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INDICE

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1. INTRODUÇÃO

Paralisia Cerebral é o resultado de lesão ou malformação do cérebro quando


em desenvolvimento, que se caracteriza por alteração do tônus muscular e da
aquisição de posturas, de forma não progressiva, mas variável ao longo do
tempo. Com o passar dos anos muitos métodos foram empregados no
tratamento da paralisia cerebral, em suas diversas formas, sendo elas

Frequentemente associado à distúrbios de sensação, percepção,


cognição,comunicação, audição, visão, epilepsia, alterações
musculoesqueléticas.

São vários os métodos de tratamento utilizados em portadores de paralisia


cerebral e estes diferentes métodos são empregados de acordo com o quadro
clínico do paciente. Atualmente novas perspectivas terapêuticas têm sido
criadas e aperfeiçoadas, principalmente na área de reabilitação
neuropsicomotora.

2. DESENVOLVIMENTO

A expressão paralisia cerebral (PC) surgiu na fase neurológica de Freud, ao


estudar a síndrome ou moléstia de Little, o qual, em 1843, e depois, em 1853,
descreveu uma enfermidade caracterizada por rigidez muscular, predominando
nos membros inferiores, e ocasionada por diferentes transtornos provocados
por asfixia do recém-nascido (RN) durante o nascimento.

A Organização Mundial de Saúde (1999) descreve a Paralisia Cerebral


(PC) ou encefalopatia crônica não progressiva da infância como decorrente de
lesão estática, ocorrida no período pré, peri ou pós-natal, que afeta o
sistema nervoso central em fase de maturação estrutural e funcional.

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A paralisia cerebral é caracterizada principalmente pela disfunção
motora, contudo, ela é frequentemente acompanhada de outras desordens,
como o retardo mental, defeitos sensoriais e epilepsia.

Nenhum bebê que nasce com Paralisia Cerebral apresenta estigma, ou seja,
sinais de que possui uma lesão cerebral. Mesmo os pés equinovaros (voltados
para dentro e joelhos abertos para fora) podem ser facilmente confundidos com
outras causas. Isto significa que não há como saber.

Durante os três primeiros meses de vida também não apresentam qualquer


indicio de que há algo de errado. Esta é uma fase de reflexos e todos os bebês
passam por ela. Já no 4º mês, alguns sinais podem ser observados. As
mamadas que eram fartas nos meses anteriores, parecem não esvaziar
completamente os seios. Engasgos e golfadas tornam-se mais frequentes a
cada semana.

A partir do 4º mês, os movimentos de pernas e braços diminuem naturalmente


para todos os bebês, incluindo quem tem Paralisia Cerebral. É nesta época que
os movimentos reflexos vão cedendo espaço para os movimentos voluntários.
Erguer os braços, estirar as pernas de quando em quando, mudar a cabeça de
posição são ações normais para a maioria dos bebês. Mas isto não acontece
com quem tem Paralisia Cerebral. Embora queiram, não conseguem fazê-lo.

Durante o final do 4º e meados do 5º mês podem surgir movimentos


exagerado, semelhantes a sobressalto em que braços e pernas estiram e a
musculatura ficar tensa e endurecida ou aparecer movimentos muito rápidos.
Estes movimentos são facilmente percebidos pelas mães porque são bastante
estranhos porque são frequentes e repetitivos. E se aparecerem, é o momento
em que a família deve procurar ajuda profissional, porque há algo de errado.
Bebês normais não apresentam esses movimentos.

Em cada 1000 bebés que nascem, 1,5 – 2,5 podem ser afectados por paralisia
cerebral. Várias são as classificações proposta, umas de acordo com a
anomalia motora / local de lesão e outras relativas aos défices motores aos
défices motores encontrados ou, até mesmo uma conjugação de ambas.

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A criança com PC pode ter inteligência normal ou até acima do normal, mas
também pode ter atraso intelectual, não só devido às lesões cerebrais, mas
também pela falta de experiência resultante das suas deficiências.

A gravidade do acometimento neuromotor da criança com PC pode ser


caracterizada como leve, moderada ou grave, baseada no meio de
locomoção da criança

Alguns autores propõem a idade limite dos 2 anos de idade,enquanto para


outros e, tendo em conta a plasticidade cerebral é proposto a de 5 anos.

3. CAUSAS

As causas da A paralisia cerebral é uma Encefalopatia Crônica não-progressiva


são inúmeras e normalmente desconhecidas, podendo ser ocasionada em
qualquer período entre gestação, nascimento, até os três anos de idade da
criança e manifesta-se por distúrbios principalmente motores, mas pode estar
associada a déficits sensoriais e cognitivos.

3.1 Principais Causas possiveis da Paralisia Cerebral

Devido aos avanços da tecnologia para diagnóstico, principalmente nas áreas


da imagem e da genética, hoje é possível se fazer uma melhor compreensão
das causas da PC, que podem ser divididas em três grupos, conforme o
período de ocorrência da lesão:

(1) pré-natais;

(2) perinatais;

(3) pós-natais.

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Período Pré-Natal

 Relacionados à saúde materna – por exemplo, a presença de anemias,


hemorragias durante a gravidez, eclampsia, hipotensão.
 Relacionados a infecções congênitas, como rubéola, toxoplasmose,
sífilis.
 Fatores metabólicos maternos, como o diabetes e a subnutrição.
 Transtornos envolvendo abuso de álcool, drogas e medicamentos, como
a talidomida.
 Alterações devido à radiação, radiografias, radioterapia.
 Malformações cerebrais congênitas.

Período Perinatal

 Fenômenos circulatório-isquêmicos: geram asfixia severa ao


nascimento, decorrente da compressão da cabeça do feto no canal
vaginal.
 Infecções na passagem do feto pelo canal do parto podem levar a
infecções meninge cefálicas.
 Bebês pré-termo.

As causas perinatais estão relacionadas principalmente com a


prematuridade e complicações durante o parto, como a asfixia aguda e
asfixia crônica (fator pré-natal) que combinadas são responsáveis pelo maior
contingente de comprometimento cerebral do recémnascido. Esta é a primeira
causa de morbidade neurológica neonatal, o que acarreta paralisia cerebral, e,
consequentemente, é uma das principaiscausas de morte nesse período.

Outros fatores perinatais que levam ao comprometimento cerebral são a


diminuição de oxigênio, devido à hipoxemia (diminuição da concentração de
O2no sangue), ou isquemia (diminuição da perfusão de sangue no cérebro),
que levam a alterações bioquímicas, biofísicas e fisiológicas, que se
traduzem por manifestações clínicas secundárias ao comprometimento
fisiológico ou estrutural.

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Período Pós-Natal

 Infecções meningencefalicas.
 Encefalopatias.
 Traumatismos crânio-encefálicos.

Os problemas após o nascimento são responsáveis por 10% das causas


de PC. São considerados pós-natais os eventos que ocorrem após o
nascimento até os 3 anos de idade. Os fatores mais relevantes são
infecções do sistema nervoso central (meningites e encefalites); distúrbios
metabólicos (hipoglicemia, hipocalcemia); traumatismos craniencefálicos;
intoxicações; doenças vasculares (tromboflebites, embolias e hemorragias);
hipóxia cerebral grave (quase afogamento, convulsões e parada cardíaca); e
desnutrição, que interfere de forma decisiva no desenvolvimento do cérebro
da criança.

3.1.2. Vários Fatores Podem Causar Um Acidente Vascular Cerebral Em


Um Feto Durante A Gravidez:

 Um coágulo de sangue na placenta que bloqueia o fluxo de sangue


 Um distúrbio de coagulação no feto
 Interrupções no fluxo sanguíneo arterial para o cérebro fetal
 Pré-eclampsia não tratada na mãe
 Inflamação da placenta
 Infecção inflamatória pélvica na mãe

Durante A Entrega, O Risco É Aumentado Pelos Seguintes Fatores:

 Urgência por cesariana


 A segunda etapa do trabalho é prolongada
 A extração a vácuo é utilizada durante a entrega
 Anomalias cardíacas fetais ou neonatais
 Anormalidades do cordão umbilical

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Qualquer coisa que aumenta o risco de parto prematuro ou baixo peso ao
nascer também aumenta o risco de paralisia cerebral.

3.1.3. Fatores Que Podem Contribuir Para Um Maior Risco De Paralisia


Cerebral Incluem:

 Nascimentos múltiplos, por exemplo, gêmeos


 Placenta danificada
 Infecções sexualmente transmissíveis (ITS)
 Consumo de álcool, drogas ilegais ou substâncias tóxicas durante a
gravidez
 Desnutrição durante a gravidez
 Malformação aleatória do cérebro fetal
 Pequena pélvis na mãe
 Entrega de Breech

Saúde Materna

Certas condições durante a gravidez podem aumentar significativamente o


risco de paralisia cerebral no bebê. Confira:

 Rubéola
 Catapora
 Citomegalovírus
 Toxoplasmose
 Sífilis
 Exposição a toxinas
 Outras condições, tais como distúrbios da tireoide, deficiência intelectual
ou convulsões.

Saúde infantil

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As doenças que afetam um bebê recém-nascido podem aumentar o risco de
paralisia cerebral incluem:

 Meningite bacteriana
 Encefalite viral
 Icterícia grave ou não tratada.

Outros Fatores Da Gravidez E Do Parto

 Nascimento prematuro
 Baixo peso ao nascer
 Bebê que nasce fora da posição normal (não está totalmente virado ao
nascer)
 Gravidez de gêmeos.

3.1.4. Danos Ao Cérebro

O controle muscular ocorre em uma parte do cérebro chamada cérebro. O


cérebro é a parte superior do cérebro. Os danos ao cérebro antes, durante ou
dentro de 5 anos de nascimento podem causar paralisia cerebral.

O cérebro também é responsável pela memória, capacidade de aprender e


habilidades de comunicação. É por isso que algumas pessoas com paralisia
cerebral têm problemas de comunicação e aprendizagem. O dano no
Cerebrum às vezes pode afetar a visão e a audição.

Alguns recém-nascidos são privados de oxigênio durante o parto e parto. No


passado, pensava-se que essa falta de oxigênio durante o nascimento levava
ao dano cerebral. No entanto, durante a década de 1980, a pesquisa mostrou
que menos de 1 em cada 10 casos de paralisia cerebral provêm de privação de
oxigênio durante o nascimento.

Na maioria das vezes, o dano ocorre antes do nascimento, provavelmente


durante os primeiros 6 meses de gravidez.

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Existem pelo menos três razões possíveis para isso:

(1) Desenvolvimento Anormal Do Cérebro

A interrupção do desenvolvimento do cérebro pode afetar a forma como o


cérebro se comunica com os músculos do corpo e outras funções.

Durante os primeiros 6 meses de gravidez, o cérebro do embrião ou do feto é


particularmente vulnerável.

Os danos podem resultar de mutações nos genes responsáveis pelo


desenvolvimento do cérebro, certas infecções, como a toxoplasmose, uma
infecção parasitária, vírus herpes e herpes e traumatismo craniano.

(2) Leucomalacia Periventricular (PVL)

PVL é um tipo de dano que afeta a substância branca do cérebro por causa da
falta de oxigênio no útero.

Pode ocorrer se a mãe tiver uma infecção durante a gravidez, como rubéola ou
sarampo alemão, pressão arterial baixa, parto prematuro ou se usa uma droga
ilegal.

(3) Hemorragia Intracraniana

Às vezes, o sangramento dentro do cérebro ocorre quando um feto


experimenta um acidente vascular cerebral.

O sangramento no cérebro pode impedir o fornecimento de sangue ao tecido


cerebral vital, e este tecido pode ficar danificado ou morrer. O sangue
escapado pode coagular e danificar o tecido circundante.

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Dano Cerebral Após O Nascimento

Uma pequena proporção de casos ocorre devido a danos após o


nascimento. Isso pode acontecer devido a uma infecção como meningite,
lesão na cabeça, acidente de afogamento ou envenenamento.

Quando ocorre o dano, isso acontecerá logo após o nascimento. Com a idade,
o cérebro humano torna-se mais resiliente e capaz de suportar mais
danos.ÃOPOIS DA PUBLICIDADE ;)

 Infecções durante a gravidez que podem danificar o desenvolvimento do


sistema nervoso do feto
 Icterícia grave na criança
 Fator Rh incompatível entre mãe e bebê
 Trauma físico e metabólico durante o parto
 Privação de oxigênio grave para o cérebro ou trauma craniano
significativo durante o trabalho de parto.

4. CLASSIFICAÇÕES DA PARALISIA CEREBRAL

Em geral, as lesões ocasionadas pela PC do sistema nervoso central


afetam principalmente o tônus postural, o tônus muscular distal e a força
muscular, o que ocasiona alterações na execução e controle de movimentos.
Deacordo com Umphered e colaboradores , a PC pode ser classificada de
acordo com duas áreas de comprometimentos, quanto à alteração de tônus e
quanto à alteraçãode movimento.

4.1. Tipos de Encefalopatia Crônica Não Progressiva

A “Paralisia Cerebral” decorre de inúmeras afecções, com várias causas e quadros


clínicos, tendo em comum apenas o fato de afetar o sistema nervoso central de forma
crônica. Devido a essa gama de quadros clínicos há diferentes modos de classificação das
PCs.

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1) extrapiramidal

 Coreatetóide: Apresenta Hipercinesia e Hipotonia


 Distônico: Apresenta Hipocinesia e Hipertonia

2) Paralisia Cerebral Espástica (mais frequente)

É caracterizada pela presença de rigidez muscular e dificuldade de movimento.


Ocasionada por uma lesão no sistema piramidal, a paralisia cerebral espástica
é consequente do nascimento prematuro.

 Padrões Anormais de Postura/Movimento


 Aumento de Tônus Muscular
 Reflexos Patológicos
 Hiperreflexia/Sinais de Liberação Piramidal

3) Paralisia Cerebral Discinética

A paralisia cerebral discinética se caracteriza por movimentos atípicos e


involuntários. É ocasionada por uma lesão do sistema extrapiramidal.

4) Paralisia Cerebral Atáxica

A paralisia cerebral atáxica se caracteriza por uma sensação de desequilíbrio e


falta de percepção de profundidade. É ocasionada por uma disfunção no
cerebelo.

 Padrões Anormais de Postura/Movimento.


 Perda de Coordenação.
 Alteração de Forma, Ritmo e Metria do Movimento.

De acordo com a localização do corpo afetado:

 Tetra ou quadriplegia
 Monoplegia

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 Paraplegia ou diplegia
 Hemiplegia (mais frequente)

5.. OS SINAIS E SINTOMAS APARECEM DURANTE A INFÂNCIA

As pessoas com paralisia cerebral podem ser classificadas, de acordo com a


característica clínica mais dominante, em espástico, discinético e atáxico.

5.1. Sinais

Paralisia cerebral varia de leve a grave. Sinais físicos de paralisia cerebral


incluem fraqueza e hipotonia dos músculos, ou espasticidade e rigidez. Em
alguns casos, doenças neurológicas (tais como retardo mental ou convulsões)
também ocorrem em crianças com paralisia cerebral. NÃO PARE GORA... TEM
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5. 1.2. Sintomas

Os sintomas de paralisia cerebral podem varias. Problemas de movimento e


coordenação associados podem incluir:

 Rigidez muscular e reflexos exagerados (espasticidade)


 Rigidez muscular com reflexos normais (rigidez)
 Falta de coordenação muscular (ataxia)
 Tremores ou movimentos involuntários
 Movimentos lentos e contorcidos (atetose)
 Dificuldade para caminhar
 Babar ou ter problemas com a deglutição
 Atrasos no desenvolvimento da fala ou dificuldade em falar
 Dificuldade com movimentos precisos, como pegar um lápis ou uma
colher.

A deficiência associada com paralisia cerebral pode ser limitada a um membro


ou um lado do corpo, ou pode afetar o corpo por inteiro. A paralisia cerebral

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não muda com o tempo, de forma que os sintomas geralmente não pioram com
a idade, embora o encurtamento dos músculos e rigidez muscular possa ficar
mais graves se não forem tratados.

Anormalidades cerebrais associadas com paralisia cerebral podem contribuir


para outros problemas neurológicos. Pessoas com paralisia cerebral também
pode ter:

 Dificuldade com visão e audição


 Deficiência intelectual
 Convulsão
 Percepções anormais ao toque
 Doenças bucais
 Condições psiquiátricas
 Incontinência urinária.

6. PREVENÇÃO

Muitas vezes as causas da paralisia cerebral são desconhecidas, por isso não
há maneira de evitá-la. Mas algumas medidas podem ser tomadas durante a
gravidez para evitar um nascimento prematuro, diminuindo assim o risco de
paralisia cerebral.

Antes de engravidar, é importante manter uma dieta saudável e se certificar de


que qualquer problema médico esteja sendo tratado. Fazer uma assistência
médica pré-natal adequada durante a gestação é vital.

Controlar diabetes, anemia, hipertensão, convulsões e deficiências nutricionais


durante a gravidez pode ajudar a prevenir alguns partos prematuros e, como
resultado, alguns casos de paralisia cerebral.

A melhor forma de prevenção da paralisia infantil é tomar a vacina contra a


poliomielite, cuja indicação pode variar de acordo com a idade que é

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administrada: Bebês e crianças: a vacina é feita em 3 doses e 2 doses de
intervalo. As primeiras três doses são dadas com intervalo de...
Adultos: são recomendadas 3 doses da vacina, a segunda dose deve ser
aplicada após 1 ou 2.

Uma vez que o bebê nasce, existem ações que você pode tomar para reduzir o
risco de dano cerebral, o que poderia levar a paralisia cerebral. No carro,
certifique-se de que seu bebê está instalado corretamente em um assento
infantil e usando cinto de segurança, além de outros cuidados para evitar
quedas e traumatismos no crânio.

Esteja ciente de exposição ao chumbo em sua casa, uma vez que intoxicação
por chumbo pode levar a danos cerebrais. Lembre-se de vacinar a criança nas
idades corretas, prevenindo infecções que podem causar danos cerebrais,
resultando em paralisia.

Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldade com a deglutição e


geralmente tem um desequilíbrio no músculo do olho. A amplitude de
movimento pode ser reduzida em várias articulações do corpo, devido à rigidez
muscular.

Consulta Médica

É importante levar a criança para todas as visitas pediátricas regularmente


durante a infância. Essas visitas são uma oportunidade para a (o) pediatra
acompanhar o desenvolvimento em áreas-chave, incluindo:

 Crescimento
 Tônus muscular
 Força muscular
 Coordenação
 Postura
 Habilidades motoras apropriados para a idade
 Habilidades sensoriais, tais como visão, audição e tato.

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7. DIAGNÓSTICO E EXAME

A paralisia cerebral é difícil de ser diagnosticada durante a primeira infância.


Conforme o bebê amadurece, a demora em aprender a andar e a desenvolver
outras habilidades motoras (desenvolvimento motor), espasticidade ou a falta
de coordenação se tornam mais perceptíveis.

Se o médico suspeitar de paralisia cerebral, um exame de imagem é feito,


normalmente a ressonância magnética (RM) Ressonância magnética (RM)

. Ela normalmente consegue detectar anomalias que


podem estar causando o sintoma.

O médico também faz perguntas sobre problemas durante a gestação ou parto


e sobre como o desenvolvimento da criança está progredindo. Essas
informações podem ajudar a identificar a causa.

Embora exames de laboratório não consigam identificar a paralisia cerebral, o


médico pode fazer exames de sangue para identificar uma causa e para
procurar por outros distúrbios.

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Se a causa ainda permanecer incerta, ou se os problemas musculares
parecerem estar piorando ou forem diferentes daqueles que costumam ser
causados pela paralisia cerebral, os médicos podem recomendar outros
exames, como estudos elétricos dos nervos (estudos de condução nervosa

Estudos da condução nervosa ) e dos músculos (eletromiografia

Eletromiografia ) e exames genéticos.

O tipo específico de paralisia cerebral com frequência não pode ser distinguido
antes de a criança atingir os dois anos de idade.

Encaminhar para exames com outros profissionais, tais como:


eletroencefalograma (EEG), tomografia computadorizada (TC), tomografia de
Emissão de Positrons (PEC-TC) – para a localização da lesão no espaço
cerebral com mais precisão, para detectar problemas no ramo central dos
neurónios (desmielinização), coágulos sanguíneos ou células cancerígenas no
cérebro, detectar doenças desmielinizantes e processos infiltrativos (infecções).
É um exame caro e os planos de saúde que muitas vezes não os fazem.
Exames adicionais podem incluir testes das funções auditiva e visual. De posse
de todas estas informações, é encaminhado para o tratamento.

Se o médico suspeitar de paralisia cerebral, um exame de imagem é feito,


normalmente a ressonância magnética (RM). Ela normalmente consegue
detectar anomalias que podem estar causando o sintoma. O médico também

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faz perguntas sobre problemas durante a gestação ou parto e sobre como o
desenvolvimento da criança está progredindo.

7.1.Diagnóstico de Paralisia cerebral

Paralisia cerebral pode ser diagnosticada muito cedo, principalmente quando o


bebê está em conhecido risco para o problema. A condição geralmente se
manifesta na primeira infância, usualmente antes dos 18 meses. O diagnóstico
é definido em bases clínicas, nas quais o médico ou médica analisa alterações
do movimento e postura, sendo os exames complementares utilizados apenas
para se certificar de que não há outras causas para os sintomas.

Apesar da importância do diagnóstico precoce, a paralisia cerebral muitas


vezes é diagnosticada por volta dos 24 meses de idade, principalmente em
casos de gravidade leve.

Alguns sintomas devem ser observados para o diagnóstico de paralisia


cerebral. Confira os principais sinais e a porcentagem de ocorrência em
pessoas com a condição:

7.1.2. Alterações de movimento:

 Ausência de movimentos irrequietos (99%)


 Pancadas/golpes repetitivos e de longa duração (4%)
 Movimentos circulares de braços (11%)
 Movimentos assimétricos dos segmentos (6%)
 Movimentos recorrentes de extensão das pernas (18%)
 Surtos sugestivos de excitação, não associados à expressão facial
prazerosa (10%)
 Ausência de movimento das pernas (16%)
 Movimentos de lateralização bilateral da cabeça repetitivos ou
monótonos (27%)
 Movimentos repetidos de abertura e fechamento da boca (29%)
 Protrusão repetitiva da língua (20%).

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7.1.3. Alterações da postura:

 Incapacidade de manter a cabeça em linha média (63%)


 Postura corporal assimétrica (15%)
 Tronco e membros largados sobre o leito (16%)
 Persistência de resposta tônica cervical assimétrica (33%)
 Braços e pernas em extensão (25%)
 Hiperextensão de tronco e pescoço (11%)
 Punho cerrado (35%)
 Abertura e fechamento sincronizado dos dedos (19%)
 Hiperextensão e abdução dos dedos das mãos (16%).

7.1.4. Prognóstico de PC

O prognóstico depende em geral do tipo de paralisia cerebral e da sua


gravidade. A maioria das crianças com paralisia cerebral sobrevive até a idade
adulta. Somente as crianças mais gravemente afetadas – aquelas incapazes
de qualquer tipo de cuidados pessoais ou de alimentar-se pela boca – têm uma
expectativa de vida substancialmente mais curta.

Com tratamento e treinamento adequados, muitas crianças, especialmente


aquelas com paraplegia ou hemiplegia espástica, podem ter uma vida normal.

7.1.5. As Sequelas Da Paralisia Infantil

Possíveis sequelas da paralisia infantil As sequelas da paralisia infantil estão


relacionadas com o comprometimento do sistema nervoso e, por isso, pode
surgir: Paralisia permanente de uma das pernas; Paralisia dos músculos da fala
e do ato de engolir, que pode levar ao acúmulo de secreções na boca e na
garganta.

8. Complicações Possíveis

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Fraqueza ou rigidez muscular e problemas de coordenação podem contribuir
para uma série de complicações em pacientes com paralisia cerebral, desde a
infância até a vida adulta. Veja:

 Contratura: encurtamento de tecido muscular devido ao aperto severo


do músculo (espasticidade). Contratura pode inibir o crescimento ósseo,
dificultar o movimento e resultar em deformidades articulares ou luxação
e deslocamento parcial
 Desnutrição: pode ocorrer uma vez que os problemas de deglutição
podem dificultar a alimentação
 Condições de saúde mental: o isolamento social e os desafios de lidar
com deficiência podem aumentar o risco de condições psiquiátricas
 Doença pulmonar: pessoas com paralisia cerebral podem desenvolver
doenças pulmonares e distúrbios respiratórios
 Condições neurológicas: pacientes podem ser mais propensos a
desenvolver distúrbios de movimento ou apresentar piora nos sintomas
neurológicos ao longo do tempo
 Osteoartrite: a pressão sobre articulações ou alinhamento anormal das
articulações pode resultar no desenvolvimento precoce de osteoartrite
(artrose).

9.TRATAMENTO

Não há cura para a paralisia cerebral, O tratamento para paralisia é feito com
vários profissionais da saúde, são necessários pelo menos médico,
enfermeiro, fisioterapeuta, dentista, nutricionista e terapeuta ocupacional,
fonoaudiologia, para que as limitações do indivíduo sejam diminuídas e a sua
qualidade de vida possa melhorar.

A paralisia cerebral afeta um a dois de cada 1.000 bebês. Entretanto, ela afeta
15 de cada 100 bebês prematuros.

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Pessoas com paralisia cerebral podem tratar sua espasticidade de muitas
maneiras: reabilitação, medicação, terapia de injeção ou mesmo cirurgia. Há
também uma bomba de fármacos implantável que pode ser útil para reduzir a
espasticidade severa, permitindo que alguns pacientes vivam uma vida mais
plena e mais ativa.

A cura da paralisia cerebral não existe, mas o tratamento pode ser útil para
diminuir os sintomas e as consequências da paralisia e as cirurgias ortopédicas
podem controlar algumas deformidades nos braços, mãos, pernas ou pés para
estabilizar as articulações e aliviar a dor, se esta estiver presente.

9.1. Remédios Para Paralisia Cerebral

O neuropediatra poderá receitar o uso de remédios para controlar as


convulsões e a espasticidade como baclofen, diazepam,
clonazepam, dantrolene, clonidina, tizanidina, clopromazina, além de botox
para controlar a espasticidade.

9.1.2. Objetivos Da Fisioterapia No Tratamento Das Paralisia Cerebral

A fisioterapia tem função importante na facilitação do desenvolvimento motor,


desenvolvendo reflexos, diminuindo bloqueios, contraturas e deformidades.

O foco do fisioterapeuta deve ser o de se aproximar ao máximo do


desenvolvimento motor normal.

Os objetivos com o tratamento fisioterapêutico na Encefalopatia Crônica Não


Progressiva incluem principalmente o aprimoramento das habilidades
existentes, desenvolvendo funções e promovendo a independência, além de
colaborar com a prevenção ou diminuição de deformidades.

9.1.3. Vantagens E Benefícios do Tratamento Fisioterapêutico

A fisioterapia é imprescindível para o tratamento da Paralisia Cerebral.

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O profissional vai auxiliar no desenvolvimento da independência do paciente,
facilitando as atividades de vida diária.

O tratamento fisioterapêutico se estende, também, à família, possibilitando a


conscientização dos entes, fornecendo orientações e ensinando técnicas para
facilitar a integração ao ambiente familiar.

Além dessas vantagens, o fisioterapeuta irá tratar a condição motora do


paciente, desenvolvendo um trabalho para diminuir contraturas e deformidades,
com o uso de diversos equipamentos.

9.1.4. Fisioterapia Para Paralisia Cerebral

A fisioterapia nas crianças com paralisia cerebral pode ajudar a preparar a


criança a se preparar para se sentar, levantar, dar alguns passos ou até
mesmo caminhar, conseguir pegar objetos e até mesmo se alimentar, embora
sempre seja necessária a ajuda de um cuidador para realizar todas estas
atividades.

A psicomotricidade é um tipo de fisioterapia muito indicada para o tratamento


em caso de paralisia cerebral, onde os exercícios devem ser lúdicos e podem
ser realizados no chão, num colchão firme ou em cima de uma bola grande, de
preferência de frente para um espelho para que o terapeuta tenha um melhor
ângulo de visão e para que este também possa ser útil para chamar a atenção
da criança.

9.1.5. A fisioterapia é muito útil porque ela ajuda a:

 Melhorar a postura da criança, o tônus muscular e a respiração;


 Controlar os reflexos, melhorar o tônus e facilitar os movimentos;
 Aumentar a flexibilidade e a amplitude das articulações.

As sessões de fisioterapia devem ser preferencialmente realizadas diariamente


mas se a criança for devidamente estimulada todos os dias pelos seus
cuidadores, a frequência da fisioterapia poderá ser de 1 ou 2 vezes por
semana.

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Os exercícios de alongamento devem ser realizados de forma lenta e cuidada,
todos os dias. O fortalecimento muscular nem sempre é bem-vindo porque
quando há uma lesão central, este tipo de exercício pode reforçar a lesão e
aumentar a espasticidade.

9.1.6. Tratando a Paralisia Cerebral: Fisioterapia Bobath

Este conceito foi descoberto há cerca de 30 anos pelo casal Bobath, e sua
função é inibir o movimento patológico e facilitar o tônus muscular de modo
combinado.

É empregada em bebês, crianças e adultos com desordens neurológicas como


a Paralisia Cerebral, traumatismos cranianos e hemiplegias.

O objetivo da técnica é fazer com que haja a compreensão do desenvolvimento


normal por parte do paciente, adquirindo experiência sensório-motora normal
dos movimentos do dia-dia, diminuindo a espasticidade e introduzindo
movimentos automáticos e voluntários, preparando o paciente para os
movimentos funcionais.

9.1.6. Os princípios da técnica incluem:

 Aproximar do Padrão Muscular Normal


 Diminuir Espasticidade
 Introdução de Movimentos Automáticos e Voluntários
 Posturas de Inibição Reflexa
 Inibir Padrões Anormais
 Propriocepção e Esterocepção Automática
 Tratamento do Paciente como um Todo

O conceito neuroevolutivo Bobath trabalha com pontos chave, que


correspondem a partes proximais do corpo, normalmente articulações, onde
pode haver a inibição do tônus anormal e a facilitação dos movimentos
normais.

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Por meio dessa técnica é feito o ajuste automático da postura, produzindo
atividade por meio de reações de proteção, endireitamento e equilíbrio
(reações de balance).

9.1.7. O Material Vai Além Das Bolas Bobath.

São utilizados também equipamentos como rolos, andadores, espelhos,


rampas, etc. A indicação desses equipamentos vai depender do grau de
comprometimento de cada paciente, por isso trata-se de um tratamento
personalizado.

Para o desenvolvimento do tratamento podemos utilizar inúmeras técnicas


dentre elas as técnicas de tapping, placing e holding, fundamentais para se
atingir os princípios do conceito.

Tapping

O método tem como objetivos a regulação do tônus muscular, a melhora da


função articular, ativação da circulação sanguínea, assim como a facilitação da
drenagem linfática, além de promover a analgesia e melhorar o controle
muscular.

Tapping De Inibição

Utilizado para ativar grupos musculares fracos que não conseguem contrair por
terem um antagonista espástico, por exemplo, se o paciente tem um bíceps
espástico, o tapping de inibição deve ser realizado no tríceps.

Tapping De Pressão

Aumenta a contração muscular para melhorar a manutenção da postura contra


a gravidade, gerando uma coaptação muscular e uma co-contração de
agonistas e antagonistas da postura.

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Tapping Alternado

Sua função é estimular a reação de balance, melhorando a graduação da


contração entre agonistas e antagonistas.

Tapping Por Deslizamento

Sua utilização é feita quando há como objetivo a ativação da contração


muscular, é realizado por meio de deslizamento sobre o músculo, de forma
firme.

Ambos são importantes mecanismos de controle postural, placing é a


capacidade de o paciente interromper o movimento em qualquer momento,
automaticamente.

Holding é a capacidade de o paciente manter a posição do membro em que se


foi interrompido um movimento.

Objetivos

O objetivo do método é de que o paciente atinja seu melhor desenvolvimento


motor, aproximando ao máximo da normalidade, aumentando sua qualidade de
vida.

9.1.8. Principais pontos sobre Paralisia Cerebral: fisioterapia aquática

A fisioterapia aquática se destaca no tratamento da encefalopatia crônica não


progressiva devido às particularidades que o tratamento em meio liquido é
capaz de exercer sobre o paciente.

Uma das vantagens é facilitar aquisição de postura assim como o controle dos
movimentos, a normalização do tônus muscular, o aumento da amplitude de
movimento articular.

Além da melhora respiratória e da socialização do indivíduo.

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Os efeitos físicos do meio também oferecem vantagens ao tratamento, sendo
eles:

 Densidade relativa, de quem depende a capacidade de flutuação;


 Empuxo, força oposta à gravidade;
 Tensão superficial, atuando como resistência ao movimento;
 Pressão hidrostática que é a pressão de imersão, dependente direta da
profundidade da imersão;
 Ambiente agradável e lúdico para as crianças e adolescentes.

Esses benefícios ainda estão ligados ao aumento potencial de confiança,


motivação e interesse, pelo fato de tornar mais fácil certas tarefas que fora da
água são difíceis ou até mesmo impossíveis de serem realizadas.

Método WATSU:

Efeitos terapêuticos: alívio da dor, relaxamento, manutenção ou aumento da


amplitude de movimento, fortalecimento muscular, melhora da capacidade
respiratória, estímulo de movimentos não realizados fora da água, estimulo do
equilíbrio, coordenação e integração social.

Atividades:

 Promover a rotação ativa do tronco, dissociando as cinturas pélvica e


escapular;
 Fazer uso de atividades dinâmicas, estimulando reações de balance.
 Treinar transferências de postura;
 Treinar todas as etapas do movimento;
 Treino de marcha, podendo fazer uso de tornozeleiras para aumentar a
densidade corporal e ganhar estabilidade.

9.1.9 Esclarecendo A Tetraparesia Espástica: Tratamento

A tetraparesia espástica é a forma mais comum da Paralisia cerebral,


conhecida como uma encefalopatia crônica não evolutiva da infância.

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Apresenta anormalidade na coordenação motora, como alterações de tônus
muscular e de padrão de movimento. Apresenta comprometimento dos quatro
membros, tronco, pescoço e cabeça, e também um quadro espástico.

O tratamento tem várias vertentes, e uma delas é o tratamento aquático,


através do método Watsu, que promove uma facilitação de movimentos e
posturas que talvez não pudessem ser atingidos no solo.

Outra possibilidade é a injeção de toxina botulínica do tipo A, realizando um


bloqueio por intermédio da ação da neurotoxina na junção neuromuscular.

Esse bloqueio possibilita um maior relaxamento da musculatura,


proporcionando maior alongamento e amplitude de movimento articular,
permitindo uma melhora no padrão de marcha.

É interessante que a fisioterapia seja iniciada logo após a injeção da toxina,


focando no alongamento das musculaturas, para aproveitar o relaxamento
muscular.

10. Ao tratamento podemos associar várias técnicas fisioterapêuticas


como:

 Os métodos Bobath e Kabat, que tem a função de inibir movimentos


anormais e facilitar padrões normais de movimento;
 A termoterapia, que promove o relaxamento muscular, facilitando
alongamentos;
 A crioterapia, para redução da espasticidade;
 A estimulação elétrica funcional (EEF), usada para auxiliar na contração
da musculatura em movimentos pré-determinados;

Os objetivos do tratamento fisioterapêutico incluem o aumento da amplitude de


movimento, juntamente com a melhora na função, controle muscular, ganho de
força, coordenação e propriocepção.

Como dispositivos auxiliares ao tratamento, podemos indicar o uso de órteses,


como por exemplo, a órtese suropodálica, que vai auxiliar na marcha,

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favorecendo a distribuição de peso na fase de apoio, reduzindo o equinísmo
dinâmico.

10. Melhores Exercícios Fisioterapêuticos

Exercícios Cardiovasculares

As atividades que demandam esforço cardiovascular são muito recomendadas


aos pacientes com Paralisia Cerebral, principalmente pelo fato de aumentarem
a capacidade aeróbica e a resistência.

Devido à dificuldade em manter-se em equilíbrio e a diminuição da


coordenação, não é indicado a esses pacientes o uso da esteira ergométrica.

É melhor que realizem o treino fazendo o uso de bicicleta ergométrica, com


uma frequência cardíaca entre 40 e 85% da máxima, por 20 a 40 minutos.

Exercícios De Força

Os exercícios de força podem ser realizados em máquinas ou com pesos


livres, dependendo apenas da musculatura acometida.

Os programas de exercícios devem envolver grandes grupos musculares,


enfatizando as áreas com maior fraqueza muscular. A regra é se há
encurtamento na musculatura agonista, deve-se fortalecer a musculatura
antagonista a ela.

Por exemplo, na extensão da perna, os isquiotibiais deveriam se opor ao


quadríceps, devido à alteração nervosa, ambos contraem ao mesmo tempo,
causando um movimento descoordenado.

O fisioterapeuta deve suavizar esses efeitos. Na forma atetósica, não se deve


fornecer pesos livres ao paciente, devido às contrações fortes e involuntárias.

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Alongamentos

O alongamento é crucial no tratamento de indivíduos com Paralisia Cerebral,


devido ao grande número de espasmos.

Deve-se fornecer o aumento da amplitude de movimento articular a partir do


alongamento passivo das estruturas mais acometidas, a intensidade deve ir de
acordo com o paciente.

Seus efeitos incluem o alívio da dor, relaxamento muscular, manutenção ou


aumento da amplitude de movimento, preparação do músculo para o
fortalecimento, melhora da respiração, estimulo de equilíbrio e coordenação.

Exercícios De Bobath Para Encefalopatia Crônica Não Progressiva

Nos primeiros meses de vida da criança as desordens de postura e movimento


ainda não se estabeleceram, podendo, ainda, ser evitadas, sendo este o
melhor momento para o início do tratamento.

O conceito “Bobath” inclui a movimentação ativa e passiva do paciente, sendo


os movimentos ativos responsáveis pelas sensações necessárias para a
aprendizagem de movimentos voluntários.

O uso da técnica objetiva um tratamento do todo, podendo ser utilizada em


bebês, crianças ou adultos com alterações neurológicas.

É necessário que o fisioterapeuta tenha conhecimento acerca do


desenvolvimento motor normal da criança, e também das alterações presentes
no seu paciente em específico.

Tudo isso para que possa desenvolver um tratamento completo e funcional,


estimulando e inibindo os pontos corretos para atingir o mais próximo de um
desenvolvimento normal na evolução do quadro.

São utilizadas posturas funcionais para facilitar as atividades de vida diária, e o


alinhamento biomecânico para normalizar o tônus muscular. Os exercícios
devem favorecer a propriocepção, o equilíbrio e a coordenação, além de
proporcionar um fortalecimento da musculatura.

É importante que em todo atendimento seja realizado o alongamento passivo


de todo o corpo, prevenindo contraturas e deformidades e, quando possível,
ensinar os alongamentos passivos aos familiares do paciente para que sigam
com o tratamento em casa.

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Devemos nos preocupar também com os espasmos musculares, lembrando
sempre que para um espasmo extensor, deve-se manter uma posição de
flexão, e vice-versa.

O fisioterapeuta deve estimular a postura ortostática no estabilizador


prevenindo sub-luxações de quadril e osteoporose, e oferecer atividades da
marcha independente, como desviar, ultrapassar e pular obstáculos, correr,
jogar bola tanto com os pés quanto com as mãos.

Equipamentos e aparelhos utilizados no tratamento

Para o tratamento da Paralisia Cerebral, podemos fazer uso de diversos


equipamentos e aparelhos para auxiliar na realização de posturas e
movimentos.

Estabilizador ou Parapodium

Utilizado para manter o paciente em pé, não deve só auxiliar na postura, deve
garantir a simetria corporal.

Seus benefícios incluem:

 Imagem Corporal Adequada


 Melhora dos Sistemas Circulatório
 Respiratório e Digestivo
 Desenvolvimento Neuropsicomotor
 Estimular a Captação de Cálcio pelos Ossos – diminuindo as chances
da osteoporose e sub-luxações de quadril
 Aumentar Sociabilização do Paciente

Therasuit

O Therasuit é um programa individualizado de ganho de força, combatendo o


desuso e a imobilização, baseado nos princípios de treino de força.

É mais efetivo que as demais técnicas de tratamento, possibilita o treino do


corpo da criança com paralisia cerebral da mesma maneira que uma criança
não acometida.

A veste nada mais é que uma órtese dinâmica proprioceptiva composta por
touca, shorts, colete, joelheiras e conexões com o tênis do paciente. Todo o
sistema é conectado por cordas elásticas, sendo muito seguro e efetivo.

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Seus objetivos principais são normalizar o tônus muscular, aumentar as
possibilidades de movimentos ativos, ganho de força e resistência muscular e
controlar a contração muscular, possibilitando melhora das atividades
funcionais e da independência.

É indicado para pacientes com os seguintes quadros neurológicos: Paralisia


cerebral, acidente vascular encefálico, pós-traumatismo craniano e com danos
na medula espinhal.

Eletroestimulação

A eletroestimulação apresenta bons resultados no controle da espasticidade,


se trata da estimulação do antagonista ao músculo espástico pelo princípio da
inibição recíproca, fornecendo um movimento voluntário que, inicialmente,
estava inibido.

Com a repetição da prática, o corpo fornece como feedback um novo padrão


motor, aproximando o paciente de movimentos funcionais.

Além dos equipamentos em destaque, temos os dispositivos auxiliares de


marcha (muletas canadenses, andadores, órteses), que promovem uma maior
independência e uma melhora do padrão da marcha.

11. Cuidados Especiais Com Alunos Que Possuem Paralisia Cerebral

Decorrente das alterações de postura e movimento, pacientes com


encefalopatia crônica não progressiva necessitam de alguns cuidados
especiais de acordo com as características do seu quadro.

Por exemplo, crianças com espasmos devem ser transportadas de modo que
suas pernas estejam sempre em abdução, evitando o padrão.

Já os com quadros de atetose apresentam movimentos descoordenados, então


os membros superiores devem permanecer voltados para frente, com as mãos
nos joelhos, unidos.

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Devido às deformidades e contraturas, é necessário que as roupas sejam
fáceis de vestir, é importante que a criança use roupas largas e com fechos em
velcro, ao invés de fazer uso de botões, durante as sessões o fisioterapeuta
pode ensinar ao paciente como se vestir e se despir de maneira independente,
facilitando sua rotina diária.

Pensando ainda nas atividades de vida diária, o terapeuta pode auxiliar o


paciente na sua higiene pessoal, fornecendo exercícios que simulem o
movimento de lavar as mãos e o corpo, e na alimentação, estimulando a
postura sentada, e ensinando o uso da colher.

Ao treinar movimentos de coordenação motora fina, como os grafismos, é


necessário que o fisioterapeuta observe a posição do paciente, corrigindo os
desarranjos posturais de modo que a coluna fique a mais ereta possível e os
braços sejam posicionados em cima da mesa.

Não devendo nunca esquecer de que durante todo o tratamento é importante


estimular a fala do paciente, não use linguagem infantil e fale de tudo e dê
oportunidade para que ela responda. Você estará aumentando o vocabulário
desse paciente e auxiliando em sua socialização.

12. Restrições de exercícios

Alguns exercícios apresentam restrições para indivíduos com paralisia cerebral,


são aqueles que favoreçam espasmos ou estimulem a musculatura flexora.

Temos como exemplo os quadris, eles são uma preocupação constante no


quadro de paralisia cerebral, conhecidas como articulações em risco,
principalmente nos casos de tetraparesia espástica e/ou crianças que não
realizam caminhadas e com pouco controle de tronco e cabeça.

A rigidez e os espasmos geram um desequilíbrio dos músculos dos quadris,


principalmente os adutores de quadril, dificultando a coaptação de cabeça do
fêmur e acetábulo.

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É preciso estar sempre de olho nos quadris do paciente, observar quadros
dolorosos que causem limitação de movimentos passivos e ativos da
articulação, como alongar, ficar de pé e sentar-se.

Durante o atendimento o terapeuta deve se preocupar em estimular os


exercícios de abdução de quadril e evitar os movimentos de adução.

13. Avanços Da Fisioterapia No Tratamento

A fisioterapia está em pleno desenvolvimento, aliada à tecnologia, tem ficado


bem mais interessante aos olhos dos pacientes com o desenvolvimento de
jogos para videogames, com sensores de movimento, atividade
eletromiográfica, plataformas que estimulem a força e o equilíbrio.

A evolução é nítida, tanto em pacientes de reabilitação motora quanto


neurológica, a atividade fica mais divertida, tornando-se muito mais
estimulante.

A realidade virtual também tem participado efetivamente da reabilitação, o


método inclui o uso de óculos e luvas que capturam o movimento, interagindo
com o ambiente virtual, o cérebro envia comandos aos músculos que se
beneficiam no processo de reabilitação.

Todo esse desenvolvimento tecnológico também possibilitou a construção de


trajes robóticos, feitos em alumínio e titânio com que o paciente se sinta um
verdadeiro super-herói, deixando-o capaz de se locomover
independentemente.

Os ajustes do traje são feitos pelo fisioterapeuta inicialmente, e após algum


tempo o paciente é capaz de realizar as atividades sozinhas, indicando ao traje
os comandos através de seus movimentos.

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14. CONCLUSÃO

A paralisia cerebral se refere a um grupo de sintomas que engloba dificuldade


de movimentação e rigidez muscular (espasticidade). Ela resulta de
malformações cerebrais que ocorrem antes do nascimento durante a época
em que o cérebro está se desenvolvendo ou de danos cerebrais que ocorrem
antes, durante ou logo após o nascimento.

A paralisia cerebral não é uma doença. Ela é, na verdade, um conjunto de


sintomas resultantes de malformações cerebrais ou danos às partes do cérebro
que controlam os movimentos musculares (áreas motoras). Algumas vezes, as
crianças com paralisia cerebral também apresentam anomalias em outras
partes do cérebro. Os danos cerebrais que resultam na paralisia cerebral
podem ocorrer durante a gestação, durante o nascimento, depois do
nascimento ou na primeira infância. Uma vez ocorridos os danos cerebrais,
eles não pioram, embora os sintomas possam mudar à medida que a criança
cresce e amadurece. Se a disfunção muscular resultar de danos cerebrais após
os dois anos de idade, esta não é considerada paralisia cerebral.

A fisioterapia é fundamental para o tratamento da encefalopatia crônica não


progressiva. É ela a responsável pela melhora da qualidade de vida do
paciente e socialização do mesmo.

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A fisioterapia auxilia tanto na facilitação de mobilidade e independência, quanto
na melhora da convivência e compreensão do paciente para com a família e
sociedade.

O tratamento fisioterapêutico da paralisia cerebral, se iniciado logo nos


primeiros meses de vida do paciente, pode evitar o agravamento e a instalação
de alterações posturais mais severas, evitando contraturas e deformidades.

15. BIBLIOGRAFIA

WALTER, S.; ROSENBAUM, P.; PALISANO, R.; RUSSELL, D. et al. Prognosis


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nº11. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2002. CAMARGOS, A.;
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de vida na paralisia cerebral. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 25, n. 1, p. 83-
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CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: Fundamentação e


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https://www.medtronic.com/.../treatments-therapies/cerebral-palsy.html

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www.drrisadinha.org.br/2021/04/como-se-prevenir-contra-paralisia.html

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