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I - PARALISIA CEREBRAL

O sistema nervoso central é o responsável pela coordenação, por comandar o corpo,

sendo que, cada região do cérebro é responsável por uma parte do corpo, como pernas e

braços, lesões cerebrais irreversíveis no período perinatal, pré-natal e pós natal são chamados

de Paralisia Cerebral (PC).

A paralisia cerebral, ou Encefalopatia Crônica não Progressiva da Infância, nome este

criado para a patologia neurológica pelo Dr. William Little em 1860, o primeiro estudioso a

descrever a paralisia cerebral, que mais tarde receberia esta denominação por Freud em 1897)

não pode ser considerada uma doença degenerativa ou contagiosa, visto que na verdade ela é

uma síndrome neurológica não progressiva, ou seja, apesar de irreversível ela é estacionária, o

que continua de forma variável são as alterações no desenvolvimento normal dos movimentos

corporais, postura e fala.(COSTA,2010.)

De acordo com Bobath a paralisia cerebral é:

[...] resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter


não progressivo, e existindo desde a infância. A deficiência motora se
expressa em padrões anormais de postura e movimentos, associados com um
tônus postural anormal. A lesão que atinge o cérebro quando ainda é imaturo
interfere com o desenvolvimento motor normal da criança. (BOBATH,
1979, p.11).

O termo paralisia se refere ao dano causado e o termo cerebral se refere à parte do

corpo que foi afetada, nesse caso, o cérebro.

É importante entender que paralisia cerebral também não significa doença mental,

exceto quando a parte do cérebro afetada é a responsável pela função intelectual da criança,

ela é melhor dizendo, uma lesão em uma ou várias áreas do cérebro que comprometem o
funcionamento normal dos envios de comando e das respostas do corpo às solicitações do

cérebro, observando-se portanto que o órgão não consegue enviar seus comandos ao corpo

para que se tenha resposta, por isso a importância das terapias que visam “ensinar” às áreas

não afetadas do cérebro a assumirem as funções da parte afetada.

As crianças com paralisia cerebral também se desenvolvem, só que num ritmo mais

lento,contudo o seu desenvolvimento não é apenas atrasado, mas é desordenado e

prejudicado, isso por consequência da lesão cerebral. (BOBATH e BOBATH, 1989).

1.1– Causas da paralisia cerebral

As causas da Paralisia Cerebral nem sempre podem ser determinadas com exatidão.

A literatura refere-se à falta de oxigenação como principal fator causal da PC, antes,

durante ou após o parto, mas há ainda, outros fatores que podem ser os causadores da

patologia.

No período pré-natal, ou seja, durante a gestação, as principais causas citadas na

literatura são a toxemia gravídica, que ocorre geralmente no fim da gravidez, caracterizada

pela hipertensão, edema e proteinúria, outras causas citadas são infecções, como rubéola,

sífilis e toxoplasmose.

Ainda no período pré-natal reserva-se atenção para anemias graves, diabetes, mal

formações do Sistema Nervoso Central, choque direto no abdômen da mãe, exposição aos

raios X e uso de drogas como cocaína e alcool.

No período natal, ou parto, a principal causa é também a falta de oxigenação cerebral,

observando que neste período as causas da falta de oxigenação são geralmente resultado de

partos difíceis, onde as mães são muito jovens ou pequenas e os bebês grandes.
O parto prematuro também pode ser causa da Paralisia Cerebral, isto porque o pulmão

não está ainda totalmente pronto para exercer sua função, ainda deve-se considerar no parto

prematuro o baixo peso dos recém nascidos.

No pós natal, ou depois do parto, as causas citadas na literatura são a asfixia, por

afogamento, traumatismo craniano, até os 3 anos, infecções do Sistema Nervoso Central,

como meningite.

Neste período existe também a possibilidade de acontecer a PC por exposição a febre

alta nos primeiros meses de vida e por longos períodos, ou perda excessiva de líquidos, que

causam desidratação e consequentemente lesões cerebrais.

Para o diagnóstico da paralisia cerebral é necessário estudar o histórico clínico da

criança, nessa análise busca-se verificar, principalmente, sinais de reflexos primitivos do

bebê.

O diagnóstico da PC deve ser baseado em uma história clínica completa, na


avaliação física e neurológica da criança, ou seja, nas manifestações motoras
que constituem sua principal característica clínica. São comuns os achados
de retardo no desenvolvimento, presença de reflexos arcaicos, anormalidades
tônico-posturais, hiperreflexias e sinais patológicos, como Babinski.
(CÂNDIDO,2004,p.8).

Após essa análise, passa-se para exames neurológicos, como tomografia e ressonância

e também é necessário exames de sangue e urina, afim de afastar outras doenças

degenerativas que não a paralisia cerebral.

1.2 – Tipos de paralisias cerebrais

Os tipos de paralisias cerebrais são caracterizados pela localização das lesões cerebrais

e a gravidade das alterações está relacionada à extensão da lesão.


Divide-se os tipos de paralisia cerebral de acordo com as alterações posturais e de

movimento, essa divisão se dá em quatro categorias, são elas: espasticidade, atetose,

hipotonicidade e ataxia.

Na espasticidade verifica-se tônus muscular aumentado, a lesão está localizada no

trato piramidal, que é o responsável pelo início dos movimentos voluntários.

“Corresponde a um aumento na resistência ao movimento passivo, e após a resistência

inicial pode haver relaxamento (como na abertura de um canivete). Está presente nos tratos

piramidais, usualmente no córtex motor (giro pré-central)”.(CÂNDIDO,2004,p.16).

Na paralisia cerebral espástica, quando todo o corpo da criança é comprometido dá-se

o nome de tetraplegia, essas crianças são mais dependentes dos outros, precisam de suporte

para se alimentar, para higiene e locomoção, normalmente aparece também o retardo mental.

Quando pernas e braços de um lado do corpo tem os movimentos afetados, dá-se o

nome de hemiplegia espástica, essas crianças são menoas dependentes e têm maior

dificuldade motora nas mãos.

A categoria atetósica apresenta-se movimentos involuntários e os movimentos

voluntários são extremamente prejudicados, isso porque a lesão está localizada no trato

extrapiramidal, que é o responsável por regular o movimento.

Nessa categoria atetose pode-se fazer duas divisões da forma como o movimento se

apresenta, forma coreatetósica e distônica.

Na primeira forma coreatetósica, os movimentos apresentados são lentos e rápidos em

associação e de forma involuntária. Na forma distônica, os movimentos são de torção,

resultado da contração simultânea da musculatura antagonista, que é a responsável por fazer

um trabalho oposto a de um outro músculo, e agonista, que é musculatura da ação.

Sinais de atetose na forma grave são a hipotonia, ou seja, tônus muscular diminuído e

desenvolvimento motor atrasado. As crianças com paralisia cerebral atetósica podem não falar

e andar, apresentando movimentação involuntária, logo são crianças muito dependentes,


assim como na forma espásticas tetraplégica, também precisam de ajuda para locomoção,

alimentação e higiene.

Na categoria da hipotonicidade é importante verificar se a criança não possui outra

condição degenerativa, visto que nesse tipo de paralisia cerebral a principal característica é

baixo tônus, ou seja, a criança tem menos força e resistência, o que pode ser resultado de

outro acometimento ou patologia.

Nessa categoria também observa-se a característica de transição da paralisia cerebral,

ou seja, ela pode evoluir para outra categoria da encefalopatia crônica não progressiva.

Na forma atáxica, a característica mais evidente é a marcha cambaleante, em razão da

deficiência de equilibrio, pois a parte afetada é o cerebelo, que é o responsável pelo controle

do equilíbrio e coordenação dos movimentos.

“É caracterizada principalmente por marcha rude com alargamento da base, secundária

à falha no equilíbrio. Está relacionada a lesões cerebelares ou dos tratos cerebelares.’

(CÂNDIDO,2004,p.17).

Geralmente essa forma de paralisia cerebral vem associada a outras formas e a

hipotonia é a alteração que é primeiramente perceptível, razão pela qual se faz necessário

diagnóstico criterioso da forma que acomete a criança, para possível emprego da terapêutica

adequada.

1.3 – Principais limitações das crianças com paralisia cerebral

Crianças com paralisia cerebral apresentam diversas limitações, geralmente

relacionadas a postura, equilíbrio e marcha, mas não são só essas as limitações com as quais

as crianças acometidas pela encefalopatia crônica não progressiva têm que conviver.

“Apesar de caracterizada pela disfunção motora, a PC é sempre acompanhada por

outras desordens da função cerebral. Entre elas as anormalidades de cognição, visão, audição,
fala, sensações táteis, atenção e comportamento.” (CÂNDIDO,2004, p.20).

Em razão das diversas limitações a que a criança com paralisia cerebral é submetida se

faz necessário a análise completa do quadro clínico para que, assim, seja possível propor os

tratamentos mais adequados à criança.

O retardo mental é uma das limitações a que a criança pode estar sujeita. O

diagnóstico é difícil, visto que a maioria dos testes aplicados necessita de resposta verbal e

motora, nem sempre possíveis nas crianças com PC, logo é preciso investigação contínua, já

que com o crescimento a criança pode demonstrar respostas por meios alternativos, como

sinais de sim ou não com a movimentação da cabeça.

O retardo mental é encontrado com mais frequência em crianças com o tipo de

paralisia cerebral espástica tetraplégica.

Uma segunda limitação é a epilepsia. Os neurônios, células nervosas estão

constantemente gerando impulsos elétricos, geralmente de maneira organizada, na criança

com paralisia cerebral, pode ocorrer uma atividade excessiva desse impulsos elétricos, o que

leva a criança a apresentar a epilepsia.

Esta, pode ser caracterizada por movimentos rápidos de piscar os olhos, desvio para

cima e para o lado dos olhos, movimentos rítmicos com a cabeça e contração da musculatura,

entre outros.

É necessário observação e investigação criteriosa dos sinais para que se faça o

tratamento adequado, pois assim é possível verificar melhora significativa do quadro motor e

cognitivo da criança.

As alterações visuais são limitações frequentes nas crianças com paralisia cerebral,

essas alterações vão desde estrabismo, que é a alteração mais presente, à glaucoma, passando

por hipermetropia, astigmatismo e miopia.

O diagnóstico deve ser feito o quanto antes, assim o tratamento mostrará bons

resultados, o que possibilitará melhora significativa tanto no quadro motor quanto cognitivo,
visto que a visão é de suma importância para se obter respostas dos estímulos aplicados à

criança com PC.

Alterações auditivas são difíceis de serem percebidas em crianças com distúrbios

neurológicos, em especial as crianças com paralisia cerebral, é necessário que se faça o

diagnóstico o mais cedo possível, visto que escutar a voz é muito importante no processo de

formação de conexões nervosas da fala, o que possibilitará melhora na comunicação oral da

criança.

O desenvolvimento cognitivo também pode ser ampliado a partir da descoberta das

alterações auditivas, assim como o desenvolvimento motor, já que a audição colabora

essencialmente na aquisição dos movimentos da cabeça e tronco, que são resultados da busca

pela criança da localização de onde estão ouvindo os estímulos.

Quanto às limitações da alimentação, a criança pode apresentar dificuldades para

sucção ou mastigação, essas dificuldades afetam diretamente o desenvolvimento da criança, já

que a ausência de alguns nutrientes pode provocar até mesmo a anemia.

É preciso observar também que por causa das dificuldades para se alimentar, as

crianças com paralisia cerebral geralmente apresentam baixo peso para respectiva idade, fato

esse explicado pelo alto gasto energético dessas crianças quando se esforçam para realizar os

movimentos de mastigação, deglutição e movimentos corporais.

Ressalta-se, ainda, que as limitações para a alimentação dificulta significativamente a

respiração da criança com PC, visto, que para essas crianças, o ato de respirar e comer ao

mesmo tempo é extremante dificultado, daí a razão pela qual as crianças com PC apresentam

com frequência o engastgo quando se alimentam.

A fala é outra limitação frequente na criança com paralisia cerebral. As alterações mais

evidentes são a disartria, apraxia da fala, afasia e retardo da fala.

Na disartria a principal característica é a dificuldade da articulação e produção vocal,

esta quando se apresenta na forma grave é chamada de anartria, que é o impedimento do


aparecimento da fala.

A apraxia ao contrário da disartria não apresenta o músculo afetado, mas a

incompetência do envio de comandos do cérebro para o músculo, pode se apresentar em

diversos graus, que vai do mais leve, que é caracterizado pelo distúrbio articulatório, ao mais

grave, que é a ausência da fala.

A afasia é caracterizada por afetar a fala e também o entendimento dela, ou seja, a

criança além de não conseguir falar também não é capaz de compreender o que lhe está sendo

dito.

O retardo de linguagem é representado por maior comprometimento da criança no aspecto

motor. Observa-se maior frequência desse quando nas crianças com paralisia cerebral

espástica tetraplégica. Neste caso as crianças além de apresentarem dificuldades de fala,

também demonstram dificuldade cognitiva por completo.

Há casos em que a criança assume respostas por meios alternativos, isso quando a

forma afásica, que é incapacidade de falar e entender o que foi dito, não está mista a forma de

retardo de linguagem.

As limitações de aprendizagem nas crianças com encefalopatia crônica não

progressiva da infância são resultados de todas as outras limitações, o que não significa que

são incapazes de apreenderem conhecimentos.

Se faz necessário o acompanhamento dessas crianças por educadores especialistas, que

busquem recurso para atender às necessidades especiais da criança com PC.

É fundamental a participação das crianças em todas as atividades de classe, para que

assim se promova a integração dela com as outras crianças e com o meio.


II – PSICOMOTRICIDADE

O termo psicomotricidade significa a ciência em que se estuda o homem pelos

movimentos de seu corpo, ou seja, estuda como é a relação do desenvolvimento humano

através dos movimento corporal.

A psicomotricidade busca o entendimento do desenvolvimento do seu objeto de

estudo, que é o homem, englobando parâmetros de estudo como corpo, maturação e

afetividade.

Para tanto a psicomotricidade analisa os aspectos psico-motores, que é representando como o

corpo age e também o aspecto psico-afetivo, que é o estudo do que o corpo sente. Essa ciência
busca estabelecer a relação da maturação do corpo (tanto no cognitivo, quanto sentimental e

motor) com o meio interno e externo de si mesmo e dos outros.

De acordo com Amanda Cabral a psicomotricidade é:

Portanto, Psicomotricidade é a área que se ocupa do corpo em movimento.


Mas não podemos esquecer que o corpo é um dos instrumentos mais
poderosos que o sujeito tem para expressar conhecimentos, idéias,
sentimentos e emoções. É ele que une o indivíduo com o mundo que lhe dá
as marcas necessárias para que se constitua como sujeito.(GORETTI, 2010,
p.1).

Logo, percebe-se que o estudo da psicomotricidade é de extrema importância para o

ser humano, visto que através dele, podemos estabelecer as relações corpo, mente, emoção e

cognição, o que permite um entendimento amplo do desenvolvimento humano e suas diversas

facetas, assim como toda a sua potencialidade e diversidade.

2.1– História da psicomotricidade

O termo psicomotricidade aparece primeiramente no início do sec. XIX, no âmbito

médio, em especial, por neurologistas , que perceberam a necessidade de compreenderem as

estruturas cerebrais.

Após este início do estudo na neurologia, a psiquiatria também se interessa pela

psicomotricidade, afim de classificar fatores patológicos. A palavra psicomotricidade, aparece

então, pela primeira vez em 1870.

“É justamente a partir da necessidade médica de encontrar uma área que explique certos

fenômenos clínicos que se nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no

ano de 1870.”(JOBIM e ASSIS, 2008,p.2).

Dupré (1909) é a figura que se destaca no campo patológico. O neuropsiquiatra afirma

a independência da debilidade motora, ou seja, separa a debilidade mental da motora,

afirmando assim que um indivíduo pode ser desajeitado sem ser um deficiente mental, Ele
descreve ainda em seus estudos distúrbios relacionados a motricidade.

Wallon (1925), se preocupa com o movimento humano, característica pilar da

construção do psiquismo, se torna um dos grandes pioneiros da psicomotricidade, pois

estabelece a relação entre movimento, afeto, emoção, meio ambiente e hábitos do indivíduo.

O conceito de esuqema corporal, apara Wallon é construção, base para o

desenvolvimento da personalidade da criança.

Em 1935, um neurologista, Eduard Guilman, ocupa-se da psicomotricidade como

campo científico, assim desencadeia os estudos da reeducação psicomotora, a partir daí

desenvolve um protocolo de exames que tinham como objetivo medir e diagnosticar

transtornos psicomotores.

A partir da década de 70, inicia-se a definição de psicomotricidade como uma

motricidade de relação, ou seja, dá-se maior enfase à relação entre movimento, afeto e

emoção, logo percebe-se que a criança se constroe a partir das interações com o mundo

externo e nas ações de outro indivíduo sobre ela.

Portanto, a psicomotricidade recebeu um valor de importância significativa no campo

científico, visto que a partir dela foi possível estabelecer, estudar e aprimorar a relação entre

psiquismo e atividade motora, logo o estudo da psicomotricidade se mostra essencial a

atividade pedagógica, pois na escola a criança pode receber grande estímulo psicomotor para

desenvolver-se integralmente e de forma eficaz.

“O movimento é equacionado como parte integrante do comportamento. A

psicomotricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e instrumento

privilegiado através do qual a consciência se forma e materializa-se.” (JOBIM e ASSIS,

2008,p.3).

2.2 – Elementos básicos da psicomotricidade


Na psicomotricidade há uma divisão dos elementos básicos a sua formação, são eles:

esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial e orientação temporal.

O esquema corporal é o fator base para a formação da personalidade da criança, ele se

estabelece a partir da conscientização da criança sobre o seu corpo, de suas competências de

ação e expressão.

Segundo Jobim e Assis,2008,p.13:

A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em


função de sua pessoa, sua personalidade se desenvolverá graças a uma
progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas
possibilidades de agir e transformar o mundo a sua volta. A criança se
sentirá bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece
bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também
para agir.

Essa conscientização se dá a partir da relação entre a criança e o mundo que a cerca, o

estabelecimento de relação afetiva com esse mundo e a possibilidade de exploração dele.

O autor Frosting (1982) diz que o correto conhecimento do corpo é dividido em 3

partes, que são imagem corporal, conceito corporal e esquema corporal. (FERRONATO,

2006,p.55

A imagem corporal, que é o conhecimento que a criança tem do seu próprio corpo e

sentimentos em relação à ele, o que pode se percebido através dos desenhos de pessoas que a

criança faz, observando, altura, peso, beleza, entre outras características.

Através da interiorização, a criança torna-se capaz de se situar. É a


experiência subjetiva da percepção de seu próprio corpo e seus sentimentos
em relação a ele. Essa imagem faz-se a partir dos desenhos de pessoas que as
crianças fazem, assim como de suas verbalizações em relação ao corpo.
(FERRONATO, 2006,p. 55).

O segundo aspecto que o autor analisa é o conceito corporal, que é conhecimento das

funções do corpo que a criança percebe, é desenvolvido mais tardiamente e representa o

conceito intelectual que a criança tem de seu corpo.

O esquema corporal, 3º aspecto analisado pelo autor, é inconsciente, mutável de

acordo com o momento, é sentir-se bem de acordo com o que o corpo obedece, e também de
acordo com o que o somínio sobre o corpo evolua.

Para Le Boulch o esquema corporal se divide em 3 etapas, a primeira ele denomina de

Corpo vivido, que vai de 0 a 3 anos de idade, corresponde a fase da inteligência sensório-

motora de Piaget. É a fase da percepção do meio como parte de si mesmo, e de acordo com a

exploração do meio, a criança passa a perceber-se como um ser a parte desse meio, logo, a

experiência motora é fundamental para a evolução nessa fase.

A segunda etapa é chamada de Corpo Percebido ou Descoberto, vai dos 3 aos 7 anos

de idade, é marcada pela percepção do corpo como diferente do meio ambiente, é nessa

período que a criança passa a aprimorar seus movimentos, melhorando assim sua

coordenação. O desenvolvimento eficaz nessa fase, leva a criança a percepção de conceitos

como direita e esquerda, em cima e embaixo,..., o que ajuda a criança a se perceber melhor no

espaço e tempo.

Dos 7 aos 12 anos, é a terceira fase, denominada de Corpo representado. A criança

nessa etapa já domina e conhece seu corpo, é capaz de movimentar-se conscientemente e

adequar-se ao tempo e espaço.

A lateralidade é outro conceito dos elementos básicos da psicomotricidade. É

representado pelo maior domínio de um dos lados do corpo, ou seja, é quando a criança

“escolhe” qual lado do corpo será o maior responsável pela realização de tarefas, o que não

significa que apenas um lado do corpo realizará todos os movimentos, mas sim que este lado

preferido realizará suas funções com maior efetividade, mas fará isso em colaboração com o

lado menos preferido.

A lateralidade ocorre em 3 níveis: mão, olho e pé. Se o domínio da criança for todo do

lado direito, dá-se o nome de destra homogênea e se for todo do lado esquerdo, dá-se o nome

de canhota ou sinistra homogênea e quando a criança tem o mesmo domínio e ambos os lados,

o que é raro, dá-se o nome de ambidestra, ainda pode ocorrer o domínio da mão direita e olho

e pé esquerdo, aí dá-se o nome de lateralidade cruzada.


O termo lateralização, vem do latim que quer dizer ‘’lado’’. São duas as
teorias. Uma refere-se à herança, isto é, a dominância lateral estaria
diretamente relacionada com fatores genéticos e a outra se refere à
dominância de um lado do córtex cerebral sobre o outro, isto e, a dominância
hemisférica seria a determinante da lateralização corporal.(JOBIM e ASSIS,
2008,p.8).

A lateralidade é desenvolvida de acordo com o crescimento da criança, e a escolha do

lado preferencial representará também maior força muscular, agilidade e destreza.

É importante ressaltar que pais e professores devem oferecer atividades que permitam

à criança desenvolver e definir seu lado preferido, visto que, tentar manipular essa escolha

pode afetar o lado cognitivo posteriormente.

“A ação educativa fundamental para colocar a criança nas melhores condições para

acender a uma lateralidade definida, respeitando fatores genéticos e ambientais, é a que lhe

permita organizar suas atividades motoras. (JOBIM e ASSIS,2008,p.9).

A deficiência na lateralidade pode resultar em problemas como dificuldade de

aprendizagem e direção gráfica, conceitos de esquerda e direita e comprometimento na leitura

e escrita.

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