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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Gorki Mariano e Paulo Ricardo Riedel


Departamento de Geologia
Programa de Pós-Graduação em Geociências
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

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Gorki Mariano e Paulo Ricardo Riedel – DGEO & PPGEOC - UFPE
Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
PREFÁCIO ........................................................................................................................................................................... 6
1 - NOTAÇÃO EM GEOLOGIA ............................................................................................................................................ 9
1.1 - PLANOS E LINHAS - PLANOS EM GEOLOGIA........................................................................................................ 9
1.1.1 - ESTRUTURAS PLANARES E LINEARES ........................................................................................................... 9
1.2 - NOTAÇÃO EM RUMO ............................................................................................................................................. 12
1.3 - NOTAÇÃO EM AZIMUTE ........................................................................................................................................ 15
2 - MERGULHO VERDADEIRO vs. MERGULHO APARENTE ......................................................................................... 16
2.1 - DEFINIÇÕES ........................................................................................................................................................... 16
2.2 - VARIAÇÃO DO VALOR DO MERGULHO APARENTE ........................................................................................... 17
2.3 - REBATIMENTO DE ÂNGULOS VERTICAIS ........................................................................................................... 18
2.4 - RELAÇÕES ENTRE MERGULHOS VERDADEIROS E APARENTES .................................................................... 19
2.4.1 - PRIMEIRO CASO: ............................................................................................................................................. 19
2.4.2 - SEGUNDO CASO: ............................................................................................................................................. 22
2.5 - LISTA DE EXERCÍCIOS: ......................................................................................................................................... 26
3. O PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS ............................................................................................................................ 26
3.1 - TRAÇADO DE CONTATOS DE CAMADAS PLANAS COM MERGULHO CONSTANTE ........................................ 26
3.1.2 - PRIMEIRO CASO .............................................................................................................................................. 27
3.1.3 - SOLUÇÃO ......................................................................................................................................................... 27
3.1.4 - ESPESSURA VERTICAL, ESPESSURA AFLORANTE E ESPESSURA VERDADEIRA ................................... 32
3.2 - ADICIONANDO CAMADAS ..................................................................................................................................... 33
3.2.1 - MAPA FINAL COM TODAS AS LITOLOGIAS.................................................................................................... 38
3.2.2 - OBTENDO A ATITUDE DO PLANO - DIREÇÃO/INTENSIDADE DE MERGULHO/SENTIDO ........................... 39
3.2.3 - PERFIL TOPOGRÁFICO E GEOLÓGICO ......................................................................................................... 40
3.2.4 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS – PROBLEMA DOS TRES PONTOS PRIMEIRO CASO...................................... 43

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3.2.5 - SEGUNDO CASO: TRÊS PONTOS EM COTAS DISTINTAS............................................................................ 46
3.2.6 - SOLUÇÃO: ........................................................................................................................................................ 46
3.2.7 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS → PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS SEGUNDO CASO .................................... 50
3.2.8 – TERCEIRO CASO: UM PONTO AFLORANTE COM ATITUDE (DIREÇÃO/INTENSIDADE/SENTIDO) ........... 53
3.2.9 - SOLUÇÃO: ........................................................................................................................................................ 54
3.2.10 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS → PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS 1 PONTO AFLORANTE ......................... 58
4 - INTERAÇÃO ENTRE TOPOGRAFIA E GEOLOGIA .................................................................................................... 60
4.1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 60
4.2 - CURVAS DE NÍVEL E TOPOGRAFIA ..................................................................................................................... 62
4.3 - PADRÕES DE AFLORAMENTOS ........................................................................................................................... 64
4.4 - REGRA DOS VS ..................................................................................................................................................... 67
5 – DISCORDÂNCIAS ....................................................................................................................................................... 69
5.1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 69
5.2 – O QUE INTERROMPE UMA SEQUÊNCIA DEPOSICIONAL?................................................................................ 70
5.3 – TIPOS DE DISCORDÂNCIAS................................................................................................................................. 71
5.3.1 – DISCORDÂNCIA LITOLÓGICA ........................................................................................................................ 71
5.3.2 - DISCORDÂNCIA ANGULAR ............................................................................................................................. 72
5.3.3 - DISCORDÂNCIA PARALELA ............................................................................................................................ 73
5.4 – COMO TRABALHAR COM DISCORDÂNCIAS EM MAPAS GEOLÓGICOS SIMPLIFICADOS .............................. 76
6 - DOBRAS ....................................................................................................................................................................... 84
6.1 - DOBRAS EM AFLORAMENTOS ............................................................................................................................. 86
6.2 – TRABALHANDO COM DOBRAS EM MAPAS GEOLÓGICOS ............................................................................... 87
6.3 - DOBRAS EM MAPAS GEOLÓGICOS ..................................................................................................................... 91
6.4 – FRAGMENTOS DE MAPAS GEOLÓGICOS NA ESCALA DE 1:100.000 COM DOBRAS ...................................... 93

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7. FALHAS/ZONAS DE CISALHAMENTO ........................................................................................................................ 95
7.1 – TIPOS DE FALHAS ................................................................................................................................................ 96
7.1.1 – FALHAS NORMAIS........................................................................................................................................... 96
7.1.2 – FALHAS INVERSAS ......................................................................................................................................... 97
7.1.3 – FALHAS TRANSCORRENTES ......................................................................................................................... 97
7.2 FALHAS EM MAPAS GEOLÓGICOS SIMPLIFICADOS ............................................................................................ 98
7.3 – FALHAS EM MAPAS GEOLÓGICOS ................................................................................................................... 106
7.4 - FALHAS E ZONAS DE CISALHAMENTO EM MAPAS GEOLÓGICOS ................................................................. 107
7.5 – CASO DE ESTUDO – REATIVAÇÃO DE ZONAS DE CISALHAMENTO TRANSCORRENTES POR FALHAS
NORMAIS .............................................................................................................................................................................. 110
8 – ROCHAS ÍGNEAS EM MAPAS GEOLÓGICOS ........................................................................................................ 114
8.1 - INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 114
8.2 – ROCHAS ÍGNEAS EM MAPAS GEOLÓGICOS.................................................................................................... 115
9 – NOMENCLATURA DE MAPAS E ESCALAS ............................................................................................................ 121
9.1 - DECLINAÇÃO MAGNÉTICA .................................................................................................................................... 123
9.2 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS .......................................................................................................................... 127
9.2.1 - LONGITUDE E LATITUDE............................................................................................................................... 127
9.2.2 - TRABALHANDO COM LATITUDE E LONGITUDE EM MAPAS NA ESCALA DE 1:100.000 ........................... 127
9.3 - COORDENADAS UTM .......................................................................................................................................... 127
10 - O MAPA GEOLÓGICO ............................................................................................................................................. 130
10.1 – DETALHANDO O MAPA GEOLÓGICO .............................................................................................................. 132
10.1.1 - O LADO ESQUERDO DO MAPA GEOLÓGICO ............................................................................................ 132
10.1.2 - O LADO DIREITO DO MAPA GEOLÓGICO .................................................................................................. 136
10.2 - CONTATOS LITOLÓGICOS ................................................................................................................................ 141
10.3 - O PERFIL OU CORTE GEOLÓGICO .................................................................................................................. 144
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11 - RFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................... 146
ANEXO 1 – PROBLEMAS RESOLVIDOS ....................................................................................................................... 148
MERGULHOS VERDADEIROS VS. MERGULHOS APARENTES ................................................................................ 148

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

PREFÁCIO

O livro Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos, de Gorki Mariano e Paulo Ricardo Riedel, é uma importante
obra que os autores comungam conosco. No transcorrer da leitura, o estudante e o profissional terão a certeza de descortinar a
carreira consolidada de docência, formação de Geólogos e pesquisa científica do primeiro autor, enquanto registrarão a visão
espacial ímpar de um dos excelentes Geólogos formados na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que recentemente
atingiu o grau de doutor. O Professor Gorki Mariano completa agora toda uma carreira de dedicação à academia, denotando
singular conhecimento e vivência geológica, dosados com notória didática, em vastas horas de aulas práticas de laboratório e
de campo. Tudo traduzido em larga experiência na formação de inúmeros Geólogos, mestres e doutores. O Doutor Paulo Ricardo
Riedel, provido de espírito científico, porta, além de um sobrenome inconfundível na Geologia Estrutural, a maestria da
observação espacial, aliada à virtude da transmissão de conteúdo de forma simples ao entendimento.
A obra acadêmica que se segue vem estruturada em dez capítulos, mais um anexo, onde: (1) NOTAÇÃO EM GEOLOGIA,
engloba as Estruturas Planares & Lineares e as notações em rumo e azimute; (2) MERGULHO VERDADEIRO vs. MERGULHO
APARENTE, inclui as relações entre os mesmos, explanadas em exercícios propostos na forma de casos e suas soluções, além
de lista de exercícios; (3) O PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS, contempla o traçado de contatos de camadas, os tipos de
espessuras, obtenção de atitude de planos, perfil topográfico e geológico, além também de exercícios propostos na forma de
casos e suas soluções; (4) INTERAÇÃO ENTRE TOPOGRAFIA E GEOLOGIA, particulariza as curvas de nível e topografia, os
padrões de afloramento e a regra dos Vs; (5) DISCORDÂNCIAS, sob o descortinar cristalino de como se formam, os seus tipos
e como abordá-las em mapas geológicos; (6) DOBRAS, considerando-as desde a abordagem em afloramento, até em mapas
geológicos, exemplificando-as com recentes mapas geológicos; (7) FALHAS/ZONAS DE CISALHAMENTO, explicando os tipos,
a configuração em mapas geológicos, além do trato integrado destas estruturas geológicas, culminando com uma bem elaborada
explanação de caso, há décadas visitado nas aulas de campo em que participaram os autores, sendo exemplo internacional de
reativação daquelas dúcteis, pelas outras rúpteis; (8) ROCHAS ÍGNEAS EM MAPAS GEOLÓGICOS, concede ao leitor a
degustação do que tange o estudo destas rochas, através da configuração em mapas geológicos; (9) NOMENCLATURA DE

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MAPAS E ESCALAS, revela com clareza, desde declinação magnética e coordenadas geográficas, até escalas, incluindo a
amalgamação de todas nos mapas geológicos; (10) O MAPA GEOLÓGICO, esmiúça, de forma clara e concisa, o detalhamento
das etapas de concepção e a composição do mapa geológico, fazendo uso de mapas geológicos produzidos pelo grupo de
trabalho da UFPE, em convênio com o Serviço Geológico do Brasil. A obra finda com os créditos do ANEXO 1, com problemas
resolvidos sobre mergulhos verdadeiros e aparentes, incluindo aplicações práticas na exploração de veio mineralizado e quanto
às medidas de fraturas, em cortes de estradas não ortogonais às mesmas.
É digno de se mencionar que, uma marca indelével da obra são as definições expressas, didaticamente, de forma simples
e clara. As ilustrações são destaques, notoriamente de excelente qualidade, coloridas, de fácil leitura e compreensão. Ao longo
do livro, os autores servem-se de fotografias de rochas em afloramentos pernambucanos, outros do Nordeste do Brasil, e ainda
mundo afora.
Detalhe minucioso da obra é dado pelas ilustrações, em particular, dos casos do Geossítio K-Pg da mina Poty, na zona
costeira de Pernambuco, e da discordância angular de Siccar Point, na Escócia, ponto já eternizado na Geologia do nosso
Planeta. Os autores enfatizam, no caso escocês, a descoberta e o estudo há 235 anos, com a participação daquele que é
considerado o Pai de Nossa Ciência, a Geologia.
A obra é permeada por exercícios contemplando casos práticos e reais, cada um contando com a sua devida solução, além
do bônus das “questões para pensar”, que os leitores recebem.
Os autores utilizam, zelosamente, legendas adequadas para os tipos de rochas e as estruturas geológicas que figuram nos
mapas geológicos estudados. Estes, por sua vez, tornam também a obra ímpar, pois são abundantemente aplicados, todos
estrategicamente selecionados, observando-se o caráter didático. São tanto de alguns clássicos da literatura acadêmica mundial,
como daqueles muito recentes do Nordeste do Brasil. Estes últimos encerram particular ênfase, nas escalas 1:100.000 e
1:250.000, no Estado de Pernambuco. Alguns deles, o próprio Professor Gorki Mariano coordenou e participou ativamente da
concepção. Parte dos mapas geológicos estudados na obra vem de outros estados, irmãos nordestinos.
Aqui, contando com a vênia dos autores, reporto que, ao receber o convite para prefaciar a obra, fui tomado por imensa
honra e regozijo. Tais sentimentos despertaram a pronta aceitação do desafio, somados à percepção da oportunidade de
aprendizagem recebida.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Não há dúvida que esta será uma obra de leitura e uso contínuos, obrigatório para alunos dos Cursos de Geologia, ainda
para aqueles de Pós-Graduação em áreas correlatas, além de que para os Mestres por ofício.

João Adauto de Souza Neto


Currais Novos (RN), 26 de maio de 2023.

Aos estudantes de Desenho Geológico


Que através dos anos
Aprenderam a Geologia em planos
Adquirindo a visão tridimensional
Do ser Geólogo

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1 - NOTAÇÃO EM GEOLOGIA

1.1 - PLANOS E LINHAS - PLANOS EM GEOLOGIA

1.1.1 - ESTRUTURAS PLANARES E LINEARES

Foliação - Estrutura planar caracterizada pela orientação de minerais; comumente encontrada em rochas metamórficas.
Em alguns corpos ígneos é possível a observação de foliação controlada pelo fluxo magmático e até acamamento magmático.
A diferença da foliação de fluxo magmático para a foliação produzida por metamorfismo é que esta é mais proeminente e regular
(Fig. 1.1).

Lineação - Estrutura caracterizada por orientação de minerais ou por estrias em forma de linhas, contidas em planos. As
estrias são comuns em planos de falhas. As lineações devem ser medidas juntamente com o plano que as contém (Fig. 1.2 e
1.3).

Figura 1.1 - Gnaisse bandado, com foliação caracterizada por orientação planar de minerais e bandas composicionais.

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Planos de Fraturas - Estruturas planares desenvolvidas em regimes rúpteis (Fig. 1.2).

Planos de Falha - Estruturas planares caracterizadas por deslocamento entre blocos de rochas.

E
strias

Plano de Falha

Plano de
Fratura

Figura 1.2 - Plano de falha com estrias paralelas ao sentido de mergulho do plano (seta preta). Plano de fratura.
Milonito de álcali-feldspato granito - Zona de cisalhamento Congo-Cruzeiro do Nordeste. BR110, PE.

Plano Axial de Dobras - Estrutura planar que une os pontos de maior inflexão da dobra (zona de charneira) e contém o eixo
da dobra (lineação). Esta estrutura pode ser chamada de superfície axial, quando a dobra não for simétrica e regular; isto é,
quando apresentar ondulações. As dobras são estruturas formadas por deformação dúctil (Fig. 1.3).

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I AL
AX
ANO
PL

CH
DE

ARN
NA
ZO

EI R
A
Figura 1.3 - Antiforme vertical com eixo horizontal. Dobra apertada em ultramilonitos de composição granítica da Serra das
Russas, BR 232, Vitória de Santo Antão - PE. Destaques para o plano axial e zona de charneira.

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1.2 - NOTAÇÃO EM RUMO

Os planos geológicos são compostos de três medidas, que juntas recebem o nome de atitude do plano. São elas: direção,
intensidade de mergulho e sentido de mergulho.
Direção de um plano - Linha horizontal contida no plano (horizontal do plano); linha ao longo da qual todos os pontos
possuem a mesma cota topográfica ou linha de declividade zero grau, contida no plano.
Intensidade de mergulho de um plano - Ângulo vertical obtido ao longo de uma linha perpendicular à direção do plano;
maior ângulo vertical deste plano ou linha de declividade máxima do plano.
Sentido de mergulho de um plano - Sentido medido ao longo da linha de máxima declividade do plano.

A notação em Rumo é tomada do Norte para o Leste e Oeste e do Sul para o Leste e Oeste, respectivamente (Fig. 1.4).

W E

S
Figura 1.4 - Representação de notação geológica em Rumo. A leitura é feita em ângulos horizontais partindo do Norte e
do Sul.

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Exemplo de Notação utilizando Rumo - direção do plano (ex. planos de foliação, fratura, falha), horizontal do plano. A
primeira direção passa pela origem (encontro de N-S e E-W); perpendicular a esta, encontra-se a projeção do mergulho (linha
para S30E), que indica o sentido de mergulho. Há uma profundidade h, qualquer, é traçada outra linha de direção, paralela à que
passa pela origem (Fig. 1.5). No bloco diagrama (Fig. 1.6) fica clara a diferença de cotas topográficas entre a direção que passa
pela origem (cruzamento N-S e E-W) e a direção de profundidade h.

Figura 1.5 - Notação em Rumo. N60E/30º/S30E. Ângulo vertical de mergulho (30º) não é mostrado na figura. Para
representar o ângulo vertical no plano de trabalho é necessário o rebatimento deste (Fig.1.6).

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Figura 1.6 - Bloco diagrama ilustrando Direção de camadas planares; Direção na profundidade h; mergulho verdadeiro;
projeção do mergulho verdadeiro e rebatimento do mergulho verdadeiro. Importante ressaltar que a projeção mantém a
orientação original enquanto o rebatimento muda essa orientação (isto é, o rebatimento pode ser feito para dois sentidos ao
longo da projeção do mergulho). Desta forma, os sentidos de mergulho devem ser sempre medidos nas projeções e nunca nos
rebatimentos.

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1.3 - NOTAÇÃO EM AZIMUTE

A notação de planos geológicos em azimute é feita de forma contínua a partir do Norte, no sentido horário de 0 a 360º.

Figura 1.7 – Notação de planos geológicos em azimute.

Exercício 1 - Transforme as seguintes medidas de foliações de rumo para azimute:

N60E/55/SE; N40E/40/NW; S60E/45/NE; S30W/55/NW e faça plotagem de todas as medidas.

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2 - MERGULHO VERDADEIRO vs. MERGULHO APARENTE

2.1 - DEFINIÇÕES

Mergulho Verdadeiro - Maior ângulo vertical medido em um determinado plano. O mergulho verdadeiro de um plano é obtido
ao longo da linha de declividade máxima do plano, isto é, na linha perpendicular à direção do plano.

Mergulho Aparente - Qualquer ângulo vertical obtido ao longo de uma linha que não seja perpendicular à direção do plano.
Os mergulhos aparentes variam da intensidade do mergulho verdadeiro até 0º em cada setor do plano (Fig. 2.1).

Figura 2.1 - Mergulho verdadeiro e mergulhos aparentes. Todas as linhas plotadas no plano de trabalho são projeções. Os
ângulos verticais dos respectivos mergulhos estão sob estas linhas. Estes ângulos só são representados no plano de trabalho
quando se utiliza a técnica de rebatimento (Fig. 1.6).

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2.2 - VARIAÇÃO DO VALOR DO MERGULHO APARENTE

A intensidade de mergulho aparente varia do valor do mergulho máximo do plano, quando este é medido na perpendicular
à direção do plano (neste caso recebe o nome de mergulho verdadeiro ou declividade máxima do plano), até zero, quando é
medido ao longo (ou paralelamente) da direção do plano (Fig. 2.2).

Figura 2.2 – Variação do valor do mergulho aparente para o plano de foliação 60Az/30º/150Az. A partir da
projeção do mergulho verdadeiro, os triângulos em vermelho e verde mostram as possibilidades de mergulhos
aparentes do plano. Estes mergulhos podem variam de 30º até 0º. Próximos a 30º (maior declividade do plano) quando
medidos ao longo da projeção do mergulho verdadeiro. À medida que se afastam da projeção no sentido da direção
do plano (horizontal do plano) os valores tendem a 0º; atingindo este valor quando paralelos à direção. As áreas em
vermelho e verde possuirão mergulhos aparente iguais em sentidos distintos.

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2.3 - REBATIMENTO DE ÂNGULOS VERTICAIS

A técnica de rebatimento permite a visualização de ângulos verticais nos planos de trabalho. Esta técnica consiste na
rotação ao longo das projeções do mergulho verdadeiro e de mergulhos aparentes de ângulos verticais (Fig. 1.6 e 2.3). O
rebatimento pode ser feito para um lado ou outro da linha da projeção, tanto do mergulho verdadeiro, quanto dos aparentes.

Figura 2.3 - Representação geométrica de um plano de foliação com mergulho verdadeiro (projeção e rebatimento) e dois
mergulhos aparentes com as respectivas projeções e rebatimentos. Na figura, o valor h (1 cm) é referente a profundidade da
segunda projeção da direção (projeção da direção de profundidade h). Este valor é obtido a partir do rebatimento do ângulo

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vertical referente ao mergulho verdadeiro. Com este valor (h = 1cm) a partir do ponto onde a projeção do mergulho aparente
toca a projeção da direção de profundidade h, obtém-se o mergulho aparente, com h perpendicular a esta projeção.
2.4 - RELAÇÕES ENTRE MERGULHOS VERDADEIROS E APARENTES

2.4.1 - PRIMEIRO CASO:

A partir de um determinado mergulho com direção/intensidade/sentido conhecidos, obter o valor de mergulhos aparentes
em determinado sentido.

Problema: Um gnaisse apresenta a seguinte foliação: N45E/40º/SE. Obter mergulhos aparentes para E (leste); S (sul) e
S20W.

Solução:

1- Plotar o plano nas coordenadas (N-S e E-W), direção passando pela origem; plotar a projeção do sentido de mergulho
perpendicular a esta direção.
2 – Traçar uma linha paralela a direção do plano que passa pela origem (encontro entre N-S e E-W) a uma profundidade h
qualquer. Esta linha será a projeção da direção do plano naquela profundidade (horizontal do plano de profundidade h).
3 – Rebater o valor do mergulho verdadeiro (40º) utilizando a projeção do mergulho verdadeiro como base. Imagine o ângulo
vertical de 40º abaixo da linha da projeção do mergulho verdadeiro (formando um triângulo) e que é possível mover este triângulo
para o plano do papel (plano de trabalho). Neste caso este ângulo vertical se transformará em um ângulo horizontal de mesmo
valor (40º). A linha que representa a projeção do mergulho verdadeiro funciona como eixo de rebatimento (Triângulo abc na
Fig.2.4).
4 -Será formado um triângulo reto (Triângulo abc na Fig.2.4), envolvendo os seguintes catetos: projeção do mergulho
verdadeiro (ab, Fig.2.4); rebatimento do mergulho verdadeiro (hipotenusa do triângulo, ac na Fig. 2.4)) e o valor h ao longo da
projeção da direção de profundidade h e perpendicular à projeção do mergulho verdadeiro.
5 – Utiliza-se este valor h (profundidade da segunda direção, obtido após o rebatimento do mergulho verdadeiro) para
determinação dos valores dos mergulhos aparentes solicitados. Quando a linha com sentido E (leste) tocar a projeção da direção
de profundidade h, este ponto estará na profundidade h. A partir deste ponto e perpendicular à linha de sentido E, mede-se o
valor de h, através do qual obteremos o rebatimento do mergulho aparente e o seu valor, medido com um transferidor (ângulo ,

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Fig.2.4). Este procedimento deve ser repetido para todos os sentidos ao longo dos quais são solicitados mergulhos aparentes
(S; e S20W). Veja as figuras 1.12 (bloco diagrama) e 1.13.

Figura 2.4 – Bloco diagrama mostrando camadas planas com mergulho constante. Mostrando o Mergulho verdadeiro (ab),
a projeção deste mergulho no plano de trabalho (ac), mergulhos aparentes m1 e m2 e projeções destes mergulhos no plano de
trabalho; direção do plano na intersecção destes com o plano de trabalho; direção do plano na profundidade h; projeção da
direção do plano da profundidade h.

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Figura 2.5 – Solução gráfica/geométrica do problema proposto: obter mergulhos aparentes a partir de um plano de Foliação
com atitude conhecida (direção/intensidade/sentido). A figura segue os itens 1-5 propostos acima para a solução do problema.

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2.4.2 - SEGUNDO CASO:

A partir de dois mergulhos aparentes contidos em um determinado plano, obter a atitude deste plano
(direção/intensidade/sentido).

Problema: Considerando dois mergulhos aparentes contidos em um determinado plano de foliação, a saber: 40º/N30E (m1)
e 30º/S70E (m2), obter a direção, intensidade e sentido do mergulho verdadeiro. Este caso se aplica em situações, tais como,
uma galeria de mina subterrânea corta as camadas em um ângulo transversal à direção do plano de interesse. Desta forma, só
é possível a obtenção de mergulhos aparentes nas paredes das galerias.

Solução:

1 – Plotar os dois mergulhos aparentes m1 e m2 nas coordenadas (N-S e E-W). Estes mergulhos aparentes são tratados
como linhas. Mergulhos aparentes, na realidade, são linhas contidas em planos.
2 – Rebater os ângulos de mergulho (intensidade de mergulho) de cada mergulho aparente. O eixo de rebatimento é a linha
de projeção destes mergulhos.
3 – Escolher um dos mergulhos aparentes (p. ex m1) e a partir deste obter um ponto com profundidade h qualquer (Fig.2.6).
A obtenção deste ponto deve ser ao longo de um segmento de reta ligado a projeção do mergulho aparente e perpendicular a
este até tocar a linha do rebatimento. Na Figura 2.6 o ângulo 1, representa esse rebatimento. Note que o segmento de valor h
(em vermelho) é perpendicular ao segmento de reta da projeção de m1.
4 – Obter na outra projeção de mergulho (m2) um segmento de reta, perpendicular à projeção e até tocar o rebatimento, de
mesmo tamanho (h). Desta forma, são obtidos dois pontos de mesma profundidade h (isto é, pontos de mesma cota topográfica.
5 – Unindo os dois pontos de mesma cota topográfica (h) é obtida uma direção do plano de interesse de profundidade ou
cota h (Fig. 2.7). Projeção da direção de profundidade h.
6 – Traça-se uma paralela a esta direção de profundidade h, passando pela origem (encontro entre N-S e E-W, Fig. 2.8)
7 – Perpendicular as duas direções, a partir da origem obtêm-se a projeção do sentido de mergulho verdadeiro. A partir
deste estágio da solução já foram obtidos a direção do plano e o sentido de mergulho, faltando para a sua conclusão a intensidade
de mergulho (Fig. 2.8).
8 – Quando a projeção do sentido de mergulho verdadeiro (máxima declividade) toca a direção de profundidade h, obtêm-
se o terceiro ponto de profundidade h. A partir deste, perpendicular a projeção do mergulho verdadeiro, ao longo desta direção,
coloca-se o valor h (em cm), permitindo a obtenção do rebatimento do ângulo de mergulho verdadeiro. Com esta etapa concluída
são obtidos Direção; intensidade e sentido de mergulho desejados. (Fig.2.8, ângulo ).
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Figura 2.6 – Plotagem dos dois sentidos de mergulho aparente, com os respectivos rebatimentos. No mergulho aparente
m1 obter um ponto de profundidade h (1,3 cm).

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Figura 2.7 – Obtenção do segundo ponto de profundidade h (ponto verde) em m2 e traçado da projeção da
direção de profundidade h

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Figura 2.8 – Obtenção da segunda direção passando pela origem; perpendicular a estas a projeção do mergulho verdadeiro
(sentido do mergulho verdadeiro). Quando a projeção de M toca a direção de profundidade h (ponto verde), obtêm-se mais um
ponto de profundidade h. Utilizando-se o valor de h em cm, procede-se ao rebatimento de M (mergulho verdadeiro), dando origem
ao ângulo  (ângulo do mergulho verdadeiro).

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2.5 - LISTA DE EXERCÍCIOS:

1- Determine mergulhos aparentes a partir dos dados abaixo:

A - Foliação: N60E/70/NW determinar mergulhos aparentes para N; S60W; W;


Compare as medidas obtidas – discuta as semelhanças e diferenças.
B - Plano de falha S50E/60/SE determinar mergulhos aparentes para S; W; N70W

2 – Dados dois mergulhos aparentes de um mesmo plano encontre o mergulho verdadeiro.

a- 30/N40E e 20/S50E
b- 10/N25W e 10/S60W
c- 400/S30E e 30/N50E
d- 10/N e 25/E
e- 30/W e 50/S

3 – Um veio mineralizado em Cobre tem a seguinte atitude N55E/50/NW. Qual o sentido que este veio pode ser explorado
ao longo de um plano inclinado com 10 (obs. Duas respostas)? (Dica: utilizar funções trigonométricas)

4 – Um sistema de fraturas tem a seguinte atitude N80W/70/NE. Qual a sentido ao longo da qual uma estrada que corta
este sistema apresente mergulho aparente de 30 (obs. Duas respostas)? (Utilizar funções trigonométricas)

5- Construa um bloco diagrama ilustrando mergulho verdadeiro, mergulhos aparentes, projeções e rebatimentos de planos.

3. O PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS

3.1 - TRAÇADO DE CONTATOS DE CAMADAS PLANAS COM MERGULHO CONSTANTE

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3.1.2 - PRIMEIRO CASO

Este problema tem por objetivo treinar a relação tridimensional entre planos geológicos e a topografia do terreno. Importante
relembrar como são construídas as curvas de nível e como são confeccionados os mapas topográficos. Um geólogo identifica
três pontos aflorantes de um mesmo contato geológico entre duas camadas. Dois destes pontos foram encontrados na mesma
cota topográfica; um terceiro em cota distinta, como mostra o mapa topográfico (pontos x) da Figura 3.1A.

Figura 3.1A - Mapa topográfico com curvas de nível espaçadas de 20 m. Neste mapa os pontos em X representam o
contato entre uma camada de argilito e outra de arenito. Na coluna estratigráfica ainda são mostrados: calcário (sobre o
argilito) e conglomerado (abaixo do arenito). De acordo com a coluna estratigráfica o Calcário é a rocha mais nova e o
conglomerado a mais velha. Observar a indicação do norte (N) e da escala do mapa, indispensáveis na solução do problema.

3.1.3 - SOLUÇÃO

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1- Considerando que há dois pontos do mesmo afloramento (argilito/arenito) na mesma cota topográfica (120 m) é possível
traçar a direção do plano, que representa o contato entre argilito e arenito. Esta direção do plano tem cota topográfica de 120 m.
Todos os pontos ao longo desta direção possuem cota de 120 m.

2- Pelo terceiro ponto do mesmo contato (argilito/arenito) situado na cota de 220 m, paralelo à primeira direção de cota 120
m, pode ser traçada uma direção de cota 220 m. As direções do plano são paralelas.
3- O sentido de mergulho verdadeiro, máxima declividade do plano, é obtido perpendicular às duas direções (na realidade,
à projeção do mergulho verdadeiro). O sentido de mergulho se dá na direção de cota topográfica mais alta para a direção de
cota topográfica mais baixa do plano geológico - contato (esse comportamento independe do relevo da região – não confundir a
topografia com a geologia).
4- Agora tem-se duas direções 220 m e 120 m. Desde que o espaçamento das curvas de nível é de 20 m, ao longo da
perpendicular às duas direções (projeção do mergulho verdadeiro); será possível traçar de forma equidistante as direções de
cotas topográficas 140; 160; 180 e 200. (Fig. 3.1B e 3.1C).

Figura 3.1B - Primeira direção do plano que representa o contato do arenito com argilito D120. Pelo ponto na cota do 220
do mesmo contato traçar D220 paralela à D120. Dividir em partes iguais o segmento ab de forma a obter direções de
140;160;180;200. Segmento ab deve ser dividido em cinco partes iguais.

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5- A divisão do segmento ab em partes iguais permitirá que sejam traçadas as direções de cotas 140;160;180 e 200,
respectivamente. Quando estas direções interceptarem as curvas de nível de mesma cota topográfica serão obtidos novos pontos
de afloramentos do contato entre argilito e arenito. (Fig. 3.1C).

Figura 3.1C – Determinação de pontos aflorantes adicionais a partir da interação entre as direções e curvas de nível de
mesma cota. Unindo-se estes pontos será obtido o traçado do contato do argilito com o arenito.

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Figura 3.1D - Traçado do contato entre arenito e argilito. O traçado do contato deve respeitar as curvas de nível. Na
direção de cota mais alta D220, por fora desta curva, o contato passa entre pontos acima de 220 m.

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6- Uma questão: de que lado do traçado do contato fica o argilito? Norte ou Sul? Lembrar que o plano das camadas
mergulha para Sul. Como solucionar?

Resposta: Escolhe-se uma direção de cota qualquer, ex. D160 e analisa-se a sua relação com a topografia do terreno.
Considere o contato entre argilito e arenito nesta direção (D160). Na porção Oeste (W) do mapa a topografia do terreno é superior
a 160 m, assim, o plano que é o contato do argilito com arenito está abaixo do solo. Desta forma, nesta porção da área aflora a
camada mais nova deste contato, o argilito. Na porção leste, após a curva de nível de 160 m, a topografia do terreno é inferior a
160 m. Sendo assim, o plano que representa o contato do argilito com arenito já foi erodido, aflorando a camada mais antiga
deste contato; o arenito (Fig. 3.1E).

Figura 3.1E - Áreas de afloramento do argilito e do arenito.


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3.1.4 - ESPESSURA VERTICAL, ESPESSURA AFLORANTE E ESPESSURA VERDADEIRA

A espessura vertical (Evt) é medida a partir de um furo de sonda vertical, ligando o topo à base de determinada camada.
Nos mapas geológicos simplificados utilizados aqui, a espessura vertical será utilizada com frequência.
A espessura aflorante (W) é determinada pela área aflorante de determinada camada medindo-se do topo à base desta.
Esta espessura varia de acordo com a declividade do terreno e a intensidade de mergulho da camada.
A espessura verdadeira (Evd) é obtida medindo-se a espessura da camada perpendicular ao topo e à base. Esta medida é
utilizada para informações concernentes a cubagem de recursos minerais. É através dela que o geólogo determina o teor de
determinado bem mineral de interesse econômico em uma camada.

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Figura 3.2 - Relações entre espessuras vertical (Evt), aflorante (W) e verdadeira (Evd).

3.2 - ADICIONANDO CAMADAS

No mapa topográfico abaixo, os pontos X representam o contato entre argilito e arenito. Esta primeira parte do problema já
foi solucionada (Fig. 3.1A-E).
A camada de argilito possui 40 m de espessura vertical e acima da mesma ocorre uma camada de calcário margoso. A
camada de arenito possui 20 m de espessura vertical e abaixo da mesma ocorre um conglomerado oligomítico. Construa o mapa
geológico da área. Escala 1:2000. Determine a espessura verdadeira do argilito, a partir das Fig. 3.1E e 3.3.

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Figura 3.3 – Mapa base, com traçado do contato entre argilito e siltito.

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Figura 3.4 - Traçado do contato do topo do argilito e base do calcário. Considerando a espessura vertical do argilito, todas
as linhas de direção que representavam a base do mesmo, devem ser adicionadas de 40 m. Desta forma, a linha de direção
mais a norte com cota de 220 m para a base do argilito terá, agora, 260 m de cota para o topo do mesmo. Fazer o mesmo para
todas as direções. Com os novos valores (40 m acima) fazer a interação destas direções com a topografia do terreno e marcar
os pontos de afloramento. Em seguida traçar o contato do topo do argilito (linha azul).

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Figura 3.5 - Considerando que acima do argilito só ocorre calcário (a camada mais nova da área), já é possível determinar
a área de afloramento do calcário. Para concluir o mapa, faz-se necessário traçar o contato da base do arenito com o topo do
conglomerado.

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Figura 3.6 - Considerando a espessura vertical do arenito (20 m), todas as direções que representam a base do argilito
(primeiro passo da solução do problema, Fig. 3.3) serão reduzidas de 20 m (em vermelho). Com estes novos valores faz-se a
intersecção da direção com a topografia e, desta forma, é obtido o traçado do contato da base do arenito e do topo do
conglomerado.

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3.2.1 - MAPA FINAL COM TODAS AS LITOLOGIAS

Figura 3.7 - Mapa final com todas as litologias.

Este mapa está concluído? Como obter a Direção/Intensidade/Sentido destes planos?

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3.2.2 - OBTENDO A ATITUDE DO PLANO - DIREÇÃO/INTENSIDADE DE MERGULHO/SENTIDO

1- Escolha qualquer linha de direção de qualquer um dos contatos. Linha de direção de 180 m do contato entre argilito e
arenito (180 em preto, Fig. 3.6). Imediatamente abaixo desta, há a direção de 160 m para o mesmo contato. O plano mergulha
da direção de cota mais elevada (180 m) no sentido da direção de menor cota (160 m).
2- A diferença entre estas duas direções com cotas distintas é de 20 m.
3- A escala do mapa é 1:2000. Esta escala indica que 1 cm no mapa correspondem a 2000 cm na realidade. Para
transformar em metros, cortamos dois zeros (1 m = 100 cm). Desta forma, 1 cm = 20 m. Considerando que a diferença de cota
entre as direções de 180 m e 160 m é de 20 m e sabendo que perpendicular às duas tem-se a projeção do mergulho verdadeiro,
é possível rebater o ângulo vertical para o plano do mapa, com h de 1 cm, obtendo-se o ângulo de Mergulho Verdadeiro que
deve ser medido com transferidor (Fig. 3.8).
4- Utilizando o Norte (N) marcado no mapa como referência de coordenada geográfica, é possível obter
Direção/Intensidade/Sentido.

Figura 3.8 - Recorte do mapa geológico da Fig. 3.6, ilustrando a obtenção de Direção/Intensidade de mergulho/Sentido.

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 Intensidade de mergulho (45º). Para fazer o rebatimento do mergulho foram utilizadas as direções de 180 m e 160 m
(direções consecutivas); colocando na direção de menor cota, ao longo desta direção, a partir da projeção do mergulho (ab),
esta diferença na escala do mapa (cd em vermelho= 1cm)

 Relação entre a direção e o Norte do mapa (88º). Direção N88W/45º/S2W

3.2.3 - PERFIL TOPOGRÁFICO E GEOLÓGICO

1 - Para realizar o perfil escolhe-se inicialmente um corte (A-B) que, preferencialmente, passe por todas as camadas
mapeadas. O corte ideal deve ser perpendicular às direções das camadas. Neste caso, utiliza-se ao longo do corte o mergulho
verdadeiro. Quando o corte não for perpendicular à direção se faz necessário o cálculo do mergulho aparente ao longo do corte.

2 - Ao longo desta linha utiliza-se um papel milimetrado graduado de acordo com escala (isto é, escala do corte ou escala
vertical = escala horizontal ou escala do mapa).

3 - Confecção do perfil topográfico. Ao longo de A-B: pontos da topografia do terreno (curvas de nível) interceptadas por A-
B. Todos os pontos devem ser marcados. Em sequência ligar os pontos, a mão livre, e obter o corte topográfico ao longo de A-
B (Fig. 3.9).

4 - Após a confecção do perfil topográfico, verifica-se a intersecção da linha A-B com os contatos geológicos. Esses contatos
devem ser marcados ao longo do perfil topográfico. Como o plano em questão mergulha para SW, a sua intensidade de mergulho
deverá ser representada no corte no sentido de A, com um ângulo de 11º em relação à horizontal (Fig. 3.10). Este valor de
mergulho aparente se deve ao fato do corte A-B ser próximo da direção do plano, como mostra a figura 3.9.

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Figura 3.9 – Corte/perfil topográfico ao longo de A-B.

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Figura 3.10 - Obtenção do mergulho aparente das camadas ao longo do corte A-B. aR = rebatimento do M (mergulho
verdadeiro); aM = Projeção do mergulho verdadeiro. aRm = rebatimento do mergulho aparente ao longo do corte A-B.

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3.2.4 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS – PROBLEMA DOS TRES PONTOS PRIMEIRO CASO

Problema 1 - No mapa topográfico abaixo, os pontos X representam o contato entre uma camada de Argilito e Arenito. A
camada de argilito possui 40 m de espessura vertical. Acima da mesma, ocorre uma camada de calcário margoso. A camada de
arenito possui 20 metros de espessura vertical e abaixo da mesma ocorre um conglomerado oligomítico. Construa o mapa
geológico da área. Escala 1:2000. Dê os cortes marcados.

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Problema 2 - Os pontos X representam o contato entre duas camadas planas, paralelas e com mergulho constante. A
camada superior é um siltito ferruginoso e a inferior um argilito. A camada de argilito possui 200m de espessura vertical e
abaixo da mesma ocorre uma camada de calcário fossilífero. A camada de siltito tem espessura vertical de 200m e acima da
mesma ocorre uma camada de arenito fino. Construa a coluna estratigráfica e o mapa geológico da área e calcule as
espessuras verdadeiras das camadas de siltito e argilito. Determine a profundidade na qual um furo de sonda vertical,
localizado no ponto P (100) encontrará o topo do calcário fossilífero. Dê os cortes marcados (A-B e E-F). Escala 1:10.000.

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Problema 3 - O topo de uma camada de arenito aflora nos pontos X, Y e Z. Determine o padrão de afloramento, traçando
o contorno da mesma, e a atitude da camada (direção/intensidade de mergulho/sentido de mergulho). Acima da camada de
arenito ocorre uma camada de argilito. Abaixo da camada de arenito (espessura vertical de100m) ocorre uma camada de
conglomerado. Elabore a coluna estratigráfica e construa o mapa geológico da área. Dê os cortes A-B e C-D. Escala 1:10.000.
Determine a espessura verdadeira do arenito.

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3.2.5 - SEGUNDO CASO: TRÊS PONTOS EM COTAS DISTINTAS

O Geólogo mapeando determinada região encontra três pontos aflorantes do mesmo contato litológico em cotas
topográficas distintas.

3.2.6 - SOLUÇÃO:

1 - Considerando que os três pontos estão localizados em cotas topográficas distintas, não é possível, de imediato, traçar uma
das direções do plano. Para que isso ocorra é necessário a obtenção de um ponto adicional (quarto ponto) em uma das cotas
conhecidas. IMPORTANTE: Os planos geológicos envolvidos nestes problemas possuem mergulho constante.
2 – Os três pontos em cotas topográficas distintas necessariamente terão o seguinte comportamento: (a) um ponto na cota mais
alta; (b) um ponto em cota intermediária e (c) e um ponto na cota mais baixa.
3 – Considerando esses pontos contidos em um plano com mergulho constante, será possível ligar o ponto de cota mais elevada
ao de cota mais baixa e ao longo deste segmento de reta obter um ponto com cota igual àquele de cota intermediária (Fig.3.11).

Figura 3.11 - Os pontos X representam o contato entre uma camada de Argilito e outra de Calcário. Os pontos aflorantes
estão em três cotas distintas. Solução: Ligar o ponto de maior cota (400) com o ponto de menor cota (100); dividir este segmento
de reta em partes iguais para obter cotas intermediárias. Desta forma se obtém ao longo desta linha um ponto de cota 300 (igual
àquele de cota intermediária, já conhecido).
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4 - Conforme a Fig. 3.11, ao longo do segmento de reta que liga o ponto de cota 100 m com o de cota 400 m, após sua
divisão em partes iguais, é obtido o ponto de cota 300 m. Desta forma, obtém-se dois pontos na cota de 300 m. Ligando esses
dois pontos será obtida a primeira direção (D300 Fig. 3.11A). A partir desta primeira direção é possível traçar, através de retas
paralelas a esta, as direções de 400, 200 e 100 metros (D400; D200 e D100).

Figura 3.11A - A primeira direção do plano é traçada, ligando o ponto de cota 300 m obtido ao longo do segmento de reta
que liga 400 a 100 (D300).

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5 - Em sequência ao traçado das direções, a interação destas com a topografia do terreno (direção do plano intercepta a
cota topográfica do terreno de igual valor → ponto aflorante), permite a obtenção de pontos de afloramento e traçado do contato
(Fig. 3.11B).

Figura 3.11B - A partir desta primeira direção é possível traçar as outras direções, paralelas a esta (D400, D300, D200,
D100). Quando D400 intercepta a curva de nível de 400 m = ponto aflorante.

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6. Obtenção do traçado do contato e da atitude do plano (Fig. 3.12).

Figura 3.12 - Traçado do contato com obtenção da direção/intensidade/sentido (N61W/28º/N29E ou 299Az/28º/29Az) do


plano e distribuição das litologias, no mapa.

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3.2.7 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS → PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS SEGUNDO CASO

Problema 1 - Dois poços verticais perfurados em B (800 m) e C (700 m) encontraram o topo de uma camada de arenito
fino, a 200 e 300 m de profundidade, respectivamente. O topo da mesma camada aflora em A (500 m), em contato com uma
camada de siltito, sobreposto. A camada de siltito tem espessura vertical de 100 m e acima da mesma ocorre uma camada de
calcário fossilífero. Abaixo do arenito, que possui espessura vertical de 100 m, ocorre um conglomerado oligomítico. Construa o
mapa geológico da área e dê os cortes marcados. Escala 1:10.000.

Conglomerado

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Problema 2 - No mapa topográfico abaixo, os pontos X representam o contato entre calcário laminado e folhelho
betuminoso. O calcário tem espessura vertical de 100 m acima dele ocorre uma camada de argilito. O folhelho betuminoso
tem espessura vertical de 100 m e abaixo dele ocorre uma camada siltito com 200 m de espessura vertical. Abaixo do siltito
ocorre uma camada de arenito fino. Construa o mapa geológico da área, determine a atitude das camadas. Dê os cortes
marcados. Determine a espessura verdadeira do siltito e do folhelho e a profundidade na qual um furo vertical em D
encontrará o topo do arenito fino. Escala 1:10.000.

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Problema 3 - Os pontos X representam o topo de uma camada de arenito fino com 200 m de espessura vertical, abaixo
da qual ocorre uma camada de arenito grosso. Sabendo que acima do arenito fino há uma camada de siltito e que abaixo do
arenito grosso (200 m Evt) ocorre um conglomerado, construa o mapa geológico da área, dê os cortes marcados e determine
as espessuras verdadeiras dos arenitos fino e grosso. Determine a profundidade na qual um furo vertical em E encontrará o
topo do arenito grosso. Escala 1:10.000.

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3.2.8 – TERCEIRO CASO: UM PONTO AFLORANTE COM ATITUDE (DIREÇÃO/INTENSIDADE/SENTIDO)

Um geólogo mapeando uma determinada área encontra um ponto aflorante de um contato litológico entre duas
camadas que permite que o mesmo, com sua bússola, obtenha as medidas deste plano: direção/intensidade/sentido. O
geólogo teve o cuidado de obter as coordenadas UTM do ponto e, também, a sua cota topográfica.

Em legendas de mapas geológicos a atitude (direção/intensidade/sentido) de um determinado plano pode ser


representado da forma ilustrada abaixo. A direção é orientada em relação ao norte do mapa; perpendicular a esta o sentido
de mergulho e ao lado a intensidade.
Dica Importante: Faça o download de mapas geológicos do
serviço geológico do Brasil e estude as simbologias das legendas.
30 https://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/doc/18474?show=full.
Link para o PDF do mapa Geológico da Folha Itaporanga

Figura 3.13 – Mapa topográfico de um morro, com um ponto aflorante de um contato entre duas camadas, com a atitude
informada. COMO RESOLVER???
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3.2.9 - SOLUÇÃO:

1- O ponto aflorante possui direção e está sobre uma cota topográfica conhecida (200 m). Desta forma, já é possível traçar
a primeira direção. Como o relevo é um morro, obtém-se mais um ponto aflorante, quando esta direção de cota 300 (D300) cortar
novamente a curva de nível de 300 m. Dois pontos: muito bem! Como obter o restante para ter condições de traçar o contato
entre estas camadas?
2- Uma informação importante: estamos trabalhando com planos com mergulhos constantes. Desta forma, como dispomos
do sentido de mergulho e da sua intensidade, será possível solucionar o problema.
3 - Prolonga-se a projeção do mergulho verdadeiro (ab) e efetua-se o seu rebatimento (ar), como mostrado na figura 3.14.
A linha h (em vermelho) tem 1 cm de comprimento, perpendicular a projeção do mergulho e, consequentemente, paralela à
direção, toca a linha ar (rebatimento do mergulho verdadeiro). Sabe-se que 1 cm, na escala do mapa, corresponde a 100 m.
Logo, é possível traçar por h uma nova direção 100 m abaixo da primeira (D200) (Fig.3.14).

Figura 3.14 – Mapa topográfico com um ponto aflorante com atitude (direção/intensidade/sentido). Projeção do sentido de
mergulho = ab; rebatimento do ângulo de mergulho= ar; h (em vermelho) 1 cm, perpendicular a ab e tocando ar. Na escala do
mapa h=100m. OBS. Em caso de dúvida volte à Fig. 1.6. Bloco diagrama, que ilustra rebatimento.

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4 – O Passo 3 permite a obtenção do espaçamento (E = ac na Fig. 3.15) entre as direções consecutivas. Desta forma é
possível traçar todas as direções necessárias. Em sequência, a partir da interação entre as direções e as cotas topográficas,
respectivas, são obtidos pontos de afloramento do contato, representado pelo plano medido pelo Geólogo. Desta forma, quando
a direção D200 intercepta a cota topográfica de 200 m esse contato geológico aflora (X).

Figura 3.15 – Traçado do contado geológico a partir do ponto com informação de Direção/Intensidade/Sentido.

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5 – Para resolver a questão da página anterior considere que o contato entre o argilito e o calcário fossilífero fique
estabelecido com o valor de qualquer direção já traçada. Desta forma, considerando a direção escolhida a D300. Faz-se a
análise da relação desta direção com a topografia do terreno. No círculo em azul na Fig. 3.16 o plano do contato está a 300
m de altitude (cota) e a topografia do terreno em 200 m. Logo, o contato já foi erodido e a camada que aflora é inferior, isto
é, o calcário fossilífero. Analisando o círculo em vermelho, o plano que representa o contato está a 300 m e a topografia do
terreno a 400 m; portanto aqui o contato está abaixo do solo, aflorando o argilito.

Figura 3.16 Análise da relação entre a direção de determinada cota (D300) e a topografia do terreno, visando
determinar as áreas de afloramento das litologias mapeadas. Círculo em azul está na cota topográfica de 200 m; sobre a
direção do plano de contato geológico na cota de 300 m (D300); logo o terreno está abaixo do contato. Desta forma. aflora
o calcário fossilífero. No círculo em vermelho, a topografia é 400 m e o plano geológico 300 (D300), logo o nível do terreno
está acima do contato, aflorando o argilito.

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Figura 3.17 – Mapa geológico final da área.

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3.2.10 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS → PROBLEMA DOS TRÊS PONTOS 1 PONTO AFLORANTE

Problema 1 - No mapa topográfico abaixo aflora no ponto A o contato entre uma camada de arenito grosso e outra de
arenito fino. O plano deste contato tem a seguinte atitude: N58E/45º/NW. Construa o mapa geológico da área sabendo que
abaixo do arenito fino que tem espessura vertical de 20 m, ocorre uma camada de calcário fossilífero e que acima do arenito
grosso (espessura vertical 20 m) ocorre um conglomerado aurífero. Dê os cortes marcados. Elabore a coluna estratigráfica de
um furo vertical em H até a profundidade de 100 m. Determine as espessuras verdadeiras do arenito fino e do grosso. Escala
1:1000.

CONGLOMERADO
AURÍFERO

CALCÁRIO
FOSSILÍFERO

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Problema 2 - No mapa topográfico abaixo, o ponto com atitude (direção/intensidade/sentido) representa o afloramento do
topo de uma camada de dolomito com espessura vertical de 100m, acima da qual ocorre uma camada de marga, com espessura
vertical de 150m. Construa o mapa geológico da área sabendo que abaixo do dolomito ocorre uma camada de folhelho e acima
da marga ocorre uma camada de calcário fossilífero. Dê os cortes marcados (A-B e C-D). Determine a espessura verdadeira do
dolomito e da marga. Determine a profundidade na qual um furo vertical em H encontrará o topo do folhelho. Escala 1:10.000.

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4 - INTERAÇÃO ENTRE TOPOGRAFIA E GEOLOGIA

4.1 - INTRODUÇÃO

A compreensão da ordem e dinâmica dos processos geológicos envolvidos em uma determinada área é fundamental tanto
para a confecção quanto para a interpretação de um mapa geológico. A ordenação dos sucessivos eventos geológicos que
atuaram para moldar esta região, ou seja, a cronologia relativa dos eventos, é um dos principais objetivos da cartografia
geológica. Um geólogo experiente é capaz de visualizar tridimensionalmente o que é apresentado em um mapa geológico de
forma rápida e precisa e, com isso, ordenar os eventos da evolução geológica para poder extrair informações de interesse
daquela área. Contudo, para uma pessoa inexperiente, esta tarefa pode parecer extremamente difícil ou até mesmo impossível
de ser alcançada.

Na realidade, esta aptidão apresentada pelo geólogo experiente não é algo inato ou que surgiu espontaneamente, mas sim
o resultado do desenvolvimento da habilidade de ler e interpretar os mapas geológicos ao longo da sua carreira profissional.
Através de exercícios de mapeamento, exposição aos diferentes tipos de mapas e notações geológicas e uma base sólida sobre
os conceitos fundamentais da geologia, é possível desenvolver e aprimorar esta habilidade. A visualização tridimensional mental
e a percepção da interação entre os corpos geológicos com a topografia são as aptidões mais beneficiadas com estes exercícios.
Neste capítulo, será apresentado como os padrões de afloramento dos corpos geológicos são influenciados pela topografia.

Para fins didáticos, uma unidade geológica será considerada um corpo tabular perfeito, com atitude, espessura e
composição uniformes em toda sua extensão. É importante frisar que corpos macroscópicos com geometrias rigorosamente
perfeitas como estas são raros na natureza. As litologias que melhor se aproximam destas características ideais são as rochas
sedimentares que serão, portanto, utilizadas como exemplos. Corpos magmáticos intrusivos como diques e sills também
possuem morfologia tabular, mas ocorrem em áreas restritas e são limitados a eventos magmáticos espaçados no tempo
geológico. Derrames basálticos originados em grandes províncias ígneas comumente apresentam geometria tabular e recobrem
áreas bastante amplas, mas assim como os corpos magmáticos intrusivos, ocorrem de forma pontual no tempo.

As rochas sedimentares, por outro lado, são caracteristicamente estratiformes e ocorrem de forma aproximadamente
contínua no tempo geológico recobrindo áreas mais amplas. Além disso, os processos que dão origem às rochas sedimentares
obedecem aos princípios da superposição, da horizontalidade original e da continuidade lateral. Estes princípios, coletivamente
chamados de Princípios de Steno, são fundamentais para a aplicação das técnicas de mapeamento geológico abordadas neste
livro.

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Os Princípios de Steno foram propostos pelo médico anatomista Nicolau Steno ainda no século XVII e são as bases de
alguns conceitos fundamentais da geologia até hoje. A figura 4.1 apresenta um diagrama esquemático ilustrando os princípios
de Steno como forma de homenagem do Google ao 374° aniversário de Nicolau Steno, considerado o pai da estratigrafia.

Figura 4.1 - Doodle do google do dia 11 de janeiro de 2012 em homenagem ao 374° aniversário de Nicolau Steno mostrando de
forma esquemática os princípios da superposição, da horizontalidade original e da continuidade lateral. Disponível em:
https://www.google.com/doodles/nicolas-stenos-374th-birthday

Em sua obra “Pródromo de uma dissertação sobre o sólido naturalmente contido no sólido”, publicada em 1669, Steno
discute, entre outras coisas, a ocorrência e distribuição dos fósseis nas rochas sedimentares (sólido naturalmente contido no
sólido). Ele observou que a formação e empilhamento das rochas sedimentares são regidos por três princípios fundamentais:

I-Princípio da Superposição – Depósitos sedimentares ocorrem em camadas superpostas, sendo as mais velhas na base
e as mais novas no topo. Com esta observação é possível inferir a ordem de formação de uma sequência sedimentar.

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II-Princípio da Horizontalidade Original – Os sedimentos são originalmente depositados em camadas aproximadamente


horizontais. Possíveis deformações como dobras e falhas observadas nas rochas sedimentares atualmente são resultados de
eventos posteriores à formação.

III-Princípio da Continuidade Lateral – Depósitos sedimentares são lateralmente contínuos e recobrem praticamente toda
a extensão de uma bacia sedimentar. Com base neste princípio, é possível correlacionar rochas sedimentares com
características litológicas e fossilíferas similares separadas por longas distâncias, seja por eventos tectônicos ou erosivos

4.2 - CURVAS DE NÍVEL E TOPOGRAFIA

Os aspectos fisiográficos de uma região, tais como vales, morros, montanhas, planícies etc. podem ser cartografados
através da utilização de várias técnicas distintas em um mapa topográfico. Um dos métodos mais utilizados, no entanto, é a
técnica das curvas de nível. Também chamadas de isoípsas (em referência à hipsometria, ou seja, a medição da elevação da
superfície terrestre em relação ao nível do mar), as curvas de nível são isolinhas que unem pontos de mesma cota topográfica
(mesma altitude).

A cada curva de nível é atribuído um valor de cota, indicando a distância vertical a um plano horizontal de nível zero ou de
referência. Na grande maioria dos mapas, este nível de referência é o nível do mar, mas em alguns casos específicos outros
níveis de referência podem ser usados. Curvas de nível verticalmente acima ou abaixo deste plano de referência recebem valores
positivos ou negativos, respectivamente. Em geral, as curvas de nível realizadas em áreas acima do nível do mar, sobretudo em
ambientes continentais, recebem o nome de curvas de nível topográficas, enquanto as curvas de nível obtidas no assoalho
marinho são chamadas de batimétricas. Mapas de elevação em regiões de transição continental-marinha como as áreas
costeiras são denominados mapas topobatimétricos.

A figura 4.2 apresenta um diagrama esquemático de uma área com duas feições geomorfológicas principais: uma região
de relevo sobressalente (promontório) na parte oeste e uma região de relevo rebaixado (vale) na parte leste. Embora sejam
formas geomorfológicas completamente distintas, ambas são representadas por um padrão de curvas de nível similar em “V”.
Imaginando-se os “vértices dos Vs” como sendo setas, observa-se que na região do promontório as setas apontariam para cotas
sucessivamente menores, ao passo que na região do vale as setas apontariam para cotas mais elevadas. Este padrão em V
apresentado pelas curvas de nível é chamado de regra dos Vs topográficos.

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A identificação dos vales de uma região é bastante útil durante o mapeamento geológico, pois, por se tratar de uma feição
erosiva, estas áreas apresentam maior potencial de afloramento do empilhamento das unidades geológicas.

Figura 4.2 - Diagrama esquemático hipotético do terreno junto ao respectivo mapa topográfico. É importante notar que o
esquema de cores é em referência aos mapas hipsométricos com os intervalos de elevação do terreno e não camadas litológicas.
A equidistância das curvas de nível é de 50 metros.

Uma pergunta ao leitor para desenvolver o raciocínio sobre o mapa topográfico da figura 4.2: se fosse pedido para que você
indicasse por onde passaria um possível curso d’água desta região, onde você traçaria esta drenagem? É possível indicar o
sentido do fluxo? A resposta é que a drenagem desta região deve percorrer um trajeto linear passando pelos “vértices dos Vs”
ao longo do vale, sendo o sentido do fluxo d’água de montante, ao norte, para jusante, ao sul. A regra dos Vs topográficos indica
a direção à montante do curso d’água, ou seja, a nascente.

A resolução ou detalhamento de um mapa topográfico (o mesmo se aplica aos mapas topobatimétricos e batimétricos) é
dada pelo intervalo vertical entre as curvas de nível. Estes intervalos precisam ser regularmente espaçados e recebem o nome
de equidistâncias. Quanto menor a equidistância das curvas de nível, maior a resolução do mapa topográfico. Um mapa
topográfico é uma representação bidimensional construída através da projeção das curvas de nível do relevo (tridimensional) de
uma determinada região em um plano horizontal (plano de trabalho).
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Destes fatos decorrem algumas regras que as curvas de nível precisam seguir:
1) Curvas de nível nunca se cruzam - como as curvas de nível são projeções de linhas de mesma cota no
terreno, é impossível que elas se cruzem. Podem se tocar ou até se sobrepor em áreas de despenhadeiros
2) Curvas de nível são sempre verticalmente equidistantes - o valor desta equidistância define a resolução
de um mapa topográfico
3) Curvas de nível muito próximas horizontalmente umas das outras representam relevos muito íngremes - o
ganho de elevação é alto ao percorrer distâncias horizontais curtas
4) Curvas de nível muito distantes horizontalmente umas das outras representam relevos suaves - baixo
ganho de elevação ao percorrer grandes distâncias horizontais
5) Curvas de nível cruzam cursos d’água em um padrão em “V” com os vértices apontando para montante
(nascente)

4.3 - PADRÕES DE AFLORAMENTOS

O termo padrão de afloramento se refere à forma que um contato geológico é mapeado, ou seja, à vista em planta das
unidades geológicas. Em geologia, um contato é o limite que separa duas unidades geológicas e eles podem ser agrupados em
três grandes categorias: contato estratigráfico ou deposicional, contato por falhas e contato intrusivo. Os contatos
estratigráficos são, em geral, estruturas planares e se subdividem em contatos concordantes, quando não há um intervalo de
tempo geológico entre as unidades, e discordantes, quando há um lapso temporal significativo separando as unidades. Sempre
que um plano de contato aflora é formada uma linha cuja sinuosidade depende diretamente da interação entre a atitude das
camadas depositadas e a topografia.

Observando-se um mapa geológico, existem várias linhas que limitam as unidades geológicas. Cada uma destas linhas é
um contato geológico e elas seguem alguns padrões determinados. Algumas destas linhas serão mais retilíneas, outras
apresentarão curvas mais abertas ou fechadas e assim por diante. Estes padrões são o resultado da orientação dos contatos
geológicos, isto é, direção, sentido e intensidade de mergulho das camadas, e da topografia que eles interceptam. Por exemplo,
quando as camadas são horizontais ou mergulham com baixa intensidade, os contatos geológicos terão um traçado
essencialmente paralelo às curvas de nível. Se o terreno for muito íngreme, como em uma escarpa, por exemplo, os contatos
serão intensamente curvos e as unidades geológicas apresentar-se-ão como uma série de faixas estreitas. Por outro lado, se o
terreno for completamento plano, apenas uma unidade dominará a área mapeada.

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Os mapas geológicos da Bacia do Araripe ilustram bem estas situações (Fig. 4.3). A sequência pós-rifte (não deformada
tectonicamente durante a fase tafrogênica) desta bacia é composta pelas formações Barbalha e Santana, com simbologia azul
claro e escuro, respectivamente, e formações Araripina e Exu, ambas em amarelo (Fig. 4.3a). Estas formações são praticamente
horizontais, mergulhando suavemente para W/SW. Note como na área das escarpas da Chapada do Araripe, sobretudo na
porção leste, a formação Santana é representada como uma faixa delgada com os contatos do topo e da base paralelos à
escarpa da chapada, indicando serem paralelos também às curvas de nível. Este mesmo padrão de afloramento se repete na
área da Serra da Mãozinha. Na região do topo da chapada, onde a topografia é plana, apenas a formação Exu é cartografada.
A formação Araripina foi cartografada junto à formação Exu, pois, nesta escala, ocuparia uma faixa tão estreita na borda da
escarpa da chapada que não seria uma unidade mapeável. Em uma escala de maior detalhe, observamos que os contatos da
formação Araripina também apresentam o mesmo padrão paralelo às curvas de nível (Fig. 4.3b).

Figura 4.3 – (a) Mapa geológico da Bacia do Araripe (Assine, 1990) com camadas essencialmente horizontais mostrando
diferentes padrões de afloramentos. Fonte: Boletim de Geociências de Petrobras, v. 15, n. 2, (2007). (b) Recorte do mapa
geológico da Folha Araripina (SB.24-Y-C-VI-2) em escala 1:50.000. Fonte: https://geosgb.cprm.gov.br/. Mais detalhes no texto.
Quando as camadas mergulham com intensidades significativas, outros padrões de afloramento surgem da interação com
a topografia e podemos obter informações importantes sobre o comportamento geológico da região. Se o relevo for aplainado,
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uma sequência de camadas inclinadas se apresentará como uma série faixas alongadas com contatos retilíneos paralelos. É
possível inferir de imediato a direção destas camadas, que neste caso será a mesma dos contatos. Conhecendo-se a ordem
estratigráfica, pode-se inferir também o sentido de mergulho destas camadas. A figura 4.4 apresenta um recorte do mapa
geológico da Folha Poço da Cruz, na porção sul da Bacia do Jatobá, que exemplifica este caso. As formações Inajá, Aliança e
Candeias apresentam os contatos do topo e da base essencialmente retilíneos e paralelos, uma situação típica de padrão de
afloramento resultante da interação entre relevo pouco acidentado e camadas inclinadas.

Figura 4.4 - Recorte do mapa geológico da Folha Poço da Cruz SC.24-X-A-VI (Neumann e Miranda, 2017), mostrando a
geologia da porção sul da Bacia do Jatobá. Os contatos das formações Inajá, Aliança e Candeias e a base do Grupo Ilhas
apresentam padrão retilíneo paralelo, típico de interação entre topografia plana e camadas inclinadas. Note que estas unidades
apresentam uma direção NE-SW paralela aos contatos e observando a estratigrafia podemos inferir o mergulho para NW. A
repetição das formações Inajá e Aliança ocorre devido a falhas (ver perfil geológico). Fonte: https://geosgb.cprm.gov.br/

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Nota-se que o contato entre a formação Candeias e o Grupo Ilhas é aproximadamente retilíneo, mas os contatos entre o
Grupo Ilhas e a Formação São Sebastião e o desta com a formação Marizal não são. O padrão de afloramento nesta área é
bastante distinto do observado anteriormente. Examinando-se o perfil geológico da figura 4.4, observa-se que as camadas
permanecem inclinadas, mas agora o relevo é mais acidentado. Nota-se em detalhe estas interações entre relevo acidentado e
as diferentes possibilidades de mergulho das camadas e os padrões de afloramentos resultantes na seção 4.4.

4.4 - REGRA DOS VS

Quando contatos geológicos interceptam relevos acidentados com vales e morros, um tipo especial de padrão de
afloramento resulta desta interação. Nestes casos, os contatos apresentam um padrão em V. Assim como foi visto na seção 1.2
que o padrão em V apresentado pelas curvas de nível indica o sentido do fluxo da drenagem, pode-se obter informações sobre
a atitude das camadas de forma análoga. A “seta” formada pelo “vértice do V” depende da relação entre o sentido de mergulho
das camadas e o declive topográfico. No caso dos vales, esta relação é chamada na geologia de regra dos Vs e mostra que as
setas formadas por estes Vs apontam para o sentido de mergulho da camada.

A figura 4.5 mostra o mesmo diagrama esquemático da figura 4.2 e seus respectivos mapas topográficos em quatro
situações distintas dependendo da orientação da camada. Nota-se que em todas as situações mostradas na figura 4.5 a camada
possui a mesma direção (E-W) e a mesma espessura (50 m), mas variando-se o sentido de mergulho, as mudanças no padrão
de afloramento são dramaticamente alteradas.

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Figura 4.5 - Diagramas esquemáticos mostrando diferentes possibilidades das interações entre uma camada geológica e a
topografia e os padrões de afloramento que surgem desta interação. (a) camada com sentido de mergulho para norte. (b) camada
horizontal. (c) camada com sentido de mergulho para sul. (d) camada vertical. Mais detalhes no texto.

Quando uma camada mergulha no sentido à montante do vale (no sentido da nascente da drenagem), o V formado pelos
contatos aponta na mesma direção que os Vs das curvas de nível (Figura 4.5a). Diminuindo-se a inclinação desta camada até
atingir a horizontalidade, observa-se que o padrão em V persiste (Figura 4.5b). Entretanto, não se pode interpretá-lo como sendo
uma indicação do sentido de mergulho, uma vez que a camada agora é horizontal. Neste caso, o padrão em V resulta apenas
do paralelismo entre os contatos e as curvas de nível como visto anteriormente, no exemplo da Bacia do Araripe. Prosseguindo
a rotação da camada de forma que ela agora mergulhe no sentido à jusante do vale (mesmo sentido do fluxo da drenagem), vê-
se que o V formado pelos contatos aponta para o sentido oposto aos Vs das curvas de nível (Figura 4.5c). Rotacionando ainda
mais a camada, até atingir a vertical, observa-se que os contatos apresentam um padrão completamente retilíneo (Figura 4.5d).
Camadas verticais apresentarão contatos retos independentes da topografia.

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Em suma, os padrões de afloramento apresentam as seguintes características:

1) Os contatos de camadas horizontais são sempre paralelos às curvas de nível.


2) Os contatos de camadas verticais são sempre retilíneos, independente da topografia.
3) Camadas inclinadas apresentam contatos retilíneos paralelos apenas quando a topografia for plana.
4) Em áreas de vales, os contatos de camadas inclinadas apresentam padrão em V (regra dos Vs) que nos fornecem
informações sobre o sentido de mergulho da camada.

QUESTÕES PARA PENSAR:

1. É possível identificar o sentido de mergulho aplicando a regra dos Vs nos padrões de afloramento apresentados
pelos contatos entre o Grupo Ilha e as formações São Sebastião e Marizal na Figura 4.4?
2. Qual o comportamento da drenagem naquela área?
3. Qual o sentido de fluxo e como essas informações interagem com o padrão de afloramento?

5 – DISCORDÂNCIAS

5.1 – INTRODUÇÃO

Em bacias sedimentares, uma sequência deposicional é caracterizada por unidades em sucessão estratigráfica e temporal.
Há uma continuidade no tempo Geológico, para uma determinada sequência litológica que poderá ser denominada de Formação
ou Grupo, em função da sua extensão temporal, geográfica, espessura, variações litológicas e outras características geológicas.
Todavia, quando uma sequência deposicional é interrompida por um período mais ou menos longo, há a atuação de processos
erosivos. Com o passar do tempo geológico pode ocorrer a deposição de uma nova sequência de camadas, com características
litológicas que podem ser distintas ou semelhantes. Esta nova sequência apresentará diferença fundamental em termos de tempo
geológico, que pode ser registrado, pelo conteúdo fossilífero e/ou atitude distintos, entre as duas camadas em contato.

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5.2 – O QUE INTERROMPE UMA SEQUÊNCIA DEPOSICIONAL?

A Terra é dinâmica. Placas tectônicas se movem e interagem criando ambientes distintos. As rochas sedimentares são
depositadas horizontalmente (horizontalidade original) e podem apresentar continuidade lateral. Essa continuidade lateral tem
limites. Algumas camadas terminam em forma de cunha e podem, também, apresentar interdigitações (Figura 5.1). Desta forma,
em uma determinada parte da Terra podem predominar processos erosivos, seguidos de transporte e sedimentação; enquanto
em outra, os processos são essencialmente erosivos. O fato de o planeta Terra ser dinâmico é uma explicação lógica para a
interrupção de sequências deposicionais e, com o tempo geológico (em milhões de anos) o retorno de novas deposições (novas
camadas), com características distintas. A estas interrupções a geologia dá o nome de discordâncias.

Figura 5.1 - Formação Ipu do Grupo Serra Grande de idade siluriana. Interdigitação entre arenito grosso a conglomerático
com siltitos. Parque Nacional da Serra da Capivara, PI.

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5.3 – TIPOS DE DISCORDÂNCIAS

5.3.1 – DISCORDÂNCIA LITOLÓGICA

Discordância litológica é aquela identificada com maior facilidade em mapas geológicos. É marcada por rochas
sedimentares depositadas sobre rochas ígneas ou metamórficas. Ocorre com frequência ao longo das bordas das bacias
sedimentares interiores, exemplificado no Recorte do mapa geológico da Folha Bodocó (Pereira et al. 2020) (Fig. 5.2).

Figura 5.2 - Recorte do mapa geológico da Folha Bodocó, na escala de 1:100.000, mostrando discordância litológica.
(https://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/20449). Rochas sedimentares da bacia do Araripe de idade cretácica (ca 110 M.a)
cobrem o granito de idade brasiliana (ca 550 M.a) de Bodocó.

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5.3.2 - DISCORDÂNCIA ANGULAR

Discordância angular é definida como uma superfície que limita dois pacotes de rochas de idades distintas, que apresentam
entre si uma relação angular. A discordância angular marca eventos geológicos distintos, caracterizados pela deposição de uma
sequência de camadas, posteriormente submetidas a eventos tectônicos (dobras ou falhas), seguida de um período de não
deposição e erosão, e pela deposição da nova sequência, sobreposta à anterior, frequentemente horizontalizada ou com leve
inclinação.

A discordância angular que mudou a história da Geologia foi descoberta e descrita em uma excursão de campo realizada
em 1788 por James Hutton, John Playfair e Sir James Hall. Neste afloramento singular, camadas de arenito de idade siluriana
(444-428 M.a), depositadas originalmente na horizontal, foram dobradas e consequentemente verticalizadas (Grieg, 1988). Em
sequência, foram sobrepostas por arenitos de idade devoniana (ca 370 M.a) com leve inclinação, desenvolvendo marcante
discordância angular. Este afloramento tem sido revisitado ao longo do tempo e foi tema de vários trabalhos científicos (Fig. 5.3).

Figura 5.3 - A famosa discordância angular de Siccar Point na Escócia. Arenitos de idade siluriana foram dobrados em
dobras apertadas e verticalizados, sendo posteriormente recobertos por arenitos de idade devoniana. Foto Claus Fallgatter –
DGEO-UFPE.

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Para saber mais sobre a discordância angular do Siccar Point:

Archer, Stuart G., Underhill, John R., Peters Kenneth E. 2017. Hutton’sGreat Unconformity at Siccar Point, Scotland:
Where deep time was revealed and uniformitarianism conceived. AAPG Bulletin, v. 101, no. 4 (April 2017), pp.
571–577
Kerr, A. 2018. Classic Rock Tours 1. Hutton’s Unconformity at Siccar Point, Scotland: A Guide for Visiting the
Shrine on the Abyss of Time. Geoscience Canada, v. 45, https://doi.org/10.12789/geocanj.2018.45.129 pages
27–42 © 2018 GAC/AGC®.

5.3.3 - DISCORDÂNCIA PARALELA

Quando duas unidades geológicas (duas camadas) de idades distintas repousam, uma sobre a outra, ao longo de um plano
paralelo, esta descontinuidade geológica (marcada pela idade das camadas) é denominada discordância paralela ou
paraconformidade. Um caso clássico deste tipo de discordância é observado no limite entre os períodos geológicos Cretáceo e
o Paleógeno (limite K/Pg). Este contato geológico observado em algumas regiões do planeta, representa o marco da extinção
em massa dos dinossauros. As camadas abaixo desta discordância (cretácicas) apresentam fauna totalmente distinta daquelas
acima da discordância (paleogênicas).

Na Pedreira Poty, mina em atividade da S/A Indústria Votorantim, foi selecionada uma área para apresentação do limite
K/Pg na forma de um Geossítio aberto a visitantes e pesquisadores. Esse afloramento envolve as Formações Gramame
(Cretáceo) e Maria Farinha (Paleógeno). A pedreira tem área de 6,5 ha (Fig. 5.4). As duas Formações repousam uma sobre a
outra em paraconformidade. O Geossítio foi construído a partir de convênio entre o Grupo Votorantim, a UFPE e o Ministério
Público. O Geossítio foi inaugurado em novembro de 2018 e conta com vários painéis interpretativos (Fig. 5.5).

Há vários trabalhos publicados sobre este limite e, consequentemente, sobre esta paraconformidade. Levantamento dos
trabalhos relacionados com este Geossítio e dados inéditos de palinologia obtidos na Pedreira Poty ao longo do limite K/Pg foram
realizados (Alves et al. 2019).

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Figura 5.4 – Recorte do folder do Geossítio da Pedreira Poty (https://www.votorantimcimentos.com.br/wp-


content/uploads/2018/11/paineis-geossitio-k-pg-mina-poty.pdf), mostrando a localização das diferentes áreas do geossítio e
localização de alguns painéis explicativos.

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Figura 5.5 - Painel N. 5, com detalhe da estratigrafia ao longo do limite K/Pg (Topo da Formação Grammame e Base da
Formação Maria Farinha (https://www.votorantimcimentos.com.br/wp-content/uploads/2018/11/paineis-geossitio-k-pg-mina-
poty.pdf).
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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Para ler mais sobre o tema:

Albertão, G.A. 1993. Abordagem interdisciplinar e epistemológica sobre as evidências do limite Cretáceo-Terciário, com
base em leituras efetuadas no registro sedimentar das bacias da costa leste brasileira. Dissertação de Mestrado,
Universidade Federal de Ouro Preto, 2 Volumes, 251p.
Albertão, G.A.; Koutsoukos, E.A.M.; Regali, M.P.S.; Attrep Jr., M.; Martins Jr., P.P. 1994a. The Cretaceous-Tertiary
boundary in Southern low-latitude regions: preliminary study in Pernambuco, northeastern Brazil. Terra Research, 6:
366-375.
Albertão, G.A.; Martins Jr.; P.P. Koutsoukos, E.A.M. 1994b. O limite Cretáceo-Terciário na bacia de Pernambuco/Paraíba:
característica que define um marco estratigráfico relacionado com um evento catastrófico de proporções globais. Acta
Geologica Leopoldensia, 17 (39/1): 203-219.
Albertão, G. A.; Martins Jr., P. P. 2009. Estratos Calcários da Pedreira Poty, Paulista, PE - Evidências de evento catastrófico
no primeiro registro do limite K-T descrito na América do Sul. SIGEP 102 Vol. I 15p.
(http://sigep.cprm.gov.br/sitio102/sitio102.pdf).
Alves, Marcella A. de O; Santos, P. R. S.; Lima Filho, M. de. 2019. Bioestratigrafia do limite Cretáceo-Paleógeno da bacia
da paraíba com base na palinologia. Estudos Geológicos vol 29 (1): 3-24.
(https://periodicos.ufpe.br/revistas/estudosgeologicos/article/viewFile/242404/32975).
Garcia, M. da G., Nascimento, M. A. L. do, Mansur, K. L., Pereira, R.G.F. de A. 2022. Geoconservation strategies framework
in Brazil: Current status from the analysis of representative case studies. Environmental Science & Policy Volume 128,
February 2022:194-207. (https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1462901121003282?via%3Dihub ).

5.4 – COMO TRABALHAR COM DISCORDÂNCIAS EM MAPAS GEOLÓGICOS SIMPLIFICADOS

Nos mapas geológicos simplificados abaixo, as superfícies de discordância são identificadas pelas distintas atitudes de
sequências de camadas. Na figura 5.6 podem ser identificadas três sequências em discordância angular. Inicialmente foi
depositada a sequência composta das unidades A a F, com atitude N25E/35-30/SE; em sequência as unidades 1,2, 3 e 4, que
claramente recobrem as unidades anteriores, com atitude N50W/ 15-10/ SW; e, finalmente a terceira sequência, com as unidades
X,Y e Z, recobrindo as duas anteriores com atitude N77E/25/SSE.

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Figura 5.6 - Mapa geológico simplificado indicando três sequências de camadas em discordância angular. A primeira
sequência A-F (N25E/35-30/SE); a segunda 1-4 (N50W/ 15-10/ SW) e a terceira sequência recobrindo as duas anteriores X-Z
(N77E/25/SSE).

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Exercício - No mapa geológico abaixo há duas sequências de camadas. Determine a atitude de cada sequência e
classifique o tipo de estrutura desenvolvida ente elas. Faça o corte marcado.

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Determinação da atitude (direção/intensidade/sentido de mergulho) da sequência cambriana de camadas

1. No contato entre B e C encontrar dois pontos na mesma cota, pontos vermelhos (cota de 500 m)

2. O contato C/B corta também a curva de nível de 600 m. Paralelo a direção de 500 temos a direção de 600. Assim, obtém-
se o sentido de mergulho das camadas para W e conclui-se que B é mais velha do que C.

3. Perpendicular às duas direções tem-se a projeção do sentido de mergulho verdadeiro do plano (seta preta)

4. Utilizando a escala e a diferença de cota entre 600 e 500 (100 m) pode ser feito o rebatimento do mergulho verdadeiro
(RM) e determinação de sua intensidade (45º)

5. Com estas informações, a camada A é a mais velha e a D a mais nova da sequência Cambriana N-S/45/W.

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Determinação da atitude (direção/intensidade/sentido de mergulho) da sequência do Carbonífero (1, 2 e 3)


1. A camada 1 faz contato com todas as camadas da sequência anterior (cambriana). Esta superfície de contato é a
superfície de discordância.
2. A superfície de discordância corta a curva de nível de 700 m em dois pontos (círculo azul), em contato com a camada C
da sequência anterior. Ligando estes pontos é obtida a direção das camadas que constituem a discordância. A superfície de
discordância intercepta a curva de nível de 600 m, no contato com a camada C da sequência cambriana (círculo azul). A partir
deste ponto e paralelo a direção obtida acima, pode ser traçada a direção da superfície de discordância de cota 600 m.
3. Perpendicular às duas direções, no sentido de 700 para 600, é traçada a projeção do mergulho verdadeiro da discordância
(PMD).

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4. Utilizando a diferença de cotas de 100 m (700-600), será obtido o rebatimento do mergulho da discordância ao longo de
PMD.

Corte A-B
1. O corte A-B é perpendicular à direção da primeira sequência de camadas. Desta forma, utiliza-se ao longo do corte o
mergulho verdadeiro das camadas (45º). Como a linha de corte A-B não é perpendicular à direção da discordância,
faz-se necessário calcular o mergulho aparente desta, ao longo do corte (triângulo amarelo) (13º).
2. No corte A-B, a superfície de discordância está em vermelho. É possível calcular a espessura da camada B sob a
discordância e traçar o contato entre B e A.

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Cálculo da espessura da camada B


A partir de uma direção da base da camada B na cota de 500 m e do topo (contato de B com C) na mesma cota. A
perpendicular às duas direções é a reta de máxima declividade. Quando esta reta toca as direções de topo e base, rebate-se o
mergulho verdadeiro (45º). Medindo-se perpendicular aos dois rebatimentos, obtém-se a espessura verdadeira, no caso 345 m,
na escala 6,9 cm (Escala 1:5000 – 1 cm = 50 m). Desta forma é possível traçar abaixo da discordância o contato entre B e A.

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6 - DOBRAS

Rochas podem apresentar dobramentos quando submetidas a esforços tectônicos a profundidades variáveis na crosta da
Terra. As superfícies dobradas (camadas) podem mudar a direção, sentido e intensidade de mergulho ao longo de uma linha
que recebe a denominação de eixo da dobra. O eixo da dobra, por sua vez, pode variar em orientação, apresentando-se como
uma linha reta (em dobras cilíndricas, Fig. 6.1A) ou curva (em dobras não cilíndricas, Fig 6.1B) e caimento variável desde 0º à
90º. Esta linha, eixo da dobra, é contida em um plano ou superfície denominada, plano axial ou superfície axial.

Figura 6.1 - (A) Dobra cilíndrica (B) - Dobra não cilíndrica; com indicações do plano e superfície axial, eixo e flanco.

Em um corte perpendicular ao plano axial as dobras podem ser classificadas como sinformes ou antiformes (Fig. 6.2). Esta
classificação não envolve as relações estratigráficas entre as camadas dobradas (i.e. a idade das camadas), somente a forma;
a geometria do dobramento.

Figura 6.2 - Classificação de dobras em corte perpendicular ao plano axial, em antiforme e sinforme, com indicação de
plano axial e eixo.
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Quando a estratigrafia, ou seja, a ordem de deposição das camadas, é levada em consideração são utilizados os termos
sinclinal e anticlinal. Desta forma poderemos ter sinforme sinclinal; sinforme anticlinal; antiforme sinclinal e antiforme anticlinal
(Fig. 6.3). Na dobra sinforme sinclinal, a camada mais nova é localizada na porção central da forma geométrica convexa. No
antiforme anticlinal a camada mais velha é o núcleo da forma geométrica côncava. No caso hipotético destas camadas sofrerem
uma rotação de 180º, a camada mais nova na base e a camada mais velha no topo, as denominações serão: Sinforme anticlinal
→ a forma geométrica é convexa e a camada mais antiga está no seu núcleo e Antiforme sinclinal → a forma geométrica é
côncava e a camada mais nova está no seu núcleo.

Figura 6.3 - Sequência original de camadas 1 - arenito fino; 2 - siltito e 3 - calcário. (A) Sequência estratigráfica mantida.
AA - Antiforme anticlinal e SS - Sinforme sinclinal. (B) - Rotação de 180º nas camadas. AS - Antiforme sinclinal e SA - Sinforme
anticlinal.

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6.1 - DOBRAS EM AFLORAMENTOS

Camadas dobradas podem ser encontradas associadas com regimes transpressivos ao longo de zonas de cisalhamento.
Na Figura 6.4 é possível observar dobras com dimensões métricas ao longo da Zona de cisalhamento Pernambuco Leste. Trata-
se de uma estrutura de idade Brasiliano (Ca 550 Ma), com direção E-W, com cinemática destral (Neves e Mariano, 1999). Ao
longo da BR232 é possível a observação, em corte de estrada, de dobras em escala métrica resultantes de regime transpressivo,
de rochas miloníticas a ultramiloníticas de composição granítica (lato sensu). As dobras apresentam planos axiais paralelos à
direção da zona de cisalhamento.

Figura 6.4 - Dobras em escala de afloramento. Milonitos a ultramilonitos da Serra das Russas BR232. Plano axial (PA)
verticalizado e Eixo da dobra paralela a foliação dos milonitos. Zona de Cisalhamento Pernambuco Leste.

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6.2 – TRABALHANDO COM DOBRAS EM MAPAS GEOLÓGICOS

Na figura 6.5 tem-se a reprodução de um mapa geológico com curvas de nível e camadas dobradas. O primeiro passo é a
observação da repetição das camadas, marcadas com as letras de A-D.

Figura 6.5 - Mapa geológico simplificado, com curvas de nível (Platt and Challinor, 1954). Observa-se a repetição das
camadas A, B, C e D.

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O próximo passo é a observação da interação dos contatos entre estas camadas com as curvas de nível, de modo a
identificar as direções, sentidos e intensidades de mergulho destes planos (contatos entre camadas). Desta forma, serão
identificados sentidos de mergulho convergentes (sinformes) e sentidos de mergulho divergentes (antiformes) (Fig. 6.6).

Figura 6.6 - Identificação de direções DC700 e DC800, contato geológico entre as camadas C e D (linhas pretas contínuas)
e sentidos de mergulho (setas vermelhas), mostrando a convergência de mergulhos, indicando um sinforme.

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Determina-se então a intensidade de mergulho destes planos, tomando como referência a diferença de cota entre dois
contatos (p. ex. entre D/C) consecutivos e rebatendo o ângulo de mergulho a partir dessa diferença de cota (100 m) convertida
em centímetros pela escala do mapa (1:5000, 1 cm = 50 m). Neste caso, a diferença de cota é de 2 cm. Após o rebatimento,
obtém-se a intensidade de mergulho de 63º (Fig. 6.7).

Figura 6.7 - Determinação da intensidade de mergulho a partir do rebatimento do ângulo de mergulho considerando a
diferença de contas entre as direções D/C800-D/C700 do contato entre as camadas C e D, na escala de 1:5000. Valor obtido
para a intensidade de mergulho 63º.

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Esse procedimento deve ser repetido para os outros contatos entre camadas. Deste modo, serão obtidos os sentidos de
mergulho e definidas as dobras como Antiforme, Sinforme e Antiforme, no sentido SW-NW do mapa (da esquerda para a direita
da figura) (Fig. 6.8).

Figura 6.8 - Identificação de antiforme, sinforme e antiforme de SW para NE, com indicação do traço do plano axial e as
simbologias adequadas.

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6.3 - DOBRAS EM MAPAS GEOLÓGICOS

Em mapas geológicos as dobras são representadas pelas atitudes do plano axial e pelo tipo de dobra. Desta forma as
anotações mais comuns encontradas em mapas geológicos são:

A seta maior indica a atitude do plano axial, com o sentido de caimento da dobra. As setas menores, perpendiculares à
primeira, indicam o sentido de mergulho dos flancos da dobra; neste caso, flancos com sentido de mergulho divergente indicando
um antiforme anticlinal, com caimento.

O segmento de reta horizontal indica o plano axial vertical. As setas com sentido oposto, perpendiculares ao segmento de
reta horizontal, indicam o sentido de mergulho dos flancos. Flancos mergulhando em sentido oposto - Antiforme, anticlinal normal.
O plano axial, neste caso é vertical.

A seta maior indica a atitude do plano axial, com o sentido de caimento da dobra. As setas menores, perpendiculares à
primeira, indicam o sentido de mergulho dos flancos da dobra, neste caso, convergentes evidenciando um sinforme sinclinal,
com caimento.

O segmento de reta horizontal indica o plano axial vertical. As setas menores, perpendiculares ao segmento de reta e
convergentes, indicam o sentido de mergulho dos flancos. Desta forma, está representado em mapa, um sinforme sinclinal
normal, isto é, com plano axial vertical.

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As dobras podem ser representadas com identificação da fase da deformação. Em áreas com estruturas geológicas
retrabalhadas ao longo do tempo geológico, podem ser observadas gerações distintas de dobras. Na indicação acima, estão
representados dobramentos relacionados à quarta fase de deformação em determinada área (F4).

Em áreas com história tectônica complexa e várias fases de deformação é possível a ocorrência de dobras invertidas,
semelhantes àquelas mostradas na Figura 6.3 B. Neste caso, as dobras são representadas em mapas geológicos como se vê
abaixo.

O traço horizontal maior representa a atitude do plano axial, neste caso com indicação de caimento ou fechamento da
dobra. O símbolo semelhante a uma ferradura com setas convergentes indica a inversão das camadas em um sinforme. Desta
forma, temos um sinforme invertido com caimento do eixo indicado. Em um dos flancos do dobramento, a camada mais velha é
sobreposta à mais nova, em função da rotação da dobra. F3 representa a terceira fase de deformação da região dobrada.

O traço horizontal maior representa a atitude do plano axial, neste caso com indicação de caimento ou fechamento da
dobra. O símbolo semelhante a uma ferradura com setas divergentes indica a inversão das camadas em antiforme. Representa
assim, um antiforme invertido, isto é, em um dos flancos do dobramento a camada mais velha é sobreposta à mais nova, em
função da rotação da dobra. F2 e F3 representam fases de deformação 2 e 3.

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6.4 – FRAGMENTOS DE MAPAS GEOLÓGICOS NA ESCALA DE 1:100.000 COM DOBRAS

Figura 6.9 - Fragmento do mapa geológico Folha jardim do Seridó na escala de 1:100.000 (Bezerra et al., 2007), mostrando
sequência de dobramentos (antiformes e sinformes normais, com caimento), nos metassedimentos do Grupo Seridó.

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Figura 6.10 - Fragmento do mapa geológico Folha Surubim na escala de 1:100.000 (Neves, et al., 2017), mostrando
metassedimentos do complexo Surubim-Caroalina de idade Neoproterozoica (NP23sc), com sinforme invertido, com caimento
indicado.

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7. FALHAS/ZONAS DE CISALHAMENTO

Falhas, em Geologia, são estruturas caracterizadas pelo desenvolvimento de quebra (deformação rúptil), com
deslocamento ao longo de uma superfície, que pode ser plana ou apresentar curvatura. Zonas de cisalhamento são estruturas
geológicas que apresentam superfícies planas ou curvas, caracterizadas por deformação dúctil, associadas a temperatura alta e
que ocorrem a profundidades variáveis na crosta da Terra. Normalmente ocorrem com faixas de espessuras variáveis que são
identificadas pela deformação plástica em minerais, tais como quartzo (quartzo fitado) e feldspatos com formatos ovalados
(augens) (Mariano et al., 2008) (Fig. 7.1).

Figura 7.1 - Gnaisse milonitizado. Zona de Cisalhamento transcorrente Cabanas. (A) foto como vista em campo. (B) foto
interpretada, mostrando quartzo fitado (contorno vermelho) e indicador cinemático utilizando a relação C (direção do
cisalhamento) e S (direção da foliação entre as bandas de C). Gnaisse próximo ao contato do pluton Cabanas, Folha Belo Jardim,
zona de cisalhamento transcorrente de direção NE-SW e cinemática sinistral.

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7.1 – TIPOS DE FALHAS

Falhas são descontinuidades geológicas, isto é, elas quebram a continuidade anterior a sua instalação. As falhas podem
ser associadas a movimentos tectônicos com orientações diversas, caracterizados por extensão, compressão e movimentos com
componente de esforço maior na horizontal. Estes podem ser transpressivos, envolvendo uma componente de compressão ou
transtensivos, quando envolvem um componente de extensão. Os principais tipos de falhas ou zonas de cisalhamento são: 1-
Falhas normais – associadas com regimes tectônicos extensivos; 2- Falhas inversas – associadas com movimentos
compressivos; 3 – Falhas transcorrentes – associadas com movimentos tectônicos com componente maior de esforço
horizontalizado.

7.1.1 – FALHAS NORMAIS

As falhas normais, também denominadas de falhas de gravidade, estão associadas a movimentos tectônicos divergentes,
que podem resultar no desenvolvimento de bacias sedimentares. Este tipo de falha apresenta traços curvos ou retilíneos,
dependendo da intensidade de mergulho do plano. Aspectos de campo, em um plano de falha normal (Fig. 7.2). O plano de falha
normal ou de gravidade apresenta lineações, estrias, paralelas ao sentido de mergulho (down dip) e ressaltos perpendiculares a
estas estrias, indicando o sentido de movimento, isto é, o bloco acima do plano de falha desce em relação ao bloco abaixo do
plano de falha.

Figura 7.2 - Plano de falha normal, reativação da Zona de cisalhamento transcorrente sinistral Congo-Cruzeiro do Nordeste.
(a) símbolo da atitude do plano de falha; (L) lineação (estrias) no plano de falha; (R) ressalto, indicando o sentido de movimento,
seta preta.

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7.1.2 – FALHAS INVERSAS

As falhas inversas, também denominadas de falhas de cavalgamento ou empurrão, são associadas a movimentos
tectônicos compressivos. Estas falhas desenvolvem planos com média a baixa intensidade de mergulho (<45º). Desta forma
apresentam traços curvos em mapas geológicos, caracterizados pela interação destes planos com a topografia do terreno.

7.1.3 – FALHAS TRANSCORRENTES

As falhas transcorrentes ou falhas de rejeito direcional são desenvolvidas a partir de movimentos tectônicos com forte
componente horizontal. Estas falhas desenvolvem planos com mergulhos fortes a verticais, sendo seus traços retilíneos, em
mapas geológicos. Em campo, as rochas afetadas por falhas transcorrentes ou zonas de cisalhamento transcorrentes
apresentam foliação verticalizada e são marcadas por fortes lineações horizontais (Fig. 7.3), para a zona de cisalhamento
transcorrente destral de Pernambuco Leste.
OBS. Todos estes tipos de falhas podem receber a denominação de zonas de cisalhamentos, quando a deformação é
dúctil, isto é, ocorre em profundidade na crosta.

Figura 7.3 - Zona de cisalhamento transcorrente destral Pernambuco Leste. (A) Dobras em com amplitude métrica e planos
axiais paralelos à direção da zona de cisalhamento (E-W). (B) Plano de falha mostrando forte lineação, com 24º de caimento
(plunge). (C) Ultramilonitos fraturados, ilustrando a verticalização da foliação.

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7.2 FALHAS EM MAPAS GEOLÓGICOS SIMPLIFICADOS

As falhas e/ou zonas de cisalhamento desenvolvem estruturas planares. Assim, são tratadas da mesma forma dos planos
de camadas planas e dobradas já discutidos nos capítulos anteriores.

Enunciado: No mapa seguinte, os pontos I, II e III pertencem ao plano de uma falha. Os pontos A, B, C, e D representam
o contato entre uma camada de arenito e outra de conglomerado. A camada de arenito possui 60 m de espessura vertical.
Elabore o mapa geológico da área considerando que: a) Acima do arenito só ocorre conglomerado e b) Abaixo do arenito ocorre
uma camada de siltito. Determine o tipo de falha. Calcule os rejeitos vertical e horizontal. Dê os cortes A-B; C-D e E-F, calculando
o mergulho aparente, quando necessário. Escala 1:2000.
C B
120 80
100 N
IX 100 60
80 60
60

40
20

60
C

X
II X
20
40 F
B 80 40

X
A

X
100
E 120
X

D 100
H
80
80
60 xIII
60
60
20
40

20

80

A D

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
Solução: Diante de falhas, o primeiro passo é identificar a atitude do plano de falha e o traçado deste plano. Sendo a falha
uma descontinuidade geológica, a área do mapa será dividida em duas partes. Em um dos blocos teremos os três pontos
aflorantes A, B e C e no outro bloco o ponto D.
Pf
12 C
Pf 0 B
10
Pf 0 120 80
80 100 N
IX 100 60
PF 80 60
60 60

40
20
Pf
40
60
Pf C

X
II 20

X
20 40 F
80 40

X
B

X
100
E 120

X
D 100
H
80
80
60 xIII
60 e 60

20
40

20
80

A D
Figura 7.4 - Determinação do traçado do contato do plano de falha. Pontos I (100); II (60) e III (60) pertencem ao plano de
falha. Os pontos II e III estão na mesma cota (60 m). Ligando estes dois pontos tem-se a direção do plano da falha de cota 60
m. Pelo ponto I (cota de 100 m) paralelo a linha Pf60, tem-se a direção de cota 100 m. Entre estas duas e equidistante a elas,
obtém-se a direção de cota 60 m. A partir deste ponto, tem-se o espaçamento entre as direções (linha preta e). Com esse
espaçamento será possível traçar as demais direções do plano de falha (100; 40 e 20). A interação destas direções com a
topografia do terreno definirá o traçado do afloramento do plano de falha, dividindo a área em dois blocos. O bloco leste (E)
contendo três pontos de afloramento do contato do arenito com o conglomerado (A, B e C) e o bloco (W) com o ponto D do
mesmo contato. Utilizando duas direções consecutivas do plano de falha, determina-se a atitude do plano de falha e sua
intensidade de mergulho.
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Figura 7.5 - O plano de falha separa a área nos blocos E e W. No bloco E ficam os pontos A, B e C e no bloco W o ponto
D, do contato entre arenito e conglomerado. O plano de falha tem a seguinte atitude N49W/31º/SW. Em seguida, trabalha-se
com os três pontos do bloco E para obter o traçado do contato do Arenito com o Conglomerado.

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Figura 7.6 - Traçado do contato da camada de arenito (topo) com conglomerado (base). Os pontos A (20 m), B (60 m) e C
(80 m) no bloco E são pontos de afloramento deste contato. Liga-se o ponto A, na cota de 20 m com o ponto C na cota da 80 m
e divide-se o segmento de reta formado por AC em três partes iguais, de forma a obter as cotas de 40 e 60 m desse mesmo
contato. Como o ponto B está na cota de 60 m, ligando este ponto à cota de 60 m para este contato, obtida entre A e C, tem-se
a primeira direção deste plano (direção de cota 60 m). Paralela a esta direção, são traçadas direções de 20 m;40 m e 80 m,
obtendo-se o espaçamento entre as direções e finalmente traça-se a direção de 100 m. Em sequência, são marcados os pontos
de interação entre direções e cotas (ex. direção de cota 60 m corta a curva de nível de 60 m; o contato entre arenito e
conglomerado aflora). Todos os pontos de afloramentos são marcados e o contato traçado até o plano de falha.

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Figura 7.7 - A partir do ponto D no bloco W da falha, paralela as direções obtidas no bloco E, para o contato do
conglomerado com o arenito, traça-se a primeira direção de 120 m, para este contato. Como o espaçamento entre as direções
consecutivas já é conhecido do bloco E, utiliza-se o mesmo espaçamento para traçar as demais direções 100, 80, 60, 40 e 20
m, no bloco W. Em sequência, marcam-se os pontos de intersecção entre as direções e as cotas, da mesma maneira que foi
feito para o bloco E.

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Figura 7.8 - Considerando a espessura vertical do arenito de 60 m, todas as direções do contato do arenito com o
conglomerado são reduzidas desse valor. As novas direções marcadas na figura acima como Ar/Sil (contato do arenito - base
do arenito - com o siltito), são analisadas visando a determinação dos pontos deste novo contato, isto é, pontos onde a direção
Ar/Sil coincidem com as respectivas curvas de nível. Desta forma, todos os pontos de afloramento deste novo contato são
marcados e o contato traçado. No resultado final, fica claro o rejeito ao longo do plano de falha.

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Figura 7.9 – Determinação do valor do rejeito vertical e classificação da falha. O plano de falha mergulha para W (de
maneira geral), assim é necessário analisar o que acontece sobre o plano de falha no bloco W. Há duas opções: o bloco W sobe
o plano de falha (falha inversa) ou desce o plano de falha (falha normal ou de gravidade). Escolhe-se a direção do contato entre
o topo do arenito e a base do conglomerado de cota 20 m no bloco E (linha em vermelho), projeta-se essa direção para o bloco
W e determina-se a sua cota topográfica neste bloco. A direção de Cg/Ar de 20 m no bloco E, vai corresponder a uma direção
acima de 140 m (Cg/Ar 140). Utilizando uma regra de três simples obtém-se o valor de 147 m (Cg/Ar147). Desse modo, a direção
que possui valor de 20 m para o bloco E, no bloco W terá valor de 147 m, ou seja, o bloco W sobe 127 m em relação ao bloco E
(rejeito vertical). A falha fica, então, classificada como inversa. Nesta figura, a falha já se encontra representada com a simbologia
que é utilizada em mapas geológicos.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Figura 7.10 - Mapa Geológico final.

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7.3 – FALHAS EM MAPAS GEOLÓGICOS

As falhas e zonas de cisalhamento são representadas em mapas geológicos como traços negros de maior espessura do
que os contatos entre litologias distintas e com a simbologia adequada para o tipo de falha ou zona de cisalhamento e a
cinemática, quando esta for determinada (Fig. 7.11).

Figura 7.11 – Principais legendas utilizadas em mapas geológicos para representação de falhas e zonas de cisalhamento.

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7.4 - FALHAS E ZONAS DE CISALHAMENTO EM MAPAS GEOLÓGICOS

Em mapas geológicos é muito frequente a ocorrência de falhas e principalmente zonas de cisalhamento margeando
contatos entre tipos litológicos distintos. Esse comportamento é fácil de entender, considerando-se que as litologias distintas
possuem comportamento reológico distinto, isto é, respondem de forma diferente a esforços tectônicos. No recorte do mapa
geológico da folha Bodocó (Pereira et al., 2020) (Fig. 7.12) é possível observar a localização de uma zona de cisalhamento
compressiva ao longo do contato entre as unidades PP2p - gnaisses bandados do Complexo Parnamirim de idade
paleoproterozoica e NP1sa – metassedimentos do complexo Salgueiro de idade neoproterozoica. As setas pretas indicam o
sentido de esforço e o consequente dobramento das unidades. Ressalta-se que o contorno da zona de cisalhamento compressiva
apresenta curvatura, caracterizando a interação de um plano com mergulho médio a fraco (>45º) com a topografia do terreno.

Figura 7.12 - Recorte do mapa geológico da Folha Bodocó (Escala 1:100.000), mostrando zonas de cisalhamento
contracionais e antiforme. Observar que a zona de cisalhamento se localiza ao longo do contato entre as unidades PP2p -
gnaisses bandados do complexo Parnamirim e NP1sa – metassedimentos neoproterozoicos do complexo Salgueiro. Setas pretas
indicam o sentido de movimento do regime compressivo que deu origem a ZC contracional e ao antiforme. Considerando que a
deformação afeta rochas do Neoproterozoico (NP1sa), a idade da deformação deve ser neoprotorozoica ou mais nova.

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É, também, frequente a ocorrência e ou o desenvolvimento de zonas de cisalhamento transcorrentes, com cinemática


destral (horária) ou sinistral (anti-horária). Importante observar que os traços destas zonas de cisalhamento em mapas geológicos
são retos, evidenciando que seus planos são verticais. No recorte do mapa geológico da folha Campina Grande-PB (Fig. 7.13)
(Rodrigues et al., 2011), observa-se uma zona de cisalhamento transcorrente com cinemática destral localizada no contato entre
o pluton Puxinanã NP32it25 e o Complexo São Caetano NP1sca, novamente favorecendo a ideia do controle da
heterogeneidade entre as duas litologias, na localização/desenvolvimento de zonas de cisalhamento.

Figura 7.13 - Recorte do mapa geológico folha Campina Grande (Escala 1:100.000). Na borda sul/sudeste do pluton
Puxinanã NP32it25, com o complexo São Caetano NP1sca, ambos de idade neoproterozoica.

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As falhas normais ou de gravidade estão, em sua maioria, associadas ao desenvolvimento das bacias sedimentares,
relacionadas com movimentos extensionais. No recorte do mapa geológico da folha Souza (Escala 1:250.000) (Medeiros, et al.,
2005) observa-se o contato entre o embasamento cristalino e a porção norte da bacia de Souza controlado por falhas normais,
cujas rampas estão voltadas para a bacia sedimentar (Fig.7.14) e, também o contato entre o complexo Jaguaretama PP2j
(Paleoproterozoico) e os arenitos da Formação Antenor Navarro K1an (Cretáceo). Será que essas falhas são cretácicas? O que
estava acontecendo na Terra a partir do Cretáceo? Será que é possível a reativação de falhas transcorrentes de idade brasiliana
(ca 550 M.a), com desenvolvimento de brechas de falhas e rampas de falhas normais, quando próximas a grandes bacias
sedimentares? Na seção 7.5, será apresentado o caso da zona de cisalhamento transcorrente sinistral de Cruzeiro do Nordeste
e sua reativação durante o desenvolvimento das falhas normais, de idade cretácica, que deram origem a estruturação da bacia
do Jatobá.

Figura 7.14 - Recorte do mapa geológico da folha Souza (Escala de 1:250.00) mostrando o contato entre os arenitos da
Formação Antenor Navarro (K1an), de idade cretácica, com o embasamento cristalino, ortognaisses paleoproterozoicos do
complexo Jaguaretama (PP2j). Esse contato é marcado por falhas normais, que apresentam recortes em função da forma inicial
do embasamento e do controle deste na falha, cuja rampa volta-se para a bacia sedimentar.
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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

7.5 – CASO DE ESTUDO – REATIVAÇÃO DE ZONAS DE CISALHAMENTO TRANSCORRENTES POR FALHAS


NORMAIS

Era uma vez... um granito de idade brasiliana (ca 580 M.a), álcali-feldspato granito, que foi afetado por uma zona de
cisalhamento transcorrente sinistral de orientação essencialmente NE. A zona de cisalhamento deformou o granito, imprimindo
uma foliação tectônica verticalizada. Acredita-se que essa zona de cisalhamento atuou em regime dúctil e na transição deste
para um regime rúptil (isso ainda precisa ser estudado). Em um afloramento desta zona de cisalhamento visitado em excursões
didáticas (Fig. 7.15) observou-se que a rocha milonítica havia sido quebrada e preenchida por material esverdeado,
desenvolvendo uma brecha tectônica (Figura 7.16).

Figura 7.15 – Afloramento da zona de cisalhamento Congo ao longo da BR 110, no sentido Cruzeiro do Nordeste-
Sertânia. Milonitos de composição granítica, com foliação tectônica verticalizada de orientação NE.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Figura 7.16 - Aspectos de campo da brecha tectônica desenvolvida pela reativação da zona de cisalhamento transcorrente
Congo (Fig. 7.15). (A), (B) e (C) mostram as características dessa brecha, preenchida por um material esverdeado fibroso
recristalizado (essencialmente composto por anfibólio).

Além da brecha tectônica (sugestão forte de reativação da zona de cisalhamento) observou-se, neste afloramento, a
ocorrência de planos de falha com mergulho médio a suave (<45º) e estrias paralelas ao sentido de mergulho, caracterizando
um movimento sobre o plano de falha. Existem duas opções: 1- Falha Normal e 2- Falha Inversa. Como decidir sobre estas duas
possibilidades? Na figura 7.17 tem-se o plano de falha mencionado acima. Fica clara a orientação das estrias (paralelas ao
sentido de mergulho do plano) indicando a direção do movimento, que pode ser descendo o plano de falha (falha normal ou de
gravidade) ou subindo o plano de falha (falha inversa ou empurrão). Nas duas possibilidades, as estrias possuem a mesma
orientação. Como resolver? Observando-se os ressaltos. Ressaltos são pequenos degraus, perpendiculares às estrias, que
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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
definem o sentido de movimento, i.e., a cinemática. Como é possível observar na figura 7.17 o ressalto faz um pequeno degrau
no sentido oposto ao movimento.

Figura 7.17 - Plano de falha normal com estrias (L e seta preta) paralelas ao sentido de mergulho do plano (a) e ressaltos
(R) perpendiculares a estas linhas indicando a cinemática. O bloco acima do plano de falha desce, no sentido da seta preta,
indicando uma falha normal ou de gravidade.

O que faltou? Determinar o que causou esta reativação e a sua idade.


O que causou a reativação? Este afloramento se encontra próximo da bacia sedimentar do Jatobá. A estruturação desta
bacia é de idade cretácica e controlada por falha normais, originadas por eventos extensionais relacionados a quebra de
Gondwana. Esta seria a hipótese da causa da reativação. Como provar? Através de datação das falhas normais.
Como determinar a idade das falhas normais? Nos planos de algumas falhas ocorre uma fina camada de calcita (CaCO3).
Portanto é só coletar e datar a calcita. Isto foi feito por Miranda et al. (2020) pelo método U-Pb em calcita que forneceu a idade
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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
de 135+/- 4.7 Ma. Desta forma, ficou comprovada a reativação de uma zona de cisalhamento transcorrente sinistral de idade
brasiliana (ca 550M.a) por movimentos extensionais de idade cretácica.

Para saber mais:

Miranda, T.S., Neves, S. P, Celestino, Maria A. L., Roberts, N. M.W. 2020. Structural evolution of the Cruzeiro do Nordeste
shear zone (NE Brazil): Brasiliano-Pan-African- ductile-to-brittle transition and Cretaceous brittle reactivation. Journal of Structural
Geology, vol 141 p.104-203.

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8 – ROCHAS ÍGNEAS EM MAPAS GEOLÓGICOS

8.1 - INTRODUÇÃO

As rochas ígneas ou magmáticas são divididas em plutônicas e vulcânicas. As plutônicas são formadas e cristalizadas em
profundidades variáveis na crosta da Terra. Desta forma, cristalizam de forma lenta e formam cristais na integridade do magma.
São chamadas de holocristalinas. As rochas ígneas vulcânicas se formam a profundidades rasas na crosta ou extrudem como
derrames, ou fluxos de lavas. Desta maneira, o processo de cristalização ocorre de forma mais rápida, podendo desenvolver
alguns cristais em uma massa afanítica ou até vítrea ou o extremo, uma rocha totalmente vítrea (vidro vulcânico ou obsidiana).

As principais formas de ocorrência de rochas magmáticas são:

A - Corpos ígneos discordantes - diques - estes corpos ígneos de dimensões variáveis cortam as estruturas das rochas pré-
existentes (Fig. 8.1A). No nordeste do Brasil há uma província magmática denominada província pegmatítica da Borborema,
composta por diques de composição granítica (lato sensu) que cortam rochas distintas (p.ex. biotita xistos, quartzitos,
metaconglomerados e granitos, entre outros).

B- Corpos ígneos concordantes - Sills - esses corpos ígneos intrudem ao longo de estruturas preexistentes das rochas
encaixantes (Fig. 8.1B)

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Figura 8.1 - (A) Dique de composição basáltica cortando xistos da Formação Seridó, Mina Brejuí-RN. (B) - Sill de granito
fino cortando o complexo Sertânia, PE 275 na entrada da cidade de Iguaracy.

8.2 – ROCHAS ÍGNEAS EM MAPAS GEOLÓGICOS

O serviço geológico do Brasil-CPRM utiliza para a representação de corpos ígneos uma nomenclatura composta da seguinte
forma: Idade, uma letra grega ( ), e o nome da unidade. Exemplificando, NP32it: NP3 - Neoproterozoico 3 (idade); 2 –
indicação de um corpo sintectônico, no caso sintectônico ao ciclo Brasiliano; it - associação cálcio alcalina de alto potássio do
tipo Itaporanga. Um recorte da Folha Campina Grande (Rodrigues et al., 2011) (Fig. 8.2), mostra parte do batólito de Campina
Grande, membro da associação cálcioalcalina de alto potássio do tipo Itaporanga (NP32it33), sua associação com dioritos
(NP32s), intrudindo metassedimentos de idade neoproterozoica (NP1sca) do complexo São Caetano. É importante notar o
formato alongado, em gota, dessa parte do batólito, caracterizando a sua natureza sintectônica.

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Figura 8.2 – Recorte do mapa geológico da folha Campina Grande na escala de 1:100.000 mostrando parte do batólito de
Campina grande (NP32it33), sua associação com rochas de mesma idade de composição diorítica (NP32s) – suite Intrusiva
São João do Sabugi, intrudindo rochas metassedimentares do complexo São Caetano (NP1sca).

Os derrames de basaltos são caracterizados por seu aspecto irregular, ameboidal, cobrindo várias litologias que os
antecederam. A título de exemplo a figura 8.3, um recorte do mapa geológico folha Boqueirão (Lages e Marinho, 2012), mostra
a forma de afloramento do derrame denominado basalto Macau de idade Cenozoica, final do Paleógeno.
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Figura 8.3 – Recorte do mapa geológico da Folha Boqueirão na escala de 1:100.000, mostrando a forma de ocorrência da
unidade basalto Macau (E3m). Notar o aspecto ameboidal do derrame, passando sobre contatos de várias unidades mais
antigas, em discordância.

As relações temporais entre corpos ígneos distintos podem ser facilmente identificadas em mapas geológicos. No recorte
do mapa geológico da folha Belo Jardim (Mariano et al., 2008) (Fig. 8.4), observam-se corpos ígneos da associação cálcioalcalina
de lato potássio – tipo Itaporanga – NP32it37 e 38 e sua relação com o pluton Serra do Quati – NP33sq. Em primeiro lugar,
ambos os corpos são de idade neoproterozoica, os corpos it37 e it38 são NP32, ao passo que o pluton Serra do Quati tem como
nomenclatura NP33. Essa diferença de 2 para 3 indica que os plutons da associação cálcioalcalina são sintectônicos ao ciclo
Brasiliano, ao passo que os corpos Serra do Quati (3), são tardi- a pós-tectônicos em relação ao ciclo Brasiliano. Importante é
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o fato de um dos corpos graníticos Serra do Quati (B na figura 8.4) está alongado acompanhando a orientação da zona de
cisalhamento transcorrente sinistral de Fazenda Nova. Outra observação que marca o caráter tardio destes corpos (Serra do
Quati) é o fato do pluton A (Fig. 8.4) cortar os contatos entre os facies distintos dos granitoides calcioalcalinos da associação
Itaporanga (NP32it37 e 38).

Figura 8.4 - Recorte do mapa geológico Folha Belo Jardim (Mariano, et al. 2008), mostrando as relações discordantes entre
os plutons da associação calcioalcalina de alto potássio do tipo Itaporanga (NP32it37 e 38) e os corpos ígneos da Serra do
Quati (NP33sq). É importante ressaltar a ocorrência de um dos plutons Serra do Quati (B) alojado ao longo da zona de
cisalhamento transcorrente sinistral de fazenda Nova.

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A relação de campo entre os granitoides Serra do Quati e os granitoides da associação calcioalcalina de alto potássio do
tipo Itaporanga (Fig. 8.5) evidencia o contato discordante entre os dois corpos, as distintas características texturais e
composicionais entre esses dois corpos ígneos e o fato da íntima associação entre os granitoides Serra do Quati e a zona de
cisalhamento transcorrente sinistral de Fazenda Nova.

Figura 8.5 – Aspectos de campo da relação entre os plutons da associação calcioalcalina de alto-K do tipo Itaporanga e os
plutons Serra do Quati. Em (A) espigões dos granitoides leucocráticos do pluton Serra do Quati ao longo da zona de cisalhamento
transcorrente sinistral de Fazenda Nova. Em (B) relação discordante entre os granitoides porfiríticos da primeira associação, com
o granito leucocrático da Serra do Quati, ocorrendo em forma de dique.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
Corpos ígneos tabulares discordantes, são denominados diques. Em algumas regiões esses corpos são abundantes e
marcam uma direção predominante. No corte da Folha Serra Talhada, na escala de 1:100.000 (Bittar, et al. 2014) a representação
de diques pode ser observada, intrudindo granitoides da associação calcioalcalina de alto potássio do tipo Itaporanga NP32it27,
na região próxima ao município de Manaíra (Figura 8.5).

Figura 8.6 - Recorte da Folha Serra Talhada, escala 1:100.000, mostrando profusão de diques com orientação
essencialmente NS, intrudindo o granitoide Princesa Isabel Neoproterozoico NP32it27, da associação calcioalcalina de alto
potássio do tipo Itaporanga.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
9 – NOMENCLATURA DE MAPAS E ESCALAS

O Brasil está mapeado na sua integralidade na escala de 1:1.000.000 (milionésimo) e a maioria dos mapas geológicos dos
estados na escala de 1:500.000. A nomenclatura utilizada para denominação das folhas nas respectivas escalas, tem início na
escala 1:1.000.000 (Fig. 9.1). A folha na escala de 1:1.000.000 tem 6º de largura (longitude) por 4º de altura (latitude); a área
coberta pela folha, considerando um arco de 1º a 111 km é de 666 km x 444 km. Cada folha na escala de 1:1.000.000 é dividida
em quatro folhas na escala de 1:500.000. Cada folha na escala de 1:500.000 tem 3º de longitude por 2º de latitude (333 km x
222 km). Cada folha na escala de 1:500.000 é dividida em quatro folhas na escala de 1:250.000. A folha na escala de 1:250.000
tem 1º 30´de longitude e 1º de latitude (166,5 km x 111 km). Cada folha na escala de 1:250.000 é dividida em seis folhas
1:100.000. As folhas na escala de 1:100.000 possuem 30´de longitude por 30´de latitude (55,5 km x 55,5 km).

A nomenclatura segue da seguinte forma:


Folha 1:1.000.000 SA-20
Folha 1:500.000 SA-20-Z
Folha 1:250.000 SA-20-Z-D
Folha 1:100.000 SA-20-Z-D-VI

Esta nomenclatura é encontrada em todos os mapas (topográficos e geológicos) em função da escala. Todos os mapas
apresentam escalas numéricas e gráficas. Na figura 9.2 tem-se a representação da escala numérica e gráfica de 1:100.000. Para
obtenção da relação entre a escala do mapa e a distância real, colocam-se os dois lados da escala na mesma unidade: 1 cm (no
mapa): 100.000 cm (no campo).

Quando se transforma a segunda parte da proporção em metros 1 cm:1000 m (1 m = 100 cm). Desta forma, cada centímetro
no mapa na escala de 1:100.000, corresponderá a 1 km no campo. Procedimento semelhante pode ser feito para qualquer
escala. A importância da escala gráfica é que esta mantém a mesma proporção à medida que copias do mapa são realizadas
com distorções (aumento ou redução). Como esta escala é desenhada no mapa ela sofrerá a mesma distorção (Fig. 9.2).

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
66º 60º

V X

Y Z
4º 4º
63º 60º
Escala 1:1.000000 Escala 1:500000
Folha 4º X 6º SA.20 Folha 2º X 3º SA.20-Z

A B

C D
I II III 3º30'
IV V VI 4º

61º30' 60º 60º30' 60º
Escala 1:250000 3º Escala 1:100000
Folha 2º X 3º SA.20-Z-D Folha 2º X 3º SA.20-Z-D-VI

Figura 9.1 - Nomenclatura das folhas topográficas e geológicas nas escalas de 1:1.000.000 até a escala de 1:100.000.

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Figura 9.2 – Escalas numérica e gráfica, presentes em mapas topográficos e geológicos.

9.1 - DECLINAÇÃO MAGNÉTICA

Segundo a geofísica, o campo magnético da Terra é gerado pela interação entre o núcleo interno do planeta, composto por
Ni + Fe (C ou S) sólido e o núcleo externo, que se comporta como líquido às pressões e temperaturas reinantes. Desta forma, o
planeta Terra funciona como um gigantesco imã com linhas de fluxo do Sul para Norte (Fig. 9.3).

A interação entre o norte geográfico (NG), também chamado de norte verdadeiro, e o norte magnético (NM) faz um ângulo
horizontal que varia de um lugar para outro e, também, com o tempo (Fig. 9.3). O ângulo entre o norte geográfico e o norte
magnético (triângulo amarelo) recebe o nome de declinação magnética. A bússola do geólogo tem uma agulha magnética que
sempre aponta para o N-S magnético. Assim sendo, as bússolas precisam ser ajustadas para que o norte magnético e o norte
geográfico coincidam, isto é, elas precisam ser declinadas. As bússolas de geólogo do tipo Brunton, permitem este ajuste. Em
mapas geológicos e topográficos trabalha-se com a norte verdadeiro (norte geográfico). Considerando este fato, todos os mapas
topográficos e geológicos apresentam uma ilustração que mostra essa relação angular (Fig. 9.4).

A declinação magnética varia com a localização geográfica e com o tempo. Atualmente existem sites que permitem o cálculo
da declinação magnética em função das coordenadas geográficas (latitude e longitude), por exemplo NCEI Geomagnetic
Calculators (noaa.gov). A figura 9.5 mostra a obtenção da declinação para o Recife, como sendo 21º 28’ (vinte e um graus e
vinte e oito segundos). A precisão da bússola do tipo Brunton é de 1º; desta forma, utilizamos a declinação de 21º (Fig. 9.5).

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Figura 9.3 - Desenho esquemático do campo magnético da Terra modificado em 24/04/2023 de


linhas de fluxo do campo magnético terrestre geologia - Bing images. Observar a inclinação do campo magnético e as linhas
de fluxo deste campo saindo do Polo Sul para o Polo Norte. NM = norte magnético; NG=Norte geográfico. Triângulo amarelo
indica o ângulo entre NG e NM = declinação magnética.

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Figura 9. 4 – Relações entre NM – norte magnético; NQ- norte da quadrícula e NG – norte geográfico.

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Figura 9.5 – Cálculo da declinação magnética para Recife, utilizando o site NCEI Geomagnetic Calculators (noaa.gov).
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9.2 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS

9.2.1 - LONGITUDE E LATITUDE

Longitude e latitude são coordenadas geográficas utilizadas em mapas topográficos e geológicos, em graus, minuto (‘) e
segundo (‘’). Um grau tem 60’ e um minuto tem 60’’. Um grau corresponde a 111 km. A longitude tem como base os meridianos.
O meridiano de referência é o de Greenwich. Trata-se de uma linha imaginária que marca 0º e separa o planeta em W e E
(Greenwich Meridian and GMT, The Royal Observatory, London (historic-uk.com)). Desta forma as longitudes são separadas em
E e W. A latitude tem como referência a linha do Equador, que divide o planeta em latitudes N e S. A linha do equador corta o
extremo norte do Brasil. A maior parte do Brasil fica em latitudes a sul do equador e as longitudes a oeste do meridiano de
Greenwich.

9.2.2 - TRABALHANDO COM LATITUDE E LONGITUDE EM MAPAS NA ESCALA DE 1:100.000

Os mapas na escala de 1:100.00 são folhas com 30’ (minutos) de Latitude e de Longitude, isto é 55,5 km x 55,5 km. Desta
forma, cada 10’ correspondem a 18,5 km. Nesta escala 18,5 cm. Para localizar as coordenadas de qualquer ponto no mapa é
necessário fazer uma regra de três simples:
18,5 cm → 10’
10 cm → X’
X = (10 x 10) /18,5 = 5,40 = 5’ e 24’’ (segundos)*
*Para transformar décimos de minuto em segundos, multiplica-se por 60. Assim, 0,4’ = 0,4’ x 60 = 24’’

9.3 - COORDENADAS UTM

As coordenadas UTM são baseadas na projeção cilíndrica, transversal de Mercator, por isso o nome: Universal Transversa
de Mercator. A coordenada UTM norte tem como referência a linha do Equador (Fig. 9.6). Para o hemisfério Norte, a linha do
equador tem valor 0 e aumenta para Norte até 10.000 km. Para o hemisfério Sul, o valor no Equador é 10.000 Km e diminui para
Sul até 0. Desta forma, a coordenada UTM norte sempre aumenta no sentido do Norte. O sistema de coordenadas UTM é
composto por 60 gomos de 6º cada. Cada gomo ou quadrante, tem um meridiano central que divide o quadrante ao meio, em
porções de 3º cada. O meridiano central tem valor de 500 km aumentando para leste e diminuindo para oeste (Fig. 9.6).
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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

Figura 9.6 – Quadrante UTM com o Equador e o meridiano Central como referências.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos
O Brasil é dividido em quadrantes que são uma combinação de letras e números (Fig. 9.7).

Figura 9.7 - Montagem aproximada da imagem do Google Earth do Brasil e as divisões em quadrantes marcadas por letras
e números.

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Introdução à Interpretação de Mapas Geológicos

10 - O MAPA GEOLÓGICO

Nesta seção são apresentadas as principais feições de mapas geológicos na escala 1:100.000. Foi escolhido um mapa
geológico confeccionado dentro do convênio CPRM-UFPE (Neves, et al., 2013). O mapa geológico é acompanhado de um
relatório técnico de mesma autoria, publicado em 2017 (Neves, et al., 2017). O relatório e o mapa geológico podem ser
encontrados no seguinte site Repositório Institucional de Geociências: Geologia e recursos minerais da folha Surubim, SB.25-Y-
C-IV: estados de Pernambuco e Paraíba (cprm.gov.br).

Os mapas geológicos são confeccionados sobre folhas topográficas homônimas da mesma escala. A etapa inicial de
confecção de um mapa geológico trata do levantamento bibliográfico de todos os trabalhos já realizados na área. Após a
compilação de todos os dados já existentes para a folha, tem início a interpretação de imagens obtidas por métodos geofísicos.

A versão final do mapa geológico tem do lado esquerdo superior a figura de localização geotectônica e geográfica e algumas
imagens obtidas por geofísica, previamente selecionadas. Na porção inferior esquerda uma figura ilustra as áreas cobertas pelos
trabalhos anteriormente realizados. Do lado direito do mapa tem-se as Relações Tectono-Estratigráficas, isto é, os domínios
geológicos cobertos ou envolvidos pelo mapa, seguido das unidades litoestratigráficas, começando da mais nova, no topo, para
a mais antiga, na base. Em sequência, são listadas: as convenções geológicas e cartográficas e duas figuras; sendo uma com a
localização geográfica da folha e a outra com sua articulação com as folhas vizinhas.

Os mapas geológicos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM e por seus convênios com as Universidades
podem ser encontradas para download no seguinte site: GeoSGB (cprm.gov.br) no link Cartografia Geológica e a escala
desejada. Os mapas geológicos estão disponíveis para download em PDF e formatos vetoriais, juntamente com os relatórios
técnicos correspondentes.

A folha na escala 1:100.000 tem dimensões de 30’ (trinta minutos) de Longitude e 30’ (trinta minutos) de latitude. A área
coberta pela folha tem 55,5 km x 55,5 km = 3.080,25 km2 (Fig. 10.1).

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Figura 10.1 - Mapa geológico da folha Surubim (Folha SB-25-Y-C-IV) na escala 1:100.000.

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10.1 – DETALHANDO O MAPA GEOLÓGICO

10.1.1 - O LADO ESQUERDO DO MAPA GEOLÓGICO

ENCARTE TECTÔNICO - Localizada no canto esquerdo superior dos mapas geológicos, esta figura mostra a localização
geológica, geotectônica da folha. Na folha Surubim, sua localização é no DZT – Domínio da Zona transversal da província da
Borborema (Fig. 10.2).

Figura 10.2 - Encarte tectônico dos mapas geológicos localizados na Provincia da Borborema, Nordeste do Brasil
(Medeiros, 2011). Neste encarte é possível observar os três principais domínios da província da Borborema, separados pelas
zonas de cisalhamento transcorrente destrais Patos (a norte) e Pernambuco (ao sul).

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IMAGENS OBTIDAS POR MÉTODOS GEOFÍSICOS - Imagens obtidas pelo método de gamaespectrometria aérea são de
fundamental importância para a identificação de tipos litológicos distintos e estruturas geológicas. Na folha Surubim uma das
imagens escolhidas foi a gamaespectrometria aérea ternária, canais de Th-U e K. Nesta imagem, fica clara a ocorrência de
litologias distintas em função da abundância nos elementos utilizados. Na figura 10.3A apresenta-se a gamaespectrometria aérea
e na 10.3B a interpretação dos contatos entre tipos litológicos e estruturas.

Figura 10.3 (A) Imagens de gamasespectometria aérea ternária U-Th-K, recorte da folha Surubim. (B) Interpretação parcial
da imagem mostrando estruturas (dobras e falhas) e o traçado de contatos entre litologias distintas.

O segundo mapa obtido por geofísica na folha Surubim e escolhido para compor o mapa foi o mapa
aerogamaespectométrico no canal de K. Este mapa realça os corpos que são ricos em K, por exemplo, granitoides ricos em
feldspatos potássicos. Na porção sudeste do mapa geológico da folha Surubim, nota-se um corpo ígneo denominado suíte

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intrusiva Terra Nova – pluton Bom Jardim, que é muito rico em K e pode ter seu contato com as encaixantes, traçado de forma
bastante precisa. Comparar a porção sudeste da figura 10.4 com o mapa geológico (Fig. 10.1).

Figura 10.4 - Mapa de gamaespectrometria aérea, canal de K, mostrando corpos ígneos ricos em K. Destaque para a
porção sudeste da imagem com a suíte intrusiva Terra Nova – pluton Bom Jardim.

OS TRABALHOS ANTERIORES - A última figura do lado esquerdo de mapas geológicos padronizados pelo serviço
Geológico do Brasil – CPRM é uma coletânea, em termos de área geográfica, de todos os trabalhos anteriormente realizados.

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Figura 10.5 – Folha Surubim, com as áreas onde foram realizados trabalhos anteriores à confecção do mapa geológico,
com as respectivas autorias.

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10.1.2 - O LADO DIREITO DO MAPA GEOLÓGICO

AS RELAÇÕES TECTONO-ESTRATIGRÁFICAS - Na porção direita superior do mapa, um quadro mostra os ambientes


tectônicos cobertos pelo mapa geológico. A folha Surubim fica inteiramente no domínio da zona transversal, entre as zonas de
cisalhamento Patos a norte e zona de cisalhamento Pernambuco a sul. Neste quadro, os tipos litológicos são listados por idade,
começando na base com as rochas mais antigas e no topo com as mais novas. Na primeira coluna deste quadro são listados os
períodos geológicos e a idade em milhões de anos.

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Figura 10.6 - Relações Tectono-estratigráficas com todos os tipos de rochas que ocorrem na área, incluindo os depósitos
de rios (aluviões), listados por idade.

UNIDADES LITOESTRATIGRAFICAS – As unidades litoestratigráficas são todos os tipos de rochas que ocorrem na área
coberta pelo mapa geológico, seguindo a ordem de idade. As rochas mais antigas na base e as mais jovens no topo. Estão
listados abaixo alguns exemplos por período geológico.
Na base da coluna litoestratigráfica do mapa geológico da folha Surubim ocorrem as rochas de idade Paleoproterozoica,
isto é, com idade em torno de 2,0 bilhões de anos.

Acima a simbologia para a unidade litoestratigráfica mais antiga da folha – a simbologia utilizada PP2 significa
Paleoproterozoico 2, que varia de 2,3 a 2,05 Bilhões de anos (Ga). Em sequência, as letras fl definem o nome da unidade,
Complexo Floresta. Complexo é um conjunto de rochas metamórficas. O complexo Floresta é composto por ortognaisses
(gnaisses derivados de rochas ígneas), datados pelo método U-Pb em zircão entre 2,115 a 2,016 Ga.

Todas as litologias presentes nos mapas geológicos do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, são listadas seguindo esse
formato: Idade (PP2), seguida da abreviação do nome da unidade. Há uma cor específica para cada unidade. Desta forma, a cor
e a simbologia PP2fl são indispensáveis para a localização desta unidade (Complexo Floresta) no mapa geológico.

O Paleoproterozoico é subdividido em quatro períodos:

PP4

PP3

PP2

PP1

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A tabela geológica do tempo pode ser obtida no site IUGS | International Commission on Stratigraphy (ICS).

Em sequência, as unidades do Mesoproterozoico. Na folha Surubim tem-se MP1st. Ortognaisse Taquaritinga, augen-
ortognaisse de composição sienogranítica, datado pelo método U-Pb em zircão com 1,52 Ga.

O Mesoproterozoico é subdividido em três períodos:

MP3

MP2

MP1

Em sequência, as unidades litoestratigráficas do Neoproterozoico. Exemplificando uma unidade complexa, com várias
litologias distintas NP23sc: Complexo Surubim Caroalina. Trata-se de um complexo de rochas metamórficas paraderivadas, i.e.,
derivadas de rochas sedimentares, composto por xistos, que são predominantes, gnaisses finos (gn); rochas calcossilicáticas
(c), mármore (m) e quartzito (qt).

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O Neoproterozoico é subdividido em três períodos NP1, NP2 e NP3, do mais velho para o mais novo.

NP3

NP2

NP1

Ainda no Neoproterozoico, na província da Borborema, ocorreu durante o ciclo Brasiliano (Ca 600 M.a) intenso magmatismo
granítico (lato sensu). Utilizaremos como exemplo o pluton Aroeiras. Trata-se de um corpo ígneo plutônico composto por biotita-
hornblenda quartzo-monzodiorito e monzogranito, datado pelo método U-Pb em 618 Ma.

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Onde, a sigla NP3 – idade Neoproterozoico 3 – Ediacarano; 2 – gamma2 – sintectônico ao ciclo brasiliano e it35 –
associação calcioalcalina de alto potássio do tipo Itaporanga.

Alguns corpos ígneos são tratados com a denominação de suíte, como é o caso, na folha Surubim, da Suíte Intrusiva Terra
Nova – Pluton Bom Jardim. A unidade principal é um biotita-anfibólio sienito porfirito, seguido por biotita-anfibólio melassienito
(m); leucogranito equigranular (l) e anfibólio-biotita sienito extremamente grosso (g).

Onde a sigla NP3 – idade Neoproterozóico 3 – Ediacarano; 3 – gamma3 – tardi- a pós-tectônico ao ciclo brasiliano; tn5 –
Suíte Terra Nova – predomínio de sienitos.

AS LEGENDAS PARA ESTRUTURAS

Foliações: as foliações são representadas por direção (traço maior), perpendicular a esta o sentido de mergulho e ao lado
a intensidade do mergulho.

Exemplo de plano de foliação, com direção, sentido e intensidade de mergulho.

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Lineações: as lineações são linhas contidas em um plano. Desta forma, conforme ilustrado abaixo, sua representação é
uma linha com indicação do valor do caimento.

Exemplo de plano de foliação, com indicação de lineação e seu caimento.

As representações para dobras, falhas e zonas de cisalhamento já foram apresentadas nos capítulos anteriores.
Com o conhecimento da nomenclatura e das simbologias utilizadas em mapas geológicos é possível obter o arcabouço
tridimensional destes mapas. A leitura e compreensão mapas Geológicos é de fundamental importância para a formação do
Geólogo.
.
10.2 - CONTATOS LITOLÓGICOS

Os contatos entre tipos litológicos distintos podem ocorrer de várias formas.

1 – Contatos diretos – quando duas litologias estão lado a lado, separadas por uma linha

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Contato direto entre litologias distintas na Folha Surubim: NP23sc – Complexo neoproterozoico (NP23sc) Surubim Caroalina
– rochas metassedimentares, em contato com PP2sg – Complexo paaleoproterozoico Salgadinho – ortognaisses e PP2ve -
Complexo paleoproterozoico Vertentes-ortognaisses. (Neves et al. 2013)

2 – Contatos controlados por Zonas de Cisalhamento – é comum, na Província da Borborema, o contato de corpos ígneos
de idade neoproterozoica com as encaixantes, ocorrer através de zonas de cisalhamento.

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Contato marcado por zona de cisalhamento entre: NP33tn5 – suíte intrusiva Terra Nova e NP23sc – rochas
metassedimentares do complexo Surubim-Caroalina. Ao longo do contato ocorre o desenvolvimento da zona de Cisalhamento
transcorrente destral Chã Grande. (Neves et al.2013)

3 - Contato controlado por dobramento – as rochas quando dobradas e submetidas a erosão podem desenvolver contatos
controlados por estas estruturas. Na folha Surubim dobramentos são frequentes e localmente os contatos entre litologias distintas
são desenhados por estas estruturas.

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Contato controlado por dobramento normal sinforme, com plano axial E-W envolvendo:NP23scqt – quartzitos do complexo
neoproterozóico Surubim-Caroalina e NPml – ortognaisse mata limpa. O dobramento afeta as duas litologias. Observar que as
foliações no ortognaisse mostram inversão de sentido de mergulho, caracterizando a dobra sinforme. (Neves et al. 2013)

10.3 - O PERFIL OU CORTE GEOLÓGICO

A escolha do perfil geológico deve ser feita de tal maneira a cobrir a maior parte das litologias e estruturas presentes na
folha. Idealmente, o corte deve ser realizado perpendicular às estruturas. O autor do corte pode fazer interpretações, a partir das
estruturas observadas, para cima e parra baixo do corte. Abaixo ilustramos algumas porções do corte geológico da folha Surubim
( Neves, et al. 2013).

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Tendo início em NW na litologia NP32it51 – um corpo ígneo intrusivo da associação calcioalcalina de alto potássio do tipo
Itaporanga, com contato controlado por zona de cisalhamento transcorrente sinistral com o PP2ve – complexo paleoproterozóico
vertentes.
A idade da zona de cisalhamento - como a zona de cisalhamento afeta um corpo ígneo de idade neoproterozoica, está deve
ser desta idade. A simbologia acima da zona de cisalhamento indica a sua cinemática. Círculo com ponto no centro indica
a saída da seta e o círculo com x no centro a entrada da seta. Analisando-se o movimento das setas, conclui-se que a cinemática
desta zona de cisalhamento é sinistral (anti-horária).
Na parte estrema direita do fragmento do corte acima, observam-se dobramentos de segunda fase (F2), envolvendo rochas
paleoproterozoicas do complexo Salgadinho (PP2sg) e rochas neoproterozoicas do complexo Surubim- Caroalina (NP23sc). No
corte os traços dos planos axiais são representados por linhas pretas, tracejadas. Considerando-se que o dobramento afeta
rochas de idade neoproteroizoica, fica claro que esta fase dobramentos F2 (segunda fase de dobramentos), ocorreu nesta idade
O corte possibilita ao geológico ressaltar as estruturas e facilitar a compreensão tridimensional do mapa geológico.

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11 - RFERÊNCIAS

Alves, M.A. de, Santos, P. R. S., Lima Filho, M. de, 2019. Bioestratigrafia do limite cretáceo-paleógeno da bacia da
paraíba com base na palinologia. Estudos Geológicos, v 29(1) pp 3-24.
Archer, Stuart G., Underhill, John R., Peters Kenneth E. 2017. Hutton’sGreat Unconformity at Siccar Point,
Scotland: Where deep time was revealed and uniformitarianism conceived. AAPG Bulletin, v. 101, no.
4 (April 2017), pp. 571–577
Assine, M. L. 1990. Sedimentação e Tectônica da bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Rio Claro, 124p.
Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual
Paulista.
Bittar, S.M. B., Guimarães, I. P., Barreto, S. B. 2014. Programa Geologia do Brasil -PGB. Serra Talhada. Folha SB-
24-Z-C-V. Estado de Pernambuco. Mapa Geológico. Recife.CPRM.2009.1 1 mapa colorido, 94,03X70,32 cm.
Escala 1:100.000.
Bittar, S.M. B., Guimarães, I. P., Barreto, S. B. 2014. Programa Geologia do Brasil -PGB. Itaporanga. Folha SB-24-Z-
C-II. Estado da Paraíba. Mapa Geológico. Recife.CPRM.2009.1 1 mapa colorido, 94,03X70,32 cm. Escala
1:100.000.
Grieg, D.C., 1988, Geology of the Eyemouth district: British Geological Survey, Sheet 34 (Scotland), 78 p.
Kerr, A. 2018. Classic Rock Tours 1. Hutton’s Unconformity at Siccar Point, Scotland: A Guide for Visiting
the Shrine on the Abyss of Time. Geoscience Canada, v. 45,
https://doi.org/10.12789/geocanj.2018.45.129 pages 27–42 © 2018 GAC/AGC®.
Lages, G. A. e Marinho, M.S. 2012. Programa Geologia do Brasil -PGB. Boqueirão. Folha SB-24-Z-D-II. Estado da
Paraíba. Mapa Geológico. Recife.CPRM.2012.1 1 mapa colorido, 94,03X70,32 cm. Escala 1:100.000.
Legrand, J. M., Sá, M. J., Maia, H. N., Souza, L. C. 2009. Programa Geologia do Brasil -PGB. Jardim do Seridó. Folha
SB-24-Z-B-V. Estado do Rio Grane do Norte. Mapa Geológico. Recife.CPRM.2009.1 1 mapa colorido,
94,03X70,32 cm. Escala 1:100.000..
Mariano, G.; Silva, J. M.R. da; Correia, P.de B.;Neves, S..P.; CabraL, A. F. ; Silva, F. M. J. V. ; Chagas, I. T. ;
Miranda, T. S. ; Oliveira, S. F. ; Freire, B. S. . Nota explicativa da folha Belo Jardim (SC.24-X-B-III), escala
1:100 000. 2007.
Mariano, G.; Silva, J. M.R. da; Correia, P.de B.;Neves, S..P.; CabraL, A. F. ; Silva, F. M. J. V. ; Chagas, I. T. ;
Miranda, T. S. ; Oliveira, S. F. ; Freire, B. S. . Programa Geologia do Brasil -PGB. Belo Jardim Folha SB-24-Z-
B-V. Estado de Pernambuco, escala 1:100 000. 2008.

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Medeiros, V.C., Amaral, C.A., Rocha, D.E.G.A., Santos, R.B. 2005. Programa Geologia do Brasil - PGB. Sousa. Folha
SB.24-Z-A. Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Mapa Geológico. Recife: CPRM, 2005, 1 mapa,
color., 66cm x 108cm. Escala 1:250.000.
Medeiros, V. C. de, Medeiros, W. E.de, Jardim de Sá, E. F. 2011. Utilização de imagens aerogamaespectrométricas,
landsat 7 etm+ e aeromagnéticas no estudo do arcabouço crustal da porção central do domínio da zona
transversal, Províincia Borborema, NE do Brasil. Revista Brasileira de Geofíısica (2011) 29(1): 83-97
Mendes. V. A; Brito, M.F.L;Paiva, I. P. 2009.Programa Geologia do Brasil-PGB. Arapiraca. FolhaSC.24-X-D. Estados
de Alagoas, Pernambuco e Sergipe. Mapa Geológico. Recife: CPRM, 2009, 1 mapa, color, 112,37 cm x 69,42
cm. Escala - 1 :250.000.
Miranda, T.S., Neves, S. P, Celestino, Maria A. L., Roberts, N. M.W. 2020. Structural evolution of the Cruzeiro do
Nordeste shear zone (NE Brazil): Brasiliano-Pan-African- ductile-to-brittle transition and Cretaceous brittle
reactivation.Journal of Structural Geology, vol 141 p.104-203
Neves, S.P., Mariano, G.; Silva, J.M. R. 2017. Geologia e Recursos Minerais da Folha Surubim – SB.25-Y-C-IV.
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Neves, S. P., Mariano, G.1999. Assessing the tectonic significance of a large-scale transcurrent shear zone system:
the Pernambuco lineament, northeastern Brazil. Journal of Structural Geology 21pp 1369-1383
Neumann, V. H. de M. L.; Miranda, T. S. de; 2016. Geologia e recursos minerais da Folha Poço da Cruz, SC.24-X-A-
VI. Estados de Pernambuco e de Alagoas. Programa Geologia do Brasil-PGB. Carta Geológica, Recife, CPRM-
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Pereira, C. dos S.; Santos, C. A. dos; Palmeira, L.C. M; Lima, F. J. da C.; Brito, M. de F. L. de; Lages, G. de A.; Cunha,
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Recife: CPRM, 2020. Escala 1:100.000.
Rodrigues, S. W. O, Medeiros, V. C., Brito neves, B.B., Marinho, M.S., Oliveira, R.G. 2011. Programa Geologia do
Brasil -PGB. Campina grande. Folha SB-25-Y-C-4. Estados da paraíba e Pernambuco. Carta Geológica. Recife.
CPRM, 2011. 1 mapa colorido 90,06X72,14cm. Escala 1:100.000.
Platt, J. I. e Challinor, J. 1954. Simple Geological Structures – A series of notes and map exercices. Thomas Murby &
Co. 57p.

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ANEXO 1 – PROBLEMAS RESOLVIDOS

MERGULHOS VERDADEIROS VS. MERGULHOS APARENTES

1 – Transforme as seguintes medidas de foliações de rumo para azimute:


N60E/55°/SE; N40E/40°/NW; S60E/45°/NE; S30W/55°/NW. Faça plotagem de todas as medidas.
2- Em cada plano encontre mergulhos aparentes de 15°e 25°

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3 – Determinar os mergulhos aparentes solicitados

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4 – Dados dois mergulhos aparentes de um mesmo plano encontre o mergulho verdadeiro.


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5 – Um veio mineralizado em Cobre tem a seguinte atitude N55E/60°/NW. Qual o sentido que este veio pode ser
explorado ao longo de um plano inclinado com 10° (obs. Duas respostas)?

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6 – Um sistema de fraturas tem a seguinte atitude N80W/80°/NE. Qual a sentido ao longo da qual uma estrada que
corta este sistema apresenta mergulho aparente de 30° (obs. Duas respostas)?

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