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ANAIS DO
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VOLUME ,VII ,
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SIMPÓSIO SOBRE FAIXAs MÚVÉIS PROTEROZÚICAS . SIMroSIO SOBRE


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'SOCIEDADE BRASILEIRA
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DE GEOLOGIA
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ANAIS DO
XXXII.I CONGRESSO
BRASilEIRO DE.
GEOLOGIA
I"NDICE DO VOLUME VII

SIMPÓSIO SOBRE FAIXAS MÓVEIS PROTEROZÓICAS

O "Granito Três Córregos" revisado e o maciço Catas Altas - HASUI, Y. - CREMO-


NINI, O.A. - BORN,.H. ~ ....... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 3.023
Evoluc;ã'o geológica do Cráton Amazônico no Brasil - LIMA, M.I.C. . 3.032

Algumas considerações sobre a evolução tectônica/metalogenética dos continentes


sul-americano e africano no proterozóico (formação das bacias rifeanas) e 01
efeitos de uma tr(plica colisão cratônica na regilo sul do Estado de Minas Ge-
rais e áreas adjacentes dOI estados do Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil)
COUTO, J.G.P.
-
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.044
Aspectos metamórficos de seqüências supracrustais da Faixa Araçua( em Minas Ge-
rais- SOARES,
A.C.P.- LEONARDOS,
O.H.- NEVES,
J.M.C. 3.056

Os terrenos metamórficos de médio e alto grau do pré-cambriano de Santa Catarina


-SILVA, L.C. .. 3.069
Terrenos poJicícJicos e esu\gios de evoluçlo crustal - ARTUR,A.C.- WERNICK,
E. 3.081

Aspectos genéticos e deposicionais do grupo Macaúbas na regiio da Barragem do Pa.


raúna (MG) e sua importância na contribuiçio para um modelo paleogeográfico
e geotectônico - KARFUNKEL, J. - MOREIRA, P.C.H. - RIBEIRO, M.C. -
FRANCO, A.L.C. 3.091

Geologia da borda ocidental da Serra do Cipó, Minas Gerais (Área do Inhame) -


DOSSIN,LA.-DARDENNE,M.A. .~.. 3.104
Geologia da faixa móvel Espinhaço em sua porc;ã'o Meridional - MG - DOSSIN,I.A.
- UHLEIN,
A.- DOSSIN,
T.M. -.. . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.118
Evoluçâ'o pré-cambriana da Regi.o Sudeste do Brasil - RIBEIRO, M.W. . 3.133
Ocorrências de rochas granulfticas no Maciço Pelotas, Escudo sul rio-grandense
- HORBACH, Rõ--=MARIMON, R.G. - KUCK, L. . .. . . .. . . . . . . . . . . . .. 3.143

Análise de deformação e revisão lito-estratigráfica do Supergrupo Minas no sinclinal


Dom Bosco, Quadrilátero ferrífero, MG - PIRES, F.R.M. - PALERMa, N. -
SARCIÁ, M.N.Gõ 3.151

Feições polimetamórficas dos metapelitos da região de ltinga. (Minas Gerais - Médio


Jequitinhonha) -
COSTA,A.G. - NEVES,J.M.C. - MUELLER, G. 3.166

Estratigrafia, deformac;ã'o e metamorfismo do grupo Araxá na região de Mossâmedes,


Goiás - SIMÕES,L.S.A. - FUCK,R.A. ... 3.181
Relações geométricas e temporais de eventos magmáticOl no grupo São Roque a par-
tir da descoberta de rochas metavulcânicas e da aplicação de critérios estruturais
- CARNEIRO, C.D.R. - CQUTINHO, J.M.V. - SUEMITSU, A. - RODRI-
GUES, E.P. ..'- . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.196

Contribuiçâ'o -ao estudo da litoestratigrafia do Grupo São Roque na Faixa Jaraguá-


Cristais - SP - CARNEIRO, C.D.R. - HASUI, Y. """:DANTAS, A.S.L . : . . . .. 3.212

I
--

Os grupos São João dei Rei, Carrancas e Andrelândia, interpretados como a conti-
nuação dos Grupos Araxá e Canastra- TROUW, R.A.J. - RIBEIRO, A: - PA-
CIULLO, F.V.P. - HEILBRON, M.L. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.227

Sedimentação e vulcanismo durante o Ciclo Brasiliano no Rio Grande do Sul: uma


-
revisão JOST, H. 3.241

Dobramentos da Faixa Paraguai na borda sudeste do Cráton Amazônico - ALVA-


RENGA, C.J.S. 3.258

A Antefossa Molássica do cinturão Dom Feliciano no Escudo do Rio Grande do Sul


-CESAR, A.R.S.F. - LAVINA, E.L. - PAIM, P.S.G. - FACCINI, U.F. 3.272

Padrão de interferência entre três (3) fases de dobramento em Luminárias, Sul de


Minas Gerais - SILVA,R.R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.284
Considerações sobre o Grupo Açungui em São Paulo e porção adjacente do Paraná -
HASUI, Y. - CREMONINI, O.A. - BORN, H. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.297

Contribuição à tectônica e ao metamorfismo da região de Rodrigo Silva, a oeste de


-
Ouro Preto (MG) QUEMENEUR,J. 3.307
Evolução polic{clica e contexto tectônico da Faixa Seridó, NE do Brasil (Resumo
-
ampliado) SÁ, E.F.J. '3.319

Esboço geotectônico das folhas SD.24 - Salvador e SE. 24 - Rio Doce - LIMA,
M.I.C.-SILVA,J.M.R.-SIGAJÚNIOR,O. 3.325

A faixa de dobramentos Piancó: dntese do conhecimento e novas considerações -


SILVA FILHO, M.A. . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . ., . . . . . .. 3.337

O cinturão móvel transversal: especulações sobre uma poss{vel evolução à luz da


-
tectônica global MELLO,A.A. - ASSUNÇÃO,P.R.S. 3.348
Comportamento do trend arqueano na área de São Vicente (RN) - HACKSPA-
CHER, P.C. - DANTAS, E.L. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.362

Caracterização de fabrics tridimensionais nos rods de quartzo da base da Serra de


Carrancas, SE de Minas Gerais - DAYAN,H. - BAPTISTAFILHO,J. 3.371
Análise estrutural nas formações inferiores d~ Supergrupo Espinhaço da região de
- -
Datas MG UHLEIN, A. 3.381

Análise estrutural preliminar ao longo de uma secção transversal ao sinclinal da Moe-


da - 'SADOWSKI, G.R. - SOUZA, A.P. - BERGMANN, M. - BERTACHINI,
A.C.- ANGELI,
N. 3.393

Uma proposta para a origem das braquianticlinais de Xambioá e Lontra (GO) -


possíveis dom os gnáissicos - SANTOS,M.D.- MACAMBI
RA,J.B. - KOTS-
CHOUBEY,
B. 3.400

SIMPÓSIO SOBRE MAPAS METALOGEN~TICOS

A metalogenia e previsão de recursos minerais das Folhas NB. 20-Z-D/NB. 20-Z-B/


NB. 21-Y-C e NB. 21-Y-A, Teritório Federal de Roraima - REIS,N.J. - PES-
SOA,
M.R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.415
Appraisal of mineral-resource potential in carbonate terranes-Rolla 1° x 2° quadran-
gle, Missouri~ USA - PRATT, W.P. - ERICKSON, R.L. - KISVARSANYI, E.

_.
B. - WHARTON, H.M. ...... 3.428
Projeto mapas metalogenéticos e de previsio de recunos minerais Folha SG.22.X.B
(ltararé), escala 1:250.000 - A~GARTE,J.P. - HAMA,M. 3.441

A legenda das cartas metalogenéticas regionais no Brasil - SIQUEIRA,L.P.' 3.458


Projeto.mapas metalogenéticos e de previsão de recunos minerais - Folha SB.24-Z.B-
Caicó- escala1:250.000- FERREIRA,C.A.- SILVA,E.H.R.C. 3.471
-
Projeto mapas metalogenéticos e de previsão de recunos minerais Folha SD.22-X-D
(Porangatu) escala 1:250.000 - MARQUES, V.J. - SÃ, A.M. . . . . . . . . . . . .. 3.481

-
Projeto mapas metalogenéticos e de previsão de recunos minerais Folha SC.24-Y.D
-
(Serrinha) escala 1:250.000 SOUZA,J.D. - SANTOS,R.A. 3.494

-
Projeto mapas metalogenéticos e de previsão de recunos minerais Folha SB.22.Z-A
(Rio Parauapebas) escala: 1:250.000 - CARVALHO, J.M.A. - SILVA, J.J.X. 3.509

Projeto mapas metalogenéticos e de previsão de recunos minerais - Folha: SF.23.X-A


(Divinópolis)
escala1:250.000- FERRARI,
P.G. . . . . . . . . . . . .. 3.521

lU
SIMPÓSIOS SOBRE FAIXAS MÓVEIS PROTEROZÓICAS

- -~ - ... .~ .
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. 1964

o "GRANITO TR!:S CORREGOS" REVISADO E O MACiÇO CATAS ALTAS


Yociteru Hasui ..
IPT -InstitUto de Pesquisas Tecnol6gicas do Estado âe Sã«;JPaulo
Oscar A. Cremonini
Fundação para o Desenvolvimento Tecnol6gico da Engenharia
Helmut Bom
Departamento de Engenharia de Minas
Escola Politécnica-Un.ivenidade de São Paulo

ABSTRACT

The Setuva Complex is identified in the broad belt, 10 to 30 Km


wide and 250 Km long, extending from Capão Bonito(SP) to the Serra de
Itaiacoca(PR), formerly supposed to represent a large batholitic
granite intrusion (Três Córregos Massif) .

The complex is composed of gneisses, schists, quartzites,limestones,


calc-silicate rocks and amphibolites. These rocks present prominent
structural and mineralogical features produced by strong low-angle
ductile shear (approx. N-S trending couple) in amphibolite to
greenschist facies conditions and subsequent deformation related to
folding episodes. This pre-Brasiliano complex has been injected by
several gray porphyroidal and pink equigranular granite stocks and
batholiths.
The Setuva Complex and associated granites constitute the Catas AI
tas Massif, which separates the Apiaí (Açungui Group) and Itapeva
(Itaiacoca Formation) fold belts. These geotectonic units belong to
the Southeast Fold Region, of Upper Proterozoic/Lower Paleozoic age.

INTRODUçAO

No sul de são Paulo e leste do Par anã, numa faixa de orientação ge


ral NE-SW, largura variável de 10 a 30 km e extensão de 250 Km,entre
Capão Bonito(SP) e as vertentes setentrionais da Serra de Itaiacoca
(PR), foi desde longa data reconhecida a presença de rochas granitói
des. -
As ocorrências esparsas de tais rochas granitóides foram correlacio
nadas e interligadas, levando à concepção de existência de imensa mas
sa batolítica com área da ordem de 3700.Km2. Em 1966, R.A.Fuck e A.Mu
ratori (apud Fuck e~ at., 1967) introduziram para essa massa batolítT
ca a designação Granito Três Córregos. Face à coristatação de variações
petrográficase a suposiçãó de mecanismo de polidiapirismo, algunsau
tores posteriormente utilizaram a designação... Complexo Três Córregos~
com o mesmo intuito..
Essa unidade litológica foi objeto de mapeamento em 1:250.000, 1:
100.000 e 1:50.000 em diversos projetos de levantamento geológicosis
temático, a partir da década de 60, nomeadamente o Projeto da Cartã
Geológica do paraná, o Projeto Ribeira (PROTEC/DNPM), o Projeto SUDELPA
(CPRM/SUDELPA), o Projeto Sudeste do Estado de são Paulo (CPRM/DNPM),O
Projeto Leste do paraná (CPRM/DNPM) e o Projeto Integração e Detalhe
no Vale do Ribeira (CPRM/DNPM). Também investigações parciais foram
realizadas em diversos outros estudos, por parte de universidades e en

3.023
-----

tidades estatais de pesquisa. Referências são encontradas em numerosos


relatórios e artigos publicados, que seria longo aqui relacionar,caben
do destacar as sínteses de Fuck e~ ato (1967, 1971), Melcher e~ at~
:;: (1973) e Silva e~ ato (1981) como referências gerais.
Em meio a essa unidade litológica foram reconhecidas manchas espar
sas de metassedimentos pelíticos, psamíticos e carbonaticos, além de
anfibolitos, que foram interpretados como porções do Grupo Açungui em
forma de tetos ou restos, indicativos de pretérita conexão das faixas
metassedimentares a noroeste (Formação Itaiacoca) e sudeste (Grupo A
çungui) do Granito Três Córregos.
Observações geológicas que realizamos na ãrea do Granito Três Córre
gos, assim como nos referidos encraves ou restos metassedimentares e
nas formaçóes situadas lateralmente, não se coadunam com as informa
ções geocartogrãficas e as descrições relatadas na literatura e indu
zem a modificações substanciais no quadro geológico e geotectõnico
admitido.
Esta nota tem por objetivo apresentar os resultados dessas observa
ções e as interpretações decorrentes, em carater preliminar e de modo
suscinto.

OBSERVAÇOES REALIZADAS

As observações realizadas limitaram-se nesta instãncia às princi


pais estradas e rodovias que adentram
.
ou atravessam a faixa em pauta~
Foram examinadas exposições nas principais vias da região de Ca
pão Bonito, nas interligacões Guapiara-Ribeirão Branco-Bonsucesso, Bon
sucesso-Charcal-Barra do Chapéu-Apiaí,.Barra do Chapéu-Morro Agudo-La
goinha-Bonsucesso, Itapirapuã-Morro Agudo-Apiaí, Morro Agudo-Barra do
Irapirapuã, Vila Branca-Banhadão-Cerro Azul, Cerro Azul-Mato Preto - Mi
na do Rocha, Cerro Azul-Pinheiro Seco e na Estrado do Cerne. Essa ma
lha é julgada suficientemente representativa para fundamentar as consT
derações que se seguem. .. -
As observações lito-estruturais, somadas à foto interpretação da por
ção central da faixa de interesse em aerofotos da TERRAFOTO-CESP, em
1:35.000 e datadas de 1981, à anãlise dos mosaicos de imagens SLAR em
1:250.000 do RADAMBRASIL, e aos dados bibliográficos, permitiram esbo
çar o quadro geolõgico regional que aqui se apresenta.
Algumas analises petrográficas e dados da literatura foram conside
rados para melhor caracterização das feições litológicas e estruturai~

AS UNIDADES LITOLÓGICAS

A Fig. 1 (partes norte e sul) é o esboço geológico regional que con


substancia os resultados alcançados. Nela acham-se separadas as segui~
tes unidades litolõgicas:
granitóides de dois tipos;
conjunto das rochas encaixantes desses granitóides, dentro da fai
xa do' antes considerado "Granito Três Córregos"; -
litologias nas margens NW e SE dessà faixa, que representam éxten
sões laterais desse conjunto. -
O conjunto das rochas encaixantes dos granitóides e as extensões pa
ra fora da referida faixa foi anteriormente atribuído ao Grupo AcunguT
(sentido lato de Marini e~ ~t.,.1967), mas efetivamente constitui um
complexo litológico, que serareferido sob a designação Comptexo Se~u
va por razões expostas adiante. Exposições representativas desse con
junto podem ser observadas ao longo das estradas entre Morro Agudo e
Veado de Baixo, assim como entre Itapirapuã e Veado de Cima.

COMPLEXO SETUVA

Pequenas e esparsas manchas metassedimentares em meio ao "Granito


Três Córregos" foram reconhecidas no passado e indicadas nos mapas geo
lógicos existentes. Nos mapeamentos sucessivos, essas manchas foram
gradativamente multiplicadas e ampliadas, a maior expressão sendo indi
cada nas folhas 1:100.000 do recentemente concluído Projeto Integraçãõ
e Detalhe Geológico do Vale do Ribeira (CPRM/DNPM).
Pela Fig. 1 verifica-se que não se trata de manchas esparsas, mas
de extenso e contínuo conjunto litológico, ocupando mais da metade da

3.024
faixa do antes chamado "Granito Três
.
Córregos", e com extensões para
fora dela.
O Complexo Setuva é constituído de gnaisses, xistos, quartzitos, r~
chas carbonáticas, cálcio-silicáticas e anfibolitos.
Os gnaisses têm aspectos variados. Os gnaisses bandados caracteri
zam-se por alternáncias de bandas de espessura milimétricas a centim!
tricas, mais ou menos enriquecidas em biotita e/ou hornblenda, tendo
em geral granulação fina a média. Os gnaisses homogêneos, que são pr~
dominantes e sempre biotíticos, podem ser de dois tipos gerais: os de
granulaçáo fina a média, com a típica..e monõtona textura gnáissica,que
podem ser qualificados como granito-~naisses; os de granulação média a
grossa, claramente de natureza blastocata~lástica denunciada pela tex
tura ocelar, "augen" ou oftalmítica.
Os xistos sáo também variados, mostrando-se mais ou menos quartzo
sos e/ou feldspáticos. Moscovita e biotita aparecem em quantidades dI
versas e como componentes menores podem ser reconhecidos, em difere~
tes áreas, granada, estaurolita e sillimanita. A mineralogia e granula
çáo dos xistos varia bastante, de muito fina a grossa, configurando di
versificada tipologia petrográfica. -
Os quartzitos têm granulaçáo fina a grossa, podendo se apresentar
puros ou impuros, estes com proporções variadas de micas (biotita e
.
moscovita) ou feldspatos.
As rochas carbonáticas são representadas por calcários-dolomitos,de
textura granular fina a grossa. As rochas cálcio-silicáticas,provaveis
metamargas, são bandadas ou não e sempre de granulação fina.. Tais ro
chas aparecem em lentes até quilométricas nas regiões de Cerro Azul~
entre Apiaí e Ribeira, entre Morro Agudo e Veado de Baixo, e de Ribei
rão Branco, faltando estudos detalhados para identificação em outras
áreas. '

Os anfibolitos aparecem esparsamente em pequenos corpos, normalmen


te com textura nematoblástica, tendo em sua constituição essencialmen
te hornblenda e plagioclásio.
Essas litologias refletem recristalizações em condições de fácies
anfibolito a xisto verde, cabendo ressaltar que tais condições contras
tam com aquelas reconhecidas na Formação Itaiacoca a noroeste, e no
Grupo Açungui a sudeste (fácies xisto verde, até a zona da clorita e,
em parte, da biotita).
A característica marcante desse conjunto litológico é a presença
de foliação e lineação, bem desenvolvidas e preservadas em grande par
te das várias litologias, à exceção dos termos carbonáticos e cálcio
-silicáticos em que a recristalização mais fácil parece tê-Ias mascarã
do. . ,-
A foliação é dada por bandamento, xistosidade, laminação, planos de
achatamento e de transposição paralelizados. Ela se relaciona com for
te encurtamento segundo a perpendicular, que visivelmente em muitos 10
cais é superio~ a dez vezes, com deslocamentos e fluxo de materiais. -
A lineação é configurada por minerais e agregados minerais. Ela in
dica forte estiramento das rochas, compatível com o encurtamento acimã
referido. Nas seções perpendiculares à lineação, verifica-se lenticula
rização de minerais ou agregados minerais (feição "augen", ocelar ou
oftalmítica), indicativa de que o terceiro eixo' de deformação também
foi de estiramento. Esses estiramentos foram por. vezes tão 'acentuados
a ponto de permitir desagregação das rochas em fragmentos longos e de
pequena seção. A lenticularização atinge também massas rochosas, veri
ficando-se justaposição e'repetições intrincadas dos diferentes litoti
pos, que certamente, ao nível de corpos individuais de rochas, não re
fletem empilhamentos originais. Desse modo, porções de gnaisses, xis
tos, quartzitos, rochas carbonáticas e cálcio-silicáticas e anfiboli
tos entremeiam-se complexamente, dificultando considerações de ordem
estratigráfica, faciolõgica e bacinal; nos casos de presença de gnais
ses, os conjuntos podem até aparentar caráter migmatítico. -
Dobras intrafoliais até métricas, desenhadas pela foliação citada,
tendo ou não uma xistosidade plano-axial, assim como pequenas infle
xões da foliação, são observadas esporadicamente, com eixos de orientã
çáo em boa parte transversal ou paralela à lineação acima referida.
,

A recristalizaçáo dessas rochas acompanhou a deformação que produ


ziu a foliação e a lineação e se deu sob condições de fácies xisto ver
de e anfibolito. Remobilizações internas acham-se refletidas em neos

3.025
---

somas e porfiroblastos de feldspato potássico que exibem diferentes es


tágios de deformação, assim como em bandamentos relacionados a p~U~UAe
~olu~ion, indicativos de desenvolvimento acompanhando a deformação pr~
gressiva.
Tais aspectos das rochas, mais claramente observados nos gnaisses,
são compatíveis com cisalhamento simples de caráter dúctil.
A foliação referida tem atitudes variáveis, decorrentes de dobramen
tos superimpostos, aos quais se associam crenulações. Estes ainda care
cem de anãlise detalhada, mas onde observados revelam-se de dois tipo~
o primeiro caracteriza-se por seu estilo de ondulações abertas a
fechadas, com planos axiais empinados e eixos orientados em torno
de N-S e mergulhantes para S. A disposição da foliação nessas do
bras é indicativa de atitude prévia da mesma com direções em tor
no de WNW e baixo mergulho para o lado sul;
o segundo por ondulações mais abertas, com planos axiais empin~
dos e eixos orientados em torno de WNW.
A lineação referida tem orientação em torno de N-S mostrando varia
ções em função de dobramentos superimpostos.
Conquanto' os dados não sejam ainda suficientes para estabelecer a
histõria deformacional,delineiam-se: um evento de cisalhamento sim
pIes e dúctil de baixo mergulho para o lado sul, envolvendo deslocamen
tos e movimentos na direção N, seguido de eventos de dobramentos supe
rimpostos,decorrentes de encurtamentos sub-horizontais. -
Cabe salientar que no Grupo Açungui e na Formação Itaiacoca não se
reconhecem nem o evento de cisalhamento dúctil de baixo ãngulo, nem o
dobramento com eixos em torno de N-S, feições estas que obviamente de
.
vem ser consideradasmais antigas.
Os litotipos do Complexo Setuva estendem-se para noroeste e sudeste
do domínio antes atribuído ao "Granito Três Cõrregos". Os limites pre
cisos com a Formação Itaiacoca a noroeste e com o Grupo Açungui a su
deste não se acham bem definidos, necessitando de levantamentos siste
máticos; Aqueles esboçados na Fig. 1 são preliminares, podendo sofrer
modificações com o avanço dos estudos ora em desenvolvimento.
Nas vizinhanças das áreas das duas unidades mais jovens referidas,
o Complexo Setuva exibe forte estruturação NE-SW, compatível com a in
fluência das deformações principais do Ciclo Brasiliano.

AS ROCHAS GRANITÓIDES

Na Fig~ 1 acham-se esboçadas as áreas de incidência de rochas grani


tõides, que constituem corpos de formas variadas e irregulares, de dis
tribuição esparsa, todas de tipo circunscrito. Efeitos limitados de
contato existem, destacadamente em rochas metapelíticas e metacarboná
ticas, assim como apófises e pegmatitos, indicativos do caráter intru
sivo.
As rochas granitóides são de dois tipos essenciais.
O tipo mais comum, presente na maior parte dos corpos, é facilmente
identificado no campo pela presença de megacristais de feldspatos ró
seos ou brancos, salientados na matriz cinza escuro. A matriz tem grã
nulação média, apenas ocasionalmente sendo fina ou grossa, e se constI
tui de quartzo, microclíneo, oligoclásio, biotita e hornblenda. Comõ
acessórios inclui apatita, titanita, zircão, ilmenita e minerais opaco~
Parte da biotita, assim como clorita, sericita, epidoto e carbonatos
são produtos de alteração (biotitização de anfibólio, cloritização de
máficos, saussuritização de plagioclásio e sericitização de feldspa
tos). Os megacristais são de microclíneo, idiomórficos'ou subidiomórfI
cos, geralmente em geminados Carlsbad. Eles apresentam inclusões de
biotita, quartzo e plagioclásio indicativos de seu crescimento tardio
ou posterior. As dimensões desses megacristais variam, sendo normalme~
te centimétricas, vez ou outra ultrapassando o decímetro. Geralmente e
les não têm orientação preferencial, a não ser localmente. A quantidã
de de'megacristais pode variar, desde casos em que apenas pontuam a rõ
cha, até aqueles em que se apresentam como componente mais saliente. -
Embora essa constituição e textura sejam marcantes, casos há em que
também aparecem cristais desenvolvidos de plagioclásio ou, então, o ar
ranjo é o de textura seriada e não porfiróide.
Em função da quantidade de megacristais e da proporção dos tipos de
feldspatos~ resultam composições várias, que permitem reconhecer gran~

3.026
tos, monzonitos, granodioritos e até quartzo-dioritos.
Porções muito restritas de anfibolito e biotitito aparecem ocasio
nalmente em meio a esses granitõides, de origem não clara (xenõlitos~
autólitos, segregados). Também ocasionais xenólitos podem ser vistos,
de rochas anãlogas às encaixantes.
Pegmatitos e venulações de epídoto aparecem nessas rochas, indican
do atividades pneumatolíticas e hidrotermais tardias ou finais.
O outro tipo de granitóides aparece em alguns pequenos corpos entre
as regiões de Capão Bonito e Ribeirão Branco, não sendo de descartar a
possibilidade de serem mais freqüente~ do que reconhecido. Caracteriz~
-se pela. cor rósea a vermelha e pela ~extura granular (Fácies Itu, de
Hasui e~ al., 1978). Tem granulação média a grossa e se constitui de
quartzo e feldspatos (microclíneoe oligoclásio, às vezes ortoclásio),
e poucos acessõrios (biotita, às vezes magnetita). Por vezes, feldsp~
tos mais desenvolvidos imprimem texturas porfirítica ou seriada. Em
termos composicionais, podem ser reconhecidos granitos,monzonitos e
até granodioritos.
A delimitaçáo dos granitõides na Fig. 1 também é preliminar, os con
tatos podendo sofrer modificações com levantamentos mais detalhados.

CONSIDERAÇOES ESTRATIGRÁFICAS

O Complexo Setuva aqui descrito recebe essa qualificação por sua es


treita equivalência com a região-tipo, situada logo mais a leste, en
tre Rio Branco, Tunas e Bocaiúva. Essa equivalência é dada náo só
pelos litotipos, mas também pelos tipos, estilos e orientações de es
truturas, e pelo grau de metamorfismo. A classificação como complexo -
deve-se à dificuldade de se reconhecer empilhamentos'estratigráficos,
face aos efeitos do cisalhamento dúctil de baixo ãngulo. Eventuais su
perposições na vertical não podem ser simplisticamente tomadas como re
fletindo'ordenação estratigráfica. Também, existe incerteza quanto ao
significado dos gnaisses, que podem representar um embasamento mais an
tigo, serem parte do pacote (paragnaisses) ou serem porções de intru
.
sões ácidas (ortognaisses).
.
Recentemente, geólogos da MINEROPAR (v.g., Pontes, 1982; Fritzsons
ez al., 1982) propugnaram considerar-se a Formação Agua Clara, descri
ta por Marini e~ alo (1967) na região a SE do "Granito Três Córregos",-
como a seqüência da parte superior do "Grupo Setuva".Essa concepção
acha-se figurada no Mapa Geolõgico da Area do Embasamento do Estado do
paraná em 1:250.000 (Biondi, 1983r. A extensão do Complexo Setuva para
o lado SE da faixa antes atribuída ao "Granito Três Córregos", e nos
mesmos moldes para o lado NW, é aqui reconhecida como bem mais expres
siva do que admitido. -
Quanto aos corpos granitóides, eles se fazem presentes não sõ como
intrusivos no Complexo Setuva, mas também na Formação Itaiacoca e no
Grupo Açungui. Os corpos granitóides porfiróides são circunscritos, de
formas irregulares e de caráter alóctone, e mostram efeitos de conta
tos locais. As rochas não exibem foliação ou evidência de deformação:
As estruturas do Grupo Açungui e da Formação Itaiacoca mostram notável
adaptação em volta desses corpos. Tais características indicam proces
so.intrusivo desvinculado de fases de deformação, o que só seria possT
vel após os dobramentos principais dessas unidades estratigráficas
mais jovens. Os corpos de granitóides granulares e róseos guardam ca
racterísticas semelhantes.não se tendo constatado até o presente re
lação de intrusão em granito porfiróide, mas a tipologia condiz com
duas gerações de granitos, ambas de caráter pós-tectõnico.

CONSIDERAÇOES GEOTECTONICAS

A extensão do Complexo Setuva para oeste, como aqui explanado, im


plica em se reconhecer, de um lado, expressiva exposição do embasamen
to anterior ao Proterozóico Superior, e, de outro lado~ redução em
área da Formação Itaiacoca e do Grupo Açungui. O significado 'geotectô
nico do Complexo Setuva não pode ser comentado sem um enfoque regiona~
que não cabe aqui fazer. Apenas cabe destacar a consideração de que re
presenta uma seqüência supracrustal antiga que reflete extenso embaciã
mento de grande extensão para leste, através da região-tipo. Também ã
área atribuída ao "Granito Cunhaporanga" tem características similares

3.027

----
--.---- ---

à aqui descrita, indicando a continuidade do Setuva mais para oeste.


O cisalhamento dúctil de baixo ângulo representa um evento que per
meou todo o Complexo Setuva e se configura como processo tectônico mar
cante na história geológica regional, responsável por feições estrutu
rais referenciais para reconstituiçâo da evoluçâo dessa unidade. O con
texto macroregional tem levado a vinculaçâo com a história tardi-ar
queana do Cinturão Móvel Costeiro (Hasui, em preparação) .

Pelo exposto, faltam indícios da suposta continuidade pretérita da


Formação Itaiacoca a NW com o Grupo Açungui a SE, por sobre o embasa
mento. Também não existem nesse embasamento evidências de expressivas
deformações atribuíveis ao Ciclo Brasilianoi tão~somente nas vizinhan
ças das unidades brasilianas dobramentos de orientação NE-SW podem ser
reconhecidos no Complexo Setuva. Por outro lado, a profusâo de corpos
de rochas granitóides reflete a incidência de efeitos térmicos brasi
lianos.
Tais características justificam reconhecer a porçâo de embasamento
antigo aqui descrita como uma faixa de comportamento tectônico diferen
ciado durante o Ciclo Brasiliano. Na etapa pré-tectõnica, comportou-se
como zona de separação ou bloco alto entre as bacias nas quais se acu
mularam os sedimentos do Grupo Açungui e da Formação Itaiacoca. Duran
te o termo-tectonismo brasiliano, comportou-se como bloco rígido, nãõ
se deformando com as supracrustais do Proterozóico Superior; tardia
mente sujeitou-se a intrusões granitóides. Ao fim do Evento Brasilian~
ela configura-se como a zona longilínea separando duas faixas de dobra
mento.. -
O quadro geotectônico assim delineado corresponde, nos tempos brasi
lianos, ao de duas faixas de dobramentos ladeando um bloco rígido. pã
ra a faixa de dobramentos de SE pode-se manter a designação Apiaí (Hã
sui e~ at., 1975). A de NW pode ser designada l~apeva, em lembrança ã
localidade homõnima, enquanto para o maciço a denominação Ca~a~ At~a~
é adequada, emprestando o nome de um dos pincipais rios que nele se
desenvolve. Essa configuração é bastante diversa da anteriormente admi
tida, de um embaciamento Açungui único e de um anticlinôrio ou geanticlT
neo elevando-se durante a tectogênese e isolando duas porções lineares
de rochas dobradas (Hasui e~ at.~ 1980). Tal geometria é indicativa de
embaciamentos restritos no Proterozóico Superior, sobre o Complexo Se
tuva (Hasui, em preparação).

CONCLUSOES

O chamado "Granito Três Córregos", conforme o explanado, não repre


senta um batólito granítico, simples ou polidiapírico. Na realidade ã
área correspondente é constituída, em mais da metade, por rochas do em
basamento pré-Açungui e pré-Itaiacoca, atribuídas ao Complexo Setuva.-
Este complexo foi injetado por vários corpos granitóides porfiróides
ou equigranulares.
O Complexo Setuva estende-se para além dos limites considerados pa
ra o "Granito Três Córregos", incorporando parte das rochas até agorã
enfeixadas na Formação Itaiacoca e no Grupo Açungui; a extensão não es
tá ainda configurada geocartograficamente com precisão. -
O Complexo Setuva representa embaciamento arque ano ainda por se de
finir no âmbito regional e se sujeitou aos importantes cisalhamentos
dúcteis tardi-arqueanos que vêm sendo caracterizados no Sudeste brasi
.
leiro.
AGRADECIMENTOS

O Prof.Dr.Geraldo Conrado Melcher discutiu as informações geológi


cas e estimulou sua divulgação. Os estagiários José Carlos Rosa Filhõ
e Marcelo Rossi acompanharam os Autores nos trabalhos de campo. Em par
te destes, os Autores desfrutaram da companhia dos geólogos João CaE
los Biondi, Rogério da Silva Felipe e Donaldo Cordeiro da Silva da
MINEROPAR. O presente trabalho resultou do convênio entre a Fundação
para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharià-FDTE e a Escola poll
técnica da USP. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas apoiou a elabora
çâo desta nota. A todas essas pessoas e instituições .
os Autores exter
nam seus agradecimentos.

3.028
BIBLIOGRAFIA

BIONDI,J.C. - 1983 - Mapa Geológico do Embasamento do Estado do paraná


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rio Final, Integração Geológica, Texto, Çonvênio.DNPM/CPRM, são Pau
.
10 . (Inédito).

FIG. 1 - Esboço Geológico da área do Maciço Catas Altas; Partes norte


e sul: 1- Coberturas fanerozóicas. 2- Intrusôes alcalinas me
sozóicas. 3- Granitóides da fácies itú (Evento Brasiliano). -
4- Granitóides porfiróides (Evento Brasiliano). 5- Grupo Açun
gui (Proterozóico Superior), com indicação da orientação ge
ral do acamamento. 6- Formação Itaiacoca (Proterozóico Supe
rior), com indicação da orientação geral do acamamento. 7=
Complexo Setuva, com indicação da orientação geral da folia
ção. 8- Limite anteriormente admitido do "Granito Três Córre
gos". Adaptado e complementado a partir do Mapa Geológico dã
Area do Embasamento do Estado do paraná (Biondi, 1983), das
folhas do Projeto Integração e Detalhe no Vale do Ribeira
(CPRM/DNPM, 1981), projeto Ribeira (PROTEC/DNPM, 1970) e Mapa
.
Geológico do Leste paranaense (Fuck e~ aI., 1971).

3.029

.----
-

LEGENDA

3 , , ,'
D

, [2]
6
[2]
7
[2J
81//'1
PARTE NORTE

o. 10 20 30 4Qkm

3.030
LEGENDA

8171
PARTE SUL ",'
o 10 20 30

3.031
---- ----

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

EVOLUÇÃO GEOLOGICA DO CRATON AMAZONICO NO BRASIL

Mário Ivan Cardoso de lima


RADAMBRASll/Salvador - BA

Baserl on structural, li thologic, stratigraphic arrl geochromlogic data the


geologic evolution of the Amazonic Craton is surrrnarize::1 observing the following
topics: Archaean nucleii, I.c:1NerProterozoic rrobile telts, Early Middle Proterozoic
volcarx:>-plutonisrn arrl associate::1 serlirnentarv a:>vers, Late Middle Proterozoic rrobile
telt, Late Middle Proterozoic volcano-plutonisrn arrl associated sedirrentarv a:>vers ,
Upper Proterozoic rrobile telt arrl finally the Phanerozoic sedimentary oover arrl
igneous associated rocks.

1. INrnOD~
No decorrer dos três Últirros lustros vários pesquisadores tentaram definir e es
tal::eleoer limites de uma. i.mr;:ortante entidade geotectônica, jacente ms escuÇ.os daS
Q1i.anas e Central Brasileiro.
Inicia1rrente foi designada de Platafonna Amazônica por Susczcynski (1970) e Fer
reira ( 1972). Este autor a a:>nsiderou cx:m::>i.nticati va de uma. plataforma antiga, pré=
-riph:eana , inserida m a:>ntexto da Plataforma Brasileira (Allreida, 1967), rerlonqa-
da por sistemas de dobranentos brasiliaJ'X)s. O primeiro a dividiu em dois núcleos cra
tônia:>s a:>ngn::xninados "das Guianas e Brasil Central". Posteriormente Braun (1974) de
sigmu pela primeira vez de Craton Amazônia:> em a:>ntraposição a antiga crença da
existência de dois cratons: Guianense ou Caribl::eaJ'X) e doGuaporé ou Brasiliam. Iss
ler (1977) mantém o terrro Craton do Guaporé (AlItei.da, 1967) para 'a porção sul da
Sinéclise do Amazonas (EsClrlo Central Brasileiro) e adota o terrro Craton Guianês pa-
ra a fração atinente ao EsCL1do dos Manas. AlItei.da, Hasui e Brito Neves (1970) uti-
lizaram. Craton Amazônia:> CO!rDrelativo ao embasanento da Platafonna Sul-Anericana .
Fina1lrente, AlIreida (1978) prop3e o abandom das designações Craton do Guaporé e Cra
ton Guianês e a:>noei tua o Craton Amazônia:> a:>rro sinSnirro de Platafonna Amazônica de
Ferreira (1972), o qual será utilizado m presente trabalho.
Esta unidade geotectõnica rrostra grarrle distribuição geográfica, englobarrlo o
EsClrlo das Guianas, parcela centro-ocidental do EsClrlo Brasil Central e os maciços
do Apa e Missiones. O Craton Amazônia:> a:>nsolidou-se na netade do Proterozóico Médio
(1.300 m.a.) , Ciclo Uruaçuam, a:>ntudo ~ granie desenvolvi.rrento m Ciclo TransaIl'aZÔ
nia:> (2.200-1.800 m. a.) experirrentarrlo m decurso de sua evolução dois eventos de
reativação plataformal, retratados:pelo art;"Jlo desenvolvinento de associações vulcam-
-plutônicas e seqüências sediItentares de plataforma. Seus limites setentrionais e
ocidentais acham-se ena:>l::ertos por sedimentos tabJlares neso-<:eIDzóicos mas não de -
vem a:>incidir cem os Sistemas M::m~sos do Caribe e Cordilheira dos Arrles, respec-
ti vamente. Os quadrantes neridional e oriental limi tam-se cem o Cinturão M5vel Para-
guai-Araguaia-Araguaia-'Ibcantins .

2. OBJEl'IVOS
O presente trabalho visa a:>ntribuir para o estudo da evolução geológica do Cra-
ton Amazônia:>, em terri tôrio brasileiro, alicerçado em informações estruturais, li to
lógicas, estratigráficas e geocromlÔgicas. Constitui, em verdade, uma CXJ!mlementa =
ção do tra.bal.lx> apresentado por este autor, (Lima, 1984b), em que o Craton Amazôni

3.032
co Brasileiro foi individualizado em quatro ProvÍncias Geológicas: Amazônia
. Orien
tal, AmazÔnia Central, Amazônia Ocidental e. Guiana Central (fig. 1).
3. ~ GEDLÓGICA
3.1 - NCx::Ims AIQJEANOS(> 2.600 m.a.)
~ seio do Craton Amazônico foi oossível, a:m os dados ora disponíveis, locali-
zar dois núcleos arquearos preservadoS, ambos. si tuadcs no ârnbito da Província Amazô-
nica Oriental (Lima, 1984b~,oonforme indicadQ na figo 2. Oprineiro
I
deles situa - se
no sul do EstaJo do pará, :perínetro no Cc::Itplexc Rio Pau-d aroo e unidades do tipo
"greenstone belt" tipificado pelas s~cias Sapucaia-Pi1.ml, Gradaús e Andorinhas (Hi
rata et al., 1982), Santo Antonhão (Lima, 1984b)e Grupo Serra do Inajá (Ianhez, Sou=
za e l<bntalvão, 1980). Dessas, a primeira e a Última unidades I indicam vergência tec-
tônica centrlpeta, ou sej a, em direção ao Catplexc Rio Pau-d aroo. Parece represen-
tar 1.mItípioo terreno "granite-greenstone", oorrooorado pela presença de talco-t.rertD
lita-clorita xisto a:m textura "Spinifex" (Hirata et al., 1982) e idade radiométricã
isocrônica de 2:.750 m.a. cem relaçao inicial Sr87/Sr86 = 0.702. O outrotrato locali -
za-se no . dclninio do Canplexc Oia;:oque (Lima, 1984) evidenciaroo também vergência
centrípeta, referenciadas pelas expasiçães do Grupo Vila ~va (Lima, 1974) dispostas
nas regiõesüa serra do Navio e Oiapoque. DispÕe-se para o citado cx:Itr!?lexc de idades
radianétricas K-Ar,em gnaisses e granitóides,cem valores entre 2.050-1.800 m.a. Des-
te IOOdo a idade arq\JSana aqui atribuída, oonstitui ainda \.mia ilação.
Por outro lado, indicações de idades arqueanas são citadas, ainda, no âmbito na
Provincia Amazônica Oriental. ~ que tange aos granulitos da nesocotâmia Falsino-Tar
tarugal Grarrle, a:m isÓcrona Rb-Sr, de 3.350 m.a. e relação inicial sr87/sr86 = 0,705:-
Saliente-se a presença de fonnação ferrífera banieada, reqião do rio Tartaruaal Gran
de, tipo Al~, à semelhança de terrenos arquearos de õutras partes do 1'!ll1iDo. NÕ
norte . do EstaJo do Mato Grosso, ProvÍncia Amazônia ' Central, s~a do Tapiraoé, os
dados Rb-Sr IIDstram valor de 2.750 m.a. cem relação
cativo de idade de fonnação. (Tassinari & Basei,
inicial
1980).
Sr /sr86 de. O, 7Ô1, indi -
Ressalte-se que tanto o Grupo Kanuku cx:m:> a "suíte"Bakhu;is rem:mtam ao Arquea -
no, oonfo:me dados de Berrangé (1973) a Gaooette et alo (1978), cem valores de 2:570
m.a.e 2.817 m.a., respectivanente. Arnbas unidades fazem parte do "Cinturão Granulíti
00 Guiana Central redefinido por Lima, Oliveira e Tassinari (1982). ~ entanto, em
território brasileiro Basei (1975) obteve valor isocrônioo de 1.900 m.a., interpreta-
do por Lima (19841i cx:m:>revelador de retrabalhamento de rochas mais antiqas.
Por oonseguinte apenas no ârnbi to da ProvÍncia Amazônica Ocidental nao existem
dados isotópioos de terrenos arqueanos, até o :oresente m::mento. Deste IOOdo, pode - se
concluir que mais de 50% do Craton Amazônioo já existia em tat;x:>s arqueanos. Esses
terrenos devem estar relacionados ao "SUper Eventos de Ac:reção-Diferenciação Conti -
nental - SAOCde l<bobarth (1975), responsável pela fonnaçãode crosta oontinental de-
rivada do manto e/ou da litosfera básica.
Cerca de 3 b. a. atrás reconheCÍ vais protóli tos de tamanlx> acima de rniJbares de
krn2 já existiam, dentre os quais cita-se: Cratons da Fod.ésia e Kaapvâal no sul da
África, Leste da África - ~rte do Zaire, Oeste da Austrália, SUl da íniia, Sibéria,
Provincias Churchill e Superior do Escudo Canadense e Craton do pararnirirn no s1.Xleste
do Brasil.
Se o fluxO de calor foi 2.5-3 vezes seu presente valor, sua litosfera foi flu -
tuante e não deve ter havido instabilidade qravitacional e subducção (Kroner, 1981) ,
cc::IIt?oonseqtElcia se torna difícil aàmi.tir Ürn regiIre de tectõnica de placas para es-
sa epoca.
Salop & Scheimann (1969) relatam a presença de "ovais" em fonna de d.onos rela -
cionados a granitização (fusão parcial) ~ por alto grau de rretaIrorfiSIID e
diapirism::> de rochas graní ticas , exclusiva de níveis profundos da crosta cu:queana ,
den::minada de "peI:I!Obile", por esses autores. kJ norte de Manaus foi observãdo em
imagens de Radar tmIa nega feição circular, oonfo:me pode ser visto na fig. 2, que
poderia estar relacionada a essa etapa primitiva de evolução da crosta.

3.2 - CINI'{JRjESM5vEIs 00 PRO'l'EroZólCOINFERIOR (2.450-1.850 m.a.)


várias evidências iOOicam que muito dos continentes atuais estiveram juntos por
longes :períodos de tempo e que deve ter ooorrido no Proterozóico Inferior e Médio 1.mI
superoontinente (Piper, 1976), em oonsonància cem dados paleaoagnéticos da África e
Canadá: Deste mbdo é provável que América do Sul e África tenham pe:manecido unidas
nessa epoca.

3.033
-..
---'-

Por outro lado, o Proterozóioo caracterizou-se pelo desenvolvimento de "Cintu -


rães !-bveis", fenonenqlogia cx::mprovada nos oontinentes africano (Kroner, 1977) e
sul-americano (Cordanr & Brito Neves, 1982).
O Cinturão M5vel Maroni-ItacaiÜnas, originalIrente definido por Cordani et alo
(1979), parece retratar a faixa gecdinâmica mais velha do "Craton Amazônioo". Lima
(1984b)estabeleceu o desenvolvi.Itento da mesma entre 2.450 e 2.250 m.a. atrás. Asser-
tiva baseada na idade mínima obtida pOr M:>ntalvão & Tassinari (1983) para a "suíte"
Intrusiva CUpixi, a qual oorta o ~lexo 'I\.Imucumaque,e a isócrona de- 2.450 m.a. pa-
ra os granulitos do interflúvio Falsino-Tartarugal Grame (Lirna, Oliveira e Tassina-
ri, 1982), representativa de retraba1.harrento.
No que tanae a supraestrutura desse cinturão merece ressalto a datação U-Pb em
zircx3es derivados dos precursores vulcan:>-sedimentares do SuperCJrUr;XJBarama-Mazaruni
no norte da RepÚblica da Guiana (Gibbs & Olszewski., 1982 apucl Gibbs & Barran,1983 )
oorrelativo ao GruI:o Vila Nova no T.F. do AmaDá, oom valores de 2.250 m.a. Com efei-
to, Tassinari, Hirãta e Kawaski.ta (1982) obtiVeram uma isócrona Rb-Sr de 2.700! 150
m. a., em 12 aIroStras de xistes na Fonnação Salobo, oom relação inicial de 0,717, in-
terpretada pelos autores acima 00I1D relativa a fase principal de metam::>rfiSIlD. Cons~
deramo que a Fonnação Salobo é oorrelati va ao GruJ:X)Vila Nova, em terrros de Provín-
cia Amazônia' Oriental, os dados são oontraditórios. GibJ:s & Barron(op. cit.) admi -
tem o desenvolvimento de tais seqüências vulcan:>-sedimentares entre 2. 100-2.000 m. a.
Pelo visto aciIna o período abarcado por este cinturão rrével deve ter sido entre
2.450 a 2.000 m.a. atrás.
vários autores admitem a existência de estruturas tipo "greenstone belt" na
Província Amazônia Oriental (Jorge João et alo 1979 ; M:mtalvão & Tassinari, 1983 e
GibJ:s & Barron,1983), no que seoonoorda. No entanto, observa-se que essas seqüên -
cias vulcan:>-sedi.rrentares tipo "greenstone belt" diferem funiamentalmmte daquelas
de outras porçÕes do rru.ux1o, 00I1D Canadá, índia, Sul da África e Austrália, no que
tange a idade.
A orientação desse cinturão mSvel é NW-SE - Lineamentos Tumucumaque e Bacajá-
- cem vergênci.a centripeta tanto para os a:xrplexos Oiapoque cnro Rio pau-d' aroo. As
caracteristicas principais do mesoo são a ooorrência de rochas na 6aúe..ó granulito
(cinturães granu1.itioos 'I\.Imucumaque e Bacajá), além de epi e mesometam::>rfitos (6aúe.6
xisto verde a anfiboli to), cx::!!Drepresentativos de seqt1ências vulcan:>-sedimentares .

Em torno de 2.000 m.a. atrás ooorreu na porção sul da Província Amazônica Orien
tal a extrusão de ,lavas basálticas do Grupo Grão Pará, em ooroiçÕes de estabilidade
crustal, apÓs cessados os novimentos tectónicos do Cinturão !-bvel Maroni-ItacaiÜnas.
Dataçàes geocronolóc;ri.cas K-Ar de 1905 ! 59 m. a., foram interpretadas DOr Tassi--
nari, Hirata e Kawashita (1982) caro a fase principal do metam::>rfiSIID reaional do
Grupo Grão Pará.
Interpreta-se a existência de outro cinturão m5vel Transamazônioo, ao redor de
1:!?00m.a., dencminado por Lima (1984p)de Cinturão M5vel Parima
tação NW-SE (Lineamentos Parima, Anauá e Juruena), cuja vergência
- Juruena, cem orien-
orienta-se em dire
ção aos núcleos cratônicos Pakaraima e Xinau (Cordani e Brito Neves, 1982), referi =
dos genericamente por Lima, Oliveira e Tassinari (1982) 0000 ''Núcleo Anticos cem C0-
berturas de Platafonna". O erni:Jasamen~ retrata-se pelos OO!!plexos Xingu e G..lianense.
Apresen:t;a anp1c 'darr.inio", geografioo., ooorrerrlo desde as serras Parima e Ara-
cá, e região da bacia do rio Anauá, na porção oorte na Província Amazônica Central ,
até o sul do Pará e norte Mato Grosso na parcela sul da mesma província (fig. 2) .N~
ta Última região, serra do Tapirapé (Mato Grosso), foram enoontradas idades arquea -
nas (2.750 m.a.) e rochas oom retraba.lharcento crustal em torno de 1.950 m.a. (Tas sina-
ri & Basei, 1980). 00 passo que na região da serra Parima foram realizadas dataçôes
Por Basei & Teixeira (1975) e M:>ntalvão et alo (1975), em biótita e hornblerrla de
gnaisses do Canplexo Rio PariIna, cujos resultados situaram-se em torno de 1.800 m.a.
Malgrado os dados isotópioos serem aiIx1a escassos pode-se admi.tir 'a atuação deste
cinturoo rrével no âmbito da Provincia Amazônica Oriental, em vista das idades K-Ar
obtidas oos danínios do CaI1:>lexo Oiap:xyue e Grupo Grão Pará, cnro anterionnente re-
portado .
Este cinturão a:xrpâe-se tanto por catametam:)rfitos, retratado pelos cinturões
. granu1.i tioos PariIna e Juruena, cnro também p::>r epi e mesometam::>rfi tos das seqt\ências
vulcano-sedirrentares dos grupos Cauarane e Jacareacanga, ao norte e a sul da, Provin-
cia Amazônica Central, respectivamente.
~1erece ressalto a arame incidência de metamafitos e metaultramafitos no rerime
tro da bacia do rio Parlma (NWdo T:F. de Roraima), 00I1D também a arame representa=
ti vidade de quartzi tos e xistos na zona l:imi trofe oom a Venezuela,
volvimento no pais viz:inh:>. Este oonjunto é aqui interpretado
oom maior desen
00I1D Pertencente
-
ao
Grupo Cauarane. O CaI1:>lexo Juruena tipifica-se por metavulcãnicas e grani tóides.

3.034
As seq6ências vulcano-sedilrentares relativas aos cinturões m5veis Maroni-Ita -
caiÚI1as e Parima~uruena se assenvalham em ternos de litologias, grau de Iretanorfisrro
e estilo tectõni.co diferin:Jo apenas 00 que concerne a idcrle, constitu:irxlo deste m::X!o
unidades "harotaxiais".
ApÓs cessados os ncvi.nentos tectônicos relativos ao Cinturão l-bvel Parima~urue
na, deSenvolveu-se ao redor de1~800 m.a. um significativo "linear shear belt" dS
orientação NE-SW, oos dcmÚrios do Escudo das Q.ú.anas, cogrx:minado por Lima, Oliveira
e Tassinari
sentam
(1982), de Cinturão M:5vel Q.ú.ana Central.
uma. isócrona de referência,
!obntalvão et alo (1975) a:pre
RJ:>-Sr, em rocha total para o embasaITento deste
-
cinturão m5vel a:m valor de1.787.:!: 33 m.a. e. &-87/&-86 inicial de 0,702. Rochas da
6aciu. granulito tan !::oa representatividade nesta .zona de cisa.lhan'ento. Con;:Õe uma.
extensão cinturão, o qual adentra para a República da Guiana (Grupo Kanuku) e ~
Ire (Grupo J\danpérla-Fallawatra), oonfoDtE Lima, Oliveira e Tassinari (op. cit.) na
redefinição ao "Cinturão GranulÍtioo Guiana Central". Idade isocrônica obtida por
Basei (1975), em território brasileiro, em quatro am::>stras, evidenciaram idade de
1.900 m.a. e &87/Sr86 inicial de 0.701 çara as rochas da 6aci.u granulito.
As observaçÕes IX>terreoo :i.niicam tratar-se de um cinturão foDnado em oorrliçÕes
ensiálicas, em vista de seu embasanento, Carplexo Mucaja!, IIOStrar-se intensanente
retrabalhado. AbaJ:ca em seu interior ilrportante plutonisrro básico-ultrabásioo e al -
calin:> .
Este cinturão transecta a porção médià do "Cinturão M5vel Parima~uruena"a:m
o desenvolvirrento de milonitos, cataclasitos e gnaisses barx1eados, irrlicativo de in-
tensa transposição. Li.mi.ta-se por falhas direcionais e inversas de alto ângulo, a:m
orientação NE-SW a ENE-WSW.

3.3 - VULCANO-PLU'I'CNISM::>
E mBEm'ORAS SEDIMENrARESASSO::IADASN) PRC1I'EroWICO
MeDIO CEDO(1.850 -1.500 m.a.)

ApÓs a atuação desses eventos gecx:linâmic:os houve um perÍodo de ca1maria tectôni


ca em tcx:k> Craton. AzrazÕnico, a:m a oolocacão de extenso VÜlcaoo-plutonism:> (1 .850 ã
1~500 m.a.) e ooberturas se:li.Irentares de platafcmra associadas, atificadas em zonas
de "rift". A tectõni.ca daninante foi essencia.1.Irente distensional, a:m I!Dvinentos de
blocos acx:npanhado por levantanentos epirogenéticos. Constitui um fase de gran:Je
erosão e oonseqt1ente deposição de sedi.nentos.
uma. síntese ao vulcaoo-plutonism:> ácido a inteDredi.ário e sedi.nentos associados
são apresentados nas tabelas I e III. Na tabela II IIOStra-se uma súmula das princi -
pais manifestaçÕes básica-w.trabásicas do Craton Amazônico.
O vulcaniSI!D ácido a interITediário e plutonism:> associado ocorreram o periodo
de1.850 a L500 m.a. atrás, envolverxlo praticaITente a Provincia Amazônica Central.Por
outro lado as coberturas sed:iltentares de platafonna com igual de desenvolvinento, fo
ram sW::divididas em "dobradas e não dobradas". As pril!eiras relacionadas a dobranen=
tos arrplos ou então a dobraITentos locais em zonas de falhas direcionais e/ou inver -
sas. Fi.naJ.lIIente, ITereCe ressalto a anpla distribuição geográfica das plutônicas bási
cas-ultrabásicas, nas regiões da 11eSOFOtâmia Jatapu-Erepecuru e trédio. Tapajós. para=
lela:rrente, na Iresrra província, manifestou-se um profusa granitogênese bem exemplifi
cada na porção oorte: Grarx:xliarito Rio Novo (NWao Pará e NE ao Amazonas, de !obntal=
vão et al., 1975); biotita granitóides a titanita do Papuri-Içana (NWdo Amazonas ,
de Dall'Agnol & Abreu, 1976); e granitóides do Abuará-Inambl (Lima, 1976), situado
no NE do Amazonas. Por outro lado, são oonhecidas rochas grani tóides do Madeirinha
(Lima, 1975) e granitos gnaisses do Aripuanã (Tassinari, 1984) na porção sul da ci~
da província. Os dados radiamtricos:i.niicam _valores entre 1.700 a 1. 650 m.a. contor
Ire MJntalvão et alo (1975) e Tassinari (1981 e 1984). Ressalte-se que TassinarI'
(1984) afiDna existir uma forte evidência de acreção continental para os biotita gra
nitôides a titanita do Papuri-Içana e aos granitos gnaisses do Aripuanã, por magrcaS
diferenciados diret.anente 00 manto superior, oonsoante dados isotópioos obtidos pe-
los nétodos Pb/Pb e RJ:>-Sr.
Em que pese referidos granitôides terem sido admitidos por vários autores OOI!O
sintectônioos (!obntalvão et. al., 1975; Cordani et ali., 1979; Tassinari, 1981), as
idades radiamtricas se equivalem oom aqueles oonsiderados a:m aoorogênioos ou pós-
-tectônioos (vide tabela I). Além do mais Lima & !obntalvão (1976) recortam-se a pre-
sença de augen granitóides e granitóides equigranulares não defoz:madÕs na região- Ca-
trimani-Dern:ini oorrelativos ao Graoodiorito Rio Novo de MJntalvão et alo (1975).
Por oonseguinte não se oonoorda oom a hipÓtese de cinturão rovel admitida por
Cordani et alo (1979) e denaninada de Rio Negro-Juruena. Corresporrle em ~ ao que
foi charna:1o Evento Madeirense (Amaral, 1974), ou Paraguazense (Gaudette et alo ,
1978; Priem et. al., 1982) relacionados a reativação platafonnal. Aqui também oonsi-
derado, porém, 00t!'C um evento Único envolverxlo o período de 1.850 a 1.500 m.a. atrás .

3.035

------
--------
-.--

3.4 - cIN'IUAAO IDVEL IX) PRO'I'ERJZÓICD MfiJIO TARDIO (L 550 - 1.450m.a. )


No âmbitO da Província Amazônia Ocidental desenvolveu-se em torro de 1 ~500
m. a. atrás um iIntx>rtante cinturão rróvel, com orientação NW-SE a ~7-SSE e vergência
para ENE,o qual foi denarn.inado pJr Cordani et alo (1979) de "Cinturão r-bvel Forno -
nian:>". Admite-se no presente trabalbo que o rresnc seja mais antigo do que1-.45Orn.a.,
idade das vulcânicas não netaIrorfisadas que cortam o GrupJ 'funuí, na bacia do rio
Traíra, fronteira cem a Colômbia, segurrlo Fernarrles et alo (1977). De igual rrodo, re
laciona-se a esta faixa o "Cinturão GranulÍ tico Carrleias" (Uma, 1984b), formado em
torro de1 i500 m.a., representativo de desenvolvinento em con::lições ensimáticas (Tas-
sinari, 1981 ). Can efeito, Uma (1984a) advoga a hipÕtese de redobramentos nesses ca-
tarnetaIrorfi tos, ten::k> pJr base iroagens de ra:iar. Caso esta hipÕtese seja confirmada
no terreno, ficaria assim provada a origem pretérita dessas rochas da ~ac.ie.6 granuli
to. -
Os lilni tes desse cinturão foram delireaC?S seql.J.IX1ocritérios essencialmente es -
truturais. Na pJrção norte da Província Amazônia Õcidental o traçado respaldou-se na
diferença de estilo tectõnico entre os "cerros Caparro e Tunuí", e a serra Traíra. As
prineiras lilnitadas pJr falhas inversas com transporte tectônico para oeste e orien-
tação neridiana ao passo que na serra Traíra con;:x3em-se de "sinclinorium e anticlino
rium" assinétricos, a::m -flanros invertidos e sUPerfície axial NNW-SSE com nerqulhõ
para SSW. Na pJrção sul da referida província a--lilnite baseou-se ro "trend" estÍ'utu-
ral das s~cias vulcano-sedi1rentares da unidade Eoinet.am:>rfi tos do CorreYroração de
Leal et alo (1978). O embasarnento tipifica-se pelos complexos Traíra e Guaporé~
Saliente-se que o lilnite rorte é ratificado .ror Hasui, Haralyi e Schobbenhaus
(1984) através de dados geofísicos (MAGSATe Gravinétrico ) relativos a descontinuida
des liga:ias a anomalias do Tipo I. -
3.5 - VUI.CAID-PWIDNISID E CDBER'IURASSEDIMENrARESASSCCIADAS AO PIDTEroZÓICD
MfiJIO T.ARDIO«(.300 - 900 m.a.)

ApSs a estabilização desse cinturão rrDvel desenvolveu-se nele e em seu ante-pa-


ís, significativa faixa neridiana de rochas básica-ultrabásicas (Uma, 1984b)-, com
idades em torro de 1:300 m.a. Segue-se plutonisno pÕs-tectônico e vulcanisnc associa-
do de COI1pJsição ácida a intenrediária, entre o período de 1.200 a -900 m.a. atrás.Pa-
ralelanente ocorreu a edificação de "rifts" com a extrusão de vulcânicas básicas (ta
belas I, II e III) e depJSiçoo de sedi1rentos plataformais. -
3.6 - EPIsóDIO D~CD IX) ProreroZÓICO MfiJIO TARDIO(1 ~200 - L 000 m.a. )
Cerca de 1.200 a 1..000 m.a. atrás ocorreu em todo o Craton Amazônico a fODtlação
de ne1:anDrfisnc essencialnente dinâmico, retratado por rniloni tos, pseudotaquili tos e
cataclasi tos. Na porção brasileira foi denominado por Umaet alo (1974) de Episédio
Jari-Falsiro__, erx:ruanto que ros países vizinhos é conhecido cx;m:) K'rnudku (R. da Guia
na), Nickerie (Surinane) e Orinoquense (Venezuela). -
A este episédio se associam os lineamentos Jari-Falsino, Serra do Cachorro,Uau-
pes e Madeira - Quatorze de Abril, e ao Alinhanento do Cotingo (fig. 2).
3.7 - CINIUMo IDvEL IX) PIDTEroZÓIOOSUPERIOR(900 - 570 m.a.)
No Proterozóiro
tribuição geográfica
SUDerior dá-se o desenvol vinento de um cinturão
deSde o rorte do Mato Grosso a sul de Fomônia,
rrDveÜ com dis
orn.e é chamado
-
de Cinturão Paraguai-Araguaia. Passa pelo sul do Pará e norte de Goiás ome é enro -
berto por sedi1rentos fanerozóiros, voltarD.o a aflorar ro lilnite pará/Goiás, com a de
ocmi.nação de Cinturão Araguaia-'Ibcantins. Parece, em verda:ie, representar juntanente
cx::mo Paraguai-Araguaia um únioo cinturão.
Constituem os lilnites oriental e neridional do Craton Amazônioo, rom vergência
em direção a seu interior e representam-se pJr epi a nesorretam:>rfi tos. Encerra inp:>r
tante faixa neridiana de rochas máficas-ultramificas, segunJ.o alguns autores in::lica=-
tivas de furD.o oceãnico. Por outro lado, Trouw et alo (1976) repJrtam-se a presença
de glaurofana, região de TuC1lrUÍ, que poderia ser denunciativo de zona de su1::ducção.

3. 8 - FANEroZÓIOO ( < 570 m.a. )


No lilniar do Paleozóiro ocorreu a edificação na Sinéclise do Amazonas, com o de
senvolvinento de falhas de deslocanento horizontal dextral, acompanhado de ItOVi.Iren =-
tos dextrógiros e levógiros. O Escudo das Guianas deve ter sofrido rotações horá -
rias, ao passo que o Escudo Central Brasileiro anti-horárias. Por outro lado, rela -

3.036
cionado a antigas estruturas do embasarrento ocorreu a fo:cnacão dos aroos Iqui tos, Pu
rus e lobnte Alegre. "Relativo. ao Arco de lobnte Aleare deve" ter havido a colocacãõ
das "Alcalinas Maecuru e Maraconai", cone sóe aCXJntecer nessas estruturas.
F:inaJJtente 00 l-1esozóico,ligédd areativacão wealdiana, manifestou-se inpJrtante
plutonisno básico (EpisÓdio CassiJ;Cré), entre" 250-180 m.a. atrás, cem a colocacão
de extensos diques de rochas. básicas em tcào o Craton lImazÔnico (AJ.inharrento Paru de
Este-M:>nte Alegre e Cachorro, e Linearlentos Cassi};Cré e curuá-Iriri, e Arco do Guru-
pá). Na zona da chameira de um gran:le arco dá-se a ela1:x:>racão do Graben do Tacutu ,
com a deJ;Csicão de sedim::mtos e vulcânicas básicas e "errplacenent" de intrusivas al-
calinas (Caroonatitode Seis Lagos e Alcalina.. Catrimani).
No Ceoozóico ocorreu a deJ;Csicão de gran:les ~ências taJ:A.1lares terrigenas,com
a formacão de extensos platós nas bacias do Amazonas e So1.im3es.

4. CDNCLUSOES
- O processo de foJ:1t1acão do Craton lImazÔnico ocorreu de leste para oeste, cem as
províncias lImazÔnia Oriental e-CentraJ.de orige:,s mais antigas (Arqueana), erquanto a
ProvÍncia Amazônia Ocidental deve ter-se fonnado 00 Proterozóico Inferior.
- Identificou-se duas seqt1ências vulcaoo-sedi.Irentares tiJ;C "greenstone belt". A
priIlei.ra de ida:ie arqueana e a outra tipicarrente relativa ao Proterozóico Médio Ce-
do.
- Os cinturóes néveis apresen~ amiÚde cem "trem" NW-SE e securrlariarrente
NE-SW. O lbrnoniano tipificado };Cr daninãncia de acrecão sobre retraba.1.hanento ocor-
remo o inverso com o Guiana Central (" linear shear belt") .
- Dois iltp)rtantes
volvimento
vulcan:>-plutoniSIIDS
do Craton Amazônico 00 Proterozóico
e sed:irrentos associados
Médio, ligados
ocorreram 00 desen
a eventos intraplacas:-
- Na Província lImazÕnià. Ocidental identificou-se i.Iq;ortante faixa de rochas bási-
ca.:- ultrabásicas diferencicrlas, cem orientacão meridiana, provaveJJtente relacionada
a pro:fun:lafrat:cra crustalci:m gran:le significado econômico.
- Correlaciona-se o GrutxJ Tun\1Í com o C'..rup::>lbrailna, ressal tan:]c..se os estilos es
truturais distintos :in:iicatlvos de difêreIi:e ambiência tectõnica. -
trais
- A edificacão
aconpanhadcs
da sinéclise do An'azonas ligou-se
de DJtacões '~ levógiras
a ncvimentos direcionais
a dextrógiras.
dex-

- Existe intermlacão
de enxames de diques,
entre a localizacão
"rifts", kimberlitos
dos Altos Estruturais
e alcalinas, conc pode ser
e o posicionarrento
visualizado
nas figuras 1 e 2. Fatos explicitados pelas Alcalinas Maecuru e Maraoonaí (Arco de
lobnte Alegre), Graben do Tacutu (Arco de Rio Branco) e enxanes de diaues (Aroos do
Gurupá, lobnte Alegre e Purus). Ressalte-se a:iOO.a a ocorrência de kilnberlitos e Gra -
ben de Pinenta Bueoo 00 Alto Estrutural Pinenta Bueno.

Consignaxros agradecinentos ao geólogo Luiz Rodolfo Cornejo Ortiz, pelas suges-


tões propostas para consecucão deste trabalho e a bibliotecooomista Maria Ivany Car-
doso de Lima, pela noJ:mali.zacão da bibliografia aqui apresentada.

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3.039
------
--

TABELA I

VULCANO-PLU'IDNISM) ÁCIOO-INTERMEDIÁRIo IX) CRA'IDN AMAZONICO (BRASIL)

Porção Norte Porção Sul

vulcânicas Plutônicas vulcânicas Plutônicas

Alcalinas Mae-
curu e Maraa:>-
naí, Carl::onati
to Seis Lagos
e Sienito
trilnani
Ca
(180 a
-
100m.a.)

Sieni to Muturn Gr\lp:) Costa Sieni to Canamã, Sieni to


(1030 m.a.) MarqUes e Efu Teotônio e Sieni to Guari
si vas ÁcidaS ba (1250 a 950 m.a.) -
Caripunas -
1200 a 1000
) Granitos Ron:loniaros
m.a. (1190 m.a.)

Vulcânicas do Granito Rapaki Granito RaDaki.vi Serra


Traíra (1450 vi Surucucu :: da Providê!1cia (1500 a
m. a. ) (1590 a 1350 1200 m.a.)
m.a. )

Fonnações Suru Granito Al::ona- Fonnacões Iri "suíte" Intrusi va Tarumã,


rnu e Irioournê" ri, Granito Ti ri, Roosevelt: . Granito Maloquinha, Grani.
(1890 a 1500 quê, Gran::rliO:: e SalustiaI'X) to '!'eles Pires e GranitÕ
m.a. ) rito Falsino , (1850 a 1500 Velho Gui1herne (1650 a
Granodiorito m.a.) 1400 m.a.)
Serra do Mel e
Granito Mapue-
ra (1700 a "suíte" Intrusiva Rio D:)u
rado e Granito Serra dos
1500 m.a.) Carajás (1800' a 1700
m.a. )
Alcalinas Map<!
ri, Sieni tÕ
Cachorro Sieni
to Serra dõ
Acari e Sieni-
to Erepeéuru
(1870 a 1500
m.a. )

3.040
TABELA II

VUI.CANISM:> BÁSICD E PLtm::NISM:> BÁSICD-ULTR1IBÁSICD 00 CRA'ION

AMAZONIex:> (BRASIL)

Feriado Porção Norte .- Porção SUl


.
N Formação Apoteri (100 m.a.), Oia- Diabásio Cururu e Diabásio
2 básio Cassi]?Oré (250-180 m.a.) e Penatecaua~ (250-180 m.a.)
~Diabásio Taiaro (300 m.a.)

o
.,.j Formação Nova Floresta (1000
m.a.), VulcanistrD Básioo Ari-
'i o
.,.j oos (1400 a 1200 m.a.)
Básicas-Ultrabásicas Ciriqui-
+J ~qui (1300 m.a.)
Básicas-Ultrabásicas Suretama. Básicas-Ultrabásicas Tapajós
-~ (1420 m.a.) (1500 a 1400 m.a.)

Básicas-Ultrabásicas do Amapá Ultrabásicas Parauapebas


o
.... Básicas-Ultrabásicas earacai-aí
(1640 m.a.)
'i o Diabásio Pedra Preta (1850-1500
.~ m.a.)
8
p..
Básicas-Ultrabásicas TapurIX!\.1&"a

TA B E L A III

~Porção Norte Porção Sul


'...
\01
I:'obrcrlas Niw:>robrcrlas I:'obraias Não I:'obrcrlas
&
. Em Urupi (1400 m.a.) Em. Prosperan Gr.Aguapeí Em. Guajará Mirim(1200
~ça(1400 m.a.T (1200-1000 a 1000 m.a.).Em Darda-
m.a.) nelos e Gru\JOSCaiabis
Em.Mutum Pa- (1400 a 1200 m.a.)
'~ raná (1200 a Em.Prainha (1400 m.a.)
2
+J 0.- 1000 m.a.
p..
o Gp. Roraima (1750
~1650 m.a.). Gp. Tu-
- Gp. Roraima
(1750-1650
Em. Corotire Fms. CUbencranquém
(1700 a 1550 Triunfo e Riozinho do
,

nu! ( < 1750 f[I.a.) m.a.) m.~_.JQ:>.Bene Anfr:lzio (1550 a 1400


o
.... ficente (160Õ m.a.)
,i a 1400 m.a. )
~.Corotire (1700 a
Em.RioFres 1550 m.a.). Gp. Benefi
00 (1850 ã
8p.. 1550 m.a.) cente(1600a 1400 m.a. T

3.041
---

PROVo AMAZÔNIA ORIENTAL "ROV. AMAZÔ N IA CENT RAL "ROV. AMAZÔNlAOCIOENTAL f'f!(N GUIANACENTRAL
1\
" ~,r---
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3.043

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ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

ALGUMAS CONSIDERAÇOES SOBRE A EVOlUÇÃO TECTONICAl


METAlOGEN!:TICA DOS CONTINENTES SUlAMERICANO E AFRICANO NO
PROTEROZOICO (FORMAÇÃO DAS BACIAS RIFEANAS) E OS EFEITOS DE UMA
TRIPllCE COLISÃO CRATONICA NA REGIÃO SUL DO ESTADO DE MINAS
GERAIS E ÁREAS ADJACENTES DOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E SÃO
PAULO (BRASil).

J. G. Pal'8nti Couto
Metais de Minas Gerais S/A - METAMIG

ABSTRACT

The tectonic/metalogenetic evolution of the South American and


African Continents in the Proterozoic is analysed based on the forma-
tion of Riphean Basins, developed with the fragmentation of Transamazô
nica Platform. Three phases distinct of metallogenesis are reconize&one
phase of metallogenetic vulcano-sedimentary in the "Proterozoic Basins"
(Lower Proterozoic), followed by mineralization tied to the acid magma-
tism event in "Transition period" (Middle Proterozoic), and sedimento-
genic mineralization in Riphean Basins (Upper Proterozoic). In the end
of Riphean, with the formation of Brasiliana Platform, occur one process
of crus tal shortening and consequently events of cratonic colision, who
se effects are observed in the South of Minas Gerais region andadjacentS
areas of Rio de Janeiro and são Paulo States where ~~. the triplice
collision of são Francisco, paraná e Kalahari Cratons.

INTRODUÇÃO

O presente estudo constitui-se numa síntese e consequência natu-


ral dos trabalhos desenvolvidos pelo autor nas sequências Proterozôicas
da Bacia do são Francisco e sua correlação com unidades semelhantesocor
rentes na Âfrica (Couto, 1982, 1984). Tais propostas de correlação po=
dem ser melhor compreendidas quando se analisa a evolução tectônica dos
Continentes Sulamericano e Africano no Proterozóico com base na posição
primitiva dos núcleos cratônicos, reconstituída a partir de modelos pro
postos separadamente por diversos autores para o arcabouço tectônico da
América do 'Sul (Wernick et al, 1979) e Âfrica (Martin et al, 1977 I). -
Dentro deste contexto é possível ainda caracterizar-se três fases dis-
tintas de metalogênese no Proterozóico e ressaltar-se os efeitos de uma
tríplice colisão cratónica. No primeiro caso observa-se uma fase de mi-
neralizações, predominantemente Vulcano-Sedimentares nas assim chamadas
"Bacias Proterozóicas" (restritas ao Proterozóico Inferior); seguida por
mineralizações ligadas a eventos magrnáticos de caráter predominantemen
te ácido, no denominado "Período de Transição" (Proterozóico Médio), e-;
finalmente, uma mineralização sedimentogênica nas Bacias Rifeanas" (pro
terozóico Superior). No último caso, aqueles efeitos são observáveis na
região Sul do Estado de Minas Gerais e áreas adjacentes, onde ocorreu a
tríplice colisão dos Cratons do são Francisco, paraná e Kalahari.

AS PLATAFORMAS TRANSAMAZONICA E BRASILIANA

O que se evidencia no modelo proposto a partir dessa reconstitui


ção (Figura 1), é que os antigos cratons apresentavam nos seus bordos
faixas móveis, onde oceanos de profundidade moderada se espraiavam ao
longo de estreitas e alongadas Bacias Intracratônicas, formando arnbien
tes de circulação restrita e muito diferentes dos atuais largos, exten=
sos e profundos oceanos. Levando em conta estas observações, é possível

3.044
visualizar que esses mares (ditos epicontinentais) se desenvolveram por
entre os espaços deixados pela fragmentação de urn supercontinente que
existiu nos tempos pré-Rifeanos e aqui denominado de "Plataforma Transa
mazônica" e, da qual originaram-se os Cratons Rifeanos. As zonas móveis
que se instalaram ao longo dessas fraturas e que passaram a receber os
sedimentos dos cratons adjacentes, evoluíram durante os tempos Rifeanos
entre fases de expansão e contração, em função de movimentos subcrus-
tais, ocasionando no final do Rifeano. a recomposição da antiga PlatafoE
ma Transamazônica, segundo linhas de sutura representadas pelas antigas
faixas móveis, dando origem, assim, a"urna nova plataforma, aqui denomi
nada. de "Plataforma Brasiliana".

CICLOS GEOTECTONICOS

O processo de fragmentação da Plataforma Transamazônica, com o


"emplacement" das faixas móveis (Bacias Rifeanas) e extensas fraturas
nos domínios cratônicos (Grabens/Aulocógenos), foi precedido por urnavas
ta manifestação vulcânica de caráter ácido que rompeu o seu equilíbrio
alcançado pelos continentes no final do Proterozóico Inferior, dandoliÚ
cio ao Ciclo Transamazônico. Esta manifestação vulcânica foi seguida por
urn magmatismo básico fissural ligado ao Ciclo Espinhaço/Uruaçuano, que
se desenvolveu entre fases de maior ou menor atividade até o advento do
Ciclo Brasiliano/Caririano, quando cessa em função de movimentos de en-
curtamento crus tal.

CICLO TRANSAMAZONICO (1.950/1.650 m.a.)

Segundo Almeida et alii (1972), o Ciclo Transamazônico, descrito


originalmente por Hurley et alii (1967), foi responsável pela parcial
remobilização dos antigos núcleos consolidados antes de 1.800 m.a. re-
conhecidos nos Escudos das Guianas, Brasil Central e Atlântico.
O que caracteriza o Ciclo Transamazônico, todavia, é o vulcanis
mo ácido ligado à fragmentação da Plataforma Transamazônica e que é am=
plamente reconhecido em todo o território Brasileiro, principalmente no
Craton do são Francisco (segundo Couto, 1982, nos Estados de Minas Ge-
rais, Goiás e Bahia, onde foram denominado de "Complexo Rio dos Remédi-
os" ) e na região Amazônica (segundo Basei, 1974, desde o Escudo das Guia
nas até o Craton do Guaporé). Esta manifestação vulcânica, além de ca=
racterizar o Ciclo Transamazônico e marcar nitidamente a passagem do
Proterozóico Inferior (2.600/1.950 m.a.) para o Proterozóico Superior
(1.650/570 m.a.) caracteriza, também, de maneira marcante, o Proterozói -
co Médio (1.950/1.650 m.a.) .
A importância desse vulcanismo e sua nítida associação com o Ci-
clo Transamazônico foi também ressaltado por Braun et al, 1978, para
quem o mais amplo e significativo evento petrogenético (1gneo) da Arnazô
nia (claramente' associado ao Ciclo Transamazônico) refere-se à s~nciã
predominantemente ácida, Uaturnã-Roraima, cujos valores geocronológicos
distribuem-se maciçamente no intervalo 1.800/1.600 m.a.

CICLO ESPINHAÇO/URUAÇUANO (1.650/950 m.a.)

O Ciclo Espinhaço foi originalmente definido por Távora et alii,


1967, para qualificar urn evento tectônico ocorrido entre 1.000 e 1.400
m.a. na região central da Bahia. Mais tarde Hasui et al., 1970, denomi-
naram este evento térmico de "Ciclo Uruaçuano" (980/1. 400 m.a.) na re-
gião do Brasil Central.
O Ciclo Espinhaço/Uruaçuano é caracterizado pelo magmatismo bási
co fissural, ocorrido entre 1.650/950 m.a. e que parece estar ligado aos
períodos de expansão das faixas móveis, assinaladas pelos picos térmi-
cos que ocorreram no Proterozóico Superior. Segundo Couto et alii,1983,
o estudo desse magmatismo, claramente associado a fraturamentos maiores
e que atingiu em diferentes épocas determinados segmentos crustais, pos
sibilita urna visão inovadora do comportamento geodinâmico da unidadegeÕ
tectônica frente aos esforços ocorridos em seu interior. O tratamento
integrado das idades radiométricas K-Ar existentes para as intrusivasbá
sicas e afins, associadas ao fraturamento do Craton do são Francisco,in
dicou várias épocas importantes de atuação dos esforços, tanto internã

3.045

-"---
como marginalmente a esta unidade.
Duas unidades obtidas nesse trabalho devem ser ressaltadas, pois,
devido às suas posições em relação às unidades Rifeanas da região meri-
dional do Craton do são Francisco (Couto, 1982), contribuem para definir
o início e fim deste Ciclo. A primeira delas (1.502 m.a.) foi obtida nas
intrusivas que ocorrem a norte de Barão de Cocais-MG, cortando
os metas sedimentos do Grupo Espinhaço Inferior e a segunda (980 m.a.),a
norte de Santa Luzia-MG - em um dique que corta o Embasamento Cris
talino e está sotoposto por discordância angular e erosiva à Formação
Paraopeba do Grupo Bambuí. A primeira, portanto, posiciona-se logo no
início do "emplacement" das Bacias Rifeanas e a segunda evidencia que,
além de sua idade situá-Ia antes do início da Glaciação Jequitaí (Couto
et aI, 1981) e, portanto, de acordo com as observações de Braun et aI,
1979, para quem as básicas da região de Diamantina não cortam as sequên
cias de tilitos, mostra também que tal magmatismo cessou antes da depo=
sição do Grupo Bambuí (590/640 m.a. - segundo Couto et alii, 1981).
CICLO BRASILIANO/CARIRIANO (950/590 m.a.)

A designação do Ciclo Brasiliano deve-se a Almeida, 1969, que de


finiu tal evento tectônico ocorrido na Plataforma Brasileira entre o fI
nal do Pré-Cambriano e o Ordoviciano, evento este até então chamado de
Ciclo Baicaliano ou Assíntico. Em que pese o fato deste Ciclo continuar
sendo chamado de "Brasiliano" e como tal consagrado na literatura geolô
gica, tal evento foi primeiramente identificado e formalmente designado
de "Ciclo Caririano" por Távora et alii, 1967, ao analisar as determina
ções de idades K-Ar em rochas da região central da Bahia.. A idade indi=
cada para este ciclo seria de 450/650 m.a.
O Ciclo Brasiliano/Caririano é caracterizado por eventos tectôni
cos de encurtamento crustal, onde a ocorrência de orogêneses enérgicas
com a presença inclusive de processos Napperianos e ausência significati
va de eventos ígneos são os traços mais marcantes. A interrupção do ma~
matismo básico fissural ao tempo da Glaciação Jequitaí, além de assin~
lar o começo deste ciclo parece indicar que nesta época hou~e uma inver
são na tendência centrífuga dos Cratons Rifeanos para uma fase de con=
tração. Este processo contracionista atingirá o seu ponto culminanteoam
a consolidação da Plataforma Brasiliana, a qual marca o fim do CicloBra
siliano/Caririano, assinalado pela deposição dos sedimentos molassóides
da Formação Pirapora (590 m.a.) do Grupo Bambuí. O Craton do são Fran-
cisco, por ocupar uma posição central em relação aos demais Cratons Ri-
feanos, será o centro de convergência dos movimentos contracionistas ,
quando os eventos de colisão cratônica terão lugar e provocarão feições
complexas, como aquelas observadas no Sul do Estado de Minas Gerais e
áreas adjacentes dos Estados do Rio de Janeiro e são Paulo.

AS BACIAS RIFEANAS E OS EVENTOS METALOGENt:TICOS DO PROTEROZOICO

As Bacias Rifeanas que se desenvolveram a partir da fragmentação


da Plataforma Transamazônica que são caracterizadas de uma maneira ge-
ral por possuirem um assoalho siálico, disposição linear, profundidade
moderada, lenta subsidência, mineralizações sedimentogênicas, condições
biogênicas favoráveis; vulcanismo ácido na base das sequências sedimen
tares e magmatismo básico fissural. Estas características são hoje obser
vadas de uma maneira geral no que delas resta em todos os continentes e
principalmente na região meridional do Craton do são Francisco, onde es
ses testemunhos foram estudados juntamente com o magmatismo básico fis=
sural e vulcanismo ácido.
As evidências remanescentes indicam que o processo de seu "empla
cement" provavelmente se deu pelo adelgaçamento da crosta siálica, num
movimento elástico de tração, o qual todavia não foi suficiente para a-
tingir um ponto de ruptura, tal qual viria a acontecer no Mesozóico com
a fragmentação do Gondwana, ensejando assim um retorno dos núcleos cra-
tônicos às posições primitivas num movimento idêntico, porém em sentido
oposto. No processo de retorno alguns cratons se chocaram e produziram
o desaparecimento de extensas parcelas daquelas antigas faixas móveis
e, consequentemente, um encurtamento crustal e expulsão dos oceanos que
neste processo chegaram a invadir os próprios cratons, como bem exempl~

3.046
ficam a deposição do Grupo Bambuí sobre o Craton do são Francisco e,
provavelmente, o soterramento dos Cratons do Paraná e Hoggar-Tibesti.
As divisões adotadas a seguir para o período Rifeano e para as
sequências sedimentares, seguem, respectivamente, as propostas de Preiss,
1977, e Couto, 1982.

RIFEANO INFERIOR (EARLY RIPHEAN - 1.650/1.350 m.a.)

O Rifeano Inferior é caracterizado pelo clima quente, ambiente ma-


rinho, sequências predominantemente elásticas e mineralizações de Cobre
Cobalto-Urânio, cujo exemplo mais representativo é dado pelos vastos de
pósitos de metais básicos do Zámbia/Zaire -Copperbelt (África).

RIFEANO MtDIO (MIDDLE RIPHEAN - 1.350/950 m.a.)

O clima quente e ambiente marinho continuam no Rifeano Médio mu-


dando-se, contudo, as condi~ões sedimentogênicas. As sequências tornam-
se predominantemente carbonaticas e pelíticas, observando-se, ao lado
de uma dolomitização intensa, uma proliferaxão universal de estr~matol~
tos. As mineralizações típicas do período sao observadas na regiao ori~
tal do Estado de Minas Gerais e estão representadas pelos depósitos fos
fáticos Tipo Patos de Minas e Tipo Paracatu (Couto, 1984) e pelos depó=
sitos de metais básicos (Zn/Pb/Cd) sulfetados de Morro Agudo, ligados a
ambiente recifal e oxidados de vazante associados às brechas doloIDÍti-
cas e hematíticas depositadas em ambiente cárstico supratidal. A forma-
ção singenética sedimentar do minério Hematita/Willemita (Couto et aI,
1978) já denotam condições mais oxidantes que passarão a prevalecer no
final do Rifeano Médio com o advento de um período glacial, o qual assi
nala a passagem do Rifeano Médio para o Rifeano Superior.

RIFEANO SUPERIOR (LATE RIPHEAN - 950/680 m.a.)

As novas condições imperantes no início do Rifeano Superior re-


fletem-se nas mineralizações que trocam de condições favoráveis à con-
centração de metais básicos, para um período oxidante, onde a ocorrên-
cia de grandes depósitos de ferro e manganês, associados a ~itos gla
ciais é uma constante em todos os continentes (Couto, 1984) e consti=
tuem-se quase que nas únicas mineralizações do período. A relativa po-
breza mineralizante que caracteriza o período 900/600 m.a. foi assinala
da por Meyer, 1981, para quem neste período havia um regime de baixa e=
nergia e bacias rasas preenchidas por folhelhos e abundantes dolomitos.

RIFEANO TERMINAL OU VENDIANO (VENDIAN OR TERMINAL RIPHEAN-680/750 m.a.)

No Rifeano Terminal ou Vendiano observa. se um retorno ao clima


quente e diminuição dos processos dolomitizantes, ainda observados fra-
camente na base das sequências basais (predominantemente carbonáticas e
pelíticas) e aparecimento de "Red Beds" no topo das sequências superio-
res, compostas predominantemente de elásticos finos. A tríplice divisão
das sequências sedimentares deste período (Carbonática/pelítica na ba-
se; arenitos arcoseanos verdes, intermediária e "Red Beds" no topo) são
observadas em todos os continentes e definem condições de formação qua-
se uniformes.
As mineraliza~ões concentram-se nas sequências basais (carbonát~
cas e pelíticas) e media (arcoseanas) com aparecimento de depósitos fos
fáticos em ambas e de metais básicos nas primeiras. No caso dos depósi=
tos fosfáticos, os exemplos mais significativos são as ocorrências do
"Tipo Pium-hí", nas primeiras, e "Tipo Felixlândia", nas segundas (Cou-
to, 1984); e para os metais básicos destacam-se os depósitos de Pb/Zn /
Ag associados a Fluorita e Barita da região de Januária/Itacarambi.
No Proterozóico Superior (Rifeano), portanto, o gue se observa é
uma predominância dos processos exógenos de mineralizaçoes com reduzida
ou nula participação vulcanogênica. Segundo Hutchinson, 1973, a aparen-
te ausência (tida como um quebra-cabeça) de depósitos vulcanogênicos m~
ciços de metais básicos de quaisquer tipos nas rochas Proterozóicas re-
centes (Helikian-Hadrynian) de 1.600 a 700 m.a., pode ser atribuída à

3.047

-..----.
---- -.--
__o

raridade de sequências vulcânicas aquosas de tal idade. As evidências,


no entanto, parecem indicar que as condixões reinantes no Proterozóico
Superior, responsáveis pelas mineralizaçoes sedimentogênicas, eram mui-
to diferentes daquelas observadas no Proterozóico Inferior.

BACIAS PROTERoz6ICAS (PROTEROz6ICO INFERIOR - 2.600/1.950 m.a.)

As mudanças ambientais e metalogenéticas observadas entre o Pro-


terozóico Inferior e o Superior, são reflexos das radicais transforma-
ções sofridas pelo arcabouço tectônico dos continentes com a fragment~
ção da Plataforma Transamazônica quando, possivelmente, como consequé~
cia do vulcanismo que acompanhou este processo, ocorreram profundas al-
terações na atmosfera, na hidrosfera e processos mineralizantes. Assim,
as condições metalogenéticas do Proterozóico Inferior que eram regidas
predominantemente por eventos vulcanogênicos (Hutchinson, 1973), onde a
participação sedimentogênica mineralizante eram subordinadas, passampor
total inversão no Proterozóico Superior.
Os dados considerados parecem indicar que, além das condições e-
xistentes na superfície terrestre no Proterozóico Inferior serem muito
diferentes daquelas observadas no Proterozóico Superior, houve, a partir
do Proterozóico Médio, uma aceleração dos processos de oxigenação da
atmosfera ao lado de um substancial aumento no volume de água dos ocea-
nos. Estas inferências encontram apoio tanto nas conclusões de A. I. Bo
gatov (citadas por Kazarinov, 1981), segundo as quais o suprimento de
oxigênio na atmosfera e hidrosfera ocorre não só como resultado da fotos
síntese, mas também do interior da terra, como nas afirmações de Ccuto~
1984, para quem existe um relacionamento direto entre o aumento de água
na hidrosfera e o desenvolvimento das glaciações, fosfogênese e biogêne
se do Pré-Cambriano ao Presente: -
PERIoDO DE TRANSIÇÃO (PROTERoz6ICO MtDIO - 1.950/1.650 m.a.)

A troca radical das características das Bacias do Proterozóico


Inferior (Bacias Proterozóicas) para as do Proterozóico Superior(Bacias
Rifeanas) deve-se, portanto, a eventos estruturais de extensão continen
tal que ocorreram no Proterozóico Médio (Período de Transição) ,envolven
do uma das mais profundas transformações do planeta. Este fato foi tam=
bém ressaltado por Couto et alii, 1981, ao analisarem a composição iso-
tópica de chumbo das galenas associadas ao Grupo Bambuí, quando reconhe
ceram que a sua evolução isotópica ocorrem em dois estágios, o primeirõ
deles terminando coma separação do manto e incorporação à crosta duran-
te os eventos associados ao Ciclo Transamazônico. Tal fato, segundo es-
ses autores, confirma a influência deste episódio tectonomagmático como
época de maior importância na evolução das rochas crustais que consti-
tuem o embasamento do Grupo Bambuí.
Ess~s conclusões diferem daquelas formuladas por Meyer, 1981, p~
ra quem o período de transição do Proterozóico Médio (1.800 ~ 100 m.a.,
segundo esse autor), embora envolvendo profundas trocas no processo de
formação das mineralizações, não foi marcada por nenhuma troca no esti-
lo tectônico. Segundo esse autor, o período de transição do Proterozó~
co Médio além de marcar o abrupto declínio de "Banded-Iron-Formation" e
depósitos maciços de sulfetos (em últimos "greenstones" de estilo Arqu~
ano) e pláceres auríferos (IIGold-bearing salines placers"), gerados em
uma hidrosfera pobre de oxigênio, assinala, também, o início dos depósi
tos sedimentares de sulfetos, incluindo as primeiras concentrações eco=
nômicas de chumbo e aparecimento de minerais de Urânio (Vein), formados
em um período de rápida oxigenação da atmosfera.
Dentre os eventos significativos assinalados por Meyer (op.cit.)
e que se enquadram no período de transição, destacam-se as primeiras
grandes penetrações de Carbonatitos e Kimberlitos da crosta, os quais ,
juntamente com as intrusões como Sudbury e Busheveld, evidenciam a im-
portância de profunda rifagem observada na crosta. Os complexos alcali-
nos, incluindo os primeiros carbonatitos, tornam-se proeminentes (Pala-
bora situa-se ao redor de 2.000 m.a. e diversos carbonatitos Canadenses
entre 1.750 e 1.650 m.a.). A maioria dos Kimberlitos são do ~sozóioo ao
Terciárioi os primeiros, porém, são do Proterozóico Inferior (Early Pro

3.048
terozoic), ainda que Diamantes aiuviais sejam encontrados em velhas ro
chas, e os Complexos de Busheveld e Sudbury são de 2.000 m.a. e 1.840
m.a. respectivamente, embora existam fortes argumentos que sejam estru-
turas de impacto.
A importância metalogenética dos eventos magmáticos que caract~
rizam o Período de Transição fica ainda evidenciada quando se considera
as mineralizações de Cassiterita, Ouro e Diamantes (?) que ocorrem ass~
ciadas às rochas ígneas ácidas dos Cratons do Amazonas (Guiana/Guaporé)
e são Francisco. As mineralizações de Cassiterita e Ouro associadas às
vulcánicas ácidas que ocorrem no CratOn do são Francisco (Complexo Rio
dos Remédios) foram analisadas por Couto, 1981, o qual concluiu pelapo§
sível existência de um cinturão dessas mineralizações desenvolvendo-se
desde Goiás (Cavalcante), passando por Minas Gerais e terminando na Ba-
hia (Paramirim).
A hipótese de uma possível ligação genética dos Diamantes da re-
gião de Diamantina (MG) com rochas ácidas deve-se a Guimarães, 1927 ,
qual, embora ainda não comprovada, foi reforçada pelas propostas de BaE
bosa, 1951, de um relacionamento genético com rochas de matriz interm~
diária, e com as observações de Scholl et al, 1979. Segundo estes auto-
res foi possível, recentemente, comprovar a origem magmática dos filitos
hematíticos da região de Diamantina, tidos por Barbosa (op. cit.) como
rochas ígneas de natureza intermediária, frisando, no entanto, que se a
origem magmática desses filitos é pouco discutida a determinação do ma-
terial original é bastante problemática. Ressaltam, ainda, que a deter-
minação da gênese dos filitos hematíticos se reveste de importáncia pOE
que não é descartada a possibilidade de constituírem a rocha matriz dos
Diamantes encontrados nos conglomerados da Formação Sopa Brumadinho. Em
recente trabalho, todavia, Abreu et al., 1983, seguindo as inferências
de Svisero (1978, 1980) de uma origem Kimberlítica dos Diamantes da Ser
ra do Espinhaço, frisam que tais Kimberlitos são provavelmente de umã
fase pré-Rift à "Bacia Espinhaço" e que ocorreram dois eventos magmát!
cos posteriores sobre a região: Filitos-hematíticos-xistos verdea sins~
dimentares e Metabasitos tardi-tectônicos. Em todos esses casos, todavi
a, nota-se um provável relacionamento temporal dos Diamantes com rochas
formadas no Período de Transição, hipótese que é reforçada pela conhec!
da associação de Chaminés Kimberlíticas e eventos de Rifagem.

OS EFEITOS DE UMA TR!PLICE COLISÃO CRATONICA NO SUL DO ESTADO DE MINAS


GERAIS E AREAS ADJACENTES DOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E SAO PAULO

A complexidade estrutural da região de colisão entre os Cratons


do são Francisco, paraná e Kalahari (representativa dos processos de en
curtamento crustal que caracterizam o Ciclo Brasileiro/Caririano), que
abrange a porção Sul do Estado de Minas Gerais e áreas circunvizinhas
dos Estados do Rio de Janeiro e são Paulo, pode ser visualizada ao lon-
go de uma seção da cidade do Rio de Janeiro a Belo Horizonte.
Rosier, 1957, foi pioneiro na tentativa de interpretar a tectôn!
ca regional, reconhecendo na Serra do Mar, da cidade do Rio de Janeiro
à divisa com o Estado de Minas Gerais, um sistema complexo de "Nappes"
pertencentes a uma grande orogênese (Assíntica) do fim do Pré-Cambriano
(400/600 m.a.) de estilo tipicamente Alpino, demonstrando, assim, segun
do suas próprias observações, a extensão, para o norte, de estruturas
tangenciais descobertas por A.R. Lamego em 1948, na cidade do Rio de J~
neiro. Em trabalho posterior (Rosier, 1965), este geólogo suíço,reconh~
ceque a comparação entre a tectônica da Serra do Mar e dos Alpes pênn!
cos da suíça, ainda que seja parcialmente sustentável, fica no domínio
das hipóteses sedutoras de prova dificílima.
A utilização do modelo "Napperiano" para explicar a tectônica r~
gional, somente voltou a ser usado a partir da metade da década de 70,
quando Schorscher (1975, 1976, 1980 - In: Schorscher et alii, 1982) não
encontrando outra justificativa para as feições deformacionais das ro-
chas do Super-Grupo Minas do Quadrilátero Ferrífero, concluíram por um
transporte e "emplacement" da estrutura Minas na posição atual, a qual
seria relicto erosional de uma fácies Napperiana, portanto, de origem
alóctone.
Tal modelo veio a ser usado mais recentemente por Ribeiro et al,

3.049
~_.._--

1982/ para explicar a tectônica da região intermediária entre o Quadri


látero Ferrífero e a Serra do Mar. As sequências aí ocorrentes foram se
paradas em dois conjuntos, autóctone e alóctone e reconhecido que, de
urna maneira geral, o metamorfismo aumenta de norte para o sul. Nestames
ma região, Trouw et alii, 1980, além de terem reconhecido que o aumento
de temperatura observado talvez relaciona-se a empilhamento de IINappes~'
concluem que os empurrões, a grosso modo, se deram de Sul para Norte.Es
ta não foi a primeira suposição da existência de "Nappes" na região -;

pois a fazê-lo foi Ebert, 1956 que, ao reconhecer estruturas semelhan


tes a "Nappes", concluiu por um estilo de empurrão em forma de estrutu
ras imbricadas. O caráter de superposição tectônicae de empurrão para
o norte, além do aumento do metamorfismo de norte para o sul foi também
reconhecido nesse trabalho, o qual, juntamente com aquele desenvolvido
por Rosier mais ao sul e na mesma época (ambos para o DNPM), podem ser
considerados corno marcos importantes no estudo da geologia e da tectôni
ca regional. -
Outros trabalhos recentes procuram explicar de outra maneira a
tectônica regional. Assim, Wernick et alii, 1981, interpretam a anplexi
dade tectônica da região de colisão cratônica corno sendo uma conjugação
de falhas transcorrentes e de empurrão, as quais se dividem a oeste de
Carandaí/Barbacena em duas faixas de cisalhamento denominadas de zona
ruptil Carandaí/Mogi-Guaçú, na direção SW e zona ruptil Nova Rezende/
Barbacena no sentido NW. Os eventos tectônicos, segundo esses autores,
foram desenvolvidos no fim do Ciclo Brasiliano, num processo de encurta
mento crustal sob ação de esforços compressivos com direção geral entre
E-W e ENE-WSW.
Wernick et al, 1981, tentando elucidar, através da elaboração de
um modelo geotectônico, a origem e o desenvolvimento das faixas metamór
ficas que delimitam a parte sul do Craton do são Francisco, concluíram
pela existência, na área em foco, de um grande segmento crus tal siálico.
Este segmento sofreu sucessivos retrabalhamentos através de duas faixas
móveis, respectivamente com direção N-NE e NW. Pela interação destasf~
xas móveis e da zona ruptil Cássia-Barbacena, resulta, aparentemente,um
grande arco. Segundo esses autores, este arco foi interpretado por di-
versos pesquisadores corno correspondendo a uma faixa de dobramentos Bra
siliano, amoldada em torno do Craton do são Francisco e cuja continuida
de mostra-se interrompida, localmente, por ação da erosão Fanerozóica~
Concluem que este arco é constituído por unidades tectônicas muito dis-
tintas que se desenvolveram em épocas diferentes, sendo uma feição poli
cíclica, heterogênea e desprovida de continuidade petrológica e geocro~
nológica, resultante apenas do predomínio das direções estruturais, ora
de urna, ora de outra, das unidades geotectónicas que ali ocorrem.
Outros trabalhos em áreas mais restritas, dentro da região consi
derada, também, põem em evidência a complexidade do quadro geológico~
tectônico. Assim, Fiori et alii, 1980, estudando a evolução geológica da
parte SW do Estado de Minas Gerais reconheceram seis fases de deforma-
ções. e concluem que a área estudada foi palco de uma evolução policíCl!
ca e polifásica desde o Arqueano até o Pré-Carnbriano Superior com diver
sas fases de sedimentação, metamorfismo, anatexia/migrnatismo e deforma~
ções plásticas e rígidas. Teixeira et aI, 1979, por outro lado, em est~
do desenvolvido mais ao norte, já no âmbito da Faixa Móvel Brasília, tam
bém identificam a ocorrência de IINappesde Charriage liem uma estrutura
complexa de sequéncias sedimentares e raízes de "greenstones belts".
Embora os trabalhos analisados dêem visão bastante ampla da com-
plexidade da estrutura regional e procurem descrevê-Ias em função dos
efeitos remanescentes observados, nota-se, em todos os casos, uma omis-
são na abordagem das causas que produziram esses efeitos. Acreditamos
que o modelo proposto de uma tríplice colisão cratônica contribuirá pa-
ra urna melhor compreensão do quadro observado. Assim sendo e consideran
do-se os dados expostos sobre a evolução tectônica dos continentes Sul~
mericano e Africano no Rifeano e a complexidade estrutural do Sul de Mi
nas Gerais e áreas adjacentes dos Estados do Rio de Janeiro e são Paul~
chega-se à conclusão que as feições complexas observadas nestas áreas ,
tais corno estruturas do tipo IINappes de Charriage", tanto em rochas de
complexa estrutura como as da Serra do Mar, ou menos complexa como as
do Quadrilátero Ferrífero, regiões de são João Del Rei/Andrelândia e For
taleza de Minas; o aumento de metamorfismo, deformações e temperatura de

3.050
norte para sul e ausência ou interrupção de sequências estratigráficas
e estruturas tectônicas, não são fatos isolados, mas sim devidos a uma
conjugação de fatores que somente um evento da expressão de uma trípl~
ce colisão cratônica, resultante de um processo global poderia ensejar.
Tal inferência encontra apoio em outros elementos que se ~~
para definir o quadro 'observado. Assim~ no esquema apresentado por Fio-
ri et alii, 1980, pOde-se observar que na região a norte de Cássia, a
indicação de uma zona de convergência da intensidade de deforma~ão que
partindo dos Cratons do são Francisco..a NE e do Craton do Parana a sw
(não reconhecido pelos autores, mas sim por Fyfe et al" 1974) aumenta
em direção ao centro da faixa móvel NW (Cinturão Araxá/Canastra). Esta
situação parece evidenciar não só uma zona de colisão cratônica, como
tambêm comprovara existência do Craton do paraná.
Uma situação semelhante parece ocorrer na faixa BH-Rio de Janei-
ro, onde as indicações do aumento das intensidades das deformaxões no
sentido sul, embora compatíveis com os trabalhos analisados, nao apre-
sentam a componente oposta. Tal situação poderá ser melhor entendida se
considerarmos a hipótese de que a componente ausente estaria no outro
Craton, ou seja, no Craton do Kalahari, levando-se em conta que a ruptu
ra desses cratons se deu (no Mesozóico) aproximadamente ao longo do an=
tigo cinturão móvel. Os remanescentes deste cinturão são denominados de
são Roque (Fyfe et al, 1974) e Dom Feliciano (Fragoso-Cesar et alii ,
1982) no Brasil e Damara, Gariep e Malmesburn na Africa (Martin et al,
1977-I). Como a reforçar esta suposição, observa-se que o cinturão mó-
vel (São Roque/Dom Feliciano), que se desenvolve desde o Sul do Brasil
até a região considerada onde desaparece, forma um arco oomuma extremi-
~nalocalidade de Montevideu e outro. na região do Rio de Janeiro (co-'
mo pode ser observado em Hasui et alii, 1975). Esta feição é geralmente
mascarada por outros lineamentos vindo do Norte, configurando uma pseudo
inflexão para NE-N, quando na verdade a componente que vem do norte é
bruscamente interrompida na região compreendida entre a cidade do Rbo
de Janeiro e Belo Horizonte, aproximadamente ao longo do meridiano 44 .

Aodiversidade das estruturas e litologia a Oeste e Leste do Meri


diano 44 , tem-se constituído num problema de difícil solução da geolo=
gia rõgional, chegando mesmo alguns estudiosos a considerarem o meridi~
no 44 como o meridiano fatídico do Brasil (Hasui et alii, 1978 - deba-
tes) e O. Barbosa a reconhecer na região uma das maiores faixas migmatí
ticas que existe no Brasil e provavelmente no mundo, formada a grande
profundidade e devido a alguma coisa que não se entendeu ainda (In: Ha-
sui et alii, op. cito - Debates). A descontinuidade entre os alinhamen
tos estruturais vindos do Norte com aqueles vindos do Sul, ao longo dã
latitude do Rio de Janeiro/São Paulo, foi notada por Hasui et alii,1975,
que denominou tal seção de "Zona de Transcorrência são Paulo", a qual
anteriormente havia sido chamada por Braun, 1972, de "Faixa Ruptil Pa-
raíba" (In: Hasui et alii, 1978). A Zona de Transcorrência são Paulo se
pararia por deslocamento horizontal'dextral da ordem de 300 krn, os seg=
mentos setentrional e meridional.
O modelo proposto de uma provável tríplice colisão cratônica en-
contra ainda suporte em trabalhos recentes (Fragoso-César et alii,19S2)
que propõem um modelo de colisão cratônica entre os Cratons do Rio de
la Plata (Extremidade Sul do Arco Montevidéu/Rio de Janeiro) e ~i.
Para esta região, Fragoso-César et alii (op. cit.) propõem um modelogeg
tectônico com base na Tectônica de Placas, onde são analisados os efeI
tos da colisão e discutidos os modelos semelhantes propostos anterior
mente por Ribeiro et al (197&), porada (1979) e Jost (1981).
Finalmente, por paradoxal que possa parecer, outros argumentos
em favor da tríplice colisão são fornecidos por Martin et al, 1977 (I -
II), que ao negarem a validade de um modelo de Tectônica de Placas e Co
lisão Cratônica a Oeste do Craton de Kalahari para explicar a evoluçãõ
tectônica do Cinturão Intracratônico de Dámara e do Craton de Kalahari
e suas faixas marginais, destacam como fatores negativos o fato de que
grande parte do Cinturão Costeiro permanece escondido sob o Oceano Atlán
tico e também porque não há nenhum indício de colisão cratônica no ladõ
Sulamer~cano do Atlântico. Todavia, o que se observa no lado Sularnerica
no do Atlântico e, por extensão, nas faixas da provável colisão cratônI
ca é justamente o contrário, como ficou demonstrado e pela análise de

3.051

~~~~..__._--
~ ---

outros dados significativos como a ocorrência de cinturões de rochas de


alto grau metamórfico nessas faixas (Hasui, 1982), as quais tem sido a-
tribuídas em certos casos a efeitos de colisão continental (Dewey and
Burke, 1973, citados por Kroner, 1982).

AGRADECIMENTOS

Queremos aqui registrar nossos agradecimentos à Diretoria da


METAMIG, na pessoa de seu Diretor-Presidente Dr. Âlvaro Luiz Hotta Pel
legrino, pela autorização de publicar este trabalho e ao colega LaurI
Bez, pela revisão e apronto final do texto.

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3.054
EVOLUÇÃO
.
TECTONICA "DOS CONTINENTES SUL AMERICANO E
AFRICANO NO PROTEROZOICO

CRATONS PLATÃFORMAS

A : São Francisco I Gabon


( Guiana I Guaj)aré
B : Amozonaa )
- TRANSAMAZÔNICA
C = Paranó

I = S40 Luiz I Oeste Africano

II = Hoooor I Tibesti

m = Canoa

:m Kalahari

- BACIAS E CRATONS RI FEANOS

- BRASILIANA

Limites dos atuais continentes Sul americano


FIGURA e Africano

3.05&

--- -- ------------
--

ANAIS DO.XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

ASPECTOS METAMORFICOS DE SEQUI:NCIAS SUPRACRUSTAIS DA FAIXA


ARAÇUAf EM MINAS GERAIS

A.C. Pedrosa Soares


UFMG-IGC - Centro de Pesquisas Prot. Manoel Teixeira da Costa
O.H. Leonardos
UnB-DEGEO
J.M. Correia Neves
UFMG-IGC - Centro de Pesquisas Prot. Manoel Teixeira da Costa
Auxnios CNPq; CPq-UFMG

Regional field work anel petrographic studies were carried out over a
large region in northern Minas Gerais State. Detailed work was concentrated in the
area of Coronel Murta, in the Middle Jequitinhonha Valley.
'lhe study of the supracrustal sequences of the Araçuaí Folded Bel t led
to the proposition of a Barrowian type metarrorphic "zoning". A geotheJ:mal gradient
around 30°C!km is recorded in the II'Ore intense regional metarrorphic phase that af-
fected those sequences.
Contact metarrorphisrn and metassc:matisrn is often overprinted in the re-
gional metapeli tic, metapsarni tic and calc-silicated rocks which outcrop in the vici-
nities of the granitoid intrusions around Coronel Murta. Mineralogical asseI:1blages
anel reactions suggest pressures between 3.5 to 6 kb anel rnaxi.mum contact temperatures
in the range of 600 to 700°C.
'lhe different crustal levels of grani toid en;>lacement rnay explain the
diverse rnineralization patterns arrong the pegmatitic. districts of the Middle Jequiti
~. -
INTRODUCÃO

As sequências supracrustais da Faixa de Dobramentos Araçuaí (AIMEIDA et


al., 1976; AIMEIDA, 1977) em Minas Gerais, ainda que cem pequeno número de trabalhos
de detalhe, já foram estudadas e ~'SIàas à escala regional. Destes estudos tomam-
se evidentes suas principais características petrográficas e estruturais.
Buscando uma. melhor. COITpreensão do acervo de dados disponi veis e, tam-
bém, cem o objetivo de subsidiar estudos detalhados que vêm sendo realizados no Mé-
dio Jequitinhonha, foram efetuados perfis regionais que cruzaram, em várias direções,
o polÍgono de vértices em Diamantina - M:mtes Claros - Taiobeiras - Pedra Azul - lta
obim - Capelinha (fig. 1). -
Apresentam-se, neste trabalho, resultados e interpretações, decorrentes
de estudos de campo e petrográficos, sobre o metarrorfiSIl'O das sequências supracrus-
tais da Faixa Araçuaí (exceto o Supergrupo Espinhaço) e sobre o metarrorfiSIl'O de con-
tato causado pelas intrusões granitóides da região de Coronel Murta.

TRABALHOS ANTERIORES

IDRAES (1929, 1932 e 1937) caracteriza e denanina a "FoIJnação Macaú-


bas", cuja área-tipo é a bacia do Rio Macaúbas, afluente da margem esquerda do Jequ:!,
tinhonha ao sul de Terra Branca. Citando as descrições petrográficas de D. GUIMARÃEs,
IDRAES (op.cit.) relaciona "filonitos conglcmeráticos", filitos, micaxistos, quartzi
tos e raras intercalações de calcário e, também, as rochas conglcmeráticas de Jequi=-
tal e dos bordos da Serra do Cabral (DERBY, 1881), carro pertencentes à "FoIJnação Ma-
::1
caUJ..Ja.:> ".
O "filonito conglcmerático" de D. GUIMARÃEs, assim caro as rochas con-
glcmeráticas de Jequital - Serra do Cabral, passam, posterionrente, a receber desig-
nações caro grauvaca conglomerática, metagrauvaca com seixos, ou t.eJ:mJs semelhantes.
Esta rocha, que caracteriza a "FoIJnação Macaúbas", teve sua origem gla-
cial sugerida por autores pioneiros, carro BRANNER(1919), MORAES& GUIMARÃEs (1930),

3.056
MJRAES (1932, 1937). Origem esta que foi descartada, ou colocada em dúvida, por exem
pIo, em COBRA (1969), SCEMIDT (1972), PFWG & RENGER (1973), FCNl'ES et al., (1978)~
DRLM::NDet alo (1980). Entretanto, um conjunto de evidências irrefutáveis (pavimen-
tos estriados, seixos facetados, estriados e escoriados, varvi tos, esker, seixos pin
gados, etc.) peDllitiram dem:mstrar a origem glacial, "sensu lato", da "grauvaca con=
glarerática" (ISOITA et al., 1969; PFI1JG & SCHOLL, 1975; KARFUNKEL& KARFUNKEL,1975
e 1976; EElTICH, 1977; WAIDE, 1978; GRAVEN:>R& M:NI'EIOO, 1983). Vários destes auto-
res utilizaram o tilito, ou metatilito, l-1<:IcaÚbaspara IOOntar as colunas lito-estrati
gráficas .de suas áreas de est1.Jdo. .-
SCHOLL (1972) passa a designar o "Fades MacaÚbas" do Supergrupo são
Francisco. (PFI1JG, 1967; PFIl1G & RENGER, 1973)" CCJIOGrupo Macaúbas.
SCHRANKet alo (1978) sugerem qbe os xistos verdes do Grupo MacaÚbas,
af10rando entre Senador ~urão e Terra Branca, são vulcanitos sinssed.inentares meta-
rrcrfizados no subfácies quartzo - albita - epidoto - biotita
Em1ES et alo (1978), assim CXJICJARDn-1 et alo (1980), sub:lividem o Gro
do fácies xisto verde.

po MacaÚbas em quatro danínios, li tolÕgica e estruturalmente hatogêneos, sem ~i~


mente litoestratigráfico, de cujas litologias apresentam grande número de descrições
petrográficas .
COBRA (1970) relata que, na região de Salinas, existem dois diferentes
pacotes de rochas xistosas; um, a oeste, mais novo e desprovido de pegmatitos (Grupo
MacaÚbas) e outro, a leste, mais velho e perfurado por pegmatitos, que denan:ina c:crro
Grupo Salinas. .

PADILHA (1976) sugere que o Grupo SaliÍ1as deve representar uma porção
mais metam:5rfica, (outro nível estrutural mais profundo) do Grupo MacaÚbas, colocada
em contactc tectônico, por falha inversa, cem as rochas de mais baixo grau metam:5rfi
co tradicionalmente descri tas CXJICGrupo MacaÚbas. Cpinião esta c::atpartilhada e enfã
tizada por CORREIA NEVES et alo (1982b e 1983). -
FONl'ES et alo (1978) e sCHoBBENHAIJSet alo (1978) assinalam em seus ma-
pas uma extensa falha de eapurrão, designada CCJIOFalha de Taiobeiras por JARDn-1 et
alo (1980), que separa as rochas menos problematicamente atribuíveis ao Grupo Macaú-
bas, daquelas correspondentes ao que COBRA (1970) cha!!Du de Grupo Salinas.
.
SCWBBENHAIJS(1972), VIVEIROS et alo (1978) e DRI.M:lIDet alo (1980) efe
tuaram mapeamentos na região do Rio Vacaria
AIME1DA (1977) considera
-Porte.irinha -
Rio Pardo de Minas.
as rochas do Grupo Macaúbas (cem a extensão
-
da
da à "Foxmação MacaÚbas" por MJRAES, 1932 e 1937, excetuando as litologias correIa=-
cionáveis da região de Jequi.taí - Serra do Cabral) CCJIOdepósitos acumulados, defor-
mados e metaltDrfizados na Faixa AraçuaÍ, durante o Ciclo Brasiliano.
SCIDBBENHAIJSet alo (1981) retiram do Grupo MacaÚbas grande parte das
rochas, pela maioria dos autores, a ele referidas, reduzindo sua área de ocorrência
e criam a "Unidade Proterozóica Gerada ou Retrabalhada no Ciclo Brasiliano", fazendo
referência à sequência xistosa de Araçuai.
KARFUNKELet alo (1981) apresentam, can base em dados estatísticos, 05
principais sistsnas de lineamentos aerofotográficos de ampla área do Médio Jequi. ti-
nhonha.
As datações radianétricas disponíveis (~, 1977) dão ao metaltDrfiSIID da
sequência xistosa.de AraçuaI a idade de 659 + 40 m.a. (Rb/Sr, Rl', 11 ptos, À = 1,47 X
1O-1l anos-I) e a granitos alcalinos pés-tectônIcos, intrusivos nesta sequencia, a ida-
de de 519 + 6 m.a. (Rb/Sr, Rl', 8 ptes).
- CORREIA NEVES et alo (1982c) dem:mstram a natureza intrusiva dos grani-
tóides de Coronel Murta, cujas análisesIrcdais apontam para CCItpOsições, predani.nan-
temente, graníticas e, subordinadamente, granodioríticas.
CORREIA NEVES et alo (1983) classificam os xistos de Virgem da Lapa-
Coronel Murta, can base em suas rrodas, CCJIOfeldspato-quartzo-micaxistos, quartzo-mi
caxistes e micaxistos, do facies anfiOOlito, contendo alraandina, estaurolita, ciani=
ta ou silirnanita, gerados por metaltDrfiSIID regional de tipo Ba.1:'rat1i.ano que, naquela
região, atinge a zona da silirnanita.
As sequências supracrustais da Faixa Araçuai enquad.ram-se no cinturão
metam:5rfico de tipo Barrowiano do sudeste brasileiro (L:EX:>NAROOS & FYFE, 1974).
PEDROSASOARESet alo (1983) caracterizam, pre.liminal:mente, as rochas
calcossilicãticas
chas sejam homfelsitos
scheelitíferas de Coronel Murta
calcossilicãticos fomados
- Itinga e propõem que estas
nas auréolas de metaltDrfiSIID
r0-
de
contato dos plutonitos ácidos.
COSTA et alo (1984) sugerem que as andaluzitas, cordieritas e, pelo me-
nos, parte da sillirnanita dos metapelitos de Itinga foram geradas por metaltDrfiSIID
de contato de baixa pressão.
OS GRUPOS MACAÜBAS E SALINAS NO NORIE DE MINAS GERAIS.

un problema que decorre da extensão dada por MaRAES (1932, 1937) à "For

3.067
mação Macaúbas", no norte-nordeste de MinasGerais, é a não caracterização, até os
dias atUais, da litologia tipica da unidade (os filitos e xistos conglareráticos de
origem glacial) em Ireio à nonótona sequência de xistos que ocorre a leste da Falha
de Taiobeiras. Por este Iresrro noti vo, as correlações propostas entre esta sequência
de xistos e coltmas litoestratigráficas estabelecidas Ca!l referência à canada-chave
de sediIrentos glaciais do Grupo Macaúbas (CORREIANEVES et al., 1978; WAIDE et al.,
1978; DARDENNE& WAIDE, 1979; KARFUNKELet al., 1981) carecem de sup:>rte objetivo.
Neste trabalho optou-se por considerar a::m:J pertencente ao Grupo Macaú-
bas (fig. 1) os pacotes que contém IretassediIrentos cuja origem glacial (marinha ou
terrestre) é inequÍvoca ou, pelo Irel1OS, muito provável.
Assim, além das rochas que SCHOBBENHAUS et alo (1981) mantêm sob a de-
signação de Grupo Macaúbas foi, também, incluida nesta unidade a sequência de xistos
conglareráticos, quartzo-noscovita xistos, quartzitos e xistos verdes que ocorre en-
tre as falhas de Taiobeiras e Grão M:Jgol, desde pouco a nordeste desta cidade até a
sul de Senador M:Jurão.
Estes xistos conglareráticos, can muito J:cas exposições na bacia do Rio
Ventania, apresentam seixos e matacões esparsos, de tamanhos e materiais diversos
(granitóides, quartzito, Iretapelitos, calcário, quartzo) variavelIrente estirados e
rotacionados na xistosidade principal. Matacões sub-angulosos de granitóide e quart-
zito, sem sinais claros de defonnação, têm diârretros até maiores que 50 ano
PFLUG & SCHOLL (1975) acham difrcil explicar a presença dos matacões em
Ireio à matriz pelÍtica dos xistos conglareráticos sem recorrer-se ao transporte por
gelo flutuante e, da Iresma fonna, KARFUNKEL & KARFUNKEL (1975 e 1976) e HETl'ICH
(1977) consideram estes sediIrentos caro glacio-marinhos.
A origem glacio-marinha parece ser, também para os autores do presente
trabalho, a mais plausr vel explicação para a gênese dos xistos conglareráticos refe-
ridos, a despeito de seu estado de defonnação e Iret.amJrfisrro.
Deste m::do, o Grupo Macaúbas, em tenros regionais, pode ser subdividido
em duas unidades (PSm1 e PSm2) cujas litologias constituintes sã0 listadas na figura
l. Estas unidades correspondem aos daninios p€Inb e p::mbl de FCNI'ES et alo (1978). Os
fili tos conglareráticos de PSml e os xistos conglareráticos de PSm2 representam os
sediIrentos glaciogénicos do Grupo Macaúbas (Iretatilitos, no sentido amplo do tenro,
caro alertado por KARFUNKEL& KARFUNKEL,1976).
A sucessão litoestratigráfica entre PSm1 (unidade suPerior) e PSm2 (uni
dade inferior) é tentativa e, em parte, poderia justificar-se pela relação entre es=
tas unidades no anticlinal a leste de Grão Mog'ol, assinalado no mapa de SCHOBBENHAUS
et alo (1981). Além disso, o grau Iretam5rfico exibido pelas rochas de PSm2 é mais
elevado que o observado nas rochas de PSm1. Entretanto, critérios puramente litoes-
tratigráficos que permitam, sem dúvidas, enpilhar PSml e PSm2, parecem não ter sido,
ainda, identificados.
A sequência de xistos, muito frequenterrente bioti ticos, can intercala-
ções de quartzitos, calcários impuros, Iretaconglarerados e rochas calcossilicáticas,
que ocorrem a leste da Falha de Taiobeiras, é aqui. designada caro Grupo Salinas (c0-
BRA, 1970) (fig. 1).
Neste grup:> ainda não foram encontradas evidências de sediIrentação gla-
cial.
. Os sediIrentos glacio-marinhos ap::>ntados por HETl'ICH (1977) nas prax.i.mi.-
dades de Turma.lina e Itamarandiba, situarn-se nas zonas de falhas (FCNrES et al..1978)
que delimitam, a oeste e a sul, o Grupo Salinas.
Os Iretaconglarerados do Grupo Salinas parecem ser, essencialIrente, orte
conglarerados can alta relação sei.xos/matriz (caro aqueles que se encontram entre R!:!
belita e Salinas) o que contrasta can o caráter paraconglarerático dos sediIrentos
glacio-marinhos do Grupo Macaúbas.
As rochas que constituem o Grup:> Salinas estão referidas na figura 1.
No Grupo Macaúbas são observadas, pelo IrenoS, duas fases de defonnação
e recristalização Iretam5rfica (COBRA, 1969; FONTES et al., 1978; VIVEIROS et al.,
1978; DRUMOND et al., 1980; PEDROSASOARES, 1984).
A fase de defonnação, regionalIrente, mais evidente é dada por uma mar-
cante xistosidade de plano axial (Sn) associada ao generalizado dobramento isoclinal,
cujo sentido geral de vergência é oeste. Esta xistosidade principal (Sn), assim caro
a maioria das falhas que cortam o grup:>, tem direções preferenciais a NNE e NS.
OUtra fase de defOI:mação é evidenciada por uma cli vagem de crenulação
(Sn+1) que transpõe, can intensidade muito irregular, a xistosidade principal. Esta
cli vagem de crenulação está associada a um microdobramento assilrétrico da xistosida-
de principal, cujos eixos, no Vale do Rio Ventania, foram Iredidos em N80W can nergu-
lhos baixos.
No Grupo Salinas é provável a existência de três fases de defonnação
(FCNl'ES et al., 1978< CORREIA NEVES et al., 1983; PEDROSASOARESet al., 1983; COSTA

3.058
et al., 1984; PEDBOSA SOARES, 1984).
A fase mais óbvia é caracterizada por uma proem.:i.nente xistosidade (Sn)
a maior parte das falhas que cortam a unidade, tem direçÕes
que, a:::m::> preferenciais
a NE, (exceto na região entre Coronel Murta e Salinas onde a direção preferencial é
NNE, a:::m::> ItOstraào por KARF\JNKEL et al., 1981). Trata-se de uma xistosidade de plano
axial que, provavelmente, não representa a prilreira fase de defonnação.
Restos de charneiras e flancos de dobras isocl.inais intrafoliais, trans
postas pela xistosidade principal (Sn),bem evidenciadas quando se tem intercalações
de calcossilicáticas nos metapeli tos, são perfeitamente identificáveis na região de
-
Virgau da rapa Coronel Murta - Rubelita. COSTA et alo (1984) também referem a exis
téncia de. microdobras isocl.inais deitadas e -transpostas por Sn, que se restringau a
algumas intercalações dos metapelitos de Itinga. Estes fatos indicam que a xistosida
de principal (Sn) transpôs, intensamente, uma superfície Sn-1, cuja natureza (estra=-
tificação?) ainda não se pode precisar. De qualquer fo:cna, o bandamento o::mposicio-
nal, entre porções diversas dos metaIIDrfitos, que é, na maioria dos casos, paralelo
à xistosidade principal (Sn), não deve representar a estratificação original.
U'na clivagau de crenulação (Sn+1) irregularmente desenvolvida, associa-
se ao microdobramento assimétrico da xistosidade principal (Sn) e indica, claranente,
uma fase de defo:cnação posterior áquela que gerou Sn. Os eixos deste microdobramen-
to, no ~o Jequitinhonha, têm direçÕes não só a NNW mas, também, au várias posi-
ções do quadrante NE, não se tendo estabelecido a tendência geral. Os planos axiais
das microdobras têm mergulhos fortes, ao passo que os caimentos dos eixos. são IIOdera
dos a baixes. A macro-estruturação au antifornes e sinfOI!!leS assimétricos, observadã
na região de Araçuaí-Salinas (CORREIA NEVES et al., 1978) deve ter se dado na mesma
fase de defo:cnação que gerou a clivagau de crenulação (Sn+1).
No cX:rnínio das intrusões granitóides do ~o Jequitinhonha observa-se
a defo:cnação local da. macro-estrutura do Grupo Salinas, dada pela confo:cnação saui-
circular das encaixantes, verticalização dos eixos das dobras isoclinais e dos I!Ier9!!
lhos da xistosidade principal, em função do posicionamento dos plutonitos ácidos.

ASPEX::'roS ~ICOS REX:;IOOAIS

Neste ítern busca-se sistematizar os dados, obtidos pelos autores e dis-


poníveis na bibliografia, sobre o metalIDrfisrrc regional dos grupos Macaúbas e Sali-
nas.
Para se tentar uma interpretação do metaItOrfisrrc regional, au ambos os
grupos atentou-se, principa11rente, às associações minerais dos metapeli tos e metapsa
mpeli tos. Além disso, consideraram-se apenas as paragêneses metaniírficas associadaS
à fase mais intensa do metaIIDrfisrrc regional, de que resultou a xistosidade princi-
pal (Sn) por toda a região claramente identificada.
Na unidade P~l' a associação de quartzo + sericita + clorita + carbona
to (calcita) é característica da matriz dos filitos conglaneráticos. AlgunaS destaS
rochas, de o::mposição mais ferruginosa, contêm cloritóide (DRr.M:ND et al., 1980).
Na unidade P~2' a associação de quartzo + ItOscovi ta + bioti ta .:t caJ:bo-
nato + albita/oligoclásio caracteriza a matriz dos xistos conglareráticos. Ainda em
PSm2,- SCHRANKet. alo (1978) descrevem as paragêneses a albita + clorita + epidoto +
.
bioti ta + quartzo dos metavulcanitos básicos.
Estas associações minerais caracterizam rochas metalIDrfizadas, respe~
vamente I na zona da clorita e na zona da bioti ta.
No Grupo Salinas, os quartzo-micaxistos, feldspato-quartzo-micaxistos e
micaxistos apresentam, relacionadas à xistosidade principal (Sn), as seguintes para-
gêneses metaniírficas:

dina)
- quartzo + biotita + andesina/oligoclásio
-+ ItOscovita
-+ granada (~
-+ carbonato (calcita) + estaurolita + cianita;
- quartzo + biotita + andesinã!oligoclásio + ItOscovita + granada (al.ma!l
dina) + carbonato (calcita) + estaurolita + sillimanita.- -
- Estas duas assoCiações mineraIs apontam para rochas metaIIDrfizadas, res
pecti vamente, na zona da ciani ta e na zona da sillimani ta do metaIIDrfisrrc regional
de tipo l3a.rrcwiano.
Desta fo:cna, considerados os grupos Macaúbas e Salinas, em conjunto,.pro
p5e-se a "zoneografia" metaniírfica apresentada na figura 2. -
Em áreas, provavelmente restritas, da mancha de P~l que ocorre a leste
do Supergrupo Espinhaço (fig. 1) é reportada (roNI'ES et al., 1978) a cristalização,
ainda que incipiente, de biotita. Por isso, nesta região de PSml, a "zona" da c10ri-
ta (fig. 2) vem cortada por alguns traços verticais indicativos da "zona" da biotita.
A granada, cristalizada durante a fo:cnação da xistosidade principal, é
descrita (FONTESet al., 1978) em rnu.ito pouccis af10ranentos dos xistos pelÍticos de
P~2' Este fato pode indicar a existéncia de uma "zona" da granada, na área ponti~

3.059
-

da sobre a "zona" da biotita na figo 2.


A expressão "zona" rretam5rfica é aqui utilizada, com certa irrprecisão
relativarrente a sua conceituação original (BARROW,1912; TILLEY, 1925) buscando deli
mitar áreas com predominância de uma dada parágênese :rretarrórfica, uma vez que, provã
veltrente à exceção da sillimanita, as demais iSÕgradas não FOdem, ainda, ser traça=-
das.
Transparece, clararrente, da comparação entre as figs. 1 e 2, que a mai-
ar parte dos lirni tes entre as "zonas" rretarrórficas esboçadas coincide com as delimi-
tações geológicas dos gntpOs Macaúbas e Salinas. Isto acontece porque o grau :rretarrór
fico contrastante foi, em vários trabalhos já citados e pelos autores, utilizado c;r:;:
IID um critério que auxiliou na separação entre .os conjuntos litológicos daquelas un..!.
dades, embora este procedi:rrento careça de maior valor interpretati vo em tenros li to-
.estratigráficos.
Em tenros gerais I a intensidade do :rretarrorfisrro na Faixa Araçuaí aurren-
ta de oeste para leste (AIMEIDA, 1977).
Contudo, se considerado apenas o Grupo Salinas, a estauroli ta é encon-
trada, eventualtrente, de um lado a outro da área de ocorrência desta unidade. A Ire-
nos da "zona" da sillimanita, a cianita distribui-se, também, por toda a extensão do
Grupo Salinas e , talvez, predomine sobre a estauroli ta na :rretade leste do grupo (FO!i
TES et al., 1978).
A sil1.iman.ita (fibrolita) gerada pelo metaIIDrfisrro regional, que se ca-
racteriza por constituir conspícua lineação mineral, só cc:maça a aparecer em aflora-
mentos a nordeste de Virgem da Lapa, prosseguindo, esporadicamente, em direção aos
grani tóides intrusi vos.
Estes fatos indicam que a principal fase metarrórfica regional teve, mais
precisamente, suas temperaturas crescentes segundo um vetor can direção e sentido a
NE, apontando para a região dos p1utonitos ácidos.
Pelo que se conheoe, até o narento, o :rretarrorfisrro regional exibido pe-
las litologias aflorantes do Grupo Salinas não atingiu as temperaturas da anatexia.
Cbserva-se, também, a coexistência de estaurolita com cianita e de es-
tauroli ta can sillimani ta.
Além disso, o estudo das lâminas delgadas IIDStroU que a fo:cnação da fi-
broli ta orientada não se dá pela reação de IIDscovi ta + quartzo = sillimani ta + felds
pato K. Esta fibrolita, algumas vezes, se .fonna às custas da biotita, outras vezes~
os novelos e cristais isolados de fibrolita não apresentam restos do mineral (ou mi-
nerais) de que se geraram.
Cloritóide parece existir nos limites ocidentais do Grupo Salinas (FW-
TES et al., 1978).
Andaluzita, cordierita, e a associação estaurolita-cordierita, não são
encontradas caro produtos do rretarrorfisrro regional. Os dois primeiros minerais são
gerados por metaIrorfisrro de contato nas auréolas de algumas intrusões grani tóides,
caro por exenplo em Itinga (COSTAet al., 1984).
Considerando os fatos relacionados e as paragêneses das "zonas" metarrór
ficas da fig. 2 busca-se, tentati vazrente I representar na fig. 3 as condições de pres
são e temperatura atuantes durante a fase metarrórfica regional mais intensa que afe=-
tou os grupos Macaúbas e Salinas.

Caro resultado de estudos detalhados (PEDRDSASCll>.RES,1984) foi caracte


rizado o metarrorfisrro de contato causado pelas intrusões grani tóides sobre os meta=-
IIDrfitos do Grupo Salinas, na região de Coronel Murta.
Os grani tóides da região de Coronel Murta são, essencialmente, bioti ta-
granitos, IIDscovi ta-granitos e granitos pegrnatóides, não se excluindo terIIDs grana-
diori tos subordinados.
Os grani tos-pegrnatóides representam parte das CÚpulas preservadas dos
IIDscovi ta-grani tos I nas quais observarn-se, eventualmente, fases petrográficas de res
friarrento rápido nos contatos bruscos entre o granitóide e a encaixante. Nenhum si-
nal de cataclase foi identificado nestes contatos.
Cbserva-se, também, que a orientação incipiente das micas dos granitói-
des tende a seguir a gearetria dos corpos, sendo ora concordante ora, nitidarrente,
discordante da xistosidade das encaixantes.
Estes fatos, associados a outros referidos por CORREIA NEVES et al.,
(1982c e 1983) indicam o caráter pós-tectónico . de alguns granitóides e, provaveltren-
te, tã:rdi -tectônico para outros.
Tanando-se em conta as datações radianétricas realizadas por sA (1977),
é plausível pensar que o metarrorfisrro de contato ocorreu cerca de 100 m.a. após o
clímax do metarrorfisrro regional. Isto significa que as rochas que hoje se vê encai-

3.060
caixando os granitóides, inclusive cem exposição de cúpulas e "roof-pendants", já ~
viam sido metancrfizadas no fades anfiboli to quando sofreram os efeitos téDnicos e/
ou Iretassanáticos de contato e, portanto, suas associações minerais eram bastante re
fratárias para oostrar, de oodo claro, as transfoJ:mações observadas nas auréolas &
contato clássicas descritas na literatura (HARKER, 1932; 'IURNER, 1981; WILLIAMS et
alo, 1982). Tal fato é, especialmente, atestado pela evidente preservação de estru-
turas originadas no IretalIDrfisoo regional mesoo quando, cc::m::>se observa na região de
Itinga (COSTAet al., 1984), a rocha torna-se repleta de porfiroblastos de andaluzi-
ta, ou c:ordierita.
As transfo~ sofridas pelas. rochas do Grupo Sal.i.nas, nas auréolas
de contato dos plutonitos acidos de Coronel Murta, são de natureza zretassanática
(tumali.nização e feldspatização) ou, são evidenciilnéls por reações zretanDrficas pro-
gressi vas que se restringem àquelas auréolas.
Os prccessos zretassanáticos de contato são evidenciados pela intensa
tumali.niz~ dos quartzo-biotita-nos<DVi. ta-plagicx:lásio xistos, dos quartzo-bioti-
ta-plagiCX:lasio-carbonato xistos e, mais raramente, das rochas calcossilicáticas gra
nauferas. A tuDnalina verde, fort:em:nte pleocróica, substitui a biotita destas ro=
chas e, errtJora possa apresentar orientação mimética concordante cem a xistosidade
principal, é canum distribuir-se caoticaI'le'lte pela rocha.
A feldspatização é atestada pelo aparec:ilrento, nos zretapeli tos, de poi-
quiloblastos pÕs-cinemáticos de micrcx:lina, que digere micas, quartzo e plagioclá-
sio, e, macroscopicaI'le'lte, são vistos cc::m::> nódulos brancos não maiores que O, Sem. Os
minerais da matriz constituem inclusões orientadas, em continuidade cem a xistosida-
de, no interior dos cristais de micrcx:lina. A xistosidade, por sua vez, não se con-
foD'M aos poiquiloblastos de micrcx:lina envolvendo-os, "lineaI:Il'le11te", sem evidenciar
efei tos dinâmicos. Algumas vezes, a feldspatização é tão intensa que a rocha passa a
ser carposta, majoritariamente, de micrcx:lina cem inclusões dos demais minerais.
As reações zretamórficas prcgressi vas, provocadas pelo calor emanado dos
plutoni tos, foram reconhecidas em rochas calcossilicáticas granauferas, quartzo-
plagicx:lásio-bioti ta-txn:nblenda-carlx:n1ato-xistos, quartzo-bioti
.
t;a-m:)scovi ta - plagio-
clásio-xistos e quartzitos inpurcs.
As rochas calcossilicáticas são, em t.entcs gerais, carpostas por propor
ções mui.to variadas de quartzo + andesina + hornblenda + diopsidio + granada + clinõ
zoisita ou pistacita + t.re!!Dlita ou t.re!!Dlita/actinolita + titanita + clorita. NelaS
observa-se a :inequÍvoca substituição da hornblenda pelo diopsidio, quando as extremi
dades das seções basais do anfitólio são .pset.X3atcrfizadas pelo clinopiroxênio, ou
quando este mantém inclU5Õesdifusas de restos de hornblenda. Esta substituição só
se verifica nas proximidades dos grani tóides, aliás, as rochas calcossilicáticas da
região de Virgem da lapa, distantes das intrusões ácidas, não contém diopsidio (PE-
DIDSA SOMES, 1981). A textura das rochas calcossilicáticas é, quase invariavelmente,
granoblástica poligonal, cem junções triplices entre os grãos da matriz quartzo-
feldspática, errtJora uma fraca orientação dos anfibÓlios seja, algumas vezes, ob~
da. A trenclita/actinolita, can hábito fibroso; a cli.nozoisita, que constitui textu-
ra diablástica; o epidoto (pistacita), a clorita e parte do carbonato, são os mine-
rais de alteração metamórfica fOJ:IMdos a partir da mineralogia essencial das rochas
calcossilicáticas' (PEDIDSA SOARESet al., 1983).
Nos quartzo-plagicx:lásio-bioti ta-hornblenda-carbonato-xistos que, muito
próxino aos contatos igneos p:x3em assumir estrutura gnaÍssica, observa-se a substi-
tuição da biotita pela hornblenda em reação que, ce.rt:.aroonte, envolve o carbonato e
libera, <::em:)um de seus produtos, a titanita. Esta substituição pode ser tão intensa
que, junto aos contatos intrusivos, a biotita é praticaI'le'lte eli1ninada, restando em
pa1.hetas esparsas, ou cc::m::>restos de limites mal definidos no interior da hornblenda.
Estes xistos (ou "gnaisses") apresentam, eventualmente, nódulos e filetes carpostos
por quartzo, andesina/oligoclásio e feldspato potássico, no zreio dos quais se veêm
segregações de hornblenda, constituindo o que MEHNERl' (1971) chama de "fleck struc-
.
ture".
Os quartzo-bioti ta-ooscovi ta-plagioclásio xistos, além do evidente end~
recizrento da rocha, oostram recristalização desordenada de biotita, cujos aglarera-
dos de palhetas, lcx:a1mente, configuram textura decussada. A recristalização da mica
tende a apagar a lineação mineral dada pelos filossilicatos, nas proximidades das in
trusões grani tóides. -
Os quartzitos inpurcs, que afloram, por exe!!;)lo, nas encostas da chapa.-
da a oeste e noroeste de Coronel Murta, cuja mineralogia geral é constituida por
quartzo, micas, opacos, feldspatos' e algum carbonato, nas vizinhanças das intrusões
tendem a conter tre!!Dli ta e diopsidio. Além disso, a textura foliada, can grãos esti
rados de quartzo, observada alhures, torna-se, nas proximidades dos contatos intrusI
vos, granoblástica poligonal a:::m junções triplices. Identifica-se, claramente, a subs
tituição do carbonato pela treoolita, em zreio à matriz quartzosa. E, também, a subs=-

3.061

--.------
--

. .
tituição da trerrolita pelo diopsídio.

DISCUSSÃO

Se consideraJ:m:Js que os níveis inferiores do Grupo Salinas devem ter so


frido processos anatéticos, o que parece não ser reconhecido em suas li tologias ex::
postas, a curva MR (fig. 3) prosseguiria até cortar a curva G, representativa das P
e T mínimas para o início ja fusão granítica. Processos anatéticos sofridos pelo em-
basarnento das sequências supracrustais da Faixa Araçuai, ocorridos durante a fase me
tarrórfica principal, a cerca de 650 m.a., também levam a curva MR a cortar a curva G
(fig. 3). Entretanto, buscou-se representar apenas as condições de P e T que se p0-
dem inferir a partir do estudo das rochas aflorantes dos grupos MacaÚbas e Salinas.
As pressões mínimas para traçar a curva MR (fig. 3) decorrem de não se-
rem observadas a andaluzi ta, a associação estauroli ta-cordieri ta e a formação de sil
limani ta às custas de rroscovi ta e quartzo, nas paragêneses minerais geradas pelo me-
tarrorfisrro regional. Mas a presença de fibroli ta orientada, reconhecida c::aro produto
do metarrorfisrro regional, força a curva MR a cruzar, em algum ponto, a curva de es-
tabilidade entre cianita e sillimanita. Tanando em conta o trabalho de LEX:NAROOS&
FITE (1974) assumiu-se o gradiente geotéI!!li.co de 30oC!km, para a curva MR (fig. 3) o
que é, perfeitamente, canpatível can os valores apresentados por MIYASHIRO (1973) e
TORNER (1981) para cinturões metarrórficos de tipo Barrowiano.
AD. contrário da região de Itinga (COSTAet al., 1984) o metarrorfisrro de
contato nas auréolas dos grani tóides de Coronel Murta não acarretou a formação de ~
daluzita e cordierita. Os "cordierita-xistos" citados por KARFUNKELet alo (1981), a
nordeste de Coronel Murta, não foram encontrados (MJNI'EIRO, 1979; CORREIA NEVES et
al., 1982a e 1983; PEDROSASOARES, 1984).
- Minerais cc::.rrn.msnas auréolas de contato sobre rochas calcossilicáticas,.
c::aro wollastonita e vesuvianita, também não foram identificados.
A ausência de andaluzi ta e cordieri ta nas auréolas dos grani tóides de
Coronel Murta indica que estes plutoni tos consolidaram-se em rreio a encaixantes sub-
metidas a pressões acima de 3,5 kb (HOIDAWAY,1971; RICHARDSCN, 1968; TORNER, 1981).
 profundidade correspondente à pressão de 3,5 1<b a temperatura inicial das encai-
xantes devia encontrar-se em tomo dos 300°C, quando c::cmeçou o aquecimento provocado
pelas intrusões.
A formação do diopsídio, às custas de trerrolita, quartzo e calcita, nas
proximidades dos contatos intrusivos, deve ter se realizado a cerca de 600°C, uma
vez que a curva de equilíbrio da reação tende a tornar-se assintótica a esta isoter-
ma a pressões acima de 3,5 kb (TORNER, 1981, p. 121).
Até o nanento não se verificou a formação de sillimanita, resultante da
reação entre rroscovita e quartzo, mesrro na contato direto entre granitóides e me~
litos de Coronel Murta, o que indica temperaturas inferiores a 650 e 700°C, consio.e::
radas pressões entre 3,5 e 6 kb (fig. 3).
Em conclusão, é possível que o rretarrorfisrro de contato na região de C0-
ronel Murta não tenha atingido temperaturas máximas acima de 600-700°C e tenha se da
do a alguma profundidade entre 10 e 15 Jan. -
Estes valores rnáxim::>s da temperatura inicial de contato, considerando
intrusões graníticas em encaixantes pelito-psarníticas e calcossilicáticas já aqueci-
das a mais de 100°C, são canpatíveis can o previsto pelos II'CIdelos teóricos (JAEGER,
1957, 1959) ou empíricos (WILLIAMS-JONES, 1981).
Do exposto neste trabalho e por COSTA et alo (1984) conclui-se que, no
Médio Jequitinhonha, o posicionamento dos plutonitos ácidos se deu a profundidades
bastante diversas, entre um mínirro provável de 5 Jan (região de Itinga) e um rcáxino
entre 10 e 15 Jan (região de Coronel Murta) .

Este fato poderá vir a ser um importante dado para explicar as diferen-
ças metalogenéticas entre os distritos pegmatíticos da região (GINZBURG,1960; à:RNY,
1982). Mais especificamente, entre o distrito litinífero de Itinga-Araçuai, associa-
do a intrusões granitóides relativamente mais rasas e os distritos (ou distrito) can
preendidos
tio,
entre Virgem da Lapa
relacionados a intrusões
- Coronel Murta
mais profundas.
- Salinas, pobres em minerais de ti::

AD QD?q e CPq-UEM; pelos recursos financeiros.


ADs professores A.G. COSTA e C.A. ROSrt:RE pelas discusSões e sugestões.
As estudantes Cibele T. de Carvalho, Mariela Martins e M. Cristina Ri-
beiro (bolsista de IC, CPq-UEM;) pela dedicada ajuda a A.C. Pedrosa Soares nos traba.
lhos de caI!1IXJe laboratório. -
- Â datilógrafa Maria Teresa Ganes e Souza e ao desenhista Frederico Rosa
e Silva.

3.062
.
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3.065

u___
----
FIG.l
MAPA GEOLOGICO DO CENTRO-NORDESTE DE MINAS GERAIS.
(SIMPLIFICADO E MODIFICADO DE SCHOBBENHAUS et ai. 1.981)

TERCIARIO COBERTURAS DETRÍTICAS


'"

PP't GRANITÓIDES 'NTRUSIVDS


---- CONTATO GEOLÓGICO,INFERIDO
,lADO
SE TRAC~

PSb GRUPO BAMBU" FALHA DE EMPURRÃo ou INVERSA ,lNFEfIJ


PROTEROZÓICO
DA SE TRACEJADA
SUPER IOR "~ITDS CONG~OMERATICOS (METATI~I
TDS~QUARTZITOS, RITMITOS, FI~ITOS-
XISTOS CONG~OMERÁTICOS (METATILI
TOS),QUARTZO-MOSCOVITA ,XISTOS, XIS-
- --- FA~HA INDISCRIMINADA
~aDA
,INFERIDA SE TRA
-
EIXO DE ANTlC~INA~ REVIRADO COM CAJ
TOS E QUARTZITOS HEMATITICOS,XIS1tJS ., )
VERDES, META-RIOLITOS MENTO I NDICA DO

PROTE ROZÓICO
MEDIO o PMe SUPER GRUPO ESPINHAÇO

N
QUARTZO- MICAXISTOS, FELDSPATO-QUAB
'UNIDADE PROTEROZÓ'CA TZO-MICAXISTOS, MICAXISTOS, XISTOS E
j
,
GERADA OU RETRABALHA QUARTZO-XISTOS CARBONÃTlCOS,QUAR
DA ND CIC~O BRASI~IANÕ" T:ITOS, cALcARIOS, XISTOS GRAFITOSOS
METACONGLOMERADOS, ROCHAS CALClOS W~O~E
SI~ICÁTICAS -
S

-
PRÉ CAMBR IANO
INDIFERENCIADO
GRANITÓIDES HOMÓFANOS ou ORIENTA
DOS ~OC~MENTE COM GRANADA, SI~I:
MANITA E CORDIERITA
o CIDADE
~ HIDROGRAFIA

ARQUEANO MIGMATITOS, GNAISSES, GRANU~ITOS

(tZ2 CHARNOCKITOS)

3.066
FIG.2 DISTRIBUiÇÃO ESQUEMÁTICA DAS .ZONAS' METAMÓRFICAS NAS ~REAS
OCUPADAS PELOS GRUPOS MACAÚBAS E SALINAS NO NORTE DE
MINAS GERAIS.

o ~o

E:::d ZC
.ZONÂ DA CLORITA

~. Z8 'ZONA OA BIOTITA

~ZK 'zoNÂ DA ClANITA (COM GRANADA E ESTAUROLlTA)

~ZS 'zONÂ DA SILlMANITA (COM GRANADA E ESTAUROLITA OCASIONAIS)

-"-.- LIMITE OAS ZONAS

COBERTURAS OETRíTICAS

2 GRANITÓIOES INTRUSIVOS.

3 GRUPO BAMBUí (REGiÃo 00 CRATON 00 SÃO FRANCISCO)

4 UNIDADE PSm, DO GRUPO MACAÚBAS

5 UNIDADE PSmz DO GRUPO MACAÚBAS

6 SUPER GRUPO ESPINHAÇO (E SEU EMBASAMENTO)

7 GRUPO SALINAS

8 EMBASAMENTO ARQUEANO E GRANITÓIDES 00 PRÉ.CAMBRIANO INDIFERENCIADO DO LESTE DA

FAIXA ARAÇUAI

3.067

----.---..
--
---~_._-

...

"
a.'

o
N
:z:
a.

.00
- 000 110O 100 000

Fig. 3: Representação das condições de P e T durante


a fase metamórfica principal que afetou os
grupos Macaúbas e Salinas (curva MR). Todas
as demais curvas foram compiladas em TURNER
(1981). Estabilidade dos A12SiOs segundo HOL
DAWAY (1971). Curva G representa P e T mini=
mas para o inicio da fusão granltica. Curva
X representa o limite, tentativo, para a es-
tabilidade das associações naturais de esta~
rolita-cordierita. A = andaluzita, Aro= ~
dina, Ch = cloritóide, Co = cordierita, K ~
caolinita, KF = feldspato potássico,Ky = cia
nita, Mo = moscovita, P = pirofilita, Q ~
quartzo, St = estaurolita, Sil = sillimanit~

3.068
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

OS TERRENOS METAMORFICOS DE Ma:DIO E ALTO GRAU DO PRa:-CAMBRIANO


DE SANTA CATARINA

Luiz ~rlos di Silva


Secretaria da Indústria e do Comércio SC/CODISC
Ge610g0 da Cia. de Pesquisa de Recursos Minerais a disposição do
Governo do Estado de Santa Catarina
.

ABSTRACT

This work is aimed in presenting an up-to-date review on the high and


medium grade metamorphic sequences of the "Catarinense" shield in the
Santa Catarina State, Brazil.
In here, the high-grade metamorphic rock formations belonging to the
"Complexo Granulítico de Santa Catarina" are redimensioned in terms of
origih, evolution, limits, tectonic and structural behavior and policy
clic evolution. In this sense, the whole structure is considered as an
Archean mobile belt, the Joinville Mobile Belt.
As for the medium-grade metamorphic sequences, a reinterpretation of
the "Complexo Metamórfico Migmatítico de Santa Catarina" is introduced
showing a considerable lesser cartographic expression in relation to
the previous works. The terrains, described as a series of remobilized
old nucleous are here designated as "protocratons" some of them bear:i.rq
volcanic-sedimentary sequences of the greenstone belt type, locally aE
pointed as the Itapema, são Francisco, Pien, Porto Belo and Nascente
de Três Riachos Protocratons, besides the Garopaba and Santa Rosa de
Lima Granitic Gneissic Cores.

1 - INTRODUÇÃO

Os terrenos metamórficos de mêdio e alto grau do Escudo Catarinense


devido a sua natureza Dolifásica,~~ excelentes referenciais
da história evolutiva da crosta mais primitiva do Estado.
~ornados pr~dominantemente por gnaisses granulíticos, constituem
localmente remanescentes de núcleos migmatíticos polifásicos.
O presente artigo .consiste . em uma síntese regional de trabalhos
pertinentes a estes terrenos, que deverá compor um texto anexo ao MAPA
GEOLOGICO DE SANTA CATARINA (E=l/SOO.OOQ) recentemente publicado pelo
Convênio Secretaria da Indústria e do Comércio/DNPM (Awdziej e~ alo
1984) .
2 - COMPLEXO GRANUL!TICO DE SANTA CATARINA

2.1 - GENERALIDADES
O Complexo Granulítico de Santa Catarina (Hartrnann e~ al.1979), consti
tui-se, presentemente, na entidade geotectónica do Escudo Catarinense
sobre a qual persistem as menores restrições quanto a seu posicionamen
to cronoestratigráfico, limites, origem e evolução. -
Para tanto, contribui a caracterização petrográfica de seu diversifica
do espectro lito lógico que inclui, além dos gnaisses hipersténicos
quartzo-feldspáticos amplamente dominantes, as seguintes associações
ultramafitos, gnaisses calcissilicáticos, kinzigitos,. anortositos,quaE
tzitos, eventualmente fucsíticos, formações ferríferas (Hartrnann ~ alo
1979:Silva e Dias, 1981).
Tais associações permitiram a Silva e Dias (1981) formularem a hipót~

3.069

.-----
-----

se de urna origem complexa para estes terrenos, incluindo: magmatitos


infra e/ou supracrustais (granulitos máficos-ultramáficos); metassedi-
mentos (gnaisses calcissilicáticos, kinzigitos, quartzitos fucsíticos,
formações ferríferas), além de associações infracrustais diversas do
tipo granito/migmatito (gnaisses granulíticos quartzo-feldspáticos) .
O tipo bárico de metamorfismo que afetou o cinturão foi de baixa (P/T).
O padrão de coloração cinza-esverdeada é uma das características mais
persistentes, regionalmente.

2.2. - PADRÃo ESTRUTURAL


A nível regional, pode-se presentemente distinguir três fases deforma-
cionais superimpostas. A primeira, generalizada por toda a área afIo -
rante, mostra um padrão de dobramento aberto, com foliação (SI) de ba~
xo e médio ângulos.
A segunda fase, observável especialmente nas extremidades sul e leste
da unidade, é de natureza isoclinal fechada, acompanhada de intensa
blastomilonitização e transposição, resultando urna foliação (S2) de a!
to ângulo. Pode-se constatar urna terceira fase deformacional em áreas
isoladas, próximas ao limite sudeste da unidade (Silva e Dias, 1981).
Trata-se de uma foliação (S3) de natureza cataclástica, também subver-
ticalizada, transpondo as duas anteriores porém, acompanhada de inten-
sivo retrometamorfismo dos gnaisses granulíticos à 6a~~e~ xisto-verde
(blastomilonitização de epizona). (Ver tabela 1).
A nível m~e~oSab~~ea, a superfície S2 corresponde a urna estrutura de
fluxo milonítico, que contorna perfiroclastos arredondados, especial -
mente de ortoclásio pertítico. Tal estrutura caracteriza a rocha resul
tante corno um gnaisse granulítico facoidal. -
Sobre estas direções, desenvolve-se, posteriormente, urna fase estática
de metamorfismo, com recristalização de quartzo discoidal e "ribbon" ,
além de extensiva poligonização de catazona.
A superfície S3 é caracterizada por uma xistosidade espaçada submilime
tricamente, acompanhada por recristalização tectõnica a nível da Sa=
eie~ xisto verde, bem corno poligonizaçâo de epizona. Em conjunto, re-
sul~a de fenõmenos de diaftorese e degranutilizaçâo os quais afetam
igualmente as supracrustais adjacentes.

2.3 - MIGMATIZAÇAO

Superimposta à todas as estruturas, ocorre em áreas localizadas, corno


na região de Penha-Picarras,fenõmenos de permeação e injeção granítica
de distinta coloração rósea contrastante com os tons cinzentos dos
gnaisses granulíticos. Trata-se de "lentes", "camadas", "olhos" ou
veios de material neossõmico granítico ou feldspático, de uma maneira
geral concordantemente desenvolvido sobre o paleossoma granulítico ,
constitui~do um processo de migrnatizaçâo de injeçâo (Silva e Dias,1981)

2.4 - GEOCRONOLOGIA

o padrão geocronolõgico do complexo foi definido através de uma série


de trabalhos ( Bartoreli et ai.19G8; Minioli, 1972; Cordani, 1974; Gi-
rardi et alo 1974; Hatmann et al.1979; Teixeira e Kaul, 1982). Utili -
zou-se o método K/Ar em distintos minerais e em rocha total. A eles so
maram-se um número razoável de datoções Rb/Sr isocrõnicas, cujo conjun
to revela a existência de núcleos de idades arqueano-inferior (pré-Je
quié), preservados principalmente na região de Barra Velha. Valores
isocrõnicos em torno de 2.G b.a. presumivelmente associados ao evento
Jequié têm uma distribuição ampla por todo o complexo.
No intervalo 1.8 a 2,2 b.a. são assinalados diversos resultados, tanto
- do
Rb/Sr isocrônicos quanto K/Ar, os quais refletem a influência
Transamazõnico. Finalmente existem assinalados diversos resultados
K/Ar no intervalo do denominado Ciclo Brasiliano, distribuídos em
áreas localizadas. Embora não exista nenhum trabalho de análise estru-
tural que dê suporte a uma generalização mais segura pode-se admitir
que a superfície planar S, tenha relação direta com o episódio princi-
pal de rehomogeneização no Ciclo Jequié; a superfície S2 de transposi-
ção, deve ter sua origem ligada ao Ciclo Transamazônico; finalmente, a
superfície S3, pode ser atribuída ao Evento Brasiliano, embora nesse
caso, a margem de segurança da inferência seja menor.
3.070
o caráter policíclico do complexo, atestado pela coerência petrográfi-
ca dos litossomas nos três ciclos sucessivos, permite inferir-se uma
evoluçáo ensiálica para a unidade.
Vale a pena ainda assinalar, a boa correlaçáo entre as sucessivas fa -
ses deformacionais/metamórficas observadas em se, sintetizadas na Tabe
la 1 e a história evolutiva de complexos similares, situados mais seten=
trionalmente no einturão paraíba (01iveira,82) ou no Bloco Itabuna (Oli
veira et ai. 1982; Mascarenhas e sá, 1982), ambos também componentes
do einturão Granulítico Atlãntico.

TABELA

Esboço tectonicos e ~gneos no cinturao


ranulítico
evetos prováveis ciclos
eventos tectônicos
ígneos idades geotec~
nicos

plutono4'Ul
canismo aI
calino;mi§:
matização fase tensional 570(?) Brasili
arterítica 700(?) ano
e blastese
K-feldspá-
tica

blastomilonitização de epizona;
decharnoquitizaçáo; recristali- 700 (?) Brasili ilva e Dias
zação de assembléia da facies 1000 (?) ano (1981)
xisto-verde (diaftorese)

blastomilonitização de catazona
(granulitização); dobramentos
(D2) isoclinais fechados, pla - 1800 Transa- ilva e Dias
no~ axiais (s~) subverticaliza- 2200 mazôni- (1981)
dos; transposição completa su- co
perfície S1

dobramentos (D1) abertos com s~ 2700


perfícies axiais de mergulhos 3500 Jequié
fracos a moderados.

vulcano-plu
tonismo :3500
"primiti (1974)
vo" (1974)

A configuração organizacional do cinturáo como um todo, detalhada no


quadro acima, embora só tenha sido recentemente definida, já ensejava,
quando da definição e delimitação do complexo (Hatmann et ai. 1979)que
os autores o classificassem enquanto entidade geotectônica como uma
estrutura arqueano do tipo "mobile belt" no sentido restrito com que o
termo é utilizado a partir de Anhaeusser et ai. (1969).
O caráter policíclico deste "mobile belt" é fornecido por suas associa
çóes líticas, que exibem uma longa e complexa história evolutiva, con=
tida em um intervalo temporal não inferior a 3 b.a., antes da aquisi -
ção de sua atual configuração ao final do Proterozóico.
Semelhantemente ao que se conhece da história de entidades homólogas
tanto no Brasil quanto na África principalmente, representa zonas li ~
neares da crosta as quais, uma vez mobilizadas, jamais teriam readqui-
rido sua estabilidade cratônica pré-tectônica. Fato que segundo auto -
res como Fyfe e Leonardos (1974) teria influenciado os processos de se
paração das massas continentais da América do Sul/África, com a abertu

3.071

--,,_._-----
"--'---..-..
ra do Oceano Atlântico, já no Mesozóico.

2.5 - LIMITES

Na definição geral (Hartrnann et ato 1979), os limites do cinturão coin


cidiam em Santa Catarina com os do "Maciço Mediano" de Joinville de
Hasui et ato (1979). Desta forma, além das coberturas da Bacia do Pa-
raná e do Oceano Atlântico a oeste e leste respectivamente, o cinturão
de disposição submeridiana, teria corno limite meridional a cobertura
"eopaleozóica" da Bacia do Itajaí. Por outro lado, sua extremidade se-
tentrional ultrapassaria a divisa estadual SC/PR.
Posteriormente (Silva e Dias, 1981), caracterizaram na extremidade nor
deste do Estado, uma expressiva faixa de terrenos migmatíticos separa=
dos do cinturão granulítico por uma zona de cisalhamento, o Lineamento
Garuva de direção N30OW. (Ver figura 1).
Kaul (1980} Kaul e Teixeira (1982), preconizaram uma área muito mais
restrita para os terrenos granulíticos em Santa Catarina. Isto em fun-
ção da suposta existência de um limite de direção N450E, que passando
pelo "Graben" de corupá, separaria os terrenos granulíticos a sul e
terrenos retrabalhados (migmatíticos), situados a norte.
Esta zona de contato de dois blocos crus tais distintos, que serviria
segundo aqueles "autores para demarcar o extremo setentrional do "Cra -
ton" de Luiz Alves, não encontra até o presente suporte "em observações
de campo, em qualquer escala. Ao contrário, o cinturão granulítico ul-
trapassa o suposto "limite", estendendo-se conspicuamente ao redor da
Bacia de Campo Alegre à qual serve de substrato e que acha-se situada
ao norte do limitei alcança inclusive o Estado do paraná, incluindo o
Complexo Máfico-Ultramáfico de Piên (o qual encontra-se ainda contido
no âmbito do cinturão móvel de alto grau).
Já o limite meridional do cinturão que originariamente era tido corno
coincidente com o bordo da Bacia do Itajaí, onde iniciaria a "Faixa de
Dobramentos" Tijucas de Hasui et ato (1975), na verdade transgride es-
te limite, aflorando no interior da "Faixa de Dobramentos" no outro
bordo da Bacia e separando a mesma do Cinturão Vulcano-Sedimentar Rio
Itajaí-Mirim. Embora nesta região de contatos tríplices, as repetidas
fases de blastomilonitização de epi e de catazona, seguidos de migmati
zação arterítica, injeção granítica, decharnoquitização, blastese K=
feldspática, tornem sobremaneira difícil a discriminação entre: gnai~
ses facoidais de derivação granulítica ou migamtítica, xistos verdes
de ascendência granulítica "hartschiefers" ou xistos verdes supracrus-
tais (Silva e Dias 1981).
Esta megazona de cisalhamento, constitui a zona Rúptil Itajaí-Gaspar de
orientação N450E, a qual foi afetada por processos de cisalhamento re-
gional suficientemente energéticos para rotacionar as pretéritas estru
turas submeridianas do cinturão, em cerca de 300. Consequentemente ~
transformou em "concordante" por transposição, os contatos do cinturão
com a seqüência vulcano-sedimentar de cobertura. Esta concordância es-
trutural, no entando desaparece a medida que se afasta poucos quilome-
tros para fora da zona de transcorrência.
Tais características têm como consequência, a impossibilidade - aos ní
veis atuais de conhecimento - do estabelecimento de correlações entre
as histórias evolutivas dos blocos crustais de baixo, médio e alto
grau, postos em justaposição no interior da zona rúptil. Tais restri -
ções deverão persistir enquanto uma estimativa adequada da magnitude
dos movimentos envolvidos nos deslocamentos crustais, não puderem ser
obtidas. Para estes objetivos, levantamentos gravimétricos regionais
deverão ser instrumentos indispensáveis nos futuros trabalhos de pes -
quisa.
Somente utilizando-se estes instrumentos poderemos explicar o "gap" me
tamórfico aparente, ocasionado pela justaposição dos terrenos de baixo
grau do cinturão Vulcano-Sedimentar e do Cinturão granulíticoi "gap" es
te, representado por uma seção crustal não inferior a lO.OOOm de espe~-
sura. Tendo em consideração a configuração, bem corno, os limites do
cinturão móvel granulítico coincidirem aproximadamente aos do "Haciço
Mediano" de Joinville, e, aproveitando-se este topônimo largamente uti
lizado na literatura geológica do sul do País, propomos a ~esignação
informal de "Cinturão Hóvel de Joinville" para toda a extensao dos
terrenos de alto grau metamórfico do Escudo Catarinense.

3.072
3 COMPLEXO METAMÓRFICO-MIGMAT!TICO DE SANTA CATARINA

3.1 - INTRODUCAo
O Complexo Metamórfico-Migmatítico de Santa Catarina (Trainini et ai.
1978)é reapresentado pelos terrenos de médio grau metamórfico, envolvi-
dos por processos sucessivos de reestruturação palingenética, ou por
granitos-gnáissicos de natureza diversa.
Em decorrência de fatores tectônicos erosionais, mas principalmente
por efeito de sua posterior invasão pcir granitóides anorogênicos.. a
expressão cartográfica destes terrenos é extremamente fragmentária
constituindo núcleos isolados (Núcleo de Crosta Antiga Remobilizados
Silva, 1983, a), em geral portadores de restos de sequências supracrus
tais de baixo grau metamórfico. -
Na verdade, são restos de terrenos predominantemente de médio grau me-
tamórfico, intensamente remobilizados e afetados por extensiva granito
gênese proterozóica e por processos policíclicos de deformação, sem
que estes fatores tenham, no entanto, causado a perda total de sua pre
térita configuração tectônica. E neste sentido, a designação de "proto
cratons" -
aqui proposta - é adequada para sua caracterização, enquan=
to entidades geotectônicas.
Os trabalhos recentemente desenvolvidos, para a elaboração do Mapa Geo
lógico de Santa Catarina, na Escala 1/500.000 ~wdziej et ai. 1984h de=
monstraram, que a extensão aflorante de rochas migmatíticas que com-
pôem estes núcleos, ocupam áreas muito mais restritas do que os traba-
lhos anteriores preconizavam.
Dois destes núcleos mais setentrionalmente posicionados são separados
pelo cinturão móvel granulítico ( Pratocratons de sáo Francisco e de
Piên). Os demais localizam-se no bordo sul do cinturão Vulcano-Sedimen
tar do Rio ltajaí-Mirim ( protocratons de Itapema, Nascente de Três
Riachos) .
Em funçáo da extrema diversidade petrográfico-estrutural, e dos distin
tos graus de conhecimentos disponíveis sobre cada um deles, sua aborda
gem é feita separadamente.
Emfunçáo dos repetidos processos, de reestruturaçáo paling~tica, blas
tese K-feldspática e principalmente injeção granítica ocorrida ao fi =
nal do Proterazóico, as dataçôes geocronológicas destes núcleos, têm
refletidos valores dentro do intervalo do denominado "Ciclo Brasiliand'
Somente no protocraton de Itapema, puderam ser obtidos até o presen-
te valores seguramente pré-brasilianos (ver discussáo adiante).

3.2 - PROTOCRATONDE ITAPEMA


A presente unidade foi descrita por Kaul (1976) que a denominou de
"Migmatitos e ~ranitos Anatéticos". Ocupa toda a porção litorãnea en-
tre os Balneários de Itapema e Camboriú, estendendo-se daí por alguns
poucos quilômetros para Sudoeste. Sua extensão aflorante, situa-se em
torno de 20 km~.
Trata-se de migmátitos polifásicos (polimigmatitos) com paleossoma de
composição predominantemente anfibolítico e também por gnaisses biotí-
ticos, piroxeníticos e mesmo por antigos migmatitos com estruturas es-
tromáticas. Todos est~s litossomas paleossomáticos encontram-se em
equilíbrio na óae~e~ anfibolito. Exibem forte bandamento gnáissico,bern
como uma conspíqua faliação, milimetricamente espaçada. As principais
estruturas megascópicas são do tipo estromáticas, dictioníticas, flebí
ticas e dobradas. A principal característica de campo desta unidade e
a alternância de bandas centimétricas de material paleossomático e ma-
terial neossomático. O neossoma associado, por sua vez, é constituído
por um granitóide cinza de composição granitica e tonalitica, foliado,
com granulação média. Este granitóide em toda sua extensão aflorante ,
mostra-se enriquecido em enclaves xenolíticos, subarredondados, diver-
samente orientados, de dimensões decimétricas, compostos principalmen-
te por piroxenitos e, mais raramente, por formações ferríferas banda -
das.
Localmente, o neossoma granítico exibe estruturas nebulíticas e schilie
ríticas.Embora o material neossômico ocorra em geral em estreita asso~
ciação com o material paleossomático, pode localmente como na região
litorânea situada a norte de Itapema, constituir um corpo homogêneo. ,

3.073
.--

destituído de remanescentes paleossomáticos, quando adquire uma 6aeie~


granítica, embora com forte foliação.
Apesar deste conjunto litológico já ser mapeado na escala de semi-deta
lhe, a natureza dos processos envolvidos em sua evolução não estão bem
claros, excetuando-se o seu caráter policíclico. Desconhece-se, por
exemplo, detalhes referentes à interação neossoma/paleossoma. Na maio-
ria dos casos, parece haver contatos térmicos (intrusivos)ficando evi-
denciado, então, processos de migmatização de injeção. Mais raramente,
parece existir o envolvimento de processos de anatexia, com divisão do
paleossoma em leucossoma e melanossoma, justapostos no contato com o
material paleossomático. Fenónenos de metassomatose são frequentemente
observados com o desenvolvimento de porfiroblastos de microlínio. Em
geral, parece haver, recorréncia de um ou mais processos, marcando o ca
ráter policíClico da unidade, fato que fica evidenciado, também, pelã
ocorrência mais ou menos freqüente de restos paleossomáticos compostos
por migmatitos de uma fase anterior. O granitóide neossómico é do tipo
foliado e, por sua vez, encontra-se não raramente recortado por veios
pegmatóides róseos, pertencentes a uma fase de injeção posterior, ou
também pelo granito "jovem" Guàbiruba, atestando a existência de diver
sas fases de injeção granítica.
Não obstante, toda a regeneração sofrida no Brasiliano, já se pode lo-
calmente obter-se idades Rb/Sr isocrónicas em rocha total, na ordem
de 2.000 m.a. (M.A.S. Basei, Informação Verbal).
Apesar das estruturas megascópicas observadas por toda a extensão aflo
rante da unidade serem muito semelhantes às da unidade seguinte, que
será discutida abaixo, mostra marcantes diferenças quanto a 6aeie~ me-
tamórfica do material paleossomático. Desta forma, a sua discriminação
em termos cartográficos é bastante relevante, mais ainda pelo fato de
se encontrarem geograficamente distanciadas (Fig. 1).

3.3 - PROTOCRATON NASCENTE DE TRtS RIACHOS


A presente unidade engloba parte dos migmatitos "hetereogêneos" carto-
grafados sob a designação de'metatexitos" por Trainini e.t al.. (1978).
Ocupa uma estreita faixa alongada segundo a direção NE com menos de
25 km2 , situada a sul do Cinturão Vulcano-Sedimentar Rio Itajai-Mirim
na Região de Nascente de Três Riachos. Caracteriza-se por aprese~tar
as mais variadas formas de in~etravão entre o paleo e neossoma, em
especial, estruturas do tipo agmatitica e éstromática, com blastese mi
croclínica, em geral bem desenvolvida.
O caráter polifásico também é uma característica saliente. t fato co-
mum a observação de várias fases recorrentes de injeção granitóide,bem
como material paleossomático de distintas gerações.
Os contatos dessa estrutura com as demais unidades, quando discrimina-
dos, são geralmente bruscos, seja por falhas, seja localmente intrusi-
vos com granitóides mais jovens, recortando as antigas estruturas dos
migmatitos.

3.3.1 - PALEOSSOMAS

A seqüência paleossomática regionalmente preservada, mostra derivação


ortometamórfica, a partir. das rochas vulcânicas e plutónicas de compo-
sição predominantemente básica (anfibolitos, metabasitos, microquartz~
diorito9,metabasaltos, metadiabásios, metagabros ). Subordinadamente ,
ocorrem restos de associação quartzodiorito-tonalito e raramente xis-
tos peliticos. Excetuando-se os anfibolitos, onde os processo de re-
cristalização e de gnaiss~ficação mascaram, às vezes, de forma defin!
tiva os aspectos originais da rocha primitiva, nos demais, as texturas
môgmáticas encont~am-se bem preservadas. Os processos de migmatização
foram acompanhados de fenómenos retrometamórficos em toda a seqüência
paleo3~tica com substituição parcial da mineralogia original por pa-
ragêneses da raeie~ xisto-verde, incluindo a saussuritização do plagi2
clásio com formação de albita, quartzo, carbonato, epidoto. A hornblen
da de deriva1ão magmática original, bem como os piroxênios são em ge=
ral substitu~dos por clorita e mais raramente por actinolita. Quando
os fenômenos de substituição são acompanhados de reorientação da mine-_
ralogia neoformada (migmatização sintectônica;)o produto final adquire
um aspecto gnássico característico.

3.0:74
3.3.2 - NEOSSOMAS

Os neossomas, formam veios com espessuras desde milimétricas a métri-


cas, em arranjos variados concordantes e discordantes com relação à
Sab~~ea paleossomática. Apresentam composição quartzo-feldspática com
coloração cinza e granulação fina a pegmatóide. Em geral, têm textu -
ras profiríticas e podem corresponder a uma primeira fase de migmati-
zação. Uma segunda fase está ubiquamente representada pela ocorrência
de diques de veio~ graníticos que truncam as estruturas dos neossomas
quartzo-feldspáticos e consequenternente, dos paleossomas.
são biotita e hornblenda granitóides,. leucocráticos, por vezes com
orientação difusa. As texturas dominantes.são do tipo granular média
a.porfiríticas,com marcantes características magmáticas.

3.3.3 - EVOLUçAO MIGMÂTICA

Muito embora esta unidade tenha sido considerada como de natureza me-
tatexítica,quando de sua delimitação cartográfica por Trainini e~ ato
(1978), é, em nossa opinião, muito difícil enquadrar-se todo este con
junto polifásico dentro dos estreitos limites desta concepção. Aparen
temente os processos envolvidos foram muito mais complexos do que os
de urna simples anatexia parcial de material paleossomático em sistema
fechado. Ao contrário, o desequilíbrio das 6ae~e4 metamórficas entre
os paleossomas (retrometamorfizados nas 6ae~e4 xisto-verde) e os neos
somas.graníticos, em condiçóes de equilíbrio na 6ae~e-6 anfibolito, de
monstra o caráter aberto do sistema envolvido e consequentemente, ã
origem arterítica do material nêoformado. Esta aliás, é a principal
característica, além da maior diversidade do material paleossomático-
que permite distinguir esta unidade da associação descrita no Proto -
craton de Itapema.
Neste último bloco, em função do perfeito equilíbrio constatado entre
o paleossoma e o neossoma (ambos pertencentes a facies anfibolito) po
deria aventar-se a hipótese de uma evolução, resultante de uma fase
inicial, formada por anatexia seletiva "in situ" e neste sentido pode
ria receber a designação de metatexito. Entretanto, os processos de
injeção granítica posterior, tornam difíceis, mesmo no.Protocraton de
Itapema, o enquadramento da unidade corno simples produto de anatexia
parcial "in situ", conforme salientado no item anterior.

3.4. PROTOCRATON DE POR~O BELO

1::formado pelas unidades denominadas "Gnaisses Porfiríticos" no traba


lho de Kaul (1976) aflorante na região de Porto Belo: por pequenos
fragmentos isolados descritos como "Grupo Taboleiro" indiviso na re -
gião de Paulo Lopes e Ilha de Santa Catarina (Schulz Jr. e~ ato 1970):
por parte do granito Balsinha, conforme os trabalhos de Castro e Cas-
tro (1969), Teixeira (1969). Ocorre igualmente em pequena extensão no
extremo norte do Estado, junto à localidade de Garuva.
Os contatos com as demais unidades do "embasamento cristalino" são em
sua maior parte de tipo não discriminados e tectônicos. Com o Comple-
xo Metamórfico Brusque, são bruscos, discordantes ou tectônicos.
Em diversas localidades apresenta-se intrusionado por diversos corpos
granitóides mais jovens.
Em função principalmente do detalhamento geológico insuficiente, esta
unidade que apresenta relativa diversidade de tipos petrográficos e
estruturais, devido principalmente aos distintos graus de rejuvenesci
mento sofridos, ainda necessita de melhor caracterização petrográfi=
ca, bem corno de seu posicionamento cronoestratigráfico.
são rochas migmatíticas caracterizadas por urna acentuada textura por-
firoblástica, com porfiroblastos de tamanho médio entre 2 e 5 mm de
comprimento, variando de poucos milímetros até cerca de 10 cm. A com-
posição destes profiroblastos é predominantemente de microclínio de
coloração cinza e cinza-esbranquiçado, embora com determinados locais
tenham coloração rósea, corno é o caso por exemplo, da. região de Paulo
Lopes.
Em geral, constitui urna facies petrográfica muito próxima do que se
designa.. por "embrechitos" na literatura francp.sa.
A matriz é gnáissica de granulação grosseira, meso a melanocrática ~

3.075
---- -- --
___o

coloração variada em tons de cinza-escuro a cinza esverdeado. A minera


logia basica da matriz inclui, quartzo, plagioclásio ácido (oligoclá =
sio-andesina) eventualmente antipertítico, hornblenda, biotita e mais
raramente feldspatos alcalinos incluindo microclínio e ortoclásio per-
.
títico. A composição é predominantemente tonalítica.
A estrutura é francamente bandada, com bandas cinzentascompostas por ma
terial quartzo-feldspático finamente granulado e handas máficas, com
forte evidencia de alinhamento cataclástico (foliação do fluxo cata-
clástico). Esta matriz envolve os porfiroblastos de feldspatos alcali-
nos, os quais por sua vez, exibem formas arredondadas e ovaladas - "a~
gen" -, cujos bordos foram arredondados por efeito de fenômenos cata
clásticos. Neste sentido,os porfiroblástos são autênticos porfiro -
clastos. Como a matriz acha-se também extensivamente recristalizada, a
rocha pode ser designada igualmente de milonito-gnaisse.Em casos onde
os processos de cataclase não foram tão intensamente desenvolvidos, os
profiroblastos apresentam contornos euédricos. Existem locais onde o
desenvolvimento de profiroblastos atinge um grau tão acentuado, ocupan
do mais de 90% do volume, que a rocha resultante fica praticamente des
tituída de matriz. Esta, nestes casos, fica restrita à "Schilierens"de
material máfico entremeado à massa feldspática, imprimindo à rocha re-
sultante uma 6aQ~e4 granítica.
Neste caso, a rocha "rejuvenescida"passa a constituir danini.oshomofãnicos,
para-autoctones, portadores de restos de seqüências vulcano-s~tares
de epizona e portanto,emplaçados em níveis crustais rasos. t o caso ,
constatado junto à cidade de Porto Belo, onde restos de sequência Vul
cano-Sedimentar Rio Itajaí-Mirim ocorrem sob a forma de xenólitos. -
t possível que a diversidade de tipos petrográficos da unidade em pau-
ta, seja resultante de diversas causas. Em primeiro é certo que a prin
cipal, relaciona-se com distintos tipos litológicos da sequência pré=
migmatização (pré-feldspatização). Em segundo lugar,deve-se levar em
conta o caráter polifásico do complexo migmatítico incluindo diversas
fases de blastese e cataclase, as vezes superimpostas segundo padrões
de extrema complexidade e desigualmente distribuídos.
Na região de Porto Belo, bem como de uma maneira generalizada no "Gra-
nito" Balsinha e em Paulo Lopes, parece haver alguma relação entre a
matriz desses migmatitos e remanescentes de gnaisses granulíticos ~
zo-feldspáticos. Embora os processos envolvidos tenham mascarado em
parte as características originais, são bastante sintomáticos: a pre -
sença de ortoclásio pertítico entre os feldspatos da matriz, bem como
a ocorrência de quartzo azulado; a concentração local de magnetita no
também denominado "granito" Balsinha, com teores em torno de 5 a 10%
(Castro e Castro, 1969); finalmente, a presença de feldspatos de colo-
ração verde tanto na matriz quanto eventualmente como porfiroclastos ,
permitem a inferência com certa margem de segurança, da origem retro-
metamórfica da matriz, derivada possivelmente de processos de decharno
ckitização (degranulitização) a partir de gnaisses granulíticos quart=
zo-feldspáticos.

3.5. PRC'TOCRATot1 DF.: SÃO FR/I~TCISCO

A presente unidade, tem ocorrência restrita à extremidade nordeste do


Estado. Aflora desde a Ilha de são Francisco até as proximidades de Ga
ruva, na divisa com o Estado do paraná. Limita-se em seu bordo ociden=
tal com o bloco granulítico, através de importante zona de descontinui
~ade, de direção N300W, a zona de transcorrência ou Lineamento Garuvã
(Silva e Dias, 1981). Esta zona rúptil deve relacionar-se com a descon
tinuidade que separa os Blocos Luiz Alves e Piên, detectada através de
estudos gravimétricos por Haralyi et ato (1982), mas que naquele traba
lho, foi interpretada como tendo disposição aproximadamente perpendicu
lar a este Lineamento (aproximadamente N300E, segundo os autores su =
pra) .
O núcleo é constituído por diversos tipos de granitóides de coloração
predominantemente cinzenta, foliados ou não e especialmente, por migma-
titos do tipo porfiblásticos os quais predominam fortemente sobre as
demais variedades existentes, especialmente homofãnicas.
Em função do arranjo complexo dos diversos tipos de litossomas observa
dos e da falta de trabalhos sistemáticos a nível de detalhe na região~
não foi possível na escala de mapeamento adotado, a correta separação

3.076
cartográfica de todos eles, razão pelo qual preferiu-se mante-los agr~
pados em uma unidade indiferenciada até que trabalhos posteriores per-
mitam sua correta separação.
Ocorrências fragmentárias de restos xistos, correlacionáveis aos da se
quência Vulcano-Sedimentar Rio"Itajaí~Mirim foram descritas no extremo
nordeste do núcleo (Silva, 1983a).
A noroeste" do mesmo núcleo são assinalados restos da denominada Sequên
cia Cachoeira do Paraná, considerada por Silva (1981) como do tipo
"Greenstone Belt" e correlacionada também aos xistos da sequência Vul-
cano-Sedimentar Rio Itajaí-Mirim (Silva, 1983b).
3.6. PRO~OCPATON DE PIgN

Já em território paranaense, a. noroeste do Complexo Máfico ultramáfico


homônimo, ocorrem restos de rochas migmatíticas de natureza não discr!
minadas, incluindo facies porfiroblásticas, descrito como núcleo de
Piên por Haraliy et alo (1982).

3.7. núCLEOS GRANITO-GN1.ISSICOS

Sob esta designação, foram recentemente cartografados em escala.......


1:500.000 (Awdziej et a.l. 1984) dois "núcleos" granito-gnáissico, na
porção sul do Escudo Catarinense.
O primeiro cerca de 30 km2 de área, ocorre próximo ao Litoral (grani -
tóide Garopaba). O outro tem expressão cartográfica bem superior (Gra-
nitóide Santa Rosa de Lima) aflora. desde a localidade homõnima até
Anitápolis, próximo à Bacià do Paraná no extremo oeste do Escudo Cata-
rinense; a partir daí, sofre um arqueamento para norte, estendendo -se
em estreita faixa, por mais de 100 km até as proximidades de Tijucas ,
no Litoral. (Fig.l).
Próximo ã Anitápolis (ver figura 1) este corpo maior conserva restos
de seqüência Vulcano-Sedimentares correlacionáveis à Seqüência Vulcano
Sedimentar Rio Itajaí-Mirim.
Ambos os granitóides estão encaixados em um imenso batolito granítico
anorogênico (granito Pedras Grandes) em muitos locais, mostrando conta
tos intrusivos. -
Tais núcleos tiveram seus contatos precariamente definidos, a nível de
reconhecimento 1:500.000, devendo com a evolução do mapeamento geológi
co regional terem suas expressões cartográficas delimitadas com maior
precisão.
Enquan.to entidade geotectõnica do Escudo Catarinense, tais granitóides
podem ser considerados, ainda que de maneira precária, como unidades
cronocorrelatas, intimamente associadas aos protocratons migmáticos, e
para os quais são preconizados um caráter policíclico, desde sua prová
geração durante o Arqueano, até rejuvenescimento final no Proterozóico
superior, assoc'iado ao plutonismo anorogênico Pedras Grandes.
são granitóides foliados, homogêneos, cinzentos, composição granodiorí
tica-tonalítica, granulação fina e média. -
As texturas porfiríticas /porfiroblásticas predominam; texturas equi -
granulares restringem-se ao granitõides Garopaba e a domínios noroeste
do granitóides Santa Rosa de Lima. Estruturas predominantemente cata -
elásticas do tipo milonito-gnaisse ocorrem com freqüência na região de
Anitápolis. Próximo aos contatos com o batolítico anorogênico Pedras
Grandes, observa-se localmente extensiva venulação-granítica, bem como
blastese feldspática, provocada pela intrusão deste último batolito.
Até o presente, não de dispóe na literatura geológica de quaisquer da-
dos referentes a datações geocronológicas da seqüência, razão pela qual
seu posicionamento cronoestratigráfico aqui proposto, deve ser tomado
com as devidas cautelas.

4 - REFE~CIAS BIBLIOGRÁFICAS

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3.079

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48°30' MAPA GEOTECTÔ'NICO DE SANTA CATARINA
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3.080
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1964

TERRENOS POLICrCLICOS E ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO CRUSTAL

Antonio Cartas Artur:


Eberhard Wemick
Departamento de Mineralogia e Recursos Minerais
I.G.C.E. - UNESP
C.P. 178. 13500 - Rio Claro, SP

ABSTRACT

Stages in the continental crust evolution are


defined based on the different lithological associations ranging in age
from Archean to Late Precambrian present in polycyclic terrains in the
State of são Paulo and Minas Gerais (Brazil). During the Archean the con
tinental crust grews mainly by vertical accretion of calc-alkaline rocks
of the trondjhemitic/normal/monzonitic suites and by a mafic-ultramafic
suite of possible MORB geochemical affinities. part of these suites un
derwent a crustal reworking by metamorphic-anatectic-tectonic processes~
During this time a CO -
rich fluid phase played an important petrologi-
cal role. During the tower Proterozoic (Transamazonian CycleJ, vertical
accretion and migmatization played a minor role. The most important pro
cess was the crus tal rework~ng of priad rocks in the zone of influence -
of intraplate shear belts, resulting in streaky gneisses, blastomyloni -
tes and pseudogranulites. During the Late Precambrian (Brazilian CycleJa
reworking mainly by migmatization occurred as well as tectonic changes
along extensive transcurrent and thrust faults along which widespread
translation and imbrication of crustal blocks took place. Vertical accra
tion was represented by the intrusion of calc-alkaline and alkaline grã
nitoids. The geological and petrological data fits with those preconized
by the plate tectonic model with a sub.duction followed by continental
collision. Within thisframework the Pre-Guaxupé, Barbacena, Machado,
Guaxupé, Silvianópolis, Amparo, Pinhal, Campos Gerais and Varginhas com
plexes are defined or redefined. -
INTRODUÇÃO

O estudo da evolução de terrenos cristalinos


da infra-estrutura de evolução policíclica representa importante elemen
to para a compreensão dos processos que determinaram a moldagem da cros
ta continental através dos tempos geológicos. Tais tipos de terrenos sãõ'
constituidos por três componentes distintos, a saber:
1. Uma associação litológica original. g a soma das litologias constitmn
tes da infra-estrutura num determinado tempo de referência, indepen ~
dentes de sua origem e grau de evolução.
2. Associações litológicas de retrabalhamento. Resultam da transformação
da associação original em tempos geológicos subsequentes por proces -
sos tectónicos-metamórficos-migmáticos desenvolvidos ao nível da cros
ta continental.
Podem ser de 19, 29 e 39 grau conforme resultem diretamente da trans-
formação da associação original. ou de um poliretrabalhamento destas
mesmas associaçõs, de tal modo que uma associação de 29 grau repre~~
ta o retrabalhamento de uma associação de 19 grau e assim sucessiva -
mente.
3. Associações de adição, de natureza eminentemente magmática que se vi~
culam à gênese das associações de retrabalhamento e que podem coe xis-

3.081
tir espacialmente tanto com estas quanto com a associação original. -
são de derivação essencialmente mantélica incluindo magmas máficos/ul
tramáficos, calco-alcalinos e alcalinos. -
Através da coexistência dos três tipos de asso
ciações resulta um quadro geológico extremamente complexo, característi~
co das infra-estruturas de terrenos policíclicos.
No presente trabalho os autores descrevem as
características dos mencionados tipos de associações litológicas através
dos tempos geológicos, baseado nas feições dos terrenos policíclicos do
leste do Estado de são Paulo e áreas adjacentes do Estado de ltinas Ge
rais. Esta área (Figura 1) engloba associações litológicas da infra - es
trutura de idade arqueana até brasiliana e para as quais Wernick e Artur
(1983 a, b) recentemente apresentaram uma revisão estratigráfica.

A ASSOCIAÇÃO ORIGINAL

A associação litológica para fins do presente


trabalho é representada pelas associações constituintes dos Complexos -
Barbacena e Pré-Guaxupé, ambos de idade arqueana, contendo o primeiro
migmatitos cujos neossomas, através de isócrona verdadeira, revela idade
de 2.9 b.a. (Wernick et alii, 1981). Entre as associações de infra-estr~
tura presentes nestes dois complexos destacam-se:
1. Gnaisses bandados. são representados por rochas com alternância entre
leitos escuros e claros, os primeiros de composição predominantemente
anfibolítica/hornblendítica e os segundos de natureza tonalítica a
granodiorítica, sendo raros os de composição granítica. Parte destes
gnaisses, pela natureza dos micrólitos, evidencia pelo menos duas fa
ses importantes de deformação o que denota uma origem complexa,polic!
clica ou polifásica. Os gnaisses são tanto equigranulares quanto oce
lares e sua composição é essencialmente ortometamórfica. -

2. Associação intrusiva diorito-tonalito-granodiorito, de naturezatran~


jemitica, e composição mineralógica equivalente a dos leitos claros -
dos gnaisses bandados. Constituem corpos ovalados ou circulares de
dimensões variáveis, homogêneos ou diferenciados, que cortam gnaisses
ou migmatitos e mostram estrutura interna maciça ou bandada, paralela
aos contatos. Neste caso representam estruturas diapíricas que ascende
ram por diferença de gravidade através de materiais dúcteis. Os granI
tóides caracterizam-se de modo geral por sua riqueza em enclaves máfi
cos/ultramáficos mas contendo também, localmente, restos de sequênc~
supracrustais.
3. Areas maiores ou menores de metabasitos e metaultrabasitos que cons-
tituem, em seu conjunto, uma sequência básica diferénciada. Os seus e
lementos traços tem tanto afinidades com rochas calco-alcalinas (ele~
vado teor em grandes ions litofilicos) quanto com basaltos tipo meso
oceânicos (Choudhuri e Carvalho, 1983). Rochas desta associação ocor~
rem como leitos escuros nos gnaisses bandados da associação !.
4. ltigmatitos . Representam, ao lado dos gnaisses bandados, uma das lito
logias predominantes do Complexo Barbacena. são gerados a partir de
um paleossoma representado principalmente pelos gnaisses bandados da
associação 1. Ocorrem todos os termos estruturais segundo Mehnert
(1968). Os mobilizados tem composição dioritica a .granodiorítica/ gr~
nítica e os restitos são dados essencialmente por anfibolitos, bioti
ta anfibolitos, biotititos além de meta-ultramáficas. -

5. Granitos crustais. são representados por biotita granitos portadores


ou não de granada e outros minerais fêmicos aluminosos. Constituem
corpos autóctones a alóctones de dimensões variáveis.
6. Granitóides potássicos. são representados pela associação monzonito
sienito-adamelito-granito. são de natureza alóctone, cortando as li to
logias das associações já descritas, que ocorrem sob a forma de encl~
ves. Via de regra não exibem as feições estruturais internas típicas
de parte das intrusões da associação diorito-tonalito-granodiorito e
seu nível de intrusão é mais raso. Rochas com composição equivalente
a esta associação são muito raras nos leitos claros dos gnaisses ban
dados.

3.082
7. Intrusivas charnockíticas. Englobam massas plutônicas ácidas e bási
cas equigranulares ou porfiróides que em alguns casos passam lateral=
mente (ou na vertical) para massas graníticas da associação 2. A mine
ralogia destas rochas, contendo ao lado do ortopiroxênio também magne
tita, zircão, apatita, titanita e alanita, as .caracteriza corno sendõ
calco-alcalina.
8. Gnaisses charnockíticos. Constituem sequências equigranulares ou oce-
lares relativamente homogêneas caracterizadas pela superposição de um
evento diaftorítico sobre rochas charnockíticas com as mesmas caracte
rísticas composicionais e mineralógicas da associação 7. Localmente ~
xibem sinais mais ou menos acentuados de anatexia.
9. Associação charnockítica com feições migrnáticas. ~ representada por
urna associação de gnaisses com estruturas rni:gmatíticas mais ou menos
frequentes nas quais tanto o neossoma, de composição ácida a interme-
diária, quanto os restitos de composição máfica-ultramáfica estão na
fácies charnockito (Raguin, 1970). O componente básico mostra afinida
des geoquímicas com basaltos oceânicos atuais (Barbosa e Grossi Sad ~
1983 a) à semelhança das rochas máficas/ultramáficas da associação 3.
Já as porções claras são de origem discutível, sendo ora consideradas
de derivação magrnática calco-alcalina (Oliveira, 1982; Wernick e Oli
veira, 1982) ora de derivação sedimentar ou parcialmente sedimentar -
(Hartmann, 1981; Barbosa e Grossi Sad, 1983 b). Descrições minuciosas
desta associação são derivadas à Choudhuri et alii (1978) e Fiori e
Choudhuri (1979).
As associações 1 a 6 predominam no Complexo
Barbacena ao qual se associam importantes restos de sequências supracrus
tais vulcano-sedimentares, enquanto as associações 7 a 9 são as li tolo =
gias predominantes do Complexo Pré-Guaxupé, onde restos de sequências su
pracrustais são muito restritas. O Complexo Pré-Guaxupé é em sua estrutu
ração litológica muito semelhante ao Complexo Juiz de Fora (Barbosa e
Grossi. Sad, 1983 a; b).

SIGNIFICADO DA ASSOCIAÇÃO ORIGINAL

A associa~ão original representada pelas li to


logias dos Complexos Barbacena e Pre-Guaxupé indicam alguns fatos evolu=
tivos entre os quais se destacam:
A. Os gnaisses bandados resultam da interação de dois componentes distin
tos, 'um granitóide de natureza calco-alcalina e outro de natureza bã
sica e possível afinidade toleítica oceânica. Dado as sucessivas de
formações sofridas pelos gnaisses que levou a~elização dos dois
componentes não é possível estabelecer-se a sequência temporal entre
os dois componentes.
B. Gerada a crosta arqueana essencialmente por acreção vertical ela foi
submetida a eventos metarnórficos e deforrnacionais sucessivos que re
sultam na geração dos gnaisses bandados e migrnatitos. Este embasamen=
to gnáissico~migmatítico foi cortado por novas rochas derivadas do
manto com as mesmas características das constituintes primários dos
terrenos gnaíssicos-migrnatíticos (associação 2 e 3).
C. A ocorrência restrita de gnaisses com composição equivalente à da as
sociação 6, aliado ao fato das rochas desta associação cortarem as ou
tras descriminadas revela que a associação dos granitos potãssicos
corresponde a um evento tardio da crosta continental arqueana.
D. A grande frequência das associações 7 e 8 revela que o CO2 teve gran
de influência corno fase volátil por ocasião da gênese das rochas cal
co-alcalinas, principalmente as profundas. Pode ser visualizada a e
xistência de uma fase com teores variáveis de CO e H O, concentrandõ
se este nas porções apicais. Desta maneira as r06has ~ais profundas(ã
testado pela ausência, nestas áreas de quantidades maiores de sequên
cias supracrustais), cristalizaram sob uma fase fluida enriquecida em
CO , enquanto que as de níveis superiores, caso do Complexo Barbacena
onae restos de sequências supracrustais são mais frequentes, cristali
zaram sob uma fase gasosa enriquecida em H20. A ocorrência de corpos-
calco-alcalinos onde coexistem fácies charnockíticas e normais são in

3.083
-~_.~._..

-----..----
--

dicativos deste fracionamento (Wernick et alii, 1984). Sob este aspec


to a associação 9 merece também um re-exame. A ocorrência de charnoc=
kitos com estruturas migmáticas nos quais tanto os mobilizados quanto
os restitos estão na facies charnockítica pode ter dupla explica -
ção. Uma é a migmatização seguida de charnockitização num evento meta
mórfico progressivo ou através da sucessão de dois eventos metamórfi=
cos distintos. Alternativamente a charnockitização poderia ser o resul
tado da percolação de um complexo gnaíssico-migmatítico do tipo da as-
sociação 4 por fluidos enriquecidos em CO2 liberados em zonas mais =
profundas como proposto por Newton et ali~ (1980), Janardhan et alii
(1982) e Weaver e Tarney (1982) e aceito por Barbosa e Grossi Sad
(1983 b) para a associação 9 do Complexo Juiz de Fora.
Em resumo, a crosta continental arqueana cres
ceu essencialmente às custas de uma acreção vertical, envolvendo três ti
pos litológicos principais de derivação essencialmente mantélica (assõ
ciações 2, 3 e 6) e sob condições de intensa liberação de CO2 (associa =
ção 7), sendo estas mesmas litologias (com restrições para a associação
6) retrabalhadas ao nível crustal por eventos tecto-metamórficos sucessi
vos (associações 1, 4, 5 e 8) em condições da facies anfibolito sendo ã
associação 4 transformada na associação 9 por uma possível charnockitiza
ção metassom~ti~a por intensa percolação de CO2 n~s áreas onde p!edomi =
nam as assoc~açoes 7 e 8. Por outro lado a sucessao das associaçoes 2 e
6 revela um progressivo enriquecimento temporal do magmatismo em K20 com
a passagem de uma crosta de natureza mais dúctil para características -
mais quebradiças. As relações temporais entre o possível magrnatismo bimo
daI calco-alcalino/toleítico não podem ser estabelecidas com precisão aõ
nível atual do conhecimento do registro litológico.

AS ASSOCIAÇ5ES DE RETRABALH~mNTO

As associações de retrabalhamento resultam das


transformações da associação original pela superposição de novos eventós
petrogenéticos crustais em tempos geológicos subsequentes. Estas modifi-
cações ocorreram principalmente no Ciclo Transamazónico e no Ciclo Brasi
liano, motivo pelo qual serão descritas separadamente.

Associações de Retrabalhamento Transamazônicas

. são representadas pelas litologias integrantes


dos Complexos Amparo (= Complexo Silvianópolis) e Guaxupé (= Complexo Ma
chado e mais à leste, ao Complexo Paraíba), resultantes, respectivament~
do retrabalhamento das associações originais dos Complexos Barbacena e
Pré-Guaxupé. As modificações ocorreram principalmente através de cisalha
mento e anatexia.
Modificações por cisalhamento. Através das d~
formações associadas ao cinturao de cisalhamento (lIshear belt") que af~
tou substanciais porções dos Complexos Barbacena e Pré-Guaxupé, grande
parte da associação original foi transformada em gnaisses embrechíticos
(lIstreaky gneiss"), granulitos, milonitos e blastomilonitos, originando
sequências bandadas e listradas de composição variável e que, uma vez i~
temperizadas, assemelham-se à sequências de paragnaisses. A sua textura
típica é granoblástica-cataclástica, de moldura, ou granulítica(com qu&t
zo discóide). As rochas são tanto equigranulares quanto ocelares, corres-
pondendo os "augen" ora a megacristais deformados ora a porfiroclastos-
poligranulares. Em vários casos o bandeamento entre leitos claros e esc~
ros não correspondem à variações composicionais; representam apenas uma
sucessão de níveis com grau de deformação variável. cisalhamento é ~
companhado por um retrometamorfismo °
(diaftorese)de intensidade variável,
aumentando esta com o decréscimo da intensidade da deformação. Tal fato
é particularmente constatado nos gnaisses embrechíticos originados a par
tir das associações charnockíticas originais (associações 7, 8 e 9). Nas
rochas intensamente deformadas (originando texturas granulíticas) o orto
piroxênio mostra-se apenas deformado mas pouco alterado enquanto que nas
rochas menos deformadas é comum a sua passagem para hornblenda e biotit~
chegando a ser decomposto quase totalmente (Wernick, 1967).
Uma das características dos cinturões de cis:a-

3.084
lhamento é a grande variabilidade na intensidade da deformação o que faz
coexistir em afloramentos decamétricos rochas pouco e intensamente cisa-
lhadas. Este fato permite a constataxão, no campo, da transformação da
associação original para as associaçoes de retrabalhamento. Casos níti
dos desta passagem, ao nível de afloramento podem ser observados, entre
outros, nos arredores de Monte sião. Borda da Mata, Machado e Silvianópo
lis (MG). -
A intensidade da transposi~ão cataclástica tem
também implicações geocronológicas. Utilizando-se isocronas verdadeiras
as rochas intensamente deformadas aproximam-se mais da idade real do fe
nômeno cisalhante, enquanto que rochas menos deformadas resultam em idã
des mistas entre a da associação original e a do fenômeno cisalhante (AE
tur, 1980; Wernick et alii, 1981).
Finalmente cabe um reparo para a utilização do
termo granulito para as rochas portadoras de ortopiroxênio e textura tí
pica (com quartzo discóide) que vem sendo empregado para estas rochas
dos Complexos Guaxupé, Machado e Paraíba. Em realidade nada tem a ver
com os granulitos da facie granulítica de Eskola (1939), baseado nos
granulitos da Saxônia. Na realidade o ortopiroxênio destas rochas nada
tem a ver com um metamorfismo charnockítico simultâneo à deformação que
gerou a textura granulítica. são apenas os restos preservados de uma sui
te original predominantemente charnockítica (associação 7) que sofreu =
posterior cisalhamento que originou os quartzos discóides e a estrutura
laminada característica, destas rochas (Wernick et alii, 1984). Por isto
mesmo o termo granulito, neste caso, deveria ser substituido pela denomi
nação pseudo-granulito para distinguí-los dos ~ranulitos verdadeiros. -
Modificações por anatexia - ~ um fenômeno res
trito na geração das associaçoes de retrabalhamento transamazônico ao ní
vel da área focalizada. A anatexia é essencialmente sin deformacional =
(Fiori et alii, 1981), resultando em segregações bandadas, milimétricas
ou em segregações fusiformes ou lenticulares, com a mesma espessura, am
bas pararelas à foliação de transposição cataclástica. Estas segregaçõe~
macroscopicamente granulares revelam, ao microscópio, geralmente paten -
tes deformações.

Associações de Retrabalhamento Brasilianas.

O principal processo modificador da associação


original arqueana, bem como da associação secundária transamazônica, no
Ciclo Brasiliano foi a anatexia que resultou inclusive na formação de ex
pressivos corpos de granitóides crustais (Wernick, 1984). As litologias-
que resultaram deste processo são as integrantes do Complexo Pinhal,
cujas características foram descritas, entre outras, por Wernick(1978 a,
b), Wernick e Penalva (1980 a, b), Fiori et alii (1980,1981), Artur
(1980) e Wernick e Artur (1983 a). Migmatitos brasilianos resultando di
retamente da refusão parcial da associação original arqueana são muito =
raros, não tendo sido até agora descriminadas áreas maiores deste tipo -
na região considerada. Assim, via de regra, os anatexitos desenvolvem-se
a partir da refusão parcial das litologias de retrabalhamento geradas no
Ciclo Transamazônico (Complexos Amparo, Guaxupé e Machado) e tem portan-
to como principal característica a destruição da foliação de transposi -
ção cataclástica gerada no Pré-Cambriano Inferior. são portanto, essen -
cialmente associações de retrabalhamento de 29 grau. Como o processo ana
téctico é irregular, variando em intensidade de acordo com a temperaturã,
estrutura e composição do paleossoma bem como do teor de água disponí -
vel, é comum a ocorrência no Complexo Pinhal de áreas de extensões variá
veis de litologias referíveis aos Complexos Amparo e Machado. -
Ao lado da anatexia, cuja importância regional
pode ser verificada através da área de ocorrência do Complexo Pinhal na
Figura 1, também a cataclase assume importância no Ciclo Brasiliano,como
processo gerador de litologias de retrabalhamento. A cataclase e lamina-
ção tectônica ocorreu principalmente ao longo da zona ruptil Nova Resen-
de - Barbacena, um dos limites estruturais transcorrente da Cunha de Gua
xupé (Wernick et alii, 1981) e em cuja área de influência ocorreu a for
mação da litologia cataclástica do Complexo Campos Gerais bem como aõ
longo das expressivas falhas de empurrão localizadas no vértice oriental
deste bloco crustal. Ao longo destas falhas ocorreu a formação de espes-

3.085

--...-
-------
sos pacotes de rochas tectonicamente laminadas com atitudes subhorizon -
tais que correspondem ao Complexo Varginhas (Ebert, 1968). A associação
original a partir da qual esta unidade foi gerada não está ainda sufi-
cientemente caracterizada. A presença, no Complexo Varginha, de rochas -
orto- e parametamórficas de alto grau, da facies granulito, sugere uma
associação original tipo Complexo Guaxupé como presente nos arredores de
são José do Rio Pardo, SP, (Oliveira, 1973). Entretanto, a laminação tec
tónica das litqlogias do Complexo Varginhas é tão intensa que ao nível a
tual dos conhecimentos disponíveis não pode ser afirmado que se trata ou
não da modificação, no Ciclo Brasiliano, de uma associação secundária ge
rado no Ciclo Transamazônico, correspondendo, portanto, à uma associaçãõ
.
de 29 grau.
ASSOCIAÇÕES DE ADIÇÃO

Enquanto as associações de retrabalhamento re


sultam de processos de transformação de litologias pré-existentes ao nI'
vel crus tal , as associações de adição representam uma acreção vertical a
través da incorporação,pelas litologias constituintes de um certo bloco-
crustal,de rochas de derivação predominantemente mantélica. Estas são re
presentadas por rochas básicas/ultrabásicas e por granitóides calco-alca
linos e alcalinos. -

Associações de Adição Transamazônicas

Na região focalizada não foram ainda caracteri


zados corpos maiores de derivação essencialmente mantélica de idade pre
cambriana inferior, o que revela o amplo predomínio, neste período geolõ
gico, dos processos de retrabalharnento crus tal sobre os de acreção vertI
cal.

Associações de Adição Brasilianas

As associações de adição brasilianas são repre


sentadas, na região focalizada, principalmente por granitóides calco- aI
calinos e alcalinos, representados, na área focalizada, pelos Maciços Mõ
rungaba, JaguariÜna, Socorro, Pinhal, Pedra Branca, etc.. Ocorrências =
maiores de rochas básicas/ultrabásicas, ígneas ou metamórficas ainda não
foram indubitavelmente caracterizadas, apesar da existência de esparsas
datações K/Ar referíveis ao Ciclo Brasiliano (Artur, 1980iWernick,1981).

SIGNIFICADO DAS ASSOCIAÇÕES DE RETRABALHAMENTO E DE ADIÇÃO

A interpretação das associações de retrabalha-


mento e de adição na região considerada revelam os seguintes aspectos
principais. .

A. No Ciclo Transamazônico os processos que moldaram a infra-estrutura


implicaram essencialmente num retrabalhamento crus tal sendo de expres
são subordinada aqueles que implicaram numa acreção vertical através-
da adição de derivação essencialmente mantélica. Entre o retrabalha -
mento crus tal destacam-se as transformações tectônicas ligadas à im
plantação de cinturões de cisalhamento ("shear belts") que transfor =
maram expressivas áreas da associação original em gnaisses embrechíti
cos, milonitos, blastomilonitos e pseudogranulitos.
B. No Ciclo Brasiliano a moldagem da infra-estrutura ocorreu tanto pelo
retrabalhamento crus tal quanto por substancial acreção vertical.Entre
os processos de retrabalhamento predominou a anatexia que afetou e~
tensas áreas e gerou expressivos corpos de granitóides crus tais (Wer-
nick, 1984)., enquanto as modificações tectônicas restringem-se às z~
nas de influência de expressivos falhamentos transcorrentes e de em
purrão ao longo dos quais ocorreram notáveis movimentações e embrica=
mentos de blocos crus tais. Os granitos calco-aclalinos apresentam um
zoneamento regional com a ocorrência de termos sucessivamente mais
profundos entre são Paulo e Machado (Wernick, 1984) o que permite a
sua vinculação com uma possível paleozona de Benioff mergulhando para
oeste. Os granitos crus tais concentram-se numa faixa nos arredores de
são Paulo o que permite a sua associação com uma paleozona de colisão

3.D86
ali outrora implantada. O sentido das falhas de empurrão com transporte
de leste para oeste e a intensiva migmatização do embasamento ou seu
rejuvenescimento isotópico estão de acordo com tal interpretação no âmbi
to da teoria da tectônica de placas (Dewey e Burke, 1973).

DISCUSSÃO E CONCLUSOES

A análise das características da infra-estrutu


ra de terrenos policíclicos de idade arqueana até brasiliana no leste dõ
Estado de são Paulo e áreas adjacentes. do Estado de Minas Gerais revela
que a moldagem da crosta continental ocorre~ basicamente através dos,- mes
mos processos, variando apenas a sua proporção relativa.
No Arqueano a crosta continental se desenvol -
veu principalmente por acreção vertical através da aglutinação de duas
suites de derivação mantélica. Uma é representada por sequências básicas/
ultrabásicas com possíveis afinidades geoquímicas com basaltos abissais
enquanto a outra é representada por granitóides com filiação calco-alca-
lina, precedendo a série trondhjemítica temporalmente a série normal e
monzonítica. A grande quantidade de granitóides da série charnockítica -
bem como a presença de gnaisses charnockíticos com estruturas migmáticas
indica uma grande importância para uma fase fluida enriquecida em CO2
neste estágio da evolução crustal. Parte das litologias agregadas pela
acreção vertical foram retrabalhadas com intensidade variável ao nível
crustal resultando nas associações magmáticas-metamórficas-migmáticas
que ora caracterizam os Complexos
, Barbacena e Pré-Guaxupé.
No Pré-Cambriano Inferior (Ciclo Transamazôni-
co) as associações foram retrabalhadas por influência de cinturões de c~
salhamento resultando em espessas sequências de gnaisses embrechíticos ,
blastomilonitos e pseudogranulitos com sinais diaftoréticos mais ou me
nos patentes. Migmatização e acreção vertical tiveram influência secund~
ria, revelando baixo fluxo térmico neste período geológico o que carac-
teriza o predomínio de deformações intraplacas. Resultaram assim as lit~
logias típicas dos Complexos Amparo, Guaxupé e Machado,o primeiro deriva
do do Complexo Barbacena e os últimos do Complexo Pré-Guaxupé. -
No Pré-Cambriano Superior (Ciclo Brasiliano) a
crosta sofreu tanto retrabalhamento quanto modificação por acreção vert~
cal. No retrabalhamento crus tal , ao contrário' do ocorrido no Pré-Cambria
no Inferior, a anatexia foi o processo predominante gerando a litologia-
migmatítica do Complexo Pinhal além de expressivos corpos granitóides
crustais. O retrabalhamento tectônico restingiu-se às zonas de expressi
va lineagênese ao longo das quais ocorreu o translado e imbrrcamento de
expressivos blocos crustais, e que resultou na geração das litologias
dos Complexos Campos Gerais e Varginhas. A acreção vertical resultou da
intrusão de expressivos corpos calco-alcalinos além de pequenos maciços
alcalinos. Os dados ora disponíveis são compatíveis com o modelo da tec
tónica de placas com uma zona de subducção mergulhando para oeste seguI
da de colisão continental. -
Desta maneira os dados obtidos pela análise
das características da infra-estrutura de terrenos policíclicos permitem
concluir que no decorrer dos tempos geológicos os estágios de evolução
crus tal foram caracterizados pelo predomínio de processos distintos que
expressam, possivelmente, variações nos estilos tectônicos-magmáticos
globais do planeta Terra com o decorrer do tempo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Comissão de Projetos Es


peciais (CPE) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-
(UNESP) pelo apoio financeiro concedido que possibilitou a realização de
trabalhos de campo e de laboratório dos quais participaram estudantes do
curso de graduação de Geologia de Rio Claro (SP). Agradecem igualmente
ao CNPq pelo apoio concedido no âmbito do auxílio n9 40.0513/82.

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gia.

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__ _ __n___
-
2'.

... . CIDADES

~) LIMITE DE ESTADO
..'

...
I
LDCALllA~ÃO DA ÁRP

10 10.0 10.",

+
ASSOCIACÕES DE INFRA -ESTRUTURA OUTRAS UNIDADES
PRÉ-CAMBRIANO SUPERIOR OUATERNÁRIO / TERCIÁRIO
l-Associações de Adic;ão ~..,;",'~ DEPOSITOS ALUVIONARES E DE COBERTURA
[E:3 GRUPO- p"HAL(GranitóiOll calco-alcalino e alcalinosl
2-Associações de Re1roDOlhamento TERCIÁRIO/ CRETÁCEO
~ C:OMPLEXO PINHALlPOrçÕOmiQmatí,ical ~ MACIÇO ALCALI NO DE Poços DE CALDAS
~ COMPLEXO CAMPOS GERAIS PALEOZÓ ICO
~ COMPLEXO VARGINHAS E3 SEOUÊNCIA VULCANO- SEDIMENTARES DA BACIA DO ""'RANÁ
PRÉ- CAMBRIANO INFERIOR PRÉ-CAMBRIANO SUPERIOR
3-Associações de Retrabalhomento ~ FORMAÇÃO POUSO ALEGRE E ELEUTEIIIO
c:::::J C:OMPLEXO AMPARO ~ GRUPOBAMBU;
li!!:5J COMPLEXOSI LVIANÓPOLIS ~ GRUPO SÃO JOÃO DELREY
~ COMPLEXO GUAXUPÉ
PRÉ-CAMBRIANO INFERIOR (?)
~ COMPLEXO MACHADO
(;::;:;] GRUPO ANDRELÃNDIA E UNIDADES EOUIVALENTE LOCAIS
AROUEANO
[[II]] GRUPO ARAXÁ- CANASTRA
4-Associações Originais
AROUEANO
'-_-I COMPLEXO BARBACENA
J:m::I C:OMPLEXO PRE- GUAXUPÉ
~ SEOUÊNCIASVULCANO'SED'MENTARES

--
~
\
-,.--,.- FALHA DE EMPURRÃO PRINCIPAIS ALINHAMENTOS ESTRUTURAIS
FALHA DE TRANSCORRÊNCIA
/ )

FIG.1-MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DA REGIÃO NORDESTE DO ESTADO DE


SÃO PAULO E SUL DE MINAS GERAIS

3.090
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

ASPECTOS GEN!:TICOS E DEPOSICIONAIS DO GRUPO MACAÚBAS NA REGIÃO


DA BARRAGEM DO PARAÚNA E SUA IMPORTÃNCIA NA CONTRIBUiÇÃO PARA
UM MODELO PALEOGEOGRAFICO E GEOTECTONICO

Joachim Karfunkel
Paulo Célar Horta Moreira
Maria Cristina Ribeiro
Adauto lúcio Costa Franco
Instituto de Geociências -
Departamento de Geologia - UFMG

ABSTRl\Cl'
The paraúna Dam area, w:i:th2ClClKJn2 .tS locaties l8Q KJn nOrth
of Belo Horizonte. It has been mapped in the scale 1:25.00Cl w;i:th the
purpose of analysing the MacaÚbas mistite in several locations.Its gl~
cial origin was prooved and three deposicional environments were :i:de~
tified: glacial-terrestrial,
A
glacial-lacustrine and glacial-fluvial
comparison was made with other areas of occurrence with
.
an
attempt to establish a geotectonic and paleogeographic model for the
Macaúbas/Bambuí cicIe. A simultaneous deposition is likely to bave
occurred in ~h~ epicontinental and marginal ~asins.
Taking the tillite as a key horizon,the sedimentation has di-
vided in three phases: pre-glacial,glacial and post-glacial. The co~
clusions about the origin of the epicontinental deposits duringthepre
glacial phase was made through the analysis of the tillite in verticar
sections,revealing an inversion of the lithologic sequence in the souE
ce area.

INTRODUÇÃO
A região da Barragem do Paraúna,situada a l8Q KJn ao norte de
Belo Horizonte,foi mapeada na escala 1:25.000. A área em destaque~
ge litologias do Supergrupo Espinhaço e Supergrupo são Francisco.tnfa~
se especial foi dada ao estudo dos mistitos do Grupo Macaúbas, com a
finalidade de esclarecer os aspectos genéticos e deposicionais desses
sedimentos. Os resultados obtidos foram comparados com dados de outras
áreas, especialmente da Faixa de dobramentos Araçuaí e são João delRet,
que contêm tal unidade glacial tipica do Proterozóico Superior. As cor
rela~ões feitas objetivaram estabelecer um modelo paleogeográficoe
tectonico para o ciclo Macaú~as/Bambuí.
~

ESTRATIGRAFIA E AMBIENTE DEPOSICIONAL

Supergrupo Espinhaço

A sequência de rochas de caráter psamo-pelítico do Supergru-


po Espinhaço na região da Barragem do paraúna, afloram em extenso sin-
clinal de eixo NNW/SSE. Estas rochas distribuem-se segundo a estrati-
grafia proposta por PFLUG(l965) ,ã exceção das duas unidades basais.
Formação Galho do Miguel -
ocorre apenas a porção superior desta unida
de, composta essencialmente por quartzitos puros de granulação fina que

3.091

------- --------
----

c~valgam os ~etassedimentos do Grupo Macaúbas em falhamentos de empur-


rao de alto angu}o.
Formação Santa Rita - ocorrem metassiltitos e metassiltitos quartzosos
sobrepostos concordantemente, à unidade anterior, exibindo crescentesin
tercalações de quartzitos finos e sericíticos no topo da sequência,in=
dicando passagem graqual para a Formação Córrego dos Borges. O pacote
tem eseessura média de 110 m.
Formaçao Córrego dos Borges - constitui-se essencialmente de '~quartzi-
tos de granulação média apresentando laminações paralelas em estratos
de 3 a 20 cm de espessura.Gradam para a formação sobrejacente com in-
tercalações de metassiltitos,filitos e quartzitos finos.Ocorremb~
quartzíticas,típicas da unidade, por vezes em contato gradacional com
quartzitos conglomeráticos, sendo provavelmente intraformacionais,como
sugerido por PFLUG[~968). A espessura estimada desta formação é de 14Q
metros.
Formação Cõrrego Bandeira - composta basicamente por metassiltitos com
intercalações de quartzitos finos,micáceos.As espessuras da formação ,

estimadas em torno de 350 m, provavelmente não correspondem a valores


reais,devido ao comportamento plástico da sequência em relação aos es-
forços de deformação.
Formação Córrego Pereira - ocorre apenas sua porção basal, aflorando
quartzitos puros de granulometria fina e geralmente compactos.
O ambiente deposicional, segundo SCHOLL & FOGAÇA (1~79),corres
ponde a plataformal mais profundo, inicialmente bastante energético pa=
ra a Formação Galho do Miguel,tornando-se mais calmo para a' FO:EJI1ação
Santa Rita. Para as formações sObrejacentes SCHOLL & FOGAÇA(1979) sug~
rem ambiente de mar raso de baixa energia .Estruturas sedimentares tí-
picas deste último ambiente foram frequentemente observadas na área ma
peada.

Supergrupo são Francisco

Grupo Macaúbas

A subdivisão do Grupo Macaúbas em três unidades, baseada na


litologia típica - o mistito(termo puramente descritivo segundo SCHEB
MERHORN (1966»), - já foi descrita por vários autores em diversas loca-
lidades (HETTICH,1975; KARFUNKEL & KARFUNKEL,1~77; WALDE et al.l~78
KARFUNKEL et aI, 1983, etc).
A unidade inferior encontra-se em contato de natureza tectô
nica com rochas do Supergrupo Espinhaço, essencialmente por falhas de
empurrão de alto ângulo (direção NNWjSSE). A litologia é bastante homQ
gênea e essencialmente representada por quartzitos pouco maturos de gra
nulação média,ocorrendo localmentefilitos grafitosos. -
Na base do Grupo Macaúbas na região de Itacarnbira,norte de
Minas Gerais,ocorrem quartzitos com intercalações conglomeráticas fre-
quentemente em discordância angular com o Supergrupo Espinhaço, inter-
pretados por KARFUNKEL & KARFUNKEL(1977) como sendo depositados em uma
região costeira.
. A unidade média é de ampla distribuição e com espessura m~
xima de 60 m. Predominam mistitos cujos seixos apresentam uma gr~ va-
riedade de tamanho, graus de arredondamento, esfericidade e ~siçãO .

A matriz é silto-arenosa, contendo em certos níveis carbonato e felds


pato.Subordinadamente ocorrem intercalações quartzíticas de distribui=
ção local. '
Um sedimento do tipo mistito pode ser formado a partir de de
posição por geleiras Ctilito-PENCK,1906) ou P9r outros processos comõ
deslizamento de massas, deposição de fanglomerados e mesmo teccônicos
e vulcânicos( pseudotilitos- SCHWARZBACH,1~63). O mistito da região da
Barragem do paraúna, mostra as sequintes características: espectro~
nulométrico amplo(até matacões de 1,5 m de diâmetro), graus de arredon
damento e esfericidade variáveis, baixa seleção dos componentes, espec=
tro composicional diversificado (quartzo,quartzito,gnaisse,carbonato ,
metabásica e metapelito) ,seixos em forma de ferro de engomar("flat-iron
form") ,seixos estriados e polidos, superfície estriada(~strias de até 3
metros de oomprimento e 5 mrn de profundidade direcionadas E-W), conta
to basal por vezes de forma escalonada, "crescents cracks" de 20 cm de

3.092
profundidade com a parte côncava apontando para W, diversos corpos de
composição quartzitica dentro do mistito em forma sinuosa e de corte
elipsoidal,de dimensões médias de 2x7 m,ritmitos intercalados no misti
to de granulação argila/silte-areia média contendo esporadicamente seI
xos pingadosC"dropstones") de até 5 cm de diâmetro, e vestígios local~
zados de estratificação em diversos níveis, frequentemente pertubados,
lembrando estruturas do tipo "slumping".
As características mencionadas permitem claramente identifi
car o mistito como sendo de origem glacial.Os corpos em forma sinuosã
foram interpretados como "eskers".As feições na base do mistito, como
estrias e contatos escalonados, atribQidos ao processo de "quarrying "
favorecem também tal interpretação genética,sendo reforçada pela baixa
relação seixo/matriz. A íntima associação dos rítmitos com seixos pin
gados encontrados em diversas localidades, representam portanto verdã
deiros varvitos.
Os sedimentos associados ao tilito,predominantemente quart-
ziticos(até 15 m de espessura) não podem ser seguidos regionalmente
Tais sedimentos já foram descritos em outras regiõesCKARFUNKEL & KAR-
FUNKEL,1977) e interpretados como sendo do tipo "outwash". Os agentes
água e vento são geralmente subestimados na interpretação do ambiente
glacial. A capa do gelo durante uma glaciação continental tem uma es-
pessura de centenas a milhares de metros, e logo, a quantidade de água
liberada pelo degelo parcial das geleiras é imensa,e as evidências lo-
cais de estratificação dentro do tilito,frequentemente eertubadas , já
indicam contribuição do agente água durante sua deposiçao e os eskers
mencionados representam preenchimento de canais subglaciais.As interca
lações associadas ao tilito foram interpretadas em outras localidades
como sendo vestígios de épocas interglaciais.Entretanto os presentesau
tores são da opinião que tais intercalações marcam apenas deposição flü
vio-glacial durante a glaciação e não necessariamente épocas intergla=
ciais.O final do estágio glacial encontra-se representado nas ~ ba-
sais da unidade superior por "ilhas" de tilito de dimensões métricas
dentro dos quartzitos,interpretadas como remanescentes de "dead-ice" :
no final da glaciação ocorre elevação no nível do mar e inundação par-
cial da planície costeira,depositando-se sobre as areias o material
transportado pelos "icebergs" oriundos das partes centrais da área fon
te.Esse "dead-ice" é recoberto posteriormente por areias f01:J'l1aI1Co
"ilhas"
de tilito na unidade superior quartzítica.
A unidade média do Grupo Macaúbas mostra, em síntese , três
ambientes deposicionais distintos:glacio-terrestre,glacio-lacustrino e
glacio-fluvial.
A unidade superior do Grupo Macaúbas[com cerca de 20-50m de
espessura), é composta por quartzitos e metassiltitos interdigitados ,
e localmente por rochas carbonáticas no topo. Os quartzitos assemelham
se aos da unidade inferior, sendo porém mais friáveis.Os metassiltitos-
estão geralmente muito alterados e afloram apenas em poucas localida -
des. A área da Barragem do paraúna marca estruturalmente um sinclinal,
encontrando-se no topo dos qUartzitos mencionados(~nidade superior), e
em concordância, um horizonte de calcário dolomitico com 4Q m de espes
sura A inclusão desta última rocha no Grupo Macaúbas é apenas inter=.
.

pretativa e será discutida no ítem final.


Grupo Bambuí

Nas proximidades da Barragem do paraúna o Grupo Bambuí é re


presentado pelas Formações Sete Lagoas(~ácie~Pedro Leopoldo) e Serrade
Santa Helena.
A Formação Sete Lagoas é constituída por calcários cinza,es
tratificados, com abundantes intercalações pelíticas , que são sobre=
postas diretamente por calcários dolomíticos maciços entre cortados por
vênulos de quartzo e calcita.LocaLmente ocorrem metassiltitos,por ve-
zes carbonáticos.Na Formação Serra de Santa Helena predominam metassil
titos,com filitos cinza-esverdeados subordinados. Na base,evidenciandõ
contato gradacional com a Formação Sete Lagoas,os metassiltitos sãocar
bonáticos.para estas unidades foram calculadas,respectivamente,espessü
ras variando de 20-60m e l20-l50m, podendo-se no entanto atribuir valõ

3.093

-.------ -__o ___o __.____.__


___~u_._ --- --.'--

res diferentes ,-face ao tectonismo superimposto a essas formações.


O Grupo BambuI é cavalgado através de falhamento de alto ân
gula por rochas do Grupo Macaúbas.Próximo a rodovia BR-259, 7 Km a le§
te de Presidente Juscelino, este extenso falhamento desloca-se do con-
tato cortando apenas rochas do Grupo Bambuí.Localmente pOde-se obser-
var os calcârios da Formação Sete Lagoas sobrejazendo discordantemente
os quartzitos da unidade superior do Grupo Macaúbas.
De acordo com SCHOLL (1976) a Formação Sete Lasoas deposá,
tou-se sobre um paleorelevo do embasamento com sedimentaçao inicial nas
partes baixas(fáciesCarrancas),sendo que a distância da borda da bacia
controlou a deposição dos horizontes carbonáticos da Formação Sete La-
goas.A fácies Pedra Leopoldo depositou-se em altos estruturais próxi-
mos à borda da bacia.A Formação Serra de Santa Helena distribui-se uni
formemente ao longo de toda a bacia, indicando que o relevo pré-Eambu!
do embasamento já estava nivelado.A Formação Lagoa do Jacaré,conside -
rando a dolomitização periódica sin-sedimentar,é característica de am-
biente de águas rasas, sujeito a oscilações do nível do mar.

ESTUDO DO TILITO MACAOBAS

Diversos afloramentos do tilito Macaúbas,na área mapeada,fQ


ram analisados baseando-se nos seguintes parâmetros: relação seixo/ma-
triz,composição da matriz,natureza,esfericidade,arredondamento e~
médio e máximQ~ixo maior) dos seixos, além da relação dolomita/calci-
ta da matriz e dos seixos carbonáticos.A finalidade de tais estudos foi
a confirmação da origem glacial do mistito,através da comparação dos~
sultados obtidos com dados bibliográficos e da análise das mudanças no
comportamento do tilito em diversas localidad~s da área mapeada.
Em uma segunda fase foram levantados os mesmos parâmetrosem
perfis verticais - da base até o topo - procurando-se estabelecer a na
tureza da área fonte. -
Em diversas localidades da área mapeada(sem considerar a po
sição estratigráfica dentro do pacote glacial),foi observado que a prõ
porção de seixos em relação à matriz apresenta valores relativamen~b~
xos, variando de 4,5 a 14%,comportamento este constante em toda a area
(Fig.II). Tal resultado é coerente com trabalhos realizados por KRUM-
BEIN (1933) e outros autores que citam uma baixa relação seixo/matriz
como característica dos tilitos.
A matriz do tilito é predominantemente silto-arenosa sendo
localmente carbonática.
Os seixos aeresentam graus de arredondamento e esfericidade
muito variados e que sao condicionados ao tipo litológico. Os menores
valores correspondem aos seixos de rochas carbonáticas e metapelíticas
e, como esperado, os seixos de quartzo, quartzitb e granito-gnaisse a
presentam-valores maiores e mais regulares. Sua distribuição granulome
trica é ampla, com o tamanho do eixo maior variando de 0,2 a 150 cent!
metros, predominando valores na faixa de 2,5 a 3,0 em.
A ocorrência regular de"cavidades" nos tilitos analisados ,
anteriormente preenchidas por seixos, acarretou certa dificuldade na ~
terpretação dos dados. Tanto observações de campo como comparações dos
parâmetros esfericidade, arredondamento e dimensões das cavidades, de-
monstraram serem estas produto não somente da dissolução de seixos de
carbonatos (como citado por PFLUG & RENGER, 1973), como também da per-
da de $e.ixos de litologias mais resistentes: ~uartzo-quartzito) duran-
te os processos intempéricos.
As análises efetuadas em dois perfis verticais, junto à Bar
ragem do paraúna, confirmaram uma baixa relação seixo/matriz indepen~
dente da posição estratigráfica no pacote de tilito, o mesmo ocorrendo
para os parâmetros arredondamento, esfericidade e dimensões dos sei~~
A composição da ma~riz é silto-arenosa, com teores de calcita e dolomi
ta maio:es na.por2a~ media~a da coluna. A distribui2ão dos seixos quan
to ao t~po l~~o~og~co.var~ou de ~cordo com a posiçao estratigráfica ~
conforme descr~çao aba~xo, onde sao apresentados os e~trldos ~etalhados
de quatro horizontes do pa:::otede ttli'tos,plotados em relação ao topo
da sequência (Fig. III ):

3.094
Nível 1 - Q2 m do topo - é caractertzado pela ausência de se!
xos de carbonato e metapelito,baixa incidência de
seixos de granitojgnaisse,com predomínio de quart-
zo e quartzito.
Nível 2 - 10 m do topo - apresenta elevada proporção de sei-
xos de granitojgnaisse,com ausência de seixos de
carbonato.~ constante a distribuição de seixos de
quartzo e quartzito,com metapelito subordinado.
Nível 3 - 20 m do topo - co~responde ao nível com maior con-
centração de seixos de granito/gnaisse,predominan-
do sobre os demais e associados à maior ocorrência
de seixos de carbonato. são comuns seixos de quart
zo,quartzito e esporadicamente metapelito. -
Nível 4 - 38 m do topo - predominam seixos de quartzito,~
zo e metapelito,subordinadamente seixos de granito
jgnaisse e isoladamente carbonatos.

NO 29 perfil vertical(Eig.III) foi confirmado a associação de


seixos de carbonato e de granito/gnaisse nas porções medianas da unid~
de. A base do tilito não é representada nos dois perfis verticais, pois
o contato com a unidade inferior não aflora.
Em outros perfis nos quais tal contato está exposto,ressalt~
se uma observação de considerável importància interpretativa; na por-
ção basal(de O a 3 ml ocorrem apenas seixos de quartzo,quartzito e me-
tapelito.Sei~os de granito/gnaisse e carbonato estão ausentes.

SINTESE,COMPARAÇÕES COlotOUTRAS ÂREAS E TENTATIVA DE UM -MODELO PALEOGEO


GRÁFICO E GEOTECTONICO

Através das características do tilito Macaúbas na região da


Barragem do paraúna,tal unidade pode ser correlacionada com outras, de
posição estratigráfica idêntica, situadas nas faixas de dobramentos de
idade Proterozóica ao redor do Cráton do são Francisco.Diversos auto-
res(HETTICH,1975i KARFUNKEL & KARFUNKEL,1977iWALDE,1978iKARFUNKEL&.N<>'-
CE,1983ietc'.) além de esclarecerem o problema da gênese do mistito,se
preocuparam também com a interpretação do ambiente e das condições de
sedimentação do mesmo,buscando estabelecer um modelo baseado em compa-
rações com ambientes análogos recentes.Na área da Barragem do Paraúna
foram identificados 3 ambientes diferentes; glacio-terrestre,glacio-la
custrino e glacio-fluvial.Em outras áreas (HETTICH,1975iKARFUNKEL &~
FUNKEL,1977iKARFUNKEL et al.,1983) foi identificado também ambientegla
-
cio-marinho.
A determinação dos limites paleogeográficos oferece certasd!
ficuldades,uma vez que o tilito ocorre apenas em forma de relictos mal
preservados.HETTICH(1975) sugere um modelo em que uma área glacial a
oeste(faixa de dobr~entos Araçuaílcom ~eleiras do tipoH"wet-base",pa~
sa para leste a uma area com sedimentaçao glacio-marinha.WALDE (19.781..
através de análises de tendência superficial, levando em conta diversos
fatores,confirma o modelo com direção de transporte de oeste para le~
te nesta faixa.KARFUNKEL & KARFUNKEL(l977t ,conseguiram identificar no
tilito 3 zonas com características diferentes; zona do gelo em contato
com a terra(a leste)izona do gelo flutuante na plataforma continental e
zona de deposição por "icebergs"( a oeste l.Os citados autores marcam
a linha costeira na região de Terra Branca-Caçaratiba conforme mostra-
do na Fig.V.KARFUNKEL et alo (1983) identificaram no tilito de são Jo-
ão del Rei duas sequências distintas; na base,tilito da fácies glacio-
terrestre e no topo tilito da fácies glacio-marinha,o que foi por eles
interpretado como o recuo das geleiras e o avanço do mar para norte. A
direção de transporte das geleiras era de norte para sul. O tilito de
Carandaí(LEONARDOS,1940),representa a fácies glacio-terrestre.Destafor
ma a linha costeira na faixa de dobram~ntos são João del Rei passa a~
ximadamente entre as cidades de são Joao del Rei e Barbacena CFig. V) - .~

Os resultados dos estudos realizados na região da Barragemdo


Paraúna permitem identificar um ambiente costeiro. Tal conclusão baseia
se na espessura e aspecto do tilito,nos sedimentos associados e em com
parações com outras áreas,nas quais a transição terrestre/marinha estã
exposta. Uma situação semelhante encontra-se nas descrições de DOSSIN C
1983),em área situada cerca de 100 Km a sul.

3.095

----- ---------- --
o

_ Parece-nos bem demonstrado o modelo de uma glaciação no Crá-


ton Sao Francisco durante o Proterozóico Superior,com depósitos de ti-
litos que passam na§:bacias'.marginais a uma sed~mentação glacio- marinha
e portanto,os limitp.s leste e sul desta glaciaçao podem ser traçados na
faixa de dobramentos Araçuaí (MG) e são João del Rei(Fig. V) .Na faixa
de dobramentos Brasília as relações paleogeográficas não foram aindaes
clarecidas. -
Através do estudo detalhado de perfis verticais do tilito na
região da Barragem do Paraúna,e apoiado igualmente em comparações e in
formações de outras áreas,tentou-se estabelecer um modelo geotectônicõ
~ paleogeográfico para o ciclo de sedimentação Macaúbas/Bambuí. Ressal
tamos que poucos perfis verticais não são. representativos para uma re=
gião de milhares de Km de extensão , tratando-se assim apenas de uma
tentativa preliminar. Por outro lado,a semelhança entre os resultadosob
tidos na área estudada e aqueles fornecidos em outras regiões (Grão Mo=
gol, Terra Branca, Carbonita, Serra do Cabral,Jequitaí,Serra do Cipó ,
são João del Rei, etc.) indicam considerável continuidade nas caracte-
rísticas dos sedimentos glaciais.
O Supergrupo são Francisco se desenvolve em 2 ambientes dis-
tintos: mar epicontinental e bacia marginal. A relação entre estas uni-
dades foi alvo de discussoes e controvérsias. Sugerimos utilizar a ca-
mada chave, o tilito, para uma subdivisão em três fases: pré-glacial ;
glacial; e pós-glacial; denominadas informalmente de sequências "A ~
"B" e "C" respectivamente. A tabela a seguir mostra as 3 sequências can
suas litologias distintas para o mar epicontinental e para a bacia mar
ginal,a leste e ao sul do Cráton. Â bacia marginal corresponde o Grupõ
Macaúbas e ao mar epicontinental o Grupo Bambuí(senso lato).

Localidade :Mar epicontinental Bacias Marginai.s

(Grupo Bambu~ ) (Faixa AraçuaJ.) (F.S.J.del R.)


Fase Sequência (senso lato) (Gr . Macaúbas) (Gr.são J .de.lR~

Rochas carlx:>ná- quartzitos ,netassil- xistos, fili-


Pós- ".C" ticas ,metassil- titos,xistos verdes tos, rochas
glacial titos', ardÓsias, carbanáticas
etc. (, 1000 m) (1000 m)
(3) ( +
-1300m)

Glacial "B" erosao tilitos e sed.imen- tilitos e se-


(hiato) tos glacio-marinho d:im:ntos gla-
(2)
H (30-35Om) cio marinhos
(i 70 m)

Pre-
glacial "Ali rochas carbaná- quartzi tos,quart- quartzitos,
ticas zitos cxmg1anerá- quartzitos cxm
(1) (hipotético) ticos glaooráticos,-
(~200 m) metassiltitos
(i'
800 m)
!
I

A sequência "A". é ~sta nas baciasmarginais FOr quartzitos,quartzitos


cxmglaooráticos e metassiltitos (muito lcx:a1.Irente carbonatos) e denaninada na faiXa. de
aobraroentos Araçuaí de Formação Califorme (KARFUNKEL & KARFUNKEL,1977) .,-
unidade A de HETTICH,1975) e nà faixa de são João del Rei de FormaçãoTi
radentes (EBERT,1957) .Não existem dados sobre a deposição contemporâneã
no mar epicontinental.Entretanto,os perfis verticais no tilito da Barra
gem do Paraúna (sequência "B") refletem a natureza da área fonte,atravéS
da inversão deposicional (camadas mais novas representam sequênciasmais
antigas na área fonte)e na região epicontinental devem ter sido deposi-
tadas rochas carbonáticas, que seriam então a fonte dos seixos carboná-
ticos. A deposição se deu provavelmente,em uma bacia dividida por altos
do embasamento (,Fig.VI).Tal hipótese baseia-se nas relações composicio-

3.096
nais do tilito Csequênc;ia "B" t da base para Q topo. nos 3 metros basais
encontra-se apenas seixos de quartzito, quartzo e metapelito, oriundos
da erosão de áreas próximas, situadas a W , de composição "Espinhaço "
e da própria sequência "A" da bacia marginaL Nota-se claramente a fal-
ta de seixos do embasamento e daqueles de composição carbonática, que
virão a ocorrer com a continuação da deposição glacial e consequente ~
rosão de áreas mais afastadas. A porção central da coluna de tilitos~
velou a predominância de seixos de granitojgnaisse e carbonato,ao pas-
so que no topo da sequência a quantidade de seixos de carbonato dimi-
nui e finalmente desaparece. A diminuição dos seixos de carbonato no
topo da sequência,associada à constante presença dos seixos do embasa-
ment9,ê um reflexo dos níveis cada vez mais profundos alcançados pela
erosao.
A sequência "B" foi denominada na faixa de dobramentos Araç:!!
aí de Formação Jequitaí (DERBY,1881) e na faixa de são João del Rei de
Formação CarandaíCLEONARDOS,1940;EBERT,1957;redefinição KARFUNKEL et
alo ,1983}.
A fase 3 ( Fig. VI) na evolução geotectônica do Supergrupp são
Francisco é marcada por processos diastróficos negativos na área crató
nica e em consequência por mudança climática: nas bacias marginais de=
posita-se uma sequência heterogênea, essencialmente de caráter psamo-pe
lítico(sequência" C "),localmente intercalações de xistos verdes e rõ
chas carbonáticas. Na região da Barragem do paraúna o topo da ~ência-
é constituído por rochas carbonáticas,sobrepostas em concordância so-
bre os quartzitos da sequência "C".Composicionalmente são diferentes
dos carbonatos da base do Grupo Bambuí(~eores de Ba e Sr sensivelmente
menores q~e os encontrados para os carbonatos dafácies Pedro Le~poldo
da Formaçao Sete Lagoas ).Por tais motivos, sugere-se sua inclusao no
Grupo Macaúbas. A sequência "C" foi denominada na faixa de dobramentos
Araçuaí de Formação Carbonita'CKARFUNKEL & KARFUNKEL,1977 , unidades C, -
D , E e F de HETTICH,1975) e na faixa de são João del Rei de Formação
Rio Elvas(EBERT ,1968; redefinição KARFUNKEL & NOCE,1983). Concomitan-
temente depositaram-se no mar epicontinental, com distribuição muito
mais ampla(~CHOLL,1976), rochas carbonáticas, metassiltitos e ardósias
do Grupo Bambuí (senso estrito).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos professores Detlef Walde, Carlos Mauricio No


ce, Antônio Celso Campolim Fogaça, Vassily Khoury Rolim e João Henri=
que Grossi Sad pelas sugestões e críticas;como também à GEOSOL, na pes
soa do Prof. J.H. Grossi Sad, e à NUCLEBRAs, na pessoa do Dr. Clesius
Murta pelas análises químicas concedidas.

REFERtNCIASBIBLIOGRÂFICAS :
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Minas Gerais,Brasilien) .,Geo1. Jb.,B 24,3-~1,Hannover.
,

KARFUNKEL,J. & NOCE,C. M. (~9831-Desenvo1vimento Faciológico do pré<am


briano Superior da Região de CarandaÍ - são João del Rei, Minas Ge=
rais," In": Simp. de GeoLde Minas Gerais- Geo1. do pré-Camb., 29,1983
Belo Horizonte, SBG- Núcleo/MG,B01. 3: 16-29.

3.ot7
,~-

----
_.~_.

KARFUNKEL,J.jNOCE,C.M.jHOPPE,A. (~~83L- A Formação Carandai no centro -


Sul de Minas Gerais, Gênese,Ambiente de deposição e correlações."In"
Simp.de Geol. de Minas Gerais - Geol.do Pré-Camb.,29,1983,Belo Hori-
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3.098
FIG. I MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DA REGIAo DA BARRAGEM 00 PARAÚNA - MG

\\

CONVENÇOES

~{D COBERTURAS COLÚVIO ALUVIONARES


ALUVIÕES, ARGILAS, AREIAS E CASCALHOS

GRUPO IAM8Ui CI!IUPO MACAÚIAS FALHA TRANSCORRENTE

FORMAÇÃO SANTA HELENA


FALHA INDISCRIMINADA
METASSILTITOS, FILITOS
FORMAÇÃo SETE LAGOAS-FÁclES PER> LEOPOLOO FALHA DE EMPURRÃO
CARBONATOS, LOCALMENTE METASSILTlTOS
CARBONÁTICOS
UNIOAOE SUPERIOR: QUARTZITOS ----- ALINHAMENTO ESTRUTURAL

METASSILTITOS INTERCALAOOS
CALCÁRIOS OOLOMíTICOS NO TOPO -+- ANTICLINAL COM CAIMENTO

UNIDADE MÉDIA: TILITCS,


QUARTZITOS INTERCALADOS
-+- SINCLI NAL COM CAIMENTO

VARVITOS XISTOSIDADE

UNIOAOE INFERIOR: QUARTZITOS ACAMAMENTO


FILlTOS GRAFITOSOS
CONTATO, PONTILHAOO QUANDO
INFERIDO
SUPER GRUPO ESPINHAÇD
CONTATO GRADACIONAL
FORMACÃo CÓRREGO PEREIRA
o CONTATO ENCOBERTO
/5
.~ lp€odIl FORMAÇÃO CÓRREGO BANDEIRA

8
.~ ~ FORMAÇÃO CÓRREGO DOS BORGES
ESTRADA

O
ao:
~ IP€oor FORMAÇÃo SANTA RITA
~ CURSO rJÁGUA
I
~ FORMAÇÃO GALHO 00 MIGUEL
L ~ '000 O 2000 m
-..---
~ ROCHAS INTRUSIVAS BÁSICAS

3.099

~--
--r

I
FIG.}I ANALISES DA RELAÇÃO SEIXO/MATRIZ E DA ESFERICIDADE,ARREDO'JDAMENTO
E TAMANHO DOS SEIXOS DO TILlTO
I
UJ N
~ESFERICIDADE MÉDIA ARREDONDAMENTO MÉDIO EIXO (molor) MÉDIO (em) ,
.i

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h !~5 ,~
01 5,50 0,72 0,76 0,38 0,80 - I 0,69 0,50 0,50 0,43 0,50 - 0,65 1,50 1,90 1,80 2,50 - 2,20

02 6,30 0,68 0,69 0,83 0,64 0,59 0,82 0,52 0,50 0;37, 0,51 0,50 0,52 1,40 1,20 1,20 3,20 . 1,50 1,70
I
03 4,70, 0,65 0,74 0,50, 0,63 - 0,76 0,551 0,55 O,5C 0,51 - 0,& 1,9) 0,9) 0,7011,50 - 0,90
I
04 5,80 0,71 0,74 - 0,70 - 0,74 0,74 o,~ - 0,50 - 0,5/ 1,3d 1,30
I - 2,50 - 1,50

05 10,20 0,67 0,50 0,70 - -' 1o,&;) 0,44 0,7C 0,3C - - 0,33 4,901I 1'90! 3,00 - - 3,50
I
I
06 10,75! 0,56 0,68 0;36 0,70 0,481 o,?d 0,46 0,58 0,57 0,30 0,28 0,3C 4,60j0,80 1,20 13,OC 2,10 1,50
I

07 4,70 0,50 0,63 - - - 0,43 0,64 0,27 - - - o,se 2,IOjI 4,& - - - 3,20
I
08 8,30 0,59 0,73 - - 0,7C o,r. 0,51 0,61 - - 0;30 O,SE 2,roI l,oc - - 9,50 1,90

09 6,80 0,75 0,57 0,30 0,30 - 0,66


!
0,68 0,57 0,7C, 0,70 - 0,48 Ipc 0,9) 1,00 5,4C - 3,00

10 11,00 0,63 0,60 0,50 0,40 - 0,& 0,48 0,43 0,3C 0,4< - 0,5~ 3,2C 0,70 1,50 8,CX: - 2,20

1I 5,50 0,58 0,60 - - - 0,63 0,30 0;30 - - - 0,27 3,7C 0,80 - - - 2,30

12 14,00 0,61 0,63 0,43 0,7C 0,5E 0,5E 0,47 0,70 0,7~ 0,3C 0,39 0,52 2,se 0,60 2,& 18,OC 4,& 2,00

13 8;30 0,63 0,70 0,43 0,501 - I 0,591 0,37 0,70 0,52 0,4< - 0,54 6,& 0,50 3,10 3,CX: - 6,70

I
14 9,00 0,61 0,60 0,40 - i -
0,56 0,5~ 0,58 0,«: - - O,B( 4,B( 0,80 1,80 - - 2,50

15 6,00 0,66 0,70 - - .- 0,68 0,66 0,66 - - - 0,4< 3,10 0,60 - - - 2,40

16 9,50 0,51. 0,57 0,57 0,50 - 0,64 0,76 0,63 0,57 0,40 - 0,59 1,& 0,40 1,7C 2,3C - 4,60

17 9,OC 0,58 0,60 0,63 - 0,58 0,62 0,30 0,50 0,50 - 0,33 0,3~ 2,& 2,30 1,40 - 4,90 1,80

18 7,70 0,76 0,70 0,65 0,70 - 0,66 0,56 0,70 0,65 0,70 - 0,48 1,90 0,50 1,10 8,50 - 2,40

19 9,00 0,70 0,56 0,54 0,73 - 0,56 0,55 0,53 0,58 0,57 - 0,53 3,2C 0130 5,CX: 6,IC - 3,80

20 9,30 0,57 0,60 0,58 0,70 - 0,66 0,43 0,47 0,45 0,50 - 0,46 3,40 0,50 3,20 5,50 - 2,30

21 5,50 0,63 0,50 0,83 - - 0,61 0,50 0,30 0,43 - - 0,53 1,2C o,so 0,50 - - 1,50

22 8,50 0,63 0,61 0,70 - - 0,57 0,50 0,40 0,30 - - 0,49 4,50 1,70 3,50 - - 3,20

23 11,30 0,66 0,63 0,77 0,59 - 10,68


i
0,43 0,60 0,50 0,43 - 0,631, 5;30 0,50 3,30 7,9C - 2;30

24 6,50 0,80 0,70 - - - 10,63 0,50 0,50 - - !


- 0,51 3,10 0,50 - - - 3,90
!
25 11,00 0,60 0,74 0,50 - - I i
0,5-1 0,47 0,58 0,501 - - O" 2,90 0,60 - - - 4,50

3.100
..

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. . . ...
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O I 02 03 04 01 02 03 Q4 05 06 07 05 06 07

PERFlL VERTICAL I PERFIL VERTICAL ]I

100%

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08 09 10 II 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

100 %

o
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PERFís DISPERSOS NA ÁREA MAPEADA

FIG. III REPRESENTAÇÃO DOS HISTOGRAMAS


[ill NÚMERO DA ANÁLISE

"
MOSTRANDO A RELAÇÃO SEIXO/MATRIZ
EJ SEIXOS DE QUARTZITO
E A RELAÇ30

NO TILlTO.
DA COMPOS1ÇÃO DOS SEIXOS
W SEIXOS DE QUARTZO

~-
- SEIXOS DE METAPELlTO
_ PARTE SUPERIOR: ANÁLISE DE PERFIS
1+++1. SEIXOS DE GRANITO/GNAISSE

VERTICAIS. ~SEIXOS DE CARBONATO


_ PARTE INFERIOR: ANÁLISE DE AFLOR~ [ê2]
I-,~
..
CAVIDADES
..

MENTOS

MAPEADA.
DISTRIBUíDOS NA ÁREA
-
CJ
SEIXOS

MATRIZ
TOTAIS

3.101
---

FIG. IV LOCALIZAÇÃO DAS AMOSTRAGENS EM TILlTOS DO GRUPO MACALJBAS


MEMBRO MÉDIO- REGIÃO DA BARRAGEM DO PARAÓNA- MG

CONVENÇÕES

;>
. PONTO AMOSTRADO
DRENAGEM
ROOOVIA

ESTRAtIA NÃO
PAVIMENTADA

1000 O
W-

FIG.-y A LINHA DE COSTA DURANTE A GLACIAÇÃO DO PROTEROZÓICO SUPERIOR

CONVENÇOES

o BACIAS MARGINAIS PROTEROZÓICO


SUPERIOR
~ BACIA EPICONTINENTAL
}
~
~ SUPER GRUPO ESPlNHAço E PRÉ-ESPINHAÇO

UIJ1II] PRÉ-CAMBRIANO INFERIOR E MÉDIO (lf\DIVlOO)

LINHA DE COSTA DURANTE A GLACIAÇÃO

LIMITE DO CRÁTON SÃO FRANCISCO

I- BELO HORIZONTE
2 - SÃO JOÃO DEL REI
:3- 8AR6ACENA
4 - CARANDAi
5 - SERRA DO CIPÓ
6 - PARAÚNA
7 - SERRA DO CABRAL
8 - CAÇARATI8A
9 - GRM MOGOL
10 - 8RASíLlA

3.102
FASE 1
(SEQUÊNCIA A)
BACIAS EPICONTINENTAIS MAR MARGI NAL

W + + -,.... .~ E
+ '1 .---:-
~+ + + +
+
+ : -:--. --=-
+ + + o.. .. . . . .
+ + + .
. . .... ..'.. ...... .... .". .. .....
+ + + ""
+ + + ++
+ +
+ +
+ + + + + + + + +
.. ....
+ +
+ + + + + + + + + +

FASE 2
(SEQUÊNCIA B)
W E

+
+ +
+
+
+ +
+ +
+ +
+ + + + + . .. NíVELO
+
+ + +
+ +
+ +
+
+
+ + ..
. 00 .
t
I i I . . . . . .. . .o'.. .....
o) LEVANTAMENTO DA ÁREA CRATÔNICA. MUDANÇA CLIMÁTICA E IN(CIO DA GLACIAÇÁO CONTINENTAL

W E

_NíVEL O

.. . .. 8.
b) CONTINUAÇÃO DA GLACIAÇÃO CONTINENTAL. PROFUNDA EROSÃO NA ÁREA CRATÔNICA ATÉ OS NíVEIS DO
EMBASAMENTO. DEPOSITOS DE TILlTOS NO CONTINENTE E DE SEDIMENTOS GLACIO-MARINHOS NO MAR ~
GINAL

FASE ;3
(SEQUÊNCIA C)
W E
- fIfIfI

fi fi fi

+
+
+ + +
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+
+
- . -
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+ + + +
+ + + +
+ + + + + + + + .
+ + ,0"0' .'.
+ +
+1 1+ .
1
SUBSIDÊNCIA DA ÁREA CRATÔNICA, MUDANÇA CLIMÁTICA, SEDIMENTAÇÃO DAS ROCHAS CARBONÁTICAS E
PELíTlCAS NO MAR EPICONTINENTAL. DEPOSiÇÃO DE CARATER PSAMO-PELÍTICA. ASSOCIADA COM ATIVIDADE
VULCÂNICA NO MAR MARGINAL. LOCALMENTE ROCHAS CARBONÁTICAS.

FIG.21
EVOLUÇÃO GEOTECTÔNICA DO CICLO MACAÚBAS/BAMBUí (S. G. SÃO FRANCISCO
BACIA EPICONTINENTAL BACIAS MARGINAIS

~.. .... 0- - QUARTZITOS E METASSILTlTOS COM


GRUPO ESPINHAÇO METASSILTITOS E ARDOSIAS
SUPl!"
- ..-.
I,'\".~r INTERCALAÇÕES OE XISTOS VEROES
TlLITOS E SEOIMENTOS
EMBASAMENTO CARBONATOS ~"16=6=1 GLACIO-MARINHOS

B..'Q~~'.
QUARTZITOS
OE CONGLOMERADOS
COM INTERCALAÇÕES

3.103

----- ----
.--

ANAISDO XXXIII CONGRESSO I!RASllEIRO DE GEOLOGIA. RIO DE JANEIRO. 1984

GEOLOGIA DA BORDA OCIDENTAL DA SERRA DO CIPO, MINAS GERAIS


(Area do Inhame)

Ivo Antonio Dossin


Professor do Centro de Geologia Eschwege - UFMG
Mareei Auguste Dardenne
Professor da Universidade de Brasflja - UnB
Trabalho Desenvolvido com apoio do CNPq (Proc. 40.2613/B1)

ABSTRACT
In The Inhame area, Serra do Cipó, western Border of Serra do Espi-
nhaço (MG), the units referring to Espinhaço Supergroup (Middle Protero
zoic) .and to the Macaúbas and Bambui groups (Upper Proterozoic)~
intensely affected by the tectonic Brasiliano Cycle which is characteri
zed by a peculiar pattern of imbricate scales. -
The sequence, predominantly quartzitic, which constitu~s the Espinha
ço Supergroup, is described in sedimentologicand structural terms.-
The Macaúbas Group, which contains SQme 0ccurrences of manganese or~
is made up of a basal conglomeratic unit (tilite) and a pelitic unit I
which represent two preponderant facies of the glacial environment.
The Bambuí Group, represented by a sequence of pelitic and carbona~
metassediments,is the newest unit in the . region and it is in erosive
unconformity above the Macaúbas Group.
1. INTRODUÇÃO
O estudo da Região do Inhame, na vertente oeste da Serra do Cipó, a
última serra da borda ocidental da Cordilheira do Espinhaçc,pretendeu ,
em primeira instância, contribuir para o conhecimento das discutidas re
lações estratigráficas e estruturais entre as litologias dos supergrupos
Espinhaço e são Francisco. Associadamente,abordagens detalhadas de cará
ter sedimento lógico das sequências em causa, levaram a um ensaio sobre
os antigos ambientes de deposição destas rochas. 2
A área em estudo abrangeu uma superfície de aproximadamente 300 Km ,
distante cerca de 150 Km rumo norte-nordeste de Belo Horizonte. A Figu-
ra 1 mostra o mapa de localização e acesso desta área.
2. S!NTESE'DO CONHECIMENTO GEOLÓGICO REGIONAL
Desde o século passado, com a descoberta do diamante nas imediações
de Diamantina, a geologia e os recursos minerais da Serra do Espinhaço'
vêm sendo objeto de inúmeros estudos que determinaram a evolução do co-
nhecimento regional, detalhando e discutindo as relações estratigráficas
e estruturais entre a sequência de quartzitos e filitos que constitui a
serra, os metas sedimentos da Bacia do são Francisco a oeste e o comple-
xo metamórfico da borda oriental da cordilheira. Ressaltam-se neste sen
tido, 05 trabalhos de Eschwege (1833), Derby (1906), Harder & Chamberlin
(1915~,Moraes & Guimarães (1930), Barbosa (1954), Pflug (1963, 1965 e
1968), Hoppe (1978), Hoffmann (1981), Assis (1982), Uhlein (1982), Car-
valho (1982) e Dossin (1983), entre muitos outros.
Hoje, o acúmulo do conhecimento geológico tem permitido reconhecer
cinco unidades lito-estratigráficas e geotectônicas na região: supergru
pos pré-Rio das Velhas, Rio das Velhas, Minas, Espinhaço e são Francis=
co (Dossin e..t a.t., no :prel.o) .
Na região da Serra do Cipó, foi possível identificar um pacote pred~
minantemente quartzítico, mais antigo, atribuído ao Supergrupo Espinha-
ço, e uma sequência superior, correspondente ao Supergrupo são Francis-
co. Este está representado por uma sucessão de unidades argilo-arenosas
e Qonglomeráticas do Grupo Macaúbas, sotopostas a uma sequência de cará

3.104
ter pelítico-carbonático que constitui o Grupo Bambuí.
3. GEOLOGIA DA REGIÃO DO INHAME
As unidades rochosas que representam o Supergrupo Espinhaço e os gru
pos Macaúbas e Barnbuí na Região da Serra do Cipó, mostram-se dispostasT
em faixas alongadas de extensão submeridiana e direcionamento norte-no-
roeste, e estão colocadas em contato tectôriico por empurrões que jogam
as unidades mais antigas sobre as mais novas. Todas estas feições estão
deli~eadas no mapa da área e nas seções geológicas levantadas (Figuras2
e 3).
3.1. ESTRATIGRAFIA E SEDIMENTOLOGIA
Todo este conjunto de rochas de grande complexidade estrutural, foi
delimitado e subdividido com base nas colunas estratigráficas de Pflug
(1968) para o Supergrupo Espinhaço,de Hettich (1977) para o Grupo Macaú
bas e de Schôll (1972) ,com modificações, para o Grupo Barnbuí, uma vez
que são grandes as semelhanças entre as feições regionais, e os traços
litológicos e estratigráficos descritos por estes autores em suas áreas
tipo.
3.1.1. Supergrupo Espinhaço
As rochas mais antigas da área, uma sequência de metassedimentos de
natureza dominantemente quartzítica, foi reconhecida como Supergrupo Es
pinhaço e subdividida em seis formações: Sopa-Brumadinho, Galho do Mi=
guel, Córrego dos Borges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo
Grande. .
Todas estas unidades estendem-se pela porção oriental da área, confi
gurando amplos segmentos paralelos entre si e separados por falhas in=
versas responsáveis por cavalgamentos que resultaram em um empilhamento
da sequência que não obedece a nenhum padrão cronológico (Figuras 2 e 3l
Re!lexo da mobilidade tectônica a que a região esteve sujeita, as for
mações identificadas encontram-se, não raro, com suas espessuras reais
alteradas, tendo sido inteiramente omitida da sequência a Formação San-
ta Rita.
Complementando este quadro geológico, metavulcânicas de caráter bási
co são encontradas recortando toda a sequência.
(a) Formação Sopa-Brumadinho
O contato inferior destas rochas representadas na porção nordeste da
área em estudo, é de natureza tectônica, e feito.oom as litologias da For-
mação Galho do Miguel, numa inversão da sequência estratigráfica normaL
O contato superior, concordante e gradacional, é realizado novamente
com a Formaxão Galho do Miguel.
A formaçao é litologicamente uma sucessão de filitos branco-esverdea
dos, metassiltitos e metassiltitos quartzosos,dispostos em níveis alter
nados de ordem.centimétrica. são comuns intercalações de quartzitos de
coloração branco-amarelada e granulometria variável de fina a média, às
vezes micáceos e não raro feldspáticos, que podem assumir até alguns me
tros de espessura. Estes feldspatos são microclínios com pertitizaçãoõü
plagioclásios tipo oligoclásio a andesina, nunca ultrapassando um máxi-
mo de 4% na composição da rocha. Metaconglomerados polimíticos não fo-
ram observados durante o mapeamento, muito embora o Rio das Pedras, que
corre na porção sul da área, próximo à Fazenda Quinta da Nova Vida, ten
do suas cabeceiras e curso médio em litologias desta mesma formação, se
ja diamantífero. (Figura 4)
Algumas estruturas sedimentares foram preservadas do tectonismo. As
mais frequentes incluem estratificações e laminações plano-paralelas ,
marcas de onda simétricas e assimétricas, e cruzadas tabulares de porte
centi-decimétrico e alto ângulo, cujas medidas indicam transporte para
N60W e N25E.
Em vista de todas estas feições, acredita-se existirem evidências que
sugerem para a unidade uma sedimentação em ambiente marinho plataformal
raso. Se essa hipótese se confirmar, ela implicará em certas considera
ções regionais em relação às facies sedimentares encontradas comumenteT
na região de Diamantina, onde destaca-se a abundância de níveis conglo-
meráticos diamantiferos, que caracterizam uma sedi.mentação de leques
aluviais em borda de bacia. A ausência destes detritos grosseiros em di
reção ao sul, permite conjeturar sobre a paleogeografia regional na ép2

3.105

--- ----- "-"--


~-

ca de sedimentação desta formação: um alto geográfico se ergueria na re


gião situada .a este de Diamantina, desaparecendo progressivamente em dI
reção ao sul. Uma situação semelhante encontrar-se-ia em direção ao nor
te, segundo os autores que lá trabalharam. -
Desta forma, estaria individualizada a área fonte dos conglomerados'
diamantíferos, centrada sobre a região de Gouveia, e praticamente inter
na à bacia de deposição. Esta bacia de águas rasas, de onde destacam-se
várias elevações a partir das quais originam-se os depósitos de leques
aluviais, é um modelo que coaduna com as observações de Alvarenga(1982),
na região mais a leste de Diamantina (Lavra de Extração). Ao contrári~
esta interpretação se opõe às condições marinhas aventadas para esta fa
cies conglomerãtica nessa área por Pflug (1963) e SchOll & Fogaça(1979~
(b) Formação Galho do Miguel
As exposições da Formação Galho do Miguel têm representatividade na
porção nordeste da área onde confi~am duas faixas alongadas sem ligaçâo
física entre si, e concordantes com a disposição geral das unidades 11-
to-estratigráficas maiores.
A mais extensa dessas faixas percorre a área de norte a sul, e está
sobreposta tectonicamente à Formação Córrego Bandeira. O contato superi
or, também por falhas, é feito com a Formação Sopa-Brumadinho. A exposI
ção mais a este, de menor expressão, está representada somente na por=
ção norte, e mostra na base, contato gradacional com a Formação Sopa
-Brumadinho.
Litologicamente, trata-se de uma sequência monótona de quartzitos pu
ros, esbranquiçados e compactos, de granulometria fina a média. A mica
é um componente acessório nestas rochas, raramente representando mais
que 3% dos constituintes. Os minerais opacos presentes foram identifica
dos como magnetita e/ou martita e hematita. (Figura 4)
Estruturas primárias encontram-se preservadas e tipificam a formaçã~
em especial as estratificações cruzadas de ordem métrica e alto ângulo,
tabulares e acanaladas, além de estratificaçãesplano-paralelas e marcas
de onda assimétricas.
Em termos de sedimentação, as idéias são bastante incipientes, mas os
dados parecem sugerir outros ambientes, que não o plataformal marinho
profundo, como proposto por SchOll & Fogaça (1979) e SchOll (1980) para
a unidade. A observação de sequênciasalternadas de quartzitos laminados
e quartzitos com estratificações cruzadas gigantes (da ordem de uma de-
zena de metros ou mais), remetem à interpretação do ambiente de sedi-
mentação correspondente como praial, com porções permanentemente expos
tas retrabalhadas pelo vento. As direções de corrente obtidas a partir
das estratificações cruzadas na área de trabalho, no entanto, mostram
'
ainda uma dispersão muito grande: N30E, E, S60E, N60W e S80E. Estas no-
vas idéias funcionam a nível de hipóteses, e carecem de observações
mais detalhadas, em ãreas menos tectonizadas como as da região de Dia-
mantina.
(c) Formação Córrego dos Borges
Litologias relativas à Formação Córrego dos Borges têm ocorrência ex
pressiva na área, encontrando-se. representadas por duas faixas alonga~
e orientadas segundo norte-noroeste. Ocorrem ainda outras duas exposi-'
ções, uma na porção meio-norte e outra no extremo sul-sudeste da área ,
ambas interpretadas como escamas tectonicamente embutidas em posições a
normais dentro da sequência. -
As relações de contato, em cada caso, são bastante distintas. A fai-
xa dos quartzitos mais a este, está sobreposta tectonicamente à Forma-
ção Rio Pardo Grande, e grada, na porção superior, às litologias mais
pelíticas que constituem a Formação Córrego Bandeira. A faixa central ,
extremamentetectonizada, faz contato mediante falhamentos 1nversos,can
a Formação ~órrego Pereira a este e os tilitos do Grupo Macaúbas a cesta
No que tange a petrografia, a unidade é constituída por uma sequência
de quartzitos micáceos, finamente laminados, às vezes com feldspatos ti
po microclínio e plagioclásio (oligoclásio à andesina), cuja percenta=
gem na composição da rocha, nunca é superior a 3%. Subordinadamente o-
correm lentes de metaconglomerados polimíticos com seixos de quartzo e
quartzito imersos numa matriz também quartzosa. (Figura 4)
Os quartzitos Córrego dos Borges distinguem-se de todos os demais en
contrados no Supergrupo Espinhaço, pela frequência com que se apresen~
em seus estratos laminações plano-paralelas muito regulares. Outras es-

3.106
truturas sinsedimentares bastante comuns são laminações cruzadas, mar~
cas de onda assimétricas indicando sentido de transporte para nordeste,
e estratificações cruzadas tabulares de baixo e alto ângulo.
A abundância de estratificações cruzadas de ângulo baixo intercala-'
das nos níveis quartzíticos laminados, induz â interpretação de que os
quartzitos da Formação Córrego dos Borges são depósitos relativos a um
ambiente marinho costeiro de praia até âguas rasas submetidas â influ-
ência de correntes de maré com sentido preferencial N6SE e S4SE.
(d) Formação Córrego Bandeira
Na porção este, da zona em que oco~rem, estas litologias estão colo-
cadas em contato tectõnico mediante falhamento inverso, com os quartzi-
tos da Formação Galho do Miguel, que lhes são estrutu~almente sobrepos-
tos. A base do pacote, mais para oeste, mostra contato concordante e
gradacional com a Formação Córrego dos Borges.
Petrograficamente, trata-se de uma sequência de sedimentos pelíticos
dominantemente, representados por filitos metassiltitos e metassiltitos
quartzosos que passam a predominar, sobre os termos mais finos em dire-
ção ao topo da unidade. Estas litologias gradam lateral e verticalmente
a quartzitos de grão fino, puros e/ou feldspáticos. Estes feldspatos I

são microclínio e/ou plagioclásio (oligoclásio e andesina), em quanti-


dades nunca superiores a 3% dos constituintes da rocha. (Figura 4)
Estruturas sedimentares se restringem a estratificações plano-parale
las e cruzadas de porte decimétrico cujas medidas indicaram direções de
correntes próximas a N40E.
As feições lito-estratigráficas levantadas, permitem considerar para
a porção inferior da sequência, uma sedimentação em condições sublitorâ
neas, sob uma lâmina de águas calmas e fora da influência das ondas.Mais
para o topo, começam a aparecer sinais de que as condições do sítio de
deposição foram alteradas, e a sedimentação ocorreu num ambiente de á-
guas rasas, mais agitadas.
(e) Formação Córrego Pereira
As litologias da unidade mostram, na área do Inhame, sobreposição
tectônica à Formação Córrego dos Borges disposta a oeste, em resposta
aos esforços deformacionais que agiram de este para oeste. Na porção
superior da sequência, o contato com a Formação Rio Pardo Grande é con-
cordante e gradacional.
No tocante às feições petrográficas, trata-se de uma sequência de se
dimentos quartzosos, em que podem ser distintas duas facies. A facies T
inferior compreende quartzitos puros e/ou feldspáticos, com microclínio
e plagioclásio (oligoclásio à andesina), perfazendo um total menor que
4% da rocha. Localmente, aparecem lentes de metaconglomerados polimíti-
cos com arcabouço representado por seixos de quartzo e quartzito que es
tão imersos numa matriz quartzosa. Níveis de quartzitos grosseiros têm
também ocorrência esporádica. Na porção intermediária da unidade apare-
cem com frequência intercalações de filitos e metassiltitos de ordem mé
trica. Mais para o topo da formação, estas litologias gradam a quartzi=
tos puros, que constituem uma facies de ocorrência mais restrita (Figu-
ra 4). Esta facies está representada somente na porção norte da área ,
onde pode atingir até 70 metros de espessura, desaparecendo antes de a-
travessar o Córrego Cachoeira, no contato com a Formação Rio Pardo Gran
~. -
Estruturas sedimentares de maior ocorrência são estratificações pla-
no-paralelas e cruzadas acanaladas de alto ângulo, especialmente abun-'
dantes na base da unidade.
Estas feições descritas sugerem sedimentação da porção inferior da
sequência mais argilosa, em ambiente sublitorâneo de águas calmas.Os se
dimentos mais grosseiros do topo da sequência, sugerem um posterior re=
cuo do mar, estabelecendo condições de deposição em ambiente sublitorâ-
neo e litorâneo com águas mais agitadas, caracterizado por canais de ma
rés, cujos registros da existência pretérita são fornecidos pelos ní=
veis conglomeráticos e quartzíticos com estratos cruzados. As dire2ões'
mais frequentemente tomadas no campo, a partir destas estratificaçoes '
cruzadas, fornecem valores próximos a NSOE para o sentido de ~orrente.
(f) Formação Rio Pardo Grande
A Formação Rio Pardo Grande corresponde a uma faixa de extensão re-

3.107

~-_.
gional, que atravessa a área na sua porção centro-nordeste.
As relações de contato da Formação Rio Pardo Grande com a unidade que
lhe é sotoposta, são aparentemente concordantes, sendo bem distinta a
passagem dos sedimentos finos desta formação, para os quartzitos do Cór-
rego Pereira. A porção superior da sequência está em contato tectônico ,.

marcado por importante falhamento inverso, com a Formação Córrego dos BOE
ges.
As litologias dominantes desta formação consistem em urna alternância
de filitos, metassiltitos e metassiltitos quartzosos. são comuns na se-
quência intercalações de quartzitos puros e/ou feldspáticos. Observados'
ao microscópio, estes feldspatos são microclínio e plagioclásio (oligoclá
sio a andesina) em quantidades nunca superiores a 5% da rocha. Na porção-
basal da unidade estes termos pelíticos gradam lateral e verticalmente a
detritos mais grosseiros: quartzitos de grão médio a conglomeráticos, 10
calmente com lentes de metaconglomerados polimiticos, nos quais dominam
seixos de quartzo e quartzito imersos numa matriz quartzo-micácea. (Figu
ra 4) -
Além da predominância de estratos plano-paralelos, especialmente fre-
quentes nos metassiltitos e quartzitos, são ainda comuns nestas litologi
as, laminações cruzadas e estratificações cruzadas tabulares e acanala~
Aqui também, as repetidas intercalações de filitos, metassiltitos e
quartzitos sugerem oscilações frequentes do nível do mar provocando rá-
pidas transições nas condições de sedimentação ora sublitorâneas de á-
guas rasas, ora de águas rasas com nível de energia mais elevado, o que
é expresso pelos estratos cruzados, cujas medidas revelaram sentido de
transporte em torno de N50-70E.
3.1.2. Supergrupo são Francisco
Os agrupamentos litológicos que constituem o Supergrupo são Francisc~
comportam regionalmente uma divisão em duas grandes unidades: os grupos
Macaúbas e Bambuí, frequentemente em contato de natureza tectônica na
área do Inhame.
A cronologia destas unidades tem sido motivo de controvérsias há mui-
to tempo, mas na área, parece não haver dúvidas que as litologias do Ma-
caúbas sejam mais antigas. Este fato fica claro pela observação de uma
grande estrutura dobrada, o Anticlinal do Rio Preto, que está posiciona-
do na porção noroeste da área, próximo às margens do Rio Preto, constitu
indo importante chave estratigráfica para a região. No núcleo desta do=
bra afloram tilitos que tipificam o Grupo Macaúbas, sotoposto em discor-
dância aos mármores do Grupo Bambuí. Em outras porções da área o contato
entre estas duas unidades é de natureza tectônica e realizado mediante
empurrões, que jogaram o Grupo Macaúbas sobre o Bambuí.
(a) Grupo Macaúbas
Encontra-se sotoposto aos quartzitos da Formação Córrego dos Borges
com a qual faz contato mediante falhamento inverso, e sobreposto tectoni
camente às sequências do Bambuí.
O Grupo Macaúbas é passível de subdivisão em uma sequência de finos
predominantemente, e outra de metaconglomerados (tilitos). O mapeamento'
mostrou ser possível a utilização informal das unidades B e C, na siste-
matização desta subdivisão, corno proposto por Hettich (1977) para parte
da sequência da borda ocidental da Serra do Espinhaço, mais a norte.
(a.l) Unidade B
Três principais zonas de ocorrência desta unidade tilítica foram indi
vidualizadas na área. A maior delas constitui uma faixa de direcionamen=
to norte-noroeste que atravessa toda a área por sua porção média. Urna se
gunda zona de exposições representativa, ocorre um pouco mais a este, na
porção meio norte da área. Na realidade, esta segunda ocorrência repre-
senta urna faixa da unidade tilítica de oeste, que foi desmembrada pela
introdução tectônica de urna escama de quartzitos do Córrego Borges em
meio à sequência. A ocorrência de maior importância, no entanto, é o a-
floramento do núcleo do Anticlinal do Rio Preto, já referido.
No núcleo do Anticlinal do Rio Preto, foi descrita a sobreposição dis
cordante das litologias Bambuí, aos tilitos Macaúbas. Nas outras zonas T
de ocorrência, as relações de contato com as unidades adjacentes são con
cordantes, no caso dos filitos da Unidade C dispostos a oeste, e tectônT
cos, corno os que são feitos com os quartzitos Borges, nas imediações dõ

3.108
Córrego Cangalha.
Esta unidade de tilitos constitui um pacote de metaconglomerados com
seixos de quartzo, quartzito e granitóides, tipicamente estriados e fa-
cetados, imersos numa matriz de caráter argilo-siltoso até arenoso. Fre
quentemente, intercalam-se nestes detritos grosseiros níveis, que po=
dem apresentar continuidade lateral ou não, de quartzitos puros, metas-
siltitos e metassiltitos quartzosos,podendo todas estas litologias apre
sentar seixos localmente. -
Na base desta sequência, foram observados, ocorrendo de modo descon-
tínuo, metassiltitos, metassiltitos quartzosos, quartzitos micáceos e
conglomeráticos constituindo pacotes ae até 20 metros de espessura, os
quais podem estar representando a Unidade A de Hettich (1977).
(a.2.) Unidade C
A sequência de metapelitos da Unidade C ocorre como restos sobre os
tilitos, em zonas alongadas paralelamente à direção das estruturas re-
gionais. Configuram afloramentos descontínuos, seccionados por falhamen
tos de gravidade de direcionamento este-oeste. -
A Unidade C recobre concordantemente os sedimentos dasequência tilí-
tica nos locais onde as relações de contato puderam ser observadas. A
porção superior da unidade está em contato tectônico ora com os mármo-'
res da Formação Sete Lagoas, ora com os filitos da FormaçãoSantaHelen~
No que tange ao caráter de suas litologias componentes, é uma sequên
cia de finos em geral. Na base predominam metassiltitos e metassiltitos
quartzosos de coloração amarelada e filitos grafitosos cinza-prateados'
que podem ser utilizados como nível guia. Para o topo passa-se a inter-
calações de filitos grafitosos, filitos esverdeados, quartzitos e metas
siltitos quartzosos, localmente conglomeráticos (com seixos de quartzi=
to subarredondados de até 5 centímetros). (Figura 4)
As variações faciolôgicas observadas conduzem à reconstrução de um
ambiente de deposição glacial com influência lacustre ou marinha para a
sequência (Dossin, 1983-b e Dossin & Dardenne, no prelo).
.
(b) Grupo Bambuí
Uma sequência de rochas argilo-carbonatadas caracteriza a mais jovem
sucessão estratigráfica da área da Fazenda Inhame.
Estas litologias são passíveis de subdivisão em três unidades meno-
res: formações Carrancas, Sete Lagoas e Santa Helena.
(b.l) Formação Carrancas
Apenas um único. afloramento de conglomerado foi descrito na área co-
mo pertencente à Formação Carrancas. Esta exposição de dimensões reduzi
das está individualizada na porção central do mapa, junto ao Córrego dã
.Cachoeira, em escala exagerada, a fim de que sua representação fosse
possível. Regionalmente, é uma unidade descontínua, cuja espessura va-'
ria de O a 20 metros (Figura 2).
Petrograficamente, tratam-se de metaconglomerados polimíticos, nos
quais o arcabouço pode atingir até 70% da constituição da rocha. Estes
seixos de quartzo e quartzito mostram arredondamento e tamanhos varia-
dos, podendo oscilar entre diâmetros de 1 a 20 centímetros. A matriz tem
constituição quartzítica, às vezes com alguma mica. (Figura 4)
(b.2.) Formação Sete Lagoas
As litologias da Fo:cnação.Sete Lagoas ocupam qrande P?rte da porção cen.tral da
área mapeada, ocorrendo em faixas que ora são espessadas ora adelgaça-'
das, em função do basculamento de blocos que acompanhou a tectônica de
gravidade. Junto ao curso médio do Córrego Cachoeira, chega mesmo a de-
saparecer, estando os metassiltitos Santa Helena em contato direto com
as litologias do Grupo MacaUbas, e só reaparecendo novamente mais a su~
na altura da Fazenda Quinta da Nova Vida, estendendo-se a partir daí co
mo uma faixa contínua, para fora dos limites do mapeamento. -
As relações de contato n~ porção basal da sequência são de natureza'
tectônica, e feitas ora com os tilitos, ora com os filitos Macaúbas. O
topo da unidade está em contato concordante e gradacional com os peli-
.
tos da Formação Santa Helena.
A porção inferior da unidade está representada por filitos carbonáti
cos de coloração amarronzada, que para o topo passam a mármores dolomí=
ticos acinzentados, com alternância de níveis argilosos impuros. Local-

3.109

------.-._-
------

mente, aparecem nestas rochas fraturas preenchidas por material sedimen


tar detrítico, representado muitas vezes por fragmentos de lateri~ man
ganesíferas e restos de fósseis pulmonados. Sucedem-se intercalações de
filitos, quartzitos e mármores micáceos e compactos. Estas rochas carbo
náticas estão com frequência entre cortadas por vênulas de quartzo e cal
cita desenvolvendo comumente uma textura ruiniforme nas porções superfI
ciais, face aos processos de erosão diferencial. -
(b.3.) Formação Santa Helena
Somente a porção médio-basal da sequência de pelitos que constitui a
Formação Santa Helena encontra-se dentro dos limites propostos ao mapea
mento, em contato concordante e gradacional com os mármores da Formaçãõ
Sete Lagoas.
O conjunto litológico está basicamente representado por metassiltitos
filitos e ardósias esverdeadas, assumindo tonalidade vermelha quando al
teradas. Mármores e quartzitos podem, aparecer, às vezes,ar.oint~laç~
Todos estes aspectos litológicos e estratigráficos descritos, permi-
tem tecer algumas considerações a respeito do ambiente de deposição des
tas unidades que compõem o Grupo Bambuí. Após a fusão das geleiras,ocor
reu uma transgressão, cuja base é caracterizável pelos conglomerados da
Formação Carrancas, à qual se sobrepõe uma sedimentação marinha litorâ-
nea de natureza dolomítica, com intercalações argilosas, que se tornam'
preponderantes com o aprofundamento progressivo da lâmina d'água e a
instalação da sedimentação pelítica em águas calmas no âmbito da Forma-
ção Santa Helena.
3.1.3. Rochas Metabásicas
Rochas ígneas de caráter básico são encontradas, na área mapeada es-
pecialmente na sua porção nordeste, cortando a sucessão de metassedimen
tos do Supergrupo Espinhaço, sob a forma de diques e diqueS-4~!!4. -
Estas exposições mostram de ordinário elevado grau de alteração, com
o desenvolvimento de espessos regolitos sobre a rocha fresca. As rela-'
ções de contato com as encaixantes não foram porisso passíveis de obserd
vação. Onde as feições da rocha fresca estão ainaa preservada, o desen=
volvimento de planos de foliação paralelos ao das litologias regionais,
pode ser muitas vezes observado. Na área do Inhame, a observação destas
estruturas de deformação só não foi possível na ocorrência próxima à Fa
zenda Joaquim Gomes, onde aparecem rochas de granulação grosseira, pe=
trograficamente correspondentes a gabros.
Ao microscópio, estas rochas mostram também distinção mineralógica.
As metabásicas de textura xistosa tem constituição a base de clorita e
anfibólios da série actinolita-tremolita. Secundariamente, observa-se'
quartzo, carbonatos e opacos tipo leucoxênio e óxidos de Fe. As ocorrên
cias do segundo tipo, rochas de grão grosseiro., de textura granular a
equigranular, mostram basicamente relictos de clinopiroxênio tipo pigeo
nita-augita, com frequência uralitizados, além de anfibólios da série
actinolita~tremolita e ripas de plagioclasio da ordem de labradorita ,
comumente saussuritizados. Mais ocasionalmente, ocorrem biotita- titaní
fera, "quartzo micro-pertítico, clorita e como acessórios epidoto e "9paCOS:-
Torna-se difícil precisar a época de atividade destes processos de
vulcanismo, mas duas hipóteses podem ser colocadas. Em se considerando
o fato que estas básicas são encontradas cortando toda a sequência do
Supergrupo Espinhaço, utilizando em sua ascensão à superfície, os falh~
mentos relativos à orogênese Espinhaço, remete-se à interpretação de
que estas rochas são de caráter tardi a pós-Espinhaço. Neste caso, a
existência ou não de estruturas de deformação nestas rochas ígneas, po-
deria estar relacionada simplesmente a'uma maior ou menor resistência do
corpo aos esforços tectónicos (resistência esta, regida pela conformação
e espessura do derrame). Outra hipótese, quando se considera a ausência
de evidências de deformação e metamorfismo nestas litologias, e que elas
teriam ascendido no fim, ou após a orogênese brasiliana, e portanto se-
riam cronologicamente distintas.
As análises radiométricas destas rochas, também apresentam resultados
controversos. As determinações de Hoffmann (1981) em metabásicas de ca-
ráter vulcânico, que cortam o Supergrupo Espinhaço na região de Diaman-
tina, indicam idades em torno de 1,8b.a. para estas rochas. Já as data-
ções K/Ar de Parenti Couto e~ ato (1983), de rochas de posicionamento

3.110
estratigráfico similar nas imediações da Fazenda Campo Redondo, a sudes
te da área mapeada, indicaram idades em torno de 1,1 b.a.
4.2. ESTRUTURAL E METAMORFISMO
O arcabouço estrutural da área da Fazenda Inhame constitue um modelo
deformacional de escamas imbricadas, que reflete a reação de um substra
to litologicamente variado, às sucessivas recorrências de uma tectônicã
compressiva (Figura 2).
Estes esforços foram responsáveis pela ocorrência regional de impor-
tantes falhamentos de empurrão e cavalgamentos, que produziram inversão
estratigráfica, jogando o Supergrupo Espinhaço sobre o Grupo Macaúbas,e
este sobre o Bambuí (Figura 3). -
O padrão de deformação impresso nestas sequências é distinto, e em
grande parte determinado pelo grau de competência de suas litologias .'

constituintes. Nos quartzitos do Supergrupo Espinhaço e em parte do Gru


po Macaúbas, o registro existente é de uma tectônica que foi predominan
temente rígida. Nos pacotes de caráter pelítico-carbonático do Supergrü
po são Francisco, os traços mais visíveis são de uma tectônica plástic~
4.2.1. Evento Espinhaço
Na área do Inhame, as evidências de atividade tectônica sobre o Su-
pergrupo Espinhaço, antes da deposição do Grupo Macaúbas não são detec-
táveis, não existindo nenhuma deformação que tipifique adicionalmente a
sequência de quartzitos em vista da coaxialidade dos esforços relativos
aos ciclos Espinhaço e Brasiliano.
No entanto, existe uma orogenia claramente anterior ao Brasiliano re
conhecida regionalmente, que produziu movimentação das sequências Espi=
nhaço originando ondulações de direcionamento norte-sul, que são respon
sáveis pela conformação dos sedimentos Macaúbas, relativamente às unidã.
des mais antigas, e pelos contatos em discordância angular entre esta T
sequência e aquelas.
As melhores informações obtidas sobre o metamorfismo que atingiu a
sequência, estão impressas nas intercalações filíticas subordinadas aos
pacotes de quartzitos. A mineralogia destes metapelitos representada '
por clorita-sericita-muscovita e quartzo, registra condições de metamor
fismo de facies xisto-verde baixa, a que a unidade foi ~tida~offmann
(1981) utilizando paragêneses mais propícias (cloritôide-cianita) de ro
chas basais à sequência da região de Diamantina, estimou pressão mínimã
de 4-5Kb e temperaturas de 440 a 4509C para o metamorfismo Espinhaço.
4.2.2. Evento Brasiliano
A feição mais marcante desta tectônica foi o desenvolvimento de ex-
tensas regiões de falhas direcionadas paralelamente a NNW-SSE que res-
pondem por inversões estratigráficas da sequência, produzindo, outras'
vezes, a omissão de unidades inteiras, como ocorre, por exemplo, com a
Formação Santa Rita, e as formações Córrego Bandeira e Córrego Borges
nas proximidades dos córregos do Inhame e do Mármore respectivamente.
Relativos a esta fase de deformação, estão impressos na sequência
quartzítica, dobramentos abertos com eixos direcionados paralelamente
aos falhamentos de empurrão, denotando assimetria para W: os flancos es
te, mergulham em média 259, enquanto os de oeste mostram mergulhos de
cerca de 359. Vez por outra, sempre associadamente às zonas de falha,es
tes dobramentos podem mostrar-se relativamente mais fechados. Junto aõ
cavalgamento do Supergrupo Espinhaço sobre o Macaúbas, os movimentos de
arrasto de blocos origin~ com bastante frequência, verdadeiros mega-
d4ag6. .
Nas unidades pelítico-carbonáticas do Grupo Bambuí, especialmente
próximo ao contato com o Grupo Macaúbas, esta deformação está mais mar-
cada, configurando isoclinais de escala decimétrica e eixos direciona-'
dos NNW-SSE. Entretanto, a medida que se afasta desta zona de contato
.'
em direção ao centro da bacia, a deformação da unidade torna-se menos'
acentuada e os dobramentos tornam-se gradativamente mais amplos e aber-
tos, até constituirem suaves ondulações, nos limites da área.
Associa-se a esta fase, o desenvolvimento de uma xistosidade plano -
-axial com direcionamento paralelo a N20-30W, e mergulhos de 409 para
NE. Nas dobras deitadas do Grupo Bambuí, a inclinação pode diminuir,mos
trando ângulos baixos ou até paralelismo com o acamamento. -
Um segundo sistema de falhas destaca-se na análise do arcabouço es-

3.111

-------
trutural da região. são falhamentos transcorrentes, impressos especial-
me~te sobre as sequê~cias rígidas do Supergrupo Espinhaço e do Grupo Ma
caubas segundo direçoes preferenciaisN40-50W e N30-40E. -
Relacionado à fase de alívio desta tectônica compressiva, desenvol-'
veu-se um terceiro sistema de falhas. são falhamentos de gravidade, de
direcionamento E-W e origem profunda, visto terem sido utilizados como
condutos na ascensão das vulcânicas de caráter básico que constituem 'al
guns derrames na área. -
Estes novos elementos rupturais determinaram basculamento de blocos,
com rejeitas de componentes horizontal e vertical, que produziram mudan
ças de espessuras das unidades afIar antes, e mesmo a omissão de partesT
da sequência. ~ possível atribuir a este mecanismo de basculamento de
blocos o desaparecimento da Formação Sete Lagoas nas imediações da Fa-
zenda Inhame, entre dois importantes falhamentos locais.
Completando esta estruturação tectônica, quatro sistemas de fraturas
foram constatados paralelamente a N20E, NIOW, N80E e N80w, especialmen-
te desenvolvidos nas unidades quartzíticas.
A presença de clorita nas intercalações filíticas das sequências de
quartzitos, na matriz fina das unidades tilíticas, bem como nos mármo-'
res Bambuí não conduz à consideração de facies metamôrfica mais alta
que xisto-verde.

AGRADECIMENTOS
Os autores expressam o seu agradecimento ao Conselho Nacional de Pes
quisa (CNPq)e ao Convênio DNPM/CPRM/FUNDEP/UFMG a cargo do C.G.Eschwege,
que possibilitaram a ampliação dos estudos geológicos do Espinhaço Meri
dional.
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3.113
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PRlfIiICIPAIS VIAS,DE ACESSO. OS PERCURSOS, AO LONGO 00 RIO CIPÓ, QUE LIGAM A FAZEM
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DA SERRA 00 ESPINHACO (MG). ESTÃO PlOTAOAS AS SEÇÕES GEOLÓGICAS LEVANTADAS
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FIGURA 4 COLUNA I..ITOESTRATIGRÂFICA SIMPLIFICADA DA ÁREA 00 INMAME. SERRA 00 CIPÓ,

80AOA OCIDENTAL DA SEAAA 00 ESPINHACO {MGI, AS ESPESSURAS SÃO APRO)(IMAOA$.

3.117

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ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 19B4

GEOLOGIA DA FAIXA MOVEL ESPINHAÇO EM SUA PORÇÃO


MERIDIONAL -MG

avo Antonio Dossin


Alexandre Uhlein
Professores do Centro de Geologia Eschwege - UFMG
Tinia Mara Dossin
-
Mestranda da Universidade de Brasília UnB

ABSTRACT
In the Serra do Espinhaço Meridional Region, five major Lithostrati-
graphie units are recognized Pré-Rio das Velhas, Rio das Velhas, Mina~
Espinhaço and são Francisco supergroups. The posicion of these units
with possibles correlations among localized studies,on the eastern border
(Serro Region), the western border (Cipó Region) and the central zone
(Diamantina Region), are discuted.
The oldest unit receives, locally, several denominations~ it is cons
tituted by granitic and migmatitic rocks.
The Superior sequence, possibly of archean age, comprehends a succes
sion of metavolcanics and .
metasediments, which in the Serro Region was
already counted as a volcano-sedimentar sequence.type~eenstohe belt.
The Minas Supergroup was individualized in the eastern border of the
range, and it is represented by quartzites, phyllites and itabirites.
The predominantly quartzitic sequence, which constitutes the Espinha
ço Supergroup, is described briefly, considering the stratigraphies, me
tamorfics, volcanics and structurals aspects. -
The newest unit is the são Francisco Supergroup, regionaly represen-
ted by the Macaúbas Group, which is the oldest, and by the Bambuí Group.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo sintetizar o conhecimento e as contro
vérsias sobre a geologia da faixa móvel Espinhaço, em sua porção meridI
onal.
Atualmente, o aCÜmulo do conhecimento geológico tem permitido reco-
nhecer na região cinco unidades lito-estratigráficas e geotectônica& su
pergrupos Pré-Rio das Velhas, Rio das Velhas, Minas, Espinhaço e são Francisco~
Entretanto, tendo-se em vista a insuficiência de dados a respeito de
amplas porções da Serra do Espinhaço Meridional, carece-se de elementos
que permitam uma correlação segura entre regiões menos conhecidas e ou-
tras, mais pesquisadas. Sendo assim, optou-se, nesse trabalho, por uma
caracterização estratigráfica localizada, através de sínteses relativas
a estudos em áreas-chave. Nesse sentido, o trabalho pretende relatar o
conhecimento atual sobre a geologia da porção central da Serra do Espi-
nhaço Meridional (região de Diamantina), bem como sua borda leste ( re-
gião de Serro) e oeste (região da Serra do Cipó), tentando sempre que
possível, correlações de ámbito mais regional.
A Figura 2 mostra a localização das áreas-chave, nas quais este tra-
balho está consubstanciado, assim como um esboço da geologia regional.
2. EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOLOGICO SOBRE A SERRA DO ESPn~ço ~IONAL
Desde o século passado, com a descoberta do diamante nas imediações'
de Diamantina, a.geolog.\.ae os recursos minerais da Serra do Espinhaço I
vêm sendo objeto de inúmeros estudos. As abordagens mais antigas são de
von Eschwege, que foi o primeiro a utilizar o termo Espinhaço para desig
nar a cordilheira. A ele devem-se pesquisas de cunho geológico-estrati=
gráfico e econômico, de enfoque regional (Eschwege, 1833).

3.118
A estes estudos pioneiros, vieram somar-se outros que muito contri-
buiram para o conhecimento geológico da região, detalhando e discutindo
as relações estratigráficas e estruturais entre a sequência de quartzi-
tos e filitos que constitui a serra, os metas sedimentos da Bacia do são
Francisco a oeste, e o complexo metamórfico da borda oriental da cordi-
lheira (Derby, 1906; Harder & Chamberlin, 1915; Rimann, 1920;Drape~ 192~
Moraes & Guimarães, 1930; Moraes Rego, 1930; Freyberg, 1932; Barbosa,
1934; todos estes trabalhos e outros ~n Renger, 1979).
Na década de sessenta, trabalhos de_ caráter mais sistemático visando
principalmente as primeiras subdivisões estratigráficas e correlações
entre as sequências do Espinhaço Meridional e do Quadrilátero Ferrífer~
tiveram início com Pflug (1963,1965,1968).- Seguiram-se estudos de maior
detalhe vinculados a um programa de pós-graduação das universidades de
Heidelberg e Freiberg (Alemanha Ocidental), onde aspectos petrológicos,
estratigráficos e tectônicos, das sequências em questão, foram objeto
de considerações mais aprofundadas (Renger, 1970; Schôll, 1972; Pflug &
Renger, 1973; Hoppe, 1978; Hoffmann, 1981, entre muitos outros autores.
Em meados de 1980, a concretização do convênio DNPM/CPRM/FUNDEP/UFM~
veio incrementar o rítmo dos mapeamentos de detalhe na região. Este pro
jeto permitiu os trabalhos de Carvalho (1982); Assis (1982); Uhlein(198~
Fogaça (1982); Bastos Neto (1982); Dossin (1983) entre outros ainda em
andamento.
3. GEOLOGIA DA REGIÃO DE DIAMANTINA
3.1. ESTRATIGRAFIA
A estratigrafia da região de Diamantina está delineada nos trabalhos
clássicos de Pflug (1965 e 1968) e Schôll & Fogaça (1979) que reconhe-
cem três importantes conjuntos lito-estratigráficos: supergrupos Pré-
Rio das Velhas, Rio das Velhas e Espinhaço (Figura 1).
3.1.1. Supergrupo Pré-Rio das Velhas
Sob esta denominação ( de Kneidl, 1977 in Schôll & Fogaça, 1979) se
agrupam as rochas graníticas e migmatíticas de idades arqueanas (Brito
Neves e~ aI, 1979) que constituem o embasamento das sequências mais jo-
vens. Estas litologias foram objeto de estudos recentes, mais detalhados
desenvolvidos por Hoffmann (1983) nos arredores de Gouveia, que permiti
ram, juntamente com o trabalho de Schôll & Fogaça,(op.ei~.)caracterizá=
-las como entidade geotectônica distinta da sequência Rio das velhas ,
com a qual anteriormente era reunida, sob o termo genérico da Série Pré
-Minas (Pflug, 1965). O complexo arque ano ocorre na região central dã
Serra do Espinhaço, em áreas reduzidas constituindo núcleos de anticli-
nais ou mais comumente devido a falhamentos inversos tipo escamas ( Fi-
gura 2).
A associação litolôgica está representada por anatexitos (como por
exemplo nGrani-to de Gouveian) , cataclasado em graus diverses originando
desde protomilonitos e milonitos até ultramilonitos (Carvalho, op.ei~.),
associados a faixas migmatíticas localizadas que mostram dobras pigmáti
cas e estruturas 6c.hU.Vten e/ou agmatítica e, ainda, corpos isolados de an=
fibolitos. O granito é leucocrático, possui granulação grosseira com fa
cies equigranulares, porfiroblásticas e pegmatóides, com o feldspato aI
calino (microclínio) atingindo até 8cm. Hoffmann (1983) apresenta a com
posição modal das rochas do Supergrupo Pié-Rio das Velhas indicando um
predomínio de monzogran~tos e granodioritos (53%) sobre tonalitos, trond
jemitos e mela-granitos, os quais perfazem apenas 7% da área de distri=
buição do embasamento siãlico na região.
O aspecto transicional observado em campo entre os granitos e migma-
titos sugere a atuação de processos de fusão parcial (anatexia) sobre
primitivos gnaisses. Segundo Hoffmann (a~ei~.)a muscovita primária e os
cristais de feldspato-potássico indicam temperaturas de 680-6609C e
pressão de 3,5-4kb para a solidificação do granito. Transformações re-
trometamórficas, consequência de eventos metamórficos posteriores ( Rio
das Velhas e Espinhaço) manifestam-se através de saussuritização e clo
ritização. '"
Hoffmann & Hoppe (1981) propõem uma subdivisão do embasamento siáli-
co em Grupo Congonhas (migmatitos) e Grupo Gouveia (granitos), sendo que
para este último é proposta uma origem palingenética (Hoffmann, op.ei~.)
e uma afiliação genética tipo-S.

3.119
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--

3.1.2. Supergrupo Rio das Velhas


Inicialmente definido no Quadrilátero Ferrífero (MG) por Dorr et ai
(1957), o Supergrupo Rio das Velhas foi reconhecido na região de Dia-
mantina por Schôll & Fogaça (1979) em consequência de uma paralelização
lito-estratigráfica entre as duas áreas. Entretanto, a continuidade en-
tre a sequência do Quadrilátero, interpretada por vário~ autores como
sendo um cinturão de rochas verdes arqueano, e as estreitas faixas pre-
sentes sobretudo a leste do anticlinório de Gouveia (Figura 2)ainda não
foi comprovada.
A subdivisão do Supergrupo Rio das Velhas no Quadrilátero Ferrífero
conforme a proposta de Dorr et ai (op.~~t.), também foi tentativamente
estabelecida para a região de Diamantina (Figura 1). Assim tem-se na ba
se, uma associação de clorita-xistos e mica-xistos que mostram semelhan
ça com o Grupo Nova Lima enquanto que a porção superior, constituÍda por
quartzo-mica-xistos com cianita e quartzitos com lentes de metaconglome-
rados, pode ser equiparada ao Grupo Maquiné (Schôll & Fogaça, op.~~t.J.
Carvalho (1982) reconheceu, para uma parte da sequência de xistos do
Rio das Velhas nas proximidades de Gouveia, uma facies cataclástica de-
rivada do embasamento, constituída por filonitos, milonitos e blastomi-
lonitos cuja distinção dos quartzo-mica-xistos do Grupo Maquiné POde ser
via de regra, bastante difícil.
Recentemente, pesquisas sistemáticas ao sul de Gouveia têm utilizado
denominações informais para unidades litologicamente semelhantes ao Su-
pergrupo Rio das Velhas de Diamantina. Assim, Fogaça (1982), na Tegião
de Costa Sena, utilizou a denominação de "Sequência Pré-Espinhaço" para
um conjunto litológico de mesma posição estratigráfica que o supergrupo
Rio das Velhas, constituído por uma associação de clorita-xistos e mica
-xistos com intercalações de itabiritos e quartzitos. -
Hoffmann & Hoppe (op.~~t.) e Hoffmann (1983 b) denominaram de Grupo
Costa Sena aos xistos de idade arqueana na região central da Serra do
Espinhaço Meridional. Segundo eles, são constitu~dos principalmente por
metapelitos e metapsamitos com itabiritos subordinados e raras interca-
lações de xistos verdes e meta-ultrabasitos, todos metamorfisados no fa
cies xisto verde superior.
3.1.3. Supergrupo Espinhaço
O termo Formação Espinhaço, foi utilizado primeiramente por Freyberg
(1932 ~n Renger, 1979), para designar as sequências filíticas e quartzí
ticas que constituem a Serra do Espinhaço. Mais tarde, Schobbenhaus ~
et ~i Q978 ~n Dossin, 1983) na Carta Geológica do Brasil ao Milionésim~
passaram a utilizar a denominação de Supergrupo Espinhaço para estas
. '
mesmas sequências.
As divergências de interpretação no que tange ao posicionamento es-
tratigráfico destas rochas são grandes. A primeira tentativa de correla
ção do Espinhaço à Sequência Minas do Quadrilátero Ferrífero, foi de
Harder & Cnamberlin (19l5,~n Renger, 1979) que equiparam os quartzitos'
da região de Diaman~ina ao Membro Caraça. Mais tarde, Pflug (1965,1968 )
I
numa retomada destas idéias, propôs um modelo de variação faciológica
entre os metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho.e os itabiritos'
da região de Serro, Itapanhoacanga e concei2ão do Mato Dentro (Figura 2)
considerados como representativos da Formaçao Cauê, correlacionando, as
sim, o Espinhaço ao Minas e adotando para ambos a designação de Série T
Minas. Esta visão tornou-se hoje representativa do pensamento de um
grande número de autores que trabalham na região.
Outras interpretações tem vindo de encontro às idéias de Pflug e co-
laboradores. Grossi Sad & Vaz de Melo (1969 ~n Uhlein, 1982) trabalhan-
do na região de Serro, propuseram uma equivalência dos quartzitos do Su
pergrupo Espinhaço com o quartzito Cambotas do Quadrilátero Ferrífero ~
o qual, segundo Simmons & Maxell (1961 ~n Uhlein op.~~t.JeLadeira (1980)
é de idade pré-Minas.
Ainda outros trabalhos têm levantado uma terceira proposta, reconhe-
cendo o Supergrupo Espinhaço como unidade sobrejacente ao Minas (Almei-
da, 1977; Dardenne, 1978; Assis, 1982; Uhlein, 1982). Esta interpreta-
ção é uma recorrência às idéias mais antigas de Derby (1906), Draper
(1920) e Moraes & Guimarães (1930) todos estes trabalhos ~n Renger1979.
No tocante à cronologia da sequência, acredita-se que a sedimentação
está relacionada ao Proterozóico Médio e teria ocorrido entre 1,7 e 1,0
b.a. com deformação e metamorfismo da facies xisto verde, próximos a

3.120
1,0 e 1,1 b.a. (Brito Neves e..t a.l, 1979~ Costa & Inda, 1982~ Hasui,1982).
Na região de Diamantina, a sequência predominantemente quartzítica
'
com filitos subordinados que constitui o Supergrupo Espinhaço foi subdi-
vidida por Pflug (1968) em oito unidades lito-estratigráficas: formações
são João da Chapada, Sopa-Brumadinho, Galho do Miguel, Santa Rita, Córre
go dos Borges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande dã
base para o topo. As duas formações basais foram subdivididas por Schôll
& Fogaça (1979) em seis níveis informalmente denominados A,B,C,D,E, e F
no sentido Base-topo. Para o nível F, em trabalho de detalhe, Fogaça &
Almeida Abreu (1982) propuseram a designação formal do Membro Campo Sam-
paio (Figura 2). .
O vulcanismo no Supergrupo Espinhaço está restrito a corpos de xistos
verdes e principalmente de filitos hematíticos. Os xistos verdes foram
descritos por Renger (1970), Hoppe (1978) e Hoffmann & Hoppe (1981) os
I
quais assinalam a existência de clorita xistos, albita-clorita-quartzo
xistos ou actinolita/tremolita-clorita xistos que ocorrem como diques ou
mesmo ~~ii~. sin-sedimentares nas formações basais do Supergrupo Espinha-
ço. Hoppe & otto (1982), através de dados químicos, indicam composição I
básica até intermediária para estas rochas, enquanto que para o xisto
verde encontrado na Lavra do Damásio, que mostra similaridade com os fi-
litos hematíticos, é sugerida uma origem ultrabásica.
Os filitos hematíticos são rochas tidas como de origem magmática (Ren
ger, 1970) constituídos basicamente por sericita e óxidos de ferro (hemã
tita e magnetita), além de rutilo, turmalina e zircã~São encontradas nu
ma ampla região na Serra do Espinhaço Meridional, constituindo um hori~
te bastante contínuo (Schôll & Fogaça, op.e~.t.) ou como corpos intrusivos
discordantes.
A associação paragenética dos metapelitos e xistos verdes do Supergru
po Espinhaço representada por sericita-quartzo-clorita e clorita-quartzõ
-albita (tremolita ou actinolita), respectivamente, indica metamorfismo'
de facies xisto verde baixo a médio para a sequência. Hoppe & Hoffmann
(1981) estimaram pressões mínimas de 2-5kb e temperaturas de 4309 a 5009
para o metamorfismo Espinhaço. Renger (op.e~.t.1 em função da presença de
cloritóide e stilpnomelano em filitos, sugere um metamorfismo do tipo
Barroviano.
3.1.4. Rochas Metabásicas
Uma importante manifestação magmática pós-Espinhaço, originou diques,
~~ii4 e pequenos 4.toek4 (Hoppe, 1978~ Hoffmann & Hoppe, 1981) de metaba-
sitos que são encontrados cortando os metassedimentos do Supergrupo Espi
nhaço. Foram denominadas de "anfibolitos diabasóides" por Guimarães
(1933) .

Petrograficamente variam de basaltos até gabros. Estas rochas mostram


um predomínios de minerais secundários como anfibólios da série tremoli-
ta-actinolita, formados a partir da uralitização do piroxênio e epidoto-
-clinozoizita originada da saussuritização do plagioclásio cálcico origi
nal. Destacam-se ainda o leucoxênio com núcleo de ilmenita, clorita, al=
bita.neoformada, quartzo, biotita, apatita, carbonato e pirita. Segundo
os dados geocronológicos de Brito Neves e..ta.i (1979) a idade de ascensão
destas rochas é de 1,2 a 1,0 bilhão de anos. ~ possível entretanto, a e-
xistência de eventos magmáticos mais jovens (Dossin, 1983-b).
3.2. GEOLOGIA ESTRUTURAL
A unidade dobrada de maior expressão na região da Serra do Espinhaço
Meridional é o Anticlinório de Gouveia que para oeste, inflete até cons-
tituir o Sinclinório de Conselheiro Mata. Todo este conjunto está recor-
tado por falhas inversas com direcionamento geral N-S e NW-SE, que colo-
ca unidades mais antigas sobre as mais jovens, configurando regionalmen-
te típicas estruturas imbricadas ou em escamas tectônicas. Falhamentos
'
transcorrentes e principalmente de gravidade interceptam estas falhas
assumindo atitudes próximas a NW-SE, NE-SW e E-W.
O conhecimento sobre todo este conjunto ê ainda, escasso e os dados
até hoje reunidos estão sintetizados a seguir.
3.2.1. Supergrupo Pré-Rio das Velhas
direção dos esforços que afetaram esta associação litológica tem si
A
do evidenciada a partir da orientação dos blastos de feldspato potássicõ
os quais, na região de Gouveia, tem direcionamento NE-SW (HOFFMANN, 1981~

3.121

---.-
.~.-

Carvalho, 1982). Esta mesma orientação é mostrada pelo bandeamento dos


migmatitos, bem como pelo eixo das dobras ptigmáticas (Carvalho,op.~it).
A feição tectônica mais característica do supergrupo, entretanto, é
a ocorrência de zonas cizalhadas de idades variáveis que desenvolvem
proeminentemente foliação órientada segundo N20W; 50NE e NIOE; 40SE;
(Carvalho, op.~it.), as quais são provavelmente relacionadas aos ciclos
Rio das Velhas e Espinhaço, respectivamente.
3.2.2. Supergrupo Rio das Velhas
Segundo Schôll & Fogaça (1981) a principal deformação deste supergru
po é do tipo isoclinal com eixos orientados segundo N45W e formação de
xistosidade de plano-axial. Uma segunda fase, com redobramento em ~he-
v~an ou mesmo crenulações de eixo norte-sul,
.
seria atribuída à interfe
rência do Ciclo Espinhaço.
3.2.3. Supergrupo Espinhaço
A tectônica do Supergrupo Espinhaço é caracterizada por esforços com
pressivos que atuaram de este para oeste, originando uma sucessão de dõ
bras abertas, levemente assimétricas, de grande amplitude, e com eixos
preferenciais N-S (Pflug, 1965). A xistosidade de plano-axial ocorre in
clinada para leste. Dobramentos de segunda e terceira ordens se associ=
am a esta fase de deformação, sendo encontrados superimpostos às do-
bras maiores.
A deformação dos eixos desta primeira fase denota um segundo esforço
compressivo de direcionamento N-S, que não chegou, no entanto, a desen-
volver uma segunda xistosidade regional. A esta fase são atribuídas es-
truturas tipo braquianticlinais e braquissinclinais na Serra do Espinha
ço Meridional. -
4. GEOLOGIA DA REGIÂO DE SERRO
4.1. ESTRATIGRAFIA
Na região de Serro foram identificadas quatro unidades lito-estrati-
gráficas: Embasamento Cristalino, Sequência Vulcano-Sedimentar de Serr~
Supergrupo Minas e Supergrupo Espinhaço (Uhlein, 1982 e Assis, 1982)
(Figuras 3 e 4).
4.1.1. Embasamento Cristalino
~ constituído por biotita gnaisses leucocráticos, maciços, sem banda
mento pronunciado e apenas com uma discreta foliação devido a biotita.-
Via de regra ocorrem como um augen-gnaissecom estrutura 6ia~e~ devido
a cataclase ou mesmo como xistos miloníticos e filoníticos. A composi-
ção é variável, de tonalítica a granodiorítica e o metamorfismo é do fa
cies anfibolito alto com frequentes readaptações mineralôgicas indican=
doretrometamorfismo para o facies xisto verde. Segundo Brito Neves et
ai (1979), estas rochas seriam de idade arqueana e remobilizadas no Ci-
clo Transamazônico.
4.1.2. Sequência Vulcano-Sedimentar de Serro
Em contato tectônico com o Embasamento e com o Supergrupo Minas,ocor
re a Sequência Vulcano-Sedimentar de Serro considerada como um possível
g~een~tone beit arqueano e correlacionável ao Grupo Nova Lima, do Qua
drilátero Ferrífero (Uhlein et ai, 1983). Foi subdividida numa unidadeT
ultrabásica (basal), onde predominam xistos magnesianos constituídos por
talco, clorita, serpentina, carbonato, tremolita, et~ e numa unidade se
dimentar, representada por metassedimentos químicos e detríticos com re
corrências de xistos magnesianos (Assis, op.~it.). A sequência mostra T
metamorfismo do facies xisto verde, horizontes cromitíferos considerados
corno estratiformes pré-metamórficos e potencial idade para mineraliz~s
auríferas (Uhlein et ai, op.~it.).
4.1.3. Supergrupo Minas
Derby (1906,in Renger, 1979) foi quem primeiro utilizou o termo sé-
rie Minas para fazer referência à sequência pouco metamórfica e rica em
itabiritos do Quadrilátero Ferrífero. A designação foi mais tarde este~
dida para o pacote predominantemente quartzítico que constitui a Serra
do Espinhaço por Pflug (1965).
O Supergrupo Minas possui extensão regional a leste da Serra do Espi
nhaço (Figura 2) desde o sul de Morro do Pilar até o norte de Serro. Nã

3.122
região de Serro ocorre subdividido estratigraficamente, da base para o
topo, em quartzitos, filitos e itabiritos (Uhlein, 1982; Assis, 1982)
de maneira análoga à subdivisão proposta por Dorr II e~ aLo (1957) para
as unidades basais do Supergrupo Minas, no Quadrilátero Ferrífero. Os
quartzitos são brancos, micáceos e se apresentam conglomeráticos na ba-
se e com lâminas ferruginosas para o topo. A unidade pelítica é consti-
tuída por quartzo-filitos e hematita filitos, com alguns xistos verdes
localizados. A unidade de topo são os itabiritos, que mostram nítida aI
ternância de bandas quartzosas e hematíticas. Estes itabiritos são dõ
tipo superior, considerando-se aspectos"geoquímicos, estratigráficos e
petrográficos (Uhlein, op.e~t.) e, desta forma, perfeitamente corr~cio
náveis com os itabiritos da Formação Cauê (Quadrilátero Ferrífero). Nos
níveis mais pelíticos da sequência, o metamorfismo desenvolveu paragêne
ses características da facies xisto verde, zona da granada (Assis, ap.~.
Para a s8:IUência Minas na região do Quadrilátero Ferrífero, AlIneida (1977)
propõe uma idade proterozóica inferior, com evolução durante o Ciclo
Transamazónico e metamorfismo em torno de 1,8 b.a.
4.1.4. Supergrupo Espinhaço
Na região de Serro, identificou-se três formações: são João da Chapa
da (quartzitos sericíticos com intercalações locais de filitos), Sopa=
-Brumadinho (quartzitos brancos, quartzitos ferruginosos, metaconglome-
rados polimíticos e filitos) e Galho do Miguel (quartzitos finos e puros).
4.2. GEOLOGIA ESTRUTURAL
A feição tectónica regional mais marcante são as falhas de empurrão,
orientadas N-S que invertem a estratigrafia regional, colocando uni~
mais antigas sobre as mais novas (Figura 3) e configurando uma estrutu-
ra em escamas tectônicas. Estes falhamentos são de idade provavelmente
brasiliana.
4.2.1. Embasamento Cristalino
A foliação metamórfica observada é predominantemente NNE, mergulhan-
do para ESE, resultando numa aparente concordância com as unidades es-
tratigráficas superiores. A feição tectónica mais conspícua, entretant~
são as zonas cataclásticas notadamente orientadas N-S".
4.2.2. Sequência Vulcano-Sedimentar de Serro e Supergrupo Minas
Foram deformadas em quatro fases distintas (Uhlein, 1982). A primei-
ra desenvolveu dobramento isoclinal deitado com eixos orientados N60-
-80W, xistosidade Sl e lineações I,. A segunda fase gerou dobras isocl!
nais de eixos N20-30E, aproximadamente ortogonais ao evento D A esta .

fase correspondem a estruturação em anticlinais e sinclinais àe flanco


invertido e a xistosidade regional, orientada segundo N20-30Ei 30SE e
paralela à estratificação. A terceira fase desenvolveu dobras abertas ,
simétricas e assimétricas, com eixos NNW-SSW, associados a uma clivagem
e a uma lineação de crenulação. Foi identificada ainda, uma quarta fase
que originou dobras amplas, suaves e abertas, orientadas segundo E-W e
que não formou xistosidade ou clivagem.
4.2.3. Supergrupo Espinhaço
Na área pesquisada possui uma estruturação em homoclinal, sem dobra-
mento de maior porte. Existe uma incipiente xistosidade nos quartzitos,
orientada NNE-SSW com mergulho para ESE, e que se mostra proeminente nos
filitos. As vezes, estas rochas incompetentes mostram clivagem de crenu
lação ou de fratura. Na Quadrícula de Mato Grosso, localizada ao sul de
Serro (Assis,ap e~t), os quartzitos assumem posição E-W, em função de um
amplo sinclinal de eixo N-S, e são truncados pelos falhamentos de empur
rão que originam estruturas imbricadas. -
5. GEOLOGIA DA REGIAO DO INHAME (SERRA DO CIPO)
5.1. ESTRATIGRAFIA
O estudo da área do Inhame e arredores (Dossi~, 1983-b), borda oeste'
da Serra do Espinhaço Meridional permitiu a identificação de duas gran
des unidades rochosas de história deposicional e tectônica distintas: Sü
pergrupo Espinhaço e Supergrupo são Francisc~ que se subdivide em GrupoT
Macaúbas (basal) e Grupo Bambuí (superior) (Figuras 5 e 6).

3.123

-.----.
------
-'-.

5.1.1. Supergrupo Espinhaço _


..

Na região da Serra do Cipó foi possível reconhecer seis formações


constituindo o Supergrupo Espinhaço, a exemplo da subdivisão que se a-
plica em rochas com constituição e estrutura semelhantes na região de
Diamantina: Sopa-Brumadinho (quartzitos com intercalações de filitos e
metassiltitos); Galho do Miguel ( quartzitos finos e puros), Córrego
dos Borges (quartzitosfinamente laminados), Córrego Bandeira (filitos'
e metassiltitos com quartzitos intercal~dos), Córrego Pereira (quartzi-
tos com intercalações de filitos e metassiltitos e raras lentes de meta
conglomerados), e Rio Pardo Grande (filitos e metassiltitos com interca
lações de quartzitos), (Figura 6).
5.1.2. Supergrupo são Francisco
As primeiras referências ao termo Série são Francisco são de Derby
(1880, ~n Dossin, 1983). Mais tarde Pflug e Renger (1973) denominaram'
Supergrupo são Francisco à sequência de metassedimentos sobrepostos ao
Supergrupo Espinhaço na região da Serra do Espinhaço Meridional.
Reconhece-se hoje a subdivisão do Supergrupo são Francisco nos gru-
pos Macaúbas e Bambu1.
As relações estratigráficas entre os Grupos Macaúbas e Bambuí têm
suscitado controvérsias. Vários autores têm mencionado interdigitações'
laterais entre estas sequências (Pflug, 1968; Pflug & Renger, 1973; Vi-
veiros & walde, 1976; Hettich, 1977; Dardenne, 1979), enquanto que ou-
tros fazem referência a urna discordância entre ambos considerando o Ma-
caúbas corno unidade mais antiga (Oliveira, 1967; Parenti Couto & Bez
1981; Dossin, 1983, op.e~~.).
A presença de estromatólitos Conophy~on na base do Grupo Bambu1, su-
gere, segundo Moeri (1972) e Cloud & Dardenne (1973) estes trabalhos ~n
Dossin,(op.e~~.)idades próximas a 950 m.a. ao norte de Diamantina. Aná-
lises radiométricas indicam idades menores, próximas a 600m.a. (Arnaral.&
Kawashita, 1967) ou 590 a 540m.a. (Parente Couto e~ ai,1981) para os me
tassedimentos Bambuí.
a) Grupo Macaúbas
O termo Macaúbas foi introduzido por Moraes & Guimarães (1930, ~nRen
ger, 1979) e é relativo aos metas sedimentos que se distribuem em faixas
estreitas em torno da Serra do Cabral, ao longo da Borda oriental da
Cordilheira do Espinhaço, e na região do alto médio Jequitinhonha (Fig~
ra 2) . são quartzitos, filitos, metassiltitos e uma litologia caracte-
r1stica, que é um paraconglomerado com seixos e matacões, o qual foi in
terpretado corno depósito de mud6iow em sequência molássica derivada do
ciclo Espinhaço (Pflug, 1965; Braun, 1968) ou sedimento glacial (Hettich,
1977, e Viveiros & walde, 1976 e Karfunkel & Karfunkel, 1975). Várias
tentativas de subdivisão da sequência foram realizadas, especialmente
'
nos últimos anos, por estes mesmos autores. Entretanto, a proposta que
possui maior representatividade na porção sul da Serra do Espinhaço é
a de Hettich (op.e~~.1 que considera seis unidades lito-estratigráficas
informalmente denominadas de A (quartzitos com lentes de conglomerados'
e calcários); B (paraconglomerado), C (filitos-metassiltitos e quartzi-
tos), D (quartzitos com intercalações argilosas), E (metatufos básicos)
e F (quartzitos e metassiltitos).
Na região do Inhame o Grupo Macaúbas é passível, de subdivisão em
urna sequência de meta-paraconglomerados (tilitos) com seixos mata-
cões numa matriz argilosa, (Nível B) e um pacote superior de finos, com
filitos e metassiltitos, predominantemente, e intercalações de filitos '
grafitosos e quartzitos com seixos (Nível C). O estudo faciológico des-
tas unidades sugere a vigência de um regime flúvio-glacial no ambiente'
de deposição (Dossin, 1983-b) (Figura 5 e 6).
b) Grupo Bambuí
O termo Bambu1 foi introduzido por Rimann (1917 ~n Renger, 1979) pa-
ra os metassedimentos argilo-carbonáticos aflorantes no Vale do Rio são
Francisco. A primeira subdivisão proposta para o grupo é a de Costa &
Branco (1961), os quais indicam que o início de sedimentação ocorre com
um metaconglomerado basal (Formação Carrancas) que, para o topo, dá lu-
gar a sedimentos argilo-carbonáticos (Formação Sete Lagoas) e pelítica'
(Formação Rio Paraopeba). Posteriormente, algumas modificações de cunho
estratigráfico foram-propostas por Schôll (1972) e Dardenne (1979).

3.124
o Grupo Bambuí na região do Inhame foi subdividido em três unidades
menores (Dossin ap.~~t.J:formações Carrancas (metaconglomerados polimí-
ticos e quartzitos). Sete Lagoas (mármores dolomíticos com intercala~
de filitos carbonáticos e quartzitos) e Santa Helena (ardósias, filitos
e metassiltitos com quartzitos e dolomitos subordinados) (Figura 6 e 7)
5.2. GEOLOGIA ESTRUTURAL
A feição tectônica mais marcante da região da Serra do Cipó é dada
por um sistema de falhas de empurrão N-S, geradas, através de esforços
compressivos de este para oeste durante o Ciclo Brasiliano, que produzi-
ram importantes inversões estratigráficas, jogando o Supergrupo Espinha-
ço sobre o Grupo Macaúbas e este sobre o Bámbuí.
Na área do Inhame não existem elementos estruturais que tipifiquem a-
dicionalmente o Supergrupo Espinhaço quando comparado ao Supergrupo são
Francisco, sugerindo uma coaxialidade dos eventos Espinhaço e Brasiliano
(Dossin, ap. ~~t.)
5.2.1. Supergrupo Espinhaço
Os elementos estruturais mais marcantes do Supergrupo Espinhaço na re
gião do Inhame, sâo as falhas de empurrão, transcorrente e de gravidade:
Localmente observam-se, na escala mesoscópica, dobras assimétricas com
vergência para W, orientadas NNW-SSE exibindo caimento ora para Norte ora
para Sul. Associado ocorre xistosidade de plano-axial (orientada N20-30Wi
40NE) que, eventualmente, mostra ondulações de eixo E-W.
5.2.2. Supergrupo são 'Francisco
Nas unidades predominantemente quartzíticas g~e compóem o Grupo Macaú
bas, os registros tectônicos são muito semelhantes àqueles do supergrupõ
Espinhaço.
Nos pacotes pelíticos-carbonáticos do Grupo Bambuí especialmente pró-
ximo do contato com o Grupo Macaúbas, são observadas, adicionalmente, do
bras isoclinais com eixos direcionados NNW-SSE, que mostram caimento orã
para o Norte e ora para o Sul. Em direção ao centro da bacia estes dobra
mentos tornam-se gradativamente mais amplos e abertos até constituirem T
suaves ondulações. A xistosidade de plano axial, relativa a esta deforma
ção mostra orientação NNW-SSE. Localmente são identificadas dobras mesos
cópicas suaves, orientadas segundo E-W, superpostas à primeira fase.
6. S!NTESE DOS DADOS APRESENTADOS E EVOLUÇÃO GEOLOGICA DA REGIÃO
As seguintes unidades lito-estratigráficas maiores podem ser reconhe-
cidas na região do Espinhaço Meridional: Supergrupos Pré-Rio das Velhas,
Rio das Velhas, Minas, Espinhaço e são Francisco (Macaúbas e Bambuí). O
posicionamento relativo entre estas unidades e possíveis correlações en-
tre as regiões das bordas leste, oeste e região central estão representa
das na Figura 7 .
-
O embasamento siálíco, de idade arqueana recebe várias denominações'
locais, como Pré-Rio das Velhas, Embasamento Cristalino e Embasamento
'

Granítico de Gouveia.
As rochas supracrustais de possível idade arqueana apresentam-se dife
renciadas quando ocorrem no interior da Serra do Espinhaço ( SupergrupoT
Rio das Velhas, predominantemente metassedimentos) e quando ocorrem na
borda leste (Sequéncia vulcano-Sedimentar de Serro, principalmente meta-
vulcânicas). Face aos conhecimentos atuais, e devido a complexidade de
se correlacionar níveis estratigráficos dentro de faixas de dobramento é
ainda prematura a correlação entre est~s duas sequências.
O Supergrupo Minas, individualizado na borda leste da Serra do Esp~
ço, ocorre geralmente em contato tectônico ora com os metassedimentos que
constituem a Serra, ora com as unidades mais antigas. Regionalmente, mos
trá discordància estrutural e erosiva (seixos de itabiritos dobradas nõ
metaconglomerado polimítico Sopa) com o Supergrupo Espinhaço (Assis &
Marini, 1983).
Com base nos aspectos sedimento lógicos de suas formações, o supergru-
po Espinhaço pode ser subdividido em duas porções distintas, como já re-
conhecido por Dardenne (1978). O conjunto da base compreende as forma-
ções são João da"Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do Miguel depositadas'
em ambiente marinho, plataformal raso a litorâneo, possivelmente com por
ções permanentemente expostas a ação do vento (Dossin, ap.~~t.). A por=
ção superior, representadas pelas formações Santa Rita, Córrego do Bor-

3.125

n__ _ ______
-----

ges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande, constitui de


pósitos relativos a ambiente marinho raso, de baixa energia e com os=
cilações frequentes do nível do mar.
Sugere-se a eleva2ão destas duas grandes unidades à categoria de gr~
pos, com a denominaçao de Grupo Diamantina e Grupo Conselheiro Mata, res
pectivamente, designações tornadas de localidades homónimas, onde se en=
contram a maior distribuição e as melhores exposições destes conjuntos.
Na borda oeste da Serra do Espinhaço existem evidências de discordân
. cia erosiva entre os Grupos Macaúbas e Bambuí (presença de metaconglome
rado Carrancas), permitindo considerar a primeiro cornoa unidade mais an
tiga do Supergrupo são Francisco. -
Urna síntese dos dados relativos à evolução geológica da Região do Es
pinhaço.Meridional pode ser vista na figura 8
AGRADECIMENTOS
Os autores expressam o seu agradecimento ao Convênio DNPM/CPRM/FUNCEP
UFMG, a cargo do C.G. Eschwege, e ao CNPq, que possibilitaram a amplia-
ção dos mapeamentosgeológicos na Região do Espinhaço Meridional e ao
professor Dr. M.A.Dardenne pelas críticas e sugestões.
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FIGURA I COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA REGIÃO DE DI ANTINA...G I SEG. PFLUG .1969; SCHOlL a


FOGACA 1979: FOGAÇA e. ALMEIOA 48ftEU. 1982 : MODIFICAOOSJ.

3,128
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ESBOCO GEÓLOGICO DA SERRA 00 ES',NHACO
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5t O. (S.,. Pftu, . ".n..r. 1973. f8o_ific.d08 t.

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5ERRA 00 E5PINNACO
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-IIIOC_.I .IT.IÁ.ICAI
"Õ.-I co "..01 .. H'- TII:'Õ..ICA. I li. 1'0 01 0'0"".
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E:SPIHH"CO 8RU"AoIHHO
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(- 3a.o., .V 'I'TO. .1."i,ICO. ".0..1 .. CO..LOIIIIIÁTICO. COM'''TIIICALA~ÕIJ 01 "1".1'01.
Ol.coaDi..CIA?
SEOUENCIA UNIOAOE eUAIITII'.' 11.,ei",., . 'III.U.UO.O.. "LITO.. II.TAIII'III"O' C
VUI.C"NO- SEOI- SIO.MINTA" IIITA..,dU'AeA.
MENTAR 00 SERIIO UNIOAOE XII'.I IA tlO'HA' ULT.A'''IICAI COM UfT.IICALAÇÕI.
ULTRA8ÁSICA 01 XI.,OI "'CÁCIO.. 'O " DI II., LTO. r OU.IIT!ITO..
1-800ro' -OISCOIIO.i ..CIA 'Ô.S '.I"i'."A. C''''.
EM8"SA"ENTO 01 1:.",o'lC'io 11I."oOrOIltÍTtCA I ""ALin'A.
CRI S 1.1Ho I,O"T' ..."'IS "OC"AI C:.'ACLÃ'TICA'
T"

FIGURA 4 : QUADRO LITO"!:STRATIGRÁFICO $INPLIFICADO DA R'EGIÃO OE SERRO.


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O'UENTAL DA SERR A DO ESPIHHACO (NGL (S.,. Uhl.in. 1.8Z ).

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JIII' .'AL,M" T CO TI
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.AflTUOI D8 .C.M".'.'O
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FIGURA' NAPA Q(OI..ÓGICO SIMPLlflCAOO OA REGIÃO 00 1""AM[. SERRA 00 Clflá. 80"OA

OCIDENTAL DA SERRA 1)00 ESPINHACO. INGI.

(s.,. 00.81.. 1983 ; ..colo oriei"ol I: 2$.000 I.

, COMI.T'.C"L"~ÕI'
.lIoÓ".' . "'''1'0' . ..T."'...'I'O' DI
SAM". MILrM. IU..'IITO' I .OLO.ITOI.
, N.
SETE LAGOAS C.R'.MÁTICO'.

I'N. CARIIAIICAS ..'..00 . IU."'I'TOI


Olto...i..OI.
RIYEL PlLI'OI. 'ILITO, .. ..TA'SlLTITO,
'C' .11."'0'01

"IV 11. 'I. ,.8.O LO..IIAOO tTILUOf COM aRTIIC.L"CÕ.' 01 OU.II'IIT...

; ,... RIO PAIIDO


'ALMA DI .8PU..ÃO

"L'TOI . 81'.I"LTITOI C08 t"'laCALACÓII .1 OUAa'IITOI . .A.AI


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01 .1,aC.".L081"AOO'.
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A. 'N. C Ó RRTGO I. .I'''''I..TITO' COM I..TE.C OÓ.. .1 OU.",!.'O..
SANDE'''A "'L'TO'
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S 0118 E S
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fIOU"A 6 QUAO"O LITO-ESTRAT1GRÁFICO $INltLIFICAOO OA "EGIÃO 00 INH.AIIifIIE SERR 4 00.

CIPÓ. 80"0. OCIOENTAL. o. SEARA DO !SPINH"CO I "el. (s.,. Ootsin. 19831

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3.131

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FIGURA 7 COIIIIELACÃO LITO-ESTIIATIOIIÁFICA NA SEIIRA 00 ES"NMAÇO - MO
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AS COLUNAS ENCONTIIAM-SE IIEPRESENTAOAS EM ESCALAS OIFEIIENTES I.

EMSII.CACOES TECTOIIICAS

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FIOUIIA 8 SíNTESE DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DA SERRA 00 ESPINMACO IOEII'OIONA L

. V. TO I

3.132
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

EVOLUÇÃO PRE-CAMBRIANA DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Murillo Wille Ribeiro


MME SG- -
Projeto RADAMBRASll
1"
Avenida - S. Universitário
n9 486
74.000 - Goiánia- GO

ABSTRACT The archaean evolution of this portion of the crust happened according
rJindley (1973) rrodel, it had, a emerged continental part in the center-south of the
Minas Gerais state. Where at least five greenstone sequences are lcnowed. This area
was heated, in the Lower Archae<n (Jequié Cycle) resulting in the rerrobilization of
the sialic basement <nd incorporation of the greenstone sequences (Paramirim Craton).
The bord~}ng seas were closed in the Transamazonic Cycle, in the Lower Proterozoic
and, consequen tly, the rocks deposi ted in the seas as on the oce<nic basemen t <nd at
the nearest craton portion were folded and metarrorphosed, welding then to the shield
corresponding at the presen t days to the Af'ric<n and Sou th America con tinen ts.
Happened then a stable tectonic period disturbed in the end of the middle Protero
zoic, when this shield area was separated along the Atl<ntic;P<nafrican Mobile Belt:
begginning in the rift, a period of sedimentation. At the end of the Brazili<n Cy
cle, in the early Cambri<n, this sea was closed <nd the sedimen tary rocks as the b~
sement were folding, metarrorphosed and penetrated by granitic intrusions. The stru::.
tural pattern of this rocks reflect the crossing of Lower Proterozoic rrobile belts
with after with Upper Proterozoic age, resulting everyall Erom plate tectonics mech~
nisms. FUrther this, the rocks and the distribution of Lower Proterozoic metassedi
mentary sequences reflects the existence of geossinclyne process at that time.

:mTRODuçÃO O mapeamento sistemático levado a cabo pelo Projeto RADAMBRASIL nas Fo


lhas Rio de J<neiro e Vitória ao milionésimo, associado a trabalhos preexistentes
permi tiu que se esboçasse uma hipótese da evolução geológica pré-cambriana da area
em apreço.
Os conceitos que serão a seguir sinteticamente expostos encontram-se suportados
por evidências de campo, geocronológicas e quimicas, se bem que, em sua quase totali
dade, constituem-se em dados ainda preliminares e portanto, passíveis de serem rrodi
ficados. É pois, intenção do autor suscitar com a apresentação deste, o intercâmbio
e deb ate de idéi as.

ARCABOUÇQ TECTÔNICO E HISIÓRIA GEOLÓGICA

O CRA'IDN DO PARAMIRIM A região estudada pode ser dividida em compartimentos (Fig.


1) que exibem homogeneidade em terllDs li to lógicos, estruturais e geocronológicos.As-
sim sendo, foi individualizada uma área cen tral, denominada de Craton do paramirim
(Almeida, 1978), no sentido de Anhaeusser et alii (1969), cujas rochas possuem ida
des radiométricas definidas em isócronas Rb/Sr que apresentaram valores de 3 BA; 2,"7'
BA e 2,0 BA. Essas foram obtidas em rochas diatexiticas (Complexo Divinópolis Ma -
chado Filho et alii, 1983), mais abundantes nas p~rções a oeste, e metatexiticas(co;;;
plexo Barbacena 'Barbosa, -
1954), mais co=s a lest~. Compadvel com a isócrona d~
3, O BA, situou-se uma datação realizada pelo Projeto RADAMBRASIL no decorrer do
~

3.133

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peamento das folhas em pauta, em rocha charnockitica (Teixeira, 1982), demonstrando a


existência de rochas de alto grau já no Arqueano Inferior.
As relações de campo obtidas em aflor amen tos , posteriormente datados (Oliveira
Brumadinho, Belo Vale), derronstram que ocorreu uma fase de migmatização em torno de
2,7 BA e que este evento foi posterior a uma época de intrusões básicas e ultrabási
cas ( ~ 3,O BA), visto estarem estas últimas constituindo atualmente os paleossoma:;
desses migmati tos. PodeJIDs relacionar estes resti tos aos metabasi tos e metaul trabasi
tos, do greenstone belt Rio das Velhas. Granada-grafita xistos, cataitabiritos, magn~
tititos e cromititos também acham-se embutidos nesses granitóides (rrormente de comp~
sição granodiori tica) corroborando a hipótese de que a migmatização se deu após a for.
mação dessas rochas.
A isócrona que forneceu idade mais antiga, de 3,O MA, foi obtida de rochas da por.
ção oeste da área cratônica onde predominam diatexi tos, já a idade isocrônica de 2,7
BA resulta de datações de migmatitos da parte central. Esses dois tipos litológicos
predominantes correspondem a faixas onde ocorrem mais ou menos encraves metabásicos
e metaultrabásicos, abrangendo as primeiras, os metatexitos e as últimasJos diatexi
tos. Pode-se verificar essa observação executando-se perfis de oeste para leste, como
entre a cidade de cláudio e a vila de Moeda, no sopé da mesma serra, notando-se então
o aumento progressivo da quantidade de encraves básicos nos diatexi tos até os mesmos
assumirem um aspecto metatexi tico. Portanto, o modelo evolutivo do Arqueano de Wi!l
dley (1973) aplica-se a esta porção da crosta (Fig. 2).
As rochas da área cratônica não exibem regionalmente uma orien tação preferencial
e, em escala mesoscópica, apresentam feições que indicam terem atingido um estágio
muito plástico,
( . feições essas do tipo domos e ovais que, segundo Salop (1972), são ca
. ".. -
racter~st~cas de terrenos gran~ to-gn~ss~cos arqueanos. Apenas as rochas supracrus
tais (Supergrupo Rio das Velhas) dispõem-se em alinhamentos bem definidos. -

A GRANI'IDGÊNESE TRANSAMAZÔNICA Corpos grani ticos que forneceram idade isocrônica


de 2,0 BA são conhecidos mormente nas partes central, sudeste e sul do craton. Esses
apresentam-se levemente deformados ou não, recortando diatexitos e migmatitos, bem c~
rro rochas referiveis ao Supergrupo Rio das Velhas (Barbosa, 1954), como a norte de
Bonsucesso, próximo a Congonhas, Itatiaiuçu e Oliveira; ao Grupo são João deI Rei (E
bert, 1967), a nordeste de Carandai e, ao Grupo Canastra (Barbosa, 1955) a noroeste
de Campo Belo, evidenciando uma idade, no mÍnimo transamazônica, para esses dois úl ti
mos grupos.
As datações r./Ar obtidas em biotitas de rochas do craton, indicando os últirros
~
ventos térmicos que as afetaram, mostram que a parte oeste do craton sofreu seu últi
rro aquecimento a 1,8 BA. Diques básicos com direção geral noroeste intrudidos nas
mesmas são cqmuns na área e são anteriores a esse aquecimento, que provavelmente rel~
ciona-se a época de fechamento do mar que circundava o craton, pois apresentam-se l~
vemente metarrorfisados. Para a parte central do mesmo, tem-se valores de idades r/Ar
tanto transamazônicas como brasilianas, evidenciando um aquecimento desta região nes
se último ciclo. A leste predominam valores brasilianos, indicando que o foco termal
si tuava-se em posição mais orien tal (Teixeira, 1982).

AS FAIXAS IDVEIS E OS LIMITES 00 CRA.'IDN Bordejando o Craton do Paramirim ocorrem ex


tensas faixas lineares onde encontrarros rochas grani to-gnáissicas do embasamento ex
tremamente cataclasadas bem como metassedimentos sobrepostos ou embutidos em aperta
das sinclinais (Faixa de Dobramentos Canastra/Carrancase Faixa Juiz de Fora - Mach;
do filh~ et alii, 1983). -
Os metassedimentos, que correspondem aos grupos Canastra, Carrancas (Trovm et
alii, 1980), são João deI Rei, Minas (Derby, 1906), Andrelândia (Ebert, 1956) e Itapi
ra (Ebert, 1971), devido às suas caracterÍsticas litológicas, podem ser considerado-;
como depositadOs em ambiente de mar raso, à exceção dos xistos e gnaisses aluminosos
ambos com intercalaçõesde quartzitos e ortoanfibolitos,do Grupo Andrelândia e ItaPi
ra, que devem refletir um ambiente mais profundo, porém ainda sobre um substrato si~
lico e os kinzigitos embutidos no Complexo Juiz de Fora (Ebert, 1956) que devem cor

3.134
responder a sedimentos depositados em fUndo oceanico.
A disposição das diversas .formações dos grupos Canastra, são João deI Rei e Minas
delimitam a área emersa do cráton. G~andes extensÕes de quartz:Ltos (.formações Tirade:l
tes (Leonardos, 1940), Tromenta e Guapé (Machado Filho et alii, 1983) representariam
a zona neritica, esses mesmos arenitos progradam por sobre os outros sedimentos o que
evidenciaria uma .fase de regressão marinha. A sul dessa .faixa encon tramos termos mar
gosos e lentes calcárias (.formações Boa Esperança _. Mach~do Filho et alii, 1983 e B~
roso - Ebert, 1958) re.fletindo um ambiente de mar raso, como próximo a Boa Esperança.
1\u'biditos foram reconhecidos nos arredores da Carmo do Rio Claro. A norte dos areni
tos, em algumas áreas como em Desemboque 6 Caranaiba-,ocorrem gra.fi ta xistos e gra.fi ta
.filitos (formações Desemboque e Caranaiba - Machado Filho et alii, 1983), jazendo i~
diatamente sobr~ o embasamento gnáissico. Essas rochas foram interpretadas coroo tendo
sido depositadas em lagunas que possuiam ambiente redutor.
Ou tra evidência que confirma ser es te o limi te do crá ton é o aumento do grau de
deformação e do metaroor.fismoapresentados pelas rochas à medida que nos deslocamos p~
ra sul. Haraliy (198 O) através da interpretação de dados geo.fisicostambém considerou
essa .faixa coroo sendo de borda continental, e que a mesma teria se deformado no pré -
Cambriano ao so.frer a colisão de uma placa situada a sudeste. Estes metassedimentos
teriam, no minÍJID, idade transamazônica tendo em vista serem seccionados por granitos
e diques básicos que possuem essa idade.

o TEC'IUNI'IU PIEDADE A borda leste e sudeste do cráton (Faixa de Dobramentos Pied~


de) apresenta um esquema tectônico di.ferente. Os diatexitos e metatexitos dessa po!:,
ção foram alvo de um tipo lT1Lli
to peculiar de def'ormação apresentando-se hoje totalmen-
te gnaissi.ficados (Gnaisse Piedade; Ebert, 1958). Essa deformação .foi do tipo cisa
lhante e atuou no plano horizontal, sendo posterior a deposição da seqdência vulcano:
sedimentar do Supergrupo Rio das Velhas e do Grupo Dom Silvério (Lima et alH, 1974),
posto que cunhas de rochas relacionáveis a esses grupos não são incOIT1LlnS no gnaisse ,
bem como a de.formação ser penetrativa nesse últiroo grupo.' SUpOIOOS que a mesma deva
ser resultado da ~imentação dif'erencial de partes mais internas da crosta siálica
(zona intermediária de Lamb~t, 1980). Essa possibilidade está consubstanciada pelas
seguintes observações e hipóteses: admite-se que no Arqueano o gradiente geotérmico
seria maior (Lambert, 1980) e portanto, a zona plástica, onde poderia ter se proces
sado o fenômeno de de.formação cisalhante horizontal, deveria situar-se mais próximo I
superficie; talvez num intervalo entre 20 e 30 km (atualmente situa-se a 200 km). ~
credi ta-se também que a crosta seria menos espessa, com valores da ordem de 45 km. O~
servou-se que em perfis realizados de oeste para leste, desde, por exemplo, Mariana a
Abre-Campo, o tecto~ito (Gnaisse Piedade) torna-se cada vez mais básico e metarOOrfi
co evidenciando estarmos nos dirigindo para niveis crus tais in.feriores. A presença de
extensas .falhas inversas que provocaram o cavalgamento dos granuli tos básicos do Com
plexo Juiz de Fora sobre estes tectonitos ajudam a re.forçar esta a.firmação. Esses gri
nulitos podem ser interpretados tanto COIOO partes da crosta in.ferior hoje a.florantes,
coroo também representantes da crosta oceânica. Evidências a favor da primeira hipót~
se são a variação da basicidade e do grau metarOOrfico do Gnaisse Piedade de oeste p~
ra leste, evidência a favor da segunda hipótese é a presença de .faixasde kinzigitos
e mais raramente quartzi tos intercalados e seguramente sobrepostos aos granuli tos b~
sicos, esta segunda possibilidade é a mais interessante COIOO veremos adiante.
A idade da de.formação que gerou o Gnaisse Piedade não pôde ser precisada, porém
sabe-se que situa-se após a deposição do Supergrupo Rio' das Velhas (3,0 BA) e é ante
rior à deposição do GruPo Andrelândia (2,0 BA), posto que é seu embasamento. xenóll
tos do Gnaisse Piedade encontrados num grani to transamazônico (granito da pedreira Le
bourgh--Barbacena) e pontos analiticos das .fraçõesdo Gnaisse Piedade que se situara;
claramente acima da isócrona de 2,O BA parecem justi.ficar uma idade arqueana para e~
ta rocha. Deve-se chamar atenção também que tectoni to semelhante estudado na Groelân-
dia (Pulverta.ft, 1973), .foi t~émposicionado no Arqueano.

O COMPLEXO JUÍZ DE FtJRA E OS GRUPOS ANDRELÂNDIA E ITAPIRA A leste da Faixa de

3.135
---~ ~-
bramentos Piedade (Machado Filho et alii, 1983), como já referido, afloram granulitos
intermediários, básicos e até ácidos, derivados de rochas igneas básicas (noritos, gi:.
bros, etc), essiForigem pode ser comprovada em observações de campo, como a leste da
cidade Abre Campo e por estudos litoquimicos.
Embutidos nestas rochas encontraroos estreitos niveis de kinzigi tos e mais raram~
te quartzitos, a esse conjunto litológico deu-se o nome de Complexo Juiz de Fora e à
faixa, que se dispõem com direção norte-sul, de Faixa Juiz de Fora. Constitui-se esta
extensão para sul, do embasamento da Faixa de Dobramentos Espinhaço. D~tações efetui:.
das no Gnaisse Piedade junto' ao contato com o Complexo Juiz de Fora, em rochas geneti
camen te relacionadas às grandes falhas inversas que puseram os granuli tos desse co!!!
plexo sobre o tectoni to gnáissico Piedade, forneceram valores de 1,7 NA, ou seja, do
final do Transamazônico. As rochas do -Supergrupo Minas que já haviam se depositado
mais a oeste, foram, em decorrência desses esforços, embutidas em sinclinais recumb~
tes com aberturas voltadas para oeste. Os ambientes de sedimentação das seqtiências Ci:.
nastra, Carrancas, são João deI Rei e Minas devem ser semelhantes, tendo em vista a
identidade entre as litologias e, caracterizariam ambientes neriticos, de mar raso e
lagunar. Já o Grupo Andrelândia, o Grupo Itapira e os kinzigi tos do Complexo Juiz de
Fora corresponderiam às porções mais distais, sendo que os gnaisses e xistos alumin2.
nosos do 'Grupo Andrelândia teriam como substrato o tectoni to Piedade, e os kinzigi
tos, .os metabasi tos do próprio complexo.
As datações radiométricas disponiveis das rochas da Faixa Juiz de Fora não nos
permitem definir de modo claro a idade primária das mesmas, mas valores de idade de
2,7 BA com razão iniciallTlLtitoelevada (0,715) mostram que essas seriam mais antigas
tendo so.frido retrabalhamento a essa época. Isócrona com 2,0 BA também foi obtida, de
monstrando a atuação do evento transamazônico. Ao final desse ciclo (1,7 BA), a faix;
Juiz de Fora foi jogada por sobre a Faixa de Dobramentos Piedade, deformando-a e
~
butindo no seio dos granulitos básicos do Complexo Juiz de Fora as grauvacas e folh~
lhos, hoje kinzigi tos, cronocorrelatos aos granada-ciani ta e/ou sillimani ta-bioti ta
lep tino li tos do Grupo Andrelândia.

CORRELAÇÕES ENTRE AS SEQUÊNCIAS METASSEDIMENTARES Me permitirei aqui uma pausa


Pi:.
ra fazer algumas pequenas observações sobre a correlação entre o Supergrupo Minas e
.
os grupos Carrancas, Canastra e são João del Rei.
Os antigos estudiosos da geologia do Brasil lTILti
to adequadamente correlacionavam es
sas unidades denominando-as todas de "Série Minas". Posteriormente, com os trabalhos
de Heinz Ebert (1958, 1967, 1971 e 1973), Otávio Barbosa (1955, 1960 e 1967) e o~
tros, esses grupos foram individualizados e posicionados em diversos andares estrati
gráficos. Razões várias levaram autores a procederem a essas diferenciações, como por
exémplo,
, diferenças de grau de deformação e metaroorfisro entre a"Série Minas" no Qua
-t
drilatero FerrJ.fero - de Sao
e na regiao - Joao
- deI Rei, foram um dos rotivos que levou -
Ebert a separá-las. Acreditaros não ser esse um critério válido, visto que os dois
grupos situam-se em ambientes tectônicos diversos, resultando dai as variações hoje
observadas. O mesmo autor correlacionou o Grupo são João del Rei ao Supergrupo Bam
bui, utilizando critérios similares. Outra vez, diveI;'gimos, pois consideraros qu;
os regimes climáticos e os paleorelevos que deveriam existir quando da deposição das
duas unidades teriam de ser extremamente diferentes para resultar em rochas conglo
meráticas tão diversas quanto os conglomerados polimi ticos do Membro Samburá e o;
niveis ortoconglomeráticos da Formação Tiradentes. Além do que, outras evidências co
mo venulações grani ticas de idade transamazônica que seccionam a Formação Caranaib;
.
(Grupo são'João del Rei) eliminam essa suposta contemporaneidade.
A correlação entre os grupos Canastra, Carrancas e são João del Rei, por outro li:.
do, é clara, do mesmo modo que entre os grupos Andrelândia e I tapira. Os mesros exi
bem secrdências litológicas semelhantes, apresentam episódios de de.formações compar~
veis e vários outros parâmetros de correlação.

os ITABIRlTOS DA "sÉRIE MINAS" A "Série Minas" no Quadrilátero FerrfEero, no entan


to, seria mais dificilmentecorrelacionável,principalmente devido a grande abund~

3.136
cia de itabiritos, extremamente raros nas outras seqttências. Essa dissimilaridade nos
parece provocada por um Jrotivo J'I'Ulito
especial, qual seja, a presençá, em alguns po~
tos, de um embasamento de rochas metabásicas e metaultrabásicas com corpos de magn!:,
tititos (greenstone beIt) , caso do Supergrupo Rio das Velhas e dos grupos Fortaleza
de Minas (Machado Filho et alii, 1983) e Piti.i(Machado Filho et alii, 1983). Ora, c2.
mo se depreende das suas rochas, o clima e o relevo existentes à época da deposição
dos areni tos costeiros dos grupos correlatos ao Supergrupo Minas formariam um ambi~
te J'I'Uli
to estável, sem variações abrÚptas de parâmetros como, lençol freático, veloci
dade das correntes, etc, o que permitiria qua o.s arenitos que estivessem depositados
sobre rochas das seq/iências vulcano-sedimen tares acima citadas, todas J'I'Uli
to ricas em
.ferro, .fossem imprenados por hidrÓxidos desse eIemen to, lixivi ados daquelas rochas.
Posteriormente, metaJrorfisJlO dinâmico poderia imprimir a laminação caracteristica dos
i tabiri tos. Ou ainda, que as condições particulares reinan tes p~ tissem que o mesJro
fosse solubilizado e.'IIquan tidades su.f'icien tes e depois precipitado ri tmicamen te com
carbonatos ou silica. A hipótese acima sugerida é corroborada na serra da Pimenta o~
de os metarenitos da Formação Tromenta (Grupo canastra) que se sobrepõem ao Grupo
Piti.i aprese."ltam,e.'J1
, alguns pontos, niveis
. e.'II
, que sua matriz
f é
. hematitica.Chama aten
-
- tambem, o .fato de que apenas no Quadrilatero FerI"l.fero, sobre o greenstone
çao beIt
do Rio das Velhas, e, em Fortaleza de Minas e piüi, sobre os respectivos greenstones,
ocorram itabiritos atribuiveis à "Série Mi."las".Deve-se chamar a atenção que os catai
tabiritos associados a magnetititos e a rochas básicas e uItrabásicas ~istentes pr~
cipalmente a oeste do Quadrilátero Ferrifero, na região cratônica, são, sem dÚvida,
restos de seqtiências greenstones embutidos no embasamento granito-gnáissico, reIaci2.
náveis por conseguinte, ao Supergru.po Rio das Velhas.

EVOLuç],o GEOLÓGICA AFÓS O PROTERD1.éICO MÉDIO Portanto, como vimos anteriormente, a


borda leste do craton; que se dispÕe atUalmente numa direção norte-sul, foi atingido
por esforços compressivos pela última vez, no Ciclo Transamazônico, por volta de 1,7
BA. Já a borda sudeste a julgar pelas idades radiométricas obtidas em rochas catacl~
ticas do Complexo Campos Gerais e de isócrona construida a partir de resultados obti
dos em rochas do Grupo Itapira, foi alvo de deformações também compressivas, provavel
mente resultante de choque de placas, no periodocompreendido entre 1,7 BA e 1,6
BA.
Não se conhecem evidências geocronológicas que permi tam caracterizar algum e'Ten to
geotectônico no intervalo entre 1,5 BA e 1,0 BA, acreditando-se que esse foi um peri2.
do de calma nesta parte do craton.
Após esse intervalo, o craton, agora já com as faixas de dobramentos. Piedade
Juiz de Fora e C~astra--Carrancas, além dos maciços de Guaxupé e Socorro incorpor~
dos, volta a passar por um periodo de atividade tectônica (Ciclo Brasiliano), que se
inicia com a abertura de um ri.ft cuja posição atual"é nordeste-sudoeste e que prolo~
ga:-seaté o continente africano, correspondendonesse, a Faixa de Dobramentos Panafri
cana que separa o "Craton do Oeste Africano" do "Escudo Africano" (Fig. 3).
Nesse ri.ft depositaram-se sedime."ltos grauváquicos e folhelhos intercalados a vul
canitos básicos e mais restritamente calcários e arenitos (Grupo Italva - Gomes e B~
tis ta, 1978). O e.':Ibasamento desta seqttência estaria represe."ltado por rochas do Compl!:,
xo Juiz de Fora, tectoni tos Piedade e metassedimentos do Ciclo Transamazônico (Grupo
Andrel~dia). Da disposição atual das rochas e das mesoestruturas de deformaç'à:J cbs~
vadas, pode-se inferir que as mesmas .foramatingidas por esforços compressivos de s~
deste para noroeste, provavelmente resultantes da colisão entre o continente americ~
no e o africano. A disposição das rochas carbonáticas e dos corpos de metabasitos do
Grupo Italva indicaria a pretéri ta linha de sutura. Segundo Fabre (1982), baseado em
seus estudos na Áf'rica, o processo de abertura e fechame."lto desse mar teria sido b~
tante rápido e; quando do começo do fechame."lto, deve ter se iniciado a formaç'à:J da
depressão Bambui a oeste. A área <;io então craton, a oeste, manteve-se estável e a por.
ção africana seria a placa colidante. Essa conclusão deriva da disposição atual das
rochas grani ticas e da maior ou menor organização ~stru tural exibida pelas rochas nas
diversas regiões.

:1.137
-------.-
----
------

De.'1omina-se "Cintur2c Hóvel Atlântico" essa faixa de dobramentos de idade brasi


liana, que se estende ao longo do litoral sudeste e onde encontram-se dispostas lado
a lado, como resultado de uma tectônica compressiva, litologias de entidades mais an
tigas e das geradas nesse ciclo.
É ao longo do eixo do médio Paraiba do Sul, no Estado do Rio de Janeiro onde as
rochas apresentam-se mais comprimidas. Para sul e para norte, os esforços compressi
vos n~ foram tão intensos, se.'1do que para norte largos tratos do terre.'1O conservaram
aÚtudes horizontalizadas. Para sul as rochas acham-se estr'..tturadas em grandes sincli
nais e anticlinais, ocupadas respectivamente por metassedimentos (Grupo Açungui) e
granitos e anatexitos. Nota-se uma vari;ç2c do gr~ metamÓrfico em escala regional ao
longo do Cintur~ MÓvel Atlântico que deve ser ref'lexo de níveis da crosta cada vez
mais pro..fundos sendo expoS1:0S à medida que se dirige para o nor1:e, até a altura de
Vitória-ES. Assim, no Estado do Paraná ocorrem sedime.'11:os e vulcanitos ácidos não m~
tamÓrficos de idade brasiliana (Grupo Castto) , em S2c P~lo os sedime.'1tos relêCion~
dos à calha brasiliana (Grupo Açungui) já se encontram na fácies xisto verde, no Est~
do do Rio os metassedimen tos exibem metamorfism:> da fácies anf'iboli to médio a alto e
no Espírito Santo. a f'ácies dominante é a granulitica. Do mesmo modo apenas a sul, em
Minas Gerais e são P~lo, ainda enconttamos molassas preservadas relêCionadas ao fi
nal do Ciclo Brasiliano. Essa variação de f2cies metamÓrfica é um importante condici2.
nador metalogenético.
À orogenia brasiliana relacionam-se as inÚmeras intrusões graniticas, intermedi.i
rias e básiC;as que disttibu~se ao longo da costa. As dat~ões disponíveis de grani
toS si.'1tectÔnicos situam-se por volta de 650 !<IA, já os pós-t~tônicos apresentam ida
de de 540 MA e os pegmatitos, que representariam os últim:>s indicios de atividade í;
nea revelam idades próximas de 450 MA, portanto, já no Ordoviciano. Falhas de empu~
rão evidenciando esforços com sentido noroeste seccionam esses pegmatitos e nao S2c
incomuns, mostrando que a movimentaç2c perdurou após essa época.

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3.139
--

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3.141
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Figuro. 3 Reconstruçõo do antigo supercontinente mostrando os cinturÕ8s


móveis do Proterozóico Médio e Superior (modificado de Williams 1982 I
AI Rokelides A:I 8ambuí SI Ponafricano 8') Atlõntico C) Domara C'I Canastra I Cor.
roncos I Amparo DI Espinhoço.

Mcrvtm do ..,.,.10 IUPI' con-


/Ii~"nl. no Proteroz6ico Supe-
."., .., /..:;;-.....

.............-............

3.142
ANAIS DO. XXXIII Co.NGRESSo. BRASILEIRO. DE GEo.Lo.GIA, RIO. DE JANEIRO., 1984

OCORReNCIAS DE ROCHAS GRANULfTlCAS NO MACiÇO PELOTAS,


ESCUDO SUL - RIO GRANDENSE -
Ruben Horbach
Geólogo da Rio Doce Geologia e Mineração S.A. - Do.CEGEo.
Roberto Guttltrres Marimon
Lauro Kuck
Geólogos do Projeto R.o.DAMBRASI L (MME/SGI

1. ABSTRACI'

The regional geological mapping activities carried-out by RADAMBAASIL Proj ect in


the Sul-rio-grandense Shield pointed-out the existence of until then unkrown granuli
tic nuclei in the Pelotas Massif of the Dom Feliciaoo MJbile Belt, an assemblage of
calc-a1kaline
tancrphic
gne15ses,
facies.
migmatites and granitoid-rocks
.
with predaninant anphil:xJlite Ire -
Chiefly catp:>sed of mata-oorites and charnc-enderl>ites, the granulitic nuclei, of
unknown age, could represent fragments of the roots of the Pelotas Massif, built-up as
a magmatic are during the Brasiliaoo (= pan African) Geodynamic Event.
Alternatively, considering the actual geochrooological pattern of the rocks of the
Pelotas Massif, suggestive of a policyclic evolution, these granulitic nuclei could be
an evidence of the eastward extension of a sialic basenent of the nDbile belt, 1.mtil
OCMrestricted to small exposures (Encantadas gne15ses -
Cambaí ColIplex) cropping-out
in windows within supracrustal schistose rocks of the Tijucas Fold Belt.
In this case, the recently proposed evolutive I!Odels for the Dom Feliciaoo MJbile
Belt, based in the Wilson Cycle, should be revia.1ed while the prcper chrorology and
significance of the Brasiliaoo Geodinamic Event sh::>uld be reassessed facing to the geo
chrooological data available for the Pelotas Massif and the CaIrpinas Quartz-M:>nzoni te:-
which, with 770 m.y., 15 intrusive in a nappe sequence cansidered of late evolution in
relation to the nentioned massif.

A partir de trabalh::>s de integracão de dados e napeamento geológico regional à es


cala 1:250.000, a equipe do Projeto RADAMBRASILresponsável pela cartografia geológicã"
das folhas ao milionés:ilrc SH.22 Porto Alegre e parte das folhas SH.21 Uruguaiana e
SI.22 Lagoa Mirim propôs, com base 005 trabalhos de Alneida et alo (1973;1981), Hasui,
Carneiro e Coimbra (1975), Fragoso-César (1980), Jost & Hartmann (can. escrita, 1981;
no prelo) e Fragoso-César, wernick e Seliani Junior (1982a e b), dentre outros, a divi
são do Escudo Sul-rio-grandense, aporcão brasiieira mais neridional da ProvÍncia Maii'
tigueira de Alneida et. alo (1981), DaS subprovfncias en1.mCiadas na figo 1, cujo signI"
ficado geológico e geotectõnico será, adiante, resumidamente discutido. -
ConfO:rIre a proposicão da suprareferida equipe (Horbach et al., 1984) ,enquanto que
a porcão ocidental do Escudo Sul-rio-grandense -
O Bloco são Gabriel, (Jost & fI.artrnann,
cano escrita 1981; 00 prelo), projecão para norte do eráton Rio de Ia Plata (AJ.meida
et alo, 1973) - tem história evolutiva eminentenente pré-brasiliana e é basicarrente
OO1t1;JOstopor terreoos granito-gnaisse-granulíticos (ColIplem Cambaí) e por seqüências
do tipo "greenstone belt" (Catplem vacacâí),can Iretasseclinentos, carplems. estratifor
IreS rretancrfizados e rretavulcãnicos máficas a ultramáficas, de quimiSIID komatiítico e
can texturas "spinifex" detectadas no MaciCO de Serrinha, no Município de são Gabriel
(Horbach et alo, op. cit.), além de sedirrentos, vulcànicas e piroclásticas afXIUimeta
rorficas (Formação Arroio das Ilhas), a porcão oriental do referido Escudo é tida corrõ
de evolução em grande parte vinculável ao Evento Geodinâmico Brasiliaoo.
ConfO:rIre IrOstrado na fig. 1, tal porção constitui o Cinturão MÓvel Dom Feliciano
(Frago~ésar, 1980; Jost & Hart:Irenn, cano escrita 1981; Horbach et alo, 1984), cuja
supraestrutura corresponde à Faixa de Dobran-entos Tijuc:as (Jost & Hartmann, com. escri

3.143

-----
__n_._

ta, 1981; 110 prelo) que, predominanterrente ccrrposta por ectinitos do Supergrupo Poron
90s, faz.contatos a leste, através de fa.lhanentos, cem o Maciço Pelotas (Jost, 1981';
Jost & Hartrnann, cem. escrita, 1981), quase que tota.lIrente sustentado por rochas do
Conplero Canguçu (Horbach et. alo, 1984), uma \midade petrotectõnica de intr:iJ1cado
arranjo que, à rrcda de um arco magmático (Ribeiro & Fantinel, 1978;Fra9Oso-César,1980;
Jost & Bitencourt, 1980; Jost, 1981; Jost & Hartrnann, cem. escrita, 1981; no prelo;Fra
goso-César; Wernick; Soliani Jtmior, 1982a; 1982b), engloba principaJJrente gnaisses-;
rnigrnatitos e granitóides de carp:>sição diorítica a grarodiorítica cem proeminente qui
rni.srrccalcoalcalino. -
SUlxlividido nos Blocos Encruzilhada do SUl e I:bm Felicianc (Jost & Hartrnann, corno
escrita 1981; no prelo) por apresentar, 110 primeiro, rochas de provável idade pré-bra
siliana (Anortosito Capivarita, p. ex.); o Maciço Pelotas era até pouco tercp:J atráS
considerado CCI!Ddestituído de rochas portadoras de um grau n-etanDrfico superior à fa
cies anfibolito do n-etancrfi.sm:> regional. -
Entretanto, durante os trabaJ..h::>s de canp:> levados a temo pela equipe do Projeto
RADAMBRASILnos datlÍnios deste Maciço, foram localizadas três áreas de ocorrência de
rochas granulíticas, o presente trabaJ..h::> objetivando a discussão das características
gerais e eventuais ~licaçÕes geotectõnicas dessas ocorrências enquanto que outro tra
balOO (~reira & Marilron; 1984), também em apresentação neste Congresso, ocupar-se-a
em maior detalhe da petrografia e litoquírnica destas rochas.

3. DESCRIÇÃOD1\S CCO~IAS

Das ocorrências localizadas, a maior delas, denominada ocorrência de Alto Alegre,


encontra-se logo a noroeste desta pequena localidade situada junto à intersecção das
rodovias BR-293 (Pelot.as-Pinheiro Machado) e RS-706 (Pedra Osório-Piratini), (figs. 2 e
3) .
Com formato grosseiramente elÍptic:c em planta, cem eims maior e n-enor da ordem
de 7,5 km e" 3,0 km, respectivamente, a ocorrência cx:npSe, pela sua natureza básica,uma
feição topograficamente deprimida que é atravessada pelo arroio MaDneleiro, um afluen
te da margem esquerda do rio Piratini que, também, constitui o limite ocidental de diS
tribuição das rochas granUlÍticas na região. -
No centro da área em questão, aflorarnn-etanoritos de coloração verde-escura,estru
tura maciça e granulação m§dia a grosseira, com abundantes rregacristais de hOrnblenda:-
Em direção aos b::>rdos cb corpo, os n-etanoritos passam a exibir uma sensível dirni
nuição de sua granulação, perdem grande parte dos n-egacristais, ~se ligeiramente
orientados e são recortados por corpos quartzo-feldspáticos de caráter ora pegmatóide,
ora rnicrogranítico.
Por Horbach et alo (1984) considerados CCI!D facies litolÕgicas dentro do Carplero
Canguçu, os n-etanoritos, quando não em contato por falha corn os rnigrnatitos de estrutu
ras estromá.tica e schollen, que na área COI!pÕernas litologias mais marcantes do referI
do Cortplero, rrostram-se paulatinarrente mais recortados por material félsico, desenvoI
vem marcante foliac;ão n-etanDrfica e, cem c::crtp)sição n-etadiorítica, vão constituir os
paleossomas dos suprareferidos rnigrnatitos.
Encravada junto aos limites da Faixa de robramentos Tijucas cx::mos blocos Encru
zilhada do Sui e Dcm Feliciano, . do Maciço Pelotas, na intensamente tectonizada zonã
das falhas da Dorsal de Canguçu, do Passo cb Marinheiro e cb Cerro da hvore (Picada,
1971), a ocorrência do Arreio das Pedras, talvez até de caráter a1óct.orxJ, encontra-se
situada a cerca de 6 km a NNWdo Passo do Marinheiro sobre o rio Camaquã, sendo alcan
çada por uma trilha carroçável que, partindo para nordeste a cerca de 500 m a 110rte dO
Entroncamento para CaIt;>inas da estrada Passo cb Marinheiro-Pinheiro, dirige-se até jun
to ao leito cb Arreio das Pedras, (fig. 4). .
-
 sen-elhança do que ocorre em Alto Alegre, ocorrem também.aí, 110 leito do córrego
e carp:>ndo grandes matacões, gabro-roritos e cha.rn::>-en:lebitos de coloração verde-e~
ro a cinza-escuro, granulação m§dia e estrutura maciça que, catO grandes restitos iIrer
sos em cataclasitos e rnigrnatitos estromáticos do Conplexo Canguçu, exibem também seuS
b::>rdos foliados e, peDTeados por massas quartzo-feldspáticas, gradam para temos .n-eta
dioríticos a n-etagranodioriticos. -
Em ambas ocorrências, a análise microscópica de arrostras selecionadas (Pires; ~
reira; Marirron, 1982; Horbach et. .al., 1984; ~reira & Marilron; 1984) revelou a exis
tência de texturas granoblásticas, ora lepidoblásticas, cem abundantes. pontos trípl~
ces e uma mineralogia à base de plagioclásio (1abradiorita e andesina), piroxênios (hi
perstênio e augita-diopsídio), abundante hornblenda, biotita com inclusões de pirox~
nio, anfibólios e talco, feldspato alcalino subordinado e raro quartzo, este muitas ve
zes goticular e fruto residual da transformação do ortopiroxênio em hornblenda e biotI
ta. -

3.144
.
Contorne Pires, M::>reira e Marilrcn (1982) e Horbach et alo (1984), a hornblenda
presente nestas rochas é de origem ret.ratetarrórfica, ligada a um metaIrcrfisno poster,!
or, de facies anf:iliolito, cem migmatizaçâo associada. A paragênese mais ccmum,por issq.
é hiperstâni.o + di.opsídio + plagi.oclásio :!: h:>rnblenda. e, pelos dados levantados pelos
supracitados autores, as litologias ora descritas alcançaram a facies piroxênio-gran!!.
lito, subfacies ortopiroxênio-plagi.oclásio, segundo De waard (1965 apoo. pires;M::>reira;
Marilrcn,1982).
Fi.na.1mente, c:x:rrpondo uma terceira área de ocorrências, cem características talvez
distintas daquelas até aqui descritas, na região das cabeceiras do Arroio Santa Fé, a
oordeste de Pinheiro Machado (fig. 5), encontFararn-se inúmeros afloramantos, distantes
uns dos outros, de rochas ora maciças, ora foliadas, de cor verde-escuro a cinza-escu
ro, gabro-noriticas que, ao microsaSpio (Pires; M::>reira; 1982; Horbach et al., 1984;~
reira & Marilrcn; 1984), ora exibem urna textura graroblástica cem pontos tríplices, ti
picamante netarrórfica, ora IICstram texturas sugestivas de lento assentanento gravitã
cional dos cristais, com formação de ortocumulados (anfi1:x5lio envolvendo porquiliticã
rente plagi.oclásio, opacos e piroxênio) e cem ripas de plagi.oclásio subparalelamante
orientadas.
Pelo caráter esparso dos afloramantos e dos dados de camp;:>, considerando as ca
racteristicas petrográficas acilta descritas e a abundante presença de olivina em algÜ
IraS ancstras, não se conseguiram alinhar elenentos conclusivos que permitissem vincÜ
lar estas ocorrências quer a um netaIrcrfisnc regional na facies granulito, quer a um
CCIIplexo estratiforne de historia de cristalização cem diferenciação gradativa ou, tal
vez, a aml:os.

4. GEXXX:INOL(X;IA

Devido a razões isotépicas desfawráveis, geradas talvez pela própria carposição


básica das ancstraS, não foi possível a perfeita datação pelo método Rb/Sr das :rochas
granulíticas do Maciço Pelotas, ccnsegu.indo-se, apenas, três determinaçÕes K/Ar reali
zadas sobre ancstras oriundas de Alto Alegre e do Arroio das Pedras. (Teixeira, 1982;
Horbach et al., 1984).
Realizadas em biotita e rocha total, as análises, que conduziram a resultados en
tre 625 :!: 18 m.a. e 553 Z 16 m.a., evidenciam apenas a atuação do Evento Geodinâmicõ
BrasiliaD:) sobre as litologias em questâo, não sendo possível, no ItY:I!eIlto, definir a
idade pr:imária das mesmas.
Por outro lado, em teDtcs regionais, abrangendo toda a área do Maciço Pelotas, Tei
xeira (1982) e Horbach et alo (19R4) analisando dados geocronológicos Rb/Sr do Catple
xc Canguçu, tentativamente definiram dois al.ir1haItentos isocrônicos principais para a ill
dividualização desse catplexo: o mais jovem, cem aprox:iInadaIrete 650 m.a., incluindÕ
essencialnente granitóides e migmatitos do Bloco Encruzilhada do Sul, e o outro, mais
anti<;:p, cem cerca de 750 m.a. (Ri 0,708), correspondente ao conjunto mais nurce:roso,
referente a :rochas (gnaisses '"
de c:::atp:)sição interrrediária) oriundas de vários locais ao
lonc;p do "àanínio Canguçu".
ErGuanto que os dados analíticos Rb/Sr obtidos em:rochas (3) de Alto Alegre e do
Arroio das Pedras permitem frouxa e tentativamente vincular estes granulitos à isócro
na mais antiga, que poderia englobar també!n um blastanilonito desenvolvido em xistos
do Sq:ergrup::! Porongos (região de Torrinhas) , nas vizinhanças da Serra das Asperezas,
portanto próxinc às ocorrências de Alto Alegre e Cabeceiras do Arroio Santa Fé, a, data
ção Rb/Sr isolada de um gnaisse intennediário, bastante c:onfiável, revelou idade de
939 :!: 45 m.a.
Levando em conta estas informaçÕes preliminares, Teixeira (op. cit.) e Horbach et
alo (op. cit.) ressaltaram que, admitida carc representativa a densidade de informa
çÕes geoc:ronolágicas atinentes ao Cacp1exo Canguçu, em teDtcs geográficos existiriã
uma certa tendência de idades mais antigas nos sentidos sul e oeste, habilitando urna
possível futura ~tação geocronolágica do Maciço Pe10tas.

5. POSSMrs IMPLICAQ3ES NA mJLUÇÂO 00 MACIÇDPErDTAS

Tendo em vista o fato de que não se dispSe, ainda, de dados geoc:ronológicos irre
futáveis em relação às rochas granulíticas aqui descritas, podem-se apenas estabelecer
algumas ilaçÕes quanto às suas prováVeis idades e, por consequinte, quanto ao seu si,S[
nificado dentro do contexto evolutivo do Maciço Pelotas.
Numa prilreira aproximacão, poder-se-ia admitir uma idade Brasiliana para estas li
tologias representando elas, então, frações residuais de anatexi.a, anidras, de ocorrêil
cia muitas vezes superposta à facies anf:iliolito nas raizes de cinturões m5veis (FyfeT
Price; Thonpson, 1978; Best, 1982).

3.145

~
' '" -
Par outro lado, observando-se o tipo de jaz.ilrento dessas rochas granulíticas,caro
grandes restitos, seu retrometaIrorfisrro à fd:Jies anfilx>lito e o padrão geocronológico
geral do Corrplexc Canguçu, sugestivo de uma origem policíclica para o rresrrc, poder-se-
ia aventar uma idade pré-brasiliana para essas litologias.
Seguindo-se esta linha de raciocínio, encontrariam ~licação, por retra.baTharren
to, as idades de 939 e 750 m.a. detectadas no Carplexc Canguçu que, no Bloco EncruzI
lhada do Sul, contata de rrcdo concordante com o Anortosito Capivarita, de idade ate
agora indefinida porém de tipologia (maciça) de ocorrência dominante ao redor dos
1.100 m.a. .
Confirmada uma idade pré-brasiliana para as rochas granulíticas em questão e o
Anortosito Capivarita, ter-se-iam evidências de uma extensão para leste do emba.sanento
siálico do Cinturão M5ve~ D::m Feliciano, até agora conhecido apenas na Faixa de Dobra
rrentos Tijucas, na antiforrre das Encantadas, onde os gnaisses Encantadas (Carplexc Caiii
baí), de idade mínima Transamazônica, constituem o embasarrento do Grupo Cerro dos Mã"
deiras (Jost & Bitencourt, 1980) do 8tJ.I:ergrupo Parengos, tido caro de evolução brasI
liana.
Finalrrente, se estabelecido o caráter policíclico e o desenvolvimento em grande
parte ensiálico das rochas constituintes do Maciço Pelotas, surgiriam também restri
ções em relação aos mXielos evolutivos desenvolvidos para o Cinturão M5vel Dom Feliciã
no por Jost & Bitencourt (1980), Jost (1981) e Fragoso-eésar, Wernick e Soliani Junior
(1982b) .

Tais rrcdelos, inspirados em Parada (1979) e baseados em info:rnaçÕes acerca do Cin


turão Gariep, no sudoeste africario, e relativas à Faixa de Dobramentos Uruguaia-Orien
tal, propõem o desenvolvimento do Cinturão M5vel Dom Feliciano a partir de aberturã
oceânica, estabelec.ilrento de uma zona de sulxlução com crosta oceânica rrergulhante para
oeste, por sob o eráton do Rio de la Plata, edificação de um arco magmático (Maciço Pe
lotas) e, finalrrente, c}x:)que entre os erátons do Rio de la Plata e do Kalahari, encer-
rando a história do Evento Geodinâmico Brasiliano na área.
Carecené!o-se de maiores informaçÕes geocronológicas, estruturais, petrográficas e
litoquímicas capazes de confirmar ou não os rrcdelos evolutivos supracitados, é conve
niente salientar que, se válidos os dados geoerorx:>lógicos até agora coligidos, dever=
se-á, no miniIrc, refornular a cronologia dos eventos ditos Brasilianos na área face às
datações antes rrencionadas e à idade (Rb/Sr) de 770 m.a. (Ri = 0,715) reoenterrente de
finida (Teixeira, 1982; fbrbach et alo, 1984) para o Quartzo M::n1zonito Carrpinas, nitI
darrente intrusivo em rochas xistosas do Carplexc Cerro da k:vore, do 8tJ.I:ergrupo 'PoM
gos, uma assanbléia de rochas ligadas a uma nappe oonsiderada CCI!Dde cunho tardio em
relação à estruturação cb Maciço Pelotas (Jost & Bitencourt, 1980; Jost, 1981).

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rian5t;:olis, Projeto RADAMBRASIL,
n.p. (Relatório Interro) .

3.147
--

00. .~'

PIIOVINCIA COSTEIIIA

r:.:.: J

PIIOVIÍ«:IA PARANÁ

PIIOVíNCIA MANT1QUE1RA

[Z::3
" " .'
" .
8'«0 sao Gobtitl

S2DOC'Cobertur08 Poroplotaformois do SueI"'.

CINTURÃO MÓVEL O. FELICIANO

Falia de Dobromemos TlJucas

11"00'

FiO. :1- Subprovi'lcils ledonoestruturais camponenle$ da Prov(ncia Mantiqueira na cno doEscuda Sul-rio-grandeme
(Baseada em Josl a Hartrnal'l/, com ncrlta.1981)

31-'0'
""'00'
o
I

Fig.:2- EsboÇo geológico da área de ocorrência de rochas oranultlicas de Alto Alegre.

3.148
CENOZOICO

~
AIwiõ.. atuais e subatuais

MESOZÓICO
TRIÁSSICO
FORMAçAo ROSÁRIO DO SUl.

ITRrs I
Arenltos ,sUtttos e lamitos vermelhos, continentais

EOPALEOZÓICO A PRÉ -CAMBRIANO SUPERIOR


SUITE INTRUSIVA ARROIO OOS LADRÓES(540mo) GRUPO MARICÁ
FORMAÇÃO ACAMPAMENTO VELHO
, @:!J t
AlcaU- feldspo1o \ll'anltoe, equqarucne
mecllcma,de caráter ~ aques de riaUto

FORMAÇÃo ARROIODOS NOBRES

I pE:rml
Rltmims e orenltos orcosionos com 0-
camomerro 9rodaclalOI. ConoJomeradol
poIinitlcos
COMPLE XO GRANíllCO
ENCRUZIlHADA DO SlL(~m.a.)

~
GroniIÓidlls porfir'obkJ8tIcos medianos a
9fOs88roseoronltos s.s. equloranulol"es
cinza o róseos

QUARTZO MONZONITO
CAMPtNAS ( 770 m. 0.)

I pE:'fp I
Qucrtto monzoni1o o gronodorito lqUiQronular o porflrltlco, com oluldonte oroleenizDçÕC1 Mln...ollzoÇÕ8s de Sn

SUPERGRUPO PORONGOS f
INDIVlSO COMPLEXO CERRO DA AfMJRE

Rochas meta-.dmentlt..
EJ e lTI8tJv\micos Associoção
I
de"noppe'
pE:poc
IpE: poo I p€pom

com poslo por sequenc ias com


I
xi8tosos predomnom-nIe do fÓcies >8toe predomlnoncio de cloriloidé >.is1os, melondesitos 8
verdes qraflIa xisto(pE:poc-metomorfltoe Cerro Combora1
muscoviIQ xistos( pE:oc-xislos Arroio Areido) rrus-
vito xistos melapelim 8 qu:r!zms(pE:001-xlSlos
Rincõo do Moronhão)

COMPLEXO CANGUÇU

L~~L':f_L~c
r-pE:c
I I

I
Gnoi_ intermediáios, miomotttos de poIeouams <Iorittc:oso aIflbolttcos, 91'Onitóldel compressionois por.
flroblo8ttcos. Núcleos OnnJIftcos(OI) . CotocJos..oranito equioranulor grosseiro, róseo (t f.oranilÓlde Cerro
Frio). Cotaclose -ororitdide o mu!I:OIiIc 8/ ou l~moli1o (t c - Gronitolde Cordilheira)

r-'"
.......:
Contato Iltoe stroti9róflco .- A floromento rochoso
Contato IIlolo"glco Sn - Cossiterlla
/" --:-
Folha ou fraturo 01 - Granuli to
qz - Quartzo
Zona de catoclose
"'''y Atllude de Qcomomento
/ A1Itude de folioção ~Drenagem
~Minoem atividade
~MIno desollvodo
----- Rodovia pavimentado
Estrado mocodomizodo

FIe) . 3 -Cok.Ino estrollQrático parciol 8 simplificado do porção leste do Escudo Sul-riOo9Qndense

3.149
--~
--,"- --

o 2,S
, Skm
I I

Fig. : 4 - Esboço da g8aloQia dos arredores da ocorrência de rochas gronullticas do Arroio das
Pedras..

o 2,S Skm
I I

Fig.:5 -Esboço da geologiados arredaes de Pinheiro Machado,ocorrênciasgranul'ticas do Arroio


Santa Fé.

3.150
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1~84

ANÁLISE DE DEFORMAÇÃO E REVISÃO LITO-ESTRATIGRÁFICA DO


SUPERGRUPO MINAS NO SINCLINAL DOM BOSCO, QUADRILÁTERO
FERRfFERO, MG

F.R.M. Pires
N. Palermo
M.N.G. Sarei'
Departamento de Geologia - Universidade Federal do Rio de Janeiro

AB5TRACT
The 1itho-stratigraphic successions which comprehends the Gan-
dare1a Formation and the base units of the Piracicaba Group have been
re-defined as we11 as a detailed structural analysis is presented. The
Gandarela Formation includes in the bottom, chlorite schists,bilc~,
with lenses of dolomit~ magnetitic iron formation and Mn-oxide horizons,
grading upward into sericite-chlorite schist. The top unit consists of
magnetite-sericite schists with thin lenses of white and reddish cherty
quartzites, and metabasite and chlorite schist concordant bodies. A
graywacke associated with graphite schist mark the base of this se-
quence. 'lheBI'-horizon(topaz-bearing wad) , chloritoid quartzite and "chlor
ritoidite" (Quilombo unit), thin dolomite lenses and few talc schist bod .
ies have been found at the topmost parto Cercadinho Formation corre~
~d to black ferruginous quartzite, greyish quartzite interbedded with
silver (kyanite) serieite schist, and sparse graphitie and chloritie
sehists. Fecho do Funil Formation encireles a thick sequence of massive
or 1aminated dark grey phyllite with "reduction spots" interpreted as
turbidites, with dolomite 1enses, blaek and white chert and Mn-oxide im-
pregnations. 5trueture analysis allowed the eharaeterization of three
deformational phases: Dl-phase marked by a slate eleavage, usually pa-
rallel to 50 - eompositional phase, weak Ll- mineral lineation with pre-
ferential orientation parallel to 90-1000 plunges 5-250 due to topaz mi
cro-prisms, museovite flakes orientation: this phase has formed reeum=
bent isoeline and intrafolial folds. D2-phase emphasized the earlier
formed 5 -
surfaees, thus determining the well marked 52 planes. L2 - mi -
neral, erenulation and intersection lineation with prefered orientation
95-1350 with gentle plunges due to museovite, kyanite, magnetite is pa-
rallel to F2-fold axes. Quartz rods, fold mullion, peneil structure
have been developed upon D2-phase. D3-phase, whieh was formed in a
brittle stage, generated a strong steep dip 53-crenulation eleavage,L3
- erenulation lineation with prefered orientations
between 100 and 300.
180-2100 with p1unges
Box fo1d, ehevron and kink-bands mark this phase.
~gly the amplitude of Fl- and F2-folds become tighter eloser to the
Bação Complex border. Prograde 10w-grade greensehist metamorphic fa-
eies generated quartz, muscovite, serieite, chlorite, ehloritoid, kyan~
ite,topaz, magnetite and hematite whieh have been restrieted to the 52-
surfaces. A superimposed, perhaps retrograde metamorphism,late to post
-teetonie in relation to D3-phase is responsible for the erystallization
of muscovite, ehloritoid, pyrophyllite and possibly minute tourmaline.
Apparently the prograde metamorphism, formed in a oxidant eonditions,is
intimately related with the formation of the topaz-kaolinite-museovite-
-quartz-hematite veins, reerystallization of mieaceous hematite and per
haps affeeted the sulfide deposits. -
.
INTRODUÇÃO
Trabalhos anteriores sobre a teetôniea do Quadrilátero Ferrí-
fero tem demonstrado divergentes pontos de vista em relação ao estilo,

3.151

---~ ~'-
-"---

padrão e modo de deformação. A relativa falta de dados quantitativos, de


análise microtectõnica e da observação das diversas fases deformacionais
tem contribuído para o pouco entendimento da estrutura. Em termos de es
tratigrafia, na área ocorrem xis tos de composição diversa, quartzitos e
dolomitos dos Grupos Itabira e Piracicaba, muitas vezes de difícil carac
terização e posicionamento estratigráfico. Por definição, fica estabele
cido neste trabalho que a Formação Gandarela, alvo da revisão estratigrã
fica, corresponde ao pacote de xis tos e filitos, com lentes de quartzitõ,
dolomito e formação ferrífera e manganesífera compreendidos entre os ita
biritos da Formação Cauê e quartzitos ferruginosos e negros da Formaçãõ
Cercadinho.
A Formação Gandarela foi definida originalmente por Dorr (1958)
consistindo principalmente de estratos dolomíticos e calcíticos,sendo os
calcários dolomíticos predominantes, ocorrendo nas vizinhanças da Fazen-
da Gandarela, na quadrícula do mesmo nome. Em outros locais, filitos do
lomíticos, formação ferríferq dolomítica e filitos podem constituir as
litologias dominantes. A textura do calcário (quimicamente dolomito ou
calcário dolomítico) foi descrita corno finamente granulada e densa, mos-
trando estruturas de fluxo (flow) e brechas cicatrizadas, sendo o acama-
mento obscuro em várias exposições. Conglomerado intraformacional com
fragmentos angulosos e tabulares de metachert e dolomito em matriz dolo-
mítica, com distribuição escassa na Quadrícula de são Julião foi descri-
to por Guild (1957) e posteriormente considerado corno Gandarela. Aflora
mentos de anfibolito definidos corno Anfibolito sítio Largo, fazendo par=
te da Formação Gandarela por Reeves (1966) e incluindo esparsamente~
zitos e quartzo-rnicaxisto ocorrem nas Quadrículas de Monlevade e Rio Pi~
racicaba. Johnson (1966) observou na Quadrícula Dom Bosco uma maior per
centagem de filitos e xistos associados a dolomito e formação ferríferã
na seção tipo, descreveu xisto verde com provável origem vulcãnica con-
tendo amígdalas preenchidas por quartzo e clorita, e a "splash rock", pró
ximo a Fazenda Papacobra, corno oriunda da alteração de dolomitos.Sirnrnons
(1968) na área de Barão de Cocais descreveu uma sequênciahe~~, la-
minada de rochas de coloração amarelada.incluindo formação ferrífera,car
bonatos, quartzitos, filitos prateados, rochas xistosas de cor verde es
cura e filitos hematíticos.
A tentativa de estabelecimento da estratigrafia interna da uni
dade foi sugerida por Maxwell (1972) que indicou a existência de corpos
lenticulares de clorita xisto e talco xisto na parte basal, com tilitos
e dolomitos tufáceos predominando na parte superior, no Distrito de Ale-
gria; os "greenstones" foram considerados corno sills associados a diques
máficos. Pires (1979) descreveugreenstones xistosos sObrejaoente aos
itabiritos Cauê por quase todo o Quadrilátero Ferrífero, às vezes conten
do lentes de dolomito estromatolítico. Xistos verdes com clorita (85%)-;-
magnetita (10%), titanita, plagioclãsio, talco, apatita, zircão e rutilo
(5%), talcoxistos e anfibolitos foram interpretados corno lavas e intru--
sões rnáficas e ultramáficas. Sarciá e PaI ermo (1982) descreveram quatro
pacotes na Formação Gandarela na área de Dom Bosco compostos por: 1) se-
ricitaxistos com horizontes de quartzito, anfibolito, xisto verde e
grauvaca; 2) xisto amarelo e branco com lentes de dolomito, formação fer
rífera e manganesífera; 3) "Brown Terrena" (Olsen, 1971); 4) cloritóide=
-quartzito, denominado Unidade Quilombo, descrito anteriormente por Frei-
tas (1981), ocorrendo tanto em zonas de falha qUanto na zona de contato
entre o sericitaxisto Gandarela e os quartzitos negros Cercadinho.Sichel
(1983) na região de Barão de Cocais descreveu xistos verdes, rochas car-
bonatadas, quartzitos impuros e filitos,ocorrendo gradações entre as ro-
chas carbonatadas, formação ferrífera e quartzitos impuros; os xistos
verdes, compostos por clorita (80%), porfiroblastos de magnetita, rutilo,
talco e anfibólio e apatita, que ocorrem na Mina Dois Irmãos foram inter
pretados corno tufos máficos. Xisto com ~erpentina (60%), opacos altera=
dos (35%) e quartzo ocorrem na mesma região. A rocha carbonatada,compos
ta por dolomita, quartzo,clorita,talco,magnetita e hematita,stilpnomela=
na e epidoto, grada para formação ferrífera com quartzo, carbonatos, hema
tita e magnetita, clorita, zircão, rutilo e epidoto.

ESTRATIGRAFIA E LITOLOGIA DA FORMAÇÃO GANDARELA


~ proposto no presente trabalho o estabelecimento da estrati--
grafia interna da Formação Gandarela, corno const~tuída por duas unidades:
superior e inferior. A unidade inferior consiste, na base, de intercala

3.152
ções de magnetita,clorita, xisto verde, cloritito e talco-xisto que jazem sobre ita
biritos da Foma.ção eauê em contato gradacional. Na sequência de xistos verdes ocor-=
rem lentes de dolanito de oor branca, cinzenta e veDne.lhacan estrutura bandeada, maci
ça e ocasionallrentebrechiada com lâminas silic:osas convertidas em taloo. Contém venu
lações de calcita, quartzo e sulfetos e raras de fluorita e barita, além de magnetitã
e hematita disseminadasna matriz. O risto verde, com granulação fina e textura haro-
gênea, é carrp:>sto
de clorita e octaedros de magnetita milimétrica que nnlitasvezes for
rnam o S-plano CXI1p:)sicionalque ooincide, gera1ltente, can a foliação principal. O clO=
rititoé carrp:>stounicamente de clorita,talooe magnetita,com finas lentículas de
chert recristalizado.O talco-xisto,que forma 001:pJssubordinados,contém quase exclu
sivaIreIlte taloo e magnetita. O paoote de xisto-verde gradaciona para um ItUSCOVita-se
ricita-xisto de granulação finíss:ine., de ooloração_branca a amarela, quase senpre alte-
rado, can poeira de Fe-óxioos, raras lentes de chert e níveis de Mn-ód.dos e Fe~oos:.
O !I1JSCX)'I.-ita-sericita-xisto, que se altera em ooloração variegada, cinza a veDre1ho con
têm delgados níveis argilosos de ooloração branca cem delicadas agulhas milimétrica.S
de topázio. Os horizontes de Mn~dos são descontínuos, tân espessura de cent.ÍIretros
até 3 m, apresentam-se em forma de um wad terroso e friável oc:mzonas OOtrioidais re-
nos friáveis a mais ccmpactas. Granzon é encontrado, constantenente, no solo. A forma
ção ferrÍfera, de espessura reduzida, até no máx:ilro 1 m, encontra-se por vezes associã
da a formação manganesÍfera e ooorre oc:m estrutura c:arpacta bandeada com incrustações
de magnetita parcia1lrente rrartitizada em cristais mililrétrioos ("magnetiti to") ou
forma oo1:pJs rrenores dehematita c:arpacta ou Inicicea. Finarrente intercalados ooorrem
níveis de material duro, silicificado de ooloração arroxeada, microbrechiado oc:m peqll§!
nos fragnentos e lentículas de chert branoo. A formação ferrÍfera encontra-se associã
da algumas vezes à zonas de brecha cem hematita especular formando o cirrento. -
Na unidade superior da Foma.ção Gandarela predaninam sericita-xistos cem
horizontes de quartzitos, oo1:pJs conoordantes de retabasito caolinizado, finas interca
lações de xisto verde e, p:rÕx:im::>à base, vários níveis delgados de grauvaca e xistõ
preto variegado. A grauvaca apresenta granulação fina a nédia, ooloração escura e
fragnentos líticos, subnilimétrioos, em matriz argilosa, e tem espessura inferior a 1 m.
Ac:ine. da sequência de grauvacas encontram-se intercalações de quartzitos ilIpuros de
granulação grosseira a fina, micáceo, de ooloração branca ou rosa, em banoos de espes-
sura, em geral, de 1 m a 2 m, cem textura bandeada ou laminada. Sericita-nuscovita-
-xisto de ooloração cinza ooorre intercalado nos banoos de quartzito, contendo lentes
irregulares, subccnoordantes de quartzo leitoso, manchado de venre1ho e castanho, I!US-
covita, cianita e pirofilita. SUperpõem-se ao conjunto um paoote de magnetita-serici
ta-xisto, com textura hatcgênea e fina, de ooloração cinzenta c::x:mJI'[eI1te can micro-pris
mas de topãzio, lentículas milimétricas a centimétricas de quartzo leitoso averme1.hadõ.
Catposiciona1lnente apresenta sericita (70-90%), quartzo (10-25%), magnetita (5%), topá
zio e cianita ocasional. Apresenta-se, na maioria das vezes, bastante alterado cáTi
cor avenre1hada, devido à oxidação hidrotenral da magnetita em ~idos hidratados.
Gradativamente, em direção ao topo o magnetita-sericita-xisto torna-se mais alterado,
ooorrendo sensível aunento na intensidade da oor aveDne.lhada, redução da presença de
magnetita fresca cem consequente aunento da quantidade de rroldes,e diminuição geral
da granulanetria e desaparecirrentogradual da textura. J1.mto ao topo do paoote de se-
ricita-xistoooorrem delgados níveis métrioos de sericita-xistocaulínioo cem magneti-
ta e rroldes desta em octaedros bem formados e desenvolvidos. A caulinita forma lentí-
culas milimétricas que estão estiradas e exibem microdobras deformadas em sigm5ides,
enfatizando a foliação principal da rocha. Em direção ao topo da 1.midade, o magnetita
-sericita-risto contém delgadas lâminas Inicroconglareráticas, com grãos bem arredonda=
dos de quartzo de cli.âmetroem to:rno de 1 a 2 nIn. Imediatamente ac:ine. ou intercala-
do can o sericita-xisto caulínioo ooorre contínuo e persistente horizonte de BT (abre-
viação de "Brown Terrena" de Olsen, 1971) can espessuras, em geral, entre 1 e 2 m, mas
podendo atingir até 10 m de espessura. O horizonte BT constitui um wad argiloso, cas-
tanho escuro a negro, exibindo ora fraoos vestígios de estrutura, ora bandeanento típi
00, estando senpre alterado, ccrrq;:osto de matriz ilrpregnada de õxidos de manganês e fer
ro de granulanetria de argila, lâminas e venulações de caulinita, concentrações irregÜ
lares de quartzo "que:ine.do". de coloração querozene e cristais bem formados de quartzõ
(IIUJrion), topãzio, euclásio, nnlito raro berilo, hematita especular, nuscovita, clorita
e pirita subordinada.
Igualrrente na zona do topo da 1.midade ooorre contínuo nível de cloritóide-
-quartzito de oor verde maciçoe bem duro e resistente, horrogêneo, de textura fina
equigranular, às vezes bandeado ou laminado. Em nenhuna coluna estratigráfica ante-
rior, esta rocha foi individualizada. Devido ao fato de ser camada can característi-
cas particulares, foi distinguida neste trabalho, sendo denaninada de Horizonte Quilom
00. A rocha apresenta una capa de alteração verrrelha cem "olhinhos" de quartzo preser
vados e milonitizados. Aparece também finarrente 1aminado de cor verde clara e escurã
e honcgênea de ror arroxeada cem fenoblastos de c10ritóide. O principal horizonte da

3.153
~
---

Unidade Quilombo cx:orre flanqueado por frequentes níveis de rcagnetita-<:lorita-talco-


-xisto,bem xistoso. Constitui uma carrada conspícua entre as rochas da re;rião e aflora,
em geral, no alto das serras. A mineralogia da Unidade Quilorrbo é carposta de clori-
tóide (70-90%) em rcatriz fina com os cristais orientados fortenente segundo a xistosi-
dade principal, quartzo, nuscovita e clorita (10-30%), com o quartzo poligonizado for-
mando lâminas e lentículas e rcagnetita ocasional e raranente cianita e carbonatos. Jun
to ao topo da unidade cx:orrem lentes de dolomito iltediatanente subjacentes aos quartzI
tos ferruginosos negros da Forrcação Cercadinho; essas lentes são delgadas e contém ve=
nulaçães de quartzo e calcita can sulfetos pirita,calcopirita e covellita parciaJ..nEnte
transfornados em azurita e malaquita. Delgados corpos de "cloritoidito" ocorrem inter
calados no pacote de sericitaxistos fornando diques discordantes ou subconcordantes; ã
rocha contém qUase a totalidade de cloritóide em bem desenvolvidos fenoblastos de até
3 ou 4 Im1 de cx:rtprimento can textura em trama. A julgar pela atitude dos corpos e pe-
la textura do "cloritoidito" a rocha pode representar rcaterial básico netaIrcrfizado em
fácies xisto verde (Fig. 2).

roPWlÇh) CERCADnH>
capeando a Forrcação Gandarela existe uma sequência de quartzitos ferrugino
sos, negros, cinza a branco, com rcatriz hematitica em lentes e bancos delgados, int:er=
calaoos em sericita-xisto prateado can 00 sem cianita em finas lâminas, bandas e em
rcaiores pacotes individuais. A esse conjunto Parerene (1958) deu o ncrre de Forrcação
Cercadinho, forrcando a base do Grupo Piracicaba. Pequenos corpos de xisto verde podem
ser encontrados interdigitados na sequência. Frequentemente o contacto inferior da
unidade se faz de ra::Jào brusco, onde o quartzito ferruginoso sobrejaz diretanente a do-
lomitos, e ootras litologias da sucessão Gandarela.
A este da Mina do Capão (Neves, 1983) a zona de contato com o sericita-xis
to Gandarela se faz através de inúineras lentes nÉtricas de quartzitos ferruginosos e
brancos dentro do sericitaxisto. Para a parte superior predatúnam quartzitos que pas-
sam gradativamente a conter níveis e lentes conglaneráticas a até zonas congloneráti-
cas petrcmiticas espessas, contenà:> seixos fortenente variegados e até de granodiorito
gnaisse fresco! Esses conglarerados tem sido descritos caro poligênicos e pertencen-
tes a Forrcação Sabará (Gair, 1958).
Na re;ião prÕxiJIa a "Barraginha" e ''Mina do Capão" ocorrem níveis do con-
glonerado petromíctico can seíJa:>s de quartzito, quartzo e xisto fortenente estirados
segundo elongação maior can orientação paralela a L2-W..neral.
. O contato que o pacote de quartzitos ferruginosos faz can a Forrcação Fecho
F\mil são marcados can o aparecimento de filito cinza escuro can "reductian spots", ou
filito cinza can frequentes finas lâminas silticas cor cinza claro, ou lâminas verdes.
A granularetria dos quartzitos varia desde grosseira, podendo constituir
microconglonerados com pequenos seixos achatados de quartzito ou chert venne1ho com
até 7 nm de catprimento, até fina, quando a fração sericita aunenta sensivelItente. Os
quartzitos geralnEnte encontram-se friáveis, e ocasionaJ..1Tente fonrarn bancos duros de
re;ular resistência e boa continuidade, chegando a forrcar pequenas cristas. Octaedros
de rcagnetita por vezes são encontrados, bem caro :ilrpre;naçães e manchas de Mn-óxidos.
Em zonas de rcaior defornaçâo a rratriz ferruginosa, geralnEnte de granulação finissiIra.,
passa a rraterial herratitico, CXI'Ip!cto e duro ou micáceo, provave1.mante resultante de
recristalizac;ão, esforço num PrOCesso de segregação e cx:rninuição oos grãos de quartzo;
alguns grãos de quartzo frequentemente ainda podem ser observados na hematita, parcial
nente esmagados 00 neSIID achatados entre lâminas e bandas hematiticas. Em algumas si=
tuações o quartzito, devioo ao aumento da espessura e frequência das bandas ferrugino-
sas e quartzosas individuais adquire textura aparente de um itabirito (práxinD a esta-
ção de Topázios). De outro ncdo, pode cx:orrer tênue bandeanento ou laminação dada pela
alternância de coloraçães branca ou cinzenta devido a disseminação de hematita. Em al
guns aflorarrentos o quartzito ferruginoso possue octaedros m:iliI!étricos de rcagnetita e
mais raranente pode conter abundantes zonas com pirita bem cristalizada (Bela Vista,
Trino e próxi.no a Fazenda 00 Alecrim), aparentemente concentradas junto a base da uni-
dade. Em ootras zonas, por exarplo, próxi.no a cabeceira do CÓrre;ro Holandesa o pacote
quartzítico apresenta inúmeras intercalaçães de cloritóide-quartzito, filito prateado,
sericita-xisto em quartzitos negros, brancos e róseos; o sericita-xisto nessas zonas
pode apresentar agulhinhas de topázio. Magnetita-taleo-<=lorita-xisto podem estar in-
tercalados no conjunto (Fig. 2).

FORMAÇAo FECHO DO FUNIL


Foi descrita por SiImcns (1958) consistindo de filito dolomItico de cor
castanho 00 cinza escuro, dolomito silicoso e filito cinzento localnEnte siltico. Na
área estudada a Forrcação Fecho do Funil está localizada na parte oeste e corresponde a
um pacote de filito cinza escuro a chumbo, gera1.nente rcaciço sem qualquer laminação,

3.154
duro cem aspecto de ardósia ou anDlecido pelo intettperisno, apresentando "reducticn
spots" centilrétrioos cem o e:ixo-x orientado segundo Ll ou ~. De outro trodo, pode fOE
mar estratificação marcada pela alternância de bandas ou lâminas de ooloração verde
claro, cinza claro ou branco intercaladas em lâminas cinza escuro; as lâminas claras
podem ser constituídas de material de granulemetria de silte (neta-siltito?). As es-
pessuras máximas das bandas claras oorrespondem a 2 ou 3 em, podendo-se observar aí
cem relativa frequência rnicro-estratificacãO cruzada, aC1.Jl'1h.anentos bruscos nos leitos
síltioos, rnicro-dobras caóticas, intrafoliais devido a "slurrp" e rnicro-"gradedbedding':
Nos paootes, de filito cinza maciço ocasionaIrente fOdém ser encontrados caoos e frag-
mentos angulosos a sub-angulosos de neta-siltito dispostos i.rregul.aI:'nete.
As estruturas ,encontradas nos fil~tos cinza são similares às encontradas
nos paootes dê turbiditos, dada pela alteI:nância de paootes de laminitos e ritmitos
cem estruturas de "slurrp" e paootes de filito ou argilito maciço cem fragnentos angulo
sos, intrafomacianais produzidos durante desncronamentos e deslizanentos sub-aqoosos:-
Geralmente o filito cinza, quando alterado produz mmchas de Mn-<Dddos no solo forman-
do granzon. Lentes dolcrnrticas, ocasicnalmente cem estrc:m:ltolitos (Pedreira do CunDi;
Darderme e Rccha Catrpos, 1975) foram eno::ntrados no interior do paoote de filito cinza.
A ooloracão do filito cinza é dada pela presença de Fe-óxidos finamente disseminados,
Mn~idos em nenor quantidade e IlUito rararrente material grafitoso. Ocasionais lâmi-
nas ricas em pirita podem ooorrer tanto no filito quanto nos dolornitos. Bancos de fi-
lito amarelo, raros podem estar intercalados no filito cinza. Em certas zonas, o paco
te da Fornação Cercadinho parece estar ausente e nesses casos o Filito Cinza está de='
posi tado diretamente sobre o horizonte BT ou o nível de "cloritoiditos" da Unidade
Quilanbo. O contato entre o pacote de filito cinza e a Fornação Cercadinho pode ser
gradacional, o IteSltO ooorrendo cem relacão ao contato Ganda.rela-Filito Cinza.
Nas proximidades da estação, de Dan 130500 ooorrem indigitados no filito cin
za, lentes delgadas de quartzito branoo, e níveis concordantes de netabasito alteradÕ
e taloo-clorita xisto. Nas prox.imi.dades da Pedreira do Cunbi senell1ante conjunto é en
contrado. Delgados níveis de chert branco e negro são encontrados esporadicamente 00
paoote de filito cinza, aparent:.arente mais frequentes em direção ao topo da unidade,
ao sul de Ibdrigo Silva (Fig. 2).

ANÁLISE ESTRUTURAL
A carplexidade estrutural da área tem levado os diversos estudiosos a in-
terpretacões diferentes, caro é diferente a apresentada ababa:>. A assiIIetria das d0-
bras nesoscópicas, até as microdobras e crenulações bem cem:> estratigrafia já estabele
cida nos trabalhos anteriores serviram caro supOrte bãsioo na delineação da estrutura:-
John.son (1962) interpretou a estrutUra de dobras de Dan Bosco caro gerada por forças
~ssivas de sentido norte ou sul', a~ ou logo sucedidas por forças proce-
dentes de este ou sudeste que fomaram fallias de €!IplXTão arcua.das para norte ou nor-
deste. Dorr (1969) subdividiu estrutUralmente o Sinclinal Dan 130500 em duas partes,
sendo a parte este caracterizada por tma série. de falhas de enpJ.rrão em ara:> e de ras
gamento, e a parte oeste, CI1de as falhas de rasganento são mais :inp:>rtantes. Na par::
te este a sequência de falhas de E!Ip.1rrão, que sucederam ao dobramento formariam tma
estrutura imbricada can sentido dos €!lTplr'rÕes de este para oeste.
A oorrplexidade estrutural da região, refletida pelas inúneras repetições
de horizontes, super:in'Jt:osição de dobramentos em escala nesoscápica, diferentes padrões
de dobras e intersecção de lineações e pode e deve ser interpretada pelas três fases
defonnacionais que atuaram. Essas três fases, aqui denominadas Dl, D2 e D3 aparente-
mente foram originadas segundo um processo evolutivo ooerente cem variações no estado,
CClTp:)rtamento necânioo das rochas do S\Jpergrupo Minas, intensidade e sentido dos esfor
ços. As feições estruturais planares nesoscépicas mais marcantes da área estão repre::-
sentadas
constitue
pelo 50- acamanento original,
forte xistosidade ou foliação
-
Sl plano de cli vagem ardosiana,
penetrativa, S3 -plano
S2 plano-
que foma tma marcante
que

cli vagem de fratura e de crenulaçãà subvertical; as feições lineares nesoscápicas são


caracterizadas por fraca e parcialmente obliterada -
Ll lineação
ção, forte Lz - lineação mineral, de crenulacão e de intersecção e L3 lineação de cre-
mineral e de intersec-
-
nulação além dos eixos de dobra Fl' F2 e F3 oorresponélentes. A lineação-Ll e Sl-plano
representam em geral elenentos estruturais fraoos e quase apagados, podendo ooorrer pa
rale lamente aos fabrics da deforne.cão-D2. Entretanto em algtmaS exposições, os elerren
tos resultantes de Dl-defonnação são claramente visíveis (Fig. 3).
FASE Dl-DEFORMAÇ1iD
Esta fase, bem representada nas. rochas das prox:imi.dades do Carplexo do Ba-
ção, principalmente nos itabiritos e xistos, desenvolveu Sl-planos correspondentes a
clivagem ardosiana geralmente paralela ou subparalela ao So-plano corrp:>sicional, fraca
Ll-lineação mineral e de intersecçãà e ocasionais dobras isoclinais e intrafoliais. Na
região dos itabiritos que oordejam' o Catplexo do Bação, tma forte laminação está pre-

3.155

-"---
--

sente, onde praticamente não se encontram chan1eiras, apenas flancos; nessa região bou
dinage, ratpilrento dos estratos itabiríticos e quartzíticos, acentuado afinanento das
camadas por tectônica e espessarrento de zonas filíticas ou xistosas ocor:-.çm frequente-
rrente. A medida que rumanDS para sul afastando-se do !)em:) de Bação, algumas chan1ei-
ras surgem. Nessa área os So- e Sl-planos são paralelos e IrergUlham para sul e sudes
te, a Ll-l.ineação apresenta direções preferenciais entre 700 e 900 com cailrentos 00
50 a 250 (Fig. 4). A fraca Ll-lineação mineral é dada pelos rnicro-agregados de mine-
rais opacos, principalmente magnetita finanente disseminada nos xistos, sericita e rni-
cro-prismas e "agulhinhas" de topázio.
Pocle-se observar que na parte norte da área, junto ao !)em:) do Bação os S1.-
planos axiais das dobras F encontram-se aproximadarrente subverticais tendendo a nergu
lhos suaves, adquirindo 1
vergência recurribente para sul, CCI!Dpor exercplo ao longo da li
nha de EFVMno trecho entre o Viaduto do FlJnil e o Mxro da Mata. O redobranento das
dobras Fl na região de predominância de xistos e quartzitos Cercadinho durante a D2-de
fODnação resultou em estruturas de superposição e até obliteração total de Fl-dobras
em zonas de maior esforço (Fig. 3 ). Aparentert1:!nte predani.nou um COI!pOrtanento dúctil
nessa fase e a relativa escassez de níveis quartzosos nos xistos com topázio resultou
numa fraca orientação preferencial dos rnicro-prismas de topãzio.
FASE D2-DEroRMAÇ1\D

Gerou F2-OObras abertas a apertadas, recurribentes a simétricas CaI! planos


axiais subverticais cam eixos cam máxima em torno de .100-1350 cam caimentos constantes
subhorizontais até 30-400, forte L2-1ineação mineral, de crenulaçao e de intersecção
paralelos aos eixos das F2-<!obras nos xistos. A L2-1ineação é marcada pela orientação
preferencial de cianita, rnica branca, nagnetita e raranente rnicroprismas de topázio.
Produziu uma forte clivagem de crenulação penetrativa S2 nergulhando com frequência pa
ra sudeste, este e sul cam valores entre 100 e 400. Esta fase foDIDU estruturas dos ti
pos"rods", "pencil", "palitos" e "rnullion" nos xistos forterrente orientados segundõ
L2 e ''boudins'' oos quartzitos. Algumas estruturas do tipo "fold I!I.l1.1ion" ocorrem nas
zonas de defOJ:Il1ação mais forte, onde os pacotes de xisto são mais espessos, sendo au-
sentes ou escassos os quartzitos.
As dobras F2 rnesosCÕpicas ncstrarn nítida e frequente Z-assimetria (olhando
-se para este), e as dobras naiores apresentam nas zonas de chan1eira os S2-planos a=
xial cortanto em baixo angulo os So/Sl-Planos, geralrrente com mergulhos mais acentua-
dos a até subvertical. A relativa frequêhcia de F2-oobras com Z-assimetria pode indi-
car a existência de uma grande dobra recumbente anticlinal-antifOJ:rnal cam vergências
para sul e sudeste cujo flanco inferior foi fortanente cizalhado (Fig. 3). Redobranen
tos das Fl-<bbras durante a D2-fase resultou em paralelisnos locais entre os Sl- e S2=
-planos e Ll e L2-lineações, nas zonas de existência de chan1eiras de Fl-dohras redo-
bradas por F2-<bbras, com:::>
prÕxim:> a estação de Topãzios. .
Nas proximidades das Minas de topãzio do Capão e Trino (Dan Bosco) ,algumas
charneiras F2 com planos axiais subhorizontais foram observadas. Associam-se a essas
estruturas dobras parasíticas em cascata, e de padrão escalarifo.rrne.
Aparentemente essa fase ocorreu na transição dúctil-rúptil de carportarnen_
to rrecânico da rocha, ocorrendo pequeno lapso de tatp:> entre Dl e D2, podendo ter se
verificado sucessivamente. .
FASE D3-DEFOro.~ÇÂO
Constitue a Última fase desenvolvida em regime rúptil responsável pela for
mação de dobras abertas e rararrente fechadas,. cam planos axiais subverticais (S3-plã
no) com forte ângulo de inclinação para oeste, em geral com atitudes entre 2600 e 29~
e mergulhos íngremes de 700 a 850, chegando em alguns locais a 1000 e 1100 com mergu_
lhos de 80-900. Esse S3-plano é dado por forte clivagem de crenulação e fratura nos
xistos e clivagem de fratura nos quartzitos: rrovimentos ao longo dos S3-planos exibe
via de regra recurvarnento dos S2-Planos nos xistos indicando zonas de cisa1ha1rento,
produzindo rnicro-sigmSides cam constante Z-assimetria (olhando para norte) e consequen
temente vergência para este (Fig. sA). -
A forte L3-1ineação de crenulação cam direções preferenciais entre 1800 e
2100 e angulos de cailrento de 100 a 200 serrpre que presente deforna Ll e Os eixos
das F3-dobras apresentam atitudes entre 1800 e 2000 ou ainda 00 e 200 cam L2' caimentos
subhorizontais e apresentam a as simetria 5eIrelhante a encontrada ao longo dos S3-pla
nos acima descrita. As F3-OObras são em geral de padrão "bax fold" e "chevron" ocor-=
rendo também "kink-bands".
Os porfiroblastos de cianita dos xistes, cianititos sincinemáticos cam D2
apresentam-se dobrados pelos F3-eixos (Fig. sC), o rnesno ocorrendo com as cianitas
orientadas preferencialrrente segundo L2 nos veios de quartzo-cianita- (pirofilita-hema-
tita) .
As atitudes dos Srplanos representa uma vergência consistente para este,

3.156
corroI:orada pela assiItetria das :H3.obras nos sigm5i.des, derx>tando um sentido d.i.alretral
mente oposto do indicado nos trabalhos prévios (Doa, 1969, Barbosa, 1961 e 1968). Õ
padrão de defcmração defIDido pelas últimas fases de defo:cnação produziu um efeito de
estrutura an "danos e bacias" confb:rne o tipo 1 (Ramsay, 1967) já encontrado an outras
partes do Quadrilátero Fexrífero. :e interessante observar que os veios de quartzo 1e.!,
toso que seguem os S3-Planos estão, via de regra, desprovidos de quaisquer mineraliza-
cães, I!ESItO I!I.1SCOVita, cao1IDita ou henatita.

MICROTECTONICA E EVOLUçAo ESTRUTURAL~METAMORFICA


Análises em seçães delgadas conffnnaram as fases de defo:cnação observadas
no canpo, bem COI!Oforneceram subsídios a histÓria netanDrfica relativa a defODllaCãO,
assim c::arc a possível I!DbilizaçãO dos fluídos, evidentanente influenciada pela defcmra
ção e períodos de aquecimentos crustais. -
Durante a fase D1 as rochas ainda se encontravam cem quantidade de volá-
teis, água e fluidos an equilíbrio estável, irregu.1aJ:ne1te distribuídos pelos poros,
mic1:o-cavidades e ao longo dos planos de acanarnento possivelnente água conata. Una vez
que as rochas CCIIpOrtavam uma naior quantidade de fluídos, devido ao baixo grau de
carpactação, talvez somente devido a diagênese, defo:cnação inicial e telrperaturas rela
tivamente baixas, ocorreu apenas a cristalização incipiente de micas phengíticas e c1õ
ríticas e micro-prismas de topázio e venulaçães de topázio-cao1inita-hematita que se;;::
freram ligeira orientação (Figs.5E/H).A natriz I11Ilito dúctil da rocha, excesso de fluí-
dos, relativa ausência de lâminas ou bandas nais resistentes de quartzo-mica devem ter
sido responsáveis pela fraca orientação mine:tal durante a fo:cnação da ~-lineação; po.:!.
sivelroente a naior parte do topázio netam:5rfico tenha se fcmrado no 1:i.m1.ar DI-D2.
Os estratos do SUpergrupo Minas quanto nais prãx:im:>s da borda do Catplexo
Bação sofreram naior defo:cnação, CO!!Ddenota a ausência ou escassez de chaJ:neiras,
longos flancos e forte laminação das rochas. :e portanto uma zona de 00bras cem grande
frequência e pequena anp!itude; a nedida que se ruma para sul, afastando-se da borda
do Bação as dobras apresentam menor frequência e as anplitudes a1JIlEntam. Portanto os
esforços quando atingiram as unidades xistosas principais foram mais atenuados, Prova
velmente a pressão hidrostática excessiva e insuficiênCia ténnica não permitiram ã
cristalização de cianita e nelhor desenvolvi.Irento deImJ.SCOVita, c10rita e talco; possi
velnente o excesso de fluídos, durante esta fase (Dl) migrou das zonas de mior cem:-
pressão e preencheu os So- e Sl-p1anos e algunBs. zonas de tensão. entre os "boudins" ,
fendas abertas e poros. Esses fluídos ricos an voláteis (H20, F, CO~ e um pouco de B)
provavelnente originaram os veios concordantes mineralizados em topazio-caolinita-hema
tita-quartzo-m.lscovita e quartzo-cianita-m.JSCovita-hematita-pirofilita nos xistos alu=
rnino-potássicos e calcita-<blani.ta~ ankerita -aragonita-bematita- (sulfetos) -elo
rita-epidoto-f1uorita-barita nas zonas do1aníticas, p:x3endo ocorrer nestas tant:ém topã"
zio-quartzo-hanatita subordinadamente. -
A cristalização de quartzo an pequenas lentes e lentículas no interior dos
sericitaxistos e c1oritaxistos provavelmente ocoaeu durante a fo:r::mação dos veios e
também foi oriunda da migração dos fluídos na fase D2 de defo:cnação.
A fase D2 foi caracteristicamente de forte defontação e coincidiu com o
cl:i.max do netaIIDrfiSIlD, quando ocoxreram a cristalização sincinemática de porfiroblas-
tos de cianita, IIIlScovita, cloritóide e clorita nos xistos, orientação dos microporfi-
roblastos de nagnetita cem o desenvolvinento de fortes 52-xistosidade penetrativa e
~-lineação mineral e de crenulação. crescinento da cianita sobre uma clivagan (ardo
sJ.ana?) dobrada segundo Sl-Planos, °
revelada pelas inclusões helicíticas de minerais 0=
pacos e mica branca de granulação muito fina ocoaeu segundo a L2-lineação contida nos
S2-p1anos. Os pequeninos e sutmicroSCÕpicos cristais de cloritóide se desenvolveram
segundo S~, o neSIID ocoaendo can clorita, quartzo e minerais opacos, geralmente em
"poeira fJJ1a". DJrante a fase D2 os cristais "desprotegidos" de topázio fo:cnados em
veios hidrotermais estratifo:rnes ("strata-bound topaz-beari.ng horizon", Pires et alii,
1983) foram fraturados e jaçados, explicando-se a grande quantidade de gercas não-caner
ciais; entende-se por cristais "desprovidos" aqueles que, por se encontrarem associa-=
dos ao quartzo ou zonas caolínicas delgadas, sul:metidos a defo:r::mação fraturararn-se.
regiIte dúctil-ropti1 que predaninou durante essa fase também pode ter sido o causador °
do fraturanento parcial das gemas.
A fase D3 que afetou principalmente os S2-planos, cianita, cloritóide, !!lU.:!.
covita e quartzo fonnados durante D2 foi seguida ao auge do netaIIDrfisro e resultou
no dobranento, quase ortogonal das cianitas alinhadas segundo L2. Possivelnente fluí-
dos residuais, presos ocasionalmente em micro-cavidades e nas proximidades de perfire-
blastos de cianita e magnetita, reagiram can as paredes da cavidade corroendo hidroter
ma1mmte a cianita (Fig.SC) e depositado pirofilita, IIUSCOVita, quartzo, rnicro-prismaS'
de tu:r::malina nos sericitaxistos e. c10ritóide nos clori toiditos e talco nos magnetita
cloritaxistos. Nos cloritoiditos, o cloritóide secundário, I!Dstrando gemínação polis-
sintética típica, geralmente bem desenvolvido e em textura "inter1ocked", cresceu e ~

3.157

--
--

globou a S2-xistosidade deformada por dobras F (Figs. 5B e D) . Em alguns subdomínios do


3
serici taxisto com maior concentração de fluídos, representando quase verdadeiros siste
mas fechados, ocorreu recristalização :incipiente de sericita reais desenvolvida que a
reatriz sericítica fina.
Essa fase corresponde a atividades PÓS-i)3 e representa lJIn netam::>rfisrto re-
trógrado e neo-cristalização dos minerais referidos, pr:incipalmente em zonas de "pres-
sure shaàows" em toD'lO de muscovita, cianita e reagnetita e em cavidades, .
Herz e Outra (1964) já haviam doc::urri;ntado a alteração hidroterna.l da ciani
ta primária e fonração de pirofilita secundária, agora confinrada ter ocorrido PÓS-i)2-;"
A existência de rnicro-cristais de turmalina nas zonas de sombra de pressão, em volta
de IIUJSCOVita e cianita sugere aquela ter sido forrcada tardi ou pós-D3.

CONCLUSOES
1) Os sedimentos da Fornação Gandarela e pelo nenos da base do Grupo Pira-
cicaba foram depositados num ambiente orogênico, c:x::mfrequentes perturbações do assoa-
Tho oceânico, desm::>ronamentos sub-.aquosos, irregularidades acentuadas no fundo, cem
trechos com profundidades variáveis que resultaram na variedade do caráter CCI!pOsicio-
nal e granulanétrico dos sedi.mentos e na sua grande alternância. .. Possíveis intercala-
ções de lavas e sills básicos e até ácidos derrcnstram o ambiente :instável e relativa
ausência de espesso ernbasanento siálico. na zona de sedimentação.
2) A coloração cinza escuro, a presença ocasional de pirita e grafita e
mais frequente de reagnetita na maior parte dos sedilTentos Gandarela e Piracicaba suge-
rem condições redutoras a fracam:mte redutoras durante a sedimentação, possi velIDznte
de bacias restritas 00 águas profundas. .A presença de quartzitos com grãos com bem
arredondanento, e estratificação cruzada, presença de lentes de dolanitos estrc:ma.tolí-
ticos pode nostrar locais variações de sedi.mentação para ambientes de reaior energia,
talvez condições nais próx:iInas a. fonte ou deposição mais tranquila com elevada concen-.
tração de sais de Ca e Mg propiciando o desenvolvilrento de esteiras algais. Locais
concentrações de chert podem :indicar relativarrente elevada aCUIlUlação de sílica por
evaporação; contaminada por natéria orgânica em putrefação (chert negro) em lagos ra-
sos instalados sobre aparelhos vulcânicos com dolanitos depositados sarelhantes aos
"volcanic lakes" (Button, 1972),
3] A sucessão Itabiritos Cauê, sedi.mentos e lavas Gandarela, quartzitos e
xistos Cercadinho e turbiditos Fecho do Funil com lavas :intercaladas pode :indicar tran
sição de sedi.mentação química para ambiente vulcanogênico c:an deposição em regime :ms::
tável e pred:::m1ínio de naterial argilo-arenoso até grosseiro.
4] Calo resuno do quadro estrutUral, tem-se a influência da ascenção do Do
no de Bação na determinação das estrutUras encontradas, caro consequência da evoluçãõ
tectônica do Quadrilátero. Ferrífero. Durante 01' . na corrpressão inicial de sentido N-S
provocada pelo Bação fonraram-se dobras can eixos, lineações e planos axiais ortogo-
nais ao I!D'Jimento,. oos sedimentos proterozóicos, Can a evolução da defonração para a
fase
D2' quando as rochas já estavam can acentuado enpacotaItento, o espaço físico para
. geração de novas dobras era insuficiente ocorrendo então ligeira rotação das resultan-
tes da deforna.ção c:an os eixos caindo para sudeste e o sentido de transporte do nate-
rial (vergência) para oordeste, em direção a zonas de nenor COIIpressão. Isso explica
o angulo de 30-350 que os 52-Planos axiais e eixos F2 (gera.lnente paralelos a 50-pl~
nos) fazem can a direção da Serra do OUro Preto. Os planos axiais
52' dobras e linea-
ções relativas a 02 resultaram em posição ortogonal a conpressão superi:rtp:>sta às es~
turas 01' Durante a fase 03' com as rochas num estado nais rúptil e grau bem naior
de enpacotanento devido as fases 01 e °2, ocorreram rnicrofissuranentos paralelos as di
reçÕes dos esforços, forte clivagem de fratura e crenulações com persistente vergênci'ã
para este; devido ao insuficiente espaço físico para novas dobras, ocorreu nova rota-
ção desta vez c:an os planos axiais, lineacão de crenulação e dobras c:an eixos N5 e ver
gência para este, oovcurente em direção a zonas de nenor oonpressão, "fugindo" da massa
rígida do Carplexo Bação. As figuras 6 e 7 reS1.1IreI!la evolução estrutural.
5] A cristalização e recristalização mineral pode ser acatpanhada de acor-
do corn as fases de deforrcação. Durante a fase 01' com terrperaturas netam5rficas ainda
baixas foram aparentemente desenvolvidas rnica branca phengítica, quartzo, rnicro-pris
mas de topázio e talvez reagnetita. A fase O~ marcou o desenvolvimento sincinemático dãS
paragêneses netam5rficas em grau baixo do facies xisto verde, corn a fornação de serici
ta-rnuscovita, clorita, quartzo, cianita, cloritóide, hematita rnicácea e forrcação pr~
02 da maioria dos veios rn:ineralizados. O evento tardi ou pós-03 determinou a cristali
zação de ItUSCOVita, cloritóide, pirofilita (turmali.na?) crescendo sobre as texturas
pretéritas .
6] Em teDros de Geologia Econômica, os depósitos de topázio imperial do
Distrito de Ouro Preto que distribuern-se inteJ:mitentemente entre Antonio Pereira até
~ N~) e ao M. Burnier encontram-se encaixados na zona de to-
po da Fonracão Gandarela, g~a1.mente sob os quartzitos ferruginosos Cercadinho ("esgo-

3.158
tamento") , podendo ocorrer também em veios de quartzo nos dolanitos,itabiritos e fil!
to cinza Fecho do Funil. CaIO observado anteriOD1leI1te, os veios de caolinita-tcpázio
-hematita-quart~ta foram formados possivelmente pré-D2 (Pires et alU, 1983);-
em ambiente de acentuada oxidação, cem os cristais de topãzio crescendo sobre núcleos
de martita-hematita, utilizando-se do Fe+++ para adquirir as cores e tonalidades amare
las, em veios de quartzo-<:aolinita rica. em F. Os cristais de topázio ao crescerem,gr~
dativam=nte eliIlrinaram o excesso de Fe+++ para tornarem-se nais li.np:>s, cem concani~
te desenvolvi.tte'lto e localização de inclusões fluídas para as partes finais ou pirami-
dais dos prisrras (Figs. 5G e H) .
zircão, turmalina, euclásio, rutilo f~tarente fazem parte da paragêne
se. CkDrrências de sulfetos no ~ do Bule 'e cinábrio nas prc:Ddmidades de Dan Bosro
a:::mpletam o quadro de mineralizações, além de ocasionais acunulaçães e irrpregnacões de
. .
Mn~dos e ouro nas aluviões.
Ainda como interpretação da estrutura denaninada "Sinclinal Dan Bo~
co", vários fatos devem ser levantados:
a] Assilretria frequente em padrão-s das dobras nesoSCÕpicas e parasíticas
Fl (olbando-se para oeste) que distribuem-se desde a borda sul do Ca:t'plexo Bação até
o "Carplexo Bela Vista". Esse padrão-S define una. grande estrutura-F onde está exposto
o flanco superior ou normal de una. anticlinal-Fl recurrbente, ou o flanco revirado. da
sinclinal correspondente superior. Essa grande estrutura-Fl foi redobrada sucessiva-
rrente em dobras-F2, I1EI1Ores, iniciando o padrãodcm::>~cias e produzindo também d0-
bras recumbentes em escala I1EI1Or. As dobras-F3' de tamanho apenas nesoSCÕpico, cem
vergência para leste e sudeste formaram clivagern de crenulação e fratura penetrativas.
b] EXistência do "Carplexo Bela Vista" ao sul da ãrea, aparenterrente c0ns-
titue um fragnento do. embasanento gnáissico cem restos de greenstone (clorita xisto,
quartzo clorita xisto, sericita quartzito, quartzito chértico, abundantes veios de
quartzo cem rutilo, óxidos de Fe e Mn e tUJ:malina). Esse a:::mplexo está profundamente
cisalhado, milanitizado e cataclasado, sofreu severa alteração hidrotennal retrareta-
rrérfica e intemperisnD. são raros os afloram:mtos frescos. Junto as suas margens são
encontrados delgados níveis descontínuos de quartzitos r-t)eda, milanitizados e interpe-
netrados tectonicamente nos gnaisses e clorita xistos do eIl'basaIrento.
c] A ãrea do "Ca\tJlexo Bela Vista" foi considerada por Johnson (1962) caro
largam:mte coberta por quartzitos da Formação ~ ~ aquele autor reconheceu a posição
estratigrãfica dos quartzitos nas não conseguiu identificar os gnaisses associados;
os greenstones foram por ele considerados caro intrusivas básicas.
d] Aparentarente as rochas do "Carplexo Bela Vista" fazem parte do pacote
de xistos da região do Bico da Pedra, mapeados por Barl:x:>sa in D:>rr (1969), indicando
una. continuidade territorial das rochas arqueanas. A de1:iInitação e estudo detalhado
do "Carplexo Bela Vista" está sendo levado a efeito.

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho sanente foi possível ser realizado através de auxílios
do rnPq (Processos n9s 40.4931/82-GC e 30.0006/81), UFRJ e F1NEP que agradecenos. Ccn-
tarcos cem a valiosa colaboração dos colegas M. Heilbron, R. Albuquerque e L.M. Fraga,
bem caro dos alunos do CUrso de Geologia da UFRJ, turnas de 1982, 1983 e 1984. Aos la
minadores J. Esteves, W. Gonçalves, II'Dtoristas J. Martins e J. Rodrigues, química R.N7
de Oliveira, desenhista A. José e Srta. Christina Barreto Pinto aos quais agradecel1'Ds
pelos excelentes trabalhos e auxílios prestados.

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3.160
CompltZxo + + + +
+ Ba<:ão
+ + +
+ Gn
+ v v
+
+
v v v
v v v
Gsx

ky.

3.161
PACOTE DE FILITO CINZA COM FREQUENTES "REDUCTION
SPOTS;' LAMINADO, BANDEAOO OU MACIÇO, COM NIVEIS
DE TURBIDlTOS, L,4MINITOS, BANDAS VERDES, CHERT NE-
GRO E BRANCO, QUARTZITOS, LENTES DE OOLDMITO ES-
Formação TROMATOLíTICO (~). FILITO GRAFITOSO (g) E SILLS ~
Fecho do SICOS CONVERTIDO EM ANFIBOLITO (VI E CLDRITAXIS-
Funil TO.

INTERCALAÇÕES DE BANCOS E LENTES DE QUARTZITO


NEGRO FERRUGINOSOU,QUARTZITO CINZA COM SERI-
Fo rmação CITA XISTO PRATA, NfvEIS HEMATíTlCOS (F.) E GRA-
FITOSOS (g), SILLS BÁSICOS CONVERTIDOS EM XISTO
Cercadinho
~RDE (XV) E NíVEIS DE CHERT (:~ ).

PERSISTENTES HORIZONTES DE BT, COM Ní~/S CAO-


LíNICOS (KK), LENTES DE OOLOMITO (<#), CORPOS DE
ANFlBOLITO (V), INTERCALAçoES DE TALCOXlS7t) (tJr),
,... -~"'"- QUARTZITO (,~,,), CLDRITÓIDE-QUARTZITO (QUILDMBO-<J)
<t :"~-~~~~:CI6
-.J -,... -,
- -
W
a::: - -~- ,..,
- --
MAGNETlTA
(_)
SERICITAXISTO COM AGULHAS DE TOPÁZIO
COM LENTES DE ANFIBOLI7t) (V), X/STO VF:RDE(XV}
<t vVV: -= E QUARTZJro BRANCO E ROSA (CHERT), COM HORtmI-
o
Z TES DELGADOS CE GRAUVACA(4If41E x/sro PRflO MAN-
<t GANIFERO ("1
~
------------------
SERICITAXISTO COM LENTES DE MAGNETITlTO(F.), Mn-
a:: ÓXIDOS, WAD(Mn), CHERT(:õ":), M/CROBRECHAS S/L/CI-
o FICA DAS (AVA) E ANFIBOLITO(.V).
ti:
~
u..
z
XISTOS VERDES (XV/V) COM CORPOS ULTRAMAFICOS
CONVERTIDOS EM TALCOX/S7t) (til) E CLDRITlTO(c/}
COM LENTES DE DOI..OMI7t)(~JLENTES Dt SERICITA-
)(ISTO (SX) NO TOPO DESTE PACOTE

Itabi rito ITABIRITOS COM LENTES DE )(ISTO VERDE(XV) E AJ:1


FIBOL/TO (W)
Cauê

.FIG. 2 - Lito-estratigrafia da Formação Gandarela e uni-


dades adjacentes.

Fig.3: Azrfil Mo~umento-Capà:): Dobra Dt dobracb sczgundo D fase


2
slmboios:vlde Mapa (fig.1)eColuna\fig.2)

3.162
N N

A-50 B - 51/52

N N

C-53 D-LI/Lz

N N

E -L3 F- SINÓPTICO DE L

Fig.4-Est~reogramas (rêde Schmidt) de palas de S-p1~os e 1ineações:


valores percentuais dos contornos por 1% de area:
15%,12%,9%,6%,3% e 1% (S-p1anos)
20%,15%,lJ%,5% e 1%(Lineações)
Máximos e n9s de medidas eTI' cada figura:
A -434 medidas;Q~~imo: 1049/239
B -554 medidas;m~~imo: 1009/239
C - 161 medidas;máximo: 1039/839
D - 394 medidas:máximo: 1109/159
E -228 medidas:máximo: 1909/159

3.163

--------
--
--

Fig.5- Fotanicrografias: A) S2-Plano crenulado segundo S3-Plano, sericitaxisto, NX.


B) Cloritóide cem gerninação polissintética englc:ba S2-xistosidade deformada por eixos
F3, Cloritóide-quatzito, NX.C) Cianita 5in-D2 reorientada segundo L3 ou 53, sericita-
xisto cem núcleos ricos em muscovita, N/ / .D) Cloritóide (Ctl) faz a 52-xistosidade cor
tada por Cloritóide Ct2 tardi-tectônico, NX.E) Prismas de topázio cem inclusão fluida-
em venulação no sericitaxisto N/ / .F) Idem. Poeira de Fe-óxidos no sericitaxisto N/ /.
G) Cresc:iIrento de topázio a parl;ir de núcleo de magnetita oxidando a hematita N/ /.
H) Feixes de cristais de topázio crescendo segundo fracos Sl-planos N/ /. D:iIrensão das
barras: -
1mn A e D;l/2nm - -
B e C; 1/4II1n E; l/lDnrn - F, G e H.

3.164
I
,
I I
I
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I
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I

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Ié: ;' I I tardi'pás
I~ Compacto 01
: .2 02 03
10
DEFORMACÃO--TEMPO
Fig. 6 - Diagrama temporal nefo~acão-~~tamorfismo
l-Fase dúctil: crescimento de topâzio,sericita,quartzo,clorita,mar.netita,
desenvolvimento de clivagem ardosiana-S, geralmente paralela a 50 ,do-
bras fechadas recumbentes, L -r:1Íneral, Com FI =060 a 100.
Z-rase dúctil-rúptil:cresci~nto sincinemático de cianita,muscovita,hema
tita,cloritoide,clorita se~do S~ e L~. Forte S~-xistosidade principa~
LZ-mineral e crenulaçiio. Dobras f~chadãs a abertãs, FZ=80 a 135.
3-Fase TÚntil :!:eformacão-dobras abertas ,kink-bands ,box fold.chevron.for-
te L-crenulação, S>olano:clivap,em de fratura, F_=160 a 220 .Crescimen-
to tdrdi- ou pós-teetônico de cIoritóide,muscovita,pirofilita e defor-
mação de ciani tas .

N
+
5km

Fig.7 - i-fapa esquemático da situação dos elementos estruturais ,com a posição dos
S-pIanos,eixos de dobras e lineações,se?-Ulldo observador(obs)a sudeste.
~ Sl-cliva2em ardosiana
~ FI/LI-dobras e lineação mineral
~ S~-xistosidade principal
v F~- /L~-dobras e lineação mineral e crenulacão
,4t'S_-cliva
. .) g em de crenulaciio- e fratura
F.,/L_
., .)-dobras abertas e lineac;ão de crenulação.

3.165
~-

ANAIS DO XXXIII CONGRE~O BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

FEIÇOES POLlMETAMORFICAS DOS METAPELITOS DA REGIÃO DE ITINGA.


(MINAS GERAIS - MI:DIO JEQUITINHONHA)

A.G. Costa
J.M. Correia Neves
IGC/UFMG - Centro de Pesquisa Prof. Manoel Teixeira da Costa
G. Mueller
Universidade Técnica de Clausthal-Zellerfeld/RFA
Aux{lios CNPq/CPq - UFMG

This paper deals wi th sane petrographic and poliI!'etarrorphic aspects of


the rocks outcroping near Itinga (NE of Minas Gerais State - Brazil).
The igneous petrographic types include grani toids wi th isotropic anã as
weU anisotropic; textures. These last ones seern to represent pervasi ve interaction
between the grani toids and the metarrorphi tes. The metarrorphic country rocks are rnain
ly metapelites and metapsarnites of the anphibolite facies with interstratified bands
of calc-silicate rocks.
The metarrorphic rocks have been overprinted by successive
phases which may have affected sare of the granitoid bcdies toa. . deformational
In the present paper are emphatically analysed the textural aspects and
the mineral assemblages of the metapeli tes country rocks ilnprinted by the thermal me
tarrorphism related to the emplacerrent of the grani toid bcdies along wi th sane as=
pects of the regional metarrorphism.

I - INIroDUÇÃO

A região nordeste do Estado de Minas Gerais tem sido objeto de estudos


por parte de vários pesquisadores, quer por suas potencialidades econânicas quer pe-
lo seu interesse cientifico.
Dentre os estudos pioneiros, destacam-se os de HEIMREICHEN (1846) na
região da Serra de Grão M:>g01, HARIT (1870) no Baixo Jequitinhonha, DERBY (1832) na
região Norte de Minas Gerais, COSTA SENA (1883) sobre uma. parte da Província Norte e
Nordeste de Minas Gerais e FREIBERG (1931) em trabalho sobre a geologia do Estado de
Minas Gerais.
. MJRAES (1929) definiu a Formação MacaÚbas e, juntamente can GUIMARÃES
(1930) levantaram evidências de uma. glaciação na região Norte do Estado de Minas Ge-
rais.
Os corpos pegmatiticos, que se encontram principalmente no médio Vale
do Rio Jequitinhonha, constituem um dos mais iYrpJrtantes recursos econânicos da regi
ão, sendo portadores de minerais de Li, Be, Cs, Sn e Ta. Pertencem à Província Peg-
matitica Oriental definida por PAIVA (1946). Estes corpos estão posicionados tanto
nos grani tóides cano nos metassed.inEntos peU ticos ou psamí ticos da Formação Macaú-
bas de MJRAES (1929), que fazem parte da Faixa de Dobrarcentos Araçuai, de idade bra-
siliana (AlMEIDA et alo 1976).
Recentemente, na região de Itinga, foram descritas ocorrências de sch~
li ta e wolfrarni ta associadas a veios de quartzo e a bandas calcossilicáticas (PEDRO-
SA SOARES et alo 1983).
COBRA (1970) propôs para a região de Salinas a divisão das rochas xist.,e
sas da Formação MacaÚbas (MJRAES 1929) em dois pacotes. O primeiro, posicionado a
leste de Salinas e de idade mais antiga, ele denaninou Grupo Salinas, distinguindo-o
tambémpor apresentar corpos pegma.titicos, do segundo, posicionado a ceste desta ci-
dade e mais novo.
PEDROSA SOARES et alo (1984) colocam no grupo Salinas a faixa de mica-
xistos situada a leste da Falha de Taiobeiras e que engloba os metarrorfitos afloran-
tes na região de Itinga.
SCHOELL (1972) adotou a terminologia de Grupo para a Formação MacaÚbas,

3.166
seguido por KARFUNKELet alo (1975). PFlilG & SCHOELL (1975) denvnstram a origem gla-
cial para certas rochas da Formação MacaÚbas de M:>RAES(1929).
PADILHA (1976) descreve uma zona de cisalhamento que mascara o contato
leste do Grupo MacaÚbas cem o Grupo Salinas. Esta zona coincide cem o Falhamento de
errp.u:rão descrito por COSTA e I01ANO (1976), FCNI'ES et alo (1978) e JARDIM et alo
(1980), sendo que estes últircos denaninaram-na Falha de Taiobeiras.
Segundo PADILHA (1976), o Grupo Salinas teria sido colocado em contato
tectônico cem a porção corresporoente ao Grupo MacaÚbas tradiciona1lnente descri to,
considerando ainda, que aquele correspon:ieria a um nível do próprio Grupo MacaÚbas,
estruturalmente mais profurrlo e de grau metamSrfico mais elevado. Interpretação idên-
tica é dada por CXJRREIANE.VESet alo (1982a)_
SCHOBBENHAIJS t;!t alo (1981) não encontraram justificativas para eIX:}Ua-
drar dentro do. chamado Grupo Macaúbas, toda a Fonnação MacaÚbas de M:>RAES (1929). P~
ticulanoonte a parte que aflora a leste da Falha de Taiobeiras, na região CCIIpreel'1d!
da entre Araçuai e Itinga (Figura 1) e que mais de perto interessou ao presente tra-
balho, deve corresponder, na opinião destes autores, a material gerado ou retr~
do no Ciclo Brasiliano.
A sequéncia de' rochas do Grupo MacaÚbas é consti tuida por diamicti tos,
ritmitos, metadiamictitos, xistos cong1aneráticos, filitos, quartzo micaxistos, lo-
calmente feldspáticos, micaxistos, quartzitos feldspáticos micáceos e/ou hematiticos,
xretacong1anerados, rochas carbonáticas e calcossilicáticas (FCNrES et alo 1978
JARDIMet alo 1980).. ,
No estágio atual dos conhec.ilnentos e em term;)s de uma mineralogia tipi-
caxrente metamSrfica, as litologias consideradas do Grupo Salinas (COBRA1970; PEDID-
$A SOMES et alo 1984) estão representadas nas regiões de Salinas,Rube.lita, Araçuai,
Coronel MJrta e Virgem da Lapa. por xistos cem biotita, granada, estaurolita,cianita,
silirnanita, feldspatos. e anfibÓlios e, são prc:rluto de met.anorfiSIID do tipo barrCMia-
no que atingiu, na crosta, um ambiente de fácies anfibolito. Foram descritos ainda,
xistos cem clori tóides e na região de Coronel MJrta, foi mencionada a presença . da
cordierita, a:J!D seOOo prc:rluto do met.anorfiSIID de contato. A ocorrência deste mine-
ral, porém, não foi ConfiJ::mada em trabalhos mais recentes. (FCNI'ES et alo 1978; CXJR-
REIA NE.VESet alo 1978; JARDIM et alo 1980; KARFONI<EL et alo 1981; SCOOEBENHAUS et
alo 1981; CXJRREIANE.VESet alo 1982a, b e c; PEDROSASOMES et alo 1984).
Na região de Itinga os xistos foram caracterizados CCJ'IDportadores de
granada, estaurolita e cianita. (FCNI'ES et alo 1978; JARDIM et alo 1980;SCHOBBENHAUS
et alo 1981). SÂ (1977) descreve a presença de arx1aluzita e cordierita nos xistos da
região do Vale do Ribeirão Piam. A partir de 1982, quando um dos autores (COSTA)
iniciou na área a elaboração de sua tese de doutoramento, tornou-se evidente, a par-
tir dos trabalhos de caIIpJ e laboratório, que afloravarn nas regiões dos valesdos Ri
beirÕes Itinga, Alto Jenipapo, 1.gua Fria e Veados, xistos cem cordierita e silirnani=
ta e nos vales dos Ribeirões Piam, Babro Jenipapo, Santana, Teixeira e Teixeirinha,
xistos cem cordierita e andaluzita.
PEDROSASOMES et alo (1983) citam a presença de xistos cem andaluzita
e cordierita no Vale do RibeirãoJenipapo.
A leste da faixa de ocorrência dos Grupos MacaÚbas e Salinas, afloram,
segundo FCNI'ES et alo (1978), rochas do Catp1exo Granitóide, do Pré-cambriano indife
renciado e considerado CCJ'IDembasamento. Consti tuem-se na maior parte de granitO=
gnaisses, gnaisses, migmatitos e granitos hanÓfonos, pcdendo apresentar localmente
granada, silirnanita e cordierita. JARDIM et alo (1980) definem para a mesma área a
presença de um CCIIp1exo de rochas, as quais denaninaram C~lexo Graro. to-gnáissico.
SCHOBBENHAUS et alo (1981) indicam para a mesma área, a existência de
granitóides cem estrutura isotrÕpica ou orientada, localmente portadores de granada,
silirnanita ou cordierita.
A existência de corpos grani tóides, tidos CCJ'IDintrusi vos tanto na se-
quência xistosa catO no embasamento, é levantada por SÂ (1977); FCNI'ES et alo (1978) ;
JARDIM et alo (1980); CXJRREIANE.VESet alo (1982c); PEDROSASOMES et alo (1983).
SÂ (1977) obteve a idade de 659 + 40 m.a. para o últirco evento metaIrÓr-
fico que afetou os xistosdo Grupo MacaÚbas, a partir da análise de 11 ancstras, pe-
lo método (Rb/Sr). Para a formação dos granitos, obteve a partir da análise de 7
ancstras, pelo método (Rb/Sr), a idade de 519 + 06 m.a. ( À = 1, 47xlO-1 I anos-I , foi
usada nas determinações) . -
Ir - CCNSmERAÇÕES ~ICAS

A partir do levantamento das paragêneses minerais (Figura 2) foi possi-


ve1 estabelecer, na região de Itinga, para os xretapelitos, duas zonas de xretancrfis-
lrO progressivo. Considerando-se que algumas das fases encontram-se em deseauili,
brio, estas zonas foram caracterizadas pelas seguintes associações mineralógi~: -

3.167
---

a - Zona da arrlaluzi ta
a- andaluzi ta + estauroli ta + granada + bioti ta + rrosoovi ta + fi-
brolita.
.
-
ai
a2
--
arrlaluzi ta + bioti ta + rrosoovi ta + fibroli ta
biotita + rrosoovita + fibrolita -
a3 -
andaluzita + cordierTta + granada + biotita + rrosoovita + fi-
-
brolita
b - Zona da siliInani. ta
b1 siliInani.ta + biotita + rrosoovita
b2 siliInani. ta + arrlaluzi ta + bioti ta + rrosoovi ta
b3 siliInani. ta + cordieri ta + bioti ta + rrosoovi ta
b~ siliInani.ta + pertita + biotita + rrosoovita
b5 siJ..imairl ta + cordieri ta + perti ta + bioti ta + rrosoovi ta
b6 - cordierita + siliInani.ta + pertita + rrosoovita :t arrlaluzita
II - 1. ZCNA DA ANDALUZITA

A feição textural contribuiu para caracterizar a intensidade do metarroE


fisrro, tendo as rochas um aspecto granolepidoblástico e observando-se o predcminio
de uma feição porfiroblástica à medida que se caminha em direção NE, a partir de Ara
çuaL -
Os xistos rrosqueaà.os p:Jdem ser observados a uma certa distância do con-
tato visi vel cem ós corpos grani tóides, por exerrplo, ao longo da estrada que liga
Araçuai a Itinga. Norma1Irente são biotitaxistos em que as máculas correspondem a pe-
quenos nódulos de quartzo, em parte poligonizado, contendo além deste mineral peque-
nas quantidades de biotita e/ou rrosoovita. A medida que se caminha para NE, os grãos
de quartzo dos nódulos adquirem um aspecto cada vez IMis poligonizado e passam a
constituir inclusões principalmente nos porfiroblastos de cordierita. Estes são na
verdade poiquiloblastos ovalados, os quais nem serrpre apresentam sua IMior cli1rensão
paralela à foliação definida pela matriz.
Veios de quartzo ou de ccmposição pegma.titica, não raramente contendo
cristais bem desenvolvidos de arrlaluzita, às vezes, cortados por pequenos veios de fi
brolita, cortam os xistos rrosqueados ou os já porfiroblásticos. -
A arrlaluzita, associada à biotita e à IroSoovita, caracteriza as associa
ções minerais desta zona. Loca.l1nente, foi observada a presença de estaurolita, caro
restos dentro de porfiroblastos de arrlaluzita, o que sugere uma formação precoce pa-
ra a estaurolita. Sua identificação em lâmina foi c::atplerrentada pela difração e fluQ
rescência de Raios-X do p5 de nódulos coletados na área.
Na mesma aIrostra identificararn-se nódulos _
c::atpletamente substi tuidos
por rrosoovita. Não só através de observações de seções delgadas, mas também pela fOE
ma de nódulos isolados, parece ser possivel que esses nódulos sejam pseudarorfoses
de estauroli ta anteriormente fonnada. Outro argumento que nos parece de relevância,
apeia-se no fato de que a arrlaluzita,que ocorre na mesma rocha, ao lado destes nódu-
los, não apresenta nenhum indicio de rrosoovitização. Em aIroStras da região de Itira,
observou-se a presença de porfiroblastos de estaurolita e de arrlaluzita, na mesma rQ
cha, no entanto, rrostrando certas diferenças quanto aos seus respectivos periodos de
fonnação, cem:> será derronstrado adiante.
A arrlaluzita ocorre sempre porfiroblástica, contendo inúmeras inclusões
de quartzo, bioti ta e de opacos. Nos porfiroblastos observa-se a presença de uma fo-
liação interna, que serrpre é coincidente cem a externa. Loca.l1nente, cristais de ag
daluzi ta cem sinal Ótico positivo foram observados, o que p:Jderia denunciar a pre5e!!
ça de Mn em sua ccmposição (CHINNER 1961; BEST & WEISS 1964; DEER et alo 1982}. No
entanto os teores de Mn não devem ser ItU.1i to elevados, uma vez que prevaleceu a ocor-
réncia de cristais incolores ou, muito raramente, cem leves tons rosados.
Distinguern-se duas gerações de rrosoovi ta sendo que a mais tardia p:Jde
representar provavelmente a substituição de todo um nódulo, quer tenha sido ele de
estaurolita ou de andaluzita. A de geração IMis precoce ocorre cem:> porfiroblastos
discordantes e dispersos na matriz.
A granada está presente em niveis onde a granulação da rocha é IMis fi-
na, se desenvolvendo na forma de porfiroblastos. Está serrpre associada a estauro-
lita, mas também ocorre cem:> inclusão dentro de porfiroblastos de andaluzita. Âs ve-
zes ela contém linhas de inclusões orientadas discordantes da . foliação externa ou
rrostrando mesrro estruturas do tipo rotacional, sugerindo, quando observada dentro
de porfiroblastos de arrlaluzita, que a mesma se forrrou anteriormente a esta. Obser-
va-se também a presença de cristais bem formados, cem feições levemente poiquiloblá§.
ticas, mas serrpre livres de inclusões orientadas, sugerindo um desenvolvi.Irento em um
evento posterior aquele que originou o tipo anteriormente descri to.
A fibrolita raramente observada nos porfiroblastos de andaluzita, em ro

3.168
chas que se encontram próx:bnas dos corpos granitóides, quase sempre encontra-se ass~
ciada à biotita, podendo estar também. inclusa no quartzo ou na Iroscovita.
A bioti ta normalmente ocorre na forma de palhetas subédricas alongadas
segundo a foliação e localIrente na forma de porfiroblastos discoidantes can a folia-
ção principal, conferindo uma feição decussada à rocha.
Mais raramente observa-se a presença de feldspatos (plagioclãsios e mi-
croclina); o quartzo é um mineral constituinte de todas as associações descritas e a
ttmnalina é um mineral cx:mum senpre nas proximidades dos corpos granitóides.

Ir - 2. ZCNADA SI:IJ:MANITA

A feição textural distintiva para parte do conjunto de rochas desta zo-


na é a granoblãstica, de aspecto decussado, sendo no entanto, também frequente a tex
tura lepidoblástica. A granulação é maior do que a observada na zona anterior e 10=-
ca.lIrente, nas vizinhanças imediatas dos corpos grani tóides, pode-se mesrro identifi-
car uma textura gnáissica para estas rochas.
SiIn:Llarrnente ao que ocorre na zona da andaluzi ta, observa-se uma evolu-
ção textural, surginio uma trama granoblãstica onde a foliação localIrente pode estar
ausente, passando a rocha a constituir-se quase exclusivamente de um IrosaiCO de
grãos de tendência equigranular. Este tipo textural não pode ser sempre correlaciona
do can a presença dos corpos granitóides, já que próxim:> aos contatos podem ocorrer
apenas Irosquearcentos ou texturas poiquiloblãsticas.
Esta zona é caracterizada pelo aparecilnento da sililnanita prismática,
associada ao feldspato e à cordierita. Verifica-se que a sililnanita ocorre, no entan
to, a:inia can maior frequência na forma fibrolÍtica,nestes casos quase sempre asSO=-
ciada à biotita ou inclusa no quartzo, no feldspato ou na Iroscovita.
O feldspato potássico quase sempre microclina, é micropertÍtico, can es
truturas ou do tipo ribbon, na maioria das vezes bem estreitas e retilÍneas, ou mais
raramente do tipo interpenetrante.
A IIOSCOVitaapresenta-se de maneira peculiar nesta zona. Assimcx:::ttO na
zona anterior verifica-se a existência de duas geraçÕes deste mineral. PrÕx:im:> aos
contatos can o feldspato verifica-se o aparecinento de estruturas sillplectí ticas on-
de a Iroscovita cem cores anânalas de interferência, apresenta, não só inúmeros verrni
culos de quartzo que lembram estruturas miDnequÍticas, mas também, inclusões de fi::
brolita e bordos arredoniados ou corroídos. A biotita,às vezes, participa desta asso-
ciação. Por outro lado verifica-se também a presença de grandes blastos de IIOSCOVita
discordantes e dispersos ao acaso na matriz, conferindo um aspecto decussado à rocha.
A cordierita assurre aspectos bem distintos dos da que se observou na zo
na da an:Jaluzita. Raramente forma porfiroblastos, normalmente ocorre hipidiari5rfica
e praticanente sem inclusões. Em alguns pontos, observam-se inclusões de fibrolita
ou de quartzo. I.ocalIrente notam-se a:inia restos de anJaluzi ta dentro de cristais de
cordierita.
Na zona da sililnanita a an:Jaluzita é rara. Foi observada, principal1ren-
te associada a veios de quartzo e pegmatíticos. A presença de andaluzita cem sinal
ótico positivo, sem no entanto apresentar qualquer coloração, foi também evidenciada
nesta zona.
O quartzo e a bioti ta são minerais canuns a todas as rochas descri tas e
can freqÜência observa-se a fibrolitização da biotita, can o aparecilnento de um min~
ral opaco, provavelIrente iJJrenita. O plagioclásio, quarxio ocorre, parece ser de cc:m-
posição entre o oligoclãsio e andesina.
Nesta zona verifica-se também intensa turmalinização, que afetou não só
as rochas encaixantes, mas também, as granitóides.
A presença de certos minerais nesta zona e próxim:> dos corpos grani tói-
des pode implicar, quer na migração de material entre os tipos li tolÕgicos em conta-
to, quer em recanposições rnineralÕgicas isoquímicas. Na área estudada a fibroli tiza-
ção, a turmalinização, a feldspatização e ainda a gênese da cordierita e ou da. anda-
luzi ta nos grani tóides e veios pegmatí ticos, devem implicar na migração de material
entre os tipos litolÕgicos em contato.
Na região de Itinga, assim cx:::ttOem outras áreas, a fibrolita está asso-
ciada à biotita e esta sofre um descoramento cx:::ttOresultado de reação que determinou
a saída de alguns ~nentes. Não raro, observa-se a fibrolita seguindo os limites
de grãos de quartzo ou cortando palhetas de Iroscovi ta.

IrI - ASPEX:'IDS ESTRIJ'.l'ORAIS


uma análise do desenvolvilnento estrutural, ocorrido nos rretapelitos da
região de Itinga, embora sucinta, por não ser este o objetivo principal do presente
trabalho, não pode deixar de ser feita, tendo-se em vista o relacionamento entre as
fases de cristalização ou recristalização e os períodos de deformação, que ali se

3.169
.
~--------
-----
processaram.
No entanto, dada a ambiguidade de certos critérios da microestrutural,
e portanto, devido às variadas formas de se interpretar tal relacionamento, a propo-
sição de uma ordem de cristalização dos minerais, foi feita cem maior ênfase, não a
partir destes critérios, mas siln da observação das associações metanórficas e das
possiveis reações, que se desenvolveram associadas a estas no decurso do metarrrirfis-
IIO.
Na área estudada, identificararn-se cem certa clareza, três fases de de-
forma2ão (FONTES et alo 1978; PEDROSA SOARES et alo 1983; msttRE, C.A. 1983 - ccmu-
nicaçao verbal) sendo que as duas mais recentes, foram também identificadas em se-
ções delgadas. A partir de observações de ~,verificou-se em alguns pontos, a
existência de uma foliação, denaninada aqui Sn-l, atestada apenas pela presença de
restos de dobras do tipo intrafolial, aprisionadas em ni veis mais quartzosos, às ve-
zes acunhados, os quais associarn-se a niveis maismicáceos.
Impressa nestes ni veis, observa-se uma foliação mais proeminente, de di
reção regional NE, denaninada Sn, a qual classificarros caro sendo uma estratificaçãõ
de transposição.
Concluirrcs que Sn-l havia sofrido um intenso processo de transposição,
desenvolvendo-se a estratificação Sn. PEDROSA SOARES et alo (1984) adotam a mesma in-
terpretação em suas análises dos aspectos estruturais do Grupo Salinas.
Por sua vez desenvolveu-se em Sn uma clivagem de crenulação, denaninada
aqui Sn+l, predaninantemente de direção NW, que apresenta-se lirpressa, de forma mais
marcante, à medida que se caminha em direção de alguns corpos granitóides. Sua fei-
ção mais nitida, consiste na presença de uma lineação nos planos da foliação Sn, fa-
zendo senpre àngulo cem esta. Esta intensificação pode ser entendida caro resultado
do posicionarnento dos corpos granitóides (PI'ICHER & READ 1963).
Foram observadas as seguintes relações entre as fases mineralÕgicas por
firoblásticas e as diversas foliações presentes na área: -
a - Porfiroblastos de granada norma1lnente encontrarn-se envoltos pela foliação
mais proeminente contendo, não raramente, linhas de inclusões orientadas, em parte
defoD!1ad.as e discordantes da foliação externa. As vezes, porfiroblastos de granada
cem bordas livres de inclusões, são também observados.
Esta foliação envolve também porfiroblastos de estaurolita, que podem apresen-
tar seu maior catprimento fazendo um àngulo de 90° cem a mesma, sendo frequente o de
senvolvimento de sanbras de pressão. Verifica-se também, que porfiroblastos de estau
roli ta ou de granada podem encontrar-se estirados segundo a direção da foliação. -
Porfiroblastos de cordierita e mesrrc de andaluzita, aparentemente podem encon
trar-se envoltos por esta foliação. No caso especifico da cordieri ta, SPRY (1976) pro
põe que os porfiroblastos podem durante a sua fase de crescimento, expulsar ou reter
caro inclusões material não utilizado em sua formação. Isto poderia, em parte, justi
ficar a presença da biotita envolverido porfiroblastos de cordierita, sem a necessidã
de de ter que invocar-se uma origem pré ou sindeformati va para pelo menos parte des=
tes minerais;
b - Verificou-se que porfiroblastos de cordierita, novelos de fibrolita e,mais
raramente, porfiroblastos de andaluzita, podem encontra-se estirados segundo a folia
ção mais proeminente, denunciando provavelmente uma conteItporaneidade genética cciii
pelo menos 'uma fase do periodo de deformação Sn. CaID na maior parte das vezes, es-
tes são livres de inclusões, seu crescimento pode ter sido lento e/ou a catpOsição
da rocha pode não ter favorecido a permanência destas inclusões (ZWARr 1960a) .
uma outra interpretação válida seria supor a presença de planos de foliação
pré-existentes, que teriam facilitado o desenvolvjnento de porfiroblastos, em parte
segundo os mesrrcs. Esta hipótese é corroborada, em certas arrostras, a partir da ob-
servação de seções delgadas, contendo planos de rocha, cortados perpendicularmente
entre si, pela presença junto a porfiroblastos alongados segundo a foliação, daque-
les que apresentarn-se de forma não estirada dentro do próprio plano da foliação.

senvolvido
c - Porfiroblastos de andaluzi ta e cordieri ta são observados
ao longo de Sn, que pode estar envolvendo porfiroblastos
caro tendo-se
de estaurolita
de-
e
granada, ou ainda podem ser observados desenvolvendo-se rnilneticarnente em relação à
clivagem de crenulação Sn+l, quando esta ocorre. Normalmente nestes porfiroblastos,
observa-se uma diferença de orientação, quer no seu maior catprimento, quer de suas
linhas de clivagem, caro relação a orientação de suas inclusões e a foliação externa
da rocha, as quais serrpre são coincidentes.
Observa-se também a presença de poiquiloblastos de granada, detronstrando um
evidente desenvolvimento pós-tectónico.
Estas últimas, são feições que predaninam e caracterizam a maior parte
dos metapelitos da região de Itinga (Figura 3) .
Na área pesquisada a cristalização ou recristalização, essencialmente
pós-tectónicas, podem também ter-se dado em fases tardias do processo de desenvolvi-

3.170
frento das estruturas regionais e can certeza após ter decorrido um longo espaço de
terrpJ can relação aos eventos de defODnação regional.
De m::xlo geral, os xistos apresentam uma orientação mais proeminente, de
direção preferencial NE, can mergulhos para SE. I.Dca.1lnente pcxiem:>s obsexvá-los ver-
ticalizados ou apresentaIrlo direções e mergulhos diretalrente influenciados pelos cor
pos grani tóides. -
Can base nas associações rnineralÕgicas e suas relações can as fases de
defODnação, que acabaIros de descrever, elaborou-se o diagrama de sequência de crista
lização da figura 4, que nos peD!litiu optar pela divisão referida na figura 3, que
por sua vez corresponde à expressão planllnétrica das associações mineralÕgicas, can
relação às fases de defODnação.

DI - ProPOSTA DE UMM:DELO PE'I'RCX>EN!TICO

Cate um ou dois minerais não são suficientes para caracterizar. um fá


cies metam5rfico ou uma série destes, a identificação de paragêneses minerais está=
veis revela-se de fundamental ~cia para a construção de uma ordem petrogené~
ca e ao mesrro 1:at;Jo para a caracterização do tipo de metaIrorfisrro.
Numa tentativa de se propor esta ordem para os metaIrorfitos da região
de Itinga, levaram-se em consideração os seguintes aspectos:
a - Que em um primeiro
da estaurolita, provavelmente
estágio, e a nível regional, deu-se o
sob corrliÇÕes de P = 4 e 7kb e T = 540°C e 565 + 15°C
desenvolvirrento

e segunjo a reação: clorita + rrcscovita = estaurolita + biotita + quartzo + H-;O pro-


posta por HOSCHEK(1969). Posteriormente, o posicionarrento de corpos granitóides pro
piciou a elevação da temperatura e pranaveu o desenvolviIrento das seguintes fases
mineralÕgicas: andaluzita, cordierita e sililnanita;

relação
b - Que o sistema, no qual as rochas sofreram o metam:>rfisrro,
a H20, cc:mponente considerado de extrema rrobilidade segunjo
era aberto
KORZHINSKII
can
(1959) ;
c - Que os fatores de equilÍbrio foram Ps, T e PH20;
d - Que no sistema o número de fases desenvolvidas e estáveis deve ser igual
ou menor do que o número de cc:mponentes considerados inertes (Regra das Fases Minera
lógicas de KORZHINSKII). Adotou-se para os metapelitos um sistema de seis cc:mponen=
tes (Si02, Al20], M',jO, FeO, K20, H20) e pe:fUSl1aS quantidades de Na20 e Cao. Segundo
THCMI?SON(1957), considerou-se Si02 em excesso, negligenciou-se o Na20 e CaO e ob-
teve-se caro cc:mponentes inertes Al20], M',jO, FeO e K20 (MIYASHIRO, 1973).
Se o número de cc:mponentes fixos pcxie ser máior ou igual ao número de
fases, duas das associações propostas para a zona da andaluzita (ai e a..) e duas das
associações da zona da sililnani ta (bs e b6) não devem estar em equilibrio, pcxiendo
ser consideradas caro metaestáveis.

DI - 1. M:iJE!.O ProPOSro PARA A ZCNA DA ANDALUZITA

Da observação de xistos inicialrrente portadores de estaurolita, passan


do-se àqueles can estauroli ta e andaluzi ta e posteriormente àqueles só can andaluzi =
ta, conclu.llros que, a estaurolita deve constituir uma fase em desequilibrio. No caso
de ai isto é c:c:nprovado por seus restos ocorrerem inclusos na andaluzita. A granada
em a I e a encontra-se em parte também em situação de desequilibrio.
4' Supondo que nestas rochas a Iroscovi ta e o quartzo são estáveis (WINKIER,
1976), a reação (1) proposta por GUIOOITI (1970):
estaurolita + Iroscovita-Na + quartzo = AhSiOs + biotita + Iroscovita + albita + H20
+ granada. (1)
~ia ser utilizada para explicar o desapareciIrento da estauroli ta e ao mesrro tem-
po a presença de uma granada de geração tardia, já descrita, em ambientes onde as
temperaturas podem ser consideradas baixas.
Em ambientes onde as pressões sãomais elevadas a reação (2) proposta
por CARMICHAEL(1969):
estaurolita + Iroscovita + quartzo = Al2SiOs + a.1lnar1dina + biotita + H20. (2)
estabelece a e.Liln.inação da estauroli ta por reação can a Iroscovi ta.
Segundo NAGQ.R & ATHERroN (1970), nas auréolas de contato dos' granitos
do Donegal, a relação entre a estaurolita e a andaluzita sem a formação da granada,
pcxie explicar-se de acordo can a reação (3) de HOSCHEK(1969), também utilizada por
GUITARD (1969), na região dos Pirineus Orientais:
estauroli ta + Iroscovi ta + quartzo = Ah SiOs + bioti ta + H2O. (3)
O trabalho experiIrental de HOSCHEK(1969) peD!litiu estabelecer os valo-
res de pressão 2 e 5,5kb e de temperatura 575 + 15°C e 675 + 15°C, respectivamente,
caro condição para que se processasse -
a reação a partir da estauroli ta. Em muitos ca
sos a andaluzita é o polirrorfo do g:rupo do Al2SiOs que se forma. A granada se forma-=-

3.171
~---- ----

ria nas faixas correspondentes a valores mais altos de pressão.


Caro mencionado, no i tem correspondente às descrições petrográficas,
observarn-se restos de andaluzi ta dentro da cordieri ta, sendo no entanto, frequente a
ocorrência destes dois minerais em outros pontos da área, não m::>strando nenhum tipo
de envolvimento textural.
Para explicar a formação da cordierita a partir da estaurolita e andalu
zita, CCMI?'roN(1960) propÕe a seguinte reação:
estaurolita + andaluzita + clorita + quartzo = cordierita + HzO. (4)
Já HESS (1969) propÕe para a formação da cordierita as seguintes rea-
çoes:
estaurolita = biotita + andaluzita + HzO. (5)
biotita + andaluzita = cordierita. (6)
YARDLEY(1976) também propÕe um desenvolvimento de andaluzitas e cordie
ri tas , a partir da substituição da estaurolita, ocorrendo esta reação, nas partes su
periores do campo de estabilidade da estauroli ta ou nas zonas de transição para o
campo da silimanita. Nas situações, onde toda a m::>scovita é consumida, restando es-
taurolita, esta reagiria can o quartzo, desenvolvendo-se silimanita e granada.
As propostas de HESS (1969) e YARDLEY(1976) parecerarn-nos as mais ade-
quadas, pela não observação, na área de estudos, de qualquer relação textural envol-
vendo a clorita ou IlEsm::>a estaurolita II'ais andaluzita, no mecanism::> de desenvolvi-
mento da cordierita.

IV - 2. M::DEW PROPOSTOPARA A ZCNADA SILlMANITA

Na zona da silimanita, a associação b6 tem uma distribuição restrita,


pois na maior parte das vezes a andaluzi ta quando presente está associada a veios de
quartzo. No entanto, can relação a silimanita, a andaluzita deve constituir uma fase
IlEtaestável, certamente tendo-se desenvolvido anteriormente àquela.
Seja pela pequena diferença energética entre estes polim::>rfos, ou pela
presença de constituintes estranhos (Fe ,Mn) estabilizando um dos polim::>rfos, ou ain-
da pela existência de condições externas do IlEtaIrorfism::> propiciando um estágio de
equilibrio uni variante, ou IlEsm::>pela presença de rroscovi ta instável, frequentemente
tem sido observada a coexistência entre a andaluzita e a silimanita, conforme estabe
lecido, dentre outros, nos trabalhos de ALBEE & CHODOS(1969); ALTHAUS (1967); FYEE
(1967); RICHARDSON et alo (1969); HOLDAWAY (1971); BROWN& FYFE (1971) e ANDERSONet
alo (1977).
A rroscovi ta pode ser considerada uma fase instável, cc::m:> estabelecido
~ b s. Não tendo sido observadas quaisquer relações texturais que denunciem a rea-
çao:
andaluzita = silimanita (7)
acreditaIros que nesta zona, a rroscovita deve ter sofrido um processo de destruição
reagindo can o quartzo e possibilitando o aparecimento da silimanita. BEST & WEISS
(1964) sugerem a seguinte reação:
m::>scovita + quartzo = pertita + AlzSiOs + HzO (8)
ocorrendo nas proxiroidades dos corpos intrusivos onde as temperaturas são mais altas.
A m::>scovita. ou mesIrO a biotita poderiam também ter fornecido o NazO para a formação
da perti ta.
O aparecimento da cordierita, nesta zona, estaria em parte condiciona-
do à reação entre a biotita e um dos polim::>rfos do grupo de AlzSiOs dando:
biotital + andaluzita + quartzo = felds.k + cordierita + biotitaz + HzO (9)
devendo-se observar uma relação Fezi'Mg mais alta na biotitaz. A não ser pela presen-
ça de restos de andaluzita inclusos na cordierita, não se observaram outras relações
texturais que canprovem o mecanism::> genético proposto.
Frente à ausência de dados qullnicos, que suportem quaisquer uma destas
reações e pela não observação de qualquer evidência textural que justifique as rea-
ções que envolvem a rroscovita ou mesIrO a granada, poder-se-ia,apenas partindo do
pressuposto de que originalmente os metapeli tos eram ~stos por rroscovi ta, grana-
da estaurolita e biotita, indicar qualquer uma destas reações ou grupos destas cem:>
responsável pelo desenvolvimento das paragêneses observadas.
A frequente. associação da biotita can a fibrolita e a presença de a~
Thas desta na rroscovi ta, merecem uma abordagem especial, dada à sua anpla faixa de
ocorrência. PITCHER & READ (1963) ressaltam a substituição da biotita por fibrolita,
questionando o processo metassanático a partir da destinação do K e do Mg, e o apar~
cimento do Fe na forma de ÓXido e um possivel influxo do Al. Canentam as dúvidas de
CHINNER (1961) sobre estas substituições e sugerem que o K mais provavelmente fica-
ria retido na rnica branca. O Mg poderia contribuir na formação da cordierita, o que
muitas vezes é de se suspeitar dada a frequência can que se observa a presença de
inclusões de fibrolita na cordierita. Ainda segundo estes autores, a presença de a~

3.172
1bas de fibrolita nas palhetas de IIOscovita pode não significar que a fibrolita seja
um mineral residual, acidentalmente incluso na IIOScovita de origem posterior, mas sim
que ambas se fonnaram numa roosrna fase metassanática.
SHELLEY (1968) prop3e a reação entre uma biotita mais aluminosa e o
quartzo para explicar o aparec:ilnento da fibrolita. No mesm:> trabalho este autor cita
WATSON'(1948) e 'IOZER (1955) que propõem a raooção durante o processo de fibrolitiz~
ção de elementos tais caro K, Fe, ~, ocorrendo em alguns casos a peDI1anência do Fe
na foma de óxido.
Na região de Itinga verifica-se o processo da fibrolitização tal caro
descri to anteriorrcente e mais do que isto, 1JI!Icerto mascararnento pela pr~ tam-
bém de outros processos, que dificultam o estabelec:ilnento seguro de uma aureola de
contato. Em algumas partes segundo proposta de a:::MÍ?'IW (1960), a definição de uma
auréola em parte originada por metam:::D:fisro iscquimico e em parte metassanática, se-
ria a única solução.

v - CCJOCLUSÕES

Cem base apenas nas relações petrográficas torna-se difícil uma caracte
rização petrogenética de qualquer feição metarnórfica.
A partir das associações mineralÕgicas observadas nos metam:::D:fitos de
Itinga, poderia estabelecer-se que o grau metarnórfico tinha já atingido o inlcio do
fácies anfiboli to, quando tiveram lugar os efeitos do metannrfisro essencia.1Ioonte
ténnico.
Estes efeitos não foram suficientemente fortes para apagar toda a folia
ção pré-existente e, certamente desenvolverarn-se em parte, simultaneamente cc:m os
processos que provocaram o aparec:ilnento de novas 'estruturas. De expressivo, observa-
se uma textura ncx1ular anplalDente associada a esta foliação.
A presença de rochas de aspecto maciço, camms às intercalações calcos!.
licáticas, está subordinada àquelas que melhor se caracterizaram caro xistos hornfel
síticos e, apenas localmente, verifica-se a presença de rochas can aspecto decussad~
nestes casos, de granulação grosseira.
Na tentativa de se representarem as possi veis relações entre as fases
mineralÕgicas observadas e seus canpos de estabilidade, usamos o diagrama de fases
dos polirrorfos do grupo do AlzSiOs proposto por!-K)U)AWAY (1971), can valores de
3,8kb e 500°C para o ponto triplo, e não o porposto por RICHAEIDSCNet alo (1969) e
utilizado por MIYASHIRO (1973) e HESS (1969), on:ie os valores para o ponto triplo
são de 5,5kb e 622°C. O seu ert;Jrego pareceu-nos mais apropriado, pelas justificati-
vas apresentadas por ANDERSCNet alo (1977). As demais relações apresentadas foram
retiradas do diagrama de TtJRNER (1981).
No diagrama apresentado (Figura 5), a curva IT representa aproxilnadarren
te con:lições de P e T do grupo de rochas observadas na região de Itinga, que corres=
pon:lem, por sua vez, a valores inferiores à:Jueles admitidos por MIYASHIRO (1973), ~
ra os canpos de estabilidade dos minerais relacionados. -
O canpo proposto CCIrq?Orta a instabilidade da estauroli ta can relação ao
desenvolvimento da azrlaluzita, cc:m base nos dados de HOSCHEK(1969) e, está concor-
dante cc:m a observação de que, a presença de andaluzi ta :ilITplica em valores de P inf~
riores a 3,5kb (TORNER, 1981).
Cem:>não se constatou a presença de sinais de qualquer reação que irxii-
casse estágios correspondentes ao aparec:ilnento da fusão granltica, presumiu-se que
os valores máxirros de T não devem ter ultrapassado os 650°C.
Do ponto de vista regional, o posicionarnento dos corpos granitóides não
deve ter-se dado em um mesro nl vel crustal, pois as diferenças entre as associações
mineralÕgicas de contato da região de coronel Murta (PEDIDSA SOARES et al., 1984) e
as de Itinga, denunciam a existência de diferentes condições de pressão para os amb!
entes onde se posicionaram estes corpos.
Na região de Itinga, os corpos granitóides devem ter-se posicionado em
nl veis crustais mais elevados, :ilITpriln:irxlo de foma mais pronunciada nos metassedimen
tos, as feições do metarrorfisro ténnico e, mais para oeste, os grani tóides devem
ter-se posicionado em nlveis mais profundos o que atenuou as feições do metarrDrfiSlrO
ténnico. um outro argumento favorável ao posicionarnento, de pelo menos parte dos cor
pos granitóides da região de Itinga, em um nlvel crustal mais alto do que o da regi=
ão de coronel Murta, reside no fato de que um grande número de pegmatitos da área de
Itinga contém petalita ao invés de espodurrênio (51'. 1977). COItD se sabe a petalita é
um mineral estável a menores pressões, cem relação ao espodurrênio (LONDON & BURl'
1982) .
MIYASHIro (1973) afiuna, com base na frequente associação de corpos gr~
nitóides cem terrenos metarnórficos regionais, que auréolas do metarrorfiSlrO de conta-
to em terrenos metaIrÓrficos regionais de baixa pressão apresentam inúmeras similari-

3.173

-.-----
---------

dades, mas que torna-se difícil a separação destas, em térrenos metamSrficos regi~
nais de média pressão.
Pareceu-nos não ser de todo irrprovável, para a região de Itinga a apli
cação de uma das propostas de MIYASHIOO (1973), segundo a qual o metamSrfisrro térmi=
co, cem valor de P mais alto do que os valores propostos nos m:delos clássicos,teria
sido causado por intrusões grani ticas essencia1roente tardi -tectônicas em terrenos me
mórficos regionais de pressão baixa a intermediária. -
Ao mesrro tenp:> em que observa-se uma ausência de horfelsi tos tipicos,
dificultando o estabelecimento, cem certa clareza, dos limites de uma provável au-
réola de contato, a não observação de uma expressão regional para as associações ne-
tamSrficas descri tas e a escassez de dados regionais que possibilitassem uma correl~
ção cem áreas, nas quais associações idênticas foram observadas e possicionadas ccrno
produto de um metarrorfisrro do tipo regional de baixa pressão, levou-nos a optar por
um m:delo de metarrorfisrro de contato do tipo intermediário de baixa pressão para a
área estudada, segundo proposta de MIYASHIro (1973). Estudos que deverão ser desen-
volvidos ao longo dos trabalhos de tese de um dos autores (COSTA), confirmarão ou
não este ponto de vista.

Ao ~ e ao CPq-UFM:;, pelos recursos financeiros.


Aos professores A.C. Pedrosa Soares, C.A. Rosiére e R.L. M::>nteiro, pe-
las provei tosas discussões.
As estudantes M. Martins (Bolsista CPq-IGC-UfM;) e C. Teixeira, pelas
inÚIteras e interessantes discussões e pela colaboração no preparo de arrostras.
Aos alunos do IGC-UfM;, H. Resende, G. Pinho, H. Gonzaga, M. Coelho,M.
HeJ::nogenes, F. Vieira, L. Pereira e M. Cardoso, que realizaram seus trabalhos de gra
duação na área. -
A datilógrafa M.T. Gemes e Souza e ao desenhista F.R. Silva, pela dat!
lografia e desenhos , respectivamente.

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3.176
Fig. 1

MAPA GEOLÓGICO MEDIO JEQUITINHONHA (SIMPLIF1CADO)

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GRANITÓIOES INTRUSIVOS (ÁREAS RESTRITAS DE EM8ASA-


MENTO NÃO OEMARCADAS)
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(FORMAÇÃO MACAU8AS)

QUARTZO-MICAXISTOS, QUARTZITOS, CALCOSSILICÁTICAS I c/


PIIOTEROZÔICO INOIVISO GRANADA, ESTAUROLITA. CIANITA.SILIMANITA. ANDAUJZITA
E COROIERITA. LOCALMENTE. (GRUPO SAU'IAS)

GRANITOIDES HOMOFANOS ou ORIENTADOS, LOCALMENTE


I'M: CAM8IIIANO IHOIV1S0
COM GRANADA, SILIMANITA E COROIERITA

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cos e fases de defoDnação, a partir da análise de rochas da região
de Itinga -
Médio Vale do Jequitinhonha.

600 700 BOO

Fig. 5 - Representação esquernática das relações de estabilidade entre os F2


lirrorfos Alz SiOs e outros silicatos segundo diagrama de 'IDRNER
-
(1981). H Ponto triplo segundo HOIDAWAY (1971). M Curva de rea -
-
ção da rrcscovita segundo EVANS.F Curva da fusão granitica segui1
do liJ'I'H, JAHNe 'IUI'LE (1964). IT - Prováveis condições de P e if
para o evento rretamórfico do tipo térmico que atuou nos rretapeli-
tos da região de Itinga - Médio Vale do Jequitinhonha.

3.180
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

ESTRATIGRAFIA, DEFORMAÇAO E METAMORFISMO DO GRUPO ARAXÁ NA


REGIAO DE MOSSAMEDES, GOlAS

Luiz Sergio Amaran1ll Simi5es


Bolsista do CNPq
Reinhardt Adolfo Fuck
Departamento de Geociencias
Universidade de Brasllia
70.910 - Brasllia - DF
Bolsista do CNPq
Trabalho realizado com auxílio do CNPq,
Proc. 40.3462/81 e 40.2354/82

ABSTRAC'.r

The Middle Proterozoic Araxá Group in the Mossámedes region,


Goiás, comprises a metamorphic sequence informally divided fiam the base
onwards in: a) psamitic unit (quartzite, metaconglomerate)~ b) psamo-pe
litic unit (muscovite and quartz schist, quartzite)~ c) lower pelite~
volcanic unit (chlorite-biotite schist, fine-grained gneiss)~ d) upper
pelite-volcanic unit (garnet-muscovite schist, biotite schist an:i gneiss,
magnetite schist, amphibolite, amphibole schist, hornblende gneiss)~and
e) gneissic unit (epidote-biotite gneiss,.amphibolite). The sequence
represents rnetamorphosed sedimentary deposits of coas tal pericratonic
and platform environments, fo~lowed by deep water sediments in. close
association with calc-alkaline volcanic material. Small gabbroic bodies
as well as diabase dikes and sill5 were intruded soon after deposition.
Granite/granodiorite intrusions were emplaced during the first deforma
tion event, while small tonalite intrusions and dacite porphyry dikes
are contemporaneous to the second deformation phase. A few undeformed
diabase dikes are of Cretaceous age. Four deformation events have been
distinguished: tight and isoclinal folds with axial plane schistosity
have been refolded during a second event which produced themost ~tant
S-surface of the are a, represented by a tight S2 crenulation cleavage
striking near E-W~ asyrnrnetric open folds and gentle crenulations whose
S 20-90 E axial surfaces dip with high anglês to SSW characterize the
third phase~ the lastphase is represented by a generalized ondulation
with nearly vertical axial planes and axes plunging 5-200 S-SW. Meta-
morphism is of barrovian type, increasing southwards from the biotite
and garnet zones of greenschist facies to the kyanite-staurolite zone
of amphibolite facies. Textural relationship is evidence of the peak of
rnetamorphism being contemporaneous with the beginning of the second
phase of deforrnation. Sedimentation, magmatism, deformation and meta-
morphism of the Araxá Group in the Mossâmedes region can be interpreted
as related to the geological evolution of an active continental margin
similar to the modern ones.

1. INTRODUÇÃO
Com o intuito de conhecer melhor as características ge01ógi
cas do Grupo Araxâ na porção sul de Goiás foi selecionada área de 288
km2 para mapeamento detalhado (1:25.000), visando o levantamento de da
dos estratigráficos, petrológicos, estruturais e econômicos de ~~ con
junto de metamorfitos atribuídos a essa unidade precarnbriana. A ãreã
vem sendo estudada nos últimos 2 anos, corno terna da dissertação de mes

3.181
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-
-- --------
------
--

trado de um dos autores (Simões, 1984). No presente 'trabalho, são apre


sentadas as feições estratigráficas, estruturais e metamórficas mais i~
portantes observadas nas rochas da região.
A área selecionada abrange um segmento da Serra Dourada,inclu
indo na sua extremidade oriental a cidade de Mossámedes, situada a 15Õ
km a NW de Goiânia (Fig. 1). Em termos geológicos, está localizada na
porção ocidental da faixa de dobramentos Uruaçu, a sul da Mega-Infle~ão
dos Pirineus (Fuck & Marini, 1981), incluindo os terrenos granito-gnais
sicos do embasamento e o Grupo Araxá. -
Diversos trabalhos descrevem a geologia da região, sendo a
maioria de cunho regional (Leonardos, 1938; Hasui & Almeida, 1970;Penna
et al., 1975). Os trabalhos de Danni et alo (1973) e Dardenne et. alo
(1981), baseados em um mapeamento em escala 1:50.000, apresentam as in
formações geológicas mais detalhadas dadas a público até o momento.

2. ESTRATIGRAFIA

A área mapeada engloba uma sequência estratificada, constituí


da principalmente por quartzitos,xistos e gnaisses, pertencente ao Grü
po Araxã (Dardenne et al., 1981) e o seu embasamento, representado por
gnaisses tonalíticos com intercalações de anfibolito (fig. 2) aos quais
se associam clorita-talco xistos relacionados à sequência do tiPJgreen
-
~ belt da Serra de Santa Rita (Danni et al., 1981).
As rochas do ernbasamento são atribuIdas ao Arqueano, com base
em algumas datações radiomêtricas Rb/Sr relativas a amostras de Itapir~
puã-Caiçara (Tassinari et al., 1981). O Grupo Araxá tem sido considera
do de idade Uruaçuana(Hasui & Almeida, 1970; Almeida et al., 1976;Hasui
et al., 1980; Fuck & Marini, 1981; Schobbenhaus et al., 1982). Entretan
to as idades radiométricas K/Ar, obtidas sobre xistos da área, são brã
silianas (Hasui & Almeida, 1970).
O Grupo Araxá encontra-se separado do embasamento por uma dis
cordância litológica e, embora regionalmente tenha sido indicada por
Danni et alo (1973) e Dardenne et alo (1981) a existência de discordância
angular,esta não foi observada na área estudad~.
Nas proximidades do contato observa-se que os gnaisses do em
basamento apresentam granulação média e foliação pronunciada, paralela-
à xistosidade principal dos metassedimentos. Pouco ao norte do contato,
a granulação dos gnaisses torna-se mais grossa e a foliação menos desen
volvida. Essa feição pode indicar a presença de uma falha de baixo ângü
10 separando as duas unidades, podendo entretanto ser devida simplesmen
te à diferença de competência, a qual favorece a concentração da defor
mação ao longo do contato.
As rochas do Grupo Araxá representam uma sequência estratigrã
fica contInua que pode ser dividida em 5 unidades, informalmente denomi
nadas, da base para o topo, de psamItica, psamo-pelítica, pelito-vulcâ=
nica inferiàr, pelito-vulcânica.superior e gnáissica.

2.1 - Unidade Psamítica

~ constitulda essencialmente por um pacote com 70-90 m de es


pessura de quartzitos homogêneos, levemente micáceos, com intercalã
ções esporádicas de finas camadas (5-20 em) ricas em minerais pesados
que ainda preserv~m o contorno detrítico original (zircão, rutilo, ilme
nita e magnetita hematitizadas). Por vezes encontram-se nos quartzitos-
algumas marcas de onda assimétricas, indicando a direção NE para a pa
leo-corrente. Na base desses quartzitos ocorre uma camada de 2-6 m de
espessura de muscovita xisto tumalinifero que faz contato com os gnais
ses do embasamento. A mica desse xisto exibe em amostra de mão um tom
levemente esverdeado, caracterIstico.
No topo da unidade aparece uma camada de metaconglomerado,com
3 a 13 m de espessura, maturo, com matriz de muscovita quartzito e sei
xos de quartzo, quartzitos e itabirito. Associados a esse conglomerado-
encontram-se os diamantes que são garimpados na região. Os seixos medem
em geral de 10-40 em de comprimento e são intensamente estirados, defi
nindo uma lineação na direção NW. O nlvel de conglomerado se estende par
quase toda a área, terminando, na extremidade ocidental, por meio de
urna passagem lateral para os quartzitos.

3.182
2.2 - Unidade PSi38)-PeJ.í tica

~ caracterizada pela intercalação em escala centimetrica a me


trica de muscovita xistos, quartzo xis tos e quartzitos, que formam um
pacote de 100 a 120 m de espessura. Uma feição típica dessa unidade e a
cor levemente esverdeada das muscovitas, idêntica à do xis to turmaliní
fero quê ocorre na base da unidade psamítica.
Alguns níveis do muscovita xisto apresentam magnetita e/ou~
malina. Na porção basal da unidade ocorrem intercalações de microconglõ
merado e mais raramente de conglomerado com seixos de quartzo e quartzl
to de até 5 cm de diâmetro maior. Ainda na base, são observadas estratl.
-
ficações cruzadas que indicam a polaridade- normal dos estratos.
Na parte superior da unidade, as intercalações pelíticas tor
nam-se, mais abundantes, e estão presentes também algumas camadas de
quartzito feldspático fino. Marcando o topo da unidade, ocorre uma cama
da pouco espessa (2-4 m) de xis tos muscovíticos finos cinzentos a pr~
teados.

2.3 Unidade Pelito-Vul.cânica Inferior

~ constituída por um conjunto de clorita-biotita xistos que


apresentam intercalações decimetricas a métricas de gnaisses finos, ge
ralmente blastoporfiríticos, os quais tornam-se mais abundantes para õ
topo da unidade, invertendo a proporção dos dois litotipos e formando
um nível gnáissico com intercalações de clorita-biotita xis tos. No ex
tremo oriental da área, esse nível gnáissico ê ausente, provavelmente1n
terdigitando-se com os xistos adjacentes. -
.
Na base da unidade, ocorre uma camada de 3-6 m de biotita-mus
covita calcixisto, que se acunha ate desaparecer na porção oeste dã
área.
Associadas aos clorita-biotita xis tos são encontrados, ao lon
go de toda a unidade, níveis carbonosos e níveis piritosos (por vezes
com um pouco de calcopirita). Os clorita-biotita xistos são frequente
mente feldspâticos (plagioclãsio) e por vezes carbonáticos. Eventualmen
te intercalações de muscovita-xisto, sem biotita, também estão presen
-
teso
Os gnaisses são fortemente bandados e constituídos essencial-
mente por biotita, muscovita, epidoto, plagioclásio, quartzo e por ve
zes microclínio, que se combinam em proporções variadas. Os cristais de
plagioclãsio e microclínio são frequentemente euédricos, apresentando
em média 1 a 3 mm de comprimento, destacando-se na matriz fina ( 0,3mm).
Por vezes, são observados fragmentos desses cristais, com terminação em
forma de cunha. Essas camadas feldspáticas se apresentam com espessura
desde 0,5 cm até 1 m e correspondem a uma estratificação primária.
Devido às características petrográficas, esses gnãisses são
interpretados como depósitos vulcanoclásticos, de composição intermediá
ria oriundos de atividade vulcância contemporânea ao período de sedimen
tação pelítica, correspondendo provavelmente em parte a metatufos subã
quosos, e em parte a retrabalhamento sedimentar de rochas piroclástica~
Afora o idiomorfismo de cristais reliquiares nenhuma outra textura pri
mária diagnóstica foi preservada, impossibilitando a distinção dos dife
rentes tipos de vulcanoclásticas. -
Associado ainda aos clorita-biotita xistos e gnaisses, na por
ção superior da unidade, encontram-se rochas máficas representadas prin
cipalmente por finas camadas (20-70 cm)de anfibolito, concordantemente
intercalados. Esses podem representar lavas, tufos básicos ou, talvez,
pequenos diques cujo caráter discordante tenha sido mascarado pela in-
tensa deformação. Nos três casos devem ter derivado de magmatismo con
temporâneo ou quase contemporâneo à sedimentação.
A passagem dos clorita-biotita xistos para o conjunto gnáissi
co é tipicamente transicional, marcada pelo aumento progressivo das in
tercalacões feldsT:'áticas. No topo do conjunto gnáissico as ,intercalã
ções de muscovita xisto tornam-se mais abúndantes, caracterizando umã
transição para a unidade seguinte.

2.4 - Unidade PeJ.ito-Vul.câniea Superior

Abrange uma grande variedade de tipos litológicos, incluindo

3.183

-----
------

granada-muscovita xisto, estaurolita-muscovita xisto, biotita xisto,bio


tit~ gnaisse,magnetita-xisto, anfibolito, hornblenda gnaisse,hornblendã
xisto, xisto grafitoso, formação ferrífera e quartzito.
Os anfibolitos, hornblenda gnaisses e hornblenda xistos ocor
rem geralmente associados, formando camadas de espessura decimétrica in
tercaladas nos xistos muscovíticos que são os mais abundantes da unidã
de. Os honrblenda xistos com frequência apresentam um bandamento marcã
do principalmente pela presença ou ausência de grafita. Apesar de não
ter sido encontrada nenhuma textura original preservada, a composição
(mineralógica e química) e a forma de ocorrência, levam a interpretar
esses três litotipos como rochas vulcanoclásticas oriundas de atividade
vulcánica intrabacinal, durante o período de sedimentação. .

As formações ferríferas são encontradas em camadas finas « 2


m) e parecem estar lateralmente associadas a quartzitos finos, por ve
z~s com pirita, que são interpretados como metacherts. Um outro tipo de
quartzito que ocorre nessa unidade possui granulaçao média, é cianítico
e forma uma lente de 2-3 m de espessura sendo interpretado em princípio
como de origem detrítica (Fig. 2).
Os biotita gnaisses ocorrem na porção basal da unidade carac
terizando um contato transicional com a unidade precedente.
E frequente a presença de camadas de 1-2 m de magnetita-musco
vita xistos, os quais juntamente com os hornblenda gnaisses e hornblen
da xistos são os tipos litológicos característicos dessa unidade.

2.5 - Unidade Gnáissica

Esta unidade é representada principalmente por epidoto-bioti


ta gnaisses com ocasionais intercalações de anfibolitos. Os anfibolitos
formam camadas métricas e apresentam contato transicional com os gnais
ses, geralmente dando lugar a um hornblenda gnaisse na zona de transi -
ção. Os anfibolitos ocorrem com maior frequência na porção oeste da á
rea (fig. 2) e eventualmente contém granada.
Os epidoto-biotita gnaisses possuem muscovita em quantidades
variáveis, mas sempre subordinada à biotita. O feldspato geralmente é
plagioclásio, eventualmente podendo ocorrer também microclínio.
Localmente, na porção oeste da área, encont~a-se um muscovita
gnaisse à plagioclásio, praticamente sem biotita, cuja relação de cont~
to com os epidoto-biotita gnáisses não foi estabelecida devido à ausên
cia de exposição; Também isoladamente encontrou-se um corpo aproximadã
mente lenticular de clorita-talco xisto com cristais de asbesto antofI
lita alcançando até 20 em de comprimento.
Nenhuma estrutura primária, além da estratificação composicio
nal foi observada, dificultando a interpretação a respeito da origem
dessas rochas. Por enquanto é possivel assegurarapenas uma origem supra
crustal, sem fazer distinção entre sedimento e/ou vulcânica. Por iss~
o nome dessa unidade fugiu à classificação genética adotada para as de
mais.

2.6 Rochas Intrusivas


Foram identificados 4 ti~os de rochas intrusivas no Grupo Ara
xá, que refletem períodos distintos de magmatismo. -
O primeiro período é caracterizado por anfibolitos e ocasio
nais metagrabos que ocorrem associados formando um pequeno corpo intru
sivo, aparentemente concordante, situado a leste de Mossâmedes. O carã
ter igneo intrusivo é assegurado pela preservação local de cristais de
clinopiroxênio, ortopiroxênio e plagioclásio primários, que exibem uma
textura ignea granular. Nesses metagabros, os principais efeitos meta
mórficos observados são um amplo desenvolvimento de granada e o crescI
mento restrito de hornblenda nas bordas dos minerais máficos, indicando
que o acesso de H20 à rocha foi limitado. Entretanto, as rochas adjacen
tes, são totalmente anfibolitizadas sem qualquer vestígio de estrutura-
ou mineralogia primárias. são encontrados ainda, no topo da unidade pe
lito-vulcânica inferior, anfibolitos que por vezes preservam texturagrã
nular fina, e que podem representar intrusões mais rasas, concordantes-
ou talvez em forma de diques. Esse primeiro período é caracterizado por
um magmatismo básico, desenvolvido provavelmente durante a diagênese.

3.184
o segundo período é representado por intrusivas de composição
granítica, localmente granodiorítica, atualmente muscovita
gnaisses e biotita gnaisses, que formam corpos alongados ou ovalados
(fig. 2), mostrando localmente fei1ões intrusivas. Xenólito~ de anfib~
li tos, relacionados às intrusões basicas descritas acima, sao observ~s
a norte de Mossâmedes. Essas intrusões ácidas encontram-se alojadas nas
unidades pelito-vulcánicas, e foram contemporáneas à primeira fase de
deformação, originando um metamorfismQ termal evidenciado pela presença
de grandes porfiroblastos de andaluzita.
O terceiro evento intrusivo.é caracterizado por um pequeno
corpo de gnaisse tonalítico (200 m de diâmetro) e por diques de metada
citas pórfiros, geneticamente relacionados, que guardam ainda textura~
neapreservada. Essas manifestações só foram observadas na porção leste
da área e as relações estruturais indicam que foram contemporâneas à s~
gunda fase de deformação.
O quarto período intrusivo é representado por pequenos diques
de diabásio, isentos de deformação e metamorfismo. Devido a essas cara~
terísticas e ao conhecimento que se tem da geologia regional, esses di
ques são atribuídos ao magrnatismo basáltico Mesozóico.

2.7 - Discussão

A estratigrafia ora apresentada difere daquela proposta por


Dardenne et alo (1981) em dois aspectos principais:
no presente trabalho foram acrescentados a camada de calci
xisto, o conjunto gnáissico da unidade pelito-vulcânica inferior, as in
tercalações de hornblenda-muscovita xistos e hornblenda gnaisses, e as
manifestações intrusivas.
- a unidade pelito vulcânica superior e a unidade gnáissica fo
ram consideradas por aqueles autores corno equivalentes de fácies profun-
do das demais unidades, sendo a atual configuração observada no mapa,de
vida a uma falha de empurrão que teria jogado a sequência distal, mais
metamórfica, sobre a proximal, menos metamórfica, no presente trabalho
todo o conjunto é considerado como uma sequência estratigráfica con-
tínua com os quartzitos na base e os epidoto-biotita gnaisses no topo.
O primeiro ponto de divergência é devido ao caráter mais deta
lhado do presente trabalho, enquanto que o segundo ponto foi causado pe
la necessidade de se explicar rochas mais metamórficas "sobre" rochas
menos metamórficas, sem haver inversão estratigráfica. Por esse motiv~
os autores mencionados invocaram a existência de uma falha de empurrão.
Nos trabalhos de detalhe empreendidos, não foram encontradas evidências
dessa falha.
A interpretação aqui adotada está baseada nos seguintes arg~
mentos (Simões, 1984):
os clorita-biotita xistos da unidade pelito-vulcânica infe
rior passam gradacionalmente para o conjunto gnáissico e este, por suã
vez, também grada para os xisto grandíferos da unidade pelito-vulcânica
superior;
a presença de granada,que caracteriza as rochas de fáciesme
tamórfico mais alto, é observada também no topo da unidade pelito-vulcã
nica inferior, tanto no conjunto gnáissico corno nos clorita-biotita xis
tos (nestes mais localmente);
- a passagem das rochas mais metamórficas para as menos meta-
mórficas é progressiva, não se observando nenhum salto nas paragêneses
metamórficas;
- a existência de rochas de mais alto grau sobre rochas de
mais baixo grau não é um fato, mas sim uma interpretação, uma vez que é
baseada na suposição de que as isógradas metamórficas sejam paralelas
ao acamamento, o que não é verdade, necessariamente;
- ainda que as isógradas apresentassem uma distribuição atual
aproximadamente paralela ao acamamento, esta situação poderia ter sido
provocada pela deformação que afetou as rochas após o auge do metamor
fismo, podendo ter sido a disposição original oblíqua ao acamamento,ca=
indo no caso precedente. .

- a ocorrência de granada nos clorita-biotita-xistos nas pOE


ções leste e oeste da área mostra que a isógrada da granada corta o aca
mamento (fig. 3), não podendo portanto ser paralela a ele.

3.185

--------- --..----
A denominação de Grupo Araxá tem sido utilizada por diversos
autores referindo-se aos xistos da sequência (Ramos, 1958; Hasui e Al-
meida, 1970; Danni et al., 1973; Pena et al., 1975). Entretanto, Darden
ne et al., (1981) foram os primeiros a incluírem todas as unidades da
sequência descrita nesse grupo.
Essa mesma denominação foi adotada neste trabalho tendo em
vista: 1) a aparente continuidade lateral com os xistos da região de A
raxá; 2) a semelhança litológica, estratigráfica e tectônica entre a se
quência estudada e outras sequências atribuídas ao Grupo Araxá e seus
equivalentes Canastra (Fuck e Marini 1981), Andrelândia e 5ão João del
Rei (Trouw et al., 1983).
Na região de Mossâmedes, o Grupo Araxá é caracterizado por u-
ma sequência transgressiva, que se inicia com depósitos típicos de ambi
entes pericratônicos costeiros, representados por sedimentos arenosos e
conglomeráticos, seguidos de sedimentos areno-pelíticos típicos de ambi
entes de plataforma rasa. Esses depósitos proximais evoluem verticalmen
te, de maneira transicional, com o desaparecimento progressivo dos sedI
mentos arenosos e o aumento correspondente da contribuição pelítica, p~
ra fácies distais de ambientes mais profundos, por um processo de afoga
mentQ da plataforma. A essas fácies se associam expressivas manifesta
ções vulcânicas contemporâneas à sedimentação. Dados petroquímicos pr~
liminares indicam o caráter calcoalcalino desse magmatismo, denunciando
a instalação de um provável arco magmático na margem continental.Em ter
mos de evolução, a sequência estudada guarda, portanto, estreitas simi=
laridades com as atuais margens continentais ativas.
Considerando o volume e a natureza dessa contribuição ígneaps
estudos mais detalhados do Grupo Araxá no Estado de Goiás adquirem uma
nova importância, em face das implicações genéticas e estratigráficas
do magmatismo e do seu significado geotectônico, e, não menos importan
te, das novas possibilidades que se abrem no campo da metalogênese. -

3. DEFORMAÇÃO

Apesar das rochas do Grupo Araxá apresentarem na área uma e~


truturação relativamente simples, isto é, sem repetição das unidades e~
tratigráficas, a estruturas menores evidenciam que internamente as ro
chas são muito tectonizadas, tendo sido identificadas 4 fases de defor
mação com base nos critérios de superposição de e~truturas. As princI
pais estruturas referentes a cada uma das fases sao sumarizadas na Tab~
la r.

Dl Pri8eira Fase de Deformação


Desenvolveu uma xistosidade bastante pronunciada (51)sobre to
dos os tipos litológicos, acompanhada por um intenso estiramento das r~
chas, indicado pela presença de lineações de estiramento nas rochas mais
competentes-e pela direção de maior elongamento dos seixos nos metacon-
glomerados. A direção de ambas as lineações (11) é N60-80W, mergulhando
5-10~ para NW ou 5E.
Dobras dessa fase só foram observadas em dois afloramentosmas
trando-se apertadas a isoclinais, com xistosidade 51 plano-axial(figAa~
b) e eixo aproximadamente na direção da lineação de estiramento.
A superfície 51 foi generalizadamente transposta durante a s~
gunda fase de deformação, tornando-se paral~la à nova xistos~dade dese~
volvida (52), razão pela qual a identificaçao segura de 51 so se faz
possível em charneiras de dobras e micro-dobras D2 (fig. 4d, f,g).

D2 - Segunda Fase de Deformação


Esta fase deu origem a uma xistosidade de crenulação apertada
que transpõe 51 para a direção 52' Dessa forma, o que se observa gera!
mente nos afloramentos é o acamamento (50) paralelo a 51 e 52' Entreta~
to, nos quartzitos da 5erra Dourada nota-se frequentemente 52 fazend~
um ângulo com 50' que é paralela a 51 (fig. 4c), o que provavelmente e
devido â maior competência dessas rochas.
As dobras D2 podem ser apertadas a isoclinais, apresentando e~
xo na direção paralela ou subparalela a 11(Tab. I), e com plano axial
mergulhando em média 15-300 para 55E-55W. As dobras observadas são de

3.186
escala microscópica a métrica, mas provavelmente dobras de escalas maio
res ocorrem em outras áreas ao longo do cinturão (o mesmo se aplica às
dobras DI). O que caracteriza as dobras D2 é a presença da superfície
SI dobrada na charneira e o desenvolvimento de clivagem plano axial(S2).
Nos metaconglomerados da Serra Dourada observa-se uma _

linea
çào mineral, definida por hematita e muscovita, que é oblíqua à linea
ção de_estiramento 11 e também ao eixo de dobras D2(B2)' visto que li
e B2 saoparalelos (fig. 5). A lineação mineral está contida no plano
de xistosidade S2 e encontra-se sobreposta ao 11, sendo por isso cons~
derada ter se formado durante D2' e é-denominada 12m. Nas unidades a
sul da Serra Dourada observa-se em geral, uma lineação de estiramento e
uma lineação mineral que são paralelas, e apresentam direção igual à de
11 nos metaconglomerados. Em alguns pontos foram medidas lineações min~
rais na direção SW, igual à direção de 12m nos metaconglomerados, não
tendo sido observada lineação de estiramento nestes locais. Para alguns
casos, pode-se mostrar que minerais e diques sin-D2, são estirados se
gundo a direção da lineação de estiramento (que é paralela à _

lineaçãõ
mineral), o que indica que nessas rochas as direções de maior estirame~
to durante DI e D2' foram coincidentes, enquanto nos metaconglomerados
essas direções foram oblíquas.
Uma discussão mais detalhada a respeito da variação da. dire
ção de 12 é apresentada por Simões (1984) o qual considera a maior com
petência das rochas que constituem a Serra Dourada e a influência da es
trutura linear pré-D2 (11) como os fatores mais importantes envolvidos
no processo.
As estruturas D2 são amplamente desenvolvidas em toda a área,
sendo entretanto os gnaisses da unidade pelito-vulcância inferior o li
totipo em que se encontram as melhores exposições. Nos poucos afloramen
tos onde foi possível observar, as dobras D2 indicam vergência para N=
NNE.
D3 - Terceira Fase de Deformação
g uma fase mais suave do que as duas primeiras, expressando-
se principalmente através de crenulações suaves a apertadas, desenvolv~
das sobre as estruturas anteriores (SO, SI e S2). Também, observam-
se dobras D3 em escala decimétrica a decamétrica, as quais apresentam
eixos com mergulhos suaves na direção S40-70E e planos axiais com merg~
lhos fortes para S-SSW (Tab.I). As dobras são em geral assimétricas,mos
trando sistematicamente vergência para N-NE, e sem desenvolvimento de
clivagem. Na porção leste da área encontra-se uma estrutura anticlinal/
sinclinal representável em escala de mapa (fig. 2). Em perfil, as do-
bras D3 podem ser inclinadas a invertidas, variando de suaves a apert~
das predominando as dobras abertas (fig. 4d).
Frequentemente são observadas dobras e crenulações D2' dobra
das por D3' tanto em escala de afloramento como em escala microscópica-
(fig. 4e).
Embora as estruturas D3 sejam frequentes, nota-se que são he
terogeneamente distribuldas na área, isto é, enquanto em certos aflora
mentos podem ser muito abundantes, em outros, mesmo próximos, podem ser
quase ausentes. -

D4 - Quarta Fase de Deformação


Essa fase provocou uma ondulação generalizada sobre todo o
conjunto, desenvolvendo localmente crenulações suaves, com eixos merg~
lhando 5-200 para S-SW e superfície axial verticalizada (Tab.l). Local
mente observam-se pequenas falhas, subverticais, com rejeites centimétrI
cos a decimétricos e direção aproximadamente N-S. Essas feições indicam
um comportamento ductil-frágil, sugerindo que durante D4 as rochas oc~
pavam um nível crustal menos profundo do que nas fases precedentes,qua~
do o comportamento foi essencialmente ductil.
Na porção oeste da área observa-se uma grande estrutura ant~
formal/sinformal, suave, relacionada a essa fase (fig. 2). Na antiforma
as lineações (11//12) giram progressivamente, no sentido horário, da d~
reção S70-60E, até tornarem-se S50-80W no flanco oeste da antiforma ev~
denciando a existência de cisalhamento com movimento dextral na comp~
nente horizontal.
Localmente foi possível observar eixos de crenulações D3, do

3.187

.------
----
brado~ em,suaves ondulaçõe~ 04: A fa~e 04 é pouco pronunciada e mostra-
se mu~to ~rregular quanto a or~entaçao de seus elementos. Mais a Oeste,
fora da área, existe uma grande falha (80 km de extensão), de direção
N-S, truncando as rochas do Grupo Araxá, que parece estar relacionada a
°4.
TABELA I

°1 ~°3 °4
o
!(1j Sl-xistosidade do S2-xistisidade do S3-clivagern de cre
u-
(1jtipo ardosiana; tipo de crenulação nulação; rara e de
...,
.-i
em geral transpos- N6 0-9 OW/IO-3 O SW-S, ocorréncia muito ---------------------
. . . . . . . . . .

o ta para a direção N70-90E/IO-30 SE-S; restrita;


4-1de S2;

ll-lineação de es 12-lineação mineral 13-lineação de cre


o tiramento
!(1j 5-1007
u- N60-90W ou S60-90E
e por vezes de esti nulação e de inter . . . . . . . . . .
---------------------
(1j ramento, em geral/7 seção JD-30,S30-80E
OJ ll;no alto da serra
I:
..., 10-20/S60-90W
.-i
a
~soc.Li apertada a isocli aberta a apertada suave a aberta, muito
nal can foliação nal, can foliação invariavelmente as irregular e pouco f~
plano axial (Sl~; plano axial (S2)~ão slmétricas ; - quente;
ti) essas dobras sao abundantes;
(1j raras ;
,..
..a
o superfície axial , superfície axial// superfície axial superfície axial
"O em geral transpo~ S2; N20-90W/40-80 sw-~ N2OW-N60E/60-90SW-NWi
ta para S2;
eixo apro~ eixo , em geral 11 eixo li 13; eixo 5-20/S0-60W;
te paralelo a lV lV
ti) locais, can rejeitos
(1j
centlmétricos a deci
.-i
..c:

(1j
. . . . . . . .
----------------- . . . . . . . . .
------------------- . . . . . . . .
----------------- Irétricos , e atitude
r... de N-S, subverticali
zada. -
4. METAMORFI SMO

As paragêneses metamórficas existentes nas rochas do Grupo A


raxá evidenciam um metarnorfismo de tipo barroviano, com um aumento prõ
gressivo das condições P,T, de norte para sul, sendo as rochas de mais
baixo grau situadas dentro da zona da biotita, da fácies xisto verde.Pa
ra sul observa-se a entrada da granada em metapelitos e logo em seguida
a presença ~e cianita e estaurolita, sendo esta última de ocorrência
mais local, indicando o início da fácies anfibolito, que é o mais alto
grau alcançado na área.
A figura 3 contém a distribuição das paragênese diagnóst!
cas, na área. Na mesma figura foi traçada a isógrada da granada,mineral
que ocorre abundantemente. O mesmo não foi possível para outros mine
rais, cornocianita e estaurolita, por serem pouco frequentes. A isógra
da da granada aparece em mapa cornouma linha aproximadamente paralela
ao contato da unidade pelito-vulcânica inferior com a unidade pelito-
vulcânica superior cortando entretanto, esse contato em dois pontos da
área e permitindo o aparecimento de granada nos clorita-biotita xistos
da unidade pelito-vulcânica inferior. A estaurolita foi observada em a
penas dois pontos e seu aparecimento se dá aproximadamente junto ao de
cianita, logo acima (em direção ao grau metamórfico mais alto) da isógr~
da da granada. A paragênese muscovita + clorita, considerada instável
no fácies anfibolito (Winckler, 1977), só é encontrada até um pouco aci
ma da isógrada da granada. -
Com base na distribuição das para gêneses , podem ser caracter!
zadas as zonas da biotita e da granada (alrnandina) na fácies xisto ver
de, e a zona da' . cianita+estaurolita na fácies anfibolito, que
se sucedem em direção ao sul, apresentando urna distribuição aproximada-
mente E-W.
A andaluzita observada na área está espacialmente relacionada

3.188
às intrusões ácidas e condicionada pela presença de rochas de composi
ção adequada, em geral, um muscovita-biotita (f clorita) xisto carbonõ
so, sendo por isso atribuída a efeito de metamorfismo termal.
Reações retrogressivas são observadas por toda a área sendo
contudo, heterogeneamente distribuídas. As principais feições são:
1 - granada alterada para clorita e mais raramente para,bioti
ta, zoisita/clinozoisita e também cloritóide. -
2 - hornblenda alterada para clorita, biotita, zoisita/clino-
zoisita e actinolita-tremolita.
3 plagioclásio saussuritizàdo.
4 - cianita e andaluzita alteradas para sericita.
5 - estaurolita alterada para cláritóide.
Em geral os efeitos retrometamórficos são parciais, podendo
contudo ocorrer granada e hornblenda totalmente cloritizadas e andaluzi
ta e cianita, totalmente sericitizadas.
Foi possível estabelecer a relação entre os períodos de cres
cLffientoe recristalização metamórficas e as 4 fases de deformação que
afetaram as rochas do Grupo Araxá. As seguintes conclusões foram obti
das:
1 - durante 01 as condições metamórficas estavam, provavelme~
te, abaixo da isógrada da biotita, ao menos em alguns pontos da área,
pois em charneiras de microdobras 02' observa-se que a superfície 51 dQ
brada é constituída por muscovita, enquanto que nos flancos encontra-se
biotita amplamente desenvolvida (fig. 6a);
2 - o auge do metamorfismo foi alcançado no início de 02,como
evidenciam grãos de granada sintectónicos a 02' que mostram giro sin-
02 após o término de seu crescimento; o mesmo é indicado por cristais
de hornblenda que mostram inclusões quase retilíneas de 51' que fora do
cristal encontra-se transposta por uma crenulação apertada 02 (fig.6b);
também o crescimento de estaurolita parece ser sin-02;
3 - as reações retrometamórficas, caracter~zadas pela forma
ção de actinolita-tremolita, biotita, clorita e epidoto a partir de
hornblenda e granada, e a saussuritização do plagioclásio, tiveram in!
cio durante 02' pois as paragênese~ re~rogressivas às vezes são deform~
das ao longo de 52; outras vezes nao sao deformadas por 02 e sobrecres
cem a superfície 52' indicando que essas reações devem ter ocorrido ate ,
o final de 04;
4 - as relações microtectônicasindicam que a andaluzita é
sin-ou pré-02; contudo evidências de campo mostram que os granitos a
que se acha relacionada são sin-Ol, e por isso a andaluzita também é
considerada sin-Ol; ,

5 - os cristais de cianita apresentam 52 desviado ao seu re


dor e são isentos de inclusões, podendo ser pré- ou sin-02.
Conforme foi discutido no ítem 2.7, as isógradas do metamor
fismo principal, são oblíquas aos contatos das unidades. Com base na re
gra dos "Vs",parece provável que a isógrada seja subvertical ou apresen
te um mergulho forte para norte,como se observa no núcleo do antiformal
F4,onde níveis mais profundos de clorita-biotita xistos foram expostos,
a isógrada da granada atravessa o contato (fig.2).Tomando-se um gradien
te termal de 300 C/Km, normalmente estabelecido em terrenos metamórfi=
cos de pressão intermediária (Turner, 1981), e, admitindo-se que as de
mais isógradas sejam também verticalizadas, a 3 ou 4 Km a sul da ocoE
rência de estaurolita deveriam ser observados os primeiros indícios de
anatexia e a presença de silimanita. Tal entretanto, não ocorre, nem
mesmo a mais de 7 Km ao sul. Isto indica que as isógradas, embora este
jam' verticalizadas na zona de transição da fácies xisto verde para a f~
cies anfibolito, devem tornar-se aproximadamente horizontalizadas, ou
com mergulhos suavizados a sul da zona de transição. Utiliza9do um r~
ciocínio análogo, o mesmo se conclui quanto à atitude das isogr~ mais
a norte da zona de transição. Ainda que se considere, para ambos os c~
sos (a norte e a sul) que as isógradas da granada e da estaurolita na
zona de transição possuam um mergulho forte para norte (por ~lo 450) ,
não seriam encontradas as isógradas de mais alto grau (a sul) e de mais
baixo grau (a norte), no lugar esperado. A partir desta análise con
cluiu-se que as isógradas devem apresentar uma configuração semelhante
à esboçada na figura 7. Esta situação é discutida por Simões (1984), o
qual sugere que a atuação de dois fatores pode ter causado a curvatura
das isógradas:

3.189
----
----- --

-
1 uma heterogeneidade na deformação da sequência, onde no
pacote de xistos (unidades pelito-vulcâncias) a deformação pode ter si
do muito mais intensa, uma vez que este constitui um conjunto muito in
competente imprensado entre dois blocos mais competentes, representados
pelas unidades psamíticas da base mais o embasamento, e pela unidade
gnâissica, a maior deformação nesse pacote intermediârio poderia ter
causado um maior giro das isógradas do que nos blocos adjacentes, favo-
recendo a configuração atual. Esse giro pode ter ocorrido durante D2,
visto que no início dessa fase as isógradas já estavam estabelecidas.
-
2 a migração dos fluídos metamórficos no pacote intermediá
rio de xistos, tende a ser controlada pelos planos de xistositade devI
do a menor permeabilidade que apresentam essas rochas e por possuírem
tais planos estruturais melhor desenvolvidos do que as rochas dos outros
dois blocos; dessa forma a transferência de calor por processos convec
tivos seria mais intensa na zona dos xistos e seguiria um gradiente a
proximadamente paralelo à xistosidade, favorecendo o encurvamento das
superfícies isógradas, que tenderiam à perpendicularidade em relação à
xistosidade, em função da quantidade de calor de "convecção".
Em resumo pode-se dizer que as rochas do Grupo Araxá na área,
encontravam-se durante Dl em condições metamórficas pouco acentuadas tal
vez abaixo da zona da biotita. Mais tarde, com a continuidade do apro
fundamento na crosta, estabeleceu-se um gradiente termal que deu orige~
no início de D2, às zonas metamórficas ilustradas na figura 3. Çom a
continuidade de D2, as isógradas foram deformadas, e os movimentos de
massa provocaram a ascensão da sequência, desestabilizando as paragêne
ses já formadas e provocando o aparecimento de minerais de mais baixa
temperatura, situação que aparentemente se manteve até o final de D4.
O tempo que separa cada uma das fases de deformação é difícil
de ser avaliado, mas pode-se dizer que Dl e D2 pertencem a um único c~
clo (Uruaçuano?), enquanto D3 e/ou D4 podem pertencer a esse mesmo ci
clo ou a um outro ciclo mais novo (Brasiliano?).

5. CeNCLUSÔES
Dos dados coligidos sobre o Grupo Araxá na região de Mossâme
des, as seguintes conclusões podem ser formuladas.
5.1 - Na região estudada, o grupo pode ser dividido informalmente,
da base para o topo,em cinco unidades litoestratigráficas: a) psamítica
(quartzito, metaconglomerado); b) psamo-pelítica (quartzito,muscovita e
quartzo xistos, intercalações de microconglomerado e quartzito feldsp~
tico); c) pelito-vulcânica inferior (clorita-biotita xisto, gnaisse fi
no, camadas subordinadas de calcixisto, quartzito, xisto carbonos o e pI
ritoso, anfibolito); d) pelito-vulcância superior (granada-muscovitaxis
to, localmente com cianita e estaurolita, biotita xisto e gnaisse,magne
tita xisto, anfibolito, hornblenda xisto e gnaisse, xisto carbonoso,for
mação ferrífera); e) gnáissica (epidoto-biotita gnaisse, anfibolito,mu~
covita gnaisse).
5.2 -
Em termos de ambientes de sedimentação estão representadas f~
cies proximais, de ambiente pericratônico costeiro e de plataforma ras~
sucedidas por fácies distais de ambientes profundos, a que se associam
expressivas manifestações vulcânicas contemporâneas, de caráter calco-
alcalino.
5.3 -Magmatismo intrusivo é representado por pequenos corpos gabrói
cos e diques (sills?) de diabásio introduzidos logo após á deposição vuI
cano-sedimentar, intrusões de granito/granodiorito durante a primeira
fase de deformação, e tonalito e diques de dacito pórfiro contemporâne
os à segunda fase de deformação; pequenos diques indeformados de diabã
sio provavelmente são de idade cretácea.
5.4 - Quatro fases de deformação foram identificadas: a mais antiga
é representada por dobras apertadas a isoclinais, com xistosidade Sl de
plano axial e eixos na direção N60-80W coincidentes com a lineação li
de estiramento; seguem-se dobras apertadas a isoclinais com plano axiaI
mergulhando 15-300 para SSE-SSW, paralelamente ao qual se desenvolve a
xistosidade S2 de crenulação apertada, que transpõe Sl; a terceira f~
se, mais suave,é representada por crenulações e dobras assimétricas abe!,
tas, com planos axiais de dire2ão S20-90E e mergulhos fortes para SSW;
a última fase provocou ondulaçao generalizada, com superfície axial ver

3.190
ticalizada e eixos mergulhando 5-200 para S-SW, a que se associam peque
nas falhas verticalizadas indicando comportamento dúctil-frágil típicõ
de nível crus tal menos profundo.
5.5 - O metamorfismo da sequência é típico de cinturões barrovia
nos, aumentando progressivamente de norte para sul, à medida que se pas
sa da zona da biotita para a da granada da fácies xisto verde, e destã
para a zona de cianita-estaurolita do início da fácies anfibolito; o au
ge do metamorfismo coincide com o início da segunda fase de deformação~
após o que se iniciam as reações retrdmetamórficas, que se estendem até
o final da ú~tima fase. .
5.6 - A sequência litoestratigráfica, â natureza do magmatismo,a de
formação e d metamorfismo permitem a interpretação de que o Grupo Araxã
na região de Mossámedes guarda similaridade à evolução geológica obser
vada em modernas margens continentais ativas.
6. BIBLIOGRAFIA
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3.191
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FIGURA 1 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO

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QUARTZO. FELDSPATO ,,"
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Figura 4. a, b - Biotita gnaisse da unidade pelito-vulcânica inferior


apresentando dobras D1 com xistosidade plano axial (SI), deformada por
D2 que também desenvolve xistosidade (S2). c -_Xist9sidade S2 nos quar~
zitos da Serra Dourada, a qual frequentemente e ob1Lqua ao acamamento
e ao SI. d - Foliação observada nos xistos e gnaisses a sul da Serra
Dourada, corresponde geralmente ao acamamento paralelo a Sl e a S2.e-Do
bra D3, caracterizada pela superfície axial íngreme e pela ausência de
c1ivagem plano axial. f,g Padrão -
de interferência entre dobras D2eD3,
observado no biotita gnaisse da unidade pelito-vulcânica inferior. h-
Relação entre os elementos estruturais de Dl,D2' D3 e D4, observada no
biotita xisto fe1dspãtico da unidade pelito vulcânica inferior, eviden
ciando a superposição de estruturas das quatro fases de deformação.

3.192
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3.194
Figura 5. 8eixos do metaconglome
IOem
rado da unidade psamitica, dobra
do por D2' Nota:se que a xistosI
dade 82 faz um angulo com a estr~
tificação sedimentar ,a_.qual encon
tra-se pararela à xistosidade 8l~
Os seixos apresentam os seus eixos
maiores aproximadamente paralelos,
-definindo uma lineação de estira-
'mento lll), sendo os eixos das do
brasD2 (B2) paralelos a essa II
neação. Uma lineação mineral(12)~
oblíqua a B2 e contida na xistosi
dade 82,também pode ser observadã.
'82// ~1
Uin8açõo de ..firamentoJ

@)
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t.?5J- Bio1ifa

3mm

Figura 6. a - A xistosidade principal das rochas corresponde a uma forte


clivagem de crenulação (82) desenvolvida du;ante D2, que por sua vez ~e~
contra-se crenulada por D3' Observa-se tambem que o 81 era constitu~do
por muscovita, enquanto que a biotita desenvolveu-se preferencialmente
ao longo de 82. b - Anfibólio sin-D2 mostrando inclusões (quartzo e gra
fita) encurvadas na borda do cristal, que apresentam continuidade com 81
fora do cristal~ a qual se encontra fortemente crenulada por D2 e parcial
mente transposta para 82'
-

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Gr_ -- -:--
anodaEs1ouroU1Q
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N // ".- 5

/ PVI

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E. Embosomento p.. Psomitica PP- Piamo P81itica PVI.. Pehto-Vulcãnico Inferior
PVS-Pelito Vulcônica Superior G- Gndssico.

o 2 3km
,
ESCAL.A HORIZONTAL. E VERTICAL.: . .

Figura 7. 8eção geológica esquemática mostrando a relação espacial en


tre as superfícies isógradas e as unidades estratigráficas mapeadas. A
isógrada do início de anatexia é encontrada a cerca de 3 km abaixo da i
sógrada da estaurolita e deve ser aproximadamente paralela às superfI
cies isógradas representadas na figura~ -
3.195
.~_._._----
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. 1984

RELAÇOES GEOMt:TRICAS E TEMPORAIS DE EVENTOS MAGMÁTICOS NO


GRUPO SÃO ROQUE A PARTIR DA DESCOBERTA DE ROCHAS
METAVULCÃNICAS E DA APLICAÇÃO DE CRITt:RIOS ESTRUTURAIS

Celso Dai Ré Carneiro


José Moacyr Vianna Coutinho
Atsushi Suemitsu
Eleno de Paula Rodrigues
-
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT,
Cidade Universitária. Cx. Postal 7141, CEP 01000 - São Paulo - SP

ABSTRACT
Metavolcanic ~ocks of basic composition were descovered during
detailed regional mapping of an area of 376 km2 between the Pico do Ja
raguá and the Serra dos Cristais at são Paulo state. The studies were
carried out as a part of a structural analysis of the são Roque Group
in the area. The work has demonstrated that the structural criteria
are useful not only to the characterization of the metarnorphic rocks
of the unit, but also to study the magrnatic phenomena that affected
the são Roque Group and to separate the different igneous events in a
relative time scale.
Granitoid intrusions are subdivided into three groups. The bo
dies formed prior to F2 tectonism are represented by the granites of
Francisco Morato and Tico-Tico. Gnaissified pegrnatites and folded pe~
matitic veins are cornrnonin the regions surronding these bodies. The
Cantare ira and Itaqui batholiths and the Itaim and Taipas stocks are
considered as sinchronous to the tarditectonic events of F2 and the
syntectonic events to F3' The tourmaline-bearing granites of Perus and
associated pegrnatites correspond to post-tectonic intrusions and were
followed by faulting in narrow zones of the area.

INTRODUÇÃO
Dentro de um estudo mais amplo, dedicado a uma análise estrutu
ral das rochas do Grupo são Roque (Carneiro 1983), foram descobertas
na faixa entre o Pico do Jaraguá e a Serra dos Cristais (SP), novas
ocorrências de rochas !gneas efusivas metarnorfoseadas,intercaladas em
unidades metassedimentares daquele grupo. Ao mesmo tempo, avançou-se
na formulação de critérios estruturais para a distinção de estágios na
evolução desse magrnatismo e da formação dos corpos graníticos intrusi
vos nos pacotes dobrados.
O objetivo principal do presente trabalho é apresentar os resul
tados dessas investigações sobre a atividade ígnea na região, caracte
rizar melhor a natureza das rochas metavulcânicas reconhecidas e discu
tir a importância e significado dos mencionados critérios estruturais~
A área focalizada situa-se próximo à capital paulista, numa faixa N-S
com cerca de 376 km2 (Fig. .1), que recebe a designação informal "Faixa
Jaraguá-Cristais".

TRABALHOS ANTERIORES
O estudo da atividade !gnea na região do Grupo são Roque iniciou
-se com os trabalhos de Moraes Rego (1930a.b, 1933). A influência de
metarnorfismo de contato ao redor dos corpos de granitos conhecidos na
região estudada foi hipótese levantada, dentre outros autores, por
Knecht (1943, 1944) e Franco (1958).
Os estudos específicos a respeito do magrnatismo tiveram impul
so a partir de trabalhos de mapeamento, corno os de Gomes(1962, 1971)~
Gomes et aZo (1964) e Gomes et aZo (1972), para o corpo anfibolítico

3.196
do Jaraguá. Aspectos dos corpos granlticos foram analisados por vários
au tores, destacando-se Iiasui (19.631.,Iiasui et a Z. (1969), Penal va &
Hasui (1970.) e Coutinho (19.721. e Kasui et aZo (19781.
A ocorrência de possfveis rochas vulcánicas na região do Jara
guá havia sido admitida por Hasui et aZo (1976), porém a hipótese não
chegou a ser confirmada. Mais recentemente, a descoberta de feições de~
critas como piZZow-Zavas na região de Pirapora do Bom Jesus foi relata
da por Figueiredo et aZo (1982).

FASES DE DEFORMAÇAO
As três fases de deformação reconhecidas para rochas do grupo
são Roque na Faixa Jaraguá-Cristais, por Carneiro (1983), compreendem
dobras de estilos e foliações plano-axiais bastante diversificadas en
tre si. As principais características dessas fases de deformação, são
abaixo resumidas.

Fase de Deformação FI - compreende dobras fechadas até possivelmente


isoclinais, pertencentes ao chamado grupo de estilo DI (Carneiro et aZo
1984b) . A escala das dobras varia de mesocópica a microscópica, às ve
zes com evidências de transposição. As foliações plano-axiais são do
tipo clivagem ardosiana ou xistosidade (no sentido de Hobbs et aZo 1976)
e sua ocorrência é generalizada na Faixa Jaraguá-Cristais, em contras
te com as dobras DI, que são reconhecidas em pontos esparsos.
Fase de Dobramento F2 - inclui as dobras de ocorrência mais comum na
área, que são fechadas a cerradas, raramente isoclinais (grupo D2). A
escala varia desde a centimétrica até a hectométrica: neste caso são
dobras regionais reconhecidas através de dados de vergência (Bell 1981).
As foliações plano-axiais são clivagens de crenulação zonais (powell,
1979), freqdentemente microscópicas e associadas a bandamento diferen
ciado.
Fase de Dobramento F3 - desenvolveu dobras de grande comprimento de on
da e amplitude, abertas a fechadas, observáveis em mapas e, menos co
mumente, nos afloramentos (grupo D3). A foliação plano-axial é uma cli
vagem de crenulação mais aberta, visível à vista desarmada e sem bandã
mento diferenciado, que, em determinadas litologias dá lugar a uma cli
vagem de fratura.
Deformações Tardias
locais, além
-
compreendem ondulações,
de dobras desarmõnicas
kink-bands e crenulações
de ocorrência restrita, que per
tencem ao grupo D4 (Carneiro 1983). Zonas de cisalhamento estendem-se
em faixas pouco expressivas, cortando as demais estruturas.

LITOESTRATIGRAFIA E METAMORFISMO
Rochas métamórficas pertencentes ao Grupo são Roque constituem
as principais litologias da_F4ixa Jaraguá-Cristais, O embasamento do
grupo é composto por gnaisses e migmatitos, correlacionados por Carne i
ro (1983) ao Complexo Amparo (Almeida et aZo 1981). Ocorrem ainda blas
tomilonitos e milonito-gnaisses, de posição temporal ainda incertã
(Carneiro et aZo 1984a).
As rochas do Grupo são Roque podem ser agrupadas em quatro gran
des pacotes litoestratigráficos, com base em critérios geológicos e es
truturais, envolvendo o reconhecimento de dobras regionais e a elaborã
ção de extensos perfis geológicos no campo. As principais limitações ã
essa reconstrução estratigráfica seriam a pobreza de dados de polariza
dade das camadas e a.falta de clareza que ainda persiste quanto à natü
reza e geometria das dobras da primeira fase -(Carneiro et aZ.1984a). -
As fotografias da Prancha 1 exibem algumas feições de campo das
PEincipais litolo~ias relacionadas à atividade ignea que afeta o grupo
Sao Roque na regiao. Os quatro pacotes reconhecidos por aqueles auto
res compreendem as seguintes litologias, da base para o topo:
a) metapsamitos impuros: metarcóseos, metagrauvacas e metarenitos, con
tendo intercalações de anfibolitos, metaconglomerados polimiticos;
metavulcânicas (Fotos lb, lce ld, descritas a seguir) , filitos e
quartzi tos:

3.197

.-.------
b) metapeZitos: filitos laminados com passagem gradual para xistos e
xistos porfiroblásticos, contendo sillimanita, granada e estauroli
ta. As intercalações são de raros níveis de quartzitos, anfibolitos
e filitos grafitosos. Ocorrem também passagens transicionais para
as duas outras unidades;
c) metamargas e prováveis metatufos: rochas cãlcio-silicáticas com al
guns níveis de anfibolitos, incluindo anfibolitos bandados que pr~
dominam no topo do pacote (Foto la);
d) metarenitos bandados: metarenitos com intercalações freqüentes de
filitos laminados e alguns níveis decimétricos de metarenitos con
glomeráticos, metarcóseos e anfibolitos.
As rochas do Grupo são Roque são penetradas por extensos corpos
graníticos, bolsões pegmatIticos (Foto le) e veios (Foto lf). Tais in
trusivas, estudadas sob o enfoque ,estrutural, podem ser separadas (Car
neiro 1983) em três grandes categorias: granitos inequigranulares, tI
dos como anteriores à fase F2; granitos porfiróides, considerados tar
di-tectônicos a F2 a sintectônicos a F3; e granitos pós-tectônicos, re
presentados por rochas do fácies Itu (Hasui et aZo 1978) e os granitos
turmaliníferos de Perus (Foto 19) .

Falhas transcorrentes afetam as litologias acima referidas, for


mando protomilonitos, ffiilonitos e ultramilonitos,ao longo de faixas
pouco numerosas, porém estreitas e extensas. As coberturas 'sedimenta
res mais recentes são representadas por aluviões, coluviões e raros de
pósitos de tálus.

MAGMATISMO pRt-TECTONICO
As rochas que represe~tam, na Faixa Jaraguá-Cristais, a incidên
cia de um magmatismo pré-tectôntco podem ser agrupadas, em função de
composição e caracteres texturais, da segu~nte forma: rochas metavulcâ
nicas básicas, rochas meta-subvulcânicas riodacíticas, anfibolitos me
tabasíticos e anfibolitos bandados. Há uma série de argumentos de or
dem estrutural que indicam para essas rochas uma origem durante umã
época anterior às sucessivas fases de dobramento e â formação das dife
rentes foliações plano-axiais.
ROCHAS METAVULCÃNICAS BÁSICAS
Rochas metavulcânicas básicas amigdaloidais ocorrem próximo ao
Morro do Polvilho e ao Pico do Jaraguá, além de duas pequenas lentes
alongadas de aproximadamente 60 m de largura por cerca de 200 m de com
primento, descobertas por Carneiro (1983) na região do Jardim Santã
Fé, a oeste do Pico do Jaraguá (Fig. 1). A orientação NW-SE dos corpos
acompanha a foliação regional. A distribuição dessas ocorrências está
subordinadç ao pacote de metapsamitos impuros, guardando proximidade
com os níveis de metaconglomerados polimíticos.
são rochas pardo-esverdeadas de granulação fina, micáceas e xi~
tos s, contendo "amígdalas" de formato elipsoidal preenchidas por quart
zo (Fotos lb e lc) que perfazem cerca de 20% do volume total. Estas c~
vidades preenchidas têm de 0,1 a 3 cm de comprimento, alongando-se, via
de regra, segundo a direção da xistosidade. Encontram~se freqüenteme~
te ôcas (Foto lc), aspecto adquirido por dissolução intempérica do ma-
terial pré-existente ou como feição herdada de possíveisvesículas o~!
ginais. Tais vesículas, caso confirmadas, trariam como denominaçao
mais adequada o termo rocha vesículo-amigdaloidal.
Carneiro (1983) classifica tais rochas como epídoto-biotita xis
tos oriundos do metamorfismo de rochas vulcânicas básicas, com base
nas feições vesículo-amigdaloidais reliquiares, destacando entretanto
a sua mineralogia, quase essencialmente biotítica. Termos desprovidos
de amígdalas não foram reconhecidos até o presente.
Seus contatos são de difícil observação. Uma passagem de cará
ter transicional foi observada em um ponto (Foto ld), onde ocorrem m~
tarenitos finos avermelhados. Tal transição é marcada pela presença c~
da vez mais rara de níveis centimétricos da rocha básica nos metapsam!
tos finos adjacentes.
Microscopicamente tais corpos constituem-se de quartzo gran~

3.198
blástico interlohado, formando envoltório para núcleo de .algum mate
rial desaparecido. De fato, as "amígdalas" na sua maioria, são ôcas
nas partes centrais, presumindo-se que ali teria originalmente se re
cristalizado calcita, agora dissolvida nas amostras relativamente in
.temperizadas.
A matriz xistosa pode ser subdividida em dois componentes~
a) base xis tosa propriamente dita, composta predominantemente de bioti
ta lepidoblástica, epídoto porfiroblástico, quartzo e plagioclásiõ
intersticiais, e grãos espalhados dê magnetita e ilmenita (leucoxe
nizada e limonitizada); -
b) corpos elipsoidais~ milimétricos, leucocráticos. Exibem textura gra
noblástica e compõem-se essencialmente de quartzo e p1agioclásiõ
(oligoclásio-andesina) salpicado de epídoto e, raramente, biotita e
opacos. Titanita e apatita, em minúsculos grãos arredondados, são
aí também observados.
A análise química efetuada na matriz dessas rochas revelou a se
guinte composição (%): SiOz (49,1), TiOz (2,6), Alz03 (14í,6), FezO-;
(9,7), FeO (5,4), MnO (0,12), MgO (3,6), CaO (6,7), NazO (2,6), KzO
(3,4), perda ao Fogo (2,2).
Os dados químicos acima se ajustam, com certa imprecisão, a um
magma de composição andesitico-basáltico maior divergência com análi
ses de andesitos e basaltos típicos (Mueller & Saxena 1977) tefere-se
a teores de KzO. Isso é aceitável e até mesmo esperado em se tratando
de rocha rnetamorfoseada(fácies xisto verde) e internperizada de modo in
cipiente. -
As evidências estruturais e texturais indicam que em um período
pré-metamórfico formou-se derrame de basalto andesítico amigdaloidal
(amígdalas com sílica e carbonato), em cuja matriz se diferençiaram va
ríolas (gotas imiscíveis?) de material leucocrático, dacítico ou ande
sítico. As deformações e recristalizações metamórficas se responsabilI
zaram pela atual feição granoblástica do q~artzo de amígdalas, ~eseg
v01vimento de foliaçao da matriz, deformaçao e alongamento de var~o1as
e amígdalas, bem como crenulações posteriores.
Uma discussão mais completa dos elementos microestruturais na
faixa encontra-se em Carneiro et aZo (1984c). Um dos melhores exemplos
obtidos está nas fotomicrografias 2a e 2b (prancha 2), onde as amígda
Ias se acham deformadas de modo conspícuo pelas crenulações S2 e S3 ~
Num pormenor de outra amostra de rocha, as fotomicrografias 2c e 2d
trazem uma amígdala preenchida por material quartzoso, com núcleo mais
grosso que as bordas e que exibe o desenvolvimento de uma xistosidade,
por sua vez afetada por crenulações.

ROCHAS META-SUBVULCÃNICAS RIODAC1TICAS


Estas rochas, reconhecidas por Coutinho (1972), constituem 1en
tes alongadas segundo a direção E-W, intercaladas em metarcóseos. A
maior delas tem dimensões de aproximadamente 1,8 km de comprimento por
cerca de 200 m de larugra, no alto do Morro do Polvilho, na porção
centro-oeste da faixa (Fig. 1). Uma pequena ocorrência foi identifica
da a cerca de 500 m para sul, no Sítio Ghisalbert.
Trata-se de uma rocha de coloração cinza-médio, com fenocris
tais (ou fenoblastos) alongados de plagioclásio e feldspato potássicõ
de coloração branca a cinza, imersos em uma matriz afanítica ou de gra
nulação fina, composta de quartzo, feldspato, biotita e opacos. O as
pecto é bandado e, localmente, a rocha encerra zonas mais grossas com
os fenocristais alcançando de I a 3 cm. Possui intercalações de metar~
nitos finos cinza-claro. r
As rochas meta-subvulcãnXas 'emalgurnas amostras exibem poucas
evidências de terem sido submetidas à deformação, e não raro a xistos~
da de encontra-se ainda pouco desenvolvida (Fotomicrografia 2e). Foi in
terpretada por Carneiro Cl9831 como uma rocha subvulcãnica ácida meta
morfoseada,semelhante composicional e texturalmente a riólitos ou riõ
dacitos pórfiros.
ANFIBOLITOS METABAS1TICOS
_ Os anfibolitosconstituemum grande número de corpos e interca
laçoes, mais concentrados na parte sul da faixa (Fig. 1). O corpo de

3.199
--..-----------....--
maiores dimensões é o Corpo Anfibolítico do Jaraguá '-Gomes et aÍ-.1972),
de famato bastante irregular, que ocupa uma área de aproximadamente
2,5 kmz.
Nos cortes, as rochas apresentam-se alteradas e suas cores pre
dominantes são amarelo forte, vermelho, roxo e cinza-claro. Nas exposI
ções de rocha sã exibem cores pretas ou cinza-escuro, ligeiramente es
verdeadas. A granulação é média a grossa, localmente exibindo termos
finos, e a orientação dos minerais é incipiente na maior parte dos cor
pos, chegando a desenvolver apenas suave foliação. -
Ao microscópio, texturas ígneas reliquiares são comuns. A mine
ralogia essencial dos anfibolitos é dada por hornblenda e plagioclásiõ,
sendo o quartzo, epídoto, titanita, apatita, opacos e biotita os aces
sórios. No corpo do Jaraguá, Gomes (1971) reconheceu a existência de
um distinto zoneamento metamórfico, definindo duas zonas que denominou
A e B. A zona A, mais distante do batólito granítico da Cantareira,mos
tra rochas com predomínio de foliação bem desenvolvida, granulação fI
na, maior percentagem de hornblenda e epídoto e predomínio de hornblen
da fibrosa. A zona B corresponde à porção SSE do corpo, apresentandõ
rochas com foliação pouco nítida, textura granoblástica, gran~ão gro~
sa, maior conteúdo em plagioclásio e diminuição de hornblenda e epíd~
to.
Nos anfibolitos, é muito comum a presença de texturas blastofí
ticas, tal como ilustrado nas Fotomicrografias 2f e 2g. Estas feições~
aliadas a uma composição predominantemente dada por plagioclásio e ~
fibólios, levaram Coutinho et aZ. (1982) a se referirem a rochas desse
tipo como derivadas do metamorfismo de antigas rochas básicas. Gomes
et a Z. (1972), consideraram suficientes as provas obtidas em estudos
anteriores para tal origem ígnea, citando em particular os trabalhos
de Gomes (1962) e Gomes et aÍ-. (1964)..

ANFIBOLITOS BANDADOS
Constituindo outro tipo litológico reconhecido pela EMPLASA
(1980), os anfibolitos bandados (Carneiro 1983) estão presentes na por
ção centro-sul e centro-oeste da faixa (Fig. 1) na forma de lentes alon
gadas segundo a direção regional NW-SE, com largura máxima em torno de
800 metros; Incluem caracteristicamente intercalações de anfibolitos
bandados finos a médios, cuja constituição é dada por tremolita-actin~
lita, oligoclásio, alguma biotita e opacos. Em duas amostras, o profun
do estado de alteração permitiu apenas supor adicionalmente a existê~
cia de quartzo e granada.
Os anfibolitos bandados ocorrem bastante alterados nos cortes
(Foto la), razão pela qual via de regra mostram cores extremamente va
riadas: brancas, pretas, marrons, vermelhas, amarelas e cinzentas, in
cluindo alguns níveis de coloração marrom-escuro bastante comuns, chã
mados informalmente de "filitos pó-de-café", nome de campo certamente
impróprio,' mas que denuncia o estado de desagregação do material de
composto.
A granulação é muito fina, sem outra foliação além de rara lami
nação e da clivagem ardosiana, esta freqUentemente paralela ao band~
mento. Encontra-se amiúde estas camadas fragmentadas por sistemas de
juntas.

MAGMATISMO SINCRONICO A DEFORMAÇOES TECTONICAS


As rochas graníticas da faixa Jaraguá-Cristais foram classifica
das por Carneiro (1983) como pertencentes às fácies Cantareira ou Itu
(Hasui et aZ. 1978), correspondendo a quatro tipos de corpos granitói
des que podem ser relacionados às deformações tectônicas: dois partI
cularmente à Fase Fz, e dois outros tipos, de natureza pós-tectônica.
Para os corpos granitóides vinculados a uma origem sin ou até
tarditectônica, é necessário discriminar mais exatamente a qual fase
de dobramento a expressão genética se refere. Na faixa estudada, argu
mentos estruturais sugerem que as rochas granitóides inequigranulares
antecederam no tempo a fase de dobramento Fz, enquanto que as do tipo
Pirituba foram tarditectônicas a Fz ou até mesmo sintectônicas a Fz.

3.200
GRANITOS INEQUIGRANULARES PRt-TECT6NICOS A F2
Estes tipos de rocha são representados na área pelo Granito do
Tico-Tico CMoraes Rego 19..331., nome que possui prioridade em relação
ao termo Anhangüera, proposto por Penalva & Hasui (19701. Ocupa uma
área de aproximadamente 11 km2, sustentando os morros do Tico-Tico e
Grande. O corpo possui uma forma elipsoidal, alongada segundo uma dire
ção E-W (Fig. 1). -
O tipo dominante é o inequigranular, composto basicamente de
quartzo, microclínio, plagioclásio e biotita, numa textura hipidiomór
fica. Seus acessórios mais comuns são granada, moscovita, turmalina e
zircão. A coloração é cinza-claro, passando a bege, creme ou avermelha
da quando alterado. A granulação é média a-grossa. Há variações parã
tipos equigranulares a duas micas e alguns núcleos fluidais de borda,
marcados pela orientação das micas, e que se tornam cada vez mais isó
tropos para outras porções do corpo. Localmente pode-se perceber uma te
nue orientação das biotitas quando mais se afasta das bordas, mas ã
moscovita tem sempre uma distribuição caótica e uma presença subordin~
da. Sua composição é a de um granito sensu striatu. Lepidolita foi r~
ferida por Moraes Rego (op. ait.) que inclusive descreve a rocha como
um "granito a lepidolita", observação não confirmada no presente estu-
do.
Dois outros corpos de menor expressão em área são os de Francis
co Morato, que em suas zonas de borda são bastante foliados e associã
dos a numerosos pegmatitos que invadem os micaxistos adjacentes (Fotõ
le). Trata-se de rochas de as~ecto até gnáissico, podendo-se falar em
pegmatito-gnaisses e granito-gnaisses para muitas delas. Suas relações
de intrusão, contudo, levam a supor a incidência de um fenômeno de de
formação posterior à colocação granítica, hipótese por sinal reforçadã
nas regiões do Tico-Tico e Perus pela existência de numerosos veios
pegmatíticos dobrados (Foto lf e Fig.._2) .
Veios pegmatttiaos dobrados - pela sua importància, face às relações
que se pode obter entre os veios, os dobramentos e a época de intrusão
dos corpos graníticos da região, alguns aspectos petrográficos e rela
ções de campo são destacados neste item.
são. veios brancos de material quartzo-feldspático, com alguma
moscovita, granulação média a grossa e composição granítica. Ao micros
cópio, os veios pegmatíticos dobrados exibem uma série de feições c~
racterísticas de sua natureza intrusiva, tais como faixas moscoviticas
no contato com a encaixante e faixas turmaliníferas onde o conteúdo em
turmalina (schõrlita) torna-se muito elevado (Fig. 2). O dobramento
desses veios deforma todas as feições anteriores.
Não é ainda possível afirmar que os veios dobrados estejam t~
dos relacionados ao corpo granItico do Tico-Tico, em cujas vizinhanças
são notavelmente distribuídos (Fig. 2). Somente através de estudos pe
trológicos mais. pormenorizados é que tal hipótese pode ser confirmada~
Veios de quartzo dobrados também são comuns, aparecendo freqüen
temente fenômenos de boudinage (Fig. 4). Em alguns casos, pode ser ve
rificada a existência de mais de uma geração de dobras afetando os
veios pegmatIticos, como na estrada de acesso à Sede da Fazenda Melho
ramentos, a partir da Estrada Velha de Campinas (Fig. 5).
GRANITOS TIPO PIRITUBA TARDITECTDNICOS A F2
O mais extenso destes corpos na área é o batólito da Cantareira,
localizado no extremo sudeste da faixa, com uma de suas reentràncias
.a leste de Perus; onde sustenta as elevações, desenvolvendo um notável
sistema de fraturas ondulares lCarneiro 1983). Os outros corpos presen
tes são os de Itaqui, Itaim e Taipas (Coutinho 1972). -
As rochas granitóides que compõem esses corpos têm como carac
teristicas marcantes uma coloração cinza-claro a cinza-médio, localme~
te rósea ou esbranquiçada. Em muitos locais dos maciços da Cantareira
e de Itaqui percebe-se uma coloração cinza-escuro dada pela maior abun
dância de máficos. . -
No aspecto microscópico, fenocristais subcentimétricos de felds
pato potássico, róseo a branco, são imersos em uma matriz inequigranu
lar média a grossa. Algumas variedades equigranulares são observadas~
com passagem eminentemente transicional, pela maior ocorrência dos me
gacristais, para termos porfiróides.

3.201
. .~~-----
-- -
---.---
Geralmente são pouco orientados a foliados, observando-se algu
ma orientação, principalmente nas bordas, devido ao incipiente al:inha
mento das micas. Os principais constituintes são o quartzo, plagiocla
sio, biotita e microclínio. Epídoto, titanita, sericita e opacos apar~
cem como os acessórios mais freqüentes. ~ comum a ocorrência de encla
ves anfibolíticos com bordas de reação visíveis e xenólitos gnáissicos
de dimensões centimétricasa.decimétricas.
Moraes Rego (op. cit.) considera os tipos de granitos onde pr~
dominam as micas brancas, com ou sem biotita, como intrusivos no Grani
to Pirituba ou associados, com variação gradual.

MAGMATISMO POS-TECTONICO

SU1TE GRAN1TICA P6S~TECTDNICA


Esta suíte inclui os granitos turmaliníferos da região de Perus
e o granito do Fãcies Itu mapeado no batólito de Itaqui.
Os granitos turmaliníferos (Rasui 1963) ou turmalina granitos
(Cordani et aZo 1963), foram estudados pela primeira vez por Knecht
(1938). Constituem pequenas bossas de formato ovalado ao sul do Córre
go Andando, em Perus. são representados por rochas holocristalinas, hI
pidiomórficas, equigranulares, localmente porfiróides, e em- geral de
granulação fina a média, que varia até grossa em alguns pontos. Têm uma
composição granítica a tonalítica, apresentando quartzo, microclínio e
plagioclãsio sódico como minerais principais. Turmalina, apatita, gra
nada e opacos são os acessórios. Sua característica mais marcante é a
abundância de cristais prismãticos de turmalina, aproximadamente 10 %
da rocha total, e a ausência de máficos como a biotita e hornblenda.
Suas concentrações possuem marcante disposição em "camadas", devido a
feições fluidais, o que confere aos corpos graníticos um aspecto band~
do com alternâncias regulares de níveis claros e escuros. Tais estrutu
ras fluidais configuram dobras e ondulações bastante contínuas (Fotõ
19), âs vezes truncadas por falhas e veios pegmatíticos.
Seus contatos com as rochas adjacentes são raramente observados,
porém os xistos e rochas cálcio-silicáticas circundantes encontram-se
intensamente feldspatizados e chegam a abrigar possantes veios pegmatl
ticos na região a sul de Perus.
No extremo sudoeste da área mapeada, no bairro do Barreiro, oax
re um pequeno corpo granítico (Fig. 1) de formato ligeiramente arredo~
dado, dentro do maciço de Itaqui. Representa uma variação de fácies na
quele corpo, ou uma possível manifestação magmãtica final daquele bat~
lito. são rochas leucocráticas, isótropas, equigranulares, de textura
hipidiomórfica granular, granulação média a grossa e que caracterizam
o fácies Itu (Rasui et aZo 1978). Sua coloração é cinza a rósea,varia~
do para porções mais apliticas. Os minerais principais são o quartzo,
o microclinio e o plagioclãsio.

PEGMATITOS, APLITOS E VEIOS DE QUARTZO


Veios pegmatiticos,apliticos e epidotíticos de dimensões limita
das são encontrados em todos os corpos granitóides, no entanto, sua ex
pressão e.freqüência são muito mais acentuados nas vizinhanças do Gr~
n1to Taipas, embora neste caso deva ser considerada também a existên
cia dos granitos turmaliníferos. Os pegmatitos são feições tardias,pr~
vavelmente ligados à fase que gerou os granitos turmaliníferos. Efei
tos hidrotermais são atestados por raras concentrações sulfetadas (p~
tuações submilimétricas) acompanhando veios de quartzo.
Os pegmatitos litiniferos de Perus apresentam grandes variações
texturais. Muitos bolsões irregulares, dentro dos granitos turmalinífe
ros descritos, possuem granulação muito grossa, onde se destacam meg~
cristais centimétricos a decimetricos de afrisita e rubelita, e placas
de moscovita e lepidolita bem desenvolvidas.~ bastante comum a existên
cia de textura gráfica. Os corpos pegmatiticos ensejaram o aparecimen
to de uma série de lavras na região de Perus, algumas ainda em ativid~
de.

DISCUSSÃO
A atividade ignea está representada na área estudada por rochas

3.202
básicas metamorfoseadasUnetabasitos), pelas rochas metavulcânicas e me
ta-subvulcânicas, além dos granitos, granitôides, pegmatitos e aplitos.
As rochas metavulcânicas básicas amigdaloidais constituem uma
prova da atuação de fenômenos de vulcanismo à épo.ca da sedimentação
das rochas do Grupo são Roque, podendo-se atribuir à unidade de metar
côseos, metarenitos e metagrauvacas, com quartzitos e metavulcânicas
associadas, um caráter de seqüência vulcano-sedimentar.
Caso outras evidências venham a ser obtidas .para caracterizar
com maior precisão os níveis de possíveis metatufitos intercalados nas
seqüências de rochas cálcio-silicáticas e de anfibolitos bandados des
critos na faixa, o quadro de evolução'vulcano-sedimentar seria estendI
do até englobar também estas unidades, que parecem ser superiores li
toestratigraficamente, às de metarenitos e rochas associadas (Carneirõ
et a7-. 1984al.
Os metabasitos constituem corpos concordantes .ou discordantes
aos metassedimentos. Essas rochas acham-se afetadas pelo metamorfismo
regional e são derivadas de magmatismo básico (Gomes 1971), de caráter
pré-tectônico (Hasui 1975a).
As rochas meta-subvulcânicas parecem estar vinculadas, por sua
vez, a uma manifestação intrusiva de baixa profundidade, hoje exposta
pela erosão, que se situaria antes do dobramento da fase F2. Sua posi
ção temporal com relação a FI é ainda pouco clara, pois as rochas mos
tram fraco desenvolvimento de xistosidade.
Os corpos granitôides sintectônicos são os mais extensos em
área, dividindo-se em dois subgrupos, com base na sua posição em rela
ção à fase de dobramento F2.
As descrições acima, sobre os corpos granitóides e os veios Ee~
matíticos dobrados ou gnaissificados, complementada com as observaçoes
feitas no estudo micro-estrutural (Carneiro et aLo 1984c), permitem in
ferir que antes da plena instalação do episódio de deformação F2 houve
um pico do metamorfismo regional. Este máximo estaria representado pe
la blastese de opacos, estaurolita, granada e sillimanita. Pelo menos
a estaurolita teria tido seu desenvolvimento estendido até o início da
Fase F2. Os granitos inequigranulares orientados, os pegmatitos e veios
de quartzo dobrados por D2 e os pegmatitos gnaissificados em Francisco
Morato são indícios de que este conjunto de rochas graníticas é pré-
tectônico a F2 e pode ter se estendido no máximo até à sua fase ini
cial. A Fig. 2 traz essas considerações expressas sinteticamente em süã
legenda.
Os granitóides tipo Pirituba, por sua vez, comparecem na área
representados pelos batôlitos da Cantareira e da Serra do Itaqui e pe
los stoaks de Itaim e Taipas. Possuem marcante constituição porfirôide,
com ou sem orienta~ão. A colocação é em geral discordante das enca!
xantes. Sua situaçao temporal é de tarditectônicos a F2, estendendo-se
no tempo, até chegarem a ter caráter sintectônico a F3, uma vez que em
alguns locais a turmalinização ligada a estes granitos parece ter sido
contemporânea às crenulações 53. Além disso, o corpo menor, que é o de
Itaim, aloja-se no núcleo de uma antiforma D3.
As rochas graníticas pós-tectônicas constituem corpos intrusi
vos, afetando as rochas metamórficas regionais através de auréolas de
metamorfismo de contato e outras alterações (pReumatólise e hidroterm~
lismo) .
O corpo de Taipas possui uma íntima associação com os granitos
turmaliníferos,que são claramente de caráter pós-tectônico. As mani
festações de pegmatitos ligados aos granitos turmaliníferos represen
tam uma extensão do processo. Seu nível de co.locação (empLaaement) nãõ
deve ter sido muito superior ao nível topográfico atual, pois há cavi
dades miarolíticas e alguns contatos de topo de intrusão em várias das
pedreiras de Perus (Wernick, inf. verbal).
As informações disponíveis sobre a evolução tectônica da Faixa
Jaraguá-Cristais foram sinteticamente reunidas na Tabela 1, onde são
acrescentados os resultados da análise do magmatismo, aos dados refe
rentes à litoestratigrafia, fases de deformação, estrutura e produtos
de metamorfismo associados.

CONCLUSÕES
As rochas metavulcânicas básicas amigdaloidais, cuja descoberta

3.203
,------
.-----
~-

é noticiada no presente trabalho, foram identificadas de modo puntual


ou formando faixas estreitas e descontinuas em meio a metarcóseos. Os
produtos de alteração dessas metavulcânicas podem ser bastante simil~
res aos dos metapsamitos impuros, o que exige um controle de campo e
uma amostragem bastante rigorosa e sistemática, no trabalho de mapea
mento de ambas as unidades. -
A atividade ignea pré-tectónica na faixa Jaraguá-Cristais tem
outros representantes, como as rochas meta-subvulcânicas riodaciticas,
os anfibolitos metabasiticos e os anfibolitos bandados. Estes últimos
poderiam representar tufos metamorfoseados, hipótese que não póde ser
comprovada em virtude do avançado grau de alteração dessas rochas nos
afloramentos.
A evolução dos granitos e granitóidesfoi complexa, em termos
de eventos. Destaca-se a incidência de intrusões granitóides pré-tectô
nicas a F2, associadas a pegmatitos em veios e bolsões, posteriormente
dobrados e gnaissificados. Há exemplos até de veios dobrados e redobra
dos. Os corpos granitóides ligados ao evento pré-F2 são os de Franci~
co Morato e Tico-Tico. Os granitóides do tipo Pirituba formaram-se sob
cond~ções tarditectônicas à fase F2, originando os corpos de Cantarei
ra, Itaqui, Itaim e Taipas. As manifestações devem ter-se estendido
até a fase F3, contribuindo no desenvolvimento de dobras de grande es
cala dessa fase. -
Granitos pós-cinemáticos são representados pelos corpos turmali
níferos de Perus e pegmatitos associados que têm sido objeto de inten
sa explotação. Algumas manifestações internas aos batólitos graníticos
são ainda insuficientemente conhecidas.

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3.205

--- -------------- ----_._--


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DISTRIBUIÇÃO DE ROCHAS METAVULCÃNICAS, ANFI80LITOS E GRANITOS, NA FAIXA JARAGUÁ-CRISTAIS

3.206
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PONTOS DE PEGMATITOS OBSERVAOOS

3.207
FIGURA 3 - Feições associadas a
veios pegmatitico dobrado, con
forme observado ao microscópio.
Ponto na entrada da Fazenda Me
lhoramentos.

FIGURA 4 - Veio de quart


zo dobrado e boudinado ~
com desenvolvimento de
uma foliação plano-axial
em filitos. Estrada Fran
cisco Morato-Botujura.

1 - VEIO Df: QUMTZO CIIiIZENTO ESCUIIO. OOIIIAOO E IOUDINAOO


Z -
FIUTOS LAMINADOS

S.

FIGURA 5 - Veio pegmatitico dobrado e


redobrado, encaixado em xistos e ro
chas cálcio-silicáticas. Caie iras.

,- XISTOS

2-PEGMATITO,5 .

S-ROCHAS CALCIO-SILICATlCAS

3.208
TABELA 1
QUADRO SINOTICO DA EVOLUÇ~O TECTONICA DA FAIXA JARAGUA - CRISTAIS

FEICÕES RODUIOS DE
ASE DE ESTRUTURAIS TAMORFISMO
E FORMAÇÃO ASSOCIADAS SOCIADOS

Zon as de F alhamen tos Milooi tos


Cisalhamento

OndulaçÕes e crenu- MP - Minerais meta Granitos e pegmati


lações locais mó~ficos de contatõ tos turmaliníferos

Turmalina e
gum fe ldspato nas
D -
3 Dobras do gru- bordas de granitos o
Gran1 t os d os ba
-
F - Dobras abertas
PO de estilo 3
-
Efe1 tos retrome
o : o
toh tos de Canta-
a3fechadas, de di- S /Sf- Clivagem de tamórficos locais reira e Itaqui. e
mensÕes _ em geral
hectometr1cas o
c~enulação sem ban MP
damentood1ferenC1a
0'-
AI -
guma, recupe
3- de mc as
stocks
.
- T upas
de Itaim e
- raçao
do e chvagem de
fratura
MP2- Desenvolvimen
to local de bioti-
F - Dobras fecha- D2- Dobras do gru- ta ao redor de opa
2
das a cerradas, ra po de es ti 10 2 cos
ramente isoclinais . o . o
F1na c I :!;vagem M.~2- Red 1stn b U1-
centimétricas ahec S2- '
- de c~nulaçao pla- çao local de quar-
tométricas
nO-aJUal, com banda tzo
mento diferenciado
MP
. to
- Cres C1men
estático de porfi- - pegmatitos em
roblastos (xistos veios e bolsões
de grau médio)
cisco Morato e Ti- . .
- Grani tos de Fran
Rec~1Sta~1Za-
Fl- Dobras fe~a-
-
o o -
Dl- Dobr~ do gru- ~l-
das meso- a mcros po de est1lo 1 çao de mnerus
Cop1Cas, mU1tas v!:.. S / ~- CIo1vag7m ar:- metamor fO
de
o
co-Tico
- Roch as su b vu 1 ca
umo rel10 nicas riodacíticas
-
1
zes transpostas dos1ana ou X1StOS1 nal (rnchas no grau
dade plano-axiais - fraco)

PACOTE DE METAPSAMITOS R!TMICOS

-.-'-'---'--'-'-'-'-'-'__'_'_0_'_'
1I
PACOTE DE ME'rAMARGAS E PROVÁVEIS METATUFOS - Tufos (1)

'-'-'__'_0_0-_'-'-'--'-'_'_'_0__0_0
II
I I
I I
I I
PACOTE DE METAPELITOS COM INTERCALAÇÕES METAPSAMITICAS

0_._0_'_'_'-'-'-' '-'-'-'-'-'-'-'
PACOTE DE METAPSAMITOS IMPUROS Rochas vulcâni-
cas básicas

SEDIMENTAÇÃO/DEPOSIÇÃO

3.209

------------ -----
---

" . ,

-~ -- --
< :a~~ -

PRANCHA I - Fotografias: Ia -Anfibolitos bandados. Cajamar; lb e lc Aspectos da ro


cha metavulcânica básica amigdaloidal, a sul do Morro Doce; ld - Passagem gradual
dessas rochas para metarcóseos, de cor clara; le - Pegmatitos gnaissificados em Fran
cisco Morato; lf - Veios pegmatíticos fortemente dobrados. ~orro dos Cabelos Brancos;
I g - Estruturas fluidais em Perus.

3.2to
PRANCHA 2 Fotomicrografias (Barra-escala
mede 0,5 mm): 2a e 2b - Metavulcânica: bã-
sica.camigdaloidal, nicóis * e 11; 2c e 2d-
Pormenor de amígdala da mesma rocha, ni~
cõis+ e 11; 2e< - Meta (?) - riodacito, ni
cóis+-, 2f - Textura blastofítica em anfi-=
bolito, nicóis 11; 2g - Microgranulação em
cristal geminado de plagioclãsio de anfibo
lito com textura blastofítica, nicõis+" .
-

3.211

--
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

CONTRIBUiÇÃO AO ESTUDO DA LlTOESTRATIGRAFIA DO GRUPO SÃO ROQUE NA FAIXA


JARAGUÃ.CRIST AIS - SP

Celso Dai Ré Carneiro


Yociteru HBSUI
,
Agamenon Sérgio Lucas Dantas
Instituto de Pesquisas T ecnológicas do Estado de Silo Pilulo - IPT
Cidade Universitária, Caixa Postal 7141 - CEP 01000 - Silo Paulo - SP

ABSTRACT
The stratigraphic reconstruction of the são Roque Group is con
strained by the paucity of data on primary structures and layer youn5
ing evidentes, as well as the polyphasic metamorphic and deformational
episodes. The first deformation phase is not yet clearly understood and
its contribution to the present structural framework is to be evalua
ted.
Nevertheless, four main lithologic 'assemblages can be recogni
zed along an area of 376 km2 at NNW of são Paulo City, between the pI
co do Jaraguã and the Serra dos Cristais. They are, from apparent base
upwards:
1) impure metapsamites, with intercalations of amphibolites,polymictic
metaconglomerates, metavolcanics, phyllites and quartzites:
2) metapelites,' represented by phyllites and schists of several types,
with many intercalations of metarenites. Unit 2 grades laterally and
vertically into the following two units:
3) metamarls and probable metatuffs, representedby calc-silicate
rocks, with subordinate limestones, dolomites, and banded amphibol~
tes:
4) rhythmic metapsamites, made up by alternating meta-arenites, meta-
arkos ,and phyllites, with narrow basal zones of microconglomer
atic metarenites. -
INTRODUÇÃO
A faixa situada a NNW da capital paulista, entre o Pico do Jara
guã e a Serra dos Cristais, encerra uma seção das mais representativas
do Grupo são Roque, sob o ponto de vista da diversidade litológica da
unidade, variações do estilo estrutural e superposições de estruturas.
Essa faixa foi 'objeto de investigações de detalhe, visando: 1)
avançar na cartografia e no conhecimento das unidades litológicas,prin
cipalmente as metamórficas e granitóides: 2) conhecer os padrões de de
formação tectônica das rochas e os estilos estruturais: 3) propor um
modelo evolutivo, em termos das sucessivas fases de deformação: 4) ca
racterizar a cronologia e as relações entre metamorfismo e deformação~
5) reconstruir, ainda que ao nível das unidades maiores, as seqüências
que foram submetidas ao metamorfismo e deformação (Carneiro 1983).
O presente trabalho visa a destacar, dos estudos mencionados, as
principais informações obtidas sobre as unidades lito lógicas da faixa
Jaraguã-cristais, com o intuito de contribuir para o esclarecimento do
problema da subdivisão do Grupo são Roque. Reconhecidamente, as limita
ções e dificuldades para esse tipo de estudo são muitas, e devem ser
convenientemente ressaltadas. são levantados alguns pontos nesse senti
do.
A abordagem escolhida para o tema procura partir de uma breve

3.212
revisão dos conhecimentos disponíveis na literatura, fazendo-se a se
guir uma exposição suscinta sobre a geologia e o padrão de organizações
estrutural da faixa. A seguir, são discutidos os resultados do levanta
mento de perfis geológico específicos, que foram orientados no sentido ãe
integrar os conhecimentos estruturais obtidos e reconhecer em seus tra
ços mais geraip, a ordenação espacial das unidades litológicas maiores
do Grupo são Roque na região.

TRABALHOS ANTERIORES
Os mapas de semidetalhe mais ~tigos disponíveis na região são
as folhas 1:100 000 de Itu e Jundiai, editadas pelo Instituto Geográfi
co e Geológico, sucessor da antiga Comissão Geográfica e Geológica. A
folha geológica de Jundiaí (Wohlers et alo 1954) engloba a faixa est~
dada, onde são mapeados o embasamento Arqueozóico, possíveis granitos
dessa idade e as rochas da Série de são Roque.
Importantes estudos de detalhe foram executados na década de 60,
compreendendo o mapa geológico da região do Jaraguá, na escala 1:20 000,
publicado por Cordani et alo (1961), o mapa da região de Perus, divul
gado por Cordani et alo (1963), e o mapa da região da intrusão granítI
ca dos morros Grande e do Tico-Tico, elaborado por Penalva & HasuI
(1970).
Os estudos em escala menor envolveram grandes porções da área
de ocorrência do Grupo são Roque, como os de Hennies et alo (1967) ao
longo do falhamento de Taxaquara; Hasui et alo (1969), na região a oes
te da Capital, e Coutinho (1972), envolvendo toda a Capital e seus ar
redores na escala 1:100 000. Este último autor elaborou o Mapa GeológI
co 1:100 000 da Grande são Paulo- (EMPLASA 1980), que traz um quadro
bastante pormenorizado sobre grande parte da região estudada,incluindo
o reconhecimento de unidades litológicas não anteriormente descritas,
tais como prováveis metatufitos e metamargas. Nesse mapa, contudo, o
autor não se refere a ordenações de cunho estratigráfico para os meta
morfitos (Coutinho 1980).
O uso do termo Grupo são Roque (Moraes Rego 1930) esteve subm~
tido a uma certa controvérsia, durante as décadas de 60 e 70, tendo em
vista as semelhanças delitologia e grau metamórfico com as unidades
reconhecidas no Grupo Açungui (Derby 1878), que poderiam ser somadas à
possível continuidade geográfica entre ambas as unidades, favorecendo
o uso do termo mais antigo, tido como prioritário.
Por outro lado, os principais argumentos para manter a separa
ção seriam de ordem estrutural (Hasui 1975), tendo em vista as difere~
tes histórias deformacionais das unidades e a presença de. grandes fa
lhas separando suas áreas de ocorrência (Hasui et alo 1975).
A subdivisão do Grupo são Roque na região de Pirapora do Bom Je
sus em duas formações, denominadas Boturuna e Piragibu, foi proposta
por Hasui et aL. (1976). No mesmo ano, Hasui & Sadowski apresentaram
uma subdivisão do Grupo Açungui em dois complexos, Embu e Pilar, com
base na incidência ou não de migmatização.
A partir de 1982, com os levantamentos geológicos promovidos pe
10 PRO-MINtRIO (Programa de Desenvolvimento de Recursos Minerais do Es
tado de são Paulo), novos aspectos têm emergido, dos quais cabe desta
car a apreciável redução em área do Grupo são Roque, em relação ao m~
pa geológico do Estado mais recente (Bistrichi et alo 1981). Grande paE
te das rochas de grau metamórfico mais elevado foi excluída da unidade
(Campos Neto et alo 1983, Hasui 1983).
Na região das quadrículas de Piracaia e Igaratã, Campos Neto et
alo (1983) elaboraram um esquema litoestratigráfico para o Grupo são
Roque, onde chamam a atenção para a importància, talvez regional, da
presença de metarcóseos na unidade basal do grupo.
Hasui (1983) propõe considerar as bacias são Roque e Açungui c~
mo distintas, embora admitindo que sejam muitas as semelhanças de cons
tituição e evolução. -
Nesse contexto, as questões magnas que se colocam são a distin
ção do Grupo são Roque de seu embasamento e a divisão do primeiro, de
.modo a fundamentar avanços interpretativos pertinentes..- à paleogeogra
fia e evolução bacinal.

3.213

_....-._----
--

LITOLOGIAS
As litologias presentes na Faixa Jaraguá-Cristais compreendem
unidades relacionadas ao Ciclo Brasiliano, representadas pelo Grupo
são Roque, granitos e pegmatitos intrusivos desta unidade, assim como
porções do embasamento mais antigo, faixas cataclásticas e coberturas
cenoz5icas (Fig. 1).

EMBASAMENTO PRt-SÃO ROQUE


Nos extremos NW e NE da faixa Jaraguá-Cristais ocorrem corpos
de rochas gnáissicas afetadas por milonitização em grau variável. A ob
servação mais detalhada desses corpos é dificultada, quer pelo caráter
descontínuo dos afloramentos, quer pela presença de espesso manto de
decomposição, ou mesmo pela intensidade dos fenômenos cataclásticos
que incidiram sobre as rochas.
Tentativamente, duas unidades foram separadas entre essas lito
logias, para fins de mapeamento. A unidade mais antiga é constituída
de gnaisses biotíticos, com sillimanita e mais raramente moscovita,
hornblenda e granada. Inclui intercalações comuns de xistos e milon!
tos. Esse conjunto de rochas foi referido ao Complexo Amparo, com ba
se nas descrições disponíveis para esta unidade (Almeida et aZo 1981):
A outra unidade é composta essencialmente de rochas miloníticas,
blastomilonitos e milonito-gnaisses, cuja situação temporal é incerta.
Por estarem dobradas, essas rochas foram consideradas anteriores ao
Grupo são Roque, embora Carneiro (1983) não tenha descartado a possibi
lidade de incluirem pelo menos em parte rochas que se teriam desenvoI
vido por axão de fenômenos de milonitização associadas a processos de
transposiçao do final da fase 1 de dobramentos brasilianos.

GRUPO SÃO ROQUE


O reconhecimento das significativas variações composicionais das
rochas do Grupo são Roque havia sido feito já por Moraes Rego (1933,
p. 13), que as dividia em sílico-aluminosas, quartzos as e calcárias.
Com o avanço dos conhecimentos e o conseqüente aprofundamento na des
crição e interpretação da gênese dessas rochas, grande foi a variedade
de termos reconhecidos, com reflexos nos mapas mais recentes (Coutinho
1972, EMPLASA 1980) .
As rochas que compõem o Grupo são Roque podem ser agrupadas em
alguns conjuntos lito15gicos principais (Fig. 1). Nos mapas geo15gi
cos mais recentes disponíveis para a região (Carneiro 1983), esses con
juntos são figurados como constituídos pelos termos lito15gicos abaixo:
1 - metassedimentos detríticos, com predomínio de:
a) metapsamitos impuros: metaconglomerados polimíticos (Hc) , metar
c§seos, metarenitos e metagrauvacas (Ma); xistos com intercala
çoes de metarenitos; metarenitos e metarenitos bandados (Mt);
b) metapsamitos puros: quartzitos (Q);
c) metapelitos: micaxistos; xis tos porfiroblásticos (X); filitos la
minados e raros filitos grafitosos (Fv) i
2 -metassedimentos químicos e qciímico-detríticos; mármores, calcários,-
dolomi tos, e rochas cálcio-si licáticas bandadas lcl.Estas últimas pode
riam representar antigas margas com alguma contribuição de origem
tufácea;
3 -anfibolitos metabasíticos: anfibolitos (JIln)e bandados(At) , o
anfibolitos
riundos provavelmente de metamorfismo de rochas igneas básicas, intrus"'i
vas ou efusivas, incluindo tufos básicos; -
4 -rochas metavulcânicas (Vb) e meta-subwlcânicas (Va) :rochasmetavulcânicas
básicas amigdaloidais, recentemente descobertas (Carneiro et aZo
1984b) e meta-subvulcânicas riodacíticas (rochas hipoabissais).
METAPSAMITOS IMPUROS
Os metaconglomerados pOlimíticos formam possantes lentes, de va
riadas dimensoes, que se alongam em meio a metarc5seos, com passagem
transicional. Sua ocorrência é restrita à porção sul da Faixa Jaraguá-
Cristais (Fig. 1) e ainda não foram descritos em outras porções do Gru

3.214
po são Roque. Os seixos são de granitos, gnaisses, quartzitos, além de
alguns pegmatitos e raros xistos.
Aos metarcóseos associam-se termos como metarenitos finos, meta
renitos arcoseanos, metagrauvacas e metarenitos conglomeráticos. A
maior área de ocorrência dessa unidade é na parte sul da faixa, e sua
passagem ~ gradual para os xistose filitos laminados, que podem ser
encontrados também como intercalações no interior da unidade metapsamí
tica. Outras intercalações nesta unidade são sericita xistos, quartz~
tos e rochas metavulcânicas. .

Os xistos e metarenitos intercalados formam uma unidade bastan


te particular. para fins de mapeamento, pois corresponde a intercala
ções centimétricas a decimétricas de xistos moscovíticos, localmente
porfiroblásticos, com níveis de metarenitos arcoseanos, metarenitos fi
nos e quartzitos. Nestas bandas metapsamíticas aparece estratificaçãõ
gradual ou cruzada, e mais raramente marcas de onda e pequenos sLump
foLds , o que sugere ligação com possíveis turbiditos.
Os metarenitos e metarenitos bandados são rochas com fraco cará
ter arcoseano, granulaçao media a muito fina, e freqüentes intercala
ções de filitos laminados e quartzo filitos. são comuns níveis de meta
renitos conglomeráticos médios, com grânulos de quartzo e alguns felds
pato. A unidade ocorre na metade norte da faixa Jaraguá-Cristais. -
METAPSAMITOS PUROS
Os quartzitos formam muitos corpos, de dimensões variadas, den
tre os quais se destacam os do Pico do Jaraguá, Morro do Quebra-pé,.Mor
ros Botucavuru, do Rosário, Gato Preto e na extremidade E do Morro dos
Cabelos Brancos. são rochas brancas a cinza-claro, maciças a pouco fo
liadas.

METAPELITOS
Os micaxistos ocorrem em maior extensão na porção central da
faixa, contornando os corpos graníticos do Tico-Tico e da Cantareira.
Trata-se de quartzo-moscovita xistos, quartzo-biotita-moscovita xistos
e sillimanita-quartzo-moscovita xistos. são localmente feldspáticos,
microporfiroblásticos ou bastante quartzosos. Suas intercalações mais
freqüentes são metarenitos, metarcóseos, quartzitos, filitos, rochas
cálcio-silicáticas e anfibolitos. são comuns níveis microporfiroblásti
cos que, quando se tornam mais possantes, podem ser mapeáveis na esca
la 1:50 000, como xistos porfiroblásticos com granada, estaurolita e
agregados de fibrolita (sillimanita). Estes porfiroélastos conferem um
aspecto maculado aos micaxistos alterados, pontilhados de pequenas con
centrações brancas a amarelas. -
Os filitós laminados predominam na parte setentrional da faixa,
e se apresentam como rochas, com bandas milimétricas a decimétricas,
definidas por mudanças principalmente de cor e, menos freqUentemente,
de granulação. Sua composição essencial é de mica branca e quartzo, com
opacos e raro feldspato como acessórios. A pronunciada laminação é de
vida a uma persistente clivagem de crenulação zonal (no sentido de
powell 1979), microscópica, que normalmente pode ser reconhecida nos
afloramentos por meio do bandamento diferenciado a que se associa
(Carneiro et aLo 1984a).

METASSEDIMENTOS QUíMICOS E QU!MICO~DETR!TICOS


Os mármores, calcários e dolomitos afloram em zonas descontí
nuas na porçao centro-oeste da faixa, a S do bairro Jordanésia. são in
tercalados em filitos laminados, guardando relações de passagem brusca.
Os calcários predominam na faixa Jaraguá-Cristais, compreendendo vá
rios tipos texturais e composicionais, que incluem uma gradação para
calcários dolomíticos.
As rochas cálcio-silicáticas bandadas possuem maior expressão na
região a S de Perus, circunscrevendo o maciço granítico de Taipas. Uma
profunda alteração intempérica dessas rochas teria determinado, segun
do Carneiro (19831, a ocorrência de zonas com predomínio de blocos e
matacões de rocha sã, em meio a outras extensas porções onde apenas

3.215

___n_._______
------..
--------------

são identificados materiais bastante decompostos, com alternância de


níveis argilosos, de cores amarelas, ou vermelhas, a roxas. A denomina
ção mais geral para tais litologias seria tremolita xistos (Coutinhõ
1972, p. 37).
Nos termos bandados, a rocha sã mostra texturas granoblásticas
predominantes, contendo níveis cinza-claro com anfibólio (tremolita-ac
tinolita), quartzo e feldspato e níveis mais escuros, esverdeados, com
postos de diopsídio e epídoto como minerais mais comuns. Outros mine
rais que podem ser encontrados são a flogopita, plagioclásio, titanita
e turmalina.

ANFIBOLITOS METABAS!TICOS
Os anfibolitos se apresentam na forma de corpos isolados, com
maior freqüencia na parte sul da faixa (Fig. 1), onde se destaca o cor
po do Jaraguá, estudado por vários autores (p.ex. Gomes 1962, Gomes et
alo 1972, Coutinho 1972). são rochas compostas essencialmente por horn
blenda e plaqioclásio, e acessórios como o quartzo, titanita, epídoto~
apatita,opacos e biotita. Variações na granulação são comuns, do mesmo
modo que são freqüentes as texturas ígneas reliquiares.
Os anfibolitos bandados são rochas finas que se apresentam mui
to decompostos nos afloramentos, dificultando a observação de caracte
res texturais ou mineralógicos. Há intercalações comuns de rochas me
nos alteradas, que são anfibolitos bandados, finos a médios, compostos
por tremolita-actinolita, plagioclásio, pouca biotita, opaco e quartzo.

ROCHAS METAVULCÃNICAS E META-SUBVULCÃNICAS


Rochas metavulcânicas básicas amigdaloidais ocorrem em pequenos
corpos dentro da unidade de metarcoseos e metagrauvacas (Fig. 2). A ma
triz é fina, composta por epídoto, biotita, quartzo e magnetita. Ami~
dalas elipsoidais de quartzo com 1 a 3 cm de comprimento destac~e da
matriz, conferindo aspecto bastante peculiar â rocha (Carneiro et alo
1984b) .

As rochas meta-~~cas riodacíticas ocorrem na região do


Morro do polvilho (Fig. 2) e sao rochas cinzentas, de matriz quartzo-
feldspática fina com numerosos fenocristais (ou fenoblastos) alongados
de plagioclásio e feldspato potássico.

GRANITOS E GRANITOIDES
As rochas graníticas incluídas neste conjunto foram classifica
das por Hasui e tal. (1978 Icomo pertencentes ã fácies Cantareira
ou Itu. Caracteristicamente discordantes e intrusivas, configuram na
área mapeada três tipos texturais distintos (Fig. 1). O primeiro, que
é mais ant~go, possui textura inequigranular predominante (ya) e é
representado pelo Granito do Tico-Tico (Moraes Rego 1933) . O segundo,
de natureza porfiróide dominante (yc) , é encontrado nos batólitos da
Cantareira e Itaqui e nos corpos de Taipas e do Itaim, recebendo a de
nominação informal de tipo Pirituba (Moraes Rego & Santos 1938, apua
Hasui et alo 1978)..
A principal distinção entre estes dois primeiros tipos é basea
da em argumentos estruturais, uma vez que os granitos inequigranulares
antecederam no tempo a fase de dobramento F2 (Carneiro 1983) e os gra
nitóides tipo Pirituba foram tarditectônicos a esta fase ou até mesmõ
sintectônicos a F3.
O terceiro tipo compreende granitos equigranulares, não orienta
dos, como os granitos turmaliníferos de Perus e um pequeno corpo reco
nhecido no batólito de Itaqui (Fig. 1).

FAIXAS CATACLÁSTICAS
A faixa cataclástica localizada entre os batólitos de Itaqui e
Cantareira é a mais expressiva dentre as zonas de falhamento cartogra
fadas. Constitui uma unidade de mapeamento formada por milonitos, filõ
nitos, ultramilonitos e freqüentes protomilonitos. Na parte norte da
área a presença dessas rochas miloniticas é em zonas mais discretas,
com exceção das zonas de antigos milonito-gnaisses e blastomilonitos
dobrados, acima referidas.

3.216
COBERTURAS SEDIMENTARES
Na faixa Jaraguá-Cristais há raras ocorrências de sedimentos de
coloração variegada, areno-argilosos, correlacionáveis com base na li
tologia, à Formação são Paulo. Junto ao Pico do Jaraguá existem depósI
tos de tálus, restritos, em contraste com depósitos aluvionares (argI
lo-siltosos) e colúvio eluvionares (areno-silto-argilosos), que têm
ocorrência generalizada.

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ROCHAS DO GRUPO SÃO ROQUE

ORIGEM
A origem dos metassedimentos detríticos, pelas evidências cole
tadas, pode ser relacionada a uma deposição de materiais diversificã
dos quanto a granulação e composição. Condições mais enérgicas e de me
nor maturidade textural dos sedimentos teriam ocorrido durante a formã
ção dos pacotes de metarcóseos e rochas associadas, com uma situação
mais extrema e restrita, ligada aos metaconglomerados polimíticos. M~
tavulcânicas básicas a intermediárias vinculam-se a esse conjunto de
rochas, devendo-se admitir a participação de fenômenos vulcânicos du
rante a deposição das rochas arcoseanas e grauváquicas.
Os metapelitos, por sua vez, incluem produtos de diferentes
graus metamórficos; a granulação dos materiais originais parece ter s!
do de caráter mais uniforme, embora a composição possa ter variado mui
to. A presença, embora restrita, de possíveis feições normalmente e~
contradas em turbiditos (corno sZump-foZds e estratificação gradual) f~
vorecem a hipótese de uma origem marinha, com incidência desse tipo de
processo. _
A origem dos calcários e dolomitos pode ser atribuída a uma d~
posição de sedimentos químicos em ambiente marinho raso ou muito raso,
hipótese reforçada pela presen2a de quartzo em alguns níveis em do12
mitos, na forma de pequenos graos (atingindo diâmetros de areia fina)
e pela descoberta de estruturas estromatolíticas em dolomitos (Figue!
redo et aZo 1982), ambas na região de Pirapora do Bom Jesus. As ocor
rências não receberam estudos de detalhe nesta oportunidade.
A origem--das rochas cálcio-silicáticas da região não foi ainda
estabelecida, mas pelas evidências obtidas e em particular com base na
literatura (Cordani et aZo 1963, Coutinho 1972), é possível admitir
sua formação a partir de antigas margas (rochas químico-detríticas im
puras), com alguma contribuição tufácea que teria originado algumas
bandas anfibolíticas. Tal interpretacão
lógico da Grande são Paulo (EMPLASA "1980).
fora já levantada no mapa geo -
A origem dos anfibolitosé explicada a partir do metamorfismo
de seqüências intrusivas básicas nos sedimentos pré-existentes (Couti
nho 1953). Esta hipótese foi tida como confirmada por Gomes (1971, p.78)
considerando os estudos de quimismo efetuados por Gomes et aZo (1964),
no corpo do Jaraguá. No entanto, para este e para os demais corpos, in
cluindo os anfibolitos bandados, é plausível admitir também urna partI
cipação de efusivas básicas na constituição dos materiais originais. -
EXTENSÃO LATERAL
Entre a faixa estudada e áreas vizinhas existem algumas diferen
ças em conteúdo litológico, corno por exemplo:
os metaconglomerados polimíticos, que têm presença restrita e não
são descritos para outras regiões, à exceção de metaconglomeradas oli
-
gomíticos, conhecidos nas regiões de Pirapora e Curnbica;
as rochas metavulcânicas básicas amigdaloidais e as meta-subvulcâni-
cas, ainda não conhecidas em outras partes do Grupo são Roque;
as piZZow-Zavas, descritas por Figueiredo et aZo (1982), que não fo
ram ainda reconhecidas entre os anfibolitos metabasíticos da faixã
Jaraguá-Cristais.
Há, por outro--lado, numerosas semelhanças com as unidades li to
lógicas de regiões próximas, corno a área do Sinclinório de Piraporã
(Bistrichi 1982), onde as similaridades são marcantes, inclusive com.
demonstração da continuidade física de várias unidades mapeadas.

3.217
As ,semelhanças com a região da Serra de Itaberaba, descrita por
Coutinho et al. (1982) são também notáveis:
os sericita xistos mapeados por aqueles autores como PESFr, com suas
intercalações de metarenitos e metagravaucas, devem corresponder aos
filitos laminados (PSsFv);
os filitos ou xistos finos maculados (peSXF2) e os clorita-quartzo
xistos com granada (peSCf3), correspondem a termos mapeados nas uni
dades de micaxistos finos (PSxXm) e xistos porfiroblásticos (PSxXp)~
com a diferença de que a andaluzita daquelas rochas dá lugar a estau
rolita e sillimanita na faixa Jaraguá-Cristais; -
os flogopita-calcita xistos (peSC) e os anfibolitos finos bandados
com camadas cálcio-silicáticas (peSMt), que representariam, segundo
os autores as metamargas e as metamargas contaminadas por tufos bási
cos, guardam plena correspondência com as rochas cálcio-silicáticas~
bandadas ou não, da faixa Jaraguá-Cristais, bem como com a unidade
de anfibolitos bandados;
os anfibolitos metabasíticos são bastante similares em composição nas
duas unidades.
Com exceção das litologias mais específicas, algumas das quais
da família dos hornfels, poucas são as diferenças que ainda subsistem
entre as associações litológicas dessas regiões, destacando-se dentre
elas os níveis de provável metaahert, identificados em Itaberaba, embo
ra eles pare2am existir no domínio das rochas cálcio-silicáticas dã
faixa Jaragua-Cristais.

ESTRUTURAS
Historicamente, no estudo de regiões dobradas, a primeira abor
dagem utilizada foi a estratigráfica e paleontológica, em virtude dõ
.caráter originalmente sedimentar de grande parte dos depósitos. Com a
evolução do conhecimento, a abordagem estrutural passou a ser intensa
mente utilizada, por fornecer meios para superar naturais limitações
dos procedimentos estratigráficos, que requerem a identificação das se
qüências sedimentares em sua ordem estratigráfica corret~Mediante tal
identificação, seria possível determinar o conjunto de estruturas ou a
estrutura geral da região orogênica a partir da disposição dessas se
qüências. t um método que tem melhor aplicação em regiões montanhosas
(Roberts 1977), como os Alpes, onde a estratigrafia e a estrutura são
efetivamente dispostas em seções transversais à topografia.
As informações estratigráficas, quando disponíveis, associadas
aos dados gerados pela observa2ão sistemática de relações estruturais
de campo e de laboratório (seçoes delgadas), são fundamentais para a
análise estrutural. A abordagem estrutural é, pois, complementar aos
argumentos de natureza estratigráfica, bem como a outros procedimentos
geológicos. convencionais (Turner & Weiss 1963).
Os fundamentos da Análise Estrutural incluem uma série de con
ceitos aparentemente muito simples, mas de uso generalizado e que exer
cem forte influência em reconstituições litoestratigráficas. Resumidã
mente, pOde-se citar como conceitos fundamentais da Análise Estrutural
(Carneiro 1983): polaridade estratigráfica, polaridade estrutural,.ve,E
gência de clivagem e superposição estrutural, estilo de dobras e orie~
tação do dobramento. Numa determinada área, a aplicação de critérios
baseados nesses conceitos pode levar a um entendimento mais completo
das diferentes fases de deformação e, na dependência de exposições ad~
quadas e da própria litologia presente, pode-se atingir uma adequada
reconstituição da estrutura geral. Finalmente, tal linha de estudos po
de conduzir, como uma meta mais distante, à reconstrução do empilhame~
to das camadas, em sua ordem original.

FASES DE DEFORMAÇÃO
A aplicação desses critérios e conceitos à análise estrutural ~o
Grupo são Roque permitiu, na faixa Jaraguá-Cristais, identificar tres
fases de deformação regional e algumas ondulações tardias (CARNEIRO et
a L 1984c).
A fase de deformação Fl é reconhecida através de dobras de áp~
ces espessados, fechadas a cerradas, possivelmente até isoclinais, po.!

3.218
tadoras de clivagem ardosiana ou xistosidade em posição plano-axial. A
conformação, d~mensões, ampl~tudes e orientações originais dessas do
bras são difície~s de precisar dev~do aos fenômenos de transposição e
redobramento. Os registros' são ta.rn5émpouco freqüentes para esse tipo
de dobras, embora as foliações associadas sejam onipresentes.
A fase de dobramento Fz mostra-se na maior parte dos afloramen
tos na forma de dobras de ápices espessados, com escala e estilos va
riados. As dobras afetam a clivagem ardosiana e normalmente possuem
uma clivagem de crenulação fina a microscópica em posição.plano-axial.
Muitas macroestruturas e a maior parte das mesoestruturas do Grupo são
Roque na faixa foram desenvolvidas durante essa fase.
A fase F3 é observável em mapas, principalmente na forma de am
plas ondulações, que afetam as estruturas anteriores. Nos afloramentos
ocorrem dobras abertas a fechadas, com clivagem de crenulação plano-
axial visível a vista desarmada.
As deformações tardias são locais: dobras desarmônicas em de
terminadas litologias (como os anfibolitos bandados), kink-bands, e aI
gumas ondulações regionais, talvez ligadas a falhamentos ou intrusões
igneas.

UNIDADES LITOESTRATIGRÂFICAS

LIMITAÇÕES AOS ESTUDOS ESTRATIGRÁFICOS


A faixa Jaraguá-Cristais recobre uma seção transversal bastante
significativa das unidades litológicas que compõem o Grupo são Roque. A
representatividade desses pacotes rochosos em relaxãoa toda a unidade
é, no entanto, um ponto questionável. A extrapol.açao de uma eventual
subdivisão litoestratigráfica dessa faixa para todo o Grupo são Roque
tem neste aspecto uma primeira limitação.
Outra limitação a um estudo estratigráfico mais pormenorizado
do Grupo são Roque diz respeito à falta de estruturas reliquiares indi
cativas de polaridade estratigráfica das camadas. O bandamsnto compõ
sicional é quase onipresente, geralmente paralelo a S1 ou X. Ocasiõ
nalmente, a ele se associam feições sedimentares, o que permite carac
terizá-lo como estratificação reliquiar, mas essa qualificação não p~
de ser generalizada.
Uma terceira limitação está ligada aos eventos de deforma2ão s~
perimpostos, dos quais o mais antigo carece ainda de uma definiçao ade
quada, para aquilatar sua influência na geometria do conjunto litológi
co original. De qualquer maneira, nos afloramentos e na maior parte
dos perfis que podem ser construidos na faixa Jaraguá-cristais, a su
perfície de referência para reconhecimento de superposiçÕes lito lógicas
é uma foliação metamórfica (xistosidade ou clivagem ardosiana), em ge
ral paralela ao bandamento composicional. -
As informações acima referidas são fundamentais para que se con
siga reconstruir o empilhamento das seqüências que estiveram submeti
das ao metamorfismo e deformação. Na sua falta, não convém propor ou
adotar designações litoestratigráficas formais, tais como formações
ou membros, conforme as instruções contidas no Guia Internacional de
Classificação Estratigráfica, Terminologia e Uso, da Subcomissão Inter
nacional de Classificação Estratigráfica (sumário publicado em 1972) :
Uma proposta para o Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfia foi
apresentada em 1982 pela Comissão Especial de Nomenclatura da Socieda-
de Brasileira de Geologia, trazendo orientações semelhantes.
Newton (1968) destaca que num estudo estratigráfico deve-se co
nhecer os tipos de rocha com que se está tratando, devendo-se incluir
todos os sedimentos e também as lavas e piroclásticas. Sugere não tra
tar de outras rochas igneas, exceto quando elas forem úteis para datar
os sedimentos. As mudanças de litologias, na vertical ou no horizontal,
são de grande interesse, pois representam mudanças nas condições, quer
temporal, quer lateralmente (variações de fácies) em pacotes estratifi
cados. Para esse autor, os estudos litológicos são antes um meio para
se atingir um fim do que isso em si mesmos, pois devem contribuir na reconstrução
da estratigratia. Esta e caracterizada, portanto, pela combinaçao aas
abordagens histórica e geográfica.
Essas limitações aos estudos estratigráficos para a região pré-
cambriana ora em foco estabelecem diretrizes que não impedem nem inva

3.219
---- --

lidam a distinção de grandes conjuntos ou pacotes litológicos e a ob


servação de relações de ordenação vertical entre elas. Nesse sentido~
utilizando sempre designações de natureza informal, algumas considera
ções relevantes podem ser feitas, com base nos mapas e principalmente
nos perfis geológicos construídos.

PERFIS GEOL6GICOS E UNIDADES PRINCIPAIS


No perfil geológico A-B da Fig. 2 é marcante a associação dos
"níveis" de metaconglomerados polimíticos e metavulcânicas básicas ami5I
daloidais no pacote de metarcóseos, metarenitos e metagravaucas, na re
gião a SW do Morro do Quebra-Pé. As rochas anfibolíticas são também
mais comuns na parte sul da faixa Jaraguá-Cristais. Esse pacote, assim
representado, não foi encontrado em todo o resto da faixa e sua exten
são para SE é truncada pelo batólito da Cantareira. Para W, a unidade
diminui acentuadamente sua área de exposição.
Na região das fazendas Itahyê e Tamboré, os metarcóseos, metare
nitos e metagravaucas são recobertos por pacotes de filitos laminados
com intercalações de quartzitos e metarenitos, do mesmo modo que para
NW do Morro do Quebra-Pé (perfil A-B, Fig. 2), num contato transicio
nal. Estes filitos, de grande expressão na parte setentrional da faixa
(Fig. 1), devem constituir um outro pacote litoestratigráfico (Fig. 3)
juntamente com os micaxistos, xistos porfiroblásticos, xistos com meta
renitos intercalados e filitos grafitosos, cujas diferenças litológI
cas entre si refletem naturais mudanças de composição, além de varia
ções na intensidade dos processos metamórficos.
Dentro desse pacote de metapelitos, encaixam-se na porção sul,
alongadas no núcleo de estruturas sinformais da fase F2, as rochas cál
cio-silicáticas e os anfibolitos bandados, compondo um terceiro pacote
dado provavelmente por metamargas com variável contribuição de tufos
básicos metamorfizados.
Finalmente, na porção setentrional da faixa, o perfil C-D (Fig.
2) mostra a passagem gradual, de sul para norte, dos filitos laminados,
com variado conteúdo em metapsamitos, para ~ quarto pacote, represen
tado por metarenitos bandados com níveis quartzíticos e metarenitos mI
croconglomeráticos. Os últimos níveis poderiam ser considerados basais
a esse quarto pacote litológico, apesar de sua incidência ser apenas
puntual. Na região da Serra dos Cristais, ao longo da Estrada Velha de
Campinas, a passagem dos filitos laminados para os metarenitos banda
dos que ocupam núcleos de grandes sinforrras D2, é acentuada por um notã
vel enriquecimento em termos arcoseanos a microconglomeráticos. -
Em resumo, da base para o topo, quatro seriam os principais pa
cotes litológicos cujas relações de empilhamento podem ser reconhecI
das (Fig. 3) após a reconstrução dos dobramentos de macroescala D2 e
D3 :
A) pacote de metapsamitos impuros: é composto de metarcóseos, metareni
tos e metagravaucas, com intercalações de anfibolitos, metaconglome
rados polimíticos e metavulcânicas básicas amigdaloidais, que prova
velmente dão lugar, para o topo, a níveis metapsamíticos mais puros,
representados por quartzitos;
B) pacote de metapelitos com intercalações de metapsamitos: é consti
tuído de filitos laminados, xistos de diversos tipos, com ou sem
porfiroblastos. As intercalações são de níveis metareníticos e
metagrauváquicos, alguns anfibolitos restritos e rochas car
bonáticas;
C) pacote de metamargas e prováveis metatufos: compreende as rochas
cálcio-silicáticas bandadas e os anfibolitos bandados, aquelas com
alguma possível contribuição tufácea, e estes tidos como quase es
sencialmente dessa natureza eruptiva. ~ provável que essas litolõ
gias cálcicas apresentem uma gradação para termos carbonáticos, cõ
mo os calcários e dolomitos encontrado na região de Cajamar e Pira
pora do Bom Jesus;
D) pacote de metarenitos rítmicos: inclui metarenitos bandados,associa
dos a diversos tipos de filitos, metarcóseos, metagravaucas e quart
zitos. Nas porções basais dessa seqüência podem ocorrer níveis de
metarcóseos e metaconglomerados. Sua passagem para o pacote de meta

3.220
pelitos é em grande parte gradual.
O empilhamento desses pacotes (Fig. 31 é bastante semelhante à
coluna 1 apresentada no traBalho de ffasui et aZo (1976), referente à
região do Sinclinório de Pirapora. Naquela coluna os autores admitem
que a unidade basal do Grupo são Roque seria composta por metapelitos
com intercalações de metaconglomerados na base, sucedendo-se pelo me
nos três ocorrências de possíveis metavulcânicas, além de intercala
ções de quartzitos e rochas metacarbonáticas. Esta seqüência correspon
deria ao primeiro e terceiro pacote aqui reconhecidos, e parte do se
gundo pacote. Foi denominada por aqueles autores Formação Boturuna, sõ
toposta à Formação Piragibu, que serià representada por metassedimen
tos flyschóides (filitos rítmicos e alternância de filito/quartzito).-
Campos Neto et aZo (1983) apresentam para a região das quadrícu
las de Piracaia e Igaratá alguns elementos esquemáticos para a litoes
tratigrafia do Grupo são Roque. Na parte NW dos afloramentos do grupo~
a porção basal da unidade encerraria um pacote de micaxistos com fre
qüentes intercalações de metarcóseos. O esquema litoestratigráficõ
apresentado por esses autores é composto pela seguinte sucessão, da ba
se para o topo: anfibolitos; metarrjtmitos com intercalações de hematI
ta quartzitos, rochas cálcio-silicáticas e quartzitos; metarcóseos rít
micos; metarenitos rítmicos (com espessura estimada da ordem de 1 OOÕ
metros); micaxistos, e filitos com intercalações de quartzitos.
A presença de metarcóseos com maior freqüência na unidade basal
é significativa, podendo ser tomada como um padrão regional na unidade.
Na coluna de Campos Neto et aZo (1983), há diferenças com relação aos
resultados do presente estudo, pois as cálcio-silicáticas são subordi
nadas ao pacote basal de metarritmitos e os metarcóseos e metarenitos
rítmicos se sobrepõem a esse pacote, sem o grande desenvolvimento de
metapelitos que se observa na faixa Jaraguá-Cristais, onde filitos la
minados e xistos variados possuem grande expressão.
A comparação dos pacotes litológicos aqui definidos e sua dispo
sição vertical com aqueles mais a leste e oeste da faixa estudada re
querem investigações sobre a continuidade lateral. Do mesmo modo~ a de
finição de unidades litoestratigráficas formais requer a solução dos
problemas de ordem estrutural anteriormente levantados.

CONCLUSÕES
As principais unidades litológicas presentes na faixa estudada
são os metas sedimentos detríticos, ora predominando os metapelitos,ora
os metapsamitos. Os metaconglomerados têm distribuição relativamente
restrita. Ocorrem também metassedimentos detríticos químicos e quími
cO-detríticos, anfibolitos metabasíticos, anfibolitos bandados, meta=
subvulcânicas riodacíticas e metavulcânicas básicas.
A reconstrução litoestratigráfica das unidades esbarrou em vá
rias dificuldades como a insuficiência de dados sobre a geometria da
deformação FI nas várias escalas, a pobreza de estruturas reliquiares
indicativas de polaridade estratigráfica das camadas e a falta de ele
mentos conclusivos sobre a magnitude da transposição que marcou o fI
nal dos fenômenos FI.
A despeito dessas limitações, os trabalhos permitiram recompor
quatro grandes pacotes cuja sucessão vertical pode ser reconstruída por
meio de mapas geolôgicos e perfis estruturais de detalhe. O pacote ba
sal é constituído de metapsamitos impuros, com intercalações menores
de metaconglomerados, anfibolitos, metavulcânicas, filitos e quartzi
tos. Segue-se uma sucessão de metapelitos, com intercalações de metaE
samitos impuros que passam gradualmente para as duas outras seqüências:
uma de natureza cálcio-silicática com intercalações provavelmente meta
tufáceas, e outra de metapsamitos rítmicos. -
A dificuldade de propor unidades formais a partir dos pacotes
reconhecidos torna, por ora, prematuros os avanços interpretativos de
ordem paleogeográfica e sobre a evolução da bacia original.

3.221
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3.223
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--

FIGURA 1
MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DA FAIXA JARAGUÁ-CRISTAIS
1~c.ntato traNictonol; 2- c~ _fiNdoi 3 - tOlba, .. a lito1oeio de ocorriftc:ia ~ual, ,.. 8eç::ao
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3.224
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3.225

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PACOTES

Metorenitos bondados
Anfibolitos
Metarcóseos
.'.~I'.. .
Filitos laminados
Metarenltos conglomeróticos
Anfibolitos
Filitos rítmicos
Filitos laminodos
C/')
o
LL.
Calcários e dolomitos W~ VJ
Anfibolitos bondados VJet o
etf- !::
c>w
Possíveis metatufitos a::::;; ...J
W
Rochas cálcio-silicótical <I Q.
:::;;1/)
etw <I
f-
f->
w.et I w
Anfibolitos :::;;>
o
:::;;

a:
Rochas cólcio-silicóticos Q.

Micaxistos, xistos porfiroblásticos, xis-


tos com intercalações de metorenitos
Quartzitos
Filitos lominados, filitos grafitosos
. . .,--. ,- Quortzitos VJ
o
. . a:
. -. Rochas meta-subvulcãnicas riodociticas ::>
Q.
Colcórios :::;;

Rochas metavulcãnicas amigdoloidais VJ


~
:::;;
Metoconglomerados polimí ticas <I
VJ
o..
Metarc61eol, metarenitos e metagrauvacos <I
I-
W
Anfibolitos :::;;

FIGURA 3

COLUNA LlTOESTRATIGRÁFICA ESQUEMÁTICA PARA A FAIXA JARAGUÁ-CRISTAIS

3.226
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. RJ. 1984

OS GRUPOS SAO JOÃO DEL REI, CARRANCAS E ANDRELANDIA,_


INTERPRETADOS COMO A CONTINUAÇÃO DOS GRUPOS ARAXÁ E CANASTRA
Rudolph Allard Johannes Trouw - UFRJ
Bolsista do CNPq
André Ribeiro- UFRJ
Fâbio-Vito Pentagna Paciullo
Mônica Lavalle Heilbron -
-
UERJ
UFRJ

Bolsista do CNPq

ABSTRACT
A correlation of the são João deI Rei, Carrancas and Andrelãn-
dia Groups with the Araxá and Canastra Groups is proposed based on de--
tailed mapping at a few localities within those latter groups. The li-
thologies are virtually the same although their proportions are quite va
riable. The structuralhistory, subdivided in three deforrnational pha=
ses is almost identical, and metamorphism in both regions is of the sa-
me Barrovian type.
The purpose of the paper is to present, in a synoptic way, da-
ta on the stratigraphy, absolute ages, structural and metamorphic evolu
tion and associated igneous activity within the supracrustals of the
five mentioned groups, for the region between Passos and Andrelãndia,
southern Minas Gerais.

INTRODUÇAO
Em recentes trabalhos baseados em mapeamentos detalhados, os
Grupos são João deI Rei, Carrancas e Andrelãndia são considerados corno
um conjunto metassedimentar e metavulcãnico, com diferenças laterais de
fácies sedimentar e metamórfico (Trouw et alii, 1980, 19831 Trouw,~983).
Esta interpretação coincide com a conceituação de Ebert (1968, 1971) e
com a configuração expressa em mapas regionais (Fonseca et alii, 19781
Schobbenhaus Filho et alii, 1982). Almeida et alii (1973, 1976) consi-
deram o Grupo Andrelãndia corno prolongamento do Grupo Araxá, integrando
a Faixa Uruaçu, e o Grupo são João deI Rei corno equivalente do GrupoBarn
buí, da Faixa Brasília. Os mapeamentos em nível de reconhecimento, exe=
cutados por Cavalcante et alii (1979) demonstram que os Grupos Andrelãn
dia e Araxá são separados por rochas do Complexo Campos Geraréí, tornan
do assim interpretativa a sua correlação. Almeida e Hasui (1984), se=
guindo Hasui (1982), propuseram o nome Faixa de Dobramentos Alto Rio
Grande para o conjunto dos Grupos são João deI Rei e Andrelândia, inter
pretando-a corno faixa marginal, ao sul do Craton de são Francisco, per=
tencente ao Ciclo Brasiliano.
A dúvida que persiste é se a Faixa Alto Rio Grande'é correla--
cionável à Faixa Brasília, à Faixa Uruaçu, a ambas, ou à nenhuma das
duas faixas. Infelizmente, o número de datações é insuficiente para es
clarecer este problema. -
Mapearnentos detalhados e análises estruturais e microtectõni--
cas, em Capitólio, Passos e Alpinópolis, nos Grupos Canastra e Araxá,
pertencentes à Faixa Uruaçu, demonstraram que estes grupos contem lito-
logias muito semelhantes às dos Grupos são João deI Rei, Carrancas e An
drelândia. A evolução estrutural e metamórfica também é muito parecidã.
Baseada nestas observações propomos aqui, uma interpretação
regional, na qual os Grupos são João deI Rei, Carrancas e Andrelândia
são considerados como a continuação dos Grupos Araxá e Canastra, com a
ligação física coberta pelos sedimentos e basaltos da Bacia de paraná.
Na fi~ura 1 estão sendo delimitadas as principais unidades litológicas
e as areas onde foram realizados mapeamentos detalhados.

3.227

-------
--.-----
------

o objetivo deste trabalho.é apresentar, resumidamente, os da-


dos até agora obtidos, para o conjunto de supracrustais indicado na fi-
gura 1.

TRABALHOS ANTERIORES
Ebert (1956a, 1956b, 1957, 1958, 1968, 1971) foi um dos princi
pais autores que publicou sobre a região enfocada em épocas recentes, e
muito do nosso conhecimento atual deve-se aos importantes estudos deste
pesquisador. Trabalhos posteriores englobam os Projetos Sapucaí e Man-
tiqueira-Furnas (Cavalcante et alii, 1979; Seixas e Silva, 1976), a fo-
lha ao milionésimo Rio de Janeiro/Vitóría/Iguapé (Fonseca et alii,1978),
trabalhos na parte SW de Wernick et alii (1980) e de Wernick e Artur
(1983), trabalhos na parte NW de Schmidt e Fleischer (1978), de Schmidt
(1983) e mapeamentos de folhas 1:50.000 (Morales et alii, 1983; Olivei-
ra et alií, 1983). Recentes trabalhos de detalhe nos Grupos são João
del Rei, Carrancas e Andrelãndia foram realizados por Chrispim (1983),
Heilbron (1983, 1984), Karfunkel e Noce (1983), Karfunkel et alii (1983),
Maciel (1983), Magalhães (1983), Paciu110 (1983), Ribeiro (1980, 1983),
Ribeiro e Heilbron (1982), Trouw et alii (1980, 1982, 1983) ,Trouw (1983)
e Valeriano (1983).

LITOLOGIAS E ESTRATIGRAFIA
Nas figuras 2, 3 e 4 são apresentadas várias colunas estrati--
gráficas, com o objetivo de dar uma idéia global das diferentes litolo
gias e das suas proporções de ocorrência. Muitas outras colunas podiam
ser apresentadas para mostrar variações locais; "por isso, as que aqui
são apresentadas devem ser entendidas como decorrentes de uma escolha
mais ou menos representativa. As espessuras indicadas são estimadas,por
que a intensa deformação não permite uma reconstrução precisa. Fontes e
descrições mais detalhadas acham-se em Heilbron (1983, 1984), Maciel
(1983), Ribeiro e Heilbron (1982), Trouw et alii (1983) e Valeriano
(1984) .

O embasamento é constituído por migmatitos, ortognaisses e gra


nulitos (Grupo Mantiqueira no conceito de Ebert, 1955 e Pires, 1978);
gnaisses bandeados (Gnaisse Piedade), e ortognaisses, associados a fai-
xas vulcano-sedimentares "(Grupo Barbacena no conceito de Ebert, 1955 e
Pires, 1978). Na região de Campos Gerais foi definido o Complexo Cam-
pos Gerais (Cavalcanteet alii, 1979), englobando migmatitos, ortognais
ses e faixas vulcano-sedimentares. -
A sequência superior começa em muitos lugares, com b~ta gna~
ses finos e bandeados, localmente, com aspecto de metagrauvaca com fra~
mentos de feldspato relativamente grandes,e que, em certas áreas, difi-
culta a localização precisa do contato com o embasamento. Acima desta
litologia encontra-se, geralmente, um pacote rico em quartzitos e fili-
tos pelíticps que, onde bemdesenv01vido, foi separado como Grupo Car--
rancas (Trouw et alii, 1980, 1983.e Trouw, 1983). No topo ocorre uma
sequência mais variada, rica em metarcósios, metagrauvacas e metabasi--
tos, ainda com quartzitos impuros e xistos pelíticos, e com níveis cal-
cissilicáticos, corpos ultramáficos e gonditos. Esta última sequência
é típica para o Grupo Andrelândia. Na região de são João del Rei, a es
tratigrafia é algo diferente, com quartzitos e conglomerados, na base;
seguidos por calcixistos com lentes de mármore, sotopostos a filitos
grafitosos, correspondentes ao nível do Grupo Carrancas. No topo ocor-
rem biotita xistos e biotita clorita filitos, que gradam, lateralmente,
para as litologias do Grupo Andrelãndia.
Uma litologia que merece destaque é um diamictito que aflora
dentro dos biotita xistos mencionados acima, nas vizinhanças de Madre
de Deus, e que parece ser correlacionável ao "tilito" descrito por Leo-
nardos (1940) em Carandaí.

METAMORFISMO
O metamorfismo principal que afetou a região é do tipo Barro--
viano. Conforme mostram as isógradas desenhadas na figura 1, o grau
metamórfico aumenta de E para W, nos Grupos Canastra e Araxá e, de N pa
ra S, nos Grupos são João del Rei, Carrancas e Andrelãndia. Esta pola=
ridade parece ter uma nítida relação com o Craton de são Francisco. O

3.228
grau metamórfico varia desde a fácies xisto verde baixo, com estilpnom~
lana, para a fácies xisto verde médio, com biotita, cloritóide er local
mente, cianita, em quartzito. A seguir, grada para a fácies xisto ver=
de alto, com granada, hornblenda e albita, passando para a fácies anfi-
bolito, com estaurolita, plagioclásio e cianita em rochas pelíticas.
Mais ao sul passa a isógrada de ~illimanita. (Fig. 1) e, logo depois, en
contram-se evidências do início de anatexia, na forma de lentes e veios
pegmatíticos concordantes. . .
O gráfico da figura 6 mostra, aproximadamente, a evolução do
metamorfismo regional progressivo, a partir das paragêneses encontradas.
Heilbron (1984) descreve as transições metamórficas entre Itutinga e Ma
-
dre de Deus com muito detalhe.
Schmidt (1983) descreve rochas do Grupo Araxá, nas vizinhanças
de são Sebastião do ~araíso, como eclogitos e granulitos. Estes eclogi
tos são na realidade granada-anfibolitos, que Schmidt interpretou comõ
eclogitos retrógrados, baseando-se na sua textura. Rochas com mineralo
gia e textura semelhantes ocorrem no Grupo Andrelãndia, perto de ArantT
na, juntas com outras que contêm a paragênese almandina-diopsídio-plagfD
clásio, considerada por Winkler (1977) como indicativa da fácies granu":-
lito (ou a zona regional de hiperstênio). Na Serra dos Dois Irmãos, ao
norte de são Vicente de Minas, ocorre uma lente de eclogito em gnaisses
do embasamento, a menos de cem metros do contato com o Grupo Andrelân-
dia. O "emplacement" destes corpos pode bem ser relacionado com cor
pos ultramáficos que se encontram no Grupo Andrelândia.
Crescimento tardio de minerais metamórficos na área abrangida
pelo presente trabalho, parece estar ligado a um segundo evento metamór
fico, de caráter retrógrado em relação ao primeiro (Fig. 5). Nas áreas
de Minduri, Serra do Pombeiro, Madre.de Deus de Minas, ocorrem grandes
cristais postectônicos de cloritóide, clorita e muscovita, relacionados
a este segundo evento metamórfico.
Na área de Madre de Deus este metamorfismo tardio parece ser
associado a veios discordantes, com quartzo, muscovita, clorita e, lo-
calmente, feldspato e carbonato, que tendem a transformarem-se, mais ao
sul, em pegrnatitos discordantes.

EVOLUÇÃO ESTRUTURAL
Em diversos trabalhos foi descrito o caráter polifásico da evo
lução estrutural dos Grupos são João deI. Rei, Carrancas e Andrelândiã
(Trouw et alii, 1980, 1982, 1983; Trouw , 1983; Chrispim, 1983;Heilbron,
1983; Maciel,1983; Paciullo, 1983; Ribeiro, 1983; Va1eriano, 1983). De
urna maneira global, foram reconhecidas três fases de deformação: D1, D2
e D3, respectivamente. Dados sobre os elementos estruturais destas fa-
ses estão resumidos na figura 5. Um padrão de interferência entre do--
bras Dl e D2 acha-se mostrado na figura 7~ Perfis representativos en-
contram-se em Trouw et alii (1983), Trouw (1983), Heilbron (1984), Vale
riano (1984) e no roteiro da excursão na área de são João deI Rei e An=
drelândia, nestes anais.
A evolução estrutural das áreas de Capitólio e de Alpinópolis,
pertencentes ao Grupo Canastra, pode ser resumida da seguinte maneira.
Uma primeira fase, Dl, causou dobras recumbentes, quase isocli
nais, com direção de eixos variando entre WSW e NW. Um exemplo espeta=
cular destas dobras pode ser observado num paredão, no lado norte da
principal barragem da represa de Furnas, próximo à cidade homônima. Nes
tas dobras apertadas, nas quais ocorreu uma deformação dúctil expressi=
va, em quartzitos competentes, chama a atenção numerosas mini-falhas na
zona de charneira. Os movimentos ao longo destas falhas parecem ser,às
vezes, incoerentes entre si, indicativo, ao nosso ver, para heterogenei
dades locais no campo de stress. Algumas destas falhas são dobradas,de
monstrando que, aqui, a deformação dúctil e rúptil alternaram-se -(Fig~
8). Dl causou, além destas dobras, uma clivagem ardosiana, geralmente
subparalela ao So'
Urna segunda fase, D2, gerou dobras assimétricas, com vergência
para sul, na área de Capitõlio. Os eixos são, aproximadamente, E-W,sub
horizontais, e as superfícies axiais têm mergulho suave, chegando ate
400, para N ou NNE. As dobras desta fase são, geralmente, algo mais a-
bertas que as da primeira fase. Em muitos lugares, especialmente nas
litologias micáceas, D2 gerou uma segunda clivagem, S1, frequentemente,

3.229

~---_.._--
--

com caráter de clivagem de crenulação. O tipo de deformação associada


a esta fase é, corno na D1, predominantemente dúctil.
A terceira fase, D3, afetou as litologias em ambiente PT bem
menos elevado. Dobras angulares, "kinks" e numerosas falhas, em várias
escalas, testemunham a atividade desta fase. As superfícies axiais são
geralmente íngremes, com orientação bastante variável entre os rumos NE
e NW, com uma concentração na direção N~S. Os eixos das dobras, subho-
rizontais, geralmente abertas ou suaves, também se concentram na dire--
ção N-S.
Em poucos lugares encontrou-se estruturas indicativas de urna
quarta fase, que se encaixaria entre D2 e DJ' com eixos E-W, subhorizon
tais, e superfícies axiais íngremes, também E-W. Futuros mapeamentos~
talhados poderão avaliar a importãncia regional destas estruturas.
As três fases descritas acima coincidem,em termos gerais, com
as três fases dos Grupos são João del Rei, Carrancas e Andrelândia. A
única diferença reside na orientação dos elementos da DJ que, no Grupo
Canastra, são mais próximos de N-S e nos Grupos são João del Rei,Carran
cas e Andrelândia, de NE-SW. porém, em muitos lugares destes últimos
grupos, encontram-se também direções N-S ou quase N-S, relacionadas a
DJ (Trouw et alii, 1982; Heilbron, 1984 e Valeriano, 1984).

ROCHAS fGNEAS
As rochas ígneas associadas às supracrustais descritas aqui,
são, de urna maneira geral, escassas. Elas podem ser subdivididas em
quatro grupos.
. Rochas interestratificadas, de origem sin-sedimentar
Em diversas colunas estratigráficas (Figs. 2, 3 e 4), sobretu-
do nos Grupos Andrelândia e Araxá, ocorrem camadas de anfibolito, de
espessuras variáveis entre poucos centímetros e dezenas de metros, que
foram interpretadas corno metatufos e/ou metalavas. Urna origem de meta-
marga é pouco provável, porque estas camadas em geral, não são associa-
das a mármores ou rochas calcissilicáticas. Rochas vulcânicas ácidasfo
ram descritas no Grupo Araxá (Fuck e Marini, 1979), porém, na região em
foco, aqui (Fig. 1), por enquanto não foram reconhecidas com certeza.
Em poucos lugares ocorrem camadas finas (até 10 m de espessura) de ro-
chas ultramáficas (clorita xisto, talco xisto, tremolita xisto), concor
dantes. Por enquanto, só se pode especular sobre a origem ígnea ou se=
dimentar destas camadas.
. Corpos ultramáficos
No Grupo Andrelãndia foram detectados numerosos corpos ultramá
ficas, geralmente pequenos (diâmetros de até dezenas de metros), e de
forma ovalóide. Alguns corpos maiores, com diâmetro de vários quilôme-
tros, afloram nas vizinhanças de Liberdade (Magalhães, 1984). Muitos
destes corpos preservaram, em parte, sua mineralogia ígnea, indicativa
de uma origem predominantemente harzburgítica, com bronzitito, dunito e
lherzolito subordinados (Magalhães, 1983). Em geral, estes corpos ul--
tramáficos são considerados corno do tipo Alpino.
. Granitos e pegrnatitos
Na parte sul do Grupo Andrelândia há numerosas evidências de
migmatização por início de anatexia, relacionada ao metamorfismo princi
pal. Os veios e lentes de leucossoma, formados neste evento, são. sem=
pre afetados por D2 e DJ' Eles sâo compostos por quartzo-plagioclásio,
k-feldspato, e pouca biotita e, localmente, pouca turrnalina.
Nas vizinhanças de Seritinga, Aiuruoca e na Serra das Âguas,ao
norte de Larnbari, ocorrem ortognaisses, aparentemente intrusivos e/ou
interestratificados em xistos do Grupo Andrelândia. Estes corpos são
pré- ou sin-tectônicos em relação a D2 e têm composição granodioríticaa
granítica.
Posteriormente às principais fases de deformação (D1 e D2), as
rochas na região sul da faixa integrada pelo Grupo Andrelândia foram
invadidas por numerosos pegmatitos. Perto de Arantina, Liberdade e Car
valhas, afloram corpos graníticos com diâmetro de até vários quilôm~~
cogenéticos a estes pegrnatitos tardi- a pós-tectônicos. Sua composição
é granítica, com bastante turrnalina, muscovita, biotita e, localmente,
granada.

3.230
. Diques mãficos
Duas gerações de diques máficos foram detectadas, A primeira
foi responsável por um conjunto de diques subverticais, E-W, que cortam
os quartzitos e conglomerados do Grupo são João del Rei, nas Serras do
Lenheiro e de são José (Karfunkel e Noce, 1983). Estes diques foram
metamorfisados e sofreram, no mínimo, duas fases de deformação (Valeri~
no, 1984).
A segunda geração de diques de diabásio, totàlmente pós-tect~
nica e pós-metamórfica, é, provavelmente, mesozóica.

IDADE
Ebert (1968) considerou a Faixa Alto Rio Grande de idade prote
rozóica superior e os trabalhos de compilação (Fonseca et alii, 1979;
Schobbenhaus Filho, 1982; Almeida e Hasui, 1984) têm seguido esta inter
pretação. Almeida et alii (1973, 1976) correlacionaram o Grupo Andrelãn
dia ao Grupo Araxá, sugerindo uma idade uruaçuana para o conjunto. -
Propomos neste trabalho uma correlação entre os Grupos são
João del Rei, Carrancas e Andrelãndia e os Grupos Araxá e Canastra, da
Faixa Uruaçu. Entretanto, isto não significa que optamos por uma idade
uruaçuana, pois consideramos que as datações radiométricas disponíveis
ainda são insuficientes para chegar-se a conclusões definitivas.
Dados geocronológicos concretos do conjunto descrito aqui são
extremamente escassos. Ebert menciona, em manuscrito não publicado,
algumas datações K-Ar em filitos do Grupo são João del Rei, que deram
valores em torno de 500 m.a.. Teixeira (com. verbal) e Heilbron (1984)
mencionam um resultado de 1982:t 108 m.a. em granodiorito do embasamento,
ao sul de Lavras, obtido de uma ~sócrona Rb-Sr, rocha total. Esta ida-
de pode ser considerada uma idade máxima para o conjunto de supracrus--
tais.
Uma idade R-Sr convencional, nos pegmatitos tardi-tectônicos do
Grupo Andrelãndia forneceu :t630 m.a. (Heilbron, 1984), assim, tornando
provável que, pelo menos a última parte da evolução metamórfica e estru
tural (D3), seja de idade brasiliana.

DISCUSSÃO
Ainda faltam muitosmapeamentos detalhados na região abordada
aqui, para confirmar as correlações propostas. Sobretudo, deve ser es-
tudada a transição entre o Grupo Andrelãndia eos charnoquitos e rochas
afins do Complexo Varginha-Guaxupé, e a transição entre os Grupos Andre
lãndia e paraíba do Sul. -
Outro assunto que merece atenção é a transição entre os Grupos
Andrelãndia, Itapira e Ampa=o.
Sem que estes assuntos sejam satisfatoriamente esclarecidos p~
rece-nos prematuro especular sobre modelos geotectônicos.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pelo auxílio concedido, através do Proces-
so 40.1858/81. Somos também gratos à FINEP, pelo apoio financeiro,
através do Convênio IG-UFRJ/FINEP n9 53/82/0657/00.
Agradecemos ainda, pelas discussóes valiosas e leitura crítica,
aos colegas Joel Gomes Valença e Fernando Roberto M. Pires. Contribui-
çôes significativas foram fornecidas por cláudio de Morisson Valeriano
e Antônio Carlos Magalhãe~ e por Alexis Nummer que fez os desenhos.
Os resultados do mapeamento em Capitólio, são frutos de um es-
tágio de campo, do qual participaram a turma da UFRJ de 1980, além de
Luís Sérgio Amarante Simões, Rogério R. da Silva e Sheila M.B. Bittar.

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10

B- PIIOVÁVEL PERCUIISO

SEGUNOO W'NKLEI!(I977).
NO GRÁI'ICO Pf, CUlANTE

NÚMEIIOS CE 107
O METANCIII'ISMO REGIONAL PRlNClPIIL.

INDICAM _GENESD ENCONTRADAS.


UNHAS CE 190AEAÇAÕ

PADRAÕ DE IN'reRFERÊNClA DEDa!RAS 1:\ E 9zEM GNAISSESIIANOEADOS DOtRJPOIONDRELÂNOIA,NAÁREAA"1oE rEL.AMBARI;MG,


[3-

-----.

3.239
3.240
ANAIS DO J.<?<XIIICONGRE5.S0 BRASILEIRODE GEOLOGIA, RIO DE JANI;IRO,19B4

SEDIMENTAÇÃO E VULCANISMO DURANTE O CICLO BRASILIANO NO RIO


GRANDE DO SUL: UMA REVISÃO

Hardy JOIt - UnB

Recently, the narrow low grade metassedimentary and younger


undeformed sedimentary belts of the central parts of the SUlriograndense-
Urugayan shield have been interpreted as a late Proterozoic ~lfwithin
a continental margin province that evolved synchronouslywith the ~
and closing of the Proto-South Atlantic Ocean, from Late Proterozoic
through Eo-Paleozoic time.
The selection of tectono-stratigraphic units, the comparison
of their relative chronologies, the identification of sedimentary envi
ronrnents, the evaluation of lateral and vertical facies changes,and the
stiles of sedimentation as responses to tectonics resulted in a deposi
tional history that can be broken into four oroad term phases: (a) con
tinental rupture and extension phase, (PJ euxenic-volcanic phase, (C)
early mollasse phase and (~J late mollasse phase. Each phase is caract~
rized by a number of distinctive sedimentary units within a complex
assembly of deposits. The transition between a-b and c-d is made both
by decreasing deformation and metamorphism and by inversion of paleocur
rents. -
Evidence from thickness and facies change suport theconclusion
that sedimentation during the two early phases formed a thick eastwaid
facing mioclinal prism resting on older ensialic basement. Deformation
of the prism is atributed to orogeny with rising magmatic arc and the
development of retroarc basins which contain the early and late mollasse
phases.

A criteriosa seleção de unidades tectono-estratigráficas, a


comparação de suas cronologias relativas, o reconhecimento de ambientes
de sedimentação e a avaliação das relações faciológicas permitem enten
der os terrenos do Proterozóico Superior-Eopaleozóico (Ciclo BrasiliaIDl
do Rio Grande do Sul como parte de um contexto paleográfico envolvendo
uma margem continental do tipo atlântico a qual evoluiu para uma margem
do tipo pacífico.
Dentre os vârios modelos de evolucão geotectônica p~~ pa
ra a região por Hasui e colo (1975),Ribeiro'e colo (l978a,1978b),Poradã
(1979), Jost (1981), Issler (1982) e Fragoso-Cesar e colo (1982 a e b),
pouca atenção foi dispensada para o estudo mais acurado dos estágios e
fácies sedimentares e fases de vulcanismo pré-orogênicos de margem s~
sidente, bem como da correspondente cobertura cratônica. Â luz de novos
dados, impõe-se igualmente uma reavaliação dos estágios de sedimentação
molássica. -

3.241

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A intenção do presente trabalho é reunir, de modo sintético,
as características do ernbasamento pré-Brasiliano e descrever os está
gios de evolução deposicional dos terrenos Brasilianos, caracterizar os
estilos de transições entre eles, as interrelações de fácies e fornecer
subsídios para o refinamento dos modelos geotectônicos propostos por Po
rada (1979), Jost (1981) e Fragoso-Cesar e colo (1982b).

O ERI3ASAME:m.'O PlU!:-BRASILIANO

Rochas atribuídas ao ernbasamento pré-Brasiliano no Rio Grande


do Sul estão expostas em três áreas do escudo (fig. 1): .(a) no terço
~
este, (p) no interior de terrenos Brasilianos metamorfisados, formando
o núcleo de domos gnaissicos e (c) no domínio oriental, como cunhas flan
queadas por lineamento transcorrentes. -
Datações radiométricas obtidas por Formoso (1972), Issler e
colo (1973) e Cordani e colo (1974) sugerem que o ernbasarnento pré-Brasi-
liano na região contém pelo menos duas unidades maiores que diferem na
natureza das associações litológicas e na resposta geocronológica.
Urna das unidades aflora no núcleo dos domos gnáissicos do do
mínio mediano e no terço ocidental do escudo (fig. 1). Está constituídã
de associações de ortognaisses de fácies anfibolito superior a granul!
tico que, em parte, circundam remanescentes lineares, sinformais, vulca
no-sedimentares e plutônicos de "greenstone" de fácies xisto verde a an
fibolito inferior. Gabros intrusivos em alguns "greenstone" forneceram
idades K/Ar mínimas de 2,19 b.a. (Gabro de Mata Grande) e alguns gnais
ses datam de no mínimo 2,26 b. a. (Gnai sses Encantadas). Os agrupamem tos
li tológicos des.ta unidade maior podem, pois, ser correlatos ao Ciclo
Transamazônico (2,1-1,8 b.a.) ou talvez até ao Ciclo Jequié (2,7-2,5 b.
a.) .
A outra unidade ocorre na região de Encruzilhada do Sul e foi
outrora designada corno Formação Carnbaí (Goni e colo, 1962), redefinida
recentemente por Frantz (1984) como Suite Gnaissica Arroio Chanã.Ela es
tá constituída de uma sucessão de paragnaisses de fácies anfibolito su
perior (silimanita-gnaisses, rochas cálcio-silicatadas, mármores e ~~
ses quartzo-feldespáticos) intrudidos por um maciço anortosítico (Anor
tosito Capivarita).Granulitos ainda inéditos ocor~em no extremo SE. -
A maior parte dos gnaisses, no entanto, está transformada em
blastornilonitos associados a grandes lineamentos transcorrentes, o que
em muito dificulta a sua interpretação e a datação por meios radiométr!
coso Ainda que a maioria das idades obtidas para este bloco recaiam no
intervalo do Ciclo Brasiliano (700-550 m.a.), alguns granitos intrudi
dos nos gnaisses mostram idades mínimas de 1,0 b.a. (Cordanie 001.,1974):-
Em particular pela associação do maciço anortosítico de Capi
varita com gnaisses de alto grau metamórfico, o bloco de Encruzilhadã
assemelha-se a terrenos que Condi e (1976) atribue ao intervalo situado
entre 1,7 e 1,1 b.a.. Isto sugere que a região pode, eventualmente, re
presentar um domínio de idade Uruaçana (1,2-1,0 b.a.), ou mesmo Transã
mazônica, reciclado no intervalo Brasiliano.

Em termos amplos, a história deposicional do Proterozóico Su


perior pode ser desdobrada em quatro estágios, a saber:l)estágio de rUE
tura e extensão crustal, 2) estágio euxênico-vulcánico, 3) estágio de
molassas pre~ e 4) estágio de molassas tardias. A distribuição geogr~
fica destes estágios está esquematizada na figo 2.
A transição da sedimentação dos dois estágios iniciais para
os seguintes é marcada por uma diminuição na intensidade da deformação
e metamorfismo, na mudança do caráter da sedimentação e maturidade dos
detritos e na inversão do sentido do transporte.

I[) ES'!'AGIO DE RUPTURA E Er.rENSÃO CRUSTAL


As fases iniciais do desenvolvimento do Ciclo Brasiliano na

3.242
região estão associadas a um processo ~e,odinâmico que requer uma ruptu
ra do craton pré-Brasiliano com formaçao de "grabens" de larga escala-;-
talvez culminando com'a separação de núcleos continentais. Entretanto,
as falhas marginais dos "c:trabens"foram obs'curecidas por sedimentação
e atividade magmática e por deformação s~sequente.
Evidéncias diretas de magmatismo contemporáneo aos estágios
de "rift" e sedimentação são, por enquanto, escassas e compreendem: (a)
alguns anfibolitos que recortam a ínfraestrutura do Domo de Santana
(Gnais'ses Encantadas) e que, na supraestrutura, estão restritos a cor
pos concordantes na Base do Grupo Cerro dos Madeiras (Jost e Bitencour~
198Q), (bl as pequenas ocorrências de metabasitos e serpentinitos naAn
tiforme Capané (c):os metatufos e metavitrófiros intermediários a ácr
dos do alinhamento marcado pelas mineralizações de Primavera e Andrade-;-
a SW de Caçapava do Sul e (d) diques,sills, derrames básicos e tufos á
cidos intercalados na sequência sedimentar indeformada (Formação Marica~
que age como coBertura cratônica coeva aos depósitos metamorfizados.
A relativa escassez de metabasitos, comparada com vulcánicas
e hipabissais intermediárias a ácidas, a preferência dos netabasitos por
secções basais da sedimentação do estágio de ruptura, a auséncia de ti
picas associações ofiolíticas, a relativa escassez de rochas ígneas com
parada com a domináncia de sedimentos clásti.cos e químicos e o caráter
ensiálico do embasamento pré-Brasiliano sugerem que, durante este está
gio, a região não foi palco de evolução de crosta oceánica. A atividade
magmática parece ter sido inteiramente controlada por fraturas antigas
que recortam o embasamento pré-Brasiliano e por falhas sincrônicas à se
-
dimentação. ,

Enquanto o magmatismo foi ocasional, a sedimentação 'foi volu


mosa e, de oeste para leste, podem ser reconhecidas 4 (quatro) zonas(fr
gura 31 caracterizadas por diferentes fácies sedimentares, taxas de se
dimentação e subsidência, profundidades e espessuras. Estas zonas com
preendem: a Cobertura Cratônica, a Franja Mioclinal Externa, ã
Franja Mioclinal Interna e a Zona de "Back-arc".
A) Cobertura Cratônica - Rochas da cobertura cratônica estão
expostas entre os kms 222 e 213 da rodovia são Sepé-Caçapava do Sul. A
sequência tem cerca de 6.000 m de espessura de rochas sedimentares, 10
calmente vulcânicas, anqui-metamórficas e ligeiramente deformadas. Rõ
cha~ desta ~cção foram designadas por Ribeiro e Carraro (1971) de F~E
maçao Vacac~ nao xistosa e Jost e Hartmann (19841 sugerem ser a secçao
semelhante à Formação Maricá, na concepção originalmente proposta por
Leinz e colo (1941), ao invéz da de Grupo Maricá na nova concepção pro-
posta por Santos e colo (1978).
Nas proximidades do km 222 da rodovia são Sepé-Caçapava do
Sul, a secção de cobertura possui embasamento granitóide, mas no rumo
SW assenta sobre um "greenstone" e, no bordo do Planalto da Ramada, so
bre "greenstone" e gnaisses.
No perfil indicado (fig. 3A) ocorrem três sequéncias litológi
cas: Ci) a sequência arcoseana basal, (ii) a sequência vulcano-sedimen=
tar intermediária e (iii) a sequência pelito-carbonatada de topo.
A sequência arcoseana basal (300m) - Consiste de arcóseos e
pelitos intercalados. -----
Os arcóseos possuem uma granulacão fina a média, uma cor ver
de clara, são geralmente maciços, localmente com laminação cruzada ou
plano-paralela e possuem um arcabouço de quartzo e plagioclásio Coligo
clásio e andesina), k-feldspato, biótita, clorita e mesmo anfibólios su
bordinados.
Os arcóseos estão interestratificados e em contato brusco com
siltitos e argilitos micáceos, de coloracão verde a verde acizentado,por
vezes com laminação paralela ou cruzada. >0 cimento dos arcóseos e dos
pelitos é silicoso.
Os arcóseos mais basais possuem, em média, 1,5m de espessura
e os pelitos não ultrapassam 0,3 m. Esta relação inverte-se rapidamente
para o topo e, na metade superior da secção, os pelitos alcançam até

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----- ~--
---

2,0 m de espessura, enquanto os arcóseos raramente atingem 10 cm. Esta


variação indica transgressão, afastamento da área fonte e aprofundame~
to da lâmina d'água relativamente velozes.
A ausência de uma granoclassificação vertical positiva ou ne
gativa entre pares' de bancos de arcós-eos e pelitos, a inexistência de
turboglifos e outras feições de corrente de turbidez, o caráter maciço
dos arcóseos e pelitos e a ausência de conglomerados s~gerem que a depo
sição não foi controlada por correntes de turbidez, mas por fluxo lamI
nar rápido. Por outro lado, a escassez de material intersticial finõ
nos arcóseos sugere que a carga clástica esteve sob regime de contínua
lavagem durante o transporte, o qual, a julgar pela granulometria fina
da fração areia, deve ter ocorrido por distâncias moderadas' a longas. -:E';
notável a ausência de marcas de ondulação e feições de corte e preen
chimento no topo dos estratos de arcóseos. -
Asequência vulcano-sedimentar Cl,500m) - Assenta em contato
brusco, localmente falhado, sobre a sequência precedente. Ela mostra ca
madas de arenitos intercalados de pelitos, localmente paraconglomerado~
e arcóseos, todos comcoloração em tons de verde. Arenitos ortoquartzíti
cos brancos são mais raros. -
A granulometria dos arenitos varia entre fina e grossa,ocasio
nalmente muito grossa. A sua composição, de acordo com a classificaçãõ
de Crook (~~73), varia de grauvacas pobres em quartzo (menos de 15%) a
grauvacas com moderado quartzo (15 a 65%), e possuem plagioclásio, piro
xênio e/ou anfibólio. A presença, por vezes, de piroxênio zonado sugere
proveniência vulcânica.
A estratificação e laminação plano-paralelas, laminação cruza
da e de "ripple", o calibre e o caráter textural bimodal dos arenitos
sugerem um ambiente subaquoso raso. O calibre grosseiro da fração areia,
com granodecrescência ascendente, indicam que esta sequência foi,talvez,
gerada por um soerguimento da área fonte, o qual se atenuou no decurso
da sedimentação. Ao mesmo tempo, a predominância de detritos de . rochas
vulcânicas (piroxênios zonados, andesina, anfibólios) sugerem que o so
erguimento tenha se originado por vulcanismo de caráter intermediário.A
geometria dos estratos e o ambiente raso permitem sugerir que esta se
quência representa sucessões de leques que bordejavam aparelhos vulcânI
coso
Para-conglomerados intraformacionais são rochas f~ms nes
ta secção. O arcabouço varia entre o grânulo e o bloco, não possui arr~
dondamento nem esfericidade e indica que parte da sequência foi deposi
tada às expensas de uma alimentação de detritos gerados internamente nã
bacia.
Os pelitos interestratificados com os arenitos e conglomera
dos possuem cor verde clara, são em geral maciços, com rara laminaçãõ
grosseira plano-paralela ou mesmo uma estratificação plano-paralela in
terna. são constituídos por uma massa de argilo-minerais, com pouco
quartzo e, 'localmente, pequenos cristais de piroxênio. Os contatos com
os arenitos são bruscos, por vezes gradacionais. Ao contrário da sequên
cia terrígena inferior, tanto arenitos quanto pelitos diminuem de espes
sura da base para o topo; indicando progressiva redução no volume de
clastos. Em ambos, o cimento é silicoso e/ou carbonático, o que -indica
um aumento na participação de carbonatos no ambiente em relação à sec
ção arcoseana basal.
~ sequência pelito-carbonatada (4.200m) está caracterizada
pelitos (~rgilitos e siltitos), arenitos grauváquicos muito finos e, 10
por
calmente, páraconglomerados intraformacionais, e calcários, todos de cõ
loração em tons de verde. O cimento predominante é carbonático (ankerI
ta, calcita, siderita, mais raramente dolomita), secundariamente sulfe
tado (pirita, calcopirital, silicoso e/ou argiloso. Os pelitos,arenitos
e calcários são finamen~ laminados e a espessura dos estratos individu
ais varia entre 2 cm e 3 111. -
Areni.tos finamente laminados, por vezes de "ripple",calcários
conglomeráticos, estrut~ras do tipo "flaser", laminação convoluta e de
corte e preenchimento, e a geometria lenticular dos estratos arenosos

3.244
- ..-

sugerem deposição da sequência pelito-carbonatada em plataforma rasa,


sujeita à ação demarês capazes de retrabalhar 05 sedimentos recém de
positados. Por outro lado, a presença de sulfetos nos pelitos e a suã
coloração original sugere que o amô~ente foi. redutor.
Como indi.cam os tufos andesit~cos e os quartzo-pórfiros, uma
atividade vulcãni.ca ocorreu concomi.tante à sedimentação, particularmen-
te importante ao longo da secção de topo. A avançada alteração hidroteE
mal destas rochas e a presença de tufos sueaquosos finamente laminados
e camadas de chert com siderita indicam atividade vulcãnica subaquosa.O
volume de magma, no entanto, não alcança 1% do total da sequência. ~ im
portante destacar que este vulcanismo'produz a recurrência de grauvacas
similares às de sequência vulcano-sedimentar intermediária.
Bl A Franja Mioclinal.Ex:terna - Esta secção [figo 3B) é meta
mórf:ica e estã fiem exposta em torno do batólito de Caçapava. As condI
ções de metamorfismo variam entre a fácies ~stos verdes (zona de clorI
tal e anfibolito inferior (zona da estaurolital na direção do granito.-
A NE do granito se observa a passagem gradual entre a zona de
cobertura cratónica e a franja mioclinal externa, manifestada através
da aquisição gradativa de uma folhea~ão metamórfica (Ribeiro e Carraro,
1971). Com efeito, devido à deformaçao provocada pela intrusão do gran~
to na franja mioclinal externa, formou-se uma larga sinclinal de char
neira subhorizontal, ligeiramente curvilinear, conformando obliquamen=
te o contorno norte deste. O flanco norte da sinclinal contém os estra
tos da cobertura anquimetamórfica, enquanto que o flanco sul contém ã
sequência de franja, metamórfica.
A intrusão sintectónica (Bitencourt, 1984) do granito Caçap~
va seccionou irregularmente a estratigrafia epimetamórfica e soergueu-a
sob a forma dômica expondo secções estratigráficas diferentes da miocli
nal em distintas posições geográficas, o que à primeira vista, dificuI
ta a correla~ão entre as secções. -
Ate o presente, não foram observadas secções de meta-arcóseos
intercalados com metapelitos equivalentes àquelas que ocorrem na base
da cobertura, o que é, provavelmente, devi.do ao seccionamento irregular
do arranjo estratigráfico dos epimetamorfitos pelo granito.
No flanco oeste, entre o contato do granito com os epimetamor
fitos e a região do Cerro Urumbeva, a sequência pré-metamórfica é com
posta por cerca de 2.000 m de grauvacas grosseiras, com raros arcóseos;
interacamadados com tufos e pelitos, todos de :coloraçãoverde e, eventu
almente, com finas lentes de calcário branco. Em direção norte, esta se
quência terrígena descreve um arco em forma de cunha, contornando o grã
nito. Alguns afloramentos ainda ocorrem no limite norte do batólito,mas
desaparecem no bordo leste. Localmente, como na Mina Primavera a SW de
Caçapava, ocorrem meta-lavas vitrofiricas em finos horizontes, interes
tratificadas com meta-tufos e meta-cherts mineralizados a cobre.
A NW ~ Norte da sequéncia acima descrita e a NE e Leste do
granito, ocorrem cerca de 5.000 m de metapelitos com intercalações de
metapelitos ankeríticos, metagrauvacas finas e lentes de calcários bran
coso As litologias são finamente lamínadas e suas estruturas primárias
e organização interna, bem como o modo de associação, assemelham-se à
sequência pelitico-carbonatada do topo da cobertura.
~ importante observar a grande semelhança litológica entre os
protólitos da cobertura e a secção no entorno do batólito de Caçapava.
Algumas diferenças no entanto, são notáveis. Relativamente à cobertura,
a mioclinal externa já é metamórfica, mostra um aumento de espessura de
no mínimo 1.000 m, sem considerar as frações truncadas na base pelo gr~
nito e no topo pelas molassas, possui protólitos de granulação mais f!
na e mostra um aparente aumento na frequência de lentes de calcário.
Cr ~ Franja MioclinalInterna - (f:!:g.3C e 3D) - As condições
gerais da sedimentaçao na franja interna estao impressas no Grupo Cerro
dos Madeiras (Jost e Bitencourt, 19801. Este constitui a supraestrutura
do Domo de Santana e aflora em toda a região do Anticlinório Capané, a
norte do domo, e no Sinclinório Arroi.o Boici, a sul. O alinhamento bali

3.245
-----

zado por estas estruturas situa-se a leste das seccões anteriores,sepa


rado por ~a faixa de cerca de 50 km de largura de depósitos das fases
molássicas precoce e tardia, retidas em urna calha sinclinória.
Os primeiros depós~tos sedimentares desta zona estão represen
tados pela Formação Arroio dos Neves, cuja secção mais espessa (2.000mT
ocorre no Domo de Santana. A -unidade compõe-se de meta-arcóseos de gra
nulação fina intercalados com metapelitos rmica-xistos variados,com gr~
nada ou estaurolita} e raras e finas lentes de meta-arenitos ortoquart
ziticos de granulação fina, que assentam sobre o embasamento antigo ~
naisses Encantadas}.
A sequência clastica inferior dá, bruscamente, lugar a um ho
rizonte estratigráfico (~ormação Arroio Olaria} caracterizado pela abun
dância de quartzitos e metapelitos. No Anticlinório Capané, este horI
zonte tem 500 m de espessura, mas alcança 2.000 m no Domo de Santana.Os
quartzitos são brancos ou rosados, de granulação muito fina, por vezes
laminados, mas na maioria originalmente maciços e isentos de estruturas
primárias sedimentares. No flanco norte do Domo de Santana,os quartzi~
gradam, por vezes, lateral e verticalmente, para formações ferríferas
laminadas, com hematita disseminada, e estas para lentes de hematita ma
ciça, localmente laminada.
Os metapelitos, por outro lado, são bem mais espessos que os
quartzitos. Possuem granulação fina, com remanescentes eventuais de uma
fina laminação sedimentar transposta.
Cabe destacar que, enquanto no Anticlinório Capané a Formação
Arroio Olaria mostra abundantes lentes de calcário associadas com os
quartzitos, no Domo de Santana e no sinclinório Arroio Boici estas estão
ausentes.
Sobreposta à Formação Arroio Olaria, ocorre uma sequência com
mais de 1.500 m de espessura de metapelitos (Formação Irapuazinho), Ia
minados, com intercalações de calcários tanto no Domo de Santana quantõ
no Anticlinório Capané. Em todas as regiões onde ocorre, esta unidade
está truncada, no topo, por falhas ou por sedimentação mais moderna, o
que dificulta a estimativa de sua espessura original, certamente supe
rior a 1.500 m. No flanco leste do Domo de Santana, os metapelitos es
tão acompanhados de metamargas finamente bandadas e ribmadas, além de
calcários.
O contato entre as formações Arroio Olaria e Irapuazinho é
transicional, por diminuição progressiva da espessura dos quartzitos em
favor de um aumento na espessura dos metapelitos e pela substituição das
formações ferriferas por finas bandas de quartzito com hematita e espes
sartita. -
Urna das questões comumente levantadas e discutidas no setor
de franja mioclinal interna é a origem dos quartzitos. A associação dos
quartzitos com formações ferríferas no Domo de Santana e com calcários
no Anticlinório Capané, sua granulação extremamente fina, a ausência de
estruturas 'sedirnentares típicas de depósitos detríticos, a escassez de
micas, a ausência de fases detriticas densas (ilrnenita, apatita, zircão
e outros), as evidências de aprofundamento da bacia de oeste para leste
e a ausência de quartzitos associados com calcários na região mais ex
terna (Caçapava do Sul} e de arenitos ortoquartzíticos na sequência de
cobertura indicam que os quartzitos da franja interna são, oricrinalmen
te, cherts. Várias feições relacionadas com as formações ferríf~ras tais
corno (a) a ausência de minerais de Ni, Co ou Cu, (b) a íntima associa
ção com ortoquartzitos puros, brancos e espessos, (c) a proximidade de
calcários e (d) a falta de evidências de rochas vulcânicas sugerem que
a paleografia deve ter sido mais atuante na formação da associação da
associação de quartzitos e formações ferriferas do que urna atividade vul
cânica. Não se excl~, entretanto, a possibilidade de serem estes depõ
si tos, em parte, vulcanogênicos di:stais. -
A associação de meta-cherts e calcârios no Anti.clinório Capa
né e o seu divórcio no Domo de Santana e no Sinclinório Boici sugerem
diferentes profundidades de sedimentação da Formação Arroio Olaria e~
tre as duas regiões. Cherts e argilitos, sem carbonatos, indicam prec~

3.246
pitação abaixo da profundidade l~te de deposição dos últimos. Assim,
pode ser atribuída '\.Unaprofundidade maior para as fácies Santana-Boioci
em relação às de Capané, o que pode indicar o balizamento da transição
entre a plataforma e o talude continentais. Esta sugestão é corroborada
pela diferença .de espessura para o mesmo fi.ori:zonteestratigráfi.co, de
500 para 2.0aO m, respectivamente, no Anticlinório Capané e no Domo de
Santana.
Dt A zona de "Back:-arc" - (fig. 3EI - Até o presente, não há
evidénci.as de-que fácies turbiditicas °de mar profundo tenham se desen
volvido na secção metassedimentar Bras:iliana. Se condições de deposiçãõ
profunda tivessem ocorrido, as fãci.es correspondentes deveri.am estarsf
tuadas a leste do ali.nhamento de estruturas de Santana-Capané-Boici. En
tretanto, o flanco ori.ental destas estruturas está cavalgado e truncadõ
por epimetamorfitos (Complexo Cerro da Arvore), também Brasilianos, que
encerram um arranjo litológico diferente, suprimindo a continuidade, p~
ra leste, da sequência da franja mi.oclinal interna.
Entretanto, a chave para a reconstrução das rela~ões entre as
fácies anteriores e as profundas talvez esteja na associaçao estratigr~
fi.co-estrutural da zona de "thrust". A faixa carreada está, em parte,es
truturada segundo uma possante antiforme de arrasto, devido a deslocã
mentos transcorrentes ao longo dos seus limites orientais. A charneirã
da anti.forme tem caimento de aproximadamente 450 para norte, o que, com
binado com o declive topográfico regional voltado para o sul, resultou
na exposição da dobra muito próximo da sua secção transversal.
Os estratos que compõem a estrutura da zona de "thrust" estão
organizados em quarto associações metamórficas que, do núcleo da. anti
forme para os flancos, estão ass{m constituídas:
a) - cerca de 1.000 metros de filitos cinza chumbo, isentos
de estruturas primárias, extremamentes monótonos, intensamente deforma
dos e com i.ntercalações locai.s de meta-cherts. O limite deste pacote
com o sobrejacente se faz através de uma faixa de cerca de 200 m de mi
lonitos dobrados, em conformidade com a dobra de arrasto~
b) - 1.500 metros de fi.litos claros, laminados, de áquas ra
sas, ritmicamente interestratificados com filitos quartzosos e-quartzo=
xistos. As camadas têm espessuras inferiores a 1 m. Para o topo, fi li tos
claros intercalam-se com lentes de filitos carbonosos~
c) - 1.000 metros de cloritóide xistos, por vezes carbonosos,
laminados e interestratificados com meta-lavas traqui-andesiticasvesi
culares e almofadadas, grafita xistos, alguns com sulfetos maciços, for
mações ferríferas em bandas e raros quartzitos micãceos~ -
d1 - 1.000 metros de meta-quartzo-pórfiros e quartzo-feldspá-
to pórfiros, acamadados e laminados, com intercalações de lavas vesicu
lares, metatufos lapílicos e horizontes de meta-chert.
A espessura do pacote carreado foi, originalmente,es
timado por JostO (1981) em torno de 7.000 m. Entretanto,a reconsiderã
ção mais detalhada de aspectos estruturais mostra que a sua organizaçãõ
interna é muito complexa e que a maioria dos blocos, além de dobrados e
transpostos, estão dispostos segundo lâminas sucessivas de "thrust" car
readas de leste para oeste. Somente em alguns locais o mapeamento de cã
madas guias permite estabelecer uma estratigrafia. Nestes casos, as su
cessões mostram espessuras mais reduzidas do que as fácies plataformai~
A partir da condensação das feições estruturais e litológicas
da zona de "thrust", foi possível concluir que o espesso pacote carrea-
do do Complexo Cerro da Ârvore está constituído de pelo menos duas se
quéncias principais, separadas por uma zona de milonitos, isto é, ta) os
filitos cinza chumbo de águas profundas do núcleo da antiforme de arras
to e (b) a porção metavulcância subaquosa de ambiente raso. -
Os filitos do núcleo são monótonos e não mostram estruturas
primárias sedimentares de porte, a não ser uma rara laminacão muito fi
na, o que, cornhinado com a grande espessura e a intercalaçâo, ainda que
eventual, de metacherts brancos, sugere que. este pacote pode represe~
tar uma fina sequéncia de sedimentos argilosos profundos.

3.247
---

A coexistência de fili,tos e cherts de águas profundas com se


quências teatonicamente superpostas de produtos vulcano-sedimentares e
vulcânicos de águas rasas pode ser explicada através do processo de car
reação, o qual normalmente progride de modo pulsativo. Impulsos tectônI
cos iniciais devemter carreado o pacote vulcânico de águas rasas por
sobre os filitos de águas profundas de leste para oeste. Impulsos subse
quentes devem ter mesclado ambas sequências em um único pacote de "thrust":-

Em alguns locais Cfigs.3B e 3D},


como a sul do Passo Feio (Ca
çapava do Sul} e a SW do Domo de Santana, o topo das fácies pré-orogênI
cas está encoberto, através de uma descontinuidade, por algumas cente
nas e até milhares de metros de metapelitos de granulação muito finas-;-
ricos em matéria carbonosa, laminados e localmente com estrutura ritma
da fina. Vulcanismo, ainda que escasso, acompanha as fácies eux§nicas.-
A transição entre a plataforma pelito-carbonatada e os meta~
sedimentos transicionais euxênicos é abrupta. A separação se faz, como
no Passo Feio a sul de Caçapava CFeldmann e col., 1983}, mediante cerca
de 200 m de espessura de metapelitos, com intercalações de clorita xi~
tos e,anfibólio xistos com feldspatos pré-metamôrficos, possivelmente
representando meta-andesitos a meta-basitos. Para o topo, ocorrem mais
de 2.000 m de metapelitos finos, em geral ricoS em matéria orgânica, in
terestratificados com quartzo-pórfiros.
A abundância de matéria orgânica carbonosa indica que a se
quência foi depositada lentamente em bacias euxênicas com elevadas tã
xas de sedimentação e subsidência, possivelmente ao longo das porções~
dianas entre as franjas mioclinal Externa e Interna.

Durante o estágio de molassas precoces desenvolveram-se três


fácies: (a} a fâcies de leques aluviais, Cb} a fácies flischóide e (c)
a fácies deltaica. Enquanto as duas primeiras CFormação Arroio dos No
bres) ocorrem em calhas superimpostas aos epimetamorfitos Proterozóicos
e constituem fácies laterais-uma da outra, a terceira transgride a Zona
de Cobertura Cratõnica como fácies independente [figo 3F}. '

Como se observa em sondagens da área da Mina Camaquã CBadi,


1984) e afloramentos da região de Santana da Boa, um escasso magmatismo
andesítico parece ter ocorrido durante a sedimentação das fácies de le
ques e flischóide. Esta manifestação é desconhecida na fácies de delta-;-
onde andesitos e riólitos do EoPaleozóico a recobre na área de sua
ocorrência a NW de Caçapava do Sul.
a} -
A Fácies de Leques Aluviais (Formacão Arroio dos Nobres-
Membro Vargas) =- Esta fácies esta constituída, em algumas áreas, por
mais de 2.0'00 m de espessura de conglomerados, arenitos e arenitos con
glomeráticos de cor cinza, cinza esverdeado ou branco, dispostos comõ
cunhas, lentes e camadas, geralmente isentas de estruturas primárias
significativas. O arcabouço dos conglomerados varia entre grânulo e ma
tacão, por vezes com mais de 1 m de diâmetro, e é composto por propor
ções variadas de granitóides, rochas catacl~sticas, gnaisses e produtos
vulcânicos. A matriz dos conglomerados não é estratificada e possui uma
composição arcoseana. O cimento é carbonático, silicoso, feldspático e
também sulfetado (pirita, calcopirita, bornita ou, então, pirita,blend~
galena). Barita é cimento ocasional.
A ocorrência de marcas de ondulação, laminação de "ripple" e
a localizada estratificação cruzada acanalada do Membro Vargas sugerem
deposição subaquosa rasa. A espessura dos estratos, variável entre al
guns em e vários metros, e a natureza mal selecionada dos conglomerados
e arenitos, independente de espessura, sugerem que durante a deposição
o ambiente foi incapaz de retrab~lhar a carga clástica. Por outro lado,
a geometria em lençol dos estratos, a ausência de estruturas primárias
nos estratos mais característicos e o caráter grosseiro dos conglomer~
dos indicam que a estratificação provavelmente resultou de um sistema

3.248
supersaturado em clastos, depositados como fluxo de detritos.
Adicionalmente, o calibre dos clastos mais grosseiros, o t~
manha da classe dominante (seixo) dos conglomerados e a baixa esferici-
dade dos fragmentos, apesar de arredondados nas arestas mais agudas, i~
dicam que os canais de alimentação possuiam curso reduzido e elevados
gradientes., Isto explica a ausêncià de horizontes e outros depósitos i~
duzidos por sistemas paludais no Membro Vargas.
Até o presente não existem evidências diretas dos terrenos s~
erguidos que atuaram como área fonte para a fácies de leques aluviais.
Entretanto, a abundância de fragmento~ de riolitos, tufos, chert, vitr~
firas e microgranitos no arcabouço dos conglomerados, assim como a ab~
dáncia de ripas de plagioclásio e microclinio euédrico na matriz dos
conglomerados e nos arenitos, são sugestivos de uma área fonte dominada
por rochas vulcânicas. O mergulho dos estratos e as medidas de paleocor
rentes nas bacias menos basculadas sugerem que a progradação dos estrã
tos tomou lugar de leste para oeste.
b) - A Fácies Flischóide (Formação Arroio dos Nobres - Membro
Mangueirão) - A-mais espessa secçao desta fácies exibe cerca de 4.500 m
de arenitos finos arcoseanos, siltitos, folhelhos argilosos e silticos,
grauvacas finas e ocasionais conglomerados intraformacionais de arcabou
ço fino, todos de coloração verde que altera para vermelho, marron ou
pardo. Os estratos individuais podem ser seguidos por dezenas de kms ao
longo da direção. A grande extensão lateral, a cor, a homogeneidade com
posicional, a ausência de pertubações internas nas camadas, a ocorrên
cia de laminação de "ripple", de marcas de ondulação e de fendas de re~
secamento, e a granulação fina indicam uma deposição em águas rasas.Por
outro lado, a frequente ocorrência de turboglifos, granoclassificação
vertical e a comum organização de estratos segundo a série de Bouma(Fra
goso-Cesar, 1984) indicam que o Membro Mangueirão é Q~a espessa sequên
-
cia de turbiditos.
As relações entre as fácies de leques aluviais e fli&hóice as
quais compreendem uma única unidade estratigráfica, levaram Ribeiro e
cal. (1980) e Badi (1983) a interpretar a Formação Arroio dos Nobres co
mo uma estrutura similar àquela descrita por Chadwick (1933) para o deI
ta de Catskill, ou em complexo de delta tectônico, como definido Fried
man e Johnson (1966). Adicionalmente, o isolamento das bacias e o cã
ráter progressivamente mais deformado destas para leste, sugere que e
Ias sejam diacrônicas.
c) - A Fácies Deltaica - Enquanto a sedimentação de leques a
luviais e flischóide tomou lugar, superimposta à faixa móvel, com ali
mentação de leste para oeste, na área cratônica desenvolveu-se uma sedi
mentação fluvio-deltaica alimentada no sentido inverso. Os afloramentos
desta sedimentação são escassos, e talvez um dos únicos redutos de sua
preservação ocorra na região do Passo do Salsinho, a NW de Caçapava do
Sul (fig. 5), como fino "veneer" sub-horizontal que tem sido mapeado co
mo Formação Guaritas, com a qual mostra substanciais diferenças. -
Esta unidade de cobertura está constituida de uma fina camada
basal sub-horizontal de lutitos vermelhos finamente laminados,encimados
por cerca de 10-15 metros de residuos de arenitos arcóseos e arenitos
conglomeráticos, com seixos de granitos, estratificação sruzada acanala
da limitada a estratos paralelos com mergulho de 15 a 20 para leste. -
Apesar de pouco estudada, a maneira como se interrelacionamas
duas sub-fácies indica que esta sedimentação é deltaica, com "bottom-
sets" lutiticos e "fore-sets" areníticos. Esta estruturação difere fun
damentalmente daquela das Formações Santa Bárbara e Guaritas, as quais
caracterizam o estágio das molassas tardias.

o ESTAGIO DAS MOLASSAS TARDIAS

Acima e em discordància erosiva angular sobre os sedimentitos


molássicos precoces, ocorre uma espessa sequência de camadas vermelhas
("red beds") pertencentes às Formações Santa Bárbara e Guaritas. Esta

3.249
_n___________
-
---

sucessão está mais completamente preservada ao lonço da zona mediana do


embasamento, onde ocorrem três fácies (fig. 3G): (a) a fácies de bre
chas de talus, (b) a fácies fluvial e (c) fácies eólica.
Escasos registros de vulcanismo sincrônic0 com a faze de mo-
lassas tardias ocorrem no interior da principal bacia, localizada na re
gião central do escudo. Entretanto, o vulcanismo é expressivo na área
ocidental de terrenos mais antigos que o Brasiliano, sob a forma de ~
des centros vulcânicos cratogênicos (Formações Hilário e Acampamento v~
lho), possivelmente sincrõnicos e lateralmente dispostos às molassas
tardias.
a) - A Fácies de Brechas de Talus (Formação Santa Bárbara)
Constitui, em geral, a base da sequencia de molassas tardias naquelas á
reas onde a sedimentação foi controlada por um paleo-relevo de alta ~
nergia. Ela está constituída por pacotes de espessura variável de bre
chas sedimentares mal selecionadas, que mergulham para o interior das
bacias. O arcabouço das brechas contém clastos angulosos, que variam en
tre grânulo e matacão, e cuja composição é extremamente variável, condT
cionada ao contexto litológico adjacente. Os depósitos desta fácies sã~
em geral, confinados a redutos ancorados diretamento de encontro às á
reas fontes e podem, ocasionalmente, coalescer, formando estreitas faT
xas alongadas de conglomerados angulosos. A matriz varia de .
escassa a
abundante e pode ser arenosa ou argilosa.
Por vezes, finas camadas lenticulares de arenitos arcoseanos
conglomeráticos com laminação ou estratificação cruzada fluvial ou pla
no-paralela intercalam-se nas brechas sedirnentares. -
Em algumas secções, as brechas de talus gradam verticalmente
para um espesso pacote de arenitos arcoseanos vermelhos, em geral maci
ços, bimodais, mal selecionados com locais linhas ou bolsões de grànu
los subarredondados de quartzo leitoso de deposição em lençois no sope
da encosta parcialmente submersas pelas brechas. Aparentemente foram
depositadas por fluxo laminar.
b) - A Facies Fluvial - Os depósitos fluviais representam a
mais expressiva-sedimentaçao das molassas tardias. Sua espessura é vari
ável, podendo alcançar mais de 500 m. Esta fácies compreende camadas re
currentes de arenitos, conglomerados e silt~tos, todos de coloração ver
melha. -
Os arenitos são arcoseanos, finos a grosseiros, bimodais, por
veZes conglomeráticos, horizontais a sub-horizontais, localmente bascu
lados por falhamentos e dispostos em camadas e lentes métricas com es
tratificação cruzada acanalada de porte:variável.
Os conglomerados são petromíticos e variam entre orto- e par~
conglomerados com matriz estratificada. O arcabouço é composto por grâ
nulos a seixos imbricados, arredondados a sub-arredondados, de granitoS,
xistos, gnaisses, quartzo leitoso e riolitos, em uma matriz grosseira de
composição-arcoseana.
Camadas decimétricas a métricas de siltitos com laminação pla
no-paralela, localmente de "ripple", ocorrem interestratificados com a
renitos portadores de estratificação cruzada de canal e representam de
pósitos de planícies de inundação.
Medidas esparsas de paleocorrentes indicam que os'litótopos
grosseiros foram, preferencialmente, alimentados de leste, com subordina
da contribuição de oeste, e transporte longitudinal à bacia. -
A geometria e o modo de organização dos estratos dafáties
fluvial, as estruturas primárias e o calibre dos detritos indicam uma
deposição sob regime de canais anastomosados.
Uma análise mais acurada da sequência de depósitos da fácies
fluvial, da base para o topo, mostra um aumento inicial do calibre dos
clastos dos conglomerados e arenitos, seguido de uma progressiva grano
decrescência. Estas relações sugerem deposição inicialmente controlada-
por uma crescente energia de relevo da área fonte, abrandada no decurso
da sedimentação.
d) - A Fácies Eólica - A fácies eólica consiste de arenitos fi

3.250
nos, bem selecionados, sub-arcoseanos, interdigitados com arenitos da f~
cies fluvial. Cunhas de grandes dimensões com estratificação cruzada de
pequeno ângulo sugerem que as dunas são preferencialmente do tipo barc~
nas. As medidas de p~leocorrentes indicam ventos de rumo ora SW-NE ora
inverso, longitudinal à bacia. As dimensões dos depósitos sugerem regime
climático semi-árido, o que é consistente com o estilo de canais anasto
mosados da fácies fluvial.

oISCUSSio E CQBCLUSÕES

Qualquer modelo de evolução geotectônica concebido para os ter


renos atribuídos ao Ciclo Brasiliano no Rio Grande do Sul não pode des
vincular, parcial ou totalmente, a tectônica da sedimentogênese. -
A história deposicional da região pouco difere dos clássicos~
to-geossinclineos Fanerozóicos, conforme se esquernatiza na figo 4.Sequên
cias sedimentares e metassedimentares em repouso sobre um ..
e~basamentõ
mais antigo, a sucessão de estágios pré-deformacionais, as variações l~
terais de fácies e a escassa atividade magmática dos setores autóctones
são similares àquelas apresentadas por Dietz e Holden (1974) e Dickinson
(1974) para margens do tipo Atlântico. A sedimentação resultante formou
um prisma sedimentar que, de oeste para leste, mostra fácies de águas
progressivamente mais profundas e espessuras gradativamente maiores.
O prisma inclui um número de fases sedimentares diversas orga
nizadas em urna complexa associação de depósitos parálicos e platafo~
mais. Urna fase inicial tectonicamente controlada por ruptura crustal e
interação entre blocos, foi seguida de uma espessa deposixão sob cond~
ções de margem continental aberta. Os detalhes das variaçoes das fácies
são possivelmente devidas a flutuações na taxa de expansão, acompanhadas
de flutuações na taxa de fornecimento de sedimentos.
~ possível pressupor que a evolução primitiva da margem tenha
seguido fases de pré-rift, rift, proto-golfo e oceano aberto. A gradação
da sedimentação entre estas fases é difícil de ser observada, devido à
fragmentação dos terrenos Brasilianos e, por vezes, à distância entre
blocos das várias zonas, geralmente ocupada por registros mais modernos,
que suprimem importantes etapas da sedimentação dos estágios iniciais. A
ausência (?) de evaporitos inibe a concepção da fase de proto-golfo.
Existem,por outro lado, suficientes evidências,particularmente
na secção indeformada da cobertura cratônica, de que, durante episódios
de ruptura, a sedimentação foi acompanhada de vulcanismo toleítico (Is -
sler, 1982) a sub-alcalino. O vulcanismo, no entanto, foi mais pronunci
ado ao longo da passagem da cobertura indeformada para a Franja Miocli
nal Externa, pressupondo a existência de uma zona de charneira ruptil. Õ
balanço entre a taxa de acumulação destas vulcânicas e a taxa de erosão
dos arcos termais por elas coroados é incerta. A abundância de detritos
vulcano-sedimentares em oposição à escassez de lavas e piroclásticas su
g~rem que a erosão dos arcos termais foi mais rápida que a sua constru
çao.
A fase plataformal de oceano aberto está bem documentada pelos
litofãcies que se extendem por sobre as fases detríticas precedentes. A
sua história deposicional, no entanto, difere dos ortogeosinclineos clás
sicos em dois aspectos. Em primeiro lugar, a reduzida sedimentação carbõ
natada contrasta com fases similares registradas em outras regiões dõ
globo. Daí se conclui que a região não evoluiu para urna verdadeira plata
forma carbonatada. Em segundo lugar, as dimensões, em especial a largu
ra, da plataforma, mesmo retirando os efeitos da deformação subsequente~
não deveria ultrapassar talvez duas centenas de kms, o que a caracteriza
corno estreita.
A evolução da plataforma para uma bacia fortemente subsidenteé
evidenciada pelos parcos redutos de sedimentação euxênica. A posição des
tes redutos sugere que a subsidência deveria estar controlada pela regi
ão axial do prisma previamente contruido por ruptura-e extensão. -

3.251

------ -"....---
--

Duvidosos argumentos fazem supor da existência de um fino pris


ma de sedimentos abissais situado a leste. A passagem gradual do terraçõ
continental, onde dominam os sedimentos parálicos e plataformais, para
o talude é sutilmente indicada por alguns litótopos. A passagem do talu
de para mar profundo, onde espessos turbiditos deveriam ocorrer, não e
visível. A sequência plataformal está, nesta região, cavalgada por espe~
sos pacotes vulcanoclásticos e de lavas andesíticas, traquiandesíticas e
riolíticas metamorfizadas, dando lugar a um domínio paleográfico distin
to, anteriormente preconizado por Jost (1981) e Fragoso-Cesar (1982)comõ
de retaguarda de arco magmático, cujas características estão ainda em es
tudo.
Evidências de polaridade tectônica e magrnática indicam que a
deformação das sequências deposicionais dos estágios de ruptura, extensão
e euxênico se devem a esforços orogênicos, com vergência de leste para
oeste. A deformação da calha mioclinal e de retaguarda de arco roi a.::o!!!
panhada de metamorfismo polifásico, corno o foi também a própria deforma
ção (Jost, 1982; Bitencourt, 1983).
A transição dos estágios precedentes para os seguintes está
marcada pelo desenvolvimento de bacias de retroarco. O registro sedimen
tar dos estágios molássicos inclui estratos de gênese variada (leques~
turbiditos, deltas), que dão lugar a sedimentos estritamente continen
tais (fluviais, eólicos). Esta sedimentação está confinada a calhas es
treitas, corno verdadeiras bacias sucessórias alojadas entre um arco de
margem continental e uma área cratõnica. Dominantemente alimentada a par
tir dos terrenos móveis e soerguidos de leste, não mais do craton a oes
te, as bacias de retroarco se comportam corno verdadeiros exogeosincline=
os. Algumas destas bacias foram alimentadas a partir do arco magrnático
a leste. Outras tiveram corno áreas fontes os terrenos soerguidos do cin
turão em carreação e dos domos gnaissicos situados na retaguarda do ar
co.
Finalmente, se conclui que não há, até o presente, argumentos
que façam crer que as taxas de sedimentação durante o Proterozóico deve
riam ser virtualmente distintas daquelas do Fanerozóico.

O autor agradece aos Drs. Marcel Auguste Dardenne e Reinhardt


A. Fuck, bem corno ao geólogo José Afonso Brod pelas valiosas críticas e
sugestões, Maria Helena Ribeiro Hessel pela confecção dos blocos diagra
mas e o Christiane Jost pela revisão dos originais. -

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3.254
... 51.

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FIGURA 2 - Distribui~ão dos terrenos sedimentares Brosilianos no Rio Grande do Sul

3.255
--~ -'

( E)
(A) ( B) . ( C) MIOCLINAL
(D).
"BACK-ARC"
COBERTURA MIOCLlNAL (zona de'thrust)
EXTERNA INTERNA
CRATÕN I CA

ANTICLINÓ~IO DOMO DE SANTANA


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Fácies
Fluviais
o

o o

Figura 3 - SecçêEs colunares das várias 7.0nas palinspáticas de evolução do Ciclo


Brasiliano no Rio Grande cb Sul. . Para explicação vide texto.

3.256
ESTÁGIO DE RUPTURA
E
EXTENSÃO CRUSTAL

ESTÁGIO EUXÊNICO ~

VULCANICO

ESTÁGIO. MOLÁSSICO
PRECOCE

ESTÁGIO MOLÁSSICO
TARDIO

Figura 4 - Representação esquemãtica 00s vários estágios e fácies de sedim,mtação


e vulcaniSIro durante o Ciclo Brasiliano 00 Rio Grande do Sul.

3.257
~
----

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILELRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984


. ....

DOBRAMENTOS DA FAIXA PARAGUAI NA BORDA SUDESTE DO CRATON


AMAZONICO

Carlos José Souza de A1v8renga


UFMT

ABSTRACT

This work repor~s the present state of knowledge, the Para


guai Belt evolved at the margin of the Guapore Craton. It has a curved
form and extends over 1500 Km, crossing the states of Mato Grosso do
Sul e Mato Grosso. In this region, the paraguai Belt has the Cuiaba GrQ
up with three tectonic phases, greenschist metamorphic grade, and pos-
tectonic granite emplaced in the group at SE. The other formations in
the paraguai Belt are: Bauxi, Puga, Araras, Raizama, Sepotuba e Diaman-
tino has affected by holomorphic folding with transport towards the cr~
tono Suggestions for further work with might be valuable in the charac-
terization of the brasilian structures in paraguai Belt.

1. INTRODUÇ1í.O
O presente trabalho é uma contribuição aoSimpÓsio sobre Fai-
xas Móveis Proterozóicas a ser realizado como parte do 332 Congresso
Brasileiro de Geologia. Sua preparação teve como objetivo a sintetiza -
ção dos dados existentes sobre a Faixa de Dobramentos paraguai no Esta-
do de Mato Grosso. A figura 1 ilustra o atual estágio dos mapeamentos /
geológicos que cobrem a faixa.
Na primeira parte do trabalho, abordam-se os tipos de sedimen
tos e metas sedimentos da região, levando-se em conta as suas relações
estratigráficas. são também apresentados os poucos dados geocronológi
cos atualmente disponíveis.
No capítulo seguinte, são apresentados, em ordem cronológica
todos os dados concernentes à geologia estrutural, metamorfismo e al-
guns conceitos ~eotectônicos.
O cap1tulo final consiste de uma discussão sobre os princi
pais problemas de carater estratigráfico e tectônico que atingem a Fai-
xa paraguai

2. SíNTESE ESTRATIGRÃFICA

A estratigrafia apresentada neste item, para a Faixa paraguai


em Mato Grosso, corresponde a uma síntese dos trabalhos existentes na
região.
As unidades descritas são: Grupo Cuiabá, Formações Bauxi, Pu-
ga, Araras, Raizama, Sepotuba, Diamantino e Granito são Vicente.
Urna discussão sobre as unidades estratigráficas descritas se-
rá feita no final deste trabalho.

2.1. GRUPO CUIABÁ


O Grupo Cuiabá caracteriza-se por uma sequência predominante-
mente de filitos com intercalações de quartzitos, metagrauvacas, meta
conglomerados e metaparaconglomerados, com raras ocorrências de meta-
calcários e filitos calcíferos.

3.258
. A primeira denominação para essas rochas foi dada por Evans(
1894) corno "Cuyaba Slates", incluindo nesta denominação ardósias com
clivagem, ardósias com seixos de outras rochas e os tilitos do Rio Jan-
gada. Entretanto, a ~rimeira individualização litoestratigráfica para
as rochas da então Serie Cuiabá foi apresentado por Almeida(1964b) com
a definição do Grupo Jangada para denominar os sedimentos glaciários e
outros detiíticos associados, com área-tipo nos arredores do povoado do
mesmo nome e, desta forma, separando-o do Grupo Cuiabá. Almeida(1965) /
sub-dividiu o Grupo Jangada em quatro formações-(fig.2). Vieira (1965),
tomando como seção-tipo de oeste de Jan~ada até próximo a são Vicente ,
estabeleceu três unidades litoestrati~raficas para denominar o Grupo
Cuiabá (fig.4). Guimarães e Almeida(1972)dividiram-no em cinco sub-uni-
dades. Trabalhos desenvolvidos na década de 70, na sua quase totalidade
mapeamentos geológicos desenvolvidos pelo DNPMjCPRM (Figueiredo "et ali
i",1974i Ribeiro Filho e Figueiredo,1974i Ribeiro Filho "et alii",1975i
Costa "et alii",1975i Correa "et alii", 1976; Nogueira e Oliveira, 1978
e Luz "et alii", 1978) não apresentam nenhuma sub-divisão para o grupo
mantendo-o indiviso. Esses trabalhos não incluem em suas colunas estra-
tigráficas o Grupo Jangada.
Luz "et alii"(1980) e Souza(1981) baseados em mapeamentos geo
lógicos 1 : 50.000, nos arredores de Cuiabá, apresentam uma sub-divisãõ
em oito sub-unidades litoestratigráficas para o grupo (fig.3).
Os dados ~eocronológicos, atualmente disponíveis para as ro-
chas do Grupo Cuiaba, são escassos e indicam apenas a sua idade mínima,
com valores entre 470 e 400 m.a.. Datações+Rb/sr efetuadas sobre os fi-
litos degte grupo indicam uma idade de 484- 19 m.a. e razão inicial /
sr87/Sr8 de 0.743, Barros "et alii"(1982). .Esta idade foi interpretada
pelos mesmos autores corno ligadas aos estágios termais do Evento Geodi-
nâmico Brasiliano. O Granito são vicente, intrusivo no Grupo Cuiabá ,
apresenta idade entre 475 e 504 m.a. (Almeida e Mantovani,1975 e Barros
"et alii", 1982).

2 .2. FORMAçAO BAUXI

A Formação Bauxi foi definida por Vieira(1965) para denominar


uma sequência quartzítica da ordem de 190-340 metros, sobreposta aos fi
li tos da então Série Cuiabá e sob os paraconglomerados da Formação pu=
ga, cuja seção-tipo localiza-se próximo à Vila Bauxi,MT,(fig.6).
Almeida (1965) definiu Formação Bauxi uma unidade litoestrati
gráfica pertencente ao Grupo Jangada, para denominar metassedimentos a~
gilosos ("drifts") e arenitos com estratificação cruzada e plano-par ale
la na parte superior, com espessura aproximada de 500 metros próximo a
Vila Bauxi,(fig.2).
Ribeiro Filho e FigueiredQ(1974) sub-dividem a formação em
dois membros: Um inferior que contém metassiltitos e metarenitos finos
a muito finos, que passam gradualmente para o membro superior com meta-
renitos ortoquartzíticos brancos, médios a grossos, com níveis conglome
ráticos e estratificação cruzada, (fig.9).0 seu contato basal, apesar de
não observado no campo por esses autores, foi considerado discordante /
com o Grupo Cuiabá. tendo em vista a ausência de foliação da formação .

em contraste com a foliação bem desenvolvida do Grupo Cuiabá.


As exposições dessa formação são encontradas entre as Vilas
de Bauxi e Moenda até a nordeste da cidade de Nobres. Barros "et alii "
(1982). Para sudoeste, a partir da Vila Bauxi, em direção a cáceres
não há referência à presença desta formação na província Serrana. Del'
Arco "et alii"(1982) demonstra a ausência da Formação Bauxi, na anticli
nal de Jacobina, próximo a cáceres. onde descreve uma possível discor =
dância entre os paraconglomerados da Formaçao Puqa(Moenda) e o Grupo
Cuiabá.

2.3. FORMAÇÃO PUGA

Essa formação foi definida por Maciel (1959)para denominar os


tilitos que afloram no Morro do Puga, margem direita do Rio paraguai e
próximo a Porto Esperânça.MS. Seu contato superior, na seção-tipo loca-
lizada no Morro do Pugai é feito de forma transicional com a formação
basal do Grupo Corumbá, Almeida (1964b).
Na Província Serrana. a denominação puga foi inicialmente utl

3.259
----

lizada por Oliveira (1954) e seguida por Vieira (1965), sendo, portanto
,coDsagrada na literatura geológica da região, na década de 70, com os
trabalhos de Ribeiro Filho e Figueiredo(1974), Figueiredo"et alii"(1974
), Ribeiro Filho"et alii"(1~75) e Luz"et alii"(1978), para denominar os
paraconglo~erados cinza esverdeados e roxos com seixos, blocos e mata -
cões de outras rochas em matriz com variação argilo-arenosa. Barros "et
alii"(198l), Barros "et alii"(1932), Del'Arco "et alii"(198l) e Del'Ar-
co "et alii"(1982) utilizam a denominação Moenda em substituição à For-
mação Puga, alegando a grande distância que separa a seção-tipo no Mor-
ro do Puga coro a Provincia Serrana, argumento também utilizado por AI -
meida (1965) para denominá-Ia de Formação Marzagão (fig.2).
Essa formação é facilmente identificada em quase toda a área
da provincia Serrana. A presença de intercalações dos arenitos da Form~
ção Bauxi, com os paraconglomerados da Fo~ação Puga, caracterizam uma
continuidade deposicional entre as duas unidades litoestratigráficas
Barros "et alii"(1982). Estas intercalações podem ser observadas nas
proximidades da Vila Bauxi.

2.4. FORMAÇ~O ARARAS

Os afloramentos de calcários e dolomitos da Formação Araras ,


que ocorrem na provincia Serrana, foram assim denominados por Evans
(1894), com seção-tipo entre a cabeceira do Rio paraguai e o Rio Cuiab~
Após Evans e ate o inicio da década de 60, alguns trabalhos fazem cita-
ções sobre as ocorrências de calcários da região, mas foi com Almeida
(1964a),Oliveira (1964) e outros que surgir~~ os trabalhos sistemáticos
sobre estas rochas na Provincia Serrana.
Almeida (1964a) individualizou, dentre uma sucessão de rochas
carbonatadas com detritos finos subordinados, uma sequência basal, de
aproximadamente 200 metros, representada por calcários e sedimentos pe-
liticos, seguidos por aproximadamente 500 metros de uma sequência domi-
nada por dolomitos (fig.5), a~qual denominou de Grupo Araras.
Vieira (1965) denominou de Formação Corumbá as sequências caE
bonatadas em discussão, identificando ainda a existência de lentes e ca
madas de arenitos grosseiros, intercalados no topo da formação,(fig.6):
Hennies (1966), utilizando a denominação e sub-divisão proposta .por
Almeida (1964a), denominou de Formação Guia os 200 metros basais de cal
cários negros, associados ou não a sedimentos peliticos: e de Formação
Nobres, os 500,'metros do topo compostos essencialmente de dolomi tos, (
f ig . 8) .

Ribeiro Filho e Figueiredo (1974), Figueiredo "et alii"(1974)


,Ribeiro Filho "etalii"(1975), não chegam a formalizar uma sub-divisão
para a formaçãc, mas são unânimes em descrevê-Ia com a presença de cal~
cários na base e de dolomitos no topo, estes com intercalações arenosa~
Luz e Abreu Filho (1978) e Luz "et alii"(1978), corno resulta-
do de estudos geológicos ao longo de toda a faixa na provincia Serrana,
sub-dividiu os 1300 metros da formação em dois membros: Um membro infe-
rior, de 200 metros, com~osto por calcários e calcários margosos cinza-
escuros e o restante caracterizado corno membro superior, composto por
dolomitos com intercalações siltosas e arenosas, (fig.7).
Almeida, Olivatti e Costa (1931) nas conclusões sobre o grupo
de trabalho da Faixa Paraguai-Araguaia, propoem a inclusão da Formação
Araras no Grupo Corumbá que está representado em Mato Grosso do Sul pe-
las formações Cerradinho e Bocaina.

2. 5. FORMAÇAO RAIZAMA

A denominação Raizama foi dada por Evans, (1894) para os areni


tos feldspáticos que superpõem os calcários Araras, localizados a leste
da cidade de Barra do Bugres. Almeida (1964a) identifica a formação ao
longo de toda a faixa dobrada da Província Serrana, desde Jacobina a
sul a'té ã Serra do Tombador a nordeste, 'local onde descreveu u.rnaseção /
de aproximadamente 1.600 metros de espessura, composta de arenitos quaE
tzosos, escassa matriz, granulometria grosseira a conglome,,:'tica, com
pelitos subordinados e frequen'tes estratificações cruzadas. Os arenitos
desta formação foram estendidos por Hennies (1966) para leste da Serra
do, Tombador até além c.= Paranõltinga.
Oliveira (1964) e Vieira (1965) denominam de Formação Urucum

3.260
esses arenitos da Província Serrana, levando-se em conta a sua correla-
ção com os encontrados no Sul, (fig.6).
Esta formação é facilmente identificada no campo e faz parte
de todas as colunas estratigráficas dos trabalhos geológicos sobre a
Faixa paraguai em Mato Grosso, (figs.5,6,8,gelO).

2.6. FORMAÇ~O SEPOTUBA

Os folhelhos, siltitos com arenitos finos subordinados, verme


lhos, marron-chocolate, verdes e, ocasionalmente, com nódulos de calcá=
rios, foram denominados de Formação SePotuba por Almeida (1964a),(fig.5
); sendo, posteriormente, identificados e a'denominação conservada, pe-
los trabalhos de Hennies(1966) , Guimarães e Almeida(1972), Correa Couto
(1972), Barros "et alii"(1982) e Del'Arco "et alii"(1982).
O contato inferior desta formação apresenta variações locais,
identificada por Hennies (1966) em três categorias: (a) Passagem gradu-
al de arenitos da Formação Raizama a Folhelhos da Formação Sepotuba sem
intercalações de arenitos,(b) Intercalações de dezenas de metros de es-
pessura entre os folhelhos da Formação Sepotuba, (c) Ausência da Forma -
ção Sepotuba com passagem brusca para os arcósios da Formação Diamanti-
.
no.
Os dados geocronológicos atualmente disponíveis para a F9rma-
ção Sepotuba indicam uma idade de 547 i 5 m.a. e razão inicial Sr8 /
Sr86 de 0.711, Cordani e Mantovani ("apud"Barros "et alii",1982).

2.7. FORMAÇ~O DIAMANTINO

Denominação feita por Almeida (1964a) para os folhelhos e sil


titos micáceos finamente estratificados, frequentemente calcíferos, on=
de intercalam-se bancos de arcósios. Seu contato basal foi considerado
quando do aparecimento do primeiro banco de arcósio.
A Formação Diamantino tem sido usada, por alguns autores de
forma a englobar a Formação Sepotuba ( Figueiredo"et alii",1974; Ribei-
ro Filho e Figueiredo,1974; Ribeiro Filho "et alii",1975 e Luz "et ali i
",1978). Barros "et alii", (1982) já retoma a Formação Sepotuba,(fig.10).

2.8. GRANITO S~O VICENTE

Os primeiros estudos sobre estas rochas'graníticas,que ocor-


rem aproximadamente a 60 quilometros a sudeste de Cuiabá, foram feitos
por Almeida (1954). Trata-se de um corpo magmático, intrusivo, de com-
posição granítica, rosado, heterogranular, cuja granulação varia de fi-
na a grosseira. Seu contato com a encaixante, os metassedirnentos do Gru
pc Cuiabá, caracteriza-se pelo desenvolvimento de fenômenos termometa=
mórficos, evidenciado pela presença de hornfels.
Os dados geocronológicos, atualmente disponíveis, levaram Ba~
ros "et alii"(1982), a interpretar uma idade de aproximadamente 500 m.
a. para o "ernplacement". Datações K/Ar efetuadas em biotitas indicaram
uma idade de 503 m. a. , Hasui e Almeida (1970). Datações Rb/Sr indicam
uma idade de 483 + 8 m.a. e razão inicial 0.709 + 0.002, Almeidae Man-
tovani (1975). Esses dados Rb/Sr foram recalculados por Barros "et ali i
"(1982), usando a constante de desintegração para o Rb igual a 1,4é7 x
10-11 anos-l e obteve uma idade de 500 + 4m.a. e razão inicial Sr /
Sr86 igual a 0.709 + 0.002.

3. EVOLUÇ~O DOS CONCEITOS TEcTOm:cos

As primeiras referências sobre os dobramentos da da borda su-


deste do Craton Amazônico foram feitas por Evans (1894), que ilustrou a
existência de dobramentos simétricos na Província Serrana e para a Bai-
xada Cuiabana uma evolução gradativa dos dobramentos que a SE apresen -
tam flancos inversos.
Almeida (1964a) foi quem denominou esta faixa dobrada de Geos
sinclíneo Paraguaio e individualizou três zonas tectônicas. A figura 11
ilustra as caracteristicas tectônicas de cada zona. A zona da Baixada
do Alto paraguai caracteriza-se por apresentar camadas com mergulho mui
to reduzido, depositadas sobre as rochas cratônicas. Na zona da provin=
cia Serrana ocorrem dobramentos simétricos e assimétricos, com planos

3.261

---
-~-
------

axiais de alto angulo, geralmente, inclinados para E e SE e falhas in -


versas de alto angulo~ a vergência dos esforços é para W/NW. A zona Bal
xada Cuiabana, apresenta-se dobrada, falhada e com metamorfismo cresce~
te, de NW para SE, dentro do fácies xisto-verde, culminando com a ocor-
rência de plutons graníticos e alcalinas no extremo SE da Baixada Cuia-
bana. As foliações encontradas por Almeida (1964a) nessa zona apresen -
tam mergulhos que variam ora para NW ora para SE.
Almeida (1968) caracteriza os dobramentos paraguai - Araguaia
corno o correspondente de urna evolução miogeossinclinal na borda ociden-
tal da Plataforma do Guaporé, onde distinguiu três estádios estruturais
separados por discordância e mudanças drásticas de litologias. O está-
dio mais antigo compreende urna sequência de poucos milhares de metros /
de espessura, composto de metas sedimentos pelíticos de carater "flysch"
com desenvolvimento de turbiditos. No estádio médio são incluidas as
sequências glaciogênicas eocambrianas e as carbonatadas da Formação Ar~
raso O estádio superior do miogeossinclíneo é representado pela sedime~
tação detrítica do Grupo Alto Paraguai, com carater molassoide contine~
tal em sua parte superior. Nestes três estádios,AJ~eida(1968), identifl
cou dobramentos holomorficos intensos, onde podem ocorrer dobras com
flancos verticais ou reversos. Os únicos indícios de vulcanisrno estão
relacionados a presença de cinzas vulcânicas emmetagrauvacas do Grupo/
Cuiabá , enquanto que as intrusões graníticas, tipo são Vicente, são i~
terpretadas por Almeida(1968), corno de carater tardicinemático relacio-
nados a segunda fase orogênica.
O sistema tectônico marginal da borda sudeste do Craton Arnazô
nico tem a sua evolução desenvolvida durante o evento tecto-orogênico 7
Brasiliano (Almeida,1967,1968 e 1974b).
Almeida (1974a) classificou de antefossa do Alto Paraguai, a
bacia molássica originada no final da sedimentação geossinclinal duran-
te os processos de inversão~ onde foram depositados os quase 4000 me -
tros dos sedimentos do Grupo Alto Paraguai.
Segundo, Ribeiro Filho e Figueiredo (1974) e Figueiredo "et
alii"(1974) os dobramentos ocorridos no Grupo Cuiabá apresentam eixos
com direção N20-30E e superfícies axiais mergulhando para SE. A esses
dobramentos esta associada urna foliação de plano axial bem desenvolvida
Uma segunda fase de dobramentos, de menor intensidade indicada pela pr~
sença de urna clivagem de crenulação foi também detectada.
Mais urna vez foi constatado, por Ribeiro Filho e Figueiredo (
1974) e Figueiredo "et alii"(1974),a presença de metamorfismo apenas no
Grupo Cuiabá.As outras unidades estratigráficas foram dobradas, sem me-
tamorfismo, com maior intensidade na parte leste de suas ocorrência, o~
de estão associadas grandes falhas de empurrão.
Segundo Luz "et alii"(1980) ocorrem no Grupo Cuiabá três fa-
ses de deformação. A primeira, evidenciada em poucos afloramentos, está
representada por dobramentos com vergência para NW. A segunda, a mais
proeminent~ no grupo, está relacionada a dobramentos com flancos inver-
sos e vergência para SE. As foliações de plano axial dessa segunda fase
têm mergulho para NW. A terceira fase, está representada por dobramen _
tos assimétricos ao qual estão associados urna clivagem de crenulação ,
com mergulho para SE, indicando assim urna vergência para a área cratônl
ca.
Villanova e Nascimento(1980), Vasconcelos e Nunes(1980), Cou-
tinho e Siqueira(1980) e poit e Figueiredo(1980) identificam no extremo
leste do Grupo Cuiabá, nas bordas do Granito SãoVicente, duas xistosi-
dades de direção NE,. urna com mergulho para NW e outra com mergulho para
SE. Dobramentos com flancos inversos são também observados no Grupo Cui
abá dessa região. -
Barros "etO alii"(1981) interpretam os fenômenos de deformação
responsáveis pelos dobramentos das rochas não metamórficas do Grupo Al-
to Paraguai, corno relacionados ao mesmo evento encontrado na terceira
fase de deformação, que Luz "et alii"(1980) observaram para o Grupo Cui
abá. -

4. DISCUssAo

A síntese estratigráfica apresentada demonstra a existência /


de colunas estratigráficas conflitantes, no que se refere ao Grupo Cui-
abá (figs.3e4), Grupo Jangada (fig.2) e Formação Bauxi, enquanto que

3.262
para as litologias estratigraficamente acima da Formação Puga(Moenda) a
necessidade parece ser de um consenso quanto às denominaçoes a serem u-
.
tilizadas.
Os problemas estratigráficos sobre o Grupo Cuiabá vão da sua
composição, limite ao seu comportamento estratigráfico. Segundo Almeida
(1964a,1964b,1965,1974b), não fazem parte do Grupo Cuiabá os "drifts"aE,
gilosos e metaparaconglomerados, com foliação proeminente,de origem gl~
cial, que são colocados como pertencentes ao Grupo Jan~ada(vide mapa
geológico in Almeida,1974b). De acordo. com o Mapa Geologico do Brasil
(1 / 2.500.000) e o restante dos traba~hos sobre a região, O Grupo Jan-
gada, não é considerado, e as litologias d~ suas duas formações basais
são incluídas como pertencentes ao Grupo Cuiabá, enquanto que as lito-
logias das formações do topo, Bauxi e Marzagão(Puga ou Moenda), não me-
tamórficas, foram consideradas pOl"Barros "et alii"(1982) como pertence.!!
tes ao Grupo Alto Paraguai. A presente discussão evidencia a necessida-
de de-úma melhor definição sobre as relações estratigráficas e de idade
entre os paraconglomerados de origem glacial pertencentes ao Grupo Cui-
abá e a Formação Puga, ou se ambos são contecporâneos e pertemçam ao
Grupo Jangada. Estas conclusões são de vital importância para se defi
nir a existência de uma ou duas épocas de glaciação para a região.
O carater conflitante entre as colunas estratigráficas propo~
tas para o Grupo Cuiabá, apresentadas por Vieira (1965) e Luz "et alii"
(1980), figuras 3 e 4, evidenciam a necessidade de uma análise, intima-
mente associada, das características de sedimentação com o comportamen-
to estrutural do grupo, que, segundo Luz"et alii"(1980), sofreu três f~
ses de deformação, para que se tenha uma idéia mais clara do comporta -
mento estratigráfico do grupo.
Outro elemento de controvérsias são as categorias estratigrá-
ficas apresentadas para a região. Barros "et alii"{l982) sub-dividem t.Q.
da a Faixa Paraguai em dois grupos: o Cuiabá e o Alto paraguai composto
de seis formações (fig.10). Ribeiro Filho e Figueiredo (1974), Figueir~
do "et alii"(1974), Ribeiro Filho"et alii"(1975) e Luz "et alii"(1978),
sub-dividen a faixa nos Grupos Cuiabá e Alto Paraguai, mas não colocam
a Formação Bauxi em nenhum dos dois grupos. Almeida ,Olivatti e Costa(
1981) sugerem que a Faixa paraguai em MT e MS seja incluída em um único
supergrupo, onde a Formação Araras seja uma unidade do Grupo Corumbá em
Mato Grosso e que o Grupo Alto paraguai inclua apenas as formações es -
tratigraficamente acima da Forma~ão Araras. Para maiores esclarecimen -
tos sobre os problemas estratigraficos da região, sugere-se um intercâm
bio com os geólogos que atuam no Mato Grosso do Sul. -
Outro objeto de controversia é o posicionamento estratigráfi-
co dos calcários expostos na sinclinal da Guia. Segundo Almeida (1964a)
e Hennies (1966) eles fazem parte da base da Formação Araras, enquanto
que para Luz "et alii"(1980) e Souza (1981) esses calcários, margas, fi
litos e dolomitos pertencem a uma sub-unidade do Grupo Cuiabá. -
Segundo Almeida (1967,1968,1974b), Almeida,Hassui e Brito Ne-
ves (1976) e Almeida "et alii"(1981) a evolução da Faixa Brasiliana do
paraguai se deu segundo três estádios (inferior, médio e superior), on-
de os intensos dobramentos holomórficos apresentam vergência em direção
ao Craton Amazônico ou Guaporé. Essa interpretação parece não explicar,
para as rochas do Grupo Cuiabá, a segunda fase de dobramentos de Luz "
et alii"(1980), considerada a mais proeminente, cuja vergência, contrá-
ria ao craton, é de NW para SE.
Outro problema a ser verificado é a ausência das xistosidades
com mergulho para NW nas proximidades da Província Serrana, como ates -
tam os trabalhos de Ribeiro Filho e Eigueiredo (1974), Figueiredo" et
alii" (1974) e Almeida (1964a). .

Os dados discutidos revelam-se insuficientes, tanto nos seus


aspectos estratigráficos, estruturais como geocronológicos. Colunas es-
tratigráficas de base, acompanhadas dos dados necessários para interpr~
tações dos respectivos sistemas deposicionais e uma análise estrutural
adequada são indispensáveis para o melhor conhecimento da região.

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RIBEIRO FILqO,W. & FIGUEIREDOi~.J.A.- 1974 - Reconhecimento geológico I
da região oeste de Mato Grosso. Congr.Bra3.Geol.,282,v.4:27-35,Porto
Alegre.
RIBEIRO FILHO lIet alii" -1975- Projeto Serra Azul.Rel.final,4vols. ,Goi~
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nia.
SOUZA,N.B.da -1981- O Grupo Cuiabá na área do Projeto CoxipÓ,estratigr~
fia e potencialidades econôrnicas.Simp.Geol.Centro-Oeste,12,ATAS,:226-
240, Goiânia.
VASCONCELOS,L. & NEIDE,T. - 1980 - Geologia da parte norte do Granito I
são Vicente,MT,Área II,trabalho de-graduação, UFMT,inéd.,Cuiabá.
VIEIRA,A.J. - 1965 - Geologia do Centro-Oeste de Mato Grosso.PETROBRÁS,
DEBSP.Rel.Tec.Int.303, são Paulo.
VILLANOVA,M. & NASCIMENTO,R. - 1980 - Geologia da parte norte do Grani-
to são Vicente,MT,Área I,trabalho de graduação, UFMT,inéd.,Cuiabá.

3.265
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LEIENDA

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2 - $4rro 80 Ronca_
3. Alto Guopore.
4- Serro Azul
5- Moni..auó' Mi..ú
F i9ura 4
6 - Cuiabo' MAPEAMENTOS GEOLÓGICOS QUE
7. Coaipó
8.. Provt.CNI Ser.... INCLUEM A FAIXA PARAGUAI
, A..iacd. - Caiabi. EM MATO GROSSO
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10. Aluvlõ..
...
.,. o ... -".

FI9ura 2 - ESTRATIGRAFIA 00 GRU~O


JANGADA (519. AMEIDA, 1985)

FOIIMAÇÁO MARZAGÃO; Tilito.

FORMAÇÃO BAUXI , Orl.,. ... lua por" inferior, no to.o


pa..am pr.do",i .ar arenito. mat.
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IIIUPO
"ANIADA I'OllMAÇÃO ENGENHO: Tillto.

FOIIMAÇÁO ACOIIIZAL : O..rtrUo. litico . d. d ,1ft. 0,,1_

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3.268
Fig.7: COLUNA LITOLÓGICA GENERALIZAOA DA FORMAÇÃO ARARAS
(S.O. LUZ. ASREU FlLHO,.UT8)

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4 .~ .. (.)
E!lPt:SIU'" DESCRiÇÃO DAS LlTOLOGIAS
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.....~':":'
DOLaIITO U8RAHOUÇADO,MlCIOO,,.,..,..QALMINTI CAP€ADOPOR SlUCA E ACOMPAHI1ANDO
O ACAIMMINTO, É MUITO FREQUENTE A PRESENÇA. CC NÓDULOS DI SILIX.
OOLOMI1VDe COIt CINZA_UIIM/'tOUtÇADO "ACICIOI COMLENTES DI ARENITO CALei""'"

1m>- DClLOIIIITOOOLlnCO 01 0Dft I88RMOUIÇAOA

OOLOllrro ClNU.DMANQUIÇADO. .-'Clço, À. VlZIS COMIS1'Mn,.CAç.Io POUCOFWONUN_


1100 CIACAE COM IIfTERCALAçôaS 01 81L1IT08 I AR8'LITOS CALClftROS.
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~8"A"OUIÇAOO8,AQNZINTADO~ PREDOMINANTE
01 SILlCA
IE: ACOMPANHANDO

DI SUX.
OS PlANOS DE
MACIçoS, -CORTADOS
ACAMAMINTO OCORRIM

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OS PLANOS DI ACAMANlNTCI.

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aFERO. -
MARMS CON&OMERA'T1CAS E/OU CONlLOMmADOS 01 MATRIZ MAR60SA Df: COR MARROM A
o ARItOXIAOA TORNANDO.S. AMARELO A MARROM~CU.RO QUANDO ALTERADA.

3.269

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r DA D E GR U P o L/TO L O G / AS Espes.Móxlmo-"'"

E FORMAÇÃO BATOVI : Arcó,IOI 8 or.nl tos com fragmentos de folh.,no..


ALTO FORMAÇÃO DtAMANTINO: Arc08/os e s1l11'01 com ~h8IhoI. calcórJOI IUbordlnadol. 5.000 metrOl
O FORMAÇÃO 8EPOTUBA : Folhelhos ergUolos com ,lItlto& . OI",nltOI 8JbordlnadOI.
PARAGUAI
C FORMAçJO ~ZAMA: Ar.nltOI com to/h.lho. . IlItltoe lubordlnodOI.
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M FORMAÇÃO NOBRES: Dolomlto. TOO metros
B ARARAS
FORMAÇÃO lUlA CalcárJol com orlnltOl e folhelh08 lubordlnadO'
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Fig.8: ESTRATIGRAFIA 00 CENTRO-NORTE MATO GROSSENSE (Seg. HENNIES,I966, Modificado)

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IDADE GRUPO FORMAÇÃ O L ITOLO S (metros)

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C DIAMANTINO
Folh.lhoI.,tltol, ........hos ró..os I verde., comarco"'801final a
multo flnol. 700 - 900
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ALTO RAIZAMA 1ftÍCÓC808
. or...itos médl08 ortoquort z(tlcol . f.lctepchicol.
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no topo.
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Ftlltol IlIfleo. . or8ft08C8,QUcwtzltol.....arcó... 8 metapof'ClOGngkatll8fOdal
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Fig. 9: ESTRATIGRAFIA DA FAIXA PARAGUAI NA REGIÃO OESTE DE MATO GRa5SO (Seg. RIBEIRO FIL HO ,
E FIGUEIREDO, 1974, Modificado)

......

tfDA DE GR U P O F O R MAÇÃ O L IT O L O G I A S
~RlANO _ITO alo VlCENn GranitosI Adomll1tOIIntrullvolno9'upoCulabÓ,comaurt'olo de rnetomorflll'N)'.r.leo.

A DIAMANT I NO IntercataçC'1de liltltOl . orcóliol colcfflrol nobal', para o ,opo orCÓliolde gronuloc:8'ofIno
a muito fino,
L
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T IEPOTUBA Fon_ihol. 1Iltltol cotdf,rol com ínt.rcoloÇÕlltuborclnodCIld. O8eG'Iloa.
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A IIAIZAMA Arlnit08 finola m,'dioaCDmfrequentecamackt8dt 00"810,"__'.
P
P MS Calcóriol calcl'ticolI dOlOmitOl
colcWcoaRO.e,paro o rapodoecIrNtos
micn:M:riltalinoa,
BrlChos
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R B P
A A" A R A S tnfroformo:ionola, cOrw:ld08di Chert.
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É E I
G MOENDA Subjoclntt ro lua boM.
A R A'....ltol QUO"ZOeol,0190 conQkMnerdtico,0'0O"t108 . Int8f'C01oQÓ8IUbordtnadGl di aroilftol 1

N O ~I BAUXI shti'ol.

O R CUIABA' MetaporaconOlomeradol
polim,'tiCOl,
quortzitol, "",orcóliol, m8ta.il'i'OI,fillteJl .'oconQlomera_
dOI. coIcó,lo metQft'l)tfIZOdoinsipie"'..

Fig.10 : ESTRATIGRAFIA DA FAIXA PARAGUAI NA FOLHA CUIABA' (Seg. BARROS ET. AUI,19e2., Modfl

- cado).

3.270
BaIxada da Provlncla
A It a PDrtlgual S ."ana BaIxada Culabana
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(FIG.ll) IJIAGRAIoIAGEHf:RAUZADO DE ESTRUTURA DO CENTRO-OESTE MATO_GROSSENSE CS8Q.ALMEIDA.I!I84)


l~ Série Chapoda; 2-Formoçõo S.potuboí 3- Formo~ Ralzomo; 4- Grupo Araras í 5- Grupo Jonoadoi 6- Granito da Serra
ae São Vic8nt.; 7-Série Culabdj 8-Complexo C,I..olloo 81'C1811e1,o.A, "'futuros da 8olxado Culabona
como (ndlcadas. são Ift18l,ollllnt. hlpot.~tfCQ'.

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l-Crotonll ~o Froncl.co (t). AmozõnfcoOI). 2- MaclçOl: GoJó,(m). Guoxupe'(IV). 3- C,..tu,ao
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dobrado Uruaçu.4- ClnfurG88 dDbr0dD8. '80'00 do Cicio aro.'llano: 8ro,(lIo (V), Poroguol -
AroQuofo {VIL 5- Co_turol J8dhnentar.. cOtrelatlvaa do Cldo era,llIono. 6_ Coberturas ..

..dl"'.nto.""Icano ""Nntor.. fa".rozó'co8. 1- LImite do erotO". 8 -I"emo de PlrfrNtpaUI.

3.271
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---

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, 1984

A ANTE FOSSA MOLASSICA.DO CINTURAo DOM FELICIANO NO ESCUDO DO


RIO GRANDE DO SUL

Antônio Romalino S. Fragoso Casar


USP/DGG-IG
Emesto Luiz Lavina
UFRGS/CIGO e CNPq
Paulo Sérgio Gomes Paim
FURG/DG
. Ubiratan Ferrucio Faceini
Ge6logo

ABSTRACT
The Camaquã Basin is a molassic foredeep (Antefossa do Sudeste)
between Dom Feliciano Belt (Upper Proterozoic) and the Rio de La Plata
Craton. The foredeep deposits are divided into two units,with different
paleoenvironmental and tectonic characteristics: precocious molasse and
tardy molas se, forming the Camaquã Group.
The first unit is made up of sequences related to submarine and
coas tal fans, associated turbidites and shallow.marine sequences.It has
two fold phases, the second recorded by gentle of great wavelength ~ts
to NW. There are also transcurrent faults.
The second unit is characterized by continental sequences (alluvial
fans, braided rivers, eolic and deltaic facies). In the West margin of
the basin there are shallow marine deposits. During deposition the
climate conditions were, probably, arid to semi-arid. The second fold
phase also produced small anticlines and synclines of great wavelength,
normal and probably transcurrent faults.
It is suggested that "Antefossa do Sudeste", in Rio Grande do Sul
State, began like a great assimetric marine basin NE-SW l~, with
a shallow Western margin (near Rio de La Plata Craton) and a deeper
Eastern one, where the greatest deformations occured.

INTRODUçAO
O conceito "molasse" surgiu no séc. XVIII, sendo pioneiramente re-
portado no "Beytrãge zu einer monographie der Molasse", no estudo sobre
depósitos ~iocênicos de ruditos e arenitos imaturos situados à borda do
Cinturão Alpino na Sulca, feito por STUDER (1825). Posteriormente, BER-
TRAND (1897) apontou a ocorrência destas fácies em outras localidades
da faixa Alpina e HAUG (1900) a estendeu para todos os cinturões móveis.
Corno atualmente entendida, a tectofácies molasse compreende urna espessa
cunha elástica, acumulada em bacias estreitas e alongadas, dispostas no
interior de uma faixa móvel ou ao longo do limite entre esta faixa e a
borda cratônica, registrando o soerguimento e erosão do orógeno, corno
principal contribuinte dos detritos que a constituem (VAN HOUTEN,1974).
De acordo com KING (1959), o termo molas se deve ser restrito aos depósi
tos de antefossas,isto é, aqueles situados em bacias limltrofes entr~
cinturões móveis e bordas cratõnicas. Já VAN HOUTEN (1974) ar~ta que
o conceito também pode ser aplicado a qualquer seq~ência espessa, mesmo
no interior das cadeias de montanhas, desde que gerada em condições te c
tônicas similares. -
Espessos depósitos clásticos imaturos, relacionados ao soerguimento
e erosão de cadeias de montanhas que existiram em território brasileiro
no fim do Pré-Carnbriano (Ciclo Brasiliano), têm sido definidos, por di-
versos autores, corno molasses. Em uma revisão regional, ALMEIDA (1969)
estendeu este conceito a todos os depósitos similares ocorrentes na Pla
taforma Sul-Americana, referindo-se ao "Estádio de Transição" na evolu=
ção desta plataforma. Entre os depósitos assim definidos, ao citar aque
les da Bacia do Camaquã (RS), relatou que "(...) possivelmente em ne=

3.272
nhum outro local da plataforma brasileira os depósitos do estádio de
transiçáo acham-se táo claramente expostos como na região central do Rio
Grande do Sul, entre os rios Jacuí e Camaquã".
No presente artigo apresentamos uma síntese sobre as p~incipais ca-
racterísticas sedimentares e tectônicas da Bacia do Camaqua, bem como
sua relaçáo, como bacia molássica, com a evolução do Cinturão Dom Feli-
ciano, faixa móvel que constitui a mais importante área fonte dos. ãetri
tos que a preenchem.
GEOLOGIA REGIONAL
Nas ãreas de escudo do Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
destacam-se duas grandes estruturas brasileiras: o Cinturão Dom Felici~
no, uma província orogênica gerada no Ciclo Brasiliano, e seu ante-país
ocidental, o Cráton do Rio de Ia Plata (FRAGOSO CESAR,1980). Nas fases
tardia e final do Ciclo Brasiliano, do Vendiano ao início do Ordovicia-
no, limitando estas províncias estruturais, desenvolveu-se uma longa e
estreita calha molássica na Zona Marginal do orógeno, denominada de An-
te fossa do Sudeste (FRAGOSO CESAR et al.,1982). Esta antefossa, de ori-
entação NE-SW, apresenta-se com largurã variável de 20 a 65 km e com-
primento, se originalmente continua, superior a 1200 km. ~ conhecida c~
mo Bacia do Itajaí em Santa Catarina, Bacia do Camaquã no Rio Grande do
Sul e, no uruguai, onde pequenas porções foram preservadas da erosão,co
mo Bacia Piedras de Afilar. -
A denominação "Bacia do Camaquã", à exposição riograndense da Ante-
fossa do Sudeste, foi originalmente proposta por CARVALHO (1932), em re
ferência ao rio Camaquã que corta transversalmente o Escudo do Rio Gran
de do Sul e banha, em seu médio curso, a porção meridional da bacia. Os
limites desta são os seguintes (Fig.1): aNE e NW mergulha sob os depó-
sitos da Bacia do paraná. Na margem oriental, suas seq~ências elásticas
recobrem discordantemente e, em parte, encaixam-se tectonicamente em ro
chas metamórficas do Grupo Porongos. Apenas nos extremos meridional e
setentrional desta margem é que limita-se, através de importantes zonas
de falhas, com os granitóides dos Complexos Dom Feliciano e Encruzilha-
da do Sul. O limite ocidental é essencialmente tectõnico, porém em al-
guns locais as unidades superiores desta bacia recobrem a borda do crá-
tono
Sobre a borda cratõnica reativada ocorrem bacias molassóides vulca-
no-sedimentares preenchidas pelas formações Maricá, Hilário, Acampamen-
to Velho e Santa Bárbara, além de vãrias"intrusões graníticas contempo-
râneas, constituindo complexos plutono-vulcano-sedimentares. Pela carên
cia de dados conclusivos, não é, ainda, possível correlacioná-Ias coma
quelas da Bacia do Camaquã.Entretanto, é provável que estas unidades
representem equivalentes temporais em outra situação paleogeográfica.

AS MOLASSES" DA BACIA DO CAMAQUA


A Bacia do Camaquã é preenchida por uma espessa seq~ência clãstica
imatura, predominantemente arcoseana, de espessura superior a 6.000 me-
tros (CARVALHO,1932). Este grupo é subdividível em duas unidades que,in
formalmente, designamos de "molasse precoce" e "molasse tardia", por
suas características estruturais e estratigráficas distintas. A "molas-
se precoce" corresponde, aproximadamente, ao que tem sido mapeado, na
Bacia do Camaquã, sob as denominações de Formação Maricá (fácies leste)
por ROBERTSON (1966), Formação ArrOio dos Nobres por RIBEIRO et alo (1966)
e TESSARI & PICADA (1966), Grupo Bom Jardim Indiviso por RIBEIR~(1970)
e Formação Cerro dos Martins por SANTOS et aI. (1978). A "molasse tar-
dia" equivale ao Grupo Camaquã, conformedescrito por ROBERTSON (1966),
contendo as formações Santa Bárbara e Guaritas. No presente trabalho,
entendendo que o conjunto molássico deve ser englobado em uma única uni
dade estratigráfica maior, voltamos à definição original de CARVALHÕ
(1932), reunindo-as no Grupo Camaquã ("Série de Camaquan").

A MOLASSE PRECOCE Corresponde a uma espessa seq~ência marinha


(~ais de 4.000 metros) fortemente dobrada e afetada por falhas de empur
rao vergentes para NW, em sentido ao Cráton do Rio de Ia Plata.Diversos
estudos têm sido desenvolvidos nesta unidade, entre os quais destacamos
RIBEIRO et aI. (1966), TESSARI & PICADA (1966), RIBEIRO (1970), RIBEIRO
& FANTINEL (1978), SANTOS et aI. (1978): GONZALEZ & TEIXEIRA(1980), FRA

3.273

~-
--------
GOSO CESAR (1983), entre outros.
A molasse precoce aflora em vários trechos da bacia, sempre em po-
sição discordante sob a molasse tardia e tectonicamente embutida em seu
embasamento, seja este o Grupo porongos ou unidades pré-brasilianas (R!
BEIRO & FANTINEL,1978). Suas principais exposições são: ao longo da maE
gem ocidental da bacia, onde a participação vulcânica é ~rtante (Figs.
2 e 3); na porçâo centro-sul (região das Minas do Camaquâ), com escas-
sas intercalações vulcânicas; e na margem oriental, onde recobre o Gru-
po Porongos, não sendo aí reconhecidas rochas vulcânicas associadas.
Sua caracterização como unidade marinha tem sido sugerida em quase
todos os trabalhos que a ela se referiram. Como exemplo: RIBEIRO & FAN-
TINEL (1978) apontam, na porção NW da bacia (região dos perfis das Figs.
1 e 2), a ocorrência de espessos pacotes de turbiditos intercalados com
derrames submarinos; GONZALEZ & TEIXEIRA (1980) descrevem a evolução da
seq~ênc ia das Minas do Camaquã como tendo ocorrido nas margens de "(...)
um mar interior ou de um corpo lacustre de grandes ,dimensões"; e FRAGO-
SO CESAR (1983) interpreta a unidade, no Vale do piquirí, na porção NE
da bacia (Fig.1), como tendo iniciado em condições marinho profundas,em
leques submarinos. Em trabalhos recentes dos autores do presente arti-
go, foi reforçada a interpretação marinha para esta molasse. Os dados e
discussões estão detalhadamente expostos em FRAGOSO CESAR et al.(em pre
paração) sendo daí extraída a síntese que aqui apresentamoS: -- -
Nos estudos realizados, foram verificadas duas seqüências formadas
em ambientes deposicionais distintos: (1) seqüência de leques marinhos
com espessos pacotes de turbiditos de água profunda (turbiditos sensu
BOU~~, 1962); e (2) seq~ências marinhas de ãguas rasas formadas por--ã=
ção de ondas, com eventuais exposições subaéreas. Turbiditos de águas
profundas, intercalados com ruditos, foram reconhecidos, até o momento,
na margem oriental da bacia, sugerindo uma assimetria na configuração
geométrica da mesma. As demais fácies estão amplamente expostas em am-
bas as bordas da bacia e, possivelmente, na região das Minas do C ama-
quã, de acordo com os trabalhos de TEIXEIRA et alo (1978) e GONZALEZ &
TEIXEIRA (1980~.
Os leques marinhos são constituídos por ruditos diversos, ritmitos
arenosos, areno-peliticos e pelíticos, possuindo, localmente,intercala-
ções de sedimentos químicos e clásticos pelágicos ("cherts", porcelani-
tos e argilitos verdes), descritos no Vale do Piquirí por KOLLING (1979).
As porções proximais são formadas por ruditos de arcabouço caõtico,
transportados por fluxo de detritos ("debris flow") e por ruditos e are
nitos grosseiros, com acamadamento gradacional, tanto inverso quanto
normal, depositados por correntes de alta densidade. O arcabouço dos ru
ditos é constituído por clastos da prõpria unidade (alcançando, neste
caso, dimensões métricas) e derivados de rochas do embasamento afloran-
te nas proximidades, indicando o carãter autõctone dos depósitos. Nas
porções mais distais dos leques, formando seus lóbulos distais, ocorrem
ritmitos areno-pelíticos e pelíticos, com marcas de sola, acamadamento
gradacional normal, laminação plano-paralela e microestratificação cru-
zada, constituindo ciclos de espessuras variáveis (centimétrica a métri
ca) de turbiditos.
_ As seq~ências marinhas de águas ~, geradas por ação de ondas,
sao formadas por ritmitos arenosos e areno-pelíticos, com boas exposi~
ções em ambas as bordas da bacia, tanto na margem oriental (e.g., Passo
da Capela, onde a seq~ência é recortada por ruditos de leque costeiro)
quanto na ocidental (e.g., Picada dos Tocos: Fig. 2 C-C'). Nestas se-
q~ências, com bases nos tipos litológicos e estruturas sedimentares, é
possível distinguir duas fácies: (1) fãcies de ritmitos e (2) fãcies de
arenitos laminados, tendendo, esta, a predominar no topo.
Na fácies de ritmitos, as estruturas mais comuns são lamin~ção cru-
zada por migração de ondulações por onda ("wave ripples"), marcas de on
das simétricas, e estratifi.cação cruzada "hummocky", indicativas de a=
ção de ondas (possivelmente de tempestade) e pouca profundidade de á-
gu~. A presença de laminações cruzadas assimétricas sugere, também, a
açao de correntes de fundo; possivelmente induzidas por ondas de tempes
tades. A associação de todas estas estruturas sugere deposição abaixo
do nível base de ondas normais e acima do nível base de ondas de tempes
tade (FRAGOSO CESAR et al., em preparação). -
As fácies de arenitos finos, com laminação plano-paralela e esporá-
dicas intercalações de estratificação cruzada "hummocky", foram deposi-

3.274
tadas acima do nível base das ondas normais.
As intercalações vulcânicas da molasse precoce sâo represen~ por
derrames basicos a intermediarios, com subordinada participaçâo de agl~
merados, brechas e piroclásticas diversas de composiçâo ácida, bem como
intrusivas rasas. Análises geoquímicas nestas rochas apontam tipos de ~
finidade alcalina, sendo dominantes basaltos, 'hawaiitos, mugearitos, tra-
qui-andesitos, tefrito-fonolitos, etc. (ROISENBERG et al.,1983). Os~deE
rames sáo comumente estruturados em "pillow-Iavas" e ricos em ves~cu-
Ias. Nos perfis das Figs. 2 e 3 estâo localizadas as ocorrências de
IIpillow-lavas", estrutura vulcânica coerente com o ambiente marinho in-
terpretado para a molasse precoce.
A MOLASSE TARDIA Compreende uma seqfiência predominantemente cont!
nental, com possiveis depósitos marinho rasos na sua porçâo basal, pró-
ximos à borda oeste da bacia (Fig.3). Embora de forma bastante localiz~
da, sâo reconhecidos derrames básicos e intermediários intercalados na
base da seqüência, reunidos sob a denominaçâo de Membro Rodeio Velho (R!
BEIRO et al.,1966). Esta molasse, com base no perfil da Fig.3, tem es-
pessur~estimada em torno de 2.000 metros e apresenta-se suavemente do-
brada em amplas sinclinais e anticlinais. Tal seqüência tem sido objeto
de diversos estudos, entre os quais destacamos os de ROBERTSON (1966),
RIBEIRO et aI. (1966), TESSARI & PICADA (1966), TESSARI & GIFroNI (1970),
RIBEIRO (197õ), RIBEIRO & LICHTENBERG (1978), BECKER & FERNANDES(1982),
FRAGOSO CESAR (1983) e FRAGOSO CESAR et aI. (1984).
A molasse tardia apresenta amplas-exposições, abrangendo aproximada
mente 80% da área da bacia. Ocorre discordantemente sobre o embasamento
e sobre os depósitos da molas se precoce. A relaçâo estratigráfica entre
as duas molasses é clara em quase toda a bacia. Entretanto, ao longo
da margem oriental, torna-se dificil a definição precisa deste limite.
Conforme verificado entre o Passo da Capela, a Serra da Boa Vista e a
Serra dos Pereiras e, entre o Vale do piquirí e o Rincão dos Mouras, a
passagem parece ser transicional, tanto pela mudança das condições pa-
leoambientais quanto tectónicas. A partir dos trabalhos de campo,em par
ticular nos perfis regionais (Fig.3) e de detalhe (FRAGOSO CESAR et al.~
em preparaçâo), foi possivel caracterizar a molasse tardia como --pos-
suindo, no minimo, depósitos formados nos seguintes ambientes deposicio
nais: (1) marinho raso (não excluindo a possibilidade de ser lacustre)~
tanto relacionados~eques costeiros quanto a seqfiências de praia, so-
mente reconhecidos na borda ocidental da bacia; (2) IIpiedmõntico", com
fácies subaéreas na margem oriental e, em parte, subaquosa na ociden-
tal; (3) fluvial entrelaçado, com fácies proximal e distal em relação
aos leques; (4) deltaico, relacionado a entrada daqueles rios em corpos
lacustres, gerando deltas de pequenas dimensões; e (5) eõlico, marcando
a presença de campos de dunas em vários trechos da bacia. No perfil da
Fig.3 constata-se que os depósitos marinhos, "piedmõntico" e eólico ten
dem a ocupar a base da seqfiência, enquanto os deltáicos, exceto nas pro
ximidades do Arroio Olaria, ocupam a posição de topo. A porção interme=
diária é ocupada pelos depósitos fluviais, que são os mais abundantes
da bacia. '

Os depósitos basais da molasse tardia representam as porções dis-


tais de leques costeiros (ritmitos arenosos); a presença de arenitos
com "wave ripples", intercalados nestes depósitos, indicam condiçóes de
águas rasas. Nos trechos onde a borda do corpo marinho (ou lacustre?)
náo se mostra influenciada por leques, ocorrem arenitos finos lamina-
dos ou com estratificação cruzada "hummocky", que sugerem deposição em
ambiente acima do nivelbase de ação das ondas normais, com eventuais
episódios de tempestades preservados.
Os depósitos de "piedmont" estudados referem-se a leques costeiros,
superpostos aos depósitos marinhos rasos e a leques aluviais associa-
dos aos depósitos fluviais. Nos leques costeiros, ocorrem delgadas in-
tercalações arenosas com IIwave ripples", indicando meio subaquoso raso.
Na Fig. 2 (perfil C-C') observa-se um exemplo de leque costeiro de pe-
quenas dimensões. Nos leques aluviais, os ruditos gradam, lateral e ver
ticalmente, para ortoconglomerados e arenitos com estratificações cruza
das acanaladas. Os melhores exemplos deste tipo de leque localizam-se
na margem oriental da bacia, no Rincão dos Mouras, Serra dos Pereiras
e na borda oriental da Serra das Encantadas (Figs. 1 e 3). Na porção
sul da bacia esta fácies é bem representada, tanto no extremo SE (obs.
dos autores) quanto na SW (BECKER & FERNANDES,1982).

3.275

--
----

Os depósitos fluviais representam, possivelmente, a seqüência sedi-


mentar mais característica, sendo reconhecida por praticamente todos os
autores que já estudaram a Bacia do Camaquã. são seqüências depositadas
por sistemas de canais entrelaçados ("braided") de alta (p~oximais) ~e
média (distais) energia (FRAGOSO CESAR et al., em preparaçao). Os depo-
sitos fluviais proximais ocorrem intercalados ou nas proximidades dos
leques aluviais; já os distais distribuem-se ao longo de praticamente
toda a bacia. Os depósitos proximais são constituídos por ortoconglome-
rados com seixos imbricados, representando seqüências de barras super-
postas, enquanto os distais, formados dominantemente por arenitos com
.estratificações cruzadas, representam a migração de formas de leito. Na
porção central da bacia, tendendo a ocupar o topo da molasse tardia, o-
corre uma seqüência deltáica, reconhecida e descrita primeiramente em
FRAGOSO CESAR et alo (em preparação), constituída pela intercalação de
delgadas camadas lenticulares de arenitos finos com ondulações cavalgan
tes ("climbing ripples") e marcas de ondulação no topo, separadas por
pelitos, muitas vezes com níveis de fendas de ressecamento.
Depõsitos eólicos têm sido reconhecidos em várias regiões da bacia:
na porção sudoeste (BECKER & FERNANDES,1982), sul (PACIOS & BORGES,1979;
in BECKER & FERNANDES, 1982) , centro-sul (na região das Minas do Cama-
quã) e central (FRAGOSO CESAR et al., em preparação). As três últimas
ocorrências citadas estão dispostas ao longo de um alinhamento NE-SW,
podendo pertencerem ao mesmo nível estratigráfico. A primeira, entreta~
to, situa-se mais a oeste, já sobre a borda cratõnica. Estes depósitos
são constituídos por arenitos finos e médios com estratificações cruza-
das de grande porte, representando seqüências de dunas barcanas.
Rochas vulcânicas intercaladas na base da molasse tardia (Membro Ro
deio Velho) são reconhecidas em duas regiões da bacia: próximo às Minas
do Camaquã (RIBEIRO et al.,1966) e na região do Passo do Tigre (BECKER
& FERNANDES,1982). Naprimeira região, RIBEIRO et al.(1966) mapearam
derrames, com cerca de 100 metros de espessura,-ae~ndesitos com vesícu
las alongadas devido ao fluxo da lava, ricos em vacúolos e amigdalas
preenchidas por calcedõnia, ametista, quartzo e carbonatos. Na Folha Pas
so do Tigre, BECKER & FERNANDES (1982) descreveram derrames andesíticos
porfiríticos, também amigdalõides, enxames de diques de latitos pórfi-
ros, além de ignimbritos e tufos intercalados nos derrames. Estes, pe-
las relações de campo, mostram-se formados em condições subaéreas e, pe
los dados geoquímicos, apresentam tendência alcalina (BECKER & FERNAN=
DES, 1981) .

ESTRUTURAS TECTONICAS DA BACIA DO CAMAQUÂ


As molasses da bacia do Camaquã mostram-se deformadas pelos últimos
esforços compressivos que afetaram o Cinturão Dom Feliciano. Esta defor
mação registrou-se de várias maneiras, principalmente como dobras e fa=
lhas.
Os dobramentos ocorreram em duas fases: (1) gerando dobras que
D1'
apresentam, localmente, clivagem plano-axial S1; gerando dobras
D2' sua
ves, de pequena amplitude e grande comprimento de onda. Enquanto a mo=
lasse precoce mostra-se afetada por D1, que dobra suas camadas em anti-
clinais e sinclinais de plano axial verticalizado e eixo com forte cai-
mento para NE (Fig.2; vide também mapa da Folha de Bom Jardim, de RIBEI
RO,1970), a molasse tardia mostra-se afetada apenas pelas suaves dobras
D2 (Fig.3), de plano axial também verticalizado, porém com eixo sub ho-
rizontalizado, apresentando um leve caimento para NE. Isto justifica a
definição dessas molasses como precoce (pré-D1) e tardia (pós-D1)' ca-
racterizando a discordância angular que as separa, pelo menos nas por-
ções centrais e ocidentais da bacia.
As dobras D,., constatadas ao longo dos perfis da Fig.2, foram mapea
das na margem ocidental por RIBEIRO (1970), na mesma região onde os per
.fis foram realizados, sendo, aí, facilmente caracterizáveis. -
Na margem oriental, entretanto, o padrão deformacional é bem mais
complexo, sendo difícil analisar as dobras D1 devido à intensidade dos
falhamentos inversos, bem como os transcorrentes, que afetam amolasse
pr~coce.,Apenas em um perfil, realizado ao sul de Santana da Boa Vista,
proximo a BR-392 (vide Fig.1), foi possível observar que D1 é represen-
tada por dobras assimétricas, com camadas de suave a médio mergulho pa
ra o quadrante SE (20"-4SO)e forte mergulho para NW (50"-80"), tendo, por=
tanto, plano axial inclinado mergulhando para SE e vergente para NW. Em

3.276
outros trechos da margem oriental, a molasse apresenta-se em homocli-
nais com forte mergulho para NW.
As dobras D2 são mais facilmente observáveis na porção central da
bacia (Fig.3). A avaliação desta fase torna-se, igua~1ente, mais difí-
cil quando a molasse tardia ocorre nas porções mais orientais. Nas re-
giões do Rincão dos Mouras, Serra dos Pereiras e Serra da Boa Vista,por
exemplo, suas unidades ocorrem fortemente inclinadas, sendo, inclusive,
difícil reconhecer a discordãncia que a separa da molasse precoce.
As falhas que afetam as molasses são inversas, transcorrentes e-noE
mais. As falhas inversas, aparentemente, relacionadas ao esforço com-
pressivo que gerou D1, tendo afetado apenas a molasse precoce. Estas f~
lhas, mais intensamente ativas na corda leste da bacia, seccionaram a
molasse ernbutindo-a tectonicamente em seu ernbasamento (RIBEIRO & FANTI-
NEL,1978). Destas fatias, separadas entre si por altos do embasamento,
a mais notável aflora a leste de Santana da Boa Vista (Fig.1), sendo
marginada por falhas inversas vergentes para NW. Possui largura sempre
inferior a 8krn e comprimento superior a 160krn, mergulhando, em arnbas e~
tremidades, sob os depósitos da Bacia do Paraná. Fatias tectônicas de
outras dimensões têm sido mapeadas. A mais oriental, até o momento re-
conhecida, situa-se nas cabeceiras do arroio Barrocão, apresentando lar-
gura em torno de 300 metros e comprimento inferior a 6krn (RIBEIRo,1977).
As falhas transcorrentes, apesar de sua importãncia na estruturação
da bacia, têm sido pouco estudadas. Sabe-se que afetam a molasse preco-
ce, estando, em parte, conjugadas às falhas de empurrão. Localmente,
aparentam ter sido reativadas apõs, ou concomitantemente, à deposição
da molasse tardia, conforme relatado por PACIOS & BORGES (1979).
As falhas normais tiveram grande importância durante a deposição da
molasse tardia, sendo responsáveis pela geração de grabens e semi-gra
bens de diversos tamanhos, nos quais depositaram-se seqüências molássi=
cas continentais. Reativações concomitantes e posteriores à deposição
da molasse são responsáveis pela atual geometria, na forma de um gran-
de graben de orientação NE-SW, da Bacia do Camaquã.

A EVOLUÇAO DA BACIA DO CAMAQuA E SUA RELAçAO COM A EVOLUÇAO DO CIN-


TURAO DOM FELICIANO
As características paleoarnbientais e tectônicas, anteriormente dis-
cutidas, levam à consideração de que a Bacia do Camaquã corresponde a
uma estrutura deposicional assimétrica, sendo inicialmente mais profun-
da na margem leste e rasa na oeste; e, além disso, os eventos deforma-
cionais que a afetaram foram de maior intensidade na borda leste. Isto
é compatível com sua definição corno antefossa molássica, pois, na mar-
gem leste, concomitante à sua evolução, soerguia-se uma cadeia de monta
nhas, enquanto a oeste, tectonicamente mais estâvel, situava-se uma á=
rea cratônica.
A hipótese da assimetria da bacia é reforçada pelas características
deposicionais, tanto da molasse precoce quanto da tardia: (1) na molas-
se precoce ocorrem depósitos de águas profundas sotopostos aos de água
rasa na margem leste (caracterizando um estágio inicial de subsidência
superior a sedimentação), enquanto a oeste, de acordo com os dados que
dispomos, ocorrem apenas depósitos de águas rasas (sugerindo que a sub-
sidência foi equilibrada com a sedimentação); (2) os depósitos rudíti-
cos (de águas profundas e rasas) deste molasse são muito mais abundan-
tes e espessos na margem oriental, predominando sobre os ritmitos, en-
quanto na ocidental a situação é inversa; (3) na molasse tardia, a ocor
rência de depósitos marinhos (ou lacustres?) basais está restrita a bor
da oeste, enquanto na borda leste, aparentemente contemporâneos, desen=
volv~ram-se possantes pacotes de leques aluviais, indicandO que aquela
regiao, que iniciara em condiçóes marinho profundas, já estava intensa-
mente soerguida.
Urna vez conhecidas as características gerais da bacia, dos ambien-
tes deposicionais que formaram suas molasses e dos eventos que as afeta
rarn, para bem caracterizar sua evolução seria necessário conhecer as fa
ses e estilos deformacionais que afetaram o Cinturão Dom Feliciano comõ
um !odo ou o Grupo porongos em particular. Desse modo, através de corre
-laçoes estruturais, poder-se-ia entender a evolução da bacia e seu sig=
nificado na história da faixa orogênica a qual ocOrre associada e é ge-
neticamente dependente. Infelizmente, não dispomos de tais dados e, a-
queles encontrados na literatura são insuficientes ou inconclusivos.

3.277

----- ---
Entretanto para, a nivel de especulação, aventar uma hipótese evol~
tiva, podemos recorrer aos dados existentes sobre o Cinturão Dom Feli-
ciano em Santa Catarina, onde, graças aos trabalhos de BASEI (1984) e
CAMPOS NETO (1984), a correlação estrutural entre o Grupo Brusque (equ!
valente do Grupo Porongos) e o Grupo Itajai (equivalente do Grupo Cama-
quã) encontra-se satisfatoriamente estabelecida. Os autores supra-cit~
dos também reconheceram duas fases de dobramentos, intercaladas por uma
fase de falhas inversas ou de empurrão, na Bacia do Itajai. Correlacio-
naram as dobras D1 desta bacia com as dobras D4 do Grupo Brusque, cujos
metamorfitos sofreram cinco fases de deformação. As primeiras fases
(D1, D2, D3), são responsáveis pelo intenso espessamento crustal! liga-
do a cavalgamentos, dobramentos intrafoliais recumbentes, intrusoes gr~
niticas, etc., que iniciou o soerguimento do Cinturão Dom Feliciano. A
D4, correlata à D1 do Grupo Itajaí, é a mais evidente, criando me gado-
bras regionais, isópacas ou isópacas achatadas, normais ou com vergên-
cia para noroeste. Representam as grandes dobras paralelas à orienta-
ção do Cinturão Dom Feliciano, sendo, possivelmente, no Rio Grande do
Sul representadas pelas grandes dobras do Grupo porongos, que expóem
seu embasamento (Fig.1). Relacionadas a esta fase de dobramentos, reati
varam-se falhas inversas ou de empurrão, vergentes para noroeste. As dõ
bras DS, correlatas às D2 do Grupo Itajai, são de difícil caracteriza=
ção nos metassedimentos, formando, principalmente, estruturas monocli-
nais. .
Reunindo os elementos anteriormente discutidos e transpondo informa
ções do Cinturão Dom Feliciano em Santa Catarina para o Rio Grande dõ
Sul, podemos aventar a seguinte evolução para a Bacia do Camaquã, condi
cionada à evolução da faixa móvel associada:
1) Inicio do soerguimento das zonas mais internas do Cinturão Dom Feli-
.
ciano, após as primeiras fases de dobramentos (D1' D2, D3) vergentes
para noroeste (com conseqüente espessamento e encurtamento crustal) e,
individualização de uma bacia marinha alongada e assimétrica no seu li-
mite com o Craton do Rio de La Plata; .
2) Preenchimento sedimentar da bacia marinha por detritos imaturos,grau
váquicos e arcoseanos, oriundos da faixa móvel em soerguimento e, subor
dinadamente, da borda cratõnica reativada. Depósitos marinhos, de pro=
fundos a rasos na margem leste e rasos na margem oeste, são formados.
Instalam-se grandes pacotes ruditicos na margem leste. A margem ociden-
tal é afetada por vulcanismo alcalino, possivelmente contemporâneo ao
que afeta a borda cratõnica reativada;
3) O Cinturão Dom Feliciano é afetado pela quarta fase de dobramentos
(D4), que também se reflete na molasse precoce (D1), sendo mais intenso
na margem leste da bacia;
4) No término da quarta fase de dobramentos, o Cinturão Dom Feliciano é
afetado por falhas de empurrão vergentes para noroeste, que seccionam e
embutem tectonicamente "fatias" da molasse precoce, tanto no Grupo Po-
rongos comó no embasamento pré-Brasiliano. Concomitantemente a este es-
tágio, ocorre uma inversão de relevo na Bacia do Camaquã, mantendo em
condições subaquosas (marinha ou lacustre?) apenas trechos de sua mar-
gem ocidental. A margem oriental, então subaérea, começa a fazer parte
.
da cadeia de montanhas soerguida;
S) Inicia, paralelamente à' inversão, a deposiçâo da molasse tardia em
estruturas tipo grabens e semi-grabens, localmente mantendo condições
marinhas (ou lacustres?). Neste estágio, espessos pacotes rudíticos de
leques aluviais e depósitos fluviais, proximais a distais, formam-se na
margem oriental. Na borda ocidental, geram-se depósitos subaquosos, li-
gados a leques costeiros e a ambientes fora da influência destes.Na bor
da cratõnica reativada formam-se seqüências similares às da margem ori=
ental, porém, menos possantes. Em vários trechos da bacia pred~dnam cam
pos de dunas. Vulcanismo alcalino intercala-se nestes depósitos basais:
As condições paleoclimáticas reinantes são, possivelmente, áridas ou se
mi-áridas;
6) Continua a deposição da molasse tardia, predominando depósitos flu-
viais, localmente invadindo corpos lacustres e formando seqüéncias del-
taicas;
7) A fase final de dobramento (DS) afeta o Cinturão Dom Feliciano, ondu
lando suavemente as molasses (D2). Nesta fase, o tectonismo é mais in=
tenso na bor~a leste da bacia. Falhas gravitacionais e, talvez, trans-
currentes, sao reativadas;

3.278
8) Encerra-se o Ciclo Brasiliano no Cinturão Dom Feliciano e começa a
transição de condições paraplataformais para ortoplataformais no sul
do Brasil.
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3.280
LOCALIZACÁO DA BACIA
DO CAMAQUÃ

FALH"S INOIFERENCI"O"S
IC:.".:i1 C08ERTURA FANEROZÓICA ~ CONTATOS
",A PERFIS
GEOLÓGICOS

.
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REG,ON"'S (FIGS. Z. 3)
SIENITO PIQUIR, A'
L~ ;-1

LOCALIDADES CITADAS NO TEXTO


Ilbo~IIIIOL"SUS CLÁSTICAS

SIV' S"NT"H" o.. 80.. VIST..


VULCÂNIC"S
"OL"SS"S
I. V"LE DO ~IQUIRI
r;+1 CO"~LEXO GR"NíTlCO
-L.::.:.J ENCRUZILH..O.. DO SUL Z. "'H..S DO C......QUÃ
T ÓRFIC..S
I I 1I SUPR"CRUST..,S
3. RODEIO VELHO
(GRUPO "E
PORONGOS)
4. RINCÃO DOS ..OU
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rr.r.T!I!1I E..I..S..IIIENTO S. PASSO DA C"PELA
~ PRÉ-8R..SILI..NO
.. SERR.. O.. BOA VIST..
7. PICADA DOS TOCOS
8. PERFIL AO SUL O.. 8R 3.2

Flg. I - A BACIA DO CAMACUÁ. SEUS LIMITES E


PRINCIPAIS. UNIDADES LlTOESTRAT/GRÃF/CAS

3.281
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3.283

-
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA. RIO DE JANEIRO. RJ. 1984

PADRÃO DE INTERFER~NCIA ENTRE TR~S (3) FASES DE DOBRAMENTO EM


LUMINARIAS, S. DE MINAS GERAIS

Rogério Rodrigues da Silva

1. ABSTRACT
This paper describes geological and Structural mapping realized
in a super detailed scale (1:5.000).
The rocks are divided into two groups: a basement of
gra~odioritic co~position with a deformed and metamorphosed sedimentary
cover.
Three deformation phases were analized and all of them
produced folds on a kilometrical scale. To resolve the deformation
history of the area the criteria of overprinting was used.
The ~old axes of the first phase (D ) and the second phase (D2)
are subparallel, E-W and Subhorizontal. Thellast deformation phase
(D3) has inclined fold axes (220/16) and a Subvertical axial plane
(140/84). A shear zone cut's all rocks mapped in the NW part of
the area, it's foliation is parallel to S3.
The metamorphism of the area is of the upper greenschist
facies and is ~acterized by local ocurrences of garnet, biotita,
cloritoid and clorite.

2. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar estruturalmente uma área


mapeada em escala de super detalhe. Usou-se como mapa base uma foto-
grafia aérea do IBC -- Gerca Mg 242 n9 160671, datada de 16 de julho
de 197.9, ampliada até a escala aproximada de 1:5.000.
As rochas mapeadas são de origem sedimentar metamorfoseadas e
multiplamente dobradas dispostas sobre um embasamento ígneo de Compo-
sição Granodioritica. O mapeamento Geológico/Estrutural em escala de
detalhe se mostrou COmo eficiente ferramenta para o entendimento da
sucessão de eventos deformacionais e para o estabelecimento de uma co-
luna estratigráfica. (Ver Figura 1)
O mapa Geológico apresentado na Figura 2 representa um retán-
gula de 7 Km por 4 Km e para o seu mapeamento foram necessários 64
dias de campo. .
Este mapeamento está inserido no Mapeamento Geológico/Estrutu-
ral que um grupo de pesquisadores da UFRJ desenvolve no S. do Estado
de Minas Gerais (Trouw et alii, 1980, 1982 e 1983; Ribeiro e Heibron,
1982)

3. DESCRIÇÃO LITOL6GICA

As rochas metassedimentares mapeadas pertencem ao Grupo Car-

3.284
rancas (trouw et alii, 1980, e está situado no Fácies Sedimentar Três
Pontas / LUMINÂRIAS (Ribeirõ e Heibron, 1982). Este conjunto de rochas
metamorfoseadas e deformadas jazem sobre um embasamento Granodioriti-
co.
A Sedimentação em Luminárias se caracteriza por uma interca-
lação, observada em todas as escalas, entre a deposição de sedimentos
quartzosos e peliticos. A transição vertical entre as unidades lito-
lógicas sempre ocorre gradualmente.
O Grupo Messedimentar foi dividido em quatro unidades litoló-
gicos:
Unidade Granada biotita xis'to com lentes milimétrica a cen-
timétrica de quartzo.
Unidade Mica Verde Guartzito. Muscovita e/ou Fuksita ~t-
zo; muscovita quartzo Xisto e Granada Muscovita Filitõ in-
tercalados em todas as escalas.
Unidade Quartzi to intercalado com Granada FilHo Grafi toso.
Nesta unidade ocorre predomínio de filito sobre as rochas
quartzosas.
Unidade Camada Gnaissica basal. Meta-arcósios com interca-
lações finas de quartzitos e filito cinza subordinadamente.
O Embasamento é composto por Granodiorito e GranodioritoGnais-
se com corpo de Serpentinito associado. (Figuras 2 e 3)
4. ANALISE ESTRUTURAL

Três fases de Deformação D , D e D 1 atuaram na área pesqui-


sada, o que vem a confirmar o modelo pfopos~o por Trouw et alii (1980,
1983). Todas as fases dobram intensamente o pacote metassedimentar.
O critério usado para o estabelecimento de uma hierarquia pa-
ra os eventos deformacionais foi o de redobramento (Hobbs, Means e
Williams, 1976, pp. 350-351).
4.1. Primeira Fase de Deformação Dl
Esta fase provocou dobramento isoclinal em escala kilométri-
ca. D gerou nos xistos e filitos do pacote uma clivagem ardosiana
(51) que se orienta paralelo às camadas sedimentares e ao plano axial
de dobramento Dl' O trend geral do eixo de dobramento é 270 / subhori-
zontal.
O estilo espetacular das dobras desta fase pode ser observado
nas Figuras 6A e 8B.
4.2. Segunda Fase de Deformação D2
Impõe ao pacote metassedimentar dobramento fechado tendo Pla-
no Axial subhorizontal e um eixo de dobramento aproximadamente para-
lelo ao de D . -
A se~unda fase desenvolve dobras em todas as escalas, sendo
comum observar crenulações D2 com clivagens 52 e lineaçõ~s L2 assoc~a-
das. Nas charneiras das dobras D2 a clivagem de crenulaçao fica tao
forte que chega a transpor a clivagen ardosiana 51 preexistente e reo-
rienta os filossilicatos paralelos a 52'
A Figura 4 é um mapa estrutural expondo os elementos estrutu-
rais de D, e D2.
FOram mapeadas duas lineações em escala penetrativa que se a-
linham subparalel~ aos eixos de Dobramento DJ e D2:
-- Lineaçao Mineral: Muscovitas alinnadas em Superfícies Se-
dimentares 50 e Superfície Clivagem 51.
Lineação de Estiramento: Grãos de quartzo alinhados e es-
triados em Superfícies Sedime~ 50.
Não foi possível saber se D ou D2 quem gerou essas lineações.
Podemos denominá-las lineações pré-terceira fase, já que D3 dobra in-
tensamente estas lineações.
A primeira fase Dl e a segunda fase D2 tem histórias de do-
bramento coaxial e juntos produzem um padrão de interferência chamado
Redobramento Coaxial ou Redobramento do tipo 3 (Ramsay, 1967). (Ver
Figuras 6-B e 8-C).

3.285
-- -- -
~-
--~-

4.3. Terceira Fase de Deformacão D3


Esta fase é a responsável pela Zona de Cizalhamento que corta
todas as rochas mapeadas e que possui . relevância na Geologia Regional.
(Ver Figura lB).
As dobras associadas a essa fase foram encQntradas em várias
escalas e variam de suaves quando longe da zona de cizalhamento até
fechados quando estas se situam perto da zonarD3) de intensa deforma-
ção (compare com Trouw et alii, 1982). (Ver Figura 6-C)
Nas charneiras das dobras D3 que se situam p~rto da_ Zona de
Cizalhamento se desenvolveu uma'cli~agem de crenulaçao S3 tao forte
que as clivagens anteriores SI e ate-mesmo S2 foram transpostas e os
fil~ss~catos reorientado parãlelo a S3. (Usa-se o conceito transpo-
siçao conforme definido'em Hobbs, Means e Williams, 1976)
~ comum observar na área uma lineacão de crenulação e urna de
interseção da clivagem S3 com Sl ou S2' que se alinham parapelo aos
eixos de dobramento D3'
A figura 5 é o mapa estrutural da terceira fase D3 e também
sao plotados as superficies sedimentar So.
A Figura 9 é um bloco diagrama onde são desenhadas as dobras
das três fases que afetaram a área. Observar que E, é subparalelo com
E2 e que ambos fazem ângulo relativamente grande cOm E3'

5~ CONDIÇOES DE METAMORFISMO
O grau metamórfico que afetou a área é da parte superior do
fáries Xisto Verde (Wincley, 1977) e caracterizado pelas ocorrências
de minerais indicativos, como: granada, cianita (somenteumaocorrên-
cia), biotita, cloritóide e clorita.

.6. CONCLUSÕES
Três fases de deformação (Dl, D2 e D3) afetaram as rochas da á-
rea.
Todas as fases possuem dobras e clivagem plano axial associada.
D, e D2 têm história de dobramento coaxial e juntas produzem o
p~drão de interferência chamado redobramento coaxial.
A terceira fase de deformação foi responsável pela zona de ci-
zalhamento regional que corta as rochas da área.
As rochas sofreram condições metamórficas de Fácies Xisto Verde
Superior.

7. AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma a


realizar este trabalho.

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3.287
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FIGURA MAPA DE LOCALIZAÇÃO E MAPA GEOLOGICO REGIONAL.

FIG .IA MAPA DE LOCALIZA~ÁO

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750

500

O PERFIL MOSTRA UMA CHARNEIRA DE DOBRA DI UMA SEQUENCIA DE DOBRAS ~ E A


ZONA DE CIZALHAMENTO 03 TRUNCANDO AS UNIDADES BIOTITA XISTO E A UNIDA
DE QUARTZITO INTERCALADO COlo! FiLiTO GRAFITOSO

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FIGURA 6 - PADROES DE DOBRAMENtO

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DOBRAM ENTO DI

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DOBRAS ABERTAS A FECHADAS COM

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3.296

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ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

CONSIDERAÇOES SOBRE O GRUPO AÇUNGUI EM sAo PAULO E PORÇAO


ADJACENTE DO PARANA

Yociteru Hasui
Instituto de Pesquisas Tecnol6gicas do Estado de São Paulo
Oscar A. Cremonini
Fundação para o Desenvolvimento Tecnol6gico da Engenharia
Helmut Bom
Departamento de Engenharia de Minas da Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo

ABSTRACT

The Açungui Group has been reviewed since 1971 and much of their
rocks are now included in its basement (Setuva Complex, Basal Complex).
The Upper Proterozoic sequences are reduced to three NE trending
subparallel elongated zones: the Capiru, the Açungui (redefined) and
the Itaiacoca groups, from SE to NW.
The Açungui Group Belt is separated by a NNE transcurrent fault in
two segments, and the northern one extends from Cerro Azul (PR) to Ca
pão Bonito (SP) Some detailled litho-structural profiles were surveyed
.

in this northern segment and the results are here dlscussed.


The Açungui Group, as now redefined, includes three sequences of
pelitic to conglomeratic metasediments (phyllites, schists, quartzites,
oligomitic metaconglomerates) with some intercalations of metabasic
rocks; these units are separated by two carbonatic sequences
(limestones, dolomites, calc-phyllites and calcarenites). From the
bottom to the top, they are the Betari, Bairro da Serra, Água Suja,
Furnas and Serra da Boa Vista Formations, well exposed along the Apiai
-Iporanga road. The total thicknessvaries up to some thousand meters-
and the deposition occurred in an elongated basin (NE trend),seemingly
of graben type, during alternate stable and somewhat unstable periods
in shallow neritic environnement. '
The Açungui Group was folded during the regional metamorphism (low
grade, low-intermediate pressure, up to the biotite zone). Many
kilometric anticlinorial and synclinorial ondulations may be
reconstructed, with ~~. NE-trending axis and upright axial planes.
Superposed ondulations and strain-slip cleavage are recognized, with
NE and NW trends, due to one or two deformation episodes, but these
features do not appreciably modify the earliergeometry.
The Açungui Group forms the Apiai Fold Belt, and the Capiru and
Itaiacoca groups constitute the Rio Branco and Itapeva fold belts.
These NE-trending belts and the large basement areas between them
outline the Upper Proterozoic structural framework of southern são Pau
10 State and adjacent area of the paraná State.

INTRODUçAo

Reconhecidas já por Derby (1878, ~pud Marini e~ ~l., 1967) as ro


chas proterozóicas do paraná foram enfeixadas sob a designação Série
Açungui por Oliveira (1927) e estendidas por vastas extensóes não só
naquele estado como também em são Paulo.
A subdivisão estratigráfica dessa unidade foi proposta no paraná
por Bigarella e Salamuni (1956, 1958a ,b) e Marini et ~l. (1967), sepa
rando as formações Setuva, Capiru, Votuverava e Água Clara, da base pa
ra o topo. Estes últimos autores reclassificaram a unidade como grupo-
e registraram problemas de relações entre as diversas formações. Estas
últimas não foram reconhecidas no lado paulista por Melcher et ~l.
(1973) .

3.297

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Fuck e~ ato (1971) consideraram a Formação Setuva como pré-Açungui


enquanto Ebert (1971) preferiu assim qualificar apenas as rochas gnáis
sicas até então enfeixadas nessa subunidade. Tais colocações são con
.
cordantes entre si quanto à existência de rochas mais antigas incorpo
radas ao Grupo Açungui e discrepantes quanto à posição do limite. Os -
autores que posteriormente lidaram com essa formação endossaram em es
sência uma e outra dessas proposições, introduzindo algumas variações-
ou divisões e diversos nomes novos. Assim, a concepção de Fuck e~ ato
(op.c.-t~.) foi seguida por Popp e~ ato (1979), Battola Jr. e~ ato (1981),
Fritzsons Jr. e~ ato (1982) e Lopes (1983), enquanto a de Ebert (op.
c.-t~.) recebeu endosso de Schôll e~ ato (1980), Piekarz (1981), Silva
e~ ato (1981), e JICA-MMAJ (1982, 1983).
Outra modificação substancial foi proposta por Schôll (1980) e pon
tes (1982), deslocando a Formação Água Clara do topo para a base do
Grupo Açungui e por Fritzsons e~ ato (1982) e Biondi (1983) que a consi
deraram pré-Açungui.
Mais recentemente, também a inclusão da Formação Votuverava no con
junto litológico pré-Açungui tem sido defendida pelo primeiro autor
desta nota em palestras realizadas no 49 Simpósio Regional de Geologia
(Hasui e~ at., 1983), em Curitiba (SBG/UFPr, 27/4/84) e em são Paulo
(IPT, 3 e 4/5/84; CPRM, 16/7/84). Alguns dados estão sendo agora divul
gados (Hasui e~ at., 1984b). -
Outra questão pertinente levantada diz respeito aos imensos batóli-
tos de Três Córregos e Cunhaporanga, que alojariam porções de metasse
dimentos (tetos, encraves) indicativos da pretérita continuidade do
Grupo Açungui. Suas áreas, na realidade, são constituidas de rochas
pré-Açungui, aqui e ali injetadas por corpos granitóides (Hasui e~ aL,
1984.a).
Esse sucinto panorama dos conhecimentos sobre o Grupo Açungui é su
ficiente para mostrar quanto essa unidade foi descaracterizada a par
tir da última década, com extraordinária redução em área em favor do -
conjunto litológico mais antigo.
Nesse contexto, a questão crucial emergente diz respeito à caracte
rização, delimitação e subdivisão não só do conjunto litológico antig~
como também das porções remanescentes do que se chamava Grupo Açungui.
Os autores desta nota tiveram ensejo de realizar observações lito
-estruturais em partes do vale do Ribeira em são Paulo e porção adja
cente do paraná a partir de fevereiro de 1983. Os dados coligidos sãõ
pertinentes a uma porção do Grupo Açungui e permitem contribuir para o
equacionamento daquela questão crucial e são objeto de apresentação
nesta nota, em caráter preliminar.

O CONTEXTO REGIONAL

No presente estágio de conhecimento, o Pré-Cambriano do sul de são


Paulo e do paraná é reconhecido (Hasui, em preparação) como constitui
do por:
1- extensa faixa costeira de rochas gnáissicas (orto e paraderivadas),
mais ou menos migmatizadas, abrigando restritas manchas metassedi
mentares (quartzitos, micaxistos, dolomitos, rochas cálcio-silicáticas)-
e anfibolitos, assim como expressivas áreas de rochas granuliticas
(Itatins, Serra Negra) ;
2- extensa área interior constituida de metassedimentos diversos (fi
litos, xistos, gnaisses, quartzitos, calcários e dolomitos, rochas
cálcio-silicáticas, formações ferriferas e metachert), em meio às
quais aparecem metavulcãnicas félsicas e mãficas, corpos de metabasi
tos e metaultrabasitos e massas gnáissicas. Tais rochas são enfeixadas
no Complexo Setuva, conquanto os gnaisses possam representar porções
mais antigas. A delimitação precisa desse conjunto litológico em rela
ção ao do item anterior está ainda por ser feita com precisão e, ainda
que eles pareçam configurar embasamento e supracrustais, carece-se de
intepretação geral;
3- três faixas de metassedimentos, de orientação geral NE, constitui
das por rochas remanescentes do que antes se chamava Grupo AçunguI
A faixa a sudeste é configurada pela Formação Capiru, que se estende
de pouco a oeste de Campo Largo até pouco a NW de Barra do Turvo, pas
sando pela região de Rio Branco do Sul, Almirante Tamandaré e Bocaiúva
do Sul, e sendo em grande parte delimitado no seu lado NW pelo Linea
mento da Lancinha. A faixa a noroeste é representada pela Formação

3.298
Itaiacoca (Almeida, 1956; Bigarella e Salamuni, 1958b; Petri e Suguio,
1969), que ocupa boa parte da área entre os antes considerados batóli
tos de Três Córregos e Cunhaporanga. A faixa central é formada por
dois segmentos: o de sul está exposto no médio vale do Rio Açungui, o
de norte estende-se da região de Cerro Azul a Capão Bonito. O segmento
sul é representado por litologias que os geólogos"da MINEROPAR (Mine
rais do paraná S.A.) têm enfeixado sob o nome Seqüência Antinha (Bion
di, 1983), mas a preservação do nome Açungui pode e deve ser feita pa
ra esse conjunto. Esse segmento é separado do de norte por uma falha -
transcorrente de traço NNE, pelo que ~~ste último se pode considerar a
extensão da unidade Açungui. Nesse quadro geral de três faixas de ro
chas neoproterozóicas, os pacotes rochosos podem agora ser designados
Capiru, Açungui e Itaiacoca, independentes~ sem compor uma unidade li
to-estratigrãfica maior, e com ~~a~u~ de grupos, dadas as suas divisI
bilidades. Todas essas faixas são separadas por áreas onde se expóe 0-
Complexo Setuva." "
4- Intrusões granitóides e depósitos sedimentares e vulcano-sedimenta
res esparsos, de idade do fim do Proterozóico a Cambro-Ordovician~
O segmento setentrional da faixa central de metas sedimentos neopro
terozóicos é objeto de atenção nos itens seguintes. -
O SEGMENTO NORTE DO GRUPO AÇUNGUI

A Fig. 1, extraída de mapas existentes, delineia esse segmento. As


litologias principais são metassedimentos detríticos (argilosos a con
glomeráticos) e carbonãticos (calcários, dolomitos e sedimentos carbõ
nãticos) e estão representados respectivamente em pontilhado e em bran
co. Corpos granitóides intrusivos também são indicados. Em termos es
truturais foram representados apenas alguns eixos de dobras maiores -
que se põde verificar.
As Figs. 2 e 3 mostram os perfis lito-estruturais executados e as
respectivas colunas litológicas deles extraídas. a notável a repetição
dos pacotes e a sua continuidade lateral, permitindo compor-se a colu
na geral apresentada no canto direito inferior da Fig. 3.

As litologias e unidades lito-estratigráficas

A unidade 1 é constituída de filitos, xistos finos, quartzitos e me


taconglomerados. Os filitos são mais ou menos quartzosos, podendo ser-
interpretados como metargilitos e metassiltitos. Têm cores cinza a ne
gra (carbonosos), adquirindo tons diversos em função do grau de intem
perismo. Os xistos finos apresentam, além da sericita e/ou clorita, pa
lhetas de moscovita e/ou biotita e eventualmente cloritóide. Essas rõ
chas ocasionalmente podem ser também carbonáticas, até mesmo passando-
a calcãrio muito impuro. Os quartzitos ou metarenitos são finos a gros
sos, mais ou menos puros, neste caso incl~ principalmente micas e -
feldspatos. Os metaconglomerados são oligomícticos, envolvendo grânu
los de quartzo e quartzito de dimensões milimétricas (até 1,5 cm), com
ou sem matriz psamo-pelítica. O pacote é predominantemente psamo-pelí
tico, por vezes com caráter rítmico, e os metaconglomerados formam nu
merosos níveis lenticulares principalmente na porção superior. Rochas
metabásicas aparecem esparsamente, em corpos ao que parece concordan
teso O limite inferior da unidade não foi observado e na parte supe
rior faz contato direto com calcários da unidade 2. A espessura que se
lhe pode atribuir é, pois, mínima, e supera 500 m. JICA/MMAJ (1983) re
ferem espessura de mais de 750 m. -
Nesse pacote a estratificação plano-paralela reliquiar é claramente
discernível, seja pelas camadas ou lâminas de litologias distintas,se
ja pelo caráter rítmico de filitos e quartzitos. Também são observadas
estratificações cruzadas solitárias ou em co-seqüências, sempre de por
te centimétrico a decimétrico, assim como estrutura gradual. Petri e -
Suguio (1969) reconheceram ainda estruturas de corte-e-preenchimento e
de deslisamento (brechas intraformacionais, feições contorcidas), tam
bém de portes reduzidos. Essa unidade está bem exposta no núcleo do An
ticlinório da Serra do Sem Fim, na estrada Apiaí-Iporanga, sendo cober
ta pelas rochas carbonáticas da unidade 2 que aparecem a SE nas vizI
nhanças da ponte sobre o Rio Betari e a NW nas proximidades do Bairro-
da Serra. Esse trecho pode ser considerado como a seção-tipo.
Essa unidade corresponde ao membro S1 da Formação Açungui III (JICA

3.299

--------
/MMAJ, 1982, 1983) e à Seqftência Betari (Campos Neto, 1983). Propõe-se
aqui fixar a designação Betari, com a qualificação de formação, em lem
brança ao rio que a corta junto à estrada Apiaí-Iporanga e em cujo leI
to excelentes exposições também podem ser vistas. -
A unidade 2 é constituída de calcários e dolomitos, de cores cinza
claro a escuro, finos, mais e menos puros, com intercalações de fili
tos, cinzentos e negros, cálcio-filitos e calcarenitos, e exibindo pI
rita disseminada. As rochas carbonáticas muito freqftentemente mostram-
grãos detríticos de quartzo em sua constituição. O seu limite superior
é abrupto, passando-se a termos psamo-pelíticos da unidade 3. A espes
sura varia, estimando-se em 500 m na região de Rocha. JICA/MMAJ (1982)
considera a espessura máxima de 900 m, com calcários predominando na
base e dolomitos no topo.
Essa unidade aloja os depósitos de Pb-Zn-Ag das áreas das mineral i
zações de Rocha e Lajeado e corresponde ao membro L2 da Formação Açun
gui III (JICA/MMAJ, 1982, 1983). Sua melhor exposição ocorre no SinclI
nório de Lajeado e os afloramentos da estrada Apiaí-Iporanga bem a re
presentam. Propõe-se chamá-ia Formação Bairro da Serra, em lembrança ã
localidade homônima. Ela corresponde ao membro L2 da Formação Açungui
III (JICA/MMAJ, 1982, 1983). Campos Neto (1983) chama Seqftência Furnas
-Lajeado ao conjunto das unidades 2, 3 e 4 aqui indicadas. -
A unidade 3 é análoga à 1, incluindo os mesmos tipos litolõgicos e
ordenação semelhante. O seu limite superior é dado pelo contato abruE
to com rochas carbonáticas da unidade 4. A espessura é variável, esti
mando-se cerca de 1.000 m corno valor máximo. JICA/MMAJ (1982) encontra
ram cifra análoga. -
Essa unidade está bem exposta na estrada Apiaí-Iporanga, no trecho
entre Furnas e a estrada que leva a Lajeado, sotoposta às rochas carbo
náticas da unidade 4 e à faixa da unidade 2 presente na Serra do Tatu~
Ela corresponde ao membro S2 da Formação Açungui III (JICA/MMAJ, 1982,
1983). Propõe-se chamá-ia Formação Âgua Suja, em lembrança ao nome do
córrego, afluente da margem esquerda do Rio Betari, que corre ao longo
do seu contato com a unidade 4.
A unidade 4 é análoga à unidade 2, no que diz respeito à constitui
ção litológica e ordenação. O seu limite superior á abrupto, em conta
to com termos psamo-pelíticos da unidade 5. Sua espessura varia, a mã
xima sendo estimada em cerca de 600 m. JICA/MMAJ (1982, 1983) determI
naram espessura máxima de 1.000 m.
Essa unidade está bem exposta nos arredores de Furnas, pelo que se
propõe a designação Formação Furnas. Ela corresponde ao membro L3 da
Formação Açungui III (JICA/MMAJ, 1982, 1983). Na Serra do Carumbé e em
Sete Barras (sul do Granito Itaóca) aparecem os depósitos de fluorita;
aloja ainda os depósitos de Pb-Zn-Ag de Panelas e Barrinha.
A unidade 5 também tem estrita analogia com a unidade 1 quanto à
constituição e ordenação. Seu limite superior é erosivo e sua espessu
ra, variável. Estima-se que alcance 800 m. JICA/MMAJ (1982) consideram
espessuras" de 1.800 m na Serra do Carurnbé e 900 m na Serra da Boa Vis
ta.
Essa unidade está bem exposta na estrada Apiaí-Iporanga, onde ela
corta a Serra da Boa Vista. Campos Neto (1983) chamou-a Seqftência Ser
ra da Boa Vista, designação que aqui se retém com ~tatu~ de formação.-
Ela corresponde ao membro S3 da Formação Açungui III (JICA/MMAJ, 1982,
1983) .

Além dessas cinco formações, têm sido incluídas no Grupo Açungui li


tologias presentes mais a noroeste da faixa indicada na Fig. 1. Assim-
é que JICA/MMAJ (1983) consideram a existência de mais um nível carbo
nático e outro detrítico, estendendo-se entre os granitos Itaoca e Es
pírito Santo (membro L4 e Ss da Formação Açungui III). Campos Neto
(1982) chamou Seqftência Guaratuba a esse nível carbonático, que inclui
ria os chamados gorutubitos (Geoffroy e Santos, 1941). Tais litologia~
pelas observações realizadas, são atribuíveis ao conjunto pré-Açungui.
Também na porção inferior, JICA/MMAJ (1982) posicionaram o nível de
rochas carbonáticas adjacentes ao Lineamento Ribeira, entre a região
de Sete Barras e a Serra do Carumbé (Membro L1 da Formação AçunguiIII).
Corno mostrado nas seções IJ e MN, esse nível é o mesmo exposto mais a
norte, correspondendoà Formaçao Furnas.
O mapa da Fig. 1 mostra a distribuição geral dos tipos litológicos
e não reflete o empilhamento estratigráfico, pois a cartografia litoló
gica até agora realizada não levou em conta a estruturação dos corpos-

3.300
rochosos.

ESTRUTURAS

o pacote litológico apresentado acima acha-se estruturado em anti


clinórios e sinclinórios quilométricos. As dobras parasiticas e maio
res têm planos axiais em geral empinados, sem vergência definida. Elas
têm aberturas que variam de suaves a isoclinais e são do tipo 3, com
ápices mais e menos espessados em função do tipo de'rocha. A tais do
bras associa-se foliação plano-axial, mais freqüentemente com padrão -
em leque; essa foliação é representad~ por xis tos idade em rochas menos
competentes (metapelitos, metacarbonáticas.impuras, quartzitos imp~
ros) ou clivagem de fratura em termos mais competentes (quartzitos, me
tacarbonáticas) . -
Essas dobras refletem o evento deformativo mais importante, contem
porâneo ao metamorfismo regional. Deformações posteriores modificaram-
ligeiramente a geometria geral imposta por ele. Um grupo de estruturas
geradas posteriormente consiste de ondulações e clivagem de crenulaçãq
esta se apresenta desenvolvida nos metapelitos, com direções em torno
de NE e mergulhos predominantemente altos. Outro grupo inclui ondula
ções e clivagem de crenulaçãoi esta também é melhor observada em meta
pelitos, e se orienta em torno de NW e tem mergulhos predominantemente
altos. Essas estruturas posteriores podem ser interpretadas como devi
das a dois eventos distintos ou como produtos cruzados de um único re
gime de tensões, carecendo-se de dados para esclarecer essa questão. -
As grandes dobras constatadas estão indicadas nos perfis da Figs. 2
e 3. As grandes dobras expostas no perfil Apiai-Iporanga foram chama
das, de NW para SE, de "Anticlinal" de Lajeado, "Sinclinal" de Lajeado
e "Anticlinal" da Serra do Manduri por JICA/MMAJ (1983). Este último
foi referido por Petri e Suguio (1969) como "Anticlinal" da Serra do
Sem Fim e este nome deve ser retido para o anticlinório. O "Anticli
nal" do Lajeado pode ser melhor designado como Anticlinório da Serra -
da Biquinha. No perfil da Estrada da Ribeira para Rocha, JICA/MMAJ
(1982) reconheceram o "Sinclinal" do Carumbé, que aqui é considerado
como feição parasitica do Anticlinório de Barra Grande. Também reconhe
ceram o "Anticlinal" do Rocha e o "Sinclinal" do Rocha, que napresen
te reconstituição se afiguram respectivamente como Sinclinório do Rio
das Onças e Anticlinório do Rocha; adicionalmente foi traçado o Anti
clinório do Paqueiro.
A estruturação do conjunto pode ser visualizada nos perfis CD, GH,
IJ e LM-MN, com trens de dobras lineares, não se configurando megassin
clinório ou meganticlinório. Considerando essas dobras e o encurtamen=
to crustal que refletem, a restauração dapaleobacia leva a se reconhe
cer seu carãter original longilíneo com eixo maior segundo NE e largu
ra não superior ao ~obro da atual. -
O'metamorfismo verificado é de grau fraco e de pressão baixa a mé
dia, tendo atingido a zona da biotita. Nas proximidades de intrusões -
graníticas aparecem associações minerais indicativas de efeitos termo
metamórficos, até da fácies hornblenda-hornfels. Esse contexto faz su
por que o pacote Açungui não foi muito mais espesso do que verificado-
e torna improvável uma pretérita interligação das bacias Açungui,Itaia
coca e Capiru. Cabe ainda acrescentar que o evento deformativo princT
pal e metamórfico que se verifica nessas supracrustais não parece ter
impresso registros no Setuva, que seriam esperáveis caso'tivesse exis
tido uma megabacia que o encobrisse.

CONSIDERAÇCES FINAIS

Como se expõs, o Grupo Açungui pode ser dividido em cinco formações


que refletem estágios de alguma inquietude e calma tectõnica alterna
dos da paleobacia, marcados pelo sedimentos detríticos com metabásicas
associadas e pelas rochas carbonáticas, respectivamente. A deposição
se deu em condições de águas neríticas menos ou mais rasas, abaixo'da
zona de influência de marés.
A espessura do pacote é variável. Se considerados os valores mais
elevados para as diversas formações, os totais alcançam pouco mais de
3.500 m ou, pelos valores da JICA/MMAJ (1982, 1983), 5.400 m; os to
tais em diferentes áreas são inferiores a esses números.
Os limites do Grupo Açungui coincidem com traços de grandes linea

3.301

-.--
-----
---

mentos que têm sido qualificados como falhas pós-Açungui. Assim, no l~


do oriental, a porção sul coincide com a Falha Ribeira e a porção nor
te, com a Falha de Agudos Grandes (CPRM, 1977) ou Falha de Fiqueira
(JICA/MMAJ, 1983). No lado ocidental, tem sido traçada uma falha no so
pé NW da Serra da Boa Vista (CPRM, 1977) e, mais ao norte, a Falha de-
Espírito Santo (CPRM, 1983), as quais balizariam partes dos limites do
Grupo Açungui. Nesta oportunidade, afora a Falha de Morro Agudo, de d~
reção NNE, que separa os segmentos do Grupo Açungui, não foram consta
tadas evidências de grandes falhamentos; apenas em pequenos trechos é-
possível traçar-se falhas, como a sul do Granitóide de Itaoca. No ge
ral verifica-se, isto sim, litologias de forte contraste de resistên
cias à erosão de um e outro lado dos lineamentos, inclusive com atitudes
de alto mergulho, sendo provável que eles sejam puramente morfológico~
Não se pode, porém, excluir a possibilidade de representarem falhas c~
catrizadas que foram ativas no tempo da sedimentação.
O Grupo Açungui configura uma entidade tectõnica, para a qual pod~
-se preservar a designação Faixa de Dobramentos Apiaí antes proposta
por Hasui et aI. (1975). Pelo exposto, ela deve ser tratada indepe~
dentemente da Faixa Itapeva (Hasui et aI., 1974a) reconhecida a NW e
da Faixa Rio Branco, esta representada pelo Grupo Capiru, existente a
SE. Tais faixas desenvolveram-se sobre o embasamento mais antigo, pro
vavelmente por rifteamento. As largas faixas de embasamento entre aque
las representam grandes maciços e o conjunto destes com as faixas de -
dobramento compõem o quadro estrutural brasiliano na região.

AGRADECIMENTOS

Este estudo foi possível graças ao apoio do convênio entre a Funda


ção para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia e a Escola PolI
técnica/uSp, bem como do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estadõ
de São Paulo. Os estudantes José Carlos Rosa Filho e Marcelo Rossi
acompanharam parte dos trabalhos de campo. O Prof.Dr.Geraldo C.Melcher
discutiu as informações geológicas e estimulou a sua divulgação. Em di
ferentes oportunidades, vários colegas também discutiram aspectos refe
rentes à área, cabendo mencionar os geólogos João Carlos Biondi, da
MINEROPAR, e Cid Chiodi Filho, da CPRM.
A todas essas pessoas ao autores consignam seus agradecimentos.

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3.303
------
---------
FiQ. 1 - MAPA GEOLÓGICO

Ei.os lIe onliclinórios e sinclinórios


Minas ele 90leno
A,B,c,.. Seções lilo-estrulurois

Bases: Projeto i".89foçóo e detalhe no Vole


do Ribeiro (CPRM, 1981), Projeto Leste
do Poro"ó (CPRM,1977), Projeto Ribeiro
(PROTEC,1970}, cem simplifiçocões e
modificações.

\
"

._~~..ô_---.

,
\

COBERTURAS
~ FANEROZOICAS
.
cs

GRANITOS
~r-l,..:"
L--.J.
GRUPO AÇUNGui: MelosedimentO'< eletrificas
ofgilosos. o conglomeróhcos; COIf;QrlOSpurQS
\
\, e impuros, rochas corbono'odos.

..\". COMPLEXO
~ SETUVA

3.304
1000

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.'.'.';;:
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':/':'.-~:"' . .
~ '-~':"
.

20

Fit.2-:-SECÕES LlTO-ESTRUTURAIS
00 GRUPO AÇUNGUI. Seções
AII,co,Ue GH,cam respectivas
cel",",..

(a)
1000

c o

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1 .
ESTltAOA ~JtI'11.AOA
_110\8OI PAÓXIIIA
UNtDADES LITOLÓ8ICAS

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3.305
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~
'0l!0 .
't'tv
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~~;..:.o~~. ,
.'

FiQ.3 - SEÇÕES LITO-ESTRUTURAIS

DO GRUPO AÇUNGUI. Seções


I J I LMe MNe respectivos
colunas. Coluna geral do Gr!!
po Açungui

Q
k",

.NTICLINÓJtIO
DO "OCMA
f',
(
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I.> r) \,1'\
'000
~ \\ \

3b

..... ~.

I
.- '",....

-:'. .
'"~~::r_

COLUNA
GERAL

3 c

3.306
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 19B4

CONTRIBUIÇAO A TECTONICA E AO METAMORFISMO DA REGIAO DE


RODRIGO SILVA A OESTE DE OURO PRETO - MG

JoeI Quémeneur
IGC - UFMG - Centro de Pesquisa Professor Manoel Teixeira da Costa
Auxl1io - CNPq, CPq-UFMG "

ABSTRACT

This paper deals with tectonic and metamorphic aspects observed


in the region of Rodrigo Silva.
Four folding phases DI' D2, D3 and D. afecting the Minas Super
Group, are described. Phases DI' D2 and D3 have been recongnized else-
where by diferent authors.
,

DI corresponds to an isoclinal folding with sub-horizontal axial


plane and apparent vergence from N. to the S. It partially the E.W. li-
neamente of quartzite masses observed at the southern side the "Quadri-
látero Ferrífero", namely the Ouro Branco, Itatiaia and Itacolomi ranges.
D2 strikes N.S. or NW/SE and is associated to an axial plane of
schistosity. Its vergence points systematically from the East to the
West.
Patterns due to interference between DI and D2 events are ~ best
explanation for the general features observed on the geological map in
particular the arching westward from Saramenha.
D3 and D. correspond to two different strain slip fold systems
with vertical axial planes. They belong to the latest events on the area
and pertain to a higher structural level.
Along with these tectonic events four metamorphic transformation
took place. The two most remarquable are the following:
(1) The metamorphic event represented kyanite and chloritoide bea
ring rocks wich.developed between DI and D2,and (2) A late and postec=
tonic metamorphic thermal event wich may be correlated to a magmatic
reactivation in the Bação complexo

INTRODUÇÃO

Apesar de ser objeto de numerosos estudos iniciados desde o sécu


10 XIX pelo Barão Von Echweg e H. Gorceix, o Quadrilátero Ferriferofor
nece ainda um campo muito vasto para estudos de geologia estrutural, me
tamorfismo,sedimentologia e metalogenia. Depois do mapeamento sistemátI
co na escala 1:25.000 pelo Grupo de J.V.N. Dorr entre 1949 e 1963, de=
senvolveram-se trabalhos especializados principalmente em tectônica com
a tese de I. Guba em 1981,a tese Ladeira em 1980 na mina de Morro Velho
e os estudos de geoquimica isotópica por Mueller et alo 1982.
Nosso trabalho iniciado em 1980 pesquisando a gênese dos topázios
revelou necessária revisão da geologia estrutural e da estratigrafia do
Grupo Rio Piracicaba na folha 1:25.000 de Dom Bosco e parte da folha de
Ouro Preto. Começamos pela folha de Ouro Preto cujo o mapeamento deta-
lhado por A.L.M. Barbosa fornece a seção tipo do Grupo Rio Piracicaba.
Apresentamos o trabalho no estado atual com o estudo microtectô-
nico e tectônico das várias estruturas planares e lineações, que está
constituindo um esboço tectônico da região de Rodrigo Silva. Foram tam-
bém considerados os vários metamorfismos que afetaram as rochas da área.

3.307

--- -.-----
MICROTECTCNICA
,
Este estudo é baseado sobre medições de xistosidade e lineações
cerca de 700 pontos no campo e análise de 150 lâminas delgadas. Apare-
ceram assim cinco estruturas planares das quais quatro são xistosidades
So: acamamento sedimentar
SI: primeira xistosidade de fluxo "Minas"
S2: segunda xistosidade de. fluxo "Minas"
S3: primeira xistosidade de crenulação
S4: segunda xistosidade de crenulação
As xistosidades SXI e SX2 afetando o suprer-grupo Rio das Velhas
foram somente medidas na parte meridional da área. O estudo destas fei-
ções é dificultado pela obliteração intensa provocada por numerosas .in-
jeções graniticas..

So - ACAMAMENTO SEDIY~NTAR

Consideramos que as superficies de contato entre litologias dife


rentes na escala do campo, ou, na escala microscópica o bandamento devI
do a variação de densidade de minerais opacos podem ser considerados com
o acamamento original. Assim, nessa escala existem no "Cercadinho" pe-
quenos minerais opacos não recristalizados e orientados, grafita ou he-
ma ti ta, que desenham leitos paralelos cortando as xistosidades SI ou S2'
(fig. 2a). So é muitas vezes dificil de evidenciar no campo em aflora-
mento por causa das deformações tectônicas, por exemplo: as intercala-
ções xistosas entre bancos de quartzitos constam figuras de estratific~
ção cruzada de tal maneira que não foi possivel de orientar a seções na
ferrovia Leopoldinense perto de Boa Vista. Nas zonas de charneiras ou
de cavalgamento o acamamento pode ser totalmente transposto por Slou S2
assim, perto de Bico de Pedras existem antiforrnescujas abas inver-
sas correspondem à zona de mistura entre rochas de "Minas" e do "pré
Minas".

SI - PRIMEIRA XISTOSIDADE DE FLUXO "MINAS"

SI é facilmente identificável quando é cortada por S2 nas char-


neiras de dobras corno se observa na região das centrais hidroelétricas
ou na Bocaina. (fig. lf). SI cuja direção inicial parece ter sido E-
W foi deformada por S2 e não apresenta mais direção própria. Aos pou-
cos planos axiais de dobras DI identificadas, apresentam urna direção g~
ral E~W ou 60-80 E. Em lâminas delgadas SI aparece com urna xistosidade
de fluxos com reorientação completa das micas e poligonização dos quar!
zos (fig. 2d e 2e). A transposição com alternância milimétrica de lei-
tos de quartzo e micas é frequente. A fase DI de deformação associada
com SI terminou com evento termodinâmico importante, marcado pelo deseg
volvimentQ de cianita e cloritóide.

S2 - SEGUNDA XISTOSIDADE DE FLUXO "MINAS"


Esta é a mais visivel das xistosidades. S2 tanto corno SI apresen
ta texturas fluidais e cataclásticas finas em várias escalas. Assim os
xistos ardosianos ao Sul de Bico de Pedras são constituidos por urna ma-
triz de pequenos cristais de moscovita, clorita, quartzo e elementos
clásticos discóides compostos de biotita, lentes de quartzo poligoni-
zado. (Fig. 2c). Em escala maior, grandes partes da formação Sabará na
área de Rancharia e Rodrigo Silva são formadas por urna brecha constitui
da de fragmentos poligênicos lamelares. Eles podem ter origem tectônica
ou ser seixos de brechas sedimentares. Em lâmina delgada, S2 pode mos-
trar urna transposição completa sendo os restos de SI somente identific~
veis nas microcharneiras (fig. 2d). S2 deforma a cianita e o cloritóide.

S3 - PRIMEIRA XISTOSIDADE DE CRENULAÇÃO

S3 mostra em superficie linhas discontinuas e microdobras de ti-


po "Kink band" o que caracteriza um nivel estrutural superior. Esta xi.§.
tos idade apresenta urna direção N.S.quase constante e um forte mergulho
para W. No microscópio,S3 corresponde a inflexões na direção das micas
segundo crenulação suave (fig. 2b). O espaçamento das crenulações e da

3.308
ordem de 2 mm a 10 mm. Na escala do campoS3 forma faixas de alguns m
de largura com maior densidade que correspondem aos eixos anticlinais
de microdobras D3 (fig. lb).
S~ SEGUNDA XISTOSIDADE DE CRENULAÇÃO
Apresenta direção perpendicular a S3 então E-W. Ela é paralela
ao plano axial de microdobras D~ cujo o eixo mergulha de 20° a 30° para E.
S~ tem um comprimento de onda mais curto do que S3,"de 0,5 mm até 2 mm.
No microscópio S~ corresponde a microdobras paralelas com abas vertica-
lizadas. O estiramente dos flancos podem chegar a formar uma xistosida-
de penetrativa. Nota-se geralmente uma concentração de minerais opacos
nas zonas de inflexão das abas nas microdobras (fig. 2a). S~ parece mais
intensa na zona Norte da área estudada.

INTERPRETAÇÃO DOS DIAGRAMAS DE PROJEÇÃO ESTEREOGRÁFICA. FASES DE DOBRA-


MENTOS.

Utilizamos diagrama de projeção de polos de planos na rede de


Schmidt,sendo o tratamento estatistico manual com a rede IGÁREA 220 (Al
ves C.M. e Pina Mendes F. 1972).
A área foi dividida no sentido N-S em três zonas (fig. 5):
Zona Norte - Serra da Bocaina
Zona Central - Rancharia - Rodrigo Silva
Zona Sul - Serra de Ouro Branco
A cada xistosidade corresponde um tipo de dobramento de tal ma-
neira que podemos definir quatro fases de deformação: D1, D2, D3, D~.
As duas primeiras, D1 e D2, são do nivel estrutural inferior de-
senvolvendo dobras de grande amplitude e de plano axial de baixo ângulo.
D3 e D4 são, pelo contrário, dobras de pe9uena amplitude e de plano
axial subvertical. Elas correspondem ao n~vel estrutural superior. Ire-
mos começar a descrição pelas fases D3 e D~:
D~ é caracterizada por dobras cilindricas de plano axial verti-
calou subvertical de direção média 1100E. O comprimento de onda é da
ordem do metro com crenulações acentuadas na escala centimétrica. As d!
r~ções calculadas nos diagramas a partir das deformações dos planos S2
sao:
Zona Norte 54 vertical /llOoE
Zona Central 84 66°/1900S
Zona Sul 8~ 86%16°N
Há uma certa discrepância nos pontos diretamente medidos no cam-
po, principalmente nos mergulhos sendo estes dificilmente visualizados
nos afloramentos.
Os eixos de dobras, na zona Sul e na zona Norte, apresentam um
mergulho de 30° para 10s-1100E e na zona central 0° para 113°E. Estes
mergulhos dos eixos para E podem traduzir uma interferência entre os
planos axiais de D4 e 52.
"
D3 desenvolve geralmente microdobras parecidas com "Kink bands"
cujo comprimento d~ onda mais frequente varia de 50 cm a 100 cm. Estas
ondulações chegam raramente a invertero mergulho de S2,mais localmente
encontram-se estruturas maiores com dobras isópacas de uma amplitude su
perior a 10 m. (fig. lb). -
Os polos dos planos de 53 estão concentrados numa área pequena, fato
que sublinha a constância da direção de 53 temos assim:
Zona Norte 83 = 6so/2800W
Zona Central 83 = 800/2800W
Zona Sul 53 = 800/2900W
Os raros eixos de dobras medidos mergulham de 20° a 30°, tanto a
Norte como a Sul, o que corresponde a uma deformação provável por D~.
D2 foi uma fase de grande tectonismo cujas dobras alcançam vâ-
rios quilômetros de amplitude. A área estudada mostra três destas do-
bras: a chame ira anticlinal da primeira situa-se no Oeste da Serra de
Ouro Branco, a da segunda no Bico de Pedras na Serra de Itatiáia e a
charneira sinclinal da terceira na altura de Rancharia Tripui, afetando
as rochas da formação Sabará.
A interpretação das projeções estereográficas dos polos de S2foE
nece os seguintes resultados: .
- Na zona Norte existem duas areas de concentração dos polos (a,b):

3.309
----
---

a - -§2 = ° °
300/0920E
b - S2 = 34 /135 SE
valor médio - 52 = 32°/114°ESE
~ provável que S2 foi dobrada por D. segundo uma estrutura relati-
vamente desta estrutura é E. = 300/1100E.
ampla: o eixo Ela pode
explicar os mergulhos divergentes dos raros eixos E2 medidos no
campo.
- Na zona Central existem também dois máximos (a,b) :
a - 82 = 30o;8SoE
- 52 = 50o/S0oE
b
valor médio - S2 = 3So/65°ENE
Estes dois má.xim:Js podem também ser explicadospelo dobramento
com eixo E. = 00/113°ESE
Na zona Sul (fig. 3c, 3d e 3e). A um máximo único correspondeQ
te ao valor
82 = 35%76°E
O número de eixos E2 medidos não é suficiente para fornecer da-
dos estatísticos. Os eixos medidos na serra da Bocaina E2 = 40° até SOo /150-1600SE
podem
. ter sido basculados por D. .
Para resumir,D2 forma dobras isoclinais de grande porte apresen-
tando uma vergência constante para Oeste com um ângulo de 30° a 35° o
que talvez corresponde a um movimento tangencial sobre uma superfície
de escorregamento. .
As rochas do pré-Minas parecem ter sido afetadas por D2 perto do
contato com o Minas formando zonas de mistura como se observa no sopé
das serras de Itatiaia e de Ouro Branco.
A fase D1 não se individualiza bem nos diagramas de projeção de
palas devido ao pequeno ângulo existente em S1 e S2. Outra dificuldade
consiste na diferenciação dos planos S1, So e S2.
Existem contudo uma série de terminações periclinais de dobras
DI na serra da Bocaina (fig.lf). Estas apresentam um plano axial dobra-
do por D2 e D.. O mergulho atual dos eixos El varia entre 10° e 300/900E-
1200ESE com os planos correspondentes mergulhando para N ou S.
D1 forma provavelmente dobras deitadas de amplitude quilométrica
cuja a vergência na área estudada é preferencialmente Sul nas grandes
estruturas, podendo também estar . orientada para Norte na área chamada
Centrais Hidroelétricas.
DI parece também defODremdo as rochas do Super-GrupoRio das Ve-
lhas onde segundo R. Fleischer ocorrem dobras deste evento a:m intercala-
çoes de rochas do "Minas" ao Norte de Passagem de Mariana.
As fases de deformação DXl e DX2 próprias do Super-Grupo Rio das
Velhas não foram estudadas em detalhe neste trabalho. As dobrascónicas
que aparecem em projeção estereográfica de dados tomados nessa sequên-
cia podem ser produto de deformação associada a intrusões de rochas íg-
neas.

METAMORFISMOS

Cinco eventos metamórficos puderam ser individualizados, dos quais


os quatro primeiros estão associados a fases de deformação:
Metamorfismo Pré-Minas afetando somente as rochas do Super-Gru-
po Rio das Velhas;
Metamorfismo associado a D1;
Metamorfismo PÓS-Dl a cianita e cloritóide;
Metamorfismo associado a D2;
Metamorfismo pós-tectónico de "contato".
O evento metamórfico que afeta as rochas do Super-Grupo Rio das
Velhas parece alcançar um grau mais elevado, possivelmente a fácies an-
fibolita-biotita-xisto, é marcado pela presença de biotita e grandes
cristais idiomórficos de moscovi ta, mas sua caracterização ê difícil por
ter sido obliterado pelo retrometamorfismo posterior. Este provocou em
parte a cloritização das biotitas e o desenvolvimento, nas áreas conten-
do carbonatos, de romboedros de siderita (fig. 2f).

METAMORFISMO ASSOCIADO As FASES D1 E D2

Ele não foi,provavelmente,de grau muito alto, pois desenvolveu


somente pequenas palhetas de moscovita e clorita e recristalizou o ~

3.310
zo.
As biotitas presentes nos xistos ardosianos de Bico de Pedras são
minerais remanescentes de um metamorfismo anterior associado a DI ou Dx.
Se for DI esta fase seria responsável por um metamorfismo relativamente
alto que não aparece em outros locais.
As fases D3 e D4 não parecem ter ocasionado recristalização meta
mórfica.

METAMORFISMO A CIANITA-CLORITOIDE

Afeta a metade setentrional da área estudada, essencialmente, a


Serra da Bocaina e Boa Vista~ As zonas metamorfizadas foram lentes irre
gulares nos xistos e quartzitos das formações Gandarela, Cercadinho e
Sabará. Segundo a composição inicial das rochas predomina um ou outro
mineral:
- cloritóide - Nos quartzitos e xistos ferruginosos
- cianita - Nos xistos e quartzitos pobres em ferro
~ comum encontrar grandes cristais de cianita nos contatos de
veios de quartzo dobrados pela fase D2. Nunca foram achados junto com
veios de quartzo pós-D2.
A densidade de cristais de cianita e cloritóide nas rochas é mui
to variada, desde alguns indivíduos isolados, tais como os cloritóides
dos quartzitos das "Centrais hidroelétricas" ou as cianitas nos xistos
perto da Igreja de Boa Vista, até formar verdadeiras cianitaxistos, ou
cloritóidexistos, tal como se encontra na ponte natural em cima do Cór-
rego de Boa Vista.
Os cristais de cianita são, geralmente, de forma acicular e di-
mensões milimétricas. Eles se apresentam quase sempre quebrados, dobra-
dos, rotacionados ou atravessados pela xistosidade S2' Uma parte dos
cristais foi retrometamorfizada em moscovita ou pirofilita. A pirofili-
ta se apresenta em rosetas nos grandes cristais de cianita e nos quart-
zos das jazidas de topázio.
Os cloritóides apresentam-se em prismas idiomórficos de tamanhos
variados desde 0,2 mm até 5 mm, eles estão geralmente quebrados mas, rara
mente, orientados por SI' Esta reorientação por SI foi observada em so=
mente duas lâminas, em que se vêem cloritóides orientados segundo SI e
dobrados por S2'
.
Os cristais de cianita incorporam minerais opacos orientados se-
gundo SI ou So e.deformam a xistosidade SI como os cloritóides. Existem
cristais rotacionados de cianita.
Podemos pensar que este metamorfismo desenvolveu-se depois, ou
no final da fase tectônica DI e, talvez, no início de D2, pois os mine-
rais deformam SI e são deformados por S2' A cristalização da cianita e
do cloritóide ê compatível com temperaturas elevadas que correspondem a
um metamorfismo de grau médio, segundo O'Neil Ghent ("in" Deer, 1982) a
temperatura alcançada varia entre 500° e 600°C, esta última está de aco~
do com as temperaturas calculadas a partir dos isótopos de oxigénio nos
itabiritos do Quadrilátero Ferrífero por Mueller et alo (1982).
Podemos, também, notar que as turmalinas neoformadas nos níveis
auríferos de Passagem de Mariana apresentam feições idênticas, deformam
SI e são orientadas por S2' (R. Fleischer & P. Routhier, 1973).
METAMORFISMO POS-TECTONICO

Nota-se nos dolomitos, tanto do viaduto do Funil como nos de Ro-


drigo ~ilva, epidoto e cristais de mica verde escura que é, provavel
mente, flogopita. Perto do contato com os itabiritos, no viaduto do Fu=
nil, encontram-se fibras de anfibólio que deve ser grunerita ou cummin~
.
tonita.
Do lado do Bação existem intercalações de xistos verdes e anfib~
li tos constituidos, mineralogicamente, por piroxênio parcialmente urali
tizado, hornblenda verde, plagioclásios cálcicos, granadas e epidoto. -
Micas, epidoto, anfibólios, piroxênios e granadas, se apresentam
em cristais idiomórficos sem orientação particular, o que indica que
não devem ter sofrido esforços tectônicos.
A presença, no contato entre o Bação e as rochas do Super-Grupo
Minas, de numerosos corpos de pegmatíticos e aplíticos pode'ser indício
de uma fase de granitização tardia que seria, também, responsável pelo
último metamorfismo. ~ possível que este megmatismo tardio provocasse a

3.311

---~ ~------
----

formação da pirofilita e, talvez, dos pr6prios topãzios que ocorrem em


corpos parecidos com micropegrnatitos.

CONCLUSÕES

Este trabalho se insere num conjunto de pesquisas recentes revi-


sando a geologia do Quadrilãtero Ferrifero.
Encontramos o essencial das fases de deformação jã descritas por
vãrios autores, entre os quais podemos citar R. Fleischer 1971, I Guba
1981, A. Ladeira 1984 e J. Grossi Sad 1982.
Nossa nomenclatura é parecida com a de I. Guba cujas fases DI,
D2, D3 são as mesmas que n6s descrevemos.
Ladeira e Viveiros citam seis fases, pois estão incluindo as fa-
ses do Pré-Minas. Podemos, contudo, integrar estas notações, corno se s~
gue:
DXI e DX2 corresponde a DI de Ladeira et aI. 1984.
DI corresponde a D2 de Ladeira et aI. 1984.
D2 corresponde a D3, D4 de Ladeira ét al.l084.
D3 corresponde a Ds de Ladeira et aI. 1984.
Nossa fase D3 não parece ter sido descrita pelos outros autores, pois
não pode ser considerado corno um simples fraturamento, ou basculamento.
Nossa visão da hist6ria estrutural do Quadrilãtero é assim muito
pr6xima da destes últimos autores e de fato não muito diferente dos pes
quisadores do Grupo de J.V.N. Dorr, em particular A.L.M. Barbosa. -
No Arqueano foram depositados e dobradas as rochas do Super-Gru-
po Rio das Velhas, provavelmente, segundo duas fases, Dxl e DX2.
Depois de uma fase de erosão depositaram-se, os sedimentos do Su
per-Grupo Minas, talvez, em locais diferentes dos que eles ocupam ho=
je. Não ternos ainda condições para afirmar se houve a estruturação de
um geosinclinal.
Urna primeira fase de deformação, DI' dobrou estes metassedimen
tos segundo urna cadeia orientada provavelmente E-W. As dobras DI que
apresentam urna morfologia parecida com o tipo "plis penniques", implica
em rochas jã dobradas do Pré-Minas. Este último fato pode explicar a
presença de escamas do Minas no ernbasamento, tal corno a Serra de Bom S~
cesso ao Sul do Quadrilãtero.
Urna segunda fase D2 desenvolveu grandes dobras deitadas na dire-
ção N-S nas formações jã dobradas do Super-Grupo Minas, afetando, apa-
rentemente em grau menor, o Pré-Minas.
As duas últimas fases D3 e D4, de nivel estrutural superior, cau
saram somente algumas ondulações sem implicar em movimento tangencial.-
Este edificio pode ter sido posteriormente basculado pela subida
de granit6ides, em particular intrusivos no complexo do Bação.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq e CPq-UFMG pelos recursos financeiros.


Ao ge610go A.V. Padilha, diretor do Departamento de Geologia do
IGA, pela ajuda na utilização e interpretação de diagramas de projeções
estereogrãficas.
Aos professores R. Monteiro, A.C. Pedrosa Soares, A.C. Rosiére
pelas discussões e sugestões.
A NUCLEBRÂS pelas anãlises de difração de Raio-X.
As estudantes E. da Fonseca, R.E. de Freitas Marques, T.M. Godi
nho Santiago e D. Veiga Aranha que fiseram o trabalho geo16gico na ãrea
estudada.
A dati16grafa M.T. Gomes e Souza pela sua dedicação particular.

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3.313
/

o o ~m
. ,
1

a) D4 perto de Boa Vista b) D3 perto de Boa Vista

o.
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'~~-:."'\._:.:::.~ ~
.

Sft1
I

c) Dobras Dz-Centrais Hidroelétricas d) Dobras


DZ perto de Boa Vista

e) Dobra
oI 10m
I

g) Dx ou DI-Bela Vista

FIGURA 1. Estruturas mesoscópicas.

3.314
a) xis tos idade S4-Fundão b) xistosidade S3~estrada Ouro Preto

d) xis tos idade S, e Sz nas Centrais


c) xistosidade Sz em Bico de Pedras
Hidroelétricas.

e) xistosidade SI e Sx-BeIa Vista f) xistosidade SXI Sxz-Centrais


Hidroelétricas.

FIGURA Z: Lâminas Delgadas

3.315

------ --
----...-

a) Zona Norte SlS2S3(422 pontos) b) Zona Central(303 pontos)

S P'Qno~..
d) Polos de Planos no Nova Lima(125 p.).

'<:~ '::~
>cy. .
i >..,
. . e) Zona Sul, conjunto de todos ;~
os p anos(350 p.).
5

Diagrama de projeções de polos


de planos de xistosidade na
rede de Schmidt.

FIGURA 3

3.316
L ......-~~.-.~
_ _ _. __
-- h
I .._-.- ....
L-"---- -- ":::---....-:- 7L
_O:
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I
//

I /
k/
.----------

FIGURA 4 - Fases de deformações.

3.317
-----

~ Xisto ardosiano
b-~I Xisto grafitoso e brechas

c==J Filito e quartzito

c:=J Quartzi to

.. Carbonato

~ Itabirito

~ Xisto verde e micaxisto


1-::-1 Gnaisse

FIGURA 5 - Mapa de Localização

3.318
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. 1984

EVOLUÇÃO POLICICLICA E CONTEXTO TECTONICO DA FAIXA SERIDO, NE


DO BRASIL (Resumo Ampliado)

Emanuel Fen'U Jardim de Sã


,
Departamento de Geologia -
UFRN
Pesquisador do CNPq

A "Faixa Seridó" é uma região clássica do Precambriano nordesti


no, ocupando o extremo NE da Província Borborema e convencionalmente II
mitada a Sul celo lineamento Patos; seus limites ocidental e oriental
são imprecisos ou convencionais (ver adiante). Sua geologia é dominada
por um conjunto de rochas supracrustais, conhecido como Grupo Seridó, o
qual é intrudido por uma série' de grani~óides e repousa sobre um embas~
mento gnáissico-migmatítico chamado de Complexo Caicó.'
Embora subsistam discussões a respeito, o Grupo Seridó,é'divid!
do em três unidades principais (Jardim de sá e Salim, 1980; Legrand
et al., 1984). Em posição inferior (Formação Jucurutu) ocorrem paragna~
ses biotíticos e quartzo-feldspáticos (metagrauvacas, arcósios e semip~
litos), por vezes extensivamente migmatizados para tipos bandados, agma
títicos e nebulíticos, com interca~ações metassedimentares variadas: m~
mores, calcossilicáticas, quartzitos, micaxistos e raros metaconglomer~
dos polimictos na base. Unidades de anfibolitos, ortognaisses dacíti-
cos, ortognaisses bandados feldspáticos, metachert e formações ferrífe-
ras representam intercalacões vulcano-exalativas máficas a félsicas, ra
ramente perfazendo mais qúe 20% da coluna li to lógica local. Em posiçã~-
intermediária segue-se o horizonte quartzítico mais contínuo na regiao
(a"Formação Equador"), com espessura variando de mais de uma centena a-
té poucos metros, ou mesmo ausente. são quartzitos.puros, feldspáticos
ou muscovíticos, com intercalações de metaconglomerados. com seixos de
quartzo e passando no topo à Formação Seridó, diretamente ou através de
finas recorrências das litologias a ela sotopostas. A Formação Seridó
reúne micaxistos de natureza pelítica a grauváquica, contendo uma mine-
ralogia diversificada -
granada, andaluzita, estaurolita, cordierita,
sillimanita e, raramente, cianita, em associacões variadas. Metavulcàni
cas máficas, metaconglomerados de matriz xistôsa, mármores, calcossili=
cáticas e quartzitos são .intercalações finas e esporádicas.
O empilhamento estratigráfico acima adotado ainda carece de pes
quisas adicionais. Os problemas principais envolvidos estão no altõ
grau das litologias, o que torna raras as informações primárias de topo
e base; alguns contatos se fazem por zonas miloníticas, e internamente
as sequéncias estão fortemente transpostas; finalmente, a separação da
unidade Jucurutu com respeito a supracrustais do embasamento pode ser
problemática pela deformação e migmatização conjunta dos mesmos. Numa
reconstituição dos protólitos ou paleoambientes (Jardim de Sá, 1984a),
infere-se para a Formação Jucurutu um ambiente marinho instável com vu!
canismo" pelo menos localmente evoluido a partir de "rifts" (conglomera
dos polimictos capêados por piroclásticas e basaltos e sucedidos por
arcósios e semipelitos). Na Formação Equador retornam condições marinhas

Trabalho realizado com auxílio do CNPq.


*
**0 presente resumo é uma contribuição ao simpósio "Faixas Móveis Prot~
rozóicas" e sintetiza informações já comunicadas pelo autor quando da
realizaçã~ do XI Simpósio de Geologia do Nordeste em maio ceste ano,
e que estao publicadas de forma completa nas atas do mesmo.

3.319

--------
rasas (localmente continentais ?), e o aprofundamento da bacia é final-
mente acelerado resultando nos turbiditos da Formação Seridó, com recor
rências vulcânicas locais. As litologias e o caráter tardio da deposi:
ção, junto com urna menor frequência das intrusões graníticas precoces
na Formação Seridó, sugerem interpretá-Ia corno urna sequência flysch, en
quanto as demais representam a sedimentação pré-orogênica. -
Urna evolução.tectonometamórfica complexa, policíclica, é assina
lada no Grupo Seridó (Jardim de sá, 1984a). A fase denominada Fi, quando
não obliterada pelas subsequentes, é representada nos micaxistos por
dois tipos de foliações (SI): um bandeamento fino, milimétrico, e uma
clivagem anastomosada ou bandeamento grosseiro, com até 2-3 cm de espes
sura (e frequentemente confundida com O acamamento), ambos formados por
mecanismos de solução por pressão num contexto metamórfico de baixo
grau, com caracterização local de cianita (pressões médias; Martins sá
e Legrand, 1983). Nas demais litologias SI representa-se por uma xisto-
sidade (micas, anfibólios) ou microbandeamento de quartzo ou quartzo-
-feldspático. A fase F2 é a de mais alto "strain" associado (Hackspa-
cher e Souza, 1982), gerando urna forte xistosidade ou bandeamento (S2),
lineação de interseção (L20-1) e outras. As dobras F2 têm estilo isocli-
nal ou apertado, recurnbentes ou invertidas, e frequentemente. estão
transpostas, originando intrafoliais. O metamorfismo durante F2 variou
de xisto verde a anfibolito em pressões baixas a intermediárias, com
aparecimento de andaluzita, estaurolita, cordierita, sillimanita e K-
feldspato; anatexia e migmatização ocorrem nesta fase, especialmente na
unidade basal do Grupo Seridó e seu ernbasamento, e condições locais do
fácies granulito foram recentemente descobertas. A evolução de FI a F2
sugere assim um incremento do "strain" e aumento do gradiente geotérmi-
co, devendo representar fases sucessivas de um ciclo orogênico.
A fase F2 (e em muitos casos, também FI) está impressa em gran~
tóides cujo posicionamento é cedo a sinorogênico, aparentando sintonia
com o aumento do gradiente geotérmico na região. Essas rochas são de
composição principalmente granítica a granodiorítica, com tipos tonalí-
ticos muito subordinados, estando transformadas em augen e ortognaisses
("G2"; Jardim de sá et alo, 1981). As encaixantes são predominantemente
da Formação Jucurutu (ou Complexo Caicó), mas também existem corpos in-
trusivos mais acima. Suas formas estratóides, algumas de dimensões bato
líticas, e frequente ocorrência próximo aos contatos entre cobertura e
embasamento, indicam a influência ou controle da intensa deformação ta~
gencial F2. Dados geoquímicos preliminares apontam a uma origem crus-
tal, à maneira dos granitos tipo Sou R fanerozóicos.
As dobras F2 têm "trend" NNE demonstrado pela atitude usual das
lineações L2' acompanhando a disposição regional da faixa. Pouco se sa-
be da geometria da fase FI; o fino bandeamento SI tende a ser crenulado
e transposto pela fase F2 mais forte, especialmente quando esta atinge
o fácies anfibolito, restando apenas os relictos microscópicos (micas
crenuladaa, foliação interna em porfiroblastos M2' etc.), enquanto a
clivagem anastomosada é estirada e tende a se confundir com um acamamen
to rítmico. Todavia, nas regiões em fácies xisto verde o forte ângulo -
das lineações LI e L2 no plano So indica "trend" ortogonal para FI, mas
é incerto o estilo de suas dobras.
A fase F2 culminou ou envolveu estruturas de empurrões ou "nap-
pes". Um destes parece ocorrer "abaixo" do quartzito são José do Seridó
(= Equador) na borda Oeste da principal faixa de micaxistos, sendo mar-
cado por rochas xistosas que denominaremos de "metamilonitos". As estru
turas rniloníticas são reliquiares, com a matriz fina quase totalmente-
recristalizada masreservtdo "ribbons" de quartzo. Ao se aproximar des-
sa zona, as lineações L~- passam a ter forte rake e as minidobras F2
tornam-se reclinadas, sugerindo deslocamentos, ainda não adequadamente
conhecidos, na direção NW-SE. A atitude transversal dos elementos F2 a-
través de regiões relativamente extensas (serra da Formiga; Hackspacher
e Fonseca, 1982) pode refletir blocos alóctones desse evento.
As fases FI e F2 são atribuídas ao ciclo Transamazônico com ba-
se em isócronas Rb-Sr ca. 2,1 Ga obtidas nos ortognaisses "G2" (Macedo
et aI., 1984), o que em conjunto com outros dados regionais (vide adian
te) posiciona o Grupo Seridó no Proterozóico inferior. -
Urna nova fase tectonometamórfica, F3 (Jardim de sá, 1984a), é
composta por dobras que originam interferência coaxial com F2(OU tipo 2
nos blocos em que as estruturas F2 foram rotacionadas). S3 é principal-

3.320
mente uma xistosidade ou clivagem de crenulação. O metamorfismo de pres
sões baixas e novamente variando de xisto verde a anfibolito (andaluzi=
ta, cordierita, sillimanita) tem relações variáveis com a fase anterior
(M2), sendo em geral mais fraco, porém representando as condições PT
mais elevadas atingidas em alguns outros setores. Estes parecem, ao me-
nos em parte, coincidir com importantes batólitos graníticos de uma no-
va geração (G3)i é o caso do maciço de Acarl e, no seu prolongamento p~
ra Sul, a região de Santa Luzia, onde se observa (especialmente nesta
última) efeitos de migrnatização sin-F3 nas supracrustais, inclusive no
micaxisto Seridó. O estilo das dobrasF3 varia, tornando-se mais apert~
das e de planos axiais com mergulhos 'suaves nas áreas de grau mais ele-
vado .
~

A fase F3 foi acompanhada por efeitos de transcorrência tar-


dios, os quais se tornaram mais importantes durante a fase sucedánea,
F4' As estruturas desta última têm orientação similar porém foram form~
das em nível crus tal/condições PT mais rasas, gerando dobras abertas e
clivagem de crenulação (ou disjuntiva) espaçada (S4)' A mineralogia as-
sociada é do fácies xisto verde, sempre em situação retrometamórfica.
Algumas das principais macrodobras usualmente mapeadas na região são
desta fase (antiformes das Umburanas e Queimadas, p. ex.), observando-
-se a foliação S3 dobrada nas mesmas. A compressão E-W atingiu então o
campo frágil, mas alternou com tensões N-S que originaram "kink bands"
e incipientes crenulações ortogonais (FS).
Os granitóides G3 acima referidos foram precedidos por uma sui-
te ("Gx" i Jardim de sá et alo, 1981) diferenciada de gabros até grano-
dioritos, com predomináncia dos termos intermediários. Dados geoquími-
cos preliminares sugerem uma suite calco-alcalina "expandida" (tipo I).
O posicionamento de pelo menos parte desses termos se deu em ambiente
frágil, com metamorfismo de contato localmente preservado e fenómenos
de "stoping", e precedendo aos granitos G3' Outros são contemporâneos
aos termos G3 mais antigos (os granitos porfiríticos "dente de cavalo").
Sua idade é desconhecida no presente. Dados K-Ar sugerernque alguns pode
riam ser intrusões brasilianas precoces (800-700 Ma ?), ou até mesmo dõ
final do Proterozóico Médio.
A suite G3 propriamente dita é amplamente dominante em volume,
e sua intrusão foi cedo a sintectónica ao evento F3, com corpos subordi
nados sendo pós-F3 e pré-F4' As intrusões tiveram mecanismos de cunhas
forçadas ou diápiros. As mais antigas usualmente são de granitos ou gra
nodioritos porfiríticos, enquanto as mais recentes são leucogranitos me
dios ou porfiríticos finos. Dados geoquímicos, mais uma vez prelimina:
res, são compatíveis com afinidades calco-alcalinas "restritas" (tipos
I intermediário ou Si Sial et al., 1984). e possível especular que a
fusão predominantemente crus tal que originou os granitos G3 tenha sido
induzida pela penetração na crosta dos magrnas originais da suite Gx, e~
tes em sua maior parte retidos em profundidade.
As datações nos granitos G3 (Sial et al., 1984) confirmam sua
idade brasiliana e, em conjunto com outros dados regionais, estabelecem
o intervalo 600 f 100 Ma para o conjunto de fases F3 a FS'
A evolução policíclica antes descrita também é registrada no
Complexo Caicó (Jardim de sá, 1984a). A constituição deste último envo!
ve dois tipos de associações, ambas metamorfizadas no fácies anfibolito
médio a alto. A mais antiga é de origem supracrustal incluindo parag-
naisses micáceos, quartzo-feldspáticos e quartzíticos, anfibólio-bioti-
ta gnaisses de origem mais incerta (grauvacas, vulcânicas félsicas a
intermediárias), leptinitos e anfibolitos (vulcânicas félsicas e máfi-
cas em sua maior parte), formações ferríferas, calcossilicáticas, silli
manita-biotita paragnaisses f granada, etc. Esta sequência está relatT
vamente bem preservada em alguns setores, enquanto em outros mostra-se-
extensivamente migmatizada e transformada em gnaisses bandados hetero-
gêneos.
O segundo tipo de associação no Complexo Caicó corresponde a
ortognaisses plutônicos, homogêneos, augen ou bandados, que intrudem a
associação precedente a julgar pela presença de xenólitos e natureza
dos contatos. Suas composições variam de tonalítica a granítica, e uma
cronologia detalhada de intrusões ainda não foi estabelecida.
Um problema usual nos mapeamentos da região tem sido a separa-
ção da cobertura Seridó do embasamento Caicó, especialmente pelo alto
grau metamórfico e complexidade estrutural da primeira. Os critérios

3.321
----

utilizados e testados em mapeamentos de ãreas menores (Jardim de sã,


1984a) envolvem correlações estruturais que demonstram até duas fases
prévias no embasamentoja deformação FZ da cobertura (FI estando oblite
rada) é a última fase (= Fn+2) de padroes de interferência afetando o
bandeamento gnáissico Sn do embasamento. A demonstração dessas relações
fica mais clara quando se observa "sheets" de ortognaisses G2 truncando
até duas superfícies-S no embasamento. Uma relação clássica de discor-
dância é provida por exames de diques de anfibolitos que truncam estru-
turas antigas do embasamento, e estão ausentes (por serem mais antigos
que a deposição) ou correspondem a camadas ou soleiras de anfibolitos
(metavulcânicas máficas) na sequência de cobertura, esta comparação sen
do feita entre unidades numa mesma localidade. Em duas ocasiões metacon
glomerados polimictos, incluindo seixos já gnaissificados, foram.assinã
lados na base da Formação Jucurutu e também marcam a discordância. Ate
o momento, também parece ser possível utilizar a ocorrência de calcossi
licáticas scheelitíferas para identificar a Formação Jucurutu e separá=
-Ia das supracrustaisCaicó, que em alto grau podem' ser similares (Jar-
dim de Sá, 1980). A aplicação desses critérios a nível regional, siste-
mático, é todavia deficiente. Isto faz com que os mapas atualmente dis-
poníveis em escalas 1:100.000 ou menores não sejam confiãveis quanto à
identificação e cartografia de diferentes tipos de rochas gnáissicas
(plutônicas vs. supracrustais, do Caicó ou Jucurutu, etc.).
Uma isócrona Rb-Sr de referência ca. 2,7 Ga foi obtida na re-
gião de Caicó (Brito Neves et aI., 1975), reunindo principalmente amos-
tras de um grande corpo de ortognaisses. Esta seria a idade mínima de
sua deforma~ão, e proveria o limite máximo para início da deposição do
Grupo Serido. Os eventos transamazônico e brasiliano são também atesta-
dos em litologias Caicó (Pessoa, 1980), constatando-se o seu retrabalha
mento proterozóico por vezes total em termos isotópicos (Macedo et al.~
1984) . . .

Deve-se notar que a constituição bimodal do Complexo Caicó é


compatível com a sua origem a partir de sequências vulcanossedimentares
intrudidas por granitóides e submetidas a alto grau de metamorfismo, à
ma.neira de níveis profundos de "greenstone belts".
No contexto da Província Borborema, a faixa Seridó pode ser cor
relacionada com provável continuidade original através do lineamento pã
tos, com a faixa Salgueiro-Cachoeirinha mais a Sul. Continuando parã
SW, o Salgueiro-Cachoeirinha pode ser prolongado, com rejeito relativa-
mente pequeno no lineamento Pernambuco, até a região do Riacho do Pon-
tal. Nesta última a deformação brasiliana gradativamente arrefece para
Sul até o cráton são Franciscoj todavia, os micaxistos com dobras recum
bentes ainda não encontrados capeados em não conformidade pelos sedimen
tos do Supergrupo Espinhaço (Proterozóico médio) horizontalizados, con=
firmando a idade transamazônica da sua primeira deformação (Jardim de
sá e Hackspacher, 1980). As mesmas características lito-estruturais do
Grupo Seridó são repetidas no Grupo Macururé (segmento Sul da faixa Ser
gipana), Complexo Surubim (Leste de Pernambuco) e algumas faixas supra=
crustais no Sul do Ceará, havendo outros possíveis correlatos (Jardim
de sá, 1984b).
As características relatadas mostram a dificuldade atual de de-
limitar adequadamente a faixa Seridó e congêneres do Nordeste. Inicial-
mente, tal delimitaxão implicaria em reconhecer regiões cratônicas que
a margeiem. Em adiçao, isto deve ser feito não apenas para um, e sim pa
ra dois ciclos orogênicos, o Transamazônico e o Brasiliano. são em refe
rência a esse último as propostas de "maciços medianos" de Almeida et
aI., (1976,77) e Brito Neves (1983). Nesse contexto, o seu significado
paleogeográfico é de imediato questionado, haja visto as novas informa-
ções sobre a idade da deposição e deformação nas faixas e a precarieda-
de do conhecimento sobre a distribuição das litologias gnáissiças na
região. Em adição, tais maciços deveriam ser mais estáveis durante o
Brasiliano, mas não existem subsídios para tal afirmação (e menos ainda,
durante o Transamazônico)j onde melhor estudados, evidencia-se a super-
posição dos eventos tectonometamórficos mais jovens, inexistem supra-
crustais pouco deformadas e é intensa a atividade granítica brasiliana.
Não é possível, todavia, descartar a hipótese de que estudos subsequen-
tes venham a delimitar áreas relativamente pouco deformadas. Os grandes
lineamentos E-W igualmente não delimitam domínios orogênicos. A correIa

3.322
ção de unidades a Norte e Sul dos seus traços sempre foi aceita nos ma-
pas da província e são confirmadas pelos estudos mais recentes, não e-
xistindo diferen~as geocronológicas demonstráveis entre blocos a nível
dos dados dispon~veis. Assim, é preferível considerar a região como paE
te da entidade maior designada de Província Borborema., com os limites
definidos conforme Almeida et aI. (1977). No tocante ao ciclo Transama-
zónico a situação é bem mais incerta. A continuação da faixa Seridó/
Salgueiro-Cachoeirinha/Riacho do pontal é capeada pelas formações do S~
pergrupo Espinhaço e coberturas mais jovens (Jardim de sá e Hackspache~
1980). Ainda mais crucial, não se disEõe de dados concretos sobre a na-
tureza do evento Transamazônico no NE da Bahia, se envolvendo um severo
retrabalhamento crustal como usualmente.admitido (Almeida, 1979; Masca-
renhas e sá, 1982) - e nesse caso, seria necessário prolongar o chamado
"cinturão Costeiro" ou "Atlântico" até a Borborema, ou se as idades ape
nas refletem o nível profundo e aquecido de uma região cratônica a Sul
da província. Esses são pontos importantes para futuras investigações
na região.
~ assim muito especulativo, no momento, considerar um modeloge~
dinâmico para a orogênese Transamazônica, tanto pela insuficiente quan-
tidade de dados nesta região, como pelo desconhecimento de suas relaçõ5
com outras faixas correlatas no arcabou~o geral da província. A situa-
ção no Seridó, incluindo a aparente ausencia de ofiolitos e sequências
vulcânicas calco-alcalinas expressivas, é compatível com modelos de oro
gênese ensiálica ou subducção-A. Todavia, essa conclusão pode ter umã
base muito restrita, e considerações sobre outros setores da província
podem modificá-Ia em grau imprevisível.
Para o ciclo Brasiliano, a correlação e transposição de dados
de regiões africanas melhor conhecidas (Caby et aI., 1981) permite si-
tuar a região do Seridó e outras num contexto geodinâmico mais amplo
(Jardim de sá, 1984b). Uma paleozona de subducção com mergulho para Le~
te, identificada na Africa, pode ser estendida até o Brasil, talvez si-
tuando-se abaixo do capeamento da bacia paleozóica do Parnaíba, a m~ de
Sobral (CE). Nesse esquema, a maior parte da Província Borborema funcio
naria como uma região tipo platõ tibetano, com um embasamento antigo -
(Grupo Seridó e Complexo Caicó, e correlatos), talvez capeado por cober
turas hoje erodidas no Seridó e em grande parte da província devido aõ
soerguimento ao final do Proterozóico, mas preservadas em outras regi-
ões corno na faixa Sul-Sergipana a SW do Ceará, além de outras possíveis
nesse último Estado. No primeiro caso, permaneceriam como testemunhos
da atividade da zona de subducção, as rochas calco-alcalinas diferencia
das e o extenso plutonismo G3' Estes últimos, junto com o ambiente metã
wórfico e estrutural reconstituído, atestam o severo retrabalhamento dã
placa espessada quanão do evento de colisão continental (cráton do Oes-
te Africano/São Luís vs. ?rovíncia Borborema/escudo do Hoggar-Nigária).
O final da convergência das placas seria acomodado pelo estiramento da
província orogênica ao longo do "trend", no que teriam papel importante
os seus extensos lineamentos transcorrentes. Dos depósitos molássicos
brasilianos dessa etapa final, restam os testemunhos preservados nas
imediações da bacia do Parnaíba, e que indica a ação de processos de
compensação isostática após o soerguimento da cadeia orogênica.

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3.324
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASI LEI RO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, 1984

ESBOÇO GEOTECTONICO DAS FOLHAS SD.24 - SALVADOR E SE.24 - RIO DOCE

Mário Ivan Cardoso de Lima


José Mauricio Rangel da Silva
Osvaldo Siga Junior
MME - -SG Projeto RADAMBRASI L

ABSTRACT

In the sheetsSD.24
are characterized
-
Salvador an:1 SE.24 - Rio D:x:e two major geologic :9XOVinces
nanely the são Francisro an:1 the Mantiqueira. The first one has
c:xm;>leted its evolution at the errl of the Transamazôniro Cycle in the ü:Mer
Proterozoic whereas the sea:>m was acti ve up to the ~ Proterozoic when the
Brasiliam Cycle took place. Remnant archean nucleil as well as lower,middle and
upper proterozoic rrobile belts of predaninant ensialic nature are depicted. To these
belts are associated in;x:>rtant gererations of migmatites am granites.
Finally, during the Phane:rozoic, the region was tectonically reacti vated
resulting in the rontinental drift of South AIrerica am Africa an:1 the fonration
of marginal basins of the Atlantic type.

I. nlI'ROOO:;li)
A região objeto do presente estudo envolve as folhas SD.24 - Salvador e SE.24 -
- Rio Doce, ronsoante Corte eartográfiro Internacional ao milionésim:>, abarcamo a
porção centro-sul do Estado da Bahia, leste do Estado de Minas Gerais e norte do
Estado do Espírito Santo. Perfaz uma área de cerca de 275.410 kzn2 e tan cx::>I!D limite
oriental o Oceam Atlântiro.
Em terrros geotectõniros encerra a fração sul do Craton de são Francisro, de ron-
solidação pré-brasiliana, ronfonne ronceituação de A1lreida (1977) e seu limite neri -
dional derani.nado pelo citado autor de "Faixa de Dobrazrentos Araçuaí", de idade bra -
siliana. Correspome ao que A1lneida et. alo (1977) derx:rni.nararn de Províncias Estrutu-
rais Costeira e Margem Continental, e são Francisro, ao passo que Lima et alo (1981),
CXJg110minaramde Província GeolÓqica são Francisro. A outra i.m:x>rtante entidade qeotec
tônica foi derani.nada de Cinturao Ribeira (Almeida et al., 1973), Cinturão !).:)brado
Ribeira (Hasui, Carneiro e Coimbra), 1975), ProvÍncia Estrutural Mantiaueira (A1lreida
et alo, 1977) e Província Geológica Mantiqueira (Silva et al., 1983). Ãdotar-se-á nes
te trabalho os roncei tos de ProvÍncias GeolÓqicas são Francisro e r-lantiaueira, ronfor
me Lima et alo (op. cit.) e Silva et alo (op: cit.) , respectivamente, nÓ sentido de
Gary, Macafee Jr e W:>llf (1972) que assim se expressam: "An extensive region ali
partsof which are characterized by similar qeologic history ar by structural, ~tro-
graphic ar physiographic features". .
Por ronseguinte a região em epígrafe encerra duas entidaes geotectônicas, cuj a
origem rerronta do Arqueano e Proterozóiro Inferior, a:xn arame atuação do Ciclo Trans
aIr.azônié:o, (2.200-2.000 m.a.) a:xn o desenvolviIrento de i.Í1tensa miamatogênese e qrani=
togênese, ressal van:lo-se que a Província são Francisro atuou caro antepaís ao Cintu-
rão r-bvel Brasiliano. Por outro lado na Província Mantiqueira oa:>rreu forte atuação
do Ciclo Brasiliano, (900-570 m.a.) res1;JOnsável pelo retrabalhamento de terrems mais
antigos, metancrfisrro e deformação de roberturas sediIrentares brasilianas e pela for-
mação de intensa granitogênese. Em tempos meso-cenozóiros a reqião foi lJalOO de reati
vaçÕes, culminamo a:>m a deriva rontinental Brasil-África e posterior edificação de
bacias marginais tipo Atlântiro.
Ir. OBJEl'IVOS
Apresentar um esboço geotectôniro das folhas SD.24 - Salvador e SE.24 - Pio Do -

3.325
------- ~.
ce, visan:lo estabelecer as relações geolÕgico-tectônicas entre as Províncias Geológi-
cas são Francisco e Mantiqueira.
CS esl:oços geológicos das folhas SD.24 - Salvador e SE.24 - Rio D:>ce, são apre -
sentados nas figs. 1 e 2, respecti vam:nte, para urna I!Elhor co~eensão do texto. Na
fig. 3.. apresenta-se um esl:oço geotectônico das folhas em epígrafe.

IrI. PROVíNCIAS GEDItGICAS

IrI. 1 - sJ5D FRANCISCO

Esta província constitui urna entidade geotectônica de consolidação pré-brasilia-


na, que 00 âmbito das folhas SD.24 - Salvador e SE.24 - Rio D:>ce, esta orlada a leste
pelo OceaID Atlãntico e a sul pela "Faixa de D:)braI!Entos Araçuaí" de AlIIEida (J977),
de idade brasiliana
tos constitui o limite
(Proterozóico Superior).
entre as províncias
Ressalte-se
são Francisco
que esta faixa de dobraI!En
e Mantiqueira.
-
O embasaIIEnto dessa província configura-se J:X)r terrenos de alto grau, de idade
Arqueana, de origem magmática e/ou sed.ilrentar. Retrata-se J:X)r terrenos "granite-gre -
enstones" ,seqüências sediIrentares e vulcaIX)-sediIrentares, de 6a.uu I!Etarrórfica xis
to-verde a anfil:olito,
queaIDs jacentes
corco também rochas da 6a.ueA granulito,
na África do Sul, Austrália, Canadá, ÍIrlia,
similares
dentre outros.
aqueles ar -
CS terrenos "grani te-greenstones'~retratam-se pelo Carlplexo Caraíba-pararnirim (Li
ma et al., 1981), uma seqüência para e ortorretamSrfica, essencialI!Ente da 6a.ueA anfI
I:olito com remanescentes da 6a.uu granulito, cuja origem reI!Dnta ao Arqueano, ratifI
cado J:X)r datações geocrooolÓgicas com cerca de 3,2 b.a. na região de Aracatu. AÍ si=
tuarn-se "D:>bras OValadas" (Mascarenhas, 1979) hom51ogas às referidas 'DOr Salop &
Scheimann (1969) para o Escudo de Aldan (URSS) o:::m::>típicas do estádio "penrcbile" do
Arqueano. Caracteriza-se também pela ocorrência de grani tóides arqueanos Imlito bem
exp:>stos nas regiões de Anajé, Boa Vista, Aracatu e Jussiape, além de áras com grau
de basicidade elevada, em vista da presença de mafi tos e ul tramafi tos I!Et.arrcrfisados,
di5pJstos no âmbito da "OVal de Aracatu" e leste de Itaberaba. Os I!ESIrOS estão creser .
vados sob a foma de IIEgaxenólitos, malgrado a intensa rercobilização provocada pelõ
Ciclo Transamazônico, re5pJnsável J:X)r intensa grani togênese na Província do são Fran-
cisco. O Complexo Caraíba -
Pararnirim tipifica-se J:X)r I!Etatexitas, cujo paleossoma r~
trata-se J:X)r bioti ta gnaisses, gnaisses quartzo-feldspáticos, bioti ta e/ou hornblenda
gnaisses e anfibolitos; diatexitos e níveis de quartzitos e calciossilicáticas.
A seqüência vulcaIX)-sed.ilrentar consti tui-se pelo Cat;>lexo Brurnado (Pedreira et
al., 1975), o quallocaliza-se 00 âmbito da "Oval de Aracatu". Representa-se por I!Eta
mafitos, I!Etaultramafitos, calciossilicáticas, fonnação ferrífera, I!'árm::>res e- quartzI
tos. Esta região foi J:X)steriomente afetada pelo Cinturão M:5vel Transamazônico, con =
fome atestam os dados geocrcnolÕgicos.
O conjunto arqueano a::rnpleIIEnta-se pelas rochas granulÍticas do Complexo de Je-
quié (Lima et al., 1981), de origem magmática-sediIrentar, a:m zoneaIIEnto li tolÕgico ,
grosso ITCdo, de leste para oeste no âmbito da Folha SD.24 - Salvador. Fato evidencia-
do da faixa costeira até a Falha Escarpa. do Planalto, oooe afloram piriclasitos e
gnaisses emerbÍ ticos, gradaroo a partir daquele acidente tectônico - para rochas es-
sencialI!Ente .de COIt1J:X>siçãocharoockÍ tica e gnaisses quartzo-feldspáticos. De oerto ~
do o mapa graviltÉtrico do Estado da Bahia (M:Jtta et al., 1979) confirma esta asserti-
va, em vista da ocorrência de um aurrento de espessura da crosta de leste para oeste ,
expondo níveis crustais mais profundos a oriente.
CS dados de campo sugerem que as relações de contato entre os COI!plexos de Je-
quié e Caraíba-paramirim ou são gradativos, ou são feitos através de falhaIIEntos. Li-
ma et alo (1981) C:hacham' os I!ESIrOS coevos, constituirrlo as raízes de terreoos
"granite-greenstones" ,correstXJooemo consectÜenteIIEnte a diferença no posicionaIIEn
to do nível crustal, dos quals os cinturões granulÍ tioos ocupariam os - níveis mais pro
fundos da crosta, semo elevados à superfície através de falhaIIEntos. -
Esta unidade encerra núcleos arqueaIDs e cata-arqueanos nas regiões de Mutuípe
e Jequié, relativos aos Ciclos Jequié e pr~equié. Apresenta intensa reI!Dbiliza
ção na faixa costeira e J:X)rção setentrional devido a atuação do Ciclo Transamazónico,
menos enérgico na região de Jequié, evidenciado apenas em datações K-Ar. (B.Neves, Cor-
dani e Torquato (1980) definiram para a região de Mutuípe uma isôcrona Rb-Sr em rocha
total de 3. 160 :: 60 m. a., com alta razão inicial, o que iOOica a J:X)ssibilidade de
vida crustal anterior. (Ciclo Pr~equié). Por outro lado o restante da área iOOicou
idade de cerca de 2.700 m.a. (Núcleo Jequié-Maracás-Brejêes) .
A foliação dominante em épocas referentes ao Ciclo Pré-Jequié deve ter sido ,
grosso IIDdo, E-W, em vista desta orientação nas "superfícies envolventes" das antifor
mais e sinformais jacentes na região de Santa Inês - Irajuba, cujos dobraI!Entos tor=
nam-se mais suaves para ocidente, com foliação plano axiais orientados seguroo NNE-
- SSW. Feições que sugerem a superposição de dobraIIEntos tiJ:X) 1 de Ramsay (1967), si-

3.326
tuarn-se nas regiões de Iaçu-Itaberaba, Ibiquera, GaIrlu e Jequi.é (Lima et alo, 1981).
No Ciclo Transamazônico, entre 2.560 -2.300 m.a. atrás, ocorreu a decosição
do Grupo Conterdas- ~.irante (Lima et al., 1981) em um "rift" orlcdo a oriente.. pelo
Carrplem de Jequié e a ocidente pelo Carrplem earéiÍba - Paramirirn. A base apresenta
dep::>sição erninentenente pelitica, em vista da reativação de faJ.haIrentos pretéritos e
vulcaniSllO com manifestações unicanente furnarélicas que influenciaram os secli.Irentos
peliticos, cem provável fo:rrnação de depósitos vulcânicos - exalativos polimetálicos .
Sed:iIrentação eminentemente epiclástica ocorreu nas p:>rcões marginais e superiores da
fossa, que culrnioou com urna progrcrlacão sobre os limites da bacia. (Marinho, Soares e
Silva, 1979)..
Sincronicanente deve ter havido a dep::>sição do Carrplem Ipirá (Lima et alo ,
1981 ), na p::>rcão rorte da Folha SD.24
na de "rift" cem orientação rceri.diana,
- Salvàior, provave1lTente relacionado a urna z0-
na qual se dep::>sitou sedimentos psarníticos cem
contrib.J.icêes pelÍtico-carl:onáticas e quicá de vulcânicas ácidas.
Em toroo de 2.200 m.a. atrás desenvolveu-se :inp)rtante cinturão rcével no sentido
de KrPner ( 1977) e Cordani (1977), reSp::>nsável pela deformação, netanorfiSllO na
6aueA xisto-vero.e a anfil:olito nas supracrustais e rern:Jbilização, retraba1.harnento e
netassomatiSllO K, com a formação de intensa granitogenese em todo o âmbito da Folha
SD.24 - Salvador. Este evento rerrobilizou e rejuvenesceu gran:ies tratos dos complexos
de Jequi.é e earaíba-paramirirn, cujos processos de anatexi.a e granitogênese rnigmatiz~
ram rochas da 6aueA granulito e anfibolito, em es~cial da faixa costeira, mascaran-
do sobrem::ào as relações de contato entre os citados canplems.
O citado "Cinturão M5vel" não afetou o "núcleo Jequié -Maracás - Brejêes" de
Lima et alo (1981), fato também rep::>rtado p:>r Cordani (1973) e Mascarenhas (1979)
confo:cne atestam os da:fus estruturais, ratificado p::>r datacões isotópicas Rb-Sr.
O Ciclo Transamazônico foi responsa-vel p:>r intensa grani togenese cem a colocação
de um gran:1e nÚlrero de maciços granitóides sin, tardi e p5s tectônicos. Can relação
a estes ÚltinDs foi p:>ssível irxli.vidualizá-los sob a denaninação de "suíte" Intrusiva
Gameleira (Lirna et al., 1981), de anbiência epi a nesozonal, cujas áreas de ocorrên-
cia mais significativa estão nas regiões de ConteOOas - Mirante, Anajé e Brurnado.
A 6a.ueA rretam5rfica daninante neste Ciclo é a anfibolÍtica, cuja foliação prin-
cipal deve ter sido N-S a NNE-SSW, com o desenvolvirrento de dobras isoclinais e de
transposicão, cem vergência em direção ao "núcleo Jequié - Maracás - Brejêes".
No final do Ciclo Transamazônico ocorreu a irxli.vidualização de sítios de sedimen
tação, em vista do desenvolvimento de altos estruturais, que serviram de área fonte
para a dep::>sicãc dos Grupos Chapada Diarnant1na (BritoNeves & Ieal, 1968) e Serra da
InhaÚIna (Lima et al., 1981) relativas ao Supergrupo Espinhaco, (Bruni et al., 1976) ,
seqüências platafoDnais de um !XM) ciclo, o Ciclo Espinhaço.
O pacote sedirnentar ao Grupo Chapada Diamantina tipifica-se na base p::>r urna se-
qüência flÚVio-deltáica a marinho raso passan:1o a continental para o topo (Formação
Seabra). Segue-se a dep::>sição da Formação Tornbador através de processos fluviais de
rios anastalDsados, seguida da Formação Caboclo em depÓsitos lacustres em planícies
de inurrlação e finalrrente fluvial de rios anastatoscdos para a Formacão l-brro do Cla-
péu. Presença de vulcaniSllO ácido a internediário e intrusi vas básicas coorreu nas
unidades basais, p:>rérn sob a forma diques.
Sincronicamente a Formação Caboclo dep::>si tou-se o Grupo Serra da InhaÚIna, na p:>r
ção rceri.dional da Folha SD. 24 - Salvador, provave1lTente separados dos sedirrentos dõ
Grupo Clapcrla Diarnantina p:>r um alto estrutural.
Cerca de 1.300 a 1.200 m.a. atrás ocorreu a fase principal de dobrarrento e neta-
rrorfiSllO das coberturas do Ciclo Espinhaco (Brito Neves et al., 1979), cujo rrovirrento
cornpressionais foram rreoos enérgicos de oeste para leste. Os eixos dos dobranentos
orientam-se preferenciallrente para N-S, oorn vergência para leste (Craton de rençóis).
ApÓs cessados os rrovirrentos relativos ao final do Ciclo Espinhaco, segue-se um
período de gran:1e estabilidade na região, cem mJdanças climáticas significativas ,
evidenciada pelos depósitos glaciais do Grupo Macaúbas (p::>rção sul) e Formação Bebe -
douro (p:>rção rorte) , este encimado p:>r urna seqüência pelitico-carl:onático, do Grup:>
Bambuí, relacionado a mares epicont.:in:ntais. O Grupo Rio Pardo depositou-se em zonas
de "rifts". Essas seqüências configuram as coberturas de plataforma referentes ao
Ciclo Brasiliano.
Por volta de 750-650 m.a. atrás desenvolveu-se ~rtante tectonisrro na fração
neridional da Folha 50.24 - Salvador, denaninado de "Faixa de Dobrarrentos Araçuaí"por
Alrreida (1977), consti tuirrlo em verdade um "Cinturão M5vel" ro sentido de KrPner
(1977) e Cordani (1977). Representa o limite das Províncias C-€OlÓgicas são Francisco
.
e Mantlqueira.
Zonas de ativação tectonanagmáticas referentes a épocas brasilianas dispÕern-se
ao longo dos alinhamentos IThéus -
Itarantlrn e Itapebi - Boninal. Os priIreiros de
orientação NE-SW parecem estar gereticazrente ligados às intrusivas alcalinas foidais
que ocorrem sob a forma de"stocks",batólita3 e diques da "suíte" Intrusiva Itab.ma (Li.-

3.327

~
--------- -- - -----.
--- ----

lT'a et al., 1981). Suas oolocaçães devem estar ligados a falharrentos de blocos, com a
edificação de altos e baixos estruturais. No que tange ao Linearrento Itapebi-Boninal,
não existem fatos oonclusi vos, advogando-se aqui a presença de IT'agmatisrro relacionado
a este evento tectônico, em especial na região de BJ::'1JII1ado,C1apada DialT'antina e Itape
~. -
Atividades IT'agmáticas eqüevas a edificação das bacias m:sozóicas aiIrla não fo
ram detectadas na região sul da Folha SD.24 - Salvador. Conttrlo, adrnite-se aqui a
presença dos Iresrros, quiçá, representados por diques de diabásio e alcalinas .
As ooberturas não dobradas datam do Fanerozóioo, dentre as quais destacam se
dois oonjuntos distintos pelos seus caracteres tectônioos: bacias IT'arginais Iresozói -
cas tipo Atlãntioo e ooberturas ceoozóicas. Aquelas são oontroladas por grabens e
sernigrabens carp::>roo trafcgeossinclÍnoes' e miogeoc1íneos, jacentes na faixa oosteira
atlãntica e retratadas pelas bacias do RecôncaVo, Bahia SUl, Almada e Jequitinhonha .
As ooberturas ceoozóicas apresentam disposição tabular, estão isentas de deforlT'ação
e são oonfiguradas pelo Grupo Barreiras e FOrlT'ação s~á, além de ooberturas tércio -
- quaternários
lhos e Paraguaçu.
detrí ticas, relacionadas aos Ciclos de Aplai.narnento Sul-Americano, Ve-

III.2 - MANTIQUEIRA

Esta província ao oontrário da Província são Francisoo de grande desenvolvim:nto


no Ciclo TransaJPazõnico, oonta com uma maior presença do Ciclo Brasiliano em seus do-
mínios. Por outro lado, em vista de caracteres estruturais e geocronolÕgioos suJ:xlivi-
de-se a ProvÍncia Mantiqueira, em duas subprovíncias, oonsoante Silva et alo (1983) :
AraçuaÍ e Médio Rio Dxe.
A atuação do Ciclo Brasiliano na Provincia Geológica Mantiqueira, retrabalhou
terrenos mais antigos, referí veis ao Arqueano e Proterozóioo Inferior, além de ser
responsável pelo metarrorfisrro e deforlT'ação das ooberturas brasilianas e pela formação
de intensa granitogêrese. Em tem;:xJs m:so-ceoozóioos foi paloo de reativaçães, culmi -
naIrlo com a deriva oontinental Brasil -
África e posterior edificação de bacias
IT'arginais tipo Atlãntioo.

III. 2. 1 - SUBProvfNCIA ARAÇUAÍ

o embasarnento desta subprovincia está retratado pelo Conplexc ItaDetinga. Esta


unidade, aqui definida, situa-se na região sul da Bahia, cuja seção geológica típica
localiza-se nas rodovias V. da CoI'XiUÍsta - Itambée Itambé -" Itapetinaa. Represen
ta uma unidade de origem essencialmente sedixrentar, com intercalações de metalT'afi tos
e m:ta-ultramafitos. Constitui-se de biotita gnaisses, biotita-hornblerrla gnaisses
gnaisses quartzo-feldspátioos, calciossilicáticas, quartzitos, márrrores e anfiroli
tos. Ressalte-se o baIrlearnento de oricem sedixrentar bem evidente nesta unidade, o
qual reflete dobrarnentos isoclinais S ), com redobrarnentos e intensa migmatiza-
ção, evidenciada por metatexitos. Os (~~ s ~nológioos granjeados por IIrla, Cor-
dani e Hama (1979) na região de Itambé, iIrlicaram uma idade arqueana para esta unida-
de, cerca de 2.700 m.a. Deste m::ido, posiciona-se a mesma no Arqueano.
Esses rne.tassedixrentos relacionam-se ao Ciclo Jequié, provavelm:nte deformados
e m:tarrorfisados pelo "Cinturão MSvel" relativo ao citado Ciclo, referido por Alm:ida
(1979) cem::> "Cinturão MSvel Costeiro".
Disposta disoordanternente sobre o CoIIplexc Itapetinga e relacionado, ao Protero-
zóioo Inferior \ e asSOlT'anesta província o CoItplexo Jequi tinhonha (Litwinski, 1980 ,
apud Alm:ida & Litwinski, 1984). h:Jui. referida, com rrodificaçães, uma vez que o cita-
do autor engloba dentro desta unidade quartzi tos e XÍ5tos, referentes ao Grupo Alxren~
ra (Silva et al., 1983), corn o que não se oonoorda. Evidências 00 terreno, dados es-
truturais e petrográfioos sugerem uma origem sediIrentar para esta unidade, na qual
são ocmuns a presença de gnaisses kinzigitioos, biotita granada gnaisses e ~otita
gnaisses .Calciossilicáticas, quartzitos e mântores; àCOrrem sob a forlT'a de lentes de-
carrétricas. Relaçães de canpo !.:em IT'arcantes entre os OOITÇ?lexcs Itapetinga e Jequiti -
nhonha é a carência
presentativos
de m:talT'afitos
de antigos diques ou soleiras,
e metaultralT'afitos 00 Complexo Jequitinhonha,
amiÚde relacionados ao Corrolexc Itapeti~
re -
ga.
A deforlT'ação e m:tarrorfisrro desses secliIrentos deve ter ocorrido por ocasião do
desenvolvimento do "Cinturão MSvel Transamazônioo", em torno de 2.200 m.a. atrás
ratificado através de dados isotÓpioos U-Pb, na reqião leste de Porto Seauro, em
grani tóiàes sintectônioos (DelhaÚ e Dernaiffe - WOrlT'ação escrita). O metarrorfis
rro atingiu grau de Iretarrorfisrro rrédio (Winkler, 1977).
O "treIrl" desta unidade varia de N-S a NNE-SSW, com a presença de falhas inver-
sos rreridianas CX!!Ivergência para oeste.
As ooberturas que oom;:õem esta subprovíncia representarn-se essencialmente pelos

3.328
n-etassed.i.Irentos dos Grupos MacaÚbas (Pereira & Ortiz, 1980), e A1.nenara, (Silva et
alo, 1983), cem grau de n-etaIlOrfiSI1P rré:lio a fraaJ (Winkler, 1977) e sedinentos tabu-
lares retratados pelos Grupos Barreiras, oo1:erturas detríticas e depósitos quaterná -
rios. As duas prineiras posicionam-se 00 ProterozóiaJ Superior, erquanto as Últimas
no CeoozóiaJ.
No Proterozóioo Superi~r ocorreu a deposiC;ão das aJ1:erturas brasilianas, tipifi-
cadas pelos Grupos MacaÚbas e Alroenara. O prineiro ligado a ambiente glacio-marinho ,
enquanto o outro relaciona-se a bacia inteDlOl'1tana, de origem oontinental e distrib.ri.
c;ão geográfica restrita, o:::n;:ondo "dom::>Se bacias". -
Em torro de 750-650 m.a. atrás desenvolveu-se um. "Cinturão MSvel Brasiliaoo" na
porc;ão sul da Folba SD.24 - Salva:1or e todo o períIretro da Folba SE. 24 Rio Doce , -
dobrando e n-etaIlOrfisando as oo1:erturas sed.imantares, rem:>bilizando o embasan-ento
cem a formac;ão de intensa grani~e e rnigrnatogênese. .
A atividade ígnea foi bem rnarcante aos domínios desta sui:província, tipificado
por batólitos e "stocks" de magmatitos sin, tardi e pós tectônioos em relac;ão ao Ci-
elo Brasiliaoo.
O Ccrrplexo MJntaMa (Silva et al., 1983), constitui-se por augen granitóide
gnaisses, provave.1roente ligado a "anatexis" do Complexo Jequitinhonha, em oondições
n-esozonais, ooI!'l1.JIrentesob a forrna de batólitos, patenteando granitóides sintectôni
oos.
O CaIplexo Medina (Silva et al., 1983), e a "Suíte" Intrusiva AiIrorés (Silva et
al., op. cit.) e pegrnatitos associados, amiúde sob a forrna de batólitos, oonstituem
plutonitos de caráter sin a tardi-tectônicos. O priIreiro de OOI!pJSição granítica a
gran:::xlioríticas, incluindo diatexitos, provavelIrente ligado a fusão total dos litoti-
pos do Carplexo Jequi tinhonha, em nível n-esozonal. O segundo oorn a presença de mine-
rais anidros OOI!Oo hiperstênio, p:x:ie estar relacionado a níveis catazonais.
As "suítes" intrusivas Itinga (Silva e al., op. cit.) e Guaratinga (Silva et
al., op. cit.) e diques de pegmatitos associadoS, posicionados 00 Eb-paleozóiaJ, cem-
põem macic;os cem diIrensÕes de "stocks", e oonsti tuem magrnati tos de caráter tardi a
pós tectônicos. Os priIleiros predorninarn 00 ârnbi to do Grupo MacaÚbas, epizonal, enquan
to a outra "suíte", também epizonal, relaciona-se ao Al..inhaIrento Vitória - Ecoi?oran =
ga, provavelirente relacionado a zona de reati vac;ão.
FinalIrente a mais recente ati vida:1e ígnea desta subprovíncia representa-se pela
"suíte" Intrusiva Fundão (Silva et al., 1983), oatp:)sto essenciaJ..nente por diques bá-
sioos, de idade Jurássica. Este oonjunto ígreo deve estar relacionado à separac;ão ~
tinental Brasil - África e dispãe-se
ga. fln tenp::Js n-eso-cenozóiaJS
paralelairente
houve a edificac;ão
ao Alinharrento
das bacias marginais
Vitória - EaJp:>ran-
aJSteiras tipJ
Atlântioo, retratados pelas bacias do Espírito Santo, Je:xuitinhonha, Mucuri e CUrnuru-
xatiba. No entanto, IIDStrarn-se en001:ertos por sedi.rcentos ceoozóiaJS do Grupo Barrei
ras e depósitos quaternários.

IrI. 2.2 - SUBPOOVÍNCIAMIDIO RIO r:o:E

O embasan-ento desta subprovíncia oonstitui-se pelos o:tt;Jlexos Juiz de Fora


(Ebert, 1955) e Pocrane (Silva et al., 1983), e Gnaisse Piedade (Machado Filho et
al., 1983). As duaS prineiras unidades são referíveis a terreoos de alto grau, cu-
ja origem rencnta ao A1:queaoo, e a Última a um. tectonito forIl1OOo 00 ProterozóiaJ In-
ferior às expensas de terreoos provavelirente arqueaoos. As alu:li.das unida:1es estão
bem expostas 00 qucrlrante oeste-sudoeste da Folha SE.24 - Rio Doce.
O Carplexo Juiz de Fora c:arp3e-se essencialIrente por rochas da 6a.ue.6 granullto,
evidenciando material de origem ígnea e sedirnentar. Por outro lado, o Cornplexo Pocra-
ne patenteia-se por gnaisses ortoderi vados de oorr;:osição granodiorí tica-tonalÍ tica e
gnaisses rretatexítioos.
O Gnaisse Piedade é urna unida:1e petrotectônica a:xtpJsta prinDrdia.1roente por
gnaisses bandeadcs, oorn foliac;ão subl:x>rizontal, m::>strando nas zonas inter bandas a
OaJrrência de dobras intrafoliàis. Dataçáes ra:1iomátricas fora do âmbito da Folha
SE.24 - Rio COce (Teixeira, 1982), assinalaram idades ao redor de 2.200 m.a., referen
te a atuac;ão de "Cinturão MSvel Transarnazónioo", oorn orientac;ão N-S a NNE-SSW, cciii
vergência para oeste.
.
As supracrustais desta suq;,rovíncia ti!;)ificarn-se pelos grupos são Torté, (Barro-
sa et al., 1964), Crenaque (Barrosa et al., 1964) e MacaÚbas. (Silva et al., 1983) .Os
grupos são Taré e Macaúbas IIDStram material essencia.1roente pelítioos-, exibirrlO mine -
rais índices de rretaIlOrfiSI1P COItPatí vel oorn o arau rré:lio de Winkler ( 1977). Esse rreta
m::>rfiSI1P relaciona-se ao "Cinturao MSvel Brasii.iaoo" que a.fetou os supracrustais ccm=
pondo a "Faixa de CObrarrentos do Médio Rio Ibce". Em ternos estruturais os grupos são
Torté e Crenaque. apresentam urna orientac;ão rnarcante :cara NW-SE, retratado por folia-
ção plaoo axial, emuanto o Grupo Macaúbas exi1:e postura plaoo axial para NNW-SSE e
N-S.

3.329

------------
--------

Atividade plutônica sin a tardi-tectônica em relação ao Ciclo Brasiliano está


bem recresentada pela "Suíte" Intrusiva C-aliléia e :oe~titos associados, OOI!IU!'Cerlte
sob a forma de batólitos. Idades radiorrÉtricas assinalaram valores de 650 a 600 m.a.
para esta "suíte", com grande representatividade nesta subprovíncia. Apresenta a::Jmp:)-
sição gran::xli.orítica a tonalÍtica, cuja feição nas proeminente é a grande incidência
de encraves aqui interpretados 00Ir0 autóli tos. Parece representar o produto da anate-
xia de litoti:ços que a:mp5em o Catlplexo Pocrane em nível crustal masozonal.
A "Suíte" Intrusiva Urucum e pegmatitos asscciados, constitui-se de magmatitos
de corc;x:>sição granítica a granodiorítica, epizonal, tardi a pós tectônica. Assoma
essencialmente sob a forma de "stocks", diretarrente asscciados aos matapelitos do
Gru];:oSão ToIré. .
Alguns corpJs do Catlplexo MOOina e "suíte~' Intrusiva AiIrcrés, expÕern-se nesta
subprovíncia, porém sem grande representati vidade espacial.
Em ter!!DS estruturais tern-se urna orientação marcante disposta para NNE-SSW a
N-S, bem assinalada nas unidades que a:mp5em o embasamento desta subprovíncia. Por
outro lado, esta orientação é truncada ror outra de rostura NE-SW, provavelrcente rela
cionada a rrevircentos transcorrentes. Mei-ece destaque- a orientação dCminante empresta=
da pelos matassedircentos dos gru;:os são ToIré e Crenaque, dispostos para NW-SE e afet~
dos inclusive por fa1harrentos inversos.
Em ter!!DS de seqüências secli.m=ntares fanerozóicas merecem destaque as coberturas
detríticas tércio-quaternárias que afloram ao oorte de AiIrcrés. (~) .

Consoante dados geocrooológicos e geolÓgicos pode-se afirmar que grande parte da


região abarcada pelas folhas SD.24 - Salvador e SE.24 - Rio Doce teve sua oricem liga
da ao Arqueaoo. Fato relevado pela Dresença de núcleos arqueanos :ç>reservados, tanto
em romas da 1acie.ó granulito (Núcleo Jequ.ié-z,1aracás-Brejões) corre também em granitói
des da região de Jussiape, Aracatu e Boa Vista. Por outro lado, restos de terreoos
arqueaoos, em zonas rarobilizadas, são evidenciáveis na região de Vitória da Corx:ruis -
ta - Itambé nos domínios de matassedircentos e Ipiaú em rochas de 6aciu oranulito
(Mascarenhas et alo, 1984). Exerrplos esses situados no âmbito da ProvÍncia são Fran -
cisco.
No perímetro da Provincia Mantiqueira informações obtidas fora da área em foco ,
porém oos domínios da citada província, in::1icam valores de 3.280 m.a., com relação
inicial de 0,703, na região de Juiz de FOra na FoTha SE.23 - Rio de Janeiro (Cordani,
CeThal e Ledent, 1973). Fato que evidencia se tratarem de rochas presumivelrcente di -
ferenciados do manto, na época de sua fonnação, correlacionável ao "Núcleo Mutuípe"de
Cordani (1973).
Ceste m:xio pode-se inter:ç>retar que em terc;x:>s arqueaoos já estariam foJ:Inados os
terreoos de alto grau e que haveria urna ligação entre os cinturões granulÍticos Je-
quié e Juiz de Fora e cort;Jlexos Caraíba-paramirim e Pocrane (6acie.ó anfil:olito) típi-
cos de terreoos "grani. te-greenstones .
~ Que de certo rodo corc;x:>ria o Craton Paramirim
de Alrceida (1979). Ceste m:xio, pode-se .extrapolar que a primeira f.ase de granulitiza-
ção é aludida ao Ciclo Guriense ( )' 3.000 m. a. ) .
~Os dados' acima parecem sugerir que esta fase relacione-se aos denominados "Su-
per-eventos de Acreção-Diferenciação Continental (SADC) em que sial juvenil deriva -
do do manto e/ou litosfera básica, scfreu cort;Jleta diferenciação ígnea, metamSrfica
e geoquírnica, praticamente contemporânea, para produzir crosta continental espessa
estável e permanentarente possuindo estratificação geoquírnica gradativa (MJorbath &
Taylor, 1981).
No que concerne ao Ciclo Jequié, admite-se 00 presente trabalh:> que o Complexo
Itapetinga, consoante .'
dados isctópicos, represente matassedircentos dobrados e ma -
taIrorfisados nesse Ciclo. vários autores fazem referência a um cinturão m5vel arquea
00 nessa porção. A1meida (1979) conceitucu o:m::> "Cinturão MSvel Costeiro" representa=
tive do limite leste do "Craton Paramirim", e incorporando o que I.eonardos e Fyfe
(1974) chanaram de "Atlantic Belt".
Nos domínios do "Núcleo Jequié-Maracás-Brejões" as superfícies envolventes
dos dobramentos da região de Irajuba-Santa Inês, rrestram orientação E-W, com planos
axiais meridiaoos, cujas dobras tornam-se mais suaves para oeste, onde estaria a re-
gião cratônica. Por conseguinte, considerando que esta região foi afetadaoelo Cintu-
rão MSvel Jequié, admite-se que a foliação pré-Jequié (Ciclo Gurie.nse)deveria ter
sido E-W. Interoretação idêntica rode ser anlicada aos metassedircentos do Comclexo
..
Itapetinga. Ceste rodo conclui-se- que a 6aue.ó dominante no Ciclo Je:ruié
.. deve ter
sido tanto granulito corre anfil:olito.
Nos domínios da "Oval de Aracatu" houve a fonnação, nas zonas de inter-ovais ,
de urna seqüência vulcano-sedircentar ti:ço "greenstone J:elt" denominado de Corrplexo
de Brumado. A deformação dessa seqüência liga-se ao Ciclo Jequié e atingiu a 1acie,~

3.330
xisto-verde a anfi1::Dlito.
No alvorecer do Proterozóioo Inferior, em torno de 2.400 m. a. atrás deve ter
ororrido a dep::>sição. dos sedinentos que oonpõem o Complexo Jequit.:inOOnha, o qual se-
ria oomposto p:>r material essencia1rrente pelÍtioo, oom níveis psamítioos e securoari~
rrente margosos. Estes sedinentos p:>deriam patentear ambiente marinho, do tipo flys
chÕides, os quais ~resentariam uma "Associação do tipo Margem Continental P~
siva". Sincronicanente houve a dep::>sição em zona de "rift" dos Grupos Contendas-Mi.r~
te e Car;>lexo Ipirá, oom orientação aproxi.nalamente zreridiana. Essas seqüências são
essencia.1lrente sedimentares, oom a base pelÍtica. e o tOpo psamítioo, oom pequena oon-
tribuição vulcânica.
Conforne déÓ)S radianétrioos do Projeto' RADAMBRASILobtidos em tectoni tos, reto-
do Rb-Sr, nas regiões de Rio Casca e Ponte Nova na' Folha SF. 23 - Rio de Janeiro, COmJ
também na faixa oosteira
região foi paloo de enérgica
da Folha SD.24
atividade
- Salva::lor, em torno de 2.200 m.a. atrás,
:tectênica cx::mpressional, r~esentada por
a

falhas de enpurrão, oom IXJStura rreridiana e vergência para oeste, oonsoante dados
estruturais revelados no terreno.
Este evento tectônioo provooou intensa transposição ms terrenos arqueancs exis-
tentes, dando OOI!Oresultado rochas baIrleadas oom baixo ângulo de zrergulho, nas quais
p:>ntificam dobras intrafoliais oom ápices espessa::los. Evento resp:>nsável pela forna-
ção de um tectoni to denominado de Gnaisse Pieda::le.
Na faixa costeira este evento provooou intensa transposição das rochas da 6aciu
granuli to do Conplexo de Jequié, COmJ também foi responsável pelo netarrorfisrro e de -
fornação do Canplexo de Ipirá e GrupO Contendas-Mi.rante.
Palas características acima disoorridas é oerfei tamente lícito denominar a re
gião acima COmJ típica de um Cinturão M5ve1 no sentido de Kroner (1977) e Cordani
(1977), sendo bastante semelhantes aos descritos pelo prineiro autor no continente
africano. O Cinturão M5ve1 Transamazônico tem COmJ "trerxi" característioo a orienta -
~ão N-S a NNE-SEW, tanto nas supracrustais COmJ infracrustais.
No Proterozóico Médio houvP." a deposição
das pelos Grup:>s Cl'Ja.pa::laDiamantina
de ooberturas
e Serra da InhaÚIOa e vulcânicas
de plataforna
associadas,
tipifica
rela-
-
ti vas ao Ciclo Espinhaço.
Entre cerca de 1.300 a 1.200 m. a. atrás, ooorreu a fase principal de dobramen -
tos e netarrorfisrro das ooberturas do Ciclo Espinhaço (Brito Neves et al., 1979) cujos
rroviItentos ~ssionais tornaram-se nen::>s enéraioos
- de oeste para leste. Os eixos
de dobramento õrientam-se preferencla1rrente para N-S, oom vergêi1cia para leste (Craton
de Lençóis).., Exposições do SUpergrupo Espinhaço si tuam-se na
Folha SD.24 - Salvador, em cujos quadrantes mroeste e sudoeste se tem evidências da
atuação desses eventos.
Dentro dos oonceitos aqui emitidos baseados em Kroner (1977) e Cordani (1977)
esta região também foi paloo de um cinturão m5vel, m entanto m âmbito da Folha
SD.24 - Salva::lor o netarrorfisrro atingiu o grau incipiente a fraoo de Winkler (1977)
O maior desenvolvirrento deste cinturão m5vel ororreu ms domínios da serra do Espi
nhaço, oom vergência em direção ao vale do Paramirim.
Posteriornente, m Proterozóico Superior ororreu a dep:>sição dos li totipos oon -
cernentes ao Supergrupo são FranclSOO, tipificado pelos Grupos Macaúbas, Bambuí e
Rio Pardo, Fornação Bebedouro, além dos Grupos Alnenara, são Torré e Crenaque.
Por volta de 750-650 m.a. atrás ooorreu a fase principal de tectogênese e neta -
I!OrfisI!O,relativo às "Faixas de Dobramentos Araçuaí e Médio Rio Doce", oom o desenvol -
vinento de grau de netarrorfisrro;- fraoo a nédio (Winkler, 1977) nas sucracrustais
em condições de pressão tipo Barroviano, seguido pela oolocação de plutOnitos sin
tardi e pás-tectônicos.
Os plutoni tos sintectônicos representam-se pelo Conplexo M::>ntanha; os sin a
tardi-tectônioos pelas "suítes" intrusivas Airrorés, Galiléia e Carplexo Madina; os
tardi a pás-tectônicos pelas "suítes" intrusivas Itinga, Urucum, Guaratinga e Itabu
na. Estes últirros já em tem;:os eo-paleozóioos.
Advogac-se para este evento do Proterozóico Superior uma origem essencialrren
te terrrctectônica; à semelhança da hipótese de Sche:rmehorn (1981) para a contrapar
te africana. Fato ratificado pela grande distribuição esPacial dos plutonitos, oomoon
do um grande "Arco Magmático", ligado a oorrentes de conVenção do manto, em preces. -=
sos essencialrrente de intre--placa.
ZOnas de reativação (Proterozóico Superior) relacionam-se aos Alinhamentos Ita-oe - -
bi.-Boninal, Ilhéus-Itarantim e vitária-ECoooranga.
No fanerozóico zrerece destaque a zona- de reativação nesozóica, pré-deriva conti-
nental, tipificado pelo Alinharrento Vi tária-Ecoporanga (Silva et al.~ 1983), aos quais
se associam diques básicos da "suíte" Intrusiva Furxião.
Posteriornente, pós-deriva-continental, houve a edificação das bacias marginais
tipo Atlântico, seguido da deposição continental do Grupo Barreiras e deoositos
- qua -
ternários.

3.331

---- -- ~---~---
--~ ---

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3.333
----

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Prol._. [
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p€b .Compll:r.o de Brumado

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A ~ R M I A 1981

3.334
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3.335

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CONVENÇÕES
ESTRUTURAS REGIONAIS -Falho indiacrlminado
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BonJnal I -A.ltinça- JequinnhonhO u.. LL.u...Falha normal encobertO
- L. Itapobi -
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II:.- L. Atlôntk::o %[ ~-FalhQ inversa


-A. F.Inocência- Atol.Ha

m -lIheúl- Itorantin ~-A. lpanlmo.. N. VenéciQ


. -Cidade
~ ..OrenaGlm
provlncias
m -A.MocaJúba -8. V. Tupim :1m-A. VItofia-Ecoporango --- - Limite 1ft"
ABREVIATURAS
1r -A.Cohngal-Boo Novo D'-A.ltcmbocuri- P Porotso CMB ..Cinturão Móvel Brosiliano
JZ['-A.MarOQOOipe- Jtuberá =-B. eurn...u..fiba CME -Cinturão MoVel Espinhaç:o
CMT _Cinturõo MÓoIII Transamazôrico
E[.B. Recôrcovo-Bohio sul :m- 8. Mu~i CMJ ..Cinturoo MlMI Jequié
1ZItr- 8. A Imodo :121[- B. do E sp/rito Santo NA -NúcleoArqueono
.ti: -S.Jlquitinhonno ~ Alto de Cumuruxatibo
Ib
J
-
..
ltaberobo
JilQuié
It -Ifobuno
G Gov. VoIadores
A.. Alin"Omlnto -
V -
Vitória da ConQUi$to
L- Lineamento PS Porto SlQuro
B- Bacia -
PsF.. ~ São Francisco
p~ P Montiqueiro
L - L.jnhorea
C - Colotino

FitJ.3- Esboço G80tectônico dos folhas 50.24. SE. 24 Modificado di L.imo It.,at (981) e Silva It. aI. (1983)

3.336
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. RJ. 1984

A FAIXA DE DOBRAMENTOS PIANCO: SINTESE DO CONHECIMENTO E


NOVAS CONSIDERAÇOES

Marinho Alvas da Silva Filho


CPRM - Sureg - RE

ABSTRACT

This paper deals with the Piancó folded belt of Proterozoic


age which is standing between the region of Pianc6 (Paraiba state) and
the surroundings of Ouricuri (Pernambuco state) along an extension of
400 kilometers. The belt consists of two great metavulcanic-sedimentary
sequences (Group Salgueiro and Group Cachoeirinha), discordant between
themselve~, and their basement. Discussions are made about aspects rel~
ted to their li thologic and 'structural characteristics, the plutonic
rocks cutting across them and their metalogenenccontent.

INTRODUÇÃO

O artigo em pauta descreve as características de um pacote de


supracrustais que ocorrem desde a porção leste da cidade de Pianc6, no
estado da paraíba, até imediações de Ouricuri no estado de Pernambuco,
numa direção leste-oeste aproximada. Essa faixa de metamorfitos é limi-
tada ao norte pelo lineamento Patos ou por outras falhas desse sistema
e, a sul, entra em contato com metamorfitos mais antigos quase sempre
também por falhas (Fig.l).
Ap6s os trabalhos dos pioneitos da geologia que trouxeram a
notícia da ocorrência dessas rochas, vários artigos t&m se reportado a
essa faixa de dobramentos para tratar de mapeamentos executados, estu-
dos econômicos ou caracterizar algumas especimens plutônicas.
As bases da estratigrafia foram lançadas por Barbosa(1970) ao
reconhecer três grupamentos de rochas: grupos Uauá, salgueiro e cachoei
ri~~a. Os dois. últimos congregam os metamorfitos da faixa Piancó, en-
quanto o primeiro as li tologias do embasamento. Caldasso. (1967), Santos
(1967) e geologandos do Instituto de Geociências (Beurlen et alii,1978)
executaram mapeamentos localizados e levantaram algumas questões estra-
ti gráficas ao apontarem dissimilaridades do esquema proposto por Barbo-
sa (op.cit.), de modo especial os últimos autores.
A individualização da faixa como uma entidade geotectônica po
rém', é devida a Bri to Neves (1975) quando esboçou a regionalização geo:
tectônica do nordeste e identificou calhas preenchidas por metassedime~
tos separadas por zonas geanticlinais. Dentro deste prisma Mello (1978)
e Mello & Assunção (1983) colocam esta faixa no contexto de seu "cintu-
rão móvel transversal" limitado pelos lineamentos Patos e Pernambuco

3.337.
__n__.___
-- .-..-------..-
respectivamente.
A caracteri zação de alguns corpos graní ticos que atravessam
esses metamorfitos foi objeto de trabalhos específicos (Almeida et ali~
1967; santos & MeIo, 1978; Sial et alii, 1981) enquanto aspectos liga-
dos a mineralizações e prospecção mineral foram abordados por Farina
(1969), Horikawa (1979), Lins & Séheid (1981) e Oliveira et alii(1982).

CARACTERIZAÇÃO LITO-AMBIENTAL E METALOGENBTICA

A primeira tentativa de divisão estratigráfica do Grupo Cach2


eirinha é devida a geólogos do Projeto RADAM (Gomes et alii, 1981) em
mapeamento na escala 1:1.000.000, seguida por trabalhos do Projeto Ca-
choeirinha (escala 1:100.000) em suas duas etapas (Mendes, 1983-1984
Silva Filho, 1983-1984 e Nesi, 1983-1984), em que foram produzidos ma-
pas preliminares. A integração dos dados obtidos nesse último Projeto,
patrocinado pelo DNPM e executado pela CPRM, e daqueles contidos na
bibliografia, permitiu a individualização de duas grandes unidades lit2
estratigráficas sobrepostas por uma unidade menor de caráter molas-
soide. Essas unidades têm características próprias e bem marcadas no
tocante ao conteúdo litOlógico, à intensidade do metamorfismo, ao pa-
drão deformacional e a sua metalogenia, como discutido adiante.
O esquema estratigráfico advindo dessa integração é a base do
presente artigo e está sintetizado na figura 2. O embasamento, tanto
na margem norte como na sul, é composto por gnaisses orto e para-deriv~
dos sobrepostos por cordierita-silimanita xistos com um nível de meta-
calcário na base. Essas litologias se enquadram no que Barbosa(op.cit.)
cognominou de Grupo Uauá, mas esta denominação é imprópria visto que em
torno da cidade homônima, na Bahia afloram litotipos distintos e que d~
vem ter posição inferior na coluna geo16gica. Por isso, propõe-se no-
mear este conjunto de rochas de Grupo Bom Nome. Além da sequência li to-
l6gica acima mencionada o Grupo Bom Nome tem por características um pa-
drão deformacional marcado por figuras de interferências de dobras do
tipo 3 de Ramsay (1967), ou da combinação do tipo 1 e 3 desse autor, com
três eventos plicati vos evidentes.
Repousando em discordância sobre o embasamento acima caracte-
rizado, ocorre o Grupo Salgueiro que congrega uma sequência metavulca -
no-sedimentar correspondente ao primeiro ciclo de sedimentação da Fai-
xa Pianc6 (Fig.2). Em que pese a ausência ou obliteração de estruturas
sedimentares pelos fenômenos diastróficos, pode-se inferir seu ambiente
de deposição. A unidade basal quartzítica é algo impura e deve ter se
depositado em ambiente litorâneo, devido a ausência de estratificação
cruzada do tipo fluvial e litotipos de granulometria mais grosseira.
Logo ap6s houve um aprofundamento da bacia porque os metass~
dimentos sobrepostos são mais finos e de cores acinzentadas denunciando
um ambiente subaquático. Intercalam-se neste intervalo cherts ferrífe -
ros e metacalcários além de metavulcânicas básicas tratadas mais adiaE
te.
Em seguida a bacia torna-se instável e, em resposta a esta
instabilidade os metassedimentos, por sua vez, tornam-se feldspáticos
ou líticos com intervalos conglomeráticos em meio a uma fração are-
nosa, fina a média, dominante. Para cima a bacia novamente se aprofunda
e~ os sedimentos, ainda que finos, têm grande componente quartzosa.
As rochas vulcânicas que compõem a sequência perfazem 20% do
total e são diferenciadas. O vulcanismo inicia~se por metabasaltos
transformados em anfi boli tos intercalados nos metassedimentos finos do
início da sequência e associados de modo íntimo a metacherts ferrífe-
ros. O caráter desse vulcanismo é alcalino, segundo interpretações de
Mello & Assunção (op.cit.), fato confirmado por' análises mais recentes

3.338
(
Fi g. 3) .

Sucedendo no tempo esse vulcanisrno básico inicial, ocorrem m~


tavulcânicas ácidas e intermediárias posicionadds na porção média do
Grupo Salgueiro identificadas por Silva Filho et alii, 1984. Tem comP2
sição dacito-andesítica e intercalam-se com meta tufos e metacherts. Ta~
bém nas unidades superiores do Grupo há recorrência do vulcanismo bási-
co com modestas proporções.
O metamorfisrno que afeta esta sequência varia entre o grau
fraco e o médio de Winkler (1977), tendo por minerais diagnósticos do
tipo bárico .a associação cordierita-blotita-muscovita estáveis no campo
das pressões baixas e intermediárias. A semelhante conclusão chegou Go-
mes et ali i (op.cit.) ao estudarem diferentes paragêneses desse meSmo
grupamento de rochas.
A idade de sedimentação desse Grupo pode ser apenas especula-
da a luz dos dados disponíveis. A maioria da,s datações,quer pelo método
K/Ar quer pelo método Rb/sr, em granitóides ou metassedimentos oferecem
idades compatíveis com o final do Ciclo Brasiliano (Gomes et alii op.
cit.). Porém, a norte do lineamento Patos, Lima et alii (1980) datou um
quartzito correlacionável a Unidade basal do Grupo Salgueiro e obteve,
pelo método Rb/Sr em rocha total, uma idade de 1399 m.a. Também Almeida
et alii (1968) datando um granito na região de Catingueira obteve pelo
método K/Ar, idade de 1220 + 220 m.a. Este granito corta metassedimen-
tos do Grupo Salgueiro i~clusive desenvolvendo uma auréola termo-meta -
mórfica. Diante destes dados, fica patente que no intervalo das idades
obtidas por estes autores aconteceu também um evento diastr6fico culmi-
nando no Proteroz6ico médio. Por isso atribui-se a este Grupo Salgueiro
uma idade de sedimentação dentro do intervalo de tempo correspondente a
este período.
Diversas famílias de rochas plutônicas cortam esse conjunto
lit016gico mas, se elas podem ser individualizadas, sua completa carac-
terização está longe de ser conhecida. são elas:
a - Corpos ultrabásicos, básicos e intermediários, de compos!
ção dunítica, gabr6ide e diorítica respectivamente. são
deformados e têm sua mineralogia modificada pelo metamor-
fisrno. são corpos de pequenas dimensões, a excessão dos
dioritos, sem dúvida de posicionarnento pré-tectônico;
b - Corpos batolíticos com textura porfir6ide, conhecidos na
literatura corno granitoides do tipo Itaporanga ( Almeida
op.i:it.;"Santos & Melo, 1978) foliados e com compo~;ição
variada: granodiorítica, monzonítica e granítica. Possuem
estreita ligação com os dioritos da suite mencionada an-
teriormente e parecem ter posicionamento pré-tectônico
com rejuvenescimento posterior;
c - Granit9ides estrat6ides ou dômicos com estruturas migmatí-
ticas reliquiares, composição granodiorítica, deformados
e de provável posicionamento sintectônico;
d - Granit6ides alcalinos saturados em "stocks" estratoides
ou bat61itos de composição granítica ou sienítica e gra-
nitos leucocráticos a duas micas em corpos filonianos ou
"stocks" às vezes deformados, ambos de posicionamento
p6s-tectônico. '

A atividade granítica referenciada, encerra um ciclo geotect§


nico em cujo contexto jazem ocorrências de ouro filoniano, ferro asso-
ciado a rochas vulcânicas e ocorrências de Fe, Cr e Ti de segregação
magmática (Fig.2).
O Grupo Cachoeirinha repousa sobre o Grupo Salgueiro, contém
três unidades menores e tem área de ocorrência bem mais restrita
(Fig.2). A unidade basalcompõe-se de metarenitos com intercalações del-

3.339
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gadas de sericita xistos, seguidos de metarenitos e filitos ardosianos


que podem prevalecer. Essa unidade média é caracterizada por um nível
de metacalcário e outro de metachert ferrífero que se intercala em me-
taconglomerados intraformacionais. A unidade superior desse Grupo com-
põe-se de metarenitos impuros, algo mais grosseiro que aqueles das uni-
dades inferiores, aos quais,se intercalam, em proporções ínfimas, meta~
riolitos e metatufos. Nesse pacote de metassedimentos estão presentes
vários tipos de estruturas sedimentares como estratificação cruzada de
pequeno porte (microripple) laminações convolutas e estrutura do tipo
"flaser". Essas estruturas demonstram que a sedimentação aconteceu em
ambientes mixtos em que lateral e verticalmente se sucediam facies de
planícies de maré e fácies subaquática de pequenas profundidades.
O metamorfismo que atingiu essa sequência foi de grau incipi-
ente a fraco sem que se tenha observado minerais que indi quem as condi
çoes de temperatura e pressão em que esse metamorfismo aconteceu.
Como já mencionado, a maioria das datações geocronológicas 0E
tidas em li tOlogias da Faixa Piancó mostram idades relativas ao Ciclo
Brasiliano. Embora nenhum metas sedimento do Grupo Cachoeirinha haja si-
do datado, é provável que a sedimentação e deformação das litologias
desse grupo tenham acontecido durante o ciclo mencionado.
Fechando o ciclo de sedimentação ocorrem desde a região de
Penaforte (CE) até leste de Nova Olinda (PB) uma sucessão de metagrauv~
cas, às vezes conglomeráticas, e metaconglomerados pOlimícticos com
seixos das litologias dos Grupos Salgueiro e Cachoeirinha, além de ro-
chas do embasamento da Faixa. Pelo caráter desses litotipos, trata-se
de uma sequência mOlassóide comparável a di versas outras que ocorrem
no nordeste no final. do Ciclo Brasiliano.
Apenas um tipo de plutonito corta litologias do grupo em
questão: aqueles que, na literatura são cognominados de granitóides do
tipo Conceição (Almeida et alii, op.cit.). Formam numerosos "stocks"
circunscritos de composição quartzo-diorítica a granodiorítica que de-
senvolvem modestas auréolas hornfélsicas. Outras manifestações magmáti-
cas representam-se por diques de rochas alcalinas de composição sieníti
ca, subsaturadas.
O único recurso mineral de alguma importância encontrado ne2
se estágio do desenvolvimento da Faixa Piancó é o ferro sedimentogêni -
co. Como mencionado, ocorre na unidade média do Grupo em apreço forman-
do níveis descontínuos,explorados economicamente quando tornam-se mais
espessos, - tal como nas jazidas do distrito de Carmo municipio de sãõ
José do Beimonte-PE (santos, 1967).

EVOLUÇÃO ESTRUTURAL E AMBI~NCIA GEOTECTCNICA

A exemplo do que ocorre com seus conteúdos litOlógicos e me-


talogenéticos os Grupos Salgueiro e Cachoeirinha se distinguem entre si
e do seu embasamento também pelo padrão deformacional.
Conquanto não se tenha estudado os detalhes microestruturais
do embasamento da Faixa Piancó é notório o padrão deformacional que o
afeta, caracterizado por dobramentos superpostos cujas interferências
se ajustam ao denominado tipo 3 de Ramsay (op.cit.) ou conjugações do
tipo 3 com o tipo 1,como ilustrado na figura 4.
O Grupo Salgueiro possui duas fases de deformação bem deline~
das. A primeira é testemu~~ada por dobras apertadas quase recumbentes
(D ) e a segunda por dobras também apertadas tendendo a isoclinal cujas
su~erfícies axiais têm mergulho médio a forte (D2) com direções varian-
do de leste-oeste para nordeste. A interferência dessas duas fases de
dobramentos resulta em figuras de interferência cujo parão se ajusta ao
tipo 2 de Ramsay, op.dt. (Fig.sa). Também são anotadas culminações e

3.340
depressões axiais da fase D conspícuas o bastante para fazer aparecer
conjugações das figuras de fnterferência do tipo 2 com o tipo I do au-
tor citado, fato que demonstra a presença de uma terceira fase deforma-
cional. Além disso, acontecem vergações das superfícies axiais D (Fig.
5b) que podem atestar ainda uma quarta fase de deformação. Não f8ram 012
servadas evidências micro e meso estruturais que caracterizem o estilo
das fases D3 e da fase D4.
O Grupo Cachoeirinha possui.apenas uma fase de deformação bem
marcada por dobras isoclinais cujo es~ilo as aproximam das dobras da fa
se D do Grupo salgueiro. são afetadas de modo discreto por clivagens
de cfenulação e pequenas dobras abertas que ainda não puderam ser rela-
cionadas com as fases descritas anteriormente. Nas litologias desse
grupo não se observam padrees de interferência em nenhuma escala de ob-
servação.
As deformações rígidas têm difícil caracterização hierárquica
devido ao fato de que asreativações se fazem quase sempre aproveitando
os mesmos planos de disjunção.
Admi te-se porém que durante a fase de implantação do deposi-
tório Salgueiro algumas falhas já eram ativas e suficiente profundas
para permitir o extravasamento de lavas e mesmo o surgimento de sedimen
tos sintectônicos.
Movimentos contemporâneos às fases de deformação plicativa DI
e D2 não são documentados com clareza mas, chama atenção os grandes fa-
lhamentos de direção leste-oeste com rejeito dextro e as falhas de dire
ção nordeste ":"sinistrógiras coalescentes com as primeiras que modelam
um padrão ruptural "en échelon" descrito com minúncias por Mello (op.
cit.). Esse autor advoga a hipótese de que o esforço que resultou nesta
deformação ruptural foi o mesmo que ocasionou as deformações plicativas
principais. Porém o que se verifica é que essa fase ruptural modifica
as superfícies axiais das dobras D2 devendo ser contemporâneo com as
fases plicati vas D3 ou D aqui caracteri zadas.
4 .

Após esta fase ruptural que se salienta na macroestrutura da


faixa aconteceram reativações quer sejam na forma de movimentos inver-
sos quer principalmente na forma de movimentos normais, estes, principal-
mente acontecidos no Fanerozóico,reativando todo o sistema de falhas já
implantado.
Ainda que os limites dessa faixa de dobramento sejam bem
marcades, suas características demonstram que eles não devem correspon-
der aos limites originais e por isso não deve ser considerada como uma
entidade geotectônica nem um compartimento isolado, pois verifica-se
que a norte do lineamento Patos existem resquícios de uma sequência se-
melhante ao Grupo Salgueiro.
Assim a caracterização do ambiente ou da entidade geotectôni-
ca da qual faz parte a faixa Piancó é tarefa que requer uma análise de
uma área de maiores dimensões para que se verifique a polaridade tectô-
nica, sedimentar e plutônica. Todavia, é possível dentro do Grupo Sal-
gueiro isolar dois segmentos distintos: o segmento sul marcado por uma
tectônica ruptural proeminente onde é encontrada a grande totalidade
das ocorrências vulcânicas e o segmento norte onde faltam estas caract~
rísticas. Sugere-se assim que o segmento sul deve ter sido um paleo-
rift, sem que no momento possa se especular se este era marginal ou ce~
traI em relação ao depositório maior.

3.341

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---.

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3.343

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3.346

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10 EB FOLHA S.J. BELMONTE (Projlto Cachalirinha)


COLIGIDO POR MELLO a'ASSUNÇÃO (I9B3)

8 FOLHA SERRA TALHADA (Projeto Cacholirinha)

o Miclia d. olivina"'It...lto elcelin.


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+ 5
~ JN-183 ""
O FCR-IOtl O
..
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FCR-4.2
8 JN-247~ JN-".E9
JN-251 O
O
JN-160 EB
EB
FCR-4748\ ~
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Módia dI Ih.IIUI. c..tI...,.,
Média di thol8litO .e..llli.1
O
40 45 50 55

FIGURA 3 - CARÁTER QUiMICO DAS METAVUL.CÂNICAS BÁSICAS DO GRJ.!


PO SAL.GUEIRO. COMPL.EMENTADO A PARTIR DE MEL.L.O a ASSUNÇÃO,
1983, ADAPTADO DE HYNDMAN, 1972 (IN MEL.L.O a ASSUNÇÃO, 1983).

3.346
N I~l Xistos

o Gnaísses

j E ixo de 1~
_0' 9 eroção

Eixo de 2g
--°2 IJeração

Fig 4 - PADRÃO DE DOBRAMENTO DO EMBASAMENTO


DA FAIXA PIANCO', (Região de Barro, municí-
pio de Pornomirim)

0
+ + ... Granitos

--D1 ~Unidode 5
~/'
0- Região norte de Agua Bronca
D . '.
'. .
Unidade 4

, I 1~,
Unidade 3
I' -...
" ~\.

D1

N
D Unidade 2

_o, Dobras de
IJeração I'"

j Dobros de 2~
--D2 geração

o Z 4_.
I I I

Fig 5 PADRÃO DE DOBRAMENTOS: GRUPO SALGUEIRO

3.347

-.---.---
--

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

o CINTURÃO MOVEL TRANSVERSAL -


ESPECULAÇOES SOBRE UMA
POSSIVEL EVOLUÇÃO À LUZ DA TECTONICA GLOBAL

Aroldo A. de Mello
Paulo Roberto S. Assunçio
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
Superintendência Regional de Recife

ABSTRACT

The tectonic development of the Transversal Mobile Belt is


reviewed and a plate-tectonic model is presented to explain its evo-
lution. It is postulated that the belt was formed approximately 1800
~
200 my ago with the establishment of a continental rise that collapsed
into an aulacogen. In this basin, limited by the Patos and pernambuco
lineaments and floored by continental crust, the supracrustal rocks and
its basement were deformed as a result of a simple-shear by right-late~
al plate-couple mechanics.
This strike-slip orogenic belt was formed as a consequence of
such parallel displacements through the wrench faults(the Patos and per
nambuco lineaments)with the internal development of conjugate Riedel
shears and folds in "en échelon" pattern.
The wrench regime wi th a compressional component was the motor
for deformation, and the driving force necessary for the ensialic oro-
geny. It is also suggested that mechanisms of plate tectonics as dela-
mination and intracrustal subduction worked out during the orogeny in
this Proterozoic mobile belt.

INTRODUÇÃO .

Nas últimas décadas os conceitos sobre a evolução crus tal das


áreas de escudo têm eAperimentado profundas mOdificações. Basicamente
as questões giram em torno do processo de cratonização envolvido e na
aplicação de modelos de tectônica-de-placas para explicar seu desenvol-
vimento.
Os trabalhos mais modernos sobre o continente Africano clamam
pelas revisões das idéias de cratonização sucessiva. As hipóteses sobre
retrabalhamento e rejuvenescimento, sobre uma crosta continental dife-
renciada nos primeiros 500 - 800 m. a. da história da Terra, são aceitas
por um número cada vez maior de pesquisadores.
Nesse aspecto os cinturões móveis desempenham papel fundamen
tal no processo de evolução crus tal , face à destruição de áreas primiti
vas de escudo, pelo retrabalhamento e rejuvenescimento experimentados.-
Essas entidades tectônicas móveis parecem caracterizar, prin-
cipalmente, o desenvolvimento do Proterozóico, muito embora alguns cin-
turões apresentem-se repetidamente tectonizados por sucessivos e amplos
intervalos de tempo.

3.348
Ainda com ~elação aos cinturões móveis, várias hipóteses têm
sido discutidas para explicar a orogenia ensiálica. A aceitação de que
a tectônica global não segue estritamente os princípios do unif ormi ta-
rismo, principalmente porque as condições físicas na litosfera e manto
subjacente mudaram através do tempo geológico, tem permitido o enquadra
mento da orogenia intracontinental segundo essa hipótese de trabalho. A
distensão litosférica, associada a delaminação continental e subducção-
A são processos invocados para explicar
. o seu desenvolvimento crustal
com base na tectônica~de-placas. _

A região Nordeste representa uma vasta área de exposição de


terrenos continentais pré-cambrianos, pertencentes ao Escudo brasilei-
ro. Dentre as várias contribuições visando o conhecimento de sua geolo-
gia, algumas têm procurado classificar regionalmente esses terrenos do
ponto de vista tectônico e de sua evolução (ALMEIDA, 1967; BRITO NEVES,
1975; MELLO, 1979).
Pelas suas características estruturais, a Zona Transversal
foi reconhecida por EBERT (1962) como entidade tectônica individualiza-
da, limitada pelos lineamentos Patos ou paraíba (KEGEL, 1965) e Pernam-
buco. MELLO (1979), baseado em definições e conceitos de ANHAEUSSER et
alo (1969), classificou a Zona Transversal na categoria de "mobilebelt".
Ver figuras 1 e 2.
Neste trabalho, a evolução e o desenvolvimento tectônico do
-Cinturão Móvel TransverSal são revistos, e um modelo de tectônica- de -
placas é apresentado para explicar o desenvolvimento e a evolução desse
terreno pOlimetamórfico. O modelo envolve a formação de um graben tipo
aUlacógeno, que experimentou deformações relacionadas a movimentos dife
renciais de placas litosféricas adjacentes, e cuja orogenia ensiá1ica~
característica de cinturões móveis proterozóicos, é vista, principalmen
te, segundo as idéias de KRONER (1981). -

O AULACÓGENO - IIHOBILE BELT" TRANSVERSAL DO NORDESTE

MORFOLOGIA E LITOLOGIA

Os aUlacógenos são fossas lineares transversais de longa dura


ção, que se irradiam do interior de uma plataforma continental para ã
sua margem. As estruturas dominantes são as falhas de alto ângulo, e o
vulcanismo é principalmente alcalino (comumente representado pela asso-
ciação bimodal basalto-riolito), de preferência aoS tipos tholeiítico e
álcali-cálcico (aOFFMAN et al., 1974). Essas fossas com aparência de
graben foram descritas pela primeira vez por SHATSKY (1955) na platafor
ma Russa e por SALOP & SCHEINMANN (1969) na plataforma Siberiana. -
No caso particular, o aUlacógeno Transversal é um tipo deba-
cia limitada pelos lineamentos verticais de Patos (ou paraíba) e Pernam
buco, assoalhada por crosta continental, incorporando rochas supracrus=
tais depositadas provavelmente no Proterozóico Médio (1,8-1,0 b.a.) e
rochas retrabalhadas do complexo embasamento mais ar.tigo. Em Sua maior
extensão aflorante o aulacógeno mede 720 quilômetros, tendo suas extre-
midades leste e oeste soterradas pelos sedimentos de cobertura; nas zo-
nas mais convergentes a largura alcança 70 quilômetros e naquelas mais
divergentes atinge 110 quilômetros.

EVOLUÇÃO TECTÔNICA E ESTRUTURAL

a) Fase Tectônica Tensional - Fase AUlacógeno

Os cinturões aparentemente ensiálicos foram formados, segundo

3.349
~
---

KRONER (1977), pelas mesmas forças subcrustais que operam atualmente na


separação das placas, na abertura de oceanos e colisão continental.
QUando essas forças não são suficientes para causar v~a com-
pleta ruptura continental,formam-se na crosta as zonas lineares de fra-
queza e os sistemas de grabens intraplacas, aUlacógenos ou bacias geos-
sinclinais (KRONER, 1981).
No caso de formação do aUlacógeno é necessária a existência
de uma crosta relativamente espessa e bastante rígida para ser deforma
da, fraturada e mesmo dilatada. Essas condições parecem existir já nõ
Pré-Cambriano Inferior (KATZ, 1978; BARTON & KEY, 1981). Para o Aulacó-
geho Transversal supomos que a instalação do estado tensional e, portan
to, a formação da própria depressão, data do Proterozóico Médio. Estã
hipótese apoia-se principalmente na presença de anortositos contendo
óxidos de ferro-titânio, considerada como característica dos cinturões
móveis do Proterozóico Médio (1800-1000 m.a.) da Laurásia e Gondwana
(EVANS, 1980).

b) Fas e DeEormacional (Oro gêni ca) - Fas e "Mo bil e Bel t


"

A observação das figs. 1 e 2 evidencia a presença de estrutu-


raS "en échelon", distribuídas ao longo de toda a Zona Transversal. O
fato mais significativo é o conjunto de falhas de rumo nordeste, normal
mente na direção N400E e de movimento sinistral. Dobras anticlinais e
sinclinais mostram, também, padrão de distribuição "en échelon", fato
já localmente observado por AGRAWAL (1981) na serra das Russas(PE). Es-
sas estruturas são importantes para a identificação de zonas e falhas
de ras gamento (wrench f aul ts ) - falhas de alto ângulO e rej ei to direcio-
nal (strike-slip) que chegam a alcançar dezenas de quilômetros (WILCOX
et al., 1973).
Movimentos horizontais paralelos entre placas, deslocando-se
em sentido contrário, têm sido utilizados para explicar eventos deforma
cionais nos "mobile bel ts", e. a própria formação destas unidades a par
tir de aUlacógenos (KATZ, 1978; BARTON et al., 1981). A intensa deformã
ção apresentada pelos ''mobilebel ts", relativamente às áreas cratônicas
-

adjacentes, parece responder a absorção de choque entre as placas cau-


sado por "stresses" atuantes externamente, características que se apli-
cam também a área aqui investigada.
. Além disso, os padrões estruturais geralmente desenvolvidos
pela tectônica de rasgamento (basic wrench- tectonic patterns) são as
dobras "en 'échelon"*, as falhas conjugadas de rejeito direcional "en
échelon" e as falhas normais "en échelon", elementos também observados
aO longo de todo o Cinturão Móvel Transversal (sobre a natureza e os me
canismos dos principais falhamentos desta Zona, vários autores têm dedi
cado atenção especial destacando-se nesse sentido as contribuições de
COBRA, 1966; SANTOS, 1971; SIQUEIRA & MELLO, 1971; PESSOA, 1971; LOCZY,
1977; MELLO et al., 1977; MELLO, 1977 e AGRAWAL, 1981).
As estruturas do Cinturão Móvel Transversal do Nordeste bra-
sileiro enquadram-se muito bem na tectônica de rasgamento.Os grandes li
neamentos de Patos e pernambuco constituem falhas principais de rasga=
mento; as falhas diagonais nordeste, de rejeito direcional e deslocamen
to à~squerda, e aquelas meridionais à direita são consideradas cisalhã
mentos de Riedel (Riedel shear), provocados pelo movimento diferencial
dos blocos adjacentes.

* O termo "en échelon" refere-se ao arranjo de estruturas ao longo de


uma zona linear,de tal modo que as dobras ou falhas do mesmo tipo sao
paralelas entre si,e igualmente inclinadas à direção principal da zo-
na.

3.350
As revisões das interpretações de MELLO (1979) mostram que,à
luz dos novos dados e com base na aplicação de um modelo de tectônica-
de-placas, 'a estruturação principal do Cinturão Móvel Transversal pode
ser explicada como resultante da ação de um rasgamento paralelo simples
(simple parallel wrenching): um caso espeiial de cisalhamento (simple
shear ).

ATIVIDADE ÍGNEA E METAMORFISMO


.. . , ,.
A atlndade ."19nea no Clnturao - Movel Transversal e caracterlza
da principalmente pelo plutonismo granítico. Nesse conjunto de rochas
destaca-se ampla zona linear, constituída por numerosos plutões diapi
ricos representados, principalmente, por dioritos, quartzo-dioritos e
granodioritos, enquanto os granitos verdadeiros são pouco comuns. Tra-
ta-se de associação plutônica cálcio-alcalina, provavelmente de deriva-
ção subcrustal e incorporada ao desenvolvimento da crosta continental
em função da atividade orogênica. Alguns corpos isolados têm sido obje-
to de estudos detalhados. Assim, SIAL et alo (1981) com base no estudo
do corpo de Serrita (PE), sugerem a existência de suite tonalito-tron~
j emi to .

Da presença de focos alcalinos e anortositos mais sódicos, de


preende-se também a existência de atividade ígnea típica do Proterozói
. CO. OS sienitos de Triunfo, o granito alcalino da Serra do poço (NESI-;-
1983), o malignito de Ipueiras (SILVA FILHO, 1983), e os anortositos de
passira (FARINA et al., 1981) suportam esse enquadramento.
Uma manifestação mais potássica é também observada, principal
mente nas rochas graníticas associadas aos gnaisses e migmatitos, e que
provavelmente estaria ligada a processos crus tais.
Ainda sob o enfoque do magmatismo, é importante destacar a
existência de um vulcanismo bimodal associado aos metamorfitos dos Gru-
pos Salgueiro e Cachoeirinha, caracterizado pelas presenças de metaba-
saltos (anfibolitos) da região de Bernardo Vieira (NESI, 1983) e os me-
tariolitos de Pena Forte (SILVA FILHO, 1983).
A plotagem de dados químicos de representantes básicos desse
vulcanismo bimodal, na figura 3, corrobora as observações de DICKINSON
(1980), que as suites vulcânicas erupcionadas ao longo de rifts intra
continentais, em centros de espalhamento incipientes,são comumente mais
alcalinas que os tholeiitos abissais do assoalho oceânico. Portanto, a
presença dessas'rochas reforça a idéia de uma fragmentação continental,
mas não necessariamente seguida de uma separação completa. Além disso a
ausência de ofiolitos tipo fanerozóico e de cinturões de xistos azuis
(blueschist facies) no Cinturão Móvel Transversal suportam também a hi-
pótese de trabalho sugerida, a de um rift abortado (aulacógeno), afas-
tando-se assim as especulações sobre um possível desenvolvimento do
.
"ciclo de íVilson".
Um outro tipo de magmatismo verificado na Zona Transversal é
relacionado a uma crosta mais antiga (Arqueano 1) retrabalhada e repre-
sentado por rochas básicas e ultrabásicas (serpentinitos), de ocorrên-
cia localizada, às quais se associam mineralizações de cromo, titânio e
ferro (Faz. Esperança, município de Bodocó, pernambuco).
No que diz respeito ao metamorfismo, três classes principais
são observadas ao longo de toda a Zona Transversal. A mais importante
delas está representada pelo metamorfismo regional, com predominância
da facies anfibolito nas rochas do embasamento e em grande parte das su
pracrustais; e, a facies xisto-verde, subordinada, praticamente restri=
ta a metamorfitos do Grupo Cachoeirinha.

3.351

"--~--- --------
-_._-- ~--,-- ---

Uma outra classe de metamorfismo é aquela desenvolvida por aI


guns corpos ígneos intrusivos, produzindo auréolas de metamorfismo de
contato, caracterizadas ora pela presença de hornfels, ora pela presen-
ça de rochas xistosas com abundante desenvolvimento de estaurolita como
exemplificado pelo granitóide de Catingueira. É também comum a presença
de cordierita em determinados iornfels pelíticos.
Também bastante difundido na área é o metamorfismo cataclásti
co, resultante da intensa movimentação de blocos de rochas britáveis~
com o desenvolvimento de um padrão de cisalhamento singular na estrutu-
ra do Nordeste.
A presença de cordierita em xistos e hornfels pelíticos, a
pouca quantidade de rochas básicas e os grandes volumes de granitóides
ácidos, permitem enquadrar o metamorfismo do Cinturão Móvel Transversal
no tipo de pressões baixas e temperaturas elevadas de MIYASHIRO (1961).

EVOLUÇÃO TECTÔNICA - UM MODELO DE TECTÔNICA-DE-PLACAS

Em termos especulativos, o Cinturão Móvel Transversal do Nor-


deste é visto aqui segundo os princípios e mecanismos da orogenia ensi~
lica, com base nas idéias de KRONER (1981).
A aplicação de modelos atuais de tectônica-de-placas para ex-
plicar a evolução crustal durante o Pré-Cambriano é ainda, segundo esse
autor, matéria de considerável debate. No início dos anos 70 muitos mo-
delos foram propostos com base na suposição uniformitarista para expli-
car tal evolução, invocando processos intimamente análogos aos atuais
mecanismos de formação e destruição da crosta.COntudo,nos últimos anos,
as opiniões evoluiram de tal maneira que a questão não se prende mais a
aplicação da teoria ao Pré-Cambriano, mas de que forma os processos de
interação crustal mudaram através do tempo, em resposta ao declínio do
.
flUXO de calor terrestre.
Com is so, o problema do não-uniformi tarismo é vistopor KRONER
(1981), apenas se o desenvolvimentoda terra é considerado como um to-
do, e se começou no Arqueano com a geração de pequenas placas semi-rígi
das. Nesse aspecto, o estilo
e mecanismo da tectônica-de-placas mudaram
progressivamente com o declínio gradual do fluxo térmico e aumento da
rigidez litosférica, não sendo necessário, portanto, invocar-se modelos
alternativos para explicar a evolução crustal do Pré-Cambriano.
O evento tectônico mais primitivo que pode ser caracterizado
na formação do Cinturão Móvel Transversal é a instalação de uma bacia
tipo aUlacógeno, assoalhada por crosta continental, onde se depositaram
as sequências supracrustais, não necessariamente sincrônicas (Grupos
Salgueiro/Cachoeirinha, e COmplexo Surubim MELLO & SIQUEIRA, - 1971).
Num contexto físico, a formação deste aulacógeno teria se pro
cessado através do afundamento de fraturas lineares, provavelmente locã
lizada acima de diápiros astenosféricos, e coleta de consideráveis quan
tidades de sedimentos, principalmente terrígenos, localmente associados
a rochas vulcânicas. Esse processo é contemporâneo ao espalhamento dú-
til e à fusão parcial da crosta inferior, ocasião em que se formam os
primeiros granitóides (figs. 4 e 5).
Ainda ~om relação ao mecanismo de formação, após a posterior
atenuação da crosta, criam-se as condições para a delaminação da crosta
inferior ou subcrustal, com a instalação da orogenia ensiálica segundo
a subducção-A (KRONER, 1981). Complementando, parte da crosta continen-
tal constituinte do assoalho do aUlacógeno é empurrada para baixo e, pe
la ação de stresses compressivos, dá-se a restauração da espessura dã
crosta original.

3.352
No Cinturão Móvel Transversal os elementos estruturais indi-
cam que o movimento diferencial dos blocos adjacentes é o principal ele
mento responsável pelo aparecimento de stresses compressivos e pelas
transformações do aUlacógeno (fase tensional) em "mobile bel t" (fase
compressiva ).

DISCUSSÕES E CONCLUSÕES FINAIS

A evolução da fragmentação continental a partir do reconheci-


mento de estruturas tipo atilacógeno por SHATSKI (1955), tem levado vá
rios autores (WINDLEY, 1977; BURKE et al., 1973) a admitir que essa va::
riedade de estrutura aparentemente começou a existir em torno de 2.000
m.a., quando a plataforma continental evoluiu. Essa plataforma, no de-
senvolvimento considerado, refere-se a estabilização alcançada pela
crosta após o regime tectônico permóvel (permobile tectonic regime), ca
racterístico do Arqueano.
No caso do Nordeste Oriental, e em particular no caSO aqui in
vestigado, a instalação do regime proterozóico parece ter iniciado ape::
nas no proterozóico Médio, e não imediatamente após o regime permóvel
como aconteceu em vários continentes. Características de uma atividade
mais antiga (ProteTozóico Inferior), como o desenvolvimento de espessas
sequências supracrustais, sistemas de megafraturas dando lugar a enxa -
mes de diques transcontinentais e-complexos acamadados, faltam complet~
ment e.
Por outro lado, a idade de movimentação diferencial dos blo-
cos adjacentes, principal agente dinâmico na transformação do aUlacóge-
no em "mobile belt", carace de investigações mais detalhadas. contudo,
a instalação do AUlacógeno Transversal (um tipo de rift intracontinen-
tal abortado) ocorreu, provavelmente, n0 final do Proterozóico Inferior
ou no início do Proterozóico Médio, quando se iniciou também, após a
formação dessa estrutura afundada (assoalhada por embasamento mais anti
go, autóctone e contínuo) uma fase de sedimentação terrígena associada~
localmente, a VU1Cffi1ismo bimodal de intensidade e duração variáveis.
Regra geral os "mobile belts" ao longo de seu desenvolvimen
to foram severamente tectonizados e tidos como representantes típicos
de áreas de material cratônico retrabalhado, com ou sem rochas supra-
crustais mais jovens incorporadas (ANHAEUSSER, 1975; KRONER; 1981). AS-
sim é consideradoo Cinturão Móvel Transversal, onde vastas áreas mais
antigas, predominantemente de migmatitos e gnaisses apresentando meta-
morfismo na facies anfibolito, contrastam com supracrustais mais jovens
metamorfisadas nas facies anfibolito existo-verde.
O quadro magmático nessa Zona relacionado ao Proterozóico é
caracterizado, principalmente, pela presença de um vulcanismo bimodal e
suites plutônicas sintectônicas (afetadas pela deformação), além de cor
pos tardi e pós-tectônicos (não afetados pela deformação principal).MUi
to embora o quimismo das rochas ígneas plutônicas não seja suficiente::
mente conhecido, já é-possível a separação de tipos álcali-cálcicos su-
persaturados, alcalinos saturados e alcalinos subsaturados. A presença
de focos alcalinos (malignito de Ipueiras, granito da Serra do poço) po
dem levantar suspeitas sobre a existência de complexos alcalinos (inclu
sive carbonati tos) comuns em blocos controlados por falhas e "rift
valleys" abortados (aulacógenos).
A determinação da idade de formação e cOlocação de tipos re-
presentativos desse plutonismo e vulcanismo, além de posicioná-los cro-
nologicamente limitaria, ao menos, a um determinado intervalo de tempo
os movimentos mecânicos diferenciais e seus efeitos, considerados por

3.353

---
~--

alguns autores acontecidos em vários períodos (SADOWSKI, 1973; BEURLEN,


1974; LOCZY, 1977).
A estrut~ação e estiramento das rochas da Zona Transversal
refletem um padrão "en échelon, compatível com um caso de cisalhamer.to
simples (simple pêLl'allelwrenching). As falhas de rejeito direcional de
direção NE-SW, constituindo a grande maioria, são predominantemente de
movimento sinistral e correspondem aoS tipos antitéticos,er.quanto as de
direção w-E e movimento dextral são consideradas tipos sintéticos (con-
jugate Riedel shears). Esse padrão estrutural ainda evidencia o desloca
mento e direção (right-lateral wrenching) experimentado pelas falhas de
rasgamentoprincipais e limítrofes da unidade tectônica aqui investiga-
da. Verifica-se, por outro lado, que o eixo maior do elipsóide de esfor
ço (Fig. 2) faz wn ângulo de 250, aproximadamente, com a direção dã
força primária, enquadrando-se, segundo THOMAS (1971), num tipo de cisa
lhamento simples de intensidade moderada.
Observações ao longo de toda a zona mostram, também, efeitos
divergentes e conv6~gentes de rasgamento. Estes últimos responsáveis p~
Ias estruturas compressivas, principalmente de falhamentos reversos, e
que levaram EBERT (1962) a identificar um estilo estrutural especial no
Nordeste.
A hipótese que lineamentos continentais profundos se origina-
ram no Arqueano Superior, ou em tempos Proterozóicos, como deslocamen-
tos transcorrentes ou transformantes, e que persistiram ao longo do tem
po geológico desempenhando vários papéis em resposta a mudanças no regi
me tectônico crus tal , tem sido defendida por vários autores (WATSON~
1976; McCONNELL, 1974; SUTTON & WATSON, 1974; WATTERSON, 1975; KATZ,
1976; KATZ, 1978; LOC2Y, 1977). No caso particular do cinturão Móvel
Transversal, a existência de perioditos em Catingueira (FARINA,1969)con
tendo valores elevados de Ni e Co, próximo ao lineamento Patos, e a pre
sença de andesina-anortositos em passira (FARINA et al.,1981) em asso=
ciação metalogênica com Ti, podem representar elementos auxiliares às
hipóteses de LOCZY (1977) que os mesmos representem extensões antigas
de falhas transformantes.

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3.356
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3.358
TABELA 1 - ANÁLISES QUÍMICAS

JN-183* JN-160* JN-247* JN-99* JN- 251 * MS-96** MS-169B***

Si02 42,6 43,1 43,8 45,0 46,3 46,3 64,6

13,6 8,5 17,5 13,2 17,2 16,3 16,3


Al203
Fe 203 8,4 2,2 7,4 2,6 2,8 2,3 1,8

FeO 8,0 8,7 2,1 1,5 9,6 0,33 4,6

CaO 9,0 14,0 14,4 9,3 9,3 0,49 1,2

MgO 5,3 13,1 6,9 6,9 8,2 0,27 3,2

MnO 0,25 0,22 0,13 0,22 0,19 0,05 0,08

K O 1,1 0,32 0,36 0,24 0,18 2,8 2,3


2
Na20 4,7 2,5 2,7 3,5 3,4 5,1 3,2

TiO 2,5 1,1 0,75 1,0 0,50 0,15 0,90


2
0,53 0,45 0,29 0,31 0,29 0,16 0,29
P205 .

H2O+ 3,3 4,9 4,3 9,2 1,1 1,6 2,1

H 0- 0-,1 0,1 0,3 0,1 0,1 0,1 0,1


2
TOTAL 99,38 99,19 100,93 99,07 99,16 101,05 100,67

* JN-183,160,247,99,251 (Metabasa1 tos da área de Bernardo Vieira)


** MS-96 (Metqrio1ito de Pena Forte)
*** MS-169B (Malignito de Ipueiras )

10

o:
o.. Media d. oli1lifto..balalto alcalino

'"
~
o
Z'"
5
EB JN-183

JN-241
JN-99
EB
~
EB
JN-180 EB

Média d. thollllto
\ ~"..
oceânico
"..,.....
o 50
40 45 55

Figura 3 - Variação á1ca1is-sí1ica de alguns metabasa1tos


da região de Bernardo Vieira. As rochas, no diagrama con-
siderado, situam-se quimicamente no campo dos olivina-ba
saltos alcalinos. Os valores completos das análises quími
cas são apresentados na tabela 1.
-
(Adaptado segundo HYNDMAN,1972, p. 172).

3.359

--
----------- --- ------

G .: A

FIGURA 4- Blocos diooromos esquemóticos destacando o sequêncio dos principais


eventos tectônicos no evoluc:60 do Cinturõo Móvel Transversal. N=norte i As se-
tas sólidos indicam os direc:ões de movimento relativo dos blocos. As fiquros
4A, 4B e 4C mostram os diferentes estóOios experimentados pelo crosta con-
tinental ot" a formocdo do oulocóoeno (fases tensionois); os fiouros 4D e 4E
representam os principais fases deformocionois responsóveis pelo formo cõo do
cinturõo ",óvel (fases compressionois). A fiouro 4 F lioo a pr..enc:o do cobertura
fonerozóico com a instoloçdo de novo reoime tensionol.

3.360
SEDIMENTOS TERRÚ~ENOS E
VULCANISMO 81MODAL
A +

----------

A S T A

B
+
+
CROSTA
+++++
+ +
_+ +
+
+
-------- -----

O,I.Mino$lo .
O""IIU' 'o do
litolf'ra IU8cru,tol; início da
lubducp'O" A

l"trooo..tl I,

A eraata ,"ali 1ft .,tor qUI..t.


MObillza,lo do balo.. rio,. 00.- o "I"to p.ra pro..
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órtico. .ardi . PO,.tlctônicOI . ora.
nltóid" pó,.. tlctõ"ic08.

FIGURA !5- Secçóes esquemátlcos t simplificados mostrando a oril;jem tnsiõlico admi-


tida para o Cinturóo Móvel Transversal, envolvendo a formoçóo dt rift tipo aula-
cógeno e orogenio segunda o modelo de delaminoçóo continental de BIRD (1978),

3.361

- ----------
~_._--

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

COMPORTAMENTO DO TREND ARQUEANO NA ÁREA DE SÃO VICENTE - RN


Peter C. Hackspacher
Pesquisador do CNPq
Elton Luis Dantas
Dept9 de Geologia da UFRN
Apoio financeiro do CNPq e PAPPG/UFRN

ABSTRACT

The study of the refolded L mineral lineation in the region


of são Vicente-RN, has as the main ob,ective to define a structural cri
teria to diferentiate the basement from the supracrustal units. Secondly
the tectonic regime during the D3 deformation phase was defined. The
combined methods of tridimensional representation and estereographic-
-plots were used to define the tectonic regime.
A Ll lineation with a NW-SE direction folded by F3 with B3 fold
axes in NE-SW has been described. The reconstruction of Ll in multiphase
deformed rocks show the pre-F3 NW-SE direction.
In areas with a weak strain, the lineation trends SE, progres-
sively turning to NE with increasing strain, as in internal-fold-zones.
It was yet possible to recognize the folding process i.e.
around the area it was by flexural-shear and locally by neutral surface.

INTRODUÇÃO

A caracterização de um elemento estrutural restrito às upida-


des arqueanas é um importante fator na diferenciação Embasamento~faixa
supracrustal no NE-brasileiro. Tal estudo é muitas vezes dificultado por
migmatização e deformações posteriores. A grande expressão de elementos
estruturais Dl correlacionáveis a padrões de interferência associado a
todas as fases posteriores, tem possibilitado a reconstrução de passos
da história.deformativa, de mecanismos que teriam atuado durante esta
fase e ainda identificar modelos de deformação em dobras.

GEOLOGIA DA ÂREA

A área de são Vicente-RN compreende o núcleo de um braqui-an-


tiformal com eixo principal NNE com litologias arqueanas afetadas por
migrnatização e formação de granitos mais novos. A SE temos a faixa pro-
terozóica do Grupo Seridó (fig, 1), discordantemente sobre o embasamen-
to.
O embasamento é subdividido em 2 unidades: A sequência basal
(Grupo são Vicente) com: - anfibólio gnaisses e gnaisses bandados de ca
ráter básico e ortoderivadas;
- biotita-gnaisses e granada-gnaisses bandados com características de
metapelitos;
- Anfibolitos em corpos esparsos e não mapeáveis, são xenólitos nos an-
fibólio-gnaisses acima.
O Grupo Caicó, ainda do embasamento, aparece como sequência in
trusiva no Grupo são Vicente. Nesta ternos: -
- Ortognaisses quartzo-fe~dspáticos, claramente discordantes ou ainda
migrnatizando as unidades anteriores;
- Anfibolitos pertencentes a este grupo podem estar intrudidos paralel~
mente ou discordantemente ao trend NNE.

3.362
Todas estas litologias estão alinhadas segundo direção NNE.
Tal alinhamento não reflete a direção original que é na verdade NW, rnaE
cado pelos elementos estruturais de DI' Esta nova direção NE foi supe-
rimposta aos litotipos pelas fases D2, D3 e D4 que obliteraram quase to
talmente a direção anterior.
Discordantemente sobre o embasamento ternos os litotipos do
Grupo Seridó do proterozóico inferior situadas a SE da área. Da base p~
ra o topo ternos: _

- Biotita-gnaisses, mármores e calcossilicáticas da Fm. Jucurutu:


- Biotita xisto com intercalações de quartzitos
. e biotita-gnaisses da
formação Seridó.
Na área em questão faltam os quartzitos basais da Frn. Equador.
Correlacionável a estes.metassedimentos ternos augen-gnaisses de caráter
Orto.
Retrabalhando e migrnatizando tanto as unidades supracrustais
corno de embasamento ternos granitos foliados e migrnatitos. Estes encon
tram-se como pequenos corpos cortando litologias anteriores. -
A evolução tectono-metamórfica evidenciou 5 fases de.deforma-
ção e metamorfismo (Hackspacher & Sã, 1984). Urna primeira fase DI forma
o bandeamento e as lineações NW-SE restritas ao embasamento. Seu meta-
morfismo Ml é de fácies anfibolito de pressão baixa a intermediária. S~
perposto a esta ternos dobras F2 isoclinais provavelmente recurnbente na
sua origem, com trend NE. O metamorfismo associado é também de fácies
anfibolito com biotita, almandina, estaurolita e hornblenda.
Tal fase D2 NE-SW afeta tanto o embasamento corno supracrustal
ao superimpor as estruturas anteriores (NW-SE) paralelizando os flancos
devido as dobras isoclinais formadas. Esta superposição passa a se im-
por regionalmente definindo nitidamente o trend NE-SW. Onde elementos
de DI foram preservados.D2 manteve a direção NW-SE das lineações Ll,pois
estas estavam próximas de 909 com o eixo de rotação L2. Este fato e mui
to importante corno será visto no capitulo seguinte. -
A fase D3 tem uma penetratividade regional sendo responsável
pela macroestrutura da área (anticlinório de são Vicente), meso e micro
estru~uras. O metamorfismo M3 a ela associada é de fácies anfibolito de
pressao baixa. As dobras F3 associadas com trend NE e planos axiais ver
ticais afetam decisivamente na estruturação regional. Esta fase mascarã
e reorienta fortemente os elementos LI em análise aqui.
Superposto a D3 ternos D4 ainda com dobras normais a trend NE.
O metamorfismo M4 associado é de fácies xisto verde.
Finalmente D5 com ondulações NW-SE é de metamorfismo H5 em fá
cies xisto-verde.

MtTODO DE TRABALHO UTILIZADO

Este tipo de trabalho exige inicialmente um levantamento det~


lhado dos elementos estruturais em questão. Destaca-se ainda a necessi-
dade de medições com precisão de 39, para tal usou-se a bússola estrut~
ral modelo CLAR.
Um levantamento geral das lineações em questão (LI) mostrou um
trend SE com mergulho de 40-459. Na figo 2 é patente a grande dispersão
das lineações LI devido as deformações sofridas posteriormente a sua
formação. Tal dispersão fez necessario a utilização de outro método pa-
ra o tratamento de tais lineações. ~ conhecido que em litologias dobra-
das com lineações deformadas não há mais a representação de uma linha
reta e sim de um conjunto de pequenas retas; em rede estereográfica te-
remos ao invés de um ponto uma sucessão de pontos que definem c caminho
da lineação no espaço. Ramsay (1960, p. 78) mostra o comportamento de
uma lineação dobrada em torno de um novo eixo B, indicando as ondula-
ções sofridas. Este tipo de representação em rede indica o comportamen-
to de uma lineação mas não a sua localização, muito necessária para urna
observação global.
Pelo exposto acima optou-se pela representação esquemática de
cada ponto medido. As figo 3-7 representam portanto uma série de expos!
ções com pontos definidos no desenho esquemático e sua localização na
rede estereográfica. Esta associação permite visualizar por exemplo um
ponto deslocado na rede com sua ondulação ou desvio no afloramento (Fig.
3). A grande quantidade de lineações medidas seguidamente em diferentes
pontos destes criou vários "caminhos de deslocamento" (fig. 3-7) a se-

3.363

/
---- ---

rem analisadas separadamente ou em conjunto. Para tanto deu~se desta


ques a estas áreas na rede equiárea (Fig. 4C).
Corno crit.ério de mapeamento dos elementos considerou-se aflo-
ramentos que tivessem razões À/A (comprimento de onàa x amplitude) de
F3 aproximadamente constante e que F2//F3. A razão deste critério é pa-
ra evitar-se a influência da interferência F2 x F3 com relações varia-
das, ou seja ora À/A F2 > ~ /A F3 ou À /A F3 < A /A F2 ou À /F3 =À /AF2.
No presente todos os afloramentos apresentam>. /A F3 > À /A F2. A esca-
ia do croqui também foi mantido constante e igual a 1:50 para não criar
falsas impressões possibilitando comparações diretas entre aflorarnento.

ANALISE DO COMPORTAMENTO DA LINEAÇÃO ARQUEANA Ll

A reconstrução da história. deformativa da área de são Vicente


serviu principalmente para definir um critério diferenciador entre as
litologias arqueanas e proterozóicas descritas em Hackspacher & sá,
(1984). A lineação mais antiga (Ll) é definida por orientações de agre-
gados de hornblendas e/ou plagioclásios em gnaisses-bandados básicos e
agregadas de biotita em gnaisses mais aluminosos.
Tais lineações objeto principal deste trabalho sofreram, corno
dito anteriormente, várias superposições estruturais. Dentre as mais pe
netrativas destaca-se a fase de dobra F3. Esta rotacionou-as segundo vã
rias direções, de acordo com sua orientação pretérita, ou ainda relacio
nado ao mecanismo influenciante na deformação.
A fase D2 por formar dobras isoclinais com L2 a 909 de Ll não
modificou a posição anterior desta (Fl). Tal afirmativa torna válida d~
zer que a história deformativa descrita a seguir ocorreu devido a D3 e
não a D2. D4 ou DS' que não modificariam expressivamente a posição ori-
ginal de Ll. _
A dificuldade de reconhecimento regional dâs lineaçoes Ll se
prende ao fato destas serem fortemente reorientadas pelas fases deforma
tivas posteriores principalmente D3 e mascaradas por processos de migma
tização associada a tal tectonismo. -
A observação da orientação das lineações Ll na parte SE da
área, através de rede equiárea de Schrnidt (Fig. 2), mostra uma disposi-
ção com máximos em 459 para ESE. Esta concentração indica no entantodis
persões laterais no sentido de AB e CD. A variação de Ll para A ou para
B pode ser explicada pela rotação de sl em torno do eixo de dobra B3.'
com consequente rotação das lineações sobre a reta AB. A disposição dos
polos de sl mostram que B3 apenas ondulou sl, formando dobras amplas.
Tal afirmativa válida regionalmente, tem localmente um caráter pouco di
ferente com formação de dobras fechadas a abertas (Fig. 5, 6 e 7). A
orientação de Ll em CD evidencia a influência de uma deformação poste-
rior(DS) (Hackspacher & sá, op.cit.). Por outro lado devem ser conside-
rados mecanismos de deformação atuante durante o dobramento D3, corno pos
siveis.có-responsáveis por tal disposição. As dispersões em CD não po--
dem na verdade ser estudadas simplesmente através de redes de distribui
ção geral de L~ (Fig. 2). t preciso utilizar o método anteriormente es=
planado, ou seJa, considerar a atitude e localização de cada lineação
medida.

INFLutNCIA DO DOBRAMENTO F1 SOBRE O TREND NW-SE


A observação de várias exposições de ortognaisses do Gr. Cai-
có e são Vicente na região de são Vicente, indicam urna disposição da l~
neação mineral Ll segundo o trend NW-SE sendo dobrado segundo eixo de
dobra B3 de direção NE-SW (fig. 2, 3 e 4).
A influência deste dobramento de lineações com eixo rotação a
909 propicia a disposi}ão da figo 3A. Neste caso extremo em que linea-
ções foram um grande c~rculo NW-SE, existe urna coincidência destas com
a disposição dos polos de sl a 909 de B3.
Na fig. 4C e 4D as retas 26-27, 28-29, 14-15 e 12-13 indicam
em escala de detalhe a disposição aproximada NW-SE de Ll. Observa-se
que estas lineações se encontra~ na culminação da estrutura dômica onde
a influência de DS não é marcante, ao contrário das outras retas que f~
cam nos limbos da estrutura.
Sander (1948, p. 74) e Ramsay (1967, p. 467), indicam que so-
mente no caso de paralelismo Bl//B3 e quando Bl-L B3' não são formados

3.364
pequenos círculos de Bl em torno de B3. Neste caso particular em que Ll
..L13 é impossível afirmar-se se o mecanismo de formação da dobra F3 foi
de fluxo-flexural (8 entre B3 e Ll se rnantém)ou flexural (8 entre B3 e
Ll se mantém) (Ledoux, 1984). Neste caso o transporte de material no
s~ntido do eixo da dobra F3 não modifica o ângulo entre as duas linea-
çoes.

- INFLU~NCIA DA DOBRA FS

A deformação DS aparece reg~onalmente formando dobras ~S abeE


tas e amplas com eixo NW-SE e plano axial vertical. A superposiçao de
FS sobre F3 forma domos abertos com eixo maior NE. Esta fase não é tão
penetrativa quanto D3' razão pela qual só pode ser registrado em alguns
locais. A figo 3 e 4 identificam duas localidades onde DS foi ativo.
A influência das ondulações FS pode ser vista do Bloco A das
figo 3A e 3B com as retas 22-26, S-6 e 20-21 e na figo 4C e 4D nas re-
tas 24-2S, 20-21, 6-8, 9-11, l-S. As retas da figo 4B insinuam um pequ~
no círculo em torno de BS com~ângulo entre BS e Ll) variando, o que i~
dica dobramento flexural em DS. A figo 3 indica que somente o bloco A
sub-horizontal sofreu com FS. O bloco B devido ao bandeamento sl muito
inclinado não registra tàl deformação.
Observando-se o conjunto de 4C e 4D podemos reconhecer um fOE
mato esférico a ovalar indicando dobras cônicas típicas de áreas hetero
gêneas ou com superposições de fases, a exemplo Dl x D3. Tal critério -
seria portanto válido em escala regional, e aflorarnento, dependendo ape
nas do grau de acuracidade na tomada dos dados estruturais.

O CAMINHO DA LINEAÇÃO Ll EM D3
Um dos principais objetivos do trabalho era analisar a varia-
ção de Ll sob influência de F3 em vários pontos dos pacotes dobrados. F~
ram tomados aí afloramentos onde a fase DS não estivesse registrada ou
caso aparecesse não influenciasse na configuração regional. Nas figo S,
6 e 7 foram tomadas informações considerando-se ângulos entre Ll e B3
diferentes entre si e ângulo apical de F3 pouco diferentes. A disposi-
ção das concentrações de Ll nas figo SB, 6B e 7B mostram disposições que
indicam uma modificação sequenciada que vai de SE para NE.
Os detalhes de SC, 6C e 7C indicam a progressão da direção re
gional SE vista na figo 2 para rumo NE. Uma sumarização desta sequênciã
é vista na figo 8B onde temos a figo 4 tendendo para a figo 7. Pequenas
variações são devido entre outros a modificação de estilo das dobras em
certos locais, a exemplo do caminho 3- 4- S- 6- 7 na figo SA e SC, anô-
malos para o conjunto geral.
O ângulo 8 entre as concentrações de Ll em SB, 6B e 7B dimi-
nuiu também progressivamente indicando um mecanismo flexural atuando
nas dobras F3.
O afloramento da figo 7A visou a comparação entre lineações
de dois bandeamentos próximos. A figo 7C identifica perfeitamente a á-
rea E e F bem distintas nas suas características. A área F define uma
parte interna da dobra (fig. 7A) com lineações Ll mostrando caminho
9-10, 6-8, l-S com ângulo 8 constante indicando mecanismo de fluxo-fle-
xural.
A observação da área E na figo 7A e 7C mostra a parte externa
da dobra em que as linhas 12-1S, 20-23 tem ângulo e entre B3 e Ll menor
que 29-34 e 3S-39, evidenciando uma diminuição de ângulo da partê exteE
na para interna sobre o mesmo plano. Como 8 vai diminuindo o mecanismo
é flexural. Nota-se portanto que dois bandeamentos próximos apresentam
mecanismos alternados de dobramento. Tal observação é bem coerente com
critérios de camadas multiacamodadas analisadas por Hobbs et alo (1976)
e Ramsay (1967) onde é confLrnado a necessidade de alternância de mecanis
mo para compensar o transporte de material no processo decisalhamento-
simples.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

A reunião das informações acima evidenciou o caminho da linea


çao Ll sob influência de F3. Para lineações Ll ...L B3 temos o caminho

3.365

---~_._-
-~--

3_na figo 8B. Para lineações Ll em ângulo < 90Q ~om B3 existe uma rota
çao de 4 para 7. A figo 8B exemplifica a diminuiçao de e de 3 para 7
dos pontos externos para internos da dobra.
A diminuição do ângulo e para o interior da dobra está de a-
cordo com o exposto por Ramsay (1967) e Hobbs et ale (1976) para dobras
flexurais. LEDOUX (1984) encontrou semelhante explicação para a progres
são de movimento de lineações dobradas para direção mais nova na regiãõ
de Tuxer - Joch na Austria.
Concluímos que em zonas com "Strain" intenso a exemplo da zo-
na central de dobras ou zona de cisalhamento temos uma maior reorienta-
ção de lineações antigas para as direções mais novas. Tal princípio se-
ria a explicação para uma grande dificuldade de reconhecimento e dife-
renciação de antigas lineações em áreas com deformação, dobras isocli -
nais e zona de cisalhamento. Nestes pontos extremos temos que considerar
cada vez mais a influência de mecanismo de fluxo-flexural e cisalhamen-
to ao invés de flexural na formação das estruturas, levando o transpor-
te de material a ficar paralelo ao eixo de dobra NE e não inclinado co-
mo é o caso geral aqui.
No presen.te a formação de dobrasF3 é principalmente flexural ou
de superfície neutra (Hobbs et ale op.cit:), sendo localmente de fluxo-
-flexural.
Para a caracterização das dobras flexurais deveríamos ter a
superfície neutra com ângulo e constante (não é reconhecido). As dobras
devem ser paralelas, tipo 2 de Ramsay (1967) o que é comprovado. O ângu
10 e externo aumenta, o interno diminui, o que é visto na figo 7. -
Considerando-se que o material estudado tem características
semelhantes em qualquer parte do corpo, não existe necessidade de consi
derar-se a influência significativa de critérios de pacotes multiacama=
dados e de viscosidade discrepantes (Ramberg, 1961).
Finalizando deve ser endosado a validade do método utilizado
no tratamento de lineações deformadas para caracterização de caminho de
deformação em âreas polifâsicas.
Na figo 1 temos esquematizado a configuração regional da reo-
rientação de trends NW-SE para NE-SW o que tem implicação reg10nal.

AGRADECIMENTOS

são devido aos alunos do DG/UFRN, Edmério Lúcio Xavier de An-


drade, Helenice Vital, Jailson Gonçalo de Araujo, James de Araujo Nunes,
Jânio Leite de Amorim e José Wilson Soares, pela ajuda durante os traba
lhos de campo.

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li:
..
li:
..
...

3.367

-------
----

N N

w w

s s
Fi9.2: Rede equiária de Schmidt com representação Fi9 30: DisPosiçC!o de II 889undo localização das fi9u-
de paios de Sle lineações minerais II para ras 3b e 3c. Cada reta une pontos de uma...i
Serra do Cordão. Hemisf.ria inferior. ca lineação defonnada. Rede de Schmidt, he:
misfe'rio inferior.

Fi9. 3b: Representação esquemática de dobra Fs e I ineoção II na Fi9.3c: Detalhe do bloco B.


localidade de Riacho da Mufumbo.

26
N

24 25

20

,500m ,
Sl
Fi9. 40: Repreunt ação esquemática de
af loramenta na loca li da de Saco da
~ 211
SO

Luzia. Existe uma superposiçãa Fi9.4C: Detalhe


de elementos de Ds sobre Os. do bloco C.

?2 ,
"-
..................-
~'"
10 Fi9.4d: Detalhe do 5 85
bloco D. ..
o:
Fi9.4b:Dispasiçõo del1dos blocos C e D. Rede de SChmidt. ..
15 13 o:
hemisfério inferior.
..
'"

3.368
Fig.5a: Representação .quemática do
bandeamento ~,lineoç60 li. d!!
bra Fz e F3. Localidade Saco
da Luzia.

5
Fig.5b: Caminho das lineações li deformada por N
dobra F) (flnural ). Rede de Schm. ,
hemisf.rio inferior.

VI
.k. (
'8,.,1 '"

g '"
~r;
5

)
Fig.6a: Representaçao eaquemóticQ de bandeQmento s Z
51./lineação li e dobrQ F3. Local idQde SQ- Fig.6b. CQminho da IineQç60 li 9 10 M
co dQ Luzia. com concentração ind i ca n do
e! constante. . 1
N Fig.6c: DetQlhe da Fig.6b.

s
Fig. 7a: Afloramento dQ dabra F3 com llem
dUQl superf.'cies de bQndeQmentas Fig.7b: Local izaçi50 dos CQ-
distintos. Loc. Saco da Luzia. minhos da lineQçl!o.

..
dQS I inea çi5es nQ li:
..
li:
..
..

3.369

-- ----
FiQ.7a

Bs
FiQ.8a: Desenho esquemólico com posição de L1 nas I iQuras 3,4,5,6 e 7. Dobra Ile-
xural, localmente de Iluxo finura!. e é o ânQulo enlre L1e Bs.

'eQenda

ÁREA DE CONCENTRAçÃo DAS


!5b- L.INEAÇê5ES LI NA "8. ."

J SENTIDO
DE L1
DE DESLOCAMENTO

FiQ.8b: Caminho do lineaçáo li de ~ para ~ durante Fs. Rede de Schmidl


somalória das liQuras 3b, 4b,5b,6b e 7b.

3.370
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA. RIO DE JANEIRO. 1984

CARACTERIZAÇÃO DE FABRICSTRIDIMENSIONAIS NOS RODS DE QUARTZO


DA BASE DA SERRA DE CARRANCAS, SE DE MINAS GERAIS

Henrique Dayan
Departamento de Geologia, InstitUto de Geociências da Universidaqe -
Federal do Rio de Janeiro
Cidade Universitária - Ilha do Fundia - 21.910 - Aio de Janeiro - Pesquisador
-
do CNPq e da FI NEP
João Bap1ista Filho
Departamento de Geologia, InstitUto de Geociências da Universidade Federal do Aio de Janeiro-
Cidade Universitária -Ilha do Fundia - 21.910 - Aio de Janeiro - Colaborador em projetos da FINEP

ABSTRACI'

'lbe use of quantitative .mathods in OrcEr to evaluate. t:he. internal and t:he.
extemal three-dimensia1al fabrics of quartz-rods indicated huge differences of both-
the shape and tOO orientation of the obtained ellipsoids. In order to d1aracterize the
rnesosropic fabric use was nade of NIELSEN'S (1983) nethod whereas the microsoopic
shape fabric of quartz grains was accarplished by the a:méination of tbe mathod pro-
posed by SHJ:1.WoDroand IKEDA (1976) together with. a routine suggested - by DAY1IN
(1981), through tbe c:irputer progranme FI'lELI, oone by the latter, for this purpose.
'Ihe nesosropic fabric produced prolate ellipsoids genetically re1ated with
an older defonnatian J;i1ase. wb!reas t:he microsoopic fabric exhibted cblate ellipsoids
whic:h c:haracterize the strain during the last defornation phase.
The microsoopic fabric gave :results very oonsistents witn the geology and
the structure both in the microsoopic and macrosoopic scales. It is also possib1e to
c::mclude that the mineral 1ineation oonspicous1y seen in those rocks, nei ther rep:re-
sents a penetrative fabric in the rods, nor indicates the stretc:hing direct:i.on. Al-
together the authors are 1ed to CDnclude that s~gation is the rred1anisrn for the
fm:mation of those rods rather than defonnation of quartz-pebbles.

rnrrowçro
A análise de fabric de fo:cnas (shape-fabricsl fomece úteis. infomaÇÕ8s
comp1.etentares às pesquisas e inte:rpretações geológicas, especialmente no que respei
ta às magnitudes e orientações de defOJ:mações eu zonas de defonnações. -
Na região ao norte da serra de Carrancas (figuras 1 e 2) aflorêll1 rods de
quartzitos os quais prestam-se para valiosas análises estruturais. O presente est1.JCb
fez uso de três técnicas, as quais são descri tas a seguir, e seus resul taCos são dis
cutiCbs e interpretacbs CDmbase IX) cx:>nhecimento geolÕgiCD local. -
As bases para o ccnhecinento das li tologias e estruturas na região de Car-
rancas e circmviz:inhanças foram assentadas por L.A.M. m a::sTA, secundaCb por F.R.
M. PIRES, já em iCbs de 1968-1969~ H.Dt\Y1\Nusufruindo das inúmeras infOIIl1élÇÕes fOnJe
cidas por L.A.M. m CXJSTA,iniciou sdJ a orientação deste (an 1972) o mapeamanto sis
temãtiCD nas serras do Panbeiro-Carrancas-Bicas. Em maaCbs de 1973 H..DAYN-l c::mcluiu
que a litologia desta região p:xlia ser agrupada na forma indicada pela figura 1. Va-
le ressaltar entretanto que na:> houve denominaçÕes fonrais para aquela divisão da f!
gura 1 e este fato pemi. tiu à TRJUW, RIBEIro e PACIuu.o (19 80) silrplesnente CIrl1arem
nares (vide as formações da fig.1) para una versão siInplificada das unidades estabe-
1ecidas por L.A.M. DA.COS'IA, H. DA.Y1\N e F.R.M. PIres. Sermro-nos da tribuna deste
artigo para negar cx:>mveemência esta pretensa "autoria" à TROlli et al (1980).
A divisão lito1Õgica apresentada na figo 1 é reproduzida de trabalbo deta-
lhaCb anterior (mYAN, 1983) enquanto a região especifica deste estudo localiza~se
na parte superior daquele mapa e pode ser localizada na figura 2 (vide localidades I
a IIr).
Em 1..i11has ~rais as estruturas locais são pertinéntes à duas distintas fa-
ses de à.c:Crarrentos. A penúltima tem características de deformação nitidamente ductil
na qual produziram-se àcbras de grande fec:hanerito (isoclinais) reviradas can vergên-
eia para norte e c:ham.eiras com suaves cainentos tanto para NWban o:rro SE (fig.21.
As superfícies axi.ais destas dobras (milinétricas à quilométricas) não raro confun-
dem-se can a própria foliação Cbrnin.ante enquanto as lineaçães são representadas pe-

3.371
---

10 nenos fOr três tifOs principais: (i) de alinhanento mineral, (ii) interseção folia
ção-plan~axial e (iii) barras (rods) de quartzito, todas elas paralelas às d"lameiraS
das dcbras desta fase.
SuperiTIpÕe-sea esta fase outras cbbras a::rn características rúpteis, repre-
sentadas fOr chevrons e variações cb gênero, CDI!Id"lameiras caindo tantopara SSWbem
a:>ITDNNE e planos axiais oorn mergulho de até alto ângulo (vide figo 2). Esta fase é
resfOnsávelpelo cu:queanentoque originou o sinforrnalBicas-Carrancas oonstituinào as
sim o padrão de interferência ào tifO 2 (Rarnsay,1967) facilnente identificável na fi
gura l.

PIDBLEM1\TrCA E ME'IDOOLOGIA ENVOLVIDA NESTE ESTUOO

A área de estu:30do presente artigo apresenta três localidades a:rn exE!l'q?los


irrpares de barras de quartzo (quartz-rods) associadcs a:JS quartzitos esverdeados oons
tantes da ooluna lito-estratigráfica da figura 1 (vide figura 2, localidades I, Ir e
IrI) .
Rod ou barra (IOCZY e LArEIRA, 1976) de quartzo, na sistemática introd.lzida
fOrWII.SCN(1953) foi originalmente definido oorro te:tTOC>
descritivo para denominar oor
fO cilindroidal, rrcnominerálioo geralnente oonsti tuiào de quartzo ou outro mineral:-
En altra pwlicação (WI:r..c;;rn,1961) foi decidido tanbérn incluir oorpos elongaàos-sei
xos, segregações, etc... - no rol da dencmin~ão acima. Nos a::rnpêndios de geologia e~
trutural frequentanente aparecem alusões à classica localidade de Ben Hutig, NW da
Esa5cia, cano ilustrati vas destas feições.
Un dospresentes autores (HD) já trabalhou nas rod"las M:)ine, 10 quilcrnetros
ao sul de Ben Hutig, NWda Escócia, e na sua opinião os exemplos de Carrancas assane-
l.harn-seem rnuitos aspectos à a::rueles supraci tad::>s (oonpare HOBBSet al, p. 276, oorn
exenplos deste trabalho).
Os rods analisados neste artigo afloram nas terras da fazenda do Mato !:entro
(eadjacências) na vertente norte da serra de Carrancas e têm disposiçãoparalela às
d1ameiras das cbbras pertinentes a penúltiroa fase de cbbramento. Tendem a exibir linea-
ções oriundas desta fase nas superficies mais extemas, paralelas às maiores elonga-
çães destes oorpos, cujas dirrensÕes estão na ordem das dezenas de centímetrospodendo
facilnente atingir entretanto prop::>rçães de 1.11Ià àois metros. As seções transversais
têm formas varianào de circulares à p:reCbrninantenente elipticas cuj as dimensões na
maioria cbs casos não ultrapassa a rrarca dos dez centínetros. Cabe entretanto assina-
lar que não raro enoontrarn-se exenplos a::rn várias dezenas de centírcetros em urna loca
lidade d>servarrcs um rod cujo diâmetro de sua seção transversal media apJ:OXimadarrentS
um rretro e meio (vide fotos).
Medições das três diIrensÕes principais (ortogcnais) àos rods de quartzi tos a
florantes nas três localidades assinaladas na figura 2 estão representadas nos diagrã
mas de FLINN (1962) das figuras 3. Nestes gráficos a existência de setas traceja=
das paralelas às ordenadas se deve à ilrpossibilidade de rnediDrr::s (no caupo) com exati
dã::> as dirrensÕes maiores destes rods, daào o envolvinento àos rresncs pelos quartzitos
e xistos al então :ruptura e/ou erosão de una das extremidades. Está claro que as medi-
das efetuadas referan-se à parte visível de cada corpo os quais ocupariam cada qual
fOsiçõeS superiores a::m:> indicado pelas setas das figura 3, caso essas di.rrensÕes fossem
oonhecidas a:rn exatidão.
Dacb que o diagrama de FLINN não fornece quaisquer infoJJ!laçães acerca das
atitudes das partÍculas ali representadas, os autores decidiram "experimentar o nétoào
algébrioo recentemente proposto fOr NIELSEN (1983) para urna conpleta caracterização
tridimensional. Este nétoeb é em essência una aproximação da orientação e forma da par
tia.1la pela a de un elipsoide. Esta operação se faz mediante tranfonnação ou projeçoo
das di.IrensÕes e orientações das partículas em un sistema de três eixos usanào-se pa-
ra tanto coordenadas esrerioo-polares (vide MARCIA1972, oonsu1.te NIEISEN 1983 para
detalhes do nétoào) .
Usarx:b-se duas das três fOPulaçOOs representadas nas figuras 3 os autores pu
seram à prova a técnica de NIEISEN, nediante prograrra de conputador (linguagem BASIC~
microcoIrputacbr da família TRS-80, nod. IU) especialnente elaboraào por tal finalida
de por H.mYAN. Os resultacbs fornecidos são os valores e vetores próprios (eigenval=
ues e eigenvectors) cb elipsoide representativo da pq:>ulação em estudo. Através des-
tes eigenvalues o::I1hece-se as razões entre as dimensões dos semi -eixcs cbs elipsoides-
-nédia de cada população, enquanto através àos oorrespondentes eigenvectors chega-se
às atitudes destes semi-eixos os quais foré[[\ plotadas na figura 4a. O valor àos eli-
psoides-nédia foram plotaàos nos respectivos gráficos de FLINN (vide nédia(+) nas fi-
guras 3 b e c ) para avaliação àos resultados.
O exarre microsaSpioo das lâminas delgadas destes rods revela que o arranjo
àos grãcs produz um fabric interno ni tidarrente orientado e este fato suscitou um estu-
cb (microsaSpico) detalhaéb de nocb a oorrelacianar o fabric interro cornos resultaàos
3.372
00 fabric externO, obtioo can O rrét.oCb de NIELSEN (J.983). Está muito além das possi-
bilidades deste artigo, historiar e/eu analisar as inÚlleras téa1icas de análise da
fonna de grãcs (grain shape analysis) ooje em dia disp:miveis 00 usuário. e suficien
te dizer entretanto, que usam:s rretodologia desenvolvida e descrita em traball'D pre'=
térito. (D1\Y1\N,1981) oonfonne razões ali discutidas.
Rasurni.damente p::>àe-se dizer que a análise tridirrensional das fonnas Cbs
grã:s foi feita através de detenninaçX5es preliminares das fonnas e orientaçÕes de
cristais em três seçx3es ortogcnais às arostras orientadas tanadas nas localidades
I, Ir e IIr deste estud::>o Estas deteIIninações..bi-dirrensionais (tarIbém a::r1hecidas CD-
!!D Rf/ ljHJiagrans, DlNNE1' & SIDC1!NS, 19 71) fo~ elaboradas- atra~s da rotina propos-
ta FOr SHIMAM:Jroe n<EDA (1976) por este nét.oCb apresentar extrema sirrplicidade e l::xJa
exatidOO. A estiJIativa da razão e orientaçã:! cb elipsaide representativo da FOPula-
ção analisada foi c:alculaOO pelo nétodo de ajuste dc:s" lI1Íni1tOs quadraà::ls pI.'OIX:Sto e
descrito FOr D1\Y1\N(1981, capItulo 4).
As rotinas ac:iIna descritas estão contidas no programa FrIELI (versà:> BASIC,
para microOOI'lputaoores canpatÍveis rom TRS-80 m:::xl. IIIl adaptacb da versã:! original
(em roRl'RAN IV) de autoria de H. Dt>.Y1\N e doct.rnEntaCb det.alhadarrente na tese deste Ül ti
!!D (~l\N 1981, listagern no Apêndice 3). Na tabela I estam::Js relacionanCb dacbs de
população rredida e valores de Rf e cp dJtiCbs para cada seçã:!. Na tabela II reuninDs
alguns dos resultaCbs fornecidos pelo prograna FrIELI, aos quais oonplerrentarlancs
a:>m as seguintes infoDnaÇÕes: o primeiro item trata da a:>npatibilidade ou o grau de
ajuste entre as dados bi-d:i..rrensionais. O seguOOo e terceiro relacionam prqxn:ções en
tre as semi-ei.xcs enquanto o quarto exibe alguns índices de forma oonsagracos na li
teratura especializada. D:stacanPS sooente qte o quarto índice é cam.rcente chamado de
deformaç~$aédrica (NAmI 1963t, com a..seguinte re~ação Y=.2/3 ~(E1-E21_~!(~2"'E3)2
+ (E3..E, ~ }. acnde E1i Si E3 soo logaritJrcs naturcu.s Cb maJ.or, wterItEdianõ e ~
nor seii'Ii-eixos ' Cb elipsoide em estuéb. O últino indice é denaninaó:l deform:JÇão efe~
va (effective strain, vide NAC/\I 1963) e relaciona-se a:m o anterior rrediante a ex-
pressã:! €..s= (3/4)1/2.y. Este índice tem a caract:erl.stica ÍItpar de rredir adefonnação
independente da forma cb elipsoide, oonforrre oorrent:are11Ds adiante.
Finalna1te as últilnas info1J'llaÇX3es fornecidas J;clo programa FI'IELI sã:! rela...
tivas as atitudes 00s semi-eixos de cada elipsoide resultante desta análise, através
das matrizes de vetores próprios (eigenvectors) as quais após as devidas transforma
ções para as a:o:rdenadas geográficas foram plotados na figura 4.D.
DIScusslD
Dado o exigoo espaço dispcnÍvel para esta oontrí1:.uiçã:! não ra; é peD11itioo
oorrentar acerca Cbs inÜrreros erros inerentes às téa1icas a:fUi usadas e oonsequentes
.

validades dos resul tad::>s relacionadcs. Vale tão scm:mte dizer qt:e os autores têm a:>ns
ciência de alguns erres, oonseguem até medir eutJ:os, certanente desa:nhecan roui tos e
também suas relaçães mútuas. e certo porém qte para os pr0p5sitos em qoostão os ~
sultados aqui obtida; seriam no IIIÍni!!D razoáveis, pelas razões qu; a seguir a:rrenta-
IOCJS .
Os resultadcs dJtidos <Dmo rrétodo de NIELSEN (1983) IOCJStraranH>emuito pre-
cisos no tocante às atitudes oos semi-eizos ebs elipsoides-rrédia. Entretanto o IteSI!D
nã:! se pJda afirmar a cerca das magnitudes relativas destes semi-eixos OJ.jos valores
3,28 e 2,73 para o pararretro k de FLINN (1962), para as localidades IIe IIr, plotan
bem deslocadas da esperada ];Osiçã:! rrédia destes pentes nas figuras 3.b e c. Na espe-
rança de minorar as discrepâncias acima os autores tentaram (em vãJ) introduzir os
daOOs das d:ilt1ensÕes Cbs rods, no:cnalizaCbs ã valores de volurres unitárias. Assim é
que o resultado 00 par~tro k de FLINN, para o pente IrI, passou para 2,4, FOrtanto
inferior 00 resultado dJtioo oom valores absolutos.
Cbserva-se na tabela I qte em média rrediu-se 146 grã:!s por seção valor que
na relaçoo pmp:>sta FOr. Pra<ERING (1976) nos dá uma estimativa cb erro percentual da
ordem de aproximadanente=!:5,5% Cvide DAYl\N.1981, figo 6-3). Inspeção preliminar da t~
bela Ir peI:1IÚ.~nos o:mentar qte em tenros prátia::s a marca de 4% para a falta de
ajuste para cada elip;e do ponto II é um l:an resultaoo e isto equivale dizer qt:e as
resultacbs para as danais a!!DStras sã:! excelentes. Vale ressaltar entretanto qt:e se-
rrente FOr acaso oonseguix-se-ia inoo~tibilidade (teórica) igual a a.
Os segundos e terceiros itens da tabela Ir apresentaram resultados bastante
p:ropJrcicnais. No~se por exemplo que tcxbs os elip;oides têm distorções ];Ositivas
ao lcngJ de X, Y e-obviamente negativas paralela à z, jáquenã:! aàniti!!Ds mudanças.
volurétricas, neste rodelo.
Os três prirreiras parâmetros de caracterização ];Osicionam os elipsoides cia
ra e oonsistenterrente no camp::>das foDlaS dJlatas. Os valores de defonnaçàes-efetivãs
(E.s) atestam una hierarquia relativa 00 sentiCb: defomação na localidade !>II>III I
fato qu; não é aparente por e:xerrplo tomand::>-se os valores para os índices de forma

3.373
.
-~----
cbs ítens 4.a,.b e 4.c. Está pois éqUi demJnstrado a importância da madida de E..s, a
qual ainda atesta qLe a faixa aqui abrangida é a das daforroa~s relativamente bai-
xas pois não raro enoontrarocs referências ã regiões oonéle valores da f.s atingan a
marca de 3, O ou mais.
Comparações entre os fabrics mesa e microoSpioos ~lJ!1ite-nos de imadiato
oonstatar discrepâncias quanto às fonnas cbs elipsoides resultantes, pois os primei-
ros sã:> nitidarcente prolatos enquanto os seguncbs têm inequívocas formas oblatas. Ou
tras discrepâncias são ta!rbém reveladas pela canparação das atitu?es cbs ei:xcs nos e~
tereogramas das figuras 4. a e b. Cbnstatam::s analogias nas posiçoes da 1.4 enquanto
1.1 e 1.3 têm praticazrente posições inversas. Aliás é notável a c;?I1COrdâncl.a das posi-
çoes de >.,(do diagrama da figura 4.aI can as atitlrles de lineaçoes e ei:xcs de dobras
oriundas aa ~última fase,conforne OOservarros nos estereogramas> da figura 2. Verifi
ca-se taIrbém que a posição dos semi-eixos 1.2 da figura 3.:5 têm atitude análoga à doS
eixos de dobras pertinentes a últirna fase de deforrração (carpare can figura 2) .
Uma indicacão de consistência dos resultados desta análise, pede ser obti-
da da tabela r. Verifica-se que todas as três seções, transversais aos rods têm mag-
nitu:1es de deforrrações muito baixas, (i.e. da maSrra ordem >de grandezal e isto corro-
bora can observações de carcpo, de que as texturas (observadas c/lupa) são aparente-
mante sacaroidais. Carparações com as demais seções fornecem resultados proporcio-
nais. r-EdiçCes de ~entuais de encurtarrento CshorteningI sofrido por filossiliea-
tos exteriôres a um dos rods, forneceu strains da ordem de 1,33 a {,O e média em torno
de 1,9. Este últirro valor não é muito distante da marca de 1,63 obtida com base a
forrra dos grãos de quartzo desta 5e<"'.-ão(tabela rI.
Banclas de deforrracão (deformation bands-1 são os defeitos planares mais a:ns
picuamante observadas nestás lâminas. Para as três anDStras os ~rcentuais de bandaS
de deformação foram incri ve1rrente baixos nas lâminas transversais aos rods erquanto
as demais exibiram frequências considerave1rrente mais altas. Uma vez mais, a sil!1ples
verificação dos valores de Rf na tabela r nos indica que estes estão perfeitamente
eorrelatos à frequência destes defeitos observados nas lâminas.
Outro fato significativo neste estudo foi a eonstatação da existência de um
claro paralelisrrc nas posicões de extinções (ou quase extinçàes) de centenas decris-
tais. A inserção de placa de gipso ou quartzo confirrra esta aparente continuidade ó
tica (harcgeneidade de coresl e tais fatos suscitam a investigação do fabrie crista=
logiafico (petrofabric, AVA, vide TURNERarx'i t'IEISS 19631 para possíveis correlações
can os fabrics aqui investigados, tarefa esta a que nos preparos para dentro em breve.
Querem:>s aqui confírrrar o caráter m:maninerálico dos rods estudados. Os per-
centuais de opacos são mui.to baixos (nenores que O,5%lenquanto os raríssiIrcs filos-
silicatos parecem cristalizar ao longo de rupturas. No interior dos rods os opacos
aparentezrente não exibem características de intensa defotmação enquanto o daninio
exterior aos rods rostrou ser efetivamente a zona de concentração de filossilicatos
associados à cpacos. CaCe aqui tarréém relatar que a observação acima é válida para
a escala I!eSOSCÓpica, pois em mais de una oportunidade os autores encontraram no
carcpo exercplos de rods de quartzito can nltído capeamanto de minerais opacos (I'car_
ranqui ta I'1 .
crnCLUSÕES

Can base no relato dos ítens anteriores passarcos a algumas conclusões '9re~
minares desta pesquisa:
1. O fabric ma5OSCÓpico obtidopelo rrétodo de eigenvalues e eigenvectors 9roposto por
NIELSEN (19831 caracterizou can propriedade a orientação preferencial destes cor-
pos elongados. O programa para a rotina de NIEI.SEN foi elafurado e atentamente re
visado por H.Jl:\YA"l e salvo erro involuntário de programação sares levados a oon=
clusão de que o referido ~todo rrereoe revisão pois os resultados para os serni-ei
XOS dos. elipsoides médianao condizem can a expectativa.
2. O fabric tridimansional masoSCÕpico relaciona-se claranente can eventos da ~úl-
tina fase de deformações, e em contraste o fabric microscÕpico caracteriza a últ!
ma. >

3. Os fabric tridimansíonais microscópicos têm resultados coerentes não só referen-


tes à orientacão dos elipsoides carc também relativo às magnitudes destas deforrra
ções. Verificá-se que os resultados para as três seções em conjunto apresentou Vã
leres consistentes. Os microfabrics deste estáaio de baixa deforrnacão manifestani=
-se sob a forrra de bandas de defo~ç~.;'> > ean aumento percentu3.l da frequência
destas justamente naquelas lâminas can maior índice de defornacão.
Para os três elipsoides, a orientação subvertieal dos eiXos 1.1e sub-horizOE!.
tal tanto para 1.2 cerro para 1.3 (vide figura 4.:5) corrobora em muito ean a orienta
ção do rodelo esquemático para esta última fase de deforrração proposto anterior

3.374
rn=nte por mY.AN (1383), vide figura 5. .

4. Aparentern=nte ~ existem qua:isq\Er relaçCes entre os fabrics neso e micra;a5pi-


ros aqui estudadas. Em outras palavras, a forna extema de cada rod de quartzi to
não tem qualquer relação a:::m o fabric (de forma) dos.grãcs <DI1Stituintes dos nes-
IrCS. Este fato ê bem significativo, na medida qt2 confirma as seguintes 00serva-
ções de canpo: .
(i) A aparente textura sacaroidàl em seções transversais acs rods é observéÇãop~
redmte, fato c:x:nfirmado visualnente a::>micra;a5pio e atestado pelas nedidas
de forma dos grã:s a::nstantes a tabela I.
(H)A lineaçã:> mineral paralela ã direção de maior e1cngéÇão dos rods -e às d1aE
neiras das ddJras da penÚltima fase
Estas lineaçi5es são aparentetente
- não é una feição penetrativa
evidentes até a inrerface rod-matriz
nos nesmcs.
filos-
silicãti.ca, não existindo portanto no interior cbs primei.ros e isto firou CDIIl
provado na análise de foma cbs grã:>s. Se estas ooservaç5es são totalnente vã
lidas poder.lan::>s CDncluir que a lin~~al em qt2Stã::> não é e nem indi =-
ca a diz'e):ão de estiranento (stretc:hin~ctim).
5. Se as a:nclusoes anteriores são vendicas aventar.Laucs t.arrbém a hipótese de que os
rods desta área têm génese ligada a necanisrros de segregação durante un regine de
deformação e netancrfisno. Desta foIma os rods de quartzi to nã::> se originariam do
estiranento (constrio\=ão) de seixos quartzosos. Fatos que no ccnjunto talvez a:>~
roborem a:m a hip5tese de segregação netam5rfica, são listados cx::m:>se segue:
(i) Presença quase exclusiva de quartzo ncs rods. Filossilicatos a:mumente en-
a::ntrados em rod1as quartzíticas estoo praticanente ausentes ncs rods estu-
daCbs.
(H) Os minerais opaa:>s oa:>rrenCb em percentuais ÍI1:fim:s no interior dos rods, se-
riam talvez porções que não lograram solubilização e/ou I1Dbilização cx::m:> as
demais fases minerais desta rod1a.
(iii) Os pouros minerais opaa:>s observadc:s. nos rods também não exibem qualquer de-
fODnaÇão indicativa ou a:>rrelata do fabric extemo ooservaà:>.
(iv)A existência de rods de quartzito capeados por fina pe1!cula de minerais q:a-
cx:s seria mais un indicativo de que este arranjo é oriundo da segregação de
minerais
(v) ~canicanente,
. a acei~ da hipótese de rods orluncbs de defomação de sei-
xos quartzosos acarreta implici tarrente a fomação das d:::éras da penÚlt:ílna fa-
se, por un necanisno que produzisse extensão paralela às dlameiras, a:nccmi-
tante I<Dm encurtanentc:s nas outras duas direçÕes principais - originando as-
sim elir:soides prolatos. Isto significaria adni. tir disto:rçi)es s1Jferlores a
700% ao longo de Àl, enquanto oa:>rrerlam encurtanentos de 50% paralelos ã
À2, aliado a encurtcmentos da ordeu de .82% paralelo a À3' ~canicarrente pos-
sível mas no a:ntexto da presente estrutura talvéz improvável.
A este respeito julganos realrn=nte oportuno transcrever a opiniã::J de HCEBS
et al (1376) tanada da página 284 da oora citada:
..." if the hinge is parallel to .Àl there \\OUld seem to be a space problem"..
"but for fold axes to be parallel to Àlover large areas IIICuld seem, at fixst
sight, to suggest that i t is often easier for fold, belts toaca::mnodate short
ening by exteÍ1sion in a horizontal directim parallel to the fold axis ,rather
than in the vertical direction. 'Ihis seensircprobable".

3.375.
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3.376
TABELA I

ORImI'AÇAO RAZAO ORIENTAÇT:D POPULAÇ]\D


LOCALIDADE FINAL FINAL
LÂMINA (Rf). (4)) MEDIJ:ll\

-q 1,57 105,240 118 grãos


I yz 1,17 80,48 116
zx 1,63 3,93 195
~1,30 93,8~ 212 groos
II yz 1,12 123 , 32 109
zx 1,54 3,36 108
~. 1,32 89,47 160
IIr yz 1,06 103,49 209
zx 1,35 170,00 90
- Os dacbs referentes as teJ:ceiras e quarta rol\IDaS serviram
. .
de
"Input" para o FI'lELI

TABELA II
Resultados d::Itioos. o::>mprograma FI'IELI
LOCALIDADES
ESPECIFICAÇÕES I II III
1. Paranetros de caracterizaçao do
ajuste das elipses de Stram (2D)
. a- Grau absoluto 00 ajuste (,,1,0) 0,9555 0,8843 0,9474
. b- Ino::mpatibilidade geral das
elipses 4,44% 11,56% 5,25%
. c- r-€dia da falta de ajuste por
eli~ 1,50% 4,01% 1,78%
2. Razces entre os eiIDs oos elipso!
àes:
. a- Razão Ixn:malizada 1,71:1,54:1 1,54:1,31:1 1,37: 1,30: 1
. b- Razão sem variação vol\.11!Étri-
ca 1,24:1,12:0,72 1,21:1,04:0,79 1,13:1,07:0,82
3. PercentuaiS de d:i.stcrçoes por e!
xcs
,
. eixo X +23,7% +21,7% +12,8%
. eixo Y +11,7% + 4,4% + 7,4%
. ebo Z -27,57% -22,06% -17,47%
4. parametros de caracterizaçao do
elifSoide
. a- FLINN: k=(a-l)/<b-l) 0,253 0,545
0,579
0,165
0,184
. b- RAMSAY: k=b a/I.n b 0,296
. c- HSÜ v=(2EZ-EI-E3) /(EI-E2) 0,543 0,269 0,688
. d- Nadai: Y 0,473 0,355 0,274
E:s 0,410 0,307 0,237
- Consulte texto para as devidas definiçÕes e re~cti vos CDIrentãrios

3.377

_._------
----

MAPA GEOLÓGICO DO SINFORMAL


BICAS -CARRANCAS
!!! N
I lii
~I
~1111
~i:J'
~..-i
..., .fJ
~..-i
..-i ..., ~..
t) cn

~~.@
..-i.....; &-

2cn 12 .fJ M
cn co
~.s ~0"1
.....;
1111 ;tJ ;a
12 ~.~ ffi
..-i
t:' o
~1111
t)
~8:
..-i <8
~cn
§ ~~o ..-i
8 ~~.....;
..-i ..-i 2
,8
~.....; ~ffi
~~,
~t) &
~Q)
111
~~lU ..-i ~...,
I
;

CONVENÇÕES
,-v7
Contato litológico. inferido quando tracejado. I~ Aluvião
,-, , r"f8~... Empurrãoldentes
Fa iha não especificada, inferida. no bloco soerguidoJ

DIVISÃO LI TO E STRATIGRÁF I CA

mmm Xistos Biotiticos t Xis tos Angola 7) I (fm. Carandaí 7 J

I
P.-
:0. -= (P) _
GRUPO Fa'cies Psam(tico (Cluartzitos Pombeiro 71
)
CAPIVAR I
..=::. ((sI)
- Ficies Semi-Pelítico (Dominio Indiviso [fm. Campestre 7]

111
~ (PR) _ Fácies Pelítico IXistos Pedra Redonda 7 )
I
_ ?-
MtN~ - Quartzitos Esverdeados (Czitos. Mato-Dentro 7)1 {fm, S.l das Letras?

Discordância--- 7
~:q- Complexo Gnaissico (Embasamento 1

3.378
SIN F o RM AL BICAS-CARRANCAS
MAPA ESTRUTURAL
N

(-,231+11'50__ [1-8,3-15,6-22,9 area ]


% /1% (_) 155 1T [ -
s n-1 1 8 -15 -22 % / 1% a re a
]
(.) 52 Ln-, [HO-19-28%/1%area ] (.) 69 Ln_t [1-10-19-28%/1%area]
(A) 75 Fn [ 0,5 -8 -15,5-23 % /1% area] (A) 75 Fn [0,5-8-15,5-23% /1%area]

CONVENÇÕES

75 Direção e angulo de mergulho da foliação mais antiga [ Sn_'1 ]


--Lineac;ão mineral [Ln_.] e/ou eixos de dobras [Fn-.J da penultima fase de deformação
-- Lineaç ã o dada po r ei xos de dobras perti nen tes 'a ultima fase de deformações

FigUra 2 - Mapa estrutural parcia1.rrente reproduzido de trabalho anterior(Dayan,1983).


Legenda análoga à da figura 1. Cada um dos cliagrarnas de Schrnidt (her!'isfé-
rio inferior) cor:responde à área lirr1itada pelo respectivo pontilhado con-
fonte indicado no maPél. -
Os algarisrros rananos indicam as localizações CIas roletas de arrDS-tras ori
entaClas usadas no presente trabaL~. Consulte texto para deta1bes. -

3.379
--------------

a , . a a
20 o I
' 20 20
~f
a,
., ,. .I
t,
"o
15 A
, 15
15
a
.I
~~~,
a 4, . .: .,, I
I,I
10
l oI
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.I

.,.,
a~ a:
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o, .:
., ~..../ Ai
,,
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,.
~a
.I ./
~' +1I, ~5 ~'
5 5 .
@ @ @
.b 1 b 1 b
5 1 5 1 5
Figuras 3 Diagramas de FLTI-1N(1962) para a caracterizac:..ão das fonras rredidas para
os fabrics rresoscópiceG. Diagramas a, b e c corresponàer.1 às rredidas tom-
das nas localidades I,II e IrI (fiCT.2) respectivarrente. lIbs diagramas b
e c as POsicões COM(+) rrarcarn os resultados obtidos can a rotina d.e
Nielsen- (1983). Consulte o texto.

.- Local.
.-Local.
.-Local.
+ -Média

@ @
Figuras 4 - Cor!pararn
diagramas de Schmidt (her.ri.sf.infe;rior) contenr9.o as orientaçees
dos semi -eixos dos elipsoides ronfo:rne as convencões indicati vas :
a - Posicão espacial para o fabric mesoscÓDico (retodo de Niélsen, 1983) das locali-
dades Ir e IrI.
b - Posição espacial para o fabric mícroscÓfJiro .(análise da forI!'a de grãos) obtido a
partir das aIrOStras roletadas nas localidades I, rI e IrI. Este fabric foi arrui
considerado corro representativo do elipsoide de strain relativo à últir.1a fase de
deforrracães.
.
Ccrnpare Figs. 4. a e b com os diaqrarnas da fiaura 2. Consulte texto para corentá
rio~ e ~licações.

3.380
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASI LEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, 1984

ANÁLISE ESTRUTURAL NAS FORMAÇOES INFERIORES


. DO SUPERGRUPO
ESPINHAÇO DA REGIÃO DE DATAS MG -
Alexandre Uhlein
Centro de Geologia Eschwege - UFMG, Diamantina - MG

ABSTRACT
In the region of Datas (MG) , located on the Southern Espinhaço Range ,
two lithoestratigraphic units were identified. The são João da Chapada
(unit C) e Sopa Brumadinho (unit D and E) made up metasediments psami-
tic with intercalated metaconglomerates and phyllites. The grade of me-
tamorphis is low and the rocks belong to the greenschistfacies. .
Detailed estructural analysis in the metasediments of the region ~he
Datas (Espinhaço Supergroup) demonstrates the development of the three
deformdtion events (D1,D2,D~). The Dl event is caracterized by the Sl
(cliavage sub7paralleI to tne bedding); the FI folding with axis bl ,E-
W); lineations sub-paralel to b1; and the prererred orientation of de-
formed pebbles. The D2 event re~ulted in the second folding F2' with
axis b2 orientated N-S, formation of an axial-plane foliation and ~t
fault. The D3 event produced doubly plunging folds.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa descrever e caracterizar diversos elementos es


truturais importantes observados na região de Datas (MG). Através de
critérios de superposição e deslocamento relativo desses elementos es
truturais, estabeleceu-se três eventos deformativos distintos.
A região estudada compreende os arredores da cidade de Datas, importan-
te distrito dia~antifero da Serra do Espinhaço Meridional, que dista
aproximadamente 35 km de Diamantina (Fig.l) e 355 km de Belo Horizonte.

2. TRABALHOS ANTERIORES

A região do Espinhaço Meridional vem sendo objeto de estudos cientifi-


cos desde o inicio do século XIX (vide RENGER,1979). Estes trabalhos
pioneiros apresentavam enfoque estratigráfico e econômico, na sua maio~
parte.
Pesquisas mais detalhadas, consubstanciadas em mapeamentos geológicos
de semi-detalh~ foram iniciadas na década de 1960 por R.PFLUG e colabo-
radores. PFLUG (1965), em obra clássica, lançou as bases estratigráfi-
cas para o Supergrupo Espinhaço na região de Diamantina, identificando
e descrevendo a principal fase estrutural da região (dobras de eixo nor
te-sul com vergência para oeste) . -
SCHOLL & FOGAÇA (1981), mapeando a região de Datas e Gouveia, assinalam
a existência de três fases estruturais. A primeira, denominada de "pre-
coce", gerou microdobras de orientação variável, preferencialmente se-
gundo o quadrante NE. A segunda, denominada de "principal" está repre-
sentada por dobras assimétricas regionais, anticlinórios e sinclinôrios
com vergência para oeste, eixos orientados segundo norte-sul e xistosi-
dade de plano axial. A terceira fase gerou dobras suaves regionais, com
eixos este-oeste, mas sem formação de xistosidade.
A idade do Supergrupo Espinhaço é controvertida. PFLUG et alo (1980)

3.381
----

acreditam que seja relacionada ao Proterozóico Inferior, enquanto que


ALMEIDA (1977),UHLEIN (1982) e DOSSIN et alo (1984) entre outros, acre
ditam que sua evolução tenha ocorrido no Proterozóico Médio.

3. ESTRATIGRAFIA

A e~tratigrafia da região de Diamantina foi definida nos trabalhos de


SCHOLL & FOGAÇA (1979 e 1981) e SCHOLL (1980). Nas proximidades de Da-
tas aflora o nivel C da Formação são João da Chapada e os niveis D e E
da Formação Sopa-Brumadinho (fig.2 e 3) e ainda rochas metabásicas pós
Espinhaço. O grau de metamorfismo é baixo e as rochas pertencem ao fá-
cies xisto verde.
O nivel C da Formação são João da Chapada ocorre de maneira muito loca
lizada, sempre como altos topográficos. ~ constituido por quartzitos
sericiticos, às vezes conglomeráticos, que apresentam estratificações
cruzadas de porte médio.
A unidade basal da"Formação Sopa-Brumadinho, denominada informalmente
de nivel D por SCHOLL e FOGAÇA (1979), apresenta intercalações de hema
tita-filitos, filitos quartzosos e quartzitos sericiticos. As rochas -
são facilmente intemperizáveis, resultando numa morfologia suavemente
ondulada. As espessuras variam entre 20 e 45 metros. Os quartzitos são
geralmente finos e bastante sericiticos. Os filitos quartzosos apresen
tam cor cinza prateado e predominio de sericita e quartzo. Os hematita
filitos exibem cor cinza escuro, com sericita, hematita, quartzo, tur~
malina e octaédros pós-tectônicos de magnetita.
O nivel E apresenta quartzitos brancos ou ferruginosos de variada gra-
nulometria, lentes localizadas de metaconglomerados polimiticos diaman
tiferos e algumas raras intercalações de filitos. -
Os quartzitos são brancos e sericiticosl de granulometria fina a média
ou então ferruginosos e geralmente grosseiros (até microconglomeráti-
cos) , com especularita como constituinte importante. Geralmente os
quartzitos mostram estratificação plano-paralela ou estratificação cru
zada de médio porte. As vezes marcas onduladas, simétricas ou assimé--
tricas, podem ser identificadas.
Os metaconglomerados ocorrem como várias lentes, em diferentes horizon
tes, intercalados com os quartzitos. Apresentam espessura métrica e ex
tensão norte-sul de aproximadamente 40 a 80 metros. A matriz é quartzI
tica com teores variáveis de mica e óxido de ferro. Os seixos são de
quartzitos brancos e/ou ferruginosos, quartzo leitoso, filitos e rara-
ment~ turmalinitos.
As rochas metabásicas pós-tectônicas ocorrem como sills, diques ou pe-
quenos "stocks", cortando o supergrupo Espinhaço. Já foram descritas
na literatura sob diferentes nomes, destacando-se os termos "anfiboli-
tos diabasóides" de GUIMARÃES (1933) e "metabasalto" de RENGER (1970).
Geralmente não apresentam xistosidade e afloram como matacões devido a
esfoliação esferoidal. O metamorfismo incipiente, considerado como de
idade Brasiliana, é constatado pelas transformações mineralógicas: pi-
roxênios uralitizados, plagioclásio saussuritizados, albitização, clo-
ritização, etc.

4. ANALISE ESTRUTURAL

Na área pesquisada foram identificadas três fases de deformação (D ,


D2 e DJ). Os elementos estruturais que caracterizam cada fase tect5ni-
ca estao relacionados abaixo:
a) Fase D
- miniàobras isoclinais recumbentes de eixo E-Wi
clivagem ardosiana (SI) sub-paralela a SOi
lineações minerais paralelas a b i
lineações de estiramento de seixÔs, paralelamente a bli
boudinagens.
b) Fase D2
- dobras regionais de eixo N-S;
- clivagem ardosiana e xistosidade
- lineação de intersecção So x S2'
c) Fase D
- dup16 caimento dos eixos de b2.

3.382
4.1. Elementos da primeira deformação Dl
a) Minidobras.
Nos quartzitos ferruginosos laminados ou bandados observa-se, eventual-
mente, dobras de dimensões centimétricas a decimétricas de estilo iso-
clinal.e recumbente (foto 1). Os eixos b são dificilmente observados
com segurança mas sua orientação é próxika de E-W, sendo paralelo às li
neações minerais e de estiramento de seixos.Mostram algum espessamento-
~pical, podendo serem classificadas como dobras similares ou anisópacas
(HOBBS et al., 1976). .
b) Clivagem ardosiana S .

Na área mapeada desenvolve-se uma nítida clivagem ardosiana SI' tanto


nos filitos como nos quartzitos. Nas litologias mais plásticas ela é
quase inteiramente transposta pela S2' observando-se localmente relic-
tos da Sl (fig.4à}.Nos quartzitos bem estratificados observa-se que a
Sl é sub-paralela ao acamamento (fig.4 D). ~ caracterizada por orienta-
çao de minerais metamórficos, principalmente sericita. Pode-se encon-
trar, eventualmente, superfície Sl bem preservada nos quartzitos micác~
os, sendo dobradas em dobras b2.
c) Lineações minerais.
"~Os esforços que tiveram lugar durante a primeira deformação DI provoca-
.'
ram a recristalização e o alongamento ou achatamento de minerais como
sericita, especularita e ainda, de gránulos de quartzo, paralelamente a
bí ..(E-W). Nos quartzitos micáceos observa-se o elongamento de sericita,
enquanto que nos quartzitos ferruginosos o elongamento ê dado pela espe
cularita. -
d) Elongamento de seixos~
A região de Datas (MG) caracteriza-se pelas inúmeras ocorrências de me-
taconglomerados polimíticos cujas seixos estão fortemente elongados (fo
to 2). Esta lineação'ê paralela a b e orientada segundo Ej 409 aproxi'=
madamente (fig. se ). Os seixos mosttam estiramento diferencial, confor-
me a composição original, sendo que os mais plásticos estão mais estira
dos. Desta forma, as relações axiais (X,Y,Z) dos seixos de filitos mos=
tram valores de 25, 7, 2 cm respectivamente, enquanto que os de quartzo
são de aproximadamente 9,6,3 cms, indicando, possivelmente a influência
da competência do material durante a deformação (FLINN,1956j GAY,1969).
Uma análise mais detalhada do "strain" desses metaconglomerados está
sendo levada a efeito.
Segundo RAMSEY (1967), geralmente os seixos apresentam-se alongados com
seus eixos maiores sub-paralelos as linhas de charneira (máxima elonga-
ção). Os seixos dos metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho mos-
tram forte elongamento para leste na região de Altamira (KNEIDL, 1973)~
Serro (UHLEIN,1982) ou então mostram-se relativamente indeformados (p.
eX.na região de Sopa e Guinda). Este aspecto pode sugerir que o "strain"
de DI foi muito variável.
e) Boudinagens.
Estruturas elipsoidais, semelhante a seixos, são identificadas nos quar
tzitos da região de Datas. Ocorrem de duas maneiras: como estruturas -
lenticulares de quartzitos brancos dentro de quartzitos ferruginosos
(foto 3) ou como estruturas elipsoidais de quartzitos ferruginosos den-
tro de quartzitos brancos e sericíticos. são interpretadas como devido
a processos de boudinagem que se estabeleceu durante D , em função de
diferenças de competência. Os"boudins" são de dimensõe~ centimêtricas e
fortemente ~longados segundo bl, às vezes assumindo a forma de pseudos-
conglomerados: Segundo HOBBS e~.al. (1976) e RAMSEY (1967) boudinagem é
uma estrutura resultante de extensão local numa sequência de camadas
com diferentes competências submetida a esforços compressivos e, comu-
mente, ocorrem alongados paralelamente aos eixos das dobras.

4.2. Elementos da segunda deformação D2


a) Dobras regionais.
Na área pesquisada a segunda deformação D2 ê caracterizada pelo dobra-
mento F?, que sobrepõe-se ao dobramento Fl, exibindo eixos b2 orienta-
dos segündo norte-sul e mergulhos fracos. As dobràs são aber~as, de pla
no axial íngreme e mostram ligeira assimetria com predominância dos
flancos orientais. Localmente identificou-se dobras simétricas nos quar
tzitos e mesmo dobras angulares em veios de quartzo e níveis ferrugino=

3.383.
--------

sos, todas com igual orientação. são geralmente dobras concêntricas ou


isópicas, podendo serem classificadas corno do tipo lB, eventualmente
lC de RAMSAY (1967). Esta fase é caracterizada por um esforço compressi
vo no sentido leste para oeste, ocasionando deformação dúctil e rúptil~
pois associam-se a esta fase falhas de empurrão orientadas segundo nor-
te-sul. Esta fase possui expressão regional, estando relacionada ao An-
t~clinório de Gouveia e ao Sinclinório de Concelheiro Mata, apresentan-
do ainda dobras menores de 2a e 3a ordens (PFLUG,1965).
b) Clivagem ardosiana e xistosidade S
Durante a segunda fase de deformação 62 fo~mou-se urna estrutura penetr~
tiva, caracterizada por planos de orientaçao mineral, notadamente seri-
cita. Atualmente constitui a foliação predominante na área. Nos filitos
ela ocorre corno urna clivagem de crenulação apertada, onde se observa r~
lictos da S anterior, ou mesmo corno urna clivagem ardosiana, quando o
"strain" delD2 é mais forte. Nos quartzitos ocorre corno clivagem ardos!
ana ou mesmo urna verdadeira xistosidade quando em áreas mais tectoniza-
das, próximas das falhas de empurrão.
A superficie S2 é de plano-axial às dobras D2 possuindo orientação apr~
ximadamente norte-sul e mergulho variável, de 30 a 509 (fig.5B) para
leste. Frequentemente exibe mergulho menor nas litologias menos compe-
tentes, comê filitos, e mergulho maior nas litologias quartzíticas, ca-
'racterizando urna nítida refração (WILLIAMS,1972).
No plano de S2 observa-se elongamento de sericita no sentido leste,even
tualmente tamõém de especularita. Isto sugere que as micas do plano S2-
formaram-se por rotação a partir do plano Sl' onde teriam se formado
por recristalização metamórfica durante Dl.
c) Lineação de intersecção
As lineações 12 mais conspícuas são conferidas pela interseção da cliv~
gem S2 com o pIano de acamamento 50, sendo paralelas ao eixo b2. Event~
almen~e estas lineações podem simular marcas de ondas.

4.3. Elementos da terceira deformação D3


a) Duplo caimento de b2
A fase D3 gerou dobras amplas e suaves, provavelmente de comprimento de
onda ( T de centenas de metros e sem qualquer clivagem de plano-axial.
Seus efeitos são observados a partir da constatação do duplo caimento
dos eixos da fase b2 e a geração de estruturas tipo braquissinclinal
(ver mapa geológico, fig 3 ).

5. CONCLUSOES

Em resumo, pode-se dizer que o Supergrupo Espinhaço na região de Datas-


MG, foi deformado em trés fases distintas. A primeira (DI) foi responsá
vel por uma clivagem Sl' lineações de elongamento, e poucas dobras. A
geometria dos elementos estruturais dessa fase sugere dobras recumben-
tes regionais que teriam evoluído para cavalgamentos, com obliteração
dos flancos invertidos. Posteriormente a fase D2 gerou redobramento com
eixos aproximadamente norte-sul e plano-axial íngreme, causando mascara-
mento dos possíveis milonitos dos cavalgamentos de D No final desta
.

fase, geraram-se empurrões orientados paralelamente âo meridiano. Por


fim, durante D3, formaram-se estruturas de duplo caimento, tipo braqui~
sinclinal.

6. AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi executado dentro do programa de mapeamento geo-


lógico do Centro de Geologia Eschwege de Diamantina (MG). O mapeamento
foi efetuado com grupos de estudantes de diversas universidades brasi-
leiras. Aos participantes destes cursos externamos aqui nossos agradeci
mentos. Também somos gratos aos professores Marcel A.Dardenne (UnB-Dis=
trito Federal) e R.Trompette (USP-IGC!ORSTON-FRANÇA) pelas discussões e
sugestões, assim como aos amigos Geraldo e Martinha pelos desenhos e
datilografia.

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÂFICAS

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3.385
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FIG 3 MAPA G~OLO'6ICO - EST.RUTURAL DA REGIÃO )


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3.387

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PO""IIOIL..TO 'Ó'-
C'NI.ÁTICO DI ".'''ITIT.. OUIINTE 41. 1.1 POISUI EXPRISSÃO
'U.IO".'L J.

FIGURA 4 RE LACÕES ENTRE SI E 52 EM FILITOS (A.S.e) E .QUARTZITOS (D)

DO SUPERGRUPO ESPINHAeo NA REGIÃO DE DATAS (MG).

3.388
A -
I SOLINHAS
118
ACAMAMENTO

MEDIDAS
(

3. S, 8, 12./0%
SOl
o

. _
.
'.
O"
:)/~:'::
":..:.':~:.
. .'.. ":.'
"... " .
'.

/SOL/HHAS 2.4,10.
152 MEDIDAS
IIS,25%

c - LlNEAÇÃO DE - ELONGAMENTO D - L/NEAÇÃO DE ELONGAAlENTO


DE SEIXOS
DE MICAS
'!OL.INHAS 3,8,'0,28-/. ISQLINHAS .,','2.ICS-/.
114 HED/DAS
78 MEDIDAS

FIG :5 DIAGRAMAS ESTEREOGRA'F/COS DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO


SUPERGRUPO ESPINHAÇO NA REGIÃO DE DATAS (~_Go) .

3.389

~------- ----..
--~-
--

FOTO 1 - Minidobra de estilo isoclinal

FOTO 2 - Seixos estirados e achatados. Observação no plano YZ

FOTO 3 - Estrutura de boudinagem num quartzito ferruginoso

3.390
w

(a)

(e)

(d)

Figuras 5- r.<odelo evolutivo do desenvolVirrento de estruturas durante 2 períodos. di~


tintos de deformacões.
a- Pacote de rochas contendo dobras isoclinais can direQÕes
. axiais SE/NW e ):>lanos
axiais com rrergulho 1'1ar'a sul e veraência para NE.
b- Absorcão da deformação inicial Delo desenvolVirrento de çrenulacães e encurtarren-
to do - pacote ortogonalITente à pOsição dos planos axiais da dobras.
ç- Um "elerrento" hiootético de (b) rrostrando encurtarrento na direcão paralela a À3
e estiramento seSrundo Àl' Praticamente não existem mudancas paÍ-alelas a À2. que
constitui a direcão das chame iras das crenulacCes F(al Esta fase constitui
IIli"\yer ~allel -
shortenina". (b) '
n
d- tJu<::leaçao e arquearrento do pacote segundo Fn o qual deforma eixos pretéritos
Fn..(a). (Reoroduzido inteqralrrente de trabalho anterior,
-
.
Davan 1983)

3.391

--------
--

3.392
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, 1984

ANALISE ESTRUTURAL PRELIMINAR AO ,LONGO DE UMA SECÇÁO


TRANSVERSAL AO SINCLINAL DA MOEDA

Georg R. Sadowski
Agenor P. Souza
Magda Bergmann
Instituto de Geociências - USP
Antonio C. Bertachini
Fund. C. Tecn. Minas Gerais - CETEC
Nelson Angeli
Instituto de Geociências e Ciências Exatas - UNESP

ABSTRACT

The Moeda syncline is one of the most expressive struc-


tures of the Quadrilátero Ferrífero area. A geological section across
its central segment was perfomed with collection of structural data on a
mesoscopic scale envolving bedding (So)' foliations (Sn and Sn+l)' line~
tions (Ln and Ln+l)' and fold axês. Also measures on strain markers (r~
ductions spots) in the central part of the syncline were done. The geo
metric pattern confirmed two phases of penetrative folding. The first~
probably axes falling slightly to the East and the second was submeridio
nal with a vergence to the West. The resultant pattern of refoldings
is D (Ramsay, 1967) and the folds are conical and relatively closed. The
measured strain showed a value of K = 1 and planar ellipsoidswith a veE
tical X axe is contained in the schistosid. The high strain ratio sug-
gests a strong imprinting of the last deformation the obtained relations
may be associated to a horizontal tectonics pattern.

GEOLOGIA REGIONAL

O sinclinal da Moeda é uma das feições mais proeminentes


do Quadrilátero Ferrífero. Constitue praticamente a borda oeste desta
feição maior. Foi mapeado em detalhe pelo U.S.G.S. em convênio com o
D.N.P.M. (Dorr, 1969). Apresenta direção geral NNW, com abas mergulhan-
do, dominantemente, para o oriente. Possue feições de estreitamento e ~
largamento na sua extensão e permite visualizar quase toda a sequência
estratigráfica do Supergrupo M~nas.
O Supergrupo Minas tem sido considerado de idade Transama
zónica (Cordani et aI., 1980) refletindo condições similares a de um ag
tigo ambiente miogeossinclinal com sedimentos típicos de plataforma mar i
nha, relativamente rasa. Na área do sinclinal da Moeda ocorrem vários
diques de caráter básico que cortaram as estruturas após os dobramentos.
Falhas de diversos tipos tais como empurrões (falha da Mutuca), transcor
rências e abatimentos estão ~egistrados (Wallace, 1965; Dorr, 1969;Rosie
re, 1981; Schorcher et aI., 1982). -
O estilo de dobramento e'deformação dessa área tem sido a
bordado por vários autores, entre outros, os acima mencionados, e compor
ta estudos estruturais adicionais. Basicamente o padrão de deformaçãõ
reg~onal lembra uma feição de redobramento do tipo cruzado (vide Loczy e
Ladeira, 1975, p.62).

INTRODUÇÃO

Este trabalho, de natureza essencialmente preliminar, visa


demonstrar a aplicação de conceitos de Geologia Estrutural moderna na es
trutura citada e com isto servir de base para investigações mais detalha
das no local. -
3.393

-------------
-

o sinclinal da Moeda foi estudado transversalmente, ao


longo da rodovia BR.356, entre a cidade de Itabirito e a mina do Pau
Branco (fig.l). Na ocasião foram visitadas exposições e coletadas mais
de uma centena de medidas de foliações observáveis nas formações Moeda,
Batatal, Caue, Cercadinho, Fecho do Funil, Tabões e Barreiro do 5uper-
grupo Minas, em ambos os flancos do sinclinal, visando obter uma idéia
do estilo de deformação e realizar um reconhecimento da geologia estru-
tural local, em termos de mesoestrutura.

5UPERF!CIE5-5

Uma das principais superfícies-5 visíveis na área é o aca


mamento (vide conceituação de Hobbs et aI., 1976, p.2l3). Este é de difí
cil distinção nos filitos da fm. Batatal, onde as foliações tectônicas
obliteram-no por vezes. Também, nos calcários da fm. Gandarela.a altera
ção intempérica praticamente apagou as feições estruturais. -
Uma superfície-5 observada através da nítida orientação de
minerais placôides é a clivagem ardosiana 5n' evidente nos filitos Bat~
tal e Cercadinho, como também nos itabiritos da fm. Caue. Nestes últi
mos observam-se ainda fortes sinais de transposi2ão (vide Rosiêre,1981)~
O grau de deformação das formações Batatal e Caue, por vezes dificulta a
distinção entre o acamamento 50 e a xistosidade 5n.
Nas formações Fecho do Funil e Barreiros observa-se uma
xistosidade 5n com desenvolvimentos locais d~ crenulações, visíveis pri~
cipalmente nos ápices das dobras. Na formaçao Barreiro foram encontra -
das manchas de redução (IIreduction spots") com achatamento sub-paralelo
à xistosidade (fig.2). Nos.quartzitos da formação Moeda pode ser obser
vada uma xistosidade através da orientação planar por acpatamento de
grãos ou seixos e orientação de minerais micáceos.
Uma outra superfície, 5n+l, menos conspícua, foi observada
através do crescimento de minerais placoides nos filitos Batatal, nos i
tabiritos Caue e nos quartzitos Moeda, constituindo uma clivagem de cre
nulação afetando 5n. _
Os padroes de dobramentos de 50 e 5n podem ser deduzidos
observando-se as guirlandas cônicas, constantes nos estereogramasanexos
(figs. 3a, 3b).

LINEAÇÕE5

No presente trabalho deu-se atenção especial às lineações,


uma vez que fornecem informações adequadas à definição da geometria dos
dobramentos. As seguintes lineações puderam ser observadas:
a) eixos ge dobras de geração Bn medidas segundo 50.
b) eixos de dobras Bn+l medidas em 5n.
c) lineações de corrugação sub-paralela de duas geraçoes medidas em
5b (bandamento de itabirito) e na superfície 5n+l dos filitos Bata
tal.
d) lineações de ondulação terciária.
e) linea2ões de intersecção de 50 com 5n.
f) ~açoes de estiramento mineral e de estiramento registradas em
manchas de redução.
As lineações mais notáveis são lineações finas nas superfI
cies 50 ou 51' relacionadas ora com a intersecção destas superfícies ,
ora com microcorruga2ão e até com formação de estruturas do tipo IImul-
lion". Estas lineaçoes,conforme se observa nos estereogramas anexos, es
tão dobradas, tendo sido designadas Ln. Nos itabiritos Caue e nos filI
tos Batatal, por vezes se observa uma segunda lineação sub-paralela à L~
aparentemente associada à fenômenos de microtransposição. A segunda l~
neação Ln+l corruga a primeira e evidencia os eixos de dobras ou ondula
ções desta fase (Bn+l). O padrão das lineações está representado em es
tereograma anexo (fig. 3a).
Apesar da disposição complexa de Ln, em uma primeira apr~
ximação, as lineações se distribuem segundo suas guirlandas cônicas com
eixos N30E/IONE, no flanco normal (flanco oeste) e N15W/305E no flanco
inverso (flanco leste). O primeiro coincide com o eixo da guirlanda cô

3.394
nica obtida a partir de SoMM L:: N25E/20NE); e o segundo com o da distr,!
buição de So (=N18W/20SE). No entanto, deve-se considerar que para os
dobramentos cônicos, típicos de áreas redobradas, o eixo da guirlanda ob
tida pela distribuição dos polos da superfície cônica, não coincide com
a charneira das dobras, como nos dobramentos cilíndricos.
No que se refere às lineações Ln+l'as Iredidasexecutadas foram
em número insuficiente para uma interpretação, mesmo preliminar. Na re~
lidade,correspondem às charneiras de dobramentos de superfícies previa-
mente inclinadas, ou melhor, redobradas, devendo portanto,apresentardis
persões que refletem as relações espaciais entre os eixos de primeira e
de segunda fase (Ramsay, 1967, p.54l)~

DOBRAS

Os estilos de dobramentos são variáveis. Observa-se a su


perposição de dois dobramentos penetrativos visíveis principalmente nos
itabiritos Cauê. As dobras da eventual primeira fase (DD)apresentam xi~
tos idade plano-axial, parecendo ser do tipo cerrado com apice espessado.
Nas dobras da segunda fase (Dn+l), no itabirito e no filito, observa-se
uma clivagem sub-plano-axial.
A compara~ão de estilos de dobramentos entre as duas fases
é arriscada, conforme ja aventado por Ramsay (1967, p. 539); todavia as
dobras que afetam a xistosidade e ondulam intensamente a lineação da pri
meira fase são dobras de geração Dn+m' ou mais provavelmente Dn~l e,aEr~
sentam-se cerradas nos itabiritos e tilitos e mais suaves nas tormaçoes
superiores. "Kink bands" e dobras associadas a tectonismos menos pene-
trativos também foram observados.

INTERPRETAÇÃO DOS ESTEREOGRAMAS

A distribuição das lineações segundo círculos mínimos ind,!


cam um mecanismo de dobramento do tipo "flexural-slip". Deste modo, a in
t~rsecção das guirlandas de lineações deformadas permite inferir a posI
çao inicial dos eixos do dobramento Dn(Ramsay, 1967, p.549). .
A atitude do eixo da fase de dobramento anterior (Dn), a
ser tomada com restrições dado o caráter preliminar do trabalho, seria E
-W com mergulhos de O a 409 para leste. Portanto, a estrutura sinclinal
da Moeda, com eixo de direção sub-meridional corresponde na realidade a
uma fase de redobramento Dn+l. _
Considerando o acima exposto, e a dispersao irregular dos
polos de So' observada no estereonete da figo 3b, pode-se sugerir um pa
drão de interferência intermediário entre o de domos e bacias e o padrãõ
cogumelo, uma vez que os eixos Dn e Dn+l são praticamente ortogonais e o
ângulo entre o. polo do plano axial de Dn e o eixo de transporte da fase
Dn+l é agudo (Ramsay, 1967, p.53l). A observação da disposição geométri-
ca das camadas do sinclinal Moeda reforça esta consideração.

DADOS DE DEFORMAÇÃO

No núcleo do sinclinal Moeda, na formação Barreiro, consta


tou-se .a existência de manchas de redução de formato elipsoidal.Cerca de
50 medidas de dimensões máximas (X) e mínimas (Z) foram anotadas, toman-
do como referência o plano de xistosidade Sn. Tais medições indicaram
uma taxa de deformação (razão média de X/Z) da ordem de 5,8, o que indi
ca um forte sub-achatamento planar durante a última fase de dobramentos~
Os dados obtidos apresentaram feições de intenso achata-
mento ao longo da xistosidade Sn com eixo maior subvertical , o que i~
dicaria condições de compressão horizontal máxima e compressão vertical
mínima (vide diagramas x/y e X/Z).

CONCLUSÕES

Os dados obtidos, embora relativamente poucos,mostram duas


fases de dobramento penetrativo na região do sinclinal. A primeira fase

3.395.

--------------------
---

com direções de eixos próximos a E-W e, portanto, resultante de tectôni


ca compressiva N-S. e a segunda com eixos sub-meridionais.
A análise preliminar de marcas de redução no núcleo do sin
clinal indica uma possivel deformação plana com eixo de estiramento máxI
mo subverti cal e achatamento no plano de xistosidade em condições de R=
1, que se superimpôs intensamente ã primeira fase de deformação (vide r~
lação X/Z) permitindo definir apenas o "strain" da última fase penetrat;!;.
va "Dn+l" (vide Ramsay, 1967, cap.4).

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birito district, Minas Gerais, Brazil - U.S.G.S. Prof. Papo 341-F,68
p. Washington.

3.396
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FIG.50
LlNEAÇÕES Ln e XISTOSIDADE Sn.

DOBRA NO CERCADINHO
(Dn+ I)

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POlOS)
A EIXOS DOBRAS
CÔNICAS DE So

FIG. 5b
POLOS DE ACAMAMENTO 50.

3.399

-----
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASI LEIRODE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, RJ, 19B4

UMA PROPOSTA PARA A ORIGEM DAS BRAQUIANTICLlNAIS DE XAMBIOA.


E LONTRA (GO) - POSSIVEIS DOMOS GNAISSICOS
Márcio Dias Santos
Joel Buenano Macambira
Basile Kotschoubey
Departamento de Geologia e Núcleo de Ciências Geofísicas e Geológicas (NCGG) da UFPa
Caixa Postal, 1611
66.000 - Belém - Pará

ABSTRACT The Xambioá and'Lontra brachyanticlines are located within


the northern part of,the Araguaia Fold belt. In the core of these br~
chyanticlines crops out the Colméia Complex of lower Proterozoic age,
consisting of trondhjemitic gneisses and rnigmatiteso The Estrondo Groq:>,
a metassedimentary unit, overlies discordantly that basement. Ortho-
quartzites, responsible for the morphological prominence of the brachz
anticlines, make up the lowerrnost part of the Estrondo Group (l-brro do
Campo Forrnation), while the upper part of that unit (Xambioá Forrnati-
on) consists of different types of rnicaschists. During the Brasiliano
tectogenic cycle, after the deposition of mostly terrigenous sediments
into a tectonic trough, the whole sequence underwent intense deformati
on and a greenschist to anphibolite facies metamorphism. Earlier worl<erS
identified the forrnation of the brachyanticlines with the fourth phase
of deforrnation among the fives ones distinguished in the area. During
the climax of metamorphism, partial melting of the Colméia Complex
occurred, which resulted in the forrnation of granitic magrna and injec
tion forrning migrnatites neossornes and small tardi-syntectonic intrusi=
ons. The origin of the brachyanticlines, considered as gneiss domes,is
atributed to a diapiric process of the basement (Colméia Complex) wh,id1
deforrned the folded and rigid cover (Estrond Group). It is l:elieved that
the diapirism was originated by the remobilization of the Colméia Co~
plex in therrnically anomalous zones where the gneisses underwent parti
al melting giving the basernent a low density and a higher plasticity -
and mobility.

INTRODUÇÃO As estruturas de Xambioá e Lontra, conhecidas desde o Pro-


jeto Araguaia (Barbosa et alo .~.1966), fazem parte de um conjunto de me
gabraquianticlinais alinhadas segundo a direção N-S, ao longo da ~
oriental da Faixa de Dobramentos Araguaia. A origem dessas importantes
estruturas ainda não foi satisfatoriamente esclarecida, embora algumas
proposições já tenham sido feitas (Abreu, 1978 e Costa, 1980).
Pretende-se aqui apresentar algumas idéias mais concretas a
respeito da gênese das braquidobras de Xambioá e Lontra e outras meno
res, situadas no extremo norte do Estado de Goiás (Fig. 1), cujo estü
do foi realizado dentro do Projeto Faixa Orogênica Paraguai-Araguaia
desenvolvido pelo NCGG da UFPa. (Santos, 1983 e Macambira, 1983).

LITOESTRATIGRAFIA A área em foco situa-se na parte setentrional daFai


xa de Dobramentos Araguaia. Morfologicamente sobressaem na região ser
ras quartzIticas que sublinham a estrutura dos Martírios e algumas m~
gabraquianticlinais das quais as maiores são as de Xambioá e Lontra,
em cujos núcleos afloram rochas do embasamento constituído pelo Comple
xo Colméia. . -
A Faixa Araguaia é representada fundamentalmente por urna se
qüência metapelítica-psamItica, com restritas intercalações de metaps~
fitos e rochas Igneas intrusivas e extrusivas rnetamorfisadas, que sob~
põe-se discordantemente ao Complexo Colméia. Abreu (1978) denominou e~
ta seqüência de Supergrupo Baixo Araguaia, subdividin<ilo-o nos grtpos
~

3.400
trondo e Tocantins, dos quais somente o primeiro aflora na área em que~
tão. A parte basal do Grupo Estrondo é representada pelos quartzitos
da Formação Morro do Campo, responsáveis pelo destaque morfológico das
braquianticlinais e da estrutura dos Martírios. Micaxistos da Formação
Xarnbioá (parte superior do Grupo Estrondo) afloram na área arrasada s~
tuada em torno das braquianticlinais (Fig. 1).
COMPLEXO COLm':IA (PROTEROZOICO INFERIOR) Esta unidade foi definida
e caracterizada estruturalmente por Costa (1980) na região de Colméia.
Na região de Xambioá-Lontra é constituído predominantemente por gnai~
ses cinza-claro localmente migrnatizados, ocorrendo também augen-gnais
ses restritos. O bandamento geralmente é pouco desenvolvido, chegando ã
confundir-se com urna xistosidade, podendo se desenvolver localmente em
bandas de até alguns centímetros de espessura. A textura é granolep~
doblástica, com as micas, principalmente a biotita, orientadas segundo
o bandamento ou xistosidade e contornando porfiroblastos de plagioclá
sio (oligoclásio An20) e quartzo. Estruturalmente a::noordantesaos gnai~
ses ocorrem pequenas intercalações de anfibolitos.
Migrnatitos com estruturas estromatiticas, ptigrnáticas e n~
buliticas ocorrem em áreas restritas dentro dos gnaisses, apresentando
limites difusos com eles. Os paleossomas mostram a mesma textura e com
posição mineralógica que os gnaisses. Os neossomas exibem textura in~
qui granular com foliação incipiente, correspondendo provavelmente ao~
entação de fluxo, e sao mais feldspáticos e menos micáceos que os gnai~
ses. O feldspato predominante é o microclínio e o plagioclásio presen
te é urna albita An6' A muscovita é a mica mais abundante, ocorrendo ã
biotita apenas corno acessório.
Dataçães pelo método Rb/Sr em gnaisses da estrutura do Lon
tra, realizadas por Macarnbira (1983) indicam idades em torno de 200Õ
m.a. para o Complexo Colméia.
Veias hidrotermais de quartzo e corpos pegrnatiticos a:m cris
tal de rocha e ametista cortarn os gnaisses e migrnatitos (Santos et a1:-,
1982) .

GRUPO ESTRONDO (PROTEROZOICO SUPERIOR) Formação Morro do Campo: é ~


tituida essencialmente de ortoquartzitos e muscovita quartzitos expos
tos nas serras que sublinham as estruturas de Xambioá, Lontra, Ramal dõ
Lontra, Chapada, Morro do Campo e Martírios. O pacote quartzitico, cu
ja espessura varia de 20 a 150 m, assenta-se discordantemente sobre os
gnaisses do Complexo Colméia. Quartzo-muscovita xistos, quartzitos con
glomeráticos e quartzitos com magnetita disseminada e agregados de ciã
nita e lazulita ocorrem restritamente. No contato entre os gnaisses e
os quartzitos ocorrem localmente pequenas intercalações de anfibolitos
e biotita-quartzo xistos com espessura decarnétrica. Na base dos quart
zitos foi observado um nivel constituído de lentes delgadas de quartzõ
intensamente fraturadas, de espessura centimétrica e comprimento deci
métrico. Esses pequenos corpos lenticulares podem corresponder a veios
de segregação metamórfica ou a seixos de quartzo intensamente estira-
dos, provavelmente por processos de cizalhamento.
Formação Xarnbioá: nessa unidade predominam muscovita-bioti
ta-quartzo xistos com textura lepidoblástica da facies xisto verde, sõ
brepostos aos quartzitos em contato concordante gradacional. O feldspã
to predominante é o plagioclásio (albita An9), sendo o microclinio pre
sente apenas corno acessório. A quantidade de feldspato nesses xistos
normalmente é baixa, podendo porém, aumentar gradualmente e chegar a
constituir xistos feldspáticos que afloram sobretudo em estruturas sin
formais. Em torno das braquianticlinais foram identificadas as isógrã
das da granada, cianita e estaurolita, indicando que as rochas da par
te inferior da Formação Xarnbioá foram formadas na facies anfibolito. -
Intercalados nos micaxistos ocorrem restritamente anfiboli
tos, xistos grafitosos, hematita xistos, mármores e metaconglomerados:-
Pegrnatitos com monazita e veios hidrotermais de quartzo com cristal de
rocha cortam os micaxistos. Veios com titanita e epídoto ocorrem local
mente, encaixados em anfibolitos da Formação Xarnbioá (Santos et al.,-
1982) .
Datações geocronológicas pelo método Rb/Sr, realizadas por
sá et alo (1980) e Macarnbira (1983) em ~caxistos desta formação, indi
cam idades em torno de 600 m.a. para o metamofismo.

3.401

----
-..---

ROCHAS MÁFICAS E ULTRAMÁFICAS Além dos anfibolitos que ocorrem tanto


no Complexo Colméia corno no Grupo Estrondo, o magrnatismo máfico é IEp~
sentado na área por pequenos corpos gabróicos, grosseiramente circul~
res, que se situam no interior das estruturas do Lontra e Xarnbioá e por
corpos maiores de metagabro que cortam micaxistos da Formação Xarnbioá,
nas zonas periféricas das braquidobras.
.
Pequenos corpos zonados, compostos de serpentinitos e talco
xistos, representam o magmatismo ultramáfico na área. Ocorrem princi-
palmente no núcleo das estruturas de Xarnbioá e Lontra e mais raramente
na parte externa destas. Os serpentinitos constituem a parte central
desses corpos, passando, em direção ã borda, para talco maciço (estea-
tito), talco lamelar e uma franja externa composta essencialmente de
cristais bem desenvolvidos de clorita, flogopita e actinolita.
ROCHAS GRAN!TICAS O magrnatismo ácido na região é pouco expressivo,sen
do representado por dois pequenos corpos graníticos intrusivos (Macam
bira e Kotschoubey, 1981) e os produtos residuais dessa atividade l~ã
sob forma de veios pegrnatíticos e hidrotermais assinalados anteriorme~
te.
O corpo maior encontra-se no núcleo da braquianticlinal do
Ramal do Lontra, situada a leste da estrutura do Lontra, apresentando
uma forma grosseiramente circular e uma área aflorante em torno de 6
km2. Trata-se de um granito cinzento, homogêneo, levemente orientado e
cortado por finos veios pegrnatíticos. Apresenta textura granular hipi
diomórfica e é constituído essencialmente por rnicroclínio, quartzo,plã
gioclásio (oligoclásio An19), biotita e muscovita e corno acessórios ã
patita, zircão e opacos. A foliação incipiente e as idades em torno de
500 m. a., obtidas por Macarnbira (1983) pelo método Rb/Sr, levaram o nes
mo autor a interpretar este corpo corno tardi-tectônico.
O segundo corpo aflora na parte interna do flanco SE da es
trutura do Lontra (Serra da Arnetista) e apresenta-se encaixado enbre os
gnaisses do ernbasamento e anfibolitos basais da Formação Morro do C~
po. O corpo exibe forma lenticular, com cerca de 50 m de espessura e
extensão N-S em torno de 500 m. A rocha é homogênea, rósea com aspecto
aplítico. Trata-se de um albita granito com textura inequigranular hi
pidiomórfica, constituído por albita An6, rnicroclínio, quartzo e poucã
muscovita e corno acessôrios a biotita, apatita e magnetita. Nas proxi-
midades dos anfibolitos sobrepostos, o albita granito apresenta granu
laçãc grosseira e feições bandadas, com muscovita orientada paralela=
mente ao contato, e uma franja externa de 5 em de espessura composta
essencialmente de biotita. Veios hidrotermais de quartzo com ametista
cortam esta rocha (Santos et al., 1982). A forma lenticular do corpo e
o contato brusco com o anfiboli to encaixante, bem corno a sua borda ori
entada e zonada, sugerem uma origem intrusiva, possivelmente forçada.-
~ provável que o granito tenha se alojado em urna zona de fraqueza si
tuada entr~ o Complexo Colméia e o Grupo Estrondo.

PETROQU!MICA DO COMPLEXO COLMeIA E DAS ROCHAS GRAN!TICAS Os estudos pe


troquírnicos do Complexo Colméia e das rochas graníticas foram realizã
dos para tentar caracterizar a naturezà inicial destas rochas e os prõ
cessos petrogenéticos que lhes deram origem, dados importantes para ã
reconstituição da evolução geológica da.área.
Foram efetuadas análises dos elementos maiores e de quatro
elementos traços (Rb, Sr, Ba e Zr), em rocha total, de seis amostras
de gnaisse, duas de paleossoma e quatro de neossoma de migrnatitos do
Complexo Colméia, assim corno de cinco amostras de granitos intrusivos
da região de Xarnbioá-Lontra, totalizando dezessete amostras (Tab. 1) .
Si, Al, Fe, Ca, K, Ti e os elemeptos traços foram analisados por fluo-
rescência de raios-X, enquanto que o Mg e Na o foram por absorção atô-
mica. As normas CIPW dessas amostras encontram-se registradas na Tabe
la l.
ORIGEM DOS GNAISSES Observa-se na Fig. 2a. que, no diagrama ACF, as
amostras de gnaisses incidem no campo das grauvacas que inclue também
as rochas graníticas, enquanto que no diagrama A'FK encontram-se próxi
mo ao campo das rochas graníticas (granitos, granodioritos e tcnalitos)~
Pode-se admitir, portanto, para os gnaisses uma possível origem a par
tir de rochas graníticas. -

3.402
Comparando a composição dos gnaisses de Xambioá-Lontra com
composições médias de ortognaisses, grauvacas arqueanas e rochas grani
ticas de di versas regiões do mundo (Tab. 2), nota-se urna senelhança mu!.
to nítida com ortognaisses trondhjerníticos (McGregpr, 1979 e Barker et
aI., 1979). As grauvacas arqueanas de Minnesota (Arth & Hanson, 1975),
e de Wyoming (Condie, 1967) apresentam teores mais baixos de Si02 e
Na20 e mais elevados de Fe total, MgO e K20 em relação aos gnaisses de
Xambioá e Lontra. Por outro lado, em relação a esses gnaisses, os gra-
nitos, adamelitos e granodioritos possuem teores mais elevados de K20
e mais baixos de Na20, enquanto que os tonalitos possuem teores mais
baixos de Si02 e mais elevados de Fe.total, MgO e CaO (Wedepohl, 1969).
Haja vista as diferenças na composição química, parece pouco provável
a origem dos gnaisses de Xambioá e Lontra a partir desses tipos de ro
chas.
Os gnaisses de Xarnbioá e Lontra encaixam-se perfeitarente. na
definição química dos trondhjemitos de Barker (1979) (Tab. 3). Nesse
sentido, a composição dos gnaisses é melhor evidenciada através de di~
gramas que apresentam campos ou "trends" trondhjemíticos. Nos diagramas
An-Ab-Or e Si02/K20 (Fig. Zb, c), a maioria dos gnaisses estudados, in
cidem no campo dos trondhjemitos e nos diagramas K-Na-Ca e AFM (Figs~
3a,b) eles mostram compatibilidade com o "trend" trondhjemítico.
Quanto aos elementos traços, as comparações diretas a:m grau
vacas e rochas ígneas não são conclusivas, pois os teores e as razões
são muito variáveis. Entretanto no diagrama Sr/Rb (Fig. 3c) a maioria
dos gnaisses tornam a incidir no campo dos trondhjemitos. Esses dados
concordam plenamente com os obtidos a partir dos elementos maiores.
Portanto, pode-se concluir que os gnaisses da região de Xam
bioá-Lontra são ortognaisses originados principalmente de trondhjemi=
tos corno também de granitos e tonalitos subordinados.
ORIGEM DOS MIGMATITOS E GRANITOS As composições químicas dos migmati-
tos (paleossomas e neossomas) e das rochas graníticas podem ser melhor
caracterizadas e comparadas através de diagramas que apresentam campos
ou "trends" das rochas graníticas. Nos diagramas An-A-Or e SiOZ/K20
(Figs. 2b,c) os paleossomas se posicionam no campo dos trondhjemitos
junto a:m os gnaisses enquanto que a maioria dos granitos e neossomas
incidem no campo dos granitos no primeiro diagrama. Entretanto no dia
grama Si02/K20 a maioria dos granitos e neossomas se situam entre õ
campo dos trondhjemitos e dos granófiros, devido ao teor mais baixo de
K20 dessas rochas em relação ao dos granófiros. Nos diagramas K-Na-Ca
e AFM (Figs. 3a,b), os paleossomas acompanham o "trend" trondhjernítico,
ao passo que os neossomas e granitos são mais compatíveis com o "tmnd"
calco-alcalino. No diagrama Sr/Rb os paleossomas se posicionam no cam
po dos trondhjemitos enquanto que a maioria dos granitos e neos~ se
posicionam à direita do campo dos granófiros, em função do teor mais
elevado de Sr dessas rochas em relação ao dos granófiros.
Portanto as análises petrográficas e químicas dos rnigmatitos
mostram que os paleossomas possuem a mesma composição trondhjemítica
que os gnaisses, ao passo que os neossomas são de composição granítica.
As composições químicas dos gnaisses, migmatitos e granitos e a distri
buição das amostras dessas rochas-no diagrama Q-Ab-Or (Fig. 3d) sãõ
compatíveis com a hipótese de urna fusão parcial dos gnaisses que resul
tou em geração de magma granítico com teores mais elevados de álcalis;
responsáveis pela formação dos neossomas e corpos intrusivos. Os pale-
ossomas dos migmatitos correspondem a parte não afetada dos gnaisses cu
ja composição trondhjemítica não foi modificada. Essa proposta para ã
origem dos migmatitos e granitos é plenamente concordante com o proces
so de anatexia, no qual o magma inicial é mais alcalino que o material
original (Winkler,1976)_ .
A posição das amostras de granitos e neossomas em relação
às linhas cotéticas e isotérmicas no diagrama Q-Ab-Or, indica, que a
fusão deve ter ocorrido a urna temperatura em torno de 6500C e pressão
entre 5 e 7 kb para os nessomas 10 e 12 e em torno de 4 kb para os gra
nitos. -
Após a sua formação, o magma granítico deve ter migrado pa
ra em seguida cristalizar, formando migmatitos de injeção e corpos in
trusivos. A provável relação da anatexia com a formação das braquiantI
clinais, a ausência de melanossoma e de neossoma bem desenvolvido nos

3.403

-.------ --------
.-

migmati tos sugerem que o deslocamento do magma deve ter si.do significa
tivo, deixando o resíduo da fusão em seu local original a maior prof~
didade.

GEOLOGIA ESTRUTURAL Abreu (1978) descreveu as principais estruturasda


Faixa Araguaia e apresentou uma história das deforma~ões que afetaram
as rochas dessa unidade geotectónica, com base na analise estrutural.
ESTRUTURAS PLANARES E LINEARES As estruturas planares são represent~
das pela xistosidade, bandamento, falhas e fraturas.
Na área de Xambioá-Lontra, a xistosidade das rochas do Gru
po Estrondo possui direção geral submeridiana e mergulho de 10 a 400p~
ra leste, sendo perturbada localmente apenas pelas braquianticlinais e
pelo Lineamento Iriri-Martírios, assumindo direção NW-SE nas proximid~
des deste. Nas braquianticlinais, a xistosidade dos quartzitos da Fo~
mação Morro do Campo é controlada pela presença dessas estruturas, com
direção seguindo a borda das braquidob~as e mergulho de 20 a 300 de _~
cordo com a inclinação dos flancos das mesmas. Nos xistos da Formaçao
Xambioá, nas áreas situadas em torno das braquianticlinais, a xistosi
dade sofreo mesmo controle. -
O Complexo Colméia foi afetado pela tectogênese da Faixa Ara
guaia, apresentando em parte o mesmo padrão estrutural que o Grupo Es
trondo. O bandamento dos gnaisses do núcleo das estrutu~as de Xambioã
e Lontra é concordante com a xistosidade das rochas do Grupo Estrondo
(Abreu, 1978). Entretanto Costa (1980) demonstrou a existência de uma
discordância estrutural entre o Complexo Colméia e o ~ Estrondo, na
braquianticlinal de Colméia.
Vários sistemas de falhas ocorrem na área de Xambioá-Lontra.
Foram evidenciadas falhas transcorrentes de dimensões expressivas e di
reção NW-SE, destacando-se entre elas o Lineamento Iriri-Martírios, i~
portante estrutura regional da Faixa Araguaia reconhecida e denominada
por Silva et aI. (1974). Ocorrem também falhas de empurrão de direção
N-S, principalmente associadas ao anticlinal inverso da Serra dos Mar
tírios. As falhas de gravidade identificadas não possuem direções pre
ferenciais e são responsáveis por estruturas particulares como o ~
de Araguanã. Vários sistemas de juntas verticais e subverticais ocorrem
na área com direção preferencial N-S marcante. Destacam-se, enfim, nos
quartzitos da Formação Morro do Campo, falhas e fraturas radiais prov~
velvemente relacionadas à formação das braquidobras.
As estruturas lineares são representadas essencialmente pe
Ia lineação mineral, bastante freqüente na área de Xambioá-Lontra. E~
ta estrutura é conseqüência principalmente da orientação de minerais
alongados (placas de micas e grãos de quartzo ou feldspato) e está a~
sociada aos planos de xistosidade com direção média em torno de 1000 e
mergulho de 10-200 para leste. Foram reconhecidos, ainda, mais dois ti
pos de lineação; as resultantes da interseção da xistosídade com o ã
camamento.e as lineações determinadas pelos eixos das dobras.
HISTORIA DAS DEFORMAÇÕES Considerando o estilo e a geometria das es-
truturas assim como as relações temporais existentes entre elas, Abreu
(1978) mostrou que a história das. deformações na Faixa Araguaia foi de
natureza polifásica, reconhecendo cinco fases de deformação, observá-
veis na área de Xambioá-Lontra.
Ia. fase (FI) - Dobras intrafoliais de dimensões centimétricas a métri
cas, desenhadas pelo acamamento SO, com formação da xistosidade plan~
axial SI.
2a. fase (F2) - Dobras anisópacas fechadas de dimensões métricas a de-
camétricas, desenhadas pela xistosidade.
3a. fase (F3) - Dobras de crenulação de dimensões centimétricas que se
desenvolveram nas seqüências plásticas.
4a. fase (F~) - Megadobras flexurais do tipo braquianticlinal de dime~
sões quilometricas e decaquilométricas.
Sa. fase (FS) - Dobras isópacas suaves desenhadas pela xistosidade, re
conhecidas na região do Lineamento Iriri-Martírios.

ORIGEM DAS BRAQUIANTICLINAIS As principais estruturas braquianticlinais


da área em questão são as de Xambioá e Lontra. Elas exibem uma forma
elíptica, apresentando duplo caimento do eixo maior, com mergulhos ~m
torno de 10-200. A estrutura de Xambioá possui um eixo maior de direçao

3.404
NW-SE, oom 14 km de comprimento e um eixo menor NE-SW, com 7 km de ex-
tensão, enquanto que a do Lontra apresenta um eixo maior de direção
NNW/SSE com 25 km de comprimento e um eixo menor ENE/WSW com extensão
de 11 km. Existem ainda três outras estruturas menores: as br~dcbras
da Chapada e Morro do Campo, a norte da estrutura de Xarnbioá e a br~
quidobra do Ramal do Lontra, a leste da estrutura do Lontra, parcial-
mente encoberta pelos sedimentos da Bacia do Maranhão.
Abreu (1978) e Costa (1980) sugeriram que as braquianticl~
nais são conseqüências de arqueamento das camadas superiores (gnai.s.ses,
quartzitos e xistos), causado por intrusões diapiricas de plutons gr~
niticos, em grande parte não afloranees.
Estruturas do tipo braquianticlinal podem ser formadas bas~
camente de três maneiras: através de altos do embasmento, por dobrarne~
tos cruzados e por diapirismo. De acordo com os trabalhos de análise
estrutural realizados na Faixa Araguaia (Abreu op.cit.e Costa op.cit.),
a caracterização das braquidobras corno tardias, formadas durante a q1JB!:
ta fase de deformação (F4), assim corno a ausência de dobramentos cruz~
dos, desfavorecem as duas primeiras hipóteses.
O diapirismo é um tipo de intrusão que pode provocar arque~
mento de sua cobertura, originando estruturas dôrnicas. Para tal fenôm~
no ocorrer, entretanto, é necessário que o corpo intrusivo se encontre
em estado sólido ou semi-sólido. Os processos diapíricos foram oti~i-
nalmente identificados nos domos salinos e posteriormente em intrusoes
ígneas corno também em terrenos metamórficos.
Existem duas possibilidades para o diapirismo ígneo: intru
sões em estado sólido de corpos graníticos mais antigos e intrusões ma~
máticas arqueando a cobertura. Intrusões em estado sólido já foram r~
conhecidas e estudadas em algumas regiões do mundo, em particular na
Suécia (Stephansson, 1975 e Lindh, 1977) e na Austrália (Stephansson &
Johnson, 1976). são corpos graníticos do embasarnento que subiram esse~
cialmente por diferença de densidade e esforços tectônicos. Estudos e~
perimentais de Rarnberg (1970 e 1972) e Berner et alo (1972) demonstr~
ram a viabilidade física desse tipo de diapirismo. Por outro lado, s~
gundo Pitcher & Berger (1972) e Pitcher (1979), uma intrusão magrnática
arqueia a cobertura, formando estrutura dôrnica, somente em a:ndições fi
sicas muito particulares. Isto acontece no caso de intrusões forçadas
("forceful intrusions") em que um magrna muito viscoso e quase totalmen
te cristalizado ("cristal mush") penetra em rochas de baixa rigidez-;
próximo à superfície. Trabalhos experimentais de Soula & Borrel (1980)
e Soula (1982) demonstraram que os maciços plutônicos em forma d~ domo
ou cogumelo que deformam a cobertura, sao originados pela intrusao de
um magrna com mais de 70% de cristais, ~presentando com a encaixante um
baixo contraste de viscosidade. Intrusões de magrna granítico com baixa
porcentagem de sólidos e alto contraste de viscosidade com as rochas
encaixantes, normalmente não provocam inten~as deformações nessas últ~
mas, sendo geralmente do tipo perrnissivo ("perrnissive intrusions") em
que o magrna penetra espaços abertos ou zonas de fraquezas.
Estruturas dómicas situadas em terrenos metamórficos precam
brianos do nordeste da Groenlándia têm sido explicadas corno Iesultantes
da subida diapírica da infra-estrutura"migrnatítica (Wegrnan, 1935 e Hal
ler, 1955 in Loczy e Ladeira, 1976). Em conseqüência das condições de
temperatura e pressão elevadas, as rochas dos níveis inferiores tornam-
se mais plásticas e móveis. A infra-estrutura, então, se deforma e for
ça a superestrutura mais rígida, embora de grau metamórfico mais baixõ,
que acaba se arqueando, originando estruturas dôrnicas. Segundo Verhoo-
gen et alo (1970), o embasamento cristalino pode, nessas condições, ser
parcialmente remobilizado pela deformação da infra-estrutura e subir
diapiricamente com ela.
O magrnatismo ácido na Faixa Araguaia, "a julgar pelas oc0E.
rências conhecidas de rochas graníticas foi bastante restrito. Conside
rando que o núcleo das braquianticlinais da Faixa Araguaia é predornin~
temente gnáissico-migrnatítico, o diapirismo granitico corno processo
formador dessas estruturas torna-se uma hipótese muito especulativa,
pois parte de uma premissa não demonstrada que é a existência qe gran
des plutons graníticos não aflorantes sob as estruturas. Além disso,-
considerar os corpos graníticos da Faixa Araguaia corno diapíricos, si~
nifica enquadrá-los em um dos dois tipos de diapirismo ígneo conheci-
dos. As idades em torno de 500 m.a. obtidas por Hasui et alo (1980) e

3.405
--

Macambira (1983) permitem seguramente descartar, para estes granitos,


a hipótese de corpos do embasamento intrudidos em estado sólido. Por
outro lado a espessura da cobertura avaliada em torno de 16 km, de a-
cordo com a pressão mínima de 4 kb em que se deu a fusão parcial, des
favorece a hipótese de intrusão magrnática diapírica.
As braquianticlinais de Xambicá e Lontra apresentam, indubi
tavelmente evidências favoráveis ao diapirismo, tais corno: maior defor
mação na borda dos núcleos gnássicos das estruturas, inclusive o::xn efeI
tos de cizalhamento, e falhas e fraturas radiais nos quartzitos das bra
quidobras. Entretanto o diapirismc granítico proposto por Abreu (1978)
e Costa (1980) carece de evidências concretas no estágio atual de co-
nhecimento da Faixa Araguaia. Parece mais compatível com os dados dis
poníveis, considerar as braquidobras como domos gnássicos deformados
representando individualmente anomalias térmicas (domos termais) e con
juntamente um eixo térmico de direção N-S, situado na borda oriental
da Faixa Araguaia. Em conseqüência da provável anomalia térmica, os
núcleos gnássicos das braquidobras, embora pertencentes ao embasaIT~nto,
foram remobilizados pela tectogênese da Faixa Araguaia, chegando a fun
dir parcialmente. Nessas condições tornaram-se mais plásticos e menos
densos, subindo diapiricamente e arqueando as rochas sobrepostas, ge-
rando assim as braquidobras. Esforços tectónicos tangenciais, com po~
síveis falhamentos associados, podem ter participado no éeslocanento do
embasamento. Embora o magrna resultante da fusão parcial dos gnaisses te
nha sido relativamente restrito, ele teve provavelmente uma função i~
portante no processo diapírico, atuando corno lubrificante na subida do
embasamento. A direção aproximadamente N-S dos eixos maiores das bra-
qui dobras pode indicar que os domos gnássicos foram alongados nesta di
reção, em conseqüência da compressão E-W provocada pela tectogênese da
Faixa Araguaia.
Domos gnássicos de origem diapírica já foram caracterizados
em algumas regiões, corno por exemplo no gnaisse precambriano de Balti-
more, em Maryland, EUA (Olsen, 1977) e no gnaisse cretácico de Okano-
gan, em Washington, EUA (Fox et al., 1976). Esses dois domos gnáissicos
são muito semelhantes às braquidobras da Faixa Araguaia, diferindo ape
nas pela ausência de quartzitos em sua cobertura que é constituída ex
clusivamente por metassedimentos pelíticos.

EVOLUÇÃO GEOLOGICA DA REGIÃO DE XAMBIOA-LONTRA A formação das br~an


ticlinais da área de Xambioá-Lontra, constitui um episódio importante
da evolução geológica da parte norte da Faixa Araguaia, que se estrutu
rou em quatro etapas distintas (Fig. 4). -
1 - Subsidência, sedimentação e magmatismc máfico e ultramáfico pré-
tectónico: provavelmente no início do Proterozóico Superior, iniciou-
-se um processo de regeneração da margem oriental do Craton Amazónico,
constituído pelo Complexo Colméia, que resultou em uma subsiàência re
gional e n? individualização progressiva de uma calha tectónica, onde
se depositou uma seqüência pelítica-psaIT.ítica. No mar raso inici.al acu
mularam-se sedimentos predominantemente psamíticos descontínuos e de
espessura variável. Com o aprofundamento progressivo da calha, a sedi
mentação prosseguiu-se com a deposixão de uma seqüência pelítica con=
cordante à primeira, com intercalaçoes locais de sedimentos carbonáti
coso Enfim, depositaram-se sedimentos do tipo grauvacas, possivelmen
te originados por correntes de turbidez. relacionadas a um período de
aceleração da subsidência. Contemporâneas à sedimentação, ocorreram a
tividades magrnáticas restritas, de natureza máfica e ultramáfica. Es
se magrnatismo foi responsável pela formação de pequenos derrames basáI
ticos e/ou de diques de diabásio, assim corno de corpos gabróicos e ul
trarnáficos intrusivos que se alojaram na seqüência sedimentar e no em
basamento.
2 - Tectogênese: no Ciclo Brasiliano, após o período deposicional,toda
a seqüência foi deformada e metamorfisada na facies xisto verde a anfi
bolito em regime de Eressão média a alta (metamorfismo tipo barrovia=
no), formando-se entao o Grupo Estrondo. Na primeira fase de de forma-
ÇãO_(Fl) a estratificação sedimentar foi intensamente dobrada com.for-
maçao de uma xistosidade plano-axial, iniciando-se ao mesmo tempo o
metamorfismo. Na segunda fase de deformação (F2) a xistosidade foi do
brada e o metamorfismo atingiu o seu clímax com a cristalização da e~
taurolita e da cianita. Em profundidade, o embasamento foi afetado p~

3.406
10 metamorfismo e pelas deformações, chegando a fundir parcialmente nas
regiões das braquidobras. Na terceira fase de deformação (F3), a xist~
sidade foi crenulada e iniciou-se o resfriamento do pacote metassedi-
mentar.
3 - Diapirismo, magmatismo ácido tardi-tectônico e veios mineralizados:
a remobilização e deformação do ernbasamento, ocorridas no clímax do me
tamorfismo, causaram, no final ou logo após este, a subida diapírica-
dos gnaisses do Complexo Colméia.
_
O diapirismo provocou o arqueamento
da cobertura metassedimentar formando as braquidobras, assim corno fa-
lhamentos e fraturamentos radiais nos"quartzitos. Simultaneamente, o
magma granítico, gerado pela fusão parcial dos gnaisses, penetrou nas
rochas dos níveis superiores do ernbasamento e na cobertura, crist~z~
do sob forma de neossomas de migmatitos de injeção e de pequenos cor
pos graníticos intrusivos tardi-tectônicos.
Corno produtos residuais domagmat~smo ácido fo~ veios
pegmatíticos e hidrotermais que se alojaram a partir do núcleo das bra
qui dobras de maneira grosseiramente zonada, controlados pela termicid~
de da região e provavelmente também pelas falhas e fraturas radiais
(Santos et aI., 1982). Esses veios são mineralizados a monazita, hema
tita, ametista, cristal de rocha, turmalina, pirita, rutilo, titanitã
e epídoto.
4 - Falhamentos finais e magmatismo básico pós-tectônico: após a forma
ção das braquidobras, ocorreram diversos falhamentos causados pelo re
laxamento dos esforços. Os sistemas de falhas mais expressivos são o
Lineamento Iriri-Martírios e a zona de falhas transcorrentes observada
entre as estruturas de Xarnbioá e Lontra, que possivelmente deslocaram
a posição original da braquidobra de Xarnbioã, imprimindo ao bloco por
eles limitado, um giro de quase 900 para oeste.
Pequenas intrusães gabrócias pós-tectônicas do final do Pro
terozóico Superior ou do início do Paleozóico, cortaram as rochas dõ
Complexo Colméia e do Grupo Estrondo. No Paleozóico foram depositados
os sedimentos da borda ocidental da Bacia do Maranhão (Formação Pimen
teiras e Pedra de Fogo). Falhas de gravidade, provavelmente do final
do Paleozóico, levaram à formação do graben do Araguanã.

AGRADECIMENTOS Os autores apresentam seus agradecimentos ao Conselho


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq.) e Finan
ciadora de Estudos e projetos (FINEP) pelo apoio financeiro dado a es
ta pesquisa.

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3.409
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TABELA 2 - Comparação química entre os gnaisses de Xambioá-Lontra(GO),


grauvacasarqueanas, ortognaisses e rochas graníticas.

Xanbioá- Grauvacas Gnaisses


Rochas Graníticas
Lontra Arque an as Trondh;erníticos
-
x A B C D E F G H I
8i02 71,90 63,20 64,43 71,00 71,00 69,90 72,08 66,88 66,15
6 9 , 15
Ti02 0,24 0,50 0,62 0,29 0,22 0,20 0,37 0,56 0,57 0,62
A1203 14,90 15,30 15,48 15,30 15 ,80 16,20 13,86 14,63 15 , 6 6 15,56
Fe203 0,94 0,99 6,54 (t) - - 0,30 0,86 1,22 1,33 1,36
FeO 1,61 4,26 - 2,1(t) 1,5(t) 1,40 1,67 2,27 2,59 3,42
MnO - 0,07 0,07 0,04 0,02 0,02 0,06 0,06 0,07 0,08
MgO 0,52 3,42 3,12 0,80 0,70 0,88 0,52 0,99 1,57 1,49
CaO 2,44 2,76 2,22 2,90 3,00 2,70 1,33 2,45 3,56 4,65
Na20 5,06 3,51 3,74 4,90 5,30 5,12 3,08 3,35 3,84 3,90
K20 1,87 2,09 2,44 1,50 1,50 1,60 5,46 4,58 3,07 1,42
P205 0,15. 0,11 - 0,09 0,08 0,07 0,18 0,20 0,21 0,22
H20 0,52 2,37 - - - - 0,53 0,54 0,65 0,69
TOTAL 100,15 99,10 98,66 98,92 99, 12 98.39 100,00 100,00 100,00 100,00
Rb 62 58 88 69 32 20 - - - -
8r 377 457 424 380 562 744 - - - -
Ba 707 566 - 232 818 530 - - - -
Zr 132 - 196 120 124 110 - - - -
x Média dos gnaisses da área de Xarnbioá-Lontra(GO) (6 amostras).
A Grauvaca arqueana de Minnesota/EUA (Arth & Hanson, 1975).
B Grauvaca arqueana de Wyoming/EUA, média de 23 análises (Condie
1967) .

C Gnaisse trondhjemítico de Arnitsoq-Groenlândia, média de 16 análi-


ses
D Gnaisse trondjemítico de NUk-Groenlândia, média de 8 análises (ME
Gregor, 1979).
E Gnaisse trondhjemítico de Wyoming/EUA (Barker et al., 1979).
F Média dos granitos, 72 análises (Wedepohl, 1969).
G Média dos adamelitos, 121 análises (Wedepohl, 1969).
H Média dos granodioritos, 137 análises (Wedepohl, 1969).
I Média dos tonalitos, 58 análises (Wedepohl, 1969).

TABELA 3 -.Comparação entre a composição dos gnaisses de Xarnbioá-Lontra


e a definição química de.trondhjemito segundo Barker, 1979.

Definição de Trondhjemito
(Barker, 1979 ) Gnaisses de Xambioá-Lontra

8i02 68 - 75% 69 - 74%

A1203 > 15% com -70% 8i02 >15% com 71% 8i02
< 14% com -75% 8i02 -14% com 73% 8i02
FeO + MgO < 3,4% -2%
FeO / MgO 2,0 - 3,0 -3
CaO 1,5 - 3,0% -1,8 - 3,0% (x = 2,44%)
Na20 4,0 - 5,5% -4,2 - 5,9% (x = 5,06%)
K20 -2,0% -1,0 - 3,3% (x = 1,87%)

3.410
PARÁ

"

... - -. ,õ.
... o
I
5 10Km
I ,
.
'7'
Pe:AMIANO
EIXO elE ANTlrrOfltMA. COM CAIMENTO
"ORMAÇÃO p.O DE ~OOO
ot) QUANDO INDICADO
O':VONI ANO
'õN ..O AÇÃO P''''.NT.,,,_
lUXO DE SIN..O..MA. COM CAI NTO
O QUANCO INDICADO
11I ..OO"DÂMOI""'-"--
.J
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Q. ANTICL'NAL. INV O

.... CONTATO a_OLóaICO

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+ +.
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AÇÃO
- FALHA T..AN.CO NTIE

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101
""
AN"'80L'TOS
.':..P.NTINITO.
11111
_ ""ATU"A

I SÓO"ADA
"AL.MA INDISC..IMINADA

o "O"...AÇÃO MO""O DO ~XI.TO.,DADE


o li! Q. .,.:.. C"""'PO
I!: ::J
L
1
[J]:.: O..TOQUAfOT%ITO.
I!: i." '.. .
',' MU8COVITA-QUAfOTZITOS
~CIDAD. O V IL.A

" 0..0
':"
0.....---- ..T"ADA ~C".NACJ_...

r: ....COMPLEXO COL...':IA
101
~ ~
- If"~
~ O..TOQNAI
} ;'>-4-
~ 11
FIGURA 1 - Mapa GeológloO da região de
O _ ""Q"'ATITO. .... Xambloá - L..ontra(GO)
I::
Q.' { ~:.I.:
AN"180LITOS I.

3.411.

u ~
K
+ QUARTZO
+ PLAG - Na

1& MÉDIADOS 8RANITOS


MÉDIA DOI TONALITOI
c e " MÉDIA DOI 811ANOOIORITOI

An

8R ANÓFIROS CO~~IIIENTAIS

~
10

· 10
&.12
17
+ I
'~i
8A.A~rOa TRONDHJEMITOI
1ft A'.
~~0~E"7, .2 t', CONTINENTAIS
1,0
4'a 'COa .
4
,
.

0,1

0,0
80 70 80 Si 01

FIGURA 2 - Rep~_nta9ão doe gnal..e., mlgmatitoa e granltoe da r.glao d. Xambioó-L.ontra(GO),


no. ..gulnt_ diagrama.: a) Diagram_ ACF - .alFK j campa. ..gundo Winkl.r (1976).
b) Diagrama normatlvo An -Ab-Or j campoe ..gundo Barker (1979). c) Diagrama 810./ KrzO j

campa. .egundc Malpa. (1979)

.<:Inal.... . Pal.a..ama 4. N.o..oma + Granito.

3.412
FeO + FezOs

Na

o
E
c.
c.
Q:
""

Ab Or

o LINHA COTÉTICA
LINHA IIOTIÉ"MICA(TEM""ATURAS OE FUSÃOI

Srppm

FIGURA 3 - R.pr._ntac;êio doe gnal mlgmatlto. 8 granito. do r.glão d. Xambloó -L..ontralGO)


noe .&Qulnt.. diagrama.: o) Diagrama I< - Na.-Ca; "Tr.nd." ..gunclo ColI.r.on. Srldgwater
(1979). b) Diagrama A~M; Campo. 8 "Tr.ncla" ..gundo Col.man. Donato (1979).
c) Diagrama Rb/Sr. Campo. ..gundo Coleman 8 Donato (1979). d) Diagrama normatlvo
Q_Ab_Or. Campo. Incluindo 86% do. rocl'la. granlticas ,linha. cot.tlca. . t.mp.ratura.de
fu.ao ..gundo Winlcl.r (1976)

. Gnai.... Â Pal.o..oma ~ N.o..oma + Grani to.

3.413

-------
--

c;: o
Q: ...J
(.J
1&.1
C3

QUARTA ETAPA
N EROSÃO
O
1&.1 OEPOSlçAo DA BACIA 00 IIARANHÃO
...J IIAGMATtllIO BÁSICO POS. nCTÔ.
c;:
D. NICO

FI!- FALHAIIENTOS POS TECTÔNI-


-
COSo
RELAXAIIENTO OOS ESI'OIlÇOS =::
"
TERCEIRA ETAPA

{VEIOS HIDIIOTER-
VEIOS MINERALI. IIAIS
ZAOOS PE.IIATITOS

a:
O F. -
"ORIIAÇÃO DAS 811AOUIAIITICL I-
a: NAIS.
1&.1
D. DIAPIRISIID,INTRUSÁO GRANIT'CA
;:) E MIGMATI ZAÇÃO 00 EII8ABAMEN.
(/) O TO.
Z
c;:
O SEGUNDA ETAPA- T8ctD9i_
(.J ...J
I'ORMAÇÃO 00 8RUPO ESTR08IOO.
'0 (/)
RUI'IIIAIIEIITO DO PACOTE'IIE-
N C
O TA8UDIIIEIITAR.
a:
11: In Fa-CIIEIIULAÇ,iO DA XIS TOS IDADE.
1&.1
.... "U.ÃO PARCIAL.
O CLIIIAX DO IIETAMORI'18MO.
11:
D. Fz-_AIIEIIT08 DA XI.TOIIDADEo

t=;.-XI~T08lDADE (8t)
IIIICIO 00 IIETAIIOItl'ISIIO.

-- ---
PRIMEIRA ETAPA

SU8.loiIlCIA.
TICA
'1DIIIEIITAÇio
iTICA E IIA8MATIIMO
PELI-
- -- --
-- --
- P'AM
.ÁSICO -
UL TRA....ICO PRÉ-TEC- ,.......
(.
TÔNICO. .o.:.... ..0...
. .._.

11- \\~ \\
\\ ~
::."--
COMPLEXO COLMÉIA ORTOGNAISSEB TIIOIIOH.lEMíTICOS DO NÚCLEO DAS ESTIIUTUIIAS DE
XAIIBIOÂ E LONTIIA (EM8A8AMENTDJ

COMPLEXO
(
COLMEIA
EMBASAMENTO J

MASIIA GRANITICO
- DIIIEÇÃO DO ESFORÇO
TECTÔNICO

ARENITO/ QUARTZITO
\ PE8MATITO

VEIO HIDRDTEIIMAL
O

+ + V V ROCHA BAULTICA / AIII'18O.


+ 8""NITOS E MIClMATITDS SEDIMENTOS PELITlCOS V
+ + V V LITO
,.J
SEDlIIENTOS PALEOZÓICOS ";r' IIICAXISTO ~ROCHA ULTRABÁIICA / 'ER-
r',.; PENTINITO

"ALHAS E "ATURAS 8A8110


T
FIGURA 4 - Quad,.o _quemáttco da evolução geológica da ,.eglão d8 Xcambloó-l..ant,.ca(GO)

3.414
SIMPÓSIO SOBRE MAPAS METALOGENÉTICOS

-------
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO. 1984

A METALOGENIA E PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS DAS FOLHAS


NB.20.Z-D/NB.2o-Z.B/NB.2'.Y-C E NB.2'.Y.A, TERRITORIO FEDERAL DE
RORAIMA
Nelson Joaquim ReiJ
Manoel Robeno Pessoa
Geólogos da CPRM

ABSTRACI' ']he Metalogenetic and M1neral Resources Previsional Maps Prcgram carried out
hew areas of interest to mineral surveys, still portraying that known already areas. 'lbe
project was divided in boA:>parts: ane, concerning the elal::oration of service's maps (g~
logic, tect.onic, li thologic, geochronologic, mineral occurrences, geochemical, geophys~
cal and bulk samples maps), and the other, the metalogenetic and previsional maps. A tec
,
tonic-stratigraphic division was elaoorated, enclosing units since Archean to Recent ti
mes. By aerogeophysical data interpretation was possible to identify basic bodies and
acid features (possibly piroclastic bands in the Foraima Group). Geochemical datas fa
voured the mineral recognition by innumerable ananalies. Gold and diaIrond are the rrore
important investigation of the Território de Foraima. Others mineral resources are ci
teci: ~, Bi, Sn and Be in plutonic rocks ,and Fe, Pb, Zn, 'Pq, ~ and eu in volcanic r§:
cks, b::>th belong to Uatumã eventj TJ-']h are ascribed to conglaneratic rocks of the Forai
ma Group, and gold relateci to the alluvial deposits.

1. mm:DUÇl!D - As folhas NB.20-Z-D, NB.20-Z-B, NB.21-Y-A e NB.21-Y.,.c constam do Projeto


Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Reolrsos Minerais, que faz parte do ccnvênio DNPMI
C!?RMiniciado no 29 sanestre de 1981, tendo caro meta o estabelecimento em mapas de re
giões mineralizadas e mineralizáveis e os fatores que controlam estas mineralizaçães:-
visando fornecer parãmetros econânicos que possam despertar o' interesse a novas pe~
sas na região, 1:en caro desenvolver aquelas áreas até então trabalhadas de maneira ele
mentar, procurando ainda anpliar a distriluição de I!D.li
tas ocorrências. -
vários trabalhos foram realizados nesta área, destacando-se aqueles atribuídos a
GOJ:MARAEs(1930), TATE (1930), BAROOSASeR2\M0S (1959), OOOMAN(1959), OLIVEIRA et al
(1969), RAMGRABet al (1972), a::MFIM et al (1974), BRAUN (1973), MJNrALv1SDet al (1975),
ME:rDet al (1978) e PESSOA, PINHEIRO SeCAMJZZA'ro (19801 dentre outros.
Caro mapas finais do programa foram apresentados: Carta Metalogenética, Carta de Pre
visão de Recursos Minerais e Carta de Previsão para Planejamento de Ações GovernamentaiS':
A CARI'A ~CA enfoca a geologia da área e sua associação metalogenética ,
tendo caro base os mapas de serviço, notadamente os tect.ono - estrutural e Utc ambien
-
-
tal que são priIrordiais no controle das ocorrências e sua possível extensão.
A CARI'ADE pREVJ:.Sj\O DE REX:DRSOS r-crNERAIS refere-se a distribuição das áreas de ocor
réncias minerais conhecidas através de estudos anteriores, 1:en caro as áreas possíveiS
de conterem mineralizaçães. O objetivo precípuo é 1àvar ao minerador todos as infODl'la
çães de recursos minerais disponíveis, tentando despertar o interesse para novas ~
sas.
A CARI'A DE PREVIsAo PARA PUINEJAMEN'ro DE AçOES ~S fornece aos órgãos can
petentes blocos de áreas que merecem atenção por parte da pesquisa através de levantameI1
tos diversos (mapeamento geológico, prospecçães geoquirni.ca e geofísica), objetivando cciii
plementar as infonnaçães existentes. -
As folbas parciais aqui referidas ocupam juntas uma área de aproximadamente 17.438
Km2 e ocupam 8% de todo o Território Federal de Foraima, perfazendo quase 600 Km de fron
teira can a Venezuela e RepÚblica da GUiana, esta em grande parte através do rio Maú:-
(figura 1). Ressaltam-se aí as serras Pacaraima, rrontes Foraima (trijunção Brasil Vene -
zuela -
Gtliana) e Caburai,
QuinÔ, Surumu, ViruaquiIn e parimé.
tendo caro principais drenagens os rios Maú, Catinga,
A maioria destes drenes estão confinados a um
Uailan:-
pa
drão estrutural t-.W-SE-NE-SWe até meSIOON-S, rrostrando uma rede de fraturarnentos que
muitas vezes atingem vários quilânetros de extensão.
acesso à área é feito por via terrestre
O e a aérea. A principal rodovia, BR-174 ,atra
vessa a região no setor ocidental, na direção aproximadamente norte-sul, adentrando - se

3.415

----
na Venezuela. Algumas estradas secundárias ligam vilas e lugarejos até a capital Boa
Vista durante apenas 7 meses do ano, por ocasião do verão. A rrovimentação de aviões a~
menta principalmente durante os meses de chuvas, quando as estradas ficam praticamente
intransitáveis. Quase todas fazendas e áreas de gariltp:Js possuem suas pistas de pouso
para aviões pequenos, em geral m::marotores.
Alguns recursos minerais tais caro o ouro e diamante são de há rm,lito conhecidos e ex
plorados; é o caso da frente de garj,mpo Q..linô/Cotingo que desenvolve-se sob a coberturã
de platafoma Roraima (Proterozõico Médio), cujos conglanerados são cliamantiferos e auri
feros. Na bacia do rio Quinõ destacam-se os garj,mpos SUapi, Serra Verde, Piolho e Caju;
no rio Cotingo, Puxa-Faca, Bandeira Branca, Agua Fria e Viat.name. Ao longo do rio Maú,
também em litologias sedimentares do Grupo Roraima, tal exploração vem sendo realizada
em várias localidades, destacanc1c>-se aquelas de Xiriquí, Catuqui, r-tlturn, Apertar da Hora
e Cascavel. O ouro situa-se nos aluviões pleistocênicos e holocênicos associados ao
Grupo Roraima, e secundariamente àqueles da suíte MetamSrfica Maracá, de idade arqueare.
CXltras ocorrências tais caro Mo, Fe, Ol, U-Th e bauxita tem sidQ assinaladas, porém
são de menor j,mportância na área.

2. ESTRATIGRAFIA

2.1 - suíte Metam5rfica Maracá


res às rochas mais antigas do Território,
-
Várias referências
sem contudo fornecer
foram feitas
parâmetros
por alguns
mais
auto
especifI
cos no que refere a sua distriliuição e relação estratigráfica. BRAUN8<~ (1972) ii1
trcx:luziram a denaninação "Associação Maracá", para caracterizar rochas graniticas, gnais
ses, rnigmatitos, anfibolitos, xistos e quartzitos, que apresentavam uma orientação estrÜ
tural noroeste. BCMFIMet al (1974) sugeriam a denaninação "Cat1?lexo Q.1ianense" a se
qiiência de rochas metamSrficas ao norte de toda a extensão da bacia do l\mazonas. M::NT2\L
vAo et al (1975) adotaram a proposição daqueles autores, individualizando na mesma uni
dade um conjunto litológico o qual denaninararn Granodiorito Rio Novo. A!ME:IDA (1974)"reu
ne metassed:imentos e metabasitos aos fácies anfibolito e granulito, can frequência de
rnigmatitos e intrusões graniticas às porçÕes mais antigas do Craton J\mazônico. ISSLER
(1975) propõe o abandono do tenro "Associação Maracá", em função de "Cat1?lexo Gdianense"
.e, posterioxmente MEtD et al (1978) admitem a utilização da denaninação "Maracá" basean
c1c>-se na prioridade cronológica (BRAUN8<RM1GRAB, 1972) ao E!!1prego de "Gdianense", umã
vez que sanente os litótipos graniticos representam o embasamento desta área em foco, não
ocorrendo quartzitos, xistos, rnigmatitos, etc., descritos por B:MFIM et al (1974) a su
doeste da área. ~~do na proposição efetuada por PINHE:Iro et al (1981) à porção ocI
dental do Território Federal de Roraima, onde os autores designam de 9.lite MetamSrficã
Urar~era ao conjunto de rochas presumidamente arqueanas caracterizadas por metatexi tos
e diatexitos de ampla variação caIp:)sicional, propêe-se neste trabalho uma analogia era
noestratigráficq. porém não totaJmente litoestratigráfica, rnantendo-se a utilização dÕ
teJ:mo "Maracá", prioritários na área (MEtD et al, op.cit.), caro "suíte MetamSrfica Ma
racá", de acordo can RCCI<(1981) que define o tenro "suíte" caro conotati vo à rochas cO
magmáticas, implicando que se fomaram de um magma ou a uma faixa 1irni tada de magmas sI
rnilares, estendendo também a possibilidade de serem relacionadas rn:da.l e temporalmente:-

2.2 - Granito Aviaquário - A denani.nação "Granito Aviaquário" é atr:i..J::uÍdaa MEtD


et al (1978) para designar rochas graniticas de idade pré-Uatumã (1800 a 1900 m.a), dis
tintas daquelas assinaladas à suíte MetamSrfica Marcá, no que tange a seus caracteres
quirnicos e petrográficos. Representam biotita-granitos e adamelitos. Os critérios f0te
interpretativos não são suficientes para que se delimitem tais corpos, haja visto que
!IU.litos de seus contatos apresentam-se por falha e nem sE!!1pre fornecem um padrão textural
que os diferencie daqueles mais antigos e mais jovens (Uatumã/Parguaza). }\Credita-se
que !IU.litos dos corpos assinalados à esta unidade estejam pendentes a uma melhor averigua
ção, uma vez q1Je rrcrfológica e fisiograficaIIJente não diferem daqueles outros. Correlã
dona-se ao Granito r-tlcajai do oeste do Território, 1>.damelito Agua Branca (NE do l\mazõ
nas e SE de Roraima), Granodiorito Parauari (SE do Pará), Granito South Savana da GW..ã
na e granitos do Cat1?lexo SUpaIro da Venezuela. -
2.3 - 9.lpergrupo Uatumã

2.3.1 - GrupoSUrurm.l
- Correspondea porção extrusiva do Uatumã,compostapor rochas
ácidas (riodacitos, dadtos, riolitos), intermediárias (andesitos, latitos) e piroclásti
cas (tufos e brechas). E: o conjunto de li tologia equivalente a maior área das folhas
aqui mencionadas. Tem sido identificadas desde o trabalho pioneiro de OLIVEIRA (1929) ,
can posterior citação e melhor amplitude de distribuição e posicionamento estratigráfico
por uma infinidade de autores. Inúmeros "stocks" graniticos subvulcânicos pertinentes a
suite Intrusiva Saracura, intrudern nas rochas vulcânicas do Grupo Surumu. Estas unidade
é correlacionãve1 às vulcânicas Iriri e Iricoumé , respectivamente ao sul e norte da ba
cia do l\mazonas; Fonnação Iwokrarna e vulcani tos do Grupo Kuyuwini da Güiana,. Grupos ru
3.416
chivero, Ia vergareiia, Pacarailna e FonnaçÕes Cinaruco e Caicara na Venezuela, e Fonnação
Dalbana do Suriname.

2.3.2 - suíte Intrusiva Saracura - RAM:;RlIB, OCMFIM & MANDE'ITA (1971) denani.nararn de
"Granito Saracura" a um corpo granítico intrusivo nos vulcanitos Surtmu. un ano após,
individualizaram pequenos corpos granofiricos (Granito 2) e um "stock" leocogranítico n!
tidaIrente intrusivo o qual denaninararn "Granito 1", diferenciando-se daqueles arqueanos.
ERAUN (1973) consideroo caoo "Granito 1 "todos aqueles admitidos caoo mais antigos que
o Grupo SUrumu. Cutros trabalhos tais caoo de OCMFIMet al (1974), MUNIZ & DALL ArnOL
(1974), MJNTAL~ (1974,1976), MJNTALOO et al (1975), ISSLER (1975) BASEI & TEIXEIRA
(1975), SANTOS(1976), SANTOSe REIS NETO (1982), e SANTOS(1982), enfatizaram aspectos
petroquímicos, petrogenéticos e radianÉ!trico9 nestes corpos granitóides. O tenro "Suf
te Intrusiva Saracura" foi ~regado por MEtO et al (1978). Possui correspondência cc:rn
granitos Mapuera, Maloquinha e Serra dos Carajás, respectivatrente a norte e sul da ~
cia do Amazonas e l\W do Pará; granitos dos grupJs :Blrro-aIrro e Fl1yuwini na Gliana, Gr~
cito La paragua da Venezuela e granitos do Canplexo granitóide-vulcânico do Suriname.

2.4 - GrupoRorailna- Esta unidade definida por REm (1972) na Venezuela,constitui


uma sequência de sedimentos de co1:ertura de platafoma, depositada em ambiente contin~
tal, lagunar e/ou marinho raso. Caracteriza-se por uma sucessáo ribnica psamítica englo
bando arenitos conglaneráticos, conglanerados, arcóseos, subarcóseos, suJ:grauvacas e ar~
nitos ortoquartzíticos, onde intercalarn-se possive1mente em sua porçáo mediana, rochas
vulcanoclásticas de caráter ácido. Várias tentativas de identificação dos níveis que
foJ:Inalizam o pacote Roraima tem sido elal::oradas, seja através de processos aerogeofísi
cos, fotointerpretativos, radargrarnétricos e mesne aqueles de mapeamento regional, tendO
caoo última referência o trabalho de PINHEIRO.et al (1981) para seclimentos da porçáo
nor-ocidental do Território, especificamente às serras Uafaranda e Urutanim.

2.5 - Diabásio Avanavero - A teJ:Ininologia "Diabásio Avanavero" foi adotada por ME


ID et al (1978)em corresporx1encia a "Avanavero Dolerite" a1pregada no Suriname por
GROENEWEX;& OOSMA (1969), desativando anteriores d.enaninaçÕes caoo Diabásio Pedra Preta
(MJNTAL~ et al, 1975), e suíte Intrusiva Roraima (RAM:;RABet al, 1972). Constitui na
área, extensos "sills"e 1'1UII2rOSOS
diques básicos de grande attqJlitude que seccionarn as
unidades precedentes. Três "sills"de grande representatividade são evidenciados e d~
minados de Arai, QuinÔ e Ailan. O verdadeiro posicionarnento destes "sills" can relaçao
aos níveis de sedimentos do Grupo Rorailna aiI1da não são bem conhecidos, podendo admi
tir-se que estes representam o limite entre as várias fonnaçées que constituem toda a se
qttência sedimentar, e sua jmplicação no posicionamento e condicionamento mineral (ouro e
diamante), importante ao Rorailna, também é I!Dtivo de especulação. Correlaçées sáo feitas
à suíte Básica Crepori do SWdo Pará, e Fonnação (}.larentaIlhas do NE do Amazonas; dole
ritos Avanavero e Kayser do Surinarne; doleritos e gabros da Glli.ana e Diabásio Avanavero
das províncias Clchivero e Rorailna, Venezuela.

2.6 - suíte Básica ~í - Esta suíte é definida por rochas extrusivas e n~


50S diques de carater toleJ.tico e alcalino, can estruturamento em NE, encaixados em fa
lhas e fraturas que seccionarn as unidades descritas anterionnente.. Tais manifestaçÕes se
processaram a partir do Triássico, estendendo-se ao Jurássico, e são consideradas par
cia1l!1ente caoo representantes da fase hipoabissal que precedeu os derrames basálticos e
andesíticos da suíte. Possive1mente, parte destesdiques estão oorrelacionados ao magma
tisne básico Avanavero, embora a escassez de dados petrográficos e químioos não penni. taIii
aiI1da uma melhor oonclusáo. Correlaciona-se às básicas Periquitos e Seringa respectiva
mente ao sul e norte da bacia do Amazonas, Cassiporé do Amapá, Apatoe do Suriname e bã
sicas do Grupo Rewa da Glli.ana.

2.7 - FonnaçãoIba Vista - Foram BAROOSA& IWoDS (1959) que propuseram tal denani
nação estratigrãfica para sedimentos que carrpõan a oobertura cenozóica do Território. RS
presentarn principa1n'ente arcóseos e S1.Jbarcóseos, encerrando em sua totalidade rochas ce
nozóicas mais antigas, cuja deposição, provavelmente terciária não deve ter atingido õ
Pleistoceno, havendo distinçáo litológica e cronológica quanto as areias interfluviais e
aluviões roodernos. A Fo:rmaçáo Boa Vista pode ser oorrelacionada às fonnaçéesde idade
terciária do Grupo Corentyne (fo:rmaçées Nappi Iaterite) e t-brth Savanna (também reconheci
da caoo Berbice e White Sand) e fonnaçÕes M::It1baka,Montganery e Mackenzie, respectivamen
te a sul e norte da Glli.ana. -
2.8 - Depósitos recentes e sub-recentes - Tais depósitos sáo constituídos por a
reias e cascalhos,
e sao a:xmms ao longo dos principais cursos d' água que cat1pÕan a atUal
rede da área. Esta sedimentação holocênica enoontra oorrespondência na Gdiana através do
Grupo Corentyne (Fonnação Rivers) e Fo:rmaçãoDemerara, respectivamentea sul e norte da
quele país.

3.417

~-

-------..
3. OCORR!:NCIASMINERAIS E SEUS ASPEC'IDS MEI'~(x)S

0J..r0 - O ouro está concentrado nas aluviões cenozóicas (pleistocênicas e holocênicas)


oriundas do Grupo RoraiIna e suíte MetamSrfica Maracá, sendo extraído principa1mente por
garimpeiros. As ocorrências diamantíferas dos rios Maú, Cotingo, SUapi e Quinô, encer
ram t.ambán concentrações aurÍíeras. Os "placers" constituem o tipo de depósito mais
~rtante na região, que atualemente concentrarn-se nas aluviões de rios e igarapés. A
gênese do curo está vinculada mais prirrordialIrente nos sed:ill1entos basais do Grupo Rorai
ma e às rochas mais antigas pertencentes ao anbasamento. Na atualidade, a CPRMvem de
senvolvendo trabalhos de avaliação do potencial aurífero ao longo das aluviões do rio
Quinô.

Di.amarite - As ocorrências diamantíferas da área estão situadas nas aluviões distribuí


das nas bacias dos rios Maú, Cotinga, Suapi e Q..J.inÔ, correspondendo a maior concentraçãO
garimpeira deste mineral no Território Federal de Roraima (figura 2). Concentrados nos
sed:ill1entos basais conglaneráticos do Grupo Rorailna (Proterozóico Médio), o diamante en
contra-se relativamente próximo a faixa de litótipos básicos e ultrabásicos (confOI:me
PESSOA, PINHEIRO & CAMAZZA'ID,1980), tendo os autores admitidos que a fonte prirrordial
diamantífera esteja provave1mente relacionada às chaminés kirnberlíticas, atua1mente bas
tante alteradas e que outrora foram retrabalhadas, encontra-se agora, englobados nesteS
sed.iInentos. As aluviões diamantíferas são recentes a sub-recentes, sendo cat;JOstas de
cascalhos que ocorrem nos leitos e planícies fluviais atuais, resultantes do retrabalha
mento do Grupo Roraima. Foram registradas até o presente m.:mento, cerca de vinte e cil1
co localidades cujos trabalhos mineiros vêm sendo desenvolvidos há bastante te!tp:>. ÁS
sociado ao diamante, tan-se secundariamente o ouro.

Molibdênio -As principais ocorrências de rcolibdenita nas referidas folhas ,distribuem-se


na serra do Mel (1), fazenda Moreninha (1), serra do Banco (2) e igarapé CaranguejQ (1),
todas situadas na folha NB.20-Z-D (figura 2). Seu aspecto genético não está inteirçunen
te explícito, tendo sido relacionado às rochas graníticas e às zonas de falha por MELÕ
et al (1978). Estes autores atribuem ainda uma maior concentração ao Granito Aviaquário.
(Proterozóico Inferior). Contudo, admitindo-se a dúbil veracidade de tal denaninação a
alguns corpos graníticos da área, acredita-se que uma relação dos corpos intrusivos ti
.
pc>-Saracura (proterozóico Médio) seja mais plausível, uma vez que as serras do Mel e do
Banco, pertencentes a esta unidade, possuem também ocorrências de rcolibdenita. .Ademais,
a ocorrência embora pequena, de rcolibdenita dissaninada em:rc:dias vulcânicas do Grupo
Surumu (igarapé Caranguejo), rcostra que este bem mineral possui uma distribuição mais
amplo do que anterionnente citada (KtJYtMJIAN & OLIVEIRA, 1972; B:MFIM et al, 1974; MELO
et al, 1978).

A ocorrência da serra do Mel foi verificada em três afloramentos de biotita-granito ,


e consiste em pequenas lamelas de rcolibdenita que distribui-se irregulannente e disse
minada, associada can pirita e ocorrendo na zona de contato do granito da suíte IntrusI
va Saracura e vulcanitos do Grupo Surumu. -
k;ruela da serra do Banco, consiste em vênulas de quartzo leitoso can disseminações
de rcolibdenita, .encaixadas no biotita-granito Saracura. As lamelas deste mineral atin
gem até 5 rn:n. A 2 IW da referida localidade (sudeste), desenvolvem-se palhetas de rcollb
denita associadas a diques de rnicrogranitos de até 10 an de largura, que seccianarn o
biotita-granito.
A ocorrência de rcolibdenita da fazenda Moreninha (bordo nordeste da serra Perdiz) ,
perfaz um filonete de quartzo can 2 an de largura orientado segundo N 25 E, encaixado no
biotitagranito. Ocorre em pequenas lamelas que distribuem-se aleatoriamente no veio.
A rcolibdenita do igarapé Caranguejo (500 m a rcontante da fazenda Silêncio), ocorre
cx:m:> dissaninaçÕes em rocha vulcânica ácida (riodacito a dacito), associada a pequenos
cristais de pirita. Esta área perfaz um extenso lajeiro ao longo do referido igarapé,
tendo porém sua concentração se limitado a apenas umas pequenas três pontuações.
Cobre - uma única referência à ocorrência de cobre, foi efetuada por BCMFIMet al (1974) ,
onde os autores verificaram no igarapé Araçã, próxim:> a borda noroeste da serra do Mel
(figura 2), a presença de disseminações de calcopirita can covelita e pirita associada,
nos planos de traturas de rochas vulcânicas cataclásticas do Grupo Surumu. KtJYtMJIAN &
OLIVEIRA (1972) realizaram o processarnento analítico de aroc>stras de rocha e solo,dem:ms
trando um estreito relacionamento das áreas anânalas de eu, Zn,Mo e metais pesados, cc:iii
as estruturas de falhamentos e contatos entre granitos e vulcânicas. Poderia-se esperar
que as rochas vulcânicas ácidas e intermediárias pudessem incluir boas perspectivas para
concentração de sulfetos metálicos, mas até o presente m:rnento, tal fato tem se rcostrado
insignificante, merecendo certamente uma reavaliação na pesquisa do ambiente concentra
dor de tais sulfetos, vistos que em similares li tologias estudadas durante o curso dO

3.418
Projeto Sulfetos de Uatmã (VErGA JR. et al, 1979), o carp:>rtamento verificado no estudo
do cobre foi nitidamente irregular. Una relação de rochas básicas Apoterí (Mesozóico) e
Avanavero (proterozóico Médio) que carpSem dois tipos magmáticos nas referidas folhas ,
podem possibilitar uma melhor averiguação à ocorrência e distribuição dos sulfetos metã
licos.

Ferro
raem
-Roraima
caro referido
(setor
por PESSOA, PINHEIRO & CAMOZZAID(1980), a potencialidade
oriental) é limitada, sendo apenas conhecida a ocorrência
ferrífe
do igara
pé Paricarana (folha NB.20-Z-D-IV, figura 2) que é apresentada sob foma de minério h~
títico intercalado aos tectonitos vulcãnicos Surumu. Una possibilidade não descartada es
taria relacionada às fomaçÕes ferríferas bandadas que possam existir no setor ocidental-
do Território, concernentes as litologias da 'SUíte Metam5rfica Parima (PINHEIRO et al,
1981) e correlatas as rochas do Grupo Cauarane(MEOO et al, 1978), situadas mais a sul
e sudoeste das referidas folhas aqui relacionadas, jã que os maiores hospedeiros mun
diais de depósitos em ferro situam-se nestas fomaçÕes, que anbora de grande signific~
cia no Proterozóico, incidem também no Arqueano, 000e estão menos expostas e preserva
das. KALLIOKOSKY(1965) faz menção às fomações ferríferas existentes na Venezuela,conS
tituindo litologia concernente ao Cat;>lexo Imataca, área esta reconhecidamente caro uma
das mais antigas da Terra.

4. AVAUAÇ1.o~CA - Durante o transcurso do Projeto Molibdênio em Roraima (MErDet


al, 1978) pela CPRM, foram efetuadas prospecçÕes geoquímicas e aluvionares objetivando
uma avaliação do potencial da área para as mineralizações em m:>libdênio. De maneira ge
ral, as rochas graníticas pertencentes as unidades SUíte Metam5rfica Maracá, , GranitO
Aviaquário e SUíte Intrusiva Saracura, tiveram real iItp:>rtãncia na prospecção aluvionar
(concentrados de bateia).
Os resultados espectrogrãficos dos elementos Ca, Cu, Mo e Sr não foram geoquímicamen
te consistente, sendo que o Mo foi considerado devido seu baixo índice de detecção ~
Ia área. Da mesma maneira o foram o Cu, Pb e Zn, sendo favorecidos pelo método de' absor
ção atânica. -
A prospecção aluvionar executada, apresentcu apenas resultados razoáveis quanto à
identificação daquelas litologias graníticas, resultados estes aliados a uma série de fa
tores tectonc-geolÕgicos e químicos.
Una síntese infomativa acerca dos elementos e sua distribuição estã assinalada aba!
xc:
a) O elemento Fe revelou uma distribuição geoquímica discreta, fomecendo l:x:as rela
ções nas zonas laterizadas, cizalhadas e diques básicos.
b) O MIl e Ba noma1Irente estão associados às zonas de intenso cizalhamento, sendo que
o Ba caracteriza muito bem os corpos graníticos Uatumã em term:>s de delimitação e zo
nas de influência destas intrusões, constituindo também 1.mIelemento caracterizador dos
vários diferenciados ácidos ocorrentes.
c) O B associa-se às zonas de contato dos corpos intrusivos Saracura.
d) Os elementos MIÍ.-Cr-Ni-V evidenciaram "sets" correspondentes a diques básicos.
e) O Pb, Zn e Cu serviram caro os mais iItp:>rtantes indicadores nas mineralizações sulfe
tadas, apesar de os resultados não possuirem representatividade na área.
f) Os valores de Mo nas am::>stras de sedimentos de corrente oriundas do danínio Saracura.
revelararn-se anânalas quando a litologia era carp:>sta por rochas alasldticas (p.ex., ser
ra Saracura) , e o Bi e Sn também apresentararn-se algo relevantes em associação aos cor
pos e zonas de contato dos granitos da SUíte Intrusiva Saracura.
g) Os elementos La, Nb e Y, em áreas livres de influência de falhas e zonas cizalhadas
apresentaram uma distribuição no:cnal.
Can relação às observações das rochas da suíte Metam5rfica Maracá estas não apresen
taram maior interesse, possuindo uma melhor identificação através do elemento Ba e SecuIl
dariamente F, can maior enriquecilnento junto às zonas de falha. Similarmente oBa foi o
que melhor caracterizou a unidade Granito Aviaquário, can valores variáveis de 500-70Oppn
No âmbito das rochas vulcânicas pertencentes ao Grupo Surumu, aquelas ácidas denDnstra
ram alguma favorabilidade à prospecção de sulfetos, uma vez que inúmeras ananalias de
Pb-Zn, Cu-Pb-Zn, Pb-Zn-Mo, Y-Nb-Mo-Sn-Be e Bi-Sn-Mo foram evidenciadas em associação às
zonas de contato daquelas unidades graníticas (Saracura e Aviaquário). As rochas piro
clásticas não tiveram significado do ponto de vista metalogenético, e as vulcânicas ID
tennediárias denotaram forte indício para 1.mIambiente mineralizador do tipo "pérfiro
"
:-
Os dados mais significantes concentrarn-se nos corpos graníticos da suíte Intrusiva Sara
cura, sendo que os valores Ba (700-1500 PJ;m), Mo (5-7 PJ;m), B (10-15 PJ;m), Be (0,6-1 , '2
PJ;m), F (80-120 PJ;m), Sn e Bi, possuem maior representatividade na zona de contato dos

3.419,

------.---
---~

plutoni tos. Deste rrodo, esta unidade torna-se caro a mais prospectável da área, não só
pelo seu caráter intrusivo, caro pelas ananalias de P!;>, Zn e Mo no interior e periferia
desses corpos. A ocorrência dos elementos Mo, Sn e Bi nas zonas de contato dos granitos
intrusivos dos vulcanitos, favorece a utilização desses elementos caro indicadores de
depÕsi tos do tipo "greisen".
Recentemente foram enviadas amostras de rochas referentes ao Projeto Molib:lênio em
Roraima (MELO et al, 1978) para apreciação litog~ca, cujos resultados demonstraram
que alguns elementos tais caro o Bi, Be, Mo, W, l>B, Sn, Ia, Cd, Au e Zn, a:mportarn-se ano
malamento, constituindo preciosas informações que adicionadas àquelas prospecções ante
rionnente efetuadas, delineam áreas sujeitas a maiores investigações, visando seu conteu
do de interesse econânico e melhor caracterização das unidades ocorrentes (figura 3). -
Cita-se aqui as quadrículas can suas substâncias anânalos e resp€cti vas localizações:
Folha NB.20-Z-D-IV - Valores anânalos para Sn nas redondezas da serra Macucal.
Folha NB.20-Z-D-V - Valores anânalos para Mo-Be na serra Saracura
Valores anânalos para Ag-Zn-W-Sn (50 ppn) na serra Perdiz
Valor anânalo para Ia (l000 ppn) na serra do Banco
Valores anânalos para r-b-Be-Ia-W na serra do Mel
Valores anânalos para Sn (100 ppn) -Mo (1500 ppn) - Ag-Be na serra
xaparu
Folha NB.20-Z-D-VI - Valores anânalos para Be-Bi-r-b-La nas serras Aviaquário, Raposa, Ca
marão e Nascente.

5. CXJNCLUSCES/ smE.S'IOES Diamante/CUro: inclui áreas mineralizadas já bastante co


nhecidas, quais sejam ao longo dos rios Çuinó, Suapi, Cbntigo e Maú e afluentes, nas alu
viões oriundos de retrabalharnentodo Grupo Roraima. Investigações tarntérn devem ser realI
zadas em outras litologias estas unidade, bem caro o a:mportarnento estrutural efetivadO
na área, tendo em vista a disposição de veios de quartzo encaixados nos sedimentos e ain
da nas básicas na forma de soleiras e diques. Os informes geofisicos (figura 4) tem de
monstrado uma distribuição de rochas básicas bem mais ampla do que aquela atualmente Cõ
nhecida. Vale ressaltar que muitos destes corpos podem possivelmente constituir "plu
tons básicos" sub-aflorantes e merecedores de atenção, uma vez que a distribuição de dia
mante e ouro estar vinculada a tais corpos.
-
Mo, Sn, Bi, Be e La: além das ocorrências identificadas de molib:lenita do Território,
faz-se menção aos dados g~cos obtidos durante o tratamento litog~co em ro
chas ácidas, em grande parteplutonitos graniticos que carrpôem a Suite Intrusiva SaracU
ra (idadeUatumã). Ressaltam-se principalmente as ananalias em Sn identificadas nã
serra Macucal a SW da área em estudo (figura 5). Não se descarta aqui as ananalias
geofisicas identificadas no setor norte, e que c1em:Jnstrararn valores radianétricos eleva
dos e carpativeis can a distribuição de zonas de rochas ácidas, apesar do conhecimentO
de níveis piroclásticos que se distribuem nos sedimentos do Grupo Roraima. Entretanto,
a con~raneidade admitida para estes litótipos can a Reativação Parguazense, periodo
este fortalecido por intrusões grani ticas, via de regra mineralizadas, corrobora para
um estudo de detalhe de tais focos anânalos.
Fe, Cu, Pb e
Zn: Estes elementos tém distribuição insignificante na área, fato este
c1em:Jnstrado através de estudos anteriores, reservandQ apenas o critério especulativo de
uma possi vel relação de sulfetos metálicos can as rochas básicas.
aauxita:
é do conhecimento a existência de crostas bauxiticas sobre os "sills" bási
cos Av:anavero. Sendo assim, torna-se de interesse a avaliação do potencial bauxitioo
que distribui-se em meio aos "sills" Arai-ÇuinÕ, citando-se as cabeceiras dos rios Çui
nó e Suapicaro áreas favoráveis para pesquisa.
-

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3.422
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3.427
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ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

APPRAISAL OF MINERAL.RESOURCE POTENTlAL IN CARBONATE


TERRANES - ROLLA '0 X 2° QUADRANGLE, MISSOURI, USA

Walden P. Pratt Eva B. Kisvarsanyi


Ralph L. Erickson Heyward M. Wharton
.
U.S. Geological Survey Missouri Geological Survey

Methodologies for appraising the mineral-resource potential of large areas


are needed to provide credible information for national resource estimates and
land-use decisions, and as an early step in mineral exploration programs.
The following six-step methodology was used in appraising the resource
potential of the Rolla 10 x 20 quadrangle in southeast Missouri: (1) compilation
of mineral-occurrence, geologic, geophysical, subsurface lithofacies and
structure, and subsurface trace-element geochemical maps of the quadrangle to
identify the known and inferred geologic environments present; (2) determination
of mineral-deposit types that could reasonably be expected to occur on the basis
of worldwide associations of mineral deposits and favorable geologic environments;
(3) development of descriptive models of these mineral-deposit types; (4)
derivation of recognition criteria from each descriptive model, for the occurrence
or non-occurrence of that type of deposit; (5) systematic examination of alI data
from step 1 for the presence or absence of recognition cri teria; (6) evaluation of
the areal distribution and relative importance of recognition criteria to appraise
the favorability for occurrence of each mineral-deposit type.
On the basis of geologic environments and known mineral occurrences, we
considered recognition criteria for 17 types of metallic mineral deposits. The
appraisal method successfully "rediscovered" the Viburnum Trend. In addition,
three are as in the quadrangle were appraised to have a very high potential for
Mississippi Valley-type lead-zinc deposits in the Cambrian Bonneterre Formation
and Lamotte Sandstone, four areas for smaller, similar deposits in post-Bonneterre
formations, and three areas for deposits of Precambrian Kiruna-type iron ores. A
high potential also exists locally for residual barite deposits and tin-tungsten
veins. Ot her deposi t typesconsidered are' as diverse as residual iron ores,
massive sulfides, and sandstone uranium deposits.
The same six-step methodology should be applicable throughout the North
American midcontinent terrane, and in similar carbonate terranes in other parts of
the world.

1. INTRODUCTION

Regional appraisals of mineral-resource potential are needed by the United


States Government for making a variety of land-management decisions, and aIs o for
making estimates of the national resources of specific mineral commodities. Since
1976, the 'U.S. Geological Survey has been addressing the problem of regional
resource appraisal through the Conterminous U.S. Mineral Resource Assessment
Program (CUSMAP). The general aim of this program is to appraise mineral-resource
potential in selected 10 x 20 quadrangles by integrating alI available data on
geology, geochemistry, and geophysics, so as to provide the basis for a
multidisciplinary analysis of the area's resource potential. The Rolla quadrangle
'in the U.S. midcontinent was selected for this study because it includes most of
the Southeast Missouri lead-zinc mining district and parts of the barite- and
iron-ore mining areas. The important Mississippi Valley (MV)-type base-metal ores
of this major district occur in geologic formations that extend in the subsurface
for hundreds of kilometers northeast, north, and west through the midcontinent;
hence it was believed that the Rolla quadrangle should serve as a testing ground
for appraisal methods that might later be used throughout the midcontinent and in
other regions where similar geologic environments suggest a potential for MV-type
deposits.
The 5-year study of the Rolla quadrangle, conducted cooperatively by the U.S.
Geological Survey and the Missouri State Division of Geology and Land Survey,
culminated in a detailed appraisal of the metallic mineral-resource potential of
the quadrangle (Pratt, 1981). In that report we considered the resource potential
for 17 types of mineral deposits, on the basis of geologic environments and
mineral occurrences known or inferred to be present, and concluded that the
quadrangle has a substantial potential for the occurrence of several types of

3.428
deposits. The present report summarizes the appraisal methodology and reviews the
criteria that we used to identify areas of significant resource potential for the
two most important types of deposits--Mississippi Valley-type lead-zinc deposits
and Kiruna-type iron-ore deposits. For further details the reader is referred to
the original open-file report (Pratt, 1981), and to a recently publ1shed map
summarizing the resource assessment (Pratt and others, 1984).

2. METHODOLOGY

The appraisal method consisted of six s~eps:


(1) Compilation of geologic, mineral-occurrence, subsurface lithofacies and
structure, geochemical, and aeromagnetic and Bouguer gravi ty maps of the
quadrangle, to identify the known and inferred geologic environments
present. In addition to compilation of existing data, this. step required
new reconnaissance mapping of approximately 65 percent of the quadrangle and
aeromagnetic surveying of the west half of the quadrangle. The data base
included the following: (a) subsurface lithic-ratio maps, showing ratios af
sand to shale, limestone to dolomite, and clastics to carbonates in several
of the Cambrian formations, derived from logs of some 1,000 drill holes in
the Missouri Geological Survey's extensive l1brary of drill logs (Thacker
and Anderson, 1979a-d); (b) an interpreti ve map of regional depositional
facies of the Bonneterre Formation, aIs o derived from subsurface data
(Kisvarsanyi, 1982); and (c) subsurface trace-element geochemical maps,
showing zones of anomalously high amounts of base metaIs in insoluble
residues of megascopically "barren" carbonate rocks, derived from
spectrographic and chemical analyses of about 11,000 samples representing
10-ft (3-m) intervals from 62 drill holes (Erickson and others, 1978, 1979).
(2) Determination of types of mineral deposits that could be expected to occur
in the quadrangle on the basis of (a) known worldwide associations of
certain mineral-deposit types with geologic environments that are present. in
the quadrangle, and (b) known mineral deposits and occurrences that actually
exist in the quadrangle.
(3) Development of conceptual, descriptive models of these mineral-deposit
types.
(4) From each descriptive model, derivation of recognition cri teria for the
occurrence af that type of mineral deposito
(5) Systematic examination of the available data for existence of the
recognition criteria.
(6) Evaluation of the areal distribution and relative importance of various
recognition cri teria to appraise the favorability for occurrence of each
mineral-deposit type throughout the quadrangle, and also to indicate areas
where data are insufficient for a knowledgeable appraisal.

2.1 RECOGNITION CRITERIA

Recognition criteria--geologic parameters that affect the favorabil1ty for


the presence of a mineral deposit--may be either diagnostic, permissive, or
negative. Diagnostic cri teria are those that are present in alI, or nearly alI,
known deposits, .and in most cases are considered to be required for the presence
of a mineral deposit; conversely, the known absence of such cri teria may either
severely l1mit or definitively rule out the possibility of the presence of a
deposito The existence of diagnostic criteria is merely a favorable indication
that a deposit may be present; it does not guarantee that a deposit is present.
For example, the descriptive model for the Mississippi Valley-type base-metal
deposits in this area includes dolomite host rocks; thus the presence of dolomite
is a diagnostic criterion, without which the existence of such deposits can be
ruled ou t.
Permissive cri teria are those that are present. in enough known deposits that
they may be considered to favor the presence of a deposit, although they are not
required; their existence enhances the possiblllty for occurrence of mineral
deposits, especially lf diagnostic cri teria are present, but their absence does
not lessen the possibility. Using the same example--Mississippi Valley-type base-
metal deposits--the deposits tend to be, but are not always, associated with
buried Precambrian knobs; thus the presence of a Precambrian knob favors the
presence of a deposit, but the known absence of a knob does not diminish the
possibility if favorable diagnostic criteria are present.

3.429
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Negative criteria generally can be equated with the known absence of


diagnostic criteria: thus exposed Precambrian bedrock is negative for Mississippi
Valley-type deposits because it means that dolomite cannot be present. Because of
. this redundancy, negative cri teria are not considered separately here.

3. GEOLOGY AND KINERAL DEPOSITS OF THE ROLLA 10 x 20 QUADRANGLE

The principal geologic formations of the Rolla 10 x 20 quadrangle are


sedimentary rocks, mostly dolomi tes, of Late Cambrian and Early Ordovician age,
which overlie volcanic and granitic rocks of Middle Proterozoic (Precambrian Y)
age; figure 1 shows the location of the Rolla quadrangle, figure 2 shows names,
thicknesses, and lithologies of the individual formations, and figure 3 shows the
approximate areas of outcrop of the Precambrian, Cambrian, and Ordovician and
younger rocks. The Precambrian rocks are exposed mainly in the St. Francois
Mountains in the eastern part of the quadrangle, where a complex of dominantly
rhyolitic ash-flow tuffs is intruded by a composite batholith of biotite and
amphibole-biotite granites; the buried Precambrian basement in the rest of the
quadrangle is dominated by subvolcanic massifs of biotite granite, central plutons
of muscovite-biotite microcline and albite granite ("tin" granite), and ring
intrusions of amphibole-biotite granites (Kisvarsanyi, 1980a,b). The Cambrian and
Ordovician rocks generally are flat lying or dip gently away from the St. Francois
Mountains; they are fairly well exposed around the flanks of these mountains but
elsewhere in the quadrangle are mantled by thick residual cherty clays. Wbere the
entire section of Upper Cambrian and Lower Ordovician rocks is preserved, mostly
in the western part of the quadrangle, its total thickness is about 2,000 ft (600
m). It is overlain by younger sedimentary rocks in the extreme northeastern and
southeastern parts of the quadrangle.
The principal metallic mineral deposits exploited in the quadrangle to date
have been Mississippi Valley-type lead-zinc-silver-copper-nickel-cobalt ores in
the Bonneterre Formation in the Mine La Motte-Fredericktown area, the Old Lead
Belt, and the Viburnum Trend, and Kiruna-type iron ores in Precambrian rhyolites
in the St. Francois Mountains. Residual barite and lead deposits, derived largely
from Mississippi Valley-type deposits in the Eminence and Potosi Dolomites, have
in some past times been of national significance; Missouri still ranks second
among the States in barite production. Several other types of mineral deposits or
occurrences are known in the quadrangle, and certain geologic environments in the
quadrangle suggest a potential for still others. In alI, 17 types of mineral
deposits were considered in this appraisal, on the basis of known mineral deposits
and occurrences in the quadrangle and known associations of deposit types with
geologic environments present in the quadrangle:
1. Mississippi Valley-type base-metal deposits (lead-zinc-copper-nickel-cobalt)
in the Bonneterre Formation and Lamotte Sandstone
2. Mississippi Valley-type base-metal and barite deposits in Cambrian and
Ordovician rocks overlying the Bonneterre Formation
3. Barit~ deposits in residuum derived from vein and replacement deposits in
Paleozoic rocks .
4. Kiruna-type iron-apatite(-copper) deposits
5. Fluorine-thorium rare-earth-bearing kimberlite-carbonatite complexes
6. Vein deposits of tin-tungsten-copper-zinc-lead-silver in Precambrian rocks
7. Uraniumand thorium in Precambrian rocks
8. Uranium in Paleozoic sedimentary rocks
9. Coastal plain-type uranium deposits
10. Iron-copper-nickel-cobalt(-platinum-chromium-titanium) deposits in layered
mafic-ultramafic complexes
11. Manganese in Precambrian rocks
12. Marcasite-pyrite-hematite deposits of filled sinks
13. Residual brown iron ore deposits
14. Manganese deposits in sedimentary rocks and residuum
15. Copper deposits in sedimentary rocks
16. Base and precious metaIs in Precambrian veins
17. Massive sulfide deposits in Precambrian volcanic rocks

3.430
Figure 1.--Location of Ro11a l' X 2' quadrang1e, Missouri, USA.

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Dolomit., tan to buff. fin tO medium-gr'8iMd.


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tongfomilr8te; Eoonh~ 10M 30 to 35 ,... bHow
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fn8dium-gr8tn«f, g18ucOmbc in p1eces. contatnl C40.... Ntcket
some d8rk-grHn tO bfadt. thin 111... tMck. L..,... CruJhred lto,...
of 9'8y tO pink limntone are rwferred to . OolOminc quicklim.
'"Taum Sauk m.rbI.... De8d-burn8d dOtomit.

5a'1ctnone Ind con9lomerete, QUlruose, 8'kosic; 8uilding lto".


cotTt8inl intltf'bedd8d red-brown ,hell. Ground W8ter

Di.bela and gaObro di kel and ,iUI.


Granit.,
pOrphyry
adam.llít., SV.nIN. dior~t.. and gtanit. '",n
Mangan", PhOsph8t:es
nockl, baues, plutons, and Iheet-lik. Copper F.ldspar
bodiet,
intrusi". Tungsten Oimensíon stone
Rhyolinc .h.flow tuffl, lava f1oWl. and Silv.r Cru,hed 5to"a
bedded tuftt. Roofi"9 granul'l
Lu"

Fig. 2.--Generalized stratigraphic co1umn, Rolla 1° X 2' quadrangle, Hissouri.


Formations younger than Jefferson City Dolomite occur only in extreme
northeast and southeast corners of quadrangle and are not shown.
Modified from Kisvarsanyi, 1976, p. 2.

3.431
92° 90°
38°
o RoDa

VIBURNUM

:n0

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Ordovician and younger Precambrian rocks
rocks
Cambrian rocks Mlnlng areas

Figure 3.--Generalized geologic map of the Rolla 1° X 2"


quadrangle, Missouri, USA.

4. KINERAL-RESOURCE APPRAISALS

Of the 17 types of deposits listed above, nos. 1, 2, 3, 4, and 6 are


especially significant because the quadrangle is considered to have a high
potential for economically important undiscovered deposits of those types. Types
5 and 10 are significant because -a potential for important deposits apparently
exists, but cannot be appraised on the basis of available information. For type
7, we concluded only that the region in general may have a high potential for
granitic uranium deposits at considerable depths, but that the pipe-and-vein
geometry and relatively small size of this type of deposit would present a
prohibitively elusive target for deep exploration; the areas of exposed
Precambrian rocks can be eliminated because they did not show significant
anomalies in recent aerial radiometric surveys. Although there is a potential for
uranium deposits in the Lamotte Sandstone (type 8), which does not appear to have
been tested adequately, the resource appraisal did not identify any specific areas
in the quadrangle that might be favorable for such occurrences. For the other
types of deposits, we concluded that the quadrangle either has little or no
apparent potential for undiscovered deposits (types 9,16, and 17), or has some
potential for deposits of little commercial interest (types 11-15).

4.1 MISSISSIPPI VALLEY-TYPE BASE-METAL DEPOSITS IN THE CAMBRIAN BONNETERRE


FORMATION AND LAMOTTE SANDSTONE

Stratabound deposits of base-metal sulfides in carbonate host rocks, commonly


referred to as Mississippi Valley-type deposits, are economically the most
important deposits known in the RelIa quadrangle. The Old Lead Belt produced some
8 million tons of lead during its long history; the newer mines of the Viburnum
Trend currently supply about 90 percent of the nation's lead as well as
significant quantities of zinc, silver, copper, and cadmium, and they contain
notable resources of nickel and cobalt.
Our descriptive model (Pratt, 1981, p. 10-13) was drawn mainly from Snyder
(1968), Snyder and Gerdemann (1968), Gerdemann and Myers (1972), and Economic
Geology (1977), and was supplemented by discussions with many geologists currently
doing research in the area, and by our own ideas developed during our recent
studies of the area. From the descriptive model, we identified 12 recognition
criteria, 5 of which we consider diagnostic and 7 permissive:

3.432
Diagnostie cri teria
1. In dolomite, near interface with limestone
2. In "brown rock" near interface with "white rock"
3. Near areas of faults and fractures in enelosing or underlying rocks
4. Near or within favorably situated digitate reef-complex facies
5. Near areas of anomalously high amounts of base metaIs in insoluble
residues of apparently barren Bonneterre Formation

Permissive cri teria


1. Deposit or occurrence of base-metiJI mineraIs is known to be present in
subject formation or in overlying format~ons
2. Davis Formation is an impermeable shale facies, defined as having
clastic-to-carbonate ratio >1:16
3. Subsurface Precambrian knobs are known to be present
4. Lamotte Sandstone thins or pinches out
5. Bonneterre Formation is 200-400 ft (60-120 m) thick
6. Insoluble residue of Bonneterre Formation is >50 percent shale
7. Small, circular pluton of two-miea granite ("tin" granite) is present in
basement

Using various maps from the data base, we plotted the areal distribution of
each of the recognition cri teria on two base maps of the quadrangle: figure 4
shows the diagnostic cri teria and figure 5 the permissive criteria, both highly
generalized. Areas of outeropping Precambrian rocks ean be eliminated as having
no potential because the Bonneterre and Lamotte formations are absent. The
remainder of the quadrangle was divided into 19 numbered areas in which various
combinations of diagnostic cri teria are known or suspeeted to be present (fig.
6). Areas 1, 2, 3, 4, 6, and 9 are the areas of large known deposits or high
potential and are discussed below. The are as marked "CF" are considered
conditionally favorable: a potential exists because the Bonneterre Formation and
Lamotte Sandstone ean reasonably be assumed to be present, but no data are
available regarding the presence or absence of the other recognition criteria.
The remaining 10 of the numbered are as are not discussed further in this report
because they are not considered to have a high potential.
As a means of assigning an objective seore to each of the numbered areas in
order to compare their relative favorability, we listed the areas in tabular form,
along with columns for the various diagnostic and permissive cri teria. For each
area, the widespread presence of a criterion was assigned a value of 1, the known
absence was given a value of -1, and a lack of sufficient information to determine
the presence or absence of the criterion was indicated by O: presence of the
criterion in only part of the area was given a value of 1/2. The scores for each
area were then summed, with separate sums for diagnostie and permissive criteria
(table 1). The two sums must be considered separately beeause by definition, the
permissive criteria are considered irrelevant if diagnostic criteria are not
present.
Our subjeetive interpretation of the resource potential indieated by these
scores is as follows:
Large known deposits in areas 1, 2, 3
Very high potential in areas 4*, 6*, 9*; areas 1 and 2 would have very high
potential but were assumed to be fully explored
High potential in area 3
Low potential in areas 5, 7*, 8*, 10, 11, 12*, 13, 14, 15*, 16
Appraisal of the areas indicated by asterisks (*) could change on the basis of
additional lithofaeies data regarding presenee or absenee of certain eriteria not
availàble at present.
The meaning of these evaluations can be better expressed qualitatively than
quantitatively or statistically. Qual1tatively, we bel1eve the available data
indieate that areas 4, 6, and 9 should have top priority as prospeetive areas for
concealed base-metal deposits in the Bonneterre Formation and Lamotte Sandstone.
That is, we believe the combination of reeognition cri teria is so eompelling as to
indieate a very high probability that at least one significant ore deposit
comparable to the descriptive model oeeurs in eaeh of these three areas.

3.433
~-_._._--
----

'n'

Precambrtan outaop Faults and &ach.ns

Ls/ doi Inlerface, hachunos


on doi. skIe
Dlgltale _I-complex /acIes
Brown-rock/ whlte-rock Inlerface, Zone 01 anomaIously hi!tJ base
hach on brown-rock lide metais In Insoluble miei...

Figure 4.--Diagnostic cri teria for MV-type deposits, Ro11a 1° X 2° quadrang1e.

DaYis Fonnatlon shaly on hachuml slde Bonneterre Formatlon 200-4OOft


thlck on hachured lide
Subsurface Prec:ambrtan knobl
Bonneterre ruldue shaly on
dashed lide
Lamotte Sandstone thlnl ar plnches 01.1I
on cIotted lide "TIn" !Pf1lteplutonl In basement

Figure 5.--Permissive criteria for MV-type deposits, Ro11a 1° X 2° quadrang1e.

3.434
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18

G
Salem

CF

3,.

Figure 6.--Areas of resource potential for MV-type deposits,


Rolla 1° X 2° quadrangle.
4.2 KIRUNA-TYPE IRON-APATITE(-COPPER) DEPOSITS

Known deposlts of this type include the Iron }1ountain, Pilot Knob, Camels
Rump, and Boss deposits in the Rolla quadrangle, and the Pea Ridge deposit located
about 8 mi (12 km) north of the quadrangle in Washington County. Several of these
magmatic-hydrothermal and contact metasomatic, nontitaniferous iron-ore deposits
in the region have been important producers in the past, but by late autumn of
1980 only the Pea Ridge mine was still active. The Camels Rump and Boss deposits
have been extensively drilled but have not yet been exploited; the copper
mineralization is the main interest in the Boss deposit. Total production from
the various mines amounts to more than 42 million tons of ore and high-grade
pellets; apatite is recovered for phosphate fertilizer manufacture.
From the descriptive model we identified six diagnostic and three permissive
criteria:

Diagnostic cri teria


1. Magnetlte, hematlte, and - (o r) chalcopyrite in seams, veins, or as
disseminations
2. Precambrian silicic volcanic rocks
3-4. Magnetlte-trachytes and (or) alkalic-lntermediate rocks
S. High-amplitude, positive magnetic anomaly
6. Location within or near cauldron subsidence structure

Permisslve criterla
1. Recognition of characterlstlc gangue minerals ln drlll cores
2. Locatlon near Precambrlan topographlc high
3. Locatlon on or near Precambrian faults or fractures

Uslng maps from the data base, we plotted these crlterla on a quadrangle map
as follows:
1. Locatlons of active and lnactlve mines and prospects
2. Locatlons of drlll holes whlch penetrate mineralized rock or a dlagnostlc
rock of the descrlptlve model (such as magnetlte-trachyte)
3. Areal dlstrlbutlon of slllclc volcanic rocks (surface and subsurface)
4. Areal dlstrlbutlon of trachytic rocks (surface and subsurface)
S. Major fault zones and inferred cauldron subsldence structures
6. Outllnes of hlgh-amplltude positive magnetlc anomalias

3.436
Areas where two or more of the diagnostic criteria coincide were
arbitrarily blocked out as being favorable for the occurrence of deposits of
the model type. They are numbered 1 through 18 (fig. 7 and table 2). The
scoring within each area is as follows: presence of a criterion .. +1; absence
of a criterion - -1; insufficient data .. O. As most of the cri teria are
present only within part (and often a very small part) of any given area, 1/2
values were not used. Our subjective interpretation of the resource potential
indicated by the scores is as follows (area 2 includes the Pea Ridge deposit,
which lies 8 mi north of the quadrangle):

Large known deposits: areas 1, 2, 3, 4


Very high potential for large
to moderate-size deposits: areas 5, 6, 7
High potential for moderate to
small-size deposits: areas 8, 9, 10,
14, 15, 16,
17, 18

Figure 7.--Areas of resource potential for Kiruna-type iron-ore deposita,


Rolla 1° X 2° quadrangle.

In areas 17 and 18, although the sum of diagnostic cri teria amounts to
only 1, neither the presence nor the absence of 6 cri teria can be verified
from the available data. We consider these areas more favorable than 11, 12,
and 13 on the strength of favorable magnetic patterns and the recognition of 4
diagnostic criteria in the adjacent area 5. Area 18 coincides with the Salem
gravity anomaly. However, the combined magnetic pattern of areas 5, 17, and
18 is similar to that associated with volcanic terranes 1n the St. Francois
Mountains. Area 18 therefore has a potential for both Kiruna-type deposits in
shallow volcanic rocks of the St. Francois terrane, and deep ore bodies of the
.
layered modelo
The potential for Kiruna-type deposits 1n the rest of the quadrangle 1s
considered very low. Areas underlain by granite are the least favorable;
those underlain by silicic volcanic rocks are somewhat more favorable. The
latter may contain deposits consisting wholly of hematite.

3.437

--.--- -----.--
-- --.--

Table 2.-Resource potential for Kiruna-type 1ron-ore deposits

Rec:oani t10n cr1ter1a


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~rge +1 +1 +1 +1' +1 +1 6 +1 +1 +1 3 900-2000 !toova depoa1t


La rge +1 O +1 O +1 +1 4 +1 +1 +1 3 1200-1500 !to...... depoa1 t
5 ~rge +1 O +1 +1 +1 O +1 +1 O 2 1300+ Very h1gh
6 Haderate +1 +1 +1 O +1 O 4 +1 +1 O 2 1200+ Very h1gh
7 Hodente +1 O +1 O +1 O 3 +1 +1 +1 3 800+ Very h1gh
8 Sull +1 +1 +1 O +1 +1 5 O +1 +1 2 0-1000 R1ah

9 Sull +1 +1 +1 O +1 O 4 O +1 O I 0-1000 R1ah


10 "'der.t. O +1 +1 O +1 +1 4 O +1 +1 2 0-1000 R1ah
11 Sull +1 +1 -I -I -I +1 O +1 -I O O 0-500 !til..... depodU
12 Sull +1 +1 -I -1 +1 -I O -I +1 +1 I 0-500 bova depo8ita
13 Sull +1 -I -I O -I -I -3 -I -1 +1 -I 0-500 !tIIova depoa1 t

14 Hoderate +1 +1 O O -I +1 2 O +1 +1 0-1500 R1gh

15 Sull O +1 O O +1 +1 3 O +1 +1 0-1000 R1ah


16 Sull +1 +1 O O +1 +1 4 +1 +1 +1 0-1500 R1ah
17 Hodante O O O O +1 O I O +1 O 1500+ R1ah
18 Hodente O O O O +1 O I O +1 O 1000+ R1ah

5. CORCLUSIONS AR» FUTURE APPLlCATIONS

As stated in the Introduction, the Rolla quadrangle was intended to serve


as a testing ground for appraisal methods that might be usable in similar
geologic environments elsewhere. We believe the appraisal method described
herein is va~idated by the fact that it resulted in "rediscovery" of the Old
Lead Belt and the Viburnum Trend. The first attempt to export the Rolla
method is now underway in the adjacent Springfield quadrangle of southwest
Missouri, and the results of the subsurface geochemistry aspect of that work
are discussed elsewhere in this conference by Erickson and others. Beyond
Springfield, we believe the same method for synthesizing and evaluating a wide
variety of geologic, geochemical, and geophysical data on a regional scale can
be used throughout the sedimentary section of the entire North American
midcontinent--and in similar terranes elsewhere.
Figure 8 shows some, but probably not alI, of the known occurrences of
lead and zinc sulfides in carbonate rocks, both surface and subsurface, in
relation to platform deposits on Precambrian basement in the United States.
This figure illustrates two points: (1) the major known districts tend to be
both near the periphery of this platform area and, as noted by both A. V. Heyl
and E. L. Ohle (oral comlm.ms., 1981) and probably others as well, within
economic reach of the surface--i.e. at minable depths; (2) the obvious
corollary: there is still an enormous region underlain by platform sediments,
which is clearly permissive for MV-type deposits and can be considered fair
game for prospecting for the next Viburnum Trend. We suggest that the CUSMAP
method, which we have used here for appraisal of resource potential, can aIs o
be used effectively as part of a prospecting strategy.

3.438
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Pb anel Zn occurrences from ~Iary H. ~!111er,


USGS,unpublishedmsp
Geology from King and Edmonston, 1972

Occurrence of Pb and(or) Zn sulfide


~ Major district
~inor production
x Occurrence at or near surface
+ Occurrence in deep well
Limit of outcrop of platform deposits on Precambrian basement
Limit of subcrop of platform deposits on Paleozoic basement,
beneath Gulf Coas tal Plain deposits
~ -1000 m contour (below sea leveI) on basement surface:
hachures on deeper side

.. Precambrian outcrop areas within sedimentary platform

Fig. 8.--Some known occurrences of lead and zinc sulfides in carbonate rocks
af central cratan, U.S.A.

The first phase in such a strategy would be to settle on broad regional


cri teria that suit one's own favorite genetic modelo lf basin margins are
thought to be the key, one might consider the Anadarko, Williston, or Denver
basins. lf the preferred model requires topographic highs on the Precambrian
basement, then one could settle on the margin of the Black Hills, the Bighorn
Mountains, or the Nemaha uplift. Whatever region might be selected, and for
whatever reasons, the second phase would be a systematic review of available
subsurface data to identify parts of that region underlain by shallow-water
marine carbonates. Once these broadly favorable areas are identified, a
systematic integration of a full spectrum of both surface and subsurface data,
in a method similar to that which has been described here, will help narrow
down the search to favorable zones that will be small enough for conventional
physical exploration.

3.439

--
-.------

REFERENCES

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1979c, PT'eZiminar>y isopach maps oi the CambT'ian Lamotte Sandstone and
CambT'ian BonneteT'T'e FOT'mation, RoZZa 10 :z: 20 quadT'angZe, MissouT'i: U. S.
Geological Survey Miscellaneous Field Studies Map MF-1002-A, scale
.
1 :250,000.
1979d, PT'eZiminaT'Y maps oi sand/shaZe roatio in the CambT'ian BonneteT'T'e
FOT'mation, RoZZa 10 :z: 20 quadroangZe, MisSOUT'i: U. S. Geological Survey
Miscellaneous Field Studies Map MF-I002-B, scale 1:250,000.

3.440
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

PROJETO MAPAS METALOGENJ:T.ICOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS


MINERAIS - FOLHA SG. 22-X-B (lTARARJ:). ESCALA 1 :250.000
José ~ AIg11't8
.
Morio Hama
Ge6I0g0s da Companhia de Pesquisa de Recúrsos Minerais - CPRM

ABSTRACT The present work was elaborated from data content in the
Metalogenetic Map of Itarare's sheet (SG.22-X-B). This map had been
conduced by the "Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Recur
sos Minerais". Three documents were produced: a) "Carta Metalogenética"
b)"Carta de Previsão de Recursos Minerais" c) "Carta de Previsão para
Planejamento de Ações Governamentais". In the documents mentioned ~ove,
the main metalogenetic aspects and data for mineral research as well
informations given to the mining governmental agency are described
concerning the Ribeira's Mineral Province. In this region there is a
variety of mineral resources (Pb,Zn,Ag,F,Ba,P,Cu,W, Talc and others) .
Three main geotectonics units enclose mineral resources and they are:
The Joinville's Median Massive, Apiaí's Folded Belt and the paraná
Basin. The three documents show new metalogenetics aspects and sugest
procedures directed to analysis of real mineral potenciality of the
Itarare's Sheet.

RESUMO A Folha de Itararé localiza-se na porção sul do Estado de são


Paulo e leste do paraná e engloba a quase totalidade da denominada Pro-
víncia Mineral do Vale do Ribeira. Através do Projeto Mapas Metalogené-
ticos e de Previsão de Recursos Minerais, foram obtidos três documentos
sínteses os quais possibilitam: a) um melhor entendimento das leis que
governam a distribuição dos jazimentos minerais
b) orientar os investidores
Carta Metalogenética;
através da indicação do nível de potencial!
-
dade mineral, explotabilidade, dados de infra-estrutura, aspectos le-
gais das áreas e/ou sua disponibilidade para pesquisa Carta de Previ- -
são de Recursos-Minerais e, c) fornecer aos órgãos governamentais parâ-
metros decisórios para o planejamento de investimentos no setor atra-
vés das indicações de áreas prioritárias para estudos básicos de mapea-
mento geológico, geofísica, geoquímica, bem como, para outros tipos de
levantamentos específicos - Carta de Previsão para Planejamento de Ações
Governamentais. A Província Mineral do Vale do Ribeira, apresenta uma
variada gama de recursos minerais, destacando-se a associação Pb-Zn-Ag
ao lado de importantes depósitos de apatita, barita, ouro, cobre e tal-
co. Mais recentemente foram descobertos na área, novos jazimentos de
fluor, zinco e wolfrânio. Centenas de outras ocorrências tanto de bens
minerais metálicos como não metálicos, juntamente com os acima citados
são encontrados em vários e diversificados ambientes geológicos de ida-
de arqueozóicas até recentes. Três grandes entidades geotectônicas
principais encerram aqueles recursos minerais, e compreendem: O Maciço
Mediano de Joinville, a Faixa de Dobramentos Apiaí e a Sinéclise do Pa-
raná. Coberturas sedimentares superimpostas, bem como manifestações ma~
matogénicas de caráter ácido, básico e alcalino de diferentes idades es
tão distribuídas naquelas unidades em várias posições e situações geolõ
gicas. A atividade minerária das mais intensas é feita, justamente nõ
âmbito da presente Folha de Itararé, sendo que os três documentos ora
elaborados deverão propiciar novos enfoques metalogenéticos, voltados à
análise da sua real potencialidade mineral, melhor escolha dos procedi-
mentos de pesquisa, através dos parámetros metalogenéticos previsio-
nais e de ações governamentais, neles expostos.

3.441
---- ----

INTRODUÇÃO A necessidade de se organizar objetivamente o conhecimento


geológico de extensas áreas pré-Cambrianas do Escudo Brasileiro e visan
do retratar com maior precisão as leis que regem a distribuição dos ja=
zimentos minerais, possibilitando assim, melhor direcionar os esforços
prospectivos, levou o DNPM a criar o Projeto "Mapas Metalogenéticos e de
Previsão de Recursos Minerais". Os estudos iniciados em finais de 1981,
envolveram algumas dezenas de folhas na escala 1:250.000, que se afigu-
ravam corno as mais prioritárias e dentre elas a Folha Itararé (Fig. 1).
Os procedimentos metodológicos, visando à recuperação, análi-
se e compatibilização de mais de urna centena e meia de trabalhos cientí
ficos, se fizeram através da elaboração de oito mapas temáticos de ser=
viço (Cartas Tectono-Estrutural, Lito-Arnbiental, de Datações Geocronol~
gicas, de Interpretação Geofísica e de Geoquímica, de Recursos Mine-
rais, de Indice Bibliográfico e Geológica). O tratamento, integraçao e
a síntese desses documentos geraram três mapas finais em escala
1:250.000 denominados: Carta Metalogenética, Carta de Previsão de Recur
sos Minerais e Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamen=
tais, elaborados por Hama (1984).
Este trabalho constitui parte do Projeto Mapas Metalogenéti -
cos e de Previsão de Recursos Minerais, executado pela SUREG-SP, ecujos
dados se baseiam principalmente no Relatório da Folha de Itararé.

QUADRO TECTONO-GEOLOGICO OS conjuntos litológicos presentes na Folha


de Itararé podem ser agrupados em três entidades geotectónicas maiores:
a Faixa de Dobramento Apiaí, o Maciço Mediano de Joiville (componentes
do Sistema de Dobramentos Sudeste, conforme modelo de Hasui, 1975) e a
Sinéclise do paraná (Figs. 2 e 3).
Urna forte estruturação SW-NE, condiciona as rochas pré-silu-
rianas ali existentes, marcadas que são por efeitos de superposições
tectónicas, desenvolvidas principalmente entre o Proterozóico Inferior
e o Eo-Paleozóico.
Corno representantes de um embasarnento ensiálico, denominado
Complexo Costeiro, sobre o qual se desenvolveram extensas coberturas se
dimentares com vulcánicas associadas, registram-se rochas metamórficas
de alto, médio e mesmo baixo grau de metamorfismo, de origem Arqueana.
Tais rochas apresentam complexa história evolutiva, tendo sofrido even-
tos termo-tectónicos em tempos transamazónicos e brasilianos. Esses ter
renos mais antigos tem sua principal área de exposição na porção sudes=
te da Folha, balizada a noroeste pela Falha Lancinha-Cubatão, e em blo-
cos tectónicos a12ados por falhamentos, ao norte da Folha (regiões de
Apiaí-Mirim e Capao Bonito) .

As associações litológicas nessa entidade envolvem tipos


gnãissicos-rnigmatíticos, charnoquitos, enderbitos, kinzigitos, gnaisses
diversos a granada e sillimanita, granodioritos, dioritos gnáissicos,
rnigrnatitos de paleossoma granulítico, sendo que grande parte dos litoti
pos de alto grau metamórfico estão assinalados no Complexo Serra Negra~
Rochas de grau metamórfico mais baixo englobadas sob a denomi
nação de Sequência Cachoeira (Silva et alii, 1981) aparecem em faixas
estreitas e irregulares,tectonicamente embutidas no Complexo Costeiro e
é constituída por rochas de derivação vulcânica, clástica e química co-
rno: talcoxistos, xistos magnesianos, metapiroxenitos, metagabros, fucsi
ta-quartzitos, muscovita-biotita-gnaisse, metacherts e magnetita-xistos
e segundo aqueles autores seriam representantes de raizes remanescentes
de um cinturão de rochas verdes.
Nesta área do maciço mediano, são ainda descritas sequências
meta-vulcano-sedimentares (Sequência Turvá-Cajati), as quais teriam si-
do geradas no Proterozóico Inferior. Sua correlação com o Grupo Setuva
vem sendo aceita nos últimos trabalhos, apesar de que, uma organização
estrutural/estratigráfica destes conjuntos com aqueles que lhes são so-
brepostos não tem encontrado um consenso geral entre a maioria dos pes-
quisadores.
Urna interessante proposta, no entanto, é apresentada por Chiodi
F9, neste Congresso, a qual permitindo visualizar as interrelações des-
ses conjuntos litológicos e de seus ambientes geradores, favorece o me-

3.442
lhor entendimento dos processos e eventos mineralizantes. A definição
de um tectono-grupo distinto para sequências tidas como basais do Grupo
Açungui, incluindo assim as denominada Formações ~gua Clara e Perau,
Pontes (1980) e Fritzsons Jr. et ali i (1982) e estendendo-as para todo
o domínio da Formação A-I e A-II (parte) (Projeto Anta Gorda, Daitx et
alii, 1983) amplia, em term9s de metalogenia, o potencial de extensas
áreas, até então consideradas de menor interesse prospectivo.
No presente trabalho, a denominação "Setuva" será utilizada,
no entanto, conforme concepção de Takahashi et alii (1981), Silva et
ali i (1981) e Lopes (1983), ou seja c?mo pré-Açungui e contendo como t!
pos litológicos principais xistos e gnaiss~s e mantida sua correlação
com a Sequência Turvo-Cajati (constituídas por rochas metapsamíticas/pe
líticas/químicas, contendo intercalações pouco expressivas de corpos m~
tamáficos/ultramáficos, bem como gnaisses bandados e granito gnaisses}.
As rochas Turvo-Cajati e Setuva, afloram predominantemente a
sul da Falha Lancinha-Cubatão e localmente nas antiformas do Perau e Be
tara.
Na Faixa de Dobramentos Apiaí estão representadas rochas de
natureza vulcano-sedimentar de médio a baixo grau metamórfico, perten-
centes ao Grupo Açungui e desenvolvidas entre o proterozóico médio a s~
perior (incluindo assim as Formações Perau, ~gua Clara e Itaiacoca, con
sideradas por Chiodi F9 (op. cit.) como pertencentes ao Grupo Setuva):
Este espesso pacote metavulcano-sedimentar, aflorante na Folha de Ita-
raré, foi depositado num ambiente marinho, sobre um embasamento siáli-
co, onde forças endógenas propiciaram a formação de uma bacia linear
(rift, aulacógeno) preenchida inicialmente por materiais clasto/quími-
cos e vulcânicos, evoluíndo em direção ao topo para condições cada vez
mais plataformais, com sequências terrígenas conglomeráticas, areníti-
cas e síltico-argilosas, culminando com espessos pacotes carbonáticos .

O magmatismo básico intrusivo se faz mais presente nas fases iniciais


do preenchimento da bacia e no seu estágio terminal.
As rochas granitóides intrusivas, acham-se distribuídas nas
duas unidades anteriores, e podem ser agrupadas em três conjuntos dis-
tintos: 1) os grandes maciços alongados, ocupando estruturas geoanticl!
nais, considerados sin a tardi-tectónicos brasilianos, geralmente porfi
roblásticos, localmente orientados e de composição variável entre granI
tica e granodiorítica. Dentre estes se destacam os granitos Três Córre=
gos, Cunhaporanga e Agudos Grandes; 2) corpos circunscritos de dimen-
sões menores, equigranulares a porfiróides, considerados tardi-tectõni
cos brasilianos e de composição ácida a intermediária e representada p~
los granitos Morro Grande, Varginha, Itaóca, Apiaí, Espírito Santo, Ca-
pão Bonito, etc.; 3) os granitos calco-alcalinos, circunscritos, pós-
tectõnicos de Mandira, Alto Turvo, Guaraú, etc.
Ao fim do período de transição que encerrou os movimentos fi-
nais do Ciclo Brasiliano, desenvolveram-se sequências molássicas asso-
ciadas a vulcanismo ácido e intermediário, porém pouco representadas na
Folha (região de Guapiara e sul da Brancal), posto que grande parte de-
las foram destruídas em sucessivos ciclos erosivos.
Durante o devoniano iniciou-se o atulhamento da sinéclise do
paraná, através de sedimentação arenosa, homogênea, predominantemente
costeira, e de mar raso da Formação Furnas, a qual se sucede na área,
após uma fase erosiva a deposição permo-carbonífera da Formação Itara-
ré. Consequência de uma ampla transgressão marinha em período de inten-
sa glaciação,os tipos litológicos predominantes são: arenitos, conglome
rados, diamictitos e pacotes síltico-argilosos. -
No Mesozóico se tem uma significativa contribuição de materi-
al rochoso de natureza vulcânica, associada â fase de Reativação Wealde
niana. Na Folha estão representados tanto episódios precoces (Complexõ
Bairro da Cruz) como da fase principal e tardia. A estes últimos perten
cem inúmeros maciços alcalinos-básicos-ultrabásicos, dispostos segundo
NW-SE, concordantes com a estruturação dos grandes alinhamentos fissu-
rais, preenchidas por diques básicos (alinhamentos e/ou fissuramentos
de Guapiara e são Jerônimo), Algarte (1972) e Ferreira (1982).
A cobertura epicontinental final que preenche as principais
bacias fluviais é representada na Folha pela Formação Pariquera-Açu e

3.443
-~-
~-

sedimentos aluvionares recentes. A Formação Pariquera-Açu, é constituí-


da por sedimentos finos, com intercalações de siltes, areias e camadas
de cascalho, distribuídos em terraços formados, ou por processos rela-
cionados a períodos interglaciais ou a oscilações do nível do mar, con-
forme diferentes autores.
A hipótese de recorrência de antigas linhas de falha, elabo-
rando um modelado de blocos tectônicos escalonados também é aventada pa
ra justificar a extensa sedimentação recente em forma de semi-arcos, vI
sualizada no golfão do Ribeira e nos seus afluentes da margem esquerda,
na altura de Sete Barras.
Completando o quadro tectono-geológico, cabe destacar os gran
des traços de falha que se estendem por centenas de quilômetros, ultra=
passando os limites da Folha, balizando as estruturas NE-NW das sequên
cias pré-cambrianas e sem dúvida compondo uma das feições geológicas
mais destacadas da região sudeste.
Desenvolvidas ou reativadas no fim do Proterozóico e início
do Fanerozóico (regmagênese cambro-ordoviciana) tais estruturas deli-
neiam praticamente o modelado tectono-estrutural da área, acreditando-
se que grande parte destas extensas cicatrizes tenham sido retrabalha
das desde os tempos arqueanos, ao longo da complexa evolução geológicã
regional. Consequentemente, muitas destas linhas tectônicas teriam de-
sempenhado importante papel no desenvolvimento das estruturas controla-
doras para a instalação da "Bacia" Açungui (Chiodi F9 et alii, 1983).
Os processos geradores destes falhamentos ainda não estão pl~
namente compreendidos, levando-nos a acreditar que tais estruturas ca-
racterizem sucessivas linhas de geossuturas, sugerindo um modelo tecto-
no-magmático do tipo colisão micro-continental. Tal evento teria se da-
do a partir do início do Ciclo Transamazônico, afetando os depósitos S~
tuva, Turvo-Cajati e as rochas do embasamento Arqueano (Silva et alii,
1981) .

Durante o Proterozóico médio, processos tafrogênicos teriam


contribuído para o aparecimento de bacias tectônicas mais complexas, do
tipo aulacógeno, conforme sugerido para o Cinturão Damara por Martin e
Porada (1977), que por sua vez, levaram a bacias intracratônicas ensiá
licas pré-orogênicas brasilianas, Silva et alii (1981), onde uma espe~
sa sedimentação controlada por esta nova estrutura, veio a desenvolver-
se sobre as rochas Setuva, Turvo-Cajati e do embasamento arqueano.
Movimentos distensivos e compressionais acompanhados de lon-
gas fases de quiescência tectônica, ocorreram em vários momentos da evo
lução da bacia, condicionando os variados tipos sedimentares, propician
do a penetração de materiais magmáticos e vulcânicos, contribuindo parã
uma diversificação dos ambientes deposicionais e consequentemente dos
processos m~talogenéticos que geraram a grande maioria dos jazimentos
da Província Mineral do Vale do Ribeira, parte dest~ inserida na Folha
de Itararé (Fig.4).

CONSIDERAÇOES METALOGEN~TICAS E RECURSOS MINERAIS Os recursos minerais


existentes na Folha de Itararé distribuem-se de forma irregular sobre
as diversas unidades tectônicas, retratando assim eventos e processos
metalogenéticos especiais para cada momento da evolução geológica da
área, conforme exposto em seguida:

ARQUEANO - PROTEROZOICO INFERIOR No domínio dos complexos arqueano


proterozóico inferior participam litologias de alto grau, rochas gnaís-
sicas resultantes de sequências vulcano sedimentares granitizadas no ar
queano, bem como supracrustais meta-vulcano-sedimentar da Sequência Ca=
choeira. ~ bastante reduzido o número de mineralizações aí existentes
ou que tenham expressiva importância econômica. são conhecidas até o
presente formações ferríferas na região de Morretes (fora da Folha) e
mineralizações auríferas, cuja relação com as rochas supracrustais cita
das ainda é incerto. A escasses de exemplos, no entanto, não permite
descartar "in totum" a busca de concentrações minerais de Ni-Cu, Cu-Zn,
Co, Cr e platinóides associados asequências ultramáficas-máficas, e em
formações ferríferas, bem como para ouro em veios de quartzo e na Se-
quência Cachoeira. Mesmo assim, ainda são diminutas as possibilidades

3.444
..

de se encontrarem jazimentos importantes dos tipos acima citados na


Folha de Itararé, haja visto a pouca representatividade cartográfica
dos metalotectos conhecidos na área para hospedar aqueles bens mine-
rais.
PROTEROZOICO INFERIOR Neste período estão representadas na Folha a Se-
quência Turvo-Cajati e o Grupo Setuva, correlacionáveis entre si e pos-
sivelmente constituintes de um tectono-grupo único. A ampla variedade
de termos li tológicos descri ta para aqueles co njuntos, envolvendo desde
ectinitos até migmatitos e granitóides, além de rochas carbonáticas,
quartzíticas, metaultramáficas e máficas, gnaisses e xistos diversos re
tratam bem a complexidade evolutiva daquelas
. sequências, tanto deposi=
cionais como metamórficas.
Não se tem registro de ocorrências significativas naquelas se
quências, a não ser indícios de Pb {F}, associados a rochas granitóides
fraturadas, intrusivas em gnaisses e xistos da Sequência Turvo-Cajati e
cuja origem estaria mais ligada a processos posteriores {intrusão graní
tica/falhamentos/reativação wealdeniana}. No entanto estudos efetuados
pelo IPT {Rel. 17818}, levando em consideração a heterogeneidade verti-
cal e lateral dos tipos litológicos aí existentes, preconiza para o do-
mínio da Sequência Turvo-Cajati e, por extensão, ao Grupo Setuva, certa
potencial idade para jazimentos do tipo folhelhos negros, tendo em vista
"a abundância de metapelitos, sedimentação carbonática, rede de falha-
mentos, ambiente turbidítico e possível contribuição vulcânica" onde a
"rápida variação dos fácies litológicos apontaria uma incidência de ati
vidades tectõnicas sindeposicional".

PROTEROZOICO ~DIO-SUPERIOR ! no Proterozóico Médio a Superior que a


região enfocada foi alvo de um dos maiores eventos mineralizantes até
então assinalados, os quais acompanharam a deposição de uma espessa se-
dimentação terrígena/química/vulcanogênica do Grupo Açungui, em bacias
alongadas, tectonicamente controladas do tipo rift/aulacógeno.
Os principais jazimentos aí encontrados situam-se preferen-
cialmente em fácies carbonáticos, concentrados em níveis estratigráfi-
cos preferenciais {porções basais do estágio inicial e porções medianas
do estágio terminal} {Fig.5}.
Para as mineralizações desenvolvidas no estágio inicial do
preenchimento da bacia Açungui, predominam marcantemente concentrações
do tipo Pb -Pb-Ba-Zn {Ag-Cu-Au} associados a formações ferríferas e de
natureza e~alativa-sedimentar. são mineralizações estratiformes, estra-
tigraficamente controladas {situam-se acima de um nível quartzítico ba-
sal} e são acompanhadas no terreno ao longo de mais de 150 km, através
de uma série de indícios, anomalias geoquímicas, ocorrências e minas,
sempre balizadas por aquele nível guia.
A gênese desses depósitos se deu através de sistemas exalati-
vos, conforme modelo de Hutchinson {1977}, provavelmente acompanhando
falhamentos síncronos ao desenvolvimento do Grupo Açungui, Silva et
alii, {l982}.
Os principais representantes deste tipo de jazimento são en-
contrados no Perau {Pb,Cu,Ba}, Agua Clara {Ba,Zn}, Araçazeiro {Pb, Zn,
Cu,Ba}, são Bento (Ba,Pb) e Canoas (Pb) e conforme trabalhos anteriores
estão posicionados na denominada Sequência Perau ou Formação Perau.
Correlacionável ã Formação Perau e em continuidade paraNE são
encontradas sequências predominantemente terrígenas com raras intercala
ções de carbonatos e expressiva presença de rochas básicas, sendo consT
derados neste trabalho, como níveis superiores e longitudinalmente dife
renciados da Formação Perau tipo, descrita no anticlinal da Anta Gorda:
Nesta porção são assinalados ocorrências auríferas primárias e/ou remo-
bilizadas (Piririca), Morgental et alii,{l981) e rnineralizações exala-
tivas-sedimentares de Pb-Zn-Ag {Ribeirão do Leite/Itacolomi}, Silva Copo
}
ci t . .

Outra faixa com potencial médio para Cu,Pb,Zn,Ba e Au conside


rada como Formação Agua Clara é balizada a SE por um sistema conjugadõ
de falhamentos (Falha do Espírito Santo) e a NW pela "dorsal granitõide

3.445
-~--
---------

Três Córregos" e rochas do embasamento. Nesta sequência predominam ro-


chas carbonatadas impuras (calcio-xistos) e terrígenas com contribuição
de tipos como metavulcânicas intermediárias a básicas, assinalados na
sua continuidade SW por Pontes (1982). Inúmeras ocorrências de Cu,Pb e
Ba rudimentarmente trabalhadas e abandonadas, estão assinaladas na Fo-
lha, além da Mina de Ouro (Morro do Ouro-Apiaí) paralisada na década de
40.
As mineralizações de Cu, Pb e Ba, apesar da escasses de infor
mações, apresentam-se via de regra controladas por um nível carbonatadõ
principal, parecendo tratar-se de jazimentos "stratabound" com even-
tuais remobilizações epigenéticas, bastante similares âquelas encontra-
das na Formação Perau.
Para tais ocorrências é sugerida uma gênese relacionada a sal
moras conatas, através da remobilização por soluções hidrotermais dos
metais contidos na formação e posterior deposição em determinados ní-
veis sedimentares sob condições físico-químicas favoráveis, a semelhan-
ça dos jazimentos tipo folhelho negro.
Possibilidades para a ocorrência de depósitos de metais bási-
cos no fácies vulcano-sedimentar, dentro do modelo exalativo-sedimen-
tar, bem como Pb/Zn associados a carbonato de águas rasas também é aven
ta da para essa faixa geológica, Pontes (op. cit.). -
Para as sequências da faixa Itaiacoa-Itapeva (Formação Itaia-
coca) são assinalados indícios de Pb/Zn associados a carbonatos de águas
rasas, o cobre de Santa Blandina em rochas carbonáticas e formações fer
ríferas. Considerando que novos tipos litológicos, de elevada importân
cia metalogenética, vem sendo descobertos nessa faixa, como: rochas bá=
sicas/ul trabásicas, "cherts "e metavulcânicas ácidas, o potencial da fai
xa fica bastante ampliado para a pesquisa de novos jazimentos de Pb/Zn~
Cu e Au, além de mineralizações associadas aos tipos básicos/ultrabási-
coso
Em resumo, todas as concentrações metálicas acima citadas, nas
faixas perau, ~gua Clara e Itaiacoca, constituem,sem dúvida, minerali-
ções sinsedimentares com a participação de processos exalativos (vulca-
nogênico ?) e/ou mobilizações sin-diagenéticas, onde foi elevada a par-
ticipação, naquelas concentrações, do próprio ambiente sedimentar.
A mais conhecida área mineralizada do Vale do Ribeira, englo-
bando mais de uma centena de indícios, ocorrências e minas de chumbo, é
aquela situada na denominada Faixa Carbonática Central, incluída na FOE
maçã~ Votuverava de Bigarella & Salamuni (1958). Tratam-se de minerali-
zações sulfetadas de Pb, Zn, Ag e ouro, as quais se formaram num segun-
do estágio de desenvolvimento metalogenético da bacia. As mineraliza-
ções plumbo-argentíferas são tipicamente epigenétic~s, cujos processos
de formação estão ligados a remobilizações e reconcentrações, em fratu-
ras, zonas "de menor pressão e/ou barreiras li tológicas, para onde te-
riam migrado, soluções contendo os metais singeneticamente depositados
em horizontes específicos das sequências carbonáticas. No processo de
remobilização dos metais, interagiram: os esforços orogênicos, a colo-
cação dos granitos intrusivos, os falhamentos e águas meteóricas e con~
tas, propiciando as condições necessárias para a formação das soluções
hidrotermais Silva et alii (op. cit.), Chiodi F9 et alii (1982).
Para os jazimentos encontrados nesta faixa, são apontadas al-
gumas diferenças quanto a intensidade da participação das variáveis aci
ma na geometria do depósito. Assim, as minas da Barrinha (locais Oito e
são Joaquim) e Laranjal apresentam-se concordantes ao acamamento da en-
caixante e provavelmente formaram~se em fases anteriores ao dobramento,
por processos diagenéticos/metamórficos enquanto no local Quatro (atual
frente de lavra) a concentração se deu em zona de falhamento com desen-
volvimento de "drag folds" e carreamento dos minerais, previamente for-
mados, para zonas de baixa pressão.
Para os jazimentos da região do Ribeirão do Rocha, Furnas e
Lageado as mineralizações se concentraram predominantemente em alinha-
mentos retilíneos onde é nítido o controle ao longo dos fraturamentos de
tensão, relacionados ao dobramento e/ou falhamentos, tanto NE como NW,
bem como por barreiras litológicas (Rocha, Furnas). Os jazimentos da mi

3.446
na de Panelas guardam maiores semelhanças com os da Barrinha, ocorrendo
ali, tanto processos mobilizadores devido ao granito Itaoca, quanto pro
cessos mais complexos, corno diagênese e mobilização hidrotermal superi~
posta sobre zonas mais enriquecidas e posterior deposição preferencial,
junto à fácies mais impuras do pacote carbonático, Odan et ali i (1978).
Ainda na Faixa Carbonática Central ocorrem os mais expressi
vos jazimentos de minerais não metálicos do Vale do Ribeira, destacandõ
sobremaneira as mineralizações de Fluorita de Sete Barras, Brás e Cor~
bé, cujo posicionamento no tempo/espaço ainda está pouco claro, assim
quanto aos aspectos relacionados à sua gênese. Com referência a Sete
Barras existe duas linhas de pensamento para explicar sua evolução gen~
tica. A primeira de natureza sinsedimentar, através de processos di age-
néticos e/ou fluídos hidrotermais contendo fluor, que percolariam o pa-
cote carbonático carreando soluções de Si02 + F, Fagundes, (1982). E a
segunda, onde as soluções hidrotermais estariam relacionadas ao magma-
tismo alcalino e neste caso aproveitando antigas estruturas tectônicas
retomadas durante a reativação wealdeniana (vide comentários adiante).
Os dados coligidos por Fagundes (op. cit.) apontam para a ja-
zida de Sete Barras um nítido controle li tológico, onde na diagênese pre
coce houve substituição dos carbonatos por F e Si02. O pacote minerali=
zado apresenta ainda dobramentos e efeitos metamórficos tardios rela-
cionados à intrusão do granito Itaoca e é afetado por falharnentos com
consequente modificação do seu nível espacial.
Dado ao porte da jazida de Sete Barras (potencial de até 4 Mt
d~ fluorita, com teores > 40% CaF2)' seu condicionamento ao nível ~arb2
natico denominado L cx, por Daitx (1983), bem corno pelas caracter1sti-
cas observadas nas ~rções basais daquela sequência, corno formadas em
condições ambientais hipersalinas propícias para a formação de fluori-
ta, barita, apatita e mineralizações estratiformes de Pb/Zn, Daitx
(1980),é de se esperar que outras concentrações tanto de fluorita corno
dos retro citados minerais ocorram no domínio daquele "datum" litoestra
tigráfico devendo os estudos serem direcionados principalmente para os
termos basais daquela sequência, levando ainda em consideração, a proxi
-
midade de granitos tipo Itaóca e de falhamentos.

NEO-PROTEROz6ICO AO CAMBRO-ORDOVICIANO Durante este período a Região


de Dobramentos Sudeste, sofreu intensa atividade termo tectônica com re
mobilização do embasamento, granitogênese sin a pós-tectônica e grandes
falhamentos que afetaram as rochas ai existentes.
Os principais recursos minerais desenvolvidos nestes tempos,
relacionam-se principalmente a concentrações subordinadas de Pb e Au
(por rernobilização das rochas pré-existentes), We Cu em suítes termome
tamórficas (granito Itaóca) e mineralizações sulfetadas de Pb, Zn, Cu~
Sn e Mo em zonas de alteração hidrotermal de granitos de natureza alca-
lina, pós-tectônicos (Granito Mandi~), Boin et alii (1982) (Fig. 6).
são ainda associados aos falhamentos pequenas ocorrências de
Pb (Água de Limeira) e Au (Piririca e Cavalo Magro), em veios de quart-
zo e em rochas tectonicamente transformadas.
A grande maioria das mineralizações de F do Vale do Ribeira
(Sete Barras, Brás, Carumbé, Volta Grande, etc.), aparentam guardar
boas relações com estas linhas tectônicas, utilizando-as corno sítio pre
ferencial para a introdução de soluções e preciptação de minerais de F~
Ba e mesmo sulfetos de Pb, Cu e Fe, ocorridos em eventos mineralizan-
tes posteriores à regmagênese cambro-ordoviciana.

TRIÁSSICO-CRETÁCEO O terceiro evento que propiciou a formação de jazi-


mentos, principalmente de não metálicos, veio a ocorrer somente no Meso
zóico tardio com o vulcanismo alcalino que encerrou o extensivo magma=
tismo fissural básico, relacionado a Reativação Wealdeniana.
Os principais jazimentos associam-se diretamente aos edifí-
cios básico-ultrabásico-alcalinos com carbonatitos e à fraturas e linea
mentos abertos em decorrência dos arqueamentos ou das intrusões dos ma=
ciços alcalinos (Fig. 7).
Dois centros principais de ocorrências de rochas alcalinas

3.447'

----
são assinaladas na folha: a) Distrito alcalino de Jacupirangai b) Dis-
trito alcalino de Cerro Azul, representado por um dos maiores focos de
manifestações intrusivas alcalinas do Brasil Meridional (Mato Preto, Ita
pirapuã, Banhadão, Tunas e outras menores). -
Em Jacupiranga as mineralizações de apatita e níquel se acham
intimamente associadas à própria formação das rochas alcalinas, locali-
zando-se a apatita disseminada no carbonatito e o níquel junto ao piro-
xenito.
No Distrito Alcalino de Cerro Azul as principais ocorrências
minerais se localizam no corpo intrusivo de Mato Preto, com o desenvol-
vimento de uma complexa paragênese mineral contendo F, Ba (Th, TR) Cu,
Pb, Fe devendo em função dos dados já levantados, vir a se constituir
brevemente, numa das maiores jazidas de fluorita do Vale e proximidades
de Cerro Azul, representada pela jazida de Volta Grande.
Dezenas de outras ocorrências acham-se distribuídas neste dis
trito entre outras a de Itapirapuã (Fe), Barra do Itapirapuã (F, Ba)~
Cordinhas (Ba), Rio das Criminosas (Ba), etc.,praticamente inseridas no
domínio das rochas granitóides Três Córregos, quer na forma de véios .
mi
neralizados quer impregnando restos de tetos naquele granito.
Fora do domínio dos corpos alcalinos, a jazida de fluorita de
Volta Grande é a que apresenta as melhores evidências de um relaciona-
mento direto com as manifestações alcalinas da área. A mineralização
com mais de 200 m de estensão associa-se a um falhamentode direção E-W,
ao longo do qual se destaca intrusões de rochas aplíticas rnineralizadas
com F, Ba, Th e TR, D'Elboux et alii (1982).
Brechas cimentadas por Ba e F, processos de substituição dos
carbonatos dos restos de teto indicam uma origem hidrotermal para essa
jazida, ao mesmo tempo que o bom ajuste das relações Ba!Sr, La!Ce, Yb!
Y e Y!Ce+La de amostras coletadas em várias ocorrências associadas a me
tassedimentos carbonáticos, granito cisalhado e em carbonatitos, sugeri
ram para Silva et alii (1981) uma origem comum para o F, considerandõ
assim seu relacionamento ao magrnatismo alcalino mesozóico. As mesmas
conclusões chegaram os autores retro mencionados, com relação às ocor-
rências do Brás, Carurnbé e Sete Barras, o que conflita em relação a Se-
te Barras com outros estudos anteriormente referidos, quanto a sua real
vinculação com os processos alcalinos ocorridos na área.
Pela análise da distribuição dos corpos alcalinos e das inúme
ras ocorrências de Fe, Ba, tanto em carbonatitos, corno nos granitos e
metassedimentos carbonáticos pelas feições tectónicas (falhamentos, li-
neamentos, arqueamentos), e anomalias magnéticas e cintilométricas, as-
sinaladas por Algarte (1972) e Ferreira e Algarte (1979), fica caracte
rizada uma região de forma ovalada com mais de 400 km2, que denomina=
mos de Distrito Fluor-Baritífero de Cerro Azul, no qual é alta as
perspectivas de se encontrar outras jazidas de F (Ba) do porte da de Ma
to Preto e Volta Grande. -
O último episódio que permitiu a concentração de minerais ec~
nômicos está ligado aos processos superficiais superimpostos aos vários
contextos geológicos da área, através da extensiva peneplanização ocor-
rida no terciário, onde condições climáticas e de circulação de água
provocaram intensa atividade oxidante na grande maioria dos jazimentos
sulfetados, (Santa Blandina-Cui Jacupiranga-Nii Perau-Cui etc) bem corno
nas fases posteriores, quando do entalhamento daquela vasta superfície
Sul-Americana, já no quaternário, com a concentração de minerais detrí-
ticos nos principais aluviões da área (ouro, diamante) (Fig. 7).

AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado pela Companhia de Pes


quisa de Recursos Minerais (CPRM) para o Departamento Nacional da Produ
ção Mineral (DNPM), através do Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previ
são de Recursos Minerais. -
Os autores agradecem as Diretorias daquelas instituições por
autorizarem a publicação deste trabalho e aos geólogos Carlos Oiti Ber-
bert e Luiz Peixoto de Siqueira, cujo apoio e participação constante,
possibilitou a implantação e a realização deste trabalho pioneiro no
Brasil.

3.448
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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3.450
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PROJETO MAPAS METALOGENÉTICOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS

rTARARÉ
RJU<A: SG~2.x-e 4eOOd
49°30'
24000'
2"d

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TERCIÁRIO - QUATERNÁRIO ARQUEANO - PROTEROZÓICO INFERIOR

C=:J CcDer1Uf'8 ~ nao DIaiftokld..


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ARQUEANO

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OEVONIANO - CARBONiFERO
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PROTEROZÓICO SUPERIOR-EO PALfOZÓICO

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PROTEROZÓICO "'EOIO - SUPERIOR

BJ MtoqtOClinal Brosiliono

PROTEROZÓICO INFERIOR

GJ MkMJeoctinal TRIMGmCJ,t8nico

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Figura 2 -DIVISÃO '"
TECTONICA -GEOLOGICA (simplifiCXJda)

EX1RA'DA OA CARTA "E'DILOGENETICA


Oft. 06&107/84
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3.452
PROJETO MAPAS METALOGENÉTlCOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS
ITAIWIÉ
FOLHA:5a-22.X.8
49':!O' 48"0Q'
z..-oo' 24.00'

TERCIÁRIO - QUATERNÁRIO PROTEROZÓICO INFERIOR


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AROUEANO - PROTEROZÓtco INFERIOR

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AROUEANO
DEVONIANO- CARBONíFERO

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CAMBRO - ORDOVIC IANO ~ Gnai ' ..I.",at.to..

r-;;--1 Gronitoa ~t,c1OniC08 brasilian_: Mandira(rP,)


~ Alto'I\o"",r~1;Gtlaroút'P3); OUlr.. (fP). ~ MetomarfRo, da ;0 Cacn.......

PROTEROZÓICOMÉDIO-SUPERIOR
rr;-t ;.aoi... _1."'_' b""illa_ :11_11711;
~ =?:'r,(f~I;"'PioíIit31;EopIrito_(f141.
r;;--, Granitdld. si ,,-te'" MetSnie_
pl,,,, Trk Cór (rS,I; -..
iIi...: COM-
eun""_11:S'2!;
~ COmple", G_(U3~_($1.
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MA

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GAM-Cunha clástica
da ..tá.1o tInal.

Molassóid. .
._-quÍmica ~O10
, 20
, :!O Km
GA,- ~~uro w'cano- 18cIimentardo _tio ini-

Figura 3 -DIVISÃO LlTOESTRATIGRÁFICA (simplificado)

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C"'RT'"
DE5. .9066/06/84

3.453
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3.454
PROJETO MAPAS METALOGENÉTICOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS

ITARA"
FOLHA:SG-Z2-X-'
49° 30'
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SINÉCLISE DO PARANÁ

IMCIÇO IotEDIANO

DE JOINVILLE

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FIGURA ~-UNIDAIJU METALOGENÉTICAS PRINCIPAIS E MINERALIZAÇOEs
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~ h~
4aeod
ASSOCIADAS. FASE MIOGEO-
CLINAL (fIftOTEROZÓICO MÉDIO A SUPERIOR).

UTá"o INICIAL: II.N&"AL. uç6&s 00 TI~O ~.-~. ...h(~)I"1

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P.- Zo
~LOCAL
ARAÇAUIRO
li'
10
-. ,. LOCA
L
PIMENTEIRAS
S. 'lUA CLA"A 11 C. 'TA. CLAIU
3 Co TI"'VAS 12 Co SANAMSAIA
P.- Zo- IA ~E"AlI '3 ~. GUAP' ARA
'"
I Ptt-Zo CANOAS 14 a. GUAP1 ARA

a .. sio BENTO 15 PIt CAPio SaNITa


7 "'-Zn-C. R'8. DASMOCAS
,. C. $TA. aLAMOINA
S Ao PIR""CA .7 PIt IAI R 110 00 ALEGRIt

9 Pb-Z..-Ca-Fe RII. LEITE C. R,O ITARARt!


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UTállO T&RII.IIAL: .'"&RAL'UÇÕU 00 TI~: . )

Itl ,
~tt
,
~tt( AI -Ao)
( ~ttI
Co-Zo

... -..u LOCAL li' ....-.,ZAÇio LOCAL

19 PIt ROCHA Z4 Pb F URNAS


20 PIt PAQUEIRO zs PIt ESP(R'TO SANTO
21 Pb NHAo Z. PIt T AQUARA LI 54 .N
1&"'"
22 Pb PANELAS 27 SETE
_
23 Pb LAGEADO
~ Limit. da. unidad..

~ El1á'ilio inicial ~ Rocha. oranítical

o, 10
. 20
. 301(10
,
EstÓQio ",minol
ffiIllIIII]

3.456

~
---

PROJETO MAPAS METALOGENÉTICOS E DE PREViSÃO DE RECURSOS MINERAIS

ITARARÉ
FOLHA.SG-ZZ-X-e
49" 3d 48"00' Z400d
Z4000'

SINÉCLISE DO PARANÁ

MACICO MEDIANO
DE JOINVILLE

Z!!"QO'
48"00'
6-UNIDADES METALOGENÉTICAS E MINERALIZACÕES ASSOCIADAS. FASES: a) PWTONISMO
GRANrTICO 51N A POSTECTÔNICO BRASILIANO E b) REATIVAÇÃO REGMAGÊNICA CAMBRO-
ORDOVICIANA.

'AalE o : M.llIEIIAL.ZACÕIESao TI"O Ao- Ao CAt-


Ao) I ".-Co-Zo I o
"b1- "b( A,. Av) Ico-Znl

li' MIlIllEIIALIZAÇio LOCAL

Au 1'1 RI RICA
Au PEORO CUBAS

Ao CA VA LO MAGRO

4 Au CATAS ALTAS

Pb ÂGUA OA LI MIEIRA

6 Au MORRO 00 OURO

'ASIE b: M'"EIIAUZAÇi5U 00 TIPO. -. (Cu- Au - Mo)


c01-CoCI'b-Zo) (;03-CU-Zo-Molpblo Au1-Au

11- MlllElIAUZAçio LOCAL

7 Cu MANOIRA

8 .(Cu) ITAÓCA

9 Cu STA. BLANO.NA

~ Limite das unidade,

~
..
/
Falnos

Zona.

V8iOl d.
mintra!izadOI (.U.roç:h,

tzo lftiMIGliJOClos
Itidroter i', IScarnltos)
O, 10
, ZO 30Km

3.456
PROJETO MAPAS METALDGENÉTICOS E DE PREVISAO DE RECURSOS MINERAIS

48"Od
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FIGUfM 7 - UNIDADES METALOGENÉTICAS '""IHeI S E MINERALIZACÕES ASSOCIADAS. FASES: a ) REA-


TlVAÇÃo WEALDENIANA(TRIÁSSICD-CRETÁCEOI. b)CDBERTURA SUPERIMPOSTA FINAL (T-O)

lIe IiIIHlIUU LOCA L

P,Fe J&CU~RAII8&

Ni .J&CU"'RAHG&

4 Bo(F)

FI

FASE D : _IIAUZAÇÕe 00 TIPO Au-SII- DIAMANTE(DET1tfncosl ,Cu- PII-IIIII-" (OIt1lW)C)S)


I P-I' (IIESI~)

IIIHlJl&LIZJIÇlo LOCAL IIt 1IIIIIII:RAUZAçJO LO CA L


'"
5 Au IZ Mn DE5CALVAoo
7 A. 13 Ni JACUPIRANGA

8 ~ITMAM, S(NGD 14 Apatita JACUPIRANGA


H
9 5n _O'RA F,8a MATO PRETO

10 C. S!.! BLANDlNA
"
15 PD FURNA5
11 Cu,Pb PI:RAU 17 PD BARRINHA

.
o .
10 .
zo ,
3011",
II

3.457

,
-~_..
._~----
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

A LEGENDA DAS CARTAS METALOGEN!:TICAS REGIONAIS NO BRASIL

luiz Peixoto de Siqueira


Geólogo da CPRM

-
ABSTRACI' Whith the starting
Recursos Minerais"
of the "Projeto Mapas Metalc:çenéticos e de Previsão de
(mPM/CP~ Agree!!ent) at 1981, intending progressively to <:x)ver
alI over the Brazil in a differentiated manner at 1:250.000 and 1:1.000.000 scales,
an i.zrIerati ve need errerged at the sense of establishing ccntent and legend for the
Metallc:çenic Map constructed on individual sheets according international pattem at
these scales. The author, 3S the General Coordinator of this project, since 1982,
defined map content and organized the present legend for use in these maps, based
on IIOst rrodern geolc:çical regianalization concepts, because continental dimensions
of this country and the varied origin of infomations involving data at different
scales, coUected at different tiInes by different geolc:çists, probably, partisans
of various scientific schools. 'I'his legend foresees the plotting of mineralization
data on a tectonic-geological base and contains the principal age lilnits for
stratigrahical stages and a series of tectonic types for grouping different rock
sequences wi th i ts structural characteristics. Considering the leveI of informati
ons, i t was not used sare data about mineralization such as size, age and chemisni:-
It E:!I1ploys figures, symbols and signs that once cx:mbined pemit to construct black
and whi te maps warranting visualization of principal metallc:çenic relationships of
various mineral deposi ts facili tating the establiSlment of the general laws of time
space distribution of mineralizations, as weU as the identification of principal
guides for locating new mineral deposits. Such maps have a previsional character
that peIJ!lits to elaborate subsequent new forecast and governmant action planning
maps.
INI'IDra;.ÃO O Projeto Mapas Metalc:çenéticos e de Previsão de Recursos Minerais, i11!
ciado em ago$to de 1981, visa cc:brir prc:çressivarcente o Brasil, pretendendo uma rea
valiação e integração, cem unifoIJ!lidade de critérios, de todas as informaçÕes geol§:
gicas até então coligidas. Os seus produtos finais, os mapas metalc:çenéticos e de
previsão constituem os instrumentos capazes de precisar as áreas mais favoráveis ~
ra a prospecção mineral e de fornecer orientação sobre os caminhos a tanar na expIo
ração dos recursos minerais nacionais, servindo, desse rrodo, de base à elaboraçãõ
dos programas setoriais' de pesquisa do mIM, e de orientação ao minerador na seleção
de alvos potenciais para investimentos cem merores riscos em prospecção mineral.
As escalas utilizadas têm sido 1:1.000.000 para a Região Amazônica e 1:250.000,
para o restante do Brasil para o que se dispÕe das bases geolÕgicas correspondentes
nestas escalas as quais sanadas ao vastissirro acervo de infomaçÕes resultantes de
levantamentos geológicos de detalhe e semideta1he, de levantamentos aerc:çeofisicos,
gravimétricos e geoquimicos e de cadastro de ocorrências minerais, têm pemi tido ela
borar a contento
1) refletir
cartas metalogenéticas
as leis gerais
regionais
sOOre a distribuição
cujos principais
espacial
requisitos
dos depÕsi tos de minerais
são: -
~
conânicos de vários tipos, cem base na análise de todos os dados existentes dispo
ni veis. O principal resultado desta regionalização metalc:çenética seria a ident!
ficação, sobre o mapa, das provincias, zonas e distritos metalc:çenéticos, cem a
real ou possível distribuição de depÕsi tos de vários tipos de minerais econêmicos.
I~to é especia1Itente pertinente ao planejamento racional dos serviços de pros~
çao.
2) fornecer alguma idéia da distribuição dos depÕsitos minerais e também das diver

3.458
sas formações geológicas, nos vários estágios da evolução geolÕgica das principais
entidades tectônicas do território sob ccnsideração, a fim de proporcionar una ava
liação mais precisa das ãreas portadoras de minério, una vez que estágios estrutU
rai~ individuais US1Blmente são caracterizados por especlficas feições de mineralI
zaçao. .
3) refletir cxm clareza as relações existentes entre depÕsi:tos minerais e fatores ~
lÕgicos (c:x::II'q?lexosintrusivos e suas partes individuais, formações sedinentares e
wJ.canogênicas, IIDstrando o máx:im:Jpossível a litologia das rod1as encaixantes da
mineralização, as estruturas diastrôficas, .zonas de metanm'fisIlD, etc.}.
4) refletir os tipos genéticos dos depósitos ~ uma vez que isto é mais :im
portante no julgarrento das cx::ndiçôes de S\Ja loca,lização.
Portanto, m\ grame número de infcmnes de natureza bastante diversificada deverá
ter sua representação cartogrâ.fica assegurada, do rrodo mais claro e simples posslvel,
através de sinmlos cc:nvencia1ais que correspcnc1am aos ab.jetivos das cartas metal~
néticas e que coloqtJen em evidência os resultados do estudo previsão-metalogênese,saIi
que tais cartas percam o seu caráter geológico e, de rrodo a ton1â-las facilmente leg!
veis.
I.evarxb-se em c:cnta, por outro lado, que o ter:ritório brasileiro possui extensão
continental, orrle se encontram materialmente representados os mais diversos tipos de
entidades geológicas, desde o Arqueano até o Fanerozôico, sobra as quais incidiram l~
vantamentos diversos, de diferentes escalas, em diferentes épocas, executados por dife
rentes equipes e entidades privadas e governamentais, e, CCX1Sideranc1oainda que os
trabalhos de cartografia metalogenética e de previsão serão executados s:imul~
te em ãreas can nlveis de informações bem distintos, fêz-se mister o estabelec:iJtento
das escalas e c:cnteúdcs destas cartas, bem cano, o aperfeiçoamento e adoção de un ~
tana de representaçãocartográfica
. único, aplicável' ao Brasil inteiro.
O sistana de réPresentação cartcgrâfica cõnoeb:ído utiliza tramas para aS 11l'lV;~PS
litolÕgicas e f}e~icas fundamentais, tentando-se e.l.im:inar a sab.recarga dos mapas,
ao se adotar o uso de letras e Indices nunéricos ccmbinadar para detalhar andares es
tratigráficos, individl1~liZ<'lr unidades tectênicas ou seus remanescentes, tipos litolÕ
gicos e/ou petrográficos, facies litolÕgicas, bem cano o uso de símbolos especiais ~
ra a representação dos diversos elementos estruturais, e dos elsrentos da metal.ogêne
se, a f:im de se obter, a custos baixos, cartas em preto e branco bastante satisfatóriaS.
Prevendo-se a utilização de cores sobre as cópias obtidas cxm a finalidade de realçar
deteDninadcs parâmelros, cano as unidades tectônicas ou seus rananescentes e as c:cn
centraçÕes minerais representados sobre o mapa, porêm, nunca em substituição à qual
quer destes parâmetros, a legerxm cmtÉm ''boxeS' sobre os quais poderão ser lançadas ~
res escolhidas~
Tendo em vista os objetivos colimados,estabeleceu-se lançar os dados relativos a
mineralizaçôes e seus indÍcios sobre una base tectônica e geológica especializada, em
que os métodos de representação J;:eI.'II1itam
roostrar, cxm o mãxiIro de evidência e fideli
dade, as regiões de manifestação de dobramentos e as bacias de platafor:ma de cada ~
dedo geolÕgico, e, cn:1e estejam assinalados os controles magmático, estrutural, lito
lógico e estratigráfico da mineralização, devendo tal base ser m\ pouco simplificadã:
em relação a carta' geológica ordinária de mesma escala, nos locais que não apresentam
interesse, e bem mais detalhada can relação às faceis metalÍferas das intrusões, dos
horizontes encaixantes da mineralização, das estruturas dobradas, dos acidentes de
falhas, zonas de fissuras, foliações, ete.
Registr_em-5e os recaJhec:imentos ao GeÕlogo JuéJ.sm da Cunha e Silva, idealizador do
citado Projeto e prarctor de vários debates através de reuniões cem os Coordenadores
Regionais do Projeto e representantes do JJNI:M, destacando-se dentre eles os GeÕlogos
Carlos Oiti Berbert, João Dalton de Souza, Pedro C-eI:Vásio Ferrari, Xafi da Silva Jor
ge João, pela CPRM, e o C-eólocro Carlos Schobbenhaus'Pelo rnPM. -
A todos estes e danais ~cos da CPRMenvolvido; na execução e supervisão dos
trabalhos do Projeto os agradecimentos do autor pela c:cntriliuição que trouxeram para
a consolidação e aperfeiçoamento desta legenda e das danais relativas às cartas de
previsão de recursos minerais e de planejamento de açÕes governamentais.
REPRESENI'AÇÃODA BASE TECIm~1CA - A legenda da base tectono-geolÕgica (PR1IN
aoo I a 1II) acha-se concebida de rrodo a englobar dados sobre estratigrafia, tectônI
ca, geocronologia, elementos estruturais diversos e litologia/petrografia, reservados
para o lado direito da folha.
A estratigrafia está apresentada cxm três grandes divisões principais, sendo as
duas primeiras referentes a épocas em que os depositórios se estabeleceram após a
individualizaçãO de una ou mais massas continentais extensas e errersas, cano atestam
os seus sedimentos clásticos grosseiros de derivação continental, eIXilJa!lto o terceiro
refere-se a épocas mais antigas em que não se tem qualquer evidência da existência de

3.458

--- -
---..-----

extensas mas~ continentais emersas, pelo menos por um teITpo !!uficiente para pent!:i,
tir a acumulaçao de secliIrentos elásticos grosseiros de derivacao continen'tal, e sendõ
caracterizada pelo predaninio absoluto de sequências plutônicãs, vulcanogênicas e qui
rnicas, cc:m raros rnetapeli tos, canumente elevadas a graus rnetarrórficos médio e aI to: -
Reconhecem-se,assim, dois grandes períodos bem distintos .da evolução da crosta
terrestre.
Ao prilrei.ro, correspondem os terrenos mais antigos de idade arqueana > 3,1 b. a. ,
e que, em detezm:inadas regiões do globo, apresentam-se subdivididos e acharn-se separa
dos dos terrenos mais jovens por um hiato de longa duração, can uma história geológi'=
ca o::rrplexa envolvendo migrações diacrônicas de ascensões e subrergências da crosta
terrestre em diferentes lugares.
Estes terrenos, representados estratigraficamente pelo Aroueano Médio a Inferior,
são rnetarrorfisados nas fãcies granulito e anfibolito e em al9umas regiões do globo
apresentam-se caracteristicamente arranjados em estruturas fechadas el1pticas, cir-
culares ou amebóides asseme1ha.das aos "dates gnáissicos", mas destes diferindo pelo
grande tamanho (100 a 800 km de diârretro) e por possuírem uma estrutura interna can-
plexa. Tais estruturas tem o seu núcleo cc:m a denaninas:ão de "oval gnáissica" con
tornado por cinturões de rochas predaninanta1'ente na facies granulito arranjadas li=-
nearmente em dobras apertadas e isoclinais cc:m distinta vergência centrlpeta (IIDViIren
to de massa dirigido para o centro da oval) . -
No Brasil, as regiões de terrenos granul1 ticos mais bem conhecidas estão na Ba
hia, particularrrente na sua parte oriental, onde ainda é possível visualizã-los con=-
tornando dois blocos de terrenos plutono-gnâissicos-cbarnc:iqu1ticos e migmatitos, e
definindo, desse modo, duas gran:ies estruturas concêntricas. Provave1Irente, estes
dois blocos correspondan a duas ovais gnáissicas, e neles são encontradas idades
relictas, de até 4.200 m.a. . Os terrenos granul1ticos, contornando estes blocos,
definem expressivas faixas cc:m linearidade bem acentuada e cc:m uma Última idade de
metarrorfisrro de 2,76 b.a., a exemplo do que se verifica em outras partes do mundo,
Sugerindo serem os terrenos granul1 ticos mais jovens que os das ovais gnáissicas.
Em diversas regiões no Hemisfério Norte, terrenos similares apresentam datações
radianétricas principa1Irente isotópicas de Pb, isocrônicas de Pb e isocrônicas de
Rb/Sr para as rochas plutônicas das ovais em torno de 3,5 b.a. e, algumas vezes 3,7
b.a., indicando os prilrei.ros processos termais dentro do Arqueano. Estas são, prova
veJJnente, as idades de metarrorfisrro e plutonisrro verificados nos terrenos Arqueanos
mais antigos, sendo, por isso, o limite de 3,5 b.a. admitido para separação entre o
Arqueano Médio (interovais) e Arqueano Inferior (ovais gnáissicas). Há razões sufi-
cientes, a partir das evidências encontradas na Bahia, para se adotar este limite no
Brasil, anbora cc:m certa reserva.
A maior dificuldade para o estabelecimento de uma tal discordância é, naturalmen
te, a ausência de conglanerados nestes terrenos, texturas que tendem a ser muito eS
táveis e que sobreviveriam a qualquer grau de recristalização e, até mesrro, aos pri =-
meiros estágios de uma granitização metassanãtica.
O estabeleeimento de uma idade para limite entre o Arq\Jeano Médio e o Arqueano
Superior constituitt-:se em sério problera, por algum tempo, uma vez que as idades de
rnetarrorfisrro dos terrenos granuliticos,frequenterrente assinaladas entre 2,6 a 2,85
b.a. em várias partes do mundo, vinham SE!'1do crnsideradas na Groenlândia pr McGregor
- 1968, Black et alii
a idade do metarnorfisrro
- 1973, Pankhurst
da fácies granulito
et alii - 1973, (in Salop, 1977) CCJ!O sendo
superimposto a rochas que teriam sido an-
teriormente metarrorfisadas durante evento mais antigo (3,5 a 3,7 b.a.). Contudo, ida
des mais velhas que 2,9 b.a. obtidas das supracrustais Malene e Isua, discordante> nI
tidamente sobre os terrenos granul1 ticos, levam a interpretação de que as idades de
2,6 a 2,85 b. a. corresp:ndern a processos tennais superimpostos sobre as rochas da
fácies granulito, sem causar fortes efeitos de retr~tamorfisrro, causando, porém,
uma hato;Jeneização isotópica (criptanetarrorfisrrot.
Há razoáveis indicações de que fenâneno similar tenha sido verificado nos terrenos
granuliticos Arqueanos do Brasil, e algumas idades no entorno de 2,8 m.a., encontra-
das na Bahia em sequências supracrustais epiIretam5rficas discordantes sobre os gran~
li tos, nos conduzem a interpretação de um limite superior de idade para estes Últimos
em cerca de 3,1 b.a. .
Ao segundo grande período, correspondern os terrenos que se identificam com as
épocas de existéncia de extensas massas continentais emersas, e constituem as denani-
nadas coberturas, que já permitem uma subdivisão clara em daninios plataformal ou

3.460
intrac::ratônioo e ~sinclinal/orogênioo. No caso especlfioo do Brasi, este grande
perÍodo de evoluçao da crosta terrestre apresenta danÍnios de caráter arogênioo sanen
te dentro do Precanbr1ano, nos tanpos ProteroZÓiccs, no entantc ,os deposi tórios de cã
ráter platafOJ:Jnal 00 intrac::ratônioo já haviam se estabelecido um palOO antes, a ~
tir do Arqueano Superior, isto é, a partir da instalação das entidades geológicas c:1ãS
sicamente denaninadas "Greenstone Belts", e que na realidade são rananescentes a.e
"rifts" centrais de aulad5genos prlInitiva;. Por essa razão a ooluna estr3tic;rráficaPél.
ra os terrenos o:m idades mais jovens que 3,1 b.a. ad1a-sesubdiV-i.d:ida. em dois granà:s
c:grupamentos: a) - Arqueano SUperior ao ProteroZÓioo,
intrac:ratônioo e dôdaninio arogênioo, entre'3,1 e 0,57 b.a.;
englobando terrenos do
b) - Fanerozóioo,~
daninio

sent.aOO por terrenos de idades mais jovens q\Je 0,57 b,a. do daninio intrac:ratônioo e
do daninio pericratônioo/geossinclinal, ten::Ic estes Últincs se fixa:io a partir do iní
cio do eretáceo Superior, época em que se inicioo a separação Jtfrica/Brasil o:m ã
subsequente instal~o do Oceano Atlântioo.
A evidente reedição de processos de geração e/ou transfoxmação de rochas bem marca
cada nas sEqUências sed.1mentares e/Ol wlc:ano:1êni.cas é t:anbém observada para as roc:::hâS
intrusi vas, peImi tindo uma visualização oonsubstanciada dos diferentes eventos tecto-
no/teImais/magmáticcs. Visto que nem sanpre as rochas intrusivas fican oonfinadas ao
si tio da distribuição das fOI.1llaÇÕessed.1mentares. e wl~sediJnentares concebeu-se u
ma legen1a em que a divisão estratigráfica ~ I) cx:m.ternplandoas unidades secü=
mentares e wlcarogênicas aparece em correspcn:Jência o:m os eventos tectono-teIJT1ais -
IDéÇIDáticcs, pelo menos através das sequências plutônicas. As sequências sed.1menta-
res e wlc:ano:1ências são assjm, a;p:upadas de acordo o:m a escala cra1O-eStratigráfica
ardinária, enquanto as rochas intrusivas são agrupadas de acordo o:m a escala de even
tos tectono/temais/magmátioos. -
As áreas rejuvenescidas, receberão taIJ:âm .a idade de rem::bilização e/ou do cripto-
netanDrfism:) o:m a sigla do ciclo tecta1o/tennaJ/magmátioo, em que se deu o rejuvenes
c:imento, oolocado entre parênteses no lado direito da sigla da idade de facnação. -
Para os casos em que não se puder fazer as divisões propostas, a legenda apresenta
alternativas .
A representação das idades radianétricas sobre o mapa asseguram uma melhor visuali
zação. das áreas de 1nfluênc:ia destes eventos tectono/termais/mgmátioos e, portanto-;
a sua :represen~ na 1egerxia. se faz necessária. ~
Tcdas as evidências 1nd1can que o:m o fechamento do Axqueano Médio ,3,1 b.a. ,toda a
crosta terrestre toJ:na1-se definitivanente oonsolidada, e que as prjIneiras supracrus-
tais a se desenvolverem no AJ:queano Superior, sobre essa crosta, estão relacionadas a
arcabaJços de t:ect:âú.ca rig1da,o:m IOOV1mentosverticais apreciáveis gerarXlc relevos
fortes e áreas anersas extensivas para dar' arígem a cx:m.glaneradose sedimentos clãsti
cos grosse.tros. Os aburxlantes derranes de .lavas cx:m.tidos nestas supracrustais noS
peD!litan cànitir que a tal crosta já ccrJSOlidada pasSOl por uma intensa fragmenta-
ção a partir do iriício do A%queano Superior.
As evidências de que as rochas do Arquearo Superior, ou seja as sequências dos
"Greenstone Belts" clãssioos, foram mais provavelmente deposit:.adPS em grande bacias
induzidas por "rifts" sobre uma crosta siã1ica, serx30 posteriOJ:men.te rrcdificadas e
parcia]mente despedaçadas por tecta1isnD e íntrusões batol!ticas granitóides, sanadas
aos dados de paJ.eana;Jnetis que indicam que a deriva cxntinental ocorreu pelo mena;
desde 2.800 m.a. atrás, nos induzem a cànitir que prooessos de tect:âU.ca de placas co
meçaram a atuar a partir do Arqueano Superior, E!T1baraem escala diversa daquela dos-
processos da tectônica de placas cxn1:aIp)rânea.
Dentro do ccntexto da tectônica de placas e de aoordo o:m o "ciclo de Wilson", as
bacias sedimentares FaneroZÓicas cx:meçama se estabelecer sd:>re os cx:m.tinentes na
fOI:ma de fossas tect:ân1cas <::u"rifts",após verificado o fenâneno da fragmentação cont:!.
nental.Alguns destes nrífts"experimentam o afastamento de seus bordos pelo processada
deriva continental e, progressi.vanente,se transfo:cnam em bacias oceânicas, enquanto
outros, que não exper1mentam grandes afastamentos dos seus bordos, são sucedidos por
bacias anplas intrac:ratônicas ocupando as grarx3es depressões estruturais chamadas
s:inéclises, scbre eles estabelecidas. Em dado instante, as bacias oceânicas ou geos-
sinclinais em expansão experimentam a ín~ão do afastamento de seus bordos e
caneçam a se fechar, quando se verifica o fenaneno da subducção da crosta li tosférica
oceânica gerada à nedida que ooorria a separação continental. Durante a subducção da
litosfera oceânica, a bacia geossinclinal experjmenta os processos de dci:>ramento e
foxmação de cadeias de .IIDntanhas desenvolvidas nas margens dos continentes (caso dos
ArXies), pOOenjc, ainda ocorrer diferenciações no danÍnio oceânioo na foma de aroos in
sulares e "fore", "intra" e "back"
to das bacias oceânicas pode ser total,
-
"are basins" (caso do Mar do Japão).
de modo que un orégeno intercontinental
O fechamen
c:t::IITD-;
por exanplo, a cadeia Alpina, resultaria no lugar da bacia oceânica, ac:x:mpanhando
. zo
nas de fragmentação antigas da massa continental.

3.481,

-
--

Burke e D6'ley (1974), exam.:i.nando as margens oontinentais atuais, chamam a atenção


para a forma que elas apresentam, cx:I!Ireentrâncias e saliências definidas por trechos
retilÍneos que aos pares fOD11aI!lângulos de aproximadamente 1200, e enfatizéll1 que di~
te das reentrâncias ocarrem zonas rifteadas sobre as quais estão estabelecidas bacias
lineares intracratânicas projetan:1~se para o interior do oontinente, definindo cx:I!I
a margem reentrante um arranjo trlplice de fraturas profundas, goven1ando a instala-
ção e evolução das entidades geolÓ3'icas nas formas de bacias oceânicas ou geossincli-
nais e bacias intracratônicas, que, desse modo, resultan estreitamente relacionadas ro
t.e'1'1p::>
e no espaço.Caro exemplos mais marcantes podem ser citadas a Bacia AmazÔnica,no
Brasil, e a fossa de Berroe na Mrica, situadas diante de trechos reentrantes do
Oceano Atlântioo (Geossinclinal AtlântiCB) .
Em decorrência do fechamento dos oceanos e C01'1SEGUente oolisão das margens oonti-
nentais antes separadas, as geossinclinais transmutan-se em oróqenos intercontinen-
tais, cem suas 1TD1assas sucessoras marginais e interiores, en:;JUanto as bacias intra-
cratônicas reentrantes são parcial 01 totalmente dobradas e rnet.al!orfisadas. Can a
ascensão do oróqeno, o antepais pode sul::lrergir a níveis m.1Íto inferiores permitirrlo a
invasão marinha geral e formação de bacias epiccntinentais QO.lpando depressões s~
bre o antepais. Tardiamente, fOJ:Inam-se sistemas conjugados de fraturas, diaganais
aos oróqenos e aos rifts e/ou aulacÓ3'encs, retrabalharrlo o antepais e podendo dar
origem a fossas tectônicas pÓs-oolisão.
Tem sido verificado, tambÊm, que os sistemas rifts/geoclinais (as geossinclinais) ,
transnutados em oróqenos, e os sistemas rifts/sinéclises (os aulacégenos) , aparecem
estreitamente relacicnados nos ~ Precanbrianos, a partir do proterozóioo Inferi-
or (HJffman et alii, 1974), e can um marcante sincronisrro de desenvolvimento, de tal
ITDdoque a detecção relativanente mais fácil das fases evolutivas dos aulaaSgencs tem
ajudado significativamente na canpreensão da evolução dos oróqenos a eles relaciona-
dos.
Nos Estados de Sergipe e Bahia, exerrplo brasileiro .de área can a maior diversifica
ção geoló:;ica faci.lrrente o::mpreensível, ocarrem faixas orogênicas, rifts e/Ol aulaOO=
genos do Proterozóioo Médio a Superior estre1ranente relacionados, materializan::lo um
padrão de fragmentação trlplice similar àquele dos ta'QpOSFanerozóioos. AÍ, são reoo-
nhecidas claranente pelo rrenos duas junçÕes tríplices I semo que em cada una delas
dois de seus raxros são QO.lpados par orógenos e o terceíro representa a fossa tectôni-
ca central de um aulaajgenc. Achan-se elas formarx3o os sistemas: OrÓgeno, FODIDSa do
Rio Preto/Rift BociUeirão-Estreito, no noroeste da Bahia~ OrÓgenc Araçua{;Rift Espinha-
ç~Sinéclise Clapada, 00 centro e sul da Bahia e norte de Minas (":erais. Uma molassa
marginal se faz presente na margem meridional do Orógeno Sergipano e, uma bacia rnatinha
epicontinental sucessora, ocupando depressões do cratcn do são Francisoo, se faz
presente no centro do Estado da Bahia, cx:I!Ia denaninação de grupo Una; e 00 oeste da
Bahia e norte de Minas Gerais, c.an o nane de Grupo BanbuÍ. Digoo de oota é também
o retraba1l1aroonto da área cratónica e de todas as foJ:InaÇ5es que a oobrem, representa-
do por densos sistemas de fraturas conjugadas (NNW;'Em:; no sul da Bahia e WNW/NNE,no
noroeste da Bahia), associadas aos qua1s se verificam fenânenos de transcorrência e/
ou gravidade.
Além disso, fossas tectón1cas Cretâceas cx:rno as do leste da Bahia e sul de Perrem-
0000, defi.ni.1ido o Sistema RecÔncavo/I'ucaoo/Jatobá, estendendo-se do litoral para o
interior, a~se juntanente cx:I!Io "rift" Alagoas/5el:gipe representando sistema de
"rifts" precursores da bacia oa:iânica ou geossinclinal Atlântica.
~ pois, possível en:;ruadrar o:::m segurança, os terrenos brasileiros dentro dos ti
pos tectón100s que ,apareç:ari na legenda (PRANCHAIl.
Os terrenos agrupados dentro das unidades tectón1cas 01 estágios esttuturais reoo
nhecidos não inportando suas idades, poderão ser realçados por car:es procuranCb-se,nã
medida do possível, definir tons claros para t:erren:>s de unidades tectônicas mais re
centes .
Una ordenação tectono-estratigrãfica concebida nestes ITDldes é bastante vâJida e
indispensável, urna vez que além de assegurar urna uniformização de critérios, dentro
das oorrentes científicas mais m:::xJernas, vai peDI1i.tir a definição das unidades me
talogenéticas de primeira graIXJeza, ao mesrro tstpo que fornece urna visão razoável
das principais épocas metalogenéticas.
A representação dos diversos tipos litolÓgioos e/ou petrogrãfioos fundamentais é
feita por inteJ:médio de tramas "Letra-Set"
logo respectivo. (Vide PP.ANCHAII)
indicadas na legenda pelos núIreros do catá -
A CCJ!I!1OSiçãodas rochas é indicada por inteDnêdio de urna 00 mais letras, re
servarrl~se as maiúsculas para as ígneas (derrames e intrusões) e ortanetaITérficas e-;
as ndnúsculas para as sedimentares e piroclãsticas e correspondentes metam5rficas ~ Os

3.462
tipos genétices dos sed.imen'b:>sdevEm ser assinala:ios para peImitir algumas generaliza-
ções iIlp:)rtantes e aboJ::dar as ccrxli.ÇÕes de fcn::mação e as leis de evolução de un dado
oorizonte lito-estratigráfico, CXI1duzindo a interpretação das condiÇÕes paleogeográfi-
cas e, indiretamente, a história dos IOOITimentost.ect:ênicos.
A representação das rod1as efusivas e pi.roclásticas oorrespondentes, nesta prq;x:si-
- ção, é assegurada par tremas para individualização dos grupos de ultrabásicas, bási-
cas, inteJ:mediãrias, alcalinas e c:x:nplexcs não diferenciados, sendo a ccn;:osição indi-
cada par mais letras colocadas scbre o mapa.
A represen~ das rochas intrusivas é, do IDeSIOO IOOdc, assegurada par tranas para
a individualização das fatlÍlias: ultrabási~, básicas, intennediárias e ãcidas, cha-
mando-se a atenrão aiIXIa para os grani tcs anorcgên:i,.ces, os c:x:nplexcs alcalinos de pla-
tafcmna e as p8:1l1S1BSintrusôes, serXlo as suas variedades indicadas no mapa' par uma
al mais letras coloc ;"'''' scbre a trama.
As pe:panas intJ:usões (chaninés, diques tabulares, diques cônices, diques anelares)
devem ser claranente I'ICStradas sctxre a carta, pois elas são ItnJi'b:>:1mport:.antes para a
c1escx:berta das relações entre a mineralização e o magmatisllD. ~ indispensável distin-
guir os diques segumo sua natureza geolÓgica, idade e c:x:nposição pet:.rográfica. SeOO.o
estes corpcs Em geral de pequena extensão, eles devem ter corrtOD1Os reais assinalados
quando pcssivel e, até mesmo, a:m certo exagêro de escala, ou devEm ser representados
por um sÍIrbolo gráfico, colocando-se ao lado da representação mais adequada uma ou
mais letras para indicar a c:x:nposixão da pequena intJ:usão.
Para realce das pequenas intrusoes que peImitan representaçÕes en contemos reais ,
rec:cmenda-se preend1er o catp:) delimitado a:m a cor preta para os tip» básicos e dei-
xar o CCIrp:) SEm cor e SEm tramas para os tipJs ácidos.
A representação das roà1as metaOOr1fcas regionais ad1a-se idealizada para individua
lizar c:x:nplexcs ou corpcs de rod1as, nosmais variados graus de metanarfislID. Nos cã
50S en que uma mesma trana é utilizada para representar diferentes tipos de rocha, u
sam-se abreviaturas co'~""" scbre a trama.
As variedades dentro de cada tipo fundamental, serão assinala:ias pela abreviatura do
mineral colocada ã esquen1a da abreviatura do tipo da rocha. Por ~o: J:Gn-bioti ta
gnaisse: granada gnaisse-grngi piroxênio gna1sse-p1Gn, etc.
Entre as rod1as met:an5r.ficas de cxntato é racional d1stirxJuir os harnfelses e escar-
ni tos, de acordo a:m sua cx:np:sição, e assinalá-los sobre o mapa por intexmêdio de uma
trama quadricuJ.ada fina, scbre a qual coloca-se a abreviatura do mineral que define
a variedade do hoJ:nfels ou do escarn1'b:>. Por exe!Iplo: harnfels ã cord1er1ta-hco, à
aIXIaluzita-had: escarnito ã dic:.ps1d1o-sdp, ã epidoto-sep.
Sequências de estágios distintcs, enix:lra nem sarp:e repousen scbre uma discordânc:i.a
an;ular nitida, são cx:::uumenteseparadas par uma descontinuidade ou hiato causado par
erosão e/ou interrlJ.I:ção na ~;nv;>ntação, e is'b:> será IOOStrado pelo tipo de traçado do
contato prc:{JOsto na legenda (~ llI).
A diferenciação dos tipos de a::ntato em discardâncias, cxntatcs intrusivcs e/ou con
cordantes, falhas, pezmite sublinhar scbre a carta metalogenêtica as ~pais fases
reCXJnhecidas da orcgênese, bem a:mo, cxnfiJ:mar a. exatidão da subdivisao dos CXIIplexcs
de rod1as em estágios estruturais/tectênicos.
Para a::ntatcs interpretados pela geofisica al visíveis apenas em imagens de IANDSAT
t:ambé:nforam criadas representações especificas.
Os diversos elarentos estruturais que poàen ter influência sobre a localização de
minérios, são tarrbÉ!n representados. Foram selecionados símbolos para eUccs de anticli
nais, si.nclinais, anticlinÓrios, sinclinÓrios, dobras menores, além de sÍIrbolos parã
estratificação, foliação secundâ:ria, juntas diversas, ZCI1asde ciza1bamento etc., bem
a:mo sÍItVx>los para lineanentos estruturais e alinhamentos de altos magnéticos e gravimé
trices e bai.xcs magnéticos e grav1mêtricos. -
REPRESEN'I2\ÇÃO
OCS DN:OS DE ~ - Os dados sobre a metalogênese a serem repre-
sentados scbre o fundo ~lÕgico, para a cbtenção das cartas metalogenêUcas re
gionais 1:250.000 a 1:1.000.000, aparecan nas PRANCHASN e V, que nesta ordem ~
a legenda do lado esquerdo da folha.
As substâncias minerais (PRANCHAN) aparecem, ora representadas pelo elemento quí-
mico 'O:ItD Fe (Ferro), Mn (Manganês) , etc., ora representadas pela abreviatura do nane
do mineral minério, caro ti (Talco), m; (Magnesita), etc., al aiIXIa, representadas ~
la abreviatura da rocha minério .a:m:> bx (Bauxi. ta) . -
Na maioria, estas substâncias aparecem agrupadas conforme a afinidade gea:ruimica ou
de acordo cem a paragênese mineral, en:;ruan'b:> algumas aparecem isoladas face ao grau
de diferenciação e seleti vidade que apresentam no território brasileiro, caro é o caso
por exenplo do Dianante.
.
Considerando ainda certas pea.1liaridades da metalogenia brasileira, alguns agrupa-

3.463

--------- ---------
mentos assinalados, mesmo aqueles de definição universal, sofreram adaptações can adi
ções ou subtrações de substâncias, caro é o caso do Niooio que saiu do grupo dos mine
rais de pegmati tos para se incx:a:porar ao grup::> do Fósforo e do Urânio, e, identicamen
te, o caso do Titânio que, embora pudesse estar junto can o Ferro e o vanádio ou no
grupo dos minerais de pegmatitos, passou para o agrupamento das areias pesadas junta-
mente can o Ziro5nio e as Terras Raras.
Considerando a grande diversificação de substâncias minerais oonhecidas no Brasil
e preven::'lo-se que os depÓSitos minerais deverão se fazer realçar, na cartografia meta
lo;enética, p::>r meio de cores fechando o canp:> dos símbolos de sua n:orfologia, para
simplificar, reduziu-se o rn:mero de agrupamentos de substâncias, de tal ncdo que fo-
ram aàmi tidos alguns grupc:s nui to grandes de substâncias minerais afins, quando algu-
mas destas deveriam estar separadas em grupos reenores, chegando-se até a criar um
grande grupo de substâncias sem qualquer afinidade, caro é o caso do grupo reunindo
Diatanita, Bentonita, SOdalita, Caulim, Dum:>rtierita, etc.
Símbolos simples são adotados para a representação da rrorfolo;ia das concentrações
rninerais, para os casos em que a representação só p::>de ser p::>ntual, o que acontece na
maioria das vezes. Quarx:lo a escala pennite, a representação é feita em contornos
reais, sendo a rrorfolo;ia indicada pelo símbolo respectivo colocado ao longo da li
nha de contorno.
A fim de se mamar a atenção para outros infOII11eS, que, em certos casos, pcx:iem
ser significativos para a elucidaçâo da gênese de urna dada concentração mineral, acres
cen1:an-se silnbolo;ias que dão idéias da distribuição ou ccntinuidade lateral da ~
ralização .

Os tipos genéticos das mineralizações são representados por setas que devem ser
desenhadas sc:::bre a carta can a mesma orientação N-S apresentada na legen::'la, guardando
as posições indicadas em relas;ão ao centro do símbolo que dá a rrorfolo;ia da ccncen-
tração mineral, alja orientaçao é aquela c:::btida dos levantamentos de canpo.
A oanbinação do símbolo de rrorfolo;ia can os sinais indicadores do tipo genético ,
adicionarn-se os símbolos químicos ou abreviaturas das sul:stâncias minerais, podendo o
símbolo II'OrfolÕgico ser pintado can a cor indicadora da sul:stância rnineral principal,
numerando-se em cada caso, a ccncentração mineral representada.
Exerrplo:
~DepÕsito estratifo:rne
orientado
73PbZn
de Chumbo e Zinco, do tipo exalativo-sedimentar
m'l-SE, não aflorante.
Tendo em vista que as zonas de rochas alteradas "per
.
ascensun" e "per descensuro
"
,

(sobretudo aquelas oode se tan estabelecido a existência de urna mineralização metalÍ-


fera), as áreas can ananalias geoquímicas e os segmentos can an:rnalias geofísicas, PC>
dern frequentanente indicar a existência de depósitos sub-aflorantes e/ou não afloran=
tes, Sen::lo de elevada ilIq;:ortância na fase de intel:pre~ão dirigida para a identifica
çã::> das áreas can maior erOOabilidade de encerrarem depõsi tos _minerais econ5rnicos, ~
canenda-se a representaçao de tais dados, c:::btidos da prospecçao mineral, sobre a car-
ta metalogenética. (VIDE PRANCHAV).
Para a representaçã::> das zonas de alteração de rod'las, devem ser usadas, caro re~
mendadas na legen::'la, uma trama para as zonas de rod'las alteradas hidroteIIna1Inente (per
ascensum) e uma trana para as zonas de rod'lasalteradas s1.Jpergeneticamente (per des-
censuro), que na carta se sc:::breporão as tramas de li tolo;ia/petro;rafia. Os produtos
de alteração 'serão identificados, em cada caso, por abreviaturas justapostas à trama
indicadora do seu caráter.
A representação dos dados de geoquímica é feita através de ccntoxnos ou na fODna
p::>ntual, can a indicação do elemento útil pelo respectivo símbolo químico. Sc:::bre a
carta, isto será feito principa1lrente em áreas On:le os indícios diretos de mineraliza
ção aparecan nuito fracos ou estão ausentes, e cmde tais da:Jos indicarem a possibili=
da:Je de existência de um corpo rnineralizac10 não manifestado na superfí.cie.
Em diversos casos, os métodos de prospecção mais eficazes tan sido os métodos geo-
físicos e, portanto, sobre a carta rnetalogenética devem ser representadas todas as
zonas de ananalias geofísicas que p::>demestar, por hipótese, relacionadas cx:m uma
mineraliação metalífera, e, em adição, aquelas que pcx1em contribuir para uma cx:mpre-
ensão mais exata da região cartografada. PropÕem-se símbolos bastante simples para
representar pont:ua.Jlrente as anomalias geofí.sicas ,dis~se as magnéticas, elé-
tricas, gravimétricas, sísmicas e radiati vas. No caso da representação em ccntorno a
diciona-se sc:::bre a linha de contoxno o símbolo usado para a representação p::>ntual. -
O realce das leis gerais da distribuição dos depÕSi tos minerais, bem caro o cará-
ter previsor das cartas é assegurado através da representação das unidades metaloge-
ticas .superiores. .
Uma vez que a provIncia metalo;enética é uma área contendo o conjunto de todos os
depósitos, ocorrências minerais e indIcios de mineralizaçàes desenvolvidos através
dos diferentes estágios evolutivos de uma dada unidade geotectônica(geossinclinal/~

3.464
geno, QlllaCÓgeno, bacia epicont.iJ1ental marlMa, etc.), rea:menda-se colocar ao longo
da sua linha de contorno a sigla da unidaje tectônica a qual ela se relaciooa.
A zona aJ região metalogepética, respect1vamente alDn3'ada e não alcngada I subdivi-
são maior da p.rovfucia metalogepética, reune todas as mineralizações dentro de cada
estágio evolutivo de uma. dada unidaje geotectênica, aJ seja, é una área em que as
mineralizaçé5es e seus indÍcios estão relacionadas a lU1\processo aJ grupo de processos
geradores elaJ transfOJ::Inadores de rochas de dado estágio evo1utivo da unidaje geotec-
tônica (sedimentação, w!canism:;), plutonisIrD metaloorfisoo). Recc:menda-se indicar ao
lDn3'a do contorno das áreas desta categoria a: sigla das formações a que se relacionam
as mineralizaçÕes.
Os distri tcs metalogenéticos são ~ oonsiderados cx:m:> áreas representando subdi
visões das zonas/regiões metalogepéticas, ao IIIesIID tanpo caracterizamo-se por reuni-=
rem depÕsi tcs de lU1\daCo metal aJ grupo de metais em cada uma das partes especializa-
das de cada fo;mação elou estrutura., cujos detalhes estão previstos na legenda.
As associações meta.logepéticas-mi.neraló;ricas, aparecem na 1egema para oferecer de
taJhes de cada tipo de mineralização por substância aJ grupo de substâncias const.an-=
tes da carta metalogenética. Este ítan da 1egema é, na realidade, uma. tabulação on
de se deve fazer constar, da esquerda para à direita, o símbolo do tipo gepético dã
mineralização e a associação metalogenética, representados na carta, e a associação de
minerais encontrados na cx:ncentração mineral. Deve ser ccnsiderado, porém, que diver
sas concentrações representadas cartograficaIlEIlte por un mesrro símbolo e cx.rn a rnesnã
associação de elementcs pode apresentar associações m:LneralÕgicas distintas, e, nes
tes casos, a difererça se faz registrar scbre a carta metalogepética por inteJ::mêdio -
de lU1\índice 1,2, 3, etc., colocado em baixe à direita da associação metalogepética.
Rea:nJama-se colocar os minerais de ganga no f.iln das associações mi.neraló;ricas, se
parados dos minerais minério por lU1\ponto e vírgula, bem cx:m:>fazer ccnstar ao fim ciã
cada associação a quan~dade, entre parênteses, dos depÔsi tcs recpectivcs.
~ .BIBLIcx;RAFrCAS
IEI.G1IOO,
I.M.; SIQUEIRA,L.P., 1981
hia e Sergipe, 1:1.000.000. Cl?RM(InterDo)
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IDFfM1.\N,P., et alii, -
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with a Proterozoic ExaIIple fran Great Slave Lake, Canada. In: rorr JR., R.H. and
SEAVER,R.H. (Editors) - M:Jc1emand Ancient Geosynclinal Sedimentatioo. Soc. Eccn.
Pa1eontologists and M1neralogists. (Special Publication n. 19).
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CPIM (Interno)
1981 - Carta TectÔn1ca da Bahia e Sergipe,1:1.000.000.

3.465

------- ~--
--------

BASE TECTONO-GEOLÓGICA
ESTRATIGRAFIA
Fonerozóico
CoI:I.rtura. Sedi llt.'. RochOl 1"I'UI;va.
. 1au Vulca"09'"iC.,
Holoc - O~

o
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3.466
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IDADES RADIOMÉ TRICAS

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LI"OLOGIA IPETAO~AF1A
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ito.-o. B Ewoporito.: IIp.'Io-Q8 i lIolito-lIa

~ Sil"ito-".. o.plo8- 01 . morlo ' talll.I". - f<eI


B Turfo-tt i linhito-tlI ; conl1o-cv

EI Colcá.io - cc ; deIomita - dai G Tolu.

Rochol Ef_oIUI~ . P'i1'GdIÍ8ticOI Corrnpond.nt..

~
L.:..::.J
Áocidaa: r.ialita-ltilri;
Rd,/ r.d'
dacita-Dc/*; riadacito-
EJ UltroDó8il:a8: llicrito -Pc i kamoliito-Ko
[~::!rlntwmediá'i08': _4..ito-Ad/., 1tIooQuito-Tr/tr B Alcal : ~ito-8t ; riotilO alcalino-Rialria

r:::l C ~if.r.nciodos,
r ~ !'8óSicaa: ba.01""-8 ~ (~tic_ li"'til108l
P'hI......
a'ÁOidO.: lronito-S.; Iranadiarite-U
B ~onilO anoroQênico: ropokivi-Rk

r:::l Com pino alcolina de platatarmo


B In,,",medlária.: .~to -Si; dlorito -I:)or
~ (especificor
P.queno.
lit6ti,..1
infNs688 ácida.: ouartza-Q;
~
~ l14~tit.-~.
bÓlic08: dioDósio- Db
EJ 945
UlIollOá8icae: p8IIid8.tite- Pd; pira.8tIi..- Px ;
_1'8.ito-An
~
~
~
I ófiro-L,
i."" i

r:::l ~o bósico .u..IIá.ico


'S8 ~..,..,iticar IItátipoW
IItátipoW ..
indif..-iado
[TI CMtoMIOIÍ ~""'rfj/iC8
L~..~~...H"""iticar
NIo.of~ fic...

~' ""'taconllam.rado B IIT.


Or
.s._t.
)(' .
'
_lito xlsto-trX; octinolita

r-:::l'Mlrtoranito- mar i ~ouvaca - mQv; _ar-


~ cósio- moc i quort!litw t.rrit.ro-qff "7 ""
Óçj4.. . intermedlória.
IaII'. "'.,tasailttto- mst' ; ia- ard ; filita- f'l ; ~ S~II...çje _to""tcono-..dim.ntar com emi.-
I ..~ r clorita.ieto- cl. i miC8JI1.
ta- m. ~ Hea 1J8eic:o.

G ~~~calcário-mc;

""'toclI.,rt-moll;tor.-ç68. f...(f.ros .-er-


r.-mm; m.tad ilO-mcI
["i'i2"'+l~..çja
131 ~
tovulcono -.edi
~e compo.ição variado
ntor com .mi.-

El.. ".oda. - mH Ô'25


lIIi'-';foe-miQ;
...toe-db
metot..ito.- mt." diote-

l..d[
Catei-.i/icálicas- ca ; + onfibalito-cot;
.'10 - eQz
+ .,ert- r:::l
... ( ,noi
cificar
-In ; ortolnoi
o. vari.dad..1
-Gn.

ar:::tJ ,
lltatevulcônic'M

""'filJalito-of;
-mv i iÍCid08 . interm.diárÍ88-mf

S8f'pentinito-.p; m.tabósic..-mbi
r:::r
151

r::-l
Rochae Qranulito-charnoouítico.
IIronul(/ica. 01 -
Harnt.I.: à cordi.rito
-li; roclla.

-
IICG i Q ondaluzilO lIod; -
~ _l'8l1ltTooá.ico. - mil.
.,
Skam:à epidato -.e,,;
Q ~iopsídio -.d P

S.quh~i.. indi.t.,..nciodo8
)
(Litóti," identificadoe, in"iaado. por aDr.viatura. .0"8 G
~ Nifo _temórfico. r::r Epim,tamórticu
r=:l Melo",órtica. de mofdio e
~ SOl'
."2' .03'" ~ "".1,"082, .".".. ~ Cllto QrO ool'.OOZ. soo,....

B Calael".ito. B Filonito.
8 "'eclla.
NOTA: 1) L.tras maiú.culos pero {QII.aa(d.rra e int~.õ.e) e ortom.lomárfic~,
21Facies sedim.ntor.. inclicoda. 10". a mapa; morinha@ ; litoràn.. QY i IO\lunor(D ; r.citol0 ; con/inentol
@ ; lac..,tr.@ ; flll..al(!); d.ltÓiCO@) ; eólica~,

IPRANCHAIII
,
.

3.467
-~_._-.

ELEMENTOS EStRUTURAIS DIVERSOS

-! $ _ """
Allludes de nlralificação:
da, hOrizontal, ~erttcal.
i nclina_
invertida +-+-
Anticlinalnormal
""nto
sem e com caí_

Aliludes de folioçõo incliftGdc, horL nor",ol Sim e com coi~


+ ~
lontal yertical

Limile de tobertura superimpolla .Plticlíflsl j"v-ertida .em e com coi_


final m.".te

Contato concoroa"tl, tj...í te de len..


4- 5inclinoli"",.rttda .Im 8 c om cai_
tos e de carpol 1.lrUII... ---t:#- mento
Limite enlre fati.. litolõoicas e/ou
Bacia e domo eslrulural
petraorófitas

/ Discordãncie lin"quianticlinal bronquillinclinal

Canlalo inler",elado pela oeofílita: Oobr.a menor: indiscriminada, anlifar_


- - G- - -
G gravimetria; -
.. maon.fom.t,ia i -T-+ -.. --. m, I sinforme
C cinhlom.tria; S- .t'smica
-
An1icliftório e sinclinório
-- LS- - Contato
Landsal
visl'v.1 ~nas em im.,ens
Alinham.~tos de eixos maonéticos

.. . de coyolgo'lIIIIento
Folha
- +
..Q...
+ - posití"'GS
pasili~o.
--G M i de eiKOI grovimétricos

A Falha de oravidad.. A linha 101 dos eixos magnéticos


B
__.M.. __ - N; de
negali~G' lixos orovimétricos
Falha de empurrão neoati~.1 - G
E
Fa lha I ranscorrenle ~
~
Zonas de milanitização e brechaçõa

FaJno indiscriminada e fraturas Linea"".ntos estruturais .m oeral:


o~ "sas
5G -
do acomodam enio

Folha inlerpreloda pela oeofósita: G-


$ 1 - de plano axial

- M- or..,_'"a;
h.."".tria;
M- mognetemelrio;
S - slsmica
C-CitL
52, $3, elc. - pOlleriores
Nos onai : Sn foliaçãa
, 5n+11 Sn+21 .tc,-os
- reoianal
.ub..quen_
- LS - Folha visível apenas em l"""J8m Londsat t...

NOTA Conloto s concordantes, limifles de corpos il'ltrusivos, folhos e 1-rlturQS diversos aparecem sobre
o mapa, tracejados e.de inferidol e ponlilhados ande encobertal.

,
CONVENÇOES GEOGRA'FICAS

~Cidade -o-- LagGa,1000


0 Vila
-D- Aç.dee barraoem
O ".voado ..10 eslrada

. Fazenda, sótio E Ilrada pavimenlada

---- Limile ..lael..1 Eslrada com reveslimenle 10110

Limite int.rrulei8nel == = = = =: Eslrada secundária

~ /'
~.Rio Ou riacho Ferrovia

I
PRANCHA-IlI
I

3.468
--'-' -.""0

CARACTERíSTICAS METALOGENÉTICAS
SUBSTÂNCIAS MINERAIS

r--1 Ca - CÓlcio
r=J F..
r=J P, -U,diamanl.
Na
L-.J K -
Mo -
Pe.fl8io
S.., o
CI - CI.,.IO.
c::=J
Mn, 91- 9ralila.
D carDaRada di
· Se..-
S~ - 5"" o'0.
r=Jc-.. pi-pi,ito. r--'l am- amianla, 11-1..loa, 9S - B",mo'os
"p.ila; an - oRid,ila
m9-ma9nu,ta S - En.õf,a; 10 - trono
L---'
r--'l Ti, Zr, Y, T~ - t.arra.a 'rOIO&, ,.--, -tu,la c. carvOa
D~ As, 511.
L--J
r--1
mz
lia,
-
monazl'a ~
Li, Ta
L---'IhfpIf -_ línhila
lolhllha pi,ollllumin_
D'c., PI. Pd.
L--J ..Ili- _1M
,.......
p. -
--pIl,óllo
9Ó' .
DNoi, Ce. lIi --IIIolila 9
_- muscovila
Dv.
I I IIa9apila
..pp-- esm.,alda
p.d_ preci_ CJ .. --- di
M
0... 10
_ltO,ila .10

PII,4n,"" C4'. ps-- pedta8....-___ o.- ,.


D _- 0800IH8
,.--, li. - b lilO c C-colc8tio
rn -.",.....
USa, F, Sr.
L--J CI - CIO"'"
nl - n.I.IIn.
L] Sn, w.,Ma. si
,I
-pi,olilil.
silliman418
-

~ Esl,alilo,.- c:=J FNO_


~ Len!iculor é:) 1~.lo' (amo.)

o N4a ...,.cillcOQO

TIPO GiEllaÉTIOO

J; R..sidual d.I,ilic1)'( pio_I Hidr"".......


SUP.'9inlco (solo ,esidual, lol.'ólical
b
~ Sedlmenlo, . sedimmtar
'-'0
_ama,fico
t
(inclui pal.oploca,)
E"alolivo sedim.nlo, . .Io/aliva
t
mllaseamóllco
..dlmenIO' malorrreirllca
.t
Vulcona9iftico c.n09inica met.mórfico l\It8 _..cillcado
T: ·

OUTROS CAiR ACTER'ES

Min.rolizoção .. 841!o,ontecom i.,licoç4a 18i-.liM$" I.I.n.lvo oflo,anl. cO'"


d. c.nl,a d. ...plotoç40 ou I.ro que í...ic.~" "o "'°"010910.
I.vou "Q ...u 1ao

Min.roli '.n.iva n40 O1f1.,onll c o;.o lo'.rol ISo. nív.i.


com i"M.'40 do morlol09ia I com ...,eIi.."oe o
cln'r. .. ...pl.I ou lu,. ~ I.
vo.. o.. tt. -

MINERALIZACOES SEM ORIENTACÃO DETERMINADA

n.~
" E.I,olila,,,,. rl
~..J
Llnticular r"
:,., : Filoneana
IPRANCHA-IVI
'3.469

~.-
--

DADOS DE PROSPECçAO MINERAL

Indício direto - 0 30 Au

Zonas de Alteração Hidrct."",el Zonas de alteração Supergênica

O Silicificocõo
CCI,lIofICIlocõo
- .ilc;
-
"e,ilitizaçõo
ca,e ; dOlomltizaçio
- prop;
- dolm ; O Cauli
C~~u
llaçõo . caul
; nontronizaçóo mon' i
.e I...ro. chie; crosta. lalerit ico.-
-
turmOIinizoçio -tUl'm ~ '8ricitizaçáe -,.re; lelr ; lona. de de'COloroção lixv ; -
clorilizoção .clor ; elc. o<p.ilicoç60 -
I)ip..

Ár_ . ponto. de realae 0804uímica


EIft rocha Em .010 Em .edimenlO de correnle

o -4>cr

AnamaliOl Geef~C08
lllep ntaçõo fIonluol

o
E - Elilrico. G - Grovime'tricOl R - Rodiom.e'triCOI S - Sí.micol

ÁREAS MINERALIZADAS

Prooo,:ncias MelOlol)enét i c 08

lli -"-aia doi O oulOCÓC)8nos


~- ".aciodo, li bacias epicantinenlois marinhos
~- "-ciodol o I)reen.lane belt.
A!1-A_ioedO. o onlelollol molóssicol
[M- A_iodo. o introlallas molóssico.
~-A._iada. o I)eossinclinoi. /orÓl)enas
~-A...cioda. O cinlurõel I)ronulí.foi,c_

~ ~~ Zona. / Regiõe. M8IOloqené1 i.c..

\~~
!.I.- ...a. mineralizodal oluvianares.
m- Áreas Iftitoerolizado. lioada. 'o olleração re.iduol.
ALC-Áreo. ...; lizada. liOOdol aas complexol alcalin. e corbanolrlic.. / quimberlílicDl.
!i!ê - Á.- mineralizada.l;,a8O. o rochol 1),..,.; e oroieena. escornital.
paOmolilo. e corlejo lilaniano o.saciadas.
___ ..dim.nla (indlli .pó.ilas àc IOpapaleopla"r)
W -.- minerolizoda.liqaclol'as
§.I.!.§
.IWJI
- 11 lioodo. às _ha. llÚica. e ult =.
y,'t§- Áreo. "Ii.adas Ii .. ..quincio. cõnica. e vulcano - ntar...
"'

Distrito. MelalaQ8né1icas e Á lIIine.oliH_


de COlegario n40 E.pacilicoda.

ASSOCIACOES /t1ETALQ~ENÉTlCAS - MINERALÓGICAS

q Sn: ..i inGçc!o ... ca..iterila em oronilo. (3) c:::J W2: Icheelila;
t 9O'.no,
mi..í"
esfOI.rilO,
I. ..rito.
-,-,1:lIorilo
calcopirilo ,
+ IllIorilo (7)

~w IChaalilo! Mo! pirila em elcornite. (41)


t:=IfIII,Zn,8cl:913-
! ",i..íqll.1 . bOrito ; quorllo .
. ..folerila :!: colcopirito t tatroedrito.
corbonato(ll)

9 W1 wolframita. Icheelllo; quortzo:t turmOllna (6)

NOTA: M,neroi. de I)onl)o 00 fim do o..ocioçOo minerolóoico. separados por um ponto e vi roula.
Quantidade de depó.ito. mineroi. indicado entre parint OPÓI minerais de I)onl)o.
PRANCHA
I -V I

3.470
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984-

PROJETO MAPAS METALOGENI:TICOS E DE.PREVISAo DE RECURSOS


MINERAIS - FOLHA SB. 24-Z.B (CAlCO), ESCALA 1 :250.000
Cícero AI_ Femlira
- Egmar Hennann R. O. e SiIV8
GBÓlogos de Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM ..

ABSTRACT

This work presents the working method applied during the


elaboration of the Metallogenetic Map, the Previsional Map of Mineral
Ressour'ces and the Previsional Planning Map for Government Actions re-
garding the Caicó -
sheet, as well as the characterization of the
different tectonic units defined in the area and their metallogeny. A
total number of 79 prospective areas for tungsten,molybdenum, pegmatite
mineraIs, barite, fluorite, copper, bentonite, gold and uranium are
present.ed as a resulto 'Ihese areas had been delineated on the base of
metallogenic parameters detected during the geologic-metallogenetic
integration work.

INTRODUÇÃO

A elaboração das Cartas Metalogenética, Previsão de Recursos


Minerais e de Previsão para Planej amento de Ações Governamentais da Fo-
lha Caicó (SB.24-Z-B) na escala 1:250.000 tem por princípios básicos a
integração de todos os informes geológicos, geofísicos, geoquímicos, mi
nerais e outros disponíveis, nos quais são identificados os controles
lito-estruturais-ambientais das mineralizações, indicando as áreas mais
favoráveis à existência de depósitos minerais. Esta integração foi rea-
lizada através da compatibilização dos dados disponíveis (set. 1982),
uniformização de critérios e análises do significado das mineralizações
e das anomalias geofísicas e geoquímicas. Tais trabalhos . tiveram a dura
ção de 7 meses com o apoio de 20 dias de 'campo.
Esta folha é delimitada pelas coordenadas geográficas 36000'
e 37030' de longitude oeste de Greenvich e 6000' e 7 00' de latitude
sul, tem aproximadamente 18.300 km2 de área e cobre parte dos Estados
da paraíba e do Rio Grande do Norte (fig. 1).

METODOLOGIA

A Carta Metalogenética, a Carta de Previsão de Recursos Mine-


rais, e a Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamentais
foram elaboradas a partir de mapas de serviço, confeccionados sobre ba-
se planimétrica única gravada em papel pOliester, de modo a permi tir a
comparação e compatibilização entre temas distintos. Tal metodologia
permitiu que fossem eliminados os critérios interpretativos e puramente

3.471
-----

subjetivos, além de facilitar as possíveis modificações futuras a par-


tir de novos dados específicos.
Para esta folha foram confeccionados os seguintes mapas temá-
ticos: lito-ambiental, tectono-estrutural, geoquímico, geofísico, geo-
cronológico, de recursos minerais e geológico.
No mapa li to-ambiental procurou-se eliminar a interpretação
subjetiva, através da abstração de denominações estratigráficas, visan-
do enfocar aspectos deposicionais e/ou formacionais das rochas,fornecen
do assim uma visão do ambiente geológico. -
O mapa tectono-estrutural contém os dados estruturais aliados
a caracterização geotectônica, enquanto o mapa geológico reune todos os
dados disponíveis sobre a área.
O mapa de recursos minerais foi confeccionado mediante a cole
tânea de todas as mineralizações conhecicas, através de fichas de cadas
tro de ocorrências, informações bibliográficas e relatórios de pesquisã
e de lavra. As 791 mineralizações encontradas foram devidamente analisa
das e consignadas conforme seu respectivo "status", ou seja indÍci%cor
rência, depósito ou mina. -
'0 mapa geofísico foi elaborado a partir de levantamento aero-
magnético sendo delineados corpos de natureza ácida, intermediária e bá
sica, além de falhas e lineamentos.
O mapa geocronológico contém todos os dados referentes às de-
terminações geocronológicas existentes na área, num total de 90.
Finalmente, o mapa geoquímico indica as zonas anômalas de zi~.
ca, cobre, níquel, cromo, berílio, molibdênio, fluor, ouro e estanho.
Após a elaboração e compatibilização dos mapas de serviço, fo
ram confeccionadas as Cartas Metalogenética, de Previsão de Recursos
viÍnerais e de Previsão para Plane~amento de Ações Governamentais.
A Carta Metalogenética e a integração de todos os mapas de
serviço, contendo basicamente um fundo geológico-tectônico-ambiental e
a localização de todas as mineralizações existentes na área. representa
das por simbolos específicos, caracterizando sua morfologia, associaçãõ
mineral e tipo genético.
A Carta de Previsão de Recursos Minerais contém as indicações
das áreas mais propícias para investimento de capital na pesquisa mine-
ral, através da classificação de suas potencialidades. Esta demarcação
tem como princípios básicos os metalotectos detectados durante os traba
lhos de integração geológico-metalogenético. -
O~ critérios utilizados para defi~ição do grau de potenciali-
dade foram escolhidos e discutidos previamente visando a sua uniformiza
ção para todo território nacional.
A Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamentais
tem como objetivo a indicação de trabalhos complementares e a sua meto-
dologia, para uma melhor definição dos metalotectos responsáveis pela
distribuição dos jazimentos na área,o que acarretará no aperfeiçoamento
do processo de seleção de áreas prospectáveis, que terá como consequên-
cia a redução dos riscos de investimento.

UNIDADES TECTÔNICAS

A área da folha Caicó, após os estudos de integração geoló-


gica e geocronológica, apresenta-se compartimentada ém cinco unidades
geotectônicas, que evidenciam uma evolução geológica predominantemente
precambriana com segmentos durante o Fanerozóico (fig. 2).
, A primeira unidade, constituída pelos núcleos de crosta anti-
.. . I. I .
ga, e representada l2tolog2camente por um complexo m2gmat2t2co-gran2t2-

3.472
co que congrega rochas migmatíticas homogêneas e heterogêneas de conta-
tos difusos, rochas graníticas às vezes porfiróides, além de leptini-
tos, anfibolitos e calciSSilicáticas. Inseridas nesta unidade, ocorrem
rochas granitóides pórfiras tidas como do Precambriano Indiviso. Os da-
dos geocronológicos disponíveis até então,reforçam a idade arqueana de~
ta unidade e o seu rejuvenescimento durante os ciclos Transamazônico e
Br as ili ano.
A segund; unidade tectônica,. denominada cinturão metavulcano-
sedimentar, teve seu desenvolvimento durante o Proterozóico Inferior,
sendo representada por um complexo gnáissico-migmatítico. são encontra-
das intercalações de calcários, quartzitos, quartzitos ferríferos, ita-
biritos, metavulcânicas ácidas, anfibolitos e calcissilicáticas, obser-
vando-se ainda corpos intrusivos de natureza ácida (granitos e pegmati-
tos) e intermediária (dioritos e sienitos) de idade proterozóica Supe-
rior a paleozóica inferior, além de gabros em parte. anfibolitizados,
granitos e granodioritos de idade indefinida. Datações radiométricas
(convencional e isocrônica) confirmaram a idade proterozóica inferior
para esta unidade, com retrabalhamento durante o ciclo Brasiliano. Es-
truturalmente a unidade apresenta uma sequência de dobramentos, às ve-
zes com flanco invertido, tendo seus eixos direção NE-SW, representati-
va da tectônica plicativa, e grandes falhamentos, segundo a mesma dire-
ção, alguns dos quais do tipo inverso ou de empurrão.
A terceira unidade, denominada cinturão metassedimentar,desen
volveu-se durante o Proterozóico Médio Inicial em ambiente de geossinclI
nal. Li tOlogicamente tem-se uma sequência predominantemente sedimentar
representada inicialmente por quartzitos, metaconglomerados e metagrau
vacas,com intercalações de calcário e calciSSilicáticas.Em seguida oco~
rem gnaisses e micaxistos mais ou menos migmatizados,biotita-muscovita-
xisto granadíferos e sericita-clorita-xisto. Intercalando-se a esta
sequência ocorrem rochas calcissilicáticas e anfibolíticas. As datações
geocronológicas confirmaram uma idade proterozóica média inicial com r~
juvenescimento durante o Ciclo Brasiliano. A exemplo da unidade ante-
rior, estruturalmente observa-se uma sequência de dobramentos por vezes
com flanco invertido, tendo eixos de direção predominantemente NE - SW,
representativa da tectônica plicativa,além de grandes falhamentos, al
guns dos quais inversos ou de empurrão.
Durante o Proterozóico Superior e o Paleozóico Inferior ocor-
reram significativas intrusões nas unidades descritas, representadas
por granitos, pegmatitos, dioritos, sienitos, além de granitos, grano-
dioritos e gabros em parte anfibolitizados de idade indefinida. Diques
de diabásio tOleítico de idade cretácea cortam transversalmente a estru
turação das rochas da área. Durante o Terciário apareceram rochas efusi
vas básicas representadas por basaltos alcalinos. -
A quarta unidade é formada pela cobertura sedimentar não do-
brada e tem pequenas representações isoladas nesta folha. Litologicamen
te é assinalada por uma sequência de arenitos argilosos caulínicos e
conglomeráticos de idade terciária-quaternária.
Os sedimentos pouco consolidados de idade quaternária, resul-
tantes do retrabalhamento final das rochas das unidades mais antigas
constituem a quinta unidade aqui denominada cobertura superimposta fi-
nal, onde estão incluídas as aluviões, que tem suas representações mais
significativas ao longo dos principais rios que drenam a área.

METALOGENIA

Durante os trabalhos de integração geológica e metalogenética,


foram assinalados 791 jazimentos minerais que ocorrem nas diversas uni-

3.473
dades geotectônicas, sendo as de maior importância o cinturão metaVUlca
no-sedimentar e o cinturão metassedimentar possuidores de mais de 70%
das mineralizações existentes na área.
No domínio do núcleo antigo são encontradas mineralizações do
tipo genético hidrotermal e plutônico metamórfico, sendo as mais impor
tantes as de scheelita, barita, ouro, que ocorrem normalmente associa~
das a quartzo e talco que ocorre associado a corpos metabásicos.
No âmbito do cinturão metavulcano-sedimentar foram detectadas
várias mineralizações, sendo as mais importantes: scheelita (que ocor-
re associada a rochas anfibolíticas, veios de quartzo, calcários e ro-
chas calcissilicáticas); barita (associada a veios de quartzo); ferro
(associado a níveis de quartzito e itabiritos); cobre (em rochas calcis
silicáticas e anfibolitos), além de calcários.
O cinturão metassedimentar, engloba as maiores e mais impor-
tantes mineralizações da área. Entre elas podem-se citar scheelita asso
ciada a diversos tipos litOlógicos, além de mineralizações de baritã
(associada a veios de quartzo) ouro, coríndon, cobre e calcários.
Corpos graníticos e pegmatíticos de idade provavelmente prote
rozóica superior a paleozóica inferior são portadores de mineralizações
de scheelita, berilo, tantalita, caulim, estanho, bismuto, lítio, água
marinha, feldspato, quartzo, muscovita, monazita.
Ocorrências de bentonita estão associadas a baSaltos alcali-
nos e calcedônia em basaltos silicificados.
Na cobertura superimposta final, constituída por areias e cas
calhos, são encontradas mineralizações de ouro, coríndon e monazita.

RESULTADOS OBTIDOS

Na Carta de Previsão de Recursos Minerais foram demarcadas


79 áreas prospectáveis, classificadas segundo o grau de potencialidade
(quadro II), tendo como princípios básicos para sua delimitação os meta
, .
lotectos definidos duranté os trabalhos de elaboração da Carta Metaloge
-
netJ.ca.

QUADROII - ÁREAS FAVORÁVEIS À PROSPECÇÃO MINERAL

POTEN CIAL IDADE


1 2 3
MINERAIS
Scheelita/molibdenita 7 13 16
Min. Pegmati to 2 4 3
Barita 3 4 2
Fluori ta 1 1 -
Cobre - 2 3
Bentonita 1 - -
calcário
Ferro
9
-
-1 -1
OUro - 1 3
Urânio - - 3

3.474
PRINCIPAIS TRABALHOS UTILIZADOS NA ELABORAÇÃO DA CARTA METALOGENÉTICA

ANDRITZKY, G. - 1972 - Geologia e ocorrência de scheelita na área de


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3.477

----------------
-.-.----

PROJETO MAPAS METALOGENÉTICOS


E DE PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS

o
(.)


I-
Z

.4ct
JOAOPES ÓA
..J

I-
aO

v
o

ESCALA 1 : e. o o o . o o o
.00 50 50 100 "o 200 lu"
I °

~ Folho Coicó SB 24.Z-B

Figura 1

3..478
PROJETO MAPAS METALOGENÉTICOS
E DE PREVISÃO DE RECURSOS MINERAIS

..

.-
> > >
> >

o .. 40_
.

DIVISÃO TECTONO -
GEOLÓGICA *
(.I"~LIFICAOA )
QUATERN/(RIO PROTEROZÓICO MÉDIO

TERCIARIO -QUATERNA'RIO PROTEROZÓICO INFERIOR

Cinturõo metcnnórfico vulc:ano- Sedimentar, fÓcio. onfibolito


':::.": ':.' do ti.. bacia continental.

PROTEROZÓtcO - PALEOZÓICO ARQUEANO INDIVISO

- x. x-x
.-1 Nllcloodi crosta ontit,la, romobilizada ou não

PRÉCAMBRlANO INDIVISO

1~:u..~JLJJ...I Gabros ...


Fit,lu ra 2 .. traída da Carta Motalot,lonélica
DM.:~..

3.479.

---~--
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<I: .
~ e \O I o
o
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H o tr\ o
tr\ r-I C\J

3.480
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

-
PROJETO MAPAS METALOGENeTICOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS
MINERAIS -
FOLHA SD. 22-X-D (PORANGATU), ESCALA 1:250.000

Valter JOIé Marqu.


. Alberto Martllll de 56
G8Ólogos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM ..

ABSTRACT 'lhe Porangatu Sheet (Sd.22-X-D) localized in the central part of the Gaiãs
State was tocK as representative of the Mineral Resouroes anel PrevisionalHetal1ogenic
Mapa Project actvities in this CCIlUlUy. It is CalStituted by a very CCltplex c:rustal
segment where many geologic events are rep:resented since the arc::hean times. 'lhe
fo1.lc:Jwin;J tecta1ic uni ts can be ~zed: Ancient crust Nuclei, Granuli tic
Clanxx::kitic Belt, Volcano-Sed1mentaJ:y ~ Belt, Folc1ed Volcano -Bediment.a1:Y
Ct:Ner, Folded Sed1mentaJ:y Cover anã. Final Superinp:>sed Cover. 'lhe mineral potentiality
is represented by 56 ore sh.Ia; 6 ore depcsits, and 1 mine. z.breoI7er 57 small mamal
operations (garjJtp:s) can be Iisted.
'lhe main mineral resa.u'CeS ;i.n this sheet are: Sn, Ta, Nb, Be, W anel emera1d
associated to granitic ]?e9M.tites~ oorundun, Zr, and R.E.E. associated to alC'...1i'1e
pegmatitesi 1\11related to ~ed vol~taJ:y sequences, massive
sulphide depcsits of eu,. Zn, Pb anel Ni, Ca, Cr, eu related to vulcano -sed:imentaJ:y
sequenoes anel in lateritic depcsits; asbestus in the Cana-Brava Canplex anel kyanite
anel grãftú te in metased:bnents.
~lCX]eDeticos O presen1:2 artigo foi extraído
e de PreI7isao de Recursos Minerais, relativo a Folha
do Relatório_Final
Poran;atu
do Projeto Mapas Me~

(SD.22-X-D) constando da elaboração de uma carta metalCX]enética, na escala


1:250.000, oriuroa da integração de todos os dados geolÓ;Jioos pré-existentes e duas
cartas previsionais de interessepara o mineradar e órgãcs govemanentais, respecti
vamente. . -
Por impc:ssibilidade gráfica estas 3 cartas não são ~licadas junto cem o presente
trabalho, oontudo; elas :podem ser facilmente cbtidas junto éIJ INEM.
mrrorod\D A evolução cbs ccnhec:1mentos geolÓgicos do Brasil, principalmente nos úl-
tiIoos 15 aoos, tan experimentado um avanço extraordinário, oonsubstanciado rnJIIl vasto
acervo de infomações geolÓgicas, resultantes de leITantamentos geolÓgioos de reconhe
cimento e sanidetalhe, aerCX]eofIsioos, gravUnétrioos e geoqu.ímicos, pxatDVidos pelõ
DNPM,através da CPFM, outros o:rgan:i.sncs do Ministêrio das r.tinas e Energia e par di-
versas enpresas estaduais.
Entretanto, a di.nâmica de execução desses levantamentos, consideranio a neoessida
de de, rapidanente serem obtidos dados geoló::Jioos de grande parte do território naciõ
nal, não pennitiu o tratamento ponnerorizado das informações coleta:las, através dÕ
qual fossem gerados produtos cartogrãfioos que servissem de base para a orientação
dos investilrentos governamentais e privados, no planejamento e expl~ mineral.
Em oo.tras palavras, raras vezes forélll reunidos, num só documento, de facil consul..
ta, os resultados integrados dos levantamentos geoló::Jioos, geofísicos e ge<XJUÍIt!i
cos, que penni tissem a seleção de áreas mais favoráveis para investiIrentos, visandÕ
ã aceleração do -desenvolvimento mineral.
Por outro lado, deve-se cx:>nsiderar que as ciências geolÓgicas têm um caráter extre
manente dinâmico e a evolução dos conceitos, no campo nacional e internacional, vem-;
em muito, roodificando o caráter da prospecçãc mineral. Por isto, a grande maioria
dos levantanentos executados carece de adaptação às concepções atuais, mais precisas
e abjeti vas no que ooncerne ã pesquisa e exploração de nossos reOJrSos minerais.
Assim, é de extrema importância para o desenvolvimento da indÚstria mineral brasi

3.481 ,
-----

leiro que sejé(!l realizadas reavaliações de tcx:las as infoJJnaÇÕes geológicas já ooli9!


das, de maneira que se obtenham dOCl.1me11toscartográfioos especializados que penn:i.
tam, além do planejarcento da atuação gOVen1aIreIltal na pesquisa mineral, orientar õ
mineradar na seleção de.áreas para investimento em prospecção mineral, cem menor ris
co e mais rápido retorno.
-
O o:::mjunto de trabalhos, apresentado no presente projeto, pretende dar ao lei-
tor, seja mineradar, seja planejadar, urna visão rápida e objetiva das leis que re-
gem a distribuição dos depSsi tos minerais, 00 mapa n-etalogenético e das áreas mais
favoráveis à mineralização, nos mapas previsionais.
Os resultados, do ponto de vista geológico, JreSI[C durante a fase de execução do
projeto faré(!l alentadores, resultando num muito n-elhor entendimento dos fen5menos
geolÕgicos e o seu significado econômico. Da precisão das previsões feitas nas car-
tas previsionais, o futuro encarregar-s~á de dizer.
A oonfecção do primeiro grupo de folhas, 00 qual esta se insere, constitui verda-
deira :iIq:llantação de noITa tecnologia no País, a que a equipe, constituída exclusiva
mente FOr geólogos brasileiros não estava afeita: IIUÍtas foram as dificuldades tranS
postas, principalmente no que se refere à elal:oração de uma legenda única que satiS
fizesse a tcx:las as regiões de I.I!IPaís de dimensão o:::mtinental, a:m:> o nosso. Este e
um trabalho di.nâmi.co e, por certo, muitas IOOdificações deverão ser introduzidas no
futuro, fruto da evolução dos conheciIrentos e das crí ticas construtivas. Cate I.I!I to
do, porán, vale ressaltar que a cartografia geológica brasileira deu I.I!I salto, o:::mi=
pranetida que estará no futuro, cem a n-etalogenia e a previsão dos recursos mine
rais.
:u::cALI~ A Follia Parangatu, SD.22-X-D, localiza-se na FOrção ~tral do ~tacb I ,
de G:>ias, ~ião Cen~ Oeste do Brasil, nas Coordeniiias Lat. S: 13 00' - 14 00
Long. W: 48 00' - 49 30'.
OBJETIVCS Elal:oração demapas n-etalogenéticos, na escala 1:250.000, através da in~
graçao de todos infOJ:maS geológicos, geofíSicos, geoquÍmicos, mi.ne.iros e outros exi~
tentes, nos quais sejé(!l identificados os controles lito-estruturais anbientais das
mineralizações existentes em cada follia e indicados os ambientes geológicos mais fa-
voráveis à exist.ên=i.a de depÕsi tos minerais.
Elaboração de mapas previsionais na escala 1: 250.000, cem representação s~les
e clara das áreas prioritãrias para inlTestimentos em pesquisa mineral. Os mapas
previsionais servirão de:
a. Base objetiva, CXXIpleta e de fácil enterxlimento para o minerador selecionar
alvos para investimentos, em prospecção mineral de menor risco.
b. Base para planejarcento dos programas de pesquisa dos Governos Federal e Esta-
duais.
ME'I'OOOI.03IA Para se alcançar os dois d:>jetivos finais do presente projeto (Mapas
Metalogenéticos e Previsionais) foi necessária a elaboração dos seguintes mapas de
serviço, sempre que os dados diSFOní veis permitiram: geolÓgioo, li to-ambiental, tec-
tônico-estrutural, geofísico, gecx;ruímico, geocronológico e, necessaria:nente o de de-
pós i tos minerais.
A deperdância mútua dos mapas de serviço, acilna listados, é clara. Cada mapa, só
fic:xJU em sua fo:r:ma definitiva para aplicação nos d:>jetivos finais após a sua rev.!
são, à luz dos demais: FOr exafq)lo, os mapas geofíSicos só foré(!l CXI1Siderados defin!
ti vos, após analisados em conjunto cem os gecx;ruímicos, li to-anbientais, geológicos ,
de depÓsitos minerais, tectono-estruturais e da IreSma forma, para cada um desses
(vide Figura 1) .
Dentro do espÍrí to do projeto, foi realizada apenas una etapa. de canp:> de 20
dias, visando, principalmente, elucidar problemas gerais, IOC>IInel'ltequanto à geoteC'tê.
nica e à n-etalogenia regional.
Mapa GeolÕ92:co Foi elaborado, tanado por base todos os trabalhos anteriormente
realizados na area, incluindo a reanálise dos seguintes dados principais, entre 02.
tros: fotos convencionais, imagens de satélite e radar, cadernetas de canp:>, fichas
de descrição de aflorarcentos e petrográficas, boletins de análises qulroicas, mapas
geolÕgioos, dados de geofisica, gecx;ruímica e geocrorologia.
Neste mapa faré(!l lançados os FOntos de aflorarcentos estudados anteriornente, o:m
as suas respectivas características litológicas e estruturais.
As fotos oonvencionais utilizadas faré(!l, preferencialmente as mais recentes, as-
sim a:m:> as imagens de satélite.
Mapa Tectono-Estrutural Este mapa o:::mtém, sanente os dados estruturais, os mais
canpletos FOssi veis (foliações, acé(!lé(!leI1tos, lineações, cli vagens, falhaIrentos ,
dd:>rarcentos), todos individualizados e caracterizados, obtidos das cadernetas de
céi!lFO, fichas de aflaré(!leI1to, imagens de radar e satélite, fotos aéreas e mapas ~

3.482
magnetanétrtcos. Nele OOpStam, a:j.nda, as grandes unidades tect:ônicas (Blocos, Maci-
ça;, ZOnas de Dcbramento, Intrusões, etc.).
l-1apa Li to-AIrbiental. O mapa li to-élllbiental. fornece uma visão do élllbiente geolÓgi-
00, em teJ:m::s de deposição eu cxmstituição das unidades. Nele são abstraídos os 00-
mes estratigráficos, evitando-se, assim, uma dose de interpretação alt.aIrente subjeti
va ou influenciada par eutros autores. AD IneSIOC)taIpJ.pemite, ao lado dos demaiS
mapas e, principalmente do mapa de depósitos minerais, o estabelecimento das oorre-
lélÇÕes que, pcnventura possan existir entre det.e:r::m:LnadodepÕsi to e sua li tologia
preferencial. .-
~ GeofÍsicos Tais mapas oontêm interpretação de todos os dados de geofís.!,
ca aerea di.spanIveis (magnetaDetria, cinti1.aoetri~, eletranagnéticos), bem cxm:> dos
serviça; terrestres cabÍveis, principalmente de grav.iJ!letria.
Mapas ~c:a;
dos geoquím1cos existentes
Os mapas .gecquímicos
na area, incluiIDJ,
~ ~ interpretação
nao so aqueles de proJetos
~ toc:bs bãsicos,
C;S ~

espec!ficos eu especiais realizadas anteriormente, cxm:> aqueles executados par empre


sas privadas em áreas de pesquisa,
Mapas de DepÓSi.tosMi.nerais
a:m relatórios finais entregues
Nesses mapas foram l.ançadas todas as
ao I:NPM.
informações
-
sobre depositos minerais existentes (0CDr.rências, jazidas, minas, gar~, etc.) ,
a:m base inicia1mente na lis~em do PImIG, a qual foi revisada e atualizada, fi
chas de cadastramento de ocorrencias minerais, infOJ:I!1aÇÕes bibliográficas (inclusI
ve relatôrios de pesquisa), disponÍveis no rM'M, cadernetas de canpo, etc. -
Can relação a relatórios de pesquisa, foram consultados toc:bs os relatórios dispc:>
níveis no acervo do DNPM, além de relatórios de lavra. -
MápaGeocrono1.ÓqiOO Este mapa oontém toc:bs os dados geoc:ronolÓgicos diS};X>IÚveis,
sem maior interpretaçao.
Mapas Metaloqenétic:a; Os mapas metalogenéticos tân par cbjetivo a represen~
ção e clara visualizaçao dos CCX'ltroles li to-estruturais-élllbientais e taIporais, das
diversas mineraliZélÇÔes cmhecidas, bem cxm:>dos ambientes favoráveis à sua exis~
cia.
Os mapas meta.J.ogenétioos são, na re"\l:f n...n.:., \.JIIaintegração de toc:bs os mapas de
s&viço m.JDaapresentação a mais ~leta e sfnt:Iles possível, a qual oontém basica
mente:
a. Un fun30 geolÓgioo-tectôniOO-anbiental;
b. Localização de toc:bs os jazimentos minerais, ~tados p:>r sÍIlbolos espec:f
ficos, caracterizando a mrfologia dos jazimentos, sua associação mineral e tipo
genétioo.
Mapas Prev1Sionais Os mapas previs10nais cxmstituem, na :reaUn,.".., a ooroação
de todo o projeto. Sao eles a fonte básica para planejamento de serv1ços futuros ,
nà:> só de órgãos de Gove:rno, cxm:>de anpresas privadas. são eles que in:ticam ao mi-
nerador as áreas que,aniveldeocnhé<:::iméntoãsua .época de elaboração, são as mais
propícias para investimento na pesquisa, iIrpJrtando em riscos merx:.treS.
Os mapas prev1sionais são de dois tipos:
a. Mapas previsia1ais de planejamento de ações governamentais, indicando as neces
s1dades de serviça; CCIIplementares e sua metodologia para a mell10r avaliação das I;X5
j
ter>d"'] n"""-: minerais das áreas. CCI1Stituem, assim, a base para progrélllaÇÕes, ã
a.1rto, médio e longo prazos de !:NEM,principalmente.
b. Mapas pnw1s1a1ais de recursos~1II1nerais, visando a atender, di:ret.aIrente ao mi-
nerador. contêm as in:ticações das áreas mais propícias para. invest:ilrentos de capi
tal na ~a mineral, através de classificação das potencl.a1idades da :região, ~
gurx]c c:riterios definidos em suas legerx1as.
considerando-se que a eccn::micidade de iIrplantação de CCIIple»:>smineiros, a c:urtq.
médio eu 10190 prazos, deperx1e, em nuito da infraestrut1lra local (além de situação
de mercado, evidentemente), torncu-se necessário que, principalmente nos mapas de
ítan b fossem representadas as corrliçÕes de tal infraestrutura, através de in:tica
çÕes de:
a. Rios navegáveis, não navegáveis e tonelagens mínimas de tração:
b. Estradas de rodagem, classificadas de aoordo cx:rno Sal estágio (pavimentadas,
não pavimentadas, etc.), in;>lantadas eu planejadas:
c. Estradas de ferro, respectivas bitolas e estaçÕes;
d. Portos e respectivas calagens, iIrplantados eu planejados;
e. Rede energética, capacidade e subestações, iIrplantada ou planejada:,
f. Açudes, capacidade de acumulação;
g. Estações de telea:rmm.icaçÕes:
h. Aeroportos e pistas de pousos.
MJDEI.OGEC:1LCGIm E GED'IECICNIm.A1JOI2\OOGereralidades: Uma das principais, senão a
maior diferença metodolágica da carta metalogenêt1ca ora apresentada, em :relação aos

3.483.

.--
..--..--
- -

mapas geolÓ9'icos pré-exi2tentes, diz respeito ao raciocínio utilizado na divisão


das \mÍdades geolÓ9'icas. tbs mapeamentos clássicos, até então desenvolvidos, heuve
s~re uma preocupação prirrordial quanto ã taxionania estratigrã:Eica, ficando a li-
to-arnbiência e a arnbiência tectônica a cavaleiro da::ruela. No eresente trabalho, o
proresso ê praticazrente invertido, pois, a partir da lito-ambiencia chega-se às \mÍ-
dades estratigrã:Eicas. Este processo ê, segundo a exp;riência está denvnstrar:rlo, o
mais adequado para o estudo do prkambriano. .
A classificação eu o elenco de unidades geotectônicas admitido, não preterrle ser
universal eu -sequer mesmo o ideal para a plataforna brasileira: é contudo, no maren
to, a melhor apraKimação que se conseguiu, na intenção de unifonnizar os critérioS"
de classificação de todas as tecto~ambiências, de uma área continental, cx::m:>a do
Brasil.
Conrei tuação das Unidades Geotectônicas cx::m:>Aplicadas 00 Presente Projeto :Núcleo
de aosta antiga (n) e "GreenstoneBelts" (gb): dentro da conrepçao geotectoni~ãdo-
tada, na evoluçaJ da crosta teJ:restre, por volta do final do Axqueano, já havia o es
tabeleciIrento de uma crosta primitiva, que, nas porções continentais, possuía umã
cc:mposição tonalÍtica-diorítica. Nestes c:ratons primitivos (núcleos antigos) esta-
vam estabelecidas, em "rifts" espalhados mais ou I!B1CS aleatoriamente, as mais primi .-
tivas sequências vulcano-sediltaltares que se conhere, os "Greenstone Belts".
No final do Arqueano, início do Proterozóico Inferior, através de uma lroIT:imenta
ção de placas caneçaram a ocorrer os primeiros rifteanentos lineares de grande exteIi
ção, originando sulcos alongados, limitamo grandes fra;JIrentos de crosta (núcleos aIi
tigos) já cratonizados, Nestes sulcos houve intensa deposição de sequências vulca=
~sediltaltares, além de plutonism::> e metam::>rfism::> via de regra de grau elevadq cons
tituindo-se nosCinturões Métam5rfiros Vulcano-sedimentares (mvs) do tipo faixa rro
velo Margeando estes cinturoes, na sua zona "mais interna", desenvolve-se uma faixã
de rochas de fácies granulÍtica, fOI1'!laI1dotmlCinturão Granulítioo-d1arnockitico(gc) ,
limitando eu bordejando os blocos cratônicos arqueanos (nucleos antigos). Estas me-
ga-suturas não sofreram, contudo, uma cicatrização pennanente e novas reativações ou
mobilizações fizeram-se sentir durante os tempos ProteroZÓiCOSi os regimes tectôni-
ros que, então, vieréIII a instalar-se parcialmente scbrepostos, a:rro em outros lo-
cais do mundo, IrOStram características evolutivas em direção aJ mJdelo clássico de
geossinclinal alpino e, embora não se tenha uma réplica fiel, ê possível distinguir
tectoncgrupos característicos de zonas internas (eugeossinclínio) e ex1:en1as (mio
geossinclinio). A estes cinturões foi dada a designação Coberturas Vulcano-sedirneri=
taresDabradas, distinguindo-se internides e externides, no conceito de AIJB:JUIN
(1961): as primeiras são caracterizadas por uma sedimentação d1stal, plutonanagmatis
IOC> básico-ultrabásico a ácido, além de metarrorfism::> e dobramento característicos -;
eIGUanto na segurx1a, o desenvolvimento de antefossas éx:m sedimentação e vulcanisrro-
plutonism:::> platafODnais, desenvolvidos sobre as margens dos cratons, constituem a
regra. Â medida que se avança para o final do Proterozóico, há o soerguimento do
oró;eno na zona mais interna do cinturão, cavalgando sobre as externides em estrutu
ras de "charriage" típicas: esta elevação da zona interna vai corresponder ao desen=
volvimento de sinéclises nas porções mais internas dos cratons, fonnando-se, assim
bacias epicontinentais, cano as que prcpiciam a deposição . dos sedimentos BanbuÍ, so
bre o cratCn do são Francisco, denaninados de Ccberturas Sed:imentares Dcbradas. -
O controle geoc:ronolÕgico dos eventos supra referidos é ainda deficiente, dificul-
tado que ê pela s~sição de eventos. Desta fama, a priIneira orogênese desen
volvida na separaçao dos cratons do são Francisco e Guapore atribuiu-se aJ Ciclo
Transamazónico (2.100
e à terreira o Ciclo Brasiliano
-
1.900 m.a.) à seg1.mdao Ciclo Uruaçuano(l.300 - 900 m.a.)
(700 550 m.a.). -
As rochas que fonnan os núcleos
antigos; acredita-se, fonnaram-se nos ciclos Jesu1ê (Cratal do são Francisco) e Gu
riense (Craton do Guapore) a julgar pelas dataçoes disponíveis.
Finalmente, ainda é uma inCÓgnita a idade dos grandes CCITIplexos básico-ultrabási-
cos de Barro Alto, Niquelândia e Canabrava: a disposição desses c~lexos em arco,
envolvendo o bloco porangatu e o quimism::> de suas rochas, advogam por uma idade
de formação possivelmente próxima ao final do Arqueano, início do Proterozóico, para
a porção basal e inteJ:rne:liãria e idades mais j0\7ens para as zonas de topo, consti
tuidas por anortosi tos e troctoli tos, estes, possivelmente associados a U11piso ore!
nico.
Em Goiás, após o Proterozóico seguiu-se um grande período erosivo, antes de ini
ciar-se a sedimentação Paleozóica das bacias do paraná, ao sul e Maranhão, ao norte:
Estas bacias famadas em sinéclises intracontinentais, sincronas, can estratigrafia
muito semelhante, podem ser subdivididas em três estágios: a) um primeiro, basal,
abrangendo a parte paleozóica, de natureza marinha epicontinental, sem vulcanism::>
associado, corresporxiendo ã fase de maior subsidência da bacia: b) um segundo está

3.484
gio, desenvolvido 00 Mesozóiro, de sedimentação e vulcaniSIID CXXltinentais ro~
poderxio ã fase de dist.enção da bacia, originada pel.o novirrento de diriva con~
tal, que separou Brasil e ~rica: c) una teroaira fase já no Terciãrio em que se es
tabelece uma sedimentaçã:! final em regime de fraca subsidência, cx:m caract:erlstI
c:as camadas CXXltinent:ais de oobertura. Todos estes está;ios forélll, até o m::mei1
to, englc::iJados scb a designação de "Ccbertura Vulcano-sedimentar não Dobrada".,
Fina1lIIente, às cx:berturas tércio-quat.en1árias, 1ateri tas e aluviões, foi dada a
designação de cx:berturasupér:imposta final.
O esquana tect:êrú.ro geral, o::mcebido para a
Folha PoranJatu pode ser visualiza-
do na figo 2, e' a interre1ação cx:m a metalo;Jema pode ser vista nas figs. 3a e 3b.
RE'SJL'I2\Ini ~ Generalin~.' A adoção metalcgenia
~ ~ pennitiu
que, na exeolÇéIO desta folha, ha.1vesse cansiderãvel éNar'Ço na ccmpressao dos aspec-
tos geolÓgicx:s :fumanentais, cujos principais resultados sã:! expostos a seguir.
O mais iIq;xrtante e, sem dúvida, o que irá prc.piciar maior perspectiva da desa:>-
berta de jazimentos minerais ligados a si tios espec!fioos, foi o disoernimento de
t1111
IOCJdeloevolutivo, criado a partir da élllbiência e da tectônica, aljas discr:imi
nações 1evarélll a melhores caracterizações aniJientais dentro de t1111 ooncei to geotect:õ
niro, a:::nfarme exposto 00 capitulo anterior. Dai a possibilidade de serem oorre1a=
ciOI1édas estas megaunidades cx:maltras áreas do g1c::iJoe de serem previstos cs jazi-
mentos potenciais de cada uma delas.
Este êNêmÇOpeDllitiu elaOOrar sugestão ao DNPM,para a exealção de 'reaná1ise
dos dada; geolÓgiros em escalas maiores, cx:mo objetivo de melhor éNaliar a ~
cialidade destes terrenos.
Avanço geolÓgioo CCX1Sider~ foi obtido, tanbém, quarXJo da separação do que ~
tiganente era cansideradc ''Pre-CaIIi:>riano Indiviso" al "En'bascmento", em terrencs
gnáissiCXHDigmátiOO, gnáissic:o-migmático-grarlÍtiro, faixa granulÍtica e sequências
vulcaID-sectimentams in1::erp)stas, do tipo faixa móvel, além de granitos intrusi
vos, aljas respectivas idades de retd::>ilizaçã:! foram discr:iminadas em cada caso. -
Nas sequêm::ias caracte:dstic:as do ProteroZÓ1ro Médio, foi possível delinear
arrbientes que evoluÍram em zoo.as nais intemas e mais externas (antigos grupos Es
t:J:cn:3o, Tocantins, Araxá, Serra da Mesa, Ara! e outras), cx:mo estabelecimento ae
inteI:nides e externides e suas lito-cmDiênc1.as.
EllixJra as cartas finais deste projeto tenham por c::iJjetivo ser aut:o-explicativas,
torna-se qxx-tuno aboJ::dar alguns princípios e dados utilizadcs, aljas explicações
ou ressalvas serã:!, a seguir apresentadas.
Dédos deTéct:a1O-'GeO~a
ultrabãsiro
-
As :rochas mais antigas, eXoetuando o maciço Básico-
de CanabréNa, oram eIXJ~"''' nos NÚcleos da Crcsta Antiga. Estão sub
divididos em CCII'plexos gnáissic:o-migmãtiro e gná!ssico-migmátiro-gran!tiro. sã:! sU-
postos de idade arqueana :retrabalhadas em ciclos t.e.cl..ouo-teJ:mais mais jovens.
O Calplexo Gnáissicx:>-M1gmãti~arlÍ tioo é itIp:rtante pela presença de minerali
zaçães de estanho, a.u'O, volfrâmio, tântalo, niébio e urânio, deriva:1as de pro::e§I
scs metassanáticx:s hidroteImais. Estas mineralizações estão a:nlicionadas por sis=
temas de falhanento cx:mdireçÕes principais NNEe NW.
Entre porangatu' e Montividiu. as feições nagnétic:as dos terrenos gnáissico-mig-
mátioos são canparãveis às faixas de sequêm::ias vulcaoo-se:iimentares expcstas ao
.sul, por isto, estes ~, deITemser investigados de vez que, o a:nlicionanento
geolÓgioo indica alta potencia1idade, ainda não éNaliada, por insuficiêrd.a de da
dos. -
Do mesroo IOOdo, há indÍcios de CXXlter restos (faixas) de caráter vul~saiimen
tar a área de NÚcleo Antigo, exposta a leste do maciço de Canabrava. -
A sequência vulcano-sed:1mentar de Estrela do Norte-Mut:unópolis foi eIXJlobéda no
Cin'b.1rão Metam5rfiro VUlcano-Sedimentar (mvsPi). A justificativa está na extensa
CXXltinuidade linear desta sequência, para o norte, até desaparecer sob os sediman
tos da bacia do Maranhão e também pela interação can o C~lexo Granulí tico-CharnÕ
ckÍtiro (folhas Alvorada, Gurupi e Natividade). Na folha Porangatu esta sequênciã
foi estendida ~ a regiã:! de Fo:cocso e Montividiu, segundo a associaçã:! litolÕ::]i
ca (intercalaçoes de metassedl.mentos e rochas metabásia:>-ultrabâsicas), ai existeri=
te. M1\CW)Q et alii (1980), entretanto, classificarélll esta sequência CXJIDdo tipo
"Greenstone Belt".
A sequência vulcano-sedimentar de Pa1rneirépJlis, ã qual se cor:relacionam as de
IOOaianÓpolis e Jusoelândia, também foi eIXJlobada no Cin'b.1rão Metam5rfioo VUlc~
Se.llinentar. Esta sequência mostra as subdivisões apresentadas por LEÃO NEID et
alii (1983), fruto da integra);ão dos dada; :referentes ã área, "obtidos das diversas
anpresas que pesquiSéIIl a regiac. Caracteriza-se, neste trabalho, o enfCXIUe dado às

3.485.
--.---

falhas que fazem o contato desta sequência a:rn as Coberturas Vulcanc-Secli.m:mtares ~


bradas (Grupo Araxã) que, ao invés de serem inversas, CXJI'Capresentadas por BARBJsl\
et alii (1969), seriam do tipo escalc:nado (nonnal), deoorrente de I!DVilrentos ascen
cionais diaplrices de massas granIticas (Granito Serra ~urada). Enfcque senelhan
te é dado à falha que ooloca a faixa de NÚcleo Antigo (a leste do maciço de Canabra
va), can a Cobertura Secli.m:mtar Dobrada (Grupo Bambui). Esta representa antiga zonã
de falha de caráter inverso, reativada pela ascerção do maciço básico-ultrabãsico. O
contato, hoje coincidiria, em sua maior parte, a:rn uma linha de falha expcsta atra
vés da atividade eresiva do rio Maranhão. Evidência desta zona de falha sob os
metassedimantos, pode ser interpretada através de dados de rna;JI1etornetria.
A Cobertura Vulcan::Hiedimentar Dobrada foi cartografada por fotointerpretação, na
região de Canalina, objetivando evidenciar estruturas favoráveis a rnineralizações
deoorrentes de processos metassanáticos hidroterrnais.
Igualmente, necessita de canprovação de campo, a faixa de Cobertura Vulcano-Sed.i
rnentar Dobrada (zona externa) colocada entre a serra da M;sa e o rio Maranhão. -
As rochas intrusivas ácidas são amplél!leIlte distribuídas na folha. Aquelas da por
ção ocidental são as cartografadas por ~ et alii (1980) e forCIII todas interpre
tadas cano pertencentes ao proteroZÓioo Inferior apesar da inexistência de bons da=
dosgeocronolÕgicos. Na porção centro-leste, foram cartografades biotita granito,
greisens (ANDRJIDEe DANNI, 1978), granito pegrnatóide (MARINI et alii, 1974). Eles
são importantes por suas rnineralizações derivadas de processos metassanático-hidro
teJ:Inais. Na região de Mata Azul e Canalina foram discriminadcs grani tcs gnaissóI
des, rochas en:auadradas por BARBOSA.et alii (1969) no pré-Carnbriano Indiferenciado.-
Estas rochas estão condicionadas em estruturas dânicas, a:rn rnineralizações de bari -
ta(?), berilo e grafita além de ananalias gecqulmicas de estanho (MIlWIDA, s.d.).
Alguns 00Ip0S de granito na região de Fonroso-+bnti vidiu e a leste do maciço
de Canabrava, fOrCIII interpretados através da cintilanetria (BEN'IES et alii, 1977) .
No:cnalrnente, a eles estão relacionadas ananalias geoquírni.cas de Q.l, Pb, Zn e Sn (on-
de há levantamento).
Dados de Metalogeni.a No ânbito da folha, distinguern-se dois tipos básicos de de-
pésitos polirnetãlicos: depósitos
nados a emissões metassanático-hidroteJ:Inais
do tipo sulfetado vulcanogênioo
e pegrnati tos.
e depÓsitos relacio
-
Existe, airxia, ambiência favorável para depésitcs dePb-Zn-CU, associados a se-
quênci.as platafarmais carbonatadas, dos Grup::>s BambuÍ e Serra ãa Mesa.
DepÓsitos de Sulfeto Maciço Vulcanogênioo O principal exanplo de depÕsi to sulfe
tado vulcanogênioo é o de PalrneirÕpolis, .em pesquisa pela CPR-1. Correspond.e a tmiã
rnineralização de zinco, oobre e chunbo tendo CXJ!Dsub-~tos cãdrn:i.o, prata e bismu
to. Apresenta oontrole lito-estratigráfico-estrutural, estando ligada à interfáaie
de diferenciação vulcânica bãsioo-ácida. EstruturaJmeÍ1te, as rnineralizações estão
posicionadas em charneiras de debras isoclinais.
IrxiÍcio de provável rnineralização relacionada acs litotipos básico-ultrabãsioos é
representado por uma ooorrência de Ni -later! tioo, no 1Jmi te oriental da sequência
de Palmeiróp:>lis, As ocorrências de grafita ligadas a fa1harnentcs na borda ociden
tal desta sequênc1a, podem representar aponte de ca.rlJonJ juvenil.
Na sequência vulcano-sedimantar de Estrela do Norte-Mutunópolis, é o:::mhecida
a jazida de' Chapada (Mara R:>sa), situada a 30 krn, na folha adjacente sul. Corre5pCJ!'!
de a uma rnineralização de ccbre sulfetado tendo CXJ!Dsubproduto ouro e prata. Apre"=
senta controle lito-estratigráfico estando associada a uma sequência de xisto rnicá-
ceo (biotita e sericita) cianitifera, que ooorre intercalada em quartzitos e anfibo-
litos. Este ambiente adentra a Folha Porangatu, exib:!;ndo relêvo aerogeofísico e an~
rnalias geoquírni.cas equiparáveis.
Nesta sequência, o ouro é gar:impado nas regiões de Maralina e Amaro Leite. Na pr!
rneira, a faixa rnineralizada é fonnada por anfibolito (metavulcânica básica), meta
chert e rocha grafi tosa, dispostcs em estreitas intercalações. Em Amaro Lei te, e
constituída por intercalações de anfibÓlios e/ou granada-biotita, gnaisse fino, xi~
to, metabasi tos e anfiboli tos cortados por pequenas intrusões e injeções de hornbl~
ditos, diorito~, granitcs e pegrnatitcs. Estas faixas dispÕem-se, preferencialmente,
na direção N20'"'E, que deve ser ooincidente a:rn as estruturas primárias.
DepÕsitcs relacionades a emissões metassanático-hidroteJ:Inais e pegmatitcs.: Um
grande l'1Únero de metais raros, tais a:rco estanho, tântalo, niÕbio, berilo, volfrâmio
e gemas CXJ1Desmeralda, tuJ:rnalina, topãzio, rnusCDVita, fluorita, etc., estão relaci~
nades a dep:5si tos pegrnatí ticos derivados de processes metassanáticos hidrote:cnais.
De m:x:1ogeral, há urna certa predaninância destes metais cem ~te:cninados tipos pe~
gráficos. O estanho, berilo e volfrâmio predaninarn nas regioes de biotita granito
fino, graisens e biotititos (serras Da.1rada, da Mesa e Branca) 1 tântalo, niÓbio e
berílio em granitos pegrnatóides (norte de Serra ~ada e Serra da r-1esa) 1 coríndon,

3.486
zirooni ta e minerais de terras raras estão ligados às rod'las alcalinas expostas no
norte da folha, sendo mais abundantes na Folha Alvorada, adjacente a norte.
Estruturalmente, estes depósitos OI.X)1;1::elu
nas bordas das massas graniticas (Grani
to Serra Iburada, da Mesa e Branca) e em zonas onde a encaixante parece cx::brir em
pequena espessura as massas grani ticas (norte da Serra Da.1rada e Canalina), cansti-
t:ui.ndo estrutura favorável à fo;mação de CÍJpulas graniticas.
.
CUtra inportante mi.neraliZéÇào relacionada a ~sos netassanátiCDs hidroter
mais CDrresp:n:Ie aos jaz:i.nEntos de anianto c:risotila da Mina de Canabrava. As IIIi.rie
raliz~ apresentem eDntrole lito-estJ:atigráfiCD estrutural, tendo cxm:>rod1a hoS
pedeira a faixa de se%peIltinitos (derivados c!e peridotitcs e piraxenitcs) encaixã
des entre netabasitcs na base e netéqabro no topo,- sendo mais ricas em mnas de
maior fraturanente e cizaJhamento (Panplona e NégéC, 1981).
Mineralizaç§es Relacioomas a Sequências PlatafODnais CaJ:banatadas. Este tipo
de mineralização interessa a dois dan!nios geotectênicos, a saber: Cobertura Vulca-
nc-Sedimentar DOOrada (vsd) e Cc:Certura Sedimentar Dobrada (sd).
Ccbertura VUlcanc-Sedimentar Dobrada (vsd) Os principais exerrples destas minera
lizaÇÕe5 são as OCDrrências de galena e blerXla da região de castelão e Serra da Ti=
tara, existentes na folha adjacente, ao sul.
Se:JUtlOOE'AREQjA(1981), estas mineralizaçóes são, principalnente do tipo estJ:a
tifonne si.n;enétiCD, cem eDntrole li telÕgico-estratigráfiCD e estrutural. Minera1.I
zações epigenêticas, ligadas a veies de quartzo, são subordinadas, denotando pE:GUe
nas re:oobiliz~. -
As rochas hospedeiras são, via de regra, dolani tos brancx:s, maciços e finos,
preferencialmente 1.oca1izadcs no tcpo das sequências carbonáticas e práKi.m:>ao c0n-
tato cem es paCDtes de micaxistos que as~. O eDntrole estru~al é exe.!:
cido por dobramentos isoclinais de f~ ass.iItetricos.
-
no axial merguJ.llando cerca de 20 30 para SW, paralelo
can eixo N60
ao acamamento.
70~ e p~ -
Cobertura Sedimentar Dd:>rada (sd) As sequências camonáticasligadas aos netas
sedimentcs destas unidades são particulaDnente pz:anissoras, ~ aJVIl i ",;VI;>.. ã
luz da distribJição geotectÔn:ica e seus p:ü.eoanDien~
MlUUNI e FOCK (1981), disc:arremo sOOre a potencia1idade em recursos minerais
destes metas 1ime'1'1tcs assinalam, de IOOdo infcn:mal, oc:cr:rências de cala::pirita, azu
ri ta e nalaqui ta ligadas a calCDXistcs e mineraliZéÇÕes de blenàa e galena associã
das a mãzmares. -
Na folha adjacente sul, es met:assedi.mentcs rítmicos, grafitcscs, quamo secciona
dos por veios de quartzo, são potencialmente ricos em 01r0. Estes locais têm siOO-;
desde es t.eItpos CD1.oniais até hoje, c:bjete da atividade garilrpaira, ande são minera
des es CDluviÕes, aluviÕes e vee1ros. -
Previsão das Areas Mineralizadas Para harcgeneização dos c:ritéries de esCDlha
e facilidade de descriÇéC das areas, as substâncias minerais foram agrupadas, por
classe, segtmdo suas afinidades geoqulmicas, possibili tan:io ao lei ter :ilnediata asso
ciação dos jaz:imentcs cem os ambientes, rochas hospedeiras e/eu estruturas favorã
veis a:s depÓsitos. -
Na legenda do lado direi te da Carta de previsão dos Recursos Minerais, são apre-
sentados os ccnceitcs para o "status" das a:mcentraçóes minerais e os critérios de-
finiOOres das potencialidades das áreas, divididas em tJ:;ês categorias.
As áreas sugeridas para pesquisa de est.an!x>, tântalo, niooio, berílio, volfrâmiq
ziroÕnio, terras raras, CDríndon e eutrcs depÓsites associados a pegmatites são a-
quelas onde há presença de rochas intrusivas ácidas (granitos e/eu granitóides) e/
ou estrutura geolÓgica favorãvel~ ananalias cintilanetricas destacáveis respéI]ft:!n;>s
por ananalias geoquímicas agrupadas eu isoladas de o::t>re, chunbo, zinCD ou estanho
(onde existem levantamentcs
As áreas selecionadas
geoqulmicos)
cx::mJ favoráveis
.
para mineralizações de cx::bre, d1unbo e
zinCD estão re5p"']n;>ro... por Clllbientes já CDJ1\cc:mproITadas vocações para estes ne
. tais, tais cxm:> sequências vulcano-sedilnentares diferenciadas, presentes na folha-;
bem cxm:> sequências platafomais caJ:bonatadas, à semelhança déquelas das regiões
da Serra da Titara e Castelão, existentes na folha adjacente a sul.
As áreas favoráveis a mineralizaçê5es; de níquel, cobre, cx::balto e c:raro são aque-
las onde há predaninância de rod1as básico-ultrabásicas diferenciadas quer de natu
reza vulcânica quer plutênica. Nestes arrbientes são frequentes ananalias geoquinii
cas e geofísicas superpostas. Distinguen-se, também, áreas favoráveis a minera1.I
z~ de n!quellateritiCD.
DepÕsi tos de esmeralda são prelTistos para áreas cem predaninância de rod1as há-
-
sicx::>-ultrabásicas, cortadas 1XJr emissões de pegmati tos ácidos. Jazimento desta na
tureza é encontrado nas proximidades de PoranJatu. -
Na borda oeste da Sequência de PaJ.meirÓpolis, oCDrrências de graU ta ligadas a

3.487
--

estruturas de falhas foram inteI:pretadas OOI!Csítios favoráveis, uma vez que, na


folha adjacente norte, na região derx:1m.inada de Grafite, expressivo volune deste mi-
neral já foi extraído.
Na Sequência Vulcano-SediInentar de Estrela do Norte-Mutunópolis foram descri tas
várias ororrências de cianita, sendo esta, portanto, favorável a depósitos deste mi
neral. -
As áreas selecionadas para o alro são aquelas determinadas pelas ambiências de
sequências vulcano-sediIrentares, oooe ele aparece em níveis espeCÍfiros (exenpl0
metachert existo grafitoso) e tarctJém, cx:m,:)subproduto de ootros bens minerais.
Entretanto, na área XXXII, o alro, provave1mer.te está ligado â sequência psefito-
psarni tica basal da Cobertura Vulcano-SediIrentar Dobrada.
k-eas para Pesquisas CoItpleroontares Conforme apresentado na Carta de Previsão
de Açoes Gov'ernamentais, foram sugeridas duas áreas para trabalhos canplementares.
A k-ea I abrange parte da Sequência Vulcano-Sedirnentar de PalmeirÓfOlis; serrlo
proposta a integração dos daOOs geolÓ:Jicos das diversas enpresas que atuam na re-
gião, an escala 1:50.000. No entanto, quanJo da ronfeoção preliminar desta carta:
(oot:ubro de 1982) esta recx:JIrerrlação foi apresenta::la ao DNPM (Gaiãs) e aceita; tendo
siéb já ooncretizada.
2
A k-ea II, abrangeIX10 uma superfície de apraximada:nente 6.000 km , envolve diver
sas lito-ambiências favoráveis ã pro5Feoção de diversos bens minerais nas domínios
t:ec1:orx>-geolÓ:Jicos de NÚcleo Antigo, Cinturão Metam5rfico Vulcano-Sedimentar, Caber
tura Vulcano-Sedirnentar Dobrada e Cobertura Sedirnentar DdJrada. Os trabalhos pr6=
postos ref~se ã reaná1ise dos dados existentes, de fcmna a produzir cartas g~
lógicas, metalogenéticas e previsionais na escala 1: 100.000, que peJ:!I1i.ta uma me-
lhor avaliação do potencial mínero-ec:oOOmi.co da área. Esta área ressente-se, pr~
cipa1mente de levantamento gec:x:;ruimico para minerais pesados, substâncias de alta
potencialidade na área.
AGRAD&:IMENIOSE IDTASFINAIS Os autores a;radeoern ao Departamento Nacional da Pro
duçao Mineral
de participar
- DNPMe a Canpanhia de Pesquisa
do presente s:irnpÕsio.
de Recursos Minerais
Querem contudo ressaltar
a oportunidade
que o Projeto Mapas
Metalcgenétioos e de Previsão de Recursos Minerais foi oooouzido por uma equipe
interdisciplinar muito grande, cujo trabalho está an parte, materializado nesta
folha ,escolhida para representar a Região Centro Oeste. Ass:im, na Folha porangatu
especifican-ente tiveran participação os seguintes geélogcs oonforme consta na folha
de equipe do Relatório Final: Coordenador Geral do Projeto -
Luiz Peixoto de Siquei
ra; Cbordenador Regional
genia, previsão) - - Valter José Marques; Fquipe Executora (Geologia,
Alberto Martins de sã, Reginaldo Leão Neto, Nelson Lcpes S. Cer-
MetalO:

queira, Alvaro Cavalcante Alves; Geoguímica


10 Madlado Pinheiro~ Petrografia -
-
Eric Santos Araújo; Geofisica
Magda Teresinha Guimarães. Contou-se ainda
- Muri-
cx:xn
a participação parcial dos geólcgos Carlos Oiti Berbert primeiro Coordenador Regi~
nal do Projeto, Francisoo Assuero B. Frarça primeiro Ccordenador Geral do Projeto
e a colaboração especial de Arnaldo BÔhn Vieira supervisor de geofisica e Odair
Olivatti (Ccordenador de Recursos Minerais na SUperintendência de Goiânia). A t0-
dos estes profissionais deve ser creditada a execução do projeto nesta folha.
BIBLIDGRAF1A

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3.488
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de amianto
da
.
crisotila da mina de
ião Centro-Oeste.
ca
Gaiã='
nabrava-Goiás. Os inci'
Dia. Dep. Nac. Prad. Min. p. 6-

3.489

~-_.._---_...-
~.-
---.- ---

1. MAPASDE SERVIÇO
1.1 Geo1Õgia:> (utilizarrlo-se: Imagens Satélite, Radar, Fotos Convencionais,
Cadernetas de Canp:>, Fichas de Af1orélOe!ltos, Fichas de Descrição Petro-
gráfica, Mapas Anteriores):

1.2 Tectono-Estrutural:
1.3 Li to-Ambiental:
1.4 Geofísia:>:
1.5 GecquÍm:ia:>:
1.6 De DepÓsitos Minerais:
1.7 Geocronc1Õgia:>

2. WlPASFINAIS
2.1 Metalogenétia:>;
2.2 previsional

~f t
t + J
1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7

~
2.1 2.2

Fig.1

3.490
PROJETO MAPAS METALOGENÉTlCOS E
DE PREVISÃo DE RECURSOS MINERAIS

PORANGATU

DIVISÃO TECTONO -
GEOlÓGICA1..)
( Simplificado)

TEI!t1i:I.Áft.IO - QUtlllTERNÁRIO PROTEROZÓICO INnRIOR


~-'fttv. CJMvrao m8tamórf_ Nlcelno. sedim.nto,
_,,,,,,avido IOOr_,crewt...e natureza: con_ 1
tinental- c. oc.-ca . o

PROTEROZÓtCO SUPERIOR

~COb8rtura. sedim.,,'or dobrada ~


1:"i.-=:':
C_urão . - chomoQuPtice
9ranulltico

PROTEROZÓICO MÉDIO ARQUEANO INDIVISO


c:7lcoblrturo vulcano - sedimentor dobrada,
Núcleo de cros1l1onti.. , _ nào
.<~~~':~~d..~n~lvida n~. zonas: mois externo..,
mais ,nterno - I G

"ClC HAS PL:UTÔNIGAS

c::::3 Granito - t~ ~ ~t Gabro-ob Anort"it.-_


"
I

(*) e:XT". DA CA"TA MITAl..QHNíTIGA_

FIGURA 2

3.481

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3.493
._-~--

ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOÚ>GIA, RIO DE JANEIRO, 1984

PROJETO MAPAS METALOGENeTICOS E DE PREVISÃO DE RECURSOS


MINERAIS - FOLHA SC. 24-Y-D (SERRINHA), ESCALA 1 :250.000

João Delton de Souza


Reginaldo Alves dos Santos
Geólogos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
- CPRM

ABSTRACT The metallogenic and previsional analysis of the Serrinha


1030' X 1000' Sheet (SC.24-Y-D), State of Bahia, northeast Brazil, pro
duced by the "Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Recurso;
Minerais" (Convenant DN1'M-CPRM), is based on an integrated reappraisal
of all available data in August 1982 from several branches of the ge~
logical sciences and has its end results synthesized on one metallo-
genic and two previsional maps.
The Metallogenic Map shows on a special tectonic-geologic base 76 ore
concentrations recorded on the Serrinha Sheet presented by symbols
describing the main mineral substance, mineralogic-metallogenic associ
ation, shape and genetic type. Gold is the principal mineral resource
of the sheet followed by manganese, barite, apatite-vermiculite and
chromium. Quartz-amethyst, graphite, pyrite, calcite, feldspar, kaolin,
phlogopite, limestone and corundum ore concentrations there also exist
in the area.
The Mineral Resource Previsional Map gives to the private mining comp§:.
nies the location of 24 more favourable areas for mineral research
projects with less risks to investments, through the classification of
the potential resources of these areas in relation to certain minera!
izations, outstanding among which are gold, apatite-vermiculite, mang§:.
nese, talc-asbestos~chromium-nickel and barite. It also presents the
ore concentrations classified according to their economic and legal
status on a special geographic base showing the principal data about
the infrastructure of the area.
The Govemment Previsional Planning Map provides a basis for the miner-
al research~programmes of DNPM and other governmental organizations by
showing 3 are as that need complementary mineral research surveys and
their suitable methodology, for a better appraisal of the potential
mineral resources of the Serrinha Sheet.

INTRODUÇÃO O Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Recursos


Minerais, ora em execução pela Companhia de Pesquisa de Recursos Mine
rais (CPRM) para o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNEM) e
iniciado em meados de agosto de 1981, visa a elaboração sistemática de
cartas metalogenéticas e de cartas previsionais, na escala 1:250.000,em
folhas 1030' x 1000' do Sistema Internacional ao Milionésimo, que deve
rão cobrir progressivamente todas as áreas da República Federativa d~
Brasil onde exista maior incidência de levantamentos básicos de mapea
mento geológico, geoquímico e geofísico. Tem por objetivo maior a delI
mitação de áreas onde os condicionamentos geológicos são mais favorá-

3.494
veis à existência de jazimentos minerais, e a avaliação do potencial mi
neral destas áreas, a partir da reinterpretação integrada de todos os
informes colhidos nos levantamentos básicos supracitados e nos traba-
lhos de detalhe e/ou específicos de pesquisa e extração mineral.
Do primeiro conjunto de folhasp~ioritariamente selecionadas pelo
projeto,faz parte a Folha Serrinha (SC.24-Y-D), que é definida pelas co
ordenadas 39000' - 40030' de longitude oeste e lloOO' - 12000' de lati~
tude sul e perfaz uma área de cerca de.-18000 km2 situada na região nor
deste do Estado da Babia (FigtU'a Ia).,
Os estudos metalogenéticos e previsionais executados na folha têm
seus resultados sintetizados na Carta Metalogenética, Carta de Previsão
de Recursos Minerais e Carta de Previsão para Planejamento de Ações Go
vernamentais. Para a obtenção destas cartas elaborou-se, muna primeirã
etapa, os seguintes mapas de serviço ou temáticos: Carta Tecto~o-Estru-
tural, Carta Lito-Ambiental, Carta Geofísica, carta Geocronológica, C~
ta de Recursos Minerais e Carta Geológica. A Carta GeoqUÍmica, que no.!:,
malmente faz parte deste conjunto de mapas, não foi elaborada para esta
folha, devido a existência apenas de trabalhos geoquímicos muito locali
zados. Contudo, os resultados mais significativos destes trabalhos f~
ram considerados na elaboração da Carta Metalogenética e da Carta de
Previsão de Recursos Minerais.
Esse conjunto de mapas foi elaborado a partir da reavaliação inte -
grada de todas as informações geológicas, geofísicas, geo qUÍmi cas, geo
cronológicas, de cadastramento mineral e de mineração', disponíveis ate
agosto de 1982, tendo os trabalhos pertinentes sido realizados no perío
do setembro/1981-setembro/1982. -
O acervo de dados tratados resultou da consulta e pesquisa de 19 re
latórios técnicos e trabalhos publicados ou inéditos sobre geologia,geõ
logia estrutural e geotectônica, 10 sobre cadastramento mineral, 5 so
bre levantamento geofísíco, 3 sobre prospecção geoquímica, 19 sobre me~
talogeIl:i.a,geologia econômica e pesquisa mineral, 4 sobre geocronologia,
1 teses e 56 relatarios de pesquisa e de lavra realizados para o DNPM,
envolvendo 1.400 afloramentos estudados, 550 análises petrográficas,611
amostras geoquimicamente analisadas de sedimento de corrente, 80 de con
centrado de bateia e 2.106 de solo, 21 datações radiométricas e 16 jazi
mentos minerais. As principais fontes de informação utilizadas são mo§.
tradas na Figura 2.
Os estudos ~etalogenétícos e previsionais da folha foram realizados
através da Superintendência Regional de Salvador(SUREG/SA) da CPRM, pe
10 geólogo Reginaldo Alves dos Santos e com a participação dos geólogos
José Fernandes Filho e João Dalton de Souza nas etapas geológica inici-
al e previsional, respectivamente; e do geofísico Antonio Carlos Motta,
geólogo Raimundo-A.A. Dias Gomes e engenheiro de minas Paulo José Perei
ra Gomeff, nos estudos geofísicos. A coordenação regional destes estudos
na SUREG/SA foi exerci da pelos geólogos Luiz Peixoto de Siqueira, até
maio de 1982, e João Dalton de Souza, a partir desta data, enquanto a
coordenação geral, centrada no Rio de Janeiro, na Divisão de Metaloge -
nia(DIMETA)~esteve a cargo dos geólogos Francisco Assuero Bezerra de
França e Luiz Peixoto de Siqueira, antes e após maio de 1982, respecti-
.
vamente. No Rio de Janeiro, contou-se ainda com a supervisão técnica da
Divisão de Geofísica(DIGEOF), Divisão de GeoquÍmica(DIGEOQ) e Divisão
de Geologia Básica(DIGEOB).

ARCABOUÇO TECTONO-GEOLÓGICO OS dados geológicos, geofísicos e geocro-


nológicos, existentes aentro da área englobada pela Folha Serrinha
(SC.24-Y-D) e nas regiões adjacentes, evidenciam para a área em foco
uma evolução geológica eminentemente no Arqueano-Proterozóico Inferior,

3.495
--

com registros de eventos deposicionais mais recentes --limitados aOs alu-


viões, talus e coberturas detríticas inconsolidadas do Terciário-Quater
nário, bem como possibilitam compartimentar geotectonicamente a áre~
nas unidades tectono-geológicas individualizadas na Carta Metalogenéti-
ca (Figura 3) e a seguir descritas.
O Craton de Lençóis, redefinido por Santos & Dalton de Souza (1983)
em analogia à nomenclatura original de Pflug et alii (1969) e ao Bloco
de Lençóis (Pedreira et alii, 1976; Gomes & Motta, 1980), corresponde a
uma área de crosta antiga, arqueana, essencialmente composta de migmati
tos e gnaisses com frequentes intercalações de rochas calcissilicática;
associadas a quartzitos ou anfibolitos, situada na parte oeste da regi
ão estudada (Figura 3), cuja consolidação antecedeu ao Ciclo Jequie
( =: 2.700 m.a.) e, em parte, talvez mesmo ao Ciclo Guriense( -=3.100
m.a.). Datações radiométricas pelo método Rb/Sr, na região compreendida
entre as cidades de Piritiba e Tapiramutá na Folha Jacobina(SC.24-Y-C )
(Figura lb) com idades isocrônicas de cerca de 3.100 m.a. e datações
isoladas de até 3.725 m.a., dão suporte a essas interpretações geotectô
nicas e demonstram a existência de segmentos crustais antigos poupado;
dos processos de retrabalhamento (granitização, deformação, rejuvenesci
mento isotópico, etc) do Ciclo Transamazônico (~2.000 m.a.), que afe~
tou de maneira quase generalizada as rochas arqueanas da área estudada.
Na parte nordeste da área (Figura 3) individualiza-se um núcleo cra
tônico antigo, constituído por gnaisses e migmatitos, consolidados pro~
vavelmente na mesma época do Craton de Lençóis e com feições de "oval
gnáissica", na concepção de Salop (1977, in Santos & Dalton de Souza,
1983), configurando o Craton de Serrinha (Seixas et alii, 1975). A e
xistência e os limites desta unidade tectônica estão solidamente apoia-
das pelas características de espessura e composição de crosta, determi-
nadas pela gravimetria (Gomes & Motta, 1980).
Entre estes dois segmentos cratônicos e deles limitado por . falhas
(Figura 3), bem identificadas através da gravimetria e/ou magnetometria,
posiciona-se a unidade geotectônica denominada de Cinturão Móvel Salva
dor-Curaçá(Santos & Dalton de Souza, 1983), constituída essencialmente-
por rochas granulíticas e charnockÍticas, bem como por gnaisses de
facies metamórfica anfibolito alto, além de intercalações de rochas cal
cissilicáticas, anfibolitos, metabasitos, metaultrabasitos, mármores ~
quartzitos e formações ferríferas. Uma expressiva feição de alto gravi-
métrico é registrada nessa área. Dentro deste cinturão móvel,est~do
no mínimo no Ciclo Jequié e rejuvenescido isotopicamente no Ciclo Trans
amazônico, são conhecidos fragmentos cratônicos remanescentes do NUcleõ
Antigo de Gavião (Figura 3), antes referido como Núcleo Cratônico de
Gavião-Riachão do Jacuípe-Ipecaetá (Seixas et alii, 1975) e também ca-
racterizado pela gravimetria, representados por "ilhas" de rochas migm~
ticas de alta mobilidade, granulitizadas.
O Cinturão Móvel Salvador-Curaçá apresenta conspícua linearidade
noroeste-sudeste, aO contrário das áreas e núcleos do embasamento ar
queano antigo, que mostram maior irregularidade nas direções dos traços
das foliações. Todas as rochas constitutivas destas unidades tectono
geológicas são polideformadas.
Após o Ciclo Jequié, o Cinturão Móvel Salvador-Curaçá incorporou-se
aos cratons de Serrinha e de Lençóis, para juntos definirem parte do em
basamento do Craton do são Francisco(Almeida, 1977), do Ciclo Brasilia=
no.
Sobre o Craton de Serrinha está implantado o Greenstone Belt do Rio
Itapicuru (Kishida& Riccio, 1979) ou de Serrinha (Mascarenhas,1976 ) ,
considerado como formado no Arqueano Superior e representado na parte
nordeste da área em pauta (Figura 3). Datações radiométricasRb/Sr rea-

3.496
lizadas em rochas de ambas as unidades geotectônicas não atestam idades
ar~ueanas, mas sim o rejuvenescimento isotópico generalizado ~ue elas
. ..
experimentarà.mno Ciclo Transamazônico.
A área do Greenstone Belt do Rio Itapicuru apresenta comportamento
estrutural típico destas entidaqes geotectônicas ar~ueanas, com arcabo~
ço geral configurado por calhas sinclinais de rochas vulcano-sedimenta-
res complexamente deformadas, entremeadas e/ou circundadas por rochas
gná:Lssicas-migmáticas e por estruturas"dômicas graníticas. Detalhes so
bre o padXão estrutural do cinturão V'1tlcano-sedimentar e suas relaçõe;
com o gnaisses e granitos adjacentes são fornecidos por Jardim de sá
(1982).
O Craton de Lençóis, por seu turno, serviu de embasamento para a Ba
cia Intracratônica de Jacobina, ~ue constitui uma cobertura vulcano-se=
dimentar dobrada do Proterozóico Inferior aflorante no extremo oeste da
folha (Figura 3). Nessa parte da área é marcante o desenvolvimento de
falhamentos de direções em torno de norte-sul, longitudinais à Bacia
Intracratônica de Jacobina, a ~ual, em toda sua extensão leste apresen-
ta-se limitada, com as rochas gná:Lssicas e migmáticas do embasamento ar
~ueano, através de falhas de empurrão ou inversas. Ali, o padrão de de=-
formação da cobertura eoproterozóica e do embasamento ar~ueano é marc~
temente linear na direção meridiana. Na terminação sul desta zona line-
ár, na região entre Itapura e M.1ndo Novo, são observadas deformações
complexas no embasamento ar~ueano. Descrições detalhadas sobre a estru-
tura da Bacia Intracratônica de Jacobina a do embasamento ar~ueano adja-
cente são encontradasem Couto et alii (1978).
As coberturas do Ar~ueano Superior-Proterozóico Inferior, por apre-
sentarem grande importância metalogenética, foram representadas como
maior detalhe possível na Carta Metalogenética, procurando-se ressaltar
a~uelas unidades li to lógicas de maior potencialidade metalogenética.De~
se modo, as rochas. do Greenstone Belt do Rio Itapicuru foram diferenci
=-
adas em se~uência metavulcânica básica, se~uência metavulcânica ácida
intermediária, se~uência metapelítica-grauváquica e se~uência metarcósi
ca-grauvá~uica, além de metaconglomerados e metarcósios. Atenção especi
al foi dada à se~uência metavulcânica básica, a mais basal estratigrafI
camente, por abrigar as principais mineralizações de ouro do "greensto-
ne belt". Com relação a Bacia Intracratônica de Jacobina, as rochas fi
líticas e filoníticas, consideradas, pelo menos em parte, originadas a
partir de rochas vulcânicas, foram agrupadas como uma sequência metape-
lític a-vulcânic a, notável metalogeneticamente por representar um impor~
tante metalotecto litolÓgicO para manganês. Também foram diferenciadas
as rochas intrusivas básicas e ultrabásicas, os ~uartzitos e os metacon
glomerados basais, estes últimos hospedando as mais expressivas minera=
lizações de ouro associado a urânio da Bacia de Jacobina, ~ue ocorrem
imediatamente a oeste do limite ocidental da área estudada, na Folha
Jacobina (SC.24-Y-C) (Figura lb).
Diversos corpos intrusivos de granitóides ocorrem dispersos na Fo
lha Serrinha (Figura 3), atestando o evento de Grani togênese TransamazÔ
nica (Proterozóico Inferior) ocorrido na área, conforme evidenciado p;
las datações Rb/Sr disponíveis e com idades em torno de 1.900m.a. Es
tes corpos graníticos intrudem, inclusive, o Greenstone Belt do Rio It~-
picuru e a Bacia Intracratônicade Jacobina.
No Terciário-Quaternário, a área foi palco de eventos climáticos e
geomorfológicos responsáveis pela formação da Cobertura Superimposta Fi
nal, representada por coberturas arenosas detríticas inconsolidadas, ta
lus e aluviões(Figura 3).

RECURSOS MINERAIS E METALOGENIA Com base nas informações disponíveis

3.497

---------
---._--_..
---.-

até agosto de 1982, foram localizados e caracterizados na Folha SeE


rinha (SC.24-Y-D) setenta e seis (76) jazimentos minerais, represent~
dos por quarenta e três(43) ind{cios/ocorrências minerais, seis (6)
depósitos, uma(l) jazida, sete(7) nO,nas em explotação ou abandonadas
e dezenove(19) garimpos abandonados.
As mineralizações são de quartzo(16), apatita(lO), manganês(lO) ,
ouro(8), vermiculita(5) apatita/vermiculita(5), grafita(4), calcita
( 3), feldspa toe 3), grafi ta/piri ta( 3), bari ta( 2), cromi ta( 1), flogop!.
ta(l), ametista(l), caulim(l),calcário(l), granito(l) e córindon(~).
ouro destaca-se como o recurso mineral mais importante da area
°
ocorrendo relacionado a um cinturão vulcano-sedimentar do Arque ano
Superior (Greenstone Belt do Rio Itapicuru) e a uma cobertura vulc~
no-sedimentar dobrada do Proterozóico Inferior(Bacia Intracratôni -
ca de Jacobina).
No Greenstone Belt do Rio Itapicuru(Figura 3) o ouro aparece as-
sociado a sulfetos de arsênio, ferro, cobre, zinco e chumbo,ocorrendo
em corpos de minério constituídos por brecha quartzo-feldspática
veios de quartzo e zonas silicificadas, encaixados em metassedimentos
quimico-exalativos(formações ferriferas e chert) ass~ciados à s~
quência metavulcânica básica basal. Os corpos de minerio mais impoE
tantes são estratiformes e o tipo genético da mineralização é vulc~
no-sedimentar. As reservas geológicas de ouro foram calculadas em
15 x 106t, com teor médio estimado de 7,5 g/t Au (Tabela 4), apenas
no depósito conhecido como "Faixa Weber", estando ai incluidas as
4.055.998 t de minério (teor médio 7,5 g/t Au) correspondentes às
atuais reservas medida, indicada e inferida da Jazida da Fazenda Br~
sileiro(Tabela 3).
Na parte da Bacia Intracratônica de Jacobina abrangi da pela Folha
Serrinha(Figura 3), as mineralizações aur{feras se manifestam na fOE
ma de filões hidrotermais, tipo quartzo-ouro, cortando quartzitos e
ortoquartzitos. Na parte oeste desta bacia, na Folha Jacobina(SC.24-
Y-C), existem minas importantes e garimpos de ouro associado a urânio
e hospedados em metaconglomerados, que fazem da Bacia de Jacobina uma
das mais importantes áreas auríferas do Brasil, mundialmente cOnheci
da e comparável geolÓgica-metalogeneticamente a outras bacias intra =
cratônicas urano-auríferas do mundo, como Wi twatersrand( África do Sul)
e Blind River (Canadá). .
Omanganês destaca-se como outro recurso mineral importante na
Folha Serrinha, ocorrendo relacionado à Bacia Intracratônica de Jaco-
bina e ao embasamento arque ano a ela adjacente(Craton de Lençóis), na
parte oeste da área(Figura 3). No primeiro caso, o manganês ocorre
associado a uma sequência metapelítica-vulcânica e no segundo, rela -
cionado a silimanita micaxistos. As mineralizações são do tipo super
gênico e a morfologia dos corpos de minério é variável, em alguns c~
sos lenticular. Nas duas minas em atividade na região( Itapuxa e do P;
dre) foram cubadas reservas de 115.857 t de minério, com teor médiõ
de 38% de manganês(Tabela 3).
A cromita constitui um importante depósito mineral na área, loca-
lizado bem próximo a Santa Luz, no dominio do Craton de Serrinha( Figu.
ra 3). A mineralização é estratiforme e manifesta-se na forma de lei
tos de cromititos compactos e friáveis ou ocorre como disseminaçõe;
de cromita em rochas metaultrabásicas, pertencentes a um complexo
básico-ultrabásico diferenciado. Neste depósito, denominado Pedras
Pretas, foram cubadas 2.290.261 t de minério, com teor médio de 39,5%
de Cr203' correspondendo às reservas medida e indicada(Tabela 3).
A barita é outro bem mineral de destaque na Folha Serrinha, atual
mente explorada em Itapura, na parte oeste da área(Figura 3). Ocorr;

3.498
associada às rochas arqueanas do embasamento do Craton de Lençóis,
manifestando-se na forma de corpos lenticulares encaixados em silima-
nita micaxistos. Na mina de ItaPUra foram cubadas 989.175 t de miné
rio, com teor m~dio de 88,71% de BaS?4CT~bela 3).
.' . .
Mineralizaçoes de apat~ta e verIllJ..cul~ta
ocoITem no do~~o do C~~
turão Móvel Sal vador-Curaçá( Figura 3), no âmbito de rochas granul{ ti-
cas, na forma de bOlsões, veios e disseminações, sempre associadas a
rochas calcissilicáticas diops{dicas e a pegmatitos sieniticos que
cortam e afetam metassomaticamente estas rochas. Alguns depósitos de
apati ta foram cubados pelo Projeto Apati tã( DNPM-CPBM, 1971), tendo si
,
do estimada uma reserva de 10.000 t de minério do tipo remobilizado
c~m teor de 40% de P20 (Tabela 4). Aind~ no domínio do cintu.r~o móv~l,
sao conhecidas reserva~ de quartzo/ametista(Tabel$ 3 e 4) e ~neral~-
zações pouco expressivas de calei ta, flogopita, barita, grafita e
feldspato.

PREVISÃO DAS ÁREAS MINERALIZADAS Na Carta de Previsão de Recursos


Minerais estão indicadas as vinte e quatro(24) áreas mais favoráveis
para a exploração mineral, na Folha Serrinha, classificadas segundo
três graus de potencialidade para determinados recursos minerais(Fi~
ra 4). Os cri térios gerais e especificos adotados na indi vidualização
destas áreas e na c.lassificação das potencialidades são mostrados
nas tabelas 1 e 2, respectivamente.
O ouro destaca-se como o recurso mineral real e potencial mais im
portante da folha, tendo sido delimitadas onze(ll) áreas favoráveis a
sua prospecção (Figura 4 e Tabela 2). Entre estas áreas, oi toe 8) estão
relacionadas a unidades li tológicas do Greenstone Bel t do Rio Itapicu
ru, que também são potencialmente favoráveis, em menor grau, para cõ
bre, zinco, chumbo e prata. Em uma dessas áreas localiza-se a jazida
de ouro da Fazenda Brasileiro, na denominada "Faixa Weber". As demais
áreas situam-se na cobertura vulcano-sedimentar dobrada consti tu ti
va da Bacia Intracratônica de Jacobina e estão circunscritas aos meta
conglomerados, comprovada.mente mineralizados em ouro e urânio no prõ
longamento oeste da área (Folha Jacobina, SC.24-Y-C), e aos quartzi
tos cortados por veios de quartzo portadores de ouro, nos quais loca!
mente existem antigos garimpos abandonados.
Cinco(5) áreas favoráveis a concentrações econômicas de apatita e
vermiculita foram delimitadas no domínio das rochas granulÍticas do
cinturão Móvel Salvador-curaçá(Figura 4 e Tabela 2). Estas áreas na
realidade definem uma extensa faixa apati tffera-vermiculi tifera de di
reção geral -nor-noroeste/su-sudeste, com cerca de 150 quilômetros de
extensão e largura média de 20 quilômetros, que se adentra além da re
gião estudada, nos domínios da área coberta pela Folha Itaberaba
(SD.24-V-B) (Figura lb). Esta faixa está circunscrita 'à área de dis
tribuição de corpos de rocha calcissilicáticas, às quais associam-se-
os inúmeros depósitos, garimpos e ocorrências de apatita-vermiculita
conhecidos na região. A faiXá apatitffera-vermiculitffera, como um
todo, também é considerada favorável, em menor prioridade, para pes
quisa de caleita e flogopita. -
O manganês configura a substância mineral priori tária em quatro
(4) áreas favoráveis para pesquisa mineral(Figura 4 e Tabela 2). Uma
destas áreas está circunscrita à sequência metapel{tica-vulcânica da
Bacia Intracratônica de Jacobina, na qual existem minas e ocorrências
de manganês,dada às condições geomorfológicas favoráveis a concentra
ções supergênicas deste bem mineral. As outras três áreas estão loca=
lizadas próximo à anterior e limitadas a faixas de silimanita xistos
do embasamento do Craton de Lençóis, sendo que em uma delas já sao

3.499
---

conhecidas mineralizações supergênicas de manganês, incluindo a Mina


de Itapura. Na região de Itapura, também foi delimitada uma área favo
rável a mineralizações econômicas de barita. (Figura 4 e Tabela 2).-
Duas(2) áreas foram consideradas potencialmente favoráveis a min~
ralizações de talco, amianto, ~ e nlquel(Figura 4 e Tabela 2),com
maior possibilidade para as duas primeiras substâncias, estas consti-
tuindo, inclusive, ocorrências minerais no prolongamento sul de uma
das áreas, no dominio da Folha Itaberaba(SD.24-V-B)(Figura lb). Essas
áreas situam-se dentro do Cinturão Móvel Salvad,or-Curaçá em terrenos
arqueanos de facies granul{tica e anfibo}{tica alta, com presença
de corpos de rochas básicas e ultrabásicas pass{veis de conterem as
referidas mineralizações. Anomalias geoquimicas importantes de cromo
e níquel no prolongamento sul das áreas, na Folha Itaberaba,dão maior
suporte à definição da'potencialidade das mesmas.
Finalmente, uma pe que na área próxim o a Santa Luz, norde ste da Fs:
lha Serrinha, no dominio do Craton de Serrinha, foi considerada favo-
rável à mineralização de cromita, pela existência de um complexo bás~
co-ultrabásico diferenciado com um depósito expressivo deste bem mine
ral(Figura 4 e Tabela 2). -

PREVISÃO DAS ÁREAs PARA PESQUISAS BÁSICAS COMPLEMENTARES Os estudos


metalogenéticos e previsionais encetados evidenciaram claramente que,
em parte considerável da área coberta pela Folha Serrinha (SD.24-Y-D~
não existem informações geológicas suficientes para que se possa fa
zer uma avaliaçãó real{stica das suas potencialidades minerais,tornan
do-se, para tal, necessárID a execução de pesquisas básicas compleme~
tares.
A Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamentais (Fi
gura 5) destaca três áreas para serviços de pesquisas adicionais, naS
quais já existem evidências de se tratarem de áreas favoráveis para
determinadas mineralizações.
.
Na Á:reaI, a de maior prioridade, propõe-se mapeamento geológico
na escala 1:100.000, acompanhado de integração geológico-geof{sica, a
mostragens li togeoqu:única e pedogeoquimica estratégicas, prospecçãõ
geoquímica aluvionar sistemática de sedimento de corrente e concentra
do de bateia, além de estudo detalhado das ocorrências minerais cã
dastradas(Figura 5). Estes trabalhos objetivam principalmente a deli
mitação de corpos básicos-ultrabásicos, pass{veis de conterem minera=
lizações de talco, amianto, cromo, níquel e cobre, e a identificação
de poss{veis complexos gabro-anortositicos, aflorantes ou subafloran-
tes, portadores de mineralizações de titânio e vanádio,
queles detectados a sul da área, na Folha Itaberaba(SD.24-V-B).
semelhantes

Na Á:rea rr( Figura 5), com menor prioridade que a anterior, pro
põe-se executar interpretação fotogeológica de aerofotos 1:60.000 e
1:10.000 e posteriorverificaçãode campo, visando a delimitação dos
corpos de rochas calcissilicáticas, intercalados em granulitos e
charnockitos do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá e reconhecidamente por
tadores de mineralizações de apatita, vermiculita, calcita e flogopi~
ta. Em seguida, testar os corpos c~lcissilicáticos identificados a
través de cintilometria e amostragem li togeoquimica para dosagem dr
fósforo. Depois, realizar trabalhos de detalhe(mapeamento geológico ,

poços, trincheiras, etc) para avaliação dos corpos calcissilicáti


cos com ocorrências minerais ou potencialmente mineralizados. E tam
bém executar a reavaliação econômica dos depósitos atualmente conhe~
cidos.
Na Á:rea rrr, com prioridade igual à atribuida à Á:rea II ,sugere-se

3.500
mapeamento geológico na escala 1:50.000 e prospecção geoquimica al~
vionar sistemática de sedimento de corrente e concentrado de bateia,
além de amostragens li to ge oqu:Lmica e pedogeoquimica estratégicas, e
posterior detalhamento dos alvos selecionados(Figura ~). Esses trab~
lhos visarão principalmente os corpos de rochas metabasicas, metau.!,
trabásicas e calcissilicáticas, potencialmente favoráveis a concentr~
ções econômicas de níquel, cromo, cobre, amianto e talco, bem c.omo de
apatita, vermiculita e scheelita, estás Últimas pass{veis de ocorr~
rem principalmente onde as citadas rochas são intrudidas por granitói
-
des. Um pequeno depósito e uma ocorrência de n:Lquel(garnieri ta) são
conhecidos no prolongamento norte da área, na Folha Senhor do Bonfim
(SC. 24-Y-B).
Como Última prioridade, poderia ser objeto de levantamento siste-
mático parte das áreas que foram caracterizadas como de potencialida-
des não definidas na Carta de Previsão de Recursos Minerais( Figura 4 ~

REFE~CIÂS BIBLIOGRÁFICAS

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nal. Salvador,CPRM, 1971. 75 p.il. Convênio DNPM/CPRM.

3.501

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FigurD 10 - LOCALIZAÇÃO DA FOLHA Figura 1b - ARTICULAÇÃO DA FOLHA

Projeto Bohia n, 1:250.000, DNPM/CPRM, 1975; PrQ


jeto Codastranento de Ocorrências Minerais do Estodo
da Bohía, SME/ CBPM, 1975; Projeto Levantamento
Grovimétrico no Estodo da Bahio, 1:1.000.000, DNPM /
/CPRM, 1978; Projeto Serro de Itiúba, 1:100.000
(oeromagnetometria e aerogamaespectrometria),
DNPM/CPRM / PROSPEC, 1979.
Projelo Serra cII Jocobina, 1:50.000, DNPM/CPRM, 1978.

Projeto Mundo Novo, 1:100.000, DNPM / CPRM, 1980.


PrOjBto Santa Luz - Mapa GeolÓgico da Região do Médio
Itapicuru, I: 100.000, DOCEGEO, 1975.
PrOjeto Apatita, DNPM /CPRM, 1971.

F:--~
--- Projeto Weber, DOCEGEO, 1982

Nota: Fontes de informoções adicionais em Santos a Dalton de Souza (1983).

Figura 2 - PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO

POTENCIALlDADE 1: Áreas de rocha ( s) hospedeira ( s) e/ou estruturas favoróveis com minas, gg


rimpos, jazidos e depÓsitos, além de ocorrências/ indícios e/ou anomalia ( s) geoquímica( s) e geofj
sica( s ).
POTENCIAL IDADE 2: Áreas de rocha (s) hospedeiro ( s) e/ou estruturas favoráveis com garimpos,
ocorrências/indícios e/ou anomalia (s) geoquímica ( s) ou geofísica (s ).

POTENCIALlDADE 3: Áreas de rocha ( s) hospedeiro ( s) e/ou estruturas favoráveis sem registros


diretos ou indiretos do mineralização e demandando estudos básicos complementares.

TABELA 1 - HIERAROUIZAÇÃO E CARACTERíSTICAS GERAIS DAS ÁREAS FAVORÁVEIS PARA


EXPLORAÇÃO MINERAL

3.502
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3.505

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TABELA 2 - CARACTERíSTICAS ESPECíFICAS DAS ÁREAS FAVORÁVEIS PARA EXPLO


RAÇÃO MINERAL NA FOLHA SERRINHA

POTENCIALIDADE 1 - ÁREAS I, VIII e X

Minas e garimpos de ouro associado a urânio (Folha Jacobina) em


metaconglomerados do Proterozóico Inferior (Área VIII).
~na(Folha Senhor do Bonfim) e garimpo de ouro (65) em veios de
quartzo cortando quartzitos do Proterozóico Inferior (Área X).
Jazida de ouro formada por corpos de minério, constituídos por
brecha quartzo-feldspática, veios de quartzo e zonas silicifica
das, encaixados em metassedimentos qUÍmicos-exalativos (formaçã;
ferrífera e chert) associados à sequência metavulcânica básica
de "greenstone belt": 32 (Área I).
Presença de centro vulcânico félsico e de plutão granítico (Área
I).
Anomalias geoqUÍmicas de ouro em concentrado de bateia de alu
vião nas Áreas I e X e na extensão oeste da Área VIII(Folha Jac,52.
bina), de cobre, em sedimento de corrente, e de arsênio, em sedi
mento de corrente e solo, na Área I.
Anomalias geofísicas: magnética, eletromagnética e de p olariz.§
ção induzida (Área I).

POTENCIALIDADE 2 - ÁREAS II a rv e IX

Pequenos garimpos abandonados (ocorrências) de ouro em veios de


o quartzo cortando ortoquartzitos do Proterozóico Inferior: 52,53,
61,64 e 70 (Área IX).
a:: Presença de sequências vulcano-sedimentares de "greenstone belt",
passíveis de conter ouro (Áreas 11, 111 e rv).
Presença de centro vulcânico félsico e de plutão granítico nas
Áreas Ir e IrI.
Ocorrências de ouro em metassedimentos qUÍmicos-exalativos encai
xados em sequência metavulcânica básica de "greenstone belt", na
o Área 11 (33) e na extensão norte (Folha Senhor do Bonfim) da Á
re a IIr.
Ocorrências de ouro em veios de quartzo e/ou zonas cisalhadas co,r
tando metavulcanitos básicos e félsicos e metassedimentos tufá
ceos,.na extensão norte (Folha Senhor do Bonfim) da Área IIr.
Presença de facies sulfetada com pirita, arsenopirita e calcopi
rita na extensão norte (Folha Senhor do Bonfim) da Área IIr.
Ocorrências de pirita e grafita: 54(Área rv), 55(Área 111) e 56
(Área Ir).

POTENCIALIDADE 2 - ÁREAS II a rv e IX

Anomalias geoquímicas de ouro em concentrado de bateia de alu


vião, nas Áreas 11,111 e rv; e de cobre, bismuto e arsênio (ex=
tensão norte da Área 111, Folha Senhor do Bonfim), cobre e zin
-
co(Área 11) e zinco(Área rv), em sedimento de corrente.
Anomalias geofísicas: magnética, eletromagnética e de polariz.§
çao induzida nasÁreasII, 111 e IV.

POTENCIALIDADE 3 - ÁREAS V a VII e XXIV

Presença de sequências vulcano-sedimentares de "greenstone belt"


passíveis de conter ouro (Áreas V, VI, VII e XXIV).

3.506
TABELA 2 (CONTINUAÇÃO)* - CARACTEIÚSTICAS ESPECÍFICAS DAS ÁREAS FAVQ
RÁVEIS PARA EXPLORAÇÃO MINERAL NA FOLHA SER
RINHA.

POTENCIALIDADE 1 - ÁREAS XI e XII

Minas e ocorrências de manganês ligadas à sequência metapelít!


ca-vulcânica 01,35,39 e 48, na--Área XI) e a si l;m~"I1; ta micaxis
tos (50 e 75, na Área XII). .
Condições geomorfológicas favoráveis a concentrações supergêni-
cas (:relevo de serras) nas Áre"as XI e XII.

POTENCliLIDADE 3 - ÁREAS XIII e XIV

Silimanita micaxistos passí-veis de conter manganês nas Áxeas


XIII e XIV.
Relevo menos favorável a concentrações supergênicas na Áxea
XIII.

POTENCIALIDADE 1 - ÁREA XV
Mina de barita encaixada em xistos quartzo-feldspáticos associ,ê;
dos a si 1 ;m~"I1; ta xis tos , estruturados em sinforme aberta para
sul: 49 (Área XV).

POTIN CliLIDADE 1 - ÁBEAS XVI a XIX

Depósitos e/ou garimpos e ocorrências de apatita/vermiculita :re


lacionados a veios de pegmati to sienítico cortando rochas cal
cissilicáticas: 46 e 47 (Área XVI), 40~41,42 e 43(Área XVII), 29
(Área XIX) e 30 (Área XVIII).

POTIN CIALIDADE 2 - ÁREA :xx

Ocorrências/indÍcios de apati ta e/ou vermiculita em veios e "boI


sões" de pegmatito sienítico associados a rochas calcissilicáti=
caso

POTENCIALIDADE 2 - ÁREA XXI


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Ocorrências de talco e anomalias geoquímicas de cromo e níquel
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Área XXII e na sua extensão sul (Falha Itaberaba).

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POTENCIALIDADE 1 - ÁREA XXIII
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a:: Depósito de cromo encaixado em serpentini to: 24(Áxea XXIII).
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.* Extraída da Carta de Previsão de Recursos Minerais

3.507

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3.508
ANAIS DO XXXIII CONGRESSO BRASilEIRO DE GEOLOGIA. RIO DE JANEIRO. 1984

PROJETO MAPAS METALOGENeTICOS E DE PREVISAO DE RECURSOS


MINERAIS - FOLHA SB. 22.Z.A (RIO PARAUAPEBAS). ESCALA 1:250.000
JoIé Maria de AzIMIdo Carvalho
Xafi da Silva Jorge Joio .-
Geólogos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPR~

~ This paper is concerned to the metallogeny and mineral prognosis


relative to SB.22-Z-A Sheet, located on Pará State, northern part of
Brazil, whose studies, analysis and interpretations are based on
existent geological informations, by reassessment and interaction of
availabre data until october/82, having as a consequence the production
of thematic maps in an initial phase. As a final result, the Metallogenic
and Previsional Maps were obtained, ai1ning to provide basic informations
to the priva te mining companies and to the government planning by
indications of potencial areas. The Metallogenic Map shows elaborated -
on a tectonogeologic bais -
the metallogenic characteristics of 31
known mineral resources. The Mineral ResourcePrevisional Map shows a
number of 54 areas for mineral exploration, indicating their different
potencialities as well as it establishes a classification of mineral
concentrations. The Govemment Previsional Planning Map has as purpose
to provide to governmental organizations, selected are as for
complementary and adittional geological programmes, and it indicates a
number of 13 areas in different scales and geologic programme types.
1. INTRODUÇÃO O Projeto Mapas Metalogenéticos e Previsionais teve seu
início em agosto de 1981, visando cobrir progressivamente todas as á-
reas dos estados brasileiros, na escala 1:250.000, através de uma rea-
valiação de todas as info~ções g~lógicas coligidas até esta ~ata.
Visa, a curto prazo, atraves de um programa plurianural, a obtençao de
documentos cartográficos especializados, passíveis de possibilitar o
planejamento governamental na área da ~esquisa mineral e, concomitan-
temente, orientar o minerador na seleçao de áreas potenciais para a
prospecção mineral, com minimização de riscos.
Pretende-se, através da compatLbilização dos dados multidisci-
plinares existentes e da uniformização de critérios e análise do sig-
nificado das mineralizações e anomalias geof!sicas e geoqufroicas, a e-
laboração de mapas metalogenéticos e previsionais, que possibilitem a
identificação das leis que regem a distribuição dos depósitos minerais
e a identificação de áreas mais favoráveis a mineralizações económicas.
Assim, na área de atuação da Superintendência de Belém da Com-
panhia de Pesquisa de Recursos Minerais -
CPRM, foi esta Companhia in-
cumbida, pelo Departamento Nacional da Produção Mineral DNPM, de efe- -
tuar o levantamento dos dados pertinentes à folha SB.22-Z-A, localiza-
da no sul do Estado do Pará, no município de Marab~compreendendo par-
te da região dos Carajás.
O pioneirismo do programa propiciou o afloramento de adversida-
des, contudo, gradativamente superadas pelo estabelecimento de uma fi-
losofia de critérios e de uma metodologia de cartografia metalogenéti-
ca, progressivamente adaptadas e melhoradas às especificidades nacio-
nais.
2. O~~~y06 O Projeto Mapas Metalogenéticos e de Previsão de Recur-
sos Minerais tem por objetivo principal a produção de documentos car-
tográficos previsionais, materializados pelos mapas finais especiali-
zados : -
2.1 - A elaboração da Carta Metalogenética (figura 01), escala 1:250.000,

3.509

-..------ -
-----------------

através da integração de todos os informes geológicos, geofísicos,geo-


químicos, mineiros e outros existentes, nos quais sejam identificados
os controles lito-estruturais-ambientais das mineralizações, e indica-
dos os ambientes geológicos mais favoráveis à existência de depósitos
minerais.
2.2 - A elaboração das Cartas Previsionais na escala 1:250.000, possi-
bilitando a visualização, simples e clara, das áreas prioritárias para
investimentos em pesquisa mineral.
Estas cartas são apresentadas sob a denominação de "Carta de
Previsão de Recursos Minerais" e "Carta de Previsão para Planejamento
de Ações Governamentais".
A primeira delas, a "Carta de Previsão de Recursos Minerais" (fi-
gura 02), destina-se ao minerador, já que possibilita a fácil visuali-
zação e entendimento - de forma direta e clara - do seu conteúdo, com
vista ao financiamento em prospecção mineral, segundo uma orientação de
diminuição de riscos. _ .
A "Carta de previsao para Planejamento de Ações Governamentais"
(figura 03), conforme sua própria denominação, objetiva o planejamento
dos programas de pesquisa mineral, a cargo do Departamento Nacional da
Produção Mineral - DNPM, em áreas necessitadas de trabalhos adicionais
de levantamentos básicos e de pesquisa mineral.
3. METODOLOGIA Foi realizada uma integração de dados de natureza geo-
lógica, geofísica e geoquímica, existentes, utilizando-se todos os
meios disponíveis (mapas, relatórios inéditos e publicados, relatório~
imagens de satélite e radar, cadernetas de campo, fichas de afloramen-
tos e fichas de análise petrográfica, etc) , reinterpretadas à luz de
novos conceitos de forma a obterem-se Cartas Metalogenéticas e previ-
sionais gue forneçam parâmetros mais seguros para investimentos em
prospecçao e pesquisa mineral e para o planejamento de trabalhos adi-
cionais.
4. DESERVOLVDIEIiI"1'OE RESULTADOS OBTIDOS O desenvolvimento do trabalho
obedeceu aos princípios e métodos da ciência metalogenética e previ-
sional, parcialmente fundamentados na concepção soviética, consistindo
na elaboração de um conjunto de cartastemáticas integradas e intere-
lacionadas denominadas de mapas de serviço, utilizados para a produção
dos mapas finais. Nesse sentido, o trabalho obedeceu - no curso do seu
desenvolvimento- a duas etapas distintas : 1 - elaboração dos mapas de
-
serviço; 2 elaboração dos mapas finais.
4.1 - MAPAS DE SERVIÇO Na primeira etapa, os Mapas de Serviço foram
elaborados em folhas separadas e transparentes, constituindo-se em do-
cumentos essenciais à eliminação de critérios interpretativos, pura-
mente subjetivos. Ao mesmo tempo, tais mapas constituem-se em registro
para futuros trabalhos, podendo vir a ser modificados à medida que se
avance no conhecimento de cada mapa utilizado. Os mapas dé serviço são
representados pelas seguintes cartas temáticas : a) Tectono-estrutura~
b) Lito-ambiental; c) Geofísica; d) Geoquímica; e) Recursos Mine-
rais; f) Geocronológica; g} Geológica.
4.1.1 - Carta Tectono-Estrutural Possui os dados estruturais mais com-
pletos possíveis (foliações, acamamentos, l~neações, clivagens, falha-
mentos e dobramentos) obtidos de cadernetas de campo, fichas de aflo-
ramento, imagens de radar e satélite, fotos aéreas e mapas aeromagne-
tométricos. Contêm, ainda, as grandes unidades tectônicas (blocos, ma-'
ciços, zonas de dobramento, intrusões, etc). Objetiva o estabelecimen-
to de parâmetros para a interrelação espacial das mineralizações com
os elementos estruturais.
4.1.2 - Carta Lito-Ambiental Pretende fornecer uma visão do ambiente
geológico em termos de deposição ou constituição das unidades. Nela,
foram abstraídos os nomes estratigráficos, evitando-se, deste modo, a
interpretação subjetiva ou influenciada por outros. Permite, conjunta-
mente com os demais e, sobretudo, com a carta de depósitos minerais, o
estabelecimento das correlações porventura existentes entre determina-
do depósito e sua rocha hospedeira ou litologia preferencial.
4.1.3 - Carta Geofísica Foi elaborada a Carta Geofísica da referida á-
rea, através da utilização e interpretação das Cartas de Aerogamaespe~
trometria Contagem Total e de Intensidade Magnética Total, na escala
1:250.000, elaboradas pelo Projeto Geofísico Brasil-Canadá (1980). A
superposição dessas Cartas foi de suma importância na interpretação da
litologia de algumas áreas, onde a inexistência de trabalho de campo e

3.510
as foto§ aéreas e imagens de radar e de satélite apresentavam baixa
resoluçao interpretativa.
4.1.4 - Carta Geoqulmica Abrangeu a plotação de interpretação dos da-
dos geoquImicos existentes na área. Nela foram lançadas aSa anomalias
possíveis e prováveis (Projeto Marabá) e as anomalias de 1. e 2~ or-
dens do Projeto Brasil - Canadá.
Infelizmente, o reduzido volume de informações geoquímicas,res-
tritas à porção noroeste da folha SB.22-Z-A, impossibilitou a inter-
pretação geoqu!mica da área em questão, permitindo, tão somente, for-
necer subsídios à sua interpretação litológica.
4.1.5 - Carta de Recursos Minerais Nesta carta foram laniadas todas
as informações sobre depósitos minerais existentes (ocorrencias, depó-
sitos, jazidas, garimpas, etc} com base na listagem do PROSIG, fichas
de cadastramento de ocorrências minerais, informações bibliográficas,
etc.
4.1.6 - Carta Geocronológica Constam dos dados geocronológicos dispo-
níveis, cuja utilização necessitou de um extremo cuidado, levando-se
em conta apenas a9ueles dados que permitiram uma adequada correlação
com os mapas geologicos e tectono-estruturais, pricipalmente.
4.1.7 - Carta Geológica Foi elaborada tendo por base todos os traba-
lhos anteriormente realizados na área, incluindo a reanálise de fotos
convencionais, imagens de satélite e radar, cadernetas de campo, fi-
chas de descrição de afloramentos e petrográficas, boletins de análise
química, mapas geológicos, dados de geoqulmica, geofísica e geocrono-
lógica. Para a sua elaboração utilizou-se, principalmente, as cartas
litológicas Tectono-estrutural e geoflsica, incluindo os levantamentos
bibliográficos. Estas cartas, por sua vez, são interrelacionadas, cada
uma delas dependente das seis outras.
4.2 - MAPAS FINAIS Após a compatibilização desses Mapas de Serviço, i-
niciou-se a segunda grande etapa do Projeto, representada pela elabo-
ração dos Mapas Finais. A sistemática dessa etapa abrangeu dois tipos
de Cartas que constituem o produto a ser colocado ao pÚblico ou usuá-
rio : os Mapas Metalogenéticos e, principalmente, os Mapas previsio-
nais.
4.2.1 - Carta Metalogenética Contêm a locação das ocorrências, depó-
sitos, jazidas e garimpos, representados ou identificados por símbolos
específicos, caracterizando a morfologia dos jazimentos, sua associa-
ção mineral e tipo genético. Na realidade, a Carta Metalogenética visa
a representação e clara visualização - sob um fundo geológico apro-
priado - do ambiente da mineralização e do estabelecimento de leis oan-
troladoras das mineralizações.
4.2.2 - Mapas Previsionais Os Mapas previsionais constituem a coroa-
ção de todo o Projeto, já que são a fonte básica para o planejamento de
futuros serviços, não só dos órgãos governamentais como das empresas
privadas.
4.2.2.1 - Carta de Previsão de Recursos Minerais Elaborada a partir da
Carta Metalogenética possibilitará ao minerador a indicação das' áreas
ou zonas mais propIcias, classificadas por ordem de prioridade, com
maior ou menor grau de probabilidade da existência de bens minerais.
contém, igualmente, a localização dos jazimentos minerais, classifica-
dos de acordo com o seu "status" das concentrações minerais (indício/
ocorrência, depósito, jazida e garimpo), bem como a potencialidade dos
depósitos e a reserva das jazidas em forma tabulada. Na Carta de Pre-
visão de Recursos Minerais são destacadas as principais áreas, em nu-
mero de 54, favoráveis à exploração mineral por parte da iniciativa
privada. As referidas áreas são indicadas, através de símbolos apro-
priados, pelo seu grau de potencialidade, bem como pelo grau de prio-
ridade das substâncias minerais conferido a cada uma delas. As carac-
terísticas especIficas das âreas favoráveis por substância são abaixo
apresentadas :
OURO
potencialidade 1 - Areas VII, XLVII, LI
Garimpos de Au 28,29 em aluviões derivados de rochas do Complexo vul-
cano-sedimentar tipo "greenstone-belt" CArea LI).
Garimpos de Au 30,31 em sequência metamórfica vulcano-sedimentar ar-
queana-proterozóica (Area VII).
Garimpos de Au conhecidos (folha SB.22-Y-B) no prolongamento de uma se-
quência de rochas (Area XLVII) de ambiente geológico correlacionávelao

3.511

---.-
--..-

anterior.
Potencialidade 2 - Areas II, III
Ocorrência de Au associada a Cu (Ag, Zn) (folhe SB.22-Z-C) no prolon-
gamento da sequência metamórfica vulcano-sedimentar arqueana - protero-
zóica (Area III).
Ocorrência de Au associado a Cu (Ag) 23 em sequência sedimentar prote-
rozóica (Area II).
potencialidade 3 - Areas I, VIII, IX, XIII, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI,
XXXVII, XXXVIII, LIII.
Sequência de rochas (Areas I, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI, XXXVII,
~XXVIII, LIII) correlacionáveis àquelas (Areas II, III, VII, XLVII,
LI, respectivamente) onde se associam garimpos e ocorrências de ouro,
rochas, principalmente básicas-ultrabásicas, de sequência similar a
IIgreenstone belt" (Area IX).
COBRE
potencialidade 1 - Areas III, VII
Jazida de Cu (folha SB.22-X-C) no prolongamento da sequência metamór-
fica vulcano-sedimentar arqueana-proterozóica (Area VII).
Depósito de Cu (folha SB.22-X-C) no prolongamento da sequência de ro-
chas (Area III) do ambiente geológico semelhante ao anterior.
potencialidade 2 - Areas II, XXXII
Ocorrências de Cu 22 em complexo metamórfico básico-ultrabásico (Area
XXXIII) .

Ocorrências de Cu 23 em sedimentos proterozóicos <Area II).


Potencialidade 3 - Areas I, VIII, IX, XIII, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI,
XXXVII, XXXVIII, XLVII, LI, LIII.
Rochas e estruturas do complexo vulcano-sedi1nentar tipo IIgreenstone-
belt" (Areas LI, LIII) e de similaridades a este metalotecto (Area IX).
Sequência de rochas (Areas I, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI,XXXVII,XXXVIII,
XLVII) correlacionáveis àquelas <Areas II, VII) que apresentam em seus
prolongamentos jazida e depósito de Cu (folha SB.22-X-C).
Sequência de rochas (Areas VIII, XIII) correlacionáveis àquela <Area
II) onde existe ocorrência de Cu.
NtQUEL
Potencialidade 1 - Areas XXII, XXXIV
Jazida de Ni20 laterítico <Area XXII)
Depósito de Ni2l lateritico <Area XXXIV)
potencialidade 3 - Areas IX, XXI, XXXIII, XLI, XLIII a XLV, XLXI,L, LI.
Rochas ultrabásicas (Areas XXI, XXXIII, XLI, XLIII a XLV, XLIX, L) se-
melhante às que contêm jazida e depósito de Ni. Acentuada alteração su-
pergênica sobre esses corpos ultrabásicos de morfologia tabular.
Rochas ultrabásicas (Areas IX, XXXII, LI).
COBALTO
potencialidade 2 - Area XXXIV
Indícios diretos de Co associado a depósito de Ni2l
Potencialidade 3 - Areas XXI, XXII, XXXII, XXXIII, XLI, XLIII a XLV,
XLIX, L.
Rochas ul trabásicas <Areas XXI, XXII, XXXIII, XLI, XLIII a XLV, XLIX, L)
semelhantes às que contêm indícios de Co <Area XXXIV).
Rochas do complexo metamórfico básico-ultrabásico estratificado <Area
XXXII) .

COBRE
Potencialidade 2 - Area IX
Ocorrência conhecida de Cr (folha SB.22-X-C) no prolongamento da se-
quência de rochas (Area IX)
potencialidade 3 - Areas XXXIII, LI
Rochas do complexo metamórfico básico-ultrabásico estratificado (Area
XXXII)
Rochas ultrabásicas de sequência tipo "greenstone-belt" (Area LI).
ZINCO
Potencialidade 2 - Area III
Ocorrência conhecida de Zn associado a Cu (Au) (folha SB.22-X-C) no
prolongamento da sequência metamórfica vulcano-sedimentar (Area III).
potencialidade 3 - Areas I, II, VII, VIII, XIII, XIV, XV, XVII, XXIV,
XXXI, XXXVII, XXXVIII, XLVII.
Rochas e ambientes geológicos favoráveis para Zn vulcano-sedimetar (A-
reas I; VII, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI, XXXVII, XXXVIII, XLVII) e Sn
sedimentar (Areas II, VIII, XIII).

3.512
CHUMBO
Potencialidade 3 - Areas II, VIII, XIII.
Rochas e ambientes geológicos favoráveis para Pb sedimentar.
PRATA
Potencialidade 2 - Areas II, III, VII.
IndIcios diretos de Ag associada a mineralizações de Cu (Au) e3 em se-
quência sedimentar CArea II).
IndIcios diretos de Ag associada a mineralizações de Cu tAu) (folha
SB.22-X-C) no prolongamento de sequência... metamórfica vulcano - sedimen-
tar (Areas III, VII).
Potencialidade 3 - Areas I, VIII, XIIr, XIV, XV, XVII, XXIV, XXXI,
XXXII, XXXVII, XXXVIII, XLVII.
Rochas do complexo básico-ultrabásico estratificado Utrea XXXII).
Rochas e ambientes favoráveis Utreas I, VIII, XIII, XIV, XV, XVII, XXIV ,
XXXI, XXXVII, XXXVIII, XLVII) correlacionáveis àquelas Utreas II, III,
VII, respectivamente) onde são conhecidos indIcios diretos de Ag.
PLATIN6IDES
Potencialidade 3 - Area XXXII.
Rochas do complexo básico-ultrabásico estratificado.
VANlllIO
Potencialidade 3 - Area XXXII.
Rochas do complexo básico-ultrabásico estratificado.
ESTANHO
Potencialidade 3 - Areas VI, X a XII, XVI, XVIII a XX, XXIII, XXV a XXX,
XXXV, XXXVI, XXXIX, XL a XLIII, XLVI, XLVIII, LII.
Jazida, depósitos e garimpos de cassiterita relacionados a esse tipo
- de rocha (folha SB.22-Y-B).
. WOLFRAMIO
potencialidade 3 - Areas VI, X a XII, XVI, XVIII a XX, XXIII, XXV a XXX,
XXXV, XXXVI, XXXIX, XL, XLII, XLVIII, LII.
Rochas favoráveis para mineralizações de W.
Depósito e garimpo de wolframita relacionados a esse tipo de rochas
(folha SB.22-Y-B).
MOLIBD~IO
potencialidade 2 - Area LIV.
Indícios diretos de Mo27.
Potencialidade 3 - Areas VI, X a XII, XVI, XVIII a XX, XXIII, XXV a XXX,
XXXV, XXXIX, XL a XLIII, XLVI, XLVIII, LII.
Rochas favoráveis para mineralizações de Mo.
MANGAN~S
Potencialidade 1 - Areas IV, VIII.
Jazida de Mn 18 Utrea IV).
Depósito de Mn (folha SB.22-X-C), no prolongamento de sequência sedi-
mentar proterozóica Utrea VIII).
ALUMtNIO
potencialidade 3 - Area V.
Alteração supergênica sobre o mesmo tipo de rocha de depósito de bau-
xita Al 19 e em idênticas condições morfológicas.
4.2.2.2 - Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamentais
Indica ao DNPM e outros órgãos governamentais as áreas selecionadas, as
quais necessitam de serviços especIficos complementares e adicionais.
Nesse sentido, foram sugeridas oito categorias de áreas para pesquisa
mineral, através de mapeamento geológico e prospecção geoqu!mica na es-
cala 1:100.000, quatro categorias de áreas para pesquisa na escala
1:50.000 e uma categoria de área para pesquisa na escala 1:25.000. O
tipo de prospecção geoquimica vai indicado, através de simbologia es-
pecIfica, consoante trate-se de prospecção geoquímica por sedimento de
corrente, concentrado de bateia, litogeoquImica e pedogeoqulmica. Vale
salientar que, para cada área recomendada para trabalhos geológicos, é
indicada a ordem de prioridade dos investimentos à consecução dos tra-
balhos a serem efetuados, bem como a ordem de importância das substàn-
cias recomendadas para cada área. A seguir, são relacionadas as áreas
para prospecções e pesquisas minerais complementares, com destaque pa-
ra as caracterIsticas gerais e trabalhos propostos para cada área.
AREA I
Características Gerais - Rochas graní ticas a tonalí ticas, ora gnaissi-
ficadas, migmatIticas ou estruturalmente isotrópicas, contendo subor-
dinadamente anfibolitos, assim como dioritos, meladioritos e rochas

3.513

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~-~-

calcissilicáticas, pertencentes ao Complexo Xingu.Por interpretação ae


romagnetométrica, foram individualizados (quadrante NW da folha) al=
guns corpos de formação ferrífera e ou de rochas básico - ultrabásicas ,
de posicionamento estratigráfico duvidoso.
Trabalhos Propostos - Embora não se tenha informação de mineralizações
relacionadas a litotipos desta área, outras regioes (Tapajós), de evo-
lução crustal correlacionável, são conhecidamente auríferas. Merecem
atenção, sob o aspecto metalogenético, as rochas básico - ultrabásicas,
calcissilicáticas e formação ferrífera que podem ocorrer neste contex-
to.
Visando delimitar as diferentes litolo2ias deste complexo, as
possíveis zonas capazes de conter mineralizaçoes, bem como a identifi-
cação de possíveis unidades litológicas pertencentes a outros ambien-
tes geológicos, sugere-se mapeamento geológico e prospecção geoquímica
(concentrado de bateia e sedimento de corrente) 1:100.000.
ÂREA II
Características Gerais - Rochas gnáissicas, anfiboli tos, .xistos, quart-
zitos e formação ferrífera, de ambiente vulcano-sedimentar, considera-
das como pertencentes a Formação Salobo. Constitui corpos dispersos na
folha, muitos dos quais sem informação de campo, englobados nesta uni-
dade por critérios interpretativos.
Trabalhos Propostos - Tratando-se de ambiente geológico aparentemente se
melhantes ao da área XII, onde existem importantes mineralizações de
Cu, Au, ocorrências de Zn e indícios diretos de Ag (folha SB.22-X-C),
propõe-se a sua investigação através de mapeamento geológico e prospec-
ção geoquímica (concentrado de bateia e sedimento de corrente) 1:100.000.
ÂREA IrI
Características Gerais - Forma<jão ferrífera, contendo imensas jazidas e
depósitos de Fe, vulcânicas basicas levemente metamorfisadas, com ex-
pressivo depósito de bauxita, pertencentes ao Grupo Grão Parâ.
Trabalhos Propostos - Objetivando a detectação de zonas favorâveis a mi-
neralização de sulfetos, nas metavulcânicas básicas, e possivelmente
Au associado â formação ferrífera, sugere-se mapeamento geológico e
prospecção geoquímica (concentrado de bateia e sed~ento de corrente)
1:100.000.
AREA IV
Características Gerais - Areni tos conglomeráticos, arenitos comuns, ar-
cósios, grauvacas, siltitos e folhelhos. Na porção centro-norte da fo-
lha predominam psefitos e na faixa a nordeste dominam psamítos e peli-
tos. A formação estratigráfica que engloba esses sedimentos é duvido-
sa, embora seja considerada geralmente como rio Fresco.
Trabalhos Propostos-A sequência conglomerática apresenta favorabili-
dade para Au, U e diamante. A porção dominada por psamo-pelítos é a-
ceita como semelhante ã sequência encontrada na Ârea VIII, a qual con-
tém concentrações de Cu associado a Au e Ag. Em vista disso, mapeamen-
to geológico e prospecção geoquímica (~oncentrado de bateia e sedimen-
to de corrente) 1:100.000.
AREA V
Características Gerais-Filitos, clorita-xistos e quartzitos do Grupo
Tocantins, posicionados em ambiente tectônico do tipo "faixa móvel".
Trabalhos Propostos-Propon~o-se ao conhecimento do potencial met~lo-
genético desta área, sugere-se mapeamento geológico e prospecção geo-
química (sedimento de corrente) 1:100.000.
AREA V
Características Gerais - Complexo básico-ul trabásico, estratificado, de
fácies granulito, contendo rochas anortosíticas, até então considera-
das pertencentes ao Complexo Xingu.
Trabalhos Propostos-A área contém ocorrências de sulfetos de Cu e a-
presenta considerável potencialidade, sobretudo para Au, Ni, Co, Cr,As,
V e planitóides. Propõe-se mapeamento geológico l:lQ.QQQ e prospecção
geoquímica (concentrado de bateia e sedimento de corrente) na mesma es-
cala.
ÂREA VIII
Características Gerais-Arenitos, grauvacas, siltitos, folhelhos e su-
bordinadamente vulcânicas básicas. Há dúvida quanto a que formação es-
tratigráfica pertencem esses sedimentos.
Trabalhos Propostos-As significativas mineralizações de Cu, associa-
das a Au e Ag, preferencialmente nos horizontes de grauvacas, com lar-

3.514
ga favorabilidade para Pb e Zn, sugerem mapeamento geológico e pros-
pecção geoquimica (concentrado de bateia e sedimento de corrente)
1:100.000.
JffiEA IX
Características Gerais - Granitos anorogênicos, por vezes rapakivíticos,
com datações disponíveis de 1. 600 - L 800 m.a., pertencentes ao rnagma-
tismo Uatumã.
Trabalhos Propostos - Não se tem informação sobre ocorrência de cassi-
terita nesta folha, porém, em outras regiões do Craton Amazônico já se
conhecem importantes jazi~ntos de Sn,'~m granitos dessa idade. Na fo-
lha SB.22~Y-B existem significativos jaz~entos de Sn em granitos mais
jovens. Sugere-se mapeamento geológico e l~togeoquímico 1:100.000 . e
prospecção geoqulmica (concentrado de bateia) 1:100.000. Este estudo
poderá indicar zonas com forte fracionamento magmático e de transfor-
mações tardirnagmáticas, relacionadas com concentrações de Sn e de ou-
tros metais do magrnatismo ácido.
JffiEA X
Características Gerais - Rochas ul trabásicas, em '
corpos dispostos se-
gundo NE - SW, sem relacionamento estratigráfico ainda definido.
Trabalhos Propostos - Alêm da jazida de Ni do Puma (limite oeste da fo-
lha) e do depósito de Ni do Verm.elho (corpo 1!laisa nordeste}, ambos do
tipo laterítico, as possibilidades para concentrações de 1!letais em ro-
chas dessa natureza, suqerem-se rnapeamento geológico e prospeção geo-
química (concentrado de bateia e pedogeoqUÍInica} 1:25.000.
JffiEA XI
Características Gerais - Sil ti tos, argili tos, folhelhos e 1Ilargas,em am-
biente de bacia lagunar rasa.
Trabalhos Propostos - Como a ârea contêm a importante jazida de Mn do
Azul, com favorabilidade, portanto, para novos jazimentos e possibili-
dade para conter sulfetos estratiforme, sugere-se mapeamento geológi-
co e prospecção geoquÍmica (sedimento de corrente} 1:50.000.
JffiEA XII
Características Gerais-Sequência 1!letavulcano-sedimentar, de fácies
xisto verde a anfibolito, pertencente à Formação Salobo.
Trabalhos Propostos - Como em rochas dessa sequência encontram-se a ja-
zida de Cu do Salobo, o depósito de cu do MM1, garimpos de Au, além de
várias ocorrências e indícios de Cu, suqere-se mapeamento geológico e
prospecção geoquímica (concentrado de bate ia e sedimento de corrente)
1:50.000.
JffiEA XIII
Características Gerais -Metaultramafitos com textura spinifex, rochas
metavulcano-sedimentares e formação ferrífera, do tipo "greenstone-belt~
Trabalhos Propostos - Admi tindo-se a importância desse ambiente sob o
aspecto metalogenético" alêm de concentrações de Au conhecidas nessa
área, propõe-se rnapeamento geológico 1:50.000 e prospecção geoquímica
(~oncentrado de'bateia e sedimento de corrente) na mesma escala.
A Carta Metalogenética e as duas Cartas previsionais são sim-
ples, auto-explicativas e de fácil visualização e formam um conjunto
único interelacionado, sendo complementado pela Listagem dos Recursos
Minerais (Tabela 01), a sual contém dados econômicos, bem como sobre a
localização, mineralizaçao (textura/estrutura, tipo genético e paragê-
nes~), rochas encauantes (litologia e idade) e "status" da minerali-
zaçao.
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3.516
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3.520
ANAIS qo XXXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, RIO DE JANEIRO, 1984

PROJETO MAPAS METALOGEN!:TICOS E DE PREVISAo DE RECURSOS


MI NERAIS - FOLHA SF. 23-X-A (DIVI NOPOLIS) - ESCALA - 1 :250.000

.
Pedra Gerv8io Ferrari
Ge6l0g0 da Companhia de PesquiS8 de Recursos Minerais

ABSTRACT
The present work constitues one .the headlined National Projectls
Sheets, carried out by the BH - Reqional Superintendence of Companhia
de. Pesquisa de Recursos Minerais for the Mineralogical and Geological
Section of Departamento Nacional da Produção Mineral. The obtained
results registered on the final maps, named Metallogenetic Map, Mineral
Resources Previsional Map and Previsional Map for Governmental Acts
Planning, followed from.the integration of alI geological, geophysical,
geochemical, geochronological, and mineral resources data available
until August/1982. These data have been considered in the light of
various sensorial methods applied to the present Sheet, and analysed on
the basis of metallogenetic principIes, and global environment geology
of Minas Gerais State. The correlativity of metallogenetic and the
tectono-geological base have permitted to recognize gold-graphite-
magnetitic iron-tin/tantalum-talc.distribution throughout the area of
the indivisible Archean age old crust (são Francisco Craton)~gold (with
associated silver and arsenic) - kianite-algamatholite-graphite in the
greenstone-belt type vulcano sedimentary sequence of Upper Archean(Rio
das Velhas Group)i iron-dolomite-gold-uranium-bauxite-topaz manganese -
on the intercratonic trough-type sedimentary folded covering of Lower
Proterozoic (Minas Super Group)i and limestone in the metamorphic
sedimentary belt of Medium/Upper Proterozoic (são João DeI Rei Group).To
make the metallogenetic map, it was necessary to register a hundred
fourty eight (148) mines, five (05) economic ore-deposits, six (06)
abandonned mines, fourteen (14) abandonned prospects. (garimpos) and
seventy three (73) mineral occurences that possibilitated to point out
thirty four (34) areas as the most promising for mineral exploration.
These areas have been classified as of three degrees of potentiality
for certain mineral resources according to criteria exposed on
specific map named Mineral Resources Previsional Map, where it may
be found six (06) indicated areas for goldi one (01) for iron~ one
(01) for topaz~ one (01) for iron manganese-and-graphitei one (01) for
dolomite-marble-manganese and bauxite~ two (02) for uranium-gold~ one
(01) for antimony~ one (Ol) for graphite,and one (Ol) for algamatholite
-kianite and graphite. From the Metallogenetic and the Mineral Resources
previsional Maps,. it had been already evidenced the necessity of
complementary geological works on the Sheet under consideration, which
resulted in the "Previsional for Governmental Acts Planning Map"
which contains six (06) selected areas, whose general features and
works executed on them, or proposed to, are exposed on theexplicative
note attached to the map in question, and so will not be commented
here.

3.521
----- -~-

INTRODUÇÃO
Esta folha, na escala 1:250.000, faz parte do Projeto Mapas Me
talogenéticos e de Previsão de Recursos Minerais, executado pela Compa
nhia de Pesquisa de Recursos Minerais para o Departamento Nacional da
Produção Mineral. Está localizada na região gentro-sul do Estado de M~
nas Gerais entre os paralÕlos de 20000' a 21 00' de latitude sul e os
meridianos de 43030' a 45 00' de longitude oeste de Greenwich (Fig. 1).
As Cartas Metalogenéticas, de Previsão de Recursos Minerais e
de Previsão para Planejamento de Ações Governamentais constituem os prQ
dutos finais do referido projeto e foram preparadas atendendo à integra
ção de todos os dados geológicos até então disponiveis, analisados a
luz dos vários métodos de sensoreamento aplicados à área. Para tanto fQ
ram confeccionados mapas temáticos, denominados: recursos minerais, l~
to-ambiental, geofisico, geoquimico, tectono-estrutural e geológico. O
mapa temático geoquimico abrange unicamente, no Quadrilátero Ferrifero,
a área ocupada pelo Supergrupo Minas.
A Carta Metalogenética apresenta, sobre um fundo tectono-geoló
gico em que são abordados os itens de estratigrafia, tectónica geocronõ
logia, litologia/petrografia e os elementos estruturais diversos, infor
mações sobre os elementos da metalogênese das concentrações minerais
existentes na folha. A análise desses elementos, com base na interrela
ção da metalogênese e a base tectono-geológica, permite reconhecer as
distribuições do OUE.O no Quadrilátero Ferrifero e regiões de Lagoa Dou
rada e Catas Altas da Noruega~ de ferro-ferro/manganês-dolomita-bauxita
-ouro-topázio e uránio no Quadrilátero Ferrifero: grafita na região de
são Francisco de Oliveira~ manganês-ferro-estanho/tântalo na área bali
zada pelas localidades de Conselheiro Lafaiete-Carandai-Lagoa - Dourada
-Entre Rios de Minas-Passa Tempo-São Tiago~ talco no triângulo formado
pelas localidades de Congonhas do Campo-Itaverava-Carandai e na região
de Piedade do Paraopeba~ cianita-algamatolito-grafita na região de Ser
ra Azul.
A Carta de Previsão de Recursos Minerais apresenta trinta e
quatro (34) áreas, cujos graus de potencialidade encontram-se registr~
dos de conformidade com os critérios explicitados na legenda.Estas ~eas
foram contornadas com base na integração de todos os dados geológicos
até então disponiveis, e as concentrações minerais existentes acham-se
representadas por seu status de mineralização conforme informações b~
bliográficas.
Na Carta de Previsão para Planejamento de Ações Governamen
tais, embora não abordada neste trabalho, foram selecionadas seis(06T
áreas para trabalhos complementares, que se encontram ordenadas em esca
Ia de prioridade de investimento. Foi estabelecida, também, a ordem de
prioridade para as substâncias minerais indicadas em cada área recomen
dada. Essa carta é acompanhada de noticia explicativa sob o titulo - X
reas para Prospecção e Pesquisas Minerais Complementares - em que sãõ
abordadas as caracteristicas gerais das áreas (tipos de rochas, ambiên
cia geotectônica, depósitos e ocorrências minerais, etc)~ trabalhos
executados (órgão executor, autor, data, escala e breve análise dos re
sultados)~ trabalhos propostos (tipo do trabalho, escala e informações
das coberturas cartográficas e de sensores existentes).
A execução da folha em questão esteve durante os seis primei
ros meses a cargo do geólogo Clóvis Silva Araújo, que, por motivo de
saúde, foi substituido pelo geólogo pedro Gervásio Ferrari. Com pesar,
r~gistra-se "in memorian" o elevado espirito de colaboração e dedic~
çao ao trabalho que marcou a vida do saudoso colega.
As referências bibliográficas citadas neste trabalho referem-
se àquelas publicadas após a conclusão das Cartas Metalogenéticas e de
Previsão de Recursos Minerais da folha Divinópolis. Devido ser muito
extensa a listagem de referências bibliográficas relacionadas no tra
balho original e, somente ela, ultrapassar a norma de publicação de ar
tigo, sugere-se aos interessados, recorrerem ao relatório final do re
ferido projeto junto à Divisão de Geologia e Mineralogia do Departamen
to Nacional da Produção Mineral. -

3.522
Carta Metalogenética
Para a confecção desta carta foram cadastradas cento e quare~
ta e oito (148) minas, cinco (5) jazidas , seis (6) minas paralisadas,
quatorze (14) garimpos paralisados e setenta e três (73)ocorrências m!
nerais. Do total das minas registradas, oitenta e seis por cento (86%)
situam-se na província do Quadrilátero FerrIfero. No restante da área
da folha estão registradas (17) minas, (1) garimpo paralisado, (1) mina
paralisada, (3) jazidas, (27) ocorrências minerais. Para estas,_a folha
geológica do Projeto Mantiqueira-Furnas, na escala 1:250.000, nao apr~
senta, a não ser para os depósitos ca~cários da região de . CarandaI,
quaisquer informações geológicas que justifiquem suas presenças.
Convêm salientar que para a execução deste trabalho, tornou-se
imperiosa a necessidade de se encontrarem justificativa~ metalogenét!
cas principalmente para as concentrações de grafi ta," alem de para as
de ferro magnetítico, manganês, talco, estanho/tântalo e ouro ocorre~
tes na área do Craton são Francisco, bem como"definir seus tipos lito
lógicos constituintes. Os dados até então disponíveis precisavam o" Cr~
ton são Francisco como constituído, no aspecto geral, por uma sequéncia
granito-gnáissica ou granito-gnáissica migrnatítica. Desse modo, princ!
palmente as minas de grafita de são Francisco de Oliveira e Itapecerica
(esta situada na folha Furnas (SF.23-V-B) quer sejam de derivação biót!
ca ou abiótica e posteriormente metamorfoseadas em facies (atualmente)
anfibolítica, já demonstram a formação, em parte, do Craton são Franci2,
co por sequências supracrustais. Também, a folha Divinópolis do referi
do projeto não apresenta qualquer resposta geológica para as anomalias
aeromgnetométricas ocorrentes no polIgono formado pelas localidades de
Oliveira, Itaguara, Lafaiete, Carandaí, Resende Costa, são Tiago, Morro
do Ferro e são Francisco de Oliveira. Entretanto, a pesquisa bibliogr~
fica e a análise das fichas de descrição de afloramentos da folha Div!
nópolis, daquele projeto, evidenciou a existência de uma série de r2
chas metabasIticas, metaultrabasíticas, anfibolitos, .rochas quartzosas
ferríferas ou não, micaxistos, filitos e/ou filonitos, rochas grafito
sas e manganesíferas, granitóides e migrnatitos de paleossomas anfibolI
ticos, que poderiam, individualmente ou no seu conjunto, ser as respo~
sáveis pelas anomalias aeromagnetométricas registradas na área. Com e2,
tas informações, procedeu-se à integração da geofIsica com a análise
aerofotogeológica, obtendo-se, em escala regional, para a área da crosta
antiga, a individualização dos complexos: gnáissico-migrnatítico ~ran!
tico e plutono-vulcano sedimentar. Convém salientar que a ~nexistencia
de mapas geológicos contendo aquelas litologias que permitissem a inte
gração da folha Conselheiro Lafaiete, cartografada por Pires (1977) com
o restante da área da folha Divinópolis, conduziu, com base aerofotogeo
lógica, à referida individualização, evidentemente de caráter geral~
Estes complexos. que compõem a área de crosta antiga foram individualiza
dos pelas suas marcantes diferenças aerofotográficas, magnetométricas e
por sediarem recursos minerais.
Com relação à provIncia do Quadrilátero Ferrífero, utilizou-se
a base geológica de Dorr, na escala 1:50.000 e, para recursos minerais,
além dos trabalhos contidos na bibliografia geológica da área, os rela
tórios de pesquisa e lavra que se encontravam à disposição no 39 DistrI
to do DNPM quando da execução deste trabalho. Para tal fim, também fõ
ram utilizados os mapas e relatórios da equipe USGS/DNPM, responsável~
Ia cartografia geológica, em escala 1:25.000, da referida provIncia. pã
ra os depósitos ferríferos do Grupo Itabira do Supergrupo Minas foi utI
lizado o recurso cartográfico para o depósito extensivo aflorante, com
indicação morfogenética, a fim de evitar sobrecarga gráfica devido ao
elevado número de minas daquela substância, e, que, na escala deste tra
balho, não permitiria salientar as minas, ocorrências e Indices geoquI
micos das demais substáncias minerais presentes na área. -
A área ocupada pelo Grupo são João DeI Rei, que se desenvolve
de CarandaI para SW, foi mantida conforme o mapa geológico da folha Di
vinópolis do Projeto Mantiqueira-Furnas.
Unidades Geotectônicas
Na folha em apreço foram individualizadas 5 (cinco) entidades
tectono-geológicas (fig. 2) com idades que vão do Arqueano ao Quatern~

3.523

"----.--
rio, a saber:
a) Ârea de crosta antiga (remobilizada no ciclo Transamazônico);
b) Cinturio vulcano-sedimentar do tipo "greenstone belt";
c) Cinturio metamórfico sedimentarj
d) Coberta sedimentar dobrada;
e) Coberta superimposta final
a) Ârea de crosta antiga - constitui o domínio geotectônico cratôn~co,
denominado Craton Sao Francisco, que ocupa quase a totalidade da area
da folha, excetuando-se aquelas ocupadas pelos Supergrupos Rio das Ve
lhas e Minas, e pelo Grupo Itacolomi na província do QuadriláteEo FerrI
fero, além da faixa ocupada pelo Grupo são Joio Del Rei na porçao meri
dional da folha Divinôpolis.
A área de crosta antiga cratônica foi subdividida nos comple
xos plutono-vulcano-sedimentar gnáissico e gnáissico-migrnatítico granI
tico, resultantes da integração dos dados bibliográficos geológicos mul
tidiciplanares com os vários sensores aplicados à área. O primeiro e
constituído de variedades de migmatitos e gnaisses de derivaçio freq~e~
temente básica e/ou ultrabásica, anfibolitos metabasitos, metaultrabasi
cas, rochas quartzosas ferríferas ou não, micaxitos, filitos e/ou fi12
nitos, rochas grafitosas e manganesíferas, e granitóide que podem local
mente, ter sido submetidas à cataclase, gerando variedades miloníticas
e filoníticas. O segundo é caracterizado por 'variedades rochosas leuc2
cráticas, de composições granítica, granodiorítica e tonalítica, cat~
clasitos dessas variedades (milonito, filonito e ultramilonito), e po
dem conter porções restritas das litologias descritas no complexo ant~
rior. Em aerofoto, o complexo plutono-vulcano-sedimentar gnáissico exi
be tonalidade cinza-escura e morfologia alçada, lisa e isenta de voçoro
ca, contrastando nitidamente com o complexo gnáissico-migmatítico-granI
tico que exibe tonalidade clara, morfologia arrasada, com abundante v2
çorocamento. Magnetometricamente, este complexo exibe um padrio de ca~
po magnético tranquilo, enquanto aquele o mostra extremamente perturb~
do.
O complexo gnáissico-migrnatítico-granito representa, em parte,
o que foi denominado por vários autores corno Complexo Fundamental ou E~
basamento Granito-Gnáissico, e o complexo plutono-vulcano - sedimentar
gnáissico engloba, neste trabalho, a Série Barbacena (Barbosa,1954),For
maçio Lafaiete (Ebert, 1956) e Green-schist Sequence (Guild, 1960). P~
ra Pires (op. cit.), o Grupo Barbacena é constituído por metamorfitos
(principalmente greenschists), granodioritos e migrnatitos, e seu emba
samento pelo Grupo Mantiqueira. Neste trabalho, o complexo gnáissico=
migrnatítico granítico encerra quer esta entidade geológica, quer grande
parte da área individualizada corno granodiorito do Grupo Barbacena, da
conceituaçio do referido autor. No complexo plutono-vulcano sedimentar
gnáissico estio englobados indiferenciadamente os metamorfitos, migmati
tos e granitóides. Salienta-se, também, que a limitação da escala de~
te trabalho e sua condiçio de execuçio puramente do gabinete nio permi
tem, na área da folha em questão, as individualizações da porção do Gr~
po Barbacena cartografada corno: granodiorito (grd), passando localmente
a quartzo-dioritos (qzd), biotita-granito fino (bgrf), hornblenda gra
nodiorito (hgrd) contendo xenólitos (grd/x) com poucas faixas migmatítI
cas (grd/m), localmente aplítico (ap)- cortado por lamprófiros em formã
de diques e apófises (L), da sequência do Grupo Mantiqueira, este con~
tituído de migrnatito (M), gnaisses tonalíticos (Ga), fortemente bandea
dos, cortados por inúmeras gerações de aplitos e pegmatitos ricos em
plagioclásio e biotita, conforme exposto no mapa geológico do distrito
rnanganesífero de Conselheiro Lafaiete, executado por Pires (op.cit.).
As datações radiométricas indiscriminadas, efetuadas na área
dessa entidade geotectônica da folha Divinópolis, oscilam entre 495 e
2.790 m.a. para a regiio Qcupada pelo Complexo do Baçãoi 790 e 2.611
m.a. para as regiões sul e sudoeste de Congonhas do Campo e com varia
ções entre 493 a 2,038 m.a. para as regiões de Moeda e Brumadinho e ã
oeste do Quadrilátero Ferrífero. Essas variações etárias podem ser atri
buídas à reativiações de falhamentos antigos quando das imposições das
entidades geológicas representadas pelos Supergrupos Rio das Velhas, Mi
nas e Espinhaço, e pelos Grupos Itacalomi e Bambuí. A implantação de~
sas entidades geológicas fez-se, do ponto de vista geral geotectônico,
em bacias intracratônicas balizadas pelas grandes rupturas do Craton
3.524
são Francisco, que sofreram sucessivas reativações e que podem afetar
as datações radiométricas. Hã de se considerar, ainda, que alguns line~
mentos estruturais, interpretados através de vários sensores,ernbora sem
comprovação de campo, revelam larga variação das idades radiométri~as
determinadas em suas proximidades. Segundo Teixeira (l982),as data~oes
radiométricas efetuadas em rocha das proximidades da cidade de Itauna,
no corpo plutônico de Cristais (Folha Furnas) e na intrusão pegmatóide
da pedreira Micol na cidade de Cláudio, indicam uma importante fase de
recristalização sintectônica de rocha~.antigas durante o Ciclo t~ans~
mazônicoe que, nestas regiões não foram encontradas idades do ciclo
Brasiliano. Estas idades, por sua vez; são registradas nas vizinhanças
da província do Quadrilátero Ferrífero e nó Complexo do Bação e, seg~
do o referido autor, indicam um aquecimento térmico associado às gran
des estruturas de cavalgamento presentes na referida província. Porta~
to, é possível, também, que outras idades radiométricas situadas entre
os intervalos dos ciclos Brasiliano e Transamazônico representem infl~
ências dos grandes falhamentos, como anteriormente explicitado. Desse
modo, a par dessas considerações, atribui-se somente ao ciclo Tranzam~
zónico a remobilização imposta à área de crosta antiga da folha Divi~~
polis. Salienta-se, ainda, que, na folha Furnas (SF.23-V-B), na ambie~
cia das minas de grafita da região de Itapecirica, sediadas no complexo
plutono-vulcano sedimentar gnáissico, encontra-se registro de ... datação
radiométrica com 3.768 m.a., segundo Teixeira (op.cit.), e, portanto a
mais antiga da área, rejuvenescida no ciclo Transamazônico.
O complexo plutono-vulcano sedimentar gnáissico é constituído
por rochas predominantemente supracrustais, enquanto o complexo gnái~
sico-migmatítico granítico assemelha-se mais a uma crosta siálica anti
ga. Aquele exibe um posicionamento estrutural, que orla. e, por vezes,i~
clui-se nas massas deste último, assumindo características similares
às encontradas em áreas cratônicas contendo "greenstone belt". O posi
cionamento daquele complexo numa entidade geotectónica específica nãõ
foi possível, devido ã falta de elementos decisivos, embora Barbosa
(op. cit.) tenha posicionado a facies metabasítica da sua Série Barbace
na, que é uma parte integrante do complexo em discussão, na sequênciã
ofiolítica da fase geossinclinal. Também Pires (op. cit.)acompanha idê~
.tico raciocínio alertando, contudo, para a inexistência de evidências
diretas. Estruturalmente, o complexo plutono-vulcano sedimentar gnáis
sico foi imposto através de grandes rupturas e, pela sua idade geocronõ
lógica anteriormente referida, poderia representar a unidade geotectónI
ca do tipo "rift", com manifestação vulcânica, obviamente na sua fase
inicial, constituindo uma "fossa tectónica precoce", assemelhando-se
mais a um cinturão metamórfico do tipo "greenstone belt" em facies me
tamórfico anfibolito, do que aos estágios evolutivos de um geossinclI
nal. De qualquer modo, é o que apresenta maior importância metalogenétI
ca na ârea do núcleo antigo cratônico. Nele estão sediadas a provínciã
manganesífera, que se desenvolve de Conselheiro Lafaiete para SW em di
reção a são João DeI Rei; grafita em são Francisco de Oliveira; ferrõ
em Morro do Ferro, Desterro de Entre Rios e Passa Tempo; talco no triân
guIo formado pelas localidades de Congonhas do Campo, Catas Altas da Nõ
ruega e Carandai; e as minas e garimpos paralisados, de ouro, nas vizI
nhanças das localidades de Lagoa DoUrada a Catas Altas da Noruega. -
A área de crosta antiga cratônica foi palco de reativações
tectono-magmáticas, com imposições de rochas intrusivas das clãs áci
das, básica, intermediária, ultrabásica, cujas idades não se encontram
totalmente definidas dentro do espaço de tempo do Proterozóico ao Jurás
sico/Cretáceo. De especial importância são as rochas ácidas granitI
cas/granodioríticas consideradas, neste trabalho, intimamente relacionã
das às mineralizações tântalo/estaníferas impostas ã área de crosta an
tiga arqueana e de idade mesoproterozóica, conforme os trabalhos de
Djalma Guimarães citado por Belezkij (1956). Convém salientar que os
corpos graníticos/granodioríticos cartografados na folha Divinópolis,
resultaram da análise aerofotogeológica e não se encontram totalmente
comprovados p~r tr~alhos de "campo. Entretanto, sua larga fresuência
ao norte de Sao Joao Del Rei (Folha Barbacena) acompanha a direçao pr~
ferencial NS das fraturas contendo pegmatitos estaníferos, conforme r~
latado por Belezkij (op. cit.) para aquela área, e, atende portanto, a
um dos objetivos da análise metalogenética que é a identificação das
leis gerais que. regem as distribuições de depósitos miperais e das áreas
3.525

-- ------ -- ----- -..'--


-.'.'-- ~- -
--

com potenciais para mineralização econômica. .

b) Complexo Vulcano-Sedimentar do Tipo Greenstone Belt - é de ocorrê~


cia restrita a provincia do Quadrilatero Ferrifero e representado pelo
Supergrupo Rio das Velhas, subdividido nos Grupos Nova Lima e ~~quiné.
Aquele está representado na carta metalogenética pela sequência metavul
cano-sedimentar, com emissões complexas, para o conjunto indiscrimina
do, de variedades vulcânicas áCidas, intermediárias, básicas ultrab~
sicas filitizadas, =
filitos grafitosos, quartzitos puros e micaceos e
quartzo-carbonatos filitos. A formação ferrifera, indiscriminada, está
individualizada na referida carta e ocorre associada às litologias refe
ridas do Grupo Nova Lima. O Grupo Maquinê está representado pelo conju~
to indiscriminado contendo quartzito, filito e metaconglomerado.
A sequência vulcano-sedimentar constituinte do Supergrupo Rio
das Velhas foi caracterizada geotectonicamente como cinturão de rochas
verdes por conter as seguintes feições: posicionamento estrutural in~r~
cratônico, facies metamórfico xisto-verde, dobramento cerrado,formaçoes
ferriferas dos tipos óxido, sulfeto e carbonato intimamente associadas
e/ou geradas durante a atividade vulcânica (formação ferrifera tipo Al
goma)e por sua metalogenia aurifera. Schorcher H.D (1978) evidenciou a
existência no Supergrupo Rio das Velhas de rochas vulcânicas ~e fili~
ção komatiitica e, portanto, caracteri~ando-o como um_cinturao de r~
chas verdes. Entretanto, essa constataçao situa-se na area cartografada
pela equipe USGS/DNPM como "greenschist sequence", considerando-a como
intrusiva e de idade, provavelmente, post-Minas (Door II, op. cit). Tam
bém, Pires (op.cit.) sugere um estudo mais detalhado da posição estratI
gráfica da referida sequência (Grupo Quebra Osso de Schorcher) com o
objetivo de se precisar sua pertinência a porção basal do Supergrupo
Rio das Velhas ou a uma unidade Proterozôica.
A idade do Supergrupo Rio das Velhas foi posicionada no Arque~
no Superior, baseada no trabalho de Herz (1970) que atribui ter a mesma
idade inferior a 2.700 m.a. Sua idade mais real ainda é desconhecida,
entretanto, é possivel recuá-la para, pelo menos, 3.200 m.a. em consid~
ração a datação K/Ar efetuada em rocha metabásica, coletada por Teixei
ra (op.cit.) ao sul do entroncamento das rodovias BR-262 e MG-432, na
ambiência do Craton são Francisco da folha Ipatinga (SE.23-Z-D), situa
da próximo ao Quadrilátero Ferrifero. Esta rocha metabasitica implantã
da em rochas gnáissicas-migmatiticas pode representar emissões dique for
mes associadas ao vulcanismo desencadeado no Supergrupo Rio das Velhas
à semelhança das ocorrências dique formes de diabásio Jurássico/Cretáceo
intrometidas em rochas do embasamento, quando do estabelecimento do vul
canismo basáltico da bacia do paraná, como soe acontecer nas regiões de
Cássia e Ibiraci no oeste do Estado de Minas Gerais.
Ouro, prata e arsênio constituem os principais recursos mine
rais deste ~omplexo, sediados no Grupo Nova Lima.
c) Cinturão metamórfico sedimentar - esta caracterização geotectônica
foi considerada no trabalho original, em virtude da postulação de Ebert
(1958,1967,1968 e 1971), de se tratar de transição do Grupo são João
Del Rei para o Grupo Andrelândia e deste, segundo Brandalise, L.A, Ri
beiro, J.H e Ferrari, P.G. (Projeto Paraiba do Sul, 1976) para o Grupõ
Paraiba, como representando rochas supracrustais de ambiência geossin
clinal ou mais propriamente, de um cinturão móvel. Na folha em questãõ
o Grupo são João Del Rei é representado pelas Formações Prados e Rio El
vas (Ebert, op.cit). Karfunkel e Noce (1983) apresentam argumentos a fa
vor da origem glacial da sequência ocorrente nas imediações orientais
da Vila Santa Cruz, situada na extremidade sudoeste da serra de são
José do municipio de são João Del Rei, equiparando-a à Formação Caran
dai, de Ebert (op.cit). Para a pequena exposição de rocha de aspectõ
conglomerático de Pedra do Sino, em Carandai, classificada como dia-
mictito (no sentido descritivo) pelos referidos autores, estes atestam
não terem encontrado evidências conclusivas quanto a sua gênese. Expõem,
também, a correlação litoestratigráfica entre os Grupos são João Del
Rei e Macaúbas, posicionando-os no Proterozóico Superior. No âmbito da
folha Divinópolis, a sequência em análise encontra-se balizada por fa
lhamentos profundos, que_promoveram a filonitização das rochas do emb~
samento que constitui a area de crosta antiga, de idade Arqueana indivi
sa. Esta filonitização não atingiu, obviamente, a referida sequência~

3.526
Depreende-se destas considerações que esta sequência, encravada intra-
cratonicamente não se enquadra precisamente no termo geotectônico em
epIgrafe. Portanto serão feitas algumas considerações. Assim, para a
reduzida exposição de rocha de aspecto conglomerático de Pedra do Si
no, em Carandaí, reforça-se a tese de sua derivação vulcânica, propo~
ta por Guimarães (1966) pelas seguintes feições observadas macro e mi
croscopicamente, a saber: ocorrências de fragmentos de quartzo azulado
com saliências, reentrâncias, terminações agudas e curvas e formas bi
piramIdais; a ocorrência de feldspato .pigmentado por opaco, matriz com
frequente hematita microcristalina e lamelar neorrecristalizada; a i~
tens idade do processo de carbonatação'(às expensas do feldspato) que
promoveu a recristalização sintectonicamente, do carbonato estirado s~
gundo a laminação tectônica da rocha. O aflo=amento desta vari~dade r~
chosa ocorre como uma ilha no embasamento gnaissico, embora proximo do
corpo carbonático do Córrego Frio. Com relação a essa rocha as fichas
de descrição de afloramentos do Projeto Mantiqueira-Furnas (op.cit),
atestam sua ocorrência como lentes embutidas em gnaisses, tanto na pe
dreira do túnel Herculano Pena quanto a 6,1 Km de Carandaí, rumo a L~
faiete. Quanto ao tipo petrográfico característico da Formação Prados
trata-se rocha filitica (Filonito para Guimarães, op.cit) de textura
granolepidoblástica, com seus constituintes micâceos perfeitamente ori
entados e de estrutura laminada, isto é, um tectonito e não um metassll
tito como frequentemente é considerado. Com relação à sua gênese, em
geral considerada de derivação puramente sedimentária, devem ser enco~
tradas justificativas para alguns aspectos observados macro e micros-
copicamente, a saber: a grande frequência de cristais euhédricos de
zircão metamitico (quase opaco) e não rolados; as ocorrências de cris-
tais de feldspato pigmentados por opaco sericitizados e carbonatiza
dos, de hematita lamelar e de sul fetos (piritização), além de sua notã
vel regularidade cQ~posicional. Quanto à ârea cartografada corno Formã
ção Prados pelo Projeto Mantiqueira-Furnas (op.cit) não se tp.m informã
ções de SUa relação de contato com as variedades caractér.isticamente
vulcânicas ocorrentes nas imediaxões da localidade de Caranalba. Tam
bém, na saída de Prados em direçao a são João Del Rei ocorre um sequên
cia contendo filito clorítico untuoso ao tacto, de aspecto ultrabásicõ,
e filito grafitoso totalmente intemperizados, cujas relações de conta
tos tanto com a rocha tIpica da Formação Prados ocorrente ao norte
quanto com a sequência vulcano-sedimentar de Tiradentes ocorrente a
oeste daquela localidade, ainda não foram precisadas. Esta sequência
expõe-se na estrada antiga de são João Del Rei para Tiradentes e daí
para a rodovia BR-265, via Fazenda Alto do Vieira. ~ constituída por
filito clorItico, quartzo-sericita filito, quartzito fino, filito gra
fitoso, metabasitos e metaultrabasítosfilitizados e vulcânica ácidã
filitizada. Esta ocorre bem próxima a Tiradentes, pela estrada antiga
para são João Del Rei, exibindo relictos macro e microscópicos de
feldspato e quartzo azul vulcânicos em matriz quartzo-sericítica com
carbonato associado. ~ uma variedade idêntica, microscopicamente, às
vulcânicas ácidas ocorrentes no Grupo Nova Lima (Quadrilátero Ferrífe
ro) associadas à mineralização aurlfera. ~ interessante se observar
que tanto em Prados quanto em Tiradentes houve intensa exploração aurí
fera. Esta sequência vulcano-sedimentar é capeada pelos conjuntos
quartzíticos-conglomeráticos da serra de Tiradentes e pelo xisto cal
cífero-metacalcârio da Formação Rio Elvas, que se expõe pelas regiões
de Barroso até são João DeI Rei. Depreende-se assim, a dificuldade de
caracterização geotectônica da área cartografada como Formação Prados,
enquanto estudos mais detalhados não forem efetuados, que possam defi
nir os aspectos enunciados. Considerando-se, ainda, a ocorrência de
corpos metacalcários com porções xistosas associadas embutidos em
gnaisses de embasamento, nas regiões de Carandaí e Herculano Pena, a
falta de sua precisa relação de contato com a rocha filítica da Forma
ção Prados (metassilito de Ebert, op.cit) e sua identidade composiciõ
nal com aquelas ocorrentes na região de Barroso (Formação Rio ElvasT
conduzem à postulação da hipótese de ligação física, provavelmente ero
dida, do cinturão metamórfico sedimentar desta região com o de Caran
dai. ~esta conceituação encontra-se excluida à Formação Prados, e e
opiniao deste autor que estudos geológicos devem ser processados de mo
do a se averiguar a pertinência de algumas rochas, ou do conjunto cons
tituinte daquela entidade geológica, à sequência vulcano-sedimentar de

3.527

-----
Tiradentes.
A idade incerta posicionada no Proterozóico Superior/Proter2
zóico Médio para a entidade geotectônica em apreço não se encontra !u~
damentada em datação geocronológica sistemática, e sim nas correlaçoes
contidas na bibliografia geológica (Ebert, op.cit), Karfunkel e Noce
(op.cit) e Wernick, E e Fiori, A.P. (1981). Entretanto, considerando
-se as identidades das porções carbonáticas e xistosas de Carandaí e
Barroso e sua transição para o Grupo Andrelândia e a deste para o Gr~
po paraíba, conforme inicialmente relatado, ter-se-ia que recuar sua
idade ao Proterozóico Inferior, desde que, Cordani, V.G., Delhal, J. e
Ledent, D. (1973) consideram a idade de 2.070 m.a para os gnaisses gr~
nulíticos da Formação paraíba do Sul.
Metalogeneticamente o cinturão metamórfico,sedimentar encerra
somente minas de metacalcário, utilizado principalmente na fabricação
de cimento. Entretanto, aquelas porções li to lógicas de posicionamento
estratigráfico incerto e aqui englobados na área cartografada corno Gr~
po são João Del Rei, poderão se tornar metalogeneticamente importantes
por conterem rnineralização aurífera, se comprovada a pertinência â s~
quência vulcano-sedimentar de Tiradentes.
d) Cobertura Sedimentar Dobrada - Nesta entidade geotectônica estão
englobados o Supergrupo Minas e 0 Grupo Itacolomi. Este último aparece
na carta metalogenética indiscriminadarnente corno quartzito, filito e
metaconglomerado e, pela sua inexpressividade em termos de recursos mi
nerais, não será objeto de maiores comentários.
O Supergrupo Minas é dividido nos Grupos Caraça. Itabira e P~
racicaba, representados na carta metalogenética respectivamente pelo
agrupamento das seguintes litologias: quartzito, filito e metaconglom~
rado (englobando as Formações Moeda e Batatal); itabirito e calcário/
dolomito (para as Formaçõ~s Itabirito Cauê e Gandarela) e filito, met~
conglomerado, quartzito, metacalcário/dolomita (para as Formações Cer
cadinho, Fecho do Dunil, Tabões, Barreiro e Sabará). -
O posicionarnento geo~ectônico do Supergrupo Minas, neste tr~
balho, corno cobertura sedimentar e/ou vulcano-sedimentar dobrada, tipo
fossa tectônica, é justificado pela falta na literatura geológica de
um tipo específico para o conjunto. Assim, J.V.N. Dorr 2dn, em seu re
latório, que ,acompanha o mapa geolôgico do Quadrilátero Ferrífero, nã
escala 1:150.000, afirma que somente o Grupo Piracicaba tem atributo
de sedimentação geossinclinal e que seu andar superior, isto é, a For
mação Sabará, apresenta característica eugeossinclinal pela ocorrênciã
de rochas consideradas derivadas de tufos, entretanto, sem precisa com
provação petrolôgica. -
O Grupo Itacolomi representa uma cobertura sedimentar dobrada,
tipo fossa.intramontana, resultante do processo orogênico imposto ao
Supergrupo Minas, de acordo com o trabalho "Sedimentação e Orogênese
da Série de Minas" de Manoel Teixeira da Costa, publicado em 1961 pela
Sociedade de Intercâmbio Cultural. Estudos Geolôgicos - SICEG.
O Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi estão posicionados,res
pectivamente, no Proterozôico Inferior e Médio, em conformidade com ã
Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (Folhas Rio de Janeiro .(SF.
23), Vitória (SF.24) e Iguapé (SG.23), elaborada por Mário Jorge Ges
teira Fonseca e colaboradores, publicada pelo DNPM em 1979. Salienta=
se, também, que a idade Proterozóica Inferior para o Supergrupo Minas
está em consonância com as particularidades metalogenéticas dessa fai
xa etária, ou sejam: ocorrências de rochas conglomeráticas basais aurõ
-uranlferas e de formação ferrífera de precipitação química ou bioquí
mica ferro-carbonática. -
O Supergrupo Minas é o que apresenta um dos mais importantes
distritos mineralizados da Folha Divinópolis. Assim, os três andares
que o compõem encontram-se mineralizados em resposta as suas inerentes
condições arnbientais de formação. O andar inferior (Grupo Caraça) con
tém as jazidas de urânio e as minas e garimpos paralisados de ouro. Õ
andar médio (Grupo Itabira) porta a maior reserva brasileira de miné
rio de ferro, além de ferro/manganês, bauxita e dolomita, ocorrênci;

3.52R
conhecida de antimônio e minas paralisadas de ouro, estas situadas f~
ra da folha em análise. O andar superior sedia as minas de topázio,bau
xita, calcário/dolomita/mármore e as ocorrências de mercúrio, cobre?
zinco e antimônio.
e) Cobertura Superimposta Final O substrato prê-cambriano da folha
em questao foi palco, durante o Terciário-Quaternár!o, de eventos cl!
máticos e geomorfolôgicos responsáveis pelas Éormaçoes d= coberturas
detríticas inconsolidadas, lateritizadas ou nao, e aluvioes. Estas
constituem-se de acumulações de areia, argila e cascalho ao longo de
cursos dtágua ativos e podem adquiri~ importáncia econômica quando s~
diada em bacias hidrográficas que encerram concentrações minerais,prig
cipalmente de ouro e estanho/tántalo.
Dados de Metaloqenia
Na Folha Divinópolis (SF.23-X-A) estão cadastradas cento e
quarenta e oito (148) minas, cinco (05) jazidas, seis (06~ minas par~
lisadas, catorze (14) garimpos paralisados e seten~a e_tres (73) ocoE
rências minerais. Os recursos minerais em explotaçao sao: ouro e prata
associado, ferro, ferro-manganês, ocre, calcário/dolomita/mármore, gr~
fita, manganês, topázio, bauxita, talco, cianita, algamatolito e est~
nho/tántalo. Na tabela 1, encontram-se registradas, as mineralizações
relacionadas com suas idades, unidade tectônica,litologia e deformação
/metamorfismo.
O ouro ocorre no Grupo Nova Lima do Supergrupo Rio das Velhas.
t a maior provincia, atê o presente, de ouro primário sediado em fOE
ma2ões ferríferas dos tipos óxido, sulfeto e carbonato associados à s~
quencia vulcánica e vulcanoclástica da referida entidade geológica.Pra -
ta e/ou arsênio são subprodutos de mineralização aurífera.
O ferro ocorre no Grupo Itabira do Supergrupo Minas, caracte
rizado pela-sequência de deposição química ou talvez bioquímica em ~
biente marinho. t o recurso mineral mais intensamente explotado do Es
tado de Minas Gerais. A reserva quantificada de minério de ferro ê, nõ
momento, a maior do Brasil. Sob a ação do intemperismo a sequência it~
birítica fornece depósitos explotáveis de ocre.
A bauxita também, limita-se ao Grupo Itabira relacionada com
suas rochas carbonáticas, em áreas que sofreram peneplanização no TeE
ciário. Segundo Ronald Fleischer a Vicente de Paula Oliveira, no tra
balho "Bauxitas do Quadrilátero Ferrífero", publicado em 1965 pela re
vista Mineração e Metalurgia (vol. 1, N9 295), as bauxitas da área em
apreço não seriam autóctones quanto à rocha matriz. Afirmam, ainda,que
sua_associação com rochas do Grupo Itabira, com superfícies de penepl~
naçao, com capas e lapas de canga, a forma das bacias delineadas pelos
depósitos e os .perfis pedológicos inversos sugerem fortemente um ambi
ente sedimentar continental lacustre. Não descartam, a' possibilidade
de atuaxão do processo de "aluminização" dos lateritos posterior a sua
deposiçao para transformá-los em bauxita.
O topázio ocorre principalmente na porção central do sincl!
nal do Dom Bosco, na ambiência do Grupo Piracicaba do Supergrupo Mi
nas. Os veios de topázio sediam-se em rochas argilosas derivadas por
intemperismo de variedades dolomíticas e tipos não precisados petrolo
gicamente. Justifica-se a ausência de simbologia específica de seu ti
po genético, na carta metalogenêtica, pela falta de caracterização ge
-
nética precisa da mineralização topazífera.
O man~anês ocorre em. dois ambientes geotectônicos distintos,
cujos protominerios tem características particulares. Assim, na área
de crosta antiga, o protominêrio é silico-carbonático, enquanto na co
bertura sedimentar dobrada, do Supergrupo Minas, é mármore-itabiríticõ.
Aquele é encontrado na província manganesífera que se desenvolve de
Conselheiro Lafaiete para SW em direção à são João Del Rei (Folha Bar
bacena). ~ resultante de metamorfismo regional de sedimentos mangane
síferos sediados no complexo plutono-vulcano-sedimentar gnáissico que
compõem a área de crosta antiga. Atualmente, o protominêrio sílico-car
bonático, encontra-se em explotação, constituindo, assim, em minériõ
de manganês. Por concentração residual e/ou supergênica tem-se pequ~

3.529

----- -----
quenas minas em explotação na referida província. O protominério márm~
re-itabirítico, restrito, ao Supergrupo Minas, segundo Dorr II(op.cit.)
deu origem a uns poucos grandes depósitos e alguns médios e a inúmeras
massas de manganês. Os protominérios marmóreos contêm baixa percent~
gem de manganês sob a forma de mangano-calcita, mangano-dolomita e po~
sivelmente kutnahorita que, sob a ação do intemperismo, forma depósitos
residuais de manganês. Os depósitos de manganês derivados de protominé
rios itabirítico não fornecem evidencias quanto ao conteúdo e natureza
de seu manganês original. O teor de manganês nos itabiritos é, normal
mente em torno de 0,1%, entretanto, existem locais que o processo de
concentração residual do itabirito manganesífero resultou em depósitos
de grande porte.
O estanho e tântalo ocorrentes na folha Divinópolis permitem
ampliar para norte e este a província tântalo-estanífera de são João
Del Rei, da folha Barbacena. Os diques e veios pegmatíticos contêm além
de cassiterita e tantalita, outros minerais como: columbita, djalmita,
espodumênio, lepdolita, turmalina, berilo, granada, monazita e xenoti
mio. Estão relacionados com rochas graníticas intrusivas na área de
crosta antiga arqueana. Segundo Belezkij(1956)os fenómenos tectônicos
da fase penoqueana se denunciam pelas fraturas verticais, com dire~ão
N-S magnética, que sediam os pegmatitos estaníferos. Deve ser, tambem,
salientado a importância das aluviões e superfícies intempéricas da á-
rea contendo mineralização tântalo-estanífera por sediarem minas, de p~
queno porte.
A grafita ocorre nas regiões de Serra Azul associada a~s fili
tos grafitosos do Grupo Piracicaba, do Supergrupo Minas e, de Sao Fran-
cisco de Oliveira intercalada no complexo plutono-vulcano sedimentar
gnáissico que conforma a área de crosta antiga arqueana. Essa área con~
titui-se no prolongamento da faixa que sedia as minas de grafita de It~
pecerica (Folha Furnas).
O talco é largamente explotado na província formada pelas loca
lidades de Congonhas do Campo, Catas Altas da Noruega e Carandaí, que
contém larga frequência de corpos ultrabásicos posicionados no complexo
plutono-vulcano sedimentar gnáissico da área de crosta antiga.
A cianita e algamatolito são explotados na região de Serra A-
zul, ao sul de Mateus Leme, na província do complexo vulcano-sedimentar
do tipo greenstone belt que caracteriza o Supergrupo Rio das Velhas. En
contra-se associada com rochas xistosas à biotita e muscovita, filitõ
sericítico e variedades ultrabásicas. ~ possível que a pirofilita tenha
-se derivado da cianita por processo hidrotermal, conforme expôs Guima
rães (1961) para os depósitos da região de Pará de Minas (Folha Belõ
Horizonte).
O calcário, dolomita e mármore são explotados respectivamente,
na região ~e Pedra do Sino, município de Carandaí e no Quadrilátero Fer
rífero. Na primeira, os corpos carbonáticos foram posicionados, inicial
mente, por Ebert(1958)na Formação Barroso, para posteriormente agrupá=
la à Formação Rio Elvas, do Grupo são João Del Rei. Na província do Qua
drilátero Ferrífero ocorre nos Grupos Itabira e Piracicaba, respectiva=
mente, nas Formações Gandarela e Fecho do Funil. Essa, contém, os depó
sitos de mármore . de cores variegadas.Calcário e dolomitã
são utilizados para fabricações de cimento e cal e, para fins siderúrgi
coso
Algumas ocorrências merecem destaque pela importância que pod~
rão assumir futuramente, são elas:
Ouro: Na sequência metaconglomerática monomítica da Formação
Moeda, do Grupo Caraça, do Supergrupo Minas. Nas regiões de Gandarela e
serra das Gaivotas, o ouro, ocorre associado a reservas quantificadasde
urânio. De Cata Branca, município de Itabirito, que se desenvolve para
sul, há referência de rochas metaconglomeráticas, ocorrer em 14 Km de
extensão com 6 metros de espessura, portando ouro.
Na sequência vulcano-sedimentar tipo greenstone belt que com
põe o Supergrupo Rio das Velhas são relatadas as ocorrências das regI
ões da fazenda Maquiné e são Vicente, que contém inúmeras minas parali=
sadas.
Nas regiões de Lagoa Dourada e Catas Altas da Noruega sao co
3.530
nhecidas atividades paralisadas de extração de ouro em veios de quartzo.
Antimônio. Na província do quadrilátero ferrífero são conhecidas ocorrências
associadaS aos Grupos Itabira e Piracicaba, do Supergrupo Minas. b de se salientar a
larga frequência de indício indireto geoquímico desse elemento, na referida provín-
cia, que pode indicar mineralização quer aurífera quer do próprio elemento.
Ocorre, também, no Supergrupo Rio das Velhas, nas minas de ouro, ampliando,
portanto, a área prospectável desse importante elemento.
Cobre/Zinco. São relatadas ocorrências no sinclinal da Moeda em rochas car-
bonáticás, -do Grupo Piracicaba, do Supergrupo. Minas. Salienta-se a larga frequência
de indícios indiretos geoquímicos de cobre e zinco _naquela área e na do sinclinal de
DomBosco.
São conhecidos, também em Bico de Pedra, ao sudoeste de Ouro Prêto, na se-
quência do Supergrupo Rio das Velhas.
Mercúrio. O cinábrio ocorre próxinD a estação de DomBosco, no sinclinal ho
m5ni11D, na antuencia do Grupo Piracicaba do Supergrupo Minas. -
Carta de Previsão de Recursos Minerais. A análise da carta metalogenética da
Folha DivTnõpolis (SF.23-X-A), possibilitou a individualização de trinta e cinco(3S)
áreas COJlX)as mais promissoras para a exploração mineral, classificada segundo três
graus de potencialidade para determinados recursos minerais, cujos critérios encon-
tram-se explici tados na carta de previsão de recursos minerais. As trinta e cinco á-
reas compreendem as seguintes substâncias minerais. Ouro-prata e arsênio (6), ouro
(10), ferro-ferro/manganês-manganês-dolomita e ocre (1), ferro (1) ferro-manganês e
grafita (1), topãzio (1), dolomita-mármore-manganês-bauxita (1), urânio e ouro (2),
ant:im3nio (1), algarnatolito-grafita e cianita (1), talco (2), manganês (3) e estanho/
tântalo (3), grafita (1) e cobre, chumbo, zinco, antimônio e mercúrio (1), conforme
exposto na tabela 2.
Conclusão .
A análise metalogenética e de previsão de recursos minerais apresentou os
seguintes resultados:

divisa.
- Importância metalogenética da área de crosta antiga de idade arqueana in-
- Importâncià dos eventos tectono-magmáticos impostos a área de crosta anti
ga responsáveis, até o JlX)IDento,pelas mineralizações de estanho/tântalo e talco. -
-
Importância dos fa1hamentos profundos que reativados podem sediar concen-
trações epigenéticas, principalmente, auríferas.
cias
- Delimitação de áreas potenciais a prospecção mineral de várias substân-
minerais.
Identificação da necessidade de trabalhos geológicos específicos com objeti
vos metalogenéticos, tais COJlX):trabalhos sistemáticos de geo;ronologia, de geologiã
econômica (JIX)rfologia e gênese dos depÕsitos minerais), tectono-estruturais (datação
e caracterização dçs falhmrentos profundos), petrogenéticos, geofísicos (magnetome -
tria e gravimetria) e das implantações magmáticas (idade, tipo, rnorfologia, profundi
dade e etc.).___
- A Delineação das leis gerais que regem a distribuição espaço-temporal das
várias concentrações minerais.
Bibliografia Adicional.
Karfunkel, I e Noce, C.M. - 1983 - Desenvolvimento faciológico do Pré-cam -
briano Superior da região de Carandai-são João deI Rei,
Minas Gerais. Anais do II SimpÓsio de Geologia de Mi-
nas Gerais, Belo Horizonte (MG), BoI. n9 3: 16-29.
et alií - 1983 - A Formação Carandai no centro-sul do Es-
tado de Minas Gerais, Gênese, ambiente de deposição e
correlação. Anais do II Simpósio de Geologia de Minas
Gerais, Belo Horizonte (MG), BoI. n9 3: 30-37.
Pires, F. R. M.- 1983 - Greenstones as a part of the Minas Supe!,
group in the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Bra
zil. Rev. Bras. Geoc. 13 (2).

3.531

..--------
PROJETO Mt.PAS 'ó~::~':'_Cc,::NÉTICOS
E DE PREVISÃO DE RECURSOS Mlr,ERAIS

MAPA DE LOCALIZAÇÃO

..
I,

.,

_ FOLHA DIVINÓPOLIS
- SF. 23- X-A

3.532
,
PROJETO MAPAS METALOGENETI COS
E DE PREViSÃO DE RECURSOS MINERAIS

0IVINÓ~IS
FOLHA SF. Z3-X-A

.'.00'
20000'

~. . ~. .~ . . .........
-
-'
2J800
45"00'
ESC A LA I: 1.000.000

DIVISÃO TECTONO-GEOLÓGICA

PROTEROZÓICO SUPERIOR AROUEANO SUPERIOR

Cobertura sedimentar dobrada .;. .;. .;. "pc) greenstane belt


~

Cinturõa metamórfica sedimentar AROUEANO INDIVISO

~ Áreá de crosta antiga remobili_


PROTEROZÓICO INFERIOR
~ lodo

Hs:d~.::j Cobertura sedlmentor dobrada

FIG.Z - OIVISÃO TECTONO-GEOLÓGICA EXTRAIOA DA CARTA METALOGENÉTICA

3.533
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3.534
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Indiviso
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talo - dado .1. lntntSl :õico ~
dia -
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PotenclaUdade I ... ~reas dto rocha (sI hos-pedeira(s) ~/ou ~stn1turas favoriveis
@ C08 .1J\U. garilr.,os. jazidas e õepÕsitos, alá
~ ncoTl"inciaslind{cios e/ou ma8lia(s) ieoqUW~(S) geofísica(s)
Potencia1idade 11... ,(nu di!: nxha(~) hospedein(s} ~/ou uttuturu faomriveis CC8 garÍJp)l. ocomncias/indLcios e/w iJfI08'"
1ia(,) poquílllic.a(!') geof{sica(s}
t'
Potenc18hd.ade 111....(reas de nx,ha(s) hos~in('l e/ou C"5tn1turu ravorâveis setI reeistros diretos ou lndintos da ainenli'"
z:açio e de8Iandando est\dos básicos c~lenentares.

3.535

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