Institucional e Projeto Comunitário ao curso de Psicologia do Centro Universitário de Rio Preto, como pré- requisito para obtenção de nota de trabalho semestral.
Orientador: Prof.ª Bruna Maria
Dantas Caravina
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP
2021 SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. ANÁLISE CRÍTICA
3. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS 1. INTRODUÇÃO
A Psicologia Institucional e Comunitária foi inicialmente inserida pelo
psiquiatra Jose Bleger, o qual buscou explorar a importância do papel do profissional da Psicologia nas instituições, ou seja, sua atuação como um consultor para as organizações pública e/ou semipúblicas para analisar, avaliar e intervir no âmbito psicossocial da instituição. Dessa forma, adotou-se uma visão mais abrangente sobre as organizações e toda a comunidade envolvida nesta. Com essa luz sobre o trabalho dos psicólogos nas instituições, esse assunto começou a ser mais abordado, chegando nas Instituições Totais, termo abordado pelo sociólogo e antropólogo Erving Goffman. Através de uma experiência vivencial em um hospital psiquiátrico, Goffman analisou essas instituições, onde os indivíduos inseridos nestas vivem, separados da sociedade formando uma comunidade afastada que seguem uma porção de regras, normas, atividades e horários pré-determinados por terceiros, sendo submetidos a esse contexto de forma voluntária ou involuntária. Alguns exemplos de instituições totais são: penitenciárias, clínicas de reabilitação, lar de idosos, conventos, internatos, hospitais psiquiátricos, entre outros. A partir disso, foi elaborado o Relatório da Inspeção Nacional em Comunidades Terapêuticas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) com o objetivo de avaliar o regimento dos centros terapêuticos localizados no território brasileiro e se há a violação dos Direitos Humanos na forma de tratamento dos indivíduos inseridos nessas instituições. Dessa forma, ao analisar a rotina desses locais foram identificadas infrações na Lei nº 10.216/2001, que busca regularizar o atendimento das instituições de saúde mental e proteger as pessoas com tal demanda. Muitas das organizações intitulam-se com a missão de cuidar dessas pessoas, mas acabam por privá-las de alguns direitos básicos como o de circular livremente, comunicar-se com familiares e ter acesso aos seus pertences. Assim, reforça-se o fato de que tais estabelecimentos tiram a individualidade dos pacientes e os silenciam com a rigidez das normas impostas. 2. ANÁLISE CRÍTICA
Considerando os objetivos de uma Comunidade Terapêutica (CTs) de
reabilitação ao sujeito dependente de substância química (ácool e outras drogas), como também o devido tratamento aos que possuem transtornos mentais em decorrência da dependência química, os tópicos descritos no Relatório de Inspeções fazem correlação aos descritos por Ervin Goffman quanto às características de uma Instituição Total. Estas características, contrárias tanto ao modelo de tratamento proposto pelo Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, como o modelo proposto pela Lei 10.216/2001 em consequência da Reforma Psiquiátrica, infringem uma série de direitos previstos aos sujeitos encaminhados ao tratamento de suas condições de saúde. As informações obtidas nos relatórios trazem a característica de institucionalização do sujeito, o que dificulta diretamente sua reabilitação e reinserção social quando findar seu período na Comunidade; a perda da subjetividade de cada usuário, sendo tratados de forma igualitária e sem considerar suas particularidades, não obtendo direcionamento do tratamento (falta de plano terapêutico singular), assim, levando à chamada “mortificação do eu” colocada por Goffman, na qual desvincula o sujeito de sua visão sobre si, seus valores e suas referências existentes fora da vida dentro da Comunidade; a utilização de regras que, em maioria, são utilizadas como formas de chantagens e não apenas normas a serem seguidas;
A discussão acerca dos processos de reabilitação é necessária para que
se veja a importância de motivar dentro do tratamento, através de estimulações ambientais que enxergue a parte humana, auxiliando na facilitação dos processos de maneira eficaz, para que cheguemos ao objetivo. Quando pensamos em estímulo como um gerador de mudanças de comportamento, devemos entender que existe a necessidade, ou seja, o desejo da própria pessoa, para que assim ocorra uma ressignificação, em um ciclo motivacional. Analisando sob a perspectiva de uma clínica de reabilitação, o dependente químico quando ele é retirado do seu ambiente familiar e do contato com a droga, além de gerar um abalo emocional, é esperado que aquela necessidade de consumo quando não satisfeita, crie uma frustração que pode ser transferida, procurando meios para ser liberada, como por exemplo através de atitudes agressivas. Entretanto entender que o outro está sentindo verdadeiramente um sofrimento nos ajuda a enxergar além, e entender que as vezes quando conseguimos trazer sentido e satisfazer a necessidade por outra razão, a tendencia é a diminuição da intensidade da necessidade do uso da droga. O atendimento dos profissionais quando se torna humano, visa respeitar a individualidade e integridade, resgatando por assim a importância dos aspectos emocionais, por isso é necessário encorajar a inserção de uma visão do paciente que compreenda que ele não é apenas um paciente, mas também uma pessoa que é filho, pai ou mãe, um profissional e estudante, ou seja, tudo aquilo que o representa enquanto pessoa, sua condição atual não é aquilo que ele sempre foi, e sim o que está sendo agora. Quando respeitamos sua história de vida e a honramos, estamos sendo empáticos, caminhando para uma prática profissional que foca exclusivamente no que vai ajudar de fato o paciente.