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Márcio Haubert
Sistema ventilatório:
vias aéreas superiores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Respirar é um processo vital porque todas as células vivas do corpo
necessitam de oxigênio e produzem dióxido de carbono. O sistema
respiratório é o responsável pela troca de gases entre o ar e o sangue,
enquanto o sistema circulatório os transporta entre os pulmões e as
células do corpo. Se os sistemas respiratório e circulatório não estiverem
saudáveis, a capacidade para executar as atividades normais será reduzida,
colocando em risco o bom funcionamento do nosso organismo.
Todo o processo de troca de gases no corpo, chamado de respiração,
ocorre em três etapas básicas: ventilação pulmonar, respiração externa e
respiração interna. Para entender melhor, o sistema respiratório é dividido
em duas partes: a parte superior do sistema respiratório e a parte inferior
do sistema respiratório.
Neste capítulo, você vai conhecer as vias aéreas superiores, formadas
pelo nariz, pela cavidade nasal e pela faringe. Com isso, você vai ser capaz
de aprender sobre suas funções, identificar suas estruturas anatômica e
descrever alterações clínicas relacionas a essas estruturas.
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Faringe
A faringe é um órgão que recebe a abertura comum de dois sistemas, o diges-
tório e o respiratório. Por parte do digestório recebe e conduz a alimentos e
líquidos da cavidade oral, enquanto que por parte do respiratório recebe o ar
da cavidade nasal. A faringe está conectada ao sistema respiratório pela laringe
e ao sistema digestório pelo esôfago (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
A faringe está dividida em três regiões: nasofaringe, orofaringe e
laringofaringe.
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Rinite alérgica
É a doença crônica mais comum no mundo. No Brasil, tem prevalência média
em torno dos 28% entre crianças e jovens. Ela pode ser classificada como per-
sistente, se durar mais que quatro dias na mesma semana e por mais de quatro
dias seguidos, ou intermitente, quando se apresenta em menos de quatro dias
por semana ou em período menor que quatro semanas seguidas. A gravidade
pode ser classificada em leve ou grave, dependendo do impacto na qualidade
do sono e nas atividades de lazer e trabalho (MELLO JR; MION, 2003).
Veja na Figura 3 as classificações da rinite alérgica.
Figura 3. Classificação da rinite alérgica segundo a iniciativa Allergic Rhinits and Its Impact
on Asthma (ARIA).
Fonte: Piltcher et al. (2015, p. 162).
Faringotonsilites
Também conhecida por amigdalite, esse tipo de “dor de garganta” é a terceira
principal queixa nos serviços de emergência. As faringotonsilites são consi-
deradas um tipo de IVA. Na maioria das vezes, os pacientes acometidos por
essa patologia se recuperam rapidamente, entre três e quatro dias, de uma
infecção faringotonsilar, mas podem desenvolver complicações decorrentes
de uma infecção mais severa. Elas apresentam uma etiologia costumeiramente
de origem viral, mas também podem ser caudas por bactérias.
As tonsilas têm a função de atuar como tecido de defesa por meio da
secreção de imunoglobulinas e, com isso, impedem a replicação bacteriana
e vital no trato respiratório superior, representando com maestria a primeira
linha de defesa contra doenças infecciosas dessa região.
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Rinossinusites
A rinossinusite aguda é uma inflamação sintomática da cavidade nasal e dos
seios paranasais que pode durar até 4 semanas. A denominação rinossinusite é
melhor do que apenas sinusite, uma vez que é muito raro que uma inflamação
sinusal ocorra sem manifestações de mucosa nasal. As etiologias mais comuns
são infecções virais associadas com vírus causadores de resfriados e a maior
parte dos casos se resolve em sete a dez dias. Complicação com infecção
bacteriana ocorre em 0,5 a 2% dos casos. Mesmo a infecção bacteriana tende
a ser autolimitada e raramente evolui com complicações.
Seus sintomas classicamente apresentam congestão nasal, descarga nasal
purulenta, desconforto dentário maxilar, dor facial, sensação de pressão na
face, febre baixa, tosse seca, hiposmia ou anosmia, halitose e cefaleia.
A rinossinusite é classificada principalmente de acordo com sua duração,
segundo Bailey (JOHNSON; ROSEN, 1998):
Epistaxe
É definida por um sangramento oriundo das fossas nasais, sendo secundário a
uma alteração na hemostasia da mucosa nasal. O nariz tem uma mucosa rica-
mente vascularizada, o que, além de permitir as suas funções de aquecimento,
umidificação e filtração do ar, também facilita a origem de sangramentos.
A vascularização nasal é oriunda de vasos provenientes dos sistemas
carotídeos interno e externo. Clinicamente, a epistaxe pode ser dividida em
anterior ou posterior.
A epistaxe anterior é a mais comum (90 a 95% dos casos) e tende a ser de
menor intensidade e mais autolimitada. É o tipo mais comum em crianças. Na
grande maioria das vezes, esse sangramento anterior é proveniente de uma rica
rede de anastomoses na região anterior do septo nasal, chamada de plexo de
Kiesselbach, localizado na área de Little. Nessa região, ocorre a confluência
de quatro principais artérias: o ramo nasal lateral da artéria esfenopalatina,
o ramo septal da artéria etmoidal anterior, a artéria labial superior, ramo da
artéria facial, e a artéria palatina maior.
Os sangramentos posteriores são mais raros (5 a 10%), porém, tendem a
ser mais volumosos e a necessitar de atendimento especializado para a sua
resolução. São mais comuns em pacientes acima de 40 anos. A artéria mais
comumente envolvida nos sangramentos posteriores é a artéria esfenopalatina
(GASPAR SOBRINHO; LESSA, M.; LESSA, H., 2006).
Na Figura 5, a seguir, observe a vascularização do septo nasal.
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Figura 6. Crescimento facial. (A) Recém-nascido. (B) Um ano. (C) Quatro anos. (D) Oito anos.
Fonte: Piltcher et al. (2015, p. 216).
Leitura recomendada
COSTA, S. S.; CRUZ, O. L. M.; OLIVEIRA, J. Á. Otorrinalaringologia: princípios e prática.
Porto Alegre: Artmed, 2006.