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desde 2016
Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery Marson - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - PRODUTOR EDITORIAL: Júnior Bianco - PRO-
v. 1, n. 1 (jan./abr. 2015). – Maringá: Dental Press International, 2015. DUÇÃO GRÁFICA E ELETRÔNICA: Gildásio Oliveira Reis Júnior - REVISÃO: Ronis Furquim Siqueira
- COMERCIAL: Teresa Rodrigues D’Aurea Furquim - Roseneide Martins Garcia - EXPEDIÇÃO: Rui Jorge
Esteves da Silva. O Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (ISSN 2358-2782) é
uma publicação quadrimestral (três edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Dr. Luiz
Quadrimestral Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas
ISSN 2358-2782 são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, ne-
cessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes.
Assinaturas: dental@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3033-9818.
CDD 21 ed. 617.605005 Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery - Qualis/CAPES:
_______________________________________________________________________ B4 - Odontologia
EDITOR-CHEFE
Sylvio Luiz Costa de Moraes Universidade Federal Fluminense - Niterói/RJ / Centro Universitário São José - São José/RJ
EDITOR-CHEFE ASSOCIADO
Jonathan Ribeiro UNIFESO / UNISJ - São José/RJ
CONSELHO EDITORIAL
Cirurgia Bucal
Alejandro Martinez Clínica particular - México
Andrezza Lauria de Moura Universidade Federal do Amazonas - UFAM - Manaus/AM
Cláudio Ferreira Nóia Faculdade Ciodonto - Porto Velho/RO
Danilo Passeado Branco Ribeiro Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro/RJ
Fernando Bastos Pereira Júnior Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS - Feira de Santana/BA
Luis Carlos Ferreira da Silva Universidade Federal de Sergipe - UFS - Aracaju/SE
Marcelo Marotta Araújo Universidade Estadual Paulista, Instituto de Ciência e Tecnologia - São José dos Campos/SP
Matheus Furtado de Carvalho Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - Juiz de Fora/MG
Implantes
Adrian Bencini Universidad Nacional de La Plata - Argentina
Clarice Maia Soares Alcântara Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza - Fortaleza/CE
Darklilson Pereira Santos Universidade Estadual do Piauí - UESPI - Parnaíba/PI
Leonardo Perez Faverani Universidade Estadual Paulista - FOA/UNESP - Araçatuba/SP
Rafaela Scariot de Moraes Universidade Positivo - Curitiba/PR
Ricardo Augusto Conci Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE - Cascavel/PR
Rodrigo dos Santos Pereira Centro Universitário Serra dos Órgãos - UNIFESO - Teresópolis/RJ
Waldemar Daudt Polido Clínica particular - Porto Alegre/RS
Trauma
Aira Bonfim Santos Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Florianópolis/SC
Florian Thieringer University Hospital Basel - Suíça
Leandro Eduardo Kluppel Universidade Federal do Paraná - UFPR - Curitiba/PR
Liogi Iwaki Filho Universidade Estadual de Maringá - UEM - Maringá/PR
Márcio Moraes Universidade de Campinas - FOP/Unicamp - Piracicaba/SP
Nicolas Homsi Universidade Federal Fluminense - UFF - Niterói/RJ
Ricardo José de Holanda Vasconcellos Universidade de Pernambuco - FOP/UPE - Camaragibe/PE
Doenças da ATM
Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos Universidade de Pernambuco - FOP/UPE - Camaragibe/PE
Carlos E. Xavier dos Santos R. da Silva Instituto Prevent Senior – São Paulo/SP
Chi Yang Shanghai Jiao Tong University - China
Eduardo Hochuli Vieira Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - FOAR/Unesp - Araraquara/SP
Eduardo Seixas Cardoso Universidade Federal Fluminense - UFF - Niterói/RJ
João Carlos Birnfeld Wagner Santa Casa de Misericórdia - Porto Alegre/RS
Luis Raimundo Serra Rabelo Universidade Federal do Maranhão - UFMA - São Luís/MA
Sanjiv Nair Bangalore Institute of Dental Sciences - Índia
Patologias e Reconstruções
Darceny Zanetta Barbosa Universidade Federal de Uberlândia - UFU - Uberlândia/MG
Jose Sandro Pereira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Natal/RN
Martha Alayde Alcântara Salim Universidade Federal do Espírito Santo - UFES - Vitória/ES
Renata Pittella Universidade Federal do Espírito Santo - UFES-Vitória/ES
Ricardo Viana Bessa Nogueira Universidade Federal de Alagoas - UFAL - Maceió/AL
Rui Fernandes University of Florida - EUA
Editores ad-hoc
André Luiz Marinho Falcão Gondim Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN - Natal/RN
Diogo Souza Ferreira Rubim de Assis Universidade Federal do Maranhão - UFMA - São Luís/MA
Eider Guimarães Bastos Universidade Federal do Maranhão - UFMA - São Luís/MA
Hernando Valentim da Rocha Junior Hospital Federal de Bonsucesso - Rio de Janeiro/RJ
Sumário
6 CBCTBMF apoia marco de Consenso Brasileiro para a Colaboração Ética Multisetorial nos
setores de Saúde
José Rodrigues Laureano Filho
15 Entrevista
Emanuel Dias
Artigos
76
Normas para publicação
Editorial
A revista que
almejamos!
Como citar: Moraes SLC. The journal we aim for! J Braz Coll Oral Maxillofac Surg.
2020 Jan-Apr;6(1):4-5. DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.004-005.edt
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 4 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):4-5
Editorial
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 5 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):4-5
Carta do Presidente
Como citar: Laureano Filho JR. CBCTBMF supports Brazilian Consensus for Multisectoral Ethical Collaboration in the health sectors. J Braz
Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):6-7.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.006-007.crt
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 6 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):6-7
Carta do Presidente
Abraço a todos!!!
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 7 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):6-7
MENSAGEM DO PRESIDENTE
“Belém é a cidade mais incrível que o Brasil ainda não descobriu “ (Ricardo Freire).
É com muita satisfação que lançamos oficialmente o XXV Congresso Brasileiro de
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial que será realizado na cidade de Belém
do Pará no período de 09 a 12 de junho de 2020.
Belém é uma cidade com uma cultura própria que se desdobra em arquitetura,
perfumes e sabores que podem ser vistos e sentidos em qualquer canto. Será uma
oportunidade única de experimentar a rica culinária paraense conhecida mundial-
mente, contemplando a beleza de nossos rios e nossas florestas.
Como se os encantos amazônicos não fossem suficientes, estamos preparando
uma grade científica focada no que há de mais atual dentro de nossa especialidade
onde teremos um expressivo número de palestrantes nacionais e internacionais.
Aliado à parte científica, após a famosa “chuva da tarde”, teremos momentos de con-
fraternização acompanhados de boa música.
O Hangar Centro de Convenções, que abrigará o COBRAC, é considerado um dos
maiores e mais modernos do país, com fácil acesso e circulação para os congressis-
tas, próximo de pontos turísticos e do centro da cidade.
Esperamos por você no maior congresso de nossa especialidade em uma das
cidades mais exóticas Brasil.
PARA CIRURGIA ME
BUCO-MAXILO-FACIAL
GUIAS CIRÚRGICAS
A cirurgia ortognática é planejada virtualmente,
por meio da combinação entre modelos
digitais, tomografia computadorizada e
fotografias, gerando as guias SurgeGuide, que
orientam a posição óssea planejada.
Todas as guias são confeccionadas em material
biocompatível esterilizável.
BIOMODELOS
Os SurgeModels são réplicas
dos ossos da face, produzidos
por impressoras 3D, a partir da
tomografia computadorizada
do paciente. Os biomodelos são
utilizados, principalmente, para
simulações cirúrgicas,
fortalecendo o diagnóstico e
potencializando o resultado.
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Entrevista Millesi G, Porto GG
Como citar: Germano AR, Porto GG. Interview with Adriano Rocha Germano. J Braz Coll Oral Maxillofac
Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):15-7.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.015-017.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 15 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):15-7
O Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bu- ção da formação do CTBMF, no qual foi definido um
comaxilofacial entrevista, nessa edição da Revista, o currículo mínimo e infraestrutura necessária, além de
Dr. Adriano Rocha Germano, Secretário Geral da Di- sugestões para fiscalização e manutenção da autori-
retoria Executiva do CBCTBMF, sobre o trabalho que zação do funcionamento desses programas. Já nesta
o Colégio vem desenvolvendo junto ao Conselho Fe- gestão, esse material foi atualizado e tem sido ampla-
deral de Odontologia (CFO) e ao Ministério da Edu- mente debatido, junto ao CFO e, mais recentemente,
cação (MEC) para uma padronização da formação do ao MEC, como seria possível implementar essas ações.
cirurgião bucomaxilofacial no Brasil. Para se criar uma proposta única no Brasil, precisamos
pactuar junto com o CFO, que é quem deve registrar
os especialistas, e também com o MEC, que é quem
Porque o CBCTBMF tem desenvolvido ações cria normas para definir o funcionamento dos cursos,
para a padronização da formação do cirurgião sejam as residências ou as especializações. Precisamos
bucomaxilofacial no Brasil? chegar a um consenso: o CFO não pode continuar a
A entidade congrega professores e profissionais e registrar especialistas que não atendem à resolução
tem como objetivo zelar pela preservação da prática da MEC, nº1, de 06 de abril de 2018 (Câmara de Educa-
especialidade dentro dos melhores padrões de qualida- ção Superior). Também não cabe ao CFO credenciar
de técnica legal (Estatuto: capítulo 2, artigo 5o). Portan- cursos de especializações e/ou residências que não
to, para garantir que nosso especialista tenha uma for- sejam amparadas pela legislação vigente, pois apenas
mação equânime e de acordo com a complexidade que a instituições com vínculo com o MEC podem oferecer
área de atuação exige, intensificamos nossas conversas cursos. Essa atribuição é uma prerrogativa do MEC.
junto ao CFO e ao MEC. Atualmente, o profissional O que cabe ao CFO é definir quais são os atributos
que deseja se especializar em Cirurgia e Traumatolo- necessários a um especialista em CTBMF para que
gia Bucomaxilofacial (CTBMF) tem dois caminhos: um tenha o seu registro aceito. A própria resolução MEC
deles é fazer uma residência, que deve ser autorizada nº1 deixa claro, no seu artigo 8º, parágrafo III, inciso
pelo MEC. Mas, ao mesmo tempo, outras instituições, § 4º, que “Os certificados obtidos em cursos de espe-
também filiadas ao MEC, têm autorização para minis- cialização não equivalem a certificados de especiali-
trar cursos de especialização. Assim, as duas formações, dade”. Portanto, atualmente, é possível criar regras
que podem ter características e cargas horárias distin- para registro de especialista junto ao nosso conselho,
tas, acabam possibilitando ao seu egresso o registro de como ocorre na Medicina. Também precisamos deixar
especialista no CFO. O próprio MEC avaliza a especiali- claro que as residências credenciadas ao MEC não são
zação e a residência na nossa especialidade. A diferença atingidas por essa resolução, sendo obrigatório, ainda,
entre as duas opções está principalmente na carga ho- o registro do egresso em CTBMF por parte do CFO.
rária: a residência possui cerca de 8.640 horas no total Entretanto, isso é bem menos problemático, pois o
e a atuação do residente deve ser de 60 horas/semanais, MEC já entendeu que as residências em CTBMF têm
enquanto as especializações podem apresentar carga duração de 03 anos e carga horária semanal de 60 ho-
horária mínima de 360 horas, embora saibamos que é ras, totalizando 8.640 horas, que é exatamente o que
impossível formar um cirurgião com essa carga horária. o Colégio propõe.
Na prática, o que vemos é que as especializações apre-
sentam, na sua grande maioria, uma carga horária bem Qual a proposta do CBCTBMF?
reduzida, quando comparada a uma residência, o que A proposta do CBCTBMF é que agora, com a nova
pode comprometer bastante a formação do cirurgião, RESOLUÇÃO DO MEC para cursos lato sensu, o CFO
embora esses consigam registra-se junto ao nosso con- só registre especialistas em cursos que tenham car-
selho e se intitularem de cirurgiões bucomaxilofaciais. ga horária mínima de 8.640 horas, com treinamento
de 60 horas semanais, durante 03 anos. Os cursos
Quais ações vêm sendo desenvolvidas pelo CBC- de especializações podem continuar a existir, mas
TBMF? para isso devem possuir características de treina-
Na gestão anterior, um grupo de trabalho foi cria- mento semelhantes às residências. Esse já seria um
do e culminou com um documento para a padroniza- grande passo e evolução para alcançar essa isonomia.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 16 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):15-7
Millesi G, Porto GG
Entretanto, essa é apenas uma das ações; precisamos Além do MEC, o Colégio realizou algumas reu-
padronizar a formação da especialidade, por meio niões junto à ANS e EBSERH. Quais foram os re-
de um currículo e infraestrutura mínima, igual para sultados das últimas reuniões de outubro?
residências e especializações na modalidade residên- No dia 29 de outubro, reunimo-nos com o Prof.
cia, garantindo que os conhecimentos e treinamen- Dr. Luiz Roberto Liza Curi no Conselho Nacional de
tos adquiridos durante a formação sejam suficien- Ensino do MEC. Tratamos sobre a portaria, de 2018,
tes para o atual momento que a especialidade vive, que afirma que “os certificados de especialistas não
e que essa se mantenha com credibilidade e dentro equivalem aos certificados de especialidade”. O ob-
dos domínios da Odontologia. Com a implantação da jetivo dessa reunião foi entendermos o conteúdo des-
padronização, podemos trabalhar na fiscalização jun- sa portaria e, a partir dela, encaminhar uma consulta
to aos programas de residência vinculados ao MEC oficial ao Conselho Nacional de Educação Superior.
e também nas especializações já moldadas à nova A resposta deve nos subsidiar para a próxima etapa
exigência. Enquanto isso não for possível, uma sele- da padronização do ensino na área junto ao Conselho
ção (“prova”) anual capitaneada pelo Colégio, já que Federal de Odontologia.
esse é um órgão consultivo da especialidade e com Já no dia 30, tivemos uma reunião na EBSERH
maior representatividade no país, deve ser retomada (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), que ad-
em uma nova formatação, avaliando os egressos de ministra 40 dos 50 hospitais universitários federais
ambas as modalidades de formação, tendo o registro do Brasil. Pleiteamos uma equiparação salarial e de
como especialistas apenas os que atingirem a aprova- carga horária.
ção. Entretanto, essa proposta da prova ainda encon- A terceira reunião, também no dia 30, foi com a
tra-se em discussão. Gerente Geral de Relações Institucionais da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Ana Carolina
Qual a importância dessas ações? Rios Barbosa. Discutimos vários problemas que che-
Gerar qualidade de formação para os egressos na gam através de nossa ouvidoria, como o modelo do
especialidade, eliminando as discrepâncias da qualida- desempate que a ANS homologou, questões sobre o
de entre os profissionais que fazem a residência e os imperativo clínico e reconstruções ósseas. Esses pon-
que fazem cursos de especialização. Existe um risco tos foram esclarecidos e tivemos a oportunidade de
aumentado para a população quando esses profissio- dar sugestões e gerar alguns encaminhamentos.
nais não recebem os conhecimentos e/ou treinamen- Para o mês de novembro, a expectativa é que nos-
tos adequados para exercer a profissão. O impacto so grupo trabalhe junto ao Ministério da Saúde.
disso são os problemas que ocorrem gerados por con-
dutas incorretas e que influenciam na especialidade
como um todo.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 17 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):15-7
CBCTBMF
O Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia » Porto Alegre (RS) – Dr. Rogério Belle de Oliveira;
Buco-Maxilo-Facial (CBCTBMF) promoveu, na sema- » Piracicaba (SP) – Dr. Alexander Tadeu Sverzut;
na do dia 13 de fevereiro, o Mutirão 2020, em várias » Recife (PE) – Dr. José Rodrigues Laureano Filho;
cidades do Brasil. » Rio de Janeiro e Teresópolis (RJ) – Dr. Jona-
As cidades participantes realizaram diversos than Ribeiro da Silva;
tipos de ações, desde palestras e triagens ambulato- » Salvador (BA) – Dr. Lucio Costa Safira Andrade;
riais até cirurgias bucomaxilofaciais. Em algumas, os » Sorocaba (SP) – Dr. Geraldo Prestes de Camargo
pacientes foram tratados através de cirurgia ortog- Filho;
nática; em outras, os cirurgiões verificaram a pre- » Teresina (PI) – Dr. Julio Cravinhos.
sença de tumores na boca provenientes de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Também foram promovidas palestras para aler-
tar motociclistas e ciclistas quanto à prevenção ao
trauma de face, com distribuição de folders contendo
informações sobre a importância da utilização cor- Como citar: Vasconcelos BCE. Bucomaxillofacial effort was held throughout Brazil in the week of February
13 – International Day of Bucomaxillofacial Surgeon. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):18-20.
reta de capacetes. Casos de fissura labiopalatina e DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.018-020.oar
dentes do siso foram avaliados e, quando necessário, Enviado em: 26/02/2020 - Revisado e aceito: 28/02/2020
cirurgias foram indicadas.
Abaixo, a lista dos membros que organizaram as
ações do Mutirão 2020 e as respectivas cidades:
» Campina Grande (PB) – Dr. Gustavo José de Belmiro Cavalcanti do
Luna Campos; Egito Vasconcelos
» Curitiba (PR) – Dr. Laurindo Sassi e Dra. Lucia-
na Signorini; - Doutor em Odontologia, Universitat de
Barcelona, Facultad de Odontología
» Florianópolis (SC) – Dr. Murillo Chiarelli;
(Barcelona, Espanha).
» Goiânia (GO) – Drs. Alan Paranello e Guilherme - Universidade de Pernambuco, Faculdade
Scartezini; de Odontologia, Disciplina de Cirurgia
» João Pessoa (PB) – Dr. Aníbal Henrique Barbo- e Traumatologia Bucomaxilofacial
(Camaragibe/PE, Brasil).
sa Luna;
- Diretor Científico do Colégio Brasileiro
» Manaus (AM) - Dra. Andrezza Lauria; de Cirurgia e Traumatologia Buco-
» Niterói (RJ) – Dr. Rafael Seabra; Maxilo-Facial.
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CBCTBMF
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 19 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):18-20
CBCTBMF
Discurso de Homenagem ao
Dia Internacional do Cirurgião
Bucomaxilofacial
Em 13 de fevereiro de 2020, o deputado Eduardo da cialistas pelo empenho e dedicação com que exercem a
Fonte (PP/PE) protocolou discurso em homenagem profissão, com ética, dignidade e humanismo, contri-
ao Dia Internacional do Cirurgião Bucomaxilofacial, buindo para o bem-estar da população.
reconhecendo e agradecendo a uma das especialidades
mais importantes da Odontologia, a Cirurgia e Trau- Câmara dos Deputados
matologia Bucomaxilofacial, e parabenizando os espe- Gabinete do Deputado Eduardo da Fonte
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 20 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):18-20
Andrea Brito Antônio Sakamoto Bruno Furquim Bruno Maia Carlos Francci Dickson Fonseca
Diego Klee Emerson Finholdt Ewerton Nocchi Fabiano Marson Fernando Marson Gustavo Giordani
Ivan Yoshio Julio Cesar Joly Laurindo Furquim Marcelo Fonseca Marcelo Gianini Marcelo Giordani
Marco Bottino Marcos Fadanelli Oswaldo Scopin Paulo Soares Rafael Calixto Rafael Monte Alto
Renata Faria Renata Pascotto Rodrigo Reis Rogério Zambonato Sidney Kina Thiago Ottoboni
RESUMO
1
Universidade Federal da Bahia, Departamento de Cirurgia Bucomaxilofacial (Salvador/BA, Como citar este artigo: De Paula DM, Andrade MG, Lima RA, Carvalho MMM, Cavalcante WC.
Brasil). Orthognathic surgery in patient with Down syndrome: case report. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg.
2020 Jan-Apr;6(1):22-7. DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.022-027.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 22 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
De Paula DM, Andrade MG, Lima RA, Carvalho MMM, Cavalcante WC
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 23 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
Cirurgia ortognática em paciente com síndrome de Down: relato de caso
A B
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 24 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
De Paula DM, Andrade MG, Lima RA, Carvalho MMM, Cavalcante WC
A B
Figura 2: A) Tomografia computadorizada (TC) após seis meses de cirurgia. B) Em verde, a representação da movimentação das bases ósseas, quando
comparadas as TCs do pré- e do pós-cirúrgico.
A B
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 25 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
Cirurgia ortognática em paciente com síndrome de Down: relato de caso
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 26 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
De Paula DM, Andrade MG, Lima RA, Carvalho MMM, Cavalcante WC
Referências:
1. Carvalho TM, Gadelha FP, Minervino BL, 5. Alió J, Lorenzo J, Iglesias MC, Manso FJ, A time series analysis. Angle Orthod. 2017
Gomes MS, Miranda AF. Síndrome da apnéia Ramírez EM. Longitudinal maxillary growth in Mar;87(2):269-78.
obstrutiva do sono em crianças portadoras de Down syndrome patients. Angle Orthod. 2011 9. Camera GT, Mascarello AP, Bardini DR, Fracaro
trissomia do cromossomo 21 Síndrome de Down. June;81(2):253-9. GB, Boleta-Ceranto DCF. O papel do cirurgião-
Rev ACBO. 2015;4(3)1-16. 6. Matos C, Rosa M, Figueiredo S, Barbosa D. dentista na manutenção da saúde bucal de
2. Berthold T, Araújo V, Robinson W, Hellwig I. Cirurgia Ortognática e a imagem corporal. Rev portadores de síndrome de Down. Rev Odontol
Síndrome de Down: aspectos gerais e odontológi- Odontol Univ Cid. 2015 Jan-Abr;27(1):20-5. Clín-Cient. 2011 Jul-Set;10(3):247-50.
cos. Rev Ci Méd Biol. 2004 Jul-Dez;3(2):252-60. 7. Santiago T, Moura L, Gabriella M, Spin-Neto R, 10. Oliveira AC, Luz CLF, Paiva SM. The meaning
3. Macho V, Seabra M, Soares D, De Andrade C. Pereira-Filho V. Volumetric and cephalometric of the oral health in the quality of life of the indi-
Alterações crâniofaciais e particularidades orais evaluation of the upper airway of Class III patients vidual with Down syndrome. Arq Odontol. 2007
na trissomia 21. Acta Ped Port. 2008:39(5):190-4. submitted to maxillary advancement. Rev Odontol Out-Nov;43(4):162-8.
4. Suri S, Tompson B, Comfoot L. Cranial base, UNESP. 2016 Nov-Dec;45(6):356-61.
maxillary and mandibular morphology in Down 8. Lee CH, Park HH, Seo BM, Lee SJ. Modern
syndrome. Angle Orthod. 2010 June;80(5):861-9. trends in Class III orthognathic treatment:
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 27 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):22-7
ArtigoOriginal
RESUMO
Introdução: o ceratocisto odontogênico (CO) é uma lesão benigna que ocorre nos
maxilares de maneira agressiva e infiltrativa. Frequentemente descoberto por exa-
mes de imagem, tem comportamento invasivo e recidivante. Devido às suas carac-
terísticas, há dificuldades para se indicar a melhor terapêutica para essa patologia e,
não há consenso sobre a melhor forma de tratamento. Métodos: revisão de litera-
tura a partir de artigos originais publicados nos últimos 10 anos nas bases de dados
Medline / PubMed, Cochrane, Embase e Bireme, com palavras-chave utilizadas de
acordo com seus descritores específicos. Paralelamente, objetivou-se apresentar um
caso clínico de descompressão de CO como alternativa de terapia. Resultados: do
total de 08 artigos selecionados, foram identificados 01 revisão de literatura, 03 re-
visões sistemáticas de literatura, 03 estudos retrospectivos e 01 estudo de coorte,
relatando e analisando diferentes modalidades de tratamento. Conclusões: consi-
derando-se as possíveis comorbidades dos pacientes e limitações técnicas, sugere-se
que lesões menores possam ser submetidas ao procedimento único de enucleação
com combinação de um ou mais adjuvantes, e lesões extensas sejam submetidas à
descompressão antes da cirurgia definitiva, restringindo-se a técnica de ressecção aos
casos de lesões que não respondem à descompressão ou quando há fratura patológica.
1
Odontopós - Instituto Odontológico de Pós-Graduação, Curso de Especialização em Cirurgia Como citar este artigo: Reschke LF, Schiefferdecker SA, Dias KB. Therapeutic challenges of odon-
e Traumatologia Bucomaxilofacial (Porto Alegre/RS, Brasil). togenic keratocyst: Review of literature and case report using the decompression technique. J Braz
Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35.
2
Hospital Ernesto Dornelles, Maxiface – Serviço de Diagnóstico e Tratamento Bucomaxilofacial
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.028-035.oar
& Odonto-hospitalar (Porto Alegre/RS, Brasil).
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 28 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Reschke LF, Schiefferdecker SA, Dias KB
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 29 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Desafios terapêuticos do ceratocisto odontogênico: revisão de literatura e relato de caso utilizando a técnica de descompressão
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 30 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Reschke LF, Schiefferdecker SA, Dias KB
B D
Figura 1: Lesão radiolúcida unilocular em mandíbula, limitada por cortical radiopaca com áreas de descontinuidade que sugerem fenestração e comunica-
ção com o meio bucal (A). Na reconstrução 3D (B) e nos cortes sagitais (C, D), observa-se intensa área osteolítica, reabsorção do teto do canal mandibular
e pouca estrutura basilar, representando risco eminente de fratura mandibular.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 31 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Desafios terapêuticos do ceratocisto odontogênico: revisão de literatura e relato de caso utilizando a técnica de descompressão
A B
Figura 2: A) Observa-se o conteúdo cístico após a retirada do material biopsiado. B) Instalação de sonda como dispositivo para descompressão.
1 2 3 4
A B
Figura 3: A) Corte histológico (HE, 100X) mostrando: (1) tecido conjuntivo submucoso, (2) remanescente ósseo da parede vestibular mandibular, (3) cáp-
sula fibrosa e (4) cavidade cística. B) Em maior aumento (HE, 400X), observa-se o revestimento da cavidade composto por células epiteliais paracerati-
nizadas de aspecto corrugado. A camada basal é composta por células de núcleo hipercromático em paliçada, que forma uma junção epitélio-conjuntiva
plana. Nota-se a ausência de infiltrado inflamatório na cápsula fibrosa.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 32 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Reschke LF, Schiefferdecker SA, Dias KB
A B
1
2
A B
Figura 6: A) Corte histológico (HE, 100X) mostrando: 1) a cápsula de tecido conjuntivo fibroso e 2) a cavidade cística. B) Em maior aumento (HE, 400X),
observa-se a cavidade revestida por tecido epitelial estratificado não ceratinizado e cápsula fibrosa contendo intenso infiltrado inflamatório mononuclear.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 33 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Desafios terapêuticos do ceratocisto odontogênico: revisão de literatura e relato de caso utilizando a técnica de descompressão
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 34 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
Reschke LF, Schiefferdecker SA, Dias KB
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 35 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):28-35
CasoClínico
RESUMO
1
Universidade do Estado do Amazonas, Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Como citar este artigo: Torres RS, Ribeiro ACF, Carvalho HMP, Nascimento SLC, Albuquerque GC,
Bucomaxilofacial (Manaus/AM, Brasil). Martins VB, Oliveira MV, Motta Junior J, Tavares PMH. Subcutaneous emphysema during surgical ex-
traction of third molars: three case reports. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.036-041.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 36 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
Torres RS, Ribeiro ACF, Carvalho HMP, Nascimento SLC, Albuquerque GC, Martins VB, Oliveira MV, Motta Junior J, Tavares PMH
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 37 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
Enfisema subcutâneo durante exodontia de terceiro molar: relato de três casos
A B C
Figura 1: A) Aspecto extrabucal imediatamente após o quadro de enfisema diagnosticado. B) Tomografia de face mostrando ar presente entre os tecidos
faciais, evidenciando quadro de enfisema. C) Pós-operatório de 15 dias mostrando resolução completa do caso.
A B C
Figura 2: A) Aspecto extrabucal após o quadro de enfisema instalado. B) Tomografia de face mostrando ar presente entre os tecidos faciais, característico
de enfisema. C) Pós-operatório de 15 dias mostrando resolução completa do caso.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 38 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
Torres RS, Ribeiro ACF, Carvalho HMP, Nascimento SLC, Albuquerque GC, Martins VB, Oliveira MV, Motta Junior J, Tavares PMH
Caso 3 DISCUSSÃO
Paciente do sexo feminino, 28 anos de idade, com O enfisema subcutâneo é um acidente raro, decorren-
pareceu ao serviço indicada pelo seu ortodontista para a ex- te de complicações durante procedimentos odontológicos,
tração dos terceiros molares devido a episódios recorrentes no qual ocorre a passagem de ar forçada para o interior dos
de pericoronarite. Na anamnese, não relatou qualquer co- tecidos moles3. Pode ocorrer devido ao uso rotineiro de ins-
morbidade que impossibilitasse a realização das exodontias. trumentos de ar em alta pressão e, também, ao uso de se-
Durante a osteotomia vestibular e distal ao terceiro ringa tríplice durante os tratamentos odontológicos4.
molar inferior, com turbina de alta rotação e abundan- Os procedimentos odontológicos mais relacio-
te irrigação, a paciente relatou dor e desconforto em nados ao surgimento do enfisema subcutâneo são as
região de periórbita direita. Foi observado, então, um exodontias de terceiros molares inclusos ou impac-
aumento de volume acentuado na hemiface esquerda, tados, quando se faz uso de um instrumento de alta
envolvendo parte das regiões periorbitária, temporal e rotação para realizar osteotomias e odontossecções.
zigomática, associado com crepitação à palpação, sendo Nesses procedimentos, as lacerações indevidas no
diagnosticado enfisema subcutâneo (Fig. 3A). A pacien- periósteo, que podem ocorrer por falta de delicadeza
te não relatou qualquer desconforto respiratório. e precisão no seu descolamento, também favorecem
Devido ao quadro psicológico da paciente em decor- a penetração do ar. Nos três casos aqui relatados, o
rência do enfisema, a cirurgia foi suspensa e, então, foi enfisema subcutâneo decorreu devido à exodontia de
solicitada uma tomografia computadorizada. O exame de terceiro molar inferior, nos quais foram confecciona-
imagem evidenciou dissecção dos espaços periorbitários, dos retalhos com descolamento mucoperiosteal total
envolvendo as pálpebras, regiões bucal, submandibular, seguido de osteotomia, que possivelmente contribuí-
temporal e sublingual, com extensão cervical, confirman- ram para o surgimento do quadro3,9.
do o diagnóstico de enfisema subcutâneo (Fig. 3B). Além disso, a proximidade dos terceiros molares
Foi prescrito o mesmo protocolo medicamentoso dos inferiores e o espaço facial submandibular pode levar à
casos 1 e 2, além dos mesmos cuidados e orientações. A pa- disseminação do enfisema para regiões mais profundas,
ciente teve um acompanhamento pós-operatório rigoroso como o espaço faríngeo lateral e o retrofaríngeo, com pos-
e, após sete dias, apresentou significativa redução do edema sível extensão para o mediastino3. Se o ar tiver microrga-
periorbitário. Após quinze dias, não apresentava qualquer nismos, pode surgir um quadro infeccioso, até colocando
sintoma referente ao quadro de enfisema (Fig. 3C). em risco a vida do paciente4. Outros autores relatam a
A B C
Figura 3: A) Aspecto extrabucal imediatamente após o quadro de enfisema diagnosticado, evidenciando aumento de volume facial no lado esquerdo.
B) Tomografia de face mostrando ar presente entre os tecidos faciais, evidenciando quadro de enfisema. C) Pós-operatório de 15 dias mostrando resolução
completa do caso.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 39 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
Enfisema subcutâneo durante exodontia de terceiro molar: relato de três casos
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 40 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
Torres RS, Ribeiro ACF, Carvalho HMP, Nascimento SLC, Albuquerque GC, Martins VB, Oliveira MV, Motta Junior J, Tavares PMH
Referências:
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 41 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):36-41
CasoClínico
RESUMO
1
Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Departamento de Como citar este artigo: Colombari AB, Costa FA, Sehn FP, Sverzut CE, Trivellato AE. A rare case
Periodontia e Cirurgia Bucomaxilofacial (Ribeirão Preto/SP, Brasil). of extensive mandibular and maxillary exostosis: case report. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020
Jan-Apr;6(1):42-6.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.042-046.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 42 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):42-6
Colombari AB, Costa FA, Sehn FP, Sverzut CE, Trivellato AE
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 43 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):42-6
Caso raro de extensa exostose maxilar e mandibular: relato de caso
Figura 1: Exostose em maxila e mandíbula bilateralmente, com grande volume e aspecto lobulado.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 44 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):42-6
Colombari AB, Costa FA, Sehn FP, Sverzut CE, Trivellato AE
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 45 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):42-6
Caso raro de extensa exostose maxilar e mandibular: relato de caso
Referências:
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 46 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):42-6
ArtigoOriginal
RESUMO
1
Hospital Cristo Redentor, Programa de Residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilo- Como citar este artigo: Pasqual PG, Arguello RB, Dos-Santos KW, De-Oliveira MG, Heitz C. Max-
facial (Porto Alegre/RS, Brasil). illofacial trauma epidemiology: a retrospective analysis of 1230 cases. J Braz Coll Oral Maxillofac
Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53.
2
Hospital Cristo Redentor, Serviço de Reabilitação (Porto Alegre/RS, Brasil).
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.047-053.oar
3
Hospital Cristo Redentor, Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (Porto Ale-
gre/RS, Brasil). Enviado em: 23/06/2019 - Revisado e aceito: 13/12/2019
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 47 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Epidemiologia do trauma maxilofacial: uma análise retrospectiva de 1.230 casos
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 48 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Pasqual PG, Arguello RB, Dos-Santos KW, De-Oliveira MG, Heitz C
cientes que foram submetidos ao BMM pós-operatório e intervalo interquartílico, devido à distribuição não pa-
foram incluídos nesse grupo. O tratamento conservador ramétrica dos dados; e as variáveis categóricas, por meio
consistia em prescrição de dieta macia e foi somente in- de frequências absolutas e relativas. O software utilizado
dicado para pacientes colaborativos, que apresentavam para compilação dos dados foi o SPSS versão 21.0.
fraturas simples/não deslocadas.
Considerou-se, também, a evasão prévia ao trata- RESULTADOS
mento e o óbito prévio ao tratamento. Um total de 1.408 prontuários foi avaliado, sendo 178
Os fatores etiológicos foram classificados, de acordo excluídos por não acatarem os critérios de inclusão. Os da-
com os dados obtidos da amostra, em: acidentes auto- dos dos prontuários de 1.230 pacientes foram analisados.
mobilísticos, agressão interpessoal, acidentes desporti- A evasão prévia ao tratamento foi constatada em
vos, acidentes de trabalho, ferimentos por arma de fogo, 5,37% da amostra (n = 66), e 3,01% desses (n = 37) vie-
ferimento por arma branca, queda de própria altura, ram a óbito durante a internação.
queda de altura, queda de objeto sobre a face, acidentes Houve predomínio de adultos jovens (25 a 44 anos)
com animais, exodontia de terceiro molar e outros. do sexo masculino (85,2%), sendo os acidentes automo-
A normalidade da distribuição da amostra foi verifi- bilísticos (32,2%) e agressões interpessoais (27,5%) as
cada por meio do teste de Kolmogorv-Smirnov. As variá- principais causas de fraturas faciais com necessidade de
veis quantitativas foram descritas por meio da mediana internação hospitalar (Tab. 1).
n %
0 -11 25 2
12 - 24 327 26,6
Idade (anos) 25 - 44 526 42,8
45 - 64 264 21,5
65 - 99 88 7,2
Feminino 182 14,8
Sexo
Masculino 1048 85,2
Acidente automobilístico 396 32,20
Agressão interpessoal 339 27,56
Ferimento por arma de fogo 173 14,07
Queda da própria altura 110 8,94
Queda de altura 83 6,75
Acidente desportivo 70 5,69
Acidente de trabalho 18 1,46
Fator etiológico
Queda de objeto sobre a face 15 1,22
Acidente com animal 11 0,89
Ferimento por arma branca 4 0,33
Exodontia terceiro molar 2 0,16
Não informado 4 0,33
Outros 5 0,41
Total 1.230 100
Q1 = primeiro quartil; Q3 = terceiro quartil; n (%) = tamanho da amostra (percentual da amostra).
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 49 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Epidemiologia do trauma maxilofacial: uma análise retrospectiva de 1.230 casos
Foram identificadas 2.241 fraturas na população es- até 7 dias, variando de 1 a 306 dias. Apenas 54 pacien-
tudada. A distribuição dessas fraturas está apresentada tes (4,79%) necessitaram de mais de uma hospitalização
na Tabela 2. A mandíbula foi o principal sítio anatômico para conclusão do tratamento
acometido 45,56% (n = 1021), seguida das fraturas orbi- Desses 54 pacientes, osteomielite e/ou infecção do sí-
tozigomaticomaxilares (OZM), com 31,28% (n = 701). tio cirúrgico foram a causa da reintervenção em 14 casos
As subdivisões do osso mandibular foram analisa- (25,92%), a maioria (85,71%, n = 12) relacionada a fraturas
das separadamente e demonstradas na Tabela 3. As fra- complexas da mandíbula. A remoção do material de osteos-
turas dos processos condilares foram as mais prevalentes síntese devido à exposição sem sinais de infecção foi res-
(22,54%), seguidas das fraturas de corpo (18,75%), pa- ponsável pela re-hospitalização de 18 pacientes (33,33%).
rassínfise (17,90%) e ângulo (17,61%). Dos pacientes que necessitaram de mais de uma hos-
Entre os pacientes que finalizaram o tratamento pitalização para completar o tratamento, 55,55% (n=30)
proposto (1.127 casos), a permanência de internação foram vítimas de impactos de alta energia, como acidentes
necessária para o tratamento de 50% da amostra foi de automobilísticos e ferimentos por armas de fogo.
n %
Mandíbula 1021 45,56
Orbitozigomaticomaxilar 701 31,28
Frontal 102 4,55
Dentoalveolar 119 5,31
OPN 83 3,70
Blow out 76 3,39
Naso-orbitoetimoidal 43 1,92
Le fort I 43 1,92
Le fort II 31 1,38
Le fort III 10 0,45
Lannelongue (sagital de maxila) 12 0,54
Total 2.241 100
n (%) = tamanho da amostra (percentual da amostra). OPN = ossos próprios do nariz.
Tabela 3: Distribuição das frequências das fraturas de mandíbula de acordo com o sítio anatômico.
n %
Processo condilar 238 22,54
Corpo 198 18,75
Parassínfise 189 17,90
Ângulo 186 17,61
Ramo 78 7,39
Processo coronoide 71 6,72
Sínfise 61 5,78
Dentoalveolar mandibular 35 3,31
Total 1.056 100
n (%) - tamanho da amostra (percentual da amostra).
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 50 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Pasqual PG, Arguello RB, Dos-Santos KW, De-Oliveira MG, Heitz C
n %
Redução aberta com fixação interna (RAFI) 377 30,65
Tratamento conservador 376 30,57
Redução aberta com fixação interna + BMM 173 14,07
Bloqueio maxilomandibular (BMM) 115 9,35
Redução aberta sem fixação 82 6,67
Evasão prévia ao tratamento 66 5,37
Óbito prévio ao tratamento 37 3,01
Suspensão esquelética 4 0,33
Total 1.230 100
n (%) - tamanho da amostra (percentual da amostra).
Um segundo tempo cirúrgico foi necessário em 9 ca- Na amostra de 530 pacientes com ferimentos ma-
sos (0,74%). Outras causas para a internação hospitalar xilofaciais analisada por Leles et al.1, 75,8% eram do
adicional foram a correção cirúrgica de lagoftalmo (n=1), sexo masculino, e o pico de incidência do trauma ocor-
em um paciente sustentando fratura zigomaticomaxilar reu no intervalo dos 21 aos 30 anos de idade, somando
complexa, e dacriocistorrinostomia (n=2) em vítimas de 171 casos (32,3%).
fraturas NOE. Por meio de uma revisão da base de dados do De-
A distribuição dos métodos de tratamento utiliza- partamento de Cirurgia Oral e Maxilofacial na Univer-
dos está demonstrada na Tabela 4. A redução aberta com sity Hospital of Innsbruck (Áustria), Gassner et al.12
fixação interna (RAFI) foi o método de tratamento mais demonstraram que a média de idade referente aos pa-
prevalente, aplicado em 377 pacientes (30,65%). A RAFI cientes vítimas de trauma craniofacial era de 25,8 anos.
foi associada ao bloqueio maxilomandibular em mais No presente estudo, 85,2% dos pacientes vítimas de
173 casos (14,07%), e o tratamento conservador foi elei- fraturas faciais eram do sexo masculino e a faixa etária
to para 376 pacientes (30,57%). de 25-44 anos foi responsável por 42,8% (n=526) das
internações.
DISCUSSÃO Os resultados desse estudo confirmam os dados
Os traumatismos envolvendo a face acometem um apresentados na literatura, que indicam como principais
componente essencial para o autorreconhecimento, a fatores etiológicos das fraturas faciais os acidentes de
identidade e o relacionamento social10. Os pacientes trânsito e a violência interpessoal. A análise epidemio-
vítimas de traumatismos faciais devem ser avaliados, lógica realizada por Brasileiro e Passeri4 revelou que 45%
diagnosticados e tratados adequadamente e em mo- dos pacientes admitidos com fraturas faciais eram decor-
mento propício, a fim de se evitar, ou mesmo ameni- rentes de acidentes de trânsito.
zar, sequelas funcionais e estéticas. As situações que Bonavolonta et al.13, em uma revisão retrospectiva
resultam em alterações faciais permanentes e prejuízos dos registros de atendimento de pacientes admitidos por
funcionais constantemente acompanham sequelas psi- fraturas do esqueleto facial em um hospital referência
cológicas importantes11. em trauma em Nápoles (Itália), demonstraram também
A divergência dos resultados epidemiológicos apre- que os fatores etiológicos com maior prevalência foram
sentados na literatura ocorre em detrimento de variações os acidentes automobilísticos (57,1%) e as agressões
geográficas, culturais e próprias das amostras coletadas. (21,7%). Wulkan et al.5, entretanto, relataram como
Entretanto, é consenso que a maior parcela das amostras principal fator etiológico as agressões, que totalizaram
de vítimas de fraturas faciais é composta por sujeitos do 48,8% das fraturas avaliadas, enquanto os acidentes de
sexo masculino com idade entre 20 e 40 anos1,4,5,12. trânsito perfizeram um total de 12,9%.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 51 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Epidemiologia do trauma maxilofacial: uma análise retrospectiva de 1.230 casos
Na amostra estudada por Kontio et al.14, a vio- Desde os trabalhos pioneiros de Champy et al.18 e
lência interpessoal foi responsável por 42% dos Michelet et al.19, a osteossíntese por placas e parafusos
traumatismos avaliados. Nesse trabalho, o principal tem sido o tratamento de eleição para as fraturas de face.
fator etiológico das fraturas maxilofaciais foram os As principais vantagens descritas envolvem a ausência
acidentes de trânsito, responsáveis por 32,2% das de cicatrizes desfavoráveis, pela possibilidade de acessos
fraturas. A violência interpessoal foi o segundo fator trans/intrabucais ao esqueleto facial, possibilidade de
mais frequente, com 27,56%. abreviar ou isentar a fixação intermaxilar, recuperação
Digno de nota, nesse estudo, foi o achado de que precoce da função mastigatória e consequente devolução
os ferimentos por arma de fogo representaram 14,07% do paciente à suas atividades sociais.
das internações, enquanto a literatura apresenta uma Mijiti et al.20 revisaram 1.350 pacientes apresentando
frequência de 0,5% a 1,2%5,15. A relevância desse tipo de 1.860 fraturas faciais, das quais 1.064 foram tratadas por
trauma consiste na ascensão do número de crimes, da meio de redução aberta e fixação interna, enquanto outras
alta mortalidade e no impacto direto para saúde indivi- 97 foram tratadas pela associação da RAFI ao BMM.
dual e na sociedade como um todo, seja pela presença Apesar das vantagens e da popularidade do tratamen-
constante de vítimas nos serviços de saúde, seja pela to baseado na redução aberta e fixação interna, o bloqueio
influência emocional no dia a dia das pessoas. maxilomandibular segue como método de tratamento efe-
Quanto às regiões anatômicas envolvidas com tivo para as fraturas faciais, considerando-se sua eficácia no
maior frequência, a mandíbula e o complexo zigomá- restabelecimento da oclusão e função mastigatória17.
tico são os mais acometidos, tanto na amostra es- O presente trabalho contribui para a avaliação dos
tudada quanto nas relatadas por estudos prévios 4,13. principais fatores de risco, fatores etiológicos e dos sí-
Maliska et al. 16, em uma revisão retrospectiva de tios anatômicos acometidos com maior frequência nos
132 pacientes que totalizavam 185 fraturas faciais, traumatismos faciais. Porém, limita-se a apresentar as
demonstraram que 54,6% das fraturas envolviam a distribuições das frequências das variáveis de interesse.
mandíbula, enquanto o zigoma representava 27,6% Ainda se fazem necessários estudos futuros propondo
das fraturas. Analisando os traumatismos do osso a investigação de intercorrências e desfechos negativos,
mandibular separadamente, o processo condilar foi o comparação de tratamentos e acompanhamento longitu-
sítio mais afetado (22,54%), seguido das fraturas de dinal de pacientes.
corpo (18,75%) e parassinfisárias (17,9%).
Além de frequentes, as fraturas mandibulares CONCLUSÃO
estão relacionadas a sequelas neurossensoriais, dis- Os resultados dessa análise associados à divul-
funções mastigatórias, limitação de abertura bucal e gação contínua de dados atualizados que reflitam as
alterações oclusais. realidades locais são determinantes na melhor com-
Diversos métodos de tratamento estão disponíveis preensão desses eventos e na orientação de políticas
para as fraturas maxilofaciais. A eleição vai depender da de saúde públicas focadas no controle, prevenção e re-
localização da fratura, suas características, experiência e cuperação desses pacientes, permitindo o desenvolvi-
preferência do cirurgião especialista, bem como as condi- mento de novas abordagens diante das mudanças nas
ções clínicas do paciente17. frequências dos fatores causadores.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 52 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
Pasqual PG, Arguello RB, Dos-Santos KW, De-Oliveira MG, Heitz C
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 53 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):47-53
CasoClínico
RESUMO
1
Associação Beneficente da Santa Casa de Campo Grande, Residente do serviço de Cirurgia Como citar este artigo: Ferzeli VHN, Barros MN, Teslenco VB, Reis GN, Pancini EF, Cavalcanti HA.
e Traumatologia Bucomaxilofacial (Campo Grande/MS, Brasil). Condylar hyperplasia treatment by means of proportional condilectomy and orthognathic surgery:
case report. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):54-60.
2
Associação Beneficente da Santa Casa de Campo Grande, Preceptor da residência de Cirur-
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.054-060.oar
gia e Traumatologia Bucomaxilofacial (Campo Grande/MS, Brasil).
3
Associação Beneficente da Santa Casa de Campo Grande, Coordenador da residência de Enviado em: 25/07/2019 - Revisado e aceito: 03/10/2019
Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (Campo Grande/MS, Brasil).
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros,
que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 54 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):54-60
Ferzeli VHN, Barros MN, Teslenco VB, Reis GN, Pancini EF, Cavalcanti HA
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Tratamento de hiperplasia condilar por meio de condilectomia proporcional e cirurgia ortognática: relato de caso
e facial ainda persistia, apesar dos padrões estarem respondeu bem ao procedimento realizado, apresen-
dentro de um limite clinicamente aceitável (até 5 mm tando ausência de parestesias, melhora de padrão
de desvio da linha média dentária), acrescentava-se o facial, função oclusal e assimetria facial. Ainda era
fator de crescimento excessivo de maxila. Sendo as- possível observar discreto desvio mandibular, prova-
sim, um procedimento cirúrgico de reposicionamento velmente devido à baixa adesão da paciente à reabi-
bimaxilar foi indicado, com impacção maxilar de 5 mm litação com elos elásticos. A paciente foi orientada a
e reposicionamento mandibular anterior. Após acom- retomar terapia com elásticos, e uma nova avaliação
panhamento pós-operatório de 90 dias, a paciente seria feita (Fig. 3C a 3H).
A B C D
Figura 1: Fotografias iniciais: A) vista frontal, B) vista frontal sorrindo, C) vista de perfil esquerda, D) vista de perfil direita.
A B
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 56 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):54-60
Ferzeli VHN, Barros MN, Teslenco VB, Reis GN, Pancini EF, Cavalcanti HA
A B
C D E
F G H
Figura 3: Fotografias após condilectomia: A) vista frontal, B) perfil sorrindo. Fotografias após cirurgia ortognática: C) vista de perfil esquerda, D) vista
frontal, E) vista em meio perfil, F) vista frontal aproximada, G) intrabucal lateral direita, H) intrabucal lateral esquerda.
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Tratamento de hiperplasia condilar por meio de condilectomia proporcional e cirurgia ortognática: relato de caso
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Ferzeli VHN, Barros MN, Teslenco VB, Reis GN, Pancini EF, Cavalcanti HA
sitaram de uma cirurgia ortognática secundária, e para uma discussão sobre as principais linhas de tra-
apenas 15,8% dos pacientes do Grupo 2, ou seja, que tamento propostas atualmente 10.
realizaram condilectomia proporcional, apresenta- Outro estudo se propôs a comparar o resultado
ram a necessidade de se submeter a uma cirurgia de do tratamento e a preservação da estabilidade em
reposicionamento bimaxilar. Concluíram que a con- longo prazo de dois grupos de pacientes diagnosti-
dilectomia proporcional é um procedimento racional cados com hiperplasia condilar. Cinquenta e quatro
para tratamento de hiperplasias condilares unilate- pacientes foram tratados: o Grupo 1, com 12 pacien-
rais, reduzindo significativamente a necessidade de te (idade média de 17,5 anos), foi tratado apenas por
uma cirurgia ortognática posterior 9. meio de cirurgia ortognática com retrusão mandi-
Posnick, Perez e Chavda 2, em 2017, relatam uma bular bimaxilar; o Grupo 2, com 42 pacientes (idade
abordagem divergente, referindo que casos de hi- média de 16,6 anos), passou por condilectomia alta,
perplasia condilar podem ser tratados apenas com o reposicionamento de disco articular e cirurgia ortog-
uso da técnica ortognática bimaxilar padrão. Os au- nática. Observou-se uma diferença significativa no
tores relatam que, na maioria dos casos, uma oclu- resultado da estabilidade em longo prazo. O Grupo
são favorável pode ser alcançada de forma confiável 2 apresentou diferença estatisticamente significati-
e mantida em longo prazo. Um estudo retrospectivo va quanto à estabilidade cefalométrica, sendo muito
foi realizado com 76 pacientes com alongamento he- mais estável em longo prazo. Todos os pacientes do
mimandibular, operados entre 1999 e 2013, todos Grupo 1 voltaram ao seu padrão dentofacial de Clas-
tratados por meio de reposicionamento bimaxilar, se III, necessitando de novo procedimento cirúrgico
excluindo paciente com idade acima de 26 anos. Des- para correção. Apenas 1 paciente do Grupo 2 apre-
ses pacientes, apenas 1 apresentou sinais de cresci- sentou necessidade de nova intervenção cirúrgica.
mento mandibular em progresso após o procedimen- Como resultado, esse estudo mostrou que pacientes
to cirúrgico e em tempo de acompanhamento de até com hiperplasia condilar ativa tratados com condi-
5 anos e 8 meses. Os autores puderam concluir que lectomia alta, reposicionamento de disco e cirurgia
a necessidade de retrusão mandibular, até em casos ortognática tiveram resultados mais previsíveis e
de avanço maxilar simultâneo, provou-se um fator estáveis em longo prazo, comparados àqueles que
de recidiva da má oclusão em longo prazo, apesar do foram tratados apenas com cirurgia ortognática.
risco ser baixo. Além disso, relatam que não há ne- Esse mesmo estudo propõe três opções de tratamen-
cessidade de um procedimento aberto na ATM para to: 1) Eliminar qualquer crescimento futuro mandi-
prevenir o crescimento condilar². bular, com condilectomia alta e cirurgia ortognática
Mouallem et al.10, em 2017, atestaram que o simultânea; 2) Adiar a cirurgia corretiva até o cresci-
protocolo de tratamento usando ‘condilectomia pro- mento condilar estar completado; 3) Apenas cirurgia
porcional’ permitiu tanto o tratamento etiológico do ortognática durante período de atividade de hiper-
supercrescimento condilar quanto a restauração da plasia condilar, com sobrecorreção mandibular 11.
arquitetural facial. Relataram que, quando necessá-
rio, o uso de técnicas ortognáticas associadas pode CONSIDERAÇÕES FINAIS
melhorar as características oclusais e estéticas10. Existem divergências na literatura quanto à ne-
O tratamento realizado no presente relato de cessidade da condilectomia alta e discopexia para o
caso se assemelha àqueles propostos por Mouallem controle do crescimento condilar em casos tratados
et al.10 A escolha se deu devido à preferência de uma apenas com cirurgia ortognática em pacientes com
abordagem escalonada, na qual procedimentos mais hiperplasia condilar ativa. Porém, recentes estudos
invasivos (cirurgia ortognática) poderiam ser dis- demonstram uma estabilidade em longo prazo ape-
pensados perante uma estabilidade e um resultado nas com a utilização da cirurgia de reposicionamento
satisfatório tanto para o profissional quanto para o bimaxilar. A utilização da condilectomia proporcio-
paciente. No entanto, um segundo procedimento ci- nal, com objetivo de tratamento da assimetria facial
rúrgico foi realizado, a fim de finalizar a correção de causada pela hiperplasia condilar unilateral, pode se
discretas discrepâncias ainda presentes. Dessa for- mostrar satisfatória, visto sua reduzida invasividade
ma, abre-se espaço, por meio desse relato de caso, e boa taxa de sucesso.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 59 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):54-60
Tratamento de hiperplasia condilar por meio de condilectomia proporcional e cirurgia ortognática: relato de caso
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 60 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):54-60
ArtigoOriginal
RESUMO
1
Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Odontologia (Maringá/PR, Brasil). Como citar este artigo: Christoffoli MT, Farah GJ, Farah IG, Luppi CR, Bachesk AB. Epidemio-
logical study of pediatric odontogenic infections in Maringá. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020
Jan-Apr;6(1):61-8.
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.061-068.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 61 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):61-8
Estudo epidemiológico das infecções odontogênicas pediátricas em Maringá
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 62 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):61-8
Christoffoli MT, Farah GJ, Farah IG, Luppi CR, Bachesk AB
7. Terapia utilizada (terapêutica medicamentosa e sexo feminino, foram encontradas 22 crianças, num to-
conduta). tal de 47,8% da amostra.
8. Prognóstico.
9. Comorbidades. Idade
A idade dos pacientes poderia variar de 0 a 12 anos, Quanto à idade, o maior valor encontrado foi de 12
tanto no sexo masculino quanto no feminino. Com rela- anos, e o menor, 2 anos. Calculando uma média simples
ção ao dente acometido, considerou-se que qualquer um das idades apresentadas, encontrou-se um valor de 7,3
dos dentes irrompidos na cavidade bucal poderia desen- anos. O detalhamento dos achados referentes a essa va-
cadear processos infecciosos. Os ossos gnáticos conside- riável encontra-se na Tabela 1.
rados foram maxila e mandíbula.
A etiologia das infecções foi dividida em trau- Local da infecção
mática ou por lesão cariosa. A duração da infecção A variável “local da infecção” foi subdividida
foi considerada desde o momento da admissão do em “dente de etiologia” e “osso gnático acometido”.
paciente até a alta hospitalar. A terapia aplicada foi O osso gnáticos envolvidos consideraram o maxilar
dividida em terapêutica, sendo que as drogas tera- envolvido, ou seja, maxila ou mandíbula. Os resul-
pêuticas usadas durante a infecção foram especial- tados mostraram uma predileção considerável pelo
mente os antimicrobianos, e conduta adotada pelo osso mandibular, com 32 (69,6%) casos. Os outros
cirurgião-dentista com relação à infecção e ao dente 14 casos (30,4%) ocorreram em dentes localizados na
que desencadeou a infecção. O prognóstico refere-se arcada superior.
ao curso de evolução do processo infeccioso, e as co- Observou-se uma variedade grande de dentes
morbidades foram definidas como distúrbios asso- que desencadearam o processo infeccioso; porém, os
ciados à infecção odontogênica. mais comuns foram os primeiros molares inferiores
decíduos (#85 e #75), com 7 casos para cada elemen-
RESULTADOS to dentário, totalizando 15,2% cada. O detalhamen-
Sexo to de cada elemento dentário está disposto na Tabe-
Da amostra final de 46 crianças, 24 eram do sexo la 2, organizada em ordem decrescente, conforme a
masculino, totalizando 52,2% dos casos. Com relação ao porcentagem de cada dente.
Tabela 1: Número de casos e porcentagem conforme a idade dos pacientes (em anos).
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Estudo epidemiológico das infecções odontogênicas pediátricas em Maringá
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Christoffoli MT, Farah GJ, Farah IG, Luppi CR, Bachesk AB
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Estudo epidemiológico das infecções odontogênicas pediátricas em Maringá
Os resultados foram divididos em três grupos: Grupo 1, A partir da tabulação dos dados, pôde-se obser-
composto pelos pacientes que tiveram uma duração de in- var que as amostras foram variáveis de acordo com
fecção de 1 a 3 dias; Grupo 2, duração da infecção de 4 a 6 o local onde a pesquisa foi realizada e o período do
dias; e Grupo 3, infecção durando 7 dias ou mais. estudo, em anos. O sexo masculino foi mais afetado
Após a aplicação do teste estatístico, uma variância nos achados de todas as pesquisas supracitadas, com
significativa foi verificada apenas no Grupo 3 (7 dias ou exceção do estudo de Lin et al.14, que apresentou igual
mais). Observou-se 11 adultos nesse grupo e apenas 1 comprometimento de ambos os sexos. Portanto, os
criança, concluindo que os pacientes pediátricos respon- resultados do presente estudo, para essa variável, cor-
dem melhor à antibioticoterapia instituída e necessitam roboram com os achados da maioria dos estudos dis-
de menor tempo de internação hospitalar, corroborando poníveis na literatura.
com os achados de Martini e Migliari 11, que avaliaram Além disso, verificou-se que a média de idade foi
o tempo de admissão hospitalar de acordo com a faixa bastante variável, ficando em torno de 7/8 anos na maio-
etária, e registraram as maiores médias de tempo de in- ria dos estudos, com exceção de Lin et al.14, que relata-
ternação nas faixas etárias mais elevadas11. ram média de 5,7 anos, e Scutari et al.16, com uma média
Além da comparação intergrupos, foi feita uma de 3,9 anos. Observa-se que a média de idade encontra-
comparação com outros estudos em pacientes pediátri- da no presente estudo está dentro da média encontrada
cos, que usaram a mesma metodologia, com o objetivo em outros estudos comparativos.
de comparar os achados de todos eles. Os dados coleta- Não houve discrepância com relação à região ós-
dos foram esquematizados nos Quadros 1 e 2. sea que os estudos apontaram como a mais afetada.
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Christoffoli MT, Farah GJ, Farah IG, Luppi CR, Bachesk AB
Três estudos (50%) indicaram a maxila com maior envol- críticos, porque os pacientes pediátricos com infecções
vimento e três (50%), a mandíbula. Os achados do pre- faciais ficam desidratados e com problemas sistêmicos
sente estudo corroboram os achados de Kara et al.12 e de muito rapidamente. O antimicrobiano de escolha é a
Scutari et al.16 Ademais, a variável temperatura também Amoxicilina. Além disso, a conduta estabelecida deve,
coincidiu com as médias dos outros estudos, todas man- sempre que possível, basear-se em tratamentos mais
tendo-se entre 37,5 e 38,4ºC. conservadores, com foco na manutenção dos dentes e
No que diz respeito ao tratamento adotado, o pre- seu tratamento correto. Com isso, o prognóstico será
sente estudo mostrou predileção por uma abordagem mais favorável e as comorbidades serão evitadas.
mais conservadora, ou seja, manter o dente na cavida-
de bucal após realização de tratamento endodôntico. ABSTRACT
Por outro lado, a maior parte dos autores considerou Epidemiological study of pediatric odontogenic in-
a exodontia como melhor tratamento para o elemento fections in Maringá
dentário que desencadeou a infecção. Porém, vale ressal- Introduction: Maxillofacial infections in pediatric
tar a importância de que os dentes decíduos sejam man- patients are serious clinical situations, characterized
tidos em posição até o período natural de sua rizólise e by the spread of the infectious process to adjacent
o quanto a perda precoce deles pode ser prejudicial ao tissues, usually with odontogenic origin. Objective:
paciente infantil. Isso porque eles auxiliam na estética, The aim of this study was to evaluate the causes,
mastigação e fonação, além de funcionarem como man- clinical condition and treatment performed in pedi-
tenedores de espaço naturais e guias para a erupção dos atric patients with maxillofacial disease treated by
dentes permanentes17. the Maringá Bucomaxilofacial Surgery and Trauma-
Os agentes antibióticos mais utilizados foram Am- tology Service from 2007 to 2017. Methods: The
picilina + Sulbactam e Amoxicilina e Clindamicina. Foi methodology used was the retrospective analysis of
observado, nos registros, o uso frequente de Ampi- medical records, with the help of a structured form.
cilina e Sulbactam. Esse antibiótico é indicado para The research form considered the variables: age,
casos em que há suspeita da presença de micror- gender, admission temperature, etiology tooth, du-
ganismos resistentes aos antibióticos ß-lactâmicos; é ration of infection, therapy and prognosis. Results:
um medicamento bem tolerado e seguro para a terapia As a result, there was a slight predilection for males
empírica de infecções de origem odontogênica, uma vez (52.2%); the average age found was 7.3 years; the
que é eficiente contra as bactérias aeróbicas e anaeróbi- most affected teeth were the lower first deciduous
cas responsáveis pelo quadro infeccioso18. molars (#75 and #85); the most common etiology
was pulp involvement through caries. The average
CONCLUSÃO admission temperature was 37.5ºC and infections
As infecções maxilofaciais pediátricas apresentam lasted an average of 3 days. Regarding applied ther-
rápida evolução, tendo como principal etiologia a cárie apy, the most used antibiotic was amoxicillin and the
e outros distúrbios infecciosos. Há uma predileção pelo approach was abscess drainage and dental treatment.
sexo masculino, e a média de idade dos pacientes acome- Conclusion: Knowledge about this subject is neces-
tidos gira em torno dos 7 anos. Os dentes mais comu- sary by the dentist because pediatric patients with
mente acometidos são os primeiros molares inferiores odontogenic infections become systemically affected
decíduos, e a mandíbula é mais afetada, quando compa- very quickly. Keywords: Abscess. Pediatric dentist-
rada à maxila. O diagnóstico e o tratamento precoces são ry. Signs and symptoms. Conservative treatment.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 67 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):61-8
Estudo epidemiológico das infecções odontogênicas pediátricas em Maringá
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© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 68 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):61-8
ArtigoOriginal
RESUMO
1
Consultório particular (Salvador/BA, Brasil). Como citar este artigo: Mascarenhas G, Mascarenhas D, Zanetta-Barbosa D, Marangon-Jr H,
Pereira RMA, Pereira P. Comparison of diffusion capacity and efficacy of 4% articaine and 2% li-
2
Universidade Federal de Uberlândia (Uberlândia/MG, Brasil).
docaine on impacted maxillary third molars extraction. J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-
-Apr;6(1):69-75.
3
Centro Universitário de Patos de Minas, Odontologia (Patos de Minas/MG, Brasil).
DOI: https://doi.org/10.14436/2358-2782.6.1.069-075.oar
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 69 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):69-75
Avaliação comparativa da eficácia e da capacidade de difusão da articaína 4% e da lidocaína 2% em extrações de terceiros molares superiores impactados
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Mascarenhas G, Mascarenhas D, Zanetta-Barbosa D, Marangon-Jr H, Pereira RMA, Pereira P
Escala de 11 Pontos em Caixa (EC), aplicada em dois mo- foi realizada uma análise de potência da amostra, con-
mentos distintos (EC1 e EC2) em cada lado: siderando-se a média de cada grupo e o desvio-padrão,
» EC1: após incisão na região do rebordo alveolar e com nível de significância de 5% e limite de inferiorida-
descolamento da mucosa palatina, momento em que a de de 1 escore. Dessa forma, obteve-se um resultado de
infiltração palatina ainda não havia sido realizada; solici- 100% do poder para os resultados EC1 e EC2.
tou-se aos voluntários que completassem essa escala para
quantificar a sensação de dor e, assim, identificar qual das RESULTADOS
soluções foi mais eficaz na difusão para a mucosa palatina. A Tabela 1 mostra os valores obtidos com as variá-
» EC2: ao final do procedimento cirúrgico, solicitou-se veis idade, EADC e EC nas soluções de articaína e lidocaí-
aos voluntários que quantificassem o desconforto durante na. A idade mediana foi de 19,5 anos (± 5,5 anos). Os va-
a cirurgia, para que fosse possível identificar se alguma das lores obtidos com o EADC variaram de 14 a 18, sendo a
soluções oferecia maior conforto transoperatório. maioria da amostra pouco ansiosa, com mediana de 7,5.
A análise estatística dos dados foi realizada usando As Figuras 1 e 2 ilustram os valores obtidos pela EC
o software R 2.4.1. Foi feita uma análise descritiva (fre- com as duas soluções anestésicas nos momentos de in-
quência absoluta e relativa; mediana, valores mínimos e cisão e descolamento e após a sutura, respectivamente.
máximos) para identificar as características gerais e es- Nenhum dos pacientes avaliados necessitou de anestesia
pecíficas da amostra. A existência de diferenças estatis- complementar durante o procedimento.
ticamente significativas entre a Escala de Dor, nos dois Não houve diferença estatisticamente significativa
momentos de mensuração, entre articaína e lidocaína foi entre as soluções de anestésicos de articaína a 4% com
verificada por meio do teste de Wilcoxon para amostras epinefrina 1:100.000 e lidocaína a 2% com epinefrina
pareadas. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para 1:100.000, em relação à capacidade de difusão (EC1) e
verificar a existência de associações entre as variáveis es- eficácia anestésica (EC2) (Tab. 2).
tudadas, de acordo com o sexo. Para identificar a exis- A Figura 3 ilustra a eficiência das duas soluções
tência de uma relação linear entre a EADC e a idade do anestésicas para a sensibilidade à dor nos momentos de
paciente, foi utilizada a correlação de Spearman. Associa- incisão e descolamento e após a sutura.
ções com valor de p < 0,05 foram consideradas estatisti- Não houve diferença significativa no DAS entre homens
camente significativas. Por se tratar de um estudo de não e mulheres (p = 0,232). O mesmo resultado foi encontrado
inferioridade, no qual o objetivo foi provar que não há quando se comparou sexo e a dor (articaína: EC1 p = 0,477,
diferença na eficácia dos dois anestésicos locais testados, EC2 p = 1,0; lidocaína: EC1 p = 0,554, EC2 p = 0,619).
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Avaliação comparativa da eficácia e da capacidade de difusão da articaína 4% e da lidocaína 2% em extrações de terceiros molares superiores impactados
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Mascarenhas G, Mascarenhas D, Zanetta-Barbosa D, Marangon-Jr H, Pereira RMA, Pereira P
O teste de correlação de Spearman não mostrou presente estudo evidenciaram a ausência de diferença
correlação entre EADC, EC (em nenhum dos dois mo- estatística para as soluções anestésicas empregadas,
mentos) e a idade dos voluntários. no que diz respeito à eficácia das soluções para o con-
trole de dor e difusão anestésica para mucosa palatina.
DISCUSSÃO Tais resultados corroboram a supressão da adminis-
A solução anestésica padrão de lidocaína a 2% é um tração palatal de sais anestésicos em procedimentos
anestésico do tipo amida, que tem um tempo de latência de exodontias de terceiros molares superiores.
de dois a três minutos. Quando associada a um vaso- A dor é uma sensação subjetiva, multifatorial, in-
constritor, sua duração é de aproximadamente uma hora fluenciada por fatores biológicos, afetivos, culturais e
em anestesia pulpar e de três a cinco horas em tecidos evolutivos, dificultando sua mensuração20,21. Os instru-
moles. A solução de lidocaína a 2% associada à epine- mentos de análise da dor são críticos para a avaliação
frina 1:100.000 garante bons resultados na maioria dos correta e devem ser cuidadosamente selecionados. Nesse
procedimentos odontológicos, não justificando o uso da estudo, os voluntários permaneceram em posição hori-
solução a 3%. Além disso, devido à sua grande atividade zontal, com o campo cirúrgico em seu corpo, durante o
vasodilatadora, seu uso não é aconselhável sem um va- transoperatório e, consequentemente, nos momentos de
soconstritor, uma vez que essa combinação aumenta a preenchimento da escala de avaliação da dor. Essa posi-
duração da anestesia e minimiza sua toxicidade4,5. ção poderia dificultar a movimentação dos membros su-
Por volta de 1999, um novo anestésico local, a periores, levando à falta de coordenação motora. Embora
articaína, apareceu no mercado brasileiro. A articaí- a Escala Visual Analógica seja conhecida como o instru-
na foi sintetizada em 1969, introduzida na Alemanha mento mais utilizado para medir a dor, a confiabilidade
em 1976, gradualmente expandida para a Europa e e a sensibilidade22-24, é difícil de ser entendida, exigindo
América do Sul, e foi aprovada para venda no Reino um grande dispêndio de energia cognitiva e podendo ser
Unido em 19998,12,14. É classificada como uma solução influenciada por problemas de incoordenação motora,
anestésica do tipo amida com a adição do anel tiofe- tornando-se menos confiável do que uma escala de inter-
no, o que aumenta sua lipossolubilidade e potência. valo fixo20-22. Escalas com intervalos fixos são mais fáceis
Tem boa penetração nos tecidos e liga-se em 95% das de entender, já que os números são mais familiares para
proteínas plasmáticas excretadas pelos rins. Está cli- os participantes. Na literatura consultada, as escalas
nicamente disponível na concentração de 4% associa- com intervalos fixos, como o NRS-11, não apresentaram
da à epinefrina 1:100.000 ou 1:200.0005,10,11,12,14. como pré-requisito boa coordenação motora para serem
Trabalhos avaliando comparativamente as solu- aplicadas, o que justificou sua utilização nesse estudo.
ções anestésicas de lidocaína a 2% e articaína a 4% Existe uma correlação entre várias das escalas ava-
no controle álgico da pulpite irreversível observaram liadas, sem diferença na capacidade de mensurar a dor,
resultados conflituosos, mesmo em revisões sistemá- embora essa escala pareça ser a que apresenta menor
ticas do assunto15,16. Rathi et al.17 avaliaram compa- dificuldade de compreensão e leve a menos erros pelos
rativamente as soluções de lidocaína a 2% e articaína pacientes20. De fato, nesse estudo, nenhum dos volun-
a 4% para controle da dor em exodontias de molares tários apresentou dificuldade em compreender e res-
decíduos, sendo observada superioridade da articaína ponder à escala, conforme relatado na literatura.
para o controle da dor transoperatória. Alguns autores relataram que os efeitos hormo-
Alguns trabalhos também avaliaram a eficácia da nais sobre a percepção da dor são complexos e dinâ-
infiltração bucal única utilizando soluções anestésicas micos, e os pesquisadores sempre devem determinar
de lidocaína a 2% e articaína a 4%. Kolli et al.18 de- as fases dos períodos menstruais em estudos relacio-
monstraram a eficácia das soluções anestésicas nas nados à percepção da dor21. Por prever a possibilidade
exodontias de molares superiores decíduos, na su- de que muitos dos voluntários pudessem ser do sexo
pressão da injeção palatal durante a execução desses feminino (n = 15, 83,33%), em uma amostra composta
procedimentos. No entanto, um ensaio clínico ran- por pessoas de 14 a 26 anos (em idade reprodutiva),
domizado, duplo-cego e controlado não observou o essa pesquisa foi realizada em períodos iguais do ciclo
mesmo resultado, não justificando a não administra- menstrual de cada paciente. Além disso, todos os pro-
ção palatal das soluções19. Os resultados obtidos no cedimentos foram realizados no período da manhã,
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Avaliação comparativa da eficácia e da capacidade de difusão da articaína 4% e da lidocaína 2% em extrações de terceiros molares superiores impactados
para evitar alterações relacionadas ao ritmo circadia- capacidade de difusão. Ambas as soluções tiveram se-
no de secreção de catecolaminas e permeabilidade da melhante eficácia anestésica e capacidade de promo-
membrana celular25. ver anestesia; e o transoperatório foi semelhante para
Um fator que poderia interferir no estudo de ses- as duas soluções testadas, demonstrando que a opção
são única era o tempo cirúrgico. Isso, porém, não foi por uma solução ou a outra não deve ser baseada na
uma variável, visto que o operador era um especialista capacidade de difusão e eficácia anestésica. Além dis-
com muita experiência no procedimento de extração so, a relação custo-benefício não justifica a escolha da
de terceiros molares. O tempo médio de cirurgia foi de articaína em vez da lidocaína, pois o custo da articaína
37,7 minutos, muito menor do que o tempo de ação é maior que o da lidocaína e não foram encontradas
dos anestésicos envolvidos nesse estudo. Além disso, vantagens para apoiar seu uso.
sabe-se que a exodontia dos terceiros molares supe-
riores impactados é geralmente mais rápida do que a ABSTRACT
dos inferiores, e é improvável que a avaliação da sen- Comparison of diffusion capacity and efficacy
sibilidade transcirúrgica da dor de um lado possa ser of 4% articaine and 2% lidocaine on impacted
influenciada pela sensibilidade pós-operatória do lado maxillary third molars extraction
oposto já operado. Para garantir isso, os voluntários Introduction: Anesthetic solutions have their own char-
que tiveram um tempo cirúrgico (dente #18 ou #28) acteristics regarding properties such as latency, potency,
com duração superior a 20 minutos foram excluídos and duration of action. Many authors have demonstrat-
da amostra, evitando que o tempo total do procedi- ed the superiority of diffusion of 4% articaine solutions,
mento (dente #18 + #28) pudesse exceder a duração although there is controversy in the scientific literature
do efeito anestésico na polpa e tecidos moles, de am- about this discussion. Objective: The purpose of this
bos os anestésicos, conforme descrito na literatura5,9. study was to compare the ability to induce palatal muco-
O bloqueio do nervo alveolar posterior em ambos sa anesthesia and the anesthetic efficacy after superior
os lados foi precedido por um teste de sensibilidade na alveolar posterior nerve block of two anesthetic solu-
mucosa palatinodistal do segundo molar, com um des- tions: 4% articaine with epinephrine 1:100,000 and 2%
colador de Molt. Dessa forma, foi possível garantir que lidocaine with epinephrine 1:100,000. Methods: This
o anestésico aplicado a partir do primeiro lado operado original experiment is a cross-sectional, double-blind,
não interferisse na sensibilidade do lado oposto. O tem- randomized study of eighteen healthy volunteers, aged
po de latência encontrado na literatura de ambos os 14 to 26 years, with impacted maxillary third molar ex-
anestésicos variou de 1,5 a 4 minutos5,7,9,26-29. Por esse traction indications. The diffusion ability and the effica-
motivo, foi padronizado um período de 5 minutos após cy of anesthetic solutions were verified by the 11-point
o término da infiltração do anestésico. Box Scale, and the anxiety degree was evaluated with the
Corah Dental Anxiety Scale. Results: Results showed
CONCLUSÃO that in healthy patients, both anesthetic solutions had
De acordo com a metodologia e os resultados the same diffusion to palatal mucosa and, presented sim-
deste estudo, as soluções de lidocaína a 2% com epi- ilar clinical behavior. Conclusion: Both tested solutions
nefrina 1:100.000 e a articaína a 4% com epinefrina showed similar diffusion capacity and anesthetic effica-
1:100.000 apresentaram o mesmo comportamento cy, proving to be equally suitable for use in extraction of
em relação à sensibilidade dolorosa na manipulação impacted maxillary third molars. Keywords: Lidocaine.
palatina, demonstrando que não houve diferença na Articaine. Anesthetics. Pain.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 74 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):69-75
Mascarenhas G, Mascarenhas D, Zanetta-Barbosa D, Marangon-Jr H, Pereira RMA, Pereira P
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Comunicado aos Autores e Consultores
Registro de Ensaios Clínicos
1. O registro de ensaios clínicos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponí-
Os ensaios clínicos se encontram entre as me- veis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os
lhores evidências para tomada de decisões clínicas. Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um con-
Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa junto de critérios estabelecidos pela OMS.
com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista
intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo 2. Portal para divulgação e registro dos ensaios
de comparação de causa/efeito entre os grupos es- A OMS, com objetivo de fornecer maior visibili-
tudados e que, potencialmente, possa interferir na dade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lan-
saúde dos envolvidos. çou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://
Segundo a Organização Mundial da Saúde www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com inter-
(OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e face que permite busca simultânea em diversas bases.
os ensaios clínicos devem ser notificados e registra- A pesquisa nesse portal pode ser feita por palavras,
dos antes de serem iniciados. pelo título dos ensaios clínicos ou por seu número de
O registro desses ensaios tem sido proposto com identificação. O resultado mostra todos os ensaios
o intuito de: identificar todos os ensaios clínicos em existentes, em diferentes fases de execução, com links
execução e seus respectivos resultados, uma vez que para a descrição completa no Registro Primário de En-
nem todos são publicados em revistas científicas; saios Clínicos correspondente.
preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao es- A qualidade da informação disponível nesse por-
tudo como pacientes; impulsionar a comunicação e a tal é garantida pelos produtores dos Registros de En-
cooperação de instituições de pesquisa entre si e com saios Clínicos que integram a rede criada pela OMS:
as parcelas da sociedade com interesse em um assun- WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers.
to específico. Adicionalmente, o registro permite re- Essa rede permite o intercâmbio entre os produtores
conhecer as lacunas no conhecimento existentes em dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de
diferentes áreas, observar tendências no campo dos boas práticas e controles de qualidade. Os websites
estudos e identificar os especialistas nos assuntos. onde podem ser feitos os registros primários de en-
Reconhecendo a importância dessas iniciativas saios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical
e para que as revistas da América Latina e Caribe Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org
sigam recomendações e padrões internacionais de (International Standard Randomised Controlled Trial
qualidade, a BIREME recomendou aos editores de re- Number Register, ISRCTN). Os registros nacionais es-
vistas científicas da área da saúde indexadas na Sci- tão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios
entific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS clínicos registrados neles serão direcionados para
(Literatura Latino-americana e do Caribe de Infor- aqueles recomendados pela OMS.
mação em Ciências da Saúde) que tornem públicas A OMS propõe um conjunto mínimo de informações
essas exigências e seu contexto. Assim como na base que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: nú-
MEDLINE, foram incluídos campos específicos na mero único de identificação, data de registro do ensaio,
LILACS e SciELO para o número de registro de en- identidades secundárias, fontes de financiamento e su-
saios clínicos dos artigos publicados nas revistas da porte material, principal patrocinador, outros patrocina-
área da saúde. dores, contato para dúvidas do público, contato para dú-
Ao mesmo tempo, o International Committee of vidas científicas, título público do estudo, título científico,
Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores países de recrutamento, problemas de saúde estudados,
de revistas científicas que exijam dos autores o nú- intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de es-
mero de registro no momento da submissão de tra- tudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, ta-
balhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito manho pretendido da amostra, status do recrutamento e
em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados medidas de resultados primários e secundários.
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 79 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):76-80
Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos
© Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery 80 J Braz Coll Oral Maxillofac Surg. 2020 Jan-Apr;6(1):76-80