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Entendendo os Fundos de

Assistência Social

A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência


Social (NOB-SUAS/2012) apresenta os fundos de assistência social
como instrumentos da gestão orçamentária e financeira da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Neles devem ser alocadas
as receitas e as despesas relativas ao conjunto de ações, serviços,
programas, projetos e benefícios da assistência social.

O seu gerenciamento cabe ao órgão da administração pública


responsável pela coordenação da respectiva política. Sempre sob
orientação e controle do Conselho de Assistência Social.

Com o intuito de prover maior transparência na identificação e no


controle das contas a eles vinculadas, sem caracterizar autonomia
administrativa e de gestão, a NOB preconiza que eles sejam inscritos no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), na condição de Matriz, na
forma das Instruções Normativas da Receita Federal do Brasil em vigor.

Fundo Especial? Transferência fundo a fundo? Entenda os


conceitos gerais

A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, ordena normas gerais de


Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Em seu
artigo 71, ela define que constitui fundo especial o produto de receitas
especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados
objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de
aplicação.

Portanto, os fundos são importantes ferramentas da


administração financeira para executar transferências de valores com a
intenção de alcançar uma finalidade já estipulada.

É bom lembrar que a Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988 (CF/88), por meio do artigo 167, inciso IX, veda a
instituição de fundos de qualquer natureza sem prévia autorização
legislativa.

A transferência funda a fundo é um mecanismo de


descentralização de recursos disciplinado em leis específicas que se
caracterizam pelo repasse desses, de forma direta, entre instâncias
governamentais distintas, sem requerer a celebração de convênios.
Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS)

A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei nº 8.742, de 07


de dezembro de 1993, institui o FNAS, regulamentado naquele
momento, pelo Decreto nº 1.605, de 25 de agosto de 1995, que
mediante as alterações geradas pela Lei nº 12.435, de 06 de julho de
2011, foi revogado com a ratificação do Decreto nº 7.788, de 15 de
agosto de 2012.

Fique ligado!

O Decreto nº 7.788/2012 criou a alternativa do financiamento da


assistência social ocorrer por meio de Blocos de Financiamentos, que
possibilitam maior flexibilidade na utilização do dinheiro e facilitam a
gestão financeira. Saiba mais sobre blocos de financiamento aqui.

Em consonância com o item 30 da LOAS, sabe-se que existem


condições para os repasses de recursos da União ao demais entes, sendo
elas a efetiva instituição e funcionamento de:

1. Conselho de Assistência Social, de composição


paritária entre governo e sociedade civil;
2. Fundo de Assistência Social, com orientação e controle
dos respectivos Conselhos de Assistência Social;
3. Plano de Assistência Social;
4. Comprovação orçamentária dos recursos próprios
destinados à Assistência Social, alocados em seus respectivos
Fundos de Assistência Social.
Transferência de recursos na modalidade fundo a fundo

Antes de qualquer outra coisa, é importante salientar que a LOAS


delineou a base do sistema de transferência de recursos na modalidade
fundo a fundo. Independentemente de celebração de convênio, ajuste,
acordo ou contrato. Entretanto, tal processo só foi consolidado a partir
da promulgação da Lei nº 9.604, de 05 de fevereiro de 1998.

A assistência social tem a sua organização pautada na


descentralização político-administrativa e no comando único das ações
em cada campo governamental; na participação da população e na
primazia da responsabilidade do Estado na condução da política.

Em decorrência dessa realidade, as ações das esferas de governo


realizam-se de forma articulada e a gestão financeira não foge à regra. O
modelo de gestão designado pelo Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) prevê o financiamento compartilhado entre a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, viabilizado através das transferências
regulares e automáticas entre os fundos da assistência social.

O parágrafo único do artigo 30-A da LOAS, elucida que as


transferências automáticas de recursos entre os fundos de assistência
social efetuadas à conta do orçamento da seguridade social, conforme o
artigo 204 da CF/88, caracterizam-se como despesa pública com a
seguridade social.

Nesse ínterim, observa-se a obrigatoriedade da destinação dos


recursos, que devem ser usados para operar, prestar, aprimorar e
viabilizar os serviços, programas, projetos e benefícios abrangentes. Sem
deixar de considerar as prioridades estabelecidas nos planos de
assistência social aprovados pelos referentes conselhos. Bem como a
alocação de recursos próprios pelos respectivos entes estatais para que
possam cumprir as suas responsabilidades previstas nesse mesmo
dispositivo legal.

Ciente de que cabe a todas as figuras federativas a implantação


dos fundos de assistência social e o arrolamento do repasse na
modalidade fundo a fundo, tem-se o discernimento de que tanto o
tesouro próprio quanto aqueles recebidos das outras camadas de
governo, devem ser alocados e executados na unidade orçamentária do
fundo de assistência do relativo território.

As despesas realizadas com os capitais financeiros recebidos


nesse modo devem atender às exigências legais concernentes ao
processamento, empenho, liquidação e efetivação do pagamento,
mantendo-se a respectiva documentação administrativa e fiscal pelo
período legalmente exigido. Logo, é valido destacar que o
acompanhamento quanto à execução dos recursos ocorre em três níveis,
sendo eles: a fiscalização pelos órgãos de controles, a análise das
prestações de contas pelo Gestor Federal e pelo controle social.

Os benefícios viabilizados pelos fundos de assistência social

Com base em tudo que vimos, podemos alegar que os fundos


efetuam os seguintes pontos positivos:

• Concentram os recursos a serem utilizados para atingir


os objetivos da assistência social previstos na LOAS por intermédio
do repasse regular e automático;
• Simplificam os processos de trabalho;
• Aperfeiçoam o controle e avaliação dos serviços e
ações;
• Permitem a reprogramação de saldos e a não
devolução deste ao final do exercício à União;
• Auxiliam no avanço do processo de descentralização
político-administrativa;
• Oportunizam a implementação do comando único em
cada esfera de governo;
• Viabilizam o financiamento compartilhado no SUAS;
• Fortalecem o Controle Social;
• Aprimoram os processos de comprovação de gastos;
• Fornecem publicidade dos gastos realizados na
assistência social;
• Facilitam o acompanhamento das ações e a fiscalização
dos gastos pela população, pelos conselhos de assistência social e
pelos gestores locais, estaduais e federal.

Assim sendo, é evidente que os fundos têm um papel essencial na


evolução da política de assistência social, uma vez que concretizam
meios para se fazer uma gestão transparente e racionalizadora de
recursos. Além disso, amplia as possibilidades de participação popular,
alavancando o alcance da efetivação da promoção da proteção social, da
vigilância socioassistencial e da defesa de direitos.

Referências Bibliográficas

• Caderno de Gestão Financeira e Orçamentária do


SUAS. Brasília: Ministério de Desenvolvimento Social, Secretaria
de Avaliação e Gestão da Informação e Secretaria Nacional de
Assistência Social, 2013.
• Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
• Conselho Nacional de Assistência Social. Norma
Operacional Básica do SUAS – 2012. Brasília: CNAS, 2012.
• Decreto nº 1.605. Brasília: Senado Federal, 1995.
• Decreto nº 7.788. Brasília: Senado Federal, 2012.
• Lei nº 4.320. Brasília: Senado Federal, 1964.
• Lei nº 9.604. Brasília: Senado Federal, 1998.
• Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Brasília:
Senado Federal, 1993.

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