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Licença compulsória
Nesse caso, a licença será determinada por Decreto do presidente da República,
que poderá agir de ofício (cite-se, por exemplo, o Decreto n.º 6.108/2007, que
concedeu licenciamento compulsório, por interesse público, de patentes referentes
ao medicamento Efavirenz, usado no combate à AIDS).
Hipóteses de concessão de licença da patente
Licença compulsória
Há, por fim, as licenças compulsórias previstas no art. 70 da LPI:
Art. 70. A licença compulsória será ainda concedida quando, cumulativamente, se
verificarem as seguintes hipóteses:
I - ficar caracterizada situação de dependência de uma patente em relação a outra;
II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso técnico em relação à
patente anterior; e
III - o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da
patente anterior.
Acordo Trips
Após a Segunda Guerra Mundial e até 1995, o organismo competente em
matéria de propriedade intelectual era a Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI) , vinculada à ONU .
A atuação da OMPI não agradava às grandes empresas, que a
consideravam um sistema pouco eficiente na proteção dos direitos de
propriedade intelectual.
O órgão não tinha a função de acompanhar o cumprimento dos acordos
firmados e não possuía poderes para impor sanções aos países que os
desrespeitassem.
Acordo Trips
Além disso, os acordos sob “administração” da OMPI não adotavam um
padrão mínimo obrigatório para ser seguido por todos os países, respeitando
mais a diversidade das leis nacionais dos signatários. Por exemplo, era
admitido que os países proibissem a concessão de patente para alguns
campos tecnológicos.
O Brasil mesmo não permitia a concessão de patente para alimentos,
produtos químico farmacêuticos e medicamentos de qualquer espécie, nem
para os processos de obtenção destes bens.
Acordo Trips
As empresas farmacêuticas, por exemplo, desejavam que o maior número de
países seguisse normas iguais (ou muito semelhantes), que protegessem
seus inventos.
Com isso, controlariam a produção, o comércio e, portanto, o acesso a suas
invenções, garantindo os benefícios daí decorrentes. O assunto foi levado,
então, por pressão dos países desenvolvidos, para discussão no Acordo
Geral sobre Comércio e Tarifas (GATT - sigla em inglês), que anos depois “se
transformou” na OMC.
Acordo Trips
Assim, a inclusão da propriedade intelectual na esfera do comércio
internacional atendeu, sobretudo, aos interesses das grandes corporações,
que lutavam para ter o total controle de seus inventos.
A OMPI ainda existe, mas hoje seu papel limita-se à promoção do uso e à
proteção da propriedade intelectual, administrando 14 tratados internacionais
sobre o assunto , com exceção dos aspectos comerciais, que competem à
OMC.
Teor do Acordo Trips
O Acordo diz que a patente confere a seu detentor o direito exclusivo de
impedir que terceiros, sem autorização, produzam, usem e comercializem
(coloquem à venda, vendam ou importem ) uma invenção ou um modelo de
utilidade.
Para conseguir esse título, o objeto da patente - que pode ser um produto ou
um processo - tem que ser novo, envolver um passo inventivo e ser passível
de aplicação industrial. Com o TRIPS, os países membros da OMC
assumiram o compromisso de conceder patente para a invenção de um
produto ou patente para o processo (o meio de se obter o produto) em
qualquer campo, inclusive para medicamentos e alimentos - o que até então
muitas leis nacionais proibiam, por serem bens essenciais à vida.
Teor do Acordo Trips
O TRIPS admite que um país não conceda patente a uma invenção, caso
essa decisão vise proteger a ordem pública, a moralidade, a vida, a saúde
humana, animal e vegetal ou, ainda, para evitar prejuízos ao meio ambiente.
Mas, na prática, existe muita pressão dos países ricos e das grandes
corporações industriais para que sempre se reconheça o patenteamento do
maior número de produtos e processos.
O TRIPS prevê ainda um prazo de validade para as patentes, de no mínimo
20 anos, período durante o qual terceiros, sem a autorização do detentor da
patente, não poderão produzir, usar, vender ou colocar à venda, importar o
produto ou o processo patenteado .
Teor do Acordo Trips
Com isso, produtos patenteados, como os medicamentos, ficam sob o
controle de uma única empresa, que pode praticar preços altíssimos durante
esse longo período, até que a patente expire.
Só então outras empresas podem produzi-los, aumentando a concorrência
com a maior oferta do produto e a redução do preço.
O monopólio decorrente das patentes é prejudicial para os governos e os
cidadãos, especialmente dos países em desenvolvimento, como o Brasil, que
não possuem recursos suficientes para garantir o acesso da população aos
medicamentos. Além de o período de 20 anos ser excessivamente longo, as
empresas farmacêuticas ainda adotam estratégias para ampliar esse prazo -
pois, quanto maior a duração da patente, maiores serão os lucros.
Importantes alterações em 2021 na Lei 9.279/96
Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou internacional ou de interesse
público declarados em lei ou em ato do Poder Executivo federal, ou de
reconhecimento de estado de calamidade pública de âmbito nacional pelo
Congresso Nacional, poderá ser concedida licença compulsória, de ofício,
temporária e não exclusiva, para a exploração da patente ou do pedido de
patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular, desde que seu titular
ou seu licenciado não atenda a essa necessidade.
§ 1º O ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de vigência e a
possibilidade de prorrogação.
Importantes alterações em 2021 na Lei 9.279/96
§ 2º Nos casos previstos no caput deste artigo, o Poder Executivo federal
publicará lista de patentes ou de pedidos de patente, não aplicável o prazo de
sigilo previsto no art. 30 desta Lei, potencialmente úteis ao enfrentamento das
situações previstas no caput deste artigo, no prazo de até 30 (trinta) dias após a
data de publicação da declaração de emergência ou de interesse público, ou do
reconhecimento de estado de calamidade pública, excluídos as patentes e os
pedidos de patente que forem objetos de acordos de transferência da tecnologia
de produção ou de licenciamento voluntário capazes de assegurar o atendimento
da demanda interna, nos termos previstos em regulamento.
Importantes alterações em 2021 na Lei 9.279/96
(...)
Importantes alterações em 2021 na Lei 9.279/96
§ 18. Independentemente da concessão de licença compulsória, o poder
público dará prioridade à celebração de acordos de cooperação técnica e de
contratos com o titular da patente para a aquisição da tecnologia produtiva e
de seu processo de transferência.
Art. 71-A. Poderá ser concedida, por razões humanitárias e nos termos de
tratado internacional do qual a República Federativa do Brasil seja parte,
licença compulsória de patentes de produtos destinados à exportação a
países com insuficiente ou nenhuma capacidade de fabricação no setor
farmacêutico para atendimento de sua população.
(...)
Registros
O registro industrial se aplica às marcas e aos desenhos
industriais. Ambos serão registrados no INPI, que é uma
autarquia federal.
Desenho Industrial
Desenho industrial (design)
O desenho industrial diz respeito à forma dos objetos. Servirá
tanto para conferir ao objeto um ornamento ou uma aparência
harmoniosa como para distingui-lo de outros do mesmo gênero.
Diferencia-se do modelo de utilidade porque, ao contrário deste,
não guarda relação com a funcionalidade do objeto, possuindo
viés mais estético. Para ajudar a gravar, a doutrina salienta que
“o desenho industrial é ‘fútil’, o modelo de utilidade é útil”.
Desenho Industrial
Cadeira Barcelona
1929: Ludwig Mies van der Rohe e Lilly Reich.
Desenho Industrial
A cadeira Barcelona continua sendo uma das principais escolhas para saguões de escritórios corporativos e
residências de alto padrão em todo o mundo. Sua origem, no entanto, é muito mais ilustre.
Em 1929, o arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) colaborou com sua compatriota, a designer de
interiores Lilly Reich (1885-1947), no Pavilhão Alemão da Exposição Ibero-Americana de Barcelona. O pavilhão
deveria ser usado para a cerimônia de abertura da exposição e, assim, nenhum custo e nenhum esforço foram
poupados. Mármore, travertino, latão e espelhos foram usados para efeitos grandiosos, e, no interior calmo e
tranquilo, as cadeiras Barcelona, acompanhadas por otomanas, adquiriram uma presença monumental.
Essas cadeiras eram luxuosas e elegantemente modernas, combinando cromo refletivo com couro de porco cor de
mármore (as versões posteriores, em vez desse material, usaram geralmente couro bovino). Baixa, larga e
ligeiramente inclinada, a cadeira conseguia sugerir, ao mesmo tempo, conforto e formalidade, luxo e parcimônia.
Requisitos do Desenho Industrial
a) Novidade
O requisito da novidade (o mais importante), assim como ocorre com as
invenções e os modelos de utilidade, resta atendido quando o desenho
industrial objeto do pleito registral não estiver compreendido no estado
da técnica (art. 96 da LPI), sendo esse, repita-se, “constituído por tudo
aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido,
no Brasil ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio, ressalvado o
disposto no § 3º deste artigo e no art. 99” (§ 1º).
Requisitos do Desenho Industrial
b) Originalidade
Esse requisito estará presente quando do desenho industrial resultar
uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos
anteriores” (art. 97, LPI). O resultado original “poderá ser decorrente da
combinação de elementos conhecidos” (parágrafo único). Caso não se
consiga dar ao produto uma configuração distintiva, capaz de distingui-lo
dos demais, não se estará diante de um desenho industrial registrável,
uma vez que sua função é exatamente a de distinguir aquele produto
dos demais.
Requisitos do Desenho Industrial
b) Originalidade
Esse requisito estará presente quando do desenho industrial resultar
uma configuração visual distintiva, em relação a outros objetos
anteriores” (art. 97, LPI). O resultado original “poderá ser decorrente da
combinação de elementos conhecidos” (parágrafo único). Caso não se
consiga dar ao produto uma configuração distintiva, capaz de distingui-lo
dos demais, não se estará diante de um desenho industrial registrável,
uma vez que sua função é exatamente a de distinguir aquele produto
dos demais.
Requisitos do Desenho Industrial
c) Aplicação industrial
A lei não definiu expressamente quando o desenho industrial preenche o
requisito da aplicação industrial, mas se preocupou em afirmar que “não
se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente
artístico” (art.98, LPI), deixando de fora do âmbito de proteção legal dos
desenhos industriais as obras de arte. O importante é que seja
suscetível de industrialização.
Requisitos do Desenho Industrial
d) Licitude
Tal como em relação às patentes, a lei também enumera desenhos
industriais nãos registráveis, em razão de impedimentos legais.
Art. 100. Não é registrável como desenho industrial:
I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a
honra ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de
consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimentos dignos de
respeito e veneração;
Requisitos do Desenho Industrial
d) Licitude
II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela
determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.
O inciso II corrobora ainda mais a distinção entre modelo de utilidade e
desenho industrial, ao prever que, se a forma alcançada for decorrente
de considerações técnicas ou funcionais, em vez de estéticas, não será
passível de registro como desenho industrial.
Prazo de Proteção do Desenho Industrial
O prazo do registro do desenho industrial é de 10 anos, contados da
data do depósito. Esse prazo de 10 anos é prorrogável por 3 períodos
sucessivos de 5 anos cada. Ou seja, o tempo do prazo do registro do
desenho industrial poderá alcançar até 25 anos (10 anos + 3 períodos
sucessivos de 5 anos). Há uma taxa quinquenal devida ao INPI, para
assegurar a vigência do desenho industrial.
Prazo de Proteção do Desenho Industrial
Assim, ao contrário do que ocorre com o prazo de vigência das patentes,
o prazo de vigência do registro de desenho industrial pode ser
prorrogado. Esse pedido de prorrogação deve ser feito no último ano da
vigência do registro (art. 108, § 1º), com comprovação do recolhimento
da taxa ao INPI. Caso não seja feito até o término da vigência, o pedido
de prorrogação poderá ser realizado nos 180 dias subsequentes, mas,
em tal caso, será devida também uma retribuição adicional (art. 108, §
2º, da LPI).
Marca
A marca é um signo distintivo de um produto ou serviço. Trata-se de um
elemento que identifica o produto ou serviço. O Brasil, ao contrário de
outros países, não previu a possibilidade de registro de marca sonora,
olfativa ou gustativa, pois a lei exige que o sinal distintivo seja
visualmente perceptível.
Distintividade da marca
A marca, assim como o desenho industrial, possui a finalidade de
identificar determinado produto ou serviço do empresário, de modo a
distingui-lo dos demais. A marca deve ser, portanto, individualizadora do
produto ou serviço que identifica. É por isso que a lei não admite (art.
124 da LPI) o registro como marca de letra, algarismo e data,
isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva
(inciso II), sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou
simplesmente descritivo (inciso VI), cores e suas denominações, salvo
se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo (inciso VIII)
etc. (o art. 124 da LPI traz um rol extenso de sinais não registráveis
como marca).
Espécies de marca
O art. 123 da LPI descreve três espécies de marca:
a) marca de produto ou serviço, que é aquela “usada para distinguir
produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem
diversa”;
b) marca de certificação, que é “aquela usada para atestar a
conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou
especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza,
material utilizado e metodologia empregada” — marca registrada por
uma empresa certificadora e todos os empresários que atenderem às
especificações ou normas técnicas poderão utilizar a marca — Ex.:
Certificados ISO; e
Espécies de marca
c) marca coletiva, que é “aquela usada para identificar produtos ou
serviços provenientes de membros de uma determinada entidade”.
Apenas atesta que o empresário é da entidade X.
Geralmente, tanto as marcas certificadoras quanto as marcas coletivas
são boas para os empresários, porque asseguram para o público
consumidor certa qualidade do produto ou serviço.
A marca de produto ou serviço “representa a noção geral de marca que
todos nós possuímos, ou seja, que são usadas pelos empresários para
identificar os produtos ou serviços que comercializam ou produzem”
(CRUZ, 2014).
Espécies de marca
Quem registra essa marca é o próprio empresário que vai usá-la, valendo
destacar que ele precisa declarar que exerce a atividade à qual se relaciona a
marca “efetiva e licitamente, de modo direto ou por meio de empresas que
controlem direta ou indiretamente” (art. 128, § 1º, LPI).
A marca de certificação, por sua vez, “é aquela que atesta a qualidade de
determinado produto ou serviço conforme normas técnicas estabelecidas por
institutos especializados, os quais podem ser de natureza governamental ou
apenas credenciados pelos órgãos oficiais competentes” (CRUZ, 2014).
Quem registra essa marca é a própria certificadora, “pessoa sem interesse
comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado” (art. 128, § 2º),
e os empresários que atenderem seus requisitos poderão utilizá-la.
Espécies de marca
Por fim, a marca coletiva é aquela que atesta a proveniência de determinado
produto ou serviço. Ela indica ao consumidor, por exemplo, que os
empresários que a utilizam são membros de determinada associação, e que
seus produtos ou serviços estão em conformidade com as regulamentações
técnicas dessa entidade (CRUZ, 2014).
Quem registra essa marca é a própria entidade, “pessoa jurídica
representativa de coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de
seus membros” (art. 128, § 3º da LPI), e estes poderão usar a marca nos
termos do regulamento (exemplo: AMORANGO, que atesta que o produtor é
membro da Associação dos Agricultores Familiares Produtores de Morango
de Nova Friburgo).
Espécies de marca
Há outra classificação das marcas, quanto a sua forma de apresentação:
As marcas nominativas são criadas a partir de palavras e/ou números ou
combinação de palavras e números, sem nenhum elemento figurativo,
podendo ser expressões já existentes ou criações originais. As marcas
figurativas (...) são aquelas constituídas por desenhos, símbolos ou figuras
que apresentam configuração gráfica decorativa, incomum, não usual
[exemplo: a estrela da Mercedes]. As marcas mistas (...) são as que se
constituem por meio da combinação das duas espécies de marcas acima
mencionadas [exemplo: Coca-Cola]
Âmbito de proteção da marca
O princípio regente do âmbito de proteção das marcas é o princípio da
especialidade ou da especificidade, segundo o qual, em regra, a marca só é
protegida na respectiva classe de produtos ou serviços em que foi registrada.
Por tal razão, por exemplo, uma loja de sapatos poderia se valer da marca CP
Iuris, em que pese já estar devidamente registrada junto ao INPI.
Esmiuçando: o INPI tem uma tabela com vários códigos, cada código
representa uma classe de produto ou serviço, cabendo à pessoa que está
registrando a marca indicar em qual (quais) classe(s) está registrando a
marca.
Espécies de marca
Uma vez registrada, a proteção da marca ficará restrita àquela classe de
produtos ou serviços. Portanto, em princípio, nada impede que uma marca
igual ou muito parecida seja registrada por outro empresário, em uma classe
diferente de produtos ou serviços.
Exemplo: Odebrecht construtora x Odebrecht café.
Quanto à abrangência territorial, a proteção do registro da marca conferido
pelo INPI vale em todo o território nacional, ao contrário da proteção conferida
ao nome empresarial, que apenas vale no(s) território(s) da(s) Junta(s)
Comercial(is) em que houve sua inscrição.
Marca de Alto Renome
A exceção a esse princípio se dá em relação às marcas consideradas de alto
renome pelo INPI, que terão proteção especial, em todos os ramos de
atividade (art. 125 da LPI).
Quem decide se uma marca é de alto renome ou não é o INPI. Até 2013 a
autarquia entendia que essa análise só podia ser feita incidentalmente, como
matéria de defesa, quando da apresentação de oposição a pedido de registro
de marca de terceiro ou no processo administrativo de nulidade de registro de
marca de terceiro.
Marca Notoriamente conhecida
Não se deve confundir a marca de alto renome com a marca notoriamente
conhecida, disciplinada no art. 126 da LPI:
a marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art.
6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade
Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar
previamente depositada ou registrada no Brasil.
A diferença pode ser sintetizada da seguinte forma: a marca de alto renome
precisa ser registrada e gozará de proteção em todos os ramos de atividade,
já a marca notoriamente conhecida não precisa ser levada a registro, mas
terá proteção assegurada no mesmo ramo de atividade (observa princípio da
especialidade ou da especificidade da marca).
Marca Notoriamente conhecida
Complementando, a lei diz que o INPI “poderá indeferir de ofício pedido de
registro de marca que reproduza ou imite, no todo ou em parte, marca
notoriamente conhecida” (§ 2º).
Cabe ressaltar o recente entendimento do STJ no sentido de que o registro
de uma expressão como marca de alto renome não impede que essa mesma
expressão seja utilizada como nome de um edifício ou empreendimento
imobiliário, uma vez que estes não representam atividades empresariais, mas
sim atos da vida civil (REsp 1.804.960-SP, 24/09/2019, DJe 02/10/2019).
Prazo de Proteção do Registro da Marca
O prazo de vigência do registro de marca é de 10 (dez) anos, contados da
data de concessão, podendo ser prorrogado por períodos iguais e sucessivos,
nos termos do art. 133 da LPI. Assim, ao contrário do que ocorre com o prazo
de vigência das patentes, o prazo de vigência do registro de marca pode ser
prorrogado. Ademais, ao contrário do que ocorre com a prorrogação do prazo
de vigência do registro do desenho industrial, a prorrogação do prazo de
vigência do registro de marca não tem limite. A taxa, que é devida ao INPI, é
paga na concessão e a cada prorrogação. Feito o registro da marca, se ela
não for explorada, ou não tiver início nos 5 anos, haverá a caducidade do
registro. Caso uma marca é registrada no INPI e a empresa começa a
fabricá-lo no Brasil, mas esse produto só é vendido para o mercado externo,
nunca sendo comercializado internamente
Requisitos para o registro da marca
a) novidade relativa: significa que a marca é protegida, mas em princípio é
protegida apenas no segmento de atividade econômica explorada pelo titular.
Naquele segmento é protegida. Existem marcas que terão proteção em todos
os ramos, como as marcas de alto renome. Porém, geralmente, essa
proteção é apenas no segmento, inclusive em relação às marcas notórias
(notoriamente conhecidas);
b) não colidência com marca notória: marca notória é aquela não registrada
no INPI, mas que é tutelada pelo direito industrial, por meio da Convenção de
Paris (União de Paris). Nesse caso, a marca, ainda que não registrada no
INPI, merecerá a proteção;
Requisitos para o registro da marca
c) não incida em impedimentos: não é possível registrar como marca uma
arma de fabricação do exército e nem mesmo registrar nome civil, salvo com
autorização do seu titular. Para distinguir a marca de alto renome da marca
notória, esta última não tem registro no INPI. A marca de alto renome tem.
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