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desde 2016
Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery Laurindo Furquim — DIRETORES EDITORIAIS: Bruno D’Aurea Furquim — Rachel Furquim Marson — PRODUTOR
v. 1, n. 1 (jan./abr. 2015). – Maringá: Dental Press International, 2015. EDITORIAL: Júnior Bianchi — WORKFLOW EDITORIAL: Beatriz Almeida Lago Knupp, Caio dos Santos, Mariana Jati
Fernandes, Stéfani Rigamonte — PRODUÇÃO GRÁFICA E ELETRÔNICA: Gildásio Oliveira Reis Júnior, Hada Milena
Maller — REVISÃO / TRADUÇÃO: Ronis Furquim Siqueira — DEPARTAMENTO COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia
— WEBMASTER: Matheus da Cunha Otenio — EXPEDIÇÃO: Santhiago da Silva Chagas — RH: Rosana Araki. O Journal
Trimestral of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (ISSN 2358-2782) é uma publicação trimestral (quatro edições
ISSN 2358-2782 por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 - CEP 87.015-001 -
Maringá / PR - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões
nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são
de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: dental@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3033-9818.
1. Cirurgia Buco-maxilo-facial. I. Dental Press International.
CDD 21 ed. 617.605005 Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery
_______________________________________________________________________ Qualis/CAPES: B4 - Odontologia
CONSELHO EDITORIAL
Sylvio Luiz Costa de Moraes Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ / Centro Universitário São José - São José/RJ
Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO - Teresópolis/RJ
Jonathan Ribeiro Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO - Teresópolis/RJ
Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos Universidade de Pernambuco - FOP/UPE - Camaragibe/PE
Gabriela Granja Porto Universidade de Pernambuco - Recife/PE
José Rodrigues Laureano Filho Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Piracicaba/SP
Marcelo Marotta Araújo Universidade Estadual Paulista, Instituto de Ciência e Tecnologia - São José dos Campos/SP
CORPO EDITORIAL
Cirurgia Bucal
Alejandro Martinez Clínica particular - México
Andrezza Lauria de Moura Universidade Federal do Amazonas - UFAM - Manaus/AM
Cláudio Ferreira Nóia Faculdade Ciodonto - Porto Velho/RO
Luis Carlos Ferreira da Silva Universidade Federal de Sergipe - UFS - Aracaju/SE
Marcelo Marotta Araújo Universidade Estadual Paulista, Instituto de Ciência e Tecnologia - São José dos Campos/SP
Matheus Furtado de Carvalho Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - Juiz de Fora/MG
Implantes
Adrian Bencini Universidad Nacional de La Plata - Argentina
Clarice Maia Soares Alcântara Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fortaleza/CE
Darklilson Pereira Santos Universidade Estadual do Piauí - UESPI - Parnaíba/PI
Leonardo Perez Faverani Universidade Estadual Paulista - FOA/UNESP - Araçatuba/SP
Rafaela Scariot de Moraes Universidade Positivo - Curitiba/PR
Ricardo Augusto Conci Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE - Cascavel/PR
Rodrigo dos Santos Pereira Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO - Teresópolis/RJ
Trauma
Aira Bonfim Santos Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Florianópolis/SC
Florian Thieringer University Hospital Basel - Suíça
Leandro Eduardo Kluppel Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba/PR
Liogi Iwaki Filho Universidade Estadual de Maringá - UEM - Maringá/PR
Nicolas Homsi Universidade Federal Fluminense - UFF - Nova Friburgo/RJ
Otacílio Luiz Chagas Júnior Universidade Federal de Pelotas - UFPEL - Pelotas/RS
Raphael Capelli Guerra Universidade Metodista de São Paulo - São Bernardo do Campo/SP
Ricardo José de Holanda Vasconcellos Universidade de Pernambuco - FOP/UPE - Camaragibe/PE
Doenças da ATM
Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos Universidade de Pernambuco - FOP/UPE - Camaragibe/PE
Carlos E. Xavier dos Santos R. da Silva Instituto Prevent Senior – São Paulo/SP
Chi Yang Shanghai Jiao Tong University - China
Eduardo Hochuli Vieira Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - FOAR/Unesp - Araraquara/SP
Eduardo Seixas Cardoso Universidade Federal Fluminense - UFF - Niterói/RJ
Luis Raimundo Serra Rabelo Universidade Federal do Maranhão - UFMA - São Luís/MA
Patrícia Radaic Pastore Hospital Sírio Libanês - Instituto de Ensino e Pesquisa -São Paulo/SP
Sanjiv Nair Bangalore Institute of Dental Sciences - Índia
Patologias e Reconstruções
Darceny Zanetta Barbosa Universidade Federal de Uberlândia - UFU - Uberlândia/MG
Jose Sandro Pereira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Natal/RN
Martha Alayde Alcântara Salim Universidade Federal do Espírito Santo - UFES - Vitória/ES
Renata Pittella Universidade Federal do Espírito Santo - UFES-Vitória/ES
Ricardo Viana Bessa Nogueira Universidade Federal de Alagoas - UFAL - Maceió/AL
Rui Fernandes University of Florida - EUA
Revisores ad-hoc
Fernando Bastos Pereira Júnior Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS - Feira de Santana/BA
Joel Motta Júnior Universidade do Estado do Amazonas - UEA - Manaus/AM
João Carlos Birnfeld Wagner Santa Casa de Misericórdia - Porto Alegre/RS
Márcio de Moraes Universidade de Campinas - FOP/Unicamp - Piracicaba/SP
Sumário
4 Carta do Presidente
Marcelo Marotta Araújo
6 Editorial
Sylvio Luiz Costa de Moraes
Como citar: Araújo MM. Management 2021/2022 balance. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):4-5.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.004-005.crt
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 4 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):4-5
Carta do Presidente
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 5 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):4-5
Editorial
O OSCE e a avaliação
dos residentes de Cirurgia
Buco-Maxilo-Facial:
inferência de qualidade na
formação do especialista
Como citar: Moraes SLC. The OSCE and the evaluation of Oral and Maxillofacial Surgery residents: Inference of quality
in the training of the specialist. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):6-7.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.006-007.edt
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 6 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):6-7
Editorial
O OSCE também tem sido utilizado nos processos Assim, os alunos de graduação e/ou residentes
seletivos para Residência Médica. percorrem as estações de simulação de atendimento e
têm um período preestabelecido para realizar o exer-
Contudo, pode ser muito bem adaptado para a cício. Durante a aplicação, os candidatos são avaliados
avaliação de residentes em diversas especialidades, no por um ou mais professores ou instrutores.
decorrer dos programas.
Por meio de um checklist objetivo, também adaptado
O OSCE foi desenvolvido na Universidade de Dun- para a avaliação de residentes em diversas especialidades,
dee (Escócia) em 1975, pelo Dr. Ronald Harden e cola- são avaliados aspectos de conhecimentos técnicos, habili-
boradores, como uma ferramenta promissora para ava- dades com o paciente e raciocínio diagnóstico.
liação de competências clínicas. Nos dias atuais, ele é
utilizado internacionalmente nas profissões da área da Portanto, lançamos a proposta de introdução do
saúde, para avaliação de desempenho clínico, com uma OSCE, como ferramenta para avaliação de competên-
proposta humanista. cias clínico-cirúrgicas, aos coordenadores de programas
de Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Ma-
A proposta do exame foca em competências clíni- xilo-Facial alinhados com a proposta do Colégio Brasi-
co-cirúrgicas que vão além de testes objetivos. Assim, leiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.
ele realiza uma observação direta. Dessa forma, tem-se
a avaliação tradicional atrelada à capacidade de colher a
história clínica, a realização do exame físico e a execu-
ção de procedimentos.
No OSCE, o exame, um tipo de teste prático, é ba- Prof. Sylvio Luiz Costa de Moraes
seado na rotatividade dos avaliados. Por isso, é dividido Editor-Chefe do JBCOMS
por estações, que podem ser salas ou mesas. Nessas es- Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery
tações são simulados os atendimentos.
Referências:
1. van der Vleuten CPM, Schuwirth LWT. Assessing 3. Näpänkangas R, Harila V, Lahti S. Experienc- 5. Khan KZ, Gaunt K, Ramachandran S, Pushkar P.
professional competence from methods to pro- es in adding multiple-choice questions to an The Objective Structured Clinical Examination
grammes. Med Educ. 2005;39(3):309-17. objective structural clinical examination (OSCE) in (OSCE): AMEE Guide No81. Part II: Organization &
2. Casey PM, Goepfert AR, Espey EL, Hammoud MM, undergraduate dental education. Eur J Dent Educ. Administration. Med Teach. 2013;35(9):e1447-63.
Kaczmarczyk JM, Katz NT, et al. To the point: 2012;16(1):e146-50. 6. Patrício MF, Julião M, Fareleira F, Carneiro AV. Is the
reviews in medical education-the Objective Struc- 4. Khan KZ, Ramachandran S, Gaunt K, Pushkar P. OSCE a feasible tool to assess competencies in
tured Clinical Examination. Am J Obstet Gynecol. The Objective Structured Clinical Examination undergraduate medical education? Med Teach.
2009;200(1):25-34. (OSCE): AMEE Guide No81. Part I: An histor- 2013;35(6):503-14.
ical and theoretical perspective. Med Teach. 7. Parry DC. Manual para o OSCE. 1ª ed. Salvador:
2013;35(9):e1437-46. Editora Sanar, 2020. 144 p.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 7 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):6-7
Aquarium 3 ©
Maxillary
Total Arch Restoration Advancement with
Implant (Anterior Socket Grafting) (Implant Supported fixed bridge) Mandibular
Maxillary
Total Arch Restoration Advancement with
Implant (Anterior Socket Grafting) (Implant Supported fixed bridge) Maxillary
Mandibular
Total Arch Restoration Advancement with
Implant (Anterior Socket Grafting) (Implant Supported fixed bridge) Mandibular
Airway
Mandibular Obstruction
Airway Facial Asymmetry
AdvancementMandibular Adenoids
Obstruction (Maxilla & Mandible)
Facial Asymmetry
Advancement Airway
Adenoids (Maxilla & Mandible)
Mandibular Obstruction Facial Asymmetry
Advancement Adenoids (Maxilla & Mandible)
Maxillary
Advancement Maxillary
Anterior Tooth Implant TAD Two Arch Protraction Plate Maxillary
with Mandibular
Advancement
Advancement
Anterior ToothAnterior
Implant TAD Two Arch Protraction Plate with Mandibular
with Mandibular
Tooth Implant TAD Two Arch Protraction Plate
Mandibular
Adcancement
(CW rotation)
Mandibular
Mandibular
Adcancement
Adcancement
(CW rotation) rotation)
(CW
Curitiba te espera!
foto| unsplash@chrizeira
22 a 24 | JUNHO | 2023
CBCTBMF
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 14 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):14-5
CBCTBMF
Você tem ideia de quantos alunos foram alcan- O formato online gerou economia de recursos
çados? para o CBCTBMF?
A média de participação foi de 70 membros, o que Sim, de várias formas. Primeiro, nos deu acesso a
nos mostra que, em 17 eventos de Educação Conti- aulas com professores estrangeiros sem custos de des-
nuada, um número maior do que o de membros do locamento, o mesmo ocorreu dentro do Brasil. Em se-
Colégio foi alcançado pelos eventos online. gundo lugar, tanto a diretoria quanto os coordenadores
de Capítulo usaram a plataforma digital para reuniões
O número de participantes aumentou no for- e para educação continuada, o que permitiu que cada
mato online? membro da Diretoria e dos Capítulos participasse sem
Sim, e novos membros foram agregados ao Co- deslocamentos. A plataforma também permitiu patrocí-
légio, demonstrando que o programa é um sucesso nios que praticamente cobriram os custos da assinatura
e deve ser mantido, para benefício dos membros. da plataforma e, assim, além de promover conhecimento
A produção de conhecimento na especialidade é mui- para os membros, foi autossustentável.
to grande e, com a educação continuada, os membros
têm acesso aos temas mais relevantes para a especia-
lidade naquele ano. Algo interessante foi observado
no último COBRAC de Florianópolis: o número de co-
legas interagindo com palestrantes a respeito de as-
suntos que foram tratados na Educação Continuada
e que atraíram a atenção para palestras no COBRAC.
Os membros receberam as informações na Educação
Continuada e, durante o COBRAC, puderam intera-
Como citar: Oliveira RB. Interview with Rogério Belle de Oliveira. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg.
gir diretamente com os professores. Isso também é 2022 Jul-Sep;8(3):14-5. DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.014-015.col
um ponto positivo a ser destacado.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 15 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):14-5
Entrevista
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 16 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):16-7
Mattos CT, Ribeiro J
comparadas em nossas pesquisas, porque muitas das dife- compreensão de conceitos básicos da Estatística, para
renças estatísticas encontradas nas pesquisas publicadas que se possa definir com que tipo de variáveis se está
não são clinicamente relevantes. Qual seria, por exemplo, a trabalhando e quais são as variáveis dependentes e in-
relevância clínica de se observar uma diferença estatística de dependentes, ou seja, qual é especificamente a pergun-
0,01 mm entre as alturas faciais de pacientes submetidos a ta principal que a pesquisa está tentando responder.
dois diferentes tipos de intervenção? Apesar de o p-valor ter Além disso, é necessário saber ou prever se os dados
sido menor do que 0,05, seria uma diferença clinicamente ir- coletados terão distribuição normal e se os dados são
relevante? Então, essas questões precisam ser levantadas e independentes ou pareados.
discutidas, e não somente se buscar uma diferença estatística Por vezes, nesse momento, o pesquisador desiste
que justifique a opção por determinada conduta clínica. e resolve enviar seus dados para um estatístico. Porém,
Esse tem sido o motivo para que se indique a apre- para conseguir executar o teste adequado, o estatístico
sentação do intervalo de confiança dessa diferença média, precisará que o pesquisador defina as respostas para
em complemento ou mesmo em substituição ao p-valor. muitas dessas perguntas. E, ainda que um estatístico ou
Isso porque o intervalo de confiança também permite que empresa auxilie nessa tarefa, o pesquisador ainda precisa
se tome uma decisão em relação a aceitar ou refutar a hi- de um mínimo conhecimento estatístico para interpre-
pótese nula e, além disso, permite uma discussão a respei- tar e discutir os resultados.
to da magnitude da diferença. É por esse motivo que incentivamos alunos de gra-
duação, de pós-graduação, pesquisadores e mesmo clíni-
Hoje, a estatística inferencial conta com importan- cos leitores de publicações científicas a se familiarizarem
tes aliados, imagináveis há alguns anos, para facili- com a Estatística Descritiva e a Estatística Inferencial,
tar a análise dos dados. Quais estão ao alcance dos para que possam ler criticamente os artigos científicos
pesquisadores e merecem ser destacados? publicados e pesquisas apresentadas em eventos, anali-
A Estatística é uma ferramenta extremamente útil na sando, de fato, os resultados encontrados e podendo ti-
tomada de decisão na área da Saúde, mas precisa ser bem rar suas próprias conclusões.
empregada. Eu tenho sido professora de uma disciplina de A tomada de decisão na prática clínica é sempre mais
bioestatística para a pós-graduação em Odontologia há al- adequada quando baseada em evidência científica de qua-
guns anos e, apesar de, a cada ano, perceber o quanto esses lidade. Hoje, muitos citam artigos científicos nas redes so-
conceitos são difíceis de assimilar pelos nossos alunos e pes- ciais para apoiar suas opções por determinados tratamen-
quisadores, fico feliz em ver o quanto evoluímos em ferra- tos e intervenções, mas nem sempre esses artigos estão
mentas embasadas disponíveis para a aplicação da Estatística sendo bem analisados ou se está coletando a melhor ou
Inferencial nas nossas pesquisas. maior parte da evidência disponível na literatura.
Hoje, utilizamos um software totalmente gratuito, Por isso, prosseguimos confiantes na nossa missão
o JAMOVI, com interface extremamente amigável para a de instruir nossos alunos, para que esses se tornem me-
maior parte das nossas análises — o que há alguns anos lhores pesquisadores e melhores clínicos e professores.
seria impensável. Temos no YouTube canais como o Canal
Pesquise, do professor Heitor Marques Honório (USP de
Bauru), e tutoriais em vídeo que explicam e exemplificam
de forma simples a utilização desse software e a interpreta-
ção dos resultados, o que normalmente é a parte mais difí- Como citar: Mattos CT, Ribeiro J. Interview with Claudia Trindade Mattos. J Braz Coll Oral Maxillofac
cil. Assim, os pesquisadores da área da Saúde têm, hoje, a Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):16-7.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.016-017.ent
possibilidade de realizar sua própria análise estatística ou,
Enviado em: 19/09/2022 - Revisado e aceito: 30/09/2022
ao menos, compreender o que estão aplicando, e interpre-
tar de forma correta seus resultados.
Entrevistador:
A pergunta mais frequente: Qual teste estatístico Prof. Dr. Jonathan Ribeiro
devo utilizar na minha pesquisa?
- Editor-Chefe Associado do JBCOMS -
Responder a essa pergunta não é tão simples, por- Journal of the Brazilian College of Oral
que a resposta depende de vários fatores e requer a and Maxillofacial Surgery.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 17 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):16-7
Artigo Original
RESUMO
Objetivo: O objetivo do presente estudo foi analisar o atual mercado de trabalho para
cirurgiões buco-maxilo-faciais no Brasil, tendo como foco o atendimento ao trauma de
face. Material e Métodos: A coleta de dados foi realizada por meio de contato tele-
fônico com hospitais de cidades com mais de 100 mil habitantes em todo o território
nacional. Resultados: A análise dos dados evidenciou a baixa presença de cirurgiões
buco-maxilo-faciais nos prontos-socorros do país. Entre os hospitais que realizam aten-
dimento de trauma de face, apenas 8,83% contam hoje com a presença do cirurgião
buco-maxilo-facial no pronto-socorro. Além disso, entre as especialidades responsáveis
por receber a vítima de trauma de face, o cirurgião buco-maxilo-facial representa so-
mente 4,89%, quando comparado a outras especialidades. Conclusão: Esses resulta-
dos suportam a conclusão de necessidade de políticas de fortalecimento da especia-
lidade, para maior inserção dos cirurgiões buco-maxilo-faciais nos prontos-socorros,
considerando que é de competência dessa especialidade o tratamento de lesões de ori-
gem traumática na região buco-maxilo-facial.
1
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia, Departamento de Clínica, Como citar: Boos-Lima FBDJ, Mendes TAS, Batista ILM, De-Brito AA, De-Moraes SLC, Lima-Ju-
Patologia e Cirurgia Odontológicas (Belo Horizonte/MG, Brasil). nior SM. Analysis of the job market for oral and maxillofacial surgeons in Brazil. J Braz Coll Oral
2
Clínica privada (Belo Horizonte/MG, Brasil). Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26.
3
Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia (Belo Horizonte/MG, Brasil). DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.018-026.oar
4
Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ / Centro Universitário São José - São José/RJ
Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO - Teresópolis/RJ.
Enviado em: 17/06/2020 - Revisado e aceito: 17/08/2022
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, Endereço para correspondência: Fernanda Brasil Daura Jorge Boos-Lima
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. E-mail: fernandabrasilboos@hotmail.com; iancabatsta07@gmail.com
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 18 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Boos-Lima FBDJ, Mendes TAS, Batista ILM, De-Brito AA, De-Moraes SLC, Lima-Junior SM
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 19 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Análise do mercado de trabalho para cirurgiões buco-maxilo-faciais no Brasil
Outras causas de trauma facial são acidentes de tra- as relacionadas ao trauma e à violência, instituiu-se a
balho e violência interpessoal. Os acidentes de trabalho Política Nacional de Atenção às Urgências, por meio da
ocorreram preponderantemente entre os homens, com Portaria nº 1.863/GM, em 29/9/2003. Essa política foi
percentual de 5,1%, enquanto entre as mulheres esse implantada em todas as unidades federativas, respei-
percentual foi de 1,9%. Já no grupo com idades entre 18 tadas as competências das três esferas da gestão. Ficou
e 39 anos, esse percentual foi de 4,4%. estabelecido que o sistema deve ser organizado de modo
A violência, em suas mais variadas facetas, pode ser que permita, entre outros: fomentar, coordenar e execu-
identificada tanto no espaço público quanto no priva- tar projetos estratégicos de atendimento às necessidades
do. Uma das formas de prevenir e combater a violência coletivas de saúde; e contribuir para o desenvolvimento
é monitorar, dar visibilidade e disseminar informações de processos e métodos de coleta, análise e organização
sobre o problema, de modo a orientar os esforços das au- dos resultados das ações e serviços de urgência. A im-
toridades públicas e da sociedade civil. plantação de Serviços de Atendimento Móvel de Ur-
No Brasil, 3,1% das pessoas com 18 anos de idade gência (SAMU - 192), em municípios e regiões de todo
ou mais sofreram alguma violência ou agressão de pes- território brasileiro, constituiu-se na primeira etapa da
soa desconhecida nos últimos 12 meses anteriores à Política Nacional de Atenção às Urgências, por meio da
data da entrevista da PNS. Esse percentual foi maior en- Portaria nº 1.864/GM, de 29/9/2003.
tre os homens (3,7%) do que entre as mulheres (2,7%), e
diminuiu à medida que a idade aumentou4. MÉTODOS
As desigualdades sociais, a baixa escolaridade e, O presente estudo compreende um modelo trans-
consequentemente, a falta de oportunidades de empre- versal descritivo, no qual a coleta de dados foi realizada
go e renda têm gerado uma sociedade violenta. Frente à por via telefônica, junto aos hospitais de todo território
necessidade, no setor de Saúde, de se definir uma política nacional, de caráter público ou privado, nas cidades com
decisiva para reduzir a morbimortalidade por acidentes e 100.000 habitantes ou mais, entre os meses de fevereiro
violências, foi aprovada, em 16 de maio de 2001, e pos- a dezembro de 2019.
teriormente publicada no Diário Oficial da União, uma Foram coletadas as seguintes informações:
Portaria visando um conjunto de ações articuladas e siste- 1. O hospital realiza atendimento buco-maxilo-facial
matizadas, a fim de contribuir para a qualidade de vida da eletivo?
população. Uma das diretrizes prioritárias estabelecidas foi 2. O hospital realiza atendimento a pacientes vítimas
o monitoramento da ocorrência de acidentes e violências, de trauma de face?
mediante a: promoção de auditoria da qualidade de infor- 3. Qual especialista recebe as vítimas de trauma de
mação dos sistemas; padronização de fichas de atendimen- face?
to, de forma a fornecer o perfil epidemiológico do paciente 4. Existe cirurgião buco-maxilo-facial no pronto-so-
atendido; e criação de um banco de dados, visando à união corro?
de esforços e à otimização de recursos disponíveis. 5. Existe cirurgião buco-maxilo-facial de sobreaviso?
Em 5 de novembro de 2002, foi publicada pelo Foram incluídos no estudo somente hospitais de
Ministério da Saúde a Portaria GM/MS 2.048, criando múltiplas especialidades, sendo excluídos da análise
o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Ur- aqueles hospitais que possuem enfoque em apenas uma
gência e Emergência, considerando a área de urgência e área ou especialidade, como hospitais exclusivamente
emergência como um importante componente de assis- oftalmológicos, maternidades e centros de diagnóstico e
tência à saúde. Esse regulamento estabeleceu princípios tratamento do aparelho gastrointestinal.
e diretrizes, como: normas e critérios de funcionamento;
classificação e cadastramento de serviços; regulação mé- RESULTADOS
dica; atendimento pré-hospitalar fixo e móvel; atendi- Foram realizadas ligações telefônicas para 1.882 hos-
mento hospitalar, com diferentes classificações das uni- pitais de cidades com mais de 100 mil habitantes, em todas
dades hospitalares, conforme a complexidade; e, ainda, a as regiões do país. Entre esses, 156 eram hospitais dedica-
criação de núcleos de educação em urgências. dos a apenas uma especialidade, não sendo incluídos no es-
Em 2003, considerando o quadro brasileiro de mor- tudo. O banco de dados final contabilizou um total de 1.726
bimortalidade relativo a todas as urgências, inclusive hospitais. Entre esses, 1.428 responderam à pesquisa.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 20 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Boos-Lima FBDJ, Mendes TAS, Batista ILM, De-Brito AA, De-Moraes SLC, Lima-Junior SM
Entre as regiões brasileiras, a região Sudeste foi a no Nordeste, 16,69%; no Centro-Oeste, 10,71%; no Su-
que apresentou maior número de hospitais que reali- deste, 6,10%; e na região Sul, somente 4,95%.
zam atendimento de trauma de face (54,71%), seguida Os gráficos 1 a 5 apresentam o perfil de cada região
pelas regiões Sul (50,62%), Nordeste (46,44%), Nor- para as seguintes informações coletadas: se realiza aten-
te (40,87%) e Centro-Oeste (35,89%). dimento eletivo em cirurgia buco-maxilo-facial, se realiza
A região Sudeste também liderou a porcentagem atendimento para trauma de face, se o CBMF está presente
de hospitais que realizam atendimento buco-maxilo-fa- no pronto-socorro e se existe CBMF de sobreaviso.
cial (BMF) eletivo, representando 35,41%. Na sequência, Em relação ao especialista que recebe as vítimas
vieram as regiões Nordeste (33,82%), Sul (29,28%), Nor- de trauma de face no pronto-socorro, os da Clínica
te (26,27%) e Centro-Oeste (14,74%). Médica e da Ortopedia foram os que mais se desta-
Quanto à presença de cirurgião buco-maxilo-fa- caram em todas as regiões. Já o CBMF recebe os pa-
cial (CBMF) nos prontos-socorros (PS) para atendi- cientes vítimas de trauma de face em 7,14% dos pron-
mento as vítimas de trauma de face, os dados foram tos-socorros nas regiões Norte e Centro-Oeste, vindo,
alarmantes: na região Norte, 25% dos hospitais apre- na sequência, as regiões Nordeste (6,34%), Sudeste
sentam CBMF para atendimento no pronto-socorro; (5,03%) e Sul (0,82%), respectivamente.
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Análise do mercado de trabalho para cirurgiões buco-maxilo-faciais no Brasil
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 22 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Boos-Lima FBDJ, Mendes TAS, Batista ILM, De-Brito AA, De-Moraes SLC, Lima-Junior SM
Os gráficos 6 a 10 mostram quais são os especia- dem vítimas de trauma de face e em 8,83% deles existe
listas que recebem os pacientes com trauma de face nos CBMF no pronto-socorro para atender esses casos.
prontos-socorros, por região. Os hospitais que realizam atendimento eletivo em
Em uma perspectiva nacional, os dados seguem o Cirurgia Buco-Maxilo-Facial representam 32,49% das ins-
mesmo padrão, isto é, apenas 51,54% dos hospitais aten- tituições.
Outros
Ortopedista
Cirurgião geral
Buco-Maxilo-Facial
Outros
Pediatra
Ortopedista
Clínico geral
Cirurgião geral
Buco-Maxilo-Facial Traumatologista
Gráfico 7: Quais especialistas recebem as víti-
mas de trauma de face (NORDESTE).
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 23 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Análise do mercado de trabalho para cirurgiões buco-maxilo-faciais no Brasil
Outros
Ortopedista
Clínico geral
Cirurgião geral
Buco-Maxilo-Facial Traumatologista
Gráfico 8: Quais especialistas recebem as víti-
mas de trauma de face (CENTRO-OESTE).
Outros
Ortopedista
Cirurgião geral
Buco-Maxilo-Facial
Clínico geral
Pediatra
Ortopedista
Cirurgião geral
Clínico geral
Buco-Maxilo-Facial
Traumatologista
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 24 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Boos-Lima FBDJ, Mendes TAS, Batista ILM, De-Brito AA, De-Moraes SLC, Lima-Junior SM
Os gráficos 11 e 12 mostram as médias nacionais do atendimento de trauma e o especialista que recebe as vítimas,
respectivamente.
Outros
Ortopedista
Cirurgião geral
Clínico geral
Buco-Maxilo-Facial
Traumatologista
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 25 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Análise do mercado de trabalho para cirurgiões buco-maxilo-faciais no Brasil
DISCUSSÃO CONCLUSÃO
Os dados coletados no presente estudo revelam a Esse estudo apoia a necessidade do desenvolvi-
baixa presença do cirurgião buco-maxilo-facial (CBMF) mento de políticas visando regulamentar e garantir a
nos prontos-socorros de todo país, principalmente na presença do cirurgião buco-maxilo-facial nos hospitais
região Sul. Tal dado contrasta com a quantidade de cirur- que recebem pacientes vítimas de trauma de face em
giões de sobreaviso na mesma região, o que indica que todo o território nacional, gerando emprego e atendi-
ainda há pouco espaço para o CBMF no primeiro aten- mento especializado à população.
dimento ao paciente traumatizado, mesmo em regiões
com mais acesso aos sistemas de saúde.
Sendo da competência do CBMF o atendimento e ABSTRACT
tratamento das lesões de origem traumática na área buco- Analysis of the job market for oral and
-maxilo-facial — visto que é pilar fundamental o profun- maxillofacial surgeons in Brazil
do conhecimento da oclusão, vetores de distribuição de Objective: The aim of this study was to analyze the
forças, áreas de resistência e fragilidade, e a dinâmica do current job market for oral and maxillofacial surgeons
processo mastigatório e articular —, consideramos neces- in Brazil, focusing on facial trauma care. Methods:
sária a inserção desse profissional em todo hospital de ur- Data collection was carried out through telephone con-
gência e emergência com atendimento a pacientes vítimas tact with hospitals in cities with more than 100,000
de traumatismo facial, desde o primeiro atendimento. inhabitants throughout the country. Results: Data
Essas informações demonstram que há uma grande analysis demonstrated the low presence of oral and
necessidade de informar e esclarecer as autoridades po- maxillofacial surgeons in emergency rooms in the coun-
líticas, gestores de saúde e administrações hospitalares try. Among the hospitals that provide care for facial
quanto à importância de incorporar o CBMF como parte trauma, only 8.83% currently have the presence of an
do corpo clínico do pronto-socorro. A falta do profissio- oral and maxillofacial surgeon in the emergency room.
nal adequado para o caso pode comprometer o tratamen- In addition, among the specialties responsible for receiv-
to e a evolução do paciente, resultando em menor qua- ing the victim of facial trauma, the oral and maxillo-
lidade do serviço prestado, seja ele público ou privado. facial surgeon represents only 4.89%, when compared
Portanto, investir em um serviço de cirurgia e trau- to other specialties. Conclusion: These results support
matologia buco-maxilo-facial, tanto para atendimento the need for policies to strengthen the specialty and for
emergencial quanto para procedimento eletivo, em to- greater inclusion of oral and maxillofacial surgeons in
dos os hospitais gerais do país representa uma melho- emergency rooms, as treating maxillofacial traumatic
ria no mercado de trabalho e valorização da profissão. injuries is the responsibility of this specialty.
Ademais, tal investimento irá agregar aos prontos aten-
dimentos maior eficiência e segurança para o paciente, Keywords: Surgery, oral. Orthognathic surgical pro-
colocando, assim, os serviços de saúde do Brasil em um cedures. Job market.
patamar mais elevado de qualidade assistencial.
Referências:
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br]63-2005.pdf visualizacao/livros/liv94074.pdf
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 26 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):18-26
Artigo Original
RESUMO
Como citar: Marques AL, Barros RLN, Guimarães ASA, Rodrigues LLFR. Factors associated with
anxiety and TMD manifestation among undergraduate dental students. J Braz Coll Oral Maxillofac
Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33. DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.027-033.oar
1
São Leopoldo Mandic, Centro de Pesquisas Odontológicas (Campinas/SP, Brasil).
2
Faculdade de Imperatriz, Departamento de Odontologia (Imperatriz/MA, Brasil). Enviado em: 10/06/2021 - Revisado e aceito: 29/09/2022
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, Endereço para correspondência: André Luiz Marques
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. E-mail: andrelm76@hotmail.com
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 27 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Fatores associados à ansiedade e manifestação de DTM entre estudantes de graduação em Odontologia
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 28 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Marques AL, Barros RLN, Guimarães ASA, Rodrigues LLFR
O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) foi Análises multivariadas para identificação dos fatores
feito segundo as vertentes de Estado e Traço de ansieda- associados ao perfil de ansiedade Elevado ou Muito Eleva-
de9,10. O estado reflete uma reação transitória diretamente do (segundo avaliação pelos questionários IDATE-Estado e
relacionada a uma situação de adversidade em que se apre- IDATE-Traço) foram realizadas por regressão logística mul-
senta em dado momento. O traço de ansiedade, por sua tivariada. Medidas de associação (razão de chances, OR) e
vez, denota o aspecto mais estável, relacionado à propen- intervalos de confiança de 95% (IC 95%) foram calculados
são do indivíduo lidar com maior ou menor ansiedade ao para as variáveis independentes que apresentaram valor de
longo de sua vida. Cada questionário foi composto por 20 p<0,25. Associações estatisticamente significativas foram
afirmações, diante das quais o participante foi orientado obtidas quando p<0,05.
a emitir a resposta que mais se aproximava da condição
atual, sem que houvesse tempo em demasia para respon- RESULTADOS
der cada alternativa. As vertentes de Estado e Traço de Na Tabela 1 são apresentados os valores de media-
ansiedade foram categorizadas, segundo a classificação na das variáveis DTM, IDATE-Estado e IDATE-Traço,
original, em Baixa/branda (até 34 pontos), Moderada (35 a segundo o momento de avaliação. Não foram observa-
49 pontos), Elevada/grave (50 a 64 pontos) e Muito Eleva- das diferenças estatisticamente significativas (p>0,05)
da/Pânico (65 a 80 pontos). As vertentes estado-traço Bai- entre a mediana dos escores dos questionários de
xa e Moderada, bem como Elevada e Muito Elevada, foram DTM, IDATE-Estado e IDATE-Traço, de acordo com o
mescladas, com o objetivo de favorecer a análise estatística. momento de avaliação (antes e durante o período de
provas) (Tab. 1).
Análise estatística Na Tabela 2 é apresentada a distribuição dos par-
Os dados foram tabulados e analisados no softwa- ticipantes quanto à presença de sinais e sintomas de
re IBM-SPSS (IBM-SPSS, v. 24, IBM, Chicago, IL). Após DTM, estado (IDATE-Estado) e traço (IDATE-Traço) de
análise exploratória, os escores de avaliação da DTM, ansiedade, segundo o momento de avaliação. Obser-
IDATE-Estado e IDATE-Traço foram analisados des- vou-se maior frequência de participantes com indicativo
critivamente, para obtenção da mediana e intervalo de de DTM nos três momentos de avaliação. Observou-se
confiança de 95%, segundo o momento de avaliação. maior frequência de estado e traço moderado de ansieda-
Comparações estatísticas foram realizadas pelo teste de de. Não foram observadas associações estatisticamente
Kruskal-Wallis, ao nível de significância de p<0,05. significativas com o momento de avaliação (Tab. 2).
Em seguida, as variáveis dos questionários de ansie- Foram observadas associações estatisticamente sig-
dade (IDATE-Estado e IDATE-Traço) foram categoriza- nificativas entre o estado de ansiedade (IDATE-Estado) e
das como ‘Baixa a Moderada’ e ‘Elevada a Muito elevada’, as variáveis Faixa Etária e DTM (Tab. 3). O traço de an-
para análise bivariada dos fatores associados, utilizan- siedade (IDATE-Traço) foi associado significativamente
do-se o teste do qui-quadrado (p<0,05). ao sexo e à presença de DTM (Tab. 3).
Tabela 1: Mediana e intervalo de confiança dos escores dos questionários de DTM, IDATE-Estado e IDATE-Traço, segundo o momento de avaliação.
Comparações estatísticas realizadas pelo teste de Kruskal-Wallis.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 29 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Fatores associados à ansiedade e manifestação de DTM entre estudantes de graduação em Odontologia
Tabela 2: Frequência dos participantes de estudo quanto à presença de sinais e sintomas de DTM, estado (IDATE-Estado) e traço (IDATE-Traço) de ansie-
dade, segundo o momento de avaliação. Comparações estatísticas realizadas pelo teste do qui-quadrado.
Momento de avaliação
Antes do período de provas 1ª avaliação 2ª avaliação
p
n % n % n %
Sem sinais ou sintomas de DTM 69 33,3 61 31,0 50 31,1
DTM 0,849
Indicativo de DTM 138 66,7 136 69,0 111 68,9
Baixa ou Branda 5 2,4 4 2,0 0 0,0
IDATE- Moderada 175 84,5 159 80,7 126 78,3
0,085
Estado Elevada ou Grave 27 13,0 34 17,3 35 21,7
Muito Elevada ou Pânico 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Baixa ou Branda 0 0,0 3 1,5 2 1,2
IDATE- Moderada 136 65,7 125 63,5 106 65,8
0,319
Traço Elevada ou Grave 71 34,3 67 34,0 50 31,1
Muito Elevada ou Pânico 0 0,0 2 1,0 3 1,9
Total 207 100,0 197 100,0 161 100,0
Tabela 3: Distribuição dos acadêmicos de Odontologia quanto à classificação* de ansiedade segundo os questionários IDATE-Estado e IDATE-Traço. Fre-
quências absolutas e relativas foram expressas de acordo com o momento da avaliação, sexo, faixa etária, período do curso e sinais e sintomas de DTM.
IDATE-Estado IDATE-Traço
Baixa a Elevada a Baixa a Elevada a
Moderada Muito Elevada p Moderada Muito Elevada p
n % n % n % n %
Feminino 327 57,9% 75 13,3% 240 42,5% 162 28,7%
Sexo 0,098 <0,001
Masculino 142 25,1% 21 3,7% 132 23,4% 31 5,5%
16 a 20 anos 174 30,8% 39 6,9% 138 24,4% 75 13,3%
Faixa
21 a 25 anos 209 37,0% 50 8,8% 0,028 163 28,8% 96 17,0% 0,060
etária
Acima de 25 anos 86 15,2% 7 1,2% 71 12,6% 22 3,9%
Iniciante/Básico
137 24,2% 21 3,7% 110 19,5% 48 8,5%
(semestres 1 a 3)
Perío-
Intermediário
do de 174 30,8% 41 7,3% 0,323 145 25,7% 70 12,4% 0,192
(semestres 4 a 6)
curso
Avançado
158 28,0% 34 6,0% 117 20,7% 75 13,3%
(semestres 7 a 9)
Sem sinais ou sinto-
158 28,0% 22 3,9% 142 25,1% 38 6,7%
DTM mas de DTM 0,039 <0,001
Indicativo de DTM 311 55,0% 74 13,1% 230 40,7% 155 27,4%
p = significância estatística. Associações estatisticamente significativas foram verificadas pelo teste do qui-quadrado (p < 0,05). *As categorias Baixa e
Muito Elevada foram mescladas, respectivamente, às categorias Moderada e Elevada, por causa da reduzida frequência de observações. Essa classificação
difere da original proposta pelo questionário IDATE-Estado e IDATE-Traço.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 30 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Marques AL, Barros RLN, Guimarães ASA, Rodrigues LLFR
A regressão logística multivariada demonstrou que apresentaram maiores chances de ter traço de ansiedade
acadêmicos de Odontologia do sexo masculino (OR = 0,613, elevado ou muito elevado (Tab. 4).
IC 95% = 0,486-0,772) e com faixa etária acima de 25 anos O estado elevado ou muito elevado de ansiedade foi
(OR = 0,570, IC 95% = 0,394-0,826) apresentaram menor verificado entre acadêmicos de Odontologia que se en-
chance de ter traço de ansiedade elevada ou muito eleva- contravam em período de provas (OR = 1,279, IC 95% =
da, segundo o questionário IDATE-Traço (Tab. 4). Por ou- 1,001-1633) (Tab. 5). Indivíduos com faixa etária acima de
tro lado, os indivíduos cursando os últimos semestres 25 anos (OR = 0,570, IC 95% = 0,394-0,826) apresentaram
(OR = 1,411, IC 95% = 1,049-1,899) e que apresentavam menor chance de ter estado de ansiedade elevada ou muito
indicativo de DTM (OR = 1,440, IC 95% = 1,163-1,784) elevada, segundo o questionário IDATE-Estado (Tab. 5).
Tabela 4: Regressão logística multivariada, para verificar fatores associados aos traços de ansiedade elevado ou muito elevado, segundo o questionário
IDATE-Traço, aplicado a alunos de graduação em Odontologia.
Erro IC 95%
Variáveis B p OR
Padrão Inferior Superior
Sexo Masculino - 0,490 0,118 <0,001 0,613 0,486 0,772
1,000
16 a 20 anos 0,011
(referência)
Faixa etária
21 a 25 anos 0,165 0,139 0,235 1,179 0,898 1,548
> 25 anos - 0,562 0,189 0,003 0,570 0,394 0,826
1,000
Semestres 1 a 3 0,066
Período do (referência)
curso Semestres 4 a 6 - 0,155 0,130 0,234 0,856 0,663 1,106
Semestres 7 a 9 0,345 0,152 0,023 1,411 1,049 1,899
Avaliação
Indicativo de DTM 0,365 0,109 0,001 1,440 1,163 1,784
de DTM
B = Coeficiente de regressão; p = significância estatística; OR = Odds Ratio (razão de chances); IC 95% = Intervalo de confiança 95%.
Tabela 5: Regressão logística multivariada para verificar fatores associados ao estado de ansiedade elevado ou muito elevado, segundo o questionário
IDATE-Estado, aplicado a alunos de graduação em Odontologia
Erro IC 95%
Variáveis B p OR
Padrão Inferior Superior
Momento Durante período de provas 0,246 0,125 0,049 1,279 1,001 1,633
1,000
16 a 20 anos 0,019
(referência)
Faixa etária
21 a 25 anos 0,271 0,186 0,147 1,311 0,909 1,889
> 25 anos -0,777 0,280 0,006 0,460 0,265 0,796
1,000
Semestres 1 a 3 0,139
Período do (referência)
curso Semestres 4 a 6 0,191 0,156 0,220 1,211 0,892 1,644
Semestres 7 a 9 0,219 0,188 0,244 1,245 0,861 1,801
Avaliação
Indicativo de DTM 0,247 0,133 0,062 1,280 0,988 1,660
de DTM
B = Coeficiente de regressão; p = significância estatística; OR = Odds Ratio (razão de chances); IC 95% = Intervalo de confiança 95%.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 31 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Fatores associados à ansiedade e manifestação de DTM entre estudantes de graduação em Odontologia
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 32 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Marques AL, Barros RLN, Guimarães ASA, Rodrigues LLFR
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 33 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):27-33
Artigo Original
LAURA BRAGA FIGUEIREDO1 | ADRIANO AUGUSTO BORNACHI DE SOUZA1 | LUIZA LAMOUNIER CARDOSO2 |
LAURA CALDAS NETO2 | MARCIO BRUNO FIGUEIREDO AMARAL1 | RAYSSA NUNES VILLAFORT1
RESUMO
1
Hospital São Francisco de Assis, Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Fa- Como citar: Figueiredo LB, Souza AAB, Cardoso LL, Caldas Neto L, Amaral MBF, Villafort RN.
cial (Belo Horizonte/MG, Brasil). Epidemiological analysis of maxillofacial fractures in a hospital in Belo Horizonte/MG (Brazil). J Braz
2
Cirurgião Buco-Maxilo-Facial, Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9.
(Belo Horizonte/MG, Brasil). DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.034-039.oar
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, Endereço para correspondência: Laura Braga Figueiredo
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. E-mail: laurabfigueiredo@gmail.com
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 34 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9
Figueiredo LB, Souza AAB, Cardoso LL, Caldas Neto L, Amaral MBF, Villafort RN
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 35 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9
Estudo epidemiológico das fraturas maxilofaciais em um hospital de Belo Horizonte/MG
Complexo
zigomático
16% Mandíbula
48%
Frontal 0%
Maxila 3%
FNOE 0%
Órbita 1%
Figura 1: Gráfico demonstrando a prevalência
Múltiplas fraturas das localizações das fraturas de face observa-
18%
das no estudo.
Etiologia
458
257
137
100
47 38 61
Acidente de Agressão Queda da Queda de Acidente Ferimento Outras Figura 2: Gráfico demonstrando a prevalência
trânsito própria altura esportivo por arma
das etiologias dos traumas de face observadas
altura de fogo
no estudo.
Tratamento
Redução
incruenta 243
Redução 857
cruenta
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 36 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9
Figueiredo LB, Souza AAB, Cardoso LL, Caldas Neto L, Amaral MBF, Villafort RN
Complicações
27
19
10
6 6 5
0
Infecção Sangra- Deiscência Não união Alteração Neuropraxia Alteração Figura 4: Gráfico demonstrando a prevalência
mento da sutura funcional estética das complicações pós-operatórias observadas
no estudo.
Variáveis Subgrupos n %
Masculino 930 84,5
Sexo (n = 1.100)
Feminino 170 15,5
Fratura de mandíbula 523 47,5
Múltiplas fraturas 199 18,1
Fratura de complexo zigomático 181 16,5
Fratura de ossos nasais 115 10,5
Diagnóstico (n = 1.100) Fratura de maxila 34 3,1
Fratura dentoalveolar 30 2,7
Fratura orbital 12 1,1
Fratura de osso frontal 5 0,5
Fratura FNOE 1 0,1
Múltiplas fraturas 250 47,5
Ângulo 89 16,9
Corpo 85 16,2
Fratura de mandíbula – Localização
Côndilo 57 10,8
(n = 526)
Sínfise 43 8,2
Ramo 2 0,4
Coronoide 0 0
Acidente de trânsito 458 41,7
Agressão física 257 23,4
Queda de própria altura 137 12,5
Etiologia
Queda de altura 100 9,1
(n = 1.098)
Acidentes esportivos 47 4,3
Trauma por projétil de arma de fogo 38 3,5
Outros 61 5,6
Tratamento Redução cruenta 857 77,9
(n = 1.100) Redução incruenta 243 22,1
Complicações pós-operatórias Sim 73 6,6
(n = 1.100) Não 1.027 93,4
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Estudo epidemiológico das fraturas maxilofaciais em um hospital de Belo Horizonte/MG
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 38 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9
Figueiredo LB, Souza AAB, Cardoso LL, Caldas Neto L, Amaral MBF, Villafort RN
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 39 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):34-9
Relato de Caso
RESUMO
1
Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (São Paulo/SP, Como citar: Martini MZ, Coli AA, Andrade EL, Oliveira AA. Mandibular odontogenic myxoma: case
Brasil). report. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):40-6.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.040-046.oar
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros,
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Enviado em: 30/04/2022 - Revisado e aceito: 22/09/2022
» O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de Endereço para correspondência: Amanda Achkar Coli
suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. E-mail: amanda.achkar@icloud.com
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Martini MZ, Coli AA, Andrade EL, Oliveira AA
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Mixoma odontogênico mandibular: relato de caso
A B C
E F G H
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Martini MZ, Coli AA, Andrade EL, Oliveira AA
A B
C D
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 43 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):40-6
Mixoma odontogênico mandibular: relato de caso
A B C D
E F G H
I J K L
M N O P
Figura 3: A-D) Fotografias extrabucais de um ano de pós-operatório. E-P) Reconstrução 3D, cortes axial e sagital, respectivamente, da tomografia de um
ano de pós-operatório.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 44 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):40-6
Martini MZ, Coli AA, Andrade EL, Oliveira AA
A tomografia computadorizada (TC) é um exame im- Chiapasco et al.9 realizaram um estudo com o obje-
portante para diferenciação entre o mixoma odontogêni- tivo de avaliar a viabilidade da técnica de enxertia livre
co e outras lesões, além de permitir avaliação da extensão após ressecção de tumores mandibulares, no qual foram
anatômica do tumor, relação com estruturas adjacentes avaliados 29 pacientes que passaram por ressecção de
e determinação do planejamento cirúrgico mais adequa- lesões na mandíbula e foram submetidos a enxertia li-
do3,8,9. Nesse caso, a TC demonstrou a cortical óssea lin- vre e posterior reabilitação. Todos os pacientes avaliados
gual completamente reabsorvida, expansão da basal man- apresentaram restabelecimento funcional total após um
dibular e trabeculado em ângulos retos4 (Fig. 1E a 1H). a quatro meses. Os autores concluíram, ainda, que a ex-
O tratamento de escolha para o mixoma odonto- tensão do defeito não representa uma limitação ao uso
gênico relatado na literatura varia conforme a extensão do enxerto livre, mostrando bons resultados em defeitos
da lesão1-4, indo desde a ressecção cirúrgica, incluindo maiores que 6 cm e que ultrapassam a linha média, sen-
margens de segurança de 1,5 a 2 cm8, até a excisão con- do as únicas limitações a má qualidade ou a pouca quan-
servadora, em raros casos de tumores menores (existem tidade de tecido mole circunjacente ao local receptor.
relatos de tratamento conservador com preservação do A crista ilíaca anterior é uma das áreas doadoras
nervo alveolar inferior)2,3,6. A ausência de cápsula e a mais comuns para a técnica de enxertia livre. Isso porque
invasão local ao osso adjacente são as principais razões seu acesso é de fácil execução e, na grande maioria das
para a alta taxa de recidivas, embasando a necessidade vezes, boas quantidades ósseas são adquiridas10. No caso
de ressecção com margens de segurança1-4,6. A trans- apresentado, o defeito mandibular possuía extensão
formação maligna parece ser improvável7,8. Nesse caso, aproximada de 8 cm, sendo a crista ilíaca a área doadora
apesar do planejamento cirúrgico abordar margem de de escolha. O maior problema associado ao enxerto livre
segurança, durante o procedimento observou-se lesão de crista ilíaca é a sua absorção imprevisível10. A absor-
na medular em regiões em que havia osso sadio corti- ção é diminuída se o enxerto for corretamente recoberto
cal. Sendo assim, após a ressecção, foi realizada ostec- com o periósteo, promovendo boa revascularização e in-
tomia nos cotos remanescentes, com atenção especial corporação do osso enxertado precocemente10. Durante
às regiões medulares. Talvez esse fato tenha ocorrido o procedimento cirúrgico, houve preocupação em relação
pelo crescimento do tumor entre a realização da TC e a à manutenção da integridade do periósteo, além de ter
cirurgia, de forma que foi obtido um defeito ósseo com sido realizada sutura minuciosa de comunicações com o
aproximadamente 6,5 cm de extensão. meio bucal. Foram utilizadas malhas de titânio como su-
Ressecções mandibulares levam a deformidades porte para o osso enxertado e para o contorno adequado
estéticas, déficits funcionais e, até mesmo, problemas da mandíbula. A escolha do enxerto particulado se deu
psicológicos4,6,9,10, uma vez que a mandíbula é um dos devido à característica medular do ilíaco e à possibilidade
principais ossos responsáveis pela aparência estética da de compactação, para menor reabsorção pós-operatória,
face e pela função orofacial9. Sua reconstrução, imediata de forma que os fragmentos ósseos foram compactados
ou tardia, tem trazido enormes benefícios à reabilitação em seringas antes da inserção no leito cirúrgico. A op-
dos pacientes, devolvendo continuidade óssea, contorno ção pelo enxerto livre, nesse caso, ocorreu pelo fato de o
facial, manutenção da posição condilar, relação oclusal e defeito não ser tão extenso em relação ao indicado pela
sítio ósseo para posterior instalação de implantes2,6,9,10. literatura e porque a paciente era jovem e saudável, além
A reconstrução mandibular pode ser realizada por do Serviço não apresentar estrutura/equipe para enxerto
meio de enxertos livres ou retalhos microvascularizados. microvascularizado.
Muitos autores defendem a necessidade de enxertos pedi- A paciente encontra-se em acompanhamento clíni-
culados para defeitos maiores que 6 cm9,10, como no caso co e tomográfico, devido à alta taxa de recidiva (25%) do
apresentado. Contudo, para tal técnica, são necessárias mixoma odontogênico reportada na literatura2,3,4,6, não
algumas particularidades que a inviabilizam em serviços apresentando sinais de recidiva lesional até o presente
não especializados, tais como tempo necessário para o momento. A tomografia realizada doze meses após o
procedimento, morbidade da área doadora, alto gasto de procedimento demonstrou ganho ósseo em espessura e
recursos hospitalares e dificuldade em relação ao restabe- altura. Clinicamente, houve restabelecimento do contor-
lecimento da dimensão e do contorno mandibular, fazen- no ósseo mandibular e da estética facial, bem como da
do, muitas vezes, da enxertia livre a melhor escolha10. função mastigatória (Fig. 3).
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Mixoma odontogênico mandibular: relato de caso
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Relato de Caso
RESUMO
1
Universidade de Pernambuco, Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (Recife/PE, Brasil). Como citar: Nogueira EFC, De-Moraes BC, Aguiar PL, Jardim VBF, Santos KR. Tooth transplanta-
2
Hospital Municipal Arthur Ribeiro Saboya, Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (São tion in rehabilitation of low-income youth: two case reports. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022
Paulo/SP, Brasil). Jul-Sep;8(3):47-52. DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.047-052.oar
3
Hospital Getúlio Vargas, Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (Recife/PE, Brasil).
Enviado em: 26/06/2020 - Revisado e aceito: 24/07/2022
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros,
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Bergson Carvalho De-Moraes
» O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de E-mail: bergsoncarvalho@gmail.com
suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 47 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):47-52
Transplante dentário na reabilitação de jovens de baixa renda: relato de dois casos
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 48 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):47-52
Nogueira EFC, De-Moraes BC, Aguiar PL, Jardim VBF, Santos KR
A B
Figura 1: A) Vista clínica da cavidade bucal. B) Radiografia panorâmica demonstrando os restos radiculares e o dente #48 em formação, no estágio 8 de Nola.
A B
C D
Figura 2: A) Transplante na região do dente #46 realizado, e contenção com fio de sutura. B) Oclusão passiva. C) Aspecto clínico um mês após
transplante. D) Imagem radiográfica pós-operatória.
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Transplante dentário na reabilitação de jovens de baixa renda: relato de dois casos
Caso clínico 2 bular e distal, com broca cirúrgica #702. O alvéolo do ter-
Paciente do sexo feminino, 17 anos de idade, ASA 1, ceiro molar foi curetado e irrigado com soro fisiológico a
foi encaminhada a um Serviço de Cirurgia e Traumatolo- 0,9%, enquanto a região do dente #36 foi irrigada, porém
gia Buco-maxilo-facial para exodontia do dente #36 com com curetagem mínima, apenas removendo tecidos de
lesão cariosa extensa, comprometimento total de coroa, granulação. Durante o transoperatório, observou-se boa
e terceiros molares semi-inclusos. O exame radiográfico adaptação e ausência de contato com o dente antagonis-
demonstrou ausência de rarefação óssea periapical asso- ta superior, sendo estabilizado no sítio receptor com su-
ciado ao dente #36 e terceiros molares em estágio final tura com fio de seda 3-0 (Fig. 3B, 3C). Seguiu-se o mesmo
de rizogênese (Fig. 3A). protocolo do caso anterior, sendo prescritos amoxicilina
Sendo assim, optou-se pela exodontia, sob anestesia 500mg (8/8h por sete dias), dipirona 1g (6/6h por três
local, dos dentes #36 e #38, sendo o dente #38 escolhido dias), bochecho de digluconato de clorexidina a 0,12%
como doador, devido à compatibilidade anatômica com (duas vezes ao dia, por dez dias), e orientou-se quanto à
o sítio receptor. O procedimento foi realizado no consul- dieta pastosa por dez dias.
tório, seguindo o mesmo protocolo do caso anterior, sob Durante o acompanhamento pós-operatório, não
anestesia local, com mepivacaína a 2% com epinefrina foram observados sinais de infecção e/ou mobilidade.
1:100.000, e bloqueio dos nervos alveolar inferior, bucal A contenção foi removida com dez dias. No controle de
e lingual. Foi realizada incisão em envelope da mesial do oito meses, o dente se manteve em boa oclusão e alinha-
dente #35 à região retromolar esquerda. Os dentes #36 mento na arcada. Ademais, foi realizado teste de vitali-
e #38 foram removidos com uso de elevadores e, para a dade pulpar e avaliação periodontal, compatíveis com a
remoção do dente #38, foi realizada ostectomia na vesti- normalidade (Fig. 3D, E, F).
A B C
D E F
Figura 3: A) Radiografia inicial, observando-se a presença do dente #36 cariado e dente #38 em formação. B) Transplante na região do dente #36
realizado, e contenção com fio de sutura. C) Oclusão passiva. D) Aspecto clínico aos oito meses de acompanhamento, com boa oclusão e (E) bom
alinhamento na arcada. F) Radiografia periapical no pós-operatório de oito meses de acompanhamento.
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Nogueira EFC, De-Moraes BC, Aguiar PL, Jardim VBF, Santos KR
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Transplante dentário na reabilitação de jovens de baixa renda: relato de dois casos
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Relato de Caso
RESUMO
1
Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande, Serviço de Cirurgia e Traumatologia Como citar: Marques DH, Marcio Junior C, Lacerda CB, Amâncio Júnior V, Cavalcanti HDA. Surgi-
Buco-maxilo-facial (Campo Grande/MS, Brasil). cal approach to oral lipoma: case report. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):53-7.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.8.3.053-057.oar
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, Enviado em: 13/04/2020 - Revisado e aceito: 22/09/2022
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
» O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de Endereço para correspondência: Diogo Henrique Marques
suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. E-mail: marques.bucomaxilo@gmail.com - diogo.hrm@hotmail.com
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 53 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):53-7
Abordagem cirúrgica de lipoma oral: relato de caso
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 54 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):53-7
Marques DH, Marcio Junior C, Lacerda CB, Amâncio Júnior V, Cavalcanti HDA
do leito cirúrgico, com soro fisiológico a 0,9%, sínte- A peça cirúrgica foi posta em um recipiente com formol
se dos planos internos, com fio absorvível tipo Vycril a 10%, no qual observou-se sua emersão, reforçando a
4-0 para reduzir os riscos de manutenção do espaço hipótese diagnóstica de lipoma, confirmada posterior-
morto, e síntese da mucosa de revestimento com fio mente por meio de laudo histopatológico. Após dez
absorvível tipo Vicryl 3-0 (Fig. 1B). A lesão nodular apre- dias, o paciente retornou ao ambulatório e verificou-se
sentava dimensões de 3,0 x 1,5x 1,0 cm, superfície ama- o bom aspecto cicatricial da ferida cirúrgica. O paciente
relada e lobulada, envolta por fina cápsula semitrans- se encontra em acompanhamento de dois meses, não
parente acastanhada e de consistência firme (Fig. 2). sendo observadas intercorrências ou recidiva da lesão.
A B
Figura 1: A) Aspecto intrabucal pré-operatório. Verifica-se a lesão nodular de base pedunculada no soalho bucal, com coloração amarelada. B) Aspecto
intrabucal da lesão após divulsão dos tecidos.
Figura 2: Peça cirúrgica removida. Nota-se uma fina cáp- Figura 3: Aspecto histopatológico do lipoma (H/E).
sula semitransparente acastanhada na superfície da lesão.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 55 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):53-7
Abordagem cirúrgica de lipoma oral: relato de caso
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 56 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2022 Jul-Sep;8(3):53-7
Marques DH, Marcio Junior C, Lacerda CB, Amâncio Júnior V, Cavalcanti HDA
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Normas para Publicação
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Normas para Publicação
Cessão de Direitos Autorais » As abreviações dos títulos dos periódicos devem ser
Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a normalizadas de acordo com as publicações “Index
Dental Press, caso o trabalho seja publicado. Medicus” e “Index to Dental Literature”.
» A exatidão das referências é responsabilidade dos au-
Conflito de Interesse tores e elas devem conter todos os dados necessários
Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para para sua identificação.
com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser » As referências devem ser apresentadas no final do tex-
explicitado. to, obedecendo às Normas Vancouver (http://www.
nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).
Proteção aos Direitos Humanos e de Animais » Utilize os exemplos a seguir:
Caso se aplique, informar o cumprimento das reco-
mendações dos organismos internacionais de prote- Artigos com até seis autores
ção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões Espinar-Escalona E, Ruiz-Navarro MB, Barrera-Mora JM,
éticos do comitê responsável por experimentação hu- Llamas-Carreras JM, Puigdollers-Pérez A, AyalaPuente.
mana/ animal. Nas pesquisas desenvolvidas em seres True vertical validation in facial orthognathic surgery plan-
humanos, deverá constar o parecer do Comitê de Ética ning. Clin Exp Dent. 2013 Dec 1;5(5):e231-8.
em Pesquisa, conforme a Resolução 466/2012 CNS-
-CONEP. Artigos com mais de seis autores
Pagnoni M, Amodeo G, Fadda MT, Brauner E, Guarino G,
Permissão para uso de imagens protegidas por direi- Virciglio P, et al. Juvenile idiopathic/ rheumatoid arthritis
tos autorais and orthognatic surgery without mandibular osteo-
Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de tomies in the remittent phase. J Craniofac Surg. 2013
material com direitos autorais devem vir acompanha- Nov;24(6):1940-5.
das da permissão de uso pelos proprietários desses
direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar cor- Capítulo de livro
retamente o crédito à fonte). Baker SB. Orthognathic surgery. In: Grabb and Smith’s
Plastic Surgery. 6th ed. Baltimore: Lippincott Williams &
Consentimento Informado Wilkins. 2007. Chap. 27, p. 256-67.
Os pacientes têm direito à privacidade, que não deve
ser violada sem um consentimento informado. Foto- Capítulo de livro com editor
grafias de pessoas identificáveis devem vir acompa- Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy.
nhadas por uma autorização assinada pela pessoa ou 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of
pelos pais ou responsáveis, no caso de menores de ida- Dimes Education Services; 2001.
de. Essas autorizações devem ser guardadas indefini-
damente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso
enviada folha de rosto atestando o fato de que todas as Ryckman MS. Three-dimensional assessment of soft tissue
autorizações dos pacientes foram obtidas e estão em changes following maxillomandibular advancement surgery
posse do autor correspondente. using cone beam computed tomography [Thesis]. Saint
Louis: Saint Louis University; 2008.
REFERÊNCIAS
» Todos os artigos citados no texto devem constar na Formato eletrônico
lista de referências. Sant´Ana E. Ortodontia e Cirurgia Ortognática – do
» Todas as referências devem ser citadas no texto. planejamento à finalização. Rev Dental Press Ortod Ortop
» Para facilitar a leitura, as referências serão citadas no Facial. 2003 maio-jun;8(3):119-29 [Acesso 12 ago 2003].
texto apenas indicando a sua numeração. Disponível em: http://www.dentalpress. com.br/artigos/
» As referências devem ser identificadas no texto por pdf/36.pdf.
números arábicos sobrescritos e numeradas na or-
dem em que são citadas.
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Comunicado aos Autores e Consultores
Registro de Ensaios Clínicos
1. O registro de ensaios clínicos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponí-
Os ensaios clínicos se encontram entre as me- veis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os
lhores evidências para tomada de decisões clínicas. Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um con-
Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa junto de critérios estabelecidos pela OMS.
com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista
intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo 2. Portal para divulgação e registro dos ensaios
de comparação de causa/efeito entre os grupos es- A OMS, com objetivo de fornecer maior visibili-
tudados e que, potencialmente, possa interferir na dade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lan-
saúde dos envolvidos. çou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://
Segundo a Organização Mundial da Saúde www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com inter-
(OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e face que permite busca simultânea em diversas bases.
os ensaios clínicos devem ser notificados e registra- A pesquisa nesse portal pode ser feita por palavras,
dos antes de serem iniciados. pelo título dos ensaios clínicos ou por seu número de
O registro desses ensaios tem sido proposto com identificação. O resultado mostra todos os ensaios
o intuito de: identificar todos os ensaios clínicos em existentes, em diferentes fases de execução, com links
execução e seus respectivos resultados, uma vez que para a descrição completa no Registro Primário de En-
nem todos são publicados em revistas científicas; saios Clínicos correspondente.
preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao es- A qualidade da informação disponível nesse por-
tudo como pacientes; impulsionar a comunicação e a tal é garantida pelos produtores dos Registros de En-
cooperação de instituições de pesquisa entre si e com saios Clínicos que integram a rede criada pela OMS:
as parcelas da sociedade com interesse em um assun- WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers.
to específico. Adicionalmente, o registro permite re- Essa rede permite o intercâmbio entre os produtores
conhecer as lacunas no conhecimento existentes em dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de
diferentes áreas, observar tendências no campo dos boas práticas e controles de qualidade. Os websites
estudos e identificar os especialistas nos assuntos. onde podem ser feitos os registros primários de en-
Reconhecendo a importância dessas iniciativas saios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical
e para que as revistas da América Latina e Caribe Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org
sigam recomendações e padrões internacionais de (International Standard Randomised Controlled Trial
qualidade, a BIREME recomendou aos editores de re- Number Register, ISRCTN). Os registros nacionais es-
vistas científicas da área da saúde indexadas na Sci- tão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios
entific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS clínicos registrados neles serão direcionados para
(Literatura Latino-americana e do Caribe de Infor- aqueles recomendados pela OMS.
mação em Ciências da Saúde) que tornem públicas A OMS propõe um conjunto mínimo de informações
essas exigências e seu contexto. Assim como na base que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: nú-
MEDLINE, foram incluídos campos específicos na mero único de identificação, data de registro do ensaio,
LILACS e SciELO para o número de registro de en- identidades secundárias, fontes de financiamento e su-
saios clínicos dos artigos publicados nas revistas da porte material, principal patrocinador, outros patrocina-
área da saúde. dores, contato para dúvidas do público, contato para dú-
Ao mesmo tempo, o International Committee of vidas científicas, título público do estudo, título científico,
Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores países de recrutamento, problemas de saúde estudados,
de revistas científicas que exijam dos autores o nú- intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de es-
mero de registro no momento da submissão de tra- tudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, ta-
balhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito manho pretendido da amostra, status do recrutamento e
em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados medidas de resultados primários e secundários.
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Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos
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