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Biologia

Construindo cladogramas

Teoria

O cladograma é uma representação das relações filogenéticas entre os seres vivos, com objetivo
de relacionar e analisar as relações de parentesco e a história evolutiva dos táxons. Táxon é como
é chamada a unidade taxonômica em análise, podendo ser de qualquer nível taxonômico,
dependendo do objetivo da análise.

Os cladogramas são formados por uma raiz, ramos e nós. A raiz é a primeira linha, onde se encontra
o ancestral mais antigo do cladograma. Os ramos são as linhas que representam a linhagem
evolutiva e possíveis modificações por anagênese; e os pontos de intersecção entre esses ramos
são os chamados de nós, indicando um processo de cladogênese. Também em relação ao nó,
dizemos que nele se encontra o último ancestral em comum entre os novos táxons que surgiram.

Em um cladograma, táxons mais próximos à raiz são chamados de basais (na imagem abaixo, por
exemplo, seria o táxon X), e táxons com mais nós de distância da raiz são chamados de derivados
(na imagem abaixo, por exemplo, seria o táxon D). Os táxons terminais são aqueles que estão na
ponta dos ramos; eles são considerados os táxons viventes, já que estão no tempo evolutivo atual.

Cladograma. Ilustração por Rebeca Khouri.

Quando dois táxons estão separados por apenas um nó, chamamo-los de grupo-irmão. Por esse
motivo, eles apresentarão maior similaridade evolutiva. Os nós dos grupos-irmãos podem “girar”
entre si sem alterar as informações evolutivas.

Um cladograma pode ser desenhado com linhas retas ou diagonais, na horizontal ou na vertical;
isto é, não haverá diferença de informação entre eles se forem representados apenas em posições
distintas, como mostra a imagem a seguir:
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Embora pareçam diferentes, ao olhar com atenção, vemos que esses quatro cladogramas apresentam exatamente a mesma
informação, apenas houve um “giro” nos nós dos grupos-irmãos. A+B são grupos-irmãos, e A+B juntos são grupo-irmão de C.

Ilustração por Rebeca Khouri.

Os táxons são organizados em três diferentes grupos:

O grupo analisado apresenta o ancestral em comum e


Monofiléticos
todos os seus descendentes.

O grupo apresenta um ancestral comum e alguns, mas


Parafiléticos
não todos, os seus descendentes.

O grupo é formado com táxons onde o ancestral em


Polifiléticos
comum não é incluído.

Cladogramas. Ilustração por Rebeca Khouri


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Construindo um cladograma
A construção de um cladograma se inicia com o estabelecimento da raiz. A partir daí, a cada evento
de cladogênese entre os táxons, coloca-se um nó. Do nó, seguirão os ramos, que podem ou não
sofrer outro processo de cladogênese. Táxons com mais características em comum serão mais
próximas e terão menos nós de distância entre eles.

Novidades evolutivas em um cladograma são chamadas de apomorfias. Quando elas são


características homólogas (com mesma ancestralidade) e compartilhadas por dois ou mais táxons,
são chamadas de sinapomorfias; já quando ela é exclusiva de um único táxon terminal, é chamada
de autapomorfia. As plesiomorfias (ou simplesiomorfia) são as características ancestrais, podendo
ou não se manter no cladograma ao longo da evolução do grupo.

Ilustração por Rebeca Khouri.


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Exercícios de vestibulares

1. (PUC-Rio 2013) Observe os cladogramas abaixo e assinale a afirmativa correta. Considere A,


B e C como sendo três espécies distintas.

(A) Os dois cladogramas mostram relações evolutivas distintas.


(B) As espécies A e B fazem parte, obrigatoriamente, de um gênero distinto de C.
(C) A, B e C formam um grupo monofilético.
(D) A, B e C não compartilham um ancestral comum.
(E) A, B e C formam um grupo polifilético.

2. (UFG, 2013) Analise o cladograma a seguir. Pelo cladograma, o

(A) chimpanzé pertence à família do homem.


(B) gorila evoluiu a partir do orangotango.
(C) gibão convergiu evolutivamente com o gorila.
(D) homem compartilha o mesmo ancestral do gibão.
(E) orangotango é ancestral do chimpanzé.
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3. (UEPB, 2011) A classificação dos organismos de acordo com suas similaridades é uma tarefa
que vem sendo discutida há muito tempo. Uma das discussões recai sobre o conceito de
espécie. Um ponto em comum, seja qual for o método utilizado para o agrupamento dos
organismos, é a certeza dos processos anagenéticos e os fatores de cladogêneses. A escola
Filogenética tem como ponto chave o uso do maior número possível de caracteres, que
podem ser anatômicos, fisiológicos, comportamentais e até moleculares, para determinar os
grupos monofiléticos. Analisando a série de caracteres infere-se a condição primitiva e
derivada do caráter, baseando-se nos grupos externos. As relações de parentesco entre os
grupos analisados são organizadas nos cladogramas, expondo se dessa maneira as
condições primitivas, derivadas, as anagêneses e as cladogêneses. Analise o cladograma
abaixo e, com base no contexto exposto, responda: quantos nós, quantas cladogêneses,
quantas anagêneses e quantos ramos, há, respectivamente, na figura?

(A) Cinco, quatro, uma e cinco.


(B) Cinco, cinco, uma e seis.
(C) Quatro, quatro, uma e quatro.
(D) Quatro, cinco, duas e seis.
(E) Cinco, seis, duas e seis.
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4. (UFT, 2012) A aplicação da análise cladística traz importantes mudanças na proposta de
filogenias construídas sob a ótica dos métodos tradicionais de classificação. Os esquemas
abaixo (I e II) permitem comparar algumas destas mudanças.

A partir da análise dos esquemas apresentados é CORRETO afirmar que:


(A) Em ambas as propostas (I e II), o grupo formado por lagartos, serpentes e tartarugas é
monofilético.
(B) Taxonomicamente, Mammalia, Aves, Reptilia e Archaeossauria correspondem a Classes.
(C) A filogenia I, que apresenta uma classificação baseada em cladística, considera que o
grupo Reptilia é mais aparentado ao grupo Aves do que ao grupo Mammalia.
(D) O grupo Archaeossauria na filogenia II representa taxonomicamente uma Ordem da
Classe Reptilia.
(E) A cladística é utilizada na construção da filogenia II, que agrupa crocodilos, dinossauros
e aves com base em características compartilhadas.
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5. (Fuvest, 2013) A figura representa uma hipótese das relações evolutivas entre alguns grupos
animais. De acordo com essa hipótese, a classificação dos animais em Vertebrados e
Invertebrados

(A) está justificada, pois há um ancestral comum para todos os vertebrados e outro diferente
para todos os invertebrados.
(B) não está justificada, pois separa um grupo que reúne vários filos de outro que é apenas
parte de um filo.
(C) está justificada, pois a denominação de Vertebrado pode ser considerada como sinônima
de Cordado.
(D) não está justificada, pois, evolutivamente, os vertebrados estão igualmente distantes de
todos os invertebrados.
(E) está justificada, pois separa um grupo que possui muitos filos com poucos
representantes de outro com poucos filos e muitos representantes.
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6. (Fuvest, 2022) A figura mostra um cladograma simplificado das hipóteses filogenéticas já


propostas para a evolução da vida na Terra. Ele inclui dois grupos de bactérias, seis de
protistas, dois de animais, dois de fungos e dois de plantas, e seus pontos A a P indicam o
surgimento de características específicas durante a evolução.

Burki et al. 2020, TREE 35(1): 43-55. Adaptado.

Note e adote: Grupos monofiléticos, algumas vezes referidos como grupos naturais, são
aqueles em que todas as suas linhagens têm uma única origem evolutiva exclusiva, isto é,
essa origem não é compartilhada com linhagens de outros grupos
Com base no cladograma apresentado, responda:
(A) Cite uma característica que aparece no ponto E da hipótese filogenética.
(B) Na folha de resposta, classifique os grupos “bactérias”, “protistas”, “animais”, “fungos” e
“plantas” como monofiléticos ou não monofiléticos.
Monofilético Não monofilético
Bactérias ( ) ( )
Protistas ( ) ( )
Animais ( ) ( )
Fungos ( ) ( )
Plantas ( ) ( )

(C) Indique dois pontos (de A a P) da hipótese filogenética em que há o aparecimento da


condição multicelular. Cite uma característica de qualquer grupo que só foi possível
devido à evolução da multicelularidade.
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7. (UFC, 2008) Na evolução dos diferentes grupos animais, muitas mudanças ocorreram para
dar origem a seres mais complexos. Observe o cladograma (árvore filogenética) a seguir e
responda ao que se pede:

(A) Os números I e II representam características que levaram ao surgimento dos táxons


Cnidaria e Nematoda, respectivamente. Indique essas características.
(B) Cite uma característica compartilhada entre protistas e animais que culminou na teoria
monofilética, a qual sugere a origem dos animais a partir de protistas.
(C) De acordo com o cladograma, os poríferos são considerados os animais com
características mais primitivas. Qual a principal característica que classifica esses
organismos como primitivos?
(D) Por muito tempo, os poríferos não foram incluídos no Reino Animal. Hoje se sabe que
esses organismos apresentam estruturas típicas de animais. Cite uma característica que
inclui os poríferos no Reino Animal e, ao mesmo tempo, os exclui dos outros Reinos.

8. (UFJF, 2018) Nos últimos vinte anos, o estudo das relações filogenéticas entre os seres vivos
vem passando por grandes transformações graças ao uso de informações do material
genético – como, por exemplo, sequências de nucleotídeos do DNA - para elaboração de
cladogramas. Dessa forma, algumas relações tidas como bem estabelecidas – como a
proximidade dos anelídeos e artrópodes – vêm sofrendo reinterpretações, levando a um novo
entendimento de como possivelmente se deu a evolução dos seres vivos na Terra.

O cladograma abaixo mostra uma aproximação do que, hoje se imagina, tenha sido a evolução
de alguns grupos de animais.
(A) Com base no cladograma apresentado, quais são os números que representam os ramos
do cladograma? Quais são os números que representam os nós?
(B) Explique o que significa dizer que uma característica é análoga a outra e o que significa
dizer que uma característica é homóloga a outra.
(C) Explique o mecanismo que pode levar a uma bifurcação em um cladograma de relações
entre espécies.
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Gabaritos

1. C
A, B e C possuem o mesmo ancestral em comum e formam um conjunto com todos os
descendentes desse ancestral. Portanto, são monofiléticos.

2. D
Há uma ramificação entre o homem e o chimpanzé. Isso indica que o homem não se originou
diretamente dele, mas tem um ancestral em comum.

3. B
Há 5 nós (bifurcações) e, portanto, 5 eventos de cladogênese. Seis ramos formam as espécies
terminais, enquanto a anagênese (a modificação das espécies ao longo do tempo) ocorre no
cladograma como um todo.

4. E
A mudança compara características que são comuns a crocodilos, dinossauros e aves; porém,
a partir dos nós, surgem mudanças entre eles. Perceba que as aves foram classificadas de
modo diferente nos dois esquemas

5. B
Os equinodermos fazem parte do grupo dos invertebrados, mas são filogeneticamente
próximos dos cordados, que contêm indivíduos vertebrados, mas também invertebrados.

6. Respostas:
(A) O ponto E se encontra após o grupo de bactérias (monera) e como ancestral dos
eucariontes. Logo, as características que surgem neste momento podem ser a presença
do núcleo (envoltório nuclear), DNA linear e presença de organelas membranosas.
(B) Preenchimento:
Monofilético Não monofilético
Bactérias ( ) (X)
Protistas ( ) (X)
Animais (X) ( )
Fungos (X) ( )
Plantas (X) ( )
(C) Animais e plantas são grupos exclusivamente pluricelulares; logo, K e P representam o
aparecimento da condição multicelular. A multicelularidade permite o desenvolvimento de
tecidos, órgãos e sistemas complexos.

7. Respostas:
(A) A1 – Tecidos verdadeiros, dois folhetos germinativos, cavidade digestória, simetria radial,
gastrulação.
(B) A2 – Tubo digestivo completo, pseudoceloma.
(C) Estrutura dos flagelos; estrutura molecular dos ribossomos.
(D) Ausência de tecidos verdadeiros.
(E) Desenvolvimento embrionário.
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8. Respostas:
(A) Ramos do cladograma: 1, 3, 5, 6, 7, 9 e 10. Nós do cladograma: 2, 4 e 8.
(B) Características análogas são as que apresentam semelhanças apenas funcionais.
Características homólogas são as que apresentam ontogeneticamente a mesma origem
evolutiva.
(C) Em um cladograma de espécies, uma bifurcação representa um evento de especiação, que
pode ser por um isolamento geográfico, levando ao isolamento reprodutivo.

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