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Resumo: A soja (Glycine Max) é um dos grãos mais exportados pelo Brasil e elevadas
temperaturas durante o seu armazenamento acarretam a deterioração dos grãos, sendo, por
isso, de fundamental importância o estudo da transferência de calor. O objetivo deste
trabalho foi propor e validar um modelo matemático bidimensional para prever a
temperatura em um silo de armazenagem de soja. O fenômeno da radiação solar foi
incluído na modelagem de maneira detalhada. O modelo matemático foi resolvido
utilizando o método de diferenças finitas. A validação do modelo foi feita a partir de
temperaturas obtidas em um silo experimental. O erro médio entre as temperaturas
calculadas e experimentais foi menor do que 6,3%. Previsões da umidade dos grãos foram
feitas a partir da modelagem proposta e mostraram-se em acordo com a literatura.
Abstract: Soybean (Glycine Max) is one of the largest Brazilian agricultural exports and,
as generally high storage temperature is a factor of soybean deterioration, it is very
important to investigate heat transfer in silos. The objective of this research was to propose
and validate a two dimensional mathematical model based on the continuous theory to
describe the temperature distribution inside a soybean silo. The phenomenon of solar
radiation was included in the modeling in detail. The mathematical model was solved using
the finite differences method. Model validation was made from experimental temperatures
obtained in a model soybean silo. The average error between calculated and measured
temperatures inside the silo was lower than 6.3%. Moisture content of grains was predicted
from the proposed modeling and the obtained estimates were in accord to literature.
___________
1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: marcosfpmoreira@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de São Carlos. E-mail: ronaldo@ufscar.br
3
Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de São Carlos. E-mail: freire@ufscar.br
para z=0:
dT fundo
(4)
e.ρ .Cp =h P
(T - T ) + h fundo
(T - T ) fundo
dt
silo silo ext - fundo solo P int - fundo z=0 P
para z=L:
dT topo
e.ρ .Cp =q +h (T - T )
topo
P topo
dt
silo silo rad ext - topo amb P
− ε .σ .(T ) + α .σ .(T ) + h P
topo 4
P
(5)
para r=R:
[(R + e) - R ]
2
dT 2 lat
.ρ .Cp = q + h (T - T )
lat lat
P
2(R + e) dt
silo silo rad ext - lat amb P
P
4
rad H
onde está o silo em São Carlos é igual a -
21o58’) e δ é a declinação solar e pode ser
q
lat
10
5
-ET (min)
-5
-10
2
-15
34
durante a noite, momento em que a
o
30
28
para o valor mínimo. Já as menores
26
diferenças entre as temperaturas
24 ocorreram por volta do meio-dia,
22 momento em que a temperatura ambiente
20
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
se encaminhava para o máximo.
hora Para a posição r=R/2 e z=H/2, foram
medidas as temperaturas em quatro
Figura 3. Temperaturas experimentais em posições angulares na massa de grãos,
função do tempo. uma na direção norte, outra na direção
leste, outra na direção sul e a quarta na
Os resultados apresentados na direção oeste. A Figura 4 apresenta os
Figura 3 foram típicos para todo o período resultados obtidos, os quais foram típicos
avaliado. para todo o período avaliado.
Através da Figura 3 verificou-se um Em relação à influência da posição
comportamento oscilatório tanto da angular, verificou-se, como já era
temperatura ambiente quanto da esperado, uma diferença entre as
temperatura na massa de grãos. O temperaturas nas posições “leste”, “norte”,
comportamento oscilatório da temperatura “oeste” e “sul”. Isso ocorreu devido ao
ambiente se deve em parte à variação da movimento aparente do Sol em torno do
radiação solar que atinge a atmosfera, silo, ou seja, devido à rotação terrestre.
variação essa provocada pelo movimento Como o Sol nasce no leste, a incidência da
de rotação terrestre. radiação solar começa nessa direção
Através da Figura 3 verificou-se fazendo com que a massa de grãos tenha
30
29
28
55 ambiente
27
topo
26 50 leste
25 oeste
Temperatura ( C)
45 fundo
24
o
23 40
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
35
hora
30
tempo. 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48
hora
Devido à distância zenital
característica do local onde estava o silo Figura 5. Temperaturas experimentais na
no período avaliado (primavera), os raios posição r=R e z=H/2 (parede lateral) em
solares, após incidirem na parede leste do função do tempo.
silo, se encaminhavam para a parede norte
e por fim à parede oeste. Esse fenômeno Em relação às temperaturas medidas
ficou traduzido nas temperaturas medidas na parede lateral do silo nas direções leste
na massa de grãos como se verificou e oeste, foi possível verificar um
através da análise da Figura 4. Jian et al. comportamento deslocado das curvas de
(2009), em estudo com o trigo, também temperatura devido ao movimento
verificaram um comportamento aparente do Sol. Enquanto a parede leste
semelhante da temperatura em função da atingia a temperatura máxima em torno de
posição angular. 10h da manhã, a temperatura na parede
Com relação à influência da oeste atingia seu valor máximo 4 horas
distância radial, verificou-se que à medida depois.
que a distância radial aumentou, ou seja, Quando o Sol se pôs, as
do centro em direção à parede, a massa de temperaturas no topo e na lateral do silo
grãos apresentou maior variação de tenderam à temperatura do ambiente e
temperatura como ficou verificado na durante a noite a temperatura no fundo do
Figura 4. Enquanto no centro houve uma silo foi maior que as temperaturas do topo,
variação de 2oC, na posição de r=9,5cm a da lateral e do ambiente.
variação foi de 7oC.
Em relação às temperaturas medidas 3.2 Validação da modelagem
nas paredes do silo, a Figura 5 apresenta proposta
os resultados obtidos. Tais resultados são
típicos para todo o período avaliado. A seguir são apresentadas algumas
Verificou-se que foi o topo do silo comparações entre as temperaturas
que apresentou os maiores valores de medidas e calculadas para parte do mês de
temperatura no período avaliado outubro/2005, do dia vinte (20) de outubro
(primavera), seguido da parede lateral, do ao dia trinta e um (31) de outubro. Os
ambiente e do fundo do silo. Caso os resultados apresentados a seguir são
experimentos tivessem sido realizados típicos para todo o período avaliado.
durante o inverno, quando a distância Verifica-se através das Figuras 6 a
zenital é maior, a temperatura no topo 10 que os valores calculados de
provavelmente não teria atingido valores temperatura estão muito próximos dos
100 T − T
temperatura ambiente
N (16)
40
E% = .∑
exp, i cal, i
Temperatura ( C)
N T
i =1
o
35
exp, i
30
dia
trabalho.
Figura 6. Temperaturas experimental e
calculada para a posição r=0 e z=H/2 em 70
temperatura experimental
função do tempo. 65 temperatura calculada
60
55
Temperatura ( C)
50
o
50
temperatura experimental 45
temperatura calculada
45 40
temperatura ambiente
35
40
Temperatura ( C)
30
o
35 25
20
30
15
25 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
dia
20
15
Figura 9. Temperaturas experimental e
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
calculada para a parede superior do silo
dia em função do tempo.
Figura 7. Temperaturas experimental e
calculada para a posição r=0 e z=3H/4 em 36 temperatura experimental
temperatura calculada
função do tempo. 34
32
Temperatura ( C)
o
30
50
temperatura experimental 28
temperatura calculada
45 26
temperatura ambiente
40 24
Temperatura ( C)
22
o
35
20
30
18
20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
25
dia
20
média
Temperatura ( C)
40
o
parede superior 10,5% 10,8% 11,7% 35
(média)
parede inferior 1,2% 0,8% 0,9%
25
20
dia
verificou-se que a parede inferior
apresentou os menores erros, em torno de Figura 11. Temperaturas experimental
1%. De uma forma geral, a maioria dos (média angular) e calculada para a posição
erros ficaram abaixo de 7,7%. Apenas na r=R/2 e z=H/2 em função do tempo (de 20
parede superior do silo foram maiores, em a 31 de outubro/2005).
torno de 11%. Isso ocorreu, pois a
qualidade do ajuste (veja a Figura 9) não
foi boa nas baixas temperaturas (~20oC). 55
temperatura experimental
12,4
umidade verificadas foram obtidas
Umidade (%b.s.)
12,0
11,4
11,2
NOMENCLATURA
11,0
hora
e Espessura da parede do silo, m
Figura 13. Umidades calculadas na massa E% Erro absoluto médio relativo
de grãos em função do tempo. percentual
ET Equação do tempo (“Ephemeris