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1. Introdução
Antes de começar a falar sobre a deficiência, precisamos deixar claro para você que não
existe “portador de deficiência”. Essa terminologia precisa ser tirada do nosso vocabulário.
Veja bem, você escolhe portar a sua mochila, a sua bolsa – você pode até escolher: “Será que
carregarei a bolsa de couro marrom ou preta?” – logo, o termo “portar” (carregar) remete à
possibilidade de escolha do que será portado. Dessa forma, referir-se ao deficiente como
“portador” implica a compreensão subliminar de que ele teria escolhido determinada
deficiência.
O termo correto a ser utilizado é pessoa com deficiência. Este termo foi definido pela
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência. Essa forma de
referir-se à pessoa com deficiência deixa claro que a há algum tipo de deficiência e não
inferioriza o indivíduo.
De acordo com o Ministério da Educação (BRASIL, 2006), a deficiência física pode ser
definida como:
(BRASIL, 2006)
(BRASIL, 2004)
Diante dessas definições, podemos concluir que existe uma necessidade de serem garantidas
medidas específicas que atendam à pessoa com deficiência.
Existem quantas pessoas com deficiência no Brasil atualmente? Quais são as deficiências mais
prevalentes?
Essa pergunta deve ter passado pela sua cabeça! Segundo o Censo 2010, apresentado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 45,6 milhões de pessoas
com deficiência. À época desse censo, dos 190 milhões de brasileiros, 23,9% apresentava
alguma deficiência. Esse número provavelmente aumentou ao longo dos anos até o
momento. Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), estimou 200,6 milhões de pessoas e
destas, 6,2% tinha pelo menos uma das quatro deficiências (física, visual, intelectual,
auditiva).
Considerando esses dados, é importante que você entenda que algumas dessas deficiências
estão associadas a quadros neurológicos importantes, como a encefalopatia crônica –
conhecida popularmente como paralisia cerebral. Vamos detalhá-la a seguir!
2. Deficiência Física
Antes de mais nada, vamos entender o que é uma deficiência física, que pode ser
classificada quanto a algumas características. Ela pode ser temporária, quando tratada,
permite que o indivíduo volte às condições anteriores. A deficiência física pode ser também
do tipo recuperável, ou seja, quando permite melhora diante do tratamento, ou suplência
das funções por outras áreas/estruturas não atingidas. Ainda é possível caracterizar a
deficiência como definitiva – quando, apesar do tratamento, o indivíduo não apresenta
possibilidade de cura, substituição ou suplência; e a deficiência física do tipo compensável
–que permite melhora por substituição de órgãos. Por exemplo, uma amputação que se
compensa com uso de prótese.
Até aqui você já deve ter percebido que a deficiência física pode ter diferentes
causas/etiologias. As principais são:
Hereditária – resultante de doenças transmitidas por genes. Este tipo pode manifestar-se
desde o nascimento, ou aparecer tardiamente.
Congênita – quando existe no indivíduo ao nascer ou, ainda assim, é identificada na fase
intrauterina.
Adquirida – quando ocorre depois do nascimento. Geralmente, por infecções,
traumatismos, intoxicações.
A deficiência física não pode ser um motivo de julgamento das capacidades e funcionalidade dos
indivíduos. Ela restringe o indivíduo de algumas atividades e, às vezes, até reduz a sua autonomia,
no entanto, não se deve fazer pré-julgamentos.
Nos dias atuais, existem alguns movimentos sociais que defendem a denominação da paralisia
cerebral como uma “encefalopatia crônica não progressiva”. Essa nomenclatura resolveria o
problema de entendimento sobre o termo “paralisia” que remete a estagnação e ausência de
possibilidades de aprendizados e desenvolvimento.
Aqui, neste material, trataremos o termo encefalopatia crônica não progressiva (ECNP). De
acordo com Wyllie (1951), a ECNP recebe algumas terminologias de acordo com os membros
que estão afetados por ela. Dessa forma, temos a seguinte classificação:
Ainda de acordo com Wyllie (1951), as causas da ECNP geralmente têm relação com a falta
de oxigenação das células cerebrais. Isso ocorre durante a gestação da criança, ainda
durante a formação do cérebro. Existem ainda as causas que são consideradas perinatal, ou
seja, no momento do nascimento. São elas:
As causas pós-natal relacionam-se com febre prolongada e alta; desidratação com perda
significativa de líquidos; infecções cerebrais causadas por meningite ou encefalite;
ferimento ou traumatismo cranioencefálico; falta de oxigenação por afogamento ou outras
causas.
Existem alguns distúrbios que podem vir associados à paralisia cerebral. Por exemplo: crises
convulsivas; distúrbios auditivos; distúrbios visuais; problemas na deglutição; alterações de
comportamento; afasia; disartria; dislexia.
4. Processo de aprendizagem junto a criança
com paralisia cerebral
Como você pôde ver até aqui, a paralisia cerebral tem características peculiares que
implicam questões pedagógicas e desenvolvimento da aprendizagem.
A educação especial, que deve obedecer aos mesmos princípios da educação geral, deve se
iniciar no momento em que se identificam atrasos ou alterações no desenvolvimento
global da criança, e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe
oferecendo todos os meios para desenvolvê-lo ao máximo.
Almeida (2009) alerta que para a escola cumprir sua função social o professor deverá
conhecer as necessidades de seu aluno deficiente ou não e torná-los cada vez mais
independente e autoconfiante, utilizando a escola como um espaço de sistematização do
saber.
O que os professores precisam saber para poderem agir? Quais as possibilidades, em termos de
estratégia, para promover o aprendizado?
Para os professores, o diagnóstico da paralisia cerebral tem a sua importância no que tange
à informação sobre aquelas condições que são progressivas. É importante saber dessa
característica, a fim de adequar a forma de estabelecer o ensino. Da mesma maneira, ter
informações precisas sobre a sensibilidade tátil, visual, térmica ou de dor, tudo isso auxilia
o professor a compor da melhor maneira o cenário para o ensino.
Cadeira com altura adequada, para que o aluno não fique com os pés sem apoio.
Mesa com altura apropriada à necessidade do aluno.
Piso da sala não escorregadio.
Espaço suficiente entre as carteiras, para permitir a circulação adequada de uma
cadeira de rodas.
Até aqui, você deve ter percebido que o método tradicional de ensino não contempla as
necessidades físicas e cognitivas de um aluno com paralisia cerebral. Dessa forma, deve-se
olhar o aluno como um indivíduo que, apesar de ter uma especificidade que o diferencia dos
demais, é um sujeito pleno e capaz de responder com competência às exigências do meio,
contanto que lhes sejam oferecidas as devidas condições.
Então, chegamos à escola inclusiva! Algumas deficiências físicas podem afetar, de forma
mais acentuada, a aparência física, o que provoca a baixa autoestima e irá requerer
intervenção psicológica (GOFFMAN, 2008). Apesar da baixa autoestima não ser uma
consequência direta da aparência, ela surge como consequência da relação com outras
pessoas no convívio social. Diante disso, promover atitudes de inclusão nos ambientes
sociais, especificamente na escola, é fundamental para intervir nessa condição.
Como você pode ver no vídeo Como a Inovação em Tecnologia leva Comunicação para
Todos, a comunicação alternativa pode ser um dos recursos mais assertivos para o
estabelecimento e sucesso da interação do aluno com paralisia cerebral e os demais colegas.
A adaptação dos recursos pedagógicos também pode facilitar o aprendizado e, ainda,
estimular o interesse dessas crianças em permanecer na escola.
5. Conclusão
Como você pôde perceber até aqui, as deficiências impõem aos indivíduos limitações que
comprometem a sua participação nas diferentes atividades de vida diária. De um modo
geral, a sociedade está lentamente caminhando para a inclusão. O entendimento dos direitos
da pessoa com deficiência, a adaptação dos materiais, móveis, imóveis e instituições de
ensino apontam para um cenário otimista de inclusão e de principalmente integração. No
entanto, ainda é preciso muito trabalho, estudo e divulgação das necessidades e
potencialidades desses indivíduos.
6. Referências
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