, endócrinos e geniturinários.
Deficiência múltipla
Caracteriza-se pela presença de diferentes deficiências em diferentes graus e
combinações. Falar de deficiência múltipla, não é apenas somar os tipos de deficiência
que uma pessoa pode ter. Ela consiste na interação que têm juntas, que na maioria
dos casos implica aspetos novos e individuais de diferentes tipos de deficiências. Pode
ter características variáveis, dependendo da idade, assim como da combinação e
severidade das suas deficiências.

As Paraolimpíadas
As pessoas com deficiências tradicionalmente discriminadas pela sociedade, e
desmotivados pela sua própria condição existencial, têm nas paraolimpíadas uma
oportunidade para elevar sua autoestima, direta ou indiretamente, além de provar para
todos o seu valor como atleta e cidadão.
Desde a XVI Olimpíada, realizada em Roma, em 1960, imediatamente após as
Olimpíadas, e nas mesmas instalações são realizados as Paraolimpíadas ou os Jogos
Paraolímpicos. Em Roma, a I Paraolimpíada teve a participação de 400 atletas e 23
delegações.
As Paraolimpíadas vêm crescendo também de prestígio junto à mídia, e
proporcionando oportunidades de competição esportiva para aqueles que, superando
as inúmeras dificuldades, treinaram duramente para o evento internacional. As últimas
foram em Londres 2012 e no Rio de Janeiro 2016.

História das Paraolimpíadas


Para portadores de deficiências físicas, o esporte adaptado só teve início
oficialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando muitos soldados voltavam para
casa mutilados. As primeiras modalidades competitivas surgiram nos Estados Unidos
e na Inglaterra.
Nos Estados Unidos surgiram as primeiras competições de Basquete em
Cadeiras de Rodas, Atletismo e Natação, por iniciativa da PVA (Paralyzed Veterans of
América). Na Inglaterra, o neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, que
cuidava de pacientes vítimas de lesão medular ou de amputações de membros
inferiores, teve a iniciativa de fazer com que eles praticassem esportes dentro do
hospital.
Em 1948,o neurocirurgião aproveitou os XVI Jogos Olímpicos de Verão para
criar os Jogos Desportivos de Stoke Mandeville. Apenas 14 homens e duas mulheres
participaram. Já em 52, os Jogos de Mandeville ganharam projeção, contando com a
participação de 130 atletas portadores de deficiência. Tornou-se uma competição
anual.
Em 1958, quando a Itália se preparava para sediar as XVII Olimpíadas de
Verão, Antonio Maglia, diretor do Centro de Lesionados Medulares de Ostia, propôs
que os Jogos de Mandeville do ano de 1960 se realizassem em Roma, após as
Olimpíadas. Aconteceram então os primeiros Jogos Paraolímpicos, as
Paraolimpíadas. A competição teve o apoio do Comitê Olímpico Italiano, e contou com
a participação de 240 atletas de 23 países.
Com o sucesso dos jogos o esporte se fortaleceu e fundou-se a Federação
Mundial de Veteranos, a fim de discutir regras e normas técnicas. Ao longo dos anos,
a competição foi crescendo muito. Por problemas de organização, as Paraolimpíadas
de 1968 e 1972 ocorreram em cidades diferentes da sede das Olimpíadas,
constituindo exceções na história dos Jogos Paraolímpicos.
Em 1988, em Seul, os jogos voltaram a ser disputados na mesma cidade que
abriga as Olimpíadas. O primeiro ano de participação brasileira foi 72.
As Paraolimpíadas são disputadas a cada quatro anos, nos mesmos locais
onde são realizadas as Olimpíadas, usando a mesma estrutura montada para os
atletas olímpicos. São 24 modalidades em disputa por atletas portadores de
deficiências, divididos em categorias funcionais de acordo com a limitação de cada
um, para que haja equilíbrio.

Modalidades
Atualmente, o Comitê Paralímpico Brasileiro considera 24 modalidades
paraolímpicas, que fazem parte da edição de verão e serão apresentadas a seguir.
 Atletismo
 Basquete em cadeira de rodas
 Bocha
 Ciclismo
 Esgrima em cadeira de rodas
 Futebol de 5
 Futebol de 7
 Golbol (Goalball)
 Levantamento de peso
 Hipismo
 Judô
 Natação
 Parabadminton
 Paracanoagem
 Parataekwondo
 Remo
 Rugby em cadeira de rodas
 Tênis de mesa
 Tênis em cadeira de rodas
 Tiro com arco
 Tiro esportivo
 Triatlo
 Vela
 Vôlei sentado
O que é inclusão?

A inclusão social é uma ferramenta importante de participação e controle


social, responsável por atuar na garantia de direitos a todos os cidadãos e na
manutenção da democracia como regime político igualitário.
A inclusão social é o conjunto de medidas direcionadas a indivíduos
excluídos do meio social, seja por alguma deficiência física ou mental, cor da
pele, orientação sexual, gênero ou poder aquisitivo dentro da comunidade.
Dessa forma, o objetivo dessas ações é possibilitar que todos os cidadãos
tenham oportunidades de acesso a bens e serviços, como saúde, educação,
emprego, renda, lazer, cultura, entre outros.
Em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a liberdade
e a igualdade entre as pessoas começaram a ganhar espaço para debate e
reflexão na contemporaneidade. Em decorrência disso, o debate acerca da
inclusão social está cada vez mais relevante, fator que faz com que as pessoas
sejam instigadas a abandonarem comportamentos excludentes e
discriminatórios.
Dessa forma, a inclusão social é importante pois combate a segregação
social e viabiliza a democratização de diversos espaços e serviços para aqueles
que não possuem acesso a eles.

A inclusão social no Brasil


No Brasil, a inclusão social ocorre principalmente por meio de políticas
públicas, como por exemplo a política de ações afirmativas. Ok, mas o que são
ações afirmativas? São ações temporárias definidas pelo Estado com o
propósito de eliminar desigualdades historicamente acumuladas e garantir a
igualdade social.
Um exemplo da implementação de ações afirmativas é a política pública
de cotas raciais, medida responsável pela reserva de vagas em universidades
públicas ou privadas, concursos públicos e bancos para grupos específicos
classificados por etnias, com a finalidade de reduzir as diferenças e
desigualdades existentes.
Ademais, a criação de leis para proteger os direitos e garantir o bem -
estar de grupos minoritários e excluídos é uma maneira eficiente de fazer a
inclusão social. Como, por exemplo, a proteção dos direitos das mulheres, da
população negra e dos homossexuais.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a
discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser
considerada um crime. Essa medida representa um marco para a
comunidade LGBTQ+, uma vez que a criminalização da homofobia é uma das
demandas mais antigas do movimento no país.
Entretanto, apesar da existência de ações que visam combater a
exclusão social no país, esse problema ainda é uma realidade vigente que
demanda atenção e atinge diversas camadas da sociedade. Para compreender
melhor o cenário, é crucial analisar alguns desafios existentes.

Inclusão de deficientes físicos


Na Grécia Antiga, na sociedade de Esparta, os recém nascidos eram
avaliados ao nascer e, ao detectarem algum tipo de deficiência ou anomalia,
eram sacrificados pois não correspondiam aos padrões de um bom guerreiro.
Entretanto, apesar do distanciamento desse pensamento na atualidade e do
advento de debates sociais acerca da inclusão social do deficiente, ainda há o
predomínio de inúmeros desafios para essa parcela da população.
No Brasil, foi a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência que
fortaleceu todos os direitos do cidadão com deficiência, além de estabelecer
punições para ações discriminatórias. Todavia, embora a legislação brasileira
lide com o tema de forma satisfatória, não ocorre com efetividade a garantia do s
direitos desse grupo social.
Para ilustrar, a falta de acessibilidade em transportes públicos, prédios
públicos e privados de uso coletivo, hotéis, universidades, escolas, restaurantes
e lugares públicos em geral é um entrave para a inclusão social, impe de o
direito de ir e vir e a autonomia da pessoa com deficiência.
Em São Paulo, por exemplo, com 53 mil habitantes cegos, só existem 8
semáforos sonoros para deficientes visuais. Diante disso, os cidadãos com
deficiências têm seus desafios diários multiplicados e a vida em sociedade
dificultada, uma vez que os seus direitos básicos são negligenciados.
Assim, uma forma de promover a inclusão social desse grupo seria a
elaboração de um projeto urbano por parte do Governo que buscasse adaptar
as ruas para pessoas com deficiência, como por exemplo a inclusão de
semáforos sonoros em nível nacional e a inserção de rampas de acessibilidade
em calçadas.
Tipos de exclusão social
A exclusão social promove o distanciamento de uma pessoa ou de
grupos minoritários em diversos âmbitos da vida social. Com isso, pessoas que
possuem essa condição social sofrem inúmeros preconceitos e são impedidas
de exercerem seus direitos como cidadão.
Alguns tipos de exclusão social:
 Exclusão étnica: faz referência aos grupos minoritários excluídos em
razão da etnia ou cultura, como os índios e negros.
 Exclusão econômica: faz referência à exclusão de pessoas com menor
poder aquisitivo na sociedade que não conseguem ter acesso a bens e
serviços.
 Exclusão de gênero: faz referência, geralmente, a mulheres e grupos
que não se adequam ao gênero de nascimento, como os transexuais
 Exclusão patológica: faz referência à exclusão de indivíduos em razão
de alguma doença ou deficiência, como cadeirantes e pessoas vivendo
com HIV.
 Exclusão sexual: faz referência à exclusão de indivíduos determinada
pelas preferências sexuais, como lésbicas e homossexuais.

Após a leitura dos textos, responda as questões a segui?


1- O que é deficiência?
2- Quais os tipos de deficiência?
3- Quais os tipos de deficiência física?
4- Quais os tipos de deficiência intelectual?
5- O que é deficiência sensorial?
6- O que é deficiência psíquica? Cite exemplos.
7- O que é a paraolimpíada?
8- Como surgiram os primeiros jogos da paraolimpíada?
9- Quais as modalidades da paraolimpíada?
10- Explique o que é inclusão?
11- Qual a importância da inclusão?
12- Quais os meios adotados pelo mundo ou pela sociedade para incluir as
pessoas?
13- O que é educação inclusiva?
14- A sua escola é adaptada para pessoas com necessidades especiais ou
atípicas?
15- Você estaria ou está preparado para receber uma pessoa com necessidades
especiais ou atípicas?
16- Quais ou meios ou formas adotadas por você para incluir as pessoas a sua
volta?

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