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A microcefalia é uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade

e isto pode
ser causado por malformação durante a gestação provocada pelo uso de substâncias químicas ou por infecções por bactérias
ou vírus, como o zika vírus, por exemplo.
Esta doença pode alterar o desenvolvimento mental da criança, porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão
separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça e desenvolva suas capacidades normalmente. Por causa
disso, a criança com microcefalia pode precisar de cuidados por toda a vida, porém isso é geralmente confirmado depois do
primeiro ano de vida e irá depender muito do quanto o cérebro conseguiu se desenvolver e que partes do cérebro estão mais
comprometidas.
A principal característica de microcefalia é a cabeça e o cérebro menor do que o normal para a idade da criança, o que não
gera sintomas, no entanto pode comprometer o desenvolvimento da criança, podendo haver:
Problemas visuais;
Perda de audição;
Atraso mental;
Déficit intelectual;
Paralisia;
Convulsões;
Epilepsia;
Autismo.
Esta condição também pode levar ao surgimento de rigidez dos músculos do corpo, conhecida cientificamente como
espasticidade, pois esses músculos são controlados pelo cérebro e no caso da microcefalia esta função fica prejudicada.
Uma das principais causas relacionadas com a microcefalia é a infecção pelos vírus Zika e Chikungunya durante a gravidez,
especialmente no primeiro trimestre de gestação. No entanto, essa situação também pode acontecer devido à:
Infecções como rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose;
Consumo de cigarro, álcool ou drogas, como cocaína e heroína durante a gravidez;
Síndrome de Rett;
Envenenamento por mercúrio ou cobre;
Meningite;
Desnutrição;
HIV materno;
Doenças metabólicas na mãe, como fenilcetonúria;
Exposição à radiação durante a gestação;
Uso de medicamentos contra epilepsia, hepatite ou câncer, nos primeiros 3 meses de gravidez.
A microcefalia também pode ser genética e acontece em crianças que possuem outras doenças como síndrome de West,
síndrome de Down e síndrome de Edwards, por exemplo. Por isso, a criança com microcefalia que também possui alguma
destas síndromes pode ter outras características físicas, incapacidades e ainda mais complicações do que as crianças que
possuem somente microcefalia.
O diagnóstico da microcefalia pode ser feito durante a gestação, com os exames do pré-natal, como o ultrassom por
exemplo, e pode ser confirmado logo após o parto através da medição do tamanho da cabeça do bebê, feita por um enfermeiro
ou médico. Saiba mais quando deve realizar o ultrassom durante a gravidez.

Além disso, exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética cerebral também ajudam a medir a
gravidade da microcefalia e quais serão suas possíveis consequências para o desenvolvimento do bebê.

Alguns estudos dividem a microcefalia em alguns tipos, como:

Microcefalia primária: este tipo ocorre quando existem falhas na produção de neurônios, que são células cerebrais, durante
o desenvolvimento fetal;

Microcefalia pós-natal: é o tipo em que a criança nasce com o tamanho do crânio e do cérebro adequado, mas o
desenvolvimento destas partes não acompanha o crescimento da criança;

Microcefalia familiar: acontece quando a criança nasce com o crânio menor, mas não apresenta alterações neurológicas,
sendo que isto ocorre porque os pais da criança também têm a cabeça menor.

Existe ainda um outro tipo chamada microcefalia relativa, em que crianças com problemas neurológicos apresentam
problemas de crescimento do crânio, porém é uma classificação muito pouca utilizada pelos médicos.

O tratamento da microcefalia deve ser orientado por um pediatra e neurologista, porém é necessária a intervenção de vários
outros profissionais como enfermeiros, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que irão ajudar a criança a se desenvolver
com o mínimo de limitações possíveis de forma a ter uma maior qualidade de vida.

O tratamento varia, então, de acordo com cada caso, especialmente de acordo com as limitações de cada criança. Ainda
assim, as formas de tratamento mais utilizadas incluem:
Terapia da fala
Para melhorar a capacidade para falar a criança deve ter acompanhamento de um fonoaudiólogo pelo menos 3 vezes por
semana.

Além disso, os pais devem cantar com a criança pequenas músicas e falar com ela olhando nos olhos durante todo o dia,
mesmo que ela não responda ao estímulo. Também deve-se usar gestos para facilitar o entendimento do que está dizendo e
captar melhor a atenção da criança.

Sessões de fisioterapia
Para melhorar o desenvolvimento motor, aumentar o equilíbrio e evitar atrofia dos músculos e os espasmos musculares é
importante fazer o máximo de sessões de fisioterapia possível, pelo menos 3 vezes por semana, realizando exercícios simples
com bola de Pilates, alongamentos, sessões de psicomotricidade e hidroterapia podem ser úteis.

A fisioterapia é indicada porque pode ter resultados no desenvolvimento físico da criança, mas também porque ajuda no
desenvolvimento mental.

Terapia ocupacional
No caso de crianças mais velhas e com o objetivo de aumentar a autonomia pode ainda ser indicado pelo médico a
participação em sessões de terapia ocupacional, nas quais se pode treinar as atividades diárias, como escovar os dentes ou
comer, com o uso de aparelhos especiais, por exemplo.

Para melhorar a capacidade de socialização deve-se também avaliar a possibilidade de manter a criança em uma escola
normal para que possa interagir com outras crianças que não possuem microcefalia, podendo participar de jogos e
brincadeiras que promovem a interação social. No entanto, se houver atraso no desenvolvimento mental, a criança
provavelmente não irá aprender a ler ou escrever, embora possa ir para a escola para ter contato com outras crianças.

Em casa, os pais devem estimular a criança o máximo possível, fazendo brincadeiras de frente para o espelho, estando do lado
da criança e participar sempre que possível em reuniões de família e amigos para tentar manter o cérebro da criança sempre
ativa.

Uso de remédios
A criança com microcefalia pode precisar tomar medicamentos indicados pelo médico segundo os sintomas que apresenta,
como anticonvulsivante para reduzir as convulsões ou para tratar a hiperatividade, como Diazepam ou Ritalina, além de
analgésicos, como Paracetamol, para diminuir a dor nos músculos, devido à tensão excessiva.

Injeções de Botox
As injeções de Botox podem ser indicadas no tratamento de algumas crianças com microcefalia, porque podem ajudar a
diminuir a rigidez dos músculos e melhorar os reflexos naturais do corpo, facilitando as sessões de fisioterapia e os
cuidados diários.

Geralmente as injeções de Botox são indicadas quando a criança fica sempre com os músculos intensamente contraídos,
involuntariamente, o que dificulta coisas simples como dar banho ou trocar a fralda. O uso do botox é considerado seguro e
praticamente não apresenta riscos para saúde, desde que seja utilizado na dose adequada e sempre sob indicação do médico.

Cirurgia na cabeça
Em alguns casos, pode-se realizar uma cirurgia sendo feito um corte na cabeça para permitir o crescimento do cérebro,
reduzindo as sequelas da doença. Porém, esta cirurgia para ter resultado deve ser feita até aos 2 meses do bebê e não é
indicada para todos os casos, somente quando podem existir muitos benefícios e poucos riscos associados.

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