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CURSO DE FOTOGRAMETRIA E

SENSORIAMENTO REMOTO

CARTOGRAFIA BÁSICA

2º CGEO Fonte: NASA


1
2
PRODUÇÃO

1º Ten QEM RAFAEL DOMINGOS MELLO DA HORA


1º SGT TOPO RONDINELLI DE CASTRO LEMES

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

Coordenado pela Seção de Ensino do 2ª Centro de Geoinformação

REVISÃO

Coordenado pela Seção de Ensino do 2ª Centro de Geoinformação

2º CENTRO DE GEOINFORMAÇÃO (2º CGEO)

Seção de Ensino

Estrada Parque do Contorno - EPCT, KM 4,5, DF 001, Lago Norte


CEP 71.559-901
Brasil

Tel / Fax: +55 61 3415-3891 - 61 3415-3833 - 61 3415-3771


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1ª Edição - 2021

3
SUMÁRIO
UD I – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE CARTOGRAFIA............................6
I - 1. Introdução à Cartografia.......................................................................7
I - 2. Ciências e Tecnologias de Apoio à Cartografia..................................10
I - 3. Produtos Cartográficos.......................................................................10
I - 4. Carta Imagem.....................................................................................12
I - 4.1 Carta Ortoimagem............................................................................12
I - 4.2 Carta Topográfica.............................................................................12
I - 5.1 Produtos Geoespaciais temáticos (PGT).........................................12
UD II - GEODÉSIA..........................................................................................13
II - 2. Modelos de Representação Terrestre...............................................14
II - 2.1 Formas da Terra..............................................................................14
II - 2.1.1 Modelo Esferoidal.........................................................................15
II - 2.1.2 Modelo Geoidal.............................................................................15
II - 2.1.3 Modelo Elipsoidal..........................................................................17
II - 2.2 Sistemas de Geodésico de Referência...........................................17
II - 2.3 Sistemas Geodésico Brasileiro........................................................19
II - 2.4 Sistema de Coordenadas................................................................20
II - 2.4.1 Geográficas..................................................................................20
II - 2.4.2 Cartesianas ou Planas..................................................................26
II - 2.4.3 Cilíndricas.....................................................................................28
II - 2.4.4 Polares..........................................................................................29
II - 2.4.5 Elípticas........................................................................................30
II - 2.5 Sistema Geodésico de Coordenadas Topocêntrico ou Local..........31
II - 2.6 Sistema Geodésico de Coordenadas Geocêntrico ou Global.........32
II - 2.7 Projeções Cartográficas..................................................................32
II - 2.7.1 Projeção Plana ou Azimutal..........................................................33
II - 2.7.2 Projeção Cônica...........................................................................34
II - 2.7.3 Projeção Cilíndrica........................................................................35
II - 2.7.4 Sistema Universal Transversa de Mercator..................................37
UD III - MAPEAMENTO SISTEMÁTICO.........................................................43

4
III - 3. Índice de Nomenclatura....................................................................44
III - 3.1 Mapa Índice....................................................................................49
UD IV - INTERPRETAÇÃO DE CARTAS TOPOGRÁFICAS..........................50
IV - 4. Cálculos sobre a carta......................................................................51
IV - 4.1 Elementos Altimétricos...................................................................61
IV - 4.2 Tipos de Escala..............................................................................65
IV - 4.2.1 Escala numérica..........................................................................66
IV - 4.2.2 Escala Gráfica.............................................................................66
IV - 4.2.3 Escala Nominal...........................................................................66
IV - 4.3 Precisão Cartográfica.....................................................................68
UD V - COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA....................................................70
V - 5 Processo de Comunicação Cartográfica............................................71
V - 5.1 Representação Qualitativa..............................................................73
V - 5.2 Representação Ordenada...............................................................74
V - 5.3 Representação Quantitativa............................................................77
V - 5.3.1 Manifestação Pontual...................................................................77
V - 5.3.2 Manifestação Zonal......................................................................80
V - 5.3.3 Manifestação Linear.....................................................................80
V - 5.4 Representação Dinâmica................................................................82
V - 5.5 Introdução a visualização do dados................................................83
V - 5.6 Variáveis Visuais.............................................................................86
V - 5.7 Uso das Cores.................................................................................90
V - 5.7.1 Propriedades das cores...............................................................92
V - 5.7.2 Temperatura das cores................................................................93
V - 5.8 Espectro Eletromagnético Radiação Visível...................................95
V - 5.9 A cor e seu uso na cartografia........................................................95
V - 5.10 As cores convencionais na cartografia..........................................96
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................97

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UD I – CONCEITOS FUNDAMEN-
TAIS DE CARTOGRAFIA

Nesta unidade conheceremos um pouco sobre o histórico da cartografia e suas


definições conforme alguns autores, saberemos conceituar quando a cartografia é uma
ciência e uma arte. Em seguida faremos a distinção entre as ciências e a tecnologia que
apoiam a cartografia, tendo como base a Astronomia, a Geodésia e o Sensoriamento
Remoto, além de compreender as funções da Topografia, Fotogrametria e Sistemas de
Posicionamento Global (GPS) como tecnologia de apoio à cartografia. Por fim, teremos
conhecimento e capacidade de distinguir o que é mapa, carta e planta, suas classificações
e subdivisões, para em seguida distinguir as representações cartográficas por imagens.
I - 1. Introdução à Cartografia
“A arte de desenhar mapas é mais antiga que a
escrita”.
(Erwin Raisz, 1969)

O homem, desde os mais remotos tempos,


procurou um meio de registrar sua passagem pelos
lugares e de delimitar seus territórios. Os mapas foram
a primeira forma de expressão utilizada, surgindo antes
mesmo da escrita.
Os primeiros mapas aparecem junto a desenhos
registrados pelos povos primitivos em cavernas, e até
hoje não tiveram seu significado totalmente
desvendado.
Na pré-história, a cartografia era usada para Figura 1 - Primeiros mapas
delimitar territórios de caça e pesca. Na Babilônia, os Fonte: IBGE
mapas do mundo eram impressos em madeira, mas
foram Eratosthenes de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da
cartografia moderna, usando um globo como forma e um sistema de longitudes e latitudes.
Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo.
Os primeiros mapas foram traçados no século VI a.C. pelos gregos, que, em função
de suas expedições militares e de navegação, criaram o principal centro de conhecimento
geográfico do mundo ocidental.

Figura 3 - Representação gráfica de Ga-Sur


Figura 2 - Peça arqueológica original de Ga-Sur
Fonte: Raisz, 1969, p. 9
Fonte: Oliveira, 1993, p. 17

É dos babilônios a autoria do mapa encontrado na localidade de Ga-Sur,


considerado por muitos como o mais antigo exemplar da “arte” de representar o espaço.
Trata-se de um artefato feito de barro cozido contendo traços que indicam a presença de
um rio ladeado por montanhas. A interpretação feita por arqueólogos é que seria uma
representação da antiga Mesopotâmia (atual Iraque) e que esse artefato teria entre 2.500 e
4.500 anos de existência.

Figura 4 - Significados das representações gráfica de Ga-Sur


Fonte: biosaprova.com.br

A palavra cartografia foi introduzida pelo historiador português Manuel Francisco


Carvalhosa, 2º Visconde de Santarém, numa carta datada de 8 de dezembro de 1839 e
endereçada ao historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen. De acordo com
Miceli, “Antes da invenção da escrita, a humanidade desenhou mapas nas paredes das
cavernas, por meio de pinturas rupestres feitas com a intenção de representar o caminho
dos locais onde havia caça”. O mapa é uma das maneiras que o homem encontrou para se
localizar no espaço.
Hoje entendemos cartografia como a representação geométrica plana, simplificada e
convencional de toda a superfície terrestre ou de parte desta, apresentada através de
mapas, cartas ou plantas.
Abaixo seguem algumas definições da atualidade sobre o que é cartografia tendo
como referências autor, Associação Cartográfica Internacional e o IBGE.
Conforme a Associação Cartográfica Internacional (1996), “A Cartografia apresenta-
se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por
base os resultados de observações diretas ou da análise de documentação, voltam-se
para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de
objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e sócio-econômicos, bem como a sua
utilização.”
De acordo com Timbó (2001), “Cartografia é a Ciência e Arte que se propõe a
representar através de mapas, cartas e outras formas gráficas (computação gráfica) os
diversos ramos do conhecimento do homem sobre a superfície e o ambiente terrestre.
Ciência quando se utiliza do apoio científico da Astronomia, da Matemática, da Física, da
Geodésia, da Estatística e de outras Ciências para alcançar exatidão satisfatória. Arte,
quando recorre às leis estéticas da simplicidade e da clareza, buscando atingir o ideal
artístico da beleza.”
O mesmo autor acima define que a “A cartografia destaca-se como uma das mais
antigas ciências de que se tem conhecimento. Pode-se dizer que ela teve origem na mais
remota antiguidade, quando o homem primitivo já sentia necessidade de registrar o espaço
em sua volta a fim de marcar os lugares mais importantes para sua sobrevivência. Ao
registrar nas paredes das cavernas os locais onde havia abundância de água e alimentos,
situações de perigo, redutos de outras tribos, etc., utilizando-se de instrumentos
rudimentares, o homem primitivo estaria desenvolvendo um trabalho de cartografia na sua
forma mais primitiva.”
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, “a palavra cartografia tem
origem na língua portuguesa, tendo sido registrada pela primeira vez em 1839 numa
correspondência, indicando a ideia de um traçado de mapas e cartas. Hoje entendemos
cartografia como a representação geométrica plana, simplificada e convencional de toda a
superfície terrestre ou de parte desta, apresentada através de mapas, cartas ou plantas.”
Diante destas definições, podemos inferir que a cartografia é a representação do
mundo real em mapas, cartas e outras representações. Para isso ser possível, é
importante entendermos o que se deseja representar. De início, devemos entender a forma
da Terra e como ela é representada matematicamente, tendo em vista que necessitaremos
nos posicionar e isso será pura geometria: distância, ângulo, coordenadas, cálculo de
áreas, volume, etc. Para seguirmos esse raciocínio, vamos adotar o seguinte objetivo:

Como representar o mundo em que vivemos em mapas?

Figura 5 - Mapa mundi Figura 6 - Litoral de Salvador


Fonte: IBGE Fonte: IBGE

Figura 7 - Quabra-cabeça mapa mundi


Fonte: canstockphoto.com.br
A cartografia é a junção de ciência e arte, com o objetivo de representar
graficamente, em mapas, as especificidades de uma determinada área geográfica.

I - 2. Ciências e Tecnologias de Apoio à Cartografia


A cartografia é a área do conhecimento que se preocupa em produzir, analisar e
interpretar as diversas formas de se representar a superfície, como os mapas, as plantas,
os croquis e outras composições. Ela é abordada tanto como uma ciência como uma
expressão de arte, uma vez que também permite a produção de imagens e construções
culturais sobre os espaços por ela representados.
São exemplos de ciências de apoio a
cartografia:
• Fotogrametria: responsável por
modelar o terreno, de forma tridimensional,
com o uso de imagens.
• Geodésia: responsável por modelar, de
forma matemática e física (neste contexto é
relativo aos campos gravitacionais) todo o
globo terrestre.
• Topografia: ocupa o estudo dos
acidentes geográficos, medição do terreno e
dos acidentes presentes no mesmo,
localização, situação, variações do relevo e
anotar em cartas topográficas.
• Astronomia: é a mais antiga ciência de
suporte à cartografia, pois é utilizada para
determinar a posição geográfica (latitude, Figura 8 - Ciências e tecnologias
longitude e orientação) de pontos e feições da Fonte: grupopolus.com

superfície terrestre
São exemplos de tecnologias de apoio a cartografia:
• Posicionamento por satélite: auxilia a topografia a medir pontos e distâncias.
• Ferramentas de SIG: permitem a visualização e manipulação de dados
cartográficos.
• Sensoriamento Remoto: é o conjunto de técnicas e procedimentos tecnológicos
que visa à representação e coleta de dados da superfície terrestre sem a necessidade de
um contato direto.

I - 3. Produtos Cartográficos

Uma definição simples para o significado de


mapa é a representação dos aspetos geográficos-
naturais ou artificiais da Terra destinada a fins
culturais, ilustrativos ou científicos. Porém, a
definição de mapa no Dicionário Cartográfico é a
representação gráfica, em geral uma superfície
plana e numa determinada escala, com a
Figura 9 - Mapa
Fonte: Brasilescola
representação de acidentes físicos e culturais da superfície da Terra, ou de um planeta ou
satélite. As posições dos acidentes devem ser precisas, de acordo, geralmente, com um
sistema de coordenadas. Serve igualmente para denominar parte ou toda a superfície da
esfera celeste.
Uma definição simples para o significado de carta é a representação precisa da
Terra, permitindo a medição de distâncias, direções e a localização de pontos. Já o
Dicionário Cartográfico define a carta como a representação dos aspetos naturais e
artificiais da Terra, destinada a fins práticos da atividade humana, principalmente a
avaliação precisa das distâncias, direções e a localização geográfica de pontos, áreas e
detalhes; representação plana, geralmente em média ou grande escala, de uma superfície
da Terra, subdividida em folhas, de forma sistemática, obedecendo um plano nacional ou
internacional.

Figura 10 - Recorte da carta do estado do RS


Fonte: forest-gis.com

As cartas quanto à representação dimensional, classificam-se em Planimétricas e


Planialtimétricas e quanto ao caráter informativo, em cartas Gerais, Especiais e
Temáticas.
O termo planimetria vem da junção das palavras “plano” (uma forma de
representação do espaço) e “metria” (relacionado à medição). Sendo assim, trata-se da
representação do terreno em um plano com o objetivo de mensurar distâncias, ângulos,
áreas, perímetros e coordenadas bidimensionais, isto é, (X, Y).
Já a altimetria (junção de “altitude” com “metria”) é a representação do relevo do
terreno, ou seja, a variação de altitude de cada ponto na superfície em estudo. É
empregada na geração de curvas de nível, medição de ângulos verticais e obtenção de
coordenadas altimétricas, isto é, (Z). O uso simultâneo da altimetria e da planimetria terão
informações tridimensionais (X, Y, Z).
I - 4. Carta Imagem
Carta Imagem é um documento cartográfico que contém como pano de fundo uma
imagem georreferenciada colorida ou monocromática, com a superposição de algumas
feições planimétricas, hidrográficas e altimétricas vetoriais. As fotocartas* digitalizadas se
enquadram nesse tipo de produto. A Carta Imagem caracteriza-se como um produto do
sensoriamento remoto gerado a partir de uma imagem em que são extraídas informações
geoespaciais. (Manual de Geoinformação, EB20-MC-10.209)

I - 4.1 Carta Ortoimagem


A Carta Ortoimagem é um documento cartográfico que contém como pano de fundo
uma ortoimagem colorida ou monocromática, com a superposição de algumas feições
vetoriais planimétricas, hidrográficas e/ou altimétricas. As ortofotocartas digitais também se
enquadram nesse tipo de produto. (Manual de Geoinformação, EB20-MC-10.209)
I - 4.2 Carta Topográfica
É um documento cartográfico que contém informações planimétricas (acidentes
físicos naturais e artificiais) e altimétricos (curvas de nível e pontos cotados) da superfície
terrestre, mediante símbolos ou convenções e meios de orientação indicados, que
permitem a medição de distâncias, a orientação das direções e a localização geográfica de
pontos, áreas e detalhes, atendendo às normas e especificações técnicas vigentes. As
cartas topográficas têm uma finalidade essencialmente prática e devem permitir a leitura
clara e rápida de todos os elementos visíveis na paisagem, além de possibilitar a medição
precisa de ângulos, distâncias, desnivelamentos e áreas. Para tanto, há necessidade de se
recorrer à escala utilizada, isto é, a relação entre a distância medida na carta e a distância
real medida no terreno (Manual de Geoinformação, EB20-MC-10.209)
I - 5.1 Produtos Geoespaciais temáticos (PGT)
Os PGT são elaborados a partir de dados ou conjuntos de Dados Geoespaciais
Temáticos (DGT), ou ainda pela composição desses com os Dados Geoespaciais Básicos
(DGB). Os PGT são produtos customizados para um emprego ou tema específico,
representados cartograficamente por cartas ou mapas. Eles podem ser utilizados de
diversas formas, fornecendo informações específicas sobre localizações particulares ou
informações gerais sobre os padrões espaciais. (Manual de Geoinformação, EB20-MC-
10.209)

Figura 11 - Produtos Geoespacias Temáticos: (a) Mapa Hipsométrico; e (b) Mapa de Declivi-
dade
Fonte: Manual de Geoinformação, 2015
UD II - GEODÉSIA

Nesta unidade definiremos o conceito de geodésia, além de descrever os modelos


físico, geométricos e elipsoidal que representa a Terra. Em seguida, identificaremos os ele -
mentos de um Sistema Geodésico de Coordenadas para depois defini-lo. Vamos descrever
também o Sistema Geodésico de Coordenadas Topocêntricos ou Local e o Sistema Geo-
désico de Coordenadas Geocêntrico ou Global. Distinguiremos os principais Sistema Geo-
désico de Referência e compreenderemos a estrutura do Sistema Geodésico de Coorde-
nadas Terrestre e de Coordenadas Planas. Por fim, distinguiremos os principais tipos de
projeções cartográfica e compreenderemos o processo da projeção cartográfica, o concei-
to da projeção UTM e Sistema de Coordenadas UTM.
II - 2. Modelos de Representação Terrestre

Figura 12 - Superfície terrestre


Fonte: docsity.com

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), geodésia é a


ciência que se ocupa da determinação da forma, das dimensões e do campo de gravidade
da Terra.
Conclue-se então, a existência de pelo menos um modelo de representação da
Terra. Esses modelos são chamados de Geóides.
A figura 13 apresenta os modelos utilizados para representar a superfície Terrestre
em ordem da mais para a menos próxima da superfície real.

Figura 13 - Superfície terrestre


Fonte: UFPR

II - 2.1 Formas da Terra


A superfície topográfica da Terra apresenta forma irregular, com elevações e
depressões. Ela está em constante mudança devido as ações antrópicas, e da natureza,
por meio de movimentos tectônicos, ações erosivas, força gravitacional, mudanças
climáticas, entre outras. A Terra, para efeito de alguns estudos e facilitar os cálculos
matemáticos, pode ser considerada um sólido, com formato curvo e esférico, isto é, um
elipsóide. Porém, sabe-se que existe um achatamento nos polos de aproximadamente 40
km, por isso, o modelo mais adequado que representa a topografia do planeta Terra é o
geóide.
II - 2.1.1 Modelo Esferoidal
Em 528 a.C. Pitágoras introduziu o conceito de forma esférica para o planeta, e a
partir daí sucessivas teorias foram desenvolvidas até alcançarmos o conceito que é hoje
bem aceito no eio científico internacional. A fim de simplicar o cálculo de coordenadas da
superfície terrestre foram adotadas algumas superfície matemática simples. Uma primeira
aproximação é a esfera achatada nos polos.
Este modelo é bastante simplificado e o mais distante da realidade, pois os
elementos da superfície terrestre apresentam-se bastante deformados em relação às suas
correspondentes feições reais e à posição relativa. Porém, não é considerado o modelo
que mais se aproxima da Terra, portanto não é tão utilizado quanto o elipsóide. A esfera
define-se com a figura geométrica obtida pela rotação de uma circunferência em torno de
seu eixo.

Figura 14 - Modelo esférico


Fonte: mundovestibular.com.br

II - 2.1.2 Modelo Geoidal


O matemático alemão Carl Friedrich Gauss, introduziu o conceito de Geóide, que
corresponde à superfície do nível médio do mar homogêneo supostamente prolongado por
sob continentes. Essa superfície se deve, principalmente, às forças de atração (gravitacio-
nal) e a força centrífuga (rotação da
Terra).
O geóide é a forma que a Terra
e
assumiria caso fosse completamente
coberta por água. A representação do
geóide terrestre está relacionada aos
referenciais altimétricos e planimé-
tricos. Todas as medições realizadas
na superfície terrestre, relacionadas a
confecção de mapas e cartas são
feitas levando-se em consideração a
Figura 15 - Geóide x Elipsóide
forma de geóide da Terra. No caso do Brasil, adota-se o Sistema Geodésico Sul
Americano (SAD 69) e o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS).
Esses são os sistemas de referência compatíveis com as técnicas de posicionamento
global.
O geoide é uma superfície equipotencial do campo da gravidade, ou seja, sobre
essa superfície o potencial do campo da gravidade é constante, coincidindo, portanto, com
uma superfície de equilíbrio de massas d’água. Podemos visualizar, aproximadamente,
essa superfície por meio do prolongamento do nível médio dos mares por dentro dos
continentes.
Outra definição de geoide é uma representação da superfície da Terra, determinada
pelas variações de uma grandeza física: a força da gravidade. Essa superfície serve de
referência e não corresponde à superfície real da Terra. Trata-se de uma superfície
convencionada a partir do estudo da força da gravidade em cada ponto do globo terrestre.
Define-se a vertical desses pontos pela direção local da força da gravidade. Essas verticais
não são todas paralelas, por causa dos relevos que “atraem” (ou desviam) a componente
vertical da força de gravidade.
Para cada vertical, é possível definir uma direção perpendicular: a horizontal. Assim,
aos poucos, pode-se seguir uma linha composta de sucessivas horizontais: é a superfície
equipotencial da força da gravidade. Por definição, existe uma infinidade de superfícies
desse tipo, em função da distância ao centro da Terra. Num determinado momento, o
geóide corresponde à superfície equipotencial da força da gravidade mais próxima da
superfície média dos oceanos. Trata-se da forma gravimétrica da Terra.
Como o globo é heterogêneo, a superfície do geóide não corresponde
necessariamente à superfície da elipsóide de referência. As diferenças, positivas ou
negativas, entre essas duas superfícies podem ser representadas num mapa e são
chamadas de ondulações do geóide. Elas refletem as diferenças de massa no interior do
globo. Quanto maior a profundidade onde se localizam essas diferenças, maior é o
comprimento de onda da ondulação.
A altura geoidal é, justamente, a diferença entre a linha do geóide e do elipsóide.
Esta altura é positiva quando o geóide esta acima do elipsóide ou negativa quando o
geóide está abaixo do elipsóide.

Figura 16 - Superfícies
II - 2.1.3 Modelo Elipsoidal
É preciso buscar um modelo mais simples para representar o nosso planeta. Para
contornar o problema que acabamos de abordar lançou-se mão de uma figura geométrica
chamada Elipse que ao girar em torno do seu eixo menor forma um volume, o Elipsóide de
revolução, achatado nos pólos.
Assim, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos cálculos que fornecem
subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica. Ele é considerado o
modelo matemático para representar a superfície da Terra, tornando os cálculos
geodésicos mais simples. O sistema Geodésico é definido pela forma e tamanho do
elipsóide, que tem sua posição variando em função do geóide. Para tanto, o melhor ajuste
das coordenadas geodésicas é realizado pelos datum horizontal e vertical.

Figura 17 - Modelo elipsoidal


Fonte: portal.ebianch.com

Por meio do avanço dos sistemas geodésicos novos valores estão sendo sugeridos
a fim de definir uma melhor representação da Terra. Cada parte do nosso planeta possui
suas particularidades físicas. Sendo assim, de um modo geral, cada país adota-se um
modelo de elipsóide como referência.
II - 2.2 Sistemas de Geodésico de Referência
Um Sistema Geodésico de Referência (SGR) é um sistema de coordenadas
associado a algumas características terrestres. Conforme Oliveira (1998), a implantação de
um SGR pode ser dividida em quatro etapas: conceito, definição, materialização e
densificação.
• Conceitual: é visualizada a origem do sistema e fixação dos eixos. Com a origem
no centro de massa da Terra ou transladado para o centro de outro sistema. Quanto à
fixação dos eixos de coordenadas, estes devem ser fixos no espaço com relação à origem.
• Definição: estabelece princípios que fixam a origem, a orientação e eventual escala
de sistemas de coordenadas (representado por exemplo por um elipsóide de revolução).
• Materialização: é o conjunto de pontos definidos (materializados) no terreno, aos
quais é estabelecido um conjunto de coordenadas de referência para os mesmos.
• Densificação: implica na
materialização de pontos auxiliares na
superfície terrestre, com um espaçamento
menor entre os pontos do que os pontos
principais da rede. Um sistema de
referência é composto por figuras
geométricas posicionadas no espaço que
representam a superfície da Terra,
permitindo que cada ponto dessa mesma
superfície tenha um único terno de
coordenadas (X, Y, Z). Figura 18 - Onde estou?

Um SGR, do ponto de vista prático, permite que se faça a localização espacial de


qualquer feição sobre a superfície terrestre. O SGR é definido a partir da adoção de um
elipsóide de referência, posicionado e orientado em relação à superfície terrestre.
O Sistema Geodésico de Referência é também chamado de Datum Geodésico,
consiste em um sistema de referência, definido por uma superfície matemática (elipsóide)
posicionada no espaço a partir de um ponto de referência (origem), e materializada por um
conjunto de pontos distribuídos na superfície terrestre. Um Datum Geodésico pode ser
Planimétrico ou Altimétrico, uma vez que a superfície terrestre de referência adotada em
cada caso é diferente.

Figura 19 - Sistema geodésicas

Ao planejar e/ou realizar um projeto temos que ter o cuidade ao saber qual datum a
ser utilizado, pois se não soubermos, pode acontecer situações inusitadas ao final desse
projeto. O datum é crucial para evitar estes erros de posicionamento, portanto, ao usar
dados produzidos por outras pessoas ou instituições, é importante verificar qual datum foi
usado para gerar o mapeamento. Além disso, se você estiver construindo um mapeamento
do zero, deve ter certeza de qual datum é o mais adequado para a área que está
trabalhando.
Figura 20 - Situação 1 Figura 21 - Situação 2
Fonte: (Sapeinza, 2009) Fonte: (Sapeinza, 2009)

II - 2.3 Sistemas Geodésico Brasileiro


O Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) foi iniciado na década de 40. O SGB
caracteriza-se pelo conjunto de estações que representam o controle horizontal e vertical
necessários à localização e representação cartográfica no território brasileiro, onde seu
estabelecimento e manutenção são atribuições do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). É constituído por cerca de 70.000 estações implantadas peloInstituto
em todo o Território Brasileiro, sendo divididas em três redes:
• Planimétrica: latitude e longitude de alta precisão;
• Altimétrica: altitudes de alta precisão; e
• Gravimétrica: valores precisos de aceleração da gravidade.
A materialização do Sistema Geodésico Brasileiro dá-se através destas Redes:
Rede Horizontal, Rede Vertical e Rede Tridimensional (Rede Nacional GPS, Rede
Brasileira de Monitoramento Contínuo - RBMC), que são formadas pelos conjuntos de
estações e coordenadas geodésicas. Porém, somente três são reconhecidos pelo IBGE:
SAD 69, Córrego Alegre e o SIRGAS2000.
Os principais Datum planimétricos ou horizontal utilizados pelo Brasil são os
seguintes:
• Córrego Alegre: adotado na década de 50, tinha como vértice o ponto Córrego
Alegre, e o elipsóide Internacional de Hayford de 1924 como superfície de referência,
sendo seu posicionamento e orientação determinados astronomicamente. Sua origem é
topocêntrico. Suas Coordenadas são: Latitude = 19° 50' 14.91" S, Longitude = 48° 57'
41.98" W e h = 683.81 metros
• Astro Datum Chuá: a partir de estudos gravimétricos na região do ponto Córrego
Alegre, foi escolhido um novo ponto, no vértice de Chuá. Este sistema foi estabelecido pelo
IBGE em caráter provisório, como um ensaio para a implantação do Datum SAD69.
• SAD 69 (South American Datum): adotado em 1979. A imagem geométrica da
Terra é definida pelo Elipsóide de Referência Internacional de 1967. Nela há a adoção de
um referencial topocêntrico, isto é, o ponto de origem e orientação está na superfície
terrestre.
• SIRGAS2000: Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas, adotado em
2005. Desde 2015 é o datum oficial do Brasil em substituição ao SAD 69. Adota o elipsóide
do Sistema Geodésico de Referência de 1980. A definição/orientação do SIRGAS 2000 é
geocêntrica, ou seja, adota um referencial que tem a origem dos seus três eixos
cartesianos localizada no centro de massa da Terra.
• WGS 84 (World Geodetic System): Datum utilizado mundialmente. Está
atualmente na quarta versão do sistema de referência geodésico global estabelecido pelo
Departamento de Defesa Americano desde 1960, com o objetivo de fornecer
posicionamento e navegação em qualquer parte do mundo. Adota o elipsóide do Sistema
Geodésico de Referência de 1980, a próposito, o mesmo do SIRGAS 2000. É um sistema
geocêntrico também, por isso ambos são muito semelhantes.
Os principais Datum Altimétricos utilizados pelo Brasil são os seguintes:
• Imbituba: correspondente ao nível médio determinado por um marégrafo instalado
no Porto de Imbituda (SC), utilizada como origem para toda rede altimétrica nacional à
excessão do estado do Amapá.
• Porto de Santana: correspondente o nível médio determinado por um marégrafo
instalado no Porto de Santana (AP), para referenciar a rede altimétrica do Estado do
Amapá.

II - 2.4 Sistema de Coordenadas


É uma ferramenta matemática utilizada para localizar um objeto num espaço. Ele é
responsável por mostrar os valores quantitativos numéricos em relação a sua origem para
o ponto em questão. Este sistema pode ser dividido em sistema de coordenadas
geográficas, cartesianas, cilíndricas, polares e elípticas.

II - 2.4.1 Geográficas
É o sistema de coordenadas mais
antigo. Nele cada ponto da superfície
terrestre é localizado na interseção de um
meridiano com um paralelo, baseados nas
latitudes e longitudes, a fim de localizar todo
e qualquer ponto da superfície terrestre
tendo como base um Sistema de
Referência. Este tem um aspecto curvilíneo
e por isso é passada em grau, minuto ou
segundo, conhecidas como latitude e
longitude.
De acordo com o sistema de
convenções adotados, quando analisamos o
sistema geodésico temos algumas Figura 22 - Sistema de Coordenadas Geográficas
definições: Fonte: INPE
• Meridiano: corresponde às
circunferências máximas que passam pelos polos e cortam a Terra em duas partes iguais.
Formam um desenho semelhante aos gomos de uma laranja. Em um modelo esférico, eles
são semi-círculos gerados a partir da interseção de planos verticais que contém o eixo de
rotação terrestre com a superfície da Terra. Um semi-círculo define um meridiano que com
seu anti-meridiano formam um círculo máximo. O meridiano de origem, é determinado
Meridiano de Greenwich, com o seu antimeridiano, divide a Terra em dois hemisfério: leste
e oeste. A leste deste meridiano, os valores de coordenadas são crescentes, variando
entre 0º e +180º. A oeste, as medidas são decrescentes, variando entre 0º e -180º.
Figura 23 - Meridiano

Fonte: INPE

• • Paralelo: representa cada corte horizontal feitos nesta laranja. Esses cortes
são circunferências de raios que variam e são perpendiculares aos meridianos. São
círculos cujo plano é perpendicular ao eixo dos polos. O Equador é o paralelo que divide a
Terra em dois hemisférios (Norte e Sul) e é considerado o paralelo de origem (0º). Partindo
do Equador em direções aos polos tem-se vários planos paralelos ao Equador, cujos
tamanhos vão diminuindo até que se reduzam a pontos nos polos Norte (+90º) e Sul (-90º).

Figura 24 - Paralelo
Fonte: INPE

• Equador: é o único paralelo de circunferência máxima. Ele é o maior de todos os


paralelos, uma vez que divide o planeta em dois hemisférios (Norte e Sul) passando pelo
centro da Terra.
As coordenadas geográficas ou geodésicas de um ponto na superfície da terra é
medida em latitude e longitude. A figura 25 ilustra o ponto P (Long, Lat), pois x = Long e y
= Lat.
Figura 25 - Localização

Longitude corresponde ao ângulo formado entre o ponto considerado e o mediriano


de origem (normalmente é o Greenwich = 0º) com variação entre 0º e 180º, nas direções
leste ou oeste desse meridiano, representado pela letra grega lambda (λ).
Latitude de um ponto corresponde a distância angular e um ponto na superfície da
Terra, unido perpendicularmente ao centro do Planeta, representado pela letra grega fi (φ),
com variação entre 0º e 90º, nas direções norte ou sul.

Figura 26 - Lat-Long
Fonte: conhecimentocientifico.r7.com
)

Figura 27 - localização de um ponto (Lat-Long)


Fonte: slideplayer.com.br

Um ponto na superfície da terra possui somente uma localização. Porém,


dependendo do SRC utilizado, essa mesma localização receberá diferentes coordenadas.
Exemplo:
As coordenadas do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, são:

Em WGS 84: (Lat, Long)


22°57'08.2"S, 43°12'38.3"W (-22.952280, -43.210645)

Em SAD 69: (Lat, Long)


22°57'6.4''S, 43°12'36.7''W (-22.951781, -43.210216)

Em WGS84-UTM 23S: (X, Y)


683461.12627m, 7460645.40934m
As coordenadas planas são projetadas no meio curvo conhecido como elipsóide
para o plano, como por exemplo um cilindro envolvendo o elipsóide. Na figura 28, um
mesmo local possui mais de uma coordenada, pois ela depende da representação a qual a

Figura 28 - Transformação
Fonte: mundogeo
superfície terrestre está sujeita. A primeira representação é uma esfera a qual dará
coordenadas em graus (°), já a segunda é um mapa planificado, com coordenadas
provavelmente em metros (m), podendo possuir outros tipos de unidades.
A figura 29 ilustra a transformação de uma representação esférica para uma plana,
indica as etapas para a projeção dos
pontos na superfície da esfera para a
representação no papel ou na tela do
computador. Primeiramente, a terra é
representada como uma esfera ou um
elipsóide. Obviamente, não será
trabalhado com as dimensões reais da
terra, por isso o modelo globo.
Planificar uma esfera ou elipsóide não
é tarefa fácil, por isso, realiza-se uma
projeção para uma das três figuras:
cilindro, cone e plano. Assim, essa
nova superfície é planificada.
Um sistema de coordenadas
plano parte da escolha do elipsóide e
também da superfície de projeção.
Diferente da esfera ou do elipsóide, o
Figura 29 - Transformação
cilíndro, o cone e o plano são objetos Fonte: mundogeo.com
3D de fácil planificação.
A figura 30 representa o globo terrestre planificado e pontos de coordenadas
geográficas/geodésicas com seus valores nas laterais.

Figura 30 - Globo Terrestre Planificado


Fonte: vocesabendomais.blogspot.com

Para que seja possível a localização de um ponto na superfície da terra, é


necessário de terminar a representação da terra, também é necessário escolher em qual
sistema de medida se deseja representar o ponto, dessa forma é escolhida a superfície
geométrica onde serão desenvolvidos os cálculos das suas coordenadas, bem como se a
superfície será espacial (geodésico) ou planificada (projetado e transformado em planar).
Já foi apresentado a representação geográfica que utiliza a unidade grau (°), minuto (’) e
segundo (“).
Veremos agora sobre os diversos modelos de representação da terra (superfície
geométrica → elipsóde) com unidade em metro (m).

Figura 31 - Representação do terra em metros


Fonte: mundogeo.com

A posição e a orientação do elipsóide adotado como o de referência pode ser com


relação à Terra como um todo, geralmente estes elipsóides são geocêntricos, ou seja, o
seu centro geométrico é definido como coincidente com o centro de massa da Terra para
uma dada época. Existe, entretanto, uma outra família de elipsóides cujo propósito não é
representar a Terra como um todo e
sim, se ajustar a uma certa região,
devido a isto, o elipsóide não é
geocêntrico. Neste caso, o
posicionamento e a orientação são
feitos através de quatro parâmetros
topocêntricos, são eles: as
coordenadas de um ponto origem, a
orientação, a separação geóide-
elipsóide, e os componentes do
desvio da vertical.
O elipsóide devidamente
ajustado às dimensões da Terra e
orientado torna-se um referencial
adequado para a atribuição de Figura 32 - Coordenadas geodésicas
Fonte: docshare.com
coordenadas a pontos sobre a
superfície física da Terra. As coordenadas de um ponto P, referidas ao elipsóide, são ditas
coordenadas geodésicas: latitude (φP), longitude (λP) e altitude geométrica ou elipsoidal
(hP). Porém, um termo cartesiano pode ser associado ao elipsóide, como mostra a figura
32, logo o ponto P também pode ser definido por suas coordenadas cartesianas XP, YP e
ZP.
II - 2.4.2 Cartesianas ou Planas
O Sistema de Coordenadas Cartesianas (SCC) ou Sistema de Coordenadas Planas
(SCP), mais conhecido como Plano Cartesiano, foi criado por René Descartes com o
objetivo de localizar pontos. Ele é formado por dois eixos perpendiculares: um horizontal e
outro vertical que se cruzam na origem das
coordenadas. Suas aplicações são utilizadas no
Plano Cartesiano para construção de gráficos de
funções, onde os valores relacionados à x
constituem o domínio e os valores de y, a imagem
da função. A criação do Sistema de Coordenadas
Cartesianas é considerada uma ferramenta muito
importante na matemática, facilitando a observação
do comportamento de funções em alguns pontos
considerados críticos. Podemos associar o Plano
Cartesiano com a latitude e a longitude, temas
relacionados aos estudos geográficos e à criação do
atual sistema de posicionamento, o GPS. O Sistema
de Posicionamento Global permite que saibamos Figura 33 - Plano Cartesiano
nossa localização exata na terra, desde que
tenhamos em mão um receptor de sinais GPS, informando a latitude, a longitude e a
altitude com o auxilio de satélites em órbita da Terra.
No plano cartesiano, o eixo horizontal é chamado de abscissa (x) e o vertical de
ordenada (y). Os eixos são enumerados, compreendendo o conjunto dos números reais de
ordem 2 (ℜ 2 ). A figura 33 representa o plano cartesiano.
Em razão dessa ordem, devemos localizar o ponto, observando primeiramente o
eixo x e, posteriormente, o eixo y. Qualquer ponto que não se encontrar sobre os eixos,
estará localizado nos quadrantes (em sentido anti-horário).

Figura 34 - Quadrantes
Vamos localizar alguns pontos (A, B, C, D, E) no Plano Cartesiano para melhor entendi-
mento.

• A (4, 3) → x = 4 e y = 3

• B (1, 2) → x = 1 e y = 2

• C (–2, 4) → x = –2 e y = 4

• D (–3, –4) → x = –3 e y = –4

• E (3, –3) → x = 3 e y = –3

Figura 35 - Pontos no PC

Naturalmente o SCP é usado para a representação da superfície terrestre num


plano. Este sistema é baseado em um par de eixos perpendiculares, onde a interseção dos
eixos representa a origem para a localização de qualquer ponto sobre o plano. N ele, as
coordenadas dos pontos são representadas por um par de valores (x,y) representando a
projeção do ponto sobre cada um dos eixos. O eixo horizontal fica associado à medida de
longitude, enquanto que o eixo vertical fica associado à medida de latitude, o que permite
conversões entre os sistemas de coordenadas, a partir de transformações matemáticas.
As coordenadas podem ser representadas no plano por meio dos componentes
Norte (N) e Leste (E) regularmente utilizadas em mapas e cartas, referidas a um
determinado sistema de referência geodésico. Para representar uma superfície curva em
plana são necessárias formulações matemáticas denominadas de projeções, as quais
serão vistas posteriormente. Diferentes projeções poderão ser utilizadas na confecção de
mapas. No Brasil a
projeção mais utilizada é
a Universal Transversa de
Mercator (UTM).
O sistema
cartesiano pode possuir
uma perspectiva
tridimensional, para que
isso aconteça, é
necessário que exista um
terceiro eixo, o eixo z.
Figura 36 - Plano Cartesiano Tridimencional
Fonte: querobolsa.com.br
Neste caso, os pontos são representados por (x, y, z). Vamos ver como os pontos A
(0, 1, 3), B (-2, -4, 3) e C (0, 0, 7) são posicionados no Plano.

Figura 37 - Representação dos A, B, C


Fonte: querobolsa.com.br

II - 2.4.3 Cilíndricas
No sistema de coordenadas cilíndricas, um ponto P é representado pelas coordena-
das r, ɵ e z. A coordenada z é a mesma do sistema de coordenadas retangulares. A coor-
denada r indica a distância entre a origem e a projeção P’ de P sob o eixo xz. Finalmente ɵ
é o ângulo entre o semi-eixo x > 0 e o ponto P’.
x = p cos ɵ (Eq. 1)
y = p sen ɵ (Eq. 2)

onde:
p= x2 + y2

A coordenadas, e são comumente denominadas, respectivamente, de “distância


radial”, “azimute” e “altura”.

Figura 38 - Coordenadas cilíndricas


II - 2.4.4 Polares
Um sistema de coordenadas que representa um ponto no plano por um par
ordenado de números chamados coordenadas. Até agora vimos as coordenadas
geográficas, cartesianas e cilíndricas, agora passaremos a ver as coordenadas polares,
que é um sistema de coordenadas introduzido por
Newton, denominado sistema de coordenadas
polares, que é mais conveniente para muitos
propósitos. Escolhemos um ponto no plano
chamado polo (ou origem) e está rotulado de O.
Então desenhamos uma meia linha começando em
O chamada de eixo polar. Esse eixo é geralmente
desenhado horizontalmente para a direita e
corresponde ao eixo x positivo nas coordenadas
cartesianas. Se P for qualquer outro ponto no Figura 39 - Coordenada Polar
plano, seja r a distância de O até P e seja o ângulo
(geralmente medido em radianos) entre o eixo polar e a reta OP, como mostra a figura 39.
Assim, o ponto P é representado pelo par ordenado (r, ɵ) onde r, ɵ são chamados
coordenadas polares P. Usamos a convenção de que um ângulo é positivo se for medido
no sentido anti-horário a partir do eixo polar e negativo se for medido no sentido horário.
Se P = O, então r = 0, e convencionamos que (0, ɵ) representa o polo para qualquer valor
de ɵ.
Estendemos o significado de coordenadas polares (r, ɵ) para o caso no qual r é
negativo convencionando que, como na figura 40, os pontos (–r, ɵ) e (r, ɵ) estão na mesma
reta passando por O e estão à mesma distância | r | de O, mas em lados opostos de O.

Figura 40 - Coordenada Polar

Se r > 0, o ponto (r, ɵ) está no mesmo quadrante que ɵ.


Se r < 0, ele está no quadrante do lado oposto do polo.
Observe que (–r, ɵ) representa o mesmo ponto que (r, ɵ + π).
Para um melhor entendimento, a figura 41 mostra alguns pontos cujas coordenadas
polares são dadas. Observe onde os pontos (a) (1, 5π/4) (b) (2, 3π) (c) (2, –2π/3) (d) (–3,
3π/4) estão marcados.

Figura 41 - Coordenada Polar

No item (d) o ponto (–3, 3π/4) está localizado três unidades a partir do polo no
quarto quadrante, porque o ângulo 3π/4 está no segundo quadrante e r = –3 é negativo.

II - 2.4.5 Elípticas
As coordenadas elípticas são um sistema bidimensional de coordenadas curvilíneas
ortogonais, onde as linhas coordenadas são elipses e hipérboles com os mesmos focos.

Figura 42 - Coordenada Elíptica


Fonte: docplayer.es

A superfície terrestre se aproxima melhor de um elipsóide do que com uma esfera, já


que o achatamento da Terra por rotação produz um semi-eixo menor, aproximadamente,
21 km a mais do que o eixo semi-maior. Na geodésia é usado um elipsóide que mais se
aproxima do geóide, conforme a definição de Gauss Listagem, isto é, coincide com o nível
médio do mar. A forma do elipsóide é representado por meio do semi eixo maior e o
achatamento polar nas extremidades.
Figura 43 - Representação da superfície terrestre
Fonte: docplayer.net

II - 2.5 Sistema Geodésico de Coordenadas Topocêntrico ou Local


O centro do elipsóide (ou origem dos eixos) não está localizado no centro de massa
da Terra, mas sim no ponto de origem (vértice) escolhido. Neste sistema, existem dois da-
tum, o horizontal e vertical. Também desconsidera a curvatura da Terra e é perpendicular à
vertical do lugar no ponto da superfície terrestre considerado como origem do levantamen-
to. Nessa simplificação, não se levam em conta os erros sistemáticos provenientes da des -
consideração da curvatura terrestre e do desvio da vertical. Esse plano pode também ser
estabelecido perpendicularmente à normal ao elipsóide, no caso da determinação de coor-
denadas topográficas a partir de coordenadas geodésicas, onde a orientação deverá ser
feita pelo azimute geodésico.

Figura 44 - Datum Topocêntrico

II - 2.6 Sistema Geodésico de Coordenadas Geocêntrico ou Global


O Datum é o centro da terra ou a origem/vértice transladada deste centro.
Figura 45 - Datum Geocêntrico

II - 2.7 Projeções Cartográficas


Todos os globos, mapas e cartas são representações aproximadas da superfície
terrestre. Para representar uma superfície curva em plana são necessárias formulações
matemáticas. Essas formulações são chamadas de projeções. Projeção cartográfica é uma
sequência de cálculos geométricos para representar a terra em um plano. Não se pode
passar de uma superfície curva para uma superfície plana sem deformações. A
planificação do globo terrestre é feita por meio de superfícies de projeção que são
desenvolvíveis num plano
Portanto, projeções cartográficas são representações da superfície esférica da Terra
em um plano, possibilitando a construção de um mapa. Um mapa corresponde à
representação aproximada da superfície terrestre em um plano utilizando as coordenadas
geográficas. Essa construção se dá por meio de um sistema plano de paralelos e
meridianos (representados por linhas), ou seja, as projeções cartográficas. Existem
diversos tipos de projeções que representam cada um determinado aspecto, como a
dimensão e a forma. As projeções, por representarem uma superfície esférica, apresentam
deformações, sendo assim, nenhuma representa fielmente essa superfície, pois nunca
estará livre de distorções. Quando “passamos” os pontos de uma superfície para outra (da
esfera para o cilindro, cone ou plano) está ocorrendo uma projeção desses pontos.

Figura 46 - Tipos de superfícies


Fonte: portaldoprofessor.mec.gov.br
II - 2.7.1 Projeção Plana ou Azimutal
Projeção plana ou azimutal
corresponde à projeção em que a
superfície terrestre é projetada sobre um
plano tocante. O ponto tocante ao plano
normalmente representa ou o polo norte
ou o polo sul. Nessa projeção, os
paralelos e meridianos são projetados
formando círculos concêntricos. Essa
projeção pode ser de três tipos: polar,
equatorial e oblíqua. É normalmente
utilizada para representar áreas Figura 47 - Projeção plana
menores, além de ser usada para Fonte: mundoeducacao
localizar um país na posição central,
tornando possível o cálculo de sua distância em relação a qualquer ponto da superfície
terrestre. O emblema da ONU é uma projeção azimutal.
A superfície adotada nesta projeção é a normal, transversa e a oblíqua.

Figura 48 - Superfície adotada - projeção plana


Fonte: slideplayer.com.br

Figura 49 - Distorções
Fonte: slideplayer.com.br
II - 2.7.2 Projeção Cônica
Projeção cônica corresponde à projeção em que a superfície terrestre é projetada
sobre um cone tocante. Assim, para planificar a área esférica, a base utilizada é um cone.
Nessa projeção, os meridianos convergem para os polos e os paralelos formam arcos
concêntricos. Os meridianos são
retas concorrentes, perpendiculares
aos paralelos. Assim, as
deformações aumentam conforme
ao afastamento do paralelo que se
encontra em contato com o cone.
Esse tipo de projeção é
normalmente utilizado para
representar regiões continentais. É
útil para regões que se estendam na
direção leste-oeste, porém pode ser
utilizada em quaisquer latitudes. Figura 50 - Projeção cônica
Fonte: mundoeducacao
A superfície adotada nesta
projeção é a normal, transversa e a
oblíqua.

Figura 51 - Superfície adotada - projeção cônica


Fonte: slideplayer.com.br

Na projeção cônica, a
superfície terrestre é projetada sobre
um cone tangente ao elipsóide que
então é longitudinalmente cortada e
planificado.

Figura 52 - Distorções
Fonte: slideplayer.com.br
II - 2.7.3 Projeção Cilíndrica
Projeção cilíndrica corresponde à projeção cuja superfície esférica terrestre é proje-
tada sobre um cilindro tocante. Assim, para planificar a área esférica, a base utilizada é um
cilindro. Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que se cortam em
ângulos retos. Normalmente, as regiões polares nessa projeção são representadas com
exagero. Esse tipo de projeção geralmente é utilizado para representar o globo como um
todo, como o mapa-múndi.

Figura 53 - Projeção cilíndrica


Fonte: mundoeducacao

A superfície adotada nesta projeção é a normal, transversa e a oblíqua.

Figura 54 - Projeção cilíndrica


Fonte: slideplayer.com.br

Na projeção cilíndrica, a superfície terrestre é projetada sobre um cilindro tangente


ao elipsóide que então é longitudinalmente cortada e planificado.

Figura 55 - Distorções
Fonte: slideplayer.com.br
A grande distorção de área de projeção pode levar a concepções erradas por leigos
em cartografia. A comparação clássica é estabelecida entre a América do Sul e a Groelân-
dia. Esta aparece maior, apesar de realmente ser ⅛ do tamanho da América do Sul.

Figura 56 - Comparação de distorções


Fonte: slideplayer.com.br

A figura 57 ilustra algumas deformações após as projeções realizadas.

Figura 57 - Exemplos de deformações


Fonte: slideplayer.com.br

II - 2.7.4 Sistema Universal Transversa de Mercator


O Sistema de projeção UTM foi recomendado pela International Union of Geodesy
and Geophysics (IUGG) para a cartografia em pequenas e médias escalas e foi adotado
em 1955 pela Diretoria de Serviço Geográfico para o mapeamento sistemático do Brasil.
Dentre as principais características desse sistema de projeção pode-se citar:
• A superfície de projeção é um cilindro transverso e os ângulos são mantidos;
• A Terra é dividida em 60 fusos ou zonas de 6º de longitude. O cilindro transverso
adotado como superfície de projeção assume 30 posições diferentes, já que seu eixo man-
tém-se sempre perpendicular ao meridiano central de cada fuso ou zona;
• Numeração dos fusos de 1 a 60, começando no anti-meridiano de Greenwich cres-
cendo no sentido Leste;
• Aplica-se ao meridiano central de cada fuso ou zona um fator de redução de escala
igual a 0,9996, para mini-
mizar as variações de es-
cala dentro do fuso ou
zona. Como consequên-
cia existem duas linhas
secantes aproximada-
mente retas, uma a leste
e outra a oeste, distantes
cerca de 1º 37’ do meridi-
ano central, cujo fator é
igual a 1,0000; e
• Cada um dos fusos
UTM, tem origem na in-
terseção do seu meridia-
no central com a linha do
Equador. As coordenadas
UTM destes pontos são E
(Leste) = 500.000,00 m e
N (Norte) =
10.000.000,00 m, para o
Hemisfério Sul, e N = 0,0 Figura 58 - Fusos UTM
m, para o Hemisfério Nor- Fonte: UNIDIS
te.
O Brasil possui 8
fusos UTM, cuja numeração é 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25, como podemos verificar na
figura 58.
No Sistema UTM, o cruzamento do equador com um meridiano padrão específico,
denominado Meridiano Central ou Meridiano de Greenwich, é a origem desse sistema de
coordenadas. Os valores das coordenadas obedecem a uma sistemática de numeração, a
qual estabelece um valor de 10.000 km sobre o equador e de 500 km sobre o Meridiano de
Greenwich. As coordenadas lidas a partir do eixo norte-sul de referência vão reduzindo no
sentido sul do equador. As coordenadas do eixo leste-oeste possuem valores crescentes
no sentido leste e decrescentes no sentido oeste.
Para cada zona UTM, ocorre o seguinte:
• No hemisfério Sul, o sistema possui o valor 10.000.000 m no Equador para a
coordenada Norte, decrescendo para o Sul. E o valor 500.000 m no Meridiano Central
(MC) para a coordenada Leste, decrescendo para Oeste e crescendo para Leste.
• No hemisfério Norte o sistema difere apenas na coordenada Norte, possuindo o
valor de 0,00 m no Equador, crescendo para o Norte.
Figura 59 - Coordenadas UTM
Fonte: e-education.psu.edu

As Coordenadas UTM definem posições bi-dimensionais e horizontais.


• Origem (hemisfério sul): E = 500.000 m N = 10.000.000 m
• Origem (hemisfério norte): E = 500.000 m N=0m

Figura 60 - Coordenadas UTM


Vamos praticar um pouco. Qual a posição aproximada das coordenadas UTM dos
itens a) até e). Use, para isso, o número indicado nos pontos do fuso UTM da figura 61:
a) 500.000 m E, 2.500.000 m N, zona sul
Resposta: 18

b) 500.000 m E, 10.000.000 m N, zona norte


Resposta: 2

c) 633.000 m E, 10.000.000 m N, zona sul


Resposta: 12

d)167.00 0m E, 0 m N, zona norte


Resposta: 10

e) 500.000 m E, 5.000.000 m N, zona sul


Resposta: 17

Figura 61 - Coordenadas UTM

Sabendo sobre as coordenadas UTM, vamos agora compreender um pouco sobre


os fusos horários que o Brasil possui. Atualmente existem 4 fusos horários em nosso país,
o que é determinado pelo fato de estar totalmente situado a oeste do Marco Zero (Mediria -
no de Greenwich), ou seja, no Hemisfério Ocidental, incluindo as ilhas oceânicas e varian -
do de duas a cinco horas a menos em relação a este meridiano.
O 1º fuso horário brasileiro fica a 30º do GMT, contém as ilhas oceânicas do país
(arquipélago de Fernando de Noronha, atol das Rocas, Penedos de São Pedro e São
Paulo, Trindade e Martim Vaz). É o menos importante, por abranger uma diminuta área e
pouca população. É o segundo fuso a oeste de Greenwich, estando, portanto, duas horas
atrasado e uma hora adiantado em relação a Brasília.
O 2º fuso horário brasileiro fica a 45º do GMT, é o mais importante, por conter a
maior parte da população brasileira, bem como grande parte do território nacional. Esse
fuso abrange o Amapá, o leste do rio Xingu no Pará, Tocantins, Goiás, Distrito Federal,
além de todos os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Está três horas atrasado
em relação ao Meridiano de Greenwich.
O 3º fuso horário brasileiro fica a 60º do GMT, contém a porção do Pará a oeste do
rio Xingu, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e quase todo o estado do
Amazonas, excetuando-se sua porção extremo oeste. Está quatro horas atrasado em
relação a Greenwich e uma hora em relação a Brasília.

Figura 62 - Fusos horários brasileiros


Fonte: voupassarnaesa.blogspot.com

O 4º fuso horário brasileiro está localizado a 75º do GMT, contém o extremo oeste
do estado do Amazonas e o estado do Acre, estando cinco horas atrasado em relação a
Greenwich e duas horas em relação a Brasília.
O globo terrestre foi dividido em fusos e zonas de forma conveniente, dando origem
inicialmente ao que chamamos de Carta do Mundo ao Milionésimo, que consiste numa
carta na escala de 1:1.000.000, cobrindo uma região de 4° de latitude por 6° de longitude.
Os fusos são numerados no sentido anti-horário, a partir do antimeridiano de Greenwich. O
fuso 30 tem limite 0° W e 6° W, o fuso de número 29 tem limite de 6° W e 12° W, seguindo
até o fuso 1, cujo limite é 174° W e 180 W, para o lado oeste do Meridiano de Greenwich.
Para o lado leste, o fuso 31 com limite 0° Leste e 6° Leste, indo até o fuso 60 com
limite 174° Leste e 180° Leste. Para encontrar o número do fuso ao qual pertence um
ponto, devemos usar uma relação matemática em função da sua longitude e consequente-
mente a posição da carta ao milionésimo a que esse ponto pertence.
Vamos para um exemplo.
• 1. Número do fuso = 30° + longitude / 6 pontos a E de Greenwich.
• 2. Número do fuso = 30° - longitude / 6 pontos a W de Greenwich.
Obtendo o resultado dessas equações, devemos utilizar apenas o número inteiro da
divisão da longitude / 6.
Por exemplo, para uma cidade cuja longitude é 51° 24’W, o seu fuso correspondente
é o de número 22, pois 30 – 51 / 6 é igual a 22.
As zonas UTM estão dispostas no sentido das latitudes, fazemos a divisão dos
Hemisférios Norte e Sul em zonas de variação de 4° até a 80° S e 80° N. As zonas são
identificadas por letras do alfabeto, tanto para o hemisfério Norte como para o hemisfério
Sul.
A zona A, por exemplo, fica delimitada pelos paralelos 0º e 4° para N e S e o mesmo
para as demais zonas até a zona de letra T limitada pelos paralelos 76º e -80º ao Norte e
ao Sul. Para a cidade citada no exemplo, cuja latitude é de 22° 07’S, a zona
correspondente seria a F. Para designar o hemisfério, usa-se a letra inicial que o identifica,
N para o Hemisfério Norte e S para o Hemisfério Sul.
UD III - MAPEAMENTO SISTEMÁ-
TICO

Nesta unidade compreenderemos a finalidade do Mapeamento Sistemático e da


divisão das cartas e seus códigos. Em seguida iremos compreender o conceito de Mapa
Índice. Por fim, distinguiremos o INOM de MI.
III - 3. Índice de Nomenclatura
Pelo índice de nomenclatura as cartas de 1:1.000.000 são identificadas com a letra
do hemisfério, a letra da zona e o número do fuso. CIM significa Carta Internacional ao
Milionésimo. É uma organização sistemática de cartas com escala 1:1.000.000. Se utiliza
da projeção UTM, porém os paralelos escolhidos são de 4 em 4°. Note que do equador
para o norte os intervalos de 4° recebem a letra N na frente. Quando para o sul, recebem a
letra S. A numeração 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24 e 25, provém da projeção UTM já visto.
A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo (CIM) destinada a servir de base
para outras cartas dela derivadas, possuidora de um bom detalhamento cartográfico. É
originária da divisão do globo terrestre em sessenta partes iguais, cada uma denominada
fuso, com 6º de amplitude e desde o equador terrestre, no sentido dos pólos, procedeu-se
uma divisão em zonas, espaçadas de 4º.
Assim, a nomenclatura para a carta da cidade do exemplo seria SF-22, que serveria
de base para as outras.

Figura 63- Carta Mundial ao Milionésimo


Fonte: researchgate.net
Tendo por base a projeção UTM, seus fusos de (6°) e divisões latitudinais de (4°),
chegou-se ao mapeamento internacional ao milionésimo. Nas figuras 64 a 69 encontram-
se as subdivisões das quadrículas e suas respectivas escalas.

Carta SF-22 na escala de 1:1.000.000 é a carta básica


para a articulação das demais folhas do mapeamento
sistemático. Ela tem 6° de longitude por 4° de latitude.
Os limites das folhas são as coordenadas que limitam
zonas e fusos. Para a formação do índice, o
Hemisfério Norte é notado pela letra N e o Hemisfério
Sul pela letra S. O índice é formado então pela união
da letra que caracteriza o hemisfério, com a letra que
corresponde ao limite inferior da faixa e o número do
fuso, correspondente ao limite esquerdo do fuso
Figura 64 - Carta na escala de considerado.
1:1.000.000

A folha da escala 1:500.000 pode ser encontrada


dividindo a folha básica em quatro folhas de 2° x 3° de-
signadas pelas letras V, X, Y e Z, da esquerda para a
direita e de cima para baixo. O índice para a folha de
1:500.000 é formado pelo índice da folha de
1:1.000.000 que ela pertence, seguido da letra da folha
de 1:500.000. Temos como exemplo SF 22 Y, corres-
pondente a folha de canto inferior esquerdo.

Figura 65 - Carta na escala de


1:500.000

A folha da escala 1:250.000 é encontrada como


resultado da divisão da folha na escala 1:500.000 em
quatro folhas de 1° x 1°30’ designadas pelas letras A,
B, C e D, da esquerda para a direita e de cima para
baixo. O índice da folha 1:250.000 é definido pelo
índice da folha 1:500.000 a que pertence,
adicionanda a letra da folha 1:250.000
correspondente. Temos como exemplo SF 22 Y B,
correspondente a folha de canto superior direito.

Figura 66 - Carta na escala de


1:250.000
A folha da escala 1:100.000 é encontrada como
resultado da divisão da folha na escala
1:250.000 em seis folhas de 30’ x 30’
designadas pelos algarismos romanos I, II, III,
IV, V e VI, da esquerda para a direita e de cima
para baixo. O índice de nomenclatura de uma
folha 1:100.000 é definido pelo índice da folha
1:250.000 que pertença a folha, seguido do
algarismo romano da folha correspondente.
Temos como exemplo SF 22 Y B III,
correspondente a folha de canto superior direito.
Figura 67 - Carta na escala de 1:100.000

A folha da escala 1:50.000 é o resultado da divisão


da folha na escala 1:100.000 em quatro folhas de 22º
15’ x 15’ designadas pelos números 1, 2, 3 e 4, da
esquerda para a direita e de cima para baixo. O
índice de nomenclatura de uma folha 1:50.000 é
dado pelo índice da folha de 1:100.000 a qual ela
pertença, acrescido do número da folha 1:50.000
em pauta. Temos como exemplo SF 22 Y B III 1,
correspondente a folha de canto superior esquerdo.

Figura 68 - Carta na escala de 1:50.000

A folha da escala 1:25.000 é o resultado da divisão


da folha na escala 1:50.000 em quatro folhas de
7’30” x 7’30” designadas pelas letras dos
quadrantes NE, SE, SO e NO, pela sua posição
relativa na divisão. O índice de nomenclatura das
folhas 1:25.000 é dado pelo índice de nomenclatura
da folha 1:50.000 que ela faz parte, acrescida pela
sigla da folha correspondente. Temos como
exemplo SF 22 Y B III 1 SO, correspondente a
folha de canto inferior esquerdo.

Figura 69 - Carta na escala de 1:25.000


A figura 70 mostra outro rápido exemplo desta subdivisão, SC 22.

SC 22 Z D VI 4 SE
Figura 70 - Esquena CIM
Fonte: UTFP
A figura 71 mostra o esquema de desdobramento de uma folha 1:1.000.000, até a folha
1:25.000.

Figura 71 - Esquema de desdobramento de uma folha

Pelos conceitos já definidos, as cartas das escalas de mapeamento sistemático são


divididas em folhas e cada folha representa a cobertura topográfica de uma área, sob a
projeção cartográfica escolhida para a representação terrestre. No caso brasileiro, o
mapeamento sistemático é constituído pelas escalas mostradas na Tabela 1, dividida em
folhas, cuja área de cobertura é apresentada.
Tabela 1 - Escala, Dimensão e Área Coberta

ESCALA DIMENSÃO ÁREA COBERTA

1:1.000.000 6º x 4º 290.400 km²


1:500.000 3º x 2º 72.600 km²
1:250.000 1º 30’ x 1º 18.150 km²
1:100.000 30’ x 30’ 3.025 km²
1:50.000 15’ x 15’ 756 km²
1:25.000 7’ 30” x 7’ 30” 189 km²
III - 3.1 Mapa Índice
O número do mapa índice, refere-se ao número indicativo da folha, correspondente
à divisão do Brasil em folhas da carta 1:100.000. As cartas são numeradas de Oeste para
Leste e de Norte até o Sul, de 1 até 3036 inclusive. A numeração das cartas 1:100.000 é
pura, por exemplo, a folha MI número 2436 equivale a uma folha da carta 1:100.000.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além do índice de
nomenclatura, dispomos de outro sistema de localização para as folhas. Nesse sistema
numeramos estas folhas de modo a poder referenciá-las por meio de uma simples número.
Sendo assim, teremos:
• Para as folhas de 1:1.000.000, usamos a numeração de 1 a 46;
• Para as folhas de 1:250.000, usamos a numeração de 1 a 550; e
• Para as folhas de 1:100.000, usamos a numeração de 1 a 3036.
Este último é conhecido como MI, que significa Mapa Índice, e os dois primeiros
como MIR, Mapa Índice Reduzido.
O número MI substitui a configuração do índice de nomenclatura para as escalas de
1:100.000. Por exemplo, a folha SD-23-Y-C-IV corresponderá ao MI 2215.
Para as folhas em escala de 1:50.000, o MI vem acompanhado de um dos
algarismos 1, 2, 3 ou 4, correspondente ao quadrante de uma folha 1:100.000. Por
exemplo, a folha SD-23-Y-C-IV-3 corresponderá ao MI ao MI 2215/3, ou seja, terceiro
quadrante da folhas 1:100.000 (MI 2215)
Para as folhas de 1:25.000, acrescenta-se o indicativo (NO, NE, SO ou SE)
conforme a situação da folha em relação à anterior. Por exemplo, a folha SD-23-Y-C-IV-3-
NO corresponderá ao MI 2215/3-NO, ou seja, o quadrante noroeste da folha 1:50.000 (MI
2215/3).
O número MI deve ser indicado no canto superior direito das cartas topográficas nas
escalas de 1:100.000, 1:50.000 e 1:25.000, obedecendo à norma cartográfica, conforme
recomendam as folhas-modelo publicadas pela Diretoria de Serviço Geográfica (DSG).
UD IV - INTERPRETAÇÃO DE CAR-
TAS TOPOGRÁFICAS

Nesta unidade executaremos o cálculo de distância, de coordenadas geodésicas e


UTM em uma carta topográfica. Em seguida, identificaremos as curvas de nível em uma
carta topográfica para podermos construir um perfil do terreno. No terceiro momento, dis-
tinguiremos os tipos de escalas e elaboraremos estas escalas a partir da carta topográfica.
Por fim, vamos compreender a aplicação da precisão gráfica nas feições de um produto
cartográfico e planejar a escala de um produto cartográfico em função da precisão gráfica.
IV - 4. Cálculos sobre a carta
Ao observarmos uma fotografia, um lápis ou qualquer outro objeto, procuramos reco-
nhecer e identificar os elementos contidos neles. No mapeamento sistemático, cuja classifi-
cação se insere na carta topográfica, procederemos de maneira igual. Cabe ao operador
reconhecer e identificar os elementos, efetuando assim, a tradução dos símbolos contidos
na carta. A incorporação destes elementos está relacionada ao domínio cognitivo do leitor
e a interpretação dependerá do conhecimento e habilidades do operador. Portanto, a leitu-
ra de um produto cartográfico consiste na concretização das etapas pertinentes a esta fase
quem por sua vez, irão permitir a obtenção de informações por meio de elementos contidos
na carta.
A Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) publicou uma folha modelo, figura 72, de
como as informações serão distribuídas espacialmente na carta topográfica.

Figura 72 - Folha modelo (DSG)

Diante disso, uma carta topográfica, seja impressa ou no formato digital, representa
um modelo em escala reduzida e interpretado do terreno de onde podem ser extraídas in -
formações valiosas para aplicações diversas. Nas cartas impressas as informações
contidas nas margens fornecem dados importantes que dizem respeito ao uso da própria
carta. As principais informações que devemos saber em uma carta, de acordo com o
modelo proposto pela DSG, são:

• Órgão responsável - estabelece a estrutura organizacional da Instituição que é


responsável pelo produto cartográfico, não implicando que este esteja envolvido em todas
as fases da construção do mesmo. São mencionados o órgão que é vinculado ou
responsável e o nome da organização que realmente executa a missão, além dos
emblemas de cada um desses órgãos.

Figura 73 - Órgao responsável

• Título - é determinado pela característica topográfica mais relevante da área


representada, podendo ser a localidade de maior população, curso d’água mais importante
ou algum outro aspecto relevante.

Figura 74 - Título

• Índice de nomenclatura - de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), as especificações da Carta Internacional ao Milionésimo (CIM) tem por
finalidade dividir as folhas em formato uniforme na mesma escala de uma área geográfica,
mediante a impossibilidade de reprodução cartográfica dessa área em uma única folha
impressa em tal escala. Abaixo deste índice, encontra-se o MI referente a esta carta.

Figura 75 - Índice de nomenclatura e MI

• Carta em escala reduzida - contém as feições mais importantes da hidrografia, de


localidades e rodovias, ou qualquer outra que seja de tamanho considerável para sua
dimensão. A simbologia aqui será a mesma da carta, a menos que haja símbolos e textos
especificados nesta folha modelo. A miniatura da carta deve estar no centro do rodamão
esquerdo, no sentido da largura do rodamão. Esta folha deve contar em sua miniatura, as
latitudes e longitudes.
Figura 76 - Carta em escala reduzida

• Escala e código de barra - mostra qual é a escala da carta a qual está localizada
entre a carta em escala reduzida e a localização da folha.

Figura 77 - Escala e código de barra

• Localização da folha - mostra a disposição entre a área mapeada e as que


circunvizinham, indicando as referências daquelas que são contíguas, além da localização
desta no Estado-Membro.
Figura 78 - Localização da folha

• Divisão político-administrativa - é representada por meio dos limites


internacionais, estaduais e/ou municipais contidos na área mapeada, permitindo ao usuário
a localização de elementos como também de problemas estruturados na região.

Figura 79 - Divisão político-administrativa


• Articulação da folha - mostra a disposição da folha entre as outras folhas. Na
articulação contém os índices de nomenclatura. Esta folha fica centralizada dentre as
disposições das outras.

Figura 80 - Articulação da folha

• Projeto e créditos - consta aqui o nome do projeto juntamente com os créditos a


quem de direito. Além das orientações para dobra em formato, tipo guia.

Figura 81 - Nome do projeto e crédito


• Sinais convencionais (sistema de transporte, hidrografia, localidades,
abastecimento de água, saneamento básico, administração pública, educação,
cultura, saúde, serviço social, energia, comunicações, estrutura econômica, pontos
de referência, limites, relevo, vegetação e convenções comuns à diversos temas) -
fazem parte da legenda e como os demais elementos são divididos em classes, de modo a
facilitar a identificação e interpretação dos mesmos.

Figura 82 - Sinais convencionais (sistema de transporte e hidrografia)


Figura 83 - Sinais convencionais (localidades, abastecimento de água, saneamento
básico, administração pública, educação, cultura, saúde, serviço social, energia, co-
municações, estrutura econômica e pontos de referência)

Figura 84 - Sinais convencionais (limites, relevo, vegetação e convenções comuns


à diversos temas)
• Escala e diagrama de convergência e declinação - o planeta Terra se comporta
como um grande ímã, possuindo um campo magnético e dois polos magnéticos de
polaridades opostas. Estes polos se localizam relativamente próximos aos polos
geográficos. A não coincidência deles se deve ao desigual formato entre eles, cujo valor é
de 11º 30’. Na prática, significa que a agulha da bússola desvia do norte geográfico para
leste ou oeste segundo um ângulo, que dependerá do local onde se encontra. Portanto, a
agulha é submetida a duas forças: a vertical, que determina a inclinação, e a horizontal,
que orienta a agulha rumo ao polo magnético.

Figura 85 - Diagrama de convergência e declinação

• Etapas de produção - contam todas as fases de produção, juntamente com os


órgãos executores.

Figura 86 - Etapas de produção


• Informações técnicas da carta - contam todas as informações técnicas referente a
carta topográfica, como o tipo de projeção e datum utilizados, informações das curvas de
nível entre outras.

Figura 87 - Informações técnicas

Depois de estudarmos os elementos que fazem parte de uma carta topográfica,


voltaremos ao estudo das coordenadas UTM e geodésicas, mais precisamente para a
realização de alguns cálculos práticos, tendo como base as coordenadas UTM (E,N) e as
coordenadas geodésicas (longitude, latitude). Identifique no extrato da carta, figura 88, as
coordenadas UTM e geodésicas dos P1 e P2.

Figura 88 - Dados das coordenadas


Figura 89 - Cálculo das coordenadas

Outros exercícios que faremos está relacionado com o Meridiano Central. Quais os
limites das longitudes do FUSO 23 e qual o seu Meridiano Central (MC)?
-45º
-48º -42º
MC = 6 x f – 183º
MC = 6 x 23 – 183º
MC = 138 – 183º
MC = – 45º Limites do fuso: – 48º e – 42º

Onde:
f = Fuso

Qual carta 1:1.000.000 contém o ponto de coordenadas: (- 43° 11’4”, - 22° 58’25”)

f = 30 – inteiro (1/6 x long)


f = 30 – inteiro (1/6 x 43)
f = 30 – 7
f = 23

- 22º está no hemisfério sul entre as latitudes – 20º e – 24º

Carta 1:1.000.000 (SF-23)


IV - 4.1 Elementos Altimétricos
A altimetria é a parte da topografia que estuda os métodos e procedimentos que
serão utilizados na representação do relevo do terreno.
Os levantamentos altimétricos é a operação que determina as diferenças de nível ou
distâncias verticais entre pontos do terreno. O nivelamento destes pontos, porém, não
termina com a determinação do desnível entre eles mas, inclui também, o transporte da
cota ou altitude de um ponto conhecido (RN-Referência de Nível) para os pontos
nivelados.
Os pontos cotados são pontos que possuem coordenada Z (altitude) conhecida. De
modo geral, servem para identificar os pontos mais elevados, os pontos mais baixos ou
para definir pontos de sela.

Figura 90 - Pontos cotados


Fonte: UFMG

As curvas de nível são linhas, fechadas, que representam a mesma altitude no


terreno e permitem a visualização de declividades. Elas constituem a forma mais utilizada
para representação do relevo nas cartas topográficas. Quanto menos espaçados forem as
curvas de nível, maior a sua declividade. Quanto mais espaçadas forem as curvas de nível,
a área a ser trabalhada é mais plana.

Figura 91 - Curvas de nível


Fonte: Geologia: ciência da terra
A diferença de cota ou altitude entre duas curvas de nível, é conhecida como
equidistância vertical. A equidistância representada em uma carta, depende diretamente de
sua escala.
Tabela 2 - Relação entre Escala x Equidistância das curvas de nível

ESCALA EQUIDISTÂNCIA EM METROS


1:500 0,25 m
1:1.000 0,50 m
1:2.000 1,0 m
1:5.000 2,0 m
1:10.000 5,0 m
1:25.000 10,0 m
1:50.000 25,0 m
1:100.000 50,0 m

As curvas de nível possuem algumas caracteríticas na carta que auxiliam o leitor a


identificá-las no terreno, como:
• As curvas mestras são as mais grossas e numeradas de 5 em 5. A quinta curva é
sempre uma curva mestra nas cartas topográficas. Ex.: Escala 1:25.000 possui
equidistância 10,0 m com isso as curvas mestras são: 50, 100, 150, 200.
• As curvas secundárias são curvas tradicionais e são espaçadas da equidistância.

Figura 92 - Curvas mestras e secundárias

• As curvas de nível tendem a ser quase que paralelas entre si;


• Todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma elevação;
• Cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma;
• As curvas de nível nunca se cruzam, nunca se encontram e nunca pode surgir do
nada e desaparecer repentinamente;

Figura 93 - Erros das curvas


• As curvas de nível cruzam os cursos d’água em forma de “V”, com o vértice
apontando para a nascente, um “M” acima das confluências fluviais e um “U” nas
elevações, cuja base aponta para o pé da elevação;

Figura 94 - Cruzamento das curvas de nível


Fonte: UFMG

• O espaçamento entre as curvas é constante nas encostas de inclinação uniforme;


• As curvas de nível são perpendiculares à linha de maior inclinação do terreno;
• As curvas de nível formam um bico descendo a encosta nas cristas e cumeadas
(divisores de água) e formam um bico subindo a encosta nos vales e ravinas (recolhedores
de águas);
• A natureza da topografia do terreno determina as formas das curvas de nível. Dessa
forma, estas devem expressar com toda a fidelidade o tipo do terreno a ser representado.
Elas também idicam se o terreno é plano, ondulado, montanhoso ou se o mesmo é liso,
íngreme ou de declive suave;
• A elevação da curva central para a curva mais externa, os valores de cota diminuem;

Figura 95 - Elevação

• A depressão da curva mais central para a curva mais externa, os valores de cota
aumentam;

Figura 96 - Depressão
• O espigão é a superfície de maior altitude da linha divisória de água;

Figura 97 - Espigão

• O corredor é a faixa de terreno entre duas elevações de grande extensão;

Figura 98 - Corredor

• O talvergue é a linha de encontro de duas vertentes opostas (pela base) e segundo


a qual as águas tendem a se acumular formando os rios ou cursos d’água; e

Figura 99 - Talvergue
• Divisor de água linha formada pelo encontro de duas vertentes opostas (pelos
cumes) e segundo a qual as águas se dividem para uma e outra destas vertentes.

Figura 100 - Divisor de água

IV - 4.2 Tipos de Escala


Pode-se definir escala como a relação ou proporção existente entre as distâncias
lineares representadas em um mapa e aquelas existentes no terreno, ou seja, na superfície
real. As escalas em mapas são sempre escalas de redução. Uma escala é dita grande
quando apresenta o denominador pequeno, por exemplo: 1:100, 1:200, 1:500. Já uma
escala é considerada pequena quando possui o denominador grande, por exemplo:
1:100.000, 1:500.000, 1:1.000.000.
O valor da escala não tem dimensão, ou seja, unidade. Escrever uma escala 1:500,
significa dizer que uma unidade na carta equivale a 500 unidades no terreno. Assim, 1 cm
na carta corresponde a 500 cm no terreno ou 1 mm na carta corresponde a 500 mm no
terreno. Para maior facilidade e precisão gráfica, tem-se a seguinte relação:
Tabela 3 - Relação entre Desenho x Terreno

DESENHO TERRENO

1 cm 200 cm
1 cm 2m
1 cm 0,002 km

Para se calcular a escala de uma carta, utiliza-se a seguinte equação:


E= d (Eq. 3)
D

Onde:
D = Distância no Terreno
d = Distância no Mapa
E = Escala
A escala é definida pela razão d/D, se enquadrando em 3 categorias:
• d > D: Escala de ampliação;
• d = D: Escala natural; e
• d < D: Escala de redução.
As escalas podem ser representadas de três formas: numérica, gráfica ou nominal.
IV - 4.2.1 Escala numérica
A escala numérica é representada por uma função em que o numerador é sempre a
unidade, designando a distância medida no mapa e o denominador representa a distância
correspondente no terreno. Essa forma de representação é a maneira mais utilizada em
mapas impressos.

Numerador
(área do mapa)
1 : 100.000
Denominador
(área do terreno)

Na escala acima, podemos notar que o numerador representa a área do mapa e o


denominador a área do terreno. Convém, geralmente, deixar o numerador sempre como 1,
para assim sabermos quanto cada unidade do mapa equivale. Quando ela não possui a
medida indicada (cm, m, km) em sua notação, significa, por convenção, que ela está em
centímetros. Caso contrário, essa unidade de medida precisa ser apontada. Pode-se
representar, também, a escala numérica da seguinte forma:
1
100.000
IV - 4.2.2 Escala Gráfica
A escala gráfica é representada por uma linha ou barra (régua) graduada, contendo
subdivisões denominadas talões. Cada talão apresenta a relação de seu comprimento
com valor correspondente no terreno, indicando sob forma numérica, na sua parte inferior.
O talão, preferencialmente, deve ser expresso por um valor inteiro. Normalmente utilizada
em mapas digitais, a escala gráfica consta de duas porções: a principal, desenhada do
zero para a direita, e a fracionária, do zero para a esquerda, que corresponde ao talão da
fração principal subdividido em dez partes. Esta escala representa diretamente o espaço
relacional e suas medidas.
0 500 1000 2000 3000 4000m

IV - 4.2.3 Escala Nominal


A escala nominal ou equivalente é representada pela relação de igualdade entre o
objeto no desenho e na realidade, mas com unidades de medidas associadas, ou seja, é
apresentada nominalmente, por extenso, por uma igualdade entre o valor representado no
mapa e sua correspondência no terreno.
1 cm = 500 m
1 cm = 10 km
No caso anterior, a leitura será da seguinte forma: um centímetro corresponde a
cinquenta metros e um centímetro corresponde a dez quilômetros, respectivamente. Vale
ressaltar que nos exemplos apresentados acima, foram utilizadas grandezas diferentes
dentro do sistema métrico de unidades. Entretanto, vale salientar que o sistema de
unidades deve ser indicado no caso de escalas gráficas e nominais, sendo desnecessário
no caso de escala apresentada na forma numérica.

Figura 101 - Detalhes da escala


Seguem abaixo alguns exemplos de cálculos utilizando a escala de uma carta
topográfica.
Exemplo 1:
Em uma carta na qual a escala é de 1: 100.000, a distância em linha reta entre duas
cidades é de 8 cm. Qual a distância real entre essas cidades?
E = d/D
D=Exd
D = 1: 100.000 cm x 8 cm
D = 800.000 cm
Agora, é só convertermos 800.000 de centímetros em quilômetros.
É só cortar 5 zeros:
Veja: 800 000 cm-100.000 cm = 1km, ou seja, se ‘cortarmos’ 5 zeros, o cm passa a ser km
A distância entre as duas cidade é de 8 km.

Exemplo 2:
Considerando que a distância real entre duas cidades é de 120 km e que a sua
distância gráfica, em uma carta, é de 6 cm, podemos afirmar que esse mapa foi projetado
na escala de?
E = D/d
E = 120 km / 6 cm
E = 20 km
Agora, é só convertermos 20 km em centímetros
É só acrescentar 5 zeros:
Veja: 2.000.000
A escala projetada foi de 1:2.000.000.

Exemplo 3:
Em uma carta de escala 1:3.000.000, quantos centímetros serão necessários para
representar uma reta de 150 km reais?
E = d/D
d = D.E
d = 150 km / 3.000.000
Agora, é só convertermos 150 km em 15.000.000 centímetros
d = 15.000.000 / 3.000.000
d = 5 cm

IV - 4.3 Precisão Cartográfica


Consiste na menor grandeza medida no terreno capaz de ser representada em
desenho na escala mencionada. O menor comprimento gráfico que se pode representar
em um desenho é 0,2 mm, sendo este o erro admissível.
E = 1/M em = 0,0002 ∗ M (Eq. 4)
Sendo:
em = erro tolerável em metros;
M = denominador da escala.

• Para escala E = 1/10.000 em = 2 m


• Para escala E = 1/20.000 em = 4 m
• Para escala E = 1/40.000 em = 8 m
• Para escala E = 1/100.000 em = 20 m
Considerando uma região da superfície do planeta Terra que se queira mapear e
que possua muitos acidentes de 10 m de extensão, a menor escala que se deve adotar
para que esses acidentes tenham representação será:

Da fórmula do erro gráfico:


em = 0,0002 ∗ M
M = em / 0,0002
M = 10 m / 0,0002 = 50.000
O valor do erro gráfico aceito no Brasil é de um círculo com 0,2 mm de diâmetro.
Este é o menor valor que a vista humana pode distinguir. Em termos lineares, para uma
carta na escala 1: 50.000, o valor estabelecido para o erro gráfico é de 10 metros. Isto quer
dizer que o valor de 10 m é o menor valor linear distinto nesta escala, ou seja, não existe
possibilidade de se obter, por exemplo, coordenadas com precisão inferior à 10 m, em uma
carta nessa escala.
As cartas, segundo sua exatidão, são classificadas em: classes A, B e C, levando-se
em conta os seguintes critérios:
• Na classe A o Padrão de Exatidão Cartográfico Planimétrico (PEC) é de 0,5 mm na
escala da carta, sendo de 0,3 mm na escala da carta o Erro-Padrão; e o Padrão de
Exatidão Cartográfico Altimétrico é de 1/2 da equidistância entre as curvas de nível, sendo
de 1/3 o Erro-Padrão.
• Na classe B o Padrão de Exatidão Cartográfico Planimétrico é de 0,8 mm na escala
da carta, sendo de 0,5 mm na escala da carta o Erro-Padrão; e o Padrão de Exatidão
Cartográfico Altimétrico é de 3/5 da equidistância entre as curvas de nível, sendo de 2/5 o
Erro-Padrão; e
• Na classe C o Padrão de Exatidão Cartográfico Planimétrico é de 1,0 mm na escala
da carta, sendo de 0,6 mm na escala da carta o Erro-Padrão; é o Padrão de Exatidão
Cartográfico Altimétrico é de 3/4 da equidistância entre as curvas de nível, sendo de 1/2 o
Erro-Padrão.
É obrigatória a indicação da classe no rodapé da folha, ficando o operador
responsável pela fidelidade da classificação. Caso os documentos cartográficos não
estejam especificados no artigo citado, deverão conter no rodapé da folha a indicação
obrigatória do Erro-Padrão verificado no processo de elaboração.
Tabela 4 - Critérios do PEC

PLANIMETRIA ALTIMETRIA
Carta
PEC EP PEC EP
Classe A 0,5 mm x escala 0,3 mm x escala ½ equidistância 1/3 da equidistância
Classe B 0,8 mm x escala 0,5 mm x escala 3/5 equidistância 2/5 da equidistância
Classe C 1,0 mm x escala 0,6 mm x escala ¾ equidistância ½ da equidistância

Onde:

PEC = Padrão de Exatidão Cartográfico


EP = Erro Padrão
UD V - COMUNICAÇÃO
CARTOGRÁFICA

Nesta unidade compreenderemos como é o processo da comunicação cartográfica,


distinguiremos os fatores que influenciam este processo, as variáveis visuais, o dado
quanto ao tipo, se é quantitativo ou qualitativo, os espaço de cores, se é RGB ou CYMK, e
por fim, a utilização das cores análogas e complementares.
V - 5 Processo de Comunicação Cartográfica
A utilização de mapas se faz necessária em diversas atividades, já que possibilita a
orientação do homem no espaço em que vive. Contudo, existem diferenças entre as
perspectivas dos profissionais que produzem essas representações e as perspectivas
daqueles que as utilizam. A visão do profissional que confecciona o mapa é mais detalhista
e focada em gerar um produto com confiabilidade geométrica, temática e multilingual. Já a
visão do usuário de mapas é direcionada para a resolução de um problema específico,
utilizando-se do mapa para avaliar, locar ou conhecer algo da área representada por este,
tendo como meta executar um trabalho apoiado no conhecimento espacial.
De acordo com Nogueira (2008), as diferentes interpretações em um mesmo mapa
têm diferentes explicações. Podem ser derivadas de erros no processo de representação
cartográfica, de inconsistências no método de mapeamento ou ainda em virtude da
interpretação incorreta por parte do usuário das informações cartográficas ou falta de
compreensão a contento. A comunicação cartográfica tem por objetivo evitar estas
confusões entre as informações levantadas em campo, processadas em escritório e
interpretadas pelo usuário final. Desse modo, nas três etapas, é necessário o
conhecimento do profissional que administra a informação, além de ser essencial que o
mesmo tenha visão integral do processo da comunicação cartográfica.
Segundo Lock (2006), os mapas são veículos de transmissão do conhecimento que
pode ser o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma
que “cada mapa tem seu autor, uma questão e um tema, mesmo os mapas de referência
geral, os topográficos ou os cadastrais. Já Joly (2005) diz que todo o mapa, qualquer que
seja ele, ilustra um tema e até o mapa topográfico não escapa à regra.
Não é possível usar mapas sem esforço, pois a informação mapeada alcança um
significado somente quando o usuário é capaz e deseja estudá-lo. Mesmo que o elabora -
dor de mapas prime pela pureza da comunicação, sua meta deve ser a de informar e não a
de seduzir. Ambos, o leitor e o autor do mapa exercem papéis ativos na comunicação car -
tográfica e devem tentar entender o processo de comunicação. Um dos objetivos em se
trabalhar com as representações cartográficas é o de se estabelecer articulação entre o
conteúdo e forma, utilizando a linguagem cartográfica para que se construam conhecimen-
tos, conceitos e valores.

Figura 102 - Sistema de comunicação cartográfica

Para representar os diversos temas é preciso recorrer a uma simbologia específica


que, aplicada aos modos de implantação - pontual, linear ou zonal, aumentam a eficácia no
fornecimento da informação, que serão representados pelas primitivas gráficas ponto, linha
e área, respectivamente.
Figura 103 - Modos de implantação

As regras dessa simbologia pertencem ao domínio da semiologia gráfica, onde as


etapas são: coleta de dados, análise, interpretação e representação das informações
sobre um mapa base.
Estas 3 (três) implantações citadas na figura 103, variam de acordo a sua forma,
orientação, cor, granulação, o seu tamanho e valor.
A semiologia gráfica foi desenvolvida por Bertin (1967) para representar o processo
de comunicação cartográfica, e segundo este autor está ao mesmo tempo ligada às
diversas teorias das formas e de sua representação, e às teorias da informação. Aplicada à
cartografia, ela permite avaliar as vantagens e os limites da percepção empregada na
simbologia cartográfica e, portanto, formular as regras de uma utilização racional da
linguagem cartográfica, reconhecida atualmente, como a gramática da linguagem gráfica,
na qual a unidade linguística é o signo.

Figura 104 - Origem do signo


Fonte: Geolab (Adaptado)

Este é composto de um significante e um significado, o qual constitui o “plano de


expressão” e o “plano de conteúdo”, respectivamente. Podemos inferir que o significado é
um conceito e o significante é um mediador, sua substância é sempre material (sons,
objetos, imagens etc.). Portanto, na medida em que significante e significado fazem a
ponte com o “objeto referente”, a coisa real ou imaginária que dá origem ao signo.
Podemos ter 4 (quatro) métodos para representá-la, que são a representação
qualitativa (o quê?), ordenada (em que ordem? classificação), quantitativa (quanto?) e a
dinâmica (variação / movimento).
V - 5.1 Representação Qualitativa
Considera-se os dados absolutos. Utiliza como variável visual a forma, a orientação
ou a cor, sendo de forma seletiva. Também é possível usar símbolo geométrico, associado
ou não às cores. O mapa resultará exaustivo dispondo todos os seus atributos.

Figura 105 - Representação qualitativa


Fonte: Geolab

Na figura 106, é ilustrado a forma para os tipos de minerais (metálicos, não


metálicos e energéticos) e a cor dos mesmos. Poderia ter variado a granulação (textura
fina, média e grossa) ao invés da cor.

Figura 106 - Recursos Minerais


Fonte: GeoLab
Na figura 107, estão as representações das variações elementares que evidenciam
diferenças nas variáveis visuais.

e
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de
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Va

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Ta

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Or

Figura 107 - Variações elementares

Na impossibilidade de usar cores, deve-se empregar texturas compostas por


elementos lineares (forma) ou puntiformes (orientação ou granulação). É importante cuidar
para se obter resultados de mesmo valor visual. Essas variações também podem ser
usadas de forma combinada. Na reprodução em branco e preto pode-se usar texturas
diferentes de mesmo valor visual.

Figura 108 - Mapa do Brasil: Geologia


Fonte: Gourou, P. & Bernardes, 1968

V - 5.2 Representação Ordenada


São representações quando as categorias dos fenômenos se inscrevem numa
sequência única, com a relação dos objetos em ordem, sendo definidas as hierarquias.
São exemplos: a hierarquia das cidades pelo tamanho populacional e a sequência do uso
dos espaços agrícolas no tempo. Na percepção ordenada, o tamanho expressa
proporcionalidade, ou seja, B é tantas vezes maior que A, e quando não for possível fazer
essa relação deve-se usar somente valor. Pode-se usar a ordem visual entre cores,
organizando-as das mais claras as mais escuras, seja entre cores quentes ou frias.

Para representações ordenadas com manifestação pontual, fixa-se o tamanho e a


forma elementar e varia-se o valor pontual do claro para o escuro.

Figura 109 - Manifestação pontual

Na manifestação linear, fixa-se a espessura do traço e varia-se o valor visual do


claro para o escuro.

Figura 110 - Manifestação linear

Na manifestação zonal, considera-se uma variação visual de valor do claro para o


escuro.

Figura 111 - Manifestação zonal

Outra forma de representar a classificação ordenana em nível seletivo é a figura


112. As rúbricas da legenda seguem a ordem cronológica dos conjuntos espaciais no
tempo geológico. A ordem cronológica será transcrita por uma ordem visual no mapa,
usando a variável valor.

Figura 112 - Geologia do Brasil


Fonte: Gourou, P. & Bernardes, 1968
Nas representações ordenadas considera-se ainda, aquelas que transcrevem duas
ordens opostas de ocorrências com manifestação zonal. É um exemplo, o uso da terra e
cobertura do solo, que traz oposição entre o espaço natural e o produzido pelo homem.
Para compreensão dessa oposição, pode-se explorar as cores frias em oposição as cores
quentes, observando os seus aspectos sensorial, psicológico, místico e simbólico. A ordem
das cores frias ligada as questões naturais e a ordem das cores quentes associada aos
aspectos humanos.

Figura 113 - Representação ordenada


Fonte: ESRI MAP BOOK
V - 5.3 Representação Quantitativa
São representações usadas para destacar a proporção entre objetos. Exemplo: B é
4 vezes maior que A. Utiliza variável visual
seletiva podendo ser representada pelo
tamanho e espessura. A realidade é
expressa pela quantidade, e tendo em sua
relação visual uma variação de tamanho.
Recomenda-se que no uso do tamanho para
representar a simbologia, utilize no máximo 5
classes, para ser possível identificá-las no
mapa. Portanto, devido a estas situações da
realidade serem complexas, uma série de
soluções foram organizadas para representar
corretamente as manifestações pontuais, Figura 114 - Representação com 5 classes
Fonte: Prof. Flávia S. Lisboa
zonais ou lineares.
V - 5.3.1 Manifestação Pontual
É um método recomendado para representação quantitativa de fenômenos
localizados. Temos como exemplo a população urbana, que é ideal para valores absolutos.
A proporção entre os objetos é expressa por uma percepção visual, cuja única variável é o
tamanho. As figuras geométricas são círculos acomodados sobre a base cartográfica.

Figura 115 - Manifestação pontual


Fonte: ESRI MAP BOOK
Este método foi aplicado por Minard (1851), que estabeleceu círculos proporcionais
em implantação pontual. Ele representou a produção das minas de carvão da França,
combinada aos fluxos dos combustíveis minerais no mesmo território. Este autor também
idealizou a aplicação da divisão de círculo em setores para representar parcelas do total.
Uma forma simples de calcular a proporcionalidade é considerar a área do círculo igual à
quantidade a ser representada (Q), para isso é necessário conhecer o seu raio.
O círculo representa uma quantidade que pode ser subdividida para abordar
parcelas que compõem o total. Na subdivisão dos setores a proporcionalidade está no
ângulo central, sendo definidos a partir da seguinte fórmula:
Total - Círculo de 360º
Parcela - Setor Circular de Xº
Xº = Parcela x 360 (Eq. 5)
Total
As parcelas são dadas em porcentagens, multiplica-se o valor percentual por 3,6
graus.

Figura 116 - Transporte aéreo (carga)


Fonte: Simielli

Devido a variabilidade dos dados os círculos podem resultar muito grandes ou


muitos pequenos, devem ser adequados a escalado mapa multiplicando ou dividindo todos
os raios por uma constante K.
A informação quantitativa é igual.

A representação visual é diferente.

Se os tamanhos são muito pequenos o


mapa parecerá vazio.

Se forem muito grandes parecerá


grosseiro.

A representação também difere se os


círculos forem cheios ou
transparentes, se forem coloridos ou
não

Figura 117 - Informações quantitativas


Fonte: Poveda

A figura 118 ilustra o mapa proporcional combinando os pontos e símbolos nos


quaisl representam a aparência da população no mundo real.

Figura 118 - Manifestação pontual


Fonte: GeoLab (Adaptado)
V - 5.3.2 Manifestação Zonal
É a representação do aspecto quantitativo em que se usa a escala zonal,
considerando que as quantidades se estendem por toda área de ocorrência. Ela utiliza-se
como solução, centralizar as figuras geográficas no centro de gravidade da área
considerada, não levando em conta a superfície das unidades de observação.
Para entendermos melhor a colocação acima, a figura 119 ilustra o Mapa de
Distribuição Industrial.

Figura 119 - Manifestação zonal


Fonte: GeoLab (Adaptado)

V - 5.3.3 Manifestação Linear


Neste tipo de manifestação, as variações poderão ser de granulação, orientação e
forma, sendo preciso manter invariável a espessura da linha e seu peso visual. Estas
variações podem ser usadas de forma combinada, neste caso, a cor tem limitações, salvos
se a espessura do traçado for bem visível, podendo tê-la sob a forma de linha contínua ou
não. Em muitos casos esta linha não corresponde a largura real do tema.
Figura 120 - Forma da variável Figura 121 - Orientação da variável

Figura 122 - Granulação da variável

Levando em consideração estes tipos de variáveis, a figura 123, demonstra como


podemos usá-los na cartografia.

Figura 123 - Tipos de variáveis a) forma b) orientação c) granulação


Fonte: a) ESRI MAP BOOK b), c) Poveda
V - 5.4 Representação Dinâmica
A representação dinâmica altera-se no tempo, reproduzindo mudanças no espaço.
Dessa forma, esta representação registrará combinadamente, marcas do passado e
transformações do presente. No presente, a revolução tecnológica colocou a cartografia
dinâmica em correspondência com a manipulação interativa da informação espacial. Com
esta inovação surgem dois novos modos de expressão: a interação e a animação, que
confirmarão uma cartografia mais consistente.
Neste tipo de representação, usa-se muito as setas para informar o sentido,
movimento ou a direção dos fenômenos e suas quantidades que o mapa está transmitindo
ao leitor.

a
Figura 124 - Diferentes representações de setas

Figura 125 - Massas de ar no Brasil


Fonte: Brasilescola
Podemos citar alguns exemplos de representações dinâmicas em um mapas a
expansão de fronteiras, fluxos migratórios, tendências de expensão, massas de ar,
refugiados de guerra, importação e exportação, processos de ocupação históricas, rotas de
mercadorias e informações, trajetórias de ciclones, correntes marítimas, movimentação de
tropas de guerra, fluxos de veículos, rotas marítimas e aéreas, movimentação de nômades
primitivos, movimentos das placas tectônicas, entre outros.
Esta representação serve também para representar fenômenos dinâmicos no
espaço e no tempo.

Figura 126 - Principais fluxos petrolíferos


Fonte: UFSC

V - 5.5 Introdução a visualização do dados


Antes de mais nada, faço as seguintes perguntas: Qual é a importância de ilustrar
um dado? Qual é o melhor gráfico para cada situação?
Visualização de dados é o mecanismos utilizado para converter fontes de dados em
representação visual, seja ela um gráfico, um mapa ou uma tabela. Estas representações
para serem úteis precisam ser interpretadas, aprendidas, transformadas em informações e
conhecimento.
Existem 2 (duas) tarefas de visualização do dado:
• Entender o papel do design de símbolos em ambiente SIG; e
• Reconhecer a aplicação da comunicação cartográfica nos desenhos de símbolos e
sua consequente em mapas funcionais/temáticos.
Um mapa eficiente e efetivo é aquele que consegue comunicar informações
geoespaciais por meio de simbolização gráfica adequada. Diante disso, podemos ou não
dizer que “Um bom mapa vale mais que 1000 palavras”? Reflexão.

Figura 127 - Reflexão


Fonte: Webnode

Um mapa é usado sempre que as relações espaciais desempenharem um papel


essencial para responder perguntas como: Onde? (posso encontrá-lo?), O que? Ou Como
e quando? (isso mudou?), além de oferecer uma rápida visão geral da distribuição e
relações espaciais e padrões de um fenômeno específico.
O processos de visualização cartográfica é baseado no conhecimento e experiência,
na tradução ou conversão de dados espaciais e suas características em gráficos e
símbolos. Tal conhecimento e experiência estão armazenados no T34-700 e ET-DSG,
porém, existem outras fontes de consulta. Diante disso, cria-se, um conjunto de regras ou
diretrizes que podem ajudar o autor do mapa a traduzir características de dados espaciais
em gráficos/símbolos capazes de comunicar essas características ao usuário do mapa.
Durante o processo de comunicação cartográfica, podemos ter alguns impactos na
simbologia, tais como:

Figura 128 - Impactos na simbologia


Além dos impactos na simbologia, o tipo de mapa e seu designer são influenciados
por:

Figura 129 - Mapa e designer

Diante do que já foi estudando nas unidades anteriores, podemos inferir que o título
do mapa determina a seleção dos dados, classificação, símbolos, percepção dos símbolos
do mapa e qualquer outro elemento pertencente ao mapa, como: conteúdo do mapa, gride
e coordenadas, legenda, informações marginais (história do mapa, produtores, fonte de
insumos e data de criação), datum, projeção/SRC, escala numéria, escala gráfica
(dependendo do caso), descritivo ou informações ilustrativas e mapa de situação.
A comunicação cartográfica ocorre por meio dos símbolos gráficos, mas como dizer
algo a alguém. Ao dizer, foi efetivo? Podemos usar estes 3 (três) passos para isto.
• Como: uso de regras gramaticais da linguagem dos símbolos cartográficos;
• O que: a informação que deve ser passada ao usuário; e
• Para quem: o usuário esperado.

Figura 130 - Como dizer algo a alguém


V - 5.6 Variáveis Visuais
No início desta unidade vimos sobre os elementos gráficos de uma mapa. Neste
item faremos mais uma abordagem sobre o assunto.
Os elementos gráficos básicos de um mapa são:
• Ponto, são fenômenos que ocupam uma área relativamente pequena no mapa ou
que podem ser locados por um ponto específico;
• Linha, são fenômenos que mostram uma distribuição de linhas;
• Área, são fenômenos que ocupam uma área relativamente grande no mapa; e
• Texto, são usados para representar informações que não podem ser visualizadas de
outra maneira.

Figura 131 - Elementos gráficos (a) ponto (b) linha (c) área (d) texto

Todas as representações podem diferir em sua aparência gráfica, como a localidade


(ou posição), cor (ou matiz), forma, valor (ou níveis de cinza), textura (ou grânulo),
tamanho e orientação. Todas estas representação são chamadas de variáveis gráficas,
onde cada uma pode carregar um impacto na percepção do usuário de mapa.
A variável visual tamanho corresponde à variação do tamanho do ponto, de acordo
com a informação quantitativa. É indicado para representar os dados quantitativos
absolutos, pois é a única que transcreve a quantidade. Sendo assim, os efeitos devem ser
representados pelo tamanho.
A variável visual valor
pressupõe a variação da tonalidade
ou de uma sequência
monocromática. Refere-se à
claridade ou escuridão de um sinal,
ou seja, às variações de cinza
considerando desde o preto até o
branco. Utilizada para representar
valores relativos ou em mapas
ordenados.
A granulação corresponde a
variação da repartição do preto no
branco onde deve-se manter a
mesma proporção de preto e de
branco. É uma textura padronizada Figura 132 - Variações cartográficas
obtida a partir do tamanho e
espaçamento de pontos ou linhas,
sendo a variação destes os responsáveis pela sensação de valor.
A variável visual cor significa a variação das cores do arco-íris, sem variação de
tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Possui 3 (três) variáveis visuais: matiz,
saturação e brilho. Matiz constitui os diferentes comprimentos de onda de luz visível do
espectro eletromagnético que geram diferentes cores. É uma variável visual seletiva, mas
também pode ser utilizada de forma ordenada se adotarmos o círculo das cores. Saturação
é a variação entre o cinza e a cor pura. É ordenado e dese ser utilizado como o valor.
Brilho é o contraste de luminosidade aplicado à cor, que varia do preto ao branco. Se
subtraído a matiz, é o valor, dado pelos diversos níveis de cinza. Estudaremos estas 3
(trêes) variáveis visuais mais a frente.
A variável visual orientação corresponde às variações de posição entre o vertical, o
oblíquo e o horizontal. Estas não podem passar de quantro: horizontal, vertical, e 2 (duas)
inclinações de 45º. É utilizada para mapas qualitativos.
A variável visual forma, agrupa todas as variações geométricas ou não. É ideal para
diferenciar múltiplos caracteres, ou seja, para dados qualitativos.
A figura 133 nos mostra outro exemplo do uso das variações cartográficas em um
mapa.

Figura 133 - Variáveis


Fonte: Joly, F (2005, p. 73)
Variáveis visuais: percepção associativa e percepção seletiva (categorizado).

Figura 134 - Percepções

Variáveis visuais: percepção associativa e seletiva juntos

Figura 135 - Percepções juntas

Variável de cor:

Figura 136 - Cor


Variáveis de valor e tamanho:

Figura 137 - Valor e tamanho

Existem três relações na representação monossêmica:

≠ o Q

≠ Seletiva: relação de diversidade e similaridade.


o Ordenada: dias da semana, meses do ano, hierarquias militares, tonalidades,
etc.
Q Quantitativa: proporcionalidade. Ex: número de alunos, número de dias de
chuva, entre outros.
A tabela 5 mostra as relações fundamentais entre o conceito e a transcrição gráfica.
Tabela 5 - Relações fundamentais
V - 5.7 Uso das Cores
A cor está em tudo. O ser humano cresceu aprendendo a distingui-las e, apesar
disso, mesmo estando sempre inseridas de maneira tão natural em suas vidas, raramente
se questionaram a respeito de sua existência.
Em uma cultura em que o fenômeno cromático mostra-se importante, pouco se
aprofunda no assunto, como pode-se observar sua importância. Diante de um mundo
centrado na tecnologia e nas imagens, é importante ressaltar que a cor é um elemento
fundamental. Portanto, torna-se necessário, também, o correto estudo desse fenômeno,
pois a partir disso, pode-se entender melhor o seu funcionamento em relação a percepção
humana e sua influência no consumo, bem como compreender como muitas coisas
funcionam.
O que também deve-se analisar, é a luz. Sem ela, não há definição de cor alguma, a
não ser sua inexistência. Podemos inferir que a cor não possui existência enquanto
material, ela é apenas uma sensação provocada pela luz que reage ao órgão da visão e ao
atingir o córtex occipital, os efeitos da luz causam a sensação de poder ser vista.

Figura 138 - Luz


Fonte: Psicologia das cores

Sendo assim, sabemos que os objetos absorvem e refletem luz de formas diferentes
de acordo com sua composição. Ou seja, se a luz branca bate sobre um objeto cuja
superfície irá absorvê-lo por completo, observa-se que este objeto é na verdade preto, não
refletindo luz alguma. Se a luz branca ilumina agora um objeto que parece branco, significa
então que ele refletiu toda a luz ao entendimento do observador, porém, sendo colorida, é
resultado da luz branca sendo refletida e apenas absorvida de modo parcial, gerando uma
aparência específica de uma cor ou mais.
• Cor luz - aditivas
É a cor através da incidência de raio de luz.
A luz é emitida pelo objeto. O sistema que regula
as cores dos corpos que emitem luz é conhecido
como RGB (vermelho, verde e azul). Quando se
trabalha com a luz emitida, as cores podem ser
misturadas a partir das três primárias e se forem
somadas nas proporções corretas, obtêm-se a cor
branca. RGB são os coeficientes de mistura que
vão de 0 a 255 níveis. Portanto, vermelho, verde e
azul são as cores primárias aditivas utilizadas em
televisores e monitores de computadores.
Figura 139 - Sistema RGB
• Cor pigmento - subtrativas
É a cor proveniente da absorção de luz, ou seja, a cor visível é aquela que não foi
absorvida pelo objeto. São também as cores produzidas pela subtração de uma cor primá-
ria aditiva, que são o Ciano (C), que subtrai o vermelho, o Magenta (M), que subtrai o ver -
de, e o Amarelo (Y), que subtrai o azul. Este é o sistema de cor utilizado para a impressão
em papel e em fotografias. O uso das cores aditivas e subtrativas produz combinações que
dão origem a milhões de cores. Os monitores dos computadores, por exemplo, são capa-
zes de representar cada um dos 256 níveis de intensidade das cores primárias gerando,
assim, 16.777.216 de cores e tonalidades diferentes. Tratando-se de combinações de co-
res com pigmentos, as cores primárias são o amarelo, o vermelho e o azul. São as cores
naturais. Da mistura das cores primárias aos pares, surgem as cores secundárias e da
mistura de uma cor primária com uma cor secundária surge uma cor terciária. Estas cores
são divididas em opacas e transparentes:
Opacas - RYB: É um sistema bastante usado nas
artes plásticas, fabricações caseiras e na tecelagem.
As cores primárias pigmentos são o amarelo, o azul
e o vermelho (RYB - red, yellow e blue). A mistura
das três cores produz o cinza através da síntese
subtrativa. O sistema RYB necessita da adição da
cor branca (para clarear) e do do preto (para escure-
cer).

Figura 140 - Opacas

Transparentes - CMYK: É o sistema usado por impresso-


ras, gráficas e artes gráficas. As cores primárias são ma-
genta, ciano e amarelo. E a mistura das três cores produz
o cinza através da síntese subtrativa. A letra “K” no final
significa a cor preta.

Figura 141 - Transparentes

Todas as outras cores que existem são provenientes da mistura das cores primárias.
Quando combinamos duas cores primárias, conseguimos uma cor secundária, e ao combi-
narmos uma cor secundária com uma primária adquirimos uma cor terciária.
Figura 142 - Cores secundária e terciáreas

V - 5.7.1 Propriedades das cores


As cores possuem três propriedades: matiz, saturação e brilho.
• Matiz: É o primeiro atributo da cor. É o resultado da nossa percepção da luz
refletida. Matiz é nome da cor: vermelho, azul, verde, amarelo, etc.

Figura 143 - Matiz

• Saturação: É também conhecido como croma, refere-se a pureza da cor. Além de


ser definida pela quantidade de cinza que a cor contém. Então, ajusta-se a saturação de
uma cor adicionando-se quantidades de cinza, por isso quanto mais pura for a cor, mais
saturada ela é.

Figura 144 - Saturação

• Brilho: É também chamado de valor ou luminosidade, diz respeito a claridade, ou a


falta dela, da cor. Uma cor pode ser mais luminosa que a outra. Por exemplo, o amarelo é
mais luminoso que o azul.
Figura 145 - Brilho

E também uma cor pode ter variação na sua própria luminosidade, adicionando
branco (mais luminosidade) ou preto (menos luminosidade).

Figura 146 - Escalas tonais

V - 5.7.2 Temperatura das cores


As cores tem temperaturas. Na verdade essa questão é mais subjetiva e tem muito
mais a ver com a experiências e percepções de quem as vê. Entretanto, podemos defini-
las entre quentes e frias.

Figura 147 - Temperatura das cores

As cores quentes são as cores em que o vermelho e o amarelo predominam. São


chamadas de quentes porque criam uma sensação de calor, proximidade e estão
associadas ao sol, ao fogo, etc. Já as cores frias são as cores em que o azul e o verde
predominam. Estão associadas ao gelo, a água, e criam sensações calmas, de frescor e
de tranquilidade.
• Monocromia: Se refere a harmonia que utiliza somente uma cor, alterando apenas
a tonalidade da cor escolhida, ou seja, mudando apenas a saturação e o brilho da cor. É
uma combinação com pouquíssimo contraste, mas pode criar um efeito visual agradável,
como por exemplo, o efeito “degradê”.
Figura 148 - Efeito “degradê”

• Cores primárias: São as cores que não podem ser formadas por nenhuma mistura.
São elas azul, amarelo e vermelho.
• Cores complementares: são as cores opostas no
disco de cores. Por exemplo, o vermelho é complementar
do verde. O azul é complementar do laranja. As cores
complementares são usadas para dar força e equilíbrio a
um trabalho criando contrastes. Ressaltamos que as cores
complementares são as que mais contrastes entre si
oferecem, sendo assim, se queremos destacar um amarelo,
devemos colocar junto dele um violeta.

Figura 149 - Disco de cores

• Cores análogas: são as que aparecem lado-a-


lado no disco de cores. São análogas porque há nelas
uma mesma cor básica. Por exemplo, o amarelo-ouro e o
laranja-avermelhado tem em comum a cor laranja. Elas
são usadas para dar a sensação de uniformidade. A
composição em cores análogas são consideradas
elegantes, e podem ser equilibradas com uma cor
complementar.

Figura 150 - Cores análogas

• Cores acromáticas: São as cores chamadas neutras: o branco, o preto, as cinzas e


os marfins.

Figura 151 - Cores acromáticas


V - 5.8 Espectro Eletromagnético Radiação Visível
O fenômeno de o ser humano enxergar as diferentes cores está associado aos
estímulos do cérebro, que tem a capacidade de diferenciar uma onda eletromagnética da
outra. Vejamos, o vermelho tem uma frequência diferente do azul, por esta razão,
podemos afirmar que as cores não existem e sim objetos que refletem ondas de
frequências diferentes, provocando no cérebro a sensação de cores.
O conjunto de radiações eletromagnéticas compreendidas entre os comprimentos de
ondas de 0,38 μm a 0,77 μm (micrômetros) é denominado de espectro visível, conhecido
como luz. Assim, as radiações compreendidas nesta faixa de comprimento de onda ao
interagirem com o sistema ocular humano são capazes de provocar uma sensação de cor.

Figura 152 - Visível ao olho humano


Fonte: UFRN

V - 5.9 A cor e seu uso na cartografia


As cores tem uma importância significativa na elaboração de uma representação
cartográfica, pois elas representam o reflexo das ondas de luz do espectro eletromagnéti-
co, que é o conjunto de ondas da radiação eletromagnética. O espectro eletromagnético
pode ser ordenado em função dos diferentes comprimentos de ondas e de suas frequênci-
as.

Figura 153 - Espectro eletromagnético


As unidades utilizadas para medir os diferentes comprimentos de ondas da Radia-
ção Eletromagnética (R.E.M.), são:
• Milímetro (mm): 1 mm = 10 –3 m;
• Micrômerto (μm): 1 μm = 10 –3 mm;
• Nanômetro (nm): 1 nm = 10 –35 μm; e
• Angstron (Å): 1 Å = 10 -1 nm.

No espectro eletromagnético, há um intervalo denominado de espectro solar, no qual


se situa o intervalo do visível (entre 0,38 e 0,77 nm de comprimento de onda). O espectro
solar também abrange parte da luz violeta e parte do infravermelho. No visível, onde a luz
é percebida, ela é subdividida em:
• Violeta - 0,380 a 0,455 nm;
• Azul - 0,455 a 0,492 nm;
• Verde - 0,492 a 0,577 nm;
• Amarelo - 0,577 a 0,597 nm;
• Laranja - 0,597 a 0,622 nm; e
• Vermelho - 0,622 a 0,770 nm.

V - 5.10 As cores convencionais na cartografia


Em geral, as representações cartográficas são elaboradas com o uso de cores con-
vencionais, estando associadas a determinados assuntos de forma bem direta. Por exem-
plo:
• azul - representa a hidrografia em geral e as suas tonalidades representam as varia-
ções de profundidades das águas;
• verde - representa com suas tonalidades as variedades das formações vegetais;
• vermelho - é usado para representar cidades e estradas;
• preto - representa ferrovias, limites, pontos, letreiro; e
• sépia ou marrom - muito utilizado para representar as curvas de nível.
As variáveis visuais, como pudemos ver, constituem a essência da linguagem carto-
gráfica. O bom uso que delas for feito levará, certamente, a elaborar uma cartografia temá-
tica que expresse com qualidade os temas necessários à compreensão da realidade socio -
espacial.
BIBLIOGRAFIA
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