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4 TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA

› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias
Teste B

Nome Turma Data

Grupo I
A
Lê o texto seguinte.

Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, o
administrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daqueles
amores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um
grande ramo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o
escudeiro, diri-
5 gindo-se ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacre
dourado; — e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando o
filho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço...
Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe
re- velaram, aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a
sinistra
10 legenda do velho contrariou muito Afonso da Maia.
Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro
passeando a cavalo, “ambos muito bem e muito distingués”, Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar
enfastiado:
— Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seria
absurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má.
(…)
15 No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa.
Dias depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório,
pe- dira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe
dissera que em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã...
— Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...
20 — E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo
caro, Vilaça.
— Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!
E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho,
chegava a tranquilizar Vilaça.
25 Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de
Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o
muro a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate,
trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao
seu lado: as
fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a
30 sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos
dum azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de
modista, encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no
braço, o guarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco,
a caleche passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira
ficara com a
35 chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:
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— Caramba! É bonita!
Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre
Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a
ca- leche sob o verde triste das ramas.
Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa

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Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Insere, justificadamente, o excerto na estrutura da obra.

2. Apesar de Afonso não atribuir grande importância aos encontros de Pedro e Maria Monforte, isso des-
perta-lhe um sentimento ambivalente.
2.1. Aponta algumas razões para esse comportamento.

3. A despreocupação de Afonso contrasta com a apreensão de Vilaça.


3.1. Explica esta atitude do procurador dos Maias.

4. A atitude de Afonso muda quando vê Maria Monforte e Pedro juntos.


4.1. Explicita o que faz o pai de Pedro mudar de opinião.

B
Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-
te nos conhecimentos adquiridos sobre Os Maias.

Em Os Maias existem diversas situações, espaços, elementos que pressagiam e concorrem para
o fim trágico da família Maia.

Grupo II
Lê, agora, o seguinte texto.
DINÂMICA DE VITÓRIA

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que


existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do oti-
mismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age
na sombra e que se revela determinante: a sorte. (…)
5 Quando nos interrogamos sobre os motivos do êxito ou do
fracasso, há quem coloque a ênfase na sorte ou no azar, enquanto outros evocam o talento ou a sua
ausên- cia, o esforço ou a abulia, a inteligência, as aptidões sociais, o dom da oportunidade, o faro para
os negó- cios… A verdade é que costumamos atribuir os nossos êxitos ao mérito pessoal, e os dos
outros às circunstâncias (sorte, cunhas…). Os nossos fracassos, pelo contrário, devem-se ao azar ou
injustiça; os dos
10 restantes, ao comportamento das pessoas em causa.
Em psicologia, essa forma de ver as coisas é designada por “erro fundamental de atribuição”.
Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar as características da personalidade e as motivações
psicológicas, e em menosprezar ou ignorar fatores exteriores quando se pretende explicar o
comportamento de alguém numa situação. Esse desvio está também relacionado com aquilo que Julian
Rotter, psicólogo da Universidade de
15 Connecticut, denomina “locus de controlo”, pelo local onde situamos as causas do que nos acontece. (…)
A educação é, também, um fator fundamental. No meio familiar, as crianças aprendem muito ao
observar o que fazem os pais, incluindo a atitude perante a vida. A hereditariedade não é apenas
genética, também se manifesta pela forma como se copiam comportamentos. O êxito pode também ser
condicio- nado pela educação e pela cultura em que vivemos. Há famílias que incentivam a procura de
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iniciativas,
20 enquanto outras atribuem maior importância ao aspeto económico e material.

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E não podemos esquecer o esforço. Herbert Simon, Prémio Nobel da Economia, estimou que é
necessário, para ser um perito internacional em qualquer especialidade, dedicar pelo menos 40 horas
por semana ao trabalho, 50 semanas por ano, durante uma década. Outros falam em dez mil horas de
es- forço como fórmula para alcançar a glória, e o senso comum costuma situar-se entre estas duas
teorias.

in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao
sentido do texto.

1.1. Em “revelam que existe, para além do talento pessoal” (linhas 1-2), a palavra sublinhada é…
a) um pronome relativo.
b) uma conjunção subordinativa consecutiva.
c) uma conjunção subordinativa completiva.
d) um pronome interrogativo.

1.2. Na frase “há quem coloque a ênfase” (linha 6), o constituinte sublinhado pode ser substituído por…
a) ostentação.
b) realce.
c) exibição.
d) dignidade.

1.3. A palavra sublinhada em “os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa” (linhas 9-10)
retoma o segmento…
a) êxitos.
b) outros.
c) nossos.
d) fracassos.

1.4. Na frase “Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar” (linhas 11-12), a conjunção sublinhada
apresenta um valor…
a) disjuntivo. b)
copulativo. c)
adversativo. d)
consecutivo.

1.5. O constituinte sublinhado em “Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut” (linhas


14-15), o conector sublinhado desempenha a função sintática de…

a) sujeito.
b) modificador apositivo do nome.
c) modificador restritivo do nome.
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d) complemento direto.

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1.6. No segmento textual “situamos as causas do que nos acontece” (linha 15), o constituinte subli-
nhado desempenha a função sintática de…
a) sujeito.
b) complemento indireto.
c) complemento direto.
d) complemento oblíquo.

1.7. Na frase “E não podemos esquecer o esforço.” (linha 21), está representada a modalidade...
a) deôntica, valor de permissão.
b) epistémica, valor de possibilidade.
c) apreciativa.
d) deôntica, valor de proibição.

2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a
obteres afirmações verdadeiras.

COLUNA A COLUNA B

2.1. Para elencar alguns fatores


a) o enunciador marca a temporalidade da ação.
que podem conduzir ao
sucesso (1.º parágrafo), … b) o enunciador introduz no discurso a ideia de
2.2. Com a utilização do conector finalidade.
sublinhado em “Quando nos c) o enunciador serve-se de uma enumeração.
interrogamos” (linha 5), …
2.3. Na frase iniciada em “O êxito d) o enunciador expressa um modificador restrito do
pode também” (linha 18), … nome.

2.4. Com a utilização do conector e) o enunciador serve-se de um complexo verbal que


sublinhado em “para ser um indica obrigação de realização da ação .
perito internacional em
f) o enunciador serve-se de um verbo auxiliar modal
qualquer especialidade…”
com valor de possibilidade.
(linha 22), …
2.5. Com o sublinhado na frase g) o enunciador recorre a uma frase que representa a
“e o senso comum costuma modalidade deôntica.
situar-se entre estas duas
h) o enunciador apresenta a situação como obrigatória.
teorias” (linha 24), …

Grupo III

Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal,
da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e que
se revela determinante: a sorte.
in Super Interessante, n.º 150, outubro de 2010, pp. 22 a 24 (com supressões)

Partindo da perspetiva acima exposta, apresenta uma reflexão sobre este tema.
Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes
o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.

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