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MÓDULO IV

Unidade 1 – Formas de financiamento da assistência


social: repasses continuados ou eventuais

Objetivo de aprendizagem

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os mecanismos de


repasses de recursos federais.

Sabia que, além das parcerias que uma entidade privada realiza com o poder
público, ela também pode ser indiretamente financiada pelo governo federal?
Esse financiamento indireto decorre das isenções de impostos às organizações
da sociedade civil que possuem o CEBAS, que também constitui uma forma de
financiamento, já que a RFB deixa de arrecadar essas taxas das organizações.
Portanto, fortaleça a rede de ofertas públicas e privadas de seu município com
a perspectiva de que essas unidades ofereçam à população que mais precisa
um atendimento de qualidade.

Os impactos do CPF (Conselho, Plano e Fundo) no


recebimento de recursos federais

Costumamos mencionar que, na assistência social, existem dois tipos de CPF


distintos. O primeiro e mais importante é o CPF do prefeito ou gestor da
assistência social, referente ao número de registro individual perante a Receita
Federal, que todo contribuinte individual dispõe. Em cada cidade, estado e no
Distrito Federal, é necessário que uma pessoa física, em geral um servidor
público de alto nível de decisão, como o Prefeito ou o Secretário com poder de
delegação para exercer essa autoridade local, assuma a responsabilidade pela
execução orçamentária e financeira das contas do seu município. Esse servidor
fica responsável por gerir os recursos transferidos da União (ou, no caso de
municípios, também se conta com as transferências de estados) e promover a
correta prestação de contas perante os órgãos de fiscalização.
O segundo CPF é o que sintetiza as iniciais dos elementos que compõem o
tripé das transferências de recursos: Conselho, Plano e Fundo. De acordo com
a LOAS, Lei nº 8.742/1993, é condição para o repasse de recursos a existência
desse conjunto no município, estado e Distrito Federal
O parágrafo único da lei reforça que ainda é condição de repasse de recursos a
comprovação da existência de dotação orçamentária própria, que consiste em
aprovação de recursos municipais designados para a política de assistência
social local, provenientes da Fonte 100.
A Fonte 100 tem como origem principal a arrecadação de impostos e
transferências constitucionais, cuja destinação, salvo as vinculações
constitucionais, é o repasse aos outros poderes (duodécimos) e órgãos, folha
de pagamento, transferências constitucionais a municípios, serviço da dívida,
custeio dos órgãos do poder executivo, contrapartida de convênios, entre
outras.
Ressalte-se o seguinte: o Conselho de Assistência Social deve estar em pleno
funcionamento, mas não somente isso, a composição deve ser paritária entre
governo e sociedade civil. O Conselho participa da execução do Plano e o
aprova.
O Fundo de Assistência Social precisa dispor de uma unidade orçamentária
que seja capaz de gerir adequadamente os recursos, cumprir os prazos de
apresentação de planejamento, de relatórios, de prestar contas. É necessário
um marco normativo de criação do Fundo de Assistência Social que preveja a
alocação orçamentária e a destinação de recursos próprios diretamente no
Fundo de Assistência Social, consignados exclusivamente à assistência social.
Essa lei municipal deve prever a existência de uma unidade orçamentária
específica para o Fundo, que contemplará os recursos destinados aos serviços,
às ações, aos programas, aos projetos e benefícios de assistência social.
A Fonte 100 tem como origem principal a arrecadação de impostos e
transferências constitucionais, cuja destinação, salvo as vinculações
constitucionais, é o repasse aos outros poderes (duodécimos) e órgãos, folha
de pagamento, transferências constitucionais a municípios, serviço da dívida,
custeio dos órgãos do poder executivo, contrapartida de convênios, entre
outras.
O Plano de Assistência Social é um instrumento norteador de metas e ações
que serão desenvolvidas e realizadas em âmbito local pelo período de um ano,
conforme estabelece a NOB SUAS 2012. Esse plano deve prever as ações a
serem realizadas de forma direta pelo poder público, as parcerias com
organizações e entidades da sociedade civil e as ações a serem integradas
com outros setores e políticas públicas, sempre convergindo para as
necessidades específicas de famílias e indivíduos em vulnerabilidade.
Agora, para que se atinjam os fatores de vulnerabilidade, o Plano precisa de
um bom diagnóstico socioterritorial, pois é dali que serão definidas as
prioridades de intervenção do município. São componentes básicos do Plano
de Ação Municipal (2008):
1. conhecimento da realidade (estudos e diagnósticos);
2. objetivos;
3. diretrizes e prioridades
4. metas e previsão de custos;
5. financiamento;
6. monitoramento e avaliação.
Para elaboração do Plano de Ação de seu município, acesse a cartilha do
Ministério da Cidadania. Observe que a exigência de estruturação dos
municípios como condição para recebimento de recursos públicos existe há
mais de 25 anos. No entanto, embora a maioria dos municípios possua
Conselho, Plano e Fundo, nem todos dispõem dessa estrutura ou não
preenchem adequadamente a qualificação. Por exemplo, não pode haver
conselho que seja composto apenas de sociedade civil ou governo, ou que seja
composto de forma desigual em representação. O conselho deve ter a mesma
quantidade de representantes governamentais e não governamentais, para
assegurar o equilíbrio da paridade nas decisões que impactam a assistência
social. O fundo de assistência social, por sua vez, deve consolidar e unificar as
transferências.
Recentemente, o Ministério da Cidadania divulgou a Portaria nº 109, de 22 de
janeiro de 2020, em que estabelece um cronograma para cumprimento dessas
condições, sob o risco de repercutir em suspensão de repasses continuados.
Acesse também a Portaria nº 109, de 22 de janeiro de 2020, e assista ao vídeo
institucional que trata da importância do Conselho, Plano e Fundo na
Assistência Social.

Cofinanciamento compartilhado entre os entes

Costumamos dizer que o custeio do SUAS é cofinanciado. Isso significa que a


responsabilidade do financiamento é compartilhada entre União, estados,
municípios e Distrito Federal. Esse regime de cooperação é baseado na diretriz
da primazia do estado na execução do SUAS, definido em lei, por meio da
distribuição de competências de cada ente. Porém, é necessário que cada
esfera da federação atue de forma a cumprir essa obrigação de financiar o
SUAS, dispondo de previsão orçamentária para isso.
A União deve assegurar recursos para o custeio do Benefício de
Prestação Continuada (BPC), para os programas nacionais e para o
cofinanciamento de serviços e projetos. Os estados devem
cofinanciar serviços, programas, projetos e benefícios eventuais
no seu território de abrangência, assim como os municípios e DF.
Os critérios de distribuição de recursos para cada município,
estado ou DF, também conhecidos como critérios de partilha, são
definidos da seguinte maneira:
Governo federal realiza um diagnóstico socioassistencial e
apresenta sugestões de planejamento da expansão do
cofinanciamento federal para novas adesões, atualização de
valores ou mesmo redistribuição de metas, em conformidade com
os demais planos e pactos (PPA, Plano Decenal, Pacto de
Aprimoramento da Gestão, Plano de Erradicação do Trabalho
Infantil, entre outros);
Comissão Intergestores Tripartite (CIT) debate as prioridades
nacionais e regionais, propondo um pacto de gestão que aponte ao
Conselho critérios de partilha de recursos para adesão voluntária
de município, DF ou estado;
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) aprecia, analisa,
discute e aprova o critério de partilha e as prioridades de gasto.
Governo federal disponibiliza relação dos entes federados que se
enquadram nos critérios, divulga, disponibiliza a adesão
voluntária, consolida as manifestações e inicia o cofinanciamento.
É importante destacar que essas oportunidades de adesão
dependem da disponibilidade orçamentária e financeira da União, o
que é oportunamente divulgado no site do Ministério da Cidadania.
Portanto, ainda que o gestor local acione o governo federal para
que este disponibilize recursos para a manutenção de serviços,
isso não seria possível sem um rito ordinário.
A modalidade de transferência de recursos prevista na legislação é a
transferência fundo a fundo, ou seja, o recurso sai da União por meio de
uma ordem bancária emitida pelo Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS) em favor do respectivo fundo de assistência social, para a
cobertura de um serviço ou programa. Não há intermediários. A
regularidade desse repasse “automático” para apoio ao financiamento
das ofertas do SUAS obedece aos critérios de partilha definidos
previamente e da disponibilidade orçamentária do governo federal para
que isso ocorra. Os recursos estaduais destinados aos municípios
também devem seguir esse rito de transferência fundo a fundo.

As parcerias com entidades socioassistenciais que realizam serviços ou


programas continuados também podem ser contempladas com recursos
federais, porém não há transferência direta da União para as entidades. Para
que um serviço, programa de assessoramento ou projeto executado de forma
indireta por entidade socioassistencial receba recursos federais, é necessário
que:
1. o município disponha de Conselho de Assistência Social, Plano de
Assistência Social e Fundo de Assistência Social;
2. a oferta a ser executada pela entidade seja inscrita no Conselho
Municipal de Assistência Social;
3. a Secretaria Municipal de Assistência Social realize um termo de
parceria com a entidade para a prestação daquele serviço ou programa;
4. o governo federal repasse via FNAS ao FMAS os recursos destinados à
atividade específica, em conformidade com as regras de partilha
pactuadas pela CIT e aprovadas pelo CNAS, e de acordo com a
disponibilidade financeira;
5. os recursos recebidos pelo FMAS sejam direcionados às entidades
prestadoras do serviço, programa ou projeto.
Além das transferências para os serviços continuados, é importante lembrar
que o governo federal também apoia projetos financiados por recursos
provenientes de emendas parlamentares. Essas iniciativas seguem outro rito,
por serem transferências voluntárias discricionárias que estão sob
governabilidade dos parlamentares. Para que um município receba recursos de
emendas parlamentares, é necessário que:
 o deputado federal ou o senador apresente uma indicação de recursos
para o município;
 o município disponha de CPF (Conselho, Plano e Fundo) para receber
recursos;
 a secretaria de assistência social preencha as prerrogativas no sistema
informatizado de convênios (Siconv ou Sigtv);
 o governo federal promova a transferência fundo a fundo.
Esses projetos seguem uma lógica de complementaridade e de estruturação
dos serviços no município. São exemplos de objetos financiados por emendas
parlamentares: a construção de um Centro de Referência da Assistência
Social; a aquisição de um veículo adaptado para um Centro de Referência
Especializado da Assistência Social (CREAS); reforma na Instituição de Longa
Permanência (ILPI); aquisição de materiais de consumo para o Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), entre outros.
Mesmo que o financiamento no SUAS seja compartilhado,
ainda pesa sobre os municípios a responsabilidade pela
manutenção dos serviços. É necessário que os demais entes
federados, sobretudo os estados, ampliem suas formas de
financiamento em apoio à manutenção das ofertas em âmbito
municipal.
É importante lembrar que o compartilhamento dos entes na
assistência social extrapola os repasses: também é
necessário que a União e os Estados prestem apoio técnico
de forma a apoiar os municípios na correta execução
orçamentária e financeira.
Repasses eventuais em situações de emergência ou
calamidades públicas

E as emergências? Como lidar em uma situação calamitosa? De fato, no


SUAS, é necessário que as ações sejam planejadas e organizadas com
previsibilidade de recursos e metas predefinidas. Mas é verdade que há
situações excepcionais que não são possíveis de planejamento. São as
intempéries da vida, os desastres naturais, os acidentes ambientais, entre
outros, que agravam a vulnerabilidade e expõem a riscos de morte famílias e
indivíduos nos territórios. Para situações como essas, a assistência social
prevê um serviço que pode ser executado no atendimento das necessidades
básicas de sobrevivência nos territórios atingidos.
O Serviço de Proteção em Situações de Calamidades
Públicas e de Emergências é tipificado pelo CNAS por
meio da Resolução nº 109, de 2009, regulamentado pela
Portaria MDS nº 90/2013. Essa modalidade de serviço de
proteção social especial de alta complexidade deve ser
executada sempre que houver a necessidade de adoção
de medidas imediatas, imprevisíveis e focalizadas no
atendimento decorrente do evento que gerou a
desproteção.
Isso quer dizer que se espera que haja um planejamento
com início, meio e fim para que ocorra uma ação
integrada entre várias políticas públicas, organizações
da sociedade civil, voluntários para atender a uma
situação grave e urgente, mas que não tende a ser uma
ação continuada. Por exemplo, numa enchente em que
há dezenas de famílias desabrigadas ou desalojadas, é
possível implantar abrigos emergenciais para acolher as
famílias pelo período em que não podem estar em suas
residências. Após superada a situação de emergência,
as famílias retornam, os abrigos são desativados e
cessa a provisão.
Caso o seu município vivencie uma emergência ou calamidade pública, caberá
à defesa civil municipal dispor de orientações e recomendações para te apoiar
na gestão desse desastre.
É a Defesa Civil quem coordena, por meio do Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), o
gerenciamento de desastres. De forma complementar e
integrada ao Sinpdec, a assistência social poderá atuar da
seguinte maneira:
Realização de apoio técnico e financeiro para o
atendimento complementar da situação de emergência ou
calamidade pública.
Em havendo famílias ou indivíduos beneficiários do
Programa Bolsa Família, é possível que o município, por
meio da Secretaria que faz a gestão do Programa, solicite
ao Ministério da Cidadania a antecipação do calendário de
depósito dos benefícios. Assim, as próprias famílias
poderão se organizar com as necessidades imediatas que
lhes sejam prioritárias.
Nas situações reconhecidas pelo Ministério do
Desenvolvimento Regional como Estado de Calamidade
Pública (ECP), são disponibilizadas, de forma excepcional,
mediante solicitação do gestor municipal de assistência
social, as medidas especiais de antecipação de parcelas
do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa medida
não se aplica à modalidade de reconhecimento de Situação
de Emergência (SE).
O Sistema Nacional de Proteção de Proteção e Defesa Civil
(Sinpdec) dispõe de outras modalidades de apoio ao
município, em contextos de emergência. Para saber mais
detalhes, clique aqui. E para acessar informações sobre o
Serviço de Proteção em Situações de Calamidades
Públicas ou Emergências, clique aqui.

Unidade 2 – Execução físico-financeira de serviços,


programas e projetos socioassistenciais

Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os instrumentos
de registros e de demonstrativos das execuções de serviços, programas
e projetos socioassistenciais.

Vamos diretamente ao ponto principal: a execução de recursos em seu


município. Essa talvez seja a preocupação predominante para a maior parte
dos gestores: demonstrar ao final do seu mandato se foi um bom gestor ou
não. E esse “certificado” acontece pelo retorno que a população terá por meio
das entregas diretas, mas também pela forma como os órgãos de controle
receberão os seus relatórios e comprovantes de gastos. Isso pode definir o seu
presente e o seu futuro, sua carreira política e de gestão. Portanto, é
fundamental que você tenha em perspectiva noções gerais sobre a gestão
orçamentária e financeira no campo socioassistencial e que conheça os
sistemas informatizados do governo federal que dão suporte a essas
atividades. Vamos lá?

Noções de gestão orçamentária e financeira no campo


socioassistencial
Entenda agora como o conhecimento básico sobre gestão orçamentária e
financeira poderá te auxiliar no dia a dia do seu mandato. E outra: saiba como
aproveitar essa oportunidade para avançar na melhoria da execução dos
recursos, como conseguir novos recursos e como não perder o que já está
assegurado.
O primeiro conceito importante para se ter em mente é o de orçamento público.
O orçamento público é um instrumento estratégico de planejamento das ações
do Estado que os governos usam para organizarem seus recursos financeiros.
Existe uma lei constitucionalmente prevista que estima a receita e fixa despesa
para um exercício (Lei Orçamentária Anual). Dessa forma, as despesas só
poderão ser realizadas se forem previstas ou incorporadas ao orçamento.
Ainda que seja formalizado por meio de lei, o orçamento público é um
instrumento de planejamento das ações estatais, de ação política e de
intervenção econômica que deve abarcar todas as políticas públicas a serem
executadas no período de um ano.
A Constituição Federal de 1988 prevê três instrumentos complementares para
a elaboração do orçamento público, que são de competência exclusiva do
poder executivo: o PPA (Plano Plurianual), a LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual). Ao Legislativo cabe alterar,
por meio de emendas, a proposta original ou apenas confirmá-la.

a) Plano Plurianual (PPA)


O PPA deve conter as diretrizes, os objetivos e as metas
da administração pública federal para as despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada. Em sua essência, o
PPA é um dos principais instrumentos de planejamento
existente nos entes da federação, haja vista que o plano
define, por um período de médio prazo (quatro anos)
programas, projetos e ações do Poder Executivo.

O Caderno de Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS


(2013) aponta para alguns aspectos relevantes sobre o
PPA que merecem ser destacados:
 deve ser encaminhado o projeto de lei ao legislativo até
31 de agosto do primeiro ano de mandato do prefeito,
devendo vigorar por quatro anos;
 deve estabelecer diretrizes, objetivos e metas da
administração pública para determinadas despesas
orçamentárias;
 sujeito à sanção do prefeito, após a apreciação e
votação no Legislativo;
 composto de texto da lei e de diversos anexos;
 vigora do início do segundo ano do mandato até o final
do primeiro exercício financeiro, coincidente com o ano
civil, do mandato subsequente; e
 deve ser apreciado pelo Legislativo (Câmara de
Vereadores) até o final da sessão legislativa de cada
ano.
b) Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve conter as
diretrizes e metas da administração pública, além de
orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual. O
parágrafo segundo do artigo 165 da Constituição Federal
define que são conteúdos da LDO:
[...] § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as
metas e prioridades da administração pública federal,
incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na
legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.
São principais características da LDO:
 ser uma lei ordinária com vigência de um exercício;
 indicar as metas e prioridades da administração
pública federal, incluindo as despesas de capital para o
próximo exercício financeiro;
 orientar a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA);
 dispor sobre alterações na legislação tributária;
 estabelecer a política de aplicação das agências
financeiras oficiais de fomento;

c) Lei Orçamentária Anual (LOA)


A Lei Orçamentária Anual (LOA) deve conter a
discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a
política econômico-financeira e o programa de trabalho do
governo, sendo obedecidos os princípios de unidade,
universalidade e anualidade. Compõem a LOA, segundo a
Constituição Federal (art. 165, § 5º):
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus
fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do
capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas
as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração
direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.
De forma geral, a LOA é o orçamento propriamente dito,
que tem como principais características:
 estimar as receitas e fixar as despesas;
 ser uma lei ordinária, cuja validade abrange somente o
exercício fiscal a que se refere;
 ter como um dos objetivos centrais o cumprimento ano
a ano das etapas do PPA em consonância com a LDO.
A execução orçamentária inicia-se imediatamente à
aprovação da LOA. É necessária uma perfeita
contabilização das entradas e saídas de recursos por parte
da administração pública para que seja possível identificar
claramente as receitas previstas e as despesas
autorizadas, facilitando o controle, a fiscalização e a
avaliação da execução.
Para outras informações sobre a Gestão Orçamentária e
Financeira do SUAS, acesse o caderno de capacitação do
Programa CapacitaSUAS.

Concluído o processo orçamentário, em que são previstas as receitas e


despesas a serem praticadas na assistência social, inicia-se a execução
orçamentária. A execução do orçamento fiscal e da seguridade social é
realizada em três estágios: empenho, liquidação e pagamento. A partir das
dotações autorizadas na lei orçamentária (dotação inicial mais/menos créditos
adicionais), o gestor iniciará a execução das despesas por meio do empenho,
que é a reserva de recursos para uma determinada despesa. Empenhada a
despesa, é feita a aquisição do bem ou contratação do serviço objeto da
dotação orçamentária.
Quando o serviço é prestado ou o bem é entregue, ocorre a liquidação da
despesa, que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor junto ao
Estado, pela comparação entre o que foi contratado e o que foi efetivamente
entregue ou realizado. Após a liquidação da despesa, é feito o pagamento ao
credor pela autoridade competente, por meio da emissão de ordem bancária ou
outro instrumento financeiro. Finaliza-se, assim, a realização da despesa.

Blocos de financiamento
Os recursos previstos para a manutenção ou estruturação das ofertas
socioassistenciais são repassados na lógica de pisos. Pisos são valores
mínimos a serem transferidos do FNAS para os demais fundos de assistência
social, levando em consideração os valores previamente pactuados nas
instâncias de decisão do SUAS, tendo como referência a disponibilidade
orçamentária e financeira de cada exercício fiscal.
Os pisos compõem os cálculos de repasses de recursos a cada tipo de serviço,
compondo o respectivo bloco de financiamento. Os blocos de financiamento
agrupam os repasses destinados à manutenção e estruturação das ofertas
socioassistenciais transferidas por meio de pisos. Essa lógica foi pensada de
forma a simplificar a execução dos recursos a partir do conjunto das ofertas de
proteção social e componentes de gestão. Esse modelo de bloco promove
maior flexibilidade no gasto do recurso no mesmo nível de proteção. Por
exemplo, para todos os serviços da proteção social básica haverá apenas uma
conta a ser gerenciada, com a possibilidade de realocar recursos de um serviço
para outro dentro do mesmo bloco.
São blocos de financiamento:
a) Bloco da Proteção Social Básica;
b) Bloco da Proteção Social Especial (engloba a proteção social de média e de
alta complexidade);
c) Bloco da Gestão do SUAS;
d) Bloco da Gestão do Bolsa Família e do Cadastro Único.

Como demonstrar a execução física e financeira dos


serviços socioassistenciais, dos programas e dos projetos
socioassistenciais

Ah, sim! Esta é a parte que salva o seu CPF! Conhecer os caminhos das
pedras para não reprovar nas contas públicas. E esse caminho está previsto na
NOB SUAS 2012 e na Portaria MDS nº 113/2015, que trazem as regras de
planejamento, execução e prestação de contas na assistência social. Essas
normativas destacam os procedimentos a serem adotados na execução dos
recursos transferidos pela União por bloco de financiamento.

A prestação de contas deve ser realizada anualmente diretamente ao


Ministério da Cidadania, em geral no segundo semestre de cada ano
subsequente ao ano de exercício da gestão financeira, de maneira
informatizada pelo gestor e pelo conselho municipal, estadual ou do Distrito
Federal. Essas informações são registradas no SUASWeb (Sistema Nacional
de Informações do SUAS).
O Sistema SUASWeb é acessado mediante login e senha com
perfis específicos para esse acesso ao gestor e ao conselho,
integrado ao Sistema de Autenticação e Autorização e
CadSUAS, sistemas gerenciados pelo Ministério da Cidadania. É
importante destacar que seu preenchimento só pode ser
realizado pelos administradores titular ou adjunto do
estado/município. Esse sistema disponibiliza relatórios
gerenciais para que você, gestor, acompanhe as transferências
realizadas pelo Fundo Nacional de Assistência Social.

Por meio do acesso ao SUASWeb, é possível verificar as parcelas pagas


referentes aos blocos de financiamento e os saldos disponíveis em conta. Isso
é importante para que seja possível programar ou reprogramar metas no seu
município. O SUASWeb é o sistema de funcionalidades específico para a
gestão do SUAS e compreende informações sobre:
 Plano de ação: planejamento das ações cofinanciadas;
 Demonstrativo sintético de execução físico-financeira: prestação de
contas;
 Consulta a dados financeiros: contas-correntes, saldos e repasses;
 Consulta à base cadastral dos beneficiários do Benefício de
Prestação Continuada (BPC).
Os módulos Plano de Ação e Demonstrativo Sintético são abertos
anualmente para preenchimento por parte dos gestores e aprovação pelos
conselhos de assistência social, os quais possuem login e senha
individualizados. Esses são os dois instrumentos eletrônicos mais importantes
para que você, Prefeito, Prefeita, registrem as metas físicas e financeiras
anuais de seu município perante o governo federal.
PLANO DE AÇÃO
Segundo dispõe o manual do Plano de Ação, esse instrumento eletrônico é a
referência adotada pela Secretaria Nacional de Assistência Social para
processar os pagamentos para os municípios. É nesse sistema que são
geridas as ordenações de pagamento e validação anual das informações
necessárias ao início ou à continuidade da transferência de recursos do
cofinanciamento federal dos serviços socioassistenciais. Por isso, o Plano de
Ação deve estar em consonância com o Plano de Assistência Social, pois as
metas programadas para as ofertas e atividades de gestão precisam estar
alinhadas com as prioridades de ação definidas no município.
O Ministério da Cidadania orienta sobre o Plano de Ação e os prazos para esse
registro, podendo gerar sanções de bloqueio ou suspensão de repasses, caso
o município não conclua o preenchimento dentro do período estabelecido. Além
disso, o Plano de Ação precisa estar aprovado pelo CMAS, que atestará as
informações tendo por base o Plano Municipal de Assistência Social e a Lei
Orçamentária Anual (LOA). Se as informações refletirem as metas e diretrizes
estabelecidas no PMAS e na LOA, o Plano de Ação deverá ser aprovado.
O Plano de Ação deverá ser reprovado se as informações prestadas pelo
Gestor estiverem totalmente em desacordo com o previsto no PMAS e na LOA,
ou não refletirem a realidade do município. Porém, se houver alguma
informação em desacordo que não caracterize a necessidade de reprovação, o
Plano deverá ser aprovado com ressalvas expressas no parecer. Assim, é de
responsabilidade do Conselho de Assistência Social aprovar ou reprovar o
Plano de Ação, emitindo o Parecer lavrado em ata e/ou resolução publicada em
meio oficial de divulgação manifestando sua aprovação ou reprovação ao
planejamento do município/estado/DF. (Manual do Plano de Ação, 2016, p. 18)

DEMONSTRATIVO SINTÉTICO ANUAL DE EXECUÇÃO FÍSICO-


FINANCEIRO
Após a execução da oferta, o gestor deve prestar contas por meio do
Demonstrativo Sintético Anual de Execução Físico-Financeira, em que são
registradas as metas físicas e financeiras para cada serviço ou programa
cofinanciado.
O Demonstrativo é o instrumento eletrônico que deve ser utilizado pelos
gestores estaduais, municipais e do Distrito Federal para o registro de suas
prestações de contas, o qual será submetido ao respectivo Conselho de
Assistência Social para manifestação favorável, favorável com ressalvas ou
desfavorável, relativas ao cumprimento da finalidade dos recursos
O manual para preenchimento do plano de ação contém o passo
a passo para o preenchimento das informações pelo gestor e o
Manual sobre o Demonstrativo Sintético Anual de Execução
Físico-Financeira contém informações mais detalhadas sobre a
operação de prestação de contas que deverá ser preenchida por
você, Prefeito e Prefeita.
Embora os registros do Plano de Ação e do Demonstrativo sejam eletrônicos,
não são dispensados os documentos que comprovem a execução. Só que
agora não precisa mais enviar para o governo federal fisicamente, e sim
armazenar em seu município. É muito importante que você, gestor, tenha a
correta guarda e preservação de documentos que embasam ou justificam a
despesa realizada. Também devem ser arquivados os documentos que
atestam o recebimento do serviço ou do bem adquirido, para que seja
facilmente localizado no caso de ser solicitado pela União ou pelos órgãos de
controle.

Prestação de contas em projetos de convênios

Há distinção na prestação de contas dos recursos transferidos por convênios.


Diferentemente dos recursos de serviços não executados que podem ser
reprogramados, os recursos de convênios não executados dentro do prazo de
vigência da parceria devem ser devolvidos após o final da execução do
convênio ou contrato de repasse. Essa devolução deve ser feita mediante o
cálculo proporcional dos valores repassados pela União e os provenientes da
contrapartida municipal ou estadual.
A prestação de contas deve ser apresentada à Secretaria Nacional de
Assistência Social (SNAS) por intermédio do FNAS, contendo:
 relatório de cumprimento do objeto;
 notas e comprovantes fiscais contendo data do documento,
compatibilidade entre o emissor e os pagamentos registrados no
SICONV, valor, junção de dados do convenente, programa e número do
convênio;
 relatório de prestação de contas aprovado e registrado no SICONV pelo
convenente;
 declaração de realização dos objetivos a que se propunha o
instrumento;
 relação de bens adquiridos, produzidos ou construídos, quando for o
caso;
 relação de treinados ou capacitados, quando for o caso;
 relação dos serviços prestados, quando for o caso;
 comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando houver;
 termo de compromisso por meio do qual o convenente é obrigado a
manter os documentos relacionados ao convênio.
Existem diversos tipos de prestação de contas, podendo ser anuais,
apresentadas aos Tribunais de Contas ou aos órgãos transferidores de
recursos, como é o caso de convênios ou transferências fundo a fundo, entre
outras. Os órgãos de controle interno ou externo acompanham todo o processo
de contas, bem como a execução dos recursos.
A análise de prestação de contas é realizada após encerrado o prazo de
execução da parceria, que pode resultar em aprovação ou reprovação. Caso
haja a necessidade de complementação de informações, ocorre a notificação
ao gestor. A reprovação acontece quando o gestor não consegue comprovar a
boa e regular aplicação dos recursos, mesmo após ter sido notificado a
comprovar. A reprovação pode ser parcial ou total, dependendo de quanto o
gestor conseguiu comprovar.
A tomada de contas especial acontece de forma excepcional, quando o
ordenador de despesas avalia que foram adotadas todas as medidas
administrativas para a validação das contas e o devido ressarcimento ao erário.
A abertura do TCE visa a informar ao Tribunal de Contas da União (TCU) as
situações ocorridas em busca de apuração e adoção de medidas cabíveis.

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